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Trabalho de Conclusão de Curso O CUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: GESTANTES ATENDIDAS PELO CRAS II DA CIDADE DE CORUMBÁ MS 1 Penélope Dawkler Hiran de Moraes 2 Vanderléia Paes Leite Mussi 1 RESUMO: O presente artigo trata de verificar o grau de conhecimento das gestantes, que participam do grupo de orientação no CRAS II, em Corumbá, sobre as condicionalidades do Programa Bolsa Família. Percebemos durante os encontros realizados com as gestantes, no período de gestão, que algumas delas desconheciam certas condicionalidades que eram específicas para as gestantes. Para cumprir com o objetivo proposto utilizou-se como procedimento metodológico a elaboração e aplicação de um questionário contendo 13 perguntas, em que avaliamos o comprometimento das referidas condicionalidades na área da saúde e, em especial, com o recém-nascido. O levantamento de dados foi possível por meio de reuniões quinzenais realizadas no CRAS II, com a participação de 15 gestantes que concordaram em participar da pesquisa concedendo as entrevistas. A pesquisa de campo demonstrou que os principais deveres pontuados que as gestantes têm de cumprir são em relação às consultas e o cartão da gestante em dia. Já posterior ao nascimento do bebê deve-se fazer a emissão da certidão de nascimento, a inserção da criança em seu cadastro, o cartão de vacinação do bebê, e, por fim, estar em dia com as consultas médicas de puerpério. Palavras-chave: programa bolsa família, condicionalidades, gestante, Corumbá. 1 INTRODUÇÃO Em outubro de 2014 quando assumi o grupo de orientação para gestante do Centro de Referência da Assistência Social CRAS II observei que o principal critério para participação no grupo era ser beneficiada pelo Programa de Transferência de Renda Bolsa Família. Logo, entendemos que a gestantes que participava teriam de cumprir com as condicionalidades do programa, para que pudessem continuar recebendo seus respectivos benefícios, sem nenhuma sanção. A partir daí passamos a verificar quais condicionalidades, em especifico as gestantes, deveriam cumprir e se de fato estavam fazendo. Assim, o 1 Artigo elaborado e destinado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Curso de Especialização: Educação, Pobreza e Desigualdade Social, sob a orientação da Prof.ª Drª Vanderléia Paes Leite Mussi/ CCHS/UFMS. 2 Bacharel em Psicologia, Pós-Graduada em Psicopedagogia Institucional, Gestora de Ações Sociais - Psicóloga da Secretaria da Assistência Social e Cidadania da Prefeitura Municipal de Corumbá.

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Trabalho de Conclusão de Curso

O CUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA

FAMÍLIA: GESTANTES ATENDIDAS PELO CRAS II DA CIDADE DE CORUMBÁ

– MS1

Penélope Dawkler Hiran de Moraes2

Vanderléia Paes Leite Mussi1

RESUMO:

O presente artigo trata de verificar o grau de conhecimento das gestantes, que participam do

grupo de orientação no CRAS II, em Corumbá, sobre as condicionalidades do Programa

Bolsa Família. Percebemos durante os encontros realizados com as gestantes, no período de

gestão, que algumas delas desconheciam certas condicionalidades que eram específicas para

as gestantes. Para cumprir com o objetivo proposto utilizou-se como procedimento

metodológico a elaboração e aplicação de um questionário contendo 13 perguntas, em que

avaliamos o comprometimento das referidas condicionalidades na área da saúde e, em

especial, com o recém-nascido. O levantamento de dados foi possível por meio de reuniões

quinzenais realizadas no CRAS II, com a participação de 15 gestantes que concordaram em

participar da pesquisa concedendo as entrevistas. A pesquisa de campo demonstrou que os

principais deveres pontuados que as gestantes têm de cumprir são em relação às consultas e o

cartão da gestante em dia. Já posterior ao nascimento do bebê deve-se fazer a emissão da

certidão de nascimento, a inserção da criança em seu cadastro, o cartão de vacinação do bebê,

e, por fim, estar em dia com as consultas médicas de puerpério.

Palavras-chave: programa bolsa família, condicionalidades, gestante, Corumbá.

