jornal da força sindical 96

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O povo vai à luta para derrubar as medidas provisórias que dificultam o acesso aos benefícios sociais e trabalhistas, além de reduzir direitos > Págs. 5/6/7/8 Centrais lideram ofensiva e marcam paralisações para março JORNAL DA ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – N o 96 Fevereiro/Março de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical As altas taxas prejudicam toda a sociedade > Pág. 3 Mulheres serão as mais prejudicadas > Pág. 9 Mobilização vence intransigência patronal > Págs. 10/11 ROTATIVIDADE MEDIDAS PROVISÓRIAS CAMPANHA SALARIAL A radicalização dos protestos no País começou no final de janeiro e início de março com a mobilização de dezenas de milhares de trabalhadores Luta por 6,5% de reajuste do IR

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Destaques - ROTATIVIDADE: 'As altas taxas prejudicam toda a sociedade'; MEDIDAS PROVISÓRIAS - Mulheres serão as mais prejudicadas; CAMPANHA SALARIAL: 'Mobilização vence intransigência patronal'; Centrais lideram ofensiva e marcam paralisações para março; Miguel Torres, Bebeto, Carolina Maria Ruy e muito mais.

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Page 1: Jornal da Força Sindical 96

O povo vai à luta para derrubar as medidas provisórias que difi cultam o acesso aos benefícios sociais e trabalhistas, além de reduzir direitos > Págs. 5/6/7/8

Centrais lideram ofensiva emarcam paralisações para março

ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL

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FORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALJORNAL DA

ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – No 96 Fevereiro/Março de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

As altas taxas prejudicamtoda a sociedade > Pág. 3

Mulheres serão as mais prejudicadas > Pág. 9

Mobilização venceintransigência patronal > Págs. 10/11

ROTATIVIDADE MEDIDAS PROVISÓRIAS CAMPANHA SALARIAL

A radicalização dos protestos no País começou no fi nal de janeiro e início

de março com a mobilização de

dezenas de milhares de trabalhadores

Luta por 6,5% de reajuste do IR

Page 2: Jornal da Força Sindical 96

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, Almir Munhoz, João Batista Inocentini,Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, José Lião,Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Terezinho Martins da Rocha, Valdir de Souza Pestana, Maria Augusta C. Marques, Fernando Destito Francischini,Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton

Rodrigues da Paixão Jr., Nilton Souza da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo Gonçalves, José Pereira dos Santos, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco, Adalberto Souza Galvão,Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio,Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio,Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva,Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Vandeir Messias Alves; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Reinaldo Alves de Lima Jr.; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Eraldo Cavalcante REDAÇÃO: Dalva Ueharo e Val Gomes REVISÃO: Edson Baptista Colete (MTb: 17898/SP)

ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICALRua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

Fone: (11) 3348-9000 – São Paulo/SP – Brasil

E X P E D I E N T E

youtube.com/user/centralsindicalfacebook.com/CentralSindical fl ickr.com/photos/[email protected] twitter.com/centralsindicalfsindical.org.br

ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres

SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna) TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira

Intensifi car a luta para não pagarmos a conta da crise

As medidas de ajuste fi scal e monetário (MPs 664 e 665), restrição ao crédito, elevação da taxa de juros, aumento das tarifas públicas e a corrupção generalizada vêm gerando um clima

de descontentamento no Brasil. Há uma percepção de que temos um governo fraco. E não é para menos. Calcula-se que quase cinco milhões de pessoas vão perder o direito ao seguro-desemprego por conta das novas medidas; a crise na Petrobras já provocou vinte mil demissões; as montadoras de veículos passaram a cortar pessoal; há greves de professores; caminhoneiros pararam rodovias em vários Estados. Dias atrás, manifestantes fecharam a Ponte Rio-Niteroi. A Força Sindical promoveu protesto no Congresso exigindo 6,5% de reajuste na tabela do Imposto de Renda na fonte. As manifestações são resultado da política econômica recessiva ainda do primeiro governo de Dilma.

Com o recém-lançado pacote econômico, espera-se redução da atividade econômica com aprofundamento da desindustrialização, demissões em massa e queda da renda.

Também revoltou os trabalhadores o fato de a presidenta ter garantido que não mexeria nos direitos trabalhistas e previdenciários, e ter voltado atrás logo após a reeleição. Seu projeto econômico tem o objetivo de fazer o trabalhador arcar com o ônus da crise. Mas isto nós não vamos permitir. Depois de defl agrar o Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos e do Emprego, no fi nal de janeiro, a Força Sindical e as demais Centrais marcaram um calendário de mobilização e lutas, que inclui uma série de manifestações para março. Junto às atividades de massa, temos buscado negociar com o governo, ministérios, Justiça e Congresso a revogação das medidas provisórias que difi cultam o acesso dos assalariados aos benefícios. Queremos crescimento econômico com valorização do trabalho.

