jornal brasil atual - limeira 11

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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 11 Dezembro de 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CLã DOS FéLIX DEU NO QUE DEU A GENTE DENUNCIAVA FAZ TEMPO. DESDE DEZEMBRO DE 2010 ESPECIAL CORRUPÇÃO Constância Félix, esposa Verônica, irmã de Constância Lucimar, irmã de Constância David, irmão de Constância Ricko, assessor de Silvio Isaias, laranja Maurício Félix, filho Lucelia, esposa de Ricko Carlos, laranja Murilo Félix, filho Daniel, contador de Silvio Maria, laranja Acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, cai o bando da família do prefeito

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Distribuiçã o lucelia, esposa de ricko ricko, assessor de silvio daniel, contador de silvio david, irmão de constância lucimar, irmã de constância maria, laranja carlos, laranja constância Félix, esposa verônica, irmã de constância esp ec ia isaias, laranja www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Limeira murilo Félix, filho maurício Félix, filho l

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Jornal Regional de Limeira

www.redebrasilatual.com.br limeira

nº 11 Dezembro de 2011

DistribuiçãoGratuita

clã dos Félix

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a gente denunciava Faz tempo. desde dezembro de 2010

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murilo Félix, filho

daniel, contador de silvio

maria, laranja

Acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, cai o bando da família do prefeito

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Expediente Rede Brasil Atual – LimeiraEditora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Ana Lucia Ramos, Dalva Radeschi, Ivanice Santos, Leonardo Brito, Tracy Ellen Caetano e William da Silva Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (19) 9708-0104 / (11) 3241-0008 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita

clã dos Félix

da página política para a policial

como foram as prisões

Justiça põe família do atual prefeito atrás das grades

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

Só podia dar no que deu. O prefeito Silvio Félix, reeleito com mais de 80 por cento dos votos, achou-se por cima da carne-seca. Ninguém podia falar nada dele! Ousassem esses xexelentos vir com algo, que ele mandava sua tropa de cho-que refutá-los porque, afinal, Silvio era Silvio. E, assim, o tempo passou, com ele “se achando”, prosseguindo na sua ousadia de fazer do dinheiro público o que bem entendesse.

O jornal Brasil Atual sempre esteve à frente dos fatos. Trans-formou-se num baluarte que pregava no vazio – ou apenas às pessoas que mantinham o seu desconfiômetro ligado. Os promo-tores do Ministério Público também estavam com a pulga atrás da orelha. E findaram, com suas investigações, mandando toda a família de Félix, por cinco dias, para trás das grades.

Assim, a cidade assistiu, estupefata, gente que sempre es-teve ao lado do prefeito dar-lhe as costas – é o preço, prefeito, é o preço! Agora, vêm as lamúrias do bando flagrado fazendo malfeitos. O prefeito tenta salvar o mandato, faz declaração aos jornais, diz-se perseguido. Menos, prefeito, menos. Afi-nal, os xexelentos somos nós. É isso. Boa leitura!

Uma manhã histórica para Limeira foi a do dia 24 de novembro, uma quinta-feira. Naquela manhã, a primeira- -dama Constância Félix, dois filhos dela (Murilo e Maurício Félix), duas irmãs e um irmão (Verônica, Lucimar e David), um assessor político do prefei-to Silvio Félix (Carlos Henri-que Pinheiro, o Ricko) e outras cinco pessoas, todas funcio-nárias do clã dos Félix, foram presos na megaoperação defla-grada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Sob o clã

pesam acusações de crime de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideoló-gica e sonegação fiscal.

Os sete homens ficaram detidos na carceragem da De-legacia Seccional de Limeira. As mulheres foram levadas ao Setor de Custódia, anexo à De-legacia de Investigações Gerais (DIG), na Vila Anita. No mes-mo dia foi decretado “sequestro de bens” de R$ 21 milhões. Um inquérito civil vai apurar even-tual improbidade administrati-va. As prisões temporárias – por cinco dias – foram decretadas

pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Limeira, Luiz Augusto Bar-richello Neto. Os 12 suspeitos angariaram, segundo apuração do Ministério Público, patrimô-nio de mais de R$ 21 milhões. O dinheiro foi investido em 50 imóveis – dos quais 25 flats em São Paulo –, nas cidades de Mogi-Mirim, São Carlos, Pira-cicaba e São Paulo (a maioria em nome da irmã de Constân-cia, Verônica), e numa empresa holding – a TDV – avaliada em R$ 1,4 milhão, que participa, como sócia ou acionista, das outras empresas do grupo.

