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Trabalho de Conclusão de Curso O IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: EMANCIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL Jozemara Socorro Neri Amorim Robson Gonçalves Féliz RESUMO Essa pesquisa teve como objetivo analisar a emancipação das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), tendo como recorte realizar as entrevistas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Aero Rancho “Prof. Adevair Costa Lolli Gueti”, localizado na região sudoeste do município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O bairro Aero Rancho atualmente tem grande concentração de habitantes, pois houve um crescimento da população, no entanto, a comunidade não acompanhou o desenvolvimento, o que trouxe problemas como a vulnerabilidade social. Considerando que o CRAS é a porta de entrada para as demandas e um instrumento de análise para que se efetive uma prática social consistente, visando garantia de direitos à convivência familiar e comunitária e contribuir para o processo da autonomia e da emancipação social da família, a intervenção teve como delineamento a pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, e considerou a análise bibliográfica e documental em fontes primárias, pesquisa de campo com aplicação de questionário, assim como entrevistas semiestruturadas a seis famílias beneficiárias do PBF. Foi realizada a intervenção com a equipe técnica do CRAS de referência. As entrevistas foram realizadas com as famílias monitoradas pela instituição. Espera-se como resultado verificar o empoderamento dos beneficiários no que tange os aspectos referentes: à educação, como é monitorada a frequência escolar, qual a medida de prevenção para combater as faltas e garantir o recebimento do beneficio; à saúde, nas ações realizadas para acompanhamento das famílias; e à inclusão social, nas estratégias utilizadas para qualificação profissional. PALAVRAS-CHAVE: Inclusão Social. Emancipação. Educação. Saúde. INTRODUÇÃO A presente pesquisa teve como objetivos analisar a emancipação das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) referenciadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Aero Rancho “Prof. Adevair Costa Lolli Gueti”, localizado na região sudoeste do município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Apresenta-se a avaliação dos programas sociais por meio de entrevistas e visitas domiciliares. A aérea de abrangência da pesquisa pertence ao território de execução do trabalho, permitindo a veracidade dos dados coletados. Em seguida, faz-se um destaque dos aspectos que são utilizados como execução dos objetivos e das estratégias previstos pelos formuladores dos programas em análise.

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Trabalho de Conclusão de Curso

O IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: EMANCIPAÇÃO DAS

FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL

Jozemara Socorro Neri Amorim

Robson Gonçalves Féliz

RESUMO

Essa pesquisa teve como objetivo analisar a emancipação das famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família (PBF), tendo como recorte realizar as entrevistas no Centro de

Referência de Assistência Social (CRAS) Aero Rancho ­ “Prof. Adevair Costa Lolli Gueti”,

localizado na região sudoeste do município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O bairro

Aero Rancho atualmente tem grande concentração de habitantes, pois houve um crescimento

da população, no entanto, a comunidade não acompanhou o desenvolvimento, o que trouxe

problemas como a vulnerabilidade social. Considerando que o CRAS é a porta de entrada

para as demandas e um instrumento de análise para que se efetive uma prática social

consistente, visando garantia de direitos à convivência familiar e comunitária e contribuir

para o processo da autonomia e da emancipação social da família, a intervenção teve como

delineamento a pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, e considerou a análise

bibliográfica e documental em fontes primárias, pesquisa de campo com aplicação de

questionário, assim como entrevistas semiestruturadas a seis famílias beneficiárias do PBF.

Foi realizada a intervenção com a equipe técnica do CRAS de referência. As entrevistas

foram realizadas com as famílias monitoradas pela instituição. Espera­se como resultado

verificar o empoderamento dos beneficiários no que tange os aspectos referentes: à educação,

como é monitorada a frequência escolar, qual a medida de prevenção para combater as faltas

e garantir o recebimento do beneficio; à saúde, nas ações realizadas para acompanhamento

das famílias; e à inclusão social, nas estratégias utilizadas para qualificação profissional.

PALAVRAS­CHAVE: Inclusão Social. Emancipação. Educação. Saúde.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa teve como objetivos analisar a emancipação das famílias

beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) referenciadas pelo Centro de Referência de

Assistência Social (CRAS) Aero Rancho ­ “Prof. Adevair Costa Lolli Gueti”, localizado na

região sudoeste do município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Apresenta-se a avaliação dos programas sociais por meio de entrevistas e visitas

domiciliares. A aérea de abrangência da pesquisa pertence ao território de execução do

trabalho, permitindo a veracidade dos dados coletados. Em seguida, faz­se um destaque dos

aspectos que são utilizados como execução dos objetivos e das estratégias previstos pelos

formuladores dos programas em análise.

