jornal força sindical n°99

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Central vai ao Congresso exigir alterações no PPE MULHERES Reforçar unidade em defesa do emprego e direitos> Pág. 10 Sindicalistas afirmam que política atual provoca desemprego> Pág. 3 Protesto mira produção de adesivos com ofensas sexuais> Pág. 12 JUROS ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – N o 99 – Julho/Agosto de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical A Força Sindical vai propor mudanças para melhorar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), como, por exemplo, exigir do governo que assuma os 30% cortados do salário do trabalhador por causa da redução da jornada> Págs. 4/5 Sindicatos da Força Sindical vão brigar para conquistar aumento real de salário. No Paraná, os metalúrgicos da Volvo retornaram ao trabalho depois de 24 dias de greve> Págs.7/8/9 Sindicatos brigam por ganho real de salário CAMPANHA SALARIAL Foto: Jaélcio Santana Foto: Arquivo Sindicato PLENÁRIAS

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Destaques: - Central vai ao Congresso exigir alterações no Programa de Proteção ao Emprego (PPE); - Campanha salarial: ‘Sindicatos brigam por ganho real de salário’; - Juros: ‘Sindicalistas afirmam que política atual provoca desemprego’; - Plenárias: ‘Reforçar unidade em defesa do emprego e direitos’; - Mulheres da Força: ‘Protesto mira produção de adesivos com ofensas sexuais’; - Artigo Miguel Torres: ‘Ajuste fi scal favorece rentismo e produz pobreza’; - Artigo Maria Auxiliadora dos Santos, secretária nacional de Políticas para as Mulheres da Força Sindical: ‘Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha’; - FAO: ‘Investimento necessário para erradicar a fome’; - Diferenças entre PPE e Lay Off; - Como fazer a inscrição no Programa de Proteção ao Emprego; - Aposentadoria: ‘Centrais vão à luta por nova fórmula sem progressividade’; E muito mais

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Page 1: Jornal Força Sindical n°99

Central vai ao Congressoexigir alterações no PPE

MULHERES

Reforçar unidade em defesa do emprego e direitos> Pág. 10

Sindicalistas afi rmamque política atualprovoca desemprego> Pág. 3

Protesto mira produçãode adesivos com ofensas sexuais> Pág. 12

JUROS

ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – No 99 – Julho/Agosto de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

A Força Sindical vai propor mudanças para melhorar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), como, por exemplo, exigir do governo que assuma os 30% cortados do salário do trabalhador por causa da redução da jornada> Págs. 4/5

Sindicatos da Força Sindical vão brigar para conquistar aumento real de salário. No Paraná, os metalúrgicos da Volvo retornaram ao trabalho depois de 24 dias de greve> Págs.7/8/9

Sindicatos brigam porganho real de salário

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PLENÁRIAS

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99

Ajuste fi scal favorece rentismo e produz pobreza

O desemprego vem tirando o sono dos dirigentes sindicais e dos trabalhadores brasileiros. O corte de pessoal voltou a

subir em junho de 2015 na região metropolitana de São Paulo. A taxa passou de 12,9% em maio para 13,2% em junho, segundo o Dieese. Em ju-nho de 2014, a taxa de desemprego havia sido de 11,3%.

Para o movimento sindical, o ajuste fi scal, a regressão de direitos trabalhistas e sociais, o au-mento de impostos e a alta dos juros desestimu-laram o investimento produtivo, pondo um freio na atividade econômica. O consumidor reduziu as compras, o comércio vendeu menos e preci-sou cortar seus pedidos para a indústria.

De acordo com a subseção Dieese da For-ça Sindical, aumentou o desemprego e caiu o emprego formal. Em junho, perdemos 111,2 mil postos de trabalho com carteira assinada, se-gundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Tra-balho e Emprego. O total de admissões no mês de junho de 2015 atingiu 1,45 milhão, enquanto o de desligamentos alcançou 1,56 milhão.

Nós, trabalhadores, responsáveis pela criação

da riqueza, há anos vimos afi rmando que privi-legiar o rentismo equivale a trair as esperanças do povo brasileiro, que apostou que este gover-no defenderia os interesses do trabalhador.

Já em junho de 2010, a Força Sindical e as de-mais Centrais apresentaram ao governo federal um conjunto de propostas para serem adota-das pela equipe da área econômica. Dizíamos, à época, que os vários problemas sociais e econô-micos decorrem da implementação de políticas neoliberais.

E reivindicávamos medidas econômicas ca-pazes de fazer o País crescer com democracia, soberania e valorização do trabalho. Para cami-nhar nesta direção, lembrávamos, precisamos de uma economia marcada pelo controle da in-fl ação, redução dos juros, geração de emprego e renda, por ganhos de produtividade e por au-mento dos investimentos públicos e privados.

Exigimos uma política de redução dos juros, de superávit primário e câmbio equilibrado. Isto signifi ca que queremos estabelecer uma política que tenha por objetivo o crescimento sustenta-do, o emprego pleno e uma distribuição mais justa da renda produzida pelo trabalho.

EDITORIAL Miguel Torres, presidente da Força Sindical

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

ARTIGO Maria Auxiliadora dos Santos,secretária nacional de Políticaspara as Mulheres da Força Sindical

Instituído em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro--Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domin-gos, na República Dominicana, o Dia Internacional da Mu-

lher Negra Latino-Americana e Caribenha foi comemorado no dia 25 de julho.

Este dia, muito mais do que uma data comemorativa, foi es-colhido como um marco internacional da luta e da resistência da mulher negra no que se refere às condições de opressão de gênero e racial/étnica a que são submetidas estas mulhe-res em situações rotineiras.

Em relação ao mercado de trabalho, as mulheres negras continuam ocupando a base da pirâmide social, ganhando menos em qualquer função e tendo difi culdades de acesso na hierarquia das empresas ainda maiores do que as mulheres

brancas. As diferenças de salário nas seis maiores regiões metropolitanas do País variam de R$ 899,66 no emprego do-méstico com carteira para mulheres negras contra R$ 955,36 para mulheres brancas.

Além disto, exigimos o fi m de episódios racistas no país. Exigimos medidas concretas para garantir melhorias susten-táveis e promover nossa qualidade de vida. Estas mudanças são fundamentais para o futuro das mulheres negras e de toda a sociedade brasileira.

No Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha vamos reforçar a luta para ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras, edifi car estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao ra-cismo, à distinção de gênero, à discriminação, ao preconceito e às demais desigualdades conjunturais de raças e sociais.

Um dia, enfi m, para formalizar parcerias, tornar visível a nossa luta, para que intensifi quemos nossas ações, para que possamos promover a valorização da mulher negra e fomen-tar debates mais abrangentes sobre a identidade das mulhe-res negras brasileiras, latino-americanas e caribenhas.

A essas guerreiras, em nome da Força Sindical e da Secre-taria Nacional de Políticas para as Mulheres da Central, todo o nosso reconhecimento e respeito. E nossa luta continua!

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, João Batista Inocentini, Paulo Roberto Ferrari, José Lião, Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Valdir de Souza Pestana, Fernando Destito Francischini, Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton Rodrigues da Paixão Jr, Nilton Souza da Silva (Neco)Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo GonçalvesJosé Pereira dos Santos, Paulo José ZanettiMaria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da SilvaAdalberto Souza Galvão, Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio, Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio, Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva, Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Vandeir Messias Alves; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Reinaldo Alves de Lima Jr.; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna)

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Eraldo Cavalcante

REDAÇÃO: Dalva Ueharo e Val Gomes

REVISÃO: Edson Baptista Colete (MTb: 17898/SP)

ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

Fone: (11) 3348-9000 – São Paulo/SP – Brasil

E X P E D I E N T E

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ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme

Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR:

Luiz Antonio de Medeiros

PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres

SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna)

TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira

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JULHO/AGOSTO DE 2015JULHO/AGOSTO DE 2015 3

PROTESTO

www.fsindical.org.br

Juros altos reduzem emprego, renda e produção

A política de aumento da taxa Selic derruba a atividade econômica, provoca desempre-go, reduz a renda e diminui a capacidade

de consumo das famílias. Além disto, causa descon-fi ança e segura os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento eco-nômico. Em síntese, este foi o resumo do protesto realizado pela Força Sindical e pelas demais Centrais contra mais um aumento na taxa de juros, promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

O ato foi realizado, no dia 28 de julho, em frente ao BC, na Avenida Paulista, e dele participaram re-presentantes da Força, CSB, CTB, CUT, Nova Central e UGT. “Nossa luta é para tentar sensibilizar o go-

verno para que ele mude o foco e passe a promover o crescimento econômico e ajudar a indústria nacio-nal”, afi rmou Miguel Torres, presidente da Central.

