jornal brasil atual - garça 03

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Jornal Regional do Centro-Oeste Paulista www.redebrasilatual.com.br nº 3 Fevereiro de 2011 DISTRIBUIçãO GRATUITA BAURU-2012 Cidade terá de construir ginásio, pistas e piscinas Pág. 7 JOGOS ABERTOS FEIOS E SUJOS A praga infesta Garça e obriga moradores a coleta de moluscos Pág. 3 CARAMUJÕES FEBRE AMARELA SINAL VERMELHO Região centro-oeste é considerada área crítica da doença Pág. 2 HERANçA MACABRA Onde estão os restos mortais dos brasileiros assassinados na ditadura militar? Pág. 4-5 PROCURAM-SE OS CORPOS Borá, menor município do Brasil, tem quase toda a população conectada à internet NA REDE PEQUENA NOTáVEL FOTO: DOUGLAS MANSUR FOTO: MAURO RAMOS FOTO: CLEBER GOMES FOTO: MAURO RAMOS FOTO: MAURO RAMOS

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bauru-2012 caramujões feios e sujos Borá, menor município do Brasil, tem quase toda a população conectada à internet Pág. 4-5 nº 3 Fevereiro de 2011 Pág. 7 Pág. 3 Pág. 2 Jornal Regional do Centro-Oeste Paulista www.redebrasilatual.com.br Distribu ição A praga infesta Garça e obriga moradores a coleta de moluscos foto: cleber gomesfoto:mauroramosfoto:mauroramos Cidade terá de construir ginásio, pistas e piscinas Região centro-oeste é considerada área crítica da doença

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Garça 03

Jornal Regional do Centro-Oeste Paulista

www.redebrasilatual.com.br

nº 3 Fevereiro de 2011

DistribuiçãoGratuita

bauru-2012

Cidade terá de construir ginásio, pistas e piscinas

Pág. 7

joGos abertos

feios e sujos

A praga infesta Garça e obriga moradores a coleta de moluscos

Pág. 3

caramujões

febre amarela

sinal vermelho

Região centro-oeste é considerada área crítica da doença

Pág. 2

herança macabra

Onde estão os restos mortais dos brasileiros assassinados na ditadura militar?

Pág. 4-5

Procuram-se os corPos

Borá, menor município do Brasil, tem quase toda a população conectada à internet

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expediente rede brasil atual – centro-oeste Paulistaeditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Marina Amaral e Leonardo Brito (estagiário) revisão Malu Simões diagramação Leandro Simantelefone (11) 3241-0008 tiragem: 30 mil exemplares distribuição gratuita

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vale o que vier

eDitorial

Uma página infeliz do Brasil, a busca pelos corpos dos desaparecidos políticos vítimas do regime militar, continua a rondar a história recente do país. São insepultos a reclamar por uma lápide com seus nomes, que estão à espera de uma vela, de uma oração, de um lugar para receber flores. São histórias de quase duas centenas de brasileiros, muitos des-conhecidos, que fizeram de suas vidas um permanente abaixo a ditadura, e morreram por isso. Esse acerto de contas, que o país deve ao seu povo, está por vir.

Outra praga neste início de ano – além do cenário de destrui-ção deixado pelas manjadas chuvas –, que atormenta cada vez mais os moradores da região centro-oeste paulista é o tal cara-mujo africano, que infesta Garça. Nascido para ser escargot, esse molusco feio, sujo e nojento não fez sucesso na cozinha nacional e, agora, atormenta a vida dos habitantes da cidade, que adicio-naram à sua rotina diária a coleta do molusco. Lamentável.

Felizmente, a nossa vizinha Borá mostra-se pequena e eficiente. Chamados a participar de uma campanha para o lançamento de um dropes, os 805 residentes na cidadezinha, o menor município brasileiro, se cadastraram no Facebook, entraram numa Fan Page e deram ao município a maior pre-sença nessa rede social do mundo. Verdadeiramente notável.