Seis da manhã. Num tra-balho simultâneo, 15 pro-motores de Limeira, Franca, Ribeirão Preto e São Paulo, apoiados por 19 viaturas e 80 policiais da Rota – a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo –, dividiram-se em

grupos para cumprir 12 manda-dos de prisão e 15 diligências para apreensão de documentos.

Promotores e policiais fo-ram à casa do prefeito Silvio Félix (PDT), onde estava a pri-meira-dama. Em nenhuma pri-são houve uso de algemas, pois

os detidos não representavam perigo. Todos foram detidos na cidade, à exceção do filho caçula Maurício, preso num imóvel em Piracicaba, e do primogênito Murilo, detido na capital e trazido a Limeira pelo Gaeco de São Paulo.

constância Félix no camburão e na delegacia. o filho maurício fez o mesmo caminho

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clã dos Félix

como começou a investigação da família do prefeitoDurante entrevista coleti-

va, na tarde de quinta-feira, os promotores Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, Antô-nio Carlos Guimarães Junior, Enzo Bonconpagni, do Gaeco de Piracicaba, e Cléber Rogé-rio Masson disseram que as investigações começaram em junho e que, somente agora, com os materiais apreendidos e os depoimentos prestados, elas continuarão para a obten-ção de mais provas. A conclu-são deve embasar uma futura ação penal.

Segundo os promotores, as quebras dos sigilos ban-cário e telefônico obtidas

na Justiça possibilitaram a identificação de vasto patri-mônio. “Não há fontes que

justifiquem a evolução pa-trimonial” – disse Bevilac-qua. “Como você adquire um

lombardi abre os trabalhos da comissão processanteO vereador Miguel

Lombardi (PR), presidente da Comissão Processante (CP) da Câmara Munici-pal, que vai apurar as pos-síveis infrações político-administrativas cometidas pelo prefeito Silvio Félix (PDT), recebeu no dia 1º

notificado e terá 10 dias para apresentar sua defesa. Os demais vereadores que vão compor a CP são Ronei Martins (PT), relator, João Alberto dos Santos (PSB), Almir Pedro dos Santos (PSDB) e Antonio Braz do Nascimento (PDT).

de dezembro os documentos para dar início aos trabalhos da Comissão Processante. Os procedimentos seguirão os ri-tos do Regimento Interno da Câmara e demais instruções previstas na forma da lei. No primeiro momento, segundo o vereador, o prefeito será

imóvel e não coloca em seu nome?” – perguntava para, em seguida, complementar:

“Se você o teve com o seu trabalho não há motivo de colocar nome de terceiros”.

Bonconpagni informou que durante as buscas encontrou contratos com o governo do Estado, na área de agricultura, no valor de R$ 3,4 milhões. Outro contrato envolve o poder público de Campinas. “Tudo será investigado” – comentou.

Na avaliação dos promoto-res, os documentos apreendi-dos são “complexos” e a apu-ração será “densa”. Masson salientou que “conta com o apoio da população para fazer denúncias e com a Câmara Municipal de Limeira”.

cp pode resultar em cassação A Comissão Proces-

sante tem autonomia para convocar o investigado e pode efetuar quebra dos sigilos bancário e telefô-nico. Os membros da CP terão no máximo 90 dias para apurar as denúncias. Félix será obrigado a com-parecer toda vez que for convocado. Os trabalhos podem cassar o mandato do prefeito, bastando con-

quistar 2/3 dos votos do ple-nário – o Regimento Interno da Câmara Municipal e a Lei Orgânica do Município pre-veem voto secreto.

Os vereadores responsá-

veis pela Comissão são: presidente, Miguel Lom-bardi (PR), relator, Ronei Martins (PT), Almir Pedro dos Santos (PSDB), Anto-nio Braz do Nascimento, o Piuí (PDT) e Nilce Segalla (PTB). Como a vereadora Nilce está afastada por mo-tivo de doença, quem irá substituí-la nos trabalhos será o suplente João Alberto dos Santos (PSB).

o voto contra FélixHá poucos meses como pre-

sidente do PDT local, Sílvio Brito declarou que os quatro pedetistas da Câmara se reu-niram para definir as ações do partido. “Queremos que a CP tenha a mesma transparência com que o Ministério Público trabalha” – disse. Já o vereador Antônio Braz do Nascimento, o Piuí, manifestou o seu voto fa-vorável ao afastamento do pre-feito, mas foi vaiado por quem estava no plenário. “Bastava

dar o voto, não precisava falar” – diziam os manifestantes. O jornal Brasil Atual tentou con-versar com os demais vereado-res da base. Mas eles deixaram o plenário sem falar, mesmo de-pois de retomada a sessão.