VaiasSob vaias de trabalhadores, as Centrais deram

três medalhas para ironizar as situações que que-rem ver extintas: os juros altos (1º lugar); o desem-prego (2º lugar) e a recessão (3º lugar). “Temos que colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento

e combater as ações negativas, como o fortale-cimento do capital estrangeiro em detrimento da empresa nacional”, declarou.

João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Central, ressaltou que os juros altos contribuem muito para o agravamento da crise econômica e leva à redução da produção e dos empregos. O 1º secretário da Força Sindical, Sergio Luiz Leite, o Serginho, lembrou que aumentar juros privilegia banqueiros e o mercado fi nanceiro.

Miguel: “Queremos que o governo promova o crescimento econômico”

FAO

Serão necessários US$ 267 bilhões nos próximos quinze anos para que a fome seja erradicada mundial-

mente até 2030, conforme relatório do diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Ali-mentação e a Agricultura), José Graziano da Silva, apresentado dias atrás à presidenta Dilma Rousseff na embaixada do Brasil, em Roma.

Graziano afi rmou que a publicação usa uma abor-dagem muito semelhante ao modelo brasileiro, que combina a proteção social e investimentos focados nas populações mais pobres e vulneráveis.

Dilma e Graziano da Silva concordaram que o gasto, embora elevado, deve ser encarado como um investimento, já que provê poder aquisitivo às pes-soas mais pobres, o que aporta uma nova dinâmica à economia.

O relatório foi formalmente apresentado na III Conferência das Nações Unidas sobre Financia-mento do Desenvolvimento, realizado em Adis Abeba, na Etiópia. Graziano da Silva ainda para-benizou a presidenta pelos resultados positivos alcançados na VII Cúpula do Brics, em Ufá, na Rússia, cujo comunicado conjunto assinalou a cooperação da FAO com Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.

FórumDilma sugeriu a criação de um fórum dos Brics

para tratar de segurança alimentar e nutricional e da eliminação da pobreza. O diretor-geral e a pre-sidenta ainda conversaram sobre o atual estágio

da relação entre a FAO e o Brasil, considerada alta-mente positiva, segundo ambos os líderes.

Em 2050 haverá água sufi ciente para produzir os alimentos necessários para suprir as necessidades

da população global, cuja expectativa é superar os nove bilhões

de pessoas. Porém, o consumo excessi-vo, a degradação

e o impacto das alterações climáticas irão reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, espe-cialmente em países em desenvolvimento, conforme advertiram recentemente a FAO e o Conselho Mun-dial da Água (CMA).

O documento “Rumo a um futuro de segurança hí-drica e alimentar” aponta a necessidade de políticas governamentais e investimentos dos setores público e privado para garantir que a produção agrícola, ani-mal e de pesca sejam sustentáveis, e que contem-plem também a salvaguarda dos recursos hídricos.

Estas ações são essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas rurais e urbanas, segundo destaca o relatório.

e UGT. “Nossa luta é para tentar sensibilizar o go- colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento banqueiros e o mercado fi nanceiro.

erão necessários US$ 267 bilhões nos próximos quinze anos para que

da relação entre a FAO e o Brasil, considerada alta-mente positiva, segundo ambos os líderes.

Em 2050 haverá água sufi ciente para produzir os alimentos necessários para suprir as necessidades

da população global, cuja expectativa é superar os nove bilhões

de pessoas. Porém, o

Investimentonecessário para erradicar a fome

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99

Operativa Ampliada da Força Sindical apro-vou, em reunião recente, que as Centrais Sindicais pressionem o Congresso para

melhorar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) de modo a conquistar mais e melhores benefícios aos trabalhadores. Os diretores da Central foram unânimes em defender a realização de manifes-tações em Brasília para pressionar o Congresso Nacional a implementar emendas de interesse do movimento sindical.

Proposto pelo governo federal sem negociação com o movimento sindical, o PPE consta da Medida Provisória 680, que permite à empresa em difi culda-de fi nanceira se cadastrar para, por meio de acordo coletivo, reduzir a jornada de trabalho e os salários em até 30%, com validade de seis meses, podendo ser ampliado por mais seis meses. Negociado en-tre representantes da companhia e do Sindicato da categoria, o acordo, para ter validade, precisa ser aprovado pela assembleia dos trabalhadores. Po-rém, a adesão ao programa é facultativa.

Um trabalhador com salário mensal de R$ 2 mil vai receber salário de R$ 1.700,00 se o acordo pre-ver redução de 30% da jornada e de salário. A com-panhia pagará R$ 1.400,00, enquanto dos R$ 600,00

(30% restantes) serão acertados da seguinte forma: 15% do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e 15% (R$ 300,00) serão descontados do salário do empregado.

A empresa que entrar no Programa não poderá demitir trabalhadores arbitrariamente ou sem jus-ta causa enquanto vigorar o acordo coletivo de re-dução da jornada de trabalho, e após seu término

durante o prazo equivalente a um terço do período de adesão.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, o movimento sindical terá de negociar no Congres-so, ou mesmo pressionar os políticos para melhorar o Programa, por meio da introdução de emendas. Segundo ele, pode-se sugerir um desconto menor de salário ou que o governo assuma os 30% corta-dos da remuneração do empregado em função da redução da jornada.

“O nosso deputado Paulinho (Paulo Pereira da Sil-va, do Solidariedade-SP) já apresentou emenda pro-pondo que o governo banque os 30%”, explicou. “O Programa vai servir para segurar muitos empregos”, observou o 1º secretário da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite, o Serginho

Trabalhador tem propostaspara melhorar programa

EMPREGO 4

Não há suspensão do contrato de trabalho e o empregado mantém seu posto na empresa

Trabalhador recebe salário, ainda que reduzido

Direito ao FGTS, férias, INSS etc

Duração do contrato: até 12 meses

• O plano vale para empresas de qualquer setor• A empresa e o Sindicato representante dos trabalhadores devem fi rmar acordo coletivo• O acordo tem de ser aprovado em assembleia dos trabalhadores• A empresa precisa comprovar sua situação de difi culdade fi nanceira, por meio do indicador líquido de emprego, que deve ser inferior a 1%• O trabalhador não poderá ser demitido durante a vigência do PPE; após o término do contrato, o empregado tem emprego garantido durante o prazo equivalente a um terço do período de adesão• O PPE permite redução da jornada de trabalho em até 30%, com diminuição proporcional do salário• Complementação de 50% da perda salarial pelo FAT**, limitada a 65% do maior benefício do seguro-desemprego

(*) PPE (Programa de Proteção ao Emprego)(**) FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)

Contrato suspenso, o trabalhador fi ca em casa e faz curso de qualifi cação

Não tem salário; a pessoarecebe seguro-desemprego

Empresa não recolhe contribuição, pois o contrato foi suspenso

Duração máxima: 5 meses

COMO ADERIR AO PPE*DIFERENÇA ENTRE PPE E LAYOFF

PPE Layoff

Dirigentes avaliam que o PPE é mais um meio para combater o desemprego

“ O Programa será usado também parasegurar empregos ”Serginho

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Nas 175 emendas à Medida Provisória 680, que cria o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), chama a atenção a diferença de conteúdo

entre as propostas vindas dos integrantes da bancada sindical e as patrocinadas pelos representantes dos em-presários. A avaliação é do analista político e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz.

Corroborando a preocupação do presidente da Força Sindical-SC, Osvaldo Mafra, Queiroz chamou a atenção para o fato de que as Centrais Sindicais precisam fi car atentas à tramitação da matéria para impedir que uma medida criada justamente para proteger o emprego em momentos de crise se torne uma ameaça constante aos direitos trabalhistas.

“Nesta perspectiva, é fundamental que a relatoria da matéria seja entregue a alguém identifi cado com o propósito do Programa, que é proteger o emprego, e não precarizar as relações de trabalho”, sugeriu o diretor do Diap no artigo “O embate em torno do Programa de Pro-teção ao Emprego”.