Trabalho de Conclusão de Curso

São discutidas as particularidades dos contextos locais como elementos que

condicionam a execução dos programas. Nesse sentido, defende­se uma compreensão

multidimensional a fim de dar conta da complexidade que envolve a determinação desses

contextos em seus aspectos históricos, políticos, culturais e a realidade vivenciada pelas

famílias.

O artigo aborda a indispensável atuação estatal, na forma da evolução das políticas

públicas sociais rumo à conquista dos referidos objetivos fundamentais da Constituição

Federal de 1988, principalmente no combate à fome e de garantia do direito humano à

alimentação. Nesse sentido, é abordada a questão das políticas públicas que são idealizadas

no contexto do desenvolvimento econômico e social atual do País, que superaram a visão

meramente compensatória e assistencialista que marcou a história da política social no Brasil.

A abordagem se pauta em algumas considerações sobre a realidade das famílias em

situação de pobreza e vulnerabilidade social, sua abrangência e seu contexto de ação.

Realizamos uma análise com a amostra de seis famílias beneficiárias do Programa de

Transferência de Renda Bolsa Família, com intuito de verificar o distanciamento da realidade

de grande parte da população brasileira, apontando para a necessária maximização da

efetividade das normas que dispõem sobre o mínimo existencial pertinente para a proteção da

vida da pessoa humana, bem como de condições mínimas materiais que, ao serem prestadas

pelo Estado, proporcionem dignidade à vida humana, no campo dos direitos econômicos,

sociais e culturais e da emancipação social.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que foram utilizados como procedimentos

metodológicos: a revisão bibliográfica em livros, artigos dissertações e teses que trataram da

temática; a análise documental em fontes primárias como leis, decretos e outros documentos

oficiais que legitimam o Programa Bolsa Família; pesquisa de campo, com aplicação de

questionário e entrevistas a seis famílias beneficiárias do PBF.

1 POBREZA: ASPECTOS CONCEITUAIS

O mundo globalizado nos impõe desafios no sentido de priorizarmos e tratarmos

determinados temas/problemas que não são de ordem particular, e nem originais e recentes,

mas que tomaram um rumo pós-industrialização e se tornaram assunto internacional por fazer

Trabalho de Conclusão de Curso

parte das distintas realidades, seja em países desenvolvidos, em desenvolvimento ou

subdesenvolvidos. Metade da população mundial vive hoje com dois dólares por dia.

Nesse contexto, muitos autores têm se dedicado a pensar as condições sociais

vinculadas à superação da pobreza e indigência dessas realidades, no sentido de estabelecer,

de acordo com cada uma, a agenda política de combate à pobreza e o enfrentamento das

desigualdades sociais, ou como se entende em várias realidades: uma política de proteção

social. Mas exatamente a que fenômeno estamos nos referindo? O que é pobreza?

Segundo o Relatório do Banco Mundial de 2000, a pobreza se caracteriza em três eixos:

a falta de recursos e renda para atender a necessidades básicas, incluindo educação e saúde;

falta de voz e poder nas instituições estatais e na sociedade; e vulnerabilidade a choques

adversos e exposição a riscos, combinados com uma incapacidade de enfrentá-los.

Para Sposat (1997, p. 13):

[...] o conceito de pobreza é relativo, refletindo os hábitos, valores e

costumes de uma sociedade; entretanto, com a globalização, essa noção

passa a aproximar-se de uma medida comum. Os indicadores utilizados para

estimar o grau de pobreza de uma sociedade partem de medidas

quantitativas comparativas, demarcando os estratos sociais que enfrentam os

mais baixos padrões de vida. [...] O que nos remonta a questão das

desigualdades sociais. Uma série de significados diferentes pode ser dada à

“pobreza” enquanto estado de quem é pobre e sofre a falta do necessário à

vida.

Sendo assim, a pobreza pode ser entendida como privação ou ausência das necessidades

básicas, podendo mudar a intensidade da privação como ausência total de recursos que

impeçam o ser inclusive de se alimentar: condição primeira para sua sobrevivência. O que

denotaria um estado de indigência. De outras formas se daria na privação de condições

materiais e acesso mínimo às políticas de saúde, educação, saneamento, habitação, etc.

Devemos lembrar que a pobreza é um processo resultante de uma estrutura de

desigualdades sociais historicamente presente na realidade brasileira, o que nos remete a

nossa trajetória de construção da civilidade, da cidadania, da economia nacional, das relações

de poder, enquanto responsabilidades legais e institucionais que resultaram nas atuais

relações sociais e de trabalho, no trato com o que é coletivo, na capacidade de mobilização da

população, nas diferenças sociais, na cultura política que temos, na ausência de políticas

públicas decentes, enfim em diversos fatores e situações que vivenciamos. Além disso,

devemos considerar que estamos em um país de extensão continental, com diferenças

Trabalho de Conclusão de Curso

culturais e regionais, climáticas e geográficas que devem ser também considerados na

elaboração das políticas de enfrentamento à pobreza.

