jornal brasil atual - limeira 20

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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 20 Março de 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual A luta da Associação de Atletismo para manter-se de pé Pág. 6 ATLETISMO SEM GRANA Matheus, ala do time de Limeira, fatura prova de arremessos Pág. 7 BASQUETE SÓ DE TRÊS Pessoal do Elisabeth Teixeira pede água, estrada, demarcação... Pág. 2 SEM TERRA QUERENDO TUDO Prefeitura atua no Odécio Degan, um dos lugares mais perigosos de Limeira BAIRRO DE CARA NOVA PERFIL A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários Pág. 4-5 RITA CADILLAC. PROFISSÃO: CHACRETE Orquestra Henrique Marques se apresenta no Odécio Degan QUE VENDAVAL! Pág. 2

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Limeira 20

Jornal Regional de Limeira

www.redebrasilatual.com.br limeira

nº 20 Março de 2013

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

A luta da Associação de Atletismo para manter-se de pé

Pág. 6

Atletismo

sem grana

Matheus, ala do time de Limeira, fatura prova de arremessos

Pág. 7

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Pessoal do Elisabeth Teixeira pede água, estrada, demarcação...

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Perfil

A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários

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2 Limeira

editoriAl

Um tornado foi flagrado em Limeira. Em forma de cone, ele passou como um bólido pela cidade, a 150 km/h, levando telhas de um sítio da zona rural. O espetáculo foi, a um só tempo, de beleza e medo. No passado dizia-se que depois da tempestade vem a bonança. Mas não tem sido bem assim, pelo menos para os moradores do assentamento Elisabeth Teixeira, para quem falta de tudo – até água –, nem para quem vive no Odécio Degan, um bairro que só agora vê chegar as melhorias da Prefeitura e que vive enclausurado em seu próprio medo.

Uma matéria saborosa traz o perfil da chacrete Rita Cadillac, mulher que já teve “vida fácil” e hoje, aos 58 anos, ainda tra-balha duro, rebolando como ninguém, para delírio dos homens, que apreciam, além de tudo, um belo bumbum. Outra coisa, que já passou mas é importante. A grande imprensa comercial bra-sileira, também conhecida como PIG – o Partido da Imprensa Golpista –, por suas posições políticas conservadoras, alardeou pelo país afora que o maior sucesso carnavalesco de 2013 seria uma máscara inspirada no juiz Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). Joaquim é uma espécie de bom-moço, de terceira via para futuros embates eleitorais para quem não se acostumou a perder eleições. Mas passaram os blocos, Momo se foi junto com confetes e serpentinas e não se viu meia dúzia de brasileiros à la Joaquim Barbosa, para desespero de quem prega-va a bem-aventurança perfeita. É isso. Boa leitura!

expediente rede Brasil atual – Limeiraeditora gráfica atitude Ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Ana Lucia Ramos, Enio Lourenço, Ivanice Santos, Lauany Rosa e William da Silva revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (19) 9708-0104 / (11) 3295-2800 tiragem: 15 mil exemplares distribuição gratuita

o que quer o assentamentoPrefeitura discute os problemas com a comunidade

sem terrACAI A MáSCARA

um tornado chega a limeiraVentania formava uma espiral no ar: beleza e medo

fenômeno nAturAl

No dia 3 de março, um domingo, um fenômeno na-tural chamou a atenção dos limeirenses. Uma nuvem em formato de cone, que se assemelhava a um tornado, formou-se no céu às 17 h, durante um vendaval. O fato assustou os moradores e destruiu parte do rancho de uma chácara do bair-ro dos Pires, na zona rural. A ventania levou as telhas

do recinto e quebrou ao meio uma viga de madeira de qua-tro metros de comprimento. Especialistas em climatologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estima-ram que a velocidade do vento pode ter atingido 150 km/h. Por ter tocado o chão, a ocor-rência foi classificada como um tornado, provocado pela combinação de ventos fortes e nuvens bastante carregadas. o

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A Secretaria Municipal do Meio Ambiente visitou o as-sentamento Elisabeth Teixei-ra, discutiu os problemas da comunidade e cadastrou todas as famílias para serem incluí-das nos programas sociais do governo. Entre as principais reivindicações dos moradores estão a demarcação da área em que moram, a degradação da Área de Preservação Perma-nente (APP), a distribuição de água potável aos moradores e a situação precária das estra-das, que estão tão ruins que nem caminhão chega.