O resultado da pressão dos trabalhadores é que a presidenta e os ministros estão dispostos a atender algumas das reivindicações da Pauta Trabalhista, como a extinção do Fator Previdenciário.

A pauta de reivindicações do movimento sindical inclui a derrubada das MPs 664 e 665, a extinção do Fator Previdenciário e o fi m do projeto de lei que amplia a terceirização. Para conquistarmos nossos objetivos, precisamos intensifi car a mobilização para realizar protestos com ampla participação popular.

EDITORIAL

2 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 96

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

ARTIGO ARTIGO

Os trabalhadores e a crise na indústria naval

Presidente do Sintepav-Bahia e deputado federal – PSB-BA

Adalberto Souza Galvão – Bebeto

A Petrobrás tem sido foco dos debates abordando as traquinagens de alguns e suas relações incestuosas com os empresários. Entendo a pertinência da

separação entre o valor estratégico e o valor do uso da empresa por estes.

Como valor estratégico, tomo como referência a decisão da Petrobrás em investir fortemente no Brasil, distribuindo tais investimentos que levaram à reestruturação da indústria naval. A revitalização da indústria naval tem impacto na cadeia produtiva do País, gerando crescimento no investimento e no emprego.

O crescimento de 19,5% ao ano desde 2001 consolidou o setor com curva de demanda por mais de 25 anos, segundo o Ipea. Este processo traz colado a si outro impacto: a exigência de conteúdo nacional na construção de equipamentos para melhorar a condição competitiva da indústria brasileira, motivando, com isto, a implementação de mais inovações e tecnologias.

Nesta condição, a Petrobrás defi niu modelo econômico para a contratação de 29 sondas ao custo de US$ 27,5 bilhões, por meio da Sete Brasil, para perfuração na camada do Pré-Sal, o que representaria hoje uma soma de mais de R$ 71 bilhões.

Esta decisão transformou o País em importante produtor deste setor, e os estaleiros geraram milhares de empregos no Brasil. Lamentavelmente, a expectativa das regiões se frustrou pelas traquinagens de alguns. É lamentável que o Brasil pague o preço do aparelhamento da empresa, e os trabalhadores vivam o sacrifício do desemprego com a vitimização de suas famílias.

Aliada a isto está a decisão da ex-presidenta, Graça Foster, devidamente denunciada por mim e por Sindicatos de Metalúrgicos da Indústria Naval de todo o Brasil. Trata-se do edital de licitação para construir blocos para equipamentos navais em Charqueada por meio de grupos estrangeiros.

Tal atitude confi gura um verdadeiro “tiro no pé”, e o desmerecimento do setor naval e da cadeia produtiva da construção, que têm produzido escala de crescimento com melhoria da indústria brasileira e com a reformulação dos modelos de contratação, garantindo o fortalecimento do conteúdo nacional.

Page 3: Jornal da Força Sindical 96

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015FEVEREIRO/MARÇO DE 2015

Mecanismo é ruim para todo mundo Além de prejudicar os trabalhadores

com aumento do desemprego e a redução dos salários, as altas

taxas de rotatividade afetam a formação profi ssional, elevam os custos das empresas, reduzem a competitividade do País no comércio internacional e atingem também os recursos públicos.

A avaliação, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra ainda que a rotatividade global no trabalho alcançou 63,7% em 2013, porém a rotatividade descontada chegou a 43,4% – taxa global menos mortes, rescisões contratuais, pedidos de demissão e aposentadorias, estas desde que por iniciativa dos próprios trabalhadores.

A agricultura, a pecuária e a construção civil são os setores com as maiores taxas de rotatividade. Verifi ca-se que entre os desligamentos há uma predominância maior de trabalhadores mais jovens e com menor escolaridade.

“O alto percentual de mobilidade deve-se a fatores como postos de trabalho frágeis e contratos fi rmados por prazos curtos para atender a uma demanda específi ca”, segundo declarações dadas pelo diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz, ao jornal Valor Econômico.

Na opinião do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, uma das soluções exige a ratifi cação pelo governo brasileiro da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que impõe empecilhos às demissões sem justa causa.

Ele sugeriu, também, a necessidade de incrementar os investimentos públicos e privados para promover crescimento econômico capaz de agregar valor aos produtos e serviços brasileiros. “Temos também de valorizar a formação profi ssional”, frisou.

3 ROTATIVIDADE >>>

www.fsindical.org.br

O mecanismo de girar a mão de obra demitindo e contratando funcionários é contraditório, pois, enquanto reduz os custos das empresas mediante o rebaixamento dos salários, na outra ponta obriga os empresários a gastar mais dinheiro com contratações e treinamento, além de reduzir a competitividade do País no comércio internacional.A rotatividade provoca elevação dos custos decorrentes dos processos de seleção e treinamento, da perda do capital intelectual, dos problemas oriundos da aculturação do novo funcionário e, mais do que isto, da infl uência da rotatividade sobre a ‘saúde organizacional’ da empresa, o que provoca impactos negativos sobre a produtividade e a lucratividade das companhias.

