revista tela viva - 96 agosto de 2000

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www.telaviva.com.br Nº96 AGOSTO 2000 SERVIÇOS TERCEIRIZADOS NO SETOR DE PRODUÇÃO O PAPEL DOS LINKS NAS REDES DE TELEVISÃO

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Revista Tela Viva - 96 Agosto de 2000

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Page 1: Revista Tela Viva - 96  Agosto de 2000

www.telaviva.com.br

Nº96AGOSTO 2000

SERVIÇOS TERCEIRIZADOSNO SETOR DE PRODUÇÃO

O PAPEl DOS lINkS NAS REDES DE TElEVISÃO

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@w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Í N D I C E

Edylita Falgetano

O cinema nacional é sempre um tema polêmico. É difícil citar alguma época em que não sejam feitas reivindicações para dinamizar o setor. Mas embora o número de espectadores dos filmes brasileiros venha aumentando ano a ano, este aumento ainda não é proporcional ao número de produções que entraram em cartaz. Em 98, 15,6% do total de filmes exibidos foram produções nacionais, mas somente 5,4% do total de espectadores se dispuseram a assisti-los. Os cineastas diagnosticaram o mercado e apontaram soluções na conclusão do 3º Congresso Brasileiro de Cinema, realizado em Porto Alegre entre junho e julho deste ano. De acordo com eles, a participação da televisão é fundamental para consolidar a indústria audiovisual brasileira, inclusive, ou principalmente, como fonte financiadora. Os cineastas propõem a taxação sobre as receitas das TVs abertas e das operadoras de TV por assinatura. É impossível negar a ligação do brasileiro com sua televisão. O veículo tem uma empatia invejável com seu público. Em 50 anos de existência conseguiu adaptar os sucessos do rádio para se tornar o campeão de audiência. Fez isso com profissionalismo e competência. Cumpriu seus objetivos. Infelizmente a indústria cinematográfica brasileira não funciona tão bem. Em artigo nesta edição pode ser verificada a insipiência dos produtores nacionais. O minúsculo porte das produtoras é um dos maiores entraves na hora do financiamento para os filmes. Mas ao invés de seguir o modelo do broadcasting e até mesmo das TVs pagas (onde os produtores nacionais dispõem de um canal inteiro para exibir sua produção), a indústria cinematográfica prefere continuar inventando taxas e incentivos para bancar seus mirabolantes projetos. Programas de televisão made in Brazil são exportados com enorme sucesso. Alguém já se perguntou por que apenas um ou dois filmes brasileiros conseguem ser distribuídos comercialmente fora do País? O Brasil precisa, e deve, ter uma indústria de cinema que pelo menos chegue perto da TV. Só que não serão incentivos, taxas e garantia de veiculação que atrairão público. Está na hora de se conscientizar que qualquer indústria para se firmar tem de vender seu produto. E o consumidor só compra o que lhe convém.

E D I T O R I A l

GENTE 4

CAPA 12

50ANOSDETV 16

PROGRAMAÇÃOREGIONAL 22

TELEVISÃO 30

ARTIGO 32

MAKINGOF 38

PRODUÇÃO 40

TECNOLOGIA 44

FESTIVAIS 46

FIQUEPORDENTRO 52

AGENDA 54

Este s ímbolo l iga você aos serv iços TElA VIVA na Internet .

ï Guia TElA VIVA

ï Fichas técnicas de comercia is

ï Edições anter iores da TElA VIVA

ï legis lação do audiovisual

ï Programação regional

Mídia

Mato Grosso do sul

links

FinanciaMento para cineMa

terceirização de serviços

transporte de vídeo

11º Festival de curtas de são paulo

Broadcast & caBle 2000

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EQUIPE OLÍMPICAComeça no dia 13 de setembro a cobertura das Olimpíadas de Sydney pela Rede Globo, e a equipe mobilizada para a captação de notícias tem dimensões quase olímpicas. Serão 125 profissionais. Devido ao fuso horário de 14 horas, a emissora transmitirá os jogos e provas durante toda a noite, começando a partir do “Jornal Nacional” e substituindo a programação tradicional em momentos de destaque.

Os apresentadores Ana Paula Padrão, do “Jornal da Globo”, e Jô Soares mudam-se para a Austrália durante as duas semanas de competição, comandando seus programas diretamente do outro lado do mundo. Para centralizar as operações no local,

a Rede Globo construiu um estúdio de 800 m2 no centro criado pela organização do evento para as TVs de todo o mundo. Além das redações, a sucursal terá ilhas de edição, cenários dos programas idênticos aos originais e 21 câmeras exclusivas.

A transmissão do sinal da Globo está a cargo da Globe Cast, empresa que é resultado de uma joint venture entre a Casablanca e a multinacional francesa France Telecom. Já está na Austrália uma unidade móvel equipada com três câmeras digitais e toda a infra-estrutura de edição e captação de áudio e vídeo. No suporte à produção, estará uma equipe da TeleImage e no comando das operações, respondendo pela Globe Cast, está Alex Pimentel.

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s C A n n E RMAIS STATUS

Quando José Paulo Vallone deixou a Record para assumir a Diretoria de Produção Internacional da Globo, no início deste ano, Marcus Aragão encarou o desafio de comandar a Diretoria de Programação Artística da Rede Record. O bom desempenho do trabalho desenvolvido durante esse período já rendeu frutos: Aragão mudou de status e agora é superintendente de programação artística. A nova função acumula o comando do recém-aberto escritório da Record Internacional, em Londres, sob a responsabilidade da jornalista Patrícia Büneker e da Diretoria de Programação Artística da emissora, agora a cargo de Marcus Vinícius Chisco.

SUCESSO NO

BRASILO diretor de fotografia norte-americano Bobby Cohen e sua esposa e agente Thea Cohen só têm motivos para comemorar. Dois anos após desembarcar em São Paulo, o casal já perdeu as contas de quantos trabalhos passaram por suas mãos. Após várias produções, os dois decidiram oferecer às produtoras uma equipe de técnicos free lancers (eletricista, maquinista etc.) para completar seu trabalho. Em dois anos de Brasil, Bobby dirigiu a fotografia de vários comerciais, Entre eles o do remédio Luftal, que foi para o Festival de Cannes, e videoclipes da Angélica, Raimundos e Maskavo Roots. Thea, logo que voltar de uma viagem a Nova York, deve trabalhar no atendimento de uma produtora que, por enquanto, “é segredo”.

DTV NA FRANÇAA France Télévision promoveu um encontro na sede na Unesco para analisar a “Televisão: do analógico ao digital”. O encontro destacou que a tecnologia já está completamente dominada, face às experiências conduzidas, e que a transmissão digital deve ser usada para complementar a difusão do sinal de televisão, e não substituir o sistema antigo. Segundo o representante do Canal +, a TV digital deve oferecer novos serviços e conceitos para poder conquistar uma posição entre os diversos modos de difusão. O presidente do Conselho Superior do Audiovisual na França, Hervé Bourges, divulgou que no primeiro semestre do próximo ano haverá licitação pública para as concessões locais e regionais, mas com prioridade para a televisão pública.

nO ARInaugurado no último dia de julho, o Canal 8, de Joinville, está levando para as regiões norte e nordeste

de Santa Catarina o sinal do SBT. Com um investimento que já ultrapassou os R$ 4 milhões, a nova emissora, integrante da Rede Santa Catarina de Comunicação, conta com uma área de 800 m2, equipamento de

produção digital e um transmissor de 10 kW. O Canal 8 coloca no ar diariamente duas horas de programação local, baseada principalmente no jornalismo ao vivo.

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nOVO EsTÚDIOA produtora catarinense Cinergia Cinema e Televisão acaba de reestruturar suas instalações em Florianópolis e agora conta com um terceiro estúdio de 500 m2. A produtora nasceu em 1995 e é dirigida pelo empresário João Roni Garcia. No último Festival de Cannes concorreu ao Leão de Ouro pela co-produção de um filme de Mercedes-Benz.

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s C A n n E R AMPLIAÇÃO ESPIRALADA

Maurício Lanzara é o mais novo diretor de cena da Espiralcom, integrando o time que já contava com Stella Rizzo, Jorge Solari e Marcelo Galvão. Lanzara já passou pelo mercado publicitário, trabalhando com Julio Xavier, iniciou seus trabalhos como diretor na O2 Dois e passou também pela Tambor, onde ficou até ser contratado pela Espiralcom. O diretor já dirigiu para

vários comerciais (Habib’s, Gessy Lever, Renault, Shopping Iguatemi) e recebeu o prêmio da Lei de Incentivo a Cultura para melhor roteiro de um curta

que fez com Raul Cortez e Emílio de Biasi. Sua paixão pela direção iniciou quando largou a faculdade de economia para se dedicar ao teatro e, como ator, chegou a trabalhar com Bia Lessa e Antunes Filho.A produtora contou também com mudanças em seu atendimento a agências com o ingresso da publicitária Doralice Sander, a Doca, que já passou pela Adag Publicidade, pela Net Filmes e pela Dínamo Filmes.

REFORÇO TÉCNICOSônia Barbosa é a nova engenheira de suporte para América Latina da Discreet, empresa especializada no desenvolvimento de hardware e software para computação gráfica. Sonia já trabalhou na Globograph e na TV Globo e sua última passagem foi pela SGI. Com uma experiência de 16 anos no mercado de produção e computação gráfica, a engenheira ficará no escritório

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Maurício e doralice

sOns DO RIOA produtora de áudio studio Hitz, inaugurada no Rio de Janeiro em julho sob a batuta do músico Nani Dias, tem sede na Barra da Tijuca. Entre os trabalhos incluídos no portfólio da produtora está a recente trilha do comercial “Amor”, criado pela DPZ para Coca Cola Light.

PIT STOP NO BANHEIROO bonitão Pedro Paulo Diniz é a estrela do novo comercial da Sabesp, companhia de águas de São Paulo, que tenta conscientizar a população da necessidade de economizar água neste inverno. O piloto toma banho enquanto um reloginho marca os minutos e segundos da operação, a exemplo do que a televisão faz quanto um corredor pára nos boxes para a troca de pneus. O letreiro final tem duplo sentido: “Menos tempo no box”. Criado pela Loducca, o filme foi dirigido por Renato Assad Filho, da side Cinema.

FILME AO COnTRÁRIOA agência age. criou e levou ao ar pela primeira vez um comercial de cabeça para baixo. O filme, de 30 segundos, foi criado para o portal Cidade Internet e exibido em horário nobre na Rede Globo. O filme tem cópias para cinema, que também serão exibidas de cabeça para baixo, no Rio e em São Paulo. Depois dessa primeira iniciativa - que quer mostrar que o portal vai colocar a Internet de ponta-cabeça - muitas outras novidades estão prometidas.

CHOCOLATEs ABUsADOs

Voltaram ao ar em agosto os famosos bonequinhos dos chocolates M&M, que desde o ano passado vêm ganhando versões tupiniquins. Primeiro eles contracenaram com a atriz Letícia Spiller. Agora, em dois novos filmes, os charmosos e ovalados bonecos dividem a cena com a apresentadora

Sabrina Parlatore e com o galã Humberto Martins. O roteiro sempre mostra os dois personagens, um vermelho e um amarelo, desafiando os humanos. A criação dos filmes é de Rafael Artissian, da AlmapBBDO, e a direção é de Jean Benoit Crepon, da Cine Cinematográfica.

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s C A n n E RREFORÇO

OPERACIONALRuy Galvão é o novo diretor executivo da agência interativa Tríade-comm, do Grupo Talent. Sua meta será a de coordenar o departamento de operações e a área de desenvolvimento de negócios. Em seu currículo, Ruy, que tem formação em administração de empresas, traz passagens pela indústria automobilística e pela área de logística, no Brasil e na Argentina.

PIONEIRA

REVISITADAComo parte da Mostra VideoAutor, Lucila Meirelles, uma das mais antigas realizadoras de vídeo do país, será homenageada com uma retrospectiva de seus vídeos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, de 29 de agosto a 3 de setembro. Lucila começou seu trabalho com José Roberto Aguillar, em 1974, como atriz e colaboradora em seus vídeos, desenvolveu uma produção dedicada ao documentário autoral e em 94 recebeu bolsa Vitae para produção do vídeo “Cego Oliveira, no sertão do seu olhar”, exibido na TV Cultura, onde vem dirigindo o programa “Zoom”. Lucila vai apresentar vídeos dos anos 70, documentários experimentais, biografias e crônicas premiadas no Brasil e no exterior.

CONTATO NOVOO grupo Grass Valley tem uma nova relações públicas, que vai se encarregar também de atender ao mercado brasileiro. Com a saída de Geneviève Athens e Jayne Scheckla da empresa, assumiu Denise Williams, que fica na sede da empresa nos Estados Unidos.

DEBUTAnTEPromovida anualmente pela Rede

Globo em parceria com o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, a campanha Criança Esperança chega à sua 15º edição com um novo formato e amplia suas ações. A nova proposta é ter

um calendário de eventos para os 12 meses do ano. O projeto, que incorpora atividades esportivas associadas à educação, conta com a parceria do Viva Rio e da Polícia Militar de cada localidade. Com o novo perfil da campanha, aumenta a participação das 113 afiliadas da Rede Globo, que serão responsáveis pela divulgação e cobertura dos Jogos da Esperança em suas respectivas áreas.

Em 1999 o valor das arrecadações baixou para cerca de R$ 2 milhões (contra R$ 5 milhões no ano anterior) por problemas no sistema de telefonia. Para a atual edição da campanha, estão sendo usados os números com prefixo 0500,

autorizado pela Anatel para a

Unicef fazer os testes do

novo sistema - além do site www.

criancaesperanca.com.br, que

possibilita também doações vindas

do exterior graças à divulgação da

campanha na programação da

TV Globo Internacional.

Foi lançado o CD “Criança Esperança

2000”, com 14 músicas de artistas

como A turma do Didi e Vinny, Los

Hermanos, Xuxa, Sandy & Júnior e

Rosana, cuja renda será destinada

aos projetos sociais da Unicef.

Além do Criança Esperança, a Rede

Globo desenvolve diversas ações no

intuito de cumprir o papel social da TV, como o Ação Global, Brasil 500

anos, Amigos da Escola e veiculação

de campanhas de utilidade pública.

