jornal brasil atual - itanhaem 04

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Jornal Regional de Itanhaém www.redebrasilatual.com.br ITANHAÉM nº 4 Setembro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual O que mudou na vida dos índios guaranis com a chegada da luz Pág. 3 ENERGIA ALDEIA ILUMINADA Esse é o desejo da presidenta da Academia Itanhaense de Letras Pág. 6 LITERATURA CIDADE LEITORA A disputa é de quatro candidatos. A escolha é de 69 mil eleitores Pág. 2 ELEIÇÕES QUEM LEVA? MORTALIDADE INFANTIL Enquanto o índice cai no Brasil, na Baixada Santista ele só sobe. E já preocupa Pág. 7 ESTÁ MORRENDO CRIANÇA DEMAIS Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era jogador do Grêmio PERFIL NEYMAR DA PRAIA GRANDE

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Itanhaem 04

Jornal Regional de Itanhaém

www.redebrasilatual.com.br Itanhaém

nº 4 Setembro de 2012

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

O que mudou na vida dos índios guaranis com a chegada da luz

Pág. 3

energia

aldeia iluminada

Esse é o desejo da presidenta da Academia Itanhaense de Letras

Pág. 6

Literatura

cidade leitora

A disputa é de quatro candidatos. A escolha é de 69 mil eleitores

Pág. 2

eLeiÇÕeS

quem leva?

mortaLidade infantiL

Enquanto o índice cai no Brasil, na Baixada Santista ele só sobe. E já preocupa

Pág. 7

eStá morrendo crianÇa demaiS

Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era jogador do Grêmio

PerfiL

neymar da Praia grande

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2 Itanhaém

expediente rede Brasil atual – itanhaém editora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 5 mil exemplares distribuição Gratuita

eLeiÇÕeS municiPaiS

em outubro, quem vai chegar lá?Quatro candidatos disputam a Prefeitura de Itanhaém

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jornaL on-Line

primavera

editoriaLEsta edição do jornal Brasil Atual – Itanhaém mostra

uma realidade pouco conhecida dos torcedores brasileiros, que aprenderam a ser fãs do melhor jogador do futebol brasi-leiro na atualidade: a infância de Neymar, vivida na Baixada Santista, mais precisamemte no Jardim Glória, bairro da pe-riferia da Praia Grande, onde ele começou defendendo um clube que existe até hoje, o Grêmio, e onde estão os antigos amigos que esperam uma visita do craque, ainda que seja ape-nas de reconhecimento pelas velhas amizades.

Há também uma reportagem mostrando o que mudou na al-deia dos índios guaranis-mbya, quando foi instalada a energia elétrica. Pois saibam que, como num passe de mágica, o progra-ma Luz para Todos, do governo federal, ajudou até a combater um velho preconceito que existia na cidade, o de que eles não passavam de uns bêbados, pois vinham para cá e aqui ficavam, entregando-se à bebedeira até o raiar do dia. Fez-se a luz, e essa história mudou! Quem sabe a presidenta da Academia Itanhaen-se de Letras, Elizabeth Cury Watanabe, também não vença um velho preconceito, o de que Itanhaém não lê. Quem sabe não sejamos os índios de amanhã. É isso. Boa leitura!

Em 2012, quatro candida-tos disputam a Prefeitura de Itanhaém, cidade com 89.332 habitantes. O orçamento muni-cipal para o próximo ano é de R$ 245 milhões. As priorida-des nos planos de governo são saúde, infraestrutura urbana, geração de emprego e renda e transporte público de qualidade. A falta de médicos nas unidades básicas de saúde, as deficiên-cias no atendimento do pronto- -socorro municipal, as con-dições ruins de vias públicas, sem pavimentação, saneamen-to e iluminação; e o transporte público inadequado são os de-safios do candidato eleito para governá-la de 2013 a 2016.