etanol

está caro pra chuchuPreço em Marília e Garça é o mais alto da região

Pesquisa em 117 municí-pios do Estado, feita em janeiro pela Agência Nacional de Pe-tróleo (ANP), revelou que Ma-rília e Garça lideram o ranking das cidades que vendem o eta-nol mais caro da região – nelas, o preço do litro, de R$ 1,795, é

o 17º mais caro do Estado. Se-gundo a pesquisa, o etanol mais caro é vendido em Ubatuba e Cubatão (R$ 1,902), Caragua-tatuba (R$ 1,861) e Santos (R$ 1,857). Já Olímpia é a cidade que vende o litro de etanol mais barato – R$ 1,58.

febre amarela

região de marília é área críticaQuem viaja pra cá, tem de tomar vacina contra a doença

A imunização é indicada a partir dos nove meses de idade. Quem se vacinou há menos de 10 anos não precisa repetir a dose. A orientação é válida para quem mora ou viaja às áreas ribeirinhas e de mata na região centro-oeste do Estado.

A febre amarela é uma doença infecciosa viral aguda, transmitida

por mosquitos e que pode levar à morte – ela mata 50% de suas ví-timas. Os sintomas mais comuns são febre alta, calafrios, vômitos, dores no corpo, pele e olhos ama-relados, fezes cor de “borra de café”, sangramentos e diminuição da urina. Nas cidades, o vetor da febre amarela é o Aedes aegypti, o transmissor da dengue.

voar, voar, subir, subir

tudo azulNova empresa aérea cria expectativa

Os empresários da região es-tão entusiasmados com a possi-bilidade de ter mais uma rápida opção para viajar à capital pau-lista. Em fevereiro, o presidente da Azul Linhas Aéreas, Pedro Janot, anunciou a intenção da empresa de atuar em Marília, oferecendo voos regulares para

o Aeroporto Internacional de Vi-racopos, em Campinas – a em-presa vai operar com aeronaves turboélices ATR 72-600, com custos operacionais menores do que jatos de 70 lugares –, e ôni-bus da própria empresa até a ca-pital paulista – serão oito linhas, com 120 partidas, transportando

mais de dois mil passageiros por dia. “A viagem de Viracopos a São Paulo é mais rápida, prática e melhor do que a de Guarulhos” – disse ele, ao explicar que os ônibus da empresa serão gratui-tos para os passageiros. “Se tudo ocorrer como o planejado, é pos-sível iniciar os voos já em maio.”

todos têm de se vacinar

encher o tanque: proibitivo

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PeriGo anunciaDo

feios, sujos e nojentos

o castigo das chuvasNo início do ano, elas deixaram cenário de destruição

Moradores da região têm mais uma tarefa em sua rotina diária: a coleta dos moluscos

O prefeito de Garça, Cornélio Cezar Kemp Mar-condes, declarou situação de emergência no municí-pio. Depois, ele viajou a Brasília, onde se encontrou com o ministro da Integra-ção Nacional, Fernando Bezerra de Souza Coelho, e com o vice-presidente da república, Michel Temer, com o objetivo de recuperar os danos causados à cidade.

Em Marília, cinco mil pessoas – 1.500 famílias – ficaram com o pé atrás. Elas erosão, um problema das chuvas

o caramujão que ataca a região: transmissor de doenças

a praga do caramujo que era pra ser escargot

eles vieram de longe

A chuva favorece a pro-criação do molusco que virou uma praga. Como não têm predadores naturais, eles in-festam as cidades. O comer-ciante garcense Elias Torcineli sente na pele o tormento. Todo dia, de manhã, ele recolhe de-zenas de caramujos em Vila

Originário do nordeste da África, o caramujo gigan-te africano foi introduzido no Brasil em 1988, trazido como escargot. Não deu cer-to: o bicho é nojento e seu cheiro não é nada agradável. Na época, criadores para-naenses de escargot (Helix aspersa) acreditavam ter encontrado uma alternativa viável para seus negócios. O caramujo gigante africano possibilitava a obtenção de mais carne, e o novo molus-co se reproduzia mais. Mas os consumidores não apre-ciaram o sabor, a textura e o aspecto da carne. A alternati-va virou uma dor de cabeça.

Manolo, do muro de seu terre-no. Seus vizinhos também en-caram essa batalha, que parece não ter fim.