Em 99, sob o selo Globo Serviço,

foram desenvolvidas pela própria

emissora 29 mensagens nas áreas

de saúde, educação, cidadania

e prestação de serviços. Entre

campanhas próprias e de terceiros

foram veiculadas 227.986 inserções

no valor de mais de R$ 71 milhões.

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ruy Galvão

REVIRAVOLTAAs lojas Arapuã, uma das maiores redes brasileiras de varejo de eletrodomésticos, acaba de escolher a QG, agência do grupo Talent, para criar suas novas campanhas. Em uma primeira fase, desenvolvida em julho, a agência continuou a linha criativa anterior, mantendo a produção a cargo da Tape House. A partir de agosto, a agência deve aprovar uma nova linha criativa e pode ou não manter a produtora à frente da estrutura de realização dos filmes publicitários.

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nO MERCADOA Pinnacle systems apresentou, em julho, sua estratégia de produtos para

proporcionar a criação, o armazenamento, o fluxo e a visualização de recursos de mídia pela Internet. As linhas de produtos que farão parte nova estratégia de soluções foram batizadas como iCreate, iStore, iStream e iView.

A Pinnacle também anunciou o início da produção no Brasil, em parceria com a Brasoft, da linha de produtos Studio, para edição

de áudio/vídeo em PCs. A Pi Editora, detentora da marca Brasoft, será a responsável pela produção e distribuição da linha, que é voltada ao

mercado doméstico e semiprofissional.

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s C A n n E RnOVA COnTRATADAA diretora Bia Flecha é a mais nova contratada na produtora Film Planet. Há sete anos no mercado publicitário, Bia é a responsável por trabalhos premiados nos festivais Shorts-lists, FIAP, London Festival, Top Ten Saatchi & Saatchi, Colunistas e Profissionais do Ano. O primeiro filme assinado por Bia na produtora é o “Milhão”, criado pela agência age. para a campanha do portal Cidade Internet.

ACÚMULO DE

FUNÇÕESGlêizer Correa Neto assumiu a direção da nova geradora da TV Alterosa em Juiz de Fora, afiliada ao SBT. A emissora atende a 126 municípios da Zona da Mata, Campo das Vertentes e Vale do Rio Pomba, em Minas Gerais, e conta com jornalismo local. Glêizer agora acumula a nova função com seu cargo de diretor da TV Alterosa de Varginha, no sul de Minas.

NO PARANÁPara a presidência da filial da agência Loducca, do grupo Lowe, em Curitiba, foi escolhido o publicitário Mario D’Andrea, que deixa a equipe de criação da matriz em São Paulo. A nova agência deve ser inaugurada em agosto, quando toda a equipe estará completa. A previsão é de trabalhar com um orçamento de R$ 35 milhões no próximo ano. As operações de implantação da agência começaram com a conquista da conta do grupo de telefonia GVT. A Loducca anunciou como clientes o banco HSBC e o Governo do Estado do Paraná.

Bia Flecha

HUMOR E DEsEMPEnHOA W/Brasil apresentou em julho três novos filmes da campanha “Potência com Inteligência”, para o automóvel Classe A 190, da Mercedes-Benz. A criação é de Washington Olivetto, Itagiba Lages e Flavio Horacio e a produção ficou a cargo da equipe de Jarbas Agnelli. Os filmes da campanha foram produzidos pela JotaXis Filmes, com direção de Julio Xavier. Para mostrar as qualidades do carro, a criação contou com três roteiros bem humorados e linguagens bem diferentes. No filme “Game”, por exemplo, as imagens se baseiam em verdadeiros videogames. Já em “A carta”, o filme é baseado na interpretação dos atores. O primeiro filme da campanha foi “Lançamento”.

MARCAnDO POsIÇÃOEm meio à polêmica gerada pelo projeto de lei que pretende extinguir a veiculação de filmes da indústria tabagista, a diretoria do Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) se reelegeu em julho. À frente do Conar continua Gilberto C. Leifert, além de Celso Piratininga, Luiz Carlos Dutra Jr., Carlos Alberto Nanô, Dorian Taterka, Fernando Portela, Edney Narchi e Álvaro Cardoso de Moura Jr., que mantêm seus postos na diretoria. Leifert é considerado um dos maiores especialistas em ética e auto-regulamentação publicitária e participa da direção do Conar desde a sua fundação, em 1980.

VIAGENS FREEAtletas da equipe olímpica brasileira de várias modalidades participam da nova campanha do site BOL, criada para divulgar a promoção que vai sortear 15 viagens para a Austrália e outros brindes. Além dos filmes para TV, os banners da promoção também trazem imagens de jogadores como Cafu e Alex, o nadador Gustavo Borges e o campeão de hipismo Rodrigo Pessoa. A criação é de Washington Olivetto e a produção da Cine Cinematográfica, com direção de Clóvis Mello.

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s C A n n E RCRIATIVIDADE

DINÂMICAA tradicional dança das cadeiras entre profissionais de agências de publicidade foi bastante intensa durante o mês de julho. A Giovanni, FCB reforçou sua equipe carioca com a chegada do diretor de arte Daniel Gomes, vindo da Draft, e do redator Rogério Martins, ex-Standard. Na Fischer América, as novas aquisições são: Edgard Gianesi, anteriormente na Full Jazz; Daniel Venticinque, vindo da Salles, e Paulo Telles, ex-Grey.O diretor de arte Sidney Araujo é o novo trunfo da Lowe Lintas. Sidney já trouxe para casa cinco Leões de Ouro e acaba de deixar a F/Nazca S&S, tendo passado também por Young & Rubicam e Neogama. A divisão de Varejo da DPZ também anunciou a chegada dos redatores Ícaro Dória e Kleber Fonseca e do diretor de arte Ricardo Velloso. Os três devem atender um grupo de clientes que inclui Citroen, Riachuelo, Champion, Pool, Promon e Meggashop. Na Neogama, as novidades estão na supervisão de contas. São três mulheres: Renata Cury, vinda da Young & Rubicam; Meg Fabrega, que já trabalhou na Publicis e na Leo Burnett; e Fernanda Pinter, saindo da Salles.

FILHOS DE PEIXENa equipe de produção da O2 Filmes que realizou o novo comercial para os laboratórios fotográficos Fotoptica reuniram-se filhos de famosos que já garantiram por conta e talento próprios seu lugar ao sol. O diretor de fotografia Pedro Farkas é filho do grande fotógrafo Thomas Farkas, também dono da Fotoptica. E a diretora do filme, Fabrizia Pinto, é filha do cartunista e humorista Ziraldo. A criação do filme é da Talent Biz.

COnFIAnÇAA TeleImage conquistou a confiança do diretor Walter Salles Jr., que promete trazer para o Brasil a revelação e a telecinagem do material de seu próximo longa, “Abril despedaçado”. Segundo o diretor da TeleImage, Patrick Siaretta, Salles Jr. costuma realizar toda essa operação na França. O empresário começa a investir em novas mídias, mais precisamente Internet. Patrick associou-se à NewcommBates para criar a new Trade, empresa que irá desenvolver soluções para web.

A HORA DOs PRODUTOsDepois de uma fase de filmes poéticos e institucionais, a nova concessionária de serviços telefônicos Vésper anuncia seu primeiro produto, em dois filmes com muito bom humor. O Vésper Express é um sistema de telefonia que dispensa fios e cabos, utilizando uma antena para transmitir o sinal. Por isso, a W/Brasil criou um filme, “Escritório”,

onde a própria empregada consegue instalar o aparelho e, logicamente, logo se pendura ao telefone. No filme “Família”, uma família empolgada com a possibilidade de ter um telefone acaba comprando um aparelho para a mãe, outro para o pai e um para cada filho. A direção dos filmes é de Julio Xavier, da JotaXis Filmes.

VACA VIBRATÓRIA

Foi fazendo uma vaca vibrar como um telefone celular que a Atual Propaganda, de Brasília, e a Alterosa Cinevídeo, de Belo Horizonte, conquistaram o prêmio de melhor filme na categoria Mercado Leste-Oeste da 22ª edição do “Profissionais do Ano”. O filme, criado para a Tele Centro-Oeste Celular, utilizou recursos do Flame para simular as vibrações da vaca que engole um telefone celular e, sugestivamente, dá ao filme o nome de “Vibracow”.

UMA FÁBRICA EM BRAsÍLIAA produtora Fabrika, que trabalha na área de multimídia, Internet, TV, cinema, jogos eletrônicos e publicidade, foi inaugurada em Brasília num galpão com mais de 1,5 mil m2 de área construída. A produtora conta com um estúdio, quatro ilhas de edição, enlace de fibra óptica com a Embratel para envio de material para qualquer emissora do País e um laboratório de desenvolvimento de games e web sites. Entre os trabalhos no portfólio da casa estão uma série de 26 programas de um minuto sobre a história de Brasília produzidos para a Rede Globo e o portal de games www.gameplay.com.br, só com jogos desenvolvidos pela equipe da produtora.

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Davi Molinari

Duran t e a Abe r t /SET B roadca s t

& Cab l e 2000 pode rão s e r

con f e r i da s a s t e ndênc i a s

e nov i dade s pa ra equ i pa r

em i s so ra s e p rodu to ra s .

Desde o momento em que os fornecedores descobriram os segredos para domar o código binário dos sinais digitais, uma novidade após a outra chega ao mercado de broadcast. A evolução tecnológica está tornando os sistemas cada vez mais práticos e automatizados.A convergência da televisão, informática, telecomunicações, tecnologias wireless e as oportunidades de novos negócios que ela proporciona será um dos principais assuntos do Abert/SET 2000 - Broadcast & Cable. O evento, que integra a Feira de Tecnologia em Equipamentos e Serviços para Engenharia de Televisão, o 14º Congresso Técnico da SET - Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e o 20º Seminário Técnico Nacional da Abert - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (veja box), organizado pela Certame Eventos Promocionais, será realizado de 21 a 23 de agosto no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Os fabricantes de aparelhos para captação, armazenagem, edição, transmissão e recepção de sinal de televisão dedicam-se a compactar e a integrar equipamentos. Os expositores da B&C 2000 estão cheios de exemplos de como a

tecnologia digital está mudando as emissoras de televisão.

na pa s sa re l a

O desfile de câmeras é um roteiro já conhecido em feiras de equipamentos de TV. O que muda é que as empresas estão cada vez mais próximas de saciar os desejos de quem colhe as imagens: qualidade, mobilidade, facilidade e, se possível, menor custo. A maioria dos expositores de câmeras e monitores já apresenta produtos para trabalhar com o formato 4:3 (atual) e o 16:9 (futuro). Os preços das câmeras começam perto dos US$ 4 mil, como a DSR-PD150 da Sony, uma câmera compacta com três CCDs, muito usada para captar esportes radicais, e chegam a valores de gente grande, que são revelados apenas para quem quer fazer negócio. É o caso das câmeras de alta definição HDC 900 e HDC 950, também da Sony, já em uso no “Programa do Jô”, nos estúdios da Rede Globo em São Paulo. Os produtores de cinema e o pessoal da área de publicidade devem ficar atentos à linha Cenalta da Sony. Na B&C 2000, a empresa estará demonstrando a HDW- F900, uma camcorder digital para externa e o BVE -700, um editor de vídeo com switcher HD. A linha é completada com editor e gravador digital e quatro modelos de switchers de vídeo para alta definição.

Para fazer frente à presença da Sony no mercado nacional, a Hitachi aperfeiçoa o sistema de transmissão das câmeras de estúdio. O novo modelo Z-3000W é o único atualmente no mercado que possibilita ter saída serial digital em um CCU multicore. “A solução acaba por reduzir bastante o custo de configuração do estúdio, além do equipamento poder ser utilizado como ENG e ser docável com todos os formatos existentes no mercado DVCPRO, DVCAM, Betacam SX, Digital-S, Betacam SP, S-VHS, Hi-8 e M-II”, afirma Sérgio Constantino, gerente da Divisão Broadcast da Video Systems. A afiliada do SBT em Recife (PE), TV Jornal do Commércio, comprou recentemente cinco câmeras Z-3000 W em modelo wide screen (aspectos 4:3 e 16:9). “A flexibilidade e o bom preço estão permitindo que a câmera tenha uma boa aceitação no mercado”, finaliza Constantino.O mercado de câmeras digitais também é disputado pela Philips do Brasil. “Apenas no primeiro semestre, a divisão de câmeras da Philips Broadcast superou em 40% a meta mundial de vendas”, afirma Walter Duran, diretor de marketing e produto da Philips. Os equipamentos mais vendidos são as câmeras LDK 100/200, docáveis para uso em estúdio e externo, com digitalização em 12 bits e várias versões de CCD, inclusive uma que

c a p a

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sHOW DE AUTOMAÇÃO

sHOW DE AUTOMAÇÃO

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permite a escolha entre os aspectos 4:3 e 16:9 sem perda de resolução horizontal. Assim, como a Philips, a JVC também vai expor sua linha profissional de câmeras, que busca atrair o cliente pelo preço.

