jornal força sindical n°100

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Para equilibrar as contas públicas, o governo lançou um pacote fiscal que vai “arrancar o couro” da população por recriar o imposto do cheque, adiar o reajuste salarial do funcionalismo público, cortar recursos do Sistema S e reduzir investimentos em programas sociais > Pág. 3 Foto: Jaélcio Santana ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – N o 100 – Setembro de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical CHINA Alvo de pressão popular, governo recua e mantém adiantamento> Pág.5 Patrões entregam propostas ao Congresso para reduzir direitos> Págs.6/7 Miguel se reúne com chineses para saber sobre negócios no Brasil> Pág.15 DIREITOS 13º SALÁRIO “Pacote de Maldades” ferra trabalho e produção Trabalhador se mobiliza para conquistar ganho real Operários que prestam serviços para a Usiminas, de Cubatão, aprovam em assembleia proposta de 10% de aumento salarial. Outras categorias tocam a Campanha Salarial por ganho real e contra o parcelamento do reajuste. > Págs.8/9 CAMPANHA SALARIAL Foto: Sintracomos Ed.100_Setembro 2015 copy.indd 1 9/25/15 12:36 PM

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"Pacote de Maldades" ferra trabalho e produção" Centrais reivindicam garantia de emprego.

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Page 1: Jornal Força Sindical n°100

Para equilibrar as contas públicas, o governo lançou um pacote fi scal que vai “arrancar o couro” da população por recriar o imposto do cheque, adiar o reajuste salarial do funcionalismo público, cortar recursos do Sistema S e reduzir investimentos em programas sociais > Pág. 3 Fo

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – No 100 – Setembro de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

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FORÇA SINDICAL 100 – Setembro de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

JORNAL DAJORNAL DAJORNAL DA

CHINA

Alvo de pressão popular, governorecua e mantém adiantamento> Pág.5

Patrões entregam propostas aoCongresso para reduzir direitos> Págs.6/7

Miguel se reúne com chineses para saber sobre negócios no Brasil> Pág.15

DIREITOS

13º SALÁRIO

“Pacote de Maldades” ferra trabalho e produção

Trabalhador se mobilizapara conquistar ganho realOperários que prestam serviços para a Usiminas, de Cubatão, aprovam em assembleia proposta de 10% de aumento salarial. Outras categorias tocam a Campanha Salarial por ganho real e contra o parcelamento do reajuste. > Págs.8/9

CAMPANHA SALARIAL

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100

Ajuste prejudica trabalhador,mas alivia setor fi nanceiro

O conteúdo do “Pacote de Maldades” anun-ciado pelo governo federal mostra que o verdadeiro propósito da presidenta Dilma

Rousseff é fazer o ajuste fi scal “arrancando o cou-ro” dos trabalhadores e penalizando a indústria, as empresas de varejo e o setor de serviços.

No entanto, como sempre, preservou os ren-tistas e os bancos, abençoados por uma política maluca de aumento da taxa de juros (Selic) e por reduzida taxação de impostos.

Sob o argumento de que precisa cortar gastos e aumentar a arrecadação, com a recriação da CPMF para equilibrar as contas públicas, Dilma Rousseff faz terrorismo ao elaborar este conjunto de maldades que vai atingir o trabalhador, o con-sumidor e o contribuinte. Enfi m, todo o povo. Tem para todo mundo.

A presidenta vai adiar o reajuste do funcionalis-mo público federal. Decidiu, também, atacar os programas sociais, reduzindo investimentos no Minha Casa, Minha Vida, no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e pode até cortar re-cursos do Bolsa Família. Ao reduzir investimentos nas áreas sociais, o governo penaliza a população mais pobre, cujas pessoas precisam recorrer ao

Estado para ter saúde, educação e moradia.Para a presidenta, as Centrais Sindicais, as Con-

federações, Federações e Sindicatos de trabalha-dores — entidades que historicamente se desta-caram na luta pela democracia, contra o arrocho salarial e por melhores condições de vida para os trabalhadores — não valem nada. São vistas com pouco caso pelo poder.

Ela passou para o outro lado do balcão. Largou os trabalhadores de lado e curvou-se diante dos banqueiros, único segmento da sociedade que saudou o pacote fi scal. O governo fez a opção er-rada de política econômica, e nós, trabalhadores, não estamos dispostos a pagar esta conta. Temos propostas para fazer o País crescer.

Ao contrário do governo, apostamos no desen-volvimento do País com valorização do trabalho e dos salários, distribuição de renda, redução dos juros, investimentos em educação e em novas tecnologias. Propomos, ainda, um amplo debate para equilibrar as contas públicas, fazer a reforma tributária e valorizar o mercado interno.

Não aceitaremos que os trabalhadores paguem o custo da crise, engendrada por um governo in-competente e autoritário.

EDITORIAL Miguel Torres, presidente da Força Sindical

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, João Batista Inocentini, Paulo Roberto Ferrari, José Lião, Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Valdir de Souza Pestana, Fernando Destito Francischini, Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton Rodrigues da Paixão Jr, Nilton Souza da Silva (Neco)Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo GonçalvesJosé Pereira dos Santos, Paulo José ZanettiMaria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da SilvaAdalberto Souza Galvão, Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio, Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio, Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva, Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Vandeir Messias Alves; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Reinaldo Alves de Lima Jr.; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna)JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Eraldo CavalcanteREDAÇÃO: Dalva Ueharo e Val Gomes

REVISÃO: Edson Baptista Colete (MTb: 17898/SP)

ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

Fone: (11) 3348-9000 – São Paulo/SP – Brasil

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ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme

Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros

PRESIDENTE: Miguel Eduardo TorresSECRETÁRIO-GERAL:

João Carlos Gonçalves (Juruna) TESOUREIRO:

Ademir Lauriberto Ferreira

PRESIDENTE LICENCIADO Paulo Pereira da Silva (Paulinho)

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Autosserviço: risco para frentistas e população

ARTIGO Luiz de Souza Arraes,presidente da Federação dos Frentistas do Estadode São Paulo e diretor de Patrimônio da CNTC

No Brasil a Lei n° 9.956/2000 proíbe o fun-cionamento de bombas de autosserviço nos postos de combustíveis, cabendo

multa aos postos e distribuidoras que descumpri-rem a lei. Assim, são preservados o emprego de cerca de quinhentos mil frentistas no País.

Porém, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei nº 407/14, de autoria do senador Blairo Maggi, que dispõe sobre a instalação de bombas de au-tosserviço nos postos de abastecimento de com-bustíveis no País. A proposta está em discussão na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) da Casa.

A redução dos custos é um dos motivos para, mais uma vez, os patrões tentarem introduzir o autosserviço. Só que o custo com a folha de pa-gamento é mínimo se comparado ao faturamento

dos postos de combustíveis. A massa salarial gira em torno de 0,18% da receita líquida, por exemplo na empresa Ipiranga Produtos.

Na verdade, o maior redutor da receita líquida continua sendo o custo dos produtos. Para os frentistas, o debate não pode fi car restrito ao cam-po econômico. Precisa levar em conta a seguran-ça do trabalhador e da população.

Diversos tipos de acidentes ocorrem em países que fi zeram a opção pelo uso do autoatendimen-to. Por exemplo, a energia estática adquirida por uma pessoa durante suas atividades diárias pode provocar um incêndio durante o abastecimento do veículo.

No dia 26 de junho de 2014, por exemplo, um homem se feriu gravemente ao ter o carro incen-diado durante o abastecimento em uma bomba de autosserviço em Al Nahda, Dubai, nos Emira-dos Árabes Unidos.