As elevadas taxas de rotatividade penalizam também os recursos públicos, onerando os gastos despendidos com o seguro-desemprego. Porém, a solução não está na política de redução das parcelas do benefício aos desempregados, como pretende o governo para recuperar as fi nanças públicas. A avaliação é do 1º secretário da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, citando o artigo ‘Mercado de trabalho e ajuste fi scal’, de Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).“O professor deixa claro que a principal anomalia no atual programa do seguro-desemprego, que o faz elevar a quantidade de benefi ciários e os gastos totais justamente nos períodos de maiores taxas de emprego formal, é a rotatividade e a informalidade na ocupação”, destacou o sindicalista.

Pressão sobre oscustos das empresas

Combater a rotatividade é melhor do que mudar o seguro-desemprego

2011Taxa de rotatividade descontada

2003 2004 2005

52,454,2 54,9 56,7

62,758,8

63,4 64,5 64,0 63,7

52,8

40,9

20061 2

2007 2008 2009 2010 2012 2013

41,2

Taxa de rotatividade global

Fonte: MTE.Rais – Elaboração: DIEESE – Nota: (1) Considera todos os motivos de desligamentos – (2) Exclui os desligamentos por falecimento, aposentadoria, transferência e demissão a pedido do trabalhador.

Taxa de rotatividade no mercado celetista do Brasil – 2003-2013 (em%)

41,4 41,845,0 43,0 44,5 44,0 43,1 43,4

40,2

20112006 2007 2008 2009 2010 2012 2013200520042003Taxa de rotatividade globalTaxa de rotatividade globalTaxa de rotatividade global Taxa de rotatividade descontadaTaxa de rotatividade descontadaTaxa de rotatividade descontada

64,5

Taxa de rotatividade no mercado celetista do Brasil – 2003-2013 (em%)

3 www.fsindical.org.br

Juruna sugere ao governo ratificar a Convenção 158 da OIT

Serginho:“A informalidade e a rotatividade são os grandes problemas”

Page 4: Jornal da Força Sindical 96

A s medidas de ajuste fiscal e monetário apresentadas pelo governo federal vão levar os trabalhadores a deflagrar uma

série de manifestações de protesto, mobilizações e greves. Na verdade, o descontentamento já começa a pipocar pelo País, com paralisações em empresas e bloqueio na Ponte Rio-Niteroi.

Num dos protestos mais radicais, caminhoneiros bloquearam rodovias estaduais e federais em vários Estados, como Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Eles reclamam do aumento dos preços dos combustíveis, dos pedágios, dos valores dos tributos sobre o transporte de carga e arrocho no valor do frete.

O pacote do governo vai provocar recessão, aprofundar a desindustrialização, elevar o desemprego e diminuir a renda, segundo avaliação de Sindicatos ligados à Força Sindical. “Para não pagar a conta da crise, os trabalhadores terão de ir para as ruas”, apontou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, o Quebra-Mola.

Pauta TrabalhistaO presidente da

Federação dos Trabalhadores da Alimentação do Estado de São Paulo, Melquíades de Araújo, sugeriu a adoção da Pauta Trabalhista, que propõe, em síntese, o crescimento econômico com valorização do trabalho.

“Nossa Pauta aponta para a implementação de medidas para desenvolver o Brasil”, acrescentou o presidente da Força Sindical-RJ, Francisco Dal Prá, durante seminário dos metalúrgicos do Rio de Janeiro, que debateu ações para enfrentar a crise socioeconômica que atinge o País.

Ele explicou que o movimento sindical está preocupado com a corrupção na Petrobras, que paralisou investimentos e atrasou o pagamento dos contratos da estatal com as empresas terceirizadas. As companhias já iniciaram as demissões em massa.

Além disto, o processo de desindustrialização no País reduz o emprego e a renda. “A indústria é quem paga os maiores salários”, lembrou o sindicalista.

Outra fonte de preocupação do movimento sindical: a queda de 3,2% na produção industrial em 2014. Somente a produção de veículos automotores teve redução de 16,8%. De acordo com o IBGE, a indústria de transformação registrou quase 164 mil postos de trabalho a menos no ano passado em relação a 2013.

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 964 MOVIMENTO SINDICAL >>>

Protestos se espalham pelo País

Dal Prá (à esquerda) defende ações para

superar a crise socioeconômica

que atinge o Brasil

Paulinho da Força, Araújo, Samuel e Magrão

Manifestantes bloqueiam rodovia em Sertãozinho

A implementação de uma política nacional para estimular o uso do etanol como combustível foi uma das reivindicações que nortearam o protesto de oito mil trabalhadores, sindicalistas, empresários do setor, comerciantes e políticos da região de Sertãozinho. Eles pararam o tráfego na rodovia Armando Sales de Oliveira (SP-322), no fi m de janeiro.

