jornal da força sindical n° 90

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Cerca de 4 milhões de trabalhadores já iniciaram o processo de mobilização. No Maranhão, os PMs cruzaram os braços por reajuste salarial ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – N o 90 – abril de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical PÁG. 3 1º DE MAIO será marcado por críticas à economia Comerciários fecham os melhores acordos As Centrais Sindicais prometem voltar às ruas para pressionar os políticos a aprovar suas reivindicações, como a manutenção da política de recuperação do salário mínimo Os Sindicatos de Comerciários no País negociaram os maiores acordos com ganho real em comparação com os empregados da indústria e de serviços. Das 111 unidades de negociação, 98% registraram aumentos de salário acima da inflação, segundo o Dieese Manifestantes deram um abraço simbólico na Petrobras, rechaçaram a privatização da estatal mas exigiram a apuração das denúncias Categorias farão greves por salário e direitos Protesto no Rio de Janeiro exige CPI da Petrobras Perto de 40 MIL protestam por mais direitos págs. 4 e 5 pág. 8 Os trabalhadores estão revoltados com o descaso da presidenta Dilma Rousseff, que se recusa a negociar a Pauta Trabalhista pág. 3 págs. 4 e 5 págs. 6 e 7 Arquivo Força Sindical/MA Arquivo Força Sindical/RJ Jaécio Santana

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1º de Maio será marcado por críticas à economia; Em São Paulo, cerca de 40 Mil protestam por mais direitos e as Centrais prometem voltar; Bandeiras de luta do 1º de Maio; Negociações buscam reabrir o Centro de Solidariedade; Artigo de Carolina Ruy 'Ditadura militar: o inicio da decadência'.

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Page 1: Jornal da Força Sindical n° 90

Cerca de 4 milhões de trabalhadoresjá iniciaram o processo de mobilização.No Maranhão, os PMs cruzaram osbraços por reajuste salarial

ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – No 90 – abril de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

pág. 3

1º de Maio será marcado por críticas à economia

Comerciários fecham os melhores acordos

As Centrais Sindicais

prometem voltar às ruas para

pressionar os políticos a

aprovar suas reivindicações,

como a manutenção da

política de recuperação do

salário mínimo

Os Sindicatos de Comerciários no País negociaram os maiores acordos com ganho real em comparação com os empregados da indústria e de serviços.Das 111 unidades de negociação, 98% registraram aumentos de salário acima da inflação, segundo o Dieese

Manifestantes deram um abraçosimbólico na Petrobras, rechaçaram

a privatização da estatal mas exigirama apuração das denúncias

Categorias farão grevespor salário e direitos

Protesto no Rio de Janeiro exige CPi da Petrobras

Perto de 40 Mil protestam por mais direitos

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Os trabalhadores estão revoltados com odescaso da presidenta Dilma Rousseff, que se recusa a negociar a Pauta Trabalhista pág. 3

págs. 4 e 5págs. 6 e 7

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reforçarmos os laços de unidade na ação para que o País trilhe o caminho do desenvolvimento.

Defendemos que o Estado brasileiro amplie seu papel de indutor e promo-tor do desenvolvimento por meio da efetivação de reformas estruturais, como a reforma tributária, visando a progressividade dos impostos, a taxa-ção das grandes fortunas e proprieda-des, assim como a reforma do sistema financeiro com vistas a ampliar a oferta de crédito para financiar os investimen-tos produtivos.

Lutamos, também, pela redução da jornada de trabalho de 44 horas

jornal da força sindical — no 90

diReToRia eXeCUTiVa:

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Levi Fernandes Pinto, Eunice Cabral, Almir Munhoz, João Batista Inocentini, Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, Wilmar Gomes dos Santos,Antonio Silvan Oliveira, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Carlos Antonio Figueiredo Souza, Valdir de Souza Pestana,Terezinho Martins da Rocha, Fernando Destito Francischini,Maria Augusta C. Marques, José Lião, Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva,Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes,Nilton Rodrigues da Paixão Jr., Nilton S. da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, José Pereira dos Santos, Arnaldo Gonçalves, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos,Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco,Adalberto Souza Galvão, Ruth Coelho Monteiro, Helena Ribeiro da Silva, Luiz Carlos Anastácio, Hebert Passos Filho, Carlos Cavalcante Lacerda, Elmo Silveira Léscio, Walzenir Oliveira Falcão,Valdir Pereira da Silva, Milton Baptista de Souza Filho,Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

assessoRia PolíTiCa: Antonio Rogério Magri, Hugo Perez,

João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

DIRETOR RESPONSáVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSáVEL: antônio diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Jonas de lima REDAçãO: dalva Ueharo, Fábio Casseb

e Val Gomes REVISãO: edson Baptista Colete ASSISTENTE: Rodrigo lico

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (PRESIDENTES)

aC – Luiz Anute dos Santos; al – Albegemar Casimiro Costa;aM – Vicente de Lima Filizzola; aP – Moisés Rivaldo Pereira;Ba – Nair Goulart; Ce – Raimundo Nonato Gomes; dF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); es – Alexandro Martins Costa; Go – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); Ma – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Luiz Carlos de Miranda Faria; Ms – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; Pa – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; Pe – Aldo Amaral de Araújo; Pi – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; Ro – Francisco de Assis Pinto Rodrigues; RR – José Nilton Pereira da Silva; Rs – Marcelo Avencurt Furtado; sP – Danilo Pereira da Silva; sC – Osvaldo Olavo Mafra; se – Willian Roberto Cardoso Arditti; To – Carlos Augusto Melo de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL Em BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio3o andar – Sala 303 – ASA Sul – 70302-905 Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORçA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – liberdade – CeP 01525-010Fone: (11) 3348-9000 – s. Paulo/sP – Brasil

FUNdadoR: Luiz Antonio de Medeiros PResideNTe: Miguel Eduardo Torres seCReTÁRio-GeRal: João Carlos Gonçalves (Juruna) TesoUReiRo: Ademir Lauriberto Ferreira

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e d i to r i a l 1 º d e m a i o

Nas ruas por mais direitosem abril, os trabalha-

dores brasileiros vol-taram a ocupar as ruas para debater com a so-ciedade propostas ca-pazes de desenvolver o País com soberania, va-

lorização do trabalho e distribuição de renda. Com a 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, as Centrais Sindicais reafirmaram sua intenção de aumentar a pressão sobre o governo e o Congresso Nacio-nal para que a Pauta Trabalhista seja negociada e aprovada com urgência.