Por isto, os riscos à saúde e à vida do trabalhador e da população devem ter prioridade no debate so-bre a instalação de bombas de autosserviço nos postos de abastecimento de combustíveis.

Luiz Antonio de MedeirosPRESIDENTE:

Miguel Eduardo TorresSECRETÁRIO-GERAL:

Ademir Lauriberto Ferreira

PRESIDENTE LICENCIADO

João Carlos Gonçalves (Juruna)TESOUREIRO:

mais pobre, cujas pessoas precisam recorrer ao

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 3

PACOTE FISCAL

www.fsindical.org.br

Governo quer “arrancar o couro” dos trabalhadores O Brasil passa por maus bocados em

decorrência do aprofundamento da recessão, da redução do consumo,

da elevação do desemprego, do aumento da infl ação e da queda da renda. Na avaliação do movimento sindical, em particular da direção da Força Sindical, o futuro da economia não é nada promissor para os trabalhadores. O recente “Pacote de Maldades” lançado pelos ministros da área econômica evidencia que o real propósito do governo Dilma Rousseff é fazer o ajuste fi scal “arrancando o couro” dos trabalhadores e do povo em geral.

Para economizar pouco mais de R$ 66 bi-lhões, o governo anunciou corte de gastos de R$ 26 bilhões, entre os quais a redução de investimentos de programas sociais e o adia-mento do reajuste salarial do funcionalismo público, e R$ 40,2 bilhões em aumento de arrecadação com a recriação da CPMF, com alíquota de 0,2%. “A maior parte do custo da crise será paga pelos trabalhadores, e isto não vamos admitir”, indigna-se o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Para o presidente do Sindicato dos Meta-lúrgicos de Santo André, José Braz Fofão, as medidas vão, ainda, prejudicar a retomada da produção industrial, mas tende a preservar os interesses do capital fi nanceiro, que saudou o pacote de ajuste destacando que as medidas “mostram o compromisso do governo com as contas públicas”. Antes do anúncio ofi cial do corte de gastos e do aumento da arrecadação, a presidenta apresentou e negociou as medi-das com os líderes da Câmara e do Senado, com os industriais, o pessoal do varejo e os banqueiros. Mas não quis conversar com as Centrais Sindicais.

Dilma não negocia A presidenta foi infl exível com os trabalha-

dores, apesar de ter lançado no mês passado o “Fórum de Debates sobre Políticas de Em-prego, Trabalho e Renda e de Previdência So-cial”, cujo objetivo, segundo o governo, seria privilegiar a negociação nas áreas de empre-go, renda, Previdência e produção industrial

com trabalhadores e patrões. “E, dez dias depois da reunião, o governo

lança este pacote para aterrorizar a vida do povo sinalizando que os interesses dos traba-lhadores não lhe interessam, e se fecha para a negociação”, criticou o secretário-geral da For-ça Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. De acordo com os sindicalistas, os trabalha-dores vão reagir às medidas de arrocho, como fi zeram nos últimos meses, quando promove-ram manifestações de protesto contra os juros altos e atos com os empresários em defesa da indústria, da produção e do emprego.

“Não vamos admitir que

o trabalhador pague o custo da crise”Miguel Torres

“Quase todas as medidas

do pacote atingem em

cheio o bolso dos empregados”Juruna

Na mesma reunião do Fórum, Força Sindical, CTB, CUT, UGT e Nova Central entregaram ao governo um conjunto de propostas para superar a crise econômica e política. “Nossas propostas, ao contrário do pacote do governo, apostam no desenvolvimento do País com valorização do trabalho, educação, reforma tributá-ria, tecnologia e distribuição da renda”, enumerou o presidente da Central, Miguel Torres.

“O certo é que o custo da crise econômica mais uma vez será jogado nas costas dos trabalhadores”, avaliou Torres. “Quase to-das as medidas do pacote atingem em cheio o bolso dos em-pregados”, completou o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Recessão e desempregoAlém dos efeitos danosos do pacote, os trabalhadores vão so-

frer as consequências do ajuste fi scal. O Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, já divulgou que a economia passará por recessão este ano e em 2016. A situação da indústria nacio-nal é alarmante. De janeiro a maio de 2015, por exemplo, a pro-dução industrial caiu 6,9%. Levantamento do Caged mostra que 345 mil trabalhadores foram demitidos no mesmo período.

A participação da indústria de transformação na composição do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá fi car em 9% no encerramento de 2015, o menor nível desde 2000, conforme o IBGE. A participação chegou a 18% em 2004. Em julho, a infl ação ofi cial desacelerou para 0,62%, mas atingiu 9,56% em doze me-ses, segundo o IBGE.

Centrais têm propostas para enfrentar a crise

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Da esq.p/dir. o secretário Estadual do Trabalho, José Luiz Ribeiro, Ruth Monteiro, Danilo Pereira da Silva, Fofão e Helio Herrera Garcia, o Peninha

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Page 4: Jornal Força Sindical n°100

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100

Em reunião com deputados federais, em Brasí-lia, as Centrais Sindicais deixaram claro que, para apoiar o Plano de Proteção ao Emprego

(PPE) serão necessárias mudanças no texto de forma a incorporar propostas do movimento sindical. “O Programa precisa ser uma ferramenta de defesa do emprego do trabalhador”, apontou o deputado fede-ral (PSB-BA) e dirigente da Força Sindical Adalberto Galvão, o Bebeto, logo depois da reunião.

Para melhorar o PPE, o movimento sindical quer a elaboração de emendas que garantam o emprego em até um ano para os trabalhadores incluídos no Programa, a preservação da redução da jornada de trabalho para quarenta horas semanais e investimen-tos na criação de tecnologia nacional pelas empresas benefi ciadas.

Com o propósito de aperfeiçoar o PPE, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (Solidarie-dade-SP), já apresentou emenda propondo que os 30% do salário a ser descontado do trabalhador seja bancado pelo governo federal.

Na visão do presidente da Força Sindical-MG, Van-

deir Messias, o Programa não foi criado para resolver a crise econômica, porém tem por objetivo reduzir seus efeitos mediante a manutenção dos empregos e de parte da renda. “Além disto, é instrumento que estimula o consumo, o protagonismo das Centrais e

melhora a negociação entre capital e trabalho”, com-pletou a presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo e vice da Força Sindical, Eunice Cabral.

CartilhaNa mesma reunião, dirigentes da Força Sindical,

CSB, CUT, UGT, CTB e Nova Central apresentaram aos parlamentares a cartilha que as entidades produ-ziram, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sobre o Programa, criado pela Medida Provisória (MP) 680/2015.

A MP permite à empresa em difi culdade fi nanceira cadastrar-se para, por meio de acordo coletivo aprova-do em assembleia de trabalhadores, reduzir a jornada de trabalho e os salários em até 30% por seis meses, podendo ser ampliado por mais seis meses.

Em relação à perda salarial, 50% serão pagos por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), limitados a 65% do maior benefício do seguro-desem-prego. Assinada pela presidenta Dilma Rousseff, a MP será analisada pela Câmara e, depois, pelo Senado.

Centrais reivindicam garantia de emprego

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Dirigentes das Centrais Sindicais se reuniram com deputados federais para debater o PPE

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As Centrais Sindicais querem debater a elabo-ração de uma legislação específi ca para tratar do fi nanciamento dos Sindicatos. Diante do pedido, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comprometeu-se a criar uma comissão especial para elaborar uma proposta de projeto de lei sobre o tema. A comissão terá 27 titulares e igual número de suplentes.