Os bichos reaparecem por toda a parte. Com o tempo quente, o caramujo se aloja na terra e só vem à superfí-cie quando chove. Aí, cada

exemplar deposita 200 ovos na superfície, proliferando ge-ometricamente. A Vigilância Sanitária recomenda que, ao encontrar os caramujos, o mo-rador deve recolhê-los com as mãos (sempre com luvas ou saco plástico), colocá-los em latas e queimá-los. Depois, é preciso quebrar suas conchas e enterrar. Também é recomenda-do mergulhá-los numa solução de água e sal. A combinação os desidrata e os leva à morte.

O molusco possui vermes que são transmitidos ao homem através do muco e das fezes. Um deles causa doença abdo-minal grave, que pode provocar a perfuração intestinal, hemor-ragia abdominal e resultar em morte, e o outro causa distúr-bios no sistema nervoso e fortes e constantes dores de cabeça.

Para livrar-se dos moluscos, os criadores – inclusive os garcenses que aderiram ao modismo – os soltaram em rios, matas e terrenos baldios. Sem inimigos naturais, o ca-ramujo proliferou, depositan-do seus ovos em solos úmidos e protegidos (terrenos baldios com mato alto, por exemplo). Adaptável às adversidades do ambiente, ele cresceu em território tupiniquim e se alastrou em quase todos os Estados. Mas o problema não é uma exclusividade na-cional, informa o Ibama: “Os moluscos também provocam danos nos Estados Unidos e na Austrália.”

vivem em favelas, vizinhas de nascentes de água e córregos, em locais com risco de desli-zamento de terra. Segundo a Defesa Civil, estão mais sus-ceptíveis aos estragos das chu-vas os moradores dos bairros da Zona Norte; da região de Santa Antonieta e Argolo Fer-rão, na Zona Oeste; e Santa Paula e Marajó, na Zona Sul.

Três casas foram danifica-das pelos temporais, mas se a chuva for intensa por 40 minu-tos será o suficiente para pro-vocar desastres piores. “Nesse

caso – diz o coordenador da Defesa Civil, Alvim Gagliato –, o indicado é que os mora-dores das áreas de risco sigam para casas de vizinhos ou pa-rentes.” Estimativa da Se-cretaria de Desenvolvimento Urbano aponta que serão ne-cessários R$ 22 milhões para reconstruir os equipamentos públicos destruídos pelas chu-vas, que deixaram as estradas rurais intransitáveis, castiga-ram a periferia e colocaram em risco o abastecimento de água e a coleta de lixo.

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herança macabra

os fantasmas que assustam a democracia brasileira

o espectro do comandante jonas ronda vila formosa

A ditadura militar matou 475 brasileiros, dos quais 184 continuam desaparecidos. A busca desses corpos revela algo indiscutível: não se esquecem os crimes do passado Por João Peres

Uma semana longa e ar-rastada, vivida em dezembro no Cemitério de Vila Formo-sa, Zona Leste de São Paulo, chegou ao fim com um des-confortável adiamento: só em fevereiro serão retomadas as buscas pelo corpo de Virgílio Gomes da Silva, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assassinado em 1969 por agentes da ditadura militar. A operação conjunta, que en-volveu a Comissão sobre Mor-tos e Desaparecidos Políticos, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Médico Legal de São

Paulo, levou à localização de um ossário que não figurava nos registros do cemitério e à exumação de uma ossada que pode ser de Sérgio Correia, também militante da ALN, morto em 1969.

O problema é que a locali-zação da ossada de Virgílio não foi levada a cabo pelos agentes da PF, e isso levantou dúvidas sobre o empenho da institui-ção. A família do comandante Jonas – como era conhecido o responsável pelo sequestro, em 1969, do embaixador dos Esta-dos Unidos, Charles Elbrick – foi a grande “provocadora” da

O caso do comandante Jonas é revelador dos movi-mentos em torno da ditadu-ra. Há setores da sociedade que querem punição para os crimes cometidos pelos agentes da repressão. Outros acham que mexer no passa-do, em vez de fechar feridas, trará novos problemas.

