página sindical do diário de são paulo - força sindical - 17 de março de 2015

1
Trabalho jovens com escolaridade crescente nos anos analisados pelo Dieese. Os setores que mais praticam a rotatividade são os de extrativa mineral, indústria de trans- formação, serviço de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, ad- ministração pública e agricultura. A agri- cultura e a construção civil devem ser tratadas de forma diferenciada porque tem atividades sazonais. Conforme o estudo, 89% dos estabe- lecimentos privados que apresentaram taxas de rotatividade superiores à taxa média do mercado tinham até dezenove empregados. A rotatividade e o seguro-desem- prego são temas em discussão entre as Centrais e o governo. A rotatividade é alta (44% entre 2003 e 2013) conforme estudo do Dieese, no qual as Centrais se baseiam nas negociações. De acordo com o estudo, entre 2002 e 2013 cerca de 45% dos desligamentos ocorreram com menos de seis meses, e 65% não atingiram um ano de trabalho. No período, predominou o encerramento do contrato de trabalho ligado ao empre- gador. No entanto, cresce a rescisão a pe- dido do trabalhador. “Quando a economia cresce aumenta a rotatividade, porque ela é pró-cíclica no Brasil. As empresas pas- sam a contratar mais e, para reduzir os custos, demite uns e contrata outros ga- nhando menos. Os demitidos requerem seguro-desemprego e acabam afetando as contas do FAT”, diz o economista Altair Garcia, técnico da subseção do Dieese na Força Sindical. Sergio Luiz Leite, Serginho, 1º secretá- rio da Força e representante da Central no FAT, afirma que o governo tem de adotar medidas e mudar muita coisa no Fundo. Hoje a DRU (Desvinculação das Receitas da União) fica com 20% do FAT; o BNDES com 40%; e o Fundo destina 40% para o seguro-desemprego, abono salarial e outros programas do Ministério do Traba- lho e Emprego. “As medidas que afetam o FAT são as desonerações feitas sem con- trapartidas. Empresas que desoneram o PIS e outras que adotam o Simples Fiscal geram rotatividade, e também não con- tribuem com o Fundo”, declara. “Empresas que geram mais rotativida- de deveriam pagar alíquota maior do PIS, e as que têm taxa menor deveriam pagar menos”, diz Serginho. O PIS financia o FAT, ou seja, o seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro-defeso, que constam nas MPs 664 e 665. Para sanar o problema as Centrais pro- puseram ao governo ratificar a Conven- ção 158, que trata da dispensa imotivada; regulamentar o Parágrafo 4º do Artigo 239, e o Artigo 7, inciso I da Constituição, que trata do PIS; fixar limites ao uso do contrato de experiência como indutor de rotatividade e que as homologações fos- sem feitas pelos Sindicatos. O mercado formal é constituído por Decisão, que mantém padrão salarial, faz justiça a servidores municipais Publieditorial Baseadas em estudo do Dieese, Centrais iniciam negociações com membros do governo Direitos e crescimento econômi- co são temas que caminham juntos. Um completa o outro. E, se não for assim – como ocorre hoje no Brasil –, os dois tendem a não se comple- tar, e alguém – no nosso caso os trabalhadores –, vão ter de arcar com o ônus. Só o equilíbrio entre esses dois elementos vão contri- buir para o desenvolvimento social. A insatisfação popular, e a inexis- tência de perspectivas, têm levado milhares de pessoas às ruas de vá- rias cidades do País na tentativa de mudar a postura do governo que, inadvertidamente, insiste em pri- vilegiar os mais abastados em de- trimento da parcela mais pobre da população, principalmente os tra- balhadores de menor renda. A Força Sindical tem entre suas principais bandeiras a defesa dos direitos e dos empregos dos tra- balhadores. A classe trabalhadora não pode pagar a dívida de uma conta que ela não provocou, muito menos com a perda de direitos e do seu maior patrimônio, que mantém seu sustento e o de sua família: o emprego! O governo tem de ter posturas específicas voltadas ao reaque- cimento da economia, investir no parque industrial brasileiro, alavan- cando o crescimento econômico, baixar os juros e minimizar ao má- ximo a rotatividade de mão de obra, entre outras demandas. Só assim nosso País será igualitário, man- tendo e ampliando direitos, com emprego, bons salários, educação, saúde e justiça social. Miguel Torres Presidente da Força Sindical Mais direitos com crescimento econômico OPINIÃO CENTRAIS E GOVERNO youtube.com/user/centralsindical facebook.com/CentralSindical flickr.com/photos/forca_sindical [email protected] twitter.com/centralsindical fsindical.org.br SINDICALIZE-SE PARTICIPE DO SEU SINDICATO! Os cerca de 140 motoristas-plantonistas da Prefeitura de Guarulhos poderão manter a jornada com plantões 24 por 48 horas e, assim, assegurar o atual padrão salarial. Por força de ação movida pelo Ministério Públi- co, eles teriam a jornada alterada, com perda de até 50% nos vencimentos. A vitória saiu no dia 13 no Tribunal Regio- nal do Trabalho da 2ª Região, em ação cau- telar movida pelo Sindicato dos Servidores. O juiz Rui César B. Corrêa argumenta na de- cisão que a proibição dos plantões 24 x 48 “poderia trazer danos irreversíveis aos tra- balhadores, que teriam remuneração redu- zida”. Boa parte deles é motorista do Samu. “Estou feliz com a decisão, que faz justiça a servidores que prestam relevante serviço à população. O Sindicato mobilizou os ser- vidores e recorreu ao Judiciário. A vitória é resultado desse empenho”, afirma Pedro Zanotti Filho, presidente do Stap. PREFEITURA DE GUARLHOS Motoristas têm jornada e salário garantidos Em debate rotatividade e seguro-desemprego Foto: Arquivo Sindicato Fotos: Erasmo Salomão Miguel e dirigentes sindicais discutem com o governo rotatividade e desemprego. Ao lado, Serginho: “Quem gera mais rotatividade deveria pagar PIS maior”