Na visão do movimento sindical, as reivindi-cações da Pauta que podem promover o cres-cimento sustentado são: redução da jornada de trabalho sem redução salarial, revogação da lei do Fator Previdenciário, limite às terceirizações, proibição de demissões imotivadas, valorização das aposentadorias e maciços investimentos em Educação, Saúde, Infraestrutura, Mobilidade Urbana e Segurança Pública.

Desde 2010, quando definimos nossa agenda unitária, estamos tentando negociá-la com o go-verno. A presidenta Dilma Rousseff se compro-meteu a nos receber, porém foge dos trabalha-dores como o diabo foge da cruz. No Palácio do

O governo federal tem errado na condução da política econômi-

ca do País ao lançar mão de medi-das impopulares para combater a inflação. Na visão do movimento sindical, aumentar os juros para combater a alta dos preços prejudi-ca o crescimento econômico, o de-senvolvimento do Brasil e a geração de empregos.

Para a Força Sindical, a política eco-nômica tem de levar em conta o inves-timento no desenvolvimento do País e na produção, na valorização do traba-lho e na distribuição de renda. Neste contexto, só obteremos vantagens se

Carlos Vicente de Oliveira,

o Carlão, presidente do

Sindicato da Alimentação

de São Paulo e Região

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Miguel Eduardo Torres Presidente da Força Sindical

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Temos propostas para o crescimento do País

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Planalto são bem-vindos somente empresários e banqueiros.

Apesar do protesto, acreditamos que a presi-denta manterá sua postura arredia em relação aos nossos pleitos. Assim, sugerimos aos Sindi-catos que mantenham a mobilização para a rea-lização de novos protestos.

Ainda em abril, representantes da Central or-ganizaram um abraço simbólico no edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, exi-gindo investigação sobre denúncias de corrup-ção, mas defendendo a sua manutenção como empresa estatal do petróleo.

Nota de repúdio – Em relação a Marco Prisco, que liderou a greve dos policiais milita-res em Salvador, nós, da Força Sindical, consi-deramos sua prisão arbitrária. Antes da parali-sação o companheiro Prisco já havia tentado negociar com o governo do Estado reivindica-ções justas da categoria, mas esbarrou na in-transigência estatal.

A prisão de Prisco, que também é vereador, é uma preocupação em relação ao período da Copa do Mundo. Manifestações de protesto poderão ser reprimidas fortemente, sob o manto da ne-cessidade de manutenção da ordem pública.

para 40 horas semanais – com a ma-nutenção dos salários – pela manu-tenção da política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, pela ratificação da Convenção 158 da OIT (que impede a demissão sem motivo), pela regulamentação da Convenção 151 da OIT (negociação coletiva do setor público), pela revo-gação do Fator Previdenciário e pela derrubada do projeto que amplia a terceirização da mão de obra, entre outras reivindicações.

‘avançar na democracia com desen-volvimento social’ é o tema do 1º de Maio organizado pela Força Sin-

dical nas capitais e principais cidades do País, num momento em que a nação pas-sa por dificuldades políticas, econômicas e sociais. O Dia Internacional do Trabalho será marcado por grandes manifestações de protesto pelo descaso com que o go-verno federal trata as principais reivindica-ções dos trabalhadores.

Para o movimento sindical, o governo chama as Centrais Sindicais para negociar a regressão de direitos, porém foge dos representantes dos trabalhado-res quando a agenda prioriza a Pauta Trabalhista. Exemplos: a redução da jornada de trabalho sem o corte nos salários, a re-vogação do Fator Previdenciá-rio, a derrubada do projeto de lei que amplia a terceirização e a renovação da política de valo-rização do salário mínimo.

“Lutamos também pela cor-reção da tabela do Imposto

de Renda na fonte, aumento dos investi-mentos em Saúde, Educação, Transporte e Segurança, pagamento das perdas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e medidas para estancar a alta rotativida-de da mão de obra brasileira”, alinhavou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

A frouxidão com que a presidenta Dilma Rousseff conduz a economia do Brasil, ao apostar na alta dos juros sob o pretexto de combater a inflação, não vai passar em branco. “Ela privilegia a especulação em detrimento da produção, do emprego e

da distribuição da renda”, cri-tica Juruna.