2 POLÍTICAS SOCIAIS

Compreendem-se como políticas sociais as ações que determinam o padrão de proteção

social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios

sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento

socioeconômico. Nesse sentido, podemos identificar como políticas sociais a educação e

saúde, dentre outras. No entanto, vai além das estratégias criadas, pois existe uma

padronização dos métodos utilizados para implantação das políticas sociais que não

correspondem à realidade e cultura das famílias em situação de vulnerabilidade social.

O Bolsa Família atualmente é o principal programa de obtenção de renda para famílias

em vulnerabilidade social. Porém, devemos analisar o motivo das famílias permaneceram por

um longo período nos programas, visto que uma das principais condições é a estruturação

familiar e inserção social.

A política social como estratégia de redução da exclusão social causada pela pobreza e

privações inerentes a essa condição deve conceder instrumentos que possibilitem a inserção

do indivíduo na sociedade de maneira efetiva e permanente. Um dos principais desafios das

políticas públicas é ter a capacidade de emancipar o indivíduo, conferindo-lhe autonomia

para a vida em sociedade e dando-lhe oportunidades para uma inserção digna.

A análise da emancipação está presente nas contribuições do pensamento marxiano,

sendo abordada em uma dimensão política. No entanto, contribuindo na fundamentação e

expressão de práticas sociais e profissionais rumo à emancipação humana. Segundo Marx

(1989), a emancipação política pressupõe uma equidade social, tendo o cidadão as mesmas

condições que possui o Estado, ou seja, igualdade diante da lei, da religião, propriedade ou

outras que são estabelecidas por meio da mediação de condições concretas, assim como as

que asseguram a cada indivíduo a plena satisfação das suas necessidades.

Marx sofreu a influência das ideias iluministas e dos movimentos revolucionários do

século XIX, e a partir dessas vivências passou a discorrer sobre o caráter contraditório da

emancipação na sociedade burguesa (capitalista), compreendendo que a diferença entre as

classes é uma barreira para a emancipação humana, a qual afirma ser mais importante do que

a emancipação política.

Trabalho de Conclusão de Curso

A investigação se processa efetivamente na emancipação humana, que se distingue da

emancipação política. A ênfase é dada a uma forma de autodeterminação que promove uma

tendência para a vida em sociedade na qual os indivíduos sejam efetivamente livres.

O processo de liberdade, impulsionado pela emancipação contribui para uma positiva

sucessão de mudanças capazes de aperfeiçoar a relações sociais e a humanidade de modo

geral. Essa visão excede a limitada análise do indivíduo na sociedade dirigida pelo capital e

seus vínculos de poder, transformando essas relações em uma dimensão social.

Essa liberdade, para Marx, é adquirida por meio do trabalho realizado a partir de forças

individuais que atuam comumente, de maneira tal que o indivíduo conquista o domínio

consciente da totalidade do trabalho, o que o torna livre e o faz desenvolver uma verdadeira

comunidade humana, na qual todos poderão aplicar amplamente as suas potencialidades,

criando um firme estado de solidariedade em detrimento da rivalidade e dos antagonismos.

No entanto, Freire (2007, p. 107) assume que a autonomia se constitui da

experiência de incontáveis decisões, que vão sendo tomadas, sendo que nenhum indivíduo é

inerentemente autônomo sem que passe por um processo de decisão. “A autonomia, enquanto

amadurecimento do ser para si é processo, é vir a ser”.

Partindo de análises, a promoção da emancipação das famílias beneficiárias

caracterizaria, por assim dizer, a saída das mesmas de situações vulneráveis. No movimento

de compreender a importância do benefício na vida das famílias beneficiárias e deste para

melhoria nas condições de vida, entrevistamos cinco famílias em vulnerabilidade social,

referenciadas no CRAS Prof. Adevair Costa Lolli Gueti, localizado no bairro Aero Rancho,

região urbana Anhanduzinho em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

3 PROGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA BOLSA FAMÍLIA

O Programa de Transferência Bolsa Família foi criado no Governo de Luís Inácio Lula

da Silva (2003­2011), instituído pela Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, regulamentado

pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004 e alterado pelo Decreto 6.917, de 30 de

julho de 2009 (BRASIL, 2004, 2009).

Destacamos a importância da transferência do recurso do Programa na vida das famílias a

fim de apreender as mudanças trazidas para elas. Vale ressaltar, como citado na segunda parte

do artigo, que os valores monetários transferidos visam inicialmente o alívio imediato dos

efeitos da pobreza. Entretanto, por meio do acesso a serviços sociais básicos, dentre eles a

Trabalho de Conclusão de Curso

educação, o programa visa romper o ciclo da pobreza entre as gerações, promovendo

emancipação das mesmas.