Segundo o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Cláudio Magrão de Camargo Crê, que participou do ‘Movimento pela retomada do setor sucroenergético’, cerca de sessenta usinas de açúcar e álcool foram fechadas no País desde 2007, a grande maioria no Estado de São Paulo. Além disto, dois mil trabalhadores perderam o emprego em Sertãozinho no ano passado.

“É preciso que todos os setores se unam para

encontrarmos uma solução para o problema. Estou certo de que teremos a participação dos nossos 53 Sindicatos fi liados nesta luta”, garantiu o sindicalista ao destacar que o setor emprega diretamente 2,5 milhões de trabalhadores e gera mais de US$ 43 bilhões por ano com a produção de etanol, bioeletricidade e açúcar, entre outros.

SUCROENERGÉTICO

Foto: Arquivo Sindical

Foto: Arquivo Sindical

Araújo defende o crescimento

econômico com valorização do trabalho

Page 5: Jornal da Força Sindical 96

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015FEVEREIRO/MARÇO DE 2015

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A revolta e o descontentamento dos trabalhadores, da Força Sindical e das demais Centrais com as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 já provocaram duas manifestações de protesto este ano no País. No dia 2 de março, em frente

às Superintendências Regionais do Ministério do Trabalho de São Paulo, Interior e outros Estados, milhares de manifestantes deixaram claro ao governo que a luta tem o objetivo de derrubar as MPs no Congresso.

As mudanças nas concessões de benefícios trabalhistas e previdenciários já estão em vigor. Elas restringem o acesso das pessoas ao seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte. As novas regras para o seguro-defeso (para pescador artesanal) entram em vigor em 1º de abril e, no abono salarial, mudanças só em 2016. Ao todo, o governo pretende equilibrar suas contas economizando R$ 18 bilhões.

“As MPs são um crime, pois milhares de desempregados serão excluídos justamente quando mais precisam de dinheiro para manter seu sustento”, denunciou Miguel Torres, presidente da Força Sindical. “Não podemos fi car calados. Março será um mês de manifestações contra as medidas”, completou.

“Não aceitamos que mexam nos nossos direitos, e vamos lutar para mantê-los”, declarou Valéria Cabral, diretora do Sindicato das Costureiras de São Paulo.

Conta da crisePara João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Central, os trabalhadores não

podem pagar a conta da crise. “Não aceitamos que façam economia em cima do pobre, em cima do desempregado. Os mais prejudicados serão os comerciários e trabalhadores da construção civil, devido à alta rotatividade”, frisou.

Após o ato, o superintendente regional do Trabalho em São Paulo, Luiz Antonio de Medeiros, recebeu uma comissão de trabalhadores e declarou: “Se eu não fosse delegado do Trabalho estaria com vocês nas ruas”. Medeiros lembrou que as rescisões de trabalhadores com até um ano de casa não são fi scalizadas. “É preciso fi scalizar. Existe o direito adquirido e o privilégio. É preciso acabar com privilégios e distorções”, destacou.

Centrais intensifi cam protestos para derrubar MPs

Miguel Torres: as medidas vão excluir milhares de desempregados

Em Belo Horizonte, Vandeir Messias prometeu intensifi car a luta

Os atos unitários foram realizados por todo o País, como em Recife (PE)

Os manifestantes baianos também defenderam a derrubada das MPs

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MANIFESTAÇÃO >>>

www.fsindical.org.br

Page 6: Jornal da Força Sindical 96

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 966 DIA NACIONAL DE LUTAS >>>

Dezenas de milhares de trabalhadores e as Centrais Sindicais foram às ruas para dar um recado duro ao governo: “Não vamos abrir mão de direitos, não vamos transigir. Se necessário, greves

e manifestações de protesto tomarão conta do País”

Repúdio às medidas de austeridade fi scal e críticas à postura vacilante da presidenta Dilma Rousseff, que, na campanha para

sua reeleição, prometera não mexer nos direitos dos trabalhadores, marcaram o ‘Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos e do Emprego’. A mobilização, organizada pela Força Sindical e demais Centrais, foi realizada em 28 de janeiro.

Dezenas de milhares de trabalhadores ocuparam as ruas dos Estados do País. Suas lideranças deram um recado claro e duro ao governo, que soou como um ultimato: “Não vamos abrir mão de direitos, não vamos transigir. Se for preciso, o movimento sindical vai radicalizar com greves, paralisações e manifestações de protesto”.