O empresário e ex-verea-dor Marcelo Strama (PSB), da coligação Todos pelo Fu-turo de Itanhaém, liderada pelo PSB-PPS-PT e mais oito legendas, é candidato pela se-

gunda vez. O vice de Strama é o vereador José Renato Costa Oliva (PPS). Marco Aurélio Gomes dos Santos (PSDB) é o candidato do atual prefeito João Carlos Forssell. Advo-gado, ele é vereador e presi-dente da Câmara Municipal. Sua chapa, Itanhaém ainda Melhor, reúne oito partidos e o vice é o empresário José Roberto Pereira do Nascimen-to (PMDB).

O atual vice-prefeito, Ruy

Santos, filiado ao PR, é candi-dato a prefeito pela coligação Itanhaém Pode Muito Mais, formada por outras três legen-das, que tem o empresário e ex-vereador Milton Alves da Silva (DEM), candidato a vice. O professor estadual Moacyr Américo da Silva (PSOL) tam-bém disputa a vaga, ao lado de Suely Fitipaldi Medina, fun-cionária pública aposentada. O PSOL não está coligado a outros partidos.

câmara: 20 candidatos por vagaA Câmara Municipal de

Itanhaém possui 10 vagas. Para 2013, o orçamento pre-visto é de R$ 6,6 milhões, 7% superior ao de 2012. O salário de um vereador vai passar de R$ 4.953,62 para R$ 8.016,44. Sete vereado-res disputam a reeleição. No total, há outros 195 que concorrem às cadeiras do Legislativo – são 20,2 can-didatos por vaga, sendo 138

homens (68,31%) e 64 mulhe-res (31,69%).

Itanhaém tem 69.008 elei-tores aptos a votar, em 7 de outubro. O colégio eleitoral cresceu 13,57%, compara-do às eleições municipais de 2008. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) mostra que as mulheres são 52,61% (36.305) do eleitorado, contra 47,25% (32.607) de homens. Noventa e seis eleitores não declararam

o sexo. As maiores concen-trações de eleitores estão nas faixas etárias de 25 a 34 anos (14.535); 35 a 44 (12.754) e 45 a 59 (17.668). Há 394 jovens de 16 anos e 762 com 17 anos de idade alistados na Justiça Elei-toral. Idosos, com 60 anos de idade ou mais, totalizam 14.429 eleitores, dos quais 5.955 têm 70 anos de idade ou mais.

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3Itanhaém

Luz Para todoS

energia solar muda vida dos índios guaranis-mbya

jovens têm novas diversões Problemas do povo

Aldeia Tangará se beneficia do programa Luz para Todos e adquire novos hábitosA visão de o povo indígena

viver em comunidades isola-das, privado da modernidade – como os meios de comu-nicação e eletroeletrônicos – está definitivamente superada. A aldeia Tangará, que existe há dois anos na área rural de Itanhaém, ilustra esses novos paradigmas. Em dezembro de 2011, a escola de ensino in-fantil e nove das 18 famílias (cerca de 70 habitantes) de índios guaranis-mbya que lá residem – população de cultu-ra nômade, que também vive na Argentina, no Paraguai e na Bolívia – foram beneficiadas com a energia solar fotovoltai-ca do programa Luz para To-dos, do Ministério de Minas e Energia do Governo Federal.

Agora, eles assistem tele-visão, vídeos ou DVD. Ouvem

rádio e alguns até mantêm uma banda de forró com gui-tarra e teclado. O engenheiro e agente do programa Luz para Todos Francisco Pérez conta que o modelo alternativo de energia foi instalado por cau-sa da impossibilidade de levar

a energia convencional à re-gião. “O governo estadual não concedeu licenças ambientais nem permitiu a derrubada de árvores para a instalação de postes e fiação. Por isso, a gente considerou a energia solar fotovoltaica a mais ade-

quada para a aldeia.” O siste-ma está em fase experimental e as placas de energia supor-tam potência de até 600 watts. “Em cada casa foram instala-das três lâmpadas e duas to-madas, permitindo comportar uma geladeira, um ventilador de baixo consumo, antena pa-rabólica, rádio, modem para laptop. Enfim, alguns eletro-eletrônicos de faixa verde do Inmetro (de baixo consumo de energia).”