Em dezembro, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Esta-do brasileiro, obrigando-o a indenizar as vítimas da repressão da Guerrilha do Araguaia (1972-1975) e de-terminando que se levem adiante esforços para com-bater a tortura. Com isso, abriu-se a possibilidade de revisar a decisão do Supre-mo Tribunal Federal (STF),

que, no primeiro semestre de 2010, defendeu a tese de que a Lei da Anistia, de 1979, é fruto de um amplo acordo da sociedade e, por isso, não há possibilidade de condenação dos torturadores. “Até hoje não tivemos decisão judicial que tenha incriminado pessoas que mataram e torturaram em nome do Estado; as famílias seguem angustiadas e sem di-reito ao luto” – lamenta a di-

retora do Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), Beatriz Affonso.

O Judiciário também é en-trave na reparação de erros da ditadura. No ano passado, o presidente do Tribunal Re-gional Federal da 3ª Região, Roberto Haddad, cassou li-minar que definia o prazo de até 180 dias para a identifica-ção das ossadas encontradas no cemitério Dom Bosco, em

cemitério de vila formosa é o novo ponto de busca de desaparecidos do regime militar: on de estão os corpos?

Perus, Zona Oeste paulistana. O desembargador aceitou o ar-gumento da Advocacia Geral da União de que o orçamento anual, de R$ 3 milhões, para a formação de uma equipe, resultaria em “ônus ao Estado brasileiro” num caso em que não há “interesse público”. No mérito da ação, ainda sem data para ser julgada, o Ministério Público Federal pede a res-ponsabilização de diversas au-toridades, entre elas o ex-pre-feito Paulo Maluf, acusado de construir o cemitério de Perus para enterrar clandestinamen-te os mortos do regime militar.

A mobilização social é a chave para garantir que haja buscas em outros lugares. A expectativa da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos é es-

tabelecer um calendário para missões em cemitérios do Rio de Janeiro e novas expe-dições à complexa região do Araguaia: a área amazônica é imensa e a identificação dos locais de sepultamento de-pende da ajuda dos militares, que não têm grande interesse em colaborar.

Isso levou o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, a apelar para que se indi-que, sob anonimato ou não, a localização dos cemitérios clandestinos ou de valas exis-tentes nos cemitérios legais. “Infelizmente, há ainda uma mentalidade raivosa, de ódio; torturadores e seus coman-dantes não se converteram à vida democrática.”

cenas da vida de virgílio Gomes da silva antes de virar jonas

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os fantasmas que assustam a democracia brasileiraA ditadura militar matou 475 brasileiros, dos quais 184 continuam desaparecidos. A busca desses corpos revela algo indiscutível: não se esquecem os crimes do passado Por João Peres

ação apresentada ao MPF pelo Sindicato dos Químicos de São Paulo e pelo Grupo Tortu-ra Nunca Mais. “É graças aos familiares que isso está sendo feito; as autoridades do passa-do optaram por uma política de esquecimento” – diz Eugê-nia Gonzaga, procuradora da República em São Paulo.

Perto do fechamento da semana de buscas, havia a certeza de que a abertura da possível vala de Virgílio seria feita, mas a sexta-feira che-gou e, com ela, a frustração. A equipe de serviço forense da PF informou que havia dú-

o velho cemitérioNo caso de Vila Formo-

sa, há grande dificuldade em reconstituir a antiga disposi-ção do cemitério. Os milita-res descaracterizaram a área de 763 mil m² do maior ce-mitério da América Latina. Quadras foram renumera-das ou encurtadas e árvores plantadas sobre sepulturas.

Funcionários antigos re-latam detalhes do processo de alteração. “Havia só duas árvores aqui. Em poucos anos foram plantadas mais

De retirante a guerrilheiroNascido no

Rio Grande do Norte, em 1933, Virgílio Gomes da Silva encon-trou a militância política ao fu-gir da miséria do

Nordeste. Morador da Zona Leste de São Paulo, entrou no Sindicato dos Químicos e se integrou à ALN.

Em 1969, Virgílio foi preso e levado para o DOI-Codi, entrando para a histó-ria da ditadura como o pri-meiro morto sob tortura no aparelho repressivo.

Um dia após a prisão de Virgílio, sua esposa, Ilda, também foi detida. A fi-lha mais nova, Isabel, de 4 meses, foi afastada da mãe,

sofreu desidratação e acabou internada por quase 30 dias. “Há pouco tempo, soube que perguntavam pras famílias se queriam adotá-los porque os pais eram bandidos.”