Não houve consultaAnunciadas sem consulta ao movimento sindical, as

Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, se aprovadas pelo Congresso, vão difi cultar o acesso das pessoas ao seguro--desemprego, ao abono salarial, ao auxílio-doença, às pensões, ao seguro-defeso e ao auxílio-reclusão. As MPs também estabelecem a terceirização da perícia médica no caso das empresas privadas.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, “as Centrais Sindicais entendem que estas medidas prejudicam principalmente os trabalhadores de baixa renda. No caso da restrição ao seguro-desemprego, por exemplo, a medida vai impedir o acesso dos empregados jovens ao benefício em função da rotatividade da mão de obra no Brasil”.

Dezenas de milhares de trabalhadores e as Centrais Sindicais foram às ruas para dar um recado duro ao governo: “Não vamos abrir mão de direitos, não vamos transigir. Se necessário, greves

e manifestações de protesto tomarão conta do País”

Anunciadas sem consulta ao movimento sindical, as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, se aprovadas pelo Congresso, vão difi cultar o acesso das pessoas ao seguro--desemprego, ao abono salarial, ao auxílio-doença, às pensões, ao seguro-defeso e ao auxílio-reclusão. As MPs também estabelecem a terceirização da perícia médica no

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, “as Centrais Sindicais entendem que estas medidas prejudicam principalmente os trabalhadores de baixa renda. No caso da restrição ao seguro-desemprego, por exemplo, a medida vai impedir o acesso dos empregados jovens ao benefício em função da rotatividade da mão de

Radicalizar para garantir direitos

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Page 7: Jornal da Força Sindical 96

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015 7 www.fsindical.org.br

Um recuo na luta causará um desmanche da CLTEm São Paulo, o ato realizado em frente

ao Masp, na avenida Paulista, reuniu cerca de dez mil pessoas de várias categorias profi ssionais. O presidente da Força Sindical esclareceu que os trabalhadores não podem recuar “um milímetro sequer dos seus direitos”. Para ele, retroceder agora provocará um desmanche da Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT). “É o que a Fiesp quer: fl exibilizar a CLT”, admitiu.

“As medidas de austeridade fi scal vão levar o Brasil ao atraso, por meio do agravamento da

crise econômica, da redução drástica do consumo e do

aumento do desemprego, como já ocorre principalmente na indústria de transformação.

Poderá ser, ainda, o início de um ataque aos direitos dos trabalhadores em geral”, observou

o secretário-geral da Central, João

As medidas não vão reduzir as desigualdades sociais

Carlos Gonçalves, o Juruna.Todos os sindicalistas presentes ao ato –

representantes dos metalúrgicos, químicos, alimentação, vestuário, frentistas, gráfi cos e aposentados, entre outras categorias – repudiaram as ações do governo, que restringem e retiram direitos. Destacaram também que as medidas não vão reduzir as desigualdades sociais.

A presidenta da Conaccovest, Eunice Cabral, defendeu a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. João Batista Inocentini, presidente licenciado do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical, pleiteou salários dignos para os aposentados.

O presidente afastado da Força Sindical e presidente do Solidariedade, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, convocou os trabalhadores para participarem de manifestação em Brasília. “O objetivo é pressionar o Congresso a derrubar as MPs”, assinalou.

Um recuo na luta causará um desmanche da CLTEm São Paulo, o ato realizado em frente

ao Masp, na avenida Paulista, reuniu cerca de dez mil pessoas de várias categorias profi ssionais. O presidente da Força Sindical esclareceu que os trabalhadores não podem recuar “um milímetro sequer dos seus direitos”. Para ele, retroceder agora provocará um desmanche da Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT). “É provocará um desmanche da Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT). “É provocará um desmanche da Consolidação

meio do agravamento da crise econômica, da redução drástica do consumo e do

aumento do desemprego, como já ocorre principalmente na indústria de transformação.

Poderá ser, ainda, o início de um ataque aos direitos dos trabalhadores em geral”, observou

o secretário-geral da Central, João

As medidas não vão reduzir as desigualdades sociais

Miguel TorresPresidente da Força Sindical

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O movimento sindical unitário prometeu intensifi car a luta pela derrubada das Medidas Provisórias 664 e 665

“Miguel Torres

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015 7 www.fsindical.org.br

Page 8: Jornal da Força Sindical 96

Distrito Federal

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 968 DIA NACIONAL DE LUTAS >>>

Protestos das Centrais Sindicais

nos Estados

Os Estados responderam à convocação das Centrais Sindicais e promoveram uma série de manifestações para protestar contra a supressão de direitos dos trabalhadores e contra o desemprego.A palavra de ordem foi pressionar o governo federal e o Congresso para derrubar as MPs 664 e 665, que atacam os direitos trabalhistas.Dezenas de milhares de trabalhadores participaram de atos no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pará, Pernambuco, Amazonas, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás, Sergipe e Brasília.

