página sindical do diário de são paulo - 26 de novembro de 2014 - força sindical

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Na Campanha Salarial do setor de Indús- trias Gráficas, após várias negociações tensas e sem acordo, os patrões, ante a ameaça de greve, decidiram nos atender e oferecer 7,5% de reajuste. A Campanha, coordenada pela Ftigesp (federação da ca- tegoria), foi unificada entre os 19 Sindicatos Gráficos do Estado. Antes, os patrões, apostando na incerte- za do cenário nacional, queriam conceder apenas o INPC, sem aumento real. Dada a situação, paralisações de advertência fo- ram feitas em quase todas as empresas do setor, e a cada negativa dos patrões mais trabalhadores aderiam ao movimento, exigindo o fim da rotatividade e da terceiri- zação, PLR e aumento real. Greve por tem- po indeterminado foi nossa decisão após a última reunião sem avanços, no dia 18. Apesar de o patronal tentar impedir que os problemas dos trabalhadores fossem divulgados, nosso movimento alcançou espaço em todo o Estado, fato que, soma- do a nossa ameaça de greve, fez com que os patrões pensassem nos prejuízos que teriam com a paralisação e finalmente fe- chassem acordo. O governo brasileiro anunciou, em junho, um pacote de medidas visando fortalecer a indústria nacional e estimular o cresci- mento econômico. Essas medi- das foram tomadas em resposta a uma lista de pedidos apresen- tada pelo Fórum Nacional da In- dústria, realizado em maio. Esse pacote, na verdade, é uma reedi- ção de medidas anteriores, com algumas alterações. Até aí tudo bem, uma vez que tudo que venha para melhorar é sem- pre muito bem-vindo. O problema é que posturas específicas, fun- damentais para o aquecimento da economia, como a redução da taxa de juros, em vez de mantê-la em patamares elevados – o que estrangula a produção, intimida o consumo e emperra a geração de postos de trabalho –, e um PIB cada vez mais baixo, acabam por transformar esse fortalecimento em um verdadeiro sucateamento de empresas e empregos – a cha- mada desindustrialização. Para fortalecer a indústria brasi- leira, faz-se necessária a implan- tação de políticas econômicas efetivamente voltadas para esse objetivo. É preciso planejamento, investimentos e incentivos que melhorem nosso parque industrial e a competitividade entre os pro- dutos nacionais e estrangeiros, além de controlar a rotatividade da mão de obra, entre tantas ou- tras demandas. Esta é a visão da Força Sindical. Trabalho Como o desempenho da economia já é preocupante, vamos preparar atos e manifestações para 2015 Miguel: “Vamos intensificar nossa luta em defesa dos direitos dos trabalhadores” “A Direção da Força Sindical deci- diu intensificar a luta pelos direitos dos trabalhadores em 2015. Isto além da Pauta Trabalhista, da qual constam itens como a redução da jornada de trabalho, a correção da tabela do IR e o fim do Fator Previdenciário”, declara Miguel Torres, presidente da Central. Para ele, como o desempenho dos diversos segmentos da economia, o desemprego e a inflação já preocupam neste final de ano, a Força e as demais Centrais preparam uma sé- rie de atos e manifestações, inclusive a realização da 8ª Marcha a Brasília, já para o início do próximo ano. O presidente licenciado da Central, Pau- lo Pereira da Silva, Paulinho, destaca que “a Pauta Trabalhista não vai caminhar se não pressionarmos muito”. Já o secretá- rio-geral da Força, João Carlos Gonçal- ves, Juruna, lembrou que, “apesar dos problemas enfrentados pelos trabalha- dores, 90% dos acordos salariais tiveram aumento real de salários”. Para Melquíades de Araújo, presidente da Fetiasp (Federação dos Trabalhado- res da Alimentação de SP), em função da crise econômica o movimento sindi- cal terá muito trabalho. “Temos que nos autovalorizar, defender a manutenção dos atuais e conquistar novos direitos”, ressalta. A “defesa dos direitos” também foi defendida por Nair Goulart, presidenta da Força-BA. Já Eunice Cabral, presiden- ta do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, defende que “a Central tem de traçar uma estratégia para levar às bases o debate sobre a desindustria- lização”. Airton Santos, coordenador de aten- dimento técnico sindical do Dieese, fez uma análise da conjuntura econômica e falou sobre os desafios a serem enfren- tados pelo governo: “Os trabalhadores não podem deixar que o aperto fiscal previsto para 2015 corte gastos sociais”. Os dirigentes de Sindicatos de Comerciários filiados à Força Sin- dical aprovaram anteontem (dia 24), a participação da nossa Cen- tral, ao lado das demais Centrais, na elaboração de uma pauta na- cional da categoria, a ser entregue à CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio) e às autoridades governamentais (Presidência da República e presi- dentes da Câmara e do Senado). A reunião, realizada em São Pau- lo, foi comandada por Nilton Sou- za Silva, Neco, coordenador do Secretariado dos Comerciários na Força, e teve a participação de dirigentes de todo o País, que debateram os problemas que enfrentam em suas bases. Ficou decidido que, no 1º trimestre de 2015, a categoria seguirá essa pauta geral. Quanto à atuação com as demais Centrais, Neco informou que “se- rão elaborados dois documentos: um técnico e outro político”. A pauta dos comerciários conterá três reivindicações que afetam a categoria em âmbito nacional: ho- rário de trabalho – pois em muitos locais a jornada chega a 10 ou 12 horas diárias; estabelecimento do piso nacional e regulamentação do trabalho aos domingos e feria- dos. Para Cibele Cristina Lemos, presi- denta do Sindicato dos Comerciá- rios de Varginha (MG), é preciso regulamentar a lei sobre o traba- lho no comércio aos domingos e feriados porque existem patrões garantindo aos trabalhadores que, para esta atividade, não precisam mais da chancela dos Sindicatos. “Os dirigentes debateram, tam- bém, os problemas que enfren- tam de disputas nas bases com a criação de novos Sindicatos, e de empresas (grandes grupos varejistas) que se denominam supermercadistas, para contratar funcionários, mas na verdade são lojistas”, informa José Conceição Abreu, presidente do Sindicato de Pará de Minas. Foto: Jaélcio Santana Neco: “Em muitos locais a jornada chega a 10 ou 12 horas por dia” A cada negativa patronal, mais trabalhadores gráficos aderiam ao movimento Foto: Jaélcio Santana Foto: Arquivo Sindical www.fsindical.org.br facebook.com/CentralSindical twitter.com/centralsindical Miguel Torres Presidente da Força Sindical Continua a luta por jornada e salário decentes Fortalecer a indústria nacional Setores gráficos têm 7,5% e 7,65% de reajuste Força Sindical Nacional define ações para 2015 CAMPANHA SALARIAL COMERCIÁRIOS Publieditorial OPINIÃO PLANEJAMENTO Jornais e Revistas fecha acordo de 7,65% Usando a mesma manobra dos empresá- rios de Indústrias Gráficas, os patrões de Jornais e Revistas também endureceram as negociações. Eles queriam repassar apenas o índice de inflação, mas a cada reunião sem resultado paralisações iam pipocando nas principais empresas do setor até que, na última 6ª feira, as partes chegassem a 7,65% de reajuste mais cesta básica de R$ 93,00.