1 INTRODUÇÃO

Em outubro de 2014 quando assumi o grupo de orientação para gestante do Centro de

Referência da Assistência Social – CRAS II observei que o principal critério para

participação no grupo era ser beneficiada pelo Programa de Transferência de Renda Bolsa

Família. Logo, entendemos que a gestantes que participava teriam de cumprir com as

condicionalidades do programa, para que pudessem continuar recebendo seus respectivos

benefícios, sem nenhuma sanção. A partir daí passamos a verificar quais condicionalidades,

em especifico as gestantes, deveriam cumprir e se de fato estavam fazendo. Assim, o

1 Artigo elaborado e destinado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Curso de

Especialização: Educação, Pobreza e Desigualdade Social, sob a orientação da Prof.ª Drª Vanderléia Paes Leite

Mussi/ CCHS/UFMS. 2 Bacharel em Psicologia, Pós-Graduada em Psicopedagogia Institucional, Gestora de Ações Sociais - Psicóloga

da Secretaria da Assistência Social e Cidadania da Prefeitura Municipal de Corumbá.

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propósito deste estudo é verificar o impacto e a importância do cumprimento das

condicionalidades do PBF na vida das gestantes atendidas pelo CRAS II de Corumbá- MS.

Para tanto, elaboramos um questionário contendo 13 questões fechadas (Apêndice A),

onde constam quesitos pertinentes ao entendimento da dinâmica socioeconômica das

gestantes, bem como seus conhecimentos quanto as condicionalidades do PBF e a

importância desse em sua vida. Esta pesquisa foi realizada com um grupo de 15 gestantes

num período de 02 (dois) meses em encontros do grupo de gestante que aconteceram no

CRAS II, cuja análise dos dados encontra se na seção 5 deste artigo.

O presente artigo está estruturado em 6 sessões partindo da sessões 2 onde fazemos

uma análise sobre as facetas da pobreza até mesmo pra entender a necessidade e a

importância do Programa Bolsa Família; na sessão 3 falamos sobre o trabalho realizado pelo

CRAS II e suas áreas de abrangências; na sessão 3.1 apresentamos um diagnóstico realizado

na cidade de Corumbá (MS), onde mostra as áreas de maior vulnerabilidade e a importância

dos CRAS realizarem suas intervenções; na sessão 4 expomos os critérios das

condicionalidades do PBF; na seção 4.1 apresentamos dados relevantes sobre o

descumprimentos das condicionalidades do PBF na área da saúde, até mesmo pra entender

quais as condicionalidades em específico para as gestantes; e para finalizar, já na sessão 5

apresentamos o levantamento de dados e as análises das entrevistas, encerrando o constructo

desse trabalho na sessão 6 com as considerações finais.

2 ENTENDENDO A POBREZA E A IMPORTÂNCIA DO PBF

A pobreza é um conceito complexo e multifacetado que consiste na vulnerabilidade

em que o indivíduo pode se encontrar, de acordo com alguns critérios, como: econômicos, de

gênero, de idade, de etnia ou cor da pele, classe social, localização territorial (urbana ou rural,

isolada ou de difícil acesso), composição e a estrutura familiar. (REGO e PINZINI,

2013,p.19).

Os critérios como gênero, localização da residência, composição e estrutura familiar,

apresentados pelos autores Alessandro Pinzani e Walquiria Leão Rego, são de suma

importância para o entendimento da pobreza como algo complexo, que vai muito além da

miséria econômica. É por meio desses aspectos que podemos entender a vulnerabilidade de

certos grupos (mulher, criança e idoso) que, muitas vezes, se desconhecem como cidadãos

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dotados de direitos. Na sociedade, por exemplo, a mulher é vista como ser inferior, que tem

de viver à margem do “chefe” da casa, nesse caso o homem. “Ela é tratada como objeto de

posse e sem direito a voz”, em que não lhe é permitido muitas vezes trabalhar ou buscar

melhor qualidade de vida para ela e seus filhos, perpetuando assim a pobreza. Essa visão é

bem acentuada principalmente na região nordeste e cidades pequenas do interior. (REGO e

PINZINI, 2013, p. 22).

A dificuldade de acesso à informação é reforçada por outro critério de

entendimento da pobreza, que é o lugar de residência, pois dependendo de onde essa mulher

reside, dificilmente ela tem acesso a órgão gestor de garantias de direitos; desta forma, ela

passa a fazer parte de um “círculo vicioso da pobreza e da exclusão social” (REGO e

PINZINI, 2013, p.20). Logo, a desigualdade e a pobreza se perpetuam, de acordo com as

concepções teóricas de Maria Ozanira da Silva e Valéria Lima, por meio das gerações

fazendo com que as crianças também sofram as mesmas dificuldades que suas mães estão

vivenciando.

Assim, a pobreza é concebida para além da insuficiência de renda; é produto

da exploração do trabalho; é desigualdade na distribuição da riqueza

socialmente produzida; significa o não acesso a serviços sociais básicos, à

informação, ao trabalho e a renda digna, é não participação social e política

(SILVA e LIMA, 2010, p. 22).