Contudo, as placas de ener-gia solar apresentaram alguns problemas neste ano. Elisa de Castro, esposa do cacique da aldeia Severo Faustino, relata que algumas casas apresentam súbita queda de energia. “Eu gasto mais força à noite, quan-do assisto às novelas de TV, mas desligo o rádio, as luzes

e tudo mais o que for preci-so.” Elisa ainda comenta que não usa uma bomba a motor que possui para não queimar a placa solar de sua casa. “Ain-da enchemos a caixa d’água manualmente” – diz. Pérez, porém, afirma que o alto con-sumo de energia nas casas dos indígenas faz os disjuntores queimarem. “Reparamos os disjuntores, que só desligam quando há sobrecarga.” O en-genheiro acredita que seria fá-cil culpar os índios pelo uso ir-regular do sistema alternativo de energia: “Os índios não têm obrigação de saber como fun-ciona a energia solar fotovol-taica. Nós temos de ensiná-los sobre a capacidade e potência dos eletroeletrônicos de que podem usufruir a partir dessa tecnologia”.

O diretor da Funai Lito-ral Sudeste, Cristiano Hut-ter, lembra que há 10 anos era comum os índios irem à cidade e ficarem bêba-dos até o dia amanhecer, causando a repulsa da po-pulação. “O preconceito se agravava. Mas com a energia, os índios voltam à aldeia porque têm os meios de comunicação, a internet. O acesso deles a esses bens é uma boa” – diz.

Osmar, 26 anos, Silva-no, 28, e Leocir Gabriel, 22, formam a banda Forrozão Índio Boys. O vocalista, Os-mar, não esconde que, fora da aldeira, adora ir à Lan

para o instrumento elétrico foi inevitável.

O trio se apresenta em barzinhos e outras aldeias. Recebe R$ 70 por show e não divide o dinheiro. “O fundo é para gastar com aparelhagem e outras coisas da banda” – diz Osmar. E eles querem ser profissionais? “A profis-são escolhe a gente” – diz o tecladista. Com luz na aldeia Tangará, as novas gerações extrapolam em novidades. “O índio não se aculturou porque tem carro ou celular; a cul-tura indígena está dentro dele, mas o cara tem direito a ter esses bens materiais” – resu-me Cristiano.

A vice-diretora da escola infantil da aldeia Tangará, Laurinha da Silva, forma-da no Magistério Indígena da USP, denuncia que há jovens que não estudam há dois anos porque não se in-veste na construção de es-colas e não há transportes. “Aqui, a escola vai até o 5º ano (antiga 4ª série), com um curso sobre a nossa cul-tura, mais português e ma-temática. Não tem ensino fundamental e médio, pois a Prefeitura não manda ôni-bus ou vans para levar os jo-vens às escolas na cidade.” O mesmo ocorre na saúde. “O problema do transporte

no atendimento médico é precário e o médico apare-ce uma vez por semana no aldeamento” – afirma Elisa de Castro, a mulher do ca-cique. “Não temos como ir ao hospital fazer exames e consultas. Já disseram até que não havia gasolina para buscar a gente na aldeia.”

House, navegar na Internet e ver o Facebook. Já Gabriel comprou seu teclado há cinco meses, inspirado nos DVDs de forró, sertanejo, funk e black music a que assiste. E o gui-tarrista Silvano interessou-se pelas cordas ao ver os amigos tocando violão – a transição

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4 Itanhaém

O garoto esbanjava talento entre a molecada e o time de várzea do Jardim Glória Por Enio Lourenço

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neymar em Praia grande, no tempo em que era juninho

os primeiros chutes no campo do time de várzea

Neymar da Silva Santos Júnior nasceu em Mogi das Cruzes e teve uma infância nômade devido às empreitadas futebolísticas do pai, também ele um atacante. Antes de a fa-mília Silva Santos desembar-car na Baixada Santista, eles moraram em Várzea Grande, no Mato Grosso, onde o Seu Neymar vestiu a camisa do Operário Futebol Clube e se sagrou campeão estadual, em 1997, quando Neymar Júnior tinha cinco anos de vida.

Chegando ao litoral paulis-ta, a família viveu na casa da avó paterna do craque, em São Vicente. Com o nascimento de Rafaella, a caçula da família, o espaço tornou-se pequeno e os quatro se mudaram para a Praia Grande, onde viveram nove anos.