“Precisamos arrancar mais direitos, como, por exem-plo, a inclusão de uma emenda que crie as Organizações nos Locais de Trabalho (OLTs)”, sugeriu o secretário-geral da Central, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

De acordo com Queiroz, as Centrais precisam con-tatar os parlamentares da bancada sindical para, com urgência, solicitar que exijam de suas lideranças indica-ção para a comissão mista, a fi m de impedir que algum parlamentar defensor da fl exibilização ou da redução de direitos comande os trabalhos.

Centrais se organizam para manter direitos

EMPREGO

Para o presidente da Força Sindical--SP, Danilo Pereira da Silva, o Progra-ma de Proteção ao Emprego (PPE) é o melhor instrumento hoje para garantir os empregos, pois estimula a livre ne-gociação entre empresa e Sindicato dos trabalhadores, o que fortalece a entida-de dos empregados. Ele admite que o Programa apenas ameniza os efeitos na crise ao combater o desemprego.

De qualquer forma, é um avanço em relação ao layoff, um mecanismo de suspensão do contrato de trabalho em que os trabalhadores ficam em casa re-cebendo apenas o seguro-desemprego. As empresas não depositam os 8% do FGTS, não pagam o 13º salário nem se-quer recolhem o INSS.

O PPE, ao contrário, mantém os tra-balhadores nas empresas, com jornada e salários reduzidos, porém garantindo todos os direitos trabalhistas e previ-denciários. De acordo com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, a proposta permite, ainda, a redução de R$ 191 mi-lhões nos gastos com o pagamento do seguro-desemprego, e poderá segurar cinquenta mil empregos.

Melhor instrumento para barrar demissões

Nem bem foi lançado o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), algumas categorias já calcu-lam números de adesão ao programa. De acordo com os presidentes dos Sindicatos dos Metalúr-gicos de Santo André e de São Caetano, José Braz da Silva, o Fofão, e Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, haverá perto de 24 mil adesões no Grande ABC (que reúne sete cidades) ao PPE.

A região concentra as indústrias automobilís-ticas e de autopeças, que convivem com sérias dificuldades de mercado. “Apesar da redução

temporária de salário, é melhor pingar do que secar (ficar sem emprego)”, compara Fofão. “A medida é boa, mas tardia, pois deveria ter sido anunciada em janeiro deste ano”, critica Cidão.

Na Grande Curitiba, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local, Sérgio Butka, informou que conseguiu fechar acordos de layoff na Volvo e na Volkswagen que garantem todos os direitos aos empregados, como a complementação total do salário pago pela empresa, FGTS, férias, 13º salário e INSS.

Sindicalistas calculam adesãoCOMO ADERIR AO PPE*

Juruna: “Podemos negociar as organizações nos locais de trabalho”

Danilo: “Programa estimula livre negociação”

Mafra: “Preocupação com as manobras patronais”

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 996 APOSENTADORIA

Os trabalhadores vão reagir e pressionar o Congresso para derrubar o veto da presidenta Dilma Rousseff ao trecho da Medida Provisória 664 que permite ao tra-

balhador escolher a fórmula 85/95 para se aposentar, com a possi-bilidade de receber o benefício integral. Aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, a implementação da fórmula foi conside-rada uma vitória do movimento sindical, que há anos vem lutando contra o Fator Previdenciário.

Criado em 1998, o Fator é utilizado para reduzir o valor do benefí-cio para quem se aposentar mais cedo. Ao vetar este novo modelo, o governo demonstrou insensibilidade social e, mais uma vez, per-deu a oportunidade de mostrar à sociedade que está do lado dos trabalhadores.

Modelo A fórmula 85/95 exige da mulher trinta anos de contribuição mais

55 de idade, totalizando 85; para o homem, 35 anos de trabalho mais sessenta de idade, somando 95. Neste caso, o trabalhador estará apto a receber o salário-benefício integral.

Em nota, as Centrais Força Sindical, CTB, CUT, UGT, Nova Central e CSB repudiaram a decisão da presidenta. Ela descartou o modelo, porém criou nova regra estabelecida na MP 676 que mantém a fór-mula 85/95, mas com progressividade, corrigindo-a anualmente até chegar ao modelo 90/100.

As Centrais Sindicais discordam da progressividade contida da nova medida provisória já no Congresso. “De forma unânime, as Centrais envidarão todos os esforços de negociação da MP 676/15, e de tratamento do veto presidencial à MP 664/14, junto ao Con-gresso Nacional e ao governo, para garantir a aplicação da fórmula 85/95 sem progressividade”, destaca a nota das Centrais.

EmendasO deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (Solidarie-

dade-SP), apresentou duas emendas para mudar a MP que cria a progressividade. Na primeira, Paulinho propõe que o modelo 85/95 entre em vigor imediatamente. Na segunda emenda, ele sugere que a fórmula progrida um ponto a cada cinco anos, até chegar à propos-ta 90/100, como deseja o governo federal.

Centrais vão à luta por nova fórmula sem progressividade

Trabalhadores prometem manifestações pela nova fórmula

Logo após a presidenta Dilma Rousseff vetar a extensão da política de reajuste do salário mínimo para as aposentadorias e pensões, o pre-sidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Ido-sos (Sindnapi), Carlos Andreu Ortiz, disse que, a partir de agora, o movi-mento sindical vai privilegiar a luta no Congresso para os parlamenta-res derrubarem o veto. “Mas pode haver barulho”, afi rmou Ortiz.

O veto foi publicado na edição do dia 30 do Diário Ofi cial da União. A presidenta sancionou a lei que prorroga até 2019 a regra para o au-mento do salário mínimo e, alegan-do inconstitucionalidade, rejeitou o dispositivo que estenderia o cálculo para os benefícios da Previdência.

O governo foi contra a mudança porque alega que esse reajuste para aposentados e pensionistas poderia comprometer as contas previdenciá-rias. Atualmente, esses benefícios são corrigidos apenas pela infl ação.

A medida volta agora para o Con-gresso Nacional. Ela havia sido apro-vada pelo Senado no início do mês. Como foi votada sem mudanças em relação ao texto aprovado pela Câma-ra, seguiu para sanção presidencial.

Segundo o texto sancionado, o mecanismo de atualização do salá-rio mínimo continuará a ser calcula-do com a correção da infl ação, medi-da pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior, mais a variação do PIB, que mede o crescimento da economia de dois anos anteriores.

Luta agora será no Parlamento

Ortiz: “Pode haver barulho”

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JULHO/AGOSTO DE 2015JULHO/AGOSTO DE 2015 7 www.fsindical.org.br

Crise se enfrenta com unidade e capacidade de lutaPara reduzir a dívida pública federal, diminuir o dé-

fi cit externo e conduzir a infl ação para o centro da meta em 2016, o governo optou por medidas

impopulares, atacando os direitos dos trabalhadores, au-mentando impostos e encarecendo o crédito.

O Planalto entende que, para estabilizar a economia do País, é preciso cortar gastos sem levar em conta a ne-cessidade de gerar receita para aumentar o estoque de poupança a fi m de enfrentar os juros da dívida. Para isto, aumenta-se a taxa básica de juros. Para a Força Sindical, os trabalhadores terão de reforçar seus laços de unidade e promover grandes mobilizações e manifestações para reverter o ataque aos seus direitos, conforme sugeriu o presidente da Central, Miguel Torres.

Ao decidir atacar os gastos, o governo promove queda nos investimentos públicos e privados, o que compromete o crescimento produzindo o aprofundamento da crise. Eco-nomia em recessão produz desemprego, redução da renda do trabalho, queda na arrecadação de tributos, desindus-trialização. O trabalhador sofre coma queda do consumo e da produção.

“É um erro buscar a estabilização da economia via eleva-

ção da Selic, crédito caro, redução de direitos trabalhistas, sociais e previdenciários e aumentos de tarifas públicas. Em particular, a Força Sindical já apresentou ao governo alter-nativas ao simples corte de gastos, que prejudica os traba-lhadores e as populações carentes”, destacou o sindicalista.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatís-

tica e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a arrecadação decorrente da taxação de grandes fortunas — estimada em R$ 111.9 bilhões — seria equivalente ao que o gover-no pretende arrecadar com o ajuste fi scal. Além disto, a iniciativa aumentaria os investimentos com a consequente retomada do crescimento econômico.