Fica criado, como órgão de assessoramento imediato do Presidente da

República, o Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família,

com a finalidade de formular e integrar políticas públicas, definir diretrizes,

normas e procedimentos sobre o desenvolvimento e implementação do

Programa Bolsa Família, bem como apoiar iniciativas para instituição de

políticas públicas sociais visando promover a emancipação das famílias

beneficiadas pelo Programa nas esferas federal, estadual, do Distrito Federal

e municipal, tendo as competências, composição e funcionamento

estabelecidos em ato do Poder Executivo. (BRASIL, 2004).

Soares, Ribas e Osório (2007, p. 1) explicam que:

O programa foi instituído em 2004 a partir da unificação de alguns

programas sociais de transferência de renda – condicionada e não

condicionada – do Governo Federal. Os principais programas unificados

foram: o BOLSA ESCOLA, um subsídio voltado à educação primária; o

FOME ZERO e o BOLSA ALIMENTAÇÃO cujas transferências visavam a

garantir segurança alimentar; e o VALE GÁS, um subsídio para ajudar

famílias pobres a comprar gás de cozinha. Criado, o BOLSA FAMÍLIA

passou por uma rápida expansão, incluindo um número cada vez maior de

famílias pobres e extremamente pobres entre seus beneficiários.

Para o sucesso de sua implantação, observa Santana (2007, p. 6) que “[...] o Bolsa Família

foi pensado como uma política social com gestão participativa da comunidade e por isso

deveriam ser criados comitês gestores nos municípios”. Pondera que o programa se constitui

em um processo de emancipação que parte da família, articula com a comunidade e

reconhece o Bolsa Família como um meio, não como um fim.

Para Soares, Ribas e Osório (2007), entre 1995 e 2004, a desigualdade de renda brasileira,

medida pelo Índice de Gini, caiu cinco pontos e atribuíram 21% dessa queda aos programas

de transferência de renda. Os autores avaliam que esta transferência de renda não retira as

famílias da pobreza, porém, para aquelas que vivem sobre pobreza extrema representa a

maior parte da renda obtida pelas famílias. Acrescentam, ainda, que o erro de inclusão1 no

1 O “erro de inclusão” representa o vazamento para famílias não elegíveis, é a razão entre o número de beneficiários que não são pobres e a quantidade de beneficiários. (SOARES, RIBAS; OSÓRIO, 2007).

Trabalho de Conclusão de Curso

programa chega a 49%, porém essas famílias não estão muito acima da linha de pobreza, e o

erro de exclusão2 próximo de 46%.

Por outro lado, Silva (2007), apresenta uma visão um pouco menos otimista.

Reconhecendo a importância do Programa Bolsa Família (PBF) na melhoria de vida das

famílias, discute que este dificilmente atuará na redução da pobreza e que poderá até ser um

regulador da pobreza determinada pelas próprias exigências do programa. Avalia que este

deveria ser um redistribuidor de renda entre a população brasileira e não apenas um

distribuidor. Conclui que os resultados do programa são modestos frente à necessidade de

superação da pobreza e da fome no Brasil.

Segundo Senna et al. (2007), é preciso haver uma preocupação com o caráter do

Programa, uma vez que não há medidas focadas na geração de emprego e renda que, aliadas

às estratégias políticas e socioeducativas, poderiam cooperar com o rompimento do ciclo de

reprodução da pobreza. Na opinião dos estudiosos, essa pode ser considerada a maior

debilidade do PBF, ou seja, a incapacidade de inserir esta população adulta no ciclo produtivo

da economia.

Considerando que um dos graves problemas da população brasileira é a dificuldade

socioeconômica das famílias, justifica­se o objetivo de estudar o impacto do Programa no

processo de distanciamento da realidade que as famílias vivenciam.

4 ANÁLISE PRELIMINAR DO IMPACTO DO PBF: ENTREVISTAS

No âmbito das políticas sociais, averigou-se como o PBF tem contribuído para a

emancipação e bem-estar social das famílias beneficiárias. Importante ressaltar que as

famílias entrevistadas são monitoradas e referenciadas pelo CRAS da região. As seis famílias

foram triadas pela equipe técnica do CRAS.

Menciona-se a avaliação de impacto, que provavelmente é a modalidade de avaliação mais

adotada na atualidade, uma vez que analisa as efetivas mudanças ocorridas em uma realidade

específica a partir da implementação de um programa, ou seja, analisa os impactos do

programa.