ed i ção de s comp l i cada

Na maioria das emissoras de TV do País, uma ilha de edição de corte seco ainda tem, no mínimo, dois monitores, uma máquina rec e uma player. Acrescente mais uma máquina e mais um monitor para efeitos especiais e pós-produção, além do switcher, gerador de caracteres e mesas de corte e de áudio. Enquanto a Sony procura aperfeiçoar sua estação gráfica de edição não-linear (versão EX-3), que trabalha sem a necessidade de compressão de vídeo, a Philips investe em tecnologia de compressão, de olho no mercado wireless. A empresa apresentou recentemente a versão 4 do mais famoso padrão de compressão para áudio e vídeo. O MPEG-4, permite operar com alta qualidade em larguras de bandas reduzidas. As tradicionais empresas de hardware de TV, Sony, JVC e Philips, entram na disputa em condições de igualdade com a nova geração de empresas que dominam as operações binárias e sabem o que fazer com sinal digital, quando ele sai da fita para o servidor. É o caso da Quantel, líder mundial

de design e manufatura de processadores de imagem digital de filme e vídeo. A empresa colocou no mercado os editores de efeito Henry e Infinity; o editor online Editbox FX; o Hal, um switcher para video design; os servidores Clipbox e Cachebox; e o Inspiration, sistema integrado de produção de notícias. Todos os padrões dos softwares da empresa são abertos. A empresa introduziu produtos novos como o Paintbox FX e fez desenvolvimentos novos de Maya em Quantel. O software de animação Maya estará em demonstração no estande da JVC/Tecnovideo. Em sua versão 3.0 esse software possibilitou os efeitos que consagraram filmes como “O Máskara”, “Jurassic Park”, “Stars wars” e “Stuart Little”. A JVC aproveita para apresentar as mais recentes versões de editores não-lineares que

permitem trabalhar com a imagem sem compressão, como é o caso do MW-S1200, em plataforma Windows NT 4.0 e processador Pentium III, que permite ao usuário trabalhar desde imagens sem compressão até imagens comprimidas na razão de 30:1 “Ele é uma boa aplicação para emissoras, edita praticamente em tempo real e ainda tem placas de 3D, gerador de caracteres Inscriber e medidor de nível de áudio. É só ligar um VT rec”, afirma Sady Ros, gerente comercial da Tecnovídeo, representante oficial no Brasil da JVC. A nova linha de VTs da JVC apresenta

como evolução visível um lock mais veloz de fita. O delay que existia entre o acionamento do play e a aparição da imagem, praticamente desapareceu.A Video Systems apresenta o novo editor não-linear Affinity, da Àccom, que também trabalha sem compressão de vídeo; a AD Videotech lança sistema não-linear baseado em Targa 3000, muito mais próximo da Internet que da televisão. A Videodata oferece soluções avançadas para o gerenciamento de mídia para TV e Internet.O único problema é que boa parte desses sistemas ainda trabalha com servidores baseados em discos SCSI, que rodam em máquinas de alta performance. O sistema quando isolado funciona bem, mas apresenta limites quando compartilhado em uma rede. Ou funciona com vários discos, armazenando informações separadamente, ou usa um sistema de cliente-servidor que limita o número de usuários. A solução veio com o surgimento da Fibre Channel, que permite uma arquitetura de rede e manipulação de imagens.

au tomação

Soluções de automação podem ser vistas em alguns estandes. A Videodata demonstra o ADC-100 em Windows NT, um sistema que coloca no ar automaticamente a programação. TV Globo SP, SBT, Globo News, Globosat, Sky, Direct TV e TV Record SP já dispõem do sistema. A S4 Informática Indústria e Comércio, empresa catarinense, aproveita a B&C 2000 para mostrar a mais nova versão do exibidor de comerciais Digimaster 2000. O equipamento é um servidor de vídeo com softwares de automação que além de colocar os comerciais no ar, gera logomarca, relógio, cronômetro, frames ou inserts, texto foguete e caracteres. A configuração básica custa US$ 25 mil. “Nós procuramos integrar tudo o que uma emissora precisa de um exiber. Você compra tudo em um única máquina”, afirma Celso Schmidt, diretor da empresa. A Evertz, representada no Brasil

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O tema do congresso da B&C deste ano é “Mergulhe no Universo Digital”, e a programação inclui painéis, debates e workshops entre os dias 21 e 23 deste mês, das 09h00 às 17h30, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Mais informações sobre o programa, taxas e formas de inscrição podem ser obtidas nos sites www.set.com.br e www.broadcastcable.com.br.

M E R G U L H O D I G I T A L

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pela Tacnet, estará expondo um sistema onde se pode mesclar numa mesma unidade de rack equipamentos digitais tais como gerador de sincronismo e de sinais de teste, insersor de logos estáticos e dinâmicos, conversores de fibra óptica para ligações até 40 km, conversores de áudio etc. A empresa canadense também fornece codificadores para sistemas de closed caption.

compas so de e spe ra

Mas do centro de exibição até a casa do telespectador há um percurso que precisa de definições para poder aquecer o mercado. Empresas que produzem transmissores de microondas, como a Nec, estão em compasso de espera aguardando a definição do padrão de transmissão digital pela Anatel. A Nec no Japão desenvolveu um transmissor que pode ser ajustado para qualquer padrão. Devido à burocracia aduaneira, ele não deve chegar a tempo para ser demonstrado na B&C 2000. Mas a empresa deve exibir a van que foi utilizada pela equipe que realizou os testes dos três padrões de DTV em São Paulo. Microondas nas faixas de 6 GHz e 7 GHz, com uma taxa de transmissão de até 64 Mbps, também serão exibidos. Há também solução para transmissões em freqüências bem altas, na faixa dos 30 GHz. O Paso Link, uma pequena antena de transmissão unidirecional, para ser usada em unidades móveis, tem 40 cm de diâmetro e pode

transmitir em 15 MHz, 18 MHz ou 23 MHz. “A vantagem dos produtos da nossa empresa está no fato de serem resultado de desenvolvimento tecnológico nacional. Isto nos dá uma boa posição no mercado, porque contamos com incentivos fiscais, como IPI zero. Outra vantagem é que, sendo produzido aqui, permite ao cliente pleitear um financiamento junto ao BNDES”, conta Carlos Siqueira, gerente da Nec do Brasil.A Embratel demonstra dois novos tipos de prestação de serviço. Quer mostrar que as transmissões via satélite podem ficar mais baratas do que distribuir os sinais via terrestre, a menos que você esteja em São Paulo ou Rio de Janeiro e tenha uma estrutura de enlaces de comunicação montada. Esse sistema de uplink já é usado por emissoras para alimentar cabeças-de-rede regionais e também por empresas

que mantêm rede corporativa. O outro serviço da Embratel é uma inovação: o uso de transponders de satélite para transporte de sinal digital de áudio e vídeo será alugado e pago por minuto. “É uma vantagem para quem precisa usar nossos serviços esporadicamente, sem onerar os custos de quem tem contratos temporários”, afirma Hélio Renato M. Henriques, gerente de produtos de satélite, de rádio e TV.

conexão

Mas a Embratel enfrenta na B&C 2000 a concorrência da Nahuelsat, empresa privada que comercializa a capacidade de seu satélite, o Nahuel 1. O satélite tem um feixe dedicado ao Brasil com cobertura nacional em banda Ku. “Nós também estamos entrando no campo da Internet, oferecendo a possibilidade de um serviço no qual o usuário final tem a possibilidade de fazer conexão em alta velocidade, via satélite”, conta Hélio Ferreira, executivo da empresa. A Dieletric Antenas, representada pela Tacnet, estará mostrando uma antena em UHF para transmissão de DTV. A B&C 2000 também tem novidades em equipamentos de iluminação, lentes, gruas, tripés e estabilizadores. Na edição da feira deste ano cerca de 150 empresas estarão expondo produtos, serviços e novas tecnologias para a área de engenharia de televisão, qualquer que seja o padrão de DTV definido pela Anatel.

C A P A

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APROXIMADAMEnTE

150 EMPREsAs

EsTARÃO EXPOnDO

PRODUTOs, sERVIÇOs

E nOVAs TECnOLOGIAs.

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Para que a PRF-3 TV Tupi de São Paulo entrasse no ar em 18 de setembro de 1950, Assis Chateaubriand contou com a ajuda do Moinho Santista, Cia. Antarctica Paulista, Laminação Nacional (Grupo Pignatari), e Sul América de Seguros. Os patrocinadores assinaram os chamados “contratos de apoio”, uma invenção para a publicidade indefinida no novo veículo, ajudando Chateaubriand a bancar o investimento.Os intervalos comerciais, nos primórdios, com insuficiência técnica evidente, se resumiam a seqüências de cartões pintados ou slides, com o texto lido ao vivo, em off, e serviam para dar tempo às mudanças de cenário ou esperar pelo início dos programas. A Tupi começou a vender vinhetas, aberturas e ilustrações. Contava, para isso, com dois desenhistas: Mário Lantana e Klingo. Foram eles os autores e produtores dos primeiros desenhos animados comerciais feitos para a TV (1951/52) para Cera Parquetina, Leite Leco e Casa Zacharias. Em 1952 a emissora montou um estúdio para produção de comerciais de TV, a cargo de Marcos Margulies, cineasta romeno, recém-chegado ao Brasil.A televisão era encarada pelos anunciantes como mídia alternativa. Os intervalos também eram um programa, um programa de anúncios. Ninguém ligava se ele durava 30 ou 40 minutos, nem se o anúncio de 30 segundos tinha 40 ou 45... O intervalo abria com uma vinheta “Próxima atração”, seguida por uma enxurrada de anúncios, das mais diversas procedências, com slides, filmes, cartão, rotativo, com som alto,

som baixo, sem som, tanto fazia. Mario Fanucchi, criador do desenho das primeiras vinhetas da Tupi, inclusive do logotipo do pequeno índio, relembra a aventura do intervalo aleatório: “Vendíamos um minuto para o anunciante, mas normalmente o comercial extrapolava para dois. Não havia critério para tempo e limite dos anunciantes. Aliás, quanto mais, melhor, porque podíamos esticar o programa.” O programa “O céu é o limite”, que tinha o maior índice de audiência da TV, chegou a ter 50% do tempo de sua duração vendido aos anunciantes.

s em pa râme t ro s

Naquela época ninguém sabia quanto valia o espaço publicitário. A solução mais simples foi transferir cachês, salários e demais custos do programa a um patrocinador exclusivo. Show musical era “Grandes atrações Pirani”

ou “Antarctica no mundo dos sons”. As crianças assistiam “Ginkana Kibon”, “Pim Pam Pum Estrela”, “Sessão zig-zag Pullman” ou “Histórias animadas Nestlé”. As transmissões de futebol eram patrocinadas pela Atlantic. “Divertimentos Ducal” era um programa de variedades.O rádio era o grande veículo e as radionovelas exibidas em rede nacional conquistaram enormes audiências e os anunciantes. “Os programas de auditório, as transmissões esportivas e os radiojornais completavam o filet mignon da mídia publicitária. O outdoor surgia como veículo e a TV tentava se firmar como outra possibilidade promissora para os anunciantes”, relata Décio Vomero, diretor executivo da Associação Brasileira das

Agências de Propaganda (Abap).Algumas agências conseguiram uma espécie de reserva de mercado, com horários exclusivos para seus clientes. Os anunciantes passaram a interferir na programação, comprando filmes e seriados que marcaram época, como “Dr. Kildare”, “Rin Tin Tin” e “Lassie”. Dessa forma bloqueavam anúncios concorrentes nesses horários. Isso sem falar nas novelas, cujos castings eram contratados pelas agências, e telejornais, cujo texto levado ao ar tinha de ser aprovado pelo representante do patrocinador.

s u s t en t á cu l o

O varejo foi o grande arquiteto das ações comerciais e até artísticas da TV, contribuindo para o desenvolvimento do novo veículo. A Marcel Modas lançou a “Tentação do dia”, fazendo ofertas de

Quando tudo começou eram as agências de publicidade e os

anunciantes que comandavam as transmissões, produzindo e

programando os horários da TV. É por causa dos comerciais

que podemos assistir de graça a telinha nossa de cada dia.

Financiadores da TV EDylita FalgEtano E HaMilton rosa Jr.

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� 0 A N O S D E T V

seus modelitos com garotas-propaganda, que eram dirigidas pelos diretores de TV. Marlene Morel, a modelo da Invictus (marca do televisor mais vendido na época), a primeira a experimentar os produtos Walita ao vivo e também reconhecida como a boca que saboreava aquele Pão Pullman, relembra o período com descontração. “A câmera era enorme, a iluminação muito quente e o cenário não existia. O diretor colocava uma tapadeira ao fundo com o logotipo do anunciante e improvisávamos na frente”, conta.“Como era ao vivo, às vezes o produto anunciado não funcionava, então tratávamos de inventar alguma coisa em cena ou ganhar tempo com discrição.” Marlene se recorda de um caso pitoresco: o lançamento de um sofá-cama da Mesbla, que só abria nos ensaios. “Quando a câmera começava a rodar, ele não funcionava. Eu dava murros naquele móvel ao mesmo tempo que dizia que ele era maravilhoso. O anunciante, não gostou, mas o comercial acabou ficando famoso justamente por eu ter dado esse jeitinho.”O 16 mm era a ferramenta tecnológica

mais civilizada para aquela época sem lei. “Quando o anunciante queria fazer algo mais elaborado, ele contava com agências multinacionais, que finalizavam o material na Jota Filmes ou na Lince Filmes”, conta Fanucchi.Os primeiros filmes sonoros foram para a Panex, com Xisto Guzzi, e Persianas Columbia, com Aírton Rodrigues. A Casa Clô foi o primeiro anunciante a produzir um filme publicitário com trilha musical apropriada e quem apresentava era Sônia Maria Dorsi. Os jingles passaram a ser usados como trilha de comerciais para TV.

sob con t r o l e

Em 1958 o investimento publicitário era de US$ 110 milhões e o rádio ficava com 16% desta verba. A exemplo do rádio, as emissoras começam a se autopromover, informando sua programação com chamadas e vinhetas para informar as próximas atrações. Luis Gallon, que era assistente de direção de Cassiano Gabus Mendes, já vinha pensando na

idéia de estabelecer um link com a programação do dia seguinte. “Criamos primeiro o ‘Amanhã é dia de...’, com a vinheta do indiozinho ilustrando o quadro. A chamada pegou e a Gessy Lever ficou interessada no espaço, que foi reelaborado por Fanucchi e batizado de ‘Nossa próxima atração”, conta Gallon. Fanucchi começou a personalizar o símbolo da empresa, o índio, caracterizando-o conforme o programa a ser apresentado. “Se fosse um teleteatro do Don Quixote, ele aparecia vestido de cavaleiro medieval”, explica Gallon.Com a chegada do videotape, na década de 60, surge a possibilidade de controlar tanto a duração dos programas quanto dos comerciais exibidos pela emissora. Gradativamente a propaganda radiofônica perde suas verbas para o grande rival. Com a improvisação e

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adaptações impostas aos anunciantes, a publicidade na TV evoluiu rapida-mente. Surgiram os planejamentos de mídia, os estudos de hábitos, retornos, GRP, targets, patrocínios, pesquisas de audiência, classes, subdi-visões de classes, critérios e entidades especializadas. Sem improvisos e sem atrasos, o uso do tempo é mel-hor administrado pelas emissoras. O espaço publicitário para qualquer tipo de veiculação passa a ser discutido e controlado pelos departamentos comerciais das emissoras. Os formatos dos comerciais em módulos de 15, 30, 45 e 60 segundos são rigorosamente obedecidos. O tamanho dos inter-valos e as inserções dos comerciais são cuidadosamente estudados pelos veículos e agências, oferecendo maior visibilidade e impacto ao anúncio.