Miguel diz que é possível estabilizar a economia sem provocar recessão

Em meio ao atual cenário conturbado da economia brasileira, a expectativa de diversas categorias é a de uma negociação bastan-te dura com o empresariado neste ano. Com os metalúrgicos em Minas Gerais, cuja data-base é em 1º de outubro, não é diferente.

João Alves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, expressou sua preocupação com as discussões, mas aposta na conscientização dos trabalhadores para que conquistas sejam al-cançadas e que não haja retrocesso. “O que está em jogo são os nossos direitos”, afi rmou ele.

Os sindicalistas acreditam que a unidade entre as diferentes for-ças políticas do movimento sindical de Minas Gerais será funda-mental para o sucesso da Campanha Salarial de 2015. Confi ra:

João Alves: “Este ano temos um cenário adverso, totalmente dife-rente, que nos deixa preocupados. Mas temos que fazer aquilo que é o papel do dirigente sindical, ou seja, conversar com a categoria no intuito de alertá-la para o enfrentamento que teremos frente a uma situação adversa”.

Unidade será fundamental para a Campanha Salarial

CAMPANHA SALARIAL

Os ferroviários da Portofer conquistaram reajuste salarial de 8,36%, após três dias de greve liderada pelo Sindicato dos Operários e dos Trabalhadores Portuários em Geral nas Administrações dos Portos, Terminais Priva-tivos e Retroportos do Estado de São Paulo (Sintraport).

O acordo estabelece uma comissão (Sin-dicato, trabalhadores e empresa) para solu-cionar problemas nas relações de trabalho e garante estabilidade no emprego por, no mínimo, noventa dias. “Se houver demissão, paramos tudo de novo”, prometeu o presidente do Sindicato, Claudiomiro Machado, o Miro.

O Sintraport, que é entidade recém-fi liada à Força Sindical, também parti-cipou com Sindicatos de outras categorias da conquista de um reajuste de 8,47% para os empregados da estatal federal Companhia Docas do Estado de SP (Codesp).

Ferroviário faz greve e conquista aumento de salário de 8,36%

Miro promete nova greve se ocorrer demissões

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Mobilização tende a destravar negociações

recessão e o aumento do desemprego tendem a prejudicar as Campanhas Salariais do segundo semestre. “Por isto, os Sindicatos fi liados à Força

Sindical vão intensifi car a organização e a mobilização das ba-ses para conquistar aumento real de salário e a manutenção dos direitos trabalhistas”, declarou Miguel Torres, presidente da Central e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

A Campanha Salarial reúne 440 entidades fi liadas à Força no País, responsáveis por 3,27 milhões de trabalhadores. No Estado de São Paulo, são 195 entidades que negociam em nome de 1,6 milhão de assalariados. “Os trabalhadores estão em pé de guerra na luta contra a crise, contra o desemprego e contra a redução da renda, razão pela qual já promoveram uma série de manifestações de protesto”, revelou o presiden-te da Força Sindical.

As categorias em Campanha Salarial no semestre são os trabalhadores dos setores da alimentação, do comércio, me-talúrgicos, químicos, serviços (autônomos, hoteleiros e dese-nhistas, entre outros), rurais, têxtil e vestuário e transportes.

DemissõesA retração econômica causou demissões nos setores me-

talúrgico e eletroeletrônico, e fez com que muitas fábricas de carros, caminhões e ônibus dessem férias coletivas ou suspendessem contratos de trabalho. Cláudio Magrão de Ca-margo Crê, presidente da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo, disse que em breve terá início a Campanha Salarial dos 750 mil metalúrgicos paulistas. “É fundamental, portanto, neste momento de crise, o fortalecimento dos Sindicatos na busca de alternativas em defesa do trabalho”, frisou.

Carlos Albino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão-GO (Simecat), informou que “os metalúrgicos da Mitsubishi voltaram ao trabalho depois de um dia de greve”. A montadora prometeu o encerramento das demissões e a reintegração de dez empregados que haviam sido desligados no início de julho.

Depois de 24 dias de greve, os metalúrgicos da Volvo, do Paraná, voltaram ao trabalho depois que a empresa aceitou pagar R$ 8 mil referentes à primeira parcela da PLR, que po-derá chegar a R$ 30 mil. Os salários e os demais benefícios serão reajustados com base na variação do INPC (data-base em setembro), informou o presidente do Sindicato dos Me-talúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, presidido por Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, conquis-tou a primeira parcela da PLR de R$ 6 mil para os 10.500

trabalhadores da General Motors (GM). “Este benefício pos-sibilita aos trabalhadores o acesso ao consumo e aquece a economia”, diz Cidão. Na GM, ocorreram férias coletivas de 11 a 28 de junho e layoff.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Timbó-SC, dirigido por Walter Horstmann, conquistou para a categoria um reajuste de 8,5% e piso salarial de R$ 1.138 (ou o valor do piso esta-dual, se for maior do que o da categoria).

O presidente da Força-RJ e da Federação dos Metalúr-gicos do Rio de Janeiro, Francisco Dal Prá, diz que, sem aumento real o trabalhador não progride na vida, desani-ma, e isto vai ser refl etido na produção. “O momento exige sacrifícios, mas não se pode penalizar o trabalhador. E os Sindicatos estão sabendo levar esta mensagem aos empre-gadores”, admitiu.

Químicos/CostureirasA Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e

Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar) e Sindi-catos fi liados estão fechando acordos no setor de fabricação do álcool e etanol nas regiões de Ribeirão Preto, Guaíra, São José do Rio Preto e Araçatuba. “Os reajustes variam de 8,2% a 9%, com a manutenção dos direitos já existentes”, infor-mou Sérgio Luiz Leite, o Serginho, presidente da Fequimfar.

As costureiras pleiteiam 15% de reajuste salarial, que cor-respondem ao índice de infl ação mais aumento real. “Entra-mos em nossa Campanha Salarial com um grande desafi o, e sabemos que não será fácil. Sentimos a infl ação real quando vamos ao supermercado, quando pagamos as contas de água e luz”, disse a presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo, Eunice Cabral.

Após suspender as demissões, os metalúrgicos da Mitsubishi encerraram greve

CAMPANHA SALARIAL

“A Campanha Salarial não será fácil, será um grande desafi o para a categoria”Eunice

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“Em momentos de crise, como este,devemos fortalecer o Sindicato”Magrão

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• O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Brinquedos e Instrumentos Musicais, presidido por Maria Auxiliadora dos Santos, conquistou rea-juste salarial de 9,85% para a categoria na Cam-panha Salarial deste ano. Além do ganho real, os onze mil trabalhadores conseguiram a manuten-ção das cláusulas sociais.

• A Fetiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de SP), presidida por Melquíades de Araújo, e 54 Sindicatos fi liados, negociam reajustes para cerca de 150 mil traba-lhadores dos setores de Carne e Derivados, Fri-gorífi cos, Rações, Doces e Conservas, Usinas de Açúcar, Sucos e Bebidas. Segundo Wilson Vidoto, secretário-geral da Fetiasp, no setor de Rações foi conquistado um reajuste de 8,34%, e, no de Carne, o reajuste foi de 9%.

• O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Santos e Região, presidido por Valdir de Souza Pestana, conquistou para os motoristas e demais empregados das empresas de transporte coletivo urbano de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe reajuste salarial de 8,5%%, além de 30% no vale-refeição e salário-base de R$ 1.872. Já os mais de mil mo-toristas de transporte de cargas secas e líquidas de Santos conquistaram 9% de reajuste salarial.

• O Sindicato dos Comerciários de Curitiba-PR, presidido por Ariosvaldo Rocha, o Ari, conquistou para a categoria, com data-base em março, reajus-te de 8,8% (ganho real de 1,12%) e a manutenção das conquistas sociais.

• Em assembleia realizada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Osasco-SP, presidido por Jessé de Castro Moraes, os trabalhadores do município decidiram rejeitar o pacote de propostas anunciadas pelo prefeito da cidade, Jorge Lapas. As propostas da prefeitura incluem abono com-plementar aos servidores cujo vencimento padrão inicial de seu cargo, emprego ou função seja infe-rior a R$ 1.100, e aumento da cesta-básica para R$ 275, entre outras.

• Os mais de doze mil trabalhadores do trans-

porte público de Curitiba e Região Metropolitana, liderados pelo Sindimoc, conquistaram aumento real de 4,13% + INPC (motoristas de ônibus) e au-mento real de 5,49% + INPC (cobradores de ôni-bus). O Sindicato, presidido por Anderson Teixeira, fez protestos contra a demissão e a perseguição das empresas a dirigentes sindicais.