CorrupçãoNo plano político, os diri-

gentes da Força Sindical vão denunciar a corrupção na má-quina do Estado. “Vamos exi-gir investigação e punição dos servidores que se envolveram, direta ou indiretamente, nos casos de desvios de recursos

Governo será criticado por nãonegociar a Pauta Trabalhista

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No Dia do Trabalhador de 2013, o mote foi preservar direitos e reforçar a luta por avanços

• Jornada de 40 horas por semana sem redução de salários

• Fim do Fator Previdenciário• Reforma Agrária • Igualdade de oportunidades

entre homens e mulheres• Política de valorização dos

aposentados• 10% do PIB para a Educação• 10% do orçamento para a Saúde• Correção da tabela do Imposto

de Renda• Ratificação da Convenção 158

da OIT • Regulamentação da Convenção

151 da OIT• Ampliação do investimento

público• Pagamento das perdas do FGTS• Juros menores

Bandeiras de luta do 1º de Maio

Juruna: “A presidenta privilegia a especulação em detrimento da produção”

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públicos”, afirma o 1º secretário da Central, Sérgio Luiz Leite, o Serginho. O caso da Petrobras é exemplar no que se refere à má gestão do dinheiro público e no desvio de recursos por empregados que tomaram conta da administração da companhia.

Num ano de Copa do Mundo e de elei-ções gerais no País, o movimento sindical vai convocar a sociedade a tomar partido no processo, conduzindo para a Presidência e Parlamento políticos realmente comprome-tidos com as bandeiras de luta dos trabalha-dores. “Para ter o nosso apoio, os candida-tos terão de apresentar suas propostas em relação ao desenvolvimento do País, com soberania, valorização do trabalho e distri-buição de renda”, resumiu Serginho.

Segundo os dirigentes da entidade, no Dia do Trabalhador as conquistas dos assa-lariados serão festejadas, pois exigiram or-ganização, mobilização e luta. Entre outras vitórias, os dirigentes citaram a negociação que resultou na política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, que ex-pira este ano, a regulamentação das Cen-trais Sindicais e a derrubada da Emenda 3.

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aos gritos de palavras de ordem como “Não à privatização” e “Rumo à CPI (Co-missão Parlamentar de Inquérito)”, sindi-

calistas e trabalhadores deram um abraço sim-bólico no edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, exigindo investigação sobre denúncias de corrupção na estatal do petróleo.

Promovido pela Força Sindical e pela ins-tância estadual da Central, no Rio de Janeiro, o protesto reuniu trabalhadores de todos os setores da economia. Baianas lavaram a es-cadaria do principal acesso ao prédio, pedin-do o fim da corrupção e transparência.

Para a Força Sindical, só uma CPI exclusi-va pode devolver credibilidade à Petrobras, apontando e punindo os culpados pelas frau-des que vêm sendo denunciadas nos últimos

dias. Presidente licenciado da Força Sin-dical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que a CPI é importante para “abrir a caixa preta” da estatal.

“Este ato é para mostrar à sociedade que nós apoiamos a CPI e que, se forem comprovadas irregularidades, que sejam cassados todos os envolvidos, inclusive a presidenta da República”, disse ele, de cima de um caminhão de som.

Gafanhotos – Paulinho da Força disse também que o objetivo do protesto não é político, e sim para manter a Petrobras “nas mãos do Brasil”, afastando da petrolí-fera os “gafanhotos do PT (Partido dos Tra-balhadores)”. Em seu discurso, ele lembrou

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que a companhia perdeu mais da metade do valor de mercado que tinha até 2010, quando caiu de R$ 380 bilhões para apenas R$ 179 bilhões.

Já o presidente da Força Sin-dical, Miguel Torres, ressaltou que “estão sangrando a Petrobras há muito tempo”. E completou: “a Petrobras não é de governos ou de partidos, mas patrimônio do povo brasileiro. Pior do que a privatização é a falência. Precisamos abrir a caixa preta da Pe-trobras, essa empresa que surgiu na década de 1950 para que o Brasil fosse autosuficien-te em petróleo, referência em tecnologia”.

Sindicalistas reafirmaram que a Pe-trobras está sendo “desmoralizada” em

p r ot e s to

Trabalhadores vão aumentarpressão sobre o governo

Manifestantes defendem Petrobras,

os 40 mil manifestantes presentes à 8ª Marcha da Classe Trabalhadora decidiram intensificar a pressão so-

bre o governo e o Congresso para que as reivindicações da Pauta Trabalhista sejam negociadas e aprovadas.

“O governo não atende os trabalhado-res, privilegiando os setores conservado-res, os grandes empresários, a bancada patronal e os que vivem da especulação. Por isto, continuaremos nas ruas em defesa dos direitos, do emprego e do setor pro-dutivo, dispostos a influenciar mais uma vez nos destinos do País, por soberania, democra-cia e valorização do trabalho”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

A Marcha foi realizada em 9 de abril, em São Paulo, pela

Força Sindical e demais Centrais, com pre-sença de trabalhadores e dirigentes sindi-cais de São Paulo, capital e interior, e de ou-tros Estados. Eles saíram em passeata da Praça da Sé e foram até o Masp, na Avenida Paulista, onde reafirmaram a necessidade de aumentar o grau dos protestos para em-placar a Pauta Trabalhista.

O movimento sindical defende a ma-nutenção da política de valorização do

salário mínimo, o fim do Fator Previdenciário, não à terceiri-zação total, contra as demis-sões imotivadas, por aumento real para as aposentadorias, direito de negociação para o setor público e redução da jornada, sem o corte nos sa-lários, entre outras.

O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juru-

na, disse que o protesto foi uma das maiores manifestações da história do País, com des-taque para a “unidade das Centrais e a mobi-lização dos trabalhadores”.

Maria Auxiliadora dos Santos, secretária Nacional da Mulher da Força, defende a “aprovação do projeto da igualdade entre ho-mens e mulheres”. Eunice Cabral, presidenta da Conaccovest (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados), quer aumentar “a participação da mulher na política”.

Jovens nas ruas Antonio de Sousa Ramalho, presidente do

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo, disse que “é pre-ciso também segurar a inflação”. “Se o governo não ouvir as reivindicações dos jovens, vamos protestar nas ruas”, ameaçou Jefferson Tiego, secretário da Juventude da Força Sindical.