2 O “erro de exclusão” é a razão entre o número de pobres não beneficiados pelo programa e o tamanho da

população pobre, indicando a percentagem da população elegível fora do programa (SOARES, RIBAS;

OSÓRIO, 2007).

Trabalho de Conclusão de Curso

De acordo com Silva (2001), a determinação de um impacto exige considerar dois

momentos: antes e depois da implementação de um programa. Além disso, como a autora

chama atenção, é imprescindível analisar as chamadas variáveis intervenientes, que rebatem

na conjuntura local e, por conseguinte, na implementação do programa. Nesse particular,

aliás, reside o principal desafio dessa modalidade de avaliação: demonstrar que um

determinado efeito na realidade social é resultado, de alguma forma, da execução de um

programa determinado.

A esse respeito, o entendimento predominante é de que:

[...] qualquer avaliação de impacto apenas identifica a mudança e sua

dimensão ocorrida numa situação conhecida previamente, mas não pode

afirmar, categoricamente, que a mudança resultou, diretamente, desta ou

daquela variável, entre elas, do próprio programa social (SILVA, 2001,

p.86).

Nesse projeto, a avaliação do programa refere-se à relação entre as famílias beneficiárias

com as condicionalidades na área de saúde e educação que devem ser cumpridas para que o

benefício não seja cancelado, bloqueado ou suspenso. Elas são de fundamental importância e

exigem atenção das famílias beneficiárias.

A visita domiciliar permitiu identificar situações de vulnerabilidade que não são

expostas inicialmente pelo usuário. Cumpre ressaltar que a visita domiciliar “funciona como

uma atividade profissional investigativa ou de atendimento aos usuários dentro do seu próprio

meio social ou familiar, logo, uma atividade que aproxima o assistente social da realidade do

indivíduo” (SPEROTTO, 2009, p. 60).

Foram realizadas visitas domiciliares e entrevistas com seis famílias beneficiárias,

palestras para auxiliar as famílias no que se refere aos direitos do cidadão e como acessar e

efetivar sua cidadania. Buscou-se estabelecer vínculo com as famílias entrevistadas com a

finalidade de obter informações e executar a pesquisa da evolução, emancipação dos

beneficiários do programa.

Segundo Martinelli (1999, p. 26), “uma consideração importante é que a

pesquisa qualitativa é participante, nós também somos sujeitos da pesquisa”.

Dessa forma, a entrevista é uma importante fonte de coleta de dados.

Esta técnica de pesquisa pode ser utilizada com todos os segmentos da

população, o entrevistado não precisa saber ler ou escrever, ao contrário do

questionário onde é necessário que o entrevistado seja alfabetizado. A

entrevista ainda possibilita que sejam utilizadas tanto as abordagens

quantitativas submetidas ao tratamento estatístico, quanto às abordagens

Trabalho de Conclusão de Curso

qualitativas que são referência nesse tipo de abordagem (MARCONI;

LAKATOS, 2011, p. 80­81).

As entrevistas foram realizadas no Centro de Referência de Assistência Social ­ CRAS

Aero Rancho ­ “Profº Adevair Costa Lolli Gueti” R. Globo De Ouro, n. 862, Bairro Aero

Rancho, local onde são direcionadas as atividades e monitoramento das famílias

beneficiárias. Foi utilizado um roteiro visando conhecer a realidade de cada família

entrevistada, como o benefício auxilia na renda familiar e de que modo são utilizados.

Salienta­se que a observação e a escuta sensível nas entrevistas/atendimentos realizados

pela equipe, propiciam a realização de uma prática reflexiva junto à família. Isso possibilita

que a intencionalidade ética, intrínseca a toda ação profissional se materializa, no

enfrentamento das expressões da questão social vivenciadas.

Iniciemos as análises com a família da senhora Ana, composta de quatro pessoas, em

que apenas seu esposo trabalha, fazendo bicos, sem emprego fixo e sem garantias

trabalhistas. Embora afirme que os filhos precisam do dinheiro, quando interrogada sobre

como é gasto o valor recebido do programa, afirmou gastar dentro de casa. Ao explicar o que

seria dentro de casa relatou gastar com alimentação, pagamento de contas como água e luz.

Sobre a possibilidade de trabalhar para ajudar no orçamento doméstico, alegou não trabalhar

por ter passado por cirurgia recente e não ter qualificação para o trabalho.

No mesmo direcionamento a senhora Bianca respondeu: “Tipo comida, roupa, remédio

e passagem pra minha filha ir, por exemplo, pra escola, ir à rua” (26/09/2016). Interessante

notar que os gastos relativos a material escolar, em todos os relatos não é citado em primeiro

lugar, figurando nessa posição os gastos com alimentação e manutenção da casa.