Fotos: Aquivo Sindical

São João da Barra-RJ Salvador-BA Porto Alegre-RS

Sta.Rita do Sapucaí-MG Manaus-AM Natal-RN

Recife-PE

Aracaju-SEMaceió-AL

Curitiba-PRBelém-PA

Page 9: Jornal da Força Sindical 96

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015FEVEREIRO/MARÇO DE 2015 9 www.fsindical.org.br

Mulheres serão as mais prejudicadas As comemorações do Dia

Internacional da Mulher (8 de março) vão durar todo o mês,

tendo o enfoque na luta pela igualdade de oportunidades de gêneros e nos os protestos contra as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 do governo federal, que difi cultam o acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários.

Segundo a secretária nacional da Mulher da Força Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos, as mulheres e os jovens serão os mais prejudicados com as medidas.

“Todos vão sofrer o impacto das mudanças, porém as mulheres serão as mais prejudicadas, por dois motivos: recebem salários inferiores aos dos homens, e para ter direito à pensão por morte, por exemplo, elas terão de levar em conta a idade do cônjuge/companheiro. Apenas cônjuges com 44 anos ou mais receberão a pensão vitaliciamente”, afi rmou Auxiliadora.

Para ela as trabalhadoras e os trabalhadores não podem deixar passar em branco propostas que mudam direitos trabalhistas e previdenciários. A sindicalista explicou que a sociedade e o movimento sindical precisam combater a violência e conquistar o mesmo salário para mulheres e homens que desempenham as mesmas funções.

Citando dados de O Globo, com base na

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, ela revelou que os homens ganham mais do que as mulheres em quase todas as ocupações no Brasil.

Profi ssõesAo comparar salários de quarenta ocupações

de homens e mulheres para uma jornada semanal de 40 horas, em 2013, somente em duas funções elas recebem um salário

superior ao salário deles: produtores agrícolas e instrutores e professores de escolas livres. Mas, nestes casos, a participação feminina é pequena.

Os homens ganham mais tanto em profi ssões de nível universitário

(médicos e advogados) como em carreiras nas quais a presença feminina é majoritária, como costureiras, auxiliares de enfermagem e recepcionistas. O Censo do IBGE, que possui uma amostra de entrevistas muito mais abrangente, permite comparar mais ocupações. Segundo O Globo, apenas em 49 (11% do total) das 438 ocupações o rendimento feminino era maior, conforme dados de 2010.

Com a baixa participação das brasileiras na economia e na política, o País recuou nove posições no ranking de igualdade de gênero, fi cando na 71ª posição num total de 142 nações.

Foto: Arquivo Força Sindical

Auxiliadora: “A sociedade e o movimento sindical precisam combater a violência”

UNI GLOBAL UNIONS

CENTRAL FORCE OVRIÉRE

FEDERAÇÃO RUSSA DOS TRABALHADORES

CONGRESSOS

O diretor fi nanceiro da Força Sindical, Ademir Lauriberto Ferreira, participou do 4º Congresso Mundial da UNI Global Unions, na Cidade do Cabo, África do Sul

Delegação formada, entre outros, pelo secretário de Meio Ambiente dos Químicosda Força Sindical, Herbert Passos Filho, participaram do Congresso da Central Force Ovriére (Força Operária-FO), em Tours, na França. A Central francesa foi uma das primeiras a apoiar a criação da Força Sindical

O presidente da Fequimfar, Sérgio Luiz Leite, Serginho, e o secretário de Relações Internacionais, Nilton Sousa Silva, Neco, participaram do Congresso da Federação Russa dos Trabalhadores, realizado em Sochi, naquele País

SINDICALISTAS CUBANAS

As sindicalistas da Central dos Trabalhadores de Cuba, Rosário Rodrigues e Reila Maria Aguila, foram recebidas na sede da Força Sindical por José Pereira dos Santos (Formação Sindical), João Carlos Gonçalves, Juruna (secretário-geral) e Nilton Souza Silva, Neco (Relações Internacionais)

ocupações, apenas em 49 profi ssões o

ganho feminino era maior

Das 438

MEDIDAS PROVISÓRIAS >>>

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9610 CAMPANHA SALARIAL >>>

Os trabalhadores vão precisar de muita mobilização e luta para enfrentar um ano que será

marcado por enormes dificuldades impostas pelas medidas de ajuste da economia, que apontam para o desemprego e para a redução do consumo, do crédito e do mercado interno, avaliou o economista do Dieese Altair Garcia.

Resultado: tudo indica que o País mergulhará numa recessão em 2015, atrapalhando as Campanhas Salariais do primeiro semestre. Os patrões vão usar a crise para impor entraves às negociações. Aos Sindicatos está posta a tarefa de organizar e mobilizar suas bases para pressionar as empresas e alcançar seus objetivos”, avaliou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Para ele, as Centrais Sindicais terão de atuar junto ao Parlamento e às instâncias do governo federal para negociar a implementação de políticas de contrapartidas para favorecer os empregados e promover investimentos públicos e privados no intuito de estimular o crescimento.