Na verdade, Força Sindical, Nova Central e

UGT buscam acabar com a interferência do Estado na atividade sindical que, ao atacar a sustentação fi nanceira dos Sindicatos, ameaça a sua organi-zação. Sistematicamente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) tem ingressado com ações na Justiça reivindicando o fi m do repasse da contri-buição assistencial para os cofres das entidades de empregados.

“Trata-se de uma ação an-tissindical muito grave, pois tem o objetivo de desman-telar a organização dos tra-balhadores via corte de sua receita”, revelou o presiden-te da Força Sindical, Miguel Torres. A contribuição assis-tencial, aprovada em assem-

bleia, é descontada de todos os trabalhadores da base benefi ciados pelas conquistas da Con-venção Coletiva, completou o secretário-geral da Central, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

“Ao atacar a fonte de sustentação dos Sindica-tos de trabalhadores, o MPT enfraquece o poder de pressão e destrói a infraestrutura dos Sindi-catos”, reclamou o secretário-geral.

Comissão debate fi nanciamento dos Sindicatos

“Programa reduz os efeitos da crise por

manter o emprego e parte do salário”Vandeir Messias

“É um instrumento que estimula o

consumo e a negociação entre

capital e trabalho”Eunice Cabral

RECEITA SINDICAL

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Cunha instalou comissão especial

para elaborar proposta de projeto de lei sobre

o fi nanciamento sindical

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 5 www.fsindical.org.br

Dirigentes das Centrais Sindicais se reuniram com deputados federais para debater o PPE

Ortiz: aposentados e pensionistas

pressionaram a presidenta

Sob forte pressão política, o governo Dilma decidiu manter o adiantamento de metade do 13° salário aos aposentados e pensionistas, pagamento que havia sido suspenso pelo Ministério da Fazenda sob o argumento de falta de fl uxo de caixa para bancar a despesa. O Ministério não incluiu na folha de pagamento de agos-to, que é paga entre o fi nal deste mês e o início de setembro, o adiantamento de metade do 13º.

Diante da falta de recursos em caixa, a equipe de Joaquim Levy argumentou que a antecipação não é obrigatória e postergou o gasto para dezembro. A lei prevê o pagamento no último mês do ano, mas há nove anos o governo fede-ral vinha permitindo o repasse de meta-de do valor na folha de agosto.

O pagamento de metade do 13º salá-rio da folha da Previdência representa um gasto de R$ 15,8 bilhões, que terá de ser feito de qualquer forma neste ano. “Outro foco de pressão veio dos aposentados e pensionistas”, esclareceu o presidente do Sindnapi (sindicato da categoria ligado à Força Sindical), Carlos Andreu Ortiz.

O PT alertou a presidenta, lembrando o “custo social” da medida. Entre os ar-gumentos da sigla está o fato de os be-nefi ciários não terem sido avisados com “antecedência razoável” de que não receberiam o dinheiro agora. Na avalia-ção de petistas, milhares de pessoas já haviam contraído dívidas contando com o dinheiro.

A Força e o Sindnapi também ingres-saram com ação na Justiça denominada Arguição de Descumprimento de Precei-to Fundamental (ADPF) contra a União.

Governo recua e mantém adiantamento

13º SALÁRIO

“Não vamos admitir perda de direitos”

FÓRUM

Representantes das Centrais se reúnem com empresáios e ministros, no Fórum, para tirar propostas que visem o bem do País

Foto: Arquivo Força Sindical

Propostas das Centrais Sindicais• Combate à infl ação; • Redução da taxa de juros;• Aumento do investimento público e privado • Defesa do emprego e do poder de compra dos trabalhadores;• Investimentos na educação;• Ciência, tecnologia e inovação • Fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas;

• Consolidação do mercado interno de consumo de massa.

As Centrais Sindicais não vão admitir iniciativas do governo da presidenta Dilma Rousseff que tenham por objetivo suprimir direitos trabalhis-

tas. O recado, em tom duro e ameaçador, foi anunciado por sindicalistas da Força Sindical e demais Centrais logo de-pois da instalação do “Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social”, reali-zado no fi nal de agosto, em Brasília.

“Vamos participar (do Fórum) para dialogar e tirar propostas que visem o bem do Brasil e dos traba-lhadores”, ponderou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, ao alertar: “Podemos partir para ações mais radicais, como manifestações de protesto e até greves”. Ministros não quiseram comentar notícias se-gundo as quais o governo pretende mexer, para maior, no Fator Previ-denciário, e ampliar o tempo de acesso à Previdência Social.

“Temos propostas para a rees-truturação da seguridade social no País, mas elas nem seriam apre-sentadas se o governo viesse com essa conversa de aumentar o tem-

po de acesso para a aposentadoria”, afi rmou o presidente licenciado do Sindicato Nacional dos Aposentados da For-ça Sindical, João Inocentini.

Governo e representantes das Centrais Sindicais deci-diram dividir os participantes em dois grupos de trabalho: emprego e renda, de um lado, e Previdência do outro.

Não houve retrocessoO Fórum tem um próximo encon-

tro marcado para o mês de outu-bro. “Poderia ter sido melhor com o início imediato do debate sobre os temas propostos, mas pelo menos o governo não apareceu defendendo retrocessos”, afi rmou o presidente da Federação Nacio-nal dos Empregados em Edifícios e vice-presidente da Força Sindical, Paulo Ferrari.

Nota das Centrais Sindicais For-ça Sindical, CTB, CUT, UGT, Nova Central e CSB destaca que o Fó-rum precisa priorizar propostas que visem à retomada do cresci-mento econômico e à geração de emprego e renda.

• Combate à infl ação; • Combate à infl ação; • Redução da taxa de juros;• Redução da taxa de juros;• Redução da taxa de juros;• Redução da taxa de juros;• Aumento do investimento • Aumento do investimento público e privado público e privado • Defesa do emprego e do poder • Defesa do emprego e do poder de compra dos trabalhadores;de compra dos trabalhadores;• Investimentos na educação;• Investimentos na educação;• Investimentos na educação;• Investimentos na educação;• Ciência, tecnologia e inovação • Ciência, tecnologia e inovação • Ciência, tecnologia e inovação • Ciência, tecnologia e inovação • Fortalecimento das micro, • Fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas;pequenas e médias empresas;

• Consolidação do mercado • Consolidação do mercado

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Page 6: Jornal Força Sindical n°100

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 1006 DIREITOS TRABALHISTAS

Mafra: “Preocupação com as manobras patronais”

propostas prejudiciais aos trabalhadores em tramitação na Câmara e no Senado 10

• Regulamentação da terceirização

(projeto no Senado)

• Redução da jornada com redução de

salários (PL 5019/09)

• Trabalho intermitente ou por hora (PL 3785/12)

• O negociado deve prevalecer sobre o

legislado (PL 4193/12)

• Acordo extrajudicial de

trabalho (PL 5101/13)

Mafra: “Preocupação com as manobras patronais”

Ao aprovar o texto da terceirização, a maioria dos deputados federais mostrou que são favoráveis à fl exibilização dos direitos dos empregados

Patrões centram fogo no desmonte da legislação

A terceirização da atividade-fim da mão de obra nas empresas, cujo projeto, aprova-do na Câmara, tramita agora no Senado,

se configura apenas como o começo do desmonte da legislação trabalhista. O projeto de redução de direitos e flexibilização das relações trabalhistas consta da Cartilha “101 propostas para moderni-zação trabalhista”, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entregue ao governo Dilma Rousseff em fevereiro de 2014.

O movimento sindical tem claro que os patrões buscam precarizar as relações entre capital e tra-balho. É que o momento atual é propício para o setor patronal atacar direitos em função da fragi-lidade política do governo federal, com a perda do apoio parlamentar e rechaçado por manifestantes nas ruas. Tudo por causa da corrupção, do aumen-to do desemprego e da intensificação da recessão.