mercado

A televisão hoje tem um diversificado leque de formatos comerciais, desde o convencional espaço de 30 segundos, passando pelo “top de cinco segun-dos”, “hora certa”, inserts de vinhetas de bloco, de quadro e de passagem de cena, além dos infomerciais. Concursos e promoções ganharam cara nova, transformando-se em mídia de resultados, como o clássico case da Galinha Azul, da Maggi, que era a única que sabia quem tinha matado Odete Roitman, antes do sorteio que foi levado ao ar logo após o último capítulo da novela “Vale tudo”, exi-bida pela Rede Globo. O merchandising das novelas é insti-tucionalizado e atualmente também segue normas rígidas de comercializa-ção. Embora sempre tenha existido, o merchandising era simplesmente um acordo entre o fabricante do produto com o contra-regra ou produtor de novelas e programas. Depois de “Beto Rockfeller”, exibida na década de 60 pela Tupi, quando o ator Luiz Gustavo recomendava aos perso-nagens beberrões da história que tomassem Engov, embolsando alguns bons trocados do laboratório que fazia o remédio, as novelas brasileiras passaram a ser freqüentadas por per-

sonagens que não usam roupas, mas vestem grifes; quando estão em um bar não tomam cerveja, pedem uma Brahma ou uma Antarctica; não vão a um banco, mas ao Itaú. Na Globo os autores já escrevem suas tramas prevendo as oportunidades que serão abertas para o desfile de marcas e produtos. O merchandising chega a bancar até 35% do custo total de uma novela. A extinta Manchete conseguiu produzir “Kananga do Japão”, passada nos anos 30, lançando mão desse tipo de recur-so. Construiu a réplica de uma agência da Caixa Econômica Federal, onde se desenrolaram várias cenas da trama, e desfilaram pelo vídeo rótulos e barris da Brahma enquanto Zezé Motta can-tava os jingles bancados pela cervejaria no seu cabaré. A regionalização da propaganda é outro fator a ser contabilizado pelas emissoras de TV. “Sabemos que existe uma demanda regional em crescimen-to, e a Rede Globo vem praticando a valorização dos mercados regionais”, diz Anco Saraiva, diretor da Central Globo de Marketing. “Dedicamos inclusive um espaço na Internet para nos aproximar desse mercado.” Dentro do site da emissora, por exemplo, a Central Globo de Marketing edita

o Mapa da Mina, que este ano se dedica a demonstrar a concentração de potencial de consumo em todas as regiões de importância na produção agropecuária.Na avaliação de Vomero, a regional-ização deve ser pensada também num contexto político. “As maiores mudan-ças ocorridas na regionalização dos investimentos vieram das privatizações, principalmente na área das telecomuni-cações, bancos e companhias de ener-gia. No que diz respeito às agências, aconteceram inúmeras joint ventures, aquisições e acordos operacionais aproximando as empresas regionais das grandes contas nacionais tradicio-nalmente administradas pelo grupo das 20 maiores. A experiência e o conheci-mento dos mesmos inseriram as médias e pequenas agências nesse contexto.” A digitalização das transmissões deverá provocar alterações nos intervalos comerciais. A interatividade vai mexer com a criatividade dos publicitários e obrigar os broadcasters a adotarem novas normas de comercialização.A situação do Brasil pode não estar nenhuma Brastemp, mas nossa publicidade, que sustenta o mais amado veículo de comuni-cação de massa nacional, continua muito bem, obrigada.

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� 0 A N O S D E T V P E S Q U I S A D E A U D I Ê N C I AO Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o famoso Ibope, foi fundado em 1942 e acompanhou a evolução da pesquisa de campo na televisão brasileira desde o princípio. As emissoras hoje recebem a informação corrigida minuto a minuto do comportamento da audiência, graças aos people meters. Mas a sofisticação dos dados em tempo real (disponíveis, por enquanto, só na Grande São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba) está muito distante do flagrante domiciliar que a entidade usava como metodologia nos anos 50. “A sistemática era parecida com o de um recenseamento, com nossos entrevistadores batendo de porta em porta, para indagar se a TV do consumidor estava ligada, que canal ele estava assistindo etc”, conta Derli Pravato, coordenador da área de mídia do Ibope.Hoje o instituto tenta englobar áreas maiores

com o people meter. Outros cinco mercados - Brasília, Salvador, Recife, Florianópolis e Fortaleza - ainda são feitos por diários. “Além do número dessas dez regiões fornecemos também o Painel Nacional de TV. O PNT faz um cruzamento da amostra do people meter e dos diários, para obter a audiência nacional”, afirma. Em julho último, a Ernest & Young, equipe de auditoria americana, foi contratada pela Associação Brasileira das Agências de Propaganda, pela Globo, SBT, Record e Bandeirantes, para investigar os métodos de pesquisa de audiência do Ibope. De acordo com Pravato, grandes decisões empresariais são tomadas em torno dos números conclusivos que o Ibope passa. Os veículos, agências e anunciantes precisam buscar respostas mais precisas sobre o que é melhor para chegar mais perto do consumidor, portanto, é natural que se queira checar se a metodologia continua adequada.

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Paulo Boccato

P R O G R A M A Ç Ã O R E G I O n A L

O Mato Grosso do Sul tem 1,99 milhão de habitantes em 77 municípios, com 488 mil domicílios com TV (DTV) e índice de potencial de consumo de 1,226 (porcentagem sobre o consumo total nacional). Ao contrário do Mato Grosso, as retransmissoras do interior não têm permissão para a inserção de programação local, restrita apenas às geradoras locais. As quatro grandes redes (Globo, SBT, Record e Bandeirantes) estão presentes no estado, mas nem sempre o cobrem inteiramente com programação local. A TV Guanandi, afiliada à Band, por exemplo, chega a 24 municípios, enquanto a grade integral da rede é captada via satélite por outras 38 cidades. No caso da Record, cinco municípios são atingidos por satélite, direto de São Paulo,

enquanto a cidade de Aparecida do Taboão recebe o sinal da TV Record de São José do Rio Preto (SP). O SBT chega a 22 municípios com programas locais, enquanto outros 55 só recebem o sinal via rede. Nesse aspecto, a Globo leva vantagem, com 60 municípios alcançados pelas emissoras locais e apenas 17 municípios via satélite.

E D U C A T I V A

A TV Educativa sul-mato-grossense foi criada em 1982 como retransmissora da homônima carioca. Em 1986, torna-se geradora e, em 1994, ganha nova sede, maior alcance e maior capacidade de produção. O sinal gerado em Campo Grande atinge mais 15 municípios da região da capital.

A emissora já está equipada para subir seu sinal para satélite, aguardando a instalação de retransmissores para alcançar grande parte do estado. A programação local é fortemente baseada na interatividade. O “Jornal da Educativa”, por exemplo, conta, desde 1994, com um bloco de entrevista onde o espectador participa por telefone,

recurso pioneiro no estado naquela época. O musical “Som do mato” é destaque da programação, sendo exibido na Rede Brasil há quatro anos. Os programetes infantis “Direção legal”, de educação para o trânsito, estão cotados para exibição como quadros fixos do “X-Tudo”, programa da TV Cultura (SP).A emissora estuda uma grande ampliação de sua grade local. Fazem parte desse projeto a revista “Estação cultura”, que vem tendo exibições experimentais em interprogramas e deve integrar a grade em breve; o recém-estreado “Quem é quem”, no ar desde maio

MATO GROssO DO sUL

EDUCATIVATV EDUCATIVA

Formato de produção: Beta Digital, Beta SP e U-MaticProgramas Dias de exibição HorárioDireção Legal Seg-sex 09h30 a 09h35 Seg-sex 14h30 a 14h35Jornal do meio-dia Seg-sex 12h30 a 12h50Jornal da Educativa Seg-sex 18h15 a 19h00Terra e gente Sábado 08h00 a 08h30 Domingo (reprise) 08h00 a 08h30Falando de educação Sábado 10h00 a 11h00Som do mato Domingo 11h30 a 12h00 Sábado (reprise) 18h00 a 18h30Quem é quem Domingo 18h30 a 19h30

REDE GLOBOTV MOREnA

Formato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioBom dia MS Seg-sex 07h00 a 07h30RM TV 1ª Edição Seg-sex 10h50 a 11h35 Sábado 11h20 a 11h50Globo esporte - bloco local Seg-sex 11h35 a 11h40RM TV 2ª edição Seg-sáb 18h00 a 18h15RM rural Sábado 10h50 a 11h20 Domingo (reprise) 06h00 a 06h30Atualidades Sábado 13h25 a 13h45Terra da Gente Sábado 13h45 a 14h50

TV CIDADE BRAnCAFormato de produção: Beta SP e U-MaticProgramas Dias de exibição HorárioRM TV 1ª edição - bloco local Seg-sex 10h50 a 11h35 Sábado 11h20 a 11h50RM TV 2ª edição - bloco local Seg-sáb 18h00 a 18h15

TV sULAMÉRICAFormato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioRM TV 1ª edição - bloco local Seg-sex 10h50 a 11h35 Sábado 11h20 a 11h50RM TV 2ª edição - bloco local Seg-sáb 18h00 a 18h15

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último, e planos para novas faixas de programação voltadas para terceira idade, saúde, esportes e ecologia. Além disso, a TV Educativa realiza vários projetos especiais, como as séries “Debates populares” e “Brasil 500 anos: outros olhares”.

R E D E G L O B O

A Rede Globo conta com três emissoras afiliadas no Estado do Mato Grosso do Sul. As TVs Morena, de Campo Grande; Cidade Branca, de Corumbá; e Sulamérica, de Ponta Porã, pertencem à Rede Matogrossense de Televisão, também proprietária de quatro emissoras em Mato Grosso. A TV Morena chega a 45 municípios, com 1,36 milhão de habitantes e 342 mil domicílios com TV; a TV Sulamérica pode ser

assistida em 13 municípios, com 338 mil habitantes e 85 mil DTV, enquanto a emissora de Corumbá atinge dois municípios, com 92 mil habitantes e 19 mil DTV. O share das emissoras chega a 62% em Campo Grande, 53% em Dourados e 69% em Corumbá. A programação local é centrada no telejornalismo, seguindo o padrão básico das afiliadas da Globo, incluindo também três programas semanais, exibidos aos sábados. As emissoras do interior participam com blocos locais nos telejornais. O departamento de jornalismo conta com sucursal em Brasília, que atende também à emissora de Cuiabá (MT). A participação das emissoras na comunidade

local é ampliada pela promoção e transmissão de eventos anuais, como a Copa Morena de Futsal (janeiro a abril); a Corrida Tiradentes, em Campo Grande (abril); a Moto Maratona, em Fátima do Sul, próximo a Dourados (fevereiro); e o Festival Internacional de Pesca de Corumbá (setembro).

S B T

Criada em 1980, a TV Campo Grande, do grupo Correio do Estado, foi uma das primeiras

afiliadas do SBT no Brasil. A emissora - com sede na cidade homônima - prepara uma reformulação em seu departamento de jornalismo, com a aquisição de equipamentos digitais e ampliação do quadro de profissionais. Cenários e vinhetas dos

programas jornalísticos também serão renovados. As mudanças vêm com a possibilidade de expansão do sinal, que deve subir para satélite nos próximos meses. Atualmente, a área de cobertura da TV Campo Grande é restrita a 13 municípios, com um total aproximado de 780 mil habitantes. O carro-chefe da programação local é “O povo na TV”, programa diário há 18 anos no ar, que chega a atingir 38% de participação na audiência.A TV Dourados pertence ao mesmo

sBTTV Ms

Formato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioGente fina Seg-sex 12h20 a 13h00Jornal MS Seg-sex 18h45 a 19h15Turismo & negócios Sábado 09h00 a 10h00Segredos da carne * Sábado 10h00 a 10h30* independente

grupo e transmite seu sinal a partir da cidade de mesmo nome para nove municípios do sul do estado (cerca de 448 mil habitantes), basicamente a mesma programação da emissora de Campo Grande, com a inserção de blocos locais no telejornal “TJ MS”. Ex-afiliada da Rede Bandeirantes, já contou com programas locais próprios, cancelados devido ao baixo retorno junto aos anunciantes da região.

R E D E R E C O R D

A TV MS, de Campo Grande, foi a segunda geradora do País a se tornar afiliada da Rede Record. Criada em 1987, fez parte da Rede Manchete até 1994. A emissora passa por uma fase de expansão de seu sinal, com uplink digital: seu alcance cresceu de cinco municípios e 709 mil habitantes em 1999, para os atuais 16 municípios e 1,27 milhão de habitantes, correspondentes a 62% da população total do Mato

sBTTV CAMPO GRAnDE

Formato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioO povo na TV Seg-sex 12h00 a 13h00TJ MS Seg-sex 18h00 a 18h15Notícias agrícolas * Seg-sáb 06h00 a 06h30

TV DOURADOsFormato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioTJ MS - bloco local Seg-sex 18h00 a 18h15* produzido em Campinas (SP)

BAnDEIRAnTEsTV GUAnAnDI

Formato de produção: Beta SPProgramas Dias de exibição HorárioGuanandi notícias Seg-sex 12h00 a 12h30 Sábado 18h00 a 18h30Papo na cozinha Seg-sex 12h30 a 13h10Ligue maluco Seg-sex 13h20 a 14h00 Sábado 09h30 a 10h00Hi-fi Seg-sex 18h00 a 18h30Boletim Guanandi notícias Seg-sex 20h00 a 20h02

Horár io dos programas reg iona is www. te lav iva .com.br

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Grosso do Sul. A segunda fase da expansão prevê a inclusão de mais 11 municípios (267 mil habitantes)

até o final do ano. A estratégia é atingir prioritariamente, através de satélite, as cidades mais importantes do estado. O projeto de expansão deve acarretar um aumento na programação regional. Atualmente, a TV MS conta com dois programas diários (um telejornal e um de colunismo social, há dez anos no ar) e dois semanais, e prepara um terceiro programa diário, com entrevistas sobre temas políticos e sociais, no horário do almoço. A emissora também investiu na aquisição de uplink móvel, para trazer flashes ao vivo do interior do estado, e acaba de contratar o instituto de pesquisa Tendência, que fará um mínimo de quatro

pesquisas anuais sobre o perfil de sua audiência.