No Jardim Glória, na peri-

feria da cidade, o garoto foi se habituando a fazer do futebol o seu estilo de vida. “Cheguei a ter 50 bolas em casa” – re-velou Neymar, aos 14 anos, em entrevista à TV Tribuna. Como a maioria das crianças, ele conciliava os estudos com a brincadeira predileta, jogar futebol. Os amigos do bair-ro contam que podia ser em

casa – num campinho de areia no quintal, feito pelo pai –, na rua, no campo do Grêmio, o “Juninho”, como era chama-do, estava sempre chutando uma bola.

Jonathan Santos Marce-lino, 20, repositor em uma transportadora de tintas, era um dos amigos de Neymar. Ele lembra que almoçava na

casa do atacante e vice-versa e sempre jogava vídeo game. “A gente estudava no Tio Baptista (Escola Municipal José Júlio Martins Baptista), onde fomos campeões dos jogos escolares. Foi uma época muito boa.” O jovem conta que reviu o amigo famoso apenas uma vez, de-pois que a família de Neymar mudou para Santos. “Houve

um jogo da Seleção Brasilei-ra de Futsal, com o Falcão, no Ginásio Poliesportivo Munici-pal, e o Neymar deu o pontapé inicial da partida. Nesse dia, ele saudou o meu irmão, mas não me viu.”

Das fortes lembranças de Jonathan, as que mais o em-polgam são as da molecada jogando bola nas ruas do Jar-dim Glória. As peladas iam de depois das aulas até o anoite-cer. “Teve um dia em que o Neymar trouxe os amigos dele do Gremetal (clube de Santos onde jogava futsal) e chamou a gente para jogar contra eles na rua. Um dos moleques do time do Neymar era o Alan Patrick (ex-jogador do Santos, hoje no Shakhtar Donetsk), mas não conseguiram nos vencer. O jogo terminou 20 a 19 para nós” – diz, entre risos.

A referência em futebol no Jardim Glória é o Grê-mio Praia Grande. Localiza-do ao lado da Via Expressa Sul, o clube – basicamente um campo de futebol –, fun-dado em 1969, é conhecido nos campeonatos amado-res da Baixada Santista. O presidente do Grêmio é o pedreiro Celiano Alfredo da Silva, o Celinho, de 62 anos. Ele conta que é difícil manter categorias de base na agremiação e não mede esforços para manter o que chama de trabalho social. “Muitos garotos treinam

sem ter o que comer. Então, a gente compra pão, mortadela e suco pra eles, antes dos trei-nos e jogos.”

Neymar era vizinho do Grêmio Praia Grande e resol-veu jogar na várzea do bairro, dos nove aos onze anos. O seu técnico foi Eugênio Silva Rosa, o Biro. Mecânico e ex- -jogador de futebol, ele treina-va o time pré-mirim do Glória, no início dos anos 2000. “O Neymar era um menino tími-do, falava pouco, mas no cam-po era diferente dos outros. Não existia timidez com a bola rolando. Mesmo os garotos

mais velhos não conseguiam segurá-lo.” Celinho e Biro se recordam de que Roberto An-tônio dos Santos, o Betinho – olheiro santista, que revelou Robinho e depois levou Ney-

mar para a Vila Belmiro – es-teve “umas vezes no campo do Grêmio”, observando os jovens jogadores. “Pouco de-pois o Neymar já jogava nas categorias de base do Santos.”

Ambos lamentam ape-nas que o astro da seleção brasileira fale pouco de seu passado no Jardim Glória. “A gente fica triste porque ele não fala nada da época em que esteve no Grêmio. Talvez porque os empresá-rios achem que a gente vai querer alguma coisa” – diz Celinho. Os dois mantêm a esperança de que Neymar faça uma visita para conver-sar com os garotos do bairro ou doar material esportivo para ajudar jovens que têm vontade de um dia se tornar em iguais a ele.

