página sindical do diário de são paulo - 02 setembro de 2014 - força sindical

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Mais de quatrocentos químicos participa- ram do 4º Encontro Estadual de Cipa (Co- missão Interna de Prevenção de Acidentes) e SESMT (Serviço Especializado em Enge- nharia de Segurança e Saúde do Trabalha- dor), realizado pelo Departamento de Saú- de do Trabalhador da Fequimfar (Federação dos Químicos), na Praia Grande. Edson Dias Bicalho, secretário-geral da Fequimfar, iniciou o evento dizendo que o movimento sindical tem evoluído cada vez mais, ampliando o seu olhar para as ques- tões de saúde e segurança. O coordenador Trabalho Saúde e segurança dos trabalhadores são prioridades Prevenção é considerada prioridade, conforme o 14º Encontro de Cipeiros Metalúrgicos Miguel Torres: “Informações são requisitos para atuar na prevenção de acidentes e doenças” Mais de quatrocentos químicos no 4º Encontro Estadual de Cipa e SESMT “Os Sindicatos têm de criar departamen- tos de Saúde e Segurança do Trabalhador, promover cursos de cipeiros, acompanhar as normas reguladoras e lutar por sua aplicação. Os cipeiros precisam de informações e conhe- cimentos para atuar na prevenção de aciden- tes e doenças profissionais”, afirma Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúr- gicos de São Paulo e da Força Sindical. Aliás, a prevenção foi considerada prioridade no 14º Encontro de Cipeiros realizado pelo Sindicato em 29 e 30 de agosto. O Encontro teve por tema ‘O trabalho como determinante no processo saúde-doença’, e apontou doenças não identificadas pelos pa- trões como causadas pelo trabalho. Estresse, transtornos mentais, hipertensão e AVC, por exemplo, podem ser provocados pela compe- tição no trabalho e não são relacionadas a ele. A socióloga do Dieese Ana Cláudia Cardoso mostrou como situações, relações de trabalho e formas de gestão podem manter ou preju- dicar a saúde dos trabalhadores. Fatores como intensidade do trabalho, metas inatingíveis, pressão por produtividade, com- petição, assédio, jornadas mais longas, re- dução do descanso, movimentos repetitivos, equipamentos inadequados e trabalho precá- rio trazem sofrimento físico, psíquico, emocio- nal e geram desgaste e estresse. Segundo a socióloga, não se pode separar o físico, o men- tal e o psicológico. Vamos avançar nesta questão e incluir cada vez mais cláusulas de segurança e saúde nas Convenções Coletivas de Trabalho. Os metalúrgicos e químicos do Es- tado de SP apelaram ao ministro Manoel Dias, do Trabalho e Empre- go, em encontros de cipeiros reali- zados na Praia Grande, para que o governo não ceda às pressões da CNI (Confederação Nacional da In- dústria) e mantenha a redação da Norma Regulamentadora nº 12 (NR 12), que trata da proteção de má- quinas e equipamentos, aprovada nas negociações tripartites (traba- lhadores, empresários e governo). “Queremos que o tripartismo seja fortalecido”, diz João Donizeti Sca- boli, diretor do Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequim- far e diretor-adjunto da Secretaria Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho da Força Sindical. Segundo Luís Carlos de Oliveira, Luisinho, diretor dos Metalúrgicos de São Paulo e também diretor -adjunto da Secretaria deSeguran- ça e Saúde da Central, “os patrões mandam os técnicos negociarem, fingem que aceitam esta forma de negociação (o tripartismo) e, depois de tudo acordado, vão aos parlamentares e ao governo para cancelar o que foi definido nas reu- niões entre as partes”. “Os patrões”, explica Luisinho, “argumentam que não querem a aplicação da NR 12 sob a alegação de que prejudica a competitividade. Nós, trabalhadores, também que- remos a competitividade, mas não à custa da nossa saúde e de nos- sas vidas”. Os sindicalistas apontam proble- mas em outra Norma, a de núme- ro 1, que está em consulta pública para ser reformulada. Conforme o documento entregue ao ministro, a norma “incorpora conceitos que são estranhos à área de Segu- rança e Saúde do Trabalho, confli- tando com mecanismos legais. O Brasil já tem políticas públicas que são abrangentes e um conjunto de normas que não podemos pres- cindir, e ainda menos permitir que existam precedentes que se con- vertam em retrocesso”. Foto: Jaélcio Santana Foto: Paulo de Tarso Foto: Paulo de Tarso Dirigentes entregam ao ministro documento pela inalteração da NR 12 www.fsindical.org.br facebook.com/CentralSindical twitter.com/centralsindical Trabalhadores querem manter NR 12 do Departamento de Saúde da entidade, João Scaboli, organizador do Encontro, des- tacou as ações que a Fequimfar tem reali- zado, como seminários regionais, cursos de formação no exterior, capacitação de novos quadros e a implantação de depar- tamentos de saúde nos Sindicatos filiados. O ministro Manoel Dias, do Trabalho e Em- prego, declarou ser fundamental a forma- ção e a aquisição de conhecimentos para que os trabalhadores também possam ser protagonistas no debate das políticas de trabalho e emprego. Sergio Luiz Leite, presidente da Federação, considerou que existe uma legislação que garante condições salubres no ambien- te de trabalho. “Temos que fazer valer as normas e leis que protegem a saúde e o bem-estar do trabalhador brasileiro, ga- rantindo seus direitos”. 4º Encontro debate prevenção nos locais de trabalho QUÍMICOS SAÚDE E SEGURANÇA Publieditorial Duas quedas seguidas do PIB brasileiro, no 1º e no 2º trimestres deste ano (-0,2 e -0,6), colocaram nossa economia, segundo econo- mistas, em estado de “recessão técnica”. Ou seja: um “pisca alerta” foi ligado sinalizando que a políti- ca econômica do governo segue equivocada e que, se não forem criados mecanismos capazes de deter essa derrocada econômica, o Brasil seguirá, a passos largos, rumo a lugar nenhum. Esses índices negativos, resultan- tes do incentivo às importações em detrimento da nossa indústria, dos juros altos, do aumento do de- semprego, da queda da produção e do consumo, além de confirmar o que já sabíamos - e para o que nos cansamos de advertir o governo -, ainda serviu para colocar o Brasil na “lanterninha” do Brics, sigla do bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Mas, em vez de buscar caminhos viáveis para frear a recessão, o governo prefere culpar a Copa, a seca e o fraco cenário interna- cional pelo resultado negativo da nossa economia. Sem uma política voltada para o desenvolvimento e para a gera- ção de empregos, com medidas como uma queda robusta dos ju- ros, o fortalecimento do mercado interno, distribuição de renda e investimentos em políticas so- ciais, o Brasil não vai deslanchar, e nós continuaremos caminhando para o vazio. Miguel Torres Presidente da Força Sindical Queda do PIB liga “sinal de alerta” na economia OPINIÃO METALÚRGICOS