Em se tratando de participação social e política, é imprescindível observar que o

processo de democratização do Brasil promoveu, a partir da promulgação da Constituição

Federal de 1988 (CF/88), uma importante reforma do sistema de proteção social no país.

Instituiu-se, então, o primeiro programa assistencial de garantia de renda, o Benefício de

Prestação Continuada (BPC), bem como foram equiparados os benefícios urbanos e rurais,

além de se fixar em um salário mínimo o valor-base dos benefícios previdenciários,

fornecendo uma arquitetura institucional básica para as políticas de garantia de renda do país.

Desta forma, em 2000 foram implementados os primeiros programas federais de

transferência de renda. A criação do Programa Bolsa Família (PBF) teve origem na

unificação de outros programas não contributivos, como: Bolsa Escola, Cartão Alimentação,

Auxílio-Gás e Bolsa Alimentação, todos criados no período 2001- 2003. Ao se constituir o

Programa Bolsa Família, não apenas se racionalizou o provimento de um mecanismo de

transferência de renda na sociedade brasileira, como também se consolidou uma forma de

benefício não vinculado aos riscos inerentes às flutuações do mercado de trabalho, esta foi

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uma forma de enfrentar o problema da pobreza para parcela da população trabalhadora ou

não. Os critérios de elegibilidade do PBF dependiam da condição de renda das famílias e,

entre as condicionalidades para sua permanência no programa, estava o cumprimento de

certas tarefas relacionadas à frequência escolar e aos cuidados com a saúde de seus membros.

Em suma, o PBF revelou-se importante mecanismo – que se soma a outros, inclusive de

natureza jurídica diferente, como o próprio BPC – de distribuição de renda exterior aos

mecanismos de mercado.

O PBF durante muito tempo foi estigmatizado por uma grande parcela da população

que desconhece o programa, pois entendia-se que tal benefício contribuía para o aumento da

natalidade: as mulheres procuravam sempre engravidar para manter o benefício, bem como

uma busca constante de empregos informais, a fim de não interromper o recebimento de seu

benefício.

No entanto, o que realmente observamos é que o PBF proporciona capabilidades3 às

pessoas, ou seja, concede condições e possibilidades na realização de atividades que são

valiosas para as pessoas. Com isso, proporciona uma mudança nos comportamentos das

famílias beneficiadas pelo programa.

2.1 CRAS II DE CORUMBÁ: PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA, PARA AS FAMÍLIAS EM

SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

O Centro de Referência da Assistência Social CRAS II, integrante do Sistema Único

de Assistência Social – SUAS, oferece os serviços de Proteção Social Básica, para as famílias

em vulnerabilidade social, de todos os credos, sem discriminação racial, com as seguintes

finalidades: valorizar a pessoa quanto aos seus direitos e deveres; respeitar a dignidade

fundamental do homem; preparar as famílias para o domínio pleno dos recursos disponíveis,

a fim de vencer as dificuldades que o meio lhe oferece e garantir o padrão de qualidade ao

atendimento às famílias.

Esta instituição tem como objetivo prevenir a ocorrência de situações de

vulnerabilidade e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de

3 Entende-se por Capabilidade como o resultado da junção das palavras “capacidade” e “habilidade”. Termo

utilizado da Teoria de Amartya Sem e Martha Nussbaum que significa ter condições de realização de

funcionamentos. Funcionamentos são atividades ou estado de coisas que podem ser valiosas para as pessoas.

(CROCKER 1995, 157.)

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potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da

ampliação do acesso aos direitos de cidadania.

O CRAS oferta os seguintes Serviços na Proteção Social Básica: Serviço de Proteção

e Atendimento Integral à Família – (PAIF); Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculo – (SCFV); Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoa com

Deficiência e Idosas – SPSBD.

O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS II é uma unidade pública da

política de assistência social, de base municipal, integrante do Sistema Único de Assistência

Social - SUAS, e está localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco

social. Situa-se na Rua José de Barros Maciel, s/n. Bairro Guatós, com extensão na Rua

Ciríaco de Toledo sem número, bairro Nova Corumbá, Mato Grosso do Sul. Referenciam a

este CRAS os bairros e respectivos conjuntos: Nova Corumbá (Primavera e Piúva), Guanã

(Guanã I, Guanã II), Loteamento Pantanal (Anel Viário, Novo Habitar, Guatós, Ana Fátima,

Guaicurus, Kadwéus), Cristo Redendor (Cravo Vermelho I, II e III).