Reação das CentraisPor tudo isto, as Centrais preci-

sam reagir mobilizando os traba-lhadores para deflagrarem grandes manifestações de massa. Já os empresários tentam escamotear seus verdadeiros objetivos e insis-tem na tese segundo a qual o docu-mento pretende pôr um fim às “ir-racionalidades para modernizar a legislação trabalhista, elevando a competitividade e a produtividade da indústria”, a partir da redução de custos, da burocracia e da mão de obra.

Os trabalhadores asseguraram direitos e alcançaram conquistas nos dois governos Lula e no pri-meiro mandato da presidenta Dil-ma Rousseff. O setor produtivo não ia deixar barato e decidiu reagir. Apresentou à presidenta um calha-maço de sugestões, em 135 pági-nas, que vai se somar a outras ma-térias defendidas pelo setor já em tramitação no Congresso Nacional.

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 7 www.fsindical.org.br

Outra conquista dos empregados poderá cair no Supremo Tribunal Federal (STF) por iniciativa da rede de supermercados Ange-loni, de Santa Catarina. O estabelecimento ingressou com ação no STF questionando o direito das mulheres de ter quinze minu-tos de descanso antes do início das horas extras, conforme estabelecido pela Con-solidação das Leis do Trabalho (CLT).

O STF terá de julgar novamente o recur-so do estabelecimento, que voltará à pauta por uma questão processual. O recurso do Angeloni solicita anulação do julgamento porque o advogado intimado não era mais seu representante na época da sentença. Ao analisar o pedido, o relator, ministro Dias Toffoli, acatou a argumentação, no que foi seguido pelos demais ministros.

No fi m de novembro de 2014, os minis-tros, por maioria de votos, entenderam que a determinação do Artigo 384 da CLT não fere a igualdade entre os gêneros, prevista no Artigo 5º da Constituição Federal – “ho-mens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”.

Caixa do supermercadoA rede de supermercados levou a dis-

cussão ao Supremo depois de perder no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A 2ª Turma entendeu que uma ex-funcionária, que trabalhava como caixa, teria direito de ser indenizada pelos quinze minutos que não lhe foram garantidos antes do início das horas extras.

A decisão havia sido mantida pelo STF. Durante o julgamento, o ministro Dias Toffoli afi rmou que o Legislativo já teve oportuni-dades de retirar da CLT a determinação de descanso às mulheres, mas nunca o fez. Ele e a ministra Rosa Weber, que acompanhou o voto do relator, entenderam que nem to-das as diferenciações feitas a homens e mulheres são discriminatórias.

propostas prejudiciais aos trabalhadores em tramitação na Câmara e no Senado

• Impedimento do trabalhador demitido de reclamar na Justiça do

Trabalho (PL 948/11)

• Ultratividade das convenções ou

acordos coletivos (PL 6411/13)

• Suspensão do contato de

trabalho (PLS 62/13)

• Conceito de trabalho escravo

(PLS 432/13)

• Regulamentação do direito de greve dos servidores

públicos (anteprojeto)

Em resumo, o que a CNI quer é flexibilizar leis que hoje garantem licença-maternidade, descanso aos domingos, redução da jornada de trabalho, com diminuição de salário, e res-trições ao trabalho noturno, além de tentar fazer com que a Previdência, ou os cofres pú-blicos, arquem com os custos dos encargos sociais, hoje assumidos pelos patrões.

Os patrões levam vantagem porque contam com uma representação de 273 parlamenta-res, segundo levantamento do Departamen-to Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), ante uma bancada de cinquenta de-putados e nove senadores alinhada com os trabalhadores.

Artigo do assessor parlamentar do Diap Neuriberg Dias lista dez propostas prejudi-ciais aos trabalhadores (ver tabela). “Os tra-balhadores temem um retrocesso com esta divisão de cadeiras francamente favorável aos patrões”, explicou o 1º secretário da For-ça Sindical e presidente da Fequimfar, Sérgio Luiz Leite, o Serginho.

“Irracionalidades” O documento aponta consequências de

cada “irracionalidade”, apresenta a solução e a forma legal para adotá-la e, ainda, enu-mera os ganhos com as mudanças.

Sugere, para eliminar os direitos dos traba-lhadores, 65 projetos de lei, três projetos de lei complementar, cinco projetos de emenda à Constituição (PECs), três atos normativos, sete revisões de súmulas do Tribunal Supe-rior do Trabalho, seis decretos, cinco porta-rias e duas normas regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho na área de saúde e segurança do trabalhador.

CNI quer fl exibilizar legislação

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As Centrais Sindicais têm organizado uma série de manifestações nacionais visando a preservação de direitos

“Precisamos lutar para impedir um

retrocesso que poderá vir por

causa desta divisão de cadeiras favorável

aos patrões”SERGINHO

Supermercado questiona direito das mulheres no STF

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 1008

Lutar para impedir parcelamento do reajusteO s problemas econômicos do País, e o au-

mento do desemprego entre os trabalha-dores, são os principais desafios das Cam-

panhas Salariais em andamento na luta por ganho real de salário. Alguns setores industriais, como o do vestuário e o de bebidas, firmaram Convenções Coletivas parcelando em duas vezes o reajuste sa-larial. A palavra de ordem do movimento sindical é intensificar a organização das bases para rechaçar o parcelamento do reajuste, conquistar ganho real, manter os direitos e garantir os postos de trabalho.

Os 750 mil metalúrgicos paulistas vão brigar por aumento real, valorização dos pisos e manutenção das conquistas anteriores. Com data-base em novembro, a categoria é representada por 54 Sindicatos filiados à Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP. Cláu-dio Magrão de Camargo Crê, presidente da entidade, informa que, depois da entrega da pauta, no dia 22 de setembro, a mobilização nas portas de fábrica será intensa. “Estas conquistas são importantes para a re-tomada do crescimento econômico”, acredita Magrão.

Os cerca de 150 mil trabalhadores dos segmentos

químico, plástico, fertilizantes, abrasivos, cosméticos, tintas e vernizes, representados pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêu-ticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), e seus 33 Sindicatos filiados, também com data-base em no-vembro, vão lutar por aumento real de 3%, valorização do piso, PLR e demais avanços econômicos e sociais. “Daremos ênfase ao diálogo com os patrões em um esforço conjunto para encontrar alternativas e evitar demissões no setor”, diz Sérgio Luiz Leite, Serginho, presidente da Fequimfar.

“A mobilização nas portas de fábricas será intensa”Magrão

“Com a união dos comerciários, vamos avançar”Neco

“Os 250 mil trabalhadores querem reajuste de 15%”Paulo Ferrari

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CAMPANHA SALARIAL

nas portas de fábricas será

Magrão“dos comerciários, vamos avançarNeco

trabalhadores querem reajuste de 15%Paulo Ferrari

Macaé debate proposta patronal de reajuste salarial que foi aprovada na assembleia por unanimidade

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 9 www.fsindical.org.br

Lutar para impedir parcelamento do reajusteFetiasp

A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo fechou a Convenção Coletiva prevendo reajuste salarial de 8,34%, retroativos a 1º de maio (data-base), e mais 0,5% de aumento real a partir de 1º de dezembro, para os empregados do setor de bebidas. “A nego-ciação foi bastante difícil, pois os patrões insistiam em conceder reajuste abaixo da inflação usando como argumento a crise econômica e as demissões feitas no setor”, declarou Melquíades de Araújo,

presidente da Fetiasp. Terão reajuste salarial de 9%, retroativo a 1º de

abril, os cerca de vinte mil trabalhadores do setor de carnes e derivados. Prosseguem as negocia-ções para os trabalhadores das indústrias de água, azeite e óleo, cacau e balas, massas alimentícias, sorvetes e congelados, mandioca, milho e soja, pesca e vinho (Jundiaí e São Roque), além dos be-neficiamentos, como os de arroz e aveia, laticínios, torrefação e moagem, café solúvel e panificadores (Interior de SP).