Para o presidente em exercício do Sin-dicato dos Metalúrgicos de Santo André, José Braz da Silva, o Fofão, a conquista da redução da jornada de trabalho será impor-tante porque vai gerar emprego e qualida-de de vida. “Temos que garantir o reajuste anual do salário mínimo”, insistiu Marcelo Avencurt Furtado, presidente da Força-RS.

“Vamos ter de negociar a valorização das aposentadorias”, disse Albegemar Costa, o Gima, presidente da Força-AL. “As Centrais precisam intensificar a luta por seus direi-

tos”, sugeriu Paulo Pereira da Silva, o Pauli-nho, presidente licenciado da Força.

“Exigimos do governo o mesmo bom tra-tamento que ele dá aos empresários”, co-brou Carlos Alves dos Santos, o Carlinhos, presidente da Força-DF. Além de encami-nhar o documento com a pauta ao governo e ao Congresso, os dirigentes reivindicam audiência com a presidenta. Se as nego-ciações não avançarem, será realizada uma nova marcha: “a Marcha do Basta!”, prome-te o movimento sindical.

Auxiliadora: luta pela igualdade entre homens e mulheres

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mas exigem CPIfunção da administração polí-tico-partidária que controla a companhia. “Por isto a CPI é de interesse do povo”.

“Não vamos nos curvar. Quem não deve não teme e tem de en-frentar a situação. Além de sin-dicalistas, somos brasileiros, e a Petrobras é nossa porque é de todos os brasileiros. Temos me-talúrgicos sem trabalho em Ni-terói porque os estaleiros estão

parados. Onde está o dinheiro da Petrobras, que não movimenta mais nossos estalei-ros?”, perguntou Francisco Dal Pra, presiden-te da Central-RJ.

Cartazes com o dizer “Pasadilma”, em referência à compra da Refinaria Pasade-na, foram penduradas nas grades da Petro-bras. Para encerrar o movimento, baianas das escolas de samba da Tijuca e Estácio lavaram a escadaria da Petrobras.

Primeiro da direita para a esquerda, Paulinho sugeriu a intensificação da luta por mais direitos

Baianas lavam a escadaria do prédio da Petrobras, pedindo o fim da corrupção

Miguel destacou o descaso do governo para com as reivindicações dos trabalhadores

Os manifestantes terminaram a passeata no vão livre do Masp

Dal Pra: “Onde está o dinheiroda Petrobras que não movimentamais nossos estaleiros?”

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c a m pa n h a s a l a r i a l

Categorias preparam

em reunião realizada na sede da Força Sindical, representantes dos por-tuários, rodoviários, me-

talúrgicos, têxteis, brinquedos, alimentação, químicos, costu-reiras, frentistas, eletricitários, construção civil, aeroviários, servidores públicos e gráficos discutiram estratégias para fe-char bons acordos nas Campa-nhas deste semestre.

O presidente da Central, Miguel Torres, disse que a partir de maio haverá paralisa-ções semanais por categoria em protesto contra os erros econômicos do governo, que vêm prejudicando as negociações

salariais. A Central tem 759 Sindicatos em Campanha Sa-larial neste semestre, repre-sentando mais de 4 milhões de trabalhadores. “Todas as entidades vão trabalhar unidas nesta grande mobilização por aumento real e mais direitos”, assegurou Miguel Torres.

O presidente da Fequimfar (Federação dos Químicos), Sér-

gio Luiz Leite, o Serginho, falou que é preo-cupante a situação no setor sucroalcooleiro. Segundo ele, de 105 usinas 26 estão para-das, e 22 em recuperação judicial. “Falta uma política estratégica do governo para o setor”, afirma Serginho.

Para Melquíades de Araújo, presidente da Fetiasp (Fede-ração dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de SP), “é preciso fazer campa-nhas fortes nos dois semestres e negociar com o governo uma política para os setores em di-ficuldade”. O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, ressalta que “bons acordos agora me-lhoram a renda dos trabalhado-res e resultam no incremento do mercado interno”.

Mobilizações e conquistas

Os cerca de 25 mil frentistas de São Paulo conquistaram reajuste de 8,488%, tíquete-refeição de R$ 12, cesta básica de 30kg, seguro de vida gratuito e obrigatório e a garantia de que os 6% do vale-transporte não serão desconta-dos dos salários.

Segundo o presidente do Sindicato dos Frentistas de São Paulo (Sinpospetro-SP), Rivaldo Morais da Silva, as partes voltarão a negociar de dois em dois meses outras rei-vindicações. Também participaram das nego-ciações a Federação Estadual da categoria (Fepospetro-SP) e mais 14 Sindicatos da re-gião metropolitana e do Interior.

Os mais de 15 mil trabalhadores da indús-tria farmacêutica no Estado de SP, liderados pela Fequimfar, conquistaram reajustes de 7%, e de até 10,02% no piso, aumento nos valores da cesta básica ou vale-alimentação, PLR, implantação imediata da licença-mater-nidade de 180 dias em empresas acima de 250 funcionários e outros avanços. Segun-do Serginho, presidente da Fequimfar, a luta agora é para os trabalhadores do setor do etanol conquistarem aumento real, valoriza-ção do piso, PLR, fim da rotatividade da mão de obra, qualificação profissional e melho-ria nas condições de saúde e segurança. “As negociações se-rão difíceis”, admitiu.