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Destaques - Metalurgicos: 'Saúde e segurança dos trabalhadores são prioridades'; Saúde e segurança: 'Trabalhadores querem manter NR 12'; Químicos: '4º Encontro debate prevenção nos locais de trabalho'; Miguel Torres: 'Queda do PIB liga sinal de alerta na economia'

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Page 1: Página Sindical do Diário de São Paulo - 02 setembro de 2014 - Força Sindical

Mais de quatrocentos químicos participa-ram do 4º Encontro Estadual de Cipa (Co-missão Interna de Prevenção de Acidentes) e SESMT (Serviço Especializado em Enge-nharia de Segurança e Saúde do Trabalha-dor), realizado pelo Departamento de Saú-de do Trabalhador da Fequimfar (Federação dos Químicos), na Praia Grande.Edson Dias Bicalho, secretário-geral da Fequimfar, iniciou o evento dizendo que o movimento sindical tem evoluído cada vez mais, ampliando o seu olhar para as ques-tões de saúde e segurança. O coordenador

Trabalho Saúde e segurança dos trabalhadores são prioridades

Prevenção é considerada prioridade, conforme o 14º Encontro de Cipeiros Metalúrgicos

Miguel Torres: “Informações são requisitos para atuar na prevenção de acidentes e doenças”

Mais de quatrocentos químicos no 4º Encontro Estadual de Cipa e SESMT

“Os Sindicatos têm de criar departamen-tos de Saúde e Segurança do Trabalhador,

promover cursos de cipeiros, acompanhar as normas reguladoras e lutar por sua aplicação. Os cipeiros precisam de informações e conhe-cimentos para atuar na prevenção de aciden-tes e doenças profissionais”, afirma Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúr-gicos de São Paulo e da Força Sindical. Aliás, a prevenção foi considerada prioridade no 14º Encontro de Cipeiros realizado pelo Sindicato em 29 e 30 de agosto. O Encontro teve por tema ‘O trabalho como determinante no processo saúde-doença’, e

apontou doenças não identificadas pelos pa-trões como causadas pelo trabalho. Estresse, transtornos mentais, hipertensão e AVC, por exemplo, podem ser provocados pela compe-tição no trabalho e não são relacionadas a ele.A socióloga do Dieese Ana Cláudia Cardoso mostrou como situações, relações de trabalho e formas de gestão podem manter ou preju-dicar a saúde dos trabalhadores.Fatores como intensidade do trabalho, metas inatingíveis, pressão por produtividade, com-petição, assédio, jornadas mais longas, re-dução do descanso, movimentos repetitivos, equipamentos inadequados e trabalho precá-rio trazem sofrimento físico, psíquico, emocio-nal e geram desgaste e estresse. Segundo a socióloga, não se pode separar o físico, o men-tal e o psicológico. Vamos avançar nesta questão e incluir cada vez mais cláusulas de segurança e saúde nas Convenções Coletivas de Trabalho.