B A N D E I R A N T E S

A TV Guanandi, de Campo Grande, é a afiliada da Rede Bandeirantes e a mais nova geradora sul-mato-grossense. Está no ar desde 1989. Como as emissoras do SBT em Campo Grande e Dourados, é ligada ao grupo Correio do

Estado. Seus equipamentos de produção foram trocados há pouco, passando de S-VHS para Betacam, mas o alcance da emissora continua restrito à região de Campo Grande, atingindo 24 municípios e 1,11 milhão de habitantes. A programação local da TV Guanandi é bastante diversificada, indo do telejornalismo ao programa de auditório para público

EMIssORAs - MATO GROssO DO sULCIDADE EMISSORA CABEÇA-DE-REDE CANAL

Campo Grande Educativa Educativa 04

Campo Grande Morena Globo 06

Campo Grande Campo Grande SBT 08

Campo Grande MS Record 11

Campo Grande Guanandi Bandeirantes 13

Corumbá Cidade Branca Globo 05

Dourados Dourados SBT 05

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lINkS: lIGAÇÃO EM CADEIA

Unir as d iversas emissoras que

compõem uma rede de TV é uma

árdua tarefa dos Depar tamentos

de Engenhar ia. A Globo e a

Record são as que mais inves tem

em equipamentos e in f ra -es t ru tura

para t ransmissões ao v ivo de

jornal i smo e eventos espor t ivos .

Muita gente costuma associar link a entradas ao vivo feitas por um repórter e uma equipe técnica apoiados por uma unidade móvel, o veículo que car-rega um transmissor de microondas. Mas no dia-a-dia da televisão, link é alma da integração das afiliadas de uma rede. E, quanto maior a rede, maior cobertura territorial, maior audiência potencial, e, conseqüentemente, maior faturamento. Os links são os elos que sustentam uma comunicação em cadeia. Há duas maneiras das emissoras formarem redes: com o uso de microondas ou com o uplink - transmissor de sinal direto para o satélite que depois o redistribui para regiões determinadas - , produzindo o chamado efeito “guarda-chuva”.Geralmente, as emissoras combinam os

dois modos para atender às áreas de cobertura. Quando o “Jornal Nacional” entra no ar, por exemplo, o Rio de Janeiro distribui o sinal via uplink para todo o Brasil. As emissoras de quase todas as capitais do país também usam uplinks para levar a programação local para o interior. Já a regionalização do sinal é feita por microondas fixos, enlaces terrestres que formam a cadeia entre as emissoras e suas respectivas retransmissoras. Essa plataforma de transmissão atende a toda a programa-ção nacional da Rede Globo, ao vivo ou não. Cada emissora da Globo, a rede que consegue alcançar praticamente 100% de cobertura nacional, tem microondas fixos para fechar links entre estúdios e transmissores e, às vezes, também para centros de produção. O link entre São Paulo e Rio de Janeiro é feito por rota própria da Globo ou via Embratel.Para fazer entradas ao vivo de exter-nas, a Globo de São Paulo conta com o helicóptero Globocop, a motolink e mais cinco unidades móveis de jor-nalismo com microondas. Três trans-mitem na faixa de 2,5 GHz e duas, as maiores, com capacidade de usar até 18 câmeras, transmitem na faixa de 7 GHz. “Estas são usadas para cobrir eventos esportivos ou shows. Em eventos de porte ainda maior, como

é o caso da Fórmula 1, por exem-plo, temos de alugar microondas de serviços terceirizados”, afirma Liliana Nakonechnyj, diretora da divisão de engenharia de telecomunicação da Central Globo de Engenharia.O complexo trabalho para fechar os links entre as 113 emissoras que fazem parte da Rede Globo não é tarefa fácil para os engenheiros, que sempre trabalham com redundân-cia sinal para evitar falhas na casa dos fiéis telespectadores. A tarefa é duplicada ou triplicada quando há a transmissão simultânea de diferentes eventos ou programas para as diver-sas praças, como no caso da trans-missão de jogos de futebol que não podem ser exibidos nas cidades onde são realizados. A Globo também aluga uplinks móveis, quando precisa. A emissora tem três unidades. Duas em banda Ku e uma em banda C. Eles ficam distribuídos entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os uplinks em banda Ku são utilizados para trocar matérias entre as emissoras da rede a uma taxa de 8 Mbps. “Nós temos uma estrutura bastante confiável, consti-tuída em sua maioria por equipamen-tos importados. Tanto em relação aos microondas (NEC, Hitashi, Microwave e Nucon) quanto aos uplinks, que são adaptados às necessidades de uma emissora brasileira”, finaliza Liliana.

t e i a da r e co rd

Quando o “Jornal da Record” está no ar, o programa está sendo transmitido, praticamente para todos os estados do país. O sinal sai do estúdio da cabeça-de-rede, no bairro da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, e viaja por rotas terrestres e aéreas para alcan-çar as 86 emissoras da rede. São sete redes de ligação para trans-missão de programas. As rotas ter-restres são encadeadas por microon-das fixos. De todos os estados atingi-dos pela emissora, apenas São Paulo e Santa Catarina são cobertos na totalidade por microondas fixos. Os estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Pará, por exemplo, distribuem o

t e l e v i s ã o

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sinal que recebem do satélite Brasilsat B3 da Embratel. “Optamos por usar uplink para transmitir para os estados que não têm, como São Paulo, uma rede de infra-estrutura já montada”, afirma Wander de Castro, gerente geral de expansão de rede. A decisão levou em conta a relação custo/benefício entre a construção de novas cadeias de transmissão terrestres e a instalação de um uplink fixo que, configurado com sinal redundante, não é montado com menos de R$ 500 mil. Hoje, a rede nacional tem nove uplinks fixos. Há mais de 50 enlaces terrestres feitos com microondas no Estado de São Paulo, que foi dividido em quatro grandes áreas de cobertura: Franca, Bauru, São José do Rio Preto e a maior de todas, que engloba a capi-tal paulista, Vale do Paraíba e litoral. Com exceção dessa última região, as outras praças também distribuem o sinal recebido via satélite. “Há menos interferência do que na transmissão terrestre, é muito mais barato e con-fiável e garante um sinal de melhor qualidade”, assegura Castro. A Rede Record, que saiu de uma tímida posição de audiência para disputar a liderança com o SBT e a Globo, inves-tiu no seu plano de expansão durante os últimos cinco anos quase R$ 4 milhões para substituir todas as rotas de UHF por microondas e aumentar a potência das transmissoras paulistas. A engenharia e a área técnica de opera-

ções somam hoje 450 funcionários. As coberturas ao vivo de eventos esportivos ou jornalísticos feitas pela Record em São Paulo contam com três centrais de recepção de sinal (duas na Avenida Paulista e uma no Pico do Jaraguá) e com dois carros de microondas e um de uplink Flyway, da Harris, além do helicóptero Esquilo e da motolink. “Com essa estrutura nós podemos dar cobertura para qualquer evento em qualquer lugar da cidade”, explica Castro. O “Jornal da Record” pode chamar um repórter de qualquer lugar da capital paulista, pode ser da Câmara Municipal, na região central, ou de uma enchente no Jardim Pantanal, na Zona Leste. Se o sinal do link móvel não “enxergar” a torre de recepção da Avenida Paulista, impossibilitando a transmissão, usa-se o helicóptero como apoio. O Águia Dourada fica num vôo estacionário para receber o sinal e em seguida jogá-lo para a central mais próxima, geralmente para a Avenida Paulista, que tem um sistema automático de fechamento de sinal. Apelidada de “pilão”, por causa do formato, a antena tem um giro de 360O e aloca-se eletronicamente no sentido desejado. O “pilão” tem um sistema de busca que se orienta segundo a freqüência escolhida. O mesmo sistema está sendo mon-tado no Jaraguá. Nenhuma cobertura ao vivo é feita pela emissora sem rotas alternativas, para o caso de uma delas falhar. “Sempre trabalhamos com o sistema que chamamos de 1(link) + 1 (link); os compromissos que a emissora têm hoje, não nos permite trabalhar com 1 + 0. Se não for possível estab-elecer um segundo link via microon-das, usamos o satélite”, conta Wander de Castro. Por isso, para cobrir um evento mais longo e mais caro, como por exemplo, uma transmissão esportiva, a emissora recorre ao uplink móvel SNG (Satellite News Gathering), que comprime o sinal em MPEG-2 e o lança para o saté-lite a uma taxa de 15 Mbps.

davi Molinari

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A freqüência usada nas transmissões ao vivo de eventos é pré-estabelecida entre todas as emissoras com a anuência da Anatel. A Record, por exemplo, cobre eventos na faixa dos 2 GHz. Já a Globo usa a faixa dos 7 GHz. “Cada um sabe a freqüência do outro. Em eventos esportivos a faixa dos 7 GHz é de uso prioritário da Globo, mas nada impede que se a faixa estiver ociosa seja usada por outra emissora. É tudo uma questão de bom senso entre as pessoas que operam o sistema”, explica Wander de Castro, gerente geral de expansão de rede da Record.

FREQüênCIA DE CLAssE

Engenharia Indústria e Comércio LtdaA v e n i d a O l e g á r i o

Maciel, 231 Lojas 101/104Barra da Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • 22621.200Tel.: (21) 493.0125 • Fax: (21) 493.2595

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gilBErto sarFati*

Um pano rama da s i t ua ção do

f i nanc i amen to pa ra a p rodução

de f i lme s nac i ona i s e s uge s t õe s

pa ra o c r e s c imen to da i ndú s t r i a

c i n ema tog rá f i ca b ra s i l e i r a .

Apesar da crise econômica, o cinema brasileiro continua a sua fase de retoma-da. No ano passado os filmes nacionais abocanharam cerca de 8,05% do total da bilheteria. O crescimento do público para os filmes nacionais foi de 140% se compararmos os números entre 1996 e 1999. Durante o ano passado foram pro-duzidos 26 novos filmes. O cinema brasileiro ainda é totalmente dependente dos recursos provenientes das leis do Audiovisual e Rouanet. O levantamento de dados das produções de “Tieta” e “Central do Brasil” (veja na pág. 34) são exemplos que compro-vam a dependência do dinheiro obtido pelas leis de incentivo. Outras fontes de recursos tais como adiantamentos de distribuidores, leis municipais de renúncia fiscal e investidores de risco costumam ser totalmente marginais no orçamento do filme. A dependência de recursos provenientes dessas leis bem como a estrutura pulverizada de produção representam os principais problemas para o estabelecimento definitivo de uma indústria cine-matográfica no Brasil.

Tanto a Lei do Audiovisual quanto a Lei Rouanet são leis de renúncia fiscal, significando que o levantamento de recursos financeiros para a produção de um filme depende dos lucros das empresas brasileiras. Assim sendo, o cinema brasileiro fica à mercê do ciclo econômico dessas empresas. Em um ano como 1999, em que a crise cambial afetou a lucratividade das empresas brasileiras, houve uma diminuição radical no montante dos recursos disponíveis para financiar novas produções (veja gráfico).Outro problema em relação às leis cul-turais é que elas referem-se à indústria audiovisual como um todo, no caso da Lei do Audiovisual, e à totalidade do setor cultural, no caso da Lei Rouanet. Dessa forma, a produção de filmes de longa-metragem tem de concorrer com outros produtos culturais e audiovisuais tais como peças de teatro, shows, livros, discos etc.

f o rmação de poo l

Consideremos por exemplo um filme com um orçamento de R$ 1,2 milhão. Se o produtor quisesse obter os recursos para financiar seu filme junto a apenas uma empresa, esta teria de ter cerca R$ 30 milhões de imposto de renda a recol-her, referentes a um lucro de cerca de R$ 200 milhões, situação difícil de acon-tecer. Conseqüentemente, os produtores são obrigados a formar um

pool de investidores, o que dificulta consideravelmente o financia-mento do filme.O período entre 1996 e 1998 já é con-siderado como a era de ouro das leis culturais. Como esse período terminou juntamente com a crise cambial do ano passado, a escassez de recursos está tendo impacto direto sobre o orça-mento de filmes em produção. A média do orçamento dos filmes brasileiros, conforme projetos apresentados ao Ministério da Cultura, é de cerca de R$ 1,54 milhão (US$ 832 mil), o que pode ser considerado um orçamento nanico perto da média das produções norte-americanas de cerca de US$ 25 milhões (R$ 46,25 milhões). Isso se não levarmos em conta orça-mentos de blockbusters mundiais como “Matrix”, que custou US$ 60 milhões (R$ 111 milhões). Os filmes nacionais que entraram em produção no ano passado tiveram de se adaptar à nova realidade, diminuindo seus orçamentos. Bons exemplos para ilustrar esse período de escassez de recur-sos são os casos de “Latitude zero”, de Toni Venturi, orçado em R$ 1 milhão e “Domésticas”, de Fernando Meirelles e Nando Olival, R$ 780 mil.Outro problema na busca de financia-mento para a produção cinematográfica brasileira é estrutural e refere-se ao porte dos produtores brasileiros. O setor de produção é extremamente pulverizado entre empresas que em média têm apenas três empregados. O mercado é tão atom-izado que é difícil precisar o número e porte dos produtores. Apesar disso, uma boa fonte de referência são os orçamentos apresentados ao MinC. É importante frisar que os números apresentados neste artigo referem-se apenas a projetos apresentados à Secretaria de Audiovisual. A Tabela 1 demonstra que cerca de 300 empresas concentram-se na faixa de orçamento entre R$ 250 mil e R$ 6,25 milhões, indicando que os produtores não têm condições de ten-tar obter linhas bancárias para as suas produções porque são muito pequenos. Comparando os dados da Tabela 1, referentes às solicitações de produção, com aquilo que foi efetivamente inves-

a r t i G o

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O PROBLEMA DO FINANCIAMENTO NO CINEMA NACIONAL

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tido, notamos uma grande disparidade entre o que se pretende e o que se realiza em termos de produções cin-ematográfica no Brasil. Tal discrep-ância pode ser atribuída à falta de financiamento para a execução dos projetos dos produtores brasileiros ou, mais grave ainda, à apresentação de orçamentos inadequados à realidade brasileira. A falta de financiamento e a escassez de recursos provenien-tes das leis de incentivo fiscal são as razões pelas quais o mercado nacional não tem como absorver os custos de produção de filmes de alto orçamento.

conco r r ên c i a

Por si só a diminuição dos orçamentos não representaria um problema. O que ocorre é que os filmes norte-ameri-canos chegam com os seus custos já cobertos pelas bilheterias dos EUA. Dessa forma, o produtor local tem de concorrer com filmes que na prática são subsidiados pelo público dos Estados Unidos. Dessa forma, caberia a instituição de um imposto de importa-ção, que não só contribuiria para uma concorrência mais leal mas também poderia ser revertido em investimento às produções nacionais comercialmente viáveis através do subsidio da bilheteria como ocorre na França e Espanha.