a câmara contra o prefeito

o ainda prefeito dava coletiva enquanto seus amigos isaías e ricko estavam presos

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um pouco do que foi apreendido por policiais da rota

bens do clã na justiça eleitoral

Durante as diligências, policiais da Rota apreende-ram objetos nos imóveis que vistoriaram. Entre os produ-tos há CDs, HDs externos, fotografias, telefones, docu-mentos e um aparelho identi-ficado como ponto de escuta.

Na tarde da sexta-feira, dia 25, o Grupo de Atua-ção Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apreendeu talonários de no-tas fiscais e computadores no comércio de mudas Jardina, na Rodovia Deputado Laér-cio Corte (SP-147/Limeira-Piracicaba), a poucos metros

Uma casa na Rua Pretestato R. Alves, 276 – Jd. Florença R$ 150.000,00 Terreno na Quadra 3 do Residencial Jd. dos Ipês R$ 20.000,00 Um terreno na QA de nº 3 Res. dos Ipês R$ 40.000,00 Um terreno na QA nº 4 Res. dos Ipês – Financiada R$ 33.000,00 Terreno na QK nº 10 Residencial Casalbuono – Limeira R$ 40.000,00 Um terreno na Rua Pretestato R. Alves Lote 13 Q 9 – Jd. Florença R$ 24.000,00 2 Alq E 3/5 Alq Rural Imóvel Sta. Madalena à margem da Rodovia

Washington Luis – São CarlosR$ 80.000,00

100% propriedade Chácara São Vicente, no B. Kempe – Limeira R$ 56.669,36 Três Boxes na Q. P, nº 15/16/17, no Mercado de Flores Ceasa Campinas R$ 60.000,00 Conjunto 094 – Nono Andar – Ed. Vector Center – Limeira R$ 20.280,00 Prédio nº 851 na Rua Sen. Vergueiro Esq. c/ Dep. Otavio Lopes R$ 320.000,00 Um Boxe na Q. 2 nº 16 – Mercado de Flores – Ceasa Campinas R$ 20.280,00 Uma residência na R. Antonio Carlos Scarpitti, Bairro Portal das Rosas R$ 600.000,00

valor total dos bens declarados: r$ 1.464.229,36 SILV

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quem foi para o xilindró Constância Berbert Dutra da Silva é Constância Félix, primeira-dama de Limeira Maurício Félix da Silva, filho do prefeito Silvio Félix e de Constância Félix Murilo Félix da Silva, filho do prefeito Silvio Félix e de Constância Félix Verônica Dutra Amador, irmã de Constância Félix Lucimar Berbert Dutra, irmã de Constância Félix David Dutra Berbert, irmão de Constância Félix Carlos Henrique Pinheiro, o “Ricko”, assessor político do prefeito Lucelia Baliani, esposa de Ricko, suposta laranja Daniel Henrique Gomes da Silva, contador da Félix Plantas, empresa do prefeito Isaias Ribeiro, suposto laranja, funcionário da Félix Plantas, empresa do prefeito Carlos Roberto Souza Garcia, empresário, suposto laranja Maria Alves de Souza, suposta laranja

clã dos Félix

da Félix Comércio de Plan-tas, do prefeito Silvio Félix. A empresa, segundo o Minis-tério Público (MP), é a sede da Fênix Plantas, outra em-presa da família. Há a sus-peita de que ela servia para lavar dinheiro.

Na análise dos documen-tos, os promotores identifica-ram mais suspeitas e obtive-ram novo mandado de busca e apreensão, expedido pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Bar-richello Neto. Os promotores foram à empresa Félix Plan-tas, onde encontraram diver-sas notas fiscais de negócios

relativos à Fênix Plantas. Re-gistros de venda para a Pre-feitura, inclusive a de Campi-nas, com data de 2010.

Ao chegarem à Fênix en-contraram diversos taloná-rios em nome de Maurício Félix da Silva, sócio-admi-nistrador da empresa. Várias notas com datas retroativas estavam preenchidas. Com-putadores, que não estavam no dia anterior, apareceram na empresa com registro de contabilidade em planilhas. Os novos documentos fo-ram levados ao Gaeco de Piracicaba.

quem cala consente?