Upload: forca-sindical

Post on 08-Apr-2016

216 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Destaques - 'Em debate rotatividade e seguro-desemprego; Miguel Torres: 'Mais direitos com crescimento econômico'; Guarulhos: 'Motoristas têm jornada e salário garantidos'

TRANSCRIPT

Page 1: Página Sindical do Diário de São Paulo - Força Sindical - 17 de março de 2015

Trabalho

jovens com escolaridade crescente nos anos analisados pelo Dieese. Os setores que mais praticam a rotatividade são os de extrativa mineral, indústria de trans-formação, serviço de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, ad-ministração pública e agricultura. A agri-cultura e a construção civil devem ser tratadas de forma diferenciada porque tem atividades sazonais.

Conforme o estudo, 89% dos estabe-lecimentos privados que apresentaram taxas de rotatividade superiores à taxa média do mercado tinham até dezenove empregados.

A rotatividade e o seguro-desem-prego são temas em discussão entre

as Centrais e o governo. A rotatividade é alta (44% entre 2003 e 2013) conforme estudo do Dieese, no qual as Centrais se baseiam nas negociações. De acordo com o estudo, entre 2002 e 2013 cerca de 45% dos desligamentos ocorreram com menos de seis meses, e 65% não atingiram um ano de trabalho. No período, predominou o encerramento do contrato de trabalho ligado ao empre-gador. No entanto, cresce a rescisão a pe-dido do trabalhador. “Quando a economia cresce aumenta a rotatividade, porque ela é pró-cíclica no Brasil. As empresas pas-sam a contratar mais e, para reduzir os custos, demite uns e contrata outros ga-nhando menos. Os demitidos requerem seguro-desemprego e acabam afetando as contas do FAT”, diz o economista Altair Garcia, técnico da subseção do Dieese na Força Sindical.

Sergio Luiz Leite, Serginho, 1º secretá-rio da Força e representante da Central no FAT, afi rma que o governo tem de adotar medidas e mudar muita coisa no Fundo. Hoje a DRU (Desvinculação das Receitas da União) fi ca com 20% do FAT; o BNDES com 40%; e o Fundo destina 40% para o seguro-desemprego, abono salarial e outros programas do Ministério do Traba-lho e Emprego. “As medidas que afetam o FAT são as desonerações feitas sem con-trapartidas. Empresas que desoneram o PIS e outras que adotam o Simples Fiscal geram rotatividade, e também não con-tribuem com o Fundo”, declara.