O estudo de caso em questão foi realizado no CRAS II com 15 gestantes, que

participavam do grupo de orientação, todas moradoras dos bairros mencionados. Os

encontros com as gestantes visavam promover esclarecimentos quanto ao período

gestacional, as mudanças e as consequentes adaptações em que iriam passar, bem como

garantir o fortalecimento da função protetora da família.

O Grupo de Gestante do CRAS II acontecia quinzenalmente, ou seja, dois encontros

por mês. Em média participavam das reuniões 08 (oito) gestantes, sendo o fluxo muito

rotativo, pois conforme iam se aproximando da data de ganharem o bebê deixam de

frequentar. No entanto, chegavam a participar de várias reuniões onde eram abordados temas

relevantes a esse período e, em especial, sobre as condicionalidades do Programa Bolsa

Família (PBF). Por meio desses encontros foi possível perceber o desconhecimento, por parte

destas gestantes, em relação às condicionalidades do PBF, cujas especificidades eram

atribuídas às condições vivenciadas por elas. Logo, era de fundamental importância o seu

cumprimento. O acompanhamento deste grupo justifica-se pela falta de registros e pela

relevância deste estudo.

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Trabalho de Conclusão de Curso

3 DIAGNÓSTICO DE ÁREAS DE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL DOS

CRAS DE CORUMBÁ- MS

Em Corumbá-MS, no ano de 2012 foi realizado um estudo pelo Conselho Municipal

de Assistência Social de Corumbá, CMAS, verificando as reais questões de vulnerabilidades

com um grupo de 721 pessoas, que culminou em um diagnóstico das áreas de vulnerabilidade

e risco social que afetam o município. O presente mapeamento foi realizado por meio de

entrevistas em locu pelos técnicos dos CRAS existentes na cidade, bem como os técnicos do

Órgão Gestor. Foi publicado no Diário Oficial de Corumbá do dia 28 de agosto do mesmo

ano e serviu como base para traçar estratégias pontuais de combate à pobreza e desigualdade

social de forma mais eficiente para cada região.

Esse estudo mostrou que dos 721 entrevistados da população dos bairros do

Loteamento Pantanal, Jardinzinho, Jatobazinho, Guató e Kadwéus eram os mais carentes da

cidade. Desse total, mais de 50% eram atendidos pelo Centro de Atendimento de Assistência

Social (CRAS) II.

Também foi apontado que o maior número de idosos estava localizado no bairro

Centro América, com 160 pessoas acima dos 65 anos de idade. Em toda a região assistida

pelo CRAS I, que localizado no bairro Centro América tinha 454 idosos, representando

35,5% da clientela do Centro de Referência. Já o bairro da Nova Corumbá apresentava a

maior quantidade de deficientes físicos, cerca de 70 pessoas e um contingente significativo de

crianças, com faixa etária de 0 a 6 anos, referentes aos 721 pesquisados.

No bairro Nova Corumbá e bairro Cravo Vermelho II foi identificado o maior índice

de analfabetos da cidade. O levantamento apurou ainda as regiões onde ocorreram os maiores

casos de violência doméstica que foram Nova Corumbá e Jardim dos Estados, com 5 casos

confirmados, liderando a lista de violação de direitos. Também foram identificados na Nova

Corumbá e no Cravo Vermelho II, o maior índice de pessoas sem documentação básica. Em

se tratando ainda do bairro Nova Corumbá e Cravo III o índice de desemprego foi bastante

relevante, cujos locais apresentam um índice significativo em que a maioria das famílias

sobrevivem com renda mensal de até um salário mínimo. O maior índice de pessoas sem

renda está no bairro Nova Corumbá, onde a quantidade de famílias que sobrevivem com até

R$ 70 mensais também é grande. Conforme o censo 2010 a população do bairro Nova

Corumbá é de 7.977 habitantes.

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Já os bairros Aeroporto, Centro, Maria Leite, Previsul, Popular Velha, Cervejaria e

Loteamento Pantanal também enfrentam problemas sociais, sendo as drogas uma questão a

ser enfrentada, pois nesses bairros, mais especificamente, no CMAS, que se encontrou o

maior número de dependentes químicos.

O mapa revelou ainda que 64% das famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa

Família, do Governo Federal, participam dos serviços de convivência e fortalecimento de

vínculos promovidos pelos CRAS, conforme dados levantados do cadastro do bolsa família

do município de Corumbá-MS.