O empresário Carlos Ro-berto Souza Garcia se entre-gou à Polícia Civil e confir-mou o esquema de corrupção investigado pelo Gaeco, que culminou na prisão do clã dos Félix e outros funcionários da família. Carlos falou com os promotores e foi liberado.

Na sexta-feira, dia 25, ou-tras cinco pessoas se mantive-ram caladas durante a tomada

de depoimentos no Gaeco. Elas disseram que preferiam se ma-nifestar apenas diante do juiz, e não colaboraram com as inves-tigações. São elas: Carlos Hen-rique Pinheiro, o Ricko; Lucelia Baliani, esposa de Ricko; e os três irmãos da primeira-dama, David, Verônica e Lucimar. Constância e os filhos, Maurício Félix e Murilo Félix, também se mantiveram em silêncio.

garcia, outro laranja do clã: haja lima nessa limeira

a polícia lotou carros e carros com material apreendido

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Esses são os dados declarados por Silvio Félix à Justiça Eleitoral. Como se vê, esses bens são “fichinha” perto dos R$ 21 milhões amealhados pelo clã, que o prefeito insiste em dizer

que não têm nada a ver com o dinheiro público.

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dia histórico: as pessoas usavam nariz de palhaço

uma manifestação popular empolganteIndignadas com as pés-

simas notícias de Limeira, cerca de 200 pessoas orga-nizaram uma passeata para manifestar a indignação pela vergonha pela qual passava a cidade. No Parque Cidade, o vereador Ronei Martins, do PT, dizia: “É hora de a popu-lação fazer seu poder valer”.

A passeata terminou na Prefeitura Municipal, com a queima simbólica do boneco do prefeito Silvio Félix. Na manhã de sábado, dia 26, 500 pessoas participaram do Ato Público mobilizado pe-las redes sociais, para pedir aos limeirenses que parti-cipassem da sessão da Câ-mara que pediu a Comissão

Processante (CP). Com a ver-gonha estampada no rosto, a população pedia em coro a CP. Exaltado, o comerciante Ama-rildo Lourenço, de 39 anos, di-zia: “Estou envergonhado. Es-pero que o prefeito se afaste”.

Para a cientista política

“Por que tantas pessoas usam o nariz de palhaço, sem vestir as roupas de palhaço” – indagava uma criança ao ver centenas de homens e mulhe-res, jovens e velhos, trabalha-dores e estudantes, exibirem uma bolinha redonda e verme-lha sobre o nariz, em frente à Câmara Municipal. Era fácil explicar. Todas essas pessoas mostravam sua indignação pe-las peripécias protagonizadas pelo clã dos Félix e exigiam dos vereadores que votassem pela Comissão Processante (CP) – essa CP afastou o pre-feito do cargo por 90 dias e agora pode aprofundar as in-vestigações sobre os malfeitos do clã da família Félix.

Com a filha de dez anos nos braços, esperando a sessão começar, o operador de má-quinas Luís Gomes Filho, 49

anos, depositava sua esperan-ça na votação da CP. “Trouxe minha filha para ela presenciar esse momento histórico de nossa cidade.”

Em meio ao protesto da população, com o plenário

lotado de bandeiras, faixas, cartazes – foi necessária a ins-talação de um telão no lado externo do plenário, para que o povo acompanhasse a ses-são –, criou-se uma expecta-tiva sobre qual seria a postura

da Câmara diante do escânda-lo. Por unanimidade foi apro-vada a Comissão Processante e o afastamento do prefeito por 90 dias – ou até quando durarem os trabalhos da Co-missão. A população, emocio-

nada, soltou o grito de guerra: “Eu, sou limeirense, com mui-to orgulho, com muito amor”. O vereador Ronei Martins, com lágrimas nos olhos, di-zia: “Será feita a justiça nes-ta cidade”. Outro vereador, Eliseu Daniel, do DEM, que fazia parte da base governista, dizia que o dia 29 de novem-bro, entraria para a história da cidade, provando aos próxi-mos políticos que a população tem força. “Nossa função é ter a casa do povo com o povo.” Enquanto a população soltava rojões, a gerente administrati-va Rosimarine da Costa Bis-po, 51 anos, enaltecia a cora-gem dos vereadores. “Achei ótimo a população ter lotado a Casa. Isso mostrou para quem estava indeciso que não acei-tamos uma resposta que não fosse a CP.”

clã dos Félix

uma resposta dos vereadores sobre a CP é admirável. “A população mostra uma cora-gem incrível, é a democracia sendo exercida” – enaltecia.