Apesar da importância do dinheiro para a manutenção das despesas domésticas, em

uma análise geral, as famílias não pensam em sair do programa. Segundo senhora Joana, a

saída do programa seria considerada soberba.

Ao ser questionada se houve mudança na vida da família a partir do ingresso no PBF,

assim respondeu:

Depois que passou a receber a bolsa melhorou sim. Melhorou assim em uma

parte, por exemplo, a gente cozinhava de lenha, agora não cozinha mais de

lenha, a gente não tinha condições de pagar uma luz, agora a gente tem

condição de pagar uma luz, tem condição de pagar uma água (Dalva,

26/09/2016).

Trabalho de Conclusão de Curso

Nesse cenário, quando se olha para o lugar da transferência de renda na vida dos

beneficiários, é possível perceber que o programa vem cumprindo o papel de suprir demandas

materiais nas quais o acesso à atividade remunerada é precário ou ausente. Pelo que se

depreende dos depoimentos, o acesso a produtos e serviços que antes encontravam

dificuldade para acessar foi possível a partir do recebimento do benefício para a maioria dos

beneficiários.

A contribuição para compra de alimentos e pagamento de contas, por exemplo, revela-se

presente na vida de quase todas. Entretanto, para algumas delas a hipótese do desligamento

do programa (lembrando que o descumprimento das condicionalidades pode provocar a

suspensão do pagamento e até mesmo desligamento do programa) poderia recolocar a família

na condição vivida antes do ingresso no PBF. Isso significa dizer que as bases de promoção

de meios emancipatórios das famílias continuam frágeis, ou praticamente não existem. Por

muitas vezes, as mães expressavam sua condição de beneficiária como se a mesma fosse

permanente, o que contradiz o caráter do mesmo de prover o alívio dos efeitos da pobreza e

de meios para emancipação das famílias beneficiárias de modo que possam sair do Programa

por espontânea vontade.

No entanto, os depoimentos não revelaram, após aproximadamente dez anos de

pertencimento ao programa, que as mães desenvolveram estratégias que promovessem sua

emancipação. Daí decorre a importância de se refletir sobre políticas sociais que ultrapassem

o limite do emergencial.

41 EDUCAÇÃO

As condicionalidades do PBF com relação à educação estão relacionadas à frequência

escolar, é preciso que as crianças e adolescentes tenham no mínimo 70% de frequência

escolar. E a escola é responsável pelo registro da frequência. Os alunos precisam obter mais

de 70% de frequência escolar, os pais são responsáveis em realizar a matrícula e acompanhar

o desenvolvimento escolar dos filhos, o não cumprimento da condicionalidade acarreta na

suspensão do benefício até regularização.

As entrevistas evidenciaram ainda a preocupação e esperança depositada pelas mães na

educação dos filhos, chegando, muitas vezes, a conceber a educação pelo viés salvacionista,

acreditando ser a falta de estudos o fator responsável pela situação de pobreza que enfrentam

desde a infância, concepção que continua a ser disseminada não só no interior das escolas,

Trabalho de Conclusão de Curso

mas também por vários veículos de formação de opinião, tais como partidos políticos e meios

de comunicação.

Por meio dessa concepção vem se difundindo uma visão única de mudança da realidade na

qual os problemas relacionados ao desemprego, baixa renda e exploração são superados

apenas com a escolarização. Tal concepção encobre o peso dos aspectos estruturais de nosso

modo de produção, responsável não apenas pela falta de emprego para todos, mas

principalmente pelo quadro de desigualdade presente em nosso País.

Os relatos das entrevistas revelaram que embora as mães se preocupem com a educação

dos filhos, o que vem contribuindo para a frequência à escola é o risco de suspensão do

benefício ou desligamento do PBF. Com exceção dos estudantes que trabalham, os demais só

faltam à escola, segundo suas mães, quando adoecem ou por motivo de força maior.

Assim como os relatos da senhora Carla, aparentemente todas as famílias reconheceram

nas entrevistas que estão mais atentas à presença das crianças e adolescentes na escola, com

uma expectativa de diminuição da evasão escolar. Por outro lado, apesar de uma família

revelar uma mudança nas atitudes dos filhos, que antes eram “mais revoltados”, não se

identificaram relatos claros de avanços em relação à aprendizagem. Essa dificuldade de

observação pode estar relacionada, entre outros aspectos culturais e de contexto, com a

qualidade da educação das escolas nas regiões.

Além da frequência escolar, outro aspecto abordado nas entrevistas e que revela a relação

entre as famílias beneficiárias e a escola diz respeito ao abandono. Assim como em muitos

casos no Brasil, um dos filhos de senhora Dalva tem histórico de abandono escolar em prol

da ajuda financeira à família. O trabalho, então, tem se constituído, nesses casos, no principal

fator do abandono escolar.