Quanto à definição da área, aguarda-se a decisão da Jus-tiça. Enquanto o loteamento não for destinado à reforma agrária, nem a Prefeitura nem o Incra podem fazer melhorias

no local. Sobre a degradação da APP, a nascente de água está assoreada. A empresa Lages Bahia retirou a caixa d’água que instalara para cap-tar água no rio, mas cercou o local com alambrado, o que é proibido por lei. Quanto à dis-

tribuição da água, a Prefeitura informou que está em contato com a empresa para regula-rizar o problema e prometeu uma “solução breve” para as estradas e que as vias de aces-so já estão nos planos da Pre-feitura.

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3Limeira

Apesar das mudanças no odécio degan, medo persisteDesafio das autoridades é combater a violência no lugar; da comunidade viver em paz

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Desde 22 de fevereiro, o bairro Odécio Degan passa por mudanças, por meio do projeto Este Bairro é Meu. O local, considerado um dos mais perigosos da cidade e que era comandado por traficantes, passou por uma ação de revi-talização do poder público. Cerca de 240 pessoas, de 12 secretarias municipais, partici-param da ação que contou com a ajuda da Guarda Municipal, da Polícia Civil, da Polícia Mi-litar e do Conselho Tutelar. Fo-ram efetuados dois flagrantes de tráfico de drogas e apreen-didas 32 pedras de crack, três trouxinhas de maconha e um quilo de cocaína. Um suposto líder do tráfico no bairro foi preso. Além disso, houve lim-peza e pintura dos ambientes públicos de cultura, de esporte e da ação social. As calçadas, antes ocupadas por lixo e en-tulho, estão limpas e as guias pintadas, assim como os mu-ros das escolas, que ganharam reproduções de desenhos dos alunos. O centro comunitário e as praças do bairro estão refor-mados. Uma antiga moradora, que não se identificou, garante

que as coisas melhoraram, mas o medo continua. “A gente não sabe até quando a paz vai du-rar; os bandidos não estão gos-tando nada disso.”

Pelas ruas do bairro não se veem crianças brincando nem gente sentada na porta de casa. Todos vivem trancados por trás de portões e muros altos. A praça e a quadra vazias re-fletem o medo dos moradores. Nem a presença de viaturas de polícia alivia o sentimento de insegurança. Mas os sons que vêm do Centro Comunitário demonstram que há esperança. Os jovens repetem com gritos o comando do professor de tae kwon do. A sala cheia mostra

o interesse pelo esporte. Uma voluntária, que trabalha lá há cinco anos, explica que o local não atende à demanda e que há uma lista de nomes aguardando a abertura de uma nova turma. “O lugar está calmo, mas aqui é um barril de pólvora, que pode explodir a qualquer momento. Vivemos uma paz vigiada.”

Os idosos que conversam no corredor do Centro Comu-nitário fazem parte do Grupo Fé e Alegria, que ocupava esse espaço e, por causa da violên-cia, mudou seus encontros para a igreja São Marcos, no Jardim Aeroporto. Dona Albertina, sua filha Neusa e a dona Rosa fazem parte desse grupo desde

a fundação e têm esperança de voltar a utilizar o Centro Co-munitário e retomar suas ativi-dades – dançar, fazer ginástica, jogar bingo e conversar. Ao terem de se mudar para a igre-ja, algumas atividades – como jogar ou ter aulas – pararam. Agora, elas revisitam o Cen-tro Comunitário para avaliar se é seguro voltar ao local. E, ao constatarem as mudanças, fazem planos. Dona Rosa da Luz, de 69 anos, gostaria de ter aulas de música: “Fiquei tão animada que comprei uma sanfona para tocar, agora só falta aprender”. A pensionista Albertina Elvira, 67 anos, não vê a hora de o grupo voltar

para o espaço: “Chega de ficar como formiguinha com a folha na cabeça, temos de nos fixar num lugar”. Animadas com a chance de retomarem as aulas de dança, elas se juntam e dan-çam ao som de Gangnam Style, do cantor chinês Psy.