Além disso, a produção cin-ematográfica por definição é um negócio de alto risco, pois não há como saber se um filme terá sucesso ou não. Portanto, a produção de vários filmes durante o ano pode amortizar o risco da produção através do mecanismo de compensação, no qual o sucesso de um filme compensa o fracasso de outro. Tal mecanismo é impossível no Brasil dado o porte minúsculo dos produtores.É importante notar que a indústria cinematográfica mundial, assim como outras indústrias, está em meio a o processo de globalização. Em termos de orçamento e

financiamento isso tem gerado um claro corte nas produções de países como Espanha e Austrália.

r eg i ona l x g l oba l

No mundo, em média, é assim que se distribui a produção e seus financiad-ores, de acordo com os orçamentos:• Orçamentos até US$ 2 milhões (R$ 3,7 milhões) - Estas produções geralmente têm temas de interesse nacional e são financiadas inteiramente com recursos provenientes de mecanismos internos como subsídios, participa-ção de televisões etc.• Orçamentos entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões (R$ 3,7 milhões a R$ 7,4 milhões) - geral-mente esta é a faixa em que se situam as co-produções internacionais. O financia-mento é realizado através de benefícios legais e outros esquemas de financiamento provenientes de dois ou mais países.• Acima de US$ 4 milhões (R$ 7,4 milhões) - Nesta faixa de orçamento somente é possível produzir filmes

falados em inglês, ao estilo hollywoo-diano, com esquemas de produção, dis-tribuição e exibição associado a empresas líderes como Warner, UIP, Universal, Buena Vista etc. Tais produções são real-izadas mesmo em países onde a primeira língua não é inglês, como Espanha, Luxemburgo e França. Geralmente o produtor local é capitalizado o suficiente para dividir riscos com produtores e distri-buidores norte-americanos.Isso significa que o orçamento e as fontes de financiamento refletem três estágios de maturação da indústria cinematográfica de um país. O Brasil obviamente está no primeiro estágio, pois há pouquíssimos exemplos de co-produções internacionais. Além disso, como citado anteriormente, os produ-tores brasileiros são pequenos e pouco capitalizados. Portanto o desenvolvim-ento da indústria passa pela capitaliza-ção dos produtores.

sa í da s

Existem alguns modos de se con-seguir a capitalização dos produ-tores nacionais. Um instrumento interessante de financiamento ainda pouco utilizado e conhecido pelo mercado cinematográfico é a con-versão da dívida externa brasileira. Tal mecanismo poderia atrair investi-mento internacional para

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PRODUTORES CINEMATOGRÁFICOS BRASILEIROS DE ACORDO COM ORÇAMENTOS APRESENTADOS AO MINISTÉRIO DA CULTURA (1998)

Categoria de Empresas % Orçamento % orçamento (R$) médio (R$)

Menos de 50 mil 28 5,7% 30 mil 0,1%

de 50 mil a 250 mil 91 18,4% 106,542 mil 0,8%

de 251 mil a 1,250 milhão 125 25.3% 529,3 mil 5,7%

de 1,251 milhão a 6,25 milhões 177 35,8% 1,827 milhão 36,8%

6,251 milhões a 31,25 milhões 71 14,4% 2,347 milhões 51,1%

Mais de 31,25 milhões 2 0,4% 40,5 milhões 5,5%

Total 494 100% 1,584 milhão 100%

Fonte: MinC

Fonte: MinC e Filme B

Inve

stim

ento

(em

milh

ões

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ores

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milh

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1995 1996 1997 1998 1999

INvESTIMENTO POR MEIO DAS LEIS DE AUDIOvISUAL E ROUANET X PúBLICO DE FILMES NACIONAIS

120

100

80

60

40

20

0

6

5

4

3

2

1

0

investimentopúblico

Tabe la 1

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co-produções e portanto ajudar a capitalizar produtores capazes de filmar histórias de temas com alto potencial de comercialização. O esquema segue os seguintes passos: 1 - Um investidor compra dívida brasileira no mercado secundário onde estes títulos são negociados por entre 55% e 75% de seu valor nominal.2 - O produtor brasileiro pede ao Ministério de Cultura a conversão da dívida. O MinC informa a Secretaria do Tesouro Nacional os dados pertinentes da dívida externa. Os títulos são caute-lados pelo Chase Manhattan. A dívida externa é convertida em uma dívida interna (NTN-D) por seu valor nominal com maturação de um ano e sujeito a

6% taxa de juros anual.3 - O montante que corresponde à conversão é depositado em uma conta no nome do projeto pelo qual os produtores brasileiros são respon-sáveis. O produtor saca os recursos de acordo com o cronograma defini-do junto ao MinC.4 - Também é possível negociar os títulos antes do prazo de matura-ção. Nesse caso, o investidor pode negociar a NTN-D com o Banco do Brasil em condições do mercado secundário brasileiro.A conversão da dívida externa é um instrumento dinâmico de financia-mento que permite várias operações financeiras. As diversas possibilidades

devem ser assunto de discussão prévia entre produtor e investidor e definida em contrato entre eles. Além disso, a operação pode prover consideráveis recursos ao filme além de alto lucro ao investidor. No quadro da página 36 demonstramos um cenário básico para a operação.Outros mecanismos de financiamento também poderiam impulsionar a indústria cinematográfica:• Aperfeiçoamento da Lei de Audiovisual - A recente inclusão das emissoras de TV no escopo da lei somente será benéfica à indústria se as mesmas forem obrigadas a investir em filmes de produtores independentes, sejam comercias ou para a TV.

A R T I G O

T E L A V I V A A G O S T O D E 2 0 0 03 �

EsTUDO DE CAsOA tabela ao lado demonstra que “Tieta” e “Central do Brasil”, duas produções nacionais de considerável sucesso, foram basicamente financiadas pelas leis culturais. No caso de “Tieta”, foi fundamental o acordo com os distribuidores que dirigiram os incentivos do Artigo 3 da Lei do Audiovisual e forneceram adiantamento da distribuição. Por outro lado, “Central do Brasil” teve pouco apoio dos distribuidores, mesmo em relação ao Artigo 3. Nessa produção, recursos próprios, o parceiro nacional, o co-produtor internacional (França) e recursos do Programa Ibermedia foram fundamentais. Apesar das diferenças, ambos os casos demonstram a grande dependência dos recursos da leis culturais, já que “Tieta” obteve cerca de 88% dos recursos financeiros através destas leis, enquanto “Central do Brasil” recebeu cerca de 78%.

TIETA % CEnTRAL DO BRAsIL %

Artigo 1 R$ 3 milhões 50% R$ 2,2 milhões 67%

Artigo 3 R$ 1,5 milhão 25% R$ 350 mil 11%

Lei Rouanet R$ 800 mil 13% -x- 0%

Recursos próprios -x- 0% R$ 150 mil 5%

Adiantamento R$ 500 mil 8% -x- 0% de distribuidores (internacional)

Co-produtor -x- 0% R$ 400 mil 12% internacional

Co-produtor -x- 0% R$ 180 mil 5% nacional

Outros R$ 200 mil 3% -x- 0%

Total R$ 6 milhões 100% R$ 3,28 milhões 100%

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Não disponivel

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• Investimento das emissoras de TV - Criação de uma lei que obrigue as emissoras de TV a investirem parte de suas receitas na produção de filmes de longa-metragem. Como na Espanha, parte do investimento poderia ser em cotas do lucro da exibição do filme em circuito comercial e/ou em televisão.• Subsídio de Bilheteria

- Estabelecimento de subsídio conforme a performance de bilheteria. Por exemplo, estabelece-se um subsídio ao produtor de até 40% das receitas de bilheteria em circuito nacional. Assim, filmes nacionais de sucesso ajudariam a capitalizar as empresas que produziram o filme e aos poucos as mesmas adquiririam porte e

portanto independência financeira.

r e t omada

Como conclusão, a continuação da fase de retomada do cinema nacional depende da sofisticação dos mecanismos de financiamento, do porte dos produtores e da produção de filmes com alto grau de comercialização. Ou seja, filmes de temas nacionais com orçamentos pequenos voltados para o público brasileiro e filmes com temas gerais e rodados em português e outras línguas como

inglês, espanhol, francês ou alemão (duas versões) para co-produções.

* Gilberto Sarfati ([email protected]) é economista, mestre em relações internacionais e consultor da indústria audiovisual. está co-produzindo o report “Financing movies for the international market”, que será publicado pela screen digest.

C - BondsMercado secundárioValor Nominal = 1 milhão

Investidor (pode ser tanto brasileiro como estrangeiro)

ProdutorConta do projeto (A produção inteira pode ser financiada com a

Mercado secundáriolocal

Compra por $700 mil

EXTERIOR (exemplo: EUA)

BRAsIL $1 milh

ão

lucro de

42.86%

Conversão NTN-D US$ 1 milhão

Repa

gam

ento

Quan

to e

qua

ndo

são

obje

tos

de

NTN-D (venda) US$ 900 mil

(investimento efetivo)US$ 900 mil

(Receita)

A R T I G O

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Não disponivel

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Título CavaleirosCliente Zip.NetProduto InstitucionalAgência F/Nazca S&SDir.deCriação Fábio Fernandes e Eduardo LimaProdutora Zero FilmesDireção AmonFotografia AmonDireçãoArte BillyTrilha Tesis Audio SolutionPós-produção Estúdios Mega

F I C H A T É C N I C A

... e explosão finalizada em Hdtv.superprodução com experientes cavaleiros ...

T E L A V I V A A G O S T O D E 2 0 0 03 �

Lizandra de aLmeida

M a k i n G o F

A primeira característica deste filme que chama a atenção, tecnicamente, é o fato de ele ser o primeiro a ter sua finalização feita em HDTV. A captação das imagens foi toda em película, em duas câmeras 35 mm e uma Bolex, mas o material foi telecinado no C-Reality dos Estúdios Mega e montado em Inferno. A expressiva diferença entre os formatos, sensível no monitor de HDTV, ainda não pode ser conferida na telinha, mas a matriz resultante do processo deve ser kinescopada para que o comercial possa ser exibido nos cinemas em película.Apesar de todo o aparato tecnológico envolvido no processo de finalização, o filme em si pouco tem de efeitos especiais eletrônicos. A filmagem já foi uma superprodução, com explosões, cavalos, dublês e tudo o que um filme grandioso precisa ter.Segundo Eduardo Lima, que assina a criação pela F/Nazca, a idéia do filme é mostrar que a Internet virou uma realidade que não pode ser contestada. Resistências existem e os atores desse novo cenário podem ser mocinhos ou bandidos, mas a realidade está aí e ninguém pode negar. Para realizar essa idéia, a produtora criou um clima de caos, montando seu set de filmagem em pleno Pátio

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no meio do processo de produção do filme, em discussão com o diretor Amon. No começo, pensou-se até em usar uma câmera HDTV, mas as limitações ópticas do equipamento deixaram a alta resolução em vídeo para o final. “Por causa de todos os efeitos e das tomadas amplas, precisaríamos de um jogo de lentes que ainda não está disponível para HDTV”, explica o diretor e fotógrafo Amon.O filme mostra o ataque dos cavaleiros e a reação de suas vítimas, uma figuração com maquiagem e figurino que tendem ao ridículo. Conforme os cavaleiros vão passando, as pessoas vão sendo amarradas e penduradas em postes, explosões de fogo acontecem, um hidrante começa a espirrar água e tudo é destruído.Apesar das dificuldades tradicionais relacionadas a explosões, o grande desafio foi criar uma forma de laçar as pessoas com monitores de computador, de maneira que o fio enrolasse direitinho. Foram construídos mock-ups dos monitores, com peso controlado e tanto o personagem que é laçado como quem lança o monitor são dublês, especializados em efeitos. Toda a produção exigiu o trabalho de profissionais especializados, de várias áreas. Os cavaleiros fazem

do Colégio, no coração do centro de São Paulo, e em outras locações no bairro do Brás. Os prédios e postes antigos do centro velho serviram de elementos cenográficos para ambientar o ataque de cavaleiros ao estilo Mad Max, que laçam suas vítimas com fios de monitores antigos. Os cavaleiros representam os bandidos, enquanto o cliente, é claro, é o mocinho.Como todo trabalho pioneiro, a pré-produção foi bastante planejada, com o acompanhamento constante da equipe de finalização, que auxiliou na escolha dos equipamentos e formatos do filme. A janela utilizada foi Super 35, que dá a melhor proporção para o HDTV, mas o operador da câmera Bolex teve de realizar os enquadramentos por sua própria intuição. Para aproveitar toda a área do negativo, o filme é exibido na TV com tarjas pretas. “Muitos filmes hoje estão colocando as tarjas na telecinagem, produzindo o formato retangular da tela de cinema. Nesse caso, desde a filmagem já pensamos em usar a tarja, pois este é o formato real do filme”, explica o produtor de finalização do Mega José Augusto de Blasiis.O criativo Eduardo Lima conta que a idéia de utilizar HDTV surgiu

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Título BebêsCliente Cidade InternetAgência age.Produtora Film PlanetDireção Flavia MoraesFotografia Zé BobFinalização Casablanca

F I C H A T É C N I C A

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M U I T A S M A M A D E I R A S

vida nova no cotidiano.