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O Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, presidido por Eunice Cabral, conquis-tou reajuste salarial de 11,3% (aumento real de 1,48%), a ser pago em duas parcelas, para cer-ca de oitenta mil trabalhadores com data-base em agosto. “Infl ação, queda nas vendas e de-missões no setor, isto em nada enfraqueceu nossa luta. Fechamos o acordo geral e agora vamos lutar pelos acordos por empresa”, expli-cou Eunice.

Paulo Ferrari, presidente do Sindifícios (Sindi-cato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomí-nios de São Paulo), informa que os 250 mil traba-lhadores do setor reivindicam reajuste de 15%.

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Valores e Escolta Armada do Estado de SP, presidido por João Passos, conquistou reajuste de 10,31% para os onze mil vigilantes, com 1% de aumento real e vale-refeição de R$ 26. O salário vigente para o chefe de equipe, fi el e motorista passa a ser de R$ 3.617,15, já incluído no valor o adicional de risco de vida, correspondente a 30% do piso da categoria.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil e Manutenção Industrial de Cubatão (Sintracomos), Marcos Braz de Olivei-ra, o Macaé, disse que os salários dos três mil operários das dezoito empreiteiras que prestam serviços à Usiminas Cubatão serão reajustados em 10% na data-base, em agosto. “O acordo saiu depois de 26 dias de greve, e não houve sequer um voto contrário na assembleia”, revelou o sin-dicalista. Os operários conquistaram ainda PLR de R$ 1.100 e tíquete-alimentação de R$ 165.

Até 25 de setembro, o Sindicato dos Comer-ciários de Porto Alegre irá referendar, junto aos cem mil trabalhadores das lojas e estabe-lecimentos comerciais em geral, a pauta de reivindicações que destaca aumento real de 2%, redução da jornada sem redução do salá-

rio e vale-refeição. “O cenário é difícil no País, com demissões também no nosso setor. Mas, com a união da categoria, vamos avançar”, diz o presidente Nilton Souza da Silva, o Neco.

Ademar Gonçalves Ferreira, presidente do Sindicato dos Comerciários do ABC, informa

que a pauta da campanha dos 133 mil traba-lhadores da região (data-base em 1º de outu-bro) já foi entregue, e que assembleias foram realizadas em vários locais. “A luta é para manter empregos e conquistar 5% de ganho real nos salários”, disse.

Comerciário se mobiliza para a luta

Araújo, ao fundo, dirige negociação entre empregados e patrões do setor de bebidas

Costureiras conquistam reposição mais ganho real

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 10010 ACIDENTE DE TRABALHO

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Por pressão do movimento sindical, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) retirou o pedido de urgência para a vota-

ção do Projeto de Decreto Legislativo do Senado (PDS) 43/15, que susta a Norma Regulamenta-dora nº 12 (NR-12). O anúncio foi feito durante audiência pública realizada, no início do mês, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, pelo senador autor da proposta.

Nem bem os representantes da Força Sindical e das demais Centrais ultrapassaram esta etapa já começaram a reforçar a unidade para impedir que os senadores derrubem a NR-12, de acordo com interesses da Confederação Nacional da In-dústria (CNI).

A norma segue resolução da Organização In-ternacional do Trabalho (OIT), e tem por objetivo proteger os trabalhadores nas atividades com máquinas e equipamentos, injetoras de plástico e cilindros de massa, entre outros.

Proteção“No caso de o Senado e a Câmara (também

tem um projeto para sustar a NR-12) acaba-rem com a norma (sustarem), o número dos acidentes de trabalho vai aumentar”, adverte o secretário-adjunto de Saúde e Segurança da Força Sindical, Luís Carlos Oliveira, o Luisinho.

O representante do MTE, Rômulo Machado, disse que, mesmo com a ação do movimento

sindical e do governo federal para aumentar a segurança do trabalho nas empresas, as máquinas causaram doze amputações por dia (13,7 mil amputações no período) e 601 mor-tes por ano entre 2011 e 2013.

A NR nº 12 foi criada em 1978. Por causa da aceleração de acidentes de trabalho, os meta-lúrgicos de São Paulo iniciaram, no início dos anos 90, uma ação tripartite, com empresários e governo, e fizeram a Convenção Coletiva de Proteção das Prensas e Similares. Os quími-cos desenvolveram normas para proteção das injetoras. Estes dois setores serviram de base para a atualização da NR-12, que entrou em vigor em 2010.

Central luta no Senado para manterNR-12

Liderados por representantes da Força Sin-dical-RJ, Sindicatos, associações de classe e movimentos sociais e estudantis, mais de mil pessoas saíram em passeata pelo cen-tro do Rio de Janeiro em defesa dos servi-ços públicos. Os manifestantes protestaram contra o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, que em junho sancionou o Projeto de Lei 336/15, que autoriza o Poder Público a terceirizar ou privatizar todos os serviços es-senciais, como saneamento básico, esgoto,

segurança, educação, saúde, pesquisa cien-tífica e transporte.

Com a aprovação do projeto de lei, o proces-

so de privatização ou terceirização se dará por meio da ampliação das Parcerias Público Pri-vadas (PPPs). “Este é um ato unitário, que vem dizer não à privatização disfarçada da Cedae – Cia. Estadual de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro – e de serviços essenciais”, declarou Marcelo Peres, coordenador da Fren-te Sindical Trabalhista (FST) e secretário de Comunicação e Imprensa da Força-RJ. Ele la-mentou a ausência do Sindicato de trabalha-dores majoritário da Cedae, o Sintsama-RJ (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio), que não participou da manifestação.

Segundo os manifestantes, há 21 anos a Cedae tinha quinze mil trabalhadores. Nessas duas décadas, a população triplicou, e hoje são apenas 6.500 empregados para atender a todo o Estado. Eles vão pressionar os depu-tados estaduais para que assinem uma carta-compromisso contra a privatização da Cedae.

Manifestantes dizem não à privatização

RIO DE JANEIRO

Mais de mil pessoas protestaram contra a desestatização dos serviços públicos

Foto: Arquivo Força Sindical-RJ

Luisinho (segundo da esquerda para a direita) alerta que os acidentes podem aumentar com a derrubada da norma

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 11 www.fsindical.org.br

DOMÉSTICAS

As mulheres ligadas à Força Sindical, CUT e UGT prometem intensifi car a pressão para acabar com a desigualdade na sociedade

e no mundo do trabalho, especialmente nas ques-tões relacionadas à remuneração. Além disto, que-rem aumentar a participação política feminina nas instâncias das Centrais Sindicais e na direção dos Sindicatos de trabalhadores.

“Se não aumentar a nossa participação nas ins-tâncias de decisão sindical, política e social, não conseguiremos acabar com a desigualdade de gê-nero”, admitiu a secretária da Mulher da Força Sin-dical, Maria Auxiliadora dos Santos, ao acrescentar que o fortalecimento da luta passa pela qualifi cação das mulheres.

É o caso das três Centrais que buscam fortalecer a unidade para conquistar mais direitos. No mês passado, as entidades promoveram o ‘Seminário Nacional: gênero e negociação coletiva’. Auxilia-dora declarou que as mulheres precisam pressionar o parlamento para melhorar a legislação relativa à igualdade entre homens e mulheres.