Embora o clima seja de oti-mismo, ainda há tensão. Du-rante o tempo em que o jornal Brasil Atual esteve no local, guardas municipais e policiais militares reforçavam a seguran-ça. Em voz baixa, uma voluntá-ria avisa que é melhor esperar um pouco antes de a gente ir embora. “Há ameaça de ata-que” – diz. Meia hora depois, viu-se que o alarme era falso. Porém, no dia seguinte, os jor-nais da cidade noticiaram que, naquela tarde, parte da Avenida Antônio de Luna fora fechada, “depois que agentes da guarda municipal localizaram quatro coquetéis molotov no canteiro central da Rua Antônio Conse-lheiro, no Jardim Ernesto Kühl. Durante a madrugada, outros quatro artefatos parecidos fo-ram atirados nas proximidades da base, responsável por parte da segurança do Odécio Degan.

fundação casa de limeira deve abrir em maioA obra começou em março de 2011; cada unidade deve receber até 56 adolescentes

menores

passe a funcionar em maio e a outra seja inaugurada até o fim do ano.

O Estado terá a adminis-tração plena da Fundação Casa de Limeira. O quadro de funcionários de cada unidade será de 70 profissionais. Cada

unidade receberá 56 adoles-centes. Situadas no Km 138 da Rodovia Anhanguera, as unidades atenderão os ado-lescentes de Limeira, Cam-pinas, Mogi Mirim, Rio Cla-ro, Piracicaba, Casa Branca, Americana e Amparo.a

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As duas unidades da Fun-dação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescen-te (Casa) começam a funcio-nar este ano. As obras estão em estágio final de construção e a previsão do governo do Estado é de que uma unidade

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dois mundos: polícia no odécio degan e povo lutando por centro comunitário de volta

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4 Limeira

rita cadillac, a chacrete mais conhecida do brasil

o que ela faz hoje A infância e o começo da carreira

Uma breve história de vida da dançarina que reinou na Discoteca do Chacrinha Por Lauany Rosa

Perfil

Moradora de um prédio de três andares, estilo art déco, numa avenida arborizada do bairro paulistano de Santa Cecília, vizinho ao Centro da cidade, a carioca Rita de Cás-sia Coutinho – a Rita Cadillac, como é conhecida –, de 58 anos, convive numa boa com o caráter distinto do lugar, pois o sossego do dia dá lugar à agitação noturna de seus res-taurantes e barzinhos, sempre repletos. Paradoxo, aliás, que se estende pela história de vida da mais famosa chacre-te dentre as mais de 500 mu-lheres que trabalharam como assistentes de palco de Cha-crinha, o apresentador mais debochado do Brasil.

O apartamento dela exala ares do passado. Está no se-gundo andar de um edifício cinza e sem elevadores, onde se chega por uma escada ama-relada, de mármore puído, que enobreceria todo saguão de entrada, não tivesse ele se transformado numa papelaria, comércio solitário aos pés da fachada.

Na ampla sala há um sofá confortável e uma grande te-

levisão, que fica o tempo todo ligada. Mas é a simplicidade da decoração que conta a sua trajetória. Por exemplo: ela está repleta de artigos religio-sos, que misturam crenças. Há santos e pedras para energizar o ambiente. Buda e Iemanjá decoram esse cômodo de Rita, que não tem religião, acredita em “um pouquinho de tudo” e monta a sua crença.

No bairro em que mora, Rita é uma mulher comum:

caminha para manter a forma, faz compras, conversa com os vizinhos e passeia com a ca-chorrinha Angel, uma simpáti-ca poodle preta, de lacinhos nas orelhas. Em casa, usa moletom, não se maquia nem se preocupa com a aparência. “Não sou vai-dosa, levo uma vida simples”. Porém, na hora em que ela tem de virar Cadillac, produz-se em dois minutos.

Famosa mulher sensual, de belas curvas, essa mulher

avessa à academia diz que, para manter o corpão, ela ape-nas caminha e dança nos sho-ws. Sua única cirurgia foi uma prótese nos seios, em 2008. O silicone espantou a chegada de uma flacidez indesejável. Mas quando uma ruguinha a incomodar, “vou lá e modifi-co, mas não quero ficar igual a essa gente sem expressão ou com boca de pato”. E o que ela faz para manter o bumbum? “Nada” – garante. “Fiz um

seguro, que não chegou a um ano.” Um mês depois de parar de pagar, um fã apagou um ci-garro em sua nádega!

Ao contrário do que muita gente imagina, Rita Cadillac nunca pensou em sexo o tem-po todo. Ao contrário. Ela viveu dez anos em absoluta abstinência e, agora, está indo para mais três. “Quando sinto tesão, tomo um banho” – afir-ma essa “romântica à moda antiga”, que acredita no amor verdadeiro e espera a chegada do tão sonhado cara.