P I O N E I R I S M O E M H D T Vparte de um grupo de rodeio, com domínio total dos cavalos. Outro grupo se encarregou dos explosivos, de vários tipos. Em certo momento, um carro explode, soltando fogo, em outro uma carrocinha cheia de melancias vai pelos ares - só que dentro de cada fruta ainda existia um outro explosivo - e ainda uma vitrine se desfaz em mil cacos, com uma explosão provocada pela expansão de ar. Uma das cenas mais perigosas, no entanto, foi a de um personagem sendo arrastado por um cavaleiro, segurando em um monitor. O dublê segura o monitor e é arrastado escadaria abaixo, o que quase causou um acidente. A figuração escolhida tinha os tipos mais variados, com um motoboy, uma mulher com bobby no cabelo e creme verde no rosto, um casal de hippies, uma gordinha sensual com uma sacola de feira, uma babá, um time de futebol e outros tantos. Mas na versão final do filme, pouco se vê dos personagens. “Preferimos eliminar os closes e deixar os personagens atrás da fumaça. Na filmagem, garantimos imagens para montar uns três filmes diferentes, porque sempre trabalho com essa perspectiva de aproveitar ao máximo as possibilidades de filmar. No final, porém, optamos por uma versão mais séria, sem a caricatura dos personagens”, conta Amon.As locações escolhidas são o cenário ideal para o caos instalado pelos cavaleiros. “Queríamos um local com cara de clássico, mas sem oferecer muitos elementos para que pudesse ser identificado. Pensamos em usar um cenário mais hightech, como os prédios da Av. Berrini, mas depois achamos que o centro se destacaria mais, poderia representar qualquer lugar do mundo, sem uma referência específica de tempo e local.”

de sair às ruas com os bebês”, conta Souza. A cena final, por exemplo, é uma tomada do alto, que mostra muitos bebês em um cruzamento de uma rua movimentada. A cena é uma montagem de cerca de 40 bebês filmados em estúdio em fundo de recorte sobre um cenário real retocado em computação. “Não adianta ter a ilusão de que é possível dirigir um bebê. Na verdade, nós mais os seguimos do que o contrário”, diverte-se Souza. Além de toda a infra-estrutura feita para atender os bebês, o espaço também teve de incluir a presença das mães. Uma das cenas mais divertidas, para a equipe de produção, foi a do bar. Vários bebês estão sentados em bancos altos ao longo de um balcão, enquanto um outro bebê serve os beberrões. Segundo Souza, embaixo de cada banco havia uma mãe agachada, o que compunha um cenário engraçado para quem estava de longe.Como as mães passam o dia todo em contato com a equipe, a relação costuma ser amigável e colaborativa. O problema, segundo o produtor, é quando chegam os pais. “Às vezes, ao primeiro choro, o pai se revolta e decide levar o bebê embora. Desta vez, porém, nós só tivemos um caso radical”, lembra Souza. Mas no final das contas, o resultado de um filme como esse, avalia o produtor, é sempre a simpatia do espectador. “Parece que subliminarmente o espectador entende as dificuldades que enfrentamos e sempre gosta muito de filmes com bebês.”

“Trabalhar com bebês é a crônica de uma morte anunciada.” Citando Gabriel Garcia Marques, é assim que o produtor José Augusto de Souza, da Film Planet, define o que foi a produção do comercial de Cidade Internet, que contou com mais de 80 bebês. O conceito do filme é o de mostrar que a vida das pessoas vai começar de novo a partir da chegada desse novo portal de Internet. Por isso, todos os personagens do filme são bebês (de cerca de um ano), realizando as tarefas mais variadas da vida social. Estão no escritório, no bar, dirigindo carros e motos, nas ruas, no supermercado, enfim, é como se todos voltassem a ser bebês e estivessem nascendo de novo. A produção começou com a criação de uma logística para atender a esse casting. No estúdio da produtora, foi instalado um berçário climatizado, com berços e infra-estrutura para jogos, brincadeiras e música para os bebês, além de psicólogas e enfermeiras. “Não podíamos ter nenhuma diversidade que chocasse os bebês e tínhamos de trabalhar sempre com um número maior de crianças, para ter a possibilidade de substituí-las caso houvesse stress”, afirma o produtor.Todas as cenas foram realizadas em estúdio. “Não podíamos correr o risco

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BEto costa

Emi s so ras e p rodu to ras en t regam

para empresas e spec ia l i zadas

os se rv i ços que não es tão

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que pesa nes se s casos não é

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Os broadcasters estão cada vez mais convencidos da necessidade de modelos operacionais enxutos. E isto não diz respeito apenas à estrutura diretamente atrelada à atividade de produção. A idéia é enxugar qualquer setor que possa inchar a folha de pagamento, pesar a mão nos encargos trabalhistas ou ocupar muito espaço físico.A questão não é apenas terceirizar para economizar. Mesmo porque, em alguns casos a diferença entre o custo da estrutura fixa e da terceirizada é muito pequena. O que tem pesado mesmo é a filosofia administrativa de quem decide enveredar pela terceirização. Nesse caso, quando se pensa em entregar um serviço nas mãos de outra empresa, o que está se buscando

na verdade é dispender esforços apenas no foco central do negócio de emissoras e produtoras.Para as produtoras, a terceirização já é uma marca registrada. O mercado de filmes publicitários, vídeos institucionais e afins é marcado pela sazonalidade. Um elevado custo operacional fixo é um bom passaporte para entrar no vermelho.A TVN terceiriza os serviços de contabilidade, transportes e informática. “Não é o foco da empresa ter essas atividades. No caso da contabilidade, se tivéssemos uma estrutura interna, estes funcionários teriam de se dedicar a outras atividades. Poderia misturar com outros serviços. Quando você entrega o serviço para um escritório de contabilidade, está transferindo o trabalho para profissionais totalmente voltados para esta área”, justifica Wladimir de Souza, gerente administrativo da TVN. Ele estima uma economia de 20% com a terceirização.Para a TVN, a terceirização é uma ferramenta estratégica. A produtora vive um momento de reestruturação. Desde meados do ano passado, perdeu o maior job que tinha - a produção de programas do “Telecurso” -, uma atividade que absorvia boa parte da infra-estrutura. Depois da perda do maior cliente, a estrutura do pessoal de produção foi cortada pela metade. Atualmente, são mantidos 12

funcionários fixos, responsáveis pela produção de cerca de cinco vídeos por mês. “A TVN já foi maior. Agora, está com um porte médio. Como o custo fixo onera muito, é bem mais interessante jogar com o custo variável”, explica Souza, procurando calibrar a empresa de acordo com o vai e vem do mercado.

menos en ca rgo s

A Canal Y também segue a estratégia de manter fora da produtora todo pessoal que possa trazer gordura para estrutura operacional. A empresa mantém uma equipe fixa de dez pessoas, entre pessoal de produção, administrativo e até motorista. “Para trabalhos maiores nós contratamos outras vans e motoristas. Na maioria dos trabalhos que fazemos, 95% do pessoal é terceirizado”, explica Ybirá Sorrentino, sócio-diretor da Canal Y, salientando que não é só a questão econômica que pesa. Cita o caso de uma descoberta da casa. Trocou boys por motoboys. “Quando tínhamos alguns boys contratados, os encargos trabalhistas pesavam e a eficiência não é a mesma de hoje”, justifica.Nas grandes produtoras muda a escala de negócios. Aí é preciso colocar tudo na ponta do lápis para saber quais serviços rendem mais quando terceirizados. Na O2 a vigilância e os transportes são terceirizados. “Nós fizemos as contas. Economizaríamos 10% para manter uma estrutura fixa de transportes. Mas aí você tem de pesar o risco de enfrentar eventuais problemas trabalhistas e não pode esquecer que a publicidade é um negócio que aumenta e diminui de volume. Ou seja, seria mais barato à primeira vista, mas qualquer risco poderia inverter esta equação. Uma produtora não é uma transportadora”, justifica Andréa Barata, diretora executiva da O2. A produtora paga R$140 em média pela diária de uma kombi com motorista.A O2 tem um volume razoável de produção. São cerca de 20 filmes por mês. A equipe fixa da produtora tem cerca de 70 funcionários. Mas diversos profissionais gravitam em torno da O2. Por isso a produtora resolveu a parte contábil em dois capítulos. O

p r o d u ç ã o

T E L A V I V A A G O S T O D E 2 0 0 0� 0

EMBOASMÃOS

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Não disponivel

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operacional do dia-a-dia, dedicado ao pagamento dos frilas, é mantido dentro da produtora. Todo o restante é encaminhado para fora. “Escritório não é a nossa área”, explica Andréa.No negócio das produtoras, a mão-de-obra é o que mais pesa. Principalmente dos profissionais diretamente ligados à produção. Era de se esperar que uma faca afiada procurasse limpar todo sinal de obesidade nos outros departamentos. Mas nem sempre é o fator econômico que faz a diferença. A O2, por exemplo, não terceiriza os serviços de limpeza. Simplesmente, por que não aliviaria o orçamento.

f o co

As emissoras de médio e pequeno porte seguem os rastro das produtoras. No caso delas, pesa mais a necessidade de dar maior atuação ao negócio.Na EPTV, de Campinas, 6% da despesa operacional total é terceirizada. A emissora entrega para

empresas especializadas os serviços de jardinagem, vigilância, limpeza e a operação do restaurante instalado nas dependências desta afiliada da Rede Globo. Ali trabalham 300 funcionários e são consumidas 200 refeições por dia.Estima-se que a economia com a terceirização chegue a 20%. “Cada setor terceirizado tem uma relação de custo/benefício diferente. No caso da vigilância, por exemplo, se fossemos manter um quadro de funcionários teríamos de treinar o pessoal constantemente, providenciar porte de arma, uma série de detalhes que não têm nada a ver com a rotina da emissora”, explica Adílson Antonio Gonçalves, supervisor de suprimentos da EPTV Campinas.Na TV Tarobá, de Cascavel, no Paraná, a terceirização ensaia novos passos. Ali, outras empresas fazem os serviços de limpeza, vigilância e informática. Mas a produção de comerciais ainda é um departamento desta afiliada da Bandeirantes. “Nós estamos pensando em terceirizar,

já que o nosso negócio é exibir e não produzir”, afirma Nelson Pereira, diretor administrativo.A cantina que funciona dentro da emissora segue um modelo misto de terceirização. É mantida pela Associação de Funcionários da TV Tarobá, mas os funcionários que trabalham na cozinha e no atendimento ao público são bancados pela emissora. É cogitada uma ampliação da terceirização. “Como não é a atividade-fim, não se gasta tempo tratando de assuntos administrativos”, explica Pereira. As produtoras e emissoras que terceirizam parte de suas atividades têm em comum a preocupação com o controle da qualidade dos serviços prestados. Por isso, é comum praticarem avaliações periódicas para não pagar gato por lebre. Tão importante quanto acompanhar, é escolher. Nesse caso, os executivos não se arriscam. O que vale mesmo é uma boa indicação.

P R O D U ç ã O

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A Internet e outras modalidades de rede estão começando a calcular uma nova velocidade na intrincada opera-ção de realização e aprovação de um comercial. O transporte de vídeo pela rede encurta distâncias e imprime maior agilidade ao triângulo amoroso agência-produtora-cliente.A pioneira a implantar esse tipo de serviço foi a Casablanca Xpress, após conseguir uma autorização para transmissões via satélite. O sistema tem uma interface web e permite que agências e produtoras assistam aos materiais armazenados na Casablanca e ainda enviem esses dados para aprovação em outros países. A cobe-rtura de satélite da empresa abrange todo o hemisfério sul, mais América do Norte e Europa Ocidental, che-gando até a França. O sistema tem

I n t e r ne t , e x t r ane t e ou t r a s

f o rmas de r ede com

pe r f o rmance de banda l a rga

começam a muda r a f o rma de

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d i g i t a i s é a p r e s sa do me r cado .

A limitação geográfica do negócio por enquanto está relacionada à abrangência da fibra óptica. Quanto maior for o crescimento das redes de fibra óptica, maior a probabilidade do negócio crescer.

i n t e r l i ga ção

As empresas interligadas pela TBN acessam a rede através de um browser. Cada usuário se cadastra individualmente na rede e passa a ter uma caixa postal. Todo o conteúdo foi desenvolvido com linguagem de programação da web. “Para enviar o arquivo faz-se como em um e-mail comum: o usuário acha o arquivo a ser enviado, anexa e envia. A dife-rença está no tempo para receber ou enviar mensagens, que é muito mais rápido que o habitual”, explica Chilvarguer, salientando que a mel-hor performance é conseguida com arquivos de tamanho intermediário.As trocas de arquivos entre as empresas podem ser criptografa-das. “Não é possível aos usuários enxergar os computadores de outra empresa. A troca de dados entre as empresas interligadas é feita exclusi-vamente entre servidores próprios”, garante Ricardo Amaral, sócio da Impex e responsável pelo desen-volvimento tecnológico da TBN.A qualidade do arquivo de vídeo transmitido pela rede está direta-mente ligado à finalidade que ele terá. “Para aprovação de um comer-cial, em uma qualidade off line (que

T E L A V I V A A G O S T O D E 2 0 0 0� �

t e c n o l o G i a

custos mais acessíveis do que se fosse realizado por microondas e pode ser assinado. Os recursos necessários são uma antena parabólica de, no mínimo, 2,8 metros de diâmetro e um PC com placa de recepção via satélite. A TransBurti Network (TBN) funciona como uma extranet. O maior inves-timento no Brasil nesse novíssimo setor. Uma rede de alta velocidade interligada por cabos de fibra óptica que permite transmissão de arquivos a uma velocidade de 2 Mbps, o que corresponde a 70 vezes a velocidade de uma conexão de Internet via telefone. Um negócio de US$ 22 milhões dividido entre a Editora Gráficos Burti, a Impex Interativa e o fundo Latin America Web Investiments, controlado no Brasil pelo Grupo Matrix. A expecta-tiva é que o retorno seja alcançado em três anos.“Nossa meta é conectar entre 150 e 200 empresas até o final do ano, sendo que hoje temos cerca de 60”, afirma Sérgio Chilvarguer, diretor-geral da TBN, sem revelar como o serviço é cobrado dos clientes. Nas pontas da rede estão agências de publicidade e casting, bancos de imagem, finalizado-ras, produtoras, produtoras de web e emissoras de TV.O foco da TBN, que começou a operar no dia 10 de junho, está cen-trado no eixo Rio-São Paulo. Mas a idéia é expandir para outras capitais.