Tabela 1

Centro de Referência da Assistência Social Número de Famílias Beneficiadas pelo PBF

CRAS I 805

CRAS II 236

CRAS III 385

CRAS IV 1858

CRAS RURAL/ALBUQUERQUE 297

CRAS ITINERANTE 165

TOTAL DE 3.746 FAMÍLIAS BENEFICIADAS PBF

Fonte: Relatório Mensal de Atendimento dos CRAS em Corumbá-MS/2012.

O estudo apontou ainda que os bairros Jatobazinho, Loteamento Pantanal e Guarani

ainda sofrem com a falta de rede de tratamento de abastecimento de água, escoamento

sanitário e coleta de lixo.

3.1 CRITÉRIOS DAS CONDICIONALIDADES

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) são responsáveis

por sistematizar os resultados do acompanhamento das condicionalidades de saúde e

educação do Programa Bolsa Família (PBF), por meio do Sistema de Condicionalidades

(Sicon) e, por identificar as famílias em situação de descumprimento de condicionalidades,

ou seja, aquelas que têm um ou mais integrantes que deixaram de cumprir os compromissos

assumidos nas áreas de saúde e educação. As crianças e adolescentes com baixa frequência

escolar, as crianças com calendário de vacinação desatualizado e as gestantes que não

realizaram o pré-natal sinalizam ao poder público que, por algum motivo, estão com

dificuldades de acesso aos serviços públicos de saúde e educação.

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As dificuldades de acesso a esses serviços podem ser reveladoras de situações de

vulnerabilidade e risco social. É importante salientar que apenas dentro do conjunto de

famílias acompanhadas é que são identificadas as que descumprem as condicionalidades.

Segundo dados do Cadastro Único do município, Corumbá-MS totalizou até junho de

2016, 17.184 famílias inscritas. Dessas famílias o PBF beneficiou, no mês de agosto de

2016, 7.324 famílias, representando uma cobertura de 102,2 % da estimativa de famílias

pobres no município. Isso corresponde 3.741 famílias cadastradas com renda per capita

mensal de R$ 0,00 até R$ 85,00.

As famílias em situação de descumprimento estão sujeitas aos efeitos estabelecidos

nos regulamentos do Programa. Esses efeitos são gradativos e podem variar conforme o

histórico de descumprimento da família, sendo eles: advertência, bloqueio, suspensão ou

cancelamento do benefício. A aplicação de efeitos no benefício ocorre em todos os meses

ímpares, exceto janeiro, considerando os últimos resultados do acompanhamento de educação

e saúde. Parte dos descumprimentos identificados no acompanhamento das condicionalidades

não está sujeito a efeitos nos benefícios, pois são descumprimentos associados às situações

em que a família tem poucas possibilidades de ação, como a falta de oferta dos serviços

públicos.

Atualmente, nenhuma família tem o benefício cancelado por descumprimento de

condicionalidades sem antes ser acompanhada pela assistência social e isso foi constatado por

meio do estudo que realizamos. O cancelamento só ocorre se uma família com o benefício em

suspensão começar a ser acompanhada pela assistência social, com registro desse

acompanhamento no Sicon e se, em 12 meses de acompanhamento, continuar a descumprir as

condicionalidades. Logo, a passagem de suspensão para o cancelamento respeitará o período

de 12 meses em que tenha sido iniciado o acompanhamento da família pela assistência social.

Se mesmo com esse acompanhamento a família continuar descumprindo, o benefício é

cancelado. O atual procedimento é reflexo de uma visão não punitiva das famílias que

descumprem: antes dessa regra, o cancelamento era realizado de forma automática, sem que

houvesse um acompanhamento do Estado.

Dessa forma, os CRAS passam a intervir junto a essas famílias em descumprimento

no sentido de identificar suas vulnerabilidades e garantir meios de acesso aos serviços na área

da saúde, em especial, e de orientação na área da educação.

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4 DADOS DO DESCUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE

De acordo com o MDS, mais de 99,1% das crianças e 99,3% das gestantes

beneficiárias do Bolsa Família que foram acompanhadas durante o segundo semestre de 2015

cumpriram as condicionalidades de saúde do programa. Em números absolutos, isso

representa, no período, cerca 5,4 milhões de crianças de até sete anos com a carteira de

vacinação atualização e 244,7 mil grávidas com o pré-natal em dia.

Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde, com o apoio do MDS e das equipes

estaduais e municipais de saúde, registrou dados de 8,9 milhões de famílias, número que

representa 76,8% do total com perfil para acompanhamento. Essa checagem de saúde é feita a

cada seis meses e é um compromisso das famílias que integram o programa e do poder

público para ampliar o acesso dos beneficiários a direitos sociais básicos.