Negociação coletiva“Precisamos aumentar o número de mulheres

que participam das negociações coletivas para con-quistarmos mais direitos, como salário igual para trabalho igual, creches, ampliação da licença-ma-ternidade e paternidade, assim como a criação de comissões internas de promoção da igualdade”, enumerou a dirigente da Central.

Mais de trezentas delegadas de Sindicatos fi lia-dos à IndustriALL também estão na luta pela amplia-ção de direitos e por maior espaço nas instâncias de decisão. Para debater estes temas, delegadas da Força Sindical dos setores metalúrgico, químico, vestuário, têxtil e calçados participaram, em setem-bro, da Conferência Mundial das Mulheres, realiza-da em Viena, na Áustria.

Intensifi car pressão para acabar com desigualdade

DOMÉSTICASMULHERES

Auxiliadora (com o microfone): aumentar a participação da mulher nos Sindicatos e na política

Foto: Arquivo Sindicato

Depois da publicação e da regulamenta-ção de lei complementar no Diário Oficial da União, que instituiu o seguro-desemprego dos trabalhadores domésticos, o benefício já pode ser requerido no Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE), ou órgãos autorizados, no prazo de sete a noventa dias contados da data da dispensa.

Para o presidente do Sindicato dos Traba-lhadores em Edifícios de São Paulo (Sindi-fícios) e vice-presidente da Força Sindical, Paulo Ferrari, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei aprovada pelo Congresso que atende em parte o que vinha sendo reivindi-cado por domésticos e domésticas.

“O acordo foi bom”, avaliou o sindicalis-ta, acrescentando: “Estes empregados vão

manter a luta para que as regras do seguro--desemprego sejam as mesmas tanto para os trabalhadores em geral como, em particular, para domésticos e domésticas”.

Como receberO empregado receberá a primeira parcela do

seguro – no valor de um salário mínimo (R$ 788 hoje) – em trinta dias. As demais serão pagas a cada intervalo de trinta dias até completar três meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de dezesseis meses contados da data da demissão que originou a habilitação anterior.

Para ter direito ao benefício, o doméstico deve ter trabalhado por, pelo menos, quinze dos últi-mos 24 meses que antecedem a data da dispensa que deu origem ao requerimento do seguro-de--semprego. Ele não pode, ainda, estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de presta-ção continuada da Previdência Social, com ex-ceção de auxílio-acidente e pensão por morte.

Doméstico já pode requerer benefícioSEGURO-DESEMPREGO

Foto: Arquivo Sindicato

Jorge Francisco:

manter a luta para ampliar as regras do

seguro--desemprego

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 10012 DISCRIMINAÇÃO rendimento dos negros continua

muito atrás do ganho dos bran-cos, além de eles exercerem ativi-

dades profi ssionais de menor prestígio. Além disto, o aumento da escolaridade dos negros não diminuiu a desigualdade salarial em rela-ção aos brancos, de acordo com relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Apesar do avanço na ocupação, a dife-rença nos rendimentos continua grande. Na média geral, a remuneração por hora da população negra é 63,9% do que recebem os não negros. A desigualdade é maior nos setores em que a população negra está em menor número e nos quais os rendimentos são mais elevados.

Estas questões foram debatidas na ‘Confe-rência Continental de Combate ao Racismo no Mundo do Trabalho’, realizada em agosto com a participação da Força Sindical e das demais Centrais, da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas e da minis-tra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial. Realizado na sede do Sindi-cato dos Metalúrgicos de São Paulo, o even-to teve por objetivo debater e refl etir sobre os avanços e desafi os da luta pela igualdade

racial e étnica no trabalho. “O Brasil avançou nos últimos vinte anos (na

luta contra a discriminação e o racismo), mas continuam as realidades econômica e social excludentes”, avaliou o presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), Francisco Quintino. “É oportuno desen-volver ações unitárias entre as entidades que representam a comunidade negra”, acrescen-tou o deputado federal (PSB-BA) Adalberto Galvão, o Bebeto.

“É preciso cobrar do governo federal a im-plementação de políticas afi rmativas para os jovens nas comunidades”, destacou o secre-tário da Juventude da Força Sindical, Jeffer-son Tiego.

O aumento de escolaridade não diminui a desigualdade. Pelo contrário: o avanço escolar benefi cia a todos em relação ao ren-dimento do trabalho, mas benefi cia mais os não negros. Na indústria de transformação, por exemplo, a desigualdade salarial entre os grupos de cor era de 18,4% no ensino fun-damental incompleto e de 40,1% no ensino superior completo. Os negros representam 48,2% dos trabalhadores nas regiões metro-politanas, mas a média de seu salário chega a ser 36,1% menor do que a de não negros.

A Força Sindical realizou, no dia 8 de agosto, uma reunião de organiza-ção do Seminário sobre Meio Ambiente, que será realizado em setem-bro pela Secretaria Nacional de Meio Ambiente da Central. O encontro contou com a participação do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna; Herbert Passos, secretário nacional de Meio Ambiente da Central; Lélio Falcão, secretário de Meio Ambiente da Força Sindical-RS; e o assessor sindical José Gaspar Ferraz de Campos.

Central organiza Seminário sobre Meio Ambiente

A Câmara de Vereadores aprovou o Projeto de Lei (PL) 349/2014, de autoria do ve-reador Adilson Amadeu (PTB-SP), que proíbe as plataformas de chamadas de táxi, os chamados “aplicativos”, de utilizarem carros particulares no transporte remunerado indi-vidual de passageiros, como o Uber. Pela Lei nº 12.468/2011, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, o serviço de transporte individual de passageiros é exclusivo de taxistas.

“Impusemos uma grande derrota ao transporte clandestino com a aprovação do pro-jeto por 43 votos”, declarou o presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo (Simtetaxi-SP), Antonio Matias, o Ceará.

Para Ceará, cabe agora ao prefeito atender às reivindicações da categoria e sancionar esta lei, que fechará a brecha jurídica que existe na legislação, já que até então não previa o uso da tecnologia no serviço de táxi. Na opinião dele, quando o PL 349/2014 se tornar lei, dará mais condições para a fi scalização de atuar no combate aos carros parti-culares, principalmente os que se utilizam de plataformas de tecnologia para praticar o transporte ilegal.

“A vitória é de toda a categoria”, destacou o presidente do Sindicato, referindo-se à infl uência que a aprovação da Lei 349 vai causar nas outras cidades em que projetos semelhantes tramitam nas Casas Legislativas.

Para o presidente da Adetax (Associação das Empresas de Táxi da Cidade de São Paulo), Ricardo Auriema, “com a aprovação e a sanção do projeto, as empresas de táxi se sentem motivadas para continuar a investir cada vez mais na qualifi cação dos serviços”.

Lei visa derrubar transporte clandestino

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ONegros sofrem desigualdade no trabalho

Quintino: “O Brasil avançou, mas continuam as realidades econômica e social excludentes”

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015

Degmar Pereira (MTE), Pestana, Lourencini (representante do governador do Estado), Rodrigão, Geraldino, Juruna, Ademir, Pereira

Butka: posições ideológicas não podem atrapalhar a luta sindical

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PLENÁRIAS

s plenárias estaduais em andamento no País têm por objetivo fortalecer a Central, suas instâncias estaduais

e Sindicatos fi liados, para superar a crise eco-nômica levando em conta os interesses dos assalariados. Para Geraldino dos Santos Silva, secretário nacional de Relações Sindicais da Força Sindical, “é preciso saber o que se pas-sa nas bases para construir posições sólidas e apresentar soluções concretas a fi m de melho-rar a vida do povo”.