• A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados, da Alimentação de Santa Catarina, presidida por Miguel Padilha, luta com os Sindicatos de Itajaí, Joaçaba, Videira, Xanxerê, Guatambu e Capinzal por reajuste salarial de 15%, salário base de R$ 1.200 e a manutenção das cláu-sulas anteriores para quinze mil trabalhadores da BRF Foods S/A.

• O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados, da Alimentação de Itajaí e Região, conquistou, para mais de quatro mil tra-balhadores da indústria da alimentação, incluindo

padarias, reajuste de 9% e piso salarial de R$ 1 mil • O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias

da Pesca de Itajaí-SC, presidido por Jutacy Leite, conquistou para mais de seis mil trabalhadores um reajuste de 8,09% e salário base de R$ 928.

• Em Campanha Salarial, o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de Santa Catarina, presidido por Paulo Sérgio Machado, tem feito ações em di-versos postos da PRF, e em locais de grande circu-lação de autoridades, como aeroportos e hotéis, as-sim como no Congresso Nacional, alertando sobre os policiais mortos em serviço e exigindo a valoriza-ção da categoria e a reestruturação da carreira.

• O Sindicato dos Trabalhadores em Artefatos de Borracha, Pneumáticos e Afi ns do Rio de Ja-neiro conquistou reajuste em março para os traba-lhadores da Michelin em Campo Grande e Itatiaia (data-base junho). Além da reposição, o acordo prevê Participação nos Lucros ou Resultados de R$ 9.300 (paga em abril), com a segunda parcela em janeiro de 2016.

• Os propagandistas, representados por sete Sin-dicatos, conquistaram 8% de reajuste e vale-refei-ção para viajantes de R$ 74 por dia. Os rodoviários de Volta Redonda conseguiram 9% de reajuste, mais 20% na cesta básica e 9% de aumento na PLR.

• Metalúrgicos da Marcopolo Rio vão receber 8,5% de aumento salarial, retroativo a 1º de abril, e 10% no vale-compra. Nas demais categorias, como frentistas, marceneiros, aeroviários, comer-ciários de Rio das Ostras, trabalhadores da cons-trução civil e empregados em edifícios do municí-pio do Rio, os salários subiram entre 7% e 13,75%.

• Com data-base em 1º de setembro, o Sindi-cato dos Comerciários de São Carlos, e as demais entidades da categoria no Estado, deram início à Campanha Salarial. “Queremos aumento real, o fechamento do comércio aos domingos, e somos contra a fl exibilização da jornada de trabalho”, explicou o presidente do Sindicato de São Carlos, Ademir Lauriberto Ferreira.

Brinquedos conquistam reajuste salarial de 9,85%

CAMPANHA SALARIAL

Os policiais rodoviários federais reivindicam, entre outras, mais segurança nas estradas e valorização da categoria

“A Fetiasp e Sindicatos fi liados intensifi cam as negociações para fechar bons acordos”Araújo

“Queremos aumento real e o fechamento do comércio aos domingos”Ademir

“Luta junto com os Sindicatos por reajuste salarial de 15% ”Miguel Padilha

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Força Sindical tem realizado plenárias por todo o País para debater a atual conjuntura e unir as ações em defesa do emprego e dos direitos. Para

Geraldino dos Santos Silva, secretário nacional de Relações Sindicais, as plenárias permitem um maior intercâmbio de informações sobre as distintas realidades do País e as ativi-dades sindicais.

“Nosso objetivo é unir ainda mais as estaduais com a na-cional e fortalecer a luta pelos direitos dos trabalhadores”, assinalou Geraldino. No dia 24 de junho, em Porto Alegre, foi realizada a Plenária Estadual da Força Rio Grande do Sul. O encontro reuniu cerca de setenta dirigentes sindicais, de dife-rentes regiões e ramos de atividade, e debateu as medidas do ajuste fi scal (MPs 664 e 665) e a proposta de regulamentação da terceirização, entre outros temas.

Cláudio Guimarães Silva, o Janta, vereador e presidente li-cenciado da Força-RS, destacou a importância da participação do movimento sindical na política. “Temos que levar nossos representantes sindicais para dentro do Parlamento e sermos protagonistas. Central igual a nossa não existe! As outras se omitem ou tomam as posições erradas”, garantiu Janta.

Para o presidente em exercício da Força-RS, Marcelo Aven-curt Furtado, o grande desafi o é enfrentar o desemprego. Ele lembra que estão ocorrendo demissões no setor comerciário, que é a principal categoria da estadual, com 116 mil trabalha-dores. “No total, nossas noventa entidades sindicais fi liadas

representam cerca de 900 mil trabalhadores”, diz Marcelo. Para ele, é importante aproximar mais a executiva nacional com a direção de cada Estado.

Bahia/DFAs plenárias são iniciativas da Força e, de acordo com a

presidenta da Central-BA, Nair Goulart, “reafi rmam a unida-de de luta dos sindicalistas e trabalhadores do Estado para transformar a agenda nacional de desenvolvimento em uma realidade na Bahia”.

Em julho, foi realizada a Plenária Estadual do Distrito Fede-ral. O encontro contou com as presenças de dirigentes nacio-nais da Força, entre eles o presidente Miguel Torres, e 85 di-rigentes ligados às 22 entidades sindicais fi liadas à Força-DF, que representam em torno de 200 mil trabalhadores.

Segundo Carlos Alves dos Santos, o Carlinhos, presidente da Força-DF, os debates giraram em torno das medidas do ajuste fi scal e da regulamentação da terceirização. “Debate-mos, também, a crise política e econômica, que tem difi cul-tado nossas Campanhas Salariais. “É fundamental, portanto, uma aproximação maior da nossa Estadual com a Força na-cional”, frisou.

“Para fortalecer a luta da Força Sindical pela manutenção de direitos e por mais conquistas no Estado, é fundamental que os dirigentes estejam cada vez mais preparados para enfrentar a resistência patronal”, avaliou o presidente da Central-MT, Manoel de Sousa. Também foram realizadas plenárias em Alagoas, Mato Grosso do Sul, Roraima, Ama-pá e Paraíba.

Nair: “Transformar a agenda nacional de desenvolvimento numa realidade na Bahia”

A admissão de trabalhadores com carteira assinada no Brasil, em junho, atingiu 1,45 milhão, ante 1,56 milhão de desligamentos, o que resultou em um saldo negativo de 111 mil postos de trabalho. O estudo foi feito pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Diee-se) com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No primeiro semestre de 2015, o País perdeu 389,5 mil postos com carteira assinada.

“Esta síntese permite acompanhar o com-portamento do emprego e subsidiar discus-sões que estão na ordem do dia, como o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). O balanço evidencia a urgência da mobilização do sindicalismo por meios de amparo aos trabalhadores que estão perdendo o empre-go”, afi rma a técnica do Dieese Thamires Sil-va, responsável pela compilação dos dados.

Setores Em junho, o recorde de cortes fi cou mais

uma vez para a indústria de transformação, com saldo negativo de 64 mil. O setor de ser-viços, com menos 39 mil postos de trabalho, alterou sua trajetória de geração de vagas dos últimos anos. “Os postos de trabalho per-didos foram nos setores que mais contratam com carteira assinada, como construção civil, metalurgia e comércio”, assinala em artigo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Na indústria de transformação mais de-mitiram do que contrataram: fabricação de veículos (– 7.127 postos), produtos de metal (– 6.703), máquinas e equipamentos (– 5.763), confecção de vestuário e acessórios (– 4.922) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (– 4.272).

BancosOs bancos fecharam 2.795 postos de tra-

balho nos primeiros seis meses, atesta Pes-quisa de Emprego Bancário divulgada pela Contraf-CUT. O estudo é feito com o Dieese e usa como base o Caged. No primeiro tri-mestre, o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 19 bilhões. O Banco do Brasil viu seus rendimentos crescerem 117%.

Vagas formais caem em junho no País

Estaduais debatem desafi os do movimento sindical

Marcelo: “É importante aproximar a executiva nacional da direção de cada Estado”

“A união entre as estaduais e a nacional fortalece a luta”Geraldino:

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DOMÉSTICAS

ois anos após a promulgação da PEC que assegurou aos emprega-dos domésticos os mesmos direitos

dos demais trabalhadores, a presidenta Dilma sancionou, no início de junho, a Lei dos Do-mésticos, regulamentando os novos benefí-cios para a categoria.