Os trabalhadores da construção civil do Rio de Janeiro cruzaram os braços e fecharam acordo com 15% de reajuste salarial

Araújo: fazer campanhas salariais fortes nos dois semestres

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Metalúrgico da GM conquista aumento de 7%Na base metalúrgica, merece destaque

o estado de greve anunciado pelo Sin-dicato dos Metalúrgicos de Gravataí, que foi determinante para os metalúrgicos da GM conquistarem reajuste de 7%, piso sa-larial de R$ 1.300, PPR a partir de R$ 10 mil e abono salarial a partir de R$ 3.200. Os di-retores Edson Dorneles e Valcir Ascari dis-seram que foi uma negociação difícil mas, diante de um “momento frio do mercado”, os avanços são positivos.

José Frazão, presidente da Força Sin-dical-MA, comemora a conquista, depois de uma greve de nove dias, das 40 horas

semanais para os bombeiros e policiais militares do Estado, e o aumento sa-larial dos cabos, soldados e 1o sargen-tos, que vão receber um aumento, res-pectivamente, no valor de R$ 700, R$ 1.050 e R$ 3 mil.

Após quatro dias de greve, os traba-lhadores da Construção Pesada e Mon-tagem Industrial da Bahia, liderados pelo Sintepav Bahia, conquistaram um reajus-te de 9% e cesta básica de R$ 270, entre outras reivindicações. Para o presidente Bebeto Galvão, os avanços são o retrato da mobilização dos trabalhadores.

Ascari: os trabalhadores ameaçaram entrar em greve e a GM concordou em reajustar os salários em 7%

A Força Sindical intensificará as Campanhas Salariais com data-baseno primeiro semestre e promete grandes paralisações e manifestações nacionais durante a Copa do mundo, para denunciar os efeitos da inflação sobre os salários e a economia

grevespor AumENTO REAL ede DIREITOS

garantiagarantiaSerginho: “Falta uma

política estratégica do governo para o setor

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Ramalho: sem acordo, a categoria vai entrar em greve

por ganho real de salário

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Construção civilOs 370 mil operários da construção civil de

São Paulo querem aumento real de 5%, e de-ram um prazo até 12 de maio para os patrões darem uma resposta sobre os itens econômi-cos e sociais. “Se não for positiva, entraremos em greve”, diz o presidente do Sintracon-SP, Antonio de Sousa Ramalho.

O Sintraconst (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Rio de Janeiro), pre-sidido por Carlos Antonio Figueiredo Souza, conquistou reajuste salarial de até 15% para a categoria, que também foi beneficiada com reajuste nos pisos, aumento no tíquete-refei-ção e fornecimento de almoço (hot-box) obri-gatório em canteiros com mais de 35 trabalha-dores, entre outros.

O Sintraconst luta também pelos direitos dos trabalhadores do Parque Olímpico Rio 2016, empreendimento do Consórcio Rio Mais, que descumpriu acordo que previa o aumento do tíquete-assiduidade (vale-compras) para 200 reais, retroativo a março, e a retomada das negociações sobre as outras reivindicações apresentadas.

CubatãoApós 11 dias de greve, os operários da

empreiteira Tomé, que presta serviços à Refinaria Presidente Bernardes, de Cubatão, uma das mais importantes da Petrobras, conquistaram o pagamento dos dias parados, do adicional de pericu-losidade de 30% e do vale-alimentação no período. O Sintracomos (Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Santos e Região), presidido por Ma-

caé Marcos Braz de Oliveira, poderá agora entrar nas áreas da refinaria para verificar as condições de trabalho e ou-tros avanços.

O Sindicato dos Trabalhadores na Admi-nistração Pública Municipal de Guarulhos (Stap), presidido por Pedro Zanotti Filho, luta por 25 mil servidores em busca do aumento real, melhorias e mais direitos. “Se a cidade se desenvolve, é justo que o servidor seja contemplado”, diz Pedro.

Macaé: operários da Tomé fizeram greve de 11 dias e conquistaram adicional de periculosidade e vale-alimentação

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s a l á r i o m í n i m o c o n j u n t u r a

GaNho Real alcança 72%, mas recuperação pode acabar

Comércio teve os maiores reajustes

Por causa da Lei 12.382/11, instituída em função da pressão das Centrais Sin-

dicais, o ganho real do salário mínimo atingiu 72,31% de 2002 até os dias de hoje. Com isso, em torno de 48 milhões de pes-soas têm o rendimento referen-ciado no mínimo, cujo valor atual (R$ 724) equivale a 2,21 cestas básicas. A elevação do poder de compra fez com que quase 40 milhões de trabalhadores ingres-sassem na classe média.

Resultado de três Marchas Unitárias a Brasília, a política de valorização do salário mínimo, que impulsionou a economia e aumentou o consumo popular, corre o risco de acabar. É que a lei dispõe que o governo federal deve enviar ao Congresso novo projeto de lei, até 31 de dezem-bro de 2015, para manter o rea- juste anual e o ganho real de 2016 a 2019.

Por isso, o movimento sindi-cal tem de priorizar a luta para manter o aumento real. Preci-sa pressionar e negociar com o governo federal e com o Con-gresso, assim como promover

No ano passado, os trabalha-dores do comércio conse-guiram arrancar dos patrões

os maiores reajustes com aumen-to real de salário no País. Das 111 unidades de negociações entre capital e trabalho, 98% registra-ram acordos com aumentos su-periores à inflação, segundo pes-quisa do Dieese.

reuniões com os presidenciá-veis para que eles assumam o compromisso de manter o au-mento real para o mínimo.

Cortar o reajuste anualAlerta o Dieese: “os edito-

riais, os artigos e os tex-tos de articulistas – publi-cados na grande impren-sa – alegam que o salário mínimo, com seus au-mentos reais, indexa a economia e, enquanto houver indexação, não há como debelar a inflação.” Segundo o instituto, os adversários da recupera-ção do piso “não querem apenas acabar com o au-mento real, mas eliminar o próprio reajuste anual, com base no Índice Na-cional de Preços ao Con-sumidor (INPC).”