Aeroviários Os aeroviários já enfrentam uma situação

bastante difícil. Os cerca de oitenta mil trabalhadores representados pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos, presidida por Uébio José da Silva, estão em Campanha Salarial por reajuste de 11%, valorização dos pisos, adicional de periculosidade e melhorias nos benefícios.

Segundo Reginaldo Alves de Souza, o Mandu, presidente do Sindicato dos

Mobilização dobra intransigência dos patrões

Trabalhadores da construção pesada da Bahia reivindicam 12% de reajuste salarial

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Foto: Arquivo Sindical

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FEVEREIRO/MARÇO DE 2015FEVEREIRO/MARÇO DE 2015 11 www.fsindical.org.br

Acordos salariais superam infl açãoApesar dos problemas econômicos enfrentados pelos

trabalhadores e pelo setor produtivo nacional, a grande maioria dos acordos salariais deste ano teve a reposição da infl ação com aumento real graças às fortes mobilizações das categorias, paralisações e ameaças de greves mais duradouras.

“O pífi o crescimento do País não impediu a conquista de ganho real de salário de nossas categorias, mas precisamos fortalecer a luta pela Pauta Trabalhista, pela correção da tabela do Imposto Renda da Pessoa Física e contra a infl ação, evitando assim perdas salariais”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

A Campanha dos dezenove Sindicatos da Federação dos Gráfi cos do Estado de SP garantiu reajustes salariais de 7,5% (setor de indústrias gráfi cas) e 7,65% (jornais e revistas).

Depois de muita mobilização da categoria, o Sindicato da Alimentação de São Paulo e Região conquistou reajuste salarial de 8% para os trabalhadores do setor do Trigo (data-base em 1º de novembro), com avanços na PLR e nos valores da cesta básica, vale-alimentação, vale-refeição e desjejum/café da manhã, entre outras conquistas.

Mogi GuaçuAs auxiliares de educação e de educação inclusiva de

Mogi Guaçu fi zeram greve por terem sido excluídas pela administração pública do município da adequação a uma lei federal que determina que, na composição da jornada de trabalho, deverá ser observado o limite de dois terços da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos.

Bahia“Com o mote ‘Garantir direitos e empregos’, o Sintepav-BA

lançou a Campanha Salarial reivindicando reajuste salarial de 12%, cesta básica de R$ 400,00 e jornada semanal de 40 horas, entre outros itens”, afi rmou o presidente da entidade, Adalberto Souza Galvão, o Bebeto.

Aeroviários do Estado de São Paulo, que reúne quarenta mil trabalhadores, um panelaço foi promovido no aeroporto de Congonhas.

Os comerciários também se preparam para fazer, em 2015, uma forte Campanha unificada pela regulamentação do trabalho aos domingos e feriados e por jornada e salários decentes. Segundo Nilton Souza Silva, o Neco, coordenador do Secretariado dos Comerciários da Força e presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, “em muitos locais a jornada chega a dez ou doze horas diárias”.

FrentistasOs dezesseis Sindicatos de Frentistas no

Estado de São Paulo, que negociam em nome de cem mil trabalhadores, já entregaram a pauta aos patrões reivindicando piso salarial de R$ 1.500,00 para fechar a data-base em 1º de março, entre outros pleitos. Presidente do sindicato da categoria de São Paulo, Rivaldo Morais da Silva disse que “só a unidade e a capacidade de luta poderão levar os frentistas à vitória”.

QuímicosLigados à Fequimfar (federação da categoria no

Estado de São Paulo), os químicos já iniciaram a Campanha Salarial de 2015 para fechar a data-base em 1º de abril. Segundo Antonio Silvan Oliveira, presidente do Sindiquímicos, “foi aprovada uma pré-pauta que destaca aumento real de 5%”.

“O Sintepav-CE realizou a primeira assembleia da Campanha Salarial do primeiro semestre no dia 2 de fevereiro reivindicando reajuste salarial de 20%, PLR de 260 horas, periculosidade de 30%, insalubridade de 40% e plano de saúde também para os dependentes”, disse Raimundo Nonato Gomes.

NECO: campanha pela regulamentação da jornada da categoria

MANDU e outros dirigentes organizaram panelaço em Congonhas

SILVAN: os químicos do Estado de São Paulo querem aumento real de 5%

NECO:

MANDU

SILVAN:

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Foto: Arquivo Força Sindical

Foto 1: No Ceará, Raimundo Nonato lança a Campanha Salarial e pleiteia 20% de aumentoFoto 2: Auxiliares de educação de Mogi Guaçu fi zeram greve para exigir cumprimento de legislação sobre carga horáriaFoto 3: Aeroviários fazem protesto em aeroportos do País, como em Congonhas

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9612

Centrais Sindicais brasileiras, consiste no texto dois, do segundo volume do relatório.