Cantando o samba de Be-zerra da Silva – “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão” –, a população pre-sente ao manifesto chamava as pessoas que passeavam nas lojas do centro. Na visão de Antônio Luís Carvalho, 67 anos, a população teria de estar em peso na Câmara e exercer a cidadania. “Que-remos dar um basta nesta vergonha. Temos de estar lá dentro, mostrando aos verea-dores que queremos uma res-posta à altura do caso.”

FantasmaA primeira-dama Constân-

cia Félix, que tinha o cargo de chefia de gabinete da 4ª vice-presidência da Assembleia Legislativa, em São Paulo, foi exonerada da função pelo de-putado estadual Rafael Silva, que é do mesmo partido – o PDT. Ela ganhava R$ 14 mil, mas nunca foi vista por lá, nem pelos funcionários do gabinete em que presumidamente tra-balhava. Numa reportagem do Fantástico, Rafael Silva con-tou que Constância não tra-balhava lá dentro, sendo uma funcionária fantasma. Depois, voltou atrás e disse que a pri-meira-dama “exercia, mas não lá dentro, a função de chefe de gabinete porque não havia es-paço físico adequado”.

Amanda Carolina, de 22 anos, os limeirenses deixaram Sil-vio Félix e alguns vereadores deitarem em cima deles. “Que seja feita a mudança” – afirma-va. Para o estudante Rodrigo de Godoy, 19 anos, a coragem das pessoas saírem à rua para pedir

bonecos do prefeito e da primeira-dama ardem na cidade

passeata contra a corrupção do clã Félix: fogos, indignação e fora Félix

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cpi da merenda

cpi: quem levantou a lebre do esquema de propinasO ex-vereador (PT) e diri-

gente sindical metalúrgico de Limeira, Rio Claro e região José Carlos Pinto foi a primeira pessoa, em novembro de 2007, a denunciar possíveis irregula-ridades com a merenda escolar, tentar instalar uma Comissão de Inquérito e contar o que achava estranho ao Ministério Público. “A terceirização seria para con-ter despesas, mas não foi o que se verificou em Limeira” – lem-bra. Entre as questões penden-tes do passado, agora aparecem respostas para o envolvimento do vereador César Cortez (PV)

como a refeição escolar engordava o bolso dos gatunosO triste enredo de um golpe horroroso desferido contra as crianças pobres de Limeira

A terceirização da meren-da em Limeira foi assumida em 3 de março de 2006 pela empresa SP Alimentação, num contrato anual de R$ 15,4 milhões. Em 2007, o contrato foi aditado por mais um ano, ao valor de R$ 16,2 milhões. Na época, a Co-missão de Fiscalização dos Atos do Executivo da Câma-ra Municipal, da qual faziam parte os vereadores José Car-los Pinto (PT), Carlos Ferra-resi (PDT) e César Cortez (PV), recebeu denúncias so-bre a qualidade, a quantida-de e a forma de distribuição das merendas. De posse das denúncias, a Comissão, via vereador José Carlos Pinto, pediu a instauração de uma CPI. Porém, para ela pros-perar, seria preciso a assina-tura da maioria da Comissão de Fiscalização. De pronto, Carlos Ferraresi manifestou-

que foi instaurado Inquéri-to Civil para averiguar as irregularidades do contra-to firmado. Outra questão, constante das denúncias, é o envolvimento do advoga-do Thúlio Caminhoto Nassa, que figura como advogado contratado pela Prefeitura para defendê-la num manda-to de segurança movido pela Sistal Alimentação de Cole-tividade Ltda., com o intuito de anular a licitação venci-da pela SP Alimentação. Ao mesmo tempo, o advogado figura como prestador de serviço da SP Alimentação na defesa da empresa numa ação monitória (que discute valores), em outro municí-pio. Esse mesmo advogado, aliás, é nomeado pelo prefei-to como diretor administrati-vo II, lotado na Secretaria de Assuntos Jurídicos, em 9 de fevereiro de 2006.

no esquema de propinas para fa-vorecer a SP Alimentação.

Questionado sobre outros serviços terceirizados na épo-ca, como o fornecimento de remédios pela Unifarma, José Carlos diz que “é preciso ave-riguar tudo”. Mas acha isso improvável, se depender da Câmara Municipal. “Temos de contar com o Ministério Públi-co (MP), com a contribuição dos promotores, como o dou-tor Cleber Masson.” O resul-tado das investigações do MP foi o afastamento do vereador César Cortez – (veja na pág.