Desde 2002, o valor do salário mínimo saltou de R$ 200 para os atuais R$ 724, o que promo-veu uma das maiores inclusões sociais da his-tória recente do País.

está aberto o debate so-bre a natureza do pro-cesso inflacionário, que

tem prejudicando os assala-riados e o Brasil nos últimos anos. Saber o que vem cau-sando a inflação é importan-te para o trabalhador porque, dependendo do remédio a ser ministrado pela equipe econômica do governo, o im-pacto sobre sua renda será maior ou menor.

Para o mercado financei-ro, a inflação sobe porque a demanda é maior do que a oferta de produtos. Seus eco-nomistas interpretam que o governo administra mal a eco-nomia, pois teria abandonado o sistema de metas de infla-ção e decidido congelar o preço dos insu-mos e das tarifas públicas.

Teria errado, também, ao não tomar ne-nhuma medida para conter o consumo da população, cuja renda cresceu muito nos últimos anos e demorou para retomar os aumentos da taxa de juros (Selic).

Segundo a Nota Técnica 122 do Dieese “considerar excesso de demanda dentro do atual cenário de baixa atividade econô-mica no País chega a ser um ato de má-fé. O próprio Banco Central, conservador nas análises, considera que a demanda interna tem crescido aquém das expectativas”.

Ainda de acordo com o documento, a in-flação alta deve-se basicamente ao aumen-

to dos preços dos alimentos, dos pre-ços administrados pelo governo e da-queles que sofrem o impacto da sa-zonalidade. Como

exemplo, o instituto cita sua pesquisa da cesta básica realizada em 18 capitais do País. Em sete delas, a alta dos preços em março foi significativa: pouco acima de 12% em Campo Grande, Goiânia, Porto Alegre e Curitiba; Rio de Janeiro (alta de 9,66%), Brasília (9,41%) e São Paulo (8,03%).

Conclui o Dieese: “Não existem indícios de que se trata de uma inflação de demanda, o que faz com que um aumento nas taxas de juros, além dos conhecidos custos sociais e econômicos, não tenha efetividade prática no controle dessas pressões inflacionárias”.

Duplo prejuízoOs trabalhadores são pre-

judicados duplamente quan-do o governo se utiliza de propostas dos banqueiros para gerir a economia. Por si só, a aceleração da inflação ataca os salários, reduzindo o poder de compra. Ao com-

batê-la por meio do aumen-to dos juros, o governo en-carece o custo do dinheiro e eleva os preços dos bens de consumo.

“Salário corroído e aumen-to dos preços das mercado-rias reduzem o consumo e a produção, os patrões demi-tem em massa e se instaura a recessão”, avalia a presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo, Eunice Cabral. Para ela, a Força Sindical e as demais Centrais precisam intensificar as manifestações e deflagrar greves para im- pedir que os trabalhadores paguem o custo do combate à inflação.

No caso de a equipe eco-nômica ceder em direção aos argumen-tos do mercado financeiro, estará diante de um dilema: aumentar os juros, assu-mindo o custo social e seus efeitos ne-gativos na atividade econômica, ou apos-tar na via anti-inflacionária, aumentando a oferta por meio da valorização do traba-lho e da distribuição de renda.

Lauriberto: as negociações do segundo semestre foram melhores

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nham o mínimo é considerável nas administrações municipais das regiões Norte e Nordeste. Atualmente, o Dieese consi-dera que o mínimo, hoje, “já é o maior valor real das médias anuais desde 1983.”

É resultado da unidade na luta das Centrais Sindicais.

O acordo saiu em 2006 e a Lei 12.382, que instituiu a polí-tica de longo prazo, foi promul-gada em 2011. O impacto sobre o setor público dos que ga-

Na indústria, aumentos reais fo-ram observados em 89% dos 343 acordos, enquanto os trabalhado-res dos serviços conquistaram ga-nho real em 78% das 217 unidades de negociação do setor. No geral, o Dieese analisou 671 acordos fir-mados entre capital e trabalho e constatou que 87% deles conse-guiram aumento real, 7% empata-

ram com a inflação e 6% não recu-peraram o valor dos salários.

Os dados de 2013 mostram um recuo em relação aos de 2012. “Os números só não foram piores por-que as negociações do segundo semestre ocorreram num cenário de queda da inflação, desempre-go baixo e de reação econômica”, disse o tesoureiro da Força Sindi-cal e presidente do Sindicato dos Comerciários de São Carlos, Ade-mir Lauriberto Ferreira.

Causas da inflação no Brasil• Preços dos alimentos;

• Preços administrados: tarifas públicas (transporte, por exemplo);

• Variação cambial: encarecimento de insumos, impactos nos aluguéis e nos contratos administrados;

• Sazonais: passagens aéreas, excursões, educação;

• Despesas pessoais: cigarros e emprego doméstico;

• Combustíveis e aço (commodities);

• Sobreposição de impactos isolados;

• Choques de ofertas, com impacto dos preços administrados e sazonais

Fonte: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)

d i e e s e

Trabalhador não vai pagarpelo combate à inflação

Eunice: queda da renda reduz o consumo e a produção

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www.fsindical.org.brjornal da força sindical — no 90 abril de 2014

gados no Comércio de Porto Alegre (Sin-dec) e secretário de Relações Internacio-nais da Força Sindical, os comerciários são uma das mais importantes categorias profissionais do País e, consequentemen-te, da Força Sindical. “Esta reorganização é fundamental tanto para o fortalecimento dos comerciários na Central quanto para as lutas da categoria, em nível nacional, por salário e melhores condições de traba-lho”, diz Neco.