A conclusão do texto é que, no período em questão, a classe trabalhadora e o mo-vimento sindical foram os primeiros a ser atingidos pelos desmandos da ditadura. Importantes categorias, como metalúrgi-cos, petroleiros, têxteis, professores, gráfi -cos, bancários, jornalistas, ferroviários, co-merciários etc. foram atingidas.

Embora a repressão já ocorresse desde o governo de Eurico Gaspar Dutra (iniciado em 1946), e tenha permanecido até após a redemocratização brasileira, ela foi mais intensa durante o regime militar (1964 a 1985). No ano de 1964, após o golpe de 31 de março, a ditadura nomeou 409 interven-tores em sindicatos e 43 em federações. Estima-se que, entre 1964 e 1970, cerca de dez mil dirigentes sindicais foram cassados: “Na base do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, por exemplo, foi estimado em 1.800 o número de delegados denunciados pelos interventores após o golpe” .

Com os militares no poder, ações do dia a dia sindical, como panfl etagens, greves, co-missões de fábricaCipas, tornaram-se muito arriscadas, levando, comumente, à demis-

sões “por justa causa”, difi culdade de reinserção no mercado de trabalho e perse-guição política. O cerceamento era tal que as entrevistas de empregos traziam perguntas como: “Que jornal você lê?”, “Você é sócio do Sindicato?” ou “Qual a sua religião?”.

E não apenas a liberdade de organização e de expressão dos trabalhadores foi infrin-gida. Seus salários foram arrochados a partir de uma série de decretos anunciados após a promulgação da Lei 4.330, de julho de 1964, a “Lei Antigreve”. Tais medidas fi zeram com que os salários não acompanhassem o au-mento da infl ação, nem o aumento da produ-tividade. Segundo o documento, o famigera-do arrocho salarial foi o cerne do “modelo brasileiro de desenvolvimento da ditadura civil militar de 1964-1985” .

Episódios emblemáticos são apontados, como, por exemplo, a detenção de cerca de quinhentos presos políticos, sem processo le-gal (entre sargentos que se opuseram ao gol-pe, militares, civis, sindicalistas e jornalistas), no navio Raul Soares, em 1964, rebocado por ordem militar até um banco de areia na Ilha do Barnabé, na cidade de Santos, em São Paulo; as greves nos Sindicatos dos Metalúr-gicos de Contagem (MG) e dos Metalúrgicos de Osasco (SP), ambas em 1968, reprimidas duramente e que resultaram em centenas de operários presos; e a greve do Sindicato dos Metalúrgicos de S.Paulo em 1979, na qual fo-ram presos 346 trabalhadores, e que levou ao assassinato do metalúrgico Santo Dias.

Além disto, o documento registra o massa-cre no garimpo de Serra Pelada, em dezem-bro de 1987. Naquela ocasião, uma associa-ção de empresas nacionais e estrangeiras investiram na expulsão dos populares do garimpo no Pará para ter o domínio da explo-ração dos minerais, resultando em um dos casos mais violentos do período estudado: “violências seriais perpetradas pela Polícia Militar do Estado, atingindo homens, mulhe-res e crianças, e resultando em um grande número de mortos e desaparecidos” .

A repressão, executada de forma macabra e violenta, serviu para calar a oposição e de-sestimular o pensamento crítico. Seu pro-pósito era dar fi m aos movimentos sociais, partidos de esquerda e setores progressistas do País. Quanto a isto a ditadura brasileira conseguiu promover vinte anos de atraso, que prejudicaram todo o povo brasileiro.

MÉMORIA SINDICAL >>>

Epor: Carolina Maria Ruy*

ntre 1946 e 1988 trabalhadores bra-sileiros foram vítimas de um siste-ma repressivo que visava instituir

uma política econômica atrelada ao FMI. Tal situação foi ainda mais grave durante o regime militar (1964 a 1985), período mar-cado por casos recorrentes de perseguição, arrocho salarial e violência contra os traba-lhadores. Esta foi a conclusão central do Grupo de Trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que trata do movimento sindi-cal, expressa no documento que integra o relatório fi nal da Comissão.

Encerrada no dia 10 de dezembro de 2014, a Comissão produziu um relatório de mais de três mil páginas com informações sobre os órgãos e procedimentos de repressão, além de conexões internacionais. O docu-mento, disponível online, está dividido em treze temas, além de conter considerações gerais sobre o período estudado pela Co-missão – 1946 a 1988.

O capítulo que trata das violações sofridas pelos trabalhadores, elaborado pela repre-sentante da Comissão, Drª Rosa Cardoso, com a colaboração de representantes de dez

Violações à classe trabalhadora:

conclusões da Comissão Nacional da Verdade

Representantes das Centrais Sindicais na entrega do relatório do GT dos Trabalhadores em dezembro de 2014

Foto: Roberto Parizotti

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

FEVEREIRO/MARÇO DE 2015