10). Na esfera cível, Mas-son pediu a condenação de Cortez, Ferraresi e de Eloí-zio Gomes Afonso Durães, dono da SP Alimentação, por improbidade adminis-trativa e a devolução do di-nheiro aos cofres públicos – R$ 140 mil, Cortez e R$ 35 mil, Ferraresi. Masson tam-bém tornou indisponíveis os bens de Cortez e dos demais réus. Em entrevista ao Jornal de Limeira, Cortez ameaçou: “Há coisa maior a se apurar; caso seja questionado, vou dizer tudo que sei”.

a merenda escolar das crianças às vezes é refeição única

josé carlos estava de olho há mais de três anos

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se contra a CPI. Depois, se-guiu-o César Cortez.

Independentemente da

negativa, elaborou-se um relatório das investigações e foi apresentada denúncia

formal ao Ministério Publi-co, por meio do promotor Cleber Masson, ocasião em

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o chefão do negócio suspeito chegou a ser preso

arquitetando o plano a desculpa esfarrapada

O empresário Eloízo Gomes Afonso Durães, dono da SP Alimentação, é acusado de ser o chefe da máfia das merendas. A em-presa dele tem contratos em 40 cidades, de nove Esta-dos do país – entre as quais quatro capitais: São Paulo,

Para impedir a instalação da CEI era preciso do voto contra do presidente da Co-missão, Carlos Gomes Fer-raresi. Eloízo, então, teria repassado, por meio de um funcionário municipal, R$ 35 mil para que Ferraresi apre-sentasse um relatório pedindo o arquivamento do procedi-mento administrativo – que abortaria a CEI.

Em 22 de novembro de 2007, o funcionário recebe-ra outra missão de Eloízo: subornar o vereador Cortez.

Sobre a concorrência pública para a contratação de empresa para o fornecimento de merenda escolar, a Prefeitura de Limeira emitiu uma nota à imprensa in-formando que “seguiu a lei de licitações”. Defendeu-se, apre-sentando como álibi o Tribunal de Contas do Estado, que “apro-vou o edital de concorrência”. E informou, também, que a SP Alimentação não presta mais serviços à cidade. A merenda es-colar está a cargo de uma nova empresa, a Le Baron.

Porém, Cortez, sabendo da importância de seu voto, exi-giu R$ 300 mil, mas, conver-sa vai, conversa vem, acabou aceitando R$ 140 mil, em quatro prestações – três de R$ 40 mil e outra de R$ 20 mil, pagas entre dezembro de 2007 e março de 2008. Com a grana, ele comprou um apê em Campinas. Cortez só não foi para o xilindró com Elo-ízo porque a lei eleitoral não permitia que um candidato fosse preso 15 dias antes da eleição.

eloízo: preso e solto

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uma história feia: rapinavam a comida das criançasUma investigação do Mi-

nistério Público Estadual descobriu o envolvimento de Genivaldo Marques dos San-tos, o Tiquinho, 41 anos, ad-ministrador de empresas, no esquema da SP Alimentação e ofereceu a ele o benefício da delação premiada. Genivaldo então revelou o golpe, que envolve um apresentador de televisão, um jornal impres-so, vereadores, ex-vereadores e o prefeito da cidade, que teria recebido 12% de R$ 56 milhões – R$ 6,1 milhões!

A denúncia é grave. A cor- o vereador ronei quer saber quem levou a grana

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cpi da merenda

rupção é nefasta, tem de ser extirpada, e ganha requintes de crueldade quando se fala de merenda escolar, numa ci-dade em que as mães da pe-riferia mandam as crianças comer na escola porque mui-tas vezes não têm comida em casa. As crianças têm déficit de aprendizagem por falta de alimentação.

A CPI na Câmara só foi possível com a adesão da base aliada do prefeito, por-que são necessárias cinco assinaturas – a base oposi-cionista tem três vereado-

res, contra 11 da base alia-da. O assunto mobilizou a população. Contava-se que havia perseguição aos ve-readores da oposição, com ameaça à integridade física deles, por meio de e-mails. A CPI teve o prazo de 90 dias para finalizar os traba-lhos. O tempo foi pequeno para captar as oitivas e ana-lisar os documentos. É bom que se saiba que a SP Ali-mentação atua em ao menos 40 municípios e o modo de operar da empresa é o mes-mo em todos eles.