O segredo para a mulher se manter bonita e sensual é, antes de tudo, “aceitar-se com é. Não importa se ela é alta, baixa, gorda, magra; ser sensual é parte de sua natu-reza, basta deixar fluir”. Rita lamenta apenas que, desde a queima do sutiã, a mulher evoluiu muito, mas perdeu o sex appeal – a sensualida-de que produz desejo sexual – e, por medo de aparentar fraqueza, abdicou de sua ca-racterística natural feminina, como a de “pertencer a um sexo frágil, ainda assim mais forte que o homem”.

Com 36 anos de carreira, Rita Cadillac é feliz. “Alcan-cei o que queria, tenho um nome a zelar, uma carreira sólida e não me arrependo de nada do que fiz.” A artista faz em média 10 shows por mês. Antenada, usa e abusa das re-des sociais: posta notas em seu

Facebook e adora twittar novi-dades para os fãs. Avó coruja, ela acompanha a vida das ne-tas de 15 e de 2 anos e diz que “em vez de cuidar delas, adoro estragá-las, fazendo suas von-tades”. Para Rita Cadillac as coisas mais importantes são a família e o trabalho.

Rita nasceu no Rio de Ja-neiro, em 1954. Seu pai mor-reu logo que ela nasceu. A mãe abandonou-a e ela foi criada pela avó paterna, dona Regina d’Eça. Rita estudou em colégio interno e só ia para casa nas férias. Aos 16 anos, casou-se com um homem dez anos mais velho. Teve um fi-

lho, Carlos. A união durou um ano. Separada, prostituiu-se.

Um dia assistiu ao grupo de dança de Haroldo Costa. Lá, soube que precisavam de uma bailarina e, como estuda-ra balé clássico, ficou com a vaga. Entregou o filho ao ex--marido e se apresentou com o grupo fora do país por três

anos. Entre as idas e vindas ao Brasil, foi a um show de Paulo Silvino e conheceu Leleco, filho do Cha-crinha. Na noite se-guinte, era chacrete e logo apareciam maté-rias com fotos dela e, claro, de seu bumbum.

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bela e formosa A rainha dos presidiários

o amor pela Praia Grande

Rita Cadillac ganhou seu apelido do humorista Paulo Silvino que a achava pare-cida com a artista francesa Nicole Yasterbelsky, que na década de 1940 fazia shows sensuais com esse codino-me. No Brasil, Rita virou Cadillac depois da aparição no programa do Chacrinha.

Houve mais de 500 cha-cretes. Porém, entre tantos rostos e corpos um dos que mais chamavam a atenção era o de Rita, conhecida pelo tamanho de seu bum-bum e pela sensualidade com que dançava. A fama e a popularidade a levaram a gravar Merenguendê, o pri-meiro vinil da carreira, com o qual se apresentava no programa e em shows pelo Brasil. “Era uma loucura; eu estava vestida de chacre-te, corria, trocava de roupa, cantava, depois me vestia novamente de chacrete”.

Depois de gravar o vinil,

Rita Cadillac fazia shows sozinha, o que levou a um “conflito de agendas” e a dançarina deixou o progra-ma para seguir na carreira de cantora. Rita diz que Chacri-nha sabia tudo de televisão e a ensinou a subir no palco e falar com o público. A dan-çarina lembra que o apresen-tador zelava pelas chacretes e fazia questão de que elas não saíssem sozinhas. “Era como um pai de virgem.”

Em suas andanças pelo Brasil, Rita fez um show para 30 mil homens no ga-rimpo de Serra Pelada e, diante de uma chuva de pe-dras, pensou que não esti-vesse agradando. Ia parar de rebolar o traseiro e dar uma bronca no povo quando per-cebeu que recebia uma chu-va de ouro. “Não fiquei com todas as pepitas, só com as que eram de minas clandes-tinas. Rendeu um dinheiri-nho” – recorda.

Em 1984, os artistas da gra-vadora RGE faziam shows pelas cadeias do país. Rita Cadillac então se apresentou na Peniten-ciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro, o mais antigo presídio do país, que acabou implodido em 2010. Rita não gostou da ex-periência. “Achei deprimente; o local era sombrio.” Um ano de-pois, com essa lembrança ruim, ela foi escalada para ir ao Ca-randiru, em São Paulo, presídio que abrigou mais de 8.000 pre-sos, e era o maior de São Paulo. E se sentiu muito bem e curtiu fazer o show.