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Destaques: 'Força Sindical Nacional define ações para 2015'; Miguel Torres: 'Fortalecer a indústria nacional'; Comerciários: 'Continua a luta por jornada e salário decentes'; Campanha Salarial: 'Setores gráficos têm 7,5% e 7,65% de reajuste e Jornais e Revistas fecham acordo de 7,65%

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Page 1: Página Sindical do Diário de São Paulo - 26 de novembro de 2014 - Força Sindical

Na Campanha Salarial do setor de Indús-trias Gráfi cas, após várias negociações tensas e sem acordo, os patrões, ante a ameaça de greve, decidiram nos atender e oferecer 7,5% de reajuste. A Campanha, coordenada pela Ftigesp (federação da ca-tegoria), foi unifi cada entre os 19 Sindicatos Gráfi cos do Estado.Antes, os patrões, apostando na incerte-za do cenário nacional, queriam conceder apenas o INPC, sem aumento real. Dada a situação, paralisações de advertência fo-ram feitas em quase todas as empresas do setor, e a cada negativa dos patrões mais trabalhadores aderiam ao movimento, exigindo o fi m da rotatividade e da terceiri-zação, PLR e aumento real. Greve por tem-po indeterminado foi nossa decisão após a última reunião sem avanços, no dia 18.Apesar de o patronal tentar impedir que os problemas dos trabalhadores fossem divulgados, nosso movimento alcançou espaço em todo o Estado, fato que, soma-do a nossa ameaça de greve, fez com que os patrões pensassem nos prejuízos que teriam com a paralisação e fi nalmente fe-chassem acordo.

O governo brasileiro anunciou, em junho, um pacote de medidas visando fortalecer a indústria nacional e estimular o cresci-mento econômico. Essas medi-das foram tomadas em resposta a uma lista de pedidos apresen-tada pelo Fórum Nacional da In-dústria, realizado em maio. Esse pacote, na verdade, é uma reedi-ção de medidas anteriores, com algumas alterações.Até aí tudo bem, uma vez que tudo que venha para melhorar é sem-pre muito bem-vindo. O problema é que posturas específi cas, fun-damentais para o aquecimento da economia, como a redução da taxa de juros, em vez de mantê-la em patamares elevados – o que estrangula a produção, intimida o consumo e emperra a geração de postos de trabalho –, e um PIB cada vez mais baixo, acabam por transformar esse fortalecimento em um verdadeiro sucateamento de empresas e empregos – a cha-mada desindustrialização.Para fortalecer a indústria brasi-leira, faz-se necessária a implan-tação de políticas econômicas efetivamente voltadas para esse objetivo. É preciso planejamento, investimentos e incentivos que melhorem nosso parque industrial e a competitividade entre os pro-dutos nacionais e estrangeiros, além de controlar a rotatividade da mão de obra, entre tantas ou-tras demandas. Esta é a visão da Força Sindical.