Após exílio em Cuba, Ilda voltou para o Brasil no início da década de 1990, ainda em dúvida quanto à sobrevivên-cia de Virgílio – só em 2004

descobriu-se a existência da ficha 4.059/69 do Instituto Médico Legal, que deu à fa-mília a certeza de sua morte.

O filho, Gregório Gomes da Silva, aprendeu em Cuba sobre a importância do pai, “um herói brasileiro que não se calou, que ofereceu o melhor que tinha, a vida, contra a arbitrariedade”.

vida quanto ao local exato de sepultamento e o melhor se-ria detalhar os dados técnicos para, em fevereiro, voltar ao trabalho de campo.

Marlon Weichert, procu-rador regional da República, não escondeu que nem tudo saiu como imaginado, mas evitou criar polêmica. “A vontade é a de ter resultados conclusivos o mais rápido possível. Mas, diante das di-ficuldades técnicas, é melhor uma recuada e uma reanálise para que a gente tenha possi-bilidade maior de sucesso na hora da exumação.”cemitério de vila formosa é o novo ponto de busca de desaparecidos do regime militar: on de estão os corpos?

de 17 mil” – informa um deles, que falou sob a condi-ção de anonimato. “Ali era a quadra 11. Por que você acha que construíram um ossário no meio da quadra?” – acrescenta.

Além disso, somou-se a desorganização do cemitério, que recebia centenas de se-pultamentos por dia, muitos sob a identificação de “indi-gente”, expediente usado por forças autoritárias para ocul-tar mortes violentas.

lugar para uma flor

A solução, agora, depende da ação de agentes do Estado. Só eles poderão dar fim a 40 anos de sofrimento dos fami-liares. “Sem os restos mortais, não se cumpre o ritual funda-mental de velar os entes queri-dos” –, lembra Marco Antônio Rodrigues Barbosa, presiden-te da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio, quer encon-trar o corpo do pai. “Não é pe-los restos mortais, isso não vai mudar o que penso sobre ele. É pela simbologia, importante para o país.”

Porém, devido aos longos anos de exposição à terra e à umidade, é possível que o ma-terial genético da ossada de Virgílio tenha se perdido, invia-bilizando a comparação com o DNA dos familiares. Por isso, os grupos envolvidos no trabalho negociam a construção de um memorial em homenagem às ví-timas da ditadura enterradas no Vila Formosa. Ilda Silva, esposa do militante, considera o me-morial uma alternativa para que cada um possa chorar seus mor-tos. “É um lugar para colocar uma flor, ter uma lembrança.”

ilda, esposa de virgílio

químicos rebatizam seu clube de campo com o nome de virgílio

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borá, a menor cidade do brasil, brilha no facebookCidade foi palco da edição de um badalado encontro na internet, o NerdsOnBora

A marca Halls teve uma ideia diferente: lançar o dro-pes XS, usando uma página da internet, a Fan Page. E esco-lheu as 805 pessoas residentes em Borá, a menor cidade do Brasil, para serem seus segui-dores. Para bolar o evento, a Halls convidou um blogueiro famoso, Marco Gomes. A re-percussão do NerdsOnBora foi imediata.

Gomes selecionou os 15 maiores usuários da web – os web celebrities – para ajudá-lo na divulgação. Entre eles, o twiteiro mussum alive – com mais de 99 mil seguidores –, que escreve no blog bebida li-berada, e o blogueiro Thiago Mobilon, autor do blog-diário sobre tecnologia, o tecnoblog.

Eles conheceram o Centro Re-creativo de Borá, onde houve um churrasco, passearam de charrete pela cidade e jogaram uma partida de bocha. O ponto alto foi a inclusão digital dos moradores da cidade no Face-

book – até o dia 15 de janeiro, Borá tinha 94% de sua popu-lação cadastrada naquele site de relacionamento e já figura como o município, proporcio-nalmente, com a maior presen-ça nessa rede social no mundo.