Um dia depois, a Comissão de Internos pediu aos dirigen-tes do Carandiru que convi-dassem Rita para um almoço, ocasião em que lhe pergun-taram se ela não queria ser madrinha dos detentos. Rita

não entendeu bem o convite e perguntou o que fazia uma madrinha dos presos. “Ah, participa de formaturas de es-colas, de capoeira, de eventos religiosos, de datas comemo-rativas; aceitei no ato.” A par-tir daí, ela lembra com carinho da convivência com os presos. “Eu tinha a maior honra, pois os respeitava e sempre acredi-tei que todos devem ter uma segunda chance.”

Após o massacre do Ca-

randiru, em outubro de 1992, quando a pretexto de sufocar uma rebelião a Polícia Militar invadiu a cadeia e deixou 111 presos mortos, Rita frequen-tou o local até seu fechamen-to, em 2002. Aliás, ao lembrar do “massacre do Carandiru”, Rita Cadillac se arrepia. Ela ouviu relatos dos detentos que sobreviveram à chacina e considera o que ocorreu como “uma tremenda covardia, um massacre cruel”.

Na época em que fazia shows no Carandiru, Rita fi-cou muito amiga de um dire-tor de patrimônio do presídio, que ela lembra chamar-se Francisco, o Chiquinho. Ele tinha um apartamento na Praia Grande, que Rita e o filho frequentavam. Tempos depois, ela comprou um apar-tamento para passar a tem-porada; depois, comprou um maior e foi morar nele. “Fi-quei apaixonada pela Praia Grande” – diz ela, que consi-dera as pessoas a melhor coi-sa da cidade: “São receptivas e maravilhosas”. Rita sente falta da casa praiana. Por isso, quando está de férias ou em período de descanso, adi-vinhe pra onde ela vai?

Em 2008, ela até se can-

didatou a vereadora em Praia Grande, pelo PSB, o Partido Socialista Brasileiro, e con-seguiu 378 votos. “O pre-conceito do eleitor continua” – desabafa. Em 2012, ela vol-tou a ser sondada por grandes

partidos em São Paulo, São Vicente e Praia Grande, que ofereceram uma nova chan-ce na política, mas ela recu-sou: “Já pensou você estar lá e não poder falar o que pensa ou o que considera errado!”.

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AlA mantém (como pode) projeto esportivo e social

Passo a Passo

Quase sem dinheiro para se manter, entidade reclama da falta de incentivo da cidade Por Enio Lourenço

Atletismo

A Associação Limeirense de Atletismo (ALA) abriga mais de 50 atletas nas cate-gorias menor, adulto e vetera-no. O professor de educação física Jorge Chagas, de 45 anos, e o atleta veterano José Carlos da Silva, o Fumaça, de 70, são responsáveis pe-las atividades da entidade. Ambos lamentam o orçamen-to anual de R$ 60 mil que a Prefeitura disponibiliza para a Associação: “Precisamos de apoio!”. No início da década de 1990, Limeira era a quinta cidade do Brasil no esporte.

“Só perdíamos para equipes de atletas de várias cidades, que se juntavam e defendiam uma cidade em comum” – diz Jorge. Agora, os R$ 5 mil mensais são insuficientes para bancar a manutenção da pista, as viagens para compe-tições, a alimentação (após os treinos, é oferecida uma va-riedade de frutas aos atletas e lanches nas viagens) e a ajuda de custo de R$ 200 aos atletas que se destacam.

“Às vezes, a Prefeitura atrasa a verba do convênio por meses ou corta o orçamento

Jorge e Fumaça levam o atletismo às escolas públi-cas e aos bairros da perife-ria de Limeira. Por meio do projeto Passo a Passo, há seletivas com estudantes de 13 a 17 anos. “Fazemos tes-tes simples, como corrida de 100 metros, salto em distân-cia, arremesso de bolas de areia – as medicine balls. A ALA também promove nos bairros o Campeonato Mu-nicipal de Pedestrianismo, que está na 20ª edição –, do qual participam de crianças menores de 12 anos a ve-teranos nascidos antes de 1950. Os atletas são divi-didos em categorias e pon-tuam como na Fórmula 1.