O foco dos debates na plenária de Curitiba foi a crise econômica, as restrições de acesso a benefícios trabalhistas e a redução de direitos, assim como o trabalho de base da instância es-tadual da Central. Para Nelson Silva de Souza, presidente da Força-PR, o intercâmbio contribui com a construção unitária da entidade e fortale-ce a atuação da direção nacional.

Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, diz que “é preciso marcar posição e evitar que as colo-cações ideológicas atrapalhem o movimento sindical na luta por um País com mais empre-go e salário”.

“A palestra de Hugo Peres (assessor político da Força Sindical) sobre a história do movimen-to sindical, foi muito bem recebida, assim como a do Dieese”, disse Evanilton Almeida de Araú-jo, presidente da Força-PB, depois da plenária.

“As palestras chamaram a atenção dos no-vos sindicalistas, e os debates indicaram a ne-cessidade de crescermos, fazendo a diferença no sindicalismo do Estado e mostrando o nos-so trabalho para conquistar mais Sindicatos”, avaliou Alexandro Martins Costa, presidente da Força-ES.

Amazonas“Nossos dirigentes estão animados para

participar de cursos de formação e dos deba-tes sobre a conjuntura no País. Todos querem estar mais preparados para o enfrentamento da crise”, declarou Vicente de Lima Fillizola, presi-dente da Força Sindical-AM.

Para Rodrigo Alves Carvelo, o Rodrigão, pre-sidente da Central-GO, a participação de cerca de 150 dirigentes na plenária realizada em Pi-renópolis-Goiás, demonstra interesse na qua-lifi cação dos sindicalistas: “Debatemos a crise econômica em busca de saídas”.

Objetivo é fortalecer a CentralA

O deputado do Solidariedade-SP, Pau-lo Pereira da Silva, o Paulinho, foi inti-tulado de formulador, segundo pesqui-sa sobre os “Cabeças do Congresso”, do Departamento Intersindical de As-sessoria Parlamentar (Diap). Segundo a instituição, “Cabeças do Congresso” são os parlamentares que conseguem se diferenciar dos demais e infl uenciar as tomadas de decisões pela capacida-de de conduzir debates, negociações, votações e articulações.

Anualmente, a lista contempla cem parlamentares, chamados de “Elite do Congresso”, selecionados por seu pro-tagonismo no Legislativo e sua atua-ção de real infl uência no processo deci-sório do parlamento. Entre os critérios defi nidos estão posição institucional, reputação e capacidade de liderar. Pau-linho foi classifi cado como parlamentar formulador, que é aquele que se dedica à elaboração de textos com propostas para deliberação.

Paulinho é um dos “Cabeças do Congresso”

“Construir posições sólidas e apresentar soluções concretas” Geraldino

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 100 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 10014 VIGILANTES

A luta dos vigilantes do País em torno da regulamentação da profissão começa a dar bons resultados. No dia 16 de

setembro, a Câmara dos Deputados aprovou re-latório do deputado Wellington Roberto sobre o Projeto de Lei 4238/12, que instituiu o Estatuto de Segurança Privada no Brasil, mas que teve a retirada da matéria a proposta do piso nacional de R$ 3 mil para a categoria.

Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Barueri, Amaro Pereira, o projeto aprovado veio ao encontro dos anseios da categoria em vários as-pectos. “Seu resultado, em geral, foi satisfatório, e ocorreu devido às mobilizações dos trabalhado-res”, destacou o sindicalista.

De acordo com Amaro Pereira, foi importante ainda o processo de negociação com líderes do governo e o apoio de parlamentares. “Infelizmen-

te, devido a uma manobra dos patrões e de alguns Sindicatos, a emenda do piso não foi considerada no relatório fi nal do projeto”, reclamou o dirigente.

Claudiomir da Silva Brum, presidente da Fede-ração Profi ssional dos Vigilantes do Rio Grande do Sul (com oito Sindicatos fi liados e trinta mil trabalhadores na base), diz que o estatuto amplia-rá o mercado de trabalho no País, dos cerca de seiscentos mil para mais de dois milhões de traba-lhadores, com cursos de formação específi ca, que garantem profi ssionais idôneos e preparados.

Ele também defende o piso nacional do vigilan-te, pois na categoria “há companheiros ganhando salário mínimo”. João dos Passos da Silva, pre-sidente do SindForte, Sindicato dos quinze mil trabalhadores no setor de transporte de valores e escolta armada no Estado de SP, diz que a jornada de trabalho é estressante em razão de assaltos a

bancos e ataques a caixas eletrônicos e carros--fortes. “Tem lugar sem banheiro e sem local para refeições”, reclamou João dos Passos.

Presidido por Pedro Dantas de Queiroz, o Seevissp, Sindicato dos cerca de quarenta mil empregados em Empresas de Vigilância, Segu-rança e Similares de São Paulo, informa que os vigilantes geralmente têm vários problemas psicológicos e de saúde por causa das péssimas condições de trabalho.

Pedro Francisco Araújo, presidente da Fetravesp (Federação dos Trabalhadores em Segurança e Vi-gilância Privada, Transporte de Valores, Similares e Afins do Estado de SP), destaca: “A segu-rança privada é uma profissão arriscada, tanto é fato que foi regulamentado o adicional de periculosidade para a categoria, após quase vinte anos de luta.

Em ato realizado na sede da Força Sindical, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Maragogipe e Região, Antônio Fragoso da Silva Júnior, assinou ficha de filiação à Central, ao lado do presidente da Força, Miguel Torres.

Segundo Fragoso, o Sindicato se filiou à Central por causa da atua-ção da entidade na luta pelos di-reitos dos trabalhadores em todo o País, pelo desenvolvimento do Bra-sil com a valorização do trabalho e na defesa da soberania nacional e da democracia.

“Viemos para a Força em busca de apoio para fortalecer a luta e ampliar as conquistas da categoria

em nossa região”, disse o dirigen-te. Fragoso esclareceu que a deci-são foi tomada após assembleias realizadas com os trabalhadores, que aprovaram a filiação. “O tra-balho de mobilização e a unidade de ação fizeram com que a decisão da categoria fosse favorável”.

Também estiverem na cerimô-nia de filiação o secretário-geral da Central, João Carlos Gonçal-ves, Juruna, a presidenta da For-ça Sindical-BA, Nair Goulart, e o presidente do Sindicato dos Traba-lhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav-BA), e deputado federal (PSB-BA), Adalberto Gal-vão, o Bebeto.

MARAGOGIPE

Metalúrgicos se fi liam à Força Sindical

Câmara aprova estatuto da categoria

Antonio Fragoso (ao centro) no dia da fi liação do Sindicato à Central

Foto: Arquivo Sindicato

“Estatuto ampliará o mercado de trabalho no País”Claudiomir

“Estresse por causa de assaltos a bancos e carros-fortes”João dos Passos

“Grande expectativa pela última votação do PL 39/99”Pedro Araújo

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SETEMBRO DE 2015SETEMBRO DE 2015 15 www.fsindical.org.br

A Câmara dos Deputados aprovou pro-jeto de lei que aumenta a correção do Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço (FGTS), equiparando-o ao rendimento da caderneta de poupança. Hoje, a correção é feita pela Taxa Referencial (TR), que tem ficado perto de zero por cento, mais juros de 3% ao ano. A matéria, agora, segue para apreciação dos senadores.