PRODUÇÕES ÁGEIS

O crescimento do uso de tráfego digital de vídeos impulsiona a indústria de softwares. A idéia em voga é oferecer ferramentas que façam do transporte de vídeo uma tarefa tão simples quanto passar um e-mail. É isso que promete o ClipMail Pro, da Telestream, representada no Brasil pela Crosspoint. Pode ser usado para enviar e receber vídeo e áudio, incluindo timecode, para qualquer conexão de rede, inclusive Internet.O ClipMail trabalha com padrão MPEG-2. Permite que o material de

áudio e vídeo seja visto e escutado em diversas possibilidades. “Ele contém uma série de opções de qualidade de vídeo e áudio. Isto significa vídeo em MPEG-2 de 1,5 Mbps 4:2:0 até 50 Mbps 4:2:2. O sistema separa a qualidade de vídeo da velocidade de transmissão, coisa que um sistema simples de streaming não faz”, explica Sérgio Bourguignon, representante da Crosspoint no Brasil. O ClipMail Pro trabalha tanto no padrão NTSC como PAL.

InDÚsTRIA DE nOVIDADEs

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não serve para produção, mas é boa o suficiente para visualização), é pos-sível comprimir o arquivo em MPEG-1 e transmiti-lo em poucos segundos. No outro extremo, a transferência de um arquivo de vídeo digital D1 de 30 segundos, que ocupa quase um gigabyte, demora em torno de uma hora e 20 minutos. O arquivo MPEG-1, quando recebido, pode ser tocado em tela cheia, principalmente em PCs”, ensina o diretor da TBN. A TBN vislumbra a estrada digital que criou como uma ferramenta capaz de interferir em diversas etapas da produção de um com-ercial. Desde o briefing, passando pelo uso do casting eletrônico de modelos, compra de imagens até a aprovação.Um modelo bem calibrado de um chamado “pilar” da rede (agência, veículos, clientes e fornecedores) deve contemplar uma rede local estruturada e compressor de vídeo MPEG-1. “Todos os outros custos de set up da conexão de fibra óptica e hardwares necessários a fazer a integração com a rede local são de nossa responsabilidade”, garante Chilvarguer.

l i n k ded i cado

A produtora Film Planet está se preparando para usar o tráfego digital de vídeos. Já deu início a um sistema de operação que deve estar concluído no primeiro semestre do ano que vem. A idéia é interligar em

alta velocidade os escritórios de São Paulo, Los Angeles e Buenos Aires. E também o relacionamento com clien-tes, agências e fornecedores.“O processo de preparação dos filmes tornou-se mais ágil com a uti-lização da Internet. Trocamos shoot-ing boards, imagens de referência, roteiros etc, com nossos diretores, não importando a localização deles”, explica Júnior Thonon, diretor de marketing da Film Planet.A triangulação entre os países, por enquanto, é feita por um link dedi-cado. O que antes demorava dois dias usando sistemas de encomendas expressas, hoje leva alguns minutos.A interface com as agências também ganhou nova velocidade. “Enviamos imagens de locações, testes de VT”, explica Thonon. A Film Planet capta as imagens em DV, edita usando o software Final Cut Pro e envia os arquivos de vídeo em formato Quicktime, tido na produtora como dono da melhor performance em qualquer plataforma, inclusive no Macintosh usado por lá. A banda larga é o salto definitivo para o processo de produção e aprovação de comerciais ganhar novo impulso. A expectativa na produtora de Flavia Moraes é que esteja implantada em 60 dias e então se integrar à TBN. “Pela pesquisa que desenvolvemos, teremos um perfeito resultado quando cliente, produtora e agência estiverem utilizando a broadband. Se o número de pilares da TBN não crescer como esperamos, nós vamos investir em banda larga, mas usando Internet e não extranet. De qualquer forma, esse é o caminho”, sentencia Thonon.Os vultosos investimentos combi-nados à pressa do mercado publici-tário, levam a crer que o processo de produção e aprovação de com-erciais deve sofrer uma radical transformação nos próximos anos. Uma revolução digital que vai aos poucos substituir as reuniões em cores, ao vivo, pela simples troca de e-mails. Parece sem graça, mas esse é o futuro.

Beto costa

O crescimento do uso de tráfego digital de vídeos impulsiona a indústria de softwares. A idéia em voga é oferecer ferramentas que façam do transporte de vídeo uma tarefa tão simples quanto passar um e-mail. É isso que promete o ClipMail Pro, da Telestream, representada no Brasil pela Crosspoint. Pode ser usado para enviar e receber vídeo e áudio, incluindo timecode, para qualquer conexão de rede, inclusive Internet.O ClipMail trabalha com padrão MPEG-2. Permite que o material de

áudio e vídeo seja visto e escutado em diversas possibilidades. “Ele contém uma série de opções de qualidade de vídeo e áudio. Isto significa vídeo em MPEG-2 de 1,5 Mbps 4:2:0 até 50 Mbps 4:2:2. O sistema separa a qualidade de vídeo da velocidade de transmissão, coisa que um sistema simples de streaming não faz”, explica Sérgio Bourguignon, representante da Crosspoint no Brasil. O ClipMail Pro trabalha tanto no padrão NTSC como PAL.

InDÚsTRIA DE nOVIDADEs

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RECORDE DE CURTAS SELECIONADOS

RECORDE DE CURTAS SELECIONADOS

O Fest ival In ternacional de

Curtas -Metragens de São Paulo

reúne a nata do formato e discute

as vár ias mídias para os f i lmes.

A 11ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, com realização entre os dias 17 e 26 de agosto em várias salas da capital paulista, começa com um número recorde de filmes selecionados: 113 curtas brasileiros concluídos em 1999 e 2000 compõem o maior painel da produção audiovisual do País já exibido em um só evento. Reunidos no Panorama Brasil, os filmes representam praticamente toda a produção de curtas brasileiros dos últimos 12 meses. Ao contrário das últimas edições do evento, quando os cerca de 100 trabalhos inscritos anualmente para o Panorama passavam por um processo de seleção, o festival decidiu, este ano, abrir espaço para todos os inscritos. A iniciativa foi motivada pela possibilidade de uma avaliação completa dos caminhos do cinema no País. Além dos novos curtas brasileiros, o evento inclui as tradicionais mostras Internacional e Latino-americana, além de retrospectivas e programas especiais. “A origem do século XXI”,

de Jean-Luc Godard, é um dos filmes escolhidos para a sessão de abertura do festival. Produzido em suporte digital, a mais recente obra do cineasta franco-suíço é uma colagem de imagens jornalísticas, trechos de filmes e citações literárias que revisita o século XX. O curta foi exibido na abertura do último Festival de Cannes.

t oda s a s t e l a s

A discussão sobre as várias mídias para o filme de curta-metragem é tema das mostras abrigadas no segmento Foco. O festival traz retrospectivas dos programas de TV “La noche + corta”, do Canal+ espanhol; um showcase da distribuidora norte-americana Eveo, uma das empresas de ponta na abertura do mercado de Internet para o curta; produções exibidas a partir de suporte DVD; e uma seleção especial de clássicos do curta brasileiro para exibição, durante o evento, em salas de cinema do circuito comercial, numa parceria com a rede Cinemark. Além disso, promove, pela primeira vez, um concurso de curtas brasileiros para a Internet, com trabalhos de até cinco minutos de duração.O formato do programa de TV espanhol extrapola a definição tradicional do filme de curta duração, ao misturar curtas, filmes publicitários, animações, videoclipes e trechos

de longas, amarrados por um tema semanal e por entrevistas com realizadores e matérias especiais. A distribuidora Eveo recebe inscrições de produções audiovisuais feitas em qualquer suporte e cuida do encoding e da digitalização dos filmes para disponibilizá-los na rede. Os realizadores recebem um determinado valor em dinheiro cada vez que um usuário assiste ao curta no site da empresa. A Eveo também negocia a exibição dos trabalhos no circuito de salas e no mercado de DVD. Esse último, aliás, é apontado como altamente promissor para o filme curto, pois, ao contrário da linearidade do VHS, permite a inclusão de uma série de atrativos em um mesmo disco, dando um caráter semelhante ao da navegação pela Internet. O mercado de salas do circuito comercial também mostra interesse na exibição dos curtas. O formato adotado no festival, de exibição em programas fechados, já é realizado, com relativo sucesso, pelo circuito do Espaço Unibanco, e pode ser uma alternativa interessante ao formato de exibição colada ao longa-metragem.

v i agen s c u r t a s

O festival traz, este ano, três grandes retrospectivas. A mostra “Curtas viajantes” reúne produções brasileiras sob o tema da viagem pelo País, nas várias acepções do termo, desde o mais puro registro etnográfico até concepções extremamente pessoais. No último caso, enquadram-se filmes raramente exibidos em São Paulo, como “O crime da imagem”, de Lírio Ferreira; “Música barroca mineira”, de Arthur Omar, e “Superoutro”, de Edgar Navarro Filho. No segmento etnográfico, podem ser vistos trabalhos de Heinz Forthmann, Jesco von Putmaker, Jean Romain Lesage e Maureen Bisilliat. Atrativos extras são o primeiro documentário dirigido por Glauber Rocha, “Amazonas, Amazonas”, de 1966, e “Canções populares: casinha pequenina & chuá chuá”, filme de 1945 dirigido por Humberto Mauro. Organizada pelo Ministério da

T E L A V I V A A G O S T O D E 2 0 0 0� �

Paulo Boccato

F e s t i v a i s

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Cultura, a mostra itinerante “O cinema dos brasileiros” chega a São Paulo durante a realização do festival, com vários curtas e documentários produzidos graças a prêmios do MinC, durante a década de 90. O leque de 52 trabalhos apresentados serve como um bom termo de comparação entre o que foi feito na última década e a produção atual. A terceira retrospectiva é composta por uma seleção de filmes do Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual, com curtas recentes produzidos de diversas procedências.

p rog rama e spec i a l

O inglês Nick Park, o mais badalado diretor de animação do momento, ganha um programa especial com quatro trabalhos: “Creature comforts”, “The wrong trousers” e “A close shave”, vencedores do Oscar de curtas de animação, e “A grand day out”, indicado para o mesmo prêmio. Park alcança hoje fama mundial com o longa “A fuga das galinhas” (“Chicken

run”), produção da Dreamworks, de Steven Spielberg, que ocupa os primeiros postos da bilheteria norte-americana há várias semanas. Dois programas especiais são focados em filmes de realizadores negros: “Dogma feijoada” e “Contos e lendas africanas”. O primeiro faz um balanço do cinema produzido por negros brasileiros. O público terá a raríssima chance de acompanhar dois filmes sobre samba, praticamente desconhecidos mesmo em circuitos onde o curta tem grande penetração: “Martinho da Vila Paris 77”, de Ari Cândido Fernandes, e “Dia de alforria”, de Zózimo Bulbul, último registro de um dos mais importantes compositores

da velha guarda do samba carioca, Aniceto do Império. O segundo exibe animações provenientes de países como Mali, Nigéria e Burkina Fasso, cinematografias que certamente pouquíssima gente conhece. Ainda no segmento de especiais, o programa “One piece!” é uma seleção de curtas japoneses que radicalizam as propostas estéticas do Dogma’95 dinamarquês, e “Política?!” traz o dilema do cinema político alemão.

h i gh l i gh t s

“George Lucas in love”, de Joe Nussbaum, é um dos destaques da Mostra Internacional. O curta norte-americano já faturou vários prêmios do público em festivais no exterior e traz a divertida gênese de “Guerra nas estrelas”. Experiências radicais no formato curto são o holandês “Hong Kong (HKG)”, de Gerard Holthuis; o brutal “Accidents”, de Paul Swadel (Nova Zelândia); e “Your turn”, de Greg Woodland (Austrália).

F E S T I V A I S Programas fecha-dos de

curtas no circuito comercial podem

ser uma alternativa ao formato de exibição.

Programas fechados de

curtas no circuito comercial podem

ser uma alternativa ao formato de exibição.

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Os curtas vencedores dos dois principais prêmios de cinema do mundo também fazem parte da seleção: “Hommage a Alfred Lepetit”, de Jean Rousselot (França), Urso de Ouro em Berlim, um “documentário” sobre um popular estagiário de direção, e “When the day breaks”, de Amanda Forbis e Wendy Tilby (Canadá), Palma de Ouro em Cannes. “Les nouvelles mésaventures d’Alfred Le Crapeu: Alfred tombe amoureux”, de Jon Carnoy (França), é uma divertida sátira aos filmes de James Bond, enquanto “Un château en Espagne” abriu o caminho para a estréia no longa da francesa Delphine Gleize. O festival traz também os comoventes “Friday”, de Jodi Gibson (EUA), premiado em Sundance, que mostra a luta de uma mulher contra o câncer; “Perdie”, de Faye Gilbert (Inglaterra), que retrata a lembrança da morte da mãe pelos olhos de uma menina; o premiadíssimo “Protest”, de Steve Katz (EUA); o tétrico “Hae Boohawk Shee

gone”, de Zung Soyun (Coréia do Sul), onde três garotas decidem qual delas deve morrer para substituir um cadáver danificado durante uma aula de anatomia; e curtíssimos inéditos dos experimentais Jay Rosenblatt e Gustav Deutsch. Na Mostra Latina, despontam novos curtas de realizadores mexicanos que vêm se firmando como nomes importantes do curta-metragem: “Las olas del tiempo”, de Carlos Salces, diretor do belíssimo “En el espejo del cielo”, e “El milagro”, de Ernesto Contreras, além da interessante safra de curtas colombianos. No segmento nacional, o público terá chance de desopilar o fígado

acompanhando a vitalidade do cinema de animação brasileiro, em “Os idiotas mesmo”, novo trabalho de Allan Sieber, diretor do sacrílego “Deus é pai”; “Almas em chamas”, de Arnaldo Galvão; e “Os irmãos Willians”, de Ricardo Dantas, a trajetória de um ex-famoso grupo de pagode paulistano. Os experimentais “A primeira vida” e “Réquiem”, de Moira Toledo e Flávio Dezorzi, prometem surpresas, enquanto “Tepê”, de José Eduardo Belmonte, e “BMW vermelho”, de Reinaldo Pinheiro e Edu Ramos, devem ser confirmados como dois dos melhores trabalhos da nova safra. Outra promessa é “Pormenores”, de Flávio Frederico, diretor de “Todo dia todo” e “Copacabana”, que terá sua estréia durante o festival. Na produção de filmes de escola, que será agrupada na mostra Cinema em Curso, um dos destaques é o divertido “O mundo segundo Sílvio Luiz”, de André Francioli, com o famoso locutor esportivo como protagonista.

F E S T I V A I S A diversidade de temas e técnicas de produção

mostram a versatilidade do formato.

A diversidade de temas e técnicas de produção

mostram a versatilidade do formato.

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