Jorge Ednar Francisco, presidente do Sindi-cato dos Empregados Domésticos da Região do ABC paulista e secretário-adjunto da For-ça Sindical para assuntos deste segmento, acompanhou todas as votações em Brasília. “É um importante avanço, fruto da luta do movimento sindical ao longo dos anos. Espe-ramos agora que os milhões de empregados informais tenham carteira assinada e os direi-tos respeitados”.

Pela lei, a vigorar em agosto, a contribuição patronal será de 8% para o INSS, o recolhi-mento para o FGTS será de 8% e haverá 0,8% de seguro contra acidente de trabalho. Se o trabalhador for demitido sem justa causa, terá FGTS e receberá indenização equivalente à multa de 40%, como os demais trabalhadores regidos pela CLT. O dinheiro virá de uma espé-cie de fundo formado por uma alíquota mensal de 3,2%, a ser recolhida pelo patrão.

O empregado doméstico terá direito a um banco de horas extras. As primeiras qua-

renta horas extras precisam ser pagas em dinheiro, com exceção daquelas que forem compensadas durante o mês. As demais vão para o banco de horas e devem ser compen-sadas em até um ano. Será criado um espaço virtual, o Simples Doméstico, para agilizar o pagamento de todos os tributos que devem ser recolhidos pelo empregador.

Outros direitosOutras garantias: jornada de oito horas

diárias e 44 horas semanais; pagamento de 50% de hora extra; 25% por adicional de via-gem; 20% de adicional noturno; 100% por domingos e feriados trabalhados e não com-pensados com folga; seguro-desemprego; férias; e uma hora para descanso e alimen-tação durante a jornada de oito horas, entre outros benefícios.

Para Jorge Francisco, é importante tam-bém o Brasil ratifi car a Convenção 189 da OIT, a primeira norma internacional a tratar especifi camente dos direitos dos domésti-cos. “Isto reforça o compromisso do País de proteger os direitos humanos e fundamen-tais do trabalho de nossa categoria (contra os abusos e por condições equitativas), e de respeitar a liberdade sindical e o direito à ne-gociação coletiva”.

Lei entrará em vigor em agosto

Jorge Francisco: o avanço é fruto da luta do movimento sindical

A criação urgente da Secretaria Estadual dos Hoteleiros da Força Sindical foi a principal resolução aprovada pelos delega-dos presentes ao Encontro dos Hoteleiros, realizado na Fede-ração da categoria, em Praia Grande, de 1º a 3 de julho. Segun-do diretores de Sindicatos, a Secretaria poderá incrementar a realização de cursos qualifi cação sindical, tornando-se, ainda, uma referência na Central para discussões relativas ao setor.

“Além disto, a Secretaria servirá de base para melhorar a organização da categoria e aproximará os Sindicatos”, ava-liou o presidente da Força-SP, Danilo Pereira da Silva, respon-sável pela coordenação do evento, ao acrescentar que o se-tor hoteleiro de gastronomia e hospedagem é gerador de mão de obra intensiva e fundamental para criar empregos. Hoje, o setor reúne 240 mil trabalhadores no Estado de São Paulo.

Para Danilo, o setor tem uma demanda reprimida e precisa de estímulos para crescer e dar conta da demanda. “O Méxi-co, por exemplo, recebe cerca de 25 milhões de turistas/ano, enquanto no Brasil o número chega a apenas seis milhões por ano”, revelou o presidente da Central-SP. “Isto prova que te-mos um longo caminho para tornar este setor um dos maiores – ou o maior – do Brasil”, completou.

Entre outros, o seminário contou com a participação técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-econômicos (Dieese), da Secretaria de Empregos e Relações do Trabalho (Sert) e do presidente da Força-SE, Willian Rober-to Arditti.

Eixos de discussãoOs principais pontos de discussão foram unicidade e uni-

dade sindical, conjuntura econômica, empresas que desres-peitam normas trabalhistas, assédio moral e sexual, saúde e segurança, o combate à terceirização no setor, organização e maior fi scalização dos estagiários do setor.

Resolução propõe criação de Secretaria Estadual

Danilo: “A Secretaria servirá de base para melhorar a organização da categoria”

DOMÉSTICASDESEMPREGO DOMÉSTICAS HOTELEIROS

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9912 MULHERES

s mulheres ligadas ao movimento sindical querem que o governo federal tome as devi-das providências em relação aos responsáveis

pela criação e comercialização de adesivos com ofensas sexuais à presidenta Dilma Rousseff. Elas exigem punição aos responsáveis, pois o ato agride todas as mulheres.

Segundo a secretária de Políticas para Mulheres da For-ça Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos, representantes do Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Cen-trais exigem respeito à presidenta e a todas as brasileiras. Maria Auxiliadora e dirigentes de várias entidades estive-ram em audiência com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Segundo a secretária, as mulheres das Centrais e dos movimentos sociais entregaram um documento que solici-ta a apuração dos fatos ao procurador, que se comprome-teu a levar o caso ao Ministério Público Federal.

Auxiliadora ressaltou que as Centrais Sindicais e movi-mentos sociais vão solicitar um encontro com a presidenta da República para prestar solidariedade em meio aos ata-ques sofridos por ela. “Neste momento, é nossa respon-sabilidade prestar solidariedade à maior autoridade deste País contra toda esta violência, mesmo que todas nós pos-

samos sofrer violência”, afi rmou a sindicalista.

Maus-tratosCerca de 71% das mulheres do Estado do Rio de Janei-

ro que sofreram algum tipo de violência não denunciaram seus agressores, conforme enquete do Projeto Via Lilás, pu-

blicada pelo jornal O Globo . A iniciativa realizada no Estado tem o objetivo de levantar os números da violência domés-tica. Segundo a Secretaria de Estado e Assistência Social e Direitos Humanos, dos cerca de cinquenta mil acessos, mais de 28 mil responderam à enquete, e 39% admitiram ter sofrido algum tipo de violência.

Sindicalistas cobram punição a ataques sexistas

JUSTIÇA

O presidente da Força Sindical-ES, Alexandro Martins Cos-ta, mostrou-se indignado com a decisão da Justiça de conde-nar as instâncias estaduais da Central, a CUT e a CTB, a pagar R$ 1,2 milhão por protestos realizados em 2013 em defesa de direitos trabalhistas. Segundo ele, a Central não abre mão de lutar e fazer greve pela manutenção dos direitos dos trabalha-dores. Para ele, a briga é justa e legal.

“Ficamos surpresos com a decisão da Justiça, pois enten-demos ser a luta necessária quando os direitos dos trabalha-dores são colocados em risco. Vamos recorrer dessa decisão, que consideramos injusta”, prometeu Alexandro Costa.

Além disto, a Força Sindical Estadual do Espírito Santo, ins-crita no CNPJ com o nº 39.352.703/0001-14, esclarece à so-ciedade e aos Sindicatos filiados que não participa do Fórum Campo Cidade, e que as deliberações tomadas pelo Fórum não têm apoio da Central no Estado.

Central protesta contra multa

MOÇÃO

A Secretaria Nacional de Políticas Agrárias da Força Sindical vem pu-blicamente manifestar seu repú-dio ao ato criminoso ocorrido no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), no município de Euclides da Cunha Pau-lista, interior do Estado de São Paulo, que pôs em risco a vida de trabalhadores e os expulsou da terra.

“Perplexos e indignados com esta situação, afirma-mos nosso compromisso de dar apoio aos movimentos sociais, pela vida e pela terra, como direito sagrado e universal de todos os seres humanos”, indignou-se Elmo Lescio (foto), secretário nacional de Políticas Agrárias da Força Sindical.

Repúdio à violência no campo e apoio à luta pela terra

FOTO: ARQUIVO FORÇA SINDICAL

Auxiliadora (terceira da esquerda para a direita) durante entrega de documento a Rodrigo Janot

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A Secretaria Nacional de Políticas Agrárias da Força Sindical vem pu-

município de Euclides da Cunha Pau-lista, interior do Estado de São Paulo,

e apoio à luta pela terra

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ARTE

Mantido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri promoveu, em

julho, a exposição “Do fi gurativo ao abstrato”, que reuniu quadros e artesanatos feitos pelas crian-ças e adolescentes atendidos pelo Centro, sendo os trabalhos resultados das ofi cinas de desenho e

pintura. O evento foi realizado na sede do Sindicato.“É importante que todos saibam do nosso traba-

lho e o que a gente faz. As ofi cinas estimulam as habilidades e a criatividade das crianças”, afi rma Neusa Coelho, coordenadora-geral do Meu Guri.