O veterano Fumaça – ex- -fundista que se descobriu no atletismo no Tiro de Guerra, mas tinha vergo-nha de vencer as corridas por chamar a atenção dos

Todos os atletas da ALA, de 15 a 17 anos, marcaram pontos para Limeira nos Jo-gos Regionais de Atibaia. E, na segunda divisão dos Jogos Abertos do Interior de 2012, realizada em Bauru, a ALA subiu ao pódio com Samuel do Nascimento, me-dalha de bronze nos 5.000 m e 10.000 m, e Andreia de Oliveira, bronze nos 800 m.

Andreia, que em abril faz 29 anos de idade e 11 anos de esporte, treina seis dias por semana, tem o patrocí-nio das Faculdades Integra-das Einstein, onde é bolsista no curso de Educação Física e ganha R$ 500 para tra-balhar com deficientes vi- suais da ALA. Os troféus nas corridas de rua vieram no primeiro ano. Em 2004, nos Jogos Regionais de Limeira, Andreia acreditava lutar pela medalha de ouro nos 400 m.

comandantes do batalhão – resume: “Não quero só um atleta, quero um cidadão. Muitos podem até parar com o atletismo, mas não podem ir para as coisas erradas da vida”. E define a importân-cia do esporte: “Não existe obstáculo para quem treina atletismo. Ele é um esporte tão difícil, que as outras coi-sas da vida acabam fáceis. O atletismo desenvolve a superação: quem o pratica tem mais facilidade de ven-cer as adversidades”.

do esporte. E, quando ela tem de tirar algo da pasta, tira do atletismo. Nossa presidenta, Neusa Cabral Denadai, tenta fazer com que o empresariado patrocine a entidade – ou mes-mo os muros da pista, como no passado –, mas está sen-do muito difícil. As empresas abateriam o investimento no Imposto de Renda. Mas elas não nos enxergam como um projeto social: o patrocinador quer o retorno financeiro para a sua marca e não apenas a di-vulgação dela na camisa” – re-vela Jorge.

colecionadora de medalhas

“A prova seria num sábado à tarde. Eu trabalhava pela ma-nhã, quando soube que a pro-va seria dali a uma hora. Fui para a pista e nem tive tempo de me alongar, de me aque-cer, só deu para eu colocar a sapatilha. Na prova, eu lide-rava, mas eu caí. Saí da pista chorando muito, achando que nunca conseguiria medalha al-guma nos Jogos.”

Enganara-se. No dia se-guinte, o marido lhe disse que

ela ganharia medalha nas provas dos 800 m, 1.500 m e revezamento 4x400 m. Dito e feito: a atleta ganhou três medalhas de prata. An-dreia só não subiu ao pódio em 2007 – ela estava sete quilos mais gorda, devido ao nascimento da filha Sa-rah. Um ano antes, grávida de quatro meses, ela ganhou duas medalhas de bronze.

Andreia diz que 2013 será o último ano correndo em alto nível, pois pretende ter um novo filho. Ela não vai parar de correr, mas só irá dedicar-se às corridas de rua. “O atletismo é a minha vida. Quero chegar aos 70 anos como o Fumaça, par-ticipando de competições, conquistando medalhas e troféus. Eu só paro de correr se, Deus me livre, acontecer alguma coisa. Senão, quero morrer correndo.”

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matheus vence prova de arremessos de três pontos

os planos do atleta

Ala do time Winner-Kabum Limeira vence final por 17 a 13 após duas rodadas de empates

bAsquete

Matheus Dalla, o ala da equipe Winner-Kabum Limei-ra, foi o campeão do torneio de arremessos de três pontos, no Jogo das Estrelas do Novo Basquete Brasil (NBB). A competição foi dia 1º de mar-ço, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Matheus enfrentou cinco adversários – cada atleta arremessava 25 bolas de cin-co posições diferentes, em um minuto. Os dois jogadores com mais acertos foram para a final, quando Matheus enfrentou o xará Matheusinho, do basque-te Cearense. Houve então dois empates (de 19 pontos e 17 pontos) e a vitória de Matheus, por 17x13, veio no terceiro desempate. Além do troféu, ele recebeu R$ 5 mil da Liga Nacional de Basquete. “Fiquei feliz por ganhar a competição

Matheus, 21 anos, gaúcho de Lageado, é uma promessa do basquete brasileiro. Seu interesse pelo esporte come-çou cedo. Criança, gostava de futebol. Aos 12 anos, por influência de amigos, foi para o basquete. O amor à primei-ra cesta fez com que ele in-tegrasse o time de basquete da escola, que tinha parceria com o Clube Atlético Ubira-jara. Ao terminar o colégio, Matheus foi convidado para jogar na equipe juvenil da Winner – ele é atleta do clube desde os 17 anos.