“A Força Sindical foi a Brasília por várias ve-zes e, graças a esta mobilização, conseguimos sensibilizar os parlamentares a votar favora-velmente à aprovação da matéria”, avaliou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. O projeto de lei (PL) aprovado, de autoria do deputado federal (Solidariedade) Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, estabelece que a remu-neração do Fundo aumente de forma gradual até chegar a 6,17% ao ano – índice atual de correção da caderneta de poupança.

Na prática, a proposta permite que o dinheiro do trabalhador renda mais, pois os depósitos feitos nas contas do FGTS, a partir do ano que vem, terão reajuste gradual até 2019. “Foi mais uma vitória dos trabalhadores, que merecem ser remunerados de forma mais justa. E, para isto, vamos continuar nossa luta no Congresso por mais direitos”, afirmou o deputado.

De acordo com o PL, no primeiro ano o FGTS será corrigido em 4% mais a TR; no segundo ano, 4,75% mais a TR; no terceiro ano, 5,5% mais a TR; e, no quarto ano, terá as mesmas re-gras da poupança. A nova taxa, que ainda pre-cisará ser aprovada no Senado, valerá para os depósitos feitos a partir de 2016, e ficarão em conta separada dos depósitos atuais, cuja re-muneração continuará a ser a Taxa Referencial mais 3% ao ano. Muitos trabalhadores contes-tam, na Justiça, a aplicação deste índice, mas o projeto não mexe nesse passivo.

FGTS

Preocupada com os acordos de coo-peração assinados entre os governos do Brasil e da China em oito áreas, cujos investimentos somam US$ 53 bilhões, delegação da Força Sindical visitou recentemente aquele país em busca de informações sobre os negó-cios. De acordo com o presidente da Central, Miguel Torres, interessa aos trabalhadores saberem o teor destes acordos e se há risco para os trabalha-dores brasileiros.

“Sabemos que a China assinou acordos similares com Angola, Equa-dor e Argentina, para onde levou mi-lhares de trabalhadores chineses, e os acordos deram muitos problemas”, revelou o presidente da Força Sindical ao acrescentar que, em um momento em que o Brasil passa por sérias di-fi culdades econômicas, estes acordos representam sério risco aos trabalha-dores. Segundo Miguel, os chineses não costumam respeitar a legislação trabalhista. “E são como gafanhotos, comem tudo”, comparou.

Os brasileiros também mantiveram encontros de intercâmbio sindical com dirigentes da União Sindical de Jiangsu, na cidade de Nanjing, e com a Federação Nacional dos Sindicatos da China. O intercâmbio com a fede-ração chinesa faz parte de compro-misso assinado entre as entidades que interam o Brics Sindical (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Minas GeraisDurante visita de delegação de sin-

dicalistas chineses da Província de Jiangsu ao Brasil, o presidente da Força Sindical-MG destacou a impor-tância dos acordos bilaterais entre Brasil e China nas áreas de transporte, ferrovias e energia para o progresso do País, especialmente na geração de empregos para jovens.

INTERNACIONAL

Preocupação com investimentos chineses

Paulinho, Lacerda, Eduardo Cunha, Inocentini, Miguel Torres e Plinio Sarti durante processo de negociação

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Projeto aprovado aumenta correção de benefício

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rápida industrialização da Rússia no fi -nal do século XIX levou à formação de um operariado urbano e, consequen-

temente, a um expressivo aumento dos movi-mentos socialistas. Esta nova classe reivindicava reformas democráticas, ao passo que a nobreza feudal e o czar procuravam manter o sistema po-lítico de 1547, quando se iniciou o czarismo. Sob o império do czar, a população vivia em uma situa-ção de extrema miséria, com violência e repres-são política.

A Guerra Russo-Japonesa O desempenho desastroso, e os gastos ex-

cessivos, das forças armadas russas na Guerra Russo-Japonesa, entre 1904 e 1905, foi o estopim para a Revolução.

A guerra foi motivada por uma disputa entre o Império do Japão e o Império Russo pelo domí-nio dos territórios da Coreia e da Manchúria. O Japão, apesar de atravessar uma crise, venceu e se consagrou como potência. Por outro lado, a derrota russa evidenciou a decadência do regime czarista e defl agrou uma série de greves e pro-testos populares organizados pelas líderanças socialistas.

O “Domingo Sangrento”Neste contexto foi organizada uma manifesta-

ção pacífi ca de um milhão e meio de pessoas, liderada pelo padre ortodoxo Gregori Gapone, com destino ao Palácio de Inverno do czar, em São Petersburgo, no dia 22 de janeiro de 1905,

um domingo.O objetivo era entregar ao czar Nicolau II uma

petição reivindicando direitos como reforma agrá-ria, tolerância religiosa, fi m da censura, a presença de representantes do povo no governo e melhores condições de vida.

Insensível às reivindicações, o grão-duque Ser-gei Alexandrovitch ordenou à guarda afastar o povo do palácio e dispersar a manifestação. Como a massa resistiu, a guarda disparou contra a multi-dão, transformando aquela manifestação pacífi ca em um massacre.

A RevoluçãoEste trágico episódio intensifi cou a onda de pro-

testos. Em São Petersburgo, mais de quatrocentos mil trabalhadores entraram em greve logo após o “Domingo Sangrento”, infl uenciando outros cen-tros industriais. Em 13 de outubro já se contava mais de dois milhões de trabalhadores em greve.

A Revolta do “Encouraçado Potemkin”Em junho, no encouraçado Potemkin, navio de

guerra da frota russa com base no mar Negro, a tri-pulação revoltou-se contra as péssimas condições em que viviam e por ter sido informada que seria enviada para lutar contra os japoneses. Aquele mo-tim mostrou que parte das forças armadas já não era subserviente aos desmandos da monarquia (em 1925, o cineasta Serguei Eisenstein retratou a revolta no fi lme O Encouraçado Potemkin).

Os Sovietes de São PetersburgoEm 13 de outubro de 1905 foi instalado o “Sovie-

te de Representantes Operários”, em São Peters-burgo, para apoiar e organizar os trabalhadores. O

Soviete chegou a ter de quatrocentos a quinhen-tos membros, eleitos por aproximadamente du-zentos mil trabalhadores e representando cinco sindicatos e 96 fábricas. Com maior infl uência no grupo, os bolcheviques assumiram o comando.

Contudo, a greve geral de outubro daquele ano ocorreu espontaneamente, sem a interven-ção do Soviete. E, sob o medo de repressão, os grevistas voltaram ao trabalho.

A DumaAinda naquele mês de outubro de 1905, para

tentar contornar a situação, o czar Nicolau II lan-çou o “Manifesto de Outubro”, que viabilizou a criação de uma Duma (Parlamento) nacional e a existência de partidos políticos.

Sua demonstração de “boa vontade”, todavia, duraria pouco. Após o término da guerra contra o Japão, as tropas russas retornaram ao país e, a mando do soberano, reprimiram os movimen-tos. Líderes dos movimentos populares, como Vladimir Ilitch Lenin e Leon Trótski, foram presos ou exilados, e os Sovietes colocados na ilegali-dade. As promessas feitas pelo “Manifesto de Outubro” foram deixadas de lado, com exceção da Duma, que continuou a funcionar.

Mas os acontecimentos de 1905 assinalaram o início da derrocada defi nitiva do czarismo. Lenin chamou aquele ano de “Ensaio Geral”, uma es-pécie de prelúdio da Revolução Russa de 1917, que fortaleceu a ideologia socialista e a expandiu pelo mundo.

SETEMBRO DE 2015

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*Carolina Maria Rui é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

por: Carolina Maria Ruy*Carolina Maria Ruy*Carolina Maria Ruy*

1905ou “O Ensaio

Geral”

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