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celinho, presidente do grêmio, e Biro, primeiro técnico

neymar e as lembranças da Praia grande: a família, o primeiro time e o amigo jonathan

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5Itanhaém

um orgulho do jardim glória

Em todas as ruas nomea-das por letras do Jardim Gló-ria sempre se encontra alguém que tenha alguma lembrança do pequeno menino franzino, tímido, que falava baixo e para

bola, da destreza e da facilida-de com que a manuseava com os pés. Outros moradores se sentem orgulhos por viverem no mesmo lugar onde um dia morou um dos maiores fenô-menos do futebol e da mídia.

“O pessoal do Glória se sente orgulhoso do sucesso do Neymar na Seleção Brasi-leira e no Santos. Quem sabe um dia ele não aparece aqui para dar um abraço na gente” – afirma de maneira esperan-çosa o seu ex-técnico Biro.

amigo de infância luta para virar jogador de futebol“A nossa infância era

estudar e jogar bola. Eu e o Neymar fazíamos cam-peonatos de futebol na rua. Todo mundo do Jardim Glória parava para assistir. A maioria dos moleques do bairro é habilidosa, porque jogam bola desde criança o tempo todo.”

Diferente do célebre amigo de infância e com-panheiro de peladas de rua, Yago Vieira da Cruz, de 20 anos, é um meia-esquerda que ainda luta por um lugar no futebol. Segundo a mãe, a empregada doméstica Ta-tiane Vieira, o filho “dis-putou a primeira Copa TV Tribuna (na qual Neymar se destacou pelo colégio Liceu São Paulo, de Santos, aos 12 e 13 anos), mas na época não era televisionada”. Gra-ças aos torneios da escola, o garoto teve algumas propos-tas para estudar em colégios particulares, mas recusou: “Não queria sair do meu bairro”.

A primeira experiência

Aos 13 anos, Neymar despontava nas categorias de base do Santos, chamou a atenção dos clubes da Eu-ropa e foi convidado a fazer estágio no Real Madrid. Na iminência de perder o craque, o ex-presidente do alvinegro praiano, Marcelo Teixeira, ofereceu à família Silva Santos R$ 1 milhão em luvas, para o jogador permanecer no Brasil. No ano seguinte, Neymar Jr.

dentro, mas que com a bola nos pés – seja no asfalto quente, na quadra ou no campo – fazia os outros gritarem por ele.

Nas escolas Estadual Oswaldo Luiz Sanchez Toschi e na Municipal José Júlio Mar-tins Baptista nenhum funcio-nário fala da vida escolar do famoso ex-morador do bairro. Mas, nas ruas do bairro, quase todos dizem ter a honra de co-nhecê-lo. E quem o conheceu, criança, fala de boca cheia das habilidades do craque com a

Pequeno milionário

passaria a ganhar cerca de R$ 25.000,00 mensais – va-lor superior ao que recebem muitos jogadores profissio-nais no Brasil.

de Yago no futebol de campo foi a mesma de Neymar. No campo do Grêmio Praia Gran-de, os dois eram parceiros ofensivos. “Os treinos eram no fundo do campo, atrás do gol, porque éramos muito pe-quenos. Na época, o espaço parecia gigante.” Aos 12 anos, os jovens se separaram. Yago fez um teste no Corinthians. “A gente treinava no terrão de Itaquera, mas depois de três meses eu voltei, porque não me adaptei à casa de uma tia e sentia falta da minha família e do Glória” – conta Yago.

Ao retornar à Praia Grande,

Yago seguiu no futsal e na vár-zea até ser descoberto pelo ex-ponta-direita do Santos Mano-el Maria e levado a atuar pelo Jabaquara Atlético Clube, de Santos. “Fiquei três anos, nas categorias infantil e juvenil, e disputei um ótimo Campeo-nato Paulista Sub-17.” Nessa época, o jogador e sua família assinaram um contrato com a CFS Sports. A empresa se tornou dona dos direitos es-portivos de Yago por quatro anos (dos 14 aos 18) e esta-beleceu multa rescisória de R$ 250.000,00. “Do Jabaqua-ra eu tinha chance de ir para o Santos, porque o Manoel Maria era muito influente e já havia levado o Geovânio, hoje atacante reserva do Peixe. Bastava eu ficar mais um pou-co por lá. Mas o meu empre-sário (que ele não diz o nome) vetou a minha permanência.” Yago, então, começou a pingar de clube em clube do Brasil.