Além disto, farão parte dos debates te-mas como redução jornada de trabalho, revogação do Fator Previdenciário, fim da terceirização e combate ao assédio moral e sexual nos locais de trabalho. “Também vamos discutir os chamados sindicatos independentes, acordo cole-

C ontinuam as negociações com o governo e o Ministério do Traba-lho e Emprego pela renovação de

um convênio que garanta a retomada do atendimento do Centro de Solidariedade ao Trabalhador. O CST, maior agência de emprego do País e referência em todo o sistema SINE (Sistema Nacional de Em-prego), tinha 155 funcionários.

A entidade, que se notabilizou pela qua-lidade do atendimento prestado, volume de captação de vagas, intermediação de

dirigentes das 138 entidades sindicais filiadas à Força Sindical vão debater a realidade nacional dos comerciários,

entre as quais a sua organização e as de-mandas específicas e gerais da categoria. A Plenária do Secretariado Nacional dos Comerciários da Força Sindical Nacional está marcada para os dias 5 e 6 de maio,

em Belo Horizon-te, Minas Gerais.

Para Nilton Sou- za da Silva, o Neco, presidente do Sin-dicato dos Empre-

Categoria realiza plenária nacional em Belo Horizontec o m e r c i á r i o s

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mão de obra e apoio aos desempregados, foi fechada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para Miguel Torres, presi-dente da Força Sindical e da CNTM, além de prestar um serviço gratuito, o Centro sempre apoiou os desempregados que procuravam a entidade em busca de uma vaga no mercado de trabalho.

Criado pela Força Sindical em 1998, quando o índice de desemprego em São Paulo atingia 20%, o Centro de Solidarieda-de atendeu, nestes 16 anos de existência,

tivo nacional e fim das disparidades re-gionais entre os pisos da categoria no País, entre outros”.

“Depois das palestras e dos debates, os participantes vão elaborar e aprovar a Car-ta de Belo Horizonte, com as principais rei-vindicações da categoria, além de eleger e dar posse ao novo Secretariado Nacional dos Comerciários”, informa Geraldino dos Santos Silva, secretário de Re-lações Sindicais da Força Sindical.

cerca de 15 milhões de pessoas. A previsão era chegar em 2015 à marca de 1 milhão de colocados no mercado de trabalho.

Passeata Além das negociações em andamento,

no dia 3 de abril cerca de 700 pessoas, os funcionários das três unidades do CST, diri-gentes da CNTM (entidade que administra o CST), da Força Sindical e de Sindicatos filiados, além de trabalhadores que utili-zam os serviços do posto de atendimento, saíram em passeata da rua Galvão Bueno, onde está localizado o posto na Liberdade, até a Superintendência Regional do Traba-lho e Emprego, no centro de São Paulo.

No local foi realizado um ato, com a pre-sença do superintendente Luiz Antônio de Medeiros, no qual os sindicalistas solicita-ram sua intermediação junto ao governo federal para a renovação do convênio com o Ministério do Trabalho. “Defendemos a continuidade do atendimento do CST”, des-tacou Miguel Torres.

c u s t e i o

Felício recebe apoiopara presidente da CSI

Investir no protagonismodas instâncias da Central

a Força Sindical, CUT, UGT e CNPL, entre outras Centrais Sindicais, deci-

diram indicar João Felício, atual secretário de Relações Interna-cionais da CUT, para ser candi-dato de consenso para o cargo de presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), no próximo congresso mundial, marcado para 18 a 23 de maio de 2014, em Berlim, Alemanha.

A candidatura das Américas

a Força Sindical vai denunciar gover-no, Judiciário e os empresários por práticas antissindicais na Organiza-

ção Internacional do Trabalho (OIT), espe-cialmente no que toca ao custeio do siste-ma sindical. A reclamação, a ser elaborada

e o nome de Felício sofreram resistência por parte de alguns países, como a Alemanha, Ja-pão e EUA. Chegaram a propor uma emenda aos estatutos indicando que o próximo pre-sidente da CSI tinha de ser presidente da Central Sindical nacional, o que inviabilizaria a candidatura do Brasil e das Américas. Mas a unidade das Centrais brasileiras levou es-ses países a voltar atrás.

dirigentes da Força Sindical dos nove Estados do Nor-deste vão deflagrar uma

série de ações para fortalecer as instâncias da Central na região. Eles querem melhorar a organi-zação das entidades, atuar na construção de parcerias com a sociedade e incrementar as ati-vidades nos locais de trabalho e Sindicatos.

Anfitriã do IV Encontro da Força Sindical Nordeste, realiza-

Carlos Acevedo(pres. da CNP);Juruna (secretário-geral da Força Sindical);Vagner Freitas (pres. da CUT); Michel Summer (pres. da CSI); João Felício (CUT); Nair Goulart (Força-BA) e Ricardo Patah (pres. da UGT)

Força Sindical quer negociar legislação com o Congresso Nacional

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Neco: debater as reivindicações específicas e gerais da categoria no País

Geraldino: “Ao final da plenária, vamos elaborar a

Carta de Belo Horizonte”

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Negociações buscam reabrir o Centro de solidariedade

Ingerência do Estado gera reclamação

Trabalhadores, funcionários do CST e sindicalistas foram em passeata até a sede da Superintendência Regional do MTE

José Antônio de Souza (RN),

Paulo Roberto (BA),Nair Goulart,

Miguel Torres, Geraldino

dos Santos e Willian

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do em meados de abril, a presi-denta da Força Sindical-BA, Nair Goulart, explicou que a região tem experimentado um cres-cimento econômico acelerado sem o protagonismo sindical.