Os recém-nascidos e as crianças de até 7 anos devem ser pesados, medidos e ter o

calendário de vacinação atualizado. Mulheres entre 14 e 44 anos ou que estejam grávidas

também devem ser assistidas.

As condicionalidades específicas para gestantes e nutrizes na área da saúde são:

Inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais

próxima da residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário

mínimo do Ministério da Saúde;

Participar das atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre

aleitamento materno e promoção da alimentação saudável.

5 ANÁLISE DOS DADOS DAS ENTREVISTAS

Para verificarmos o grau de conhecimento que as gestantes atendidas pelo CRAS II,

tinham a respeito das condicionalidades, bem como a importância de seu cumprimento,

realizamos com um grupo de 15 gestantes, entrevistas, no sentido de traçar um diagnóstico

social de seu núcleo familiar. Vale salientar que esse grupo representa mais de 50% das

gestantes atendidas mensalmente no CRAS II, pois o grupo tem em média 20

participantes/mês.

Para tanto, como resposta ao primeiro questionamento sobre o grau de escolaridade

das pessoas que moravam em sua casa, obtivemos a seguinte resposta, que pode ser

verificada por meio do gráfico 01.

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Gráfico 1: grau de escolaridade

Observamos que no grupo de 15 gestantes 06 tinham como escolaridade o Ensino

Fundamental, 05 o Ensino Médio incompleto e 04 o Ensino Médio completo. Ou seja, o grau

de escolaridade é baixo, o que nos remete pensar no desconhecimento de grande parte de seus

direitos como cidadão.

Gráfico 2: número de pessoas por residência

Quanto ao questionamento do número de pessoas que residiam na casa, verificamos,

no gráfico 02, que 33% das gestantes tinham mais de 5 pessoas residindo no mesmo

domicilio, perfazendo 05 entrevistadas, isso nos demonstra que a grande maioria é de

famílias numerosas, sendo compostas, muitas vezes, por filhos (as), esposos (as), netos,

Ensino fundamental

40%Ensino médio incompleto

33%

Ensino médio completo

27%

Escolaridade

Ensino fundamental Ensino médio incompleto Ensino médio completo

27%

20%33%

13%

7%

Quantidade de pessoas que residem na casa

com 2 pessoas com 4 pessoas com 5 pessoas

com 6 pessoas acima de 6 pessoas

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irmãos (ãs), cunhados (as), enfim em alguns casos havia duas famílias residindo no mesmo

domicilio.

Gráfico 3: condições de propriedade da casa

Em relação às condições de propriedade da casa constatamos, por meio do percentual

de 53% apresentado no gráfico, que a grande maioria é dona de sua residência. Entretanto,

conviria observar que as casas são oriundas de programas habitacionais, sem muitas

benfeitorias, conforme pode ser observado no gráfico 03.

Gráfico 4: renda familiar

53%

6%

27%

7%7%

Condições de propriedade da casa

própria alugada emprestada/cedida invadida arrendada

6%7%

67%

20%

Renda Familiar

Até 100 reais por mês De 100 a 200 reais por mês

Inferior a 1 salário mínimo Superior a 1 salário mínimo

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Trabalho de Conclusão de Curso

Outro aspecto verificado foi em relação à renda familiar, uma vez que esse foi um dos

critérios fundamentais utilizados para a concessão do benefício do Bolsa Família. Nesse,

verificou-se que a renda per capita da família se enquadrava dentro do perfil para receber o

benefício, que era de R$ 85,01 a R$ 170,00. O que observamos é que 67% das entrevistadas

tinham renda familiar inferior a 1 salário mínimo.

A par da renda da família, também vimos por bem analisar o quantitativo de pessoas

que trabalham nessa família, até mesmo para entender o porquê da necessidade e da

importância do benefício para essa família, conforme pode ser observado no gráfico 05.

Gráfico 5: quantidade de pessoas que trabalham

Por meio do gráfico 05, verifica-se que o maior o número de pessoas residindo na

casa e menor o número de pessoas trabalhando, o que representa que a per capita é cada vez

menor, daí a necessidade do benefício. E o que constatamos foi que 73% das entrevistas

tinham apenas 1 pessoa trabalhando na residência, sendo essa renda era insuficiente para

promover uma boa qualidade de vida para todos os residentes da família.