O basquete rendeu a Matheus bolsa de estudos integral no ensino médio e em parte do fundamental.

e com o reconhecimento dos torcedores de Limeira” – disse.

Matheus foi selecionado para o torneio de arremessos durante o intervalo do jogo contra o Mogi das Cruzes. Ele conta que, após a classi-ficação, pensava como seria o dia da competição em Bra-

sília. “Só caiu a ficha que eu estava lá, na hora da apresen-tação dos outros jogadores.” Ele ficou nervoso, mas depois de arremessar a primeira bola, focou seu pensamento apenas nos arremessos. “Dei o me-lhor para trazer esse título para mim e para Limeira.”

Atualmente, o atleta cursa Educação Física na Facul-dade Einstein de Limeira, também com bolsa obtida por meio do esporte. Ma-theus define o basquete as-sim: “Quem sou e tudo o que tenho é por causa dele. Se não fosse o basquete, eu não teria a educação que te-nho hoje”.

Os bons ventos na carrei-ra trazem ao jogador muitos planos. Este ano, ele vai se empenhar para que a Win-ner caminhe rumo à vitória do Campeonato Brasileiro. Além disso, Matheus sonha com a seleção de novos e, quem sabe, integrar a equi-pe da Olimpíada em 2016.

times de limeira na série A 3O Independente está na frente da Internacional

futebol

O Campeonato Paulista da Série A 3 prossegue em ritmo intenso para os dois clubes de Limeira, a Internacional, o Leão, e o Independente, o Galo. A Inter, que este ano comemora o centenário, en-frentou problemas para mon-tar a equipe. O presidente Taymom Bueno não conta com alguns dos patrocinado-res, que não renovaram seus contratos. Após a 12ª rodada do campeonato, o time está na 12ª posição na tabela.

Já pelos lados da Vila

Esteves, o Independente, do técnico Álvaro Gaia, tem uma das campanhas mais regulares da Série A 3 e ocupa a 7ª posi-ção. Os dois times de Limeira

se enfrentaram no dia 3 de março, no famoso clássico Ga-Leão, e empataram em 2x2. Apesar da rivalidade, não houve violência.

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A cP do sAAeVereadores investigam fraudes

PolÍticA

A Comissão Processante (CP) que investiga indícios de fraudes em licitações do Servi-ço Autônomo de Água e Esgo-to (Saae) recebeu informações sobre a situação cadastral das empresas contratadas pela au-tarquia, cópias de 48 contratos, requisições de abastecimento de combustíveis e dados sobre as despesas com materiais impres-

sos no período entre setembro de 2007 e dezembro de 2012.

Os vereadores da CP so-licitaram ainda as cópias de impressões de propagandas e comprovantes de entregas de materiais de contratos inves-tigados e a relação dos deve-dores do Saae de 2008 a 2011. A Comissão reúne-se às quar-tas-feiras.

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8 Limeira

foto sÍntese – um ninho

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vAle o que vier

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horizontal – 1. O nome deste jornal 2. Provido de mobília 3. Empregai a força física ou intelectual para realizar algo 4. Orelha, em inglês; Exprime negação ou recusa; Raiva 5. Rádio Bandeirantes; Associação dos Alcoólicos Anônimos 6. Agilidade; A cor carmim 7. Abacaxi; General Electric 8. Botequim; Munir de arma 9. Anno Domini; Grito dos torcedores, em touradas e estádios de futebol; Sétima nota musical 10. Nome de certa planta ornamental.vertical – 1. Plantas de raízes vermelhas, usada na alimentação 2. Fatia frita de pão molhada em leite, vinho ou calda de açúcar, passada em ovos 3. Gostar muito; O número divisível por dois 4. Por baixo de; Nome original da bebida destilada à base de cereais e zimbro; Pessoa que admira (às vezes com exagero) uma figura pública 5. International Bank Account Number; Doar 6. As gradações da cor violeta; Usado no período menstrual 7. Erva usada como tempero; Divisão de uma escola de samba 8. A irmã da mãe; Povo, partido, sociedade 9. Indica surpresa ou impaciência; Atuam 10. Arte Digital (abrev.); Formato compactado de arquivos da Internet; Pessoa muito hábil 11. Parte filamentosa despida de folhas de certos liquens; Desunir, separar.

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Palavras cruzadas

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