“Precisamos nos aproximar da OAB, do Ministério Público, do Ministério Público do Traba-lho e da imprensa”, afirmou, ao acrescentar: “vamos influenciar nas decisões políticas, econô-micas e sociais nos Estados”.

c o n g r e s s o n o r d e s t e

pela entidade e demais Centrais Sindicais, será encaminhada à 103ª Conferência da OIT, que será realizada em Genebra, Suíça.

A decisão foi tirada no seminá-rio ‘O Custeio dos Sindicatos: As-pectos Políticos-Jurídicos’, pro-movido pela Força do Rio Grande

do Sul, Santa Catarina e Paraná, realizado em Florianópolis.

Segundo o presidente da Força Sindi-cal, Miguel Torres, o Tribunal Superior do Trabalho e o Ministério Público do Traba-lho têm atacado sistematicamente a livre

organização sindical brasileira por meio de ações, atos e sentenças que impedem as entidades de exercer o seu direito legal de instituir taxas de custeio.

“A atuação deles é uma afronta ao que de-termina a Convenção 154 da OIT, que trata da promoção da convenção coletiva”, reclamou ele. “Cobrar assistencial e confederativo não infringe nenhuma norma constitucional”, com-pleta. O presidente licenciado da Central-RS, Cláudio Silva, o Janta, disse que as Centrais vão negociar com o Congresso a elaboração de lei capaz de uniformizar a cobrança de uma taxa chamada de negocial.

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jornal da força sindical — no 90

o iNíCio dadecadência

Mas, embora Geisel integrasse um grupo mais liberal entre os mili-tares, a intenção em promover a abertura “lenta e gradual” não foi

o que o levou ao Planalto. Pelo contrário, o contexto econômico e político nacional, e, sobretudo, internacional, empurravam a linha dura do regime para o fundo do poço.

Isto porque, em primeiro lugar, o milagre econômico, iniciado em 1969, que apesar de não romper com a desigualdade social, sus-tentava a ideia de que o Brasil era uma po-tência em desenvolvimento, chegava ao fim.

Em segundo lugar, nas eleições de 1974 o MDB, partido de oposição ao governo, ga-nhou espaço conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Depu-tados e a prefeitura da maioria das cidades.

Em terceiro lugar, esta distensão se deu pela pressão social contra as arbitrariedades ocorridas, sobretudo após o AI-5, de de-zembro de 1968.

E, em quarto lugar, este pro-cesso foi cercado de interesses escusos, que já apontavam para um novo sistema econômico, incompatível com a rigidez polí-tica empreendida até aqui.

Geisel venceu a parada sem que, no entanto, parassem com os assassinatos. E iniciou a abertura lenta, gradual e segura, que o jornalista Emiliano José, chamou de “transição pactuada, marcada por prisões, torturas e

desaparecimentos” (O silêncio dos ino-centes – revista Teoria e Debate nº 110).

As mortes sob tortura do estudante Alexandre Vannucchi Leme, em 1973, e do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, nas dependências do II Exército, mobi-lizaram milhares de civis, marcando um momento de repúdio social em relação ao regime. As cerimônias em torno do enterro do metalúrgico Manuel Fiel Filho, em 1976, assassinado sob as mesmas cir-cunstâncias, por outro lado, não mobiliza-ram multidões, mas seus desdobramen-tos políticos foram decisivos.

O assassinato, injustificável até mesmo entre os agentes da repressão, de Fiel Fi-lho, levou Geisel a exonerar o comandante do II Exército, responsável pelo DOI-CODI paulista, Ednardo D’Ávila Mello, lançando--se ao primeiro choque frontal com um chefe militar. Em sua série sobre a ditadu-ra militar, o jornalista Elio Gaspari enfatiza

a contrariedade de Geisel, demonstrando como esta decisão marcou uma divergên-cia dentro do governo: foi ao choque sem deixar espaço para negociação, nem mes-mo para salvar as aparências. Sumária, a demissão negou a Ednardo o direito de argumentar que passara o fim de semana fora de São Paulo. Imediatamente foi es-tabelecida uma relação de causa e efeito com a morte do operário. (...) O regime acumulara em torno de trezentos mortos e cerca de seis mil denúncias de tortura. Mas, na noite de 18 de janeiro de 1976, o problema do general Ernesto Geisel re-lacionara-se com a disciplina militar, não com os direitos humanos (Elio Gaspari – A ditadura encurralada, Companhia das Letras, 2004).

Ednardo trocou de cargo com Dilerman-do Gomes Monteiro, que era chefe do De-partamento de Ensino e Pesquisa, sem grandes alardes na imprensa. Tal cautela

mascarava uma crise de grandes proporções que se abatera sobre o governo militar. Crise que che-garia ao ápice com a demissão do próprio ministro do Exército, Sylvio Frota, em 12 de outubro de 1977. Expoente da linha dura do regime, Frota, que ambiciona-va ocupar a cadeira de presiden-te, foi substituído pelo general Fernando Belfort Bethlem, então comandante do III Exército. Foi o sinal definitivo de que a linha dura entrara em decadência.

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

Desde o golpe de 1964, o governo militar foi permeado por uma tensão entre duas visões hegemônicas acerca da política nacional. Tanto que, quando o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência, em março de 1974, sinalizando um relativo afrouxamento político, expoentes da chamada “linha dura” do regime ficaram contrariados.

por: Carolina maria Ruy*

ditadura militar:m e m ó r i a s i n d i c a l

Ato ecumênico na Catedral da Sé em memória do jornalista Vladimir Herzog

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