73%

7%

13%

7%

Quantidade de pessoas que

trabalham na família

01 pessoa 02 pessoas mais de 02 pessoas nenhuma pessoa

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Gráfico 6: Quais problemas encontrados no cumprimento das condicionalidades

A partir dessa breve análise quanto à dinâmica familiar dessas 15 gestantes

entrevistadas, passamos a questionar quanto aos problemas por elas encontrados para o

cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família com relação à saúde,

educação e assistência social.

O que verificamos foi que a grande maioria, ou seja, 87% das entrevistadas, afirmou

que o principal problema encontrado é a falta de informação. Tal assertiva também foi

constatado quando questionamos se ao se dirigirem ao posto de saúde e abrirem o cartão de

gestante, se foi informado sobre as condicionalidades especificas para gestantes, e as 13

entrevistadas disseram que não foram informadas. Com isso, constatamos que os serviços

prestados à saúde ainda está falha com esses critérios das condicionalidades do Bolsa

Família. (Gráfico 6)

Tal situação remete a pensar sobre o importante papel do grupo de orientação para

gestantes existentes nos CRAS, uma vez que essas informações são repassadas a essas

gestantes.

Salientamos que são afixados cartazes informativos nos postos de saúde informando

sobre o grupo de gestantes existente no CRAS II, e as gestantes que comparecem ao grupo é

porque leram esses cartazes e não porque foram informados pelos agentes de saúde.

.

87%

6%7%

Quais problemas encontrados no

cumprimento das condicionalidades

Falta de informação Falta de agente de saúde Outros

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Trabalho de Conclusão de Curso

Gráfico 7: Participação nas atividades ofertadas pelo CRAS

Por meio deste gráfico 07 é possível verificar a necessidade de uma maior divulgação

e informação das condicionalidades do PBF. Constatou-se ainda, que a população precisa

participar mais das atividades ofertadas pelos CRAS, pois são nos SCFV que são divulgados

seus direitos e deveres, bem como explicado todas as condicionalidades do PBF.

Gráfico 8:Freqüência dos filhos na escola

Apesar do desconhecimento de algumas condicionalidades na área da saúde e

assistência percebemos que em relação à condicionalidade na área da educação a grande

27%

53%

20%

Participa das atividades ofertadas

pelo CRAS

Sim Não As vezes

13%

87%

Com que frequência seus filhos

faltam a escola por mês

2 vezes nenhuma

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Trabalho de Conclusão de Curso

maioria das entrevistadas tinha conhecimento, pois responderam que monitoram a frequência

escolar dos filhos. Isso ocorre porque o critério mais avaliado refere-se a frequência escolar e

é isso que pode provocar alguma sanção com relação ao benefício do Bolsa Família, ficando

o critério saúde para segundo plano. Conforme aponta o gráfico 8.

Gráfico 9: família que participa das atividades oferecidas pela escola

Já no gráfico 09 percebemos mais uma vez que as famílias deixam a desejar na

participação das atividades ofertadas pela escola, ou seja, 60% das entrevistadas disseram não

participarem, contribuindo com isso para o desconhecimento de seus direitos e deveres.

Reunião na escola40%Não

60%

A familia participa das atividades

oferecidas pela Escola

Reunião na escola

Não

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Trabalho de Conclusão de Curso

Gráfico 10: utilização dos serviços ofertados pelas unidades de saúde

Em relação aos serviços ofertados pelas unidades de saúdes (consultas, vacinação e

peso/altura), de acordo com o gráfico 10, que a família utiliza, todos foram unanimes em

dizer que utilizam tais serviços, não sendo informados nada, além disso.

Gráfico 11: atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde

Com relação a participação em atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde,

87% responderam desconhecer qualquer atividade, ou seja, há a necessidade de uma melhor

100%

Todos (consultas, vacinação e

peso/altura)

1

13%

87%

Tem participado das atividades educativas ofertadas pelas equipes

de saúde?

Nunca Não tem conhecimento das atividades

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Trabalho de Conclusão de Curso

divulgação, por parte dos agentes de saúde, das atividades desenvolvidas e ofertadas pela

saúde, conforme mostra o gráfico 11.

Gráfico 12: descumprimento das condicionalidades

No gráfico 12 foi questionado se as famílias já haviam sido sancionadas por

descumprimento das condicionalidades do PBF, 60% responderam que não e 40% que sim e

que a principal sanção foi na área da educação.

Isso nos remete a pensar mais uma vez sobre a necessidade de uma atuação mais

pontual da saúde com relação ao PBF. Ou seja, verificar se as gestantes existentes na área de

atuação do posto já iniciaram o Pré Natal, se o cartão de gestante está de acordo com o

período gestacional em que a gestante se encontra, e, após o nascimento do bebê, verificar se

essa nutriz está levando o recém-nascido para as consultas e se a vacinação está em dia. Todo

esse trabalho pode ser desenvolvido pelos agentes de saúde e informar a Central de

Atendimento do Cadastro Único.