Os metalúrgicos e químicos do Es-tado de SP apelaram ao ministro Manoel Dias, do Trabalho e Empre-go, em encontros de cipeiros reali-zados na Praia Grande, para que o governo não ceda às pressões da CNI (Confederação Nacional da In-dústria) e mantenha a redação da Norma Regulamentadora nº 12 (NR 12), que trata da proteção de má-quinas e equipamentos, aprovada nas negociações tripartites (traba-lhadores, empresários e governo).“Queremos que o tripartismo seja fortalecido”, diz João Donizeti Sca-boli, diretor do Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequim-far e diretor-adjunto da Secretaria Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho da Força Sindical.Segundo Luís Carlos de Oliveira, Luisinho, diretor dos Metalúrgicos de São Paulo e também diretor-adjunto da Secretaria deSeguran-ça e Saúde da Central, “os patrões mandam os técnicos negociarem, fingem que aceitam esta forma de negociação (o tripartismo) e, depois de tudo acordado, vão aos parlamentares e ao governo para cancelar o que foi definido nas reu-niões entre as partes”.“Os patrões”, explica Luisinho, “argumentam que não querem a aplicação da NR 12 sob a alegação de que prejudica a competitividade. Nós, trabalhadores, também que-remos a competitividade, mas não à custa da nossa saúde e de nos-sas vidas”. Os sindicalistas apontam proble-mas em outra Norma, a de núme-ro 1, que está em consulta pública para ser reformulada. Conforme o documento entregue ao ministro, a norma “incorpora conceitos que são estranhos à área de Segu-rança e Saúde do Trabalho, confli-tando com mecanismos legais. O Brasil já tem políticas públicas que são abrangentes e um conjunto de normas que não podemos pres-cindir, e ainda menos permitir que existam precedentes que se con-vertam em retrocesso”.

Foto: Jaélcio Santana

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Dirigentes entregam ao ministro documento pela inalteração da NR 12

www.fsindical.org.br

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twitter.com/centralsindical

Trabalhadores querem manter NR 12

do Departamento de Saúde da entidade, João Scaboli, organizador do Encontro, des-tacou as ações que a Fequimfar tem reali-zado, como seminários regionais, cursos de formação no exterior, capacitação de novos quadros e a implantação de depar-tamentos de saúde nos Sindicatos filiados. O ministro Manoel Dias, do Trabalho e Em-prego, declarou ser fundamental a forma-ção e a aquisição de conhecimentos para que os trabalhadores também possam ser protagonistas no debate das políticas de trabalho e emprego.Sergio Luiz Leite, presidente da Federação, considerou que existe uma legislação que garante condições salubres no ambien-te de trabalho. “Temos que fazer valer as normas e leis que protegem a saúde e o bem-estar do trabalhador brasileiro, ga-rantindo seus direitos”.

4º Encontro debate prevenção nos locais de trabalho

QUÍMICOS

SAÚDE E SEGURANÇA

Publieditorial

Duas quedas seguidas do PIB brasileiro, no 1º e no 2º trimestres deste ano (-0,2 e -0,6), colocaram nossa economia, segundo econo-mistas, em estado de “recessão técnica”. Ou seja: um “pisca alerta” foi ligado sinalizando que a políti-ca econômica do governo segue equivocada e que, se não forem criados mecanismos capazes de deter essa derrocada econômica, o Brasil seguirá, a passos largos, rumo a lugar nenhum.Esses índices negativos, resultan-tes do incentivo às importações em detrimento da nossa indústria, dos juros altos, do aumento do de-semprego, da queda da produção e do consumo, além de confirmar o que já sabíamos - e para o que nos cansamos de advertir o governo -, ainda serviu para colocar o Brasil na “lanterninha” do Brics, sigla do bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.Mas, em vez de buscar caminhos viáveis para frear a recessão, o governo prefere culpar a Copa, a seca e o fraco cenário interna-cional pelo resultado negativo da nossa economia. Sem uma política voltada para o desenvolvimento e para a gera-ção de empregos, com medidas como uma queda robusta dos ju-ros, o fortalecimento do mercado interno, distribuição de renda e investimentos em políticas so-ciais, o Brasil não vai deslanchar, e nós continuaremos caminhando para o vazio.

Miguel TorresPresidente da Força Sindical

Queda do PIB liga “sinal de alerta” na economia

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