O encontro fez parte das ações de lançamento do mi-nidropes Halls XS, desde dezembro desenvolvidas em Borá, e vão culminar na inauguração, em fevereiro, do Halls da Fama, um hall da

fama diferente, que reunirá pequenos instantes cotidia-nos de heroísmo. Qualquer um poderá concorrer a um lugar no Halls da Fama de Borá. Para isso, basta ins-crever seu feito na Fan Page de Halls no Facebook (www.facebook.com/HallsBrasil). São pequenos instantes de heroísmo como, por exem-plo, lavar a louça para pou-par as unhas da namorada, atravessar o rio mais estreito do país, estacionar na menor vaga do prédio, abrir o pote de palmito para a avó, can-celar o plano de celular da namorada, arrumar o quarto sem reclamar ou deixar de ir ao jogo para passar a tarde na casa da sogra.

fan Page: da hora Pequena e gigantesca cidadeBorá é o menor muni-

cípio brasileiro, com 119 km² – área correspondente a 75 Parques do Ibirapue-ra. Localiza-se na região centro-oeste paulista, entre Marília, Assis e Presidente Prudente. Está distante 520 km de São Paulo. De acor-do com o Censo 2010, Borá tem 805 habitantes. Há 29 anos não nasce ninguém na cidade. Os moradores se conhecem pelos apelidos. Não se vê muita gente nas 22 ruas, onde um carteiro entrega todas as correspon-dências. Apenas dois poli-ciais militares se revezam na ronda da cidade, que não

quem curte borá anda com a boca doce de dropes

O Fan Page é uma pági-na interativa que permite aos usuários – potenciais fãs de produtos e serviços – com-partilhar das informações com outros usuários do Face-book, utilizando fotografias, mural, grupos de discussão, tabs de informação, anun-ciando eventos e usando outros aplicativos do face-book. As páginas são criadas utilizando-se o perfil pessoal de sua conta no Facebook. A diferença é que elas podem ser administradas por diver-sos administradores que per-manecem anônimos. O perfil criado é o da empresa com seus produtos/serviços.

tem um preso sequer. Com 17 votos se elege um verea-dor. Nas últimas eleições para prefeito, por exemplo, os can-didatos eram João do Posto, Luís da Seringueira e Luiz do Açougue, com a vitória caben-do ao comerciante de carnes.

Mas seus moradores, graças à Prefeitura, têm acesso gra-tuito à internet e verão sua experiência on-line ser enri-quecida ao aceitar o desafio de ser a cidade com maior penetração no Facebook em todo o mundo.todo mundo participou

vista aérea de borá, o menor município brasileiro

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caDeias Da reGião

superlotação carcerária preocupa sindicatoNúmero de presos é mais que o dobro da capacidade das penitenciárias

Bauru Basquete procura teto

Superlotadas. Assim estão as cadeias da região de Marília. Se-gundo os números da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado – SAP –, a Penitenci-ária de Marília tem 1.223 presos, mas o ideal seria 500. Já o anexo semiaberto abriga 413 detentos, mas sua capacidade é de 100. Igualmente precária é a situação

joGos abertos 2012

basquete

bauru será sede 40 anos depois Cidade terá de investir em ginásios, campos, pistas e piscinas

A escolha da cidade ocorreu na disputa dos jogos em Santos e foi por aclamação. Mas Bauru tem problemas de infraestrutura. Irá necessitar de um ginásio ade-quado para abrigar as competi-ções de quadra, como basquete e vôlei, já que o ginásio da Luso será derrubado em 2011 –, além de campos de futebol, pistas e piscinas. A cidade irá gastar R$ 5

milhões para contar com os jogos, com parte dos recursos próprios e parte do governo do Estado.

Os Jogos Abertos são da dé-cada de 1930. Entre as décadas de 60 e 80 eles atraíam atletas de alto nível, que representaram o Brasil em Olimpíadas. Este ano, em Santos, contaram com 13.444 atletas, representando 250 municípios.

futsal

fim do sonhoRCG de Garça encerra atividades

após muitas alegrias, futsal de Garça encerra atividades

Depois de sete anos le-vando o nome de Garça pelo país e disputando os mais importantes campeo-natos da categoria, o futsal da cidade, representado pelo RCG, encerrou as ativida-des. A direção da equipe informou que não disputará os campeonatos de 2011 e estudará uma reformulação para 2012. Um dos motivos que levou a equipe a fechar para balanço foi a perda da vaga na liga nacional.