Para a presidenta do Meu Guri, Elza Costa, tam-bém diretora fi nanceira do Sindicato, “além de

mostrar o trabalho das crianças, a exposição dá às pessoas a oportunidade de ver como elas são capazes de aprender, de se dedicar a um trabalho e como interagem com a sociedade”.

Foram apresentados quadros feitos a três, quatro mãos, que retratam o universo dos adolescentes, como o gosto pela música, pelo futebol, pelos ani-mais. O artesanato foi feito com material reciclável, como bandejas e vasos de papelão, garrafas pet e de vidro pintadas, potes com decupagem e uma bateria de papel, entre outras, informou a professo-ra Maria Emília.

“Aqui, as crianças desenvolvem diversas ativi-dades, que vão contribuir para sua vida no futuro. O Meu Guri trabalha para formar cidadãos. Se quiser-mos uma sociedade melhor, temos de cuidar das nossas crianças”, afi rma Miguel Torres, presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi.

Meu Guri promove exposição

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) conside-ra que será um retrocesso caso o Brasil reduza a idade mínima para o trabalho de dezesseis para quatorze anos, conforme proposta de parlamentares expressa na Propos-ta de Emenda Constitucional (PEC) 18/2011 e suas apen-sadas. A avaliação é do diretor-adjunto da OIT no Brasil, Stanley Gacek, em audiência realizada na Câmara dos Deputados, quando alertou que diminuir a idade mínima para o trabalho violaria as normas internacionais ratifi ca-das pelo País.

“Não há outro Estado membro da OIT que tenha feito

tanto quanto o Brasil para incorporar o trabalho decente como uma referência para políticas públicas e legislação. A erradicação do trabalho infantil é um fundamento im-prescindível deste conceito”, afi rmou Gacek. A Conven-ção 138 da OIT, uma das convenções fundamentais ratifi -cadas pelo Brasil, exige que os países estabeleçam uma idade mínima (não inferior a quinze anos) para a entrada no mercado de trabalho em todos os setores, e que esta seja elevada gradualmente.

Contravenção A única exceção seria no caso de países não desenvol-

vidos, que poderiam temporariamente estabelecer a ida-de mínima de quatorze anos apenas no início, ou seja, no momento de ratifi cação da norma, o que não se aplica no caso atual do Brasil. “Um país que reduza a idade mínima anos depois da ratifi cação da Convenção 138 estaria em contravenção direta da norma, e isto é exatamente o que

faria a PEC 18/2011”, explicou o dirigente da OIT. Ela destacou, ainda, que a Convenção 138 também esta-belece que a idade mínima para o trabalho deva ser igual ou superior à escolaridade mínima obrigatória. “Como em 2009 o Brasil elevou a escolaridade mínima de quatorze para dezessete anos, por meio de emenda constitucional, nós deveríamos discutir uma PEC para a elevação da ida-de mínima para dezessete anos, e não uma redução para quatorze”, afi rmou ele.

A OIT considera o Brasil um país pioneiro e referência internacional nos esforços para a prevenção e a erradica-ção do trabalho infantil. Nos últimos vinte anos, o Brasil reduziu o número de meninos e meninas de cinco a dezes-sete anos que trabalham em 58%. São mais de cinco mi-lhões de crianças a menos envolvidas no trabalho infantil do que em 1992. Atualmente, mais de 80% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Brasil têm entre quatorze e dezessete anos.

tanto quanto o Brasil para incorporar o trabalho decente

TRABALHO

Reduzir a idade mínima é um retrocesso

A exposição “Do fi gurativo ao abstrato”, reuniu quadros e artesanatos feitos pelas crianças e adolescentes atendidos pelo Centro

Os trabalhados são resultados das ofi cinas de desenho e pintura

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9914 ACIDENTE DE TRABALHO

No Brasil, o total de acidentes com mortes caiu 7%. Cerca de 2,7 mil trabalhadores perderam a vida, em 2012, ante 2.938

no ano anterior. Os acidentes sem vítima fatal, em 2012, igualmente diminuíram, totalizando 705 mil ocorrências – 2,1% menos que os 720.629 acidentes registrados em 2011. “Apesar disto, estes dados são assustadores, e deixam claro que, para ser decente, o trabalho tem de ser seguro e saudável”, afi rmou o secretário de Saúde e Segurança no Trabalho da Força Sindical, Arnaldo Gonçalves, no Dia Nacional de Prevenção dos Acidentes de Trabalho, realizado em 27 de julho.

No mundo todo, ocorrem anualmente 337 milhões de acidentes de trabalho não fatais, e 2,31 milhões de trabalhadores morrem por causa de acidentes (358 mil) e doenças (1,95 milhão). Os dados, divulgados em 2014, são do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Subnotifi caçãoSegundo o Ministério Público do Trabalho (MPT),

a Região Sudeste apresenta 90% dos acidentes no

País, porém apenas 50% são devidamente registrados pelas empresas/funcionários por meio da abertura da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), o que pode agravar ainda mais a situação.

Gonçalves explicou que o governo, com ajuda dos Sindicatos, precisa fi scalizar o cumprimento da legislação específi ca sobre saúde e segurança no trabalho para impedir mortes, incidência de doenças

TAXISTAS

Mais de cinco mil taxistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná realizaram manifestação na capital carioca contra o transporte ilegal de passageiros. O Simteta-xi, de São Paulo, organizou uma carreata com cerca de qui-nhentos taxistas, que engrossaram a manifestação no Rio em protesto contra o aplicativo Uber.

A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) foi designada relatora das PECs 314/04, 369/05 e 426/05, que tratam da reforma sindical ou da mudança do artigo 8º da Constituição. A deputada deverá emitir parecer sobre a admissibilidade das PECs na Comissão de Cons-tituição e Justiça.

A relatora, fi lha do então presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), pode seguir dois caminhos: apresentar parecer contrário, seguindo orientação histórica do par-tido, ou apresentar parecer favorável, para permitir a discussão dos detalhes da matéria na comissão especial e, posteriormente, seguir para votação em dois turnos no plenário da Câmara.

Para o assessor legislativo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Neuriberg Dias, “é curioso que este assunto esteja sendo ressuscitado em um mo-mento político em que o movimento sindical está sob ataque, dentro e fora do Congresso Nacional, como bem ilustra a série de reportagens recentes do jornal O Globo”.

E acrescentou: “Os setores conservadores e liberais podem aproveitar esse momento para produzir uma reforma sindical sem a participação efetiva dos atores principais – tra-balhadores e movimento sindical”.

REFORMA SINDICAL

Deputada do PTB designada relatora

Números caem, mas a subnotifi cação é alta

“O trabalho tem de ser seguro e saudável,

para ser decente”Arnaldo

ocupacionais e a subnotifi cação. “Além disto, representantes dos trabalhadores precisam participar dos conselhos municipais, estaduais e federais que atuam na área de saúde e segurança”.

Para a engenheira de segurança do trabalho e especialista em riscos industriais, Marcia Ramazzini, o governo deve fi scalizar e criar leis e campanhas de conscientização. A construção civil é o setor com maior índice de acidentes. No ranking de lesões, as quedas e ferimentos nos membros superiores (mãos) são os mais frequentes entre os trabalhadores. Já nos casos de óbitos, os registros mostram quedas de grandes alturas e eletricidade como principais motivos.

Foto: Arquivo Sintetaxi

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JULHO/AGOSTO DE 2015JULHO/AGOSTO DE 2015 15 www.fsindical.org.br

Sindicalistas da Força Sindical, CTB, CUT, UGT e Nova Central querem criar um meio para expressar as reivindicações trabalhistas

nas discussões do Brics, a exemplo do que já existe em relação ao setor empresarial.

A proposta foi aprovada no 4° Fórum do Brics Sindical, realizado paralelamente à 7ª Reunião dos Chefes de Estado dos países do bloco, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A cúpula do Brics se reuniu de 7 a 9 de julho na cidade de Ufá, no sul da Rússia.