O papel da educação na vida das famílias pobres no Brasil pode abrir perspectivas de

transformação da realidade a partir da busca da mudança desta derrubando argumentos que

naturalizam a pobreza e a estrutura social vigente. Entretanto, sabemos que a educação

sozinha não é capaz de, em um passe de mágica, transformar a situação de miserabilidade,

embora tenha lugar importante no processo de questionamento do que aí está. Influenciadas

por discursos prolatados nos diversos veículos de comunicação que apresentam a educação

(na maioria das vezes mercadológica) como passaporte para uma vida promissora, a maioria

das mães depositam na educação a possibilidade de mudança da situação de pobreza por meio

Trabalho de Conclusão de Curso

do acesso a postos de trabalho mais qualificados, como podemos verificar, por exemplo, na

fala da senhora Ana ao relatar sobre a importância da educação da vida de seus filhos:

A importância para mim é deles estudar, ser alguém na vida. Eles terminado

os estudos eles podem arrumar um trabalho melhor pra eles e miorar a vida

deles né? Miorar a situação que terminando os estudo entrando em qualquer

curso eles mioram bastante a vida deles. O curso que eles quiserem formar

[...] vai miorar a vida deles (Ana, 26/09/2016).

Sendo assim, a educação é um elemento importante no processo de formação humana e

tem lugar na vida das beneficiárias, as quais, embora com poucos anos de formação escolar,

conseguem tecer críticas às desigualdades sociais, embora muitas delas com percepção

limitada da realidade. Dessa forma, ao criticar os problemas enfrentados no seu dia a dia e

também pela escola onde seus filhos estudam e à escola pública em geral, depositaram a

origem de tais problemas no governo, cuja relação passamos a analisar na próxima seção.

4.2 SAÚDE

Na saúde, as gestantes e nutrizes devem ser inscritas no pré-natal. As beneficiadas

devem comparecer com o cartão de gestante às consultas nas unidades de saúde próximas à

sua residência, seguindo o calendário do Ministério da Saúde. Outra exigência é a

participação nas atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre aleitamento

materno e promoção da alimentação saudável. Quanto às crianças, é necessário levá-las às

unidades de saúde ou aos locais de vacinação e manter atualizado o calendário de

imunização, conforme diretrizes do Ministério da Saúde, além de realizar o acompanhamento

do estado nutricional e do desenvolvimento e outras ações, conforme calendário mínimo do

Ministério da Saúde.

Na área da saúde, existe menos consenso em relação aos avanços propiciados pelo PBF

nas famílias. Por um lado, se posicionaram de forma mais crítica em relação à questão.

Destacaram a necessidade de atenção à saúde mental das famílias, que ainda se limita à

questão do peso/altura e das vacinas das crianças. Ao citar a saúde mental como um

complicador na vida e na organização familiar, visto que muitas se encontram em sofrimento

e assim também mais vulneráveis, destacando a importância de um trabalho voltado

especificamente para essa questão para uma melhoria real na qualidade de vida.

Os relatos vão de encontro à visão de Sen. (2000), que dá amplo destaque em como

complicações de saúde podem comprometer a capacidade das pessoas de se desenvolverem.

Trabalho de Conclusão de Curso

Essa visão segue uma argumentação de que o PBF é insuficiente para superar um quadro

mais complexo dos serviços de saúde oferecidos às comunidades de baixa renda e, portanto,

um forte limitador da autonomia dos indivíduos. Nesse contexto, seriam justamente as

famílias de maior vulnerabilidade que têm dificuldades para cumprir as condicionalidades e

se manter como beneficiárias.

Não ocorre apenas que, digamos, melhor educação e serviços de saúde elevem

diretamente a qualidade de vida. Esses dois fatores também aumentam o potencial de a

pessoa auferir renda e assim livrar-se da pobreza medida pela renda. Quanto mais inclusivo

for o alcance da educação básica e dos serviços de saúde, maior será a probabilidade de que

mesmo os potencialmente pobres tenham uma chance de superar a situação.

Por outro lado, as famílias identificaram mais claramente alguns avanços nas questões

da saúde a partir do benefício. Ao ser questionada sobre como o PBF melhorou sua vida, a

senhora Dalva respondeu que não tem mais dor nas costas, por ter conseguido comprar o

encanamento de água e não precisar mais buscar água com balde na cabeça, além de ter

comprado um colchão.

Esse exemplo ajuda a mostrar que a família, ao administrar o benefício, busca sanar

suas dificuldades de acordo com o que é prioritário naquele momento, diferentemente de

auxílios que eram direcionados para o leite, o gás ou alimentos. A administração do dinheiro

por parte das famílias permite um avanço no desenvolvimento de sua autonomia, pois elas

adquirem a capacidade de realizar o que efetivamente desejam e valorizam.