Aos 16 anos, ele estava no América Mineiro. Lá, o meia--esquerda conquistou os diri-gentes e treinadores com o seu

estilo de jogo, fazendo com que eles se interessassem em adquirir os direitos federativos da CFS Sports. “Estávamos no hexagonal final do campeona-to mineiro e meu empresário precisava levar o documento à federação autorizando a mi-nha transferência, mas a CFS melou a negociação.”

Yago chamou a atenção de Mauro Fernandes, ex-coorde-nador das categorias de base do Atlético Mineiro – hoje treinador do time profissional do América Mineiro. No Galo, Yago ficou três meses, mas quebrou o tornozelo e ficou oito meses afastado dos cam-pos. Ao se recuperar, disputou torneios por times de empre-sários e, em 2011, foi para o Vasco da Gama. “Foi o lugar onde passei mais dificuldade na vida”. Nos quatro meses em que permaneceu no Rio de Janeiro, a CFS nunca o ajudou financeiramente. “Houve dias em que eu fiquei sem comer. Eu ia para o treino à base de água. Às vezes algum amigo me dava biscoito para comer”

– comenta entre lágrimas o jogador que não contou a situação à mãe, para não atormentá-la.

Sem resposta sobre a sua permanência no Vasco, Yago aguardou o fim do contrato com a CFS Sports, para reaver sua autonomia. Ele voltou a jogar na várzea de Praia Grande e chamou a atenção de novos empre-sários que o levaram a uma peneira em São Bernardo. De cerca de 100 jovens, ele se destacou e foi convidado a fazer uma pré-temporada, a fim de se recondicionar fi-sicamente, com uma equipe profissional de Maria da Fé, no interior de Minas Gerais – no dia da entrevista, Yago se preparava para viajar. Ele diz que existem propostas para realizar seu sonho em outro país: “Não é nada concreto, mas me falaram sobre propostas de Portugal, Alemanha, Suíça e Vietnã. Espero que dê tudo certo. Quero realizar meu sonho e não vou desistir.”

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6 Itanhaém

Literatura

academia itanhaense de Letras quer cidade leitoraFundada em 19 de julho de 1997, a Academia Itanhaense de Letras (AIL) quer inserir-se no dia a dia do cidadão. A atual presidente, Elizabeth Cury Watanabe, orgulha-se do seu trabalho à frente da instituição e comenta os 15 anos da AIL, o avanço da tecnologia, os novos paradigmas de leitura e a necessidade emergencial dos pais fomentarem novos leitores dentro de casa.

Como você chegou à Acade-mia Itanhaense de Letras?Comecei a escrever na es-cola, mas sem dar importân-cia. Voltei a escrever quan-do me casei e tive filhos. Muitas vezes, a criação se dava de madrugada, en-quanto eu os amamentava. Comecei então a guardar minhas crônicas e poesias e a inscrevê-las em concur-sos, e hoje participo de mui-tas antologias – ganhei o Concurso de Letras da festa do Divino Espírito Santo de Itanhaém. Em 2006, entrei na AIL como diretora social e, em 2011, fui eleita presi-dente. Quais são as principais ações da AIL?Eu tenho renovado as ações da AIL indo às escolas, por-que muitos professores e alu-nos não sabem que Itanha-ém possui uma Academia de Letras. Como a minha irmã é professora da rede pública, ela comenta com as direto-ras, que acabam nos con-vidando a dar palestras. O trabalho é didático. Eu per-gunto aos estudantes se eles

sabem o que é uma Academia. A maioria acha que tem a ver com ginástica. Então, eu conto a história da Academia, falo da importância de ler, promovo saraus e varais de poesias para alunos de quinta e sexta série, entre 10 e 12 anos. Daqui a al-guns anos vamos colher belos frutos. Este ano a AIL completou 15 anos. Houve comemoração?Fizemos uma exposição em que eu uni a AIL com o Cole-tivo de Fotógrafos de Itanha-ém. A parceria era assim: es-crevemos as poesias e demos aos fotógrafos, que tiravam re-tratos impulsionados pelo que sentiam ao ler, sem interven-ção dos acadêmicos. Existiu essa harmonia artística: a foto e a poesia, a foto e a crônica. A exposição foi no Gabinete de Leitura, em julho. E aprovei-tamos o centenário do Jorge Amado para que o acadêmico Nilton Nicola realizasse uma palestra a respeito do autor, em sessão solene na Câmara Municipal.Como você vê a relação da leitura e escrita com a Inter-net, com a tecnologia?