Recife, São Luís e Maceió. O esquema teria movimentado R$ 280 milhões para fraudar licitações, corromper políticos e funcionários públicos, emitir notas frias e praticar cartel.

Em setembro de 2010, Elo-ízo foi preso – e solto dias de-pois – em São Paulo por man-

dar pagar propina de R$ 175 mil, em 2007 e 2008, a dois ve-readores de Limeira – Antônio César Cortez (PV), o “Quebra Ossos”, candidato derrotado a deputado federal nas últimas eleições, e o ex-vereador Car-los Gomes Ferraresi (PDT), então presidente da Comissão

de Orçamento e Finanças da Câmara. Eloízo queria bar-rar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câ-mara que investigaria o con-trato de R$ 56,3 milhões, firmado entre a Prefeitura e a SP Alimentação. Para isso, ele precisava de dois votos.

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cpi da merenda

o conselho

privatizar é preciso?

O Conselho de Administração Escolar (CAE) é formado por 14 membros – efetivos e suplentes –, que representam o Poder Executivo, o Conselho de Escola, a Associação de Pais de Alunos e a Sociedade Civil. Ele aprovou com res-salvas as contas do ano passado da Secretaria da Educação.

Antes da privatização da merenda escolar, o secretário de Educação, Antônio Montesano, convocou os diretores de esco-la e os pressionou a aprová-la. Disse que as verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) não se-riam liberadas se a merenda escolar não fosse terceirizada. “E se não tiver dinheiro – alertou –, a população vai botar a culpa no prefeito, que não terá outra alternativa senão jogar a res-ponsabilidade no Conselho de Administração Escolar (CAE).” Diante disso, os diretores de escola concordaram com a tercei-rização, visando a facilidade na gestão, já que a merenda seria responsabilidade de uma empresa e não mais da escola.

a rede municipal Centros Infantis – 19 Escolas de Educação Infantil e Fundamental – 51 Centros de Educação Infantil e Fundamental – 7

na escola carolina arruda, no parque Hipólito

a privatização das refeições escolaresOs bastidores de um segredo, contados por dois personagens que viveram o episódio

Com a palavra, Edvaldo Mendes da Costa, 40 anos, diretor do Sindicato dos Pro-fessores do Ensino Oficial do Estado – Apeoesp – e presi-dente do Conselho de Admi-nistração Escolar, o CAE.“Na Escola Carolina Ar-ruda, as crianças quase não têm feijão. Servem macar-rão com carne moída ou arroz com frango. Não tem salada – quando tem é só alface – nem legumes. O suco artificial distribuído é insuficiente para as crian-ças – Limeira, o segundo

fruta in natura ou de suco na merenda escolar. Mesmo as-sim, a Prefeitura assinou con-trato com a Cooperativa de Citricultores de Engenheiro Coelho, cidade a 24 km de Li-meira, de R$ 928,9 mil. Outra

Com a palavra, Valéria Pires Silva, 46 anos, coor-denadora da Escola Maria Aparecida de Luca Moore, do Jardim Aeroporto, membro do Conselho de Administra-ção Escolar (CAE) na época da terceirização da merenda.“A Secretaria de Educação dizia que a cozinha não era apropriada, que não havia am-biente correto para preparar a alimentação. Mas, com a ter-ceirização, passou-se a usar o mesmo espaço. Contrataram merendeiras, pessoas comuns, que sequer acertam o ponto do arroz. São pessoas desacos-tumadas a fazer comida para muita gente e, nas escolas, são distribuídas três mil refeições todos os dias. E, apesar de eles falarem que tudo é de pri-meira, os alimentos têm baixa qualidade: a carne, por exem-

plo, é puro sebo. Antes da ter-ceirização, havia alimentação farta, não faltava comida. O serviço era self-service. Tenta-ram novos cardápios, mas não deu certo. Fizeram nugets para as crianças. Elas gostaram, queriam mais, mas elas não po-dem mais repetir. Na sobreme-

na escola maria aparecida mooresa, servem-se frutas – banana, maçã ou caqui – a cada 15 dias. Nos centros infantis há mais frutas. Se observassem mais a escola, o bairro, as famílias, as crianças, eles não mandariam a mesma quantidade de comida para todas as escolas! As crian-ças da periferia têm mais fome que as do centro, as necessida-des são diferentes. Resultado: falta numa escola e sobra na outra. Mais: como o refeitório não comporta o grande número de crianças, a refeição é servi-da em duas etapas, e vai das 10 h às 15 h. A diretora é pessoa muito empenhada. Ela faz com que as crianças tenham aulas de informática, lousa eletrô-nica e dá assistência inclusive para as famílias. Mas nas es-colas que não têm essas quali-dades, as crianças ficam quase sem assistência.”