As famílias também revelam que nem todas têm o acompanhamento de saúde como

deveriam como condicionalidade ao benefício. Obviamente, as famílias não deixam de ser

atendidas pelo SUS caso precisem, mas não há um acompanhamento direcionado ao PBF de

modo a registrar as situações familiares com o intuito de promover ações de intervenção, com

vistas à superação de tais problemáticas. De forma mais ampla, duas famílias dizem não ter

modificado nada em relação às condições de saúde, mas três dizem ter melhorado, e uma

salienta que os filhos estão mais saudáveis e estão seguindo as orientações de higiene dadas

pela médica.

4.3 TRABALHO E RENDA

A questão do trabalho e do emprego é oposta àquela relatada sobre a alimentação.

Constitui o elemento de privação em que menos as famílias conseguiram avançar, na

Trabalho de Conclusão de Curso

percepção delas. Três das seis famílias entrevistadas indicaram que a situação de trabalho não

melhorou nem piorou desde que começaram a receber o benefício.

Os resultados são um indício de que o PBF não tem sido suficiente para muitas famílias

conseguirem superar situações de desemprego ou de melhorar suas condições de trabalho, o

que seria um aspecto fundamental no enfrentamento à pobreza e no processo de

autonomização das famílias.

Aprofundando a questão relativa ao trabalho, questionou-se sobre a presença ou não de

trabalhadores na família e em que situação. Verificou-se um grande número de trabalhadores

informais. Muitos não faziam contribuição para a previdência, não estando cobertos em casos

de infortúnios que os impeçam de realizar seu trabalho. Situação semelhante deve ocorrer

com os trabalhadores autônomos. O benefício é a única forma de renda garantida no sustento

das famílias respondentes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível conhecer o território e a realidade vivenciada pela família beneficiada a

partir dos dados coletados e informações pesquisadas. Analisamos o impacto do programa de

transferência de renda e como as politicas públicas têm alcançado essas famílias. Visando

uma melhoria do bem-estar social, comunitário e familiar, verificou-se se houve a superação

da situação de pobreza, como prosseguiram para sua emancipação, qualificação profissional e

ingresso no mercado de trabalho.

Ciente de que políticas públicas sociais e direitos fundamentais representam um

importante fator, tanto com relação ao desenvolvimento sustentável das famílias brasileiras

quanto com relação ao crescimento econômico do País, este artigo concentrou-se na análise

do processo histórico das políticas sociais e da introdução dos Programas de Transferência de

Renda, sob o aspecto da promoção da emancipação das famílias.

Diante de todo o exposto, constata-se que ações de inclusão social, tais como o PBF, a

despeito das críticas recebidas em relação ao pouco alcance que ele possui no processo do

indivíduo na conquista da cidadania emancipadora, atua como uma ação reparatória, na

medida em que possibilita o acesso a direitos básicos como alimentação, antes de tudo, saúde

e educação. Nesse sentido, a ampliação de direitos sociais ajuda a consolidar a democracia

(inclusive, como valor), e um regime político mais responsável.

Trabalho de Conclusão de Curso

Ainda, apesar dos resultados obtidos em pesquisas técnicas que comprovam que o

programa de transferência de renda desenvolvido pelo governo Lula alterou as condições de

existência das famílias beneficiadas, retirando-as da pobreza absoluta, há que se ponderar

sobre os seus efeitos a médio e longo prazo, já que não estando o programa associado a

mudanças estruturais, afinal os determinantes da pobreza não foram alterados, é provável que

novos contingentes nessa situação não surjam.

Resta claro que fórmulas messiânicas que prometem acabar com os maiores males do

Brasil de uma só vez não são a saída para um país com 55 milhões de pessoas vivendo em

situação de pobreza. Contudo, certamente, um caminho é dotar o País de um sistema eficiente

e democrático de proteção social o que, diga-se, é tarefa complexa que não se esgota nas

responsabilidades fundamentais do Governo Federal e que não se realiza de uma hora para

outra. É fundamental a ação responsável dos três poderes da República, o envolvimento

empenhado dos demais setores de governo, a participação ativa e responsável da sociedade

civil e de suas organizações, a colaboração de empresas, universidades, igrejas e sindicatos.

Sobretudo, ressaltamos que não é tarefa única do Governo, mas de toda a nação.

6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004. Regulamenta a Lei n. 10.836, de 9 de

janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, e dá outras providências. Diário Oficial

da União, Brasília, 2004.

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5.209, de 17 de setembro de 2004, que regulamenta a Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004,

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