Acho que regredimos. A tec-nologia é para nos ajudar, para andarmos pra frente. Com a Internet, viaja-se o mundo sem sair do lugar. Em com-pensação, ao escrever um e- -mail, peca-se muito. Por que não escrever corretamente – “você”, “também”, “beijos”? É uma abreviação que não tem necessidade. A gente per-de vocabulário com isso. Os programas de edição de texto têm a ferramenta de correção automática, que acaba com o hábito de recorrer ao dicioná-

rio. Consultar o dicionário faz a gente crescer. É ótimo você ir lá e ter certeza do significa-do do que está escrevendo. Notebooks, smartphones, ta-blets afastam as pessoas dos livros? É difícil prever. Muitos jovens já não têm o hábito de ler. As próximas gerações talvez não façam mais questão dos livros. Outro dia eu vi um pai apre-sentar um fichário com cen-tenas de filmes e pediu para o filho escolher qual queria. Poxa, porque não fazer isso

com os livros e se oferecer para contar uma história? Os livros infantis são cada vez mais interativos, com músicas, páginas em 3D. É um hábito que tem de ser incentivado. A saída é casar a tecnologia com a leitura. Eu sempre falo que quem lê bastante vai ter facilidade para escrever e falar direito. A tecnologia é tão impor-tante quanto folhear e ler um livro. Existe algum incentivo do poder público para a AIL?Não há destinação de verbas da Prefeitura para a AIL. A vereadora Regina de Oli-veira (PT) e o vereador José Renato Costa (PPS) conse-guiram o Gabinete de Leitu-ra para a gente usar nas reu-niões mensais, no segundo sábado de cada mês. O meu sonho é que a Academia te-nha uma sede para receber as escolas, para que elas ve-nham para sessões de conta-ção de história. Até agora, a grande parceira é a biblio-teca, onde fazemos saraus e lançamento de livros dos acadêmicos.

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7Itanhaém

trânSito

falta de ciclovias gera acidentes nas grandes avenidasÉ possível enxergar as biciletas disputando o espaço com os automóveis nas ruas da cidade

Itanhaém tem uma planície costeira ideal para o uso das bicicletas como meio de trans-porte. Mas elas têm de disputar o espaço com os automóveis, graças à falta de ciclovias. O único quilômetro que existe fica no Cibratel, bairro nobre, próximo ao calçadão da praia, e liga nada a lugar nenhum.

A alta tarifa dos ônibus, R$2,50, para fazer um curto trajeto, e a frequência irregular e demorada com que passam nos pontos faz com que os mo-radores prefiram a bicicleta. Mas os relatos de acidentes e

tráfego, eles são atropelados e morrem na pista.”

O aposentado Roberto Ci-priano, 66, quando mais novo usava bicicleta para fazer en-tregas de peixe. Mas ele acha que Itanhaém está ficando para trás em relação às cida-des da Baixada Santista. “Até em Mongaguá constroem ci-clovias. Santos, São Vicente, Praia Grande, Peruíbe, todas têm. Aqui, o prefeito prometeu fazer, mas eu não acredito.”