O campeonato brasileiro de futsal funciona por co-tas. Para uma equipe parti-

cipar, ela deve contar com uma cota ou se ligar a uma empresa que a possua. Gar-ça usava a cota da empresa Umbro, que decidiu investir numa equipe de Concórdia, em Santa Catarina.

O RCG conquistou em sete anos de vida alguns títulos, como o do interior paulista em 2007/2008, e alguns de menor expressão, como os promovi-dos por emissoras regionais de televisão. A equipe contou com um ginásio erguido pela Prefeitura, que tinha uma qua-dra com as dimensões oficiais para a prática do futsal.

O Bauru Basquete en-cerrou o ano sem títulos e pode ficar sem teto. A sede do Luso Brasileiro, no Jar-dim Estoril, foi vendida por R$ 14 milhões para um gru-po empresarial representado pela Vitória Participações. Assim, o ginásio será demo-lido em 2011 para a constru-ção de um hotel cinco estre-las e uma galeria de lojas.

sem casa

Com isso, o Bauru Basque-te inicia 2011 sem ter lugar para jogar. Uma alternativa seria reativar a quadra do Pa-nela de Pressão, do Esporte Clube Noroeste. No entanto, a Prefeitura e o clube de futebol têm pendências antigas, como o uso do espaço pelo antigo time de basquete.

A cidade planeja construir um ginásio, na Avenida Na-

ções Norte, para receber cinco mil pessoas. O projeto demanda tempo. E o Bauru Basquete precisa de uma casa logo.

de Álvaro de Carvalho e Getu-lina. Com capacidade para 792 presos, as celas abrigam 1.460 e 1.206, respectivamente. “Resol-ver a superlotação carcerária é uma luta do Sindicato dos Fun-cionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo” –, diz o presidente da entidade, João Rinaldo Machado.

Há algum tempo, o governo apresentou proposta, num único edital, de construção de 49 pri-sões para atenuar o problema. Mas bastou uma obra ser embar-gada para que todas fossem pre-judicadas. Depois, com o proces-so eleitoral, o então governador José Serra, não quis problemas com sua base governista e adiou

as construções. Já o secretário Lourival Gomes prometeu que, até o final do ano, onze unida-des devem ser entregues. “Não dá é pra ficar na inércia” – fala o sindicalista Machado, que, mês passado, comandou assembleia da categoria na Capital, onde foi aprovada a pauta da Campanha Salarial 2011.

a bola está com bauru

basquete precisa de ginásio

as cadeias da região: lotadas

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respostas

Palavras cruzaDas

suDoku

horizontal – 1. Região meridional da América do Sul; Nome primitivo da aldeia de Embu; Difícil de conseguir 2. É, em inglês; Agência Nacional de Regulação Econômica; Tom musical 3. Divindade egíp-cia; Rápido (gíria) 4. O existente na imaginação; Atmosfera 5. Agora; Cada um dos órgãos produtores de urina; Nona letra do alfabeto grego; Reflexão de uma onda acústica 6. Derradeiro; Malpassado; Universidade Estadual de Londrina 7. Alimento feito de farinha de trigo; Cinto largo de couro; Sauda-ção jovial 8. Associação (abr.); Sigla do extinto Serviço de Proteção ao Índio; Um, em inglês 9. Segunda nota musical; Empresa de Urbanização do Recife; Aporto 10. Fenômeno caracterizado pelo desliga-mento da realidade exterior; Mulher que deu à luz um ou mais filhos; Gemido de dor

vertical – 1. Córrego que cruza a Zona Oeste de São Paulo 2. Membro emplumado das aves; América Latina; O que lhe pertence 3. Teatro Popular do Sesi 4. Panificadora; Antônimo de chora 5. Aqueles que não têm nome 6. Movimento que se repete a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos; Diz-se do som da flatulência 7. Móvel sobre o qual se come; Rodopio 8. Do grego psyché 9. Nicho com imagens religiosas 10. Uma república soviética 11. Canal por onde corre a água; Centro de Memória do Esporte 12. Imparcial, justo 13. Adoro; Primeira pessoa do singular; Central de Inteligência Americana 14. Re-ferente à rosa; A última sílaba do nome da namorada de Peri 15. Sufixo de uso; Que tem forma de rolo

foto síntese – laGo De Garça

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Palavras cruzadas

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