“Empresas que geram mais rotativida-de deveriam pagar alíquota maior do PIS,

e as que têm taxa menor deveriam pagar menos”, diz Serginho. O PIS fi nancia o FAT, ou seja, o seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro-defeso, que constam nas MPs 664 e 665.

Para sanar o problema as Centrais pro-puseram ao governo ratifi car a Conven-ção 158, que trata da dispensa imotivada; regulamentar o Parágrafo 4º do Artigo 239, e o Artigo 7, inciso I da Constituição, que trata do PIS; fi xar limites ao uso do contrato de experiência como indutor de rotatividade e que as homologações fos-sem feitas pelos Sindicatos.

O mercado formal é constituído por

Decisão, que mantém padrão salarial, faz justiça a servidores municipais

Publieditorial

Baseadas em estudo do Dieese, Centrais iniciam negociações com membros do governo

Direitos e crescimento econômi-co são temas que caminham juntos. Um completa o outro. E, se não for assim – como ocorre hoje no Brasil –, os dois tendem a não se comple-tar, e alguém – no nosso caso os trabalhadores –, vão ter de arcar com o ônus. Só o equilíbrio entre esses dois elementos vão contri-buir para o desenvolvimento social.

A insatisfação popular, e a inexis-tência de perspectivas, têm levado milhares de pessoas às ruas de vá-rias cidades do País na tentativa de mudar a postura do governo que, inadvertidamente, insiste em pri-vilegiar os mais abastados em de-trimento da parcela mais pobre da população, principalmente os tra-balhadores de menor renda.

A Força Sindical tem entre suas principais bandeiras a defesa dos direitos e dos empregos dos tra-balhadores. A classe trabalhadora não pode pagar a dívida de uma conta que ela não provocou, muito menos com a perda de direitos e do seu maior patrimônio, que mantém seu sustento e o de sua família: o emprego!

O governo tem de ter posturas específi cas voltadas ao reaque-cimento da economia, investir no parque industrial brasileiro, alavan-cando o crescimento econômico, baixar os juros e minimizar ao má-ximo a rotatividade de mão de obra, entre outras demandas. Só assim nosso País será igualitário, man-tendo e ampliando direitos, com emprego, bons salários, educação, saúde e justiça social.

Miguel TorresPresidente

da Força Sindical

Mais direitos com crescimento econômico

OPINIÃO

Miguel Torres

da Força Sindical

CENTRAIS E GOVERNO

youtube.com/user/centralsindical

facebook.com/CentralSindical

fl ickr.com/photos/[email protected]

twitter.com/centralsindical

fsindical.org.br

SINDICALIZE-SE

PARTICIPE DO SEU SINDICATO!

Os cerca de 140 motoristas-plantonistas da Prefeitura de Guarulhos poderão manter a jornada com plantões 24 por 48 horas e, assim, assegurar o atual padrão salarial. Por força de ação movida pelo Ministério Públi-co, eles teriam a jornada alterada, com perda de até 50% nos vencimentos.

A vitória saiu no dia 13 no Tribunal Regio-nal do Trabalho da 2ª Região, em ação cau-telar movida pelo Sindicato dos Servidores. O juiz Rui César B. Corrêa argumenta na de-cisão que a proibição dos plantões 24 x 48 “poderia trazer danos irreversíveis aos tra-balhadores, que teriam remuneração redu-zida”. Boa parte deles é motorista do Samu.

“Estou feliz com a decisão, que faz justiça a servidores que prestam relevante serviço à população. O Sindicato mobilizou os ser-vidores e recorreu ao Judiciário. A vitória é resultado desse empenho”, afirma Pedro Zanotti Filho, presidente do Stap.

PREFEITURA DE GUARLHOSMotoristas têm jornada e salário garantidos

Em debate rotatividade e seguro-desemprego

Foto

: Arq

uivo

Sin

dica

to

Fotos: Erasmo Salomão

Miguel e dirigentes

sindicais discutem com

o governo rotatividade e desemprego.

Ao lado, Serginho:

“Quem gera mais

rotatividade deveria pagar

PIS maior”