A vereadora Regina Célia de Oliveira (PT) propôs uma emenda ao orçamento estadual

para a construção de ciclovias na cidade – uma do Balneá-rio Santa Cruz até a Vila Loty (atravessando a linha férrea) e outras duas nas Avenidas do Telégrafo e Beira-Mar. Mas elas não avançaram por falta de planejamento da Prefeitura e pela dificuldade de se discutir com o presidente da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa (ALESP). “Para a população é importante ter a ciclovia. Temos de criar condi-ções de segurança e melhorar essa forma de transporte sau-dável.” – diz a vereadora

mortaLidade infantiL

Baixada Santista tem os maiores índices do estadoEles subiram de 15,15 mortes, em 2010, para 16,87, no ano passado, em mil nascidos vivos

A Baixada Santista pos-sui os níveis mais altos de mortalidade infantil no Es-tado de São Paulo. A média da região, segundo dados da Fundação Seade, subiu de 15,15, em 2010 para 16,87 mortos a cada mil nascidos vivos, número bem acima da média da Grande São Paulo, que é de 12,2. Entre as cidades da Baixada que tiveram aumento nos índi-ces de mortalidade, destaca--se Peruíbe, que em 2011 teve a média de 21,2 mortes para cada mil nascidos, con-tra 8,3 em 2010. Já a cidade de Itanhaém reduziu o nível de mortalidade de 14,5 para 14,2 mortes num grupo de mil nascimentos.

mortes são frequentes. A dona de casa Maria Rosilene Brito, 40, por exemplo, já viu muitas delas. “Os ciclistas utilizam

as bordas da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega ou as suas marginais. Devido à falta de iluminação e à insegurança no

A pediatra e presidente do Comitê de Redução de Morta-lidade Infantil, Iloma Girrulat afirma que o número se deve ao trabalho que é feito na ci-dade desde 2002. “Itanhaém possuía o maior índice de mor-talidade infantil da Baixada. Conseguimos reverter o qua-dro investindo em melhorias na área da saúde e organizando o município.” Iloma acrescen-ta que os altos níveis de mor-talidade na Baixada ocorrem devido à falta de investimento. “Não basta fornecer o pré-na-tal, é preciso ter estrutura nos hospitais e criar um planeja-mento familiar municipal.”

De acordo com a pediatra, a poluição e a falta de sanea-mento também são fatores que

afetam diretamente a saúde da criança. Elas podem causar doenças infecciosas e má-for-mação, fatores que aumentam a fragilidade dos recém-nasci-dos. Dados da Secretaria Es-

tadual de Saúde mostram que 50% da mortes das crianças ocorrem na primeira semana de vida. A maioria dos óbi-tos são consequência de má- -formação congênita e causas

perinatais – problemas ad-quiridos durante a gravidez, parto e nascimento.

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que as grávidas passem por no mínimo seis consultas de pré-natal para fazer o acompanhamento e a ava-liação do bebê. A pediatra Iloma lembra que o acom-panhamento é importante, mas não deve ser o único cuidado, “Aleitamento ma-terno, cuidados pós-parto, consultas médicas perió-dicas e vacinação em dia garantem a vitalidade das crianças e o fortalecimento do sistema imunológico” – complementa.

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Page 8: Jornal Brasil Atual - Itanhaem 04

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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Horizontal – 1. Planta usada em projetos paisagísticos 2. Indício, vestígio; Nome de origem tupi, variante de Anahi (bela flor do céu) 3. Universal Boxing Organization; O fruto do urucuzeiro 4. Maneira de executar algo; Extraterrestre 5. Acertara o texto 6. União Europeia; Semelhante a monogamia 7. Fluido que respiramos; Guerra entre o Exército e o movimento de Antônio Conselheiro 8. Sem curvaturas; Escola de Artes e Ofícios; Linguagem de programação Turbo Basic 9. Criticai, reprovai; Cidade de São Paulo 10. Não, em inglês; Adiante! 11. Construção que ampara parede ou abóbada

vertical – 1. Música de Maria Bethânia 2. Produto Interno Bruto; Diz-se de quem ergue 3. Palavra que designa uma pessoa; Forma sincopada de está 4. Alcoólicos Anônimos; Conjunto de normas pedagógicas 5. Albumina vegetal; Associação Rio-grandense de Bibliotecários 6. Que possui o caráter de rotina 7. Beberrão; Magnetismo pessoal 8. Apoiado, firmado; Sigla da Bahia 9. Navio de velas redondas; Gosto muito; Designativo de tudo 10. Equipe; Indica objeto próximo do falante ou com ele relacionado 11. Ou, em inglês; Irmã da mãe; Soca

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