Para ofi cializar o pedido de reconhecimento do Brics Sindical, os dirigentes das Centrais dos cinco países entregaram uma declaração conjunta com as principais demandas dos trabalhadores ao presiden-te russo, Vladimir Putin, ressaltando a importância de os países implementarem políticas macroeconô-micas e fi nanceiras responsáveis e empreender re-formas estruturais que criem empregos decentes.

“Nossa declaração é uma importante contribui-ção na construção de um mundo com trabalho de-

cente para todos, com condições de igualdade e justiça social”, declarou o presidente da Força Sin-dical, Miguel Torres, em Ufá.

Não à austeridadeDiz o documento: “Não podemos aceitar que

medidas de austeridade, que falharam na Europa e nos Estados Unidos, sejam apontadas como um caminho para sair da crise”. O movimento sindi-cal defende que receitas para tirar países da crise devam incluir aumento de investimentos no setor produtivo, em projetos de infraestrutura, em saú-de, educação, ciência e tecnologia e pesquisa e desenvolvimento.

Em relação ao aumento da incidência de práticas antissindicais, Miguel Torres acentuou que direi-tos fundamentais da representação sindical, e a negociação coletiva, estão sob ameaça em alguns países e sujeitos a ataques em outras nações. Se-gundo ele, “em alguns países os patrões estão ten-tando minar o direito de greve”.

INTERNACIONAL

Centrais querem reconhecimento do Brics Sindical

Com representantes de Centrais Sindicais de cinco países, Miguel Torres (segundo dadireita para a esquerda) quer um mundo com trabalho decente para todos

SEMINÁRIO

“Os delegados presentes ao Seminário Latino-Americano e Caribenho, que teve como tema ‘Projetando o Sindicalismo do Século XXI’, propuseram a reforma do estatuto da Confederação Sindical das Américas (CSA). O objetivo é rever a composição do secreta-riado, para que seja incluído, no mínimo, 30% de mulheres e jovens, e a criação do cargo de secretário que desempenhe a função da te-souraria”, informou o secretário de Relações Internacionais da Força Sindical. Nilton Souza da Silva, o Neco.

O evento terminou dia 1º de julho, na cidade de Cancún, no México, e foi convocado por tre-ze entidades sindicais – entre as quais a Força Sindical –, de treze países que elaboraram documento propondo mudanças na CSA, fun-dada sete anos atrás. Diz o documento: “Ana-lisamos o contexto dos nossos problemas e a própria conduta política e administrativa da CSA; os líderes que se reuniram expressaram suas preocupações sobre a direção da organi-zação continental tendo em vista as práticas exercidas pela maioria do secretariado atual”.

A CSA é resultado de um processo de unida-de sindical mundial orgânico, que deu origem à Confederação Sindical Internacional (CSI), em 2006, e tem compromisso com a consoli-dação, o fortalecimento, a unidade, o pluralis-mo e a democracia do movimento sindical.

Para manter e ampliar as relações democrá-ticas dentro da CSA será preciso rever o pro-cesso eleitoral da entidade, incluindo o voto secreto das minorias nos órgãos de gestão, os quais já violaram a autonomia de organi-zações nacionais fi liadas. De acordo com o documento, em alguns países membros do se-cretariado promovem reuniões com governos e empresários sem consultar as organizações nacionais fi liadas.

Entidades propõem mudanças no estatuto da CSA

Neco e o governador do Estado de Yucatán, Rolando Zapata Bello

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 99 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9916

o fi m da década de 1970, os índices de acidentes laborais eram alarmantes, e, com a falta de fi scais do Ministério

do Trabalho, não apa-reciam nos dados ofi -ciais do governo. Neste contexto, já nos últimos anos de 1970, um grupo de militantes pela Saúde e Democracia, médicos do trabalho e outros profi ssionais da saúde, ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e entusiastas da Reforma Sani-tária Italiana, trouxeram a São Paulo o senador, do Partido Comunista Italiano (PCI), Giovanni Berlinguer.

O livro “Saúde na Fá-brica” (Cebes), de Ber-linguer, um marco deste tema, fomentou debates e ações que abrangiam a substituição de conceitos pa-tronais de “Higiene do trabalho”, como “Ato de risco” e “Equipamento de Proteção Individual (EPI)”, por novos conceitos da saúde do traba-lhador, como “Condições de risco” e “Equipa-mentos de Proteção Coletiva (EPC)”. Nesta nova abordagem, o trabalhador passava de agente passivo para conhecedor do seu próprio corpo e de sua função, em condição de igualdade com os profi ssionais técnicos formados pela ideolo-gia patronal.

O primeiro Sindicato no Brasil que implantou essa inovação foi o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, seguido por outros, como o Sindi-cato dos Metalúrgicos de Osasco e o de Guaru-lhos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo criou seu Departamento de Saúde do Trabalha-dor, e seus profi ssionais médicos e líderes sindi-cais conceberam a primeira “Semana de Saúde do Trabalhador” (Semsat), entre os dias 14 e 19 de maio de 1979, realizada na sede do Sindica-to. Com a participação de cerca de 1.800 traba-lhadores, 49 Sindicatos e seis Federações, além de jornalistas, médicos e advogados, o principal tema de discussão daquela Semsat foi a silicose e as doenças pulmonares causadas por poeira.

“Dieese da Saúde”Naquela semana surgiu a ideia de criar um

departamento para levantar dados e estudar as questões relacionadas à saúde e à segurança

dos trabalhadores, uma espécie de “Dieese da Saúde”, cuja proposta foi efetivada em agosto de 1980 com a fundação do Departamento Intersin-dical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Am-bientes de Trabalho (Diesat).

Para combater o discurso ofi cial do governo, que alegava que os acidentes e as doenças ocu-pacionais ocorriam em função da inabilidade e in-disciplina dos trabalhadores, o Diesat surgiu com a proposta de reunir técnicos para produzir dados confi áveis sobre acidentes e doenças provocadas pelo ambiente e condições de trabalho.

Do ponto de vista histórico, a preocupação com a saúde e a segurança no trabalho surgiu, por parte da medicina social e dos movimentos ope-rários, no início do século 20, com o crescimento das indústrias e dos trabalhadores urbanos. Em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) fez as primeiras referências à higiene e à segu-rança no trabalho. E, ainda na década de 1940, o surgimento das Comissões Internas de Preven-ção de Acidentes (Cipas) nas empresas trouxe grandes contribuições e incentivou a realização de congressos sobre prevenção de acidentes. No período da ditadura militar, entretanto, tanto pelo contexto econômico, que fazia com que as em-presas explorassem mais a mão de obra, quanto pelo cerceamento do movimento sindical e a de-sarticulação de comissões de fábrica, houve um retrocesso nesta área, e toda a cultura adquirida pelos trabalhadores foi reprimida.

Criação do DiesatA criação do Diesat, em 1980, foi, neste sentido,

um importante e consistente avanço nesse qua-dro. Seus estudos e pesquisas, demonstrando a nocividade de determinados setores, tanto na área de serviços quanto na da indústria, passaram a servir de subsídios na pauta de reivindicações e negociações, bem como forneciam argumentos precisos e irrefutáveis para a responsabilização dos empregadores e do Poder Público.

No início, o Departamento levantou dados so-bre contaminações, especialmente por benzeno e mercúrio; mutilações por injetoras, prensas e outras máquinas no setor plástico e metalúrgi-co; o problema da silicose; e mortes causadas por queda, soterramento e choques elétricos na construção civil, entre outros problemas à saúde. Estudos do Diesat apontaram diversas moléstias relacionadas ao medo do desemprego, como cansaço físico e mental. Uma das principais cau-sas abraçadas pelo Diesat, desde a década de 1980, foi a luta pelo banimento do amianto, cujo manuseio provoca doença pulmonar irreversí-vel, conhecida como asbestose. As pressões do movimento sindical forçaram a adoção de uma lei sobre o uso desta substância, que obriga for-necedores e fabricantes a rotularem produtos com informações e instruções de uso.

MEMÓRIA SINDICAL

por: Carolina Maria Ruy*

JULHO/AGOSTO DE 2015

Diesat: 35 anos dedicados à saúde

e segurança do trabalhador

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*Carolina Maria Rui é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

JULHO/AGOSTO DE 2015JULHO/AGOSTO DE 2015

Diesat: 35 anos