Trabalho

Como o desempenho da economia já é preocupante, vamos preparar atos e manifestações para 2015

Miguel: “Vamos intensifi car nossa luta em defesa dos direitos dos trabalhadores”

“A Direção da Força Sindical deci-diu intensifi car a luta pelos direitos

dos trabalhadores em 2015. Isto além da Pauta Trabalhista, da qual constam itens como a redução da jornada de trabalho, a correção da tabela do IR e o fi m do Fator Previdenciário”, declara Miguel Torres, presidente da Central. Para ele, como o desempenho dos diversos segmentos da economia, o desemprego e a infl ação já preocupam neste fi nal de ano, a Força e as demais Centrais preparam uma sé-rie de atos e manifestações, inclusive a realização da 8ª Marcha a Brasília, já para o início do próximo ano.O presidente licenciado da Central, Pau-lo Pereira da Silva, Paulinho, destaca que “a Pauta Trabalhista não vai caminhar se não pressionarmos muito”. Já o secretá-rio-geral da Força, João Carlos Gonçal-

ves, Juruna, lembrou que, “apesar dos problemas enfrentados pelos trabalha-dores, 90% dos acordos salariais tiveram aumento real de salários”.Para Melquíades de Araújo, presidente da Fetiasp (Federação dos Trabalhado-res da Alimentação de SP), em função da crise econômica o movimento sindi-cal terá muito trabalho. “Temos que nos autovalorizar, defender a manutenção dos atuais e conquistar novos direitos”, ressalta. A “defesa dos direitos” também foi defendida por Nair Goulart, presidenta da Força-BA. Já Eunice Cabral, presiden-ta do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, defende que “a Central tem de traçar uma estratégia para levar às bases o debate sobre a desindustria-lização”.Airton Santos, coordenador de aten-dimento técnico sindical do Dieese, fez uma análise da conjuntura econômica e falou sobre os desafi os a serem enfren-tados pelo governo: “Os trabalhadores não podem deixar que o aperto fi scal previsto para 2015 corte gastos sociais”.

Os dirigentes de Sindicatos de Comerciários fi liados à Força Sin-dical aprovaram anteontem (dia 24), a participação da nossa Cen-tral, ao lado das demais Centrais, na elaboração de uma pauta na-cional da categoria, a ser entregue à CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio) e às autoridades governamentais (Presidência da República e presi-dentes da Câmara e do Senado).A reunião, realizada em São Pau-lo, foi comandada por Nilton Sou-za Silva, Neco, coordenador do Secretariado dos Comerciários na Força, e teve a participação de dirigentes de todo o País, que debateram os problemas que enfrentam em suas bases. Ficou decidido que, no 1º trimestre de 2015, a categoria seguirá essa pauta geral.Quanto à atuação com as demais Centrais, Neco informou que “se-rão elaborados dois documentos: um técnico e outro político”. A pauta dos comerciários conterá três reivindicações que afetam a categoria em âmbito nacional: ho-rário de trabalho – pois em muitos locais a jornada chega a 10 ou 12 horas diárias; estabelecimento do piso nacional e regulamentação do trabalho aos domingos e feria-dos.Para Cibele Cristina Lemos, presi-denta do Sindicato dos Comerciá-rios de Varginha (MG), é preciso regulamentar a lei sobre o traba-lho no comércio aos domingos e feriados porque existem patrões garantindo aos trabalhadores que, para esta atividade, não precisam mais da chancela dos Sindicatos.“Os dirigentes debateram, tam-bém, os problemas que enfren-tam de disputas nas bases com a criação de novos Sindicatos, e de empresas (grandes grupos varejistas) que se denominam supermercadistas, para contratar funcionários, mas na verdade são lojistas”, informa José Conceição Abreu, presidente do Sindicato de Pará de Minas.

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Neco: “Em muitos locais a jornada chega a 10 ou 12 horas por dia”

A cada negativa patronal, mais trabalhadores gráfi cos aderiam ao movimento

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Miguel TorresPresidente

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Continua a luta por jornada e salário decentes

Fortalecer a indústria nacional

Setores gráficos têm 7,5% e 7,65% de reajuste

Força Sindical Nacional define ações para 2015

CAMPANHA SALARIAL

COMERCIÁRIOS

Publieditorial

OPINIÃO

PLANEJAMENTO

Miguel TorresPresidente

da Força Sindical

Jornais e Revistas fecha acordo de 7,65%Usando a mesma manobra dos empresá-rios de Indústrias Gráfi cas, os patrões de Jornais e Revistas também endureceram as negociações. Eles queriam repassar apenas o índice de infl ação, mas a cada reunião sem resultado paralisações iam pipocando nas principais empresas do setor até que, na última 6ª feira, as partes chegassem a 7,65% de reajuste mais cesta básica de R$ 93,00.