40%

60%

Sua família já foi sancionada por

descumprimento das

condicionalidades

Sim. Condicionalidade da Educação Não

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Trabalho de Conclusão de Curso

Gráfico 13: se a renda familiar é suficiente

Por fim e, conforme representado no gráfico 13, foi questionado se a renda familiar

era suficiente para o sustento da família, a grande maioria respondeu que não, pois sempre

faltava alimento, uma vez que o quantitativo de pessoas residindo na casa é maior que o

quantitativo de pessoas trabalhando. Outro ponto alegado para a insuficiência da renda era o

fato de que as pessoas que trabalhavam na casa não tinham carteira assinada, sendo essa

renda proveniente de trabalhos informais.

Assim, o benefício do PBF é tido como fundamental para o sustento das famílias, pois

seria esse o recurso responsável pela garantia de uma qualidade melhor de vida.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da análise dos dados apresentados foi possível concluir que o benefício do

PBF se faz necessário na vida das gestantes entrevistadas. Embora elas tenham esse

entendimento, muitas vezes, desconhecem a importância de corresponder às expectativas em

relação ao cumprimento das condicionalidades do programa. Prova disso é que das gestantes

entrevistadas que sofreram sanções no recebimento do benefício foi com relação à falta

escolar de seus filhos, isso poderia ter sido evitado se elas participassem mais das atividades

ofertadas pela Escola, pois são nessas atividades que, muitas vezes, são tratadas as

condicionalidades do PBF.

No momento das entrevistas com as gestantes beneficiadas pelo PBF foi

pontuado que a Assistência Social não é mais um assistencialismo orientado para

13%

87%

A renda familiar é sufuciente para o

sustento da familia?

sim Não. Sempre falta algo e o Bolsa Família que ajuda

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Trabalho de Conclusão de Curso

recebimento de benefícios. E que elas devem entender que além dos direitos também têm

deveres a cumprir. E que esses deveres na verdade, servem para seu crescimento e

empoderamento para que futuramente possam adquirir autonomia para gerenciar sua própria

trajetória de vida. Os principais deveres pontuados que as gestantes têm de cumprir foi em

relação às consultas e cartão da gestante em dia. Já posterior ao nascimento do bebê a

emissão da certidão de nascimento e inserção da criança em seu cadastro, é importante, além

de fazer o cartão de vacinação, que deve estar em dia, bem como as consultas médicas de

puerpério.

Acreditamos que o trabalho realizado pelo CRAS, embasado pelas Políticas

Públicas, possa levar a mudança na visão e comportamentos dessas gestantes, fazendo assim

com que essas tenham uma postura diferente com seus descendentes.

7 REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel Gonzalez. Módulo Introdutório: Curso de Especialização: Pobreza,

Desigualdades e Educação. MEC/ SECADI , Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Brasília, 2015.

CRAS II. Regimento Interno do Centro de Referência de Assistência Social –; revisado em

20 de outubro de 2016.

CROCKER, D. A. Functioning and Capability: The Foundations of Sen’s and Nussbaum’s

Development Ethics, Part 2. In.: NUSSBAUM, M. C.; GLOVER, J. (orgs.). Women, Culture,

and Development. A Study on Human Capabilites. Oxford: Clarendon Press, 1995, 153-198.

REGO, Walquiria Leão, PINZANI, Alessandro. Resenha: Vozes do Bolsa Família:

Autonomia, Dinheiro e Cidadania. São Paulo: Editora.Unesp. 2013.

_________ Módulo I: Curso de Especialização: Pobreza, Desigualdades e Educação. MEC/

SECADI , Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.

Brasília, 2015.

CASTRO, Jorge Abrahão de, MODESTO, Lúcia. Bolsa Família 2003-2010: Avanços e

Desafios. Vol.1, Brasília, 2010.

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Trabalho de Conclusão de Curso

SACRISTÁN, J. G. (Org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso,

2013.

Disponível em: www.mds.gov.br/bolsafamilia/condicionalidades/sistemas/sicon. Acesso em

15/09/2016.

SILVA, Maria Ozanira da Silva e Lima e ALMADA, Valéria Ferreira Santos de. Avaliando o

Bolsa Família: Unificação, Focalização e Impactos. São Paulo: Cortez, 2010.136p.