questão é o cumprimento da lei que determina que pelo menos 30% da merenda escolar se-jam comprados da agricultu-ra familiar, sem licitação. Até hoje, a Prefeitura de Limeira não cumpriu essa lei. Em 14

de março de 2011, foi em-possado o Conselho de Ali-mentação Escolar – CAE. Na ocasião, o prefeito Sil-vio Félix declarou que não queria mais a terceirização da merenda, que a respon-sabilidade pela continuida-de ficaria com o Conselho. Porém, o contrato com a Le Baron, de R$ 14,9 milhões, vale até dezembro de 2011. Até lá, a Prefeitura tem de se adequar à nova realidade, realizando concurso para re-criar os cargos de merendei-ra e ajudante de cozinha.”

produtor de laranjas do Bra-sil, não serve suco natural! Os alunos almoçam sentados no chão. Segundo alega a dire-tora, ‘um refeitório, com me-sas e cadeiras, serviria apenas para os alunos digladiarem-se. Eles destruiriam o patrimônio, jogando os objetos uns nos ou-tros nas brigas que ocorrem no pátio’. Onde a direção da escola verifica a quantidade, a qualidade e a variedade dos produtos oferecidos, a meren-da é melhor. Desde o ano 2000, uma lei municipal prevê a inclusão da

edvaldo, presidente do conselho de alimentação escolar

valéria, coordenadora

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demorou 180 dias para a merenda virar pizzaA Câmara de Vereadores fez o que todos temiam, mas já esperavam: absolveu todo mundo

Em 27 de abril deste ano, na Câmara Municipal, a vereadora Nilce Segalla (PTB) apresentou o relató-rio final da Comissão Par-lamentar de Inquérito – CPI –, que investigou o possível desvio de verba na terceiri-zação da merenda escolar, em 2005. O relatório, de 113 volumes e 48.850 fo-lhas, investigou os motivos que levaram à terceiriza-ção; a corrupção passiva; o recebimento de propinas pelos então vereadores An-tônio César Cortez (PV) e

que beleza é a gente poder ver os nobres vereadores trabalhando pelo povo

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como foi terceirizada “a qualidade da merenda piorou”

prazo vencido?

O secretário de Educação, Antônio Montesano, dizia não haver problemas desde que ter-ceirizou a merenda escolar e ga-rantia que a imprensa publicava coisas sem apurar. “A imprensa fala muita bobagem, diz que gastamos R$ 6 milhões! E mes-mo que fossem R$ 6 milhões, o serviço público era ruim. Com a empresa privada, serve-se arroz, feijão, carne e legumes. Reclamam que não sirvo fruta, mas, por R$ 1,60 cada refeição, não há como oferecer fruta todo dia. Na gestão anterior, havia sopa de fubá e arroz doce no al-moço. Hoje servimos macarrão com legumes e uma verdura, melhorou ou não?” – dizia ele. “Mais: quando a nutricionista fala que a criança tem de comer fígado, coloca-se fígado no car-dápio” – afirmava.

Montezano prefere privati-zar o serviço da merenda para garantir que professoras e di-retoras só se preocupem com a

educação das crianças. “Sou a favor da terceirização da meren-da e da faxina, sim. Seja lá qual empresa for. Quando a merenda não era privatizada, os funcio-nários reclamavam de dores e não trabalhavam, pois tinham benefícios de doze faltas abo-nadas por ano. Era uma regalia imerecida” – diz o secretário.

Sobre a relação que possui com as empresas privadas, ele responde: “É profissional, elas prestam serviço, eu pago. Não favoreço nenhuma empresa de alimentação.

A diretora Elci Peixoto Santos, da Escola de Edu-cação Infantil e Ensino Fun-damental Cassiana Maria Soares Lenci, analisa a ter-ceirização da merenda de duas formas: a mão de obra e a qualidade. “Antes eu tinha auxiliares gerais que eram merendeiras, cargo extinto nas escolas. Hoje não interfe-rimos no trabalho da meren-da. Se alguém falta, a empre-sa põe outra pessoa no lugar. Isso melhorou” – explica Elci. Porém, a qualidade da merenda piorou. “Na carne moída que eles enviam, está escrito que é patinho. Mas a gente percebe que é carne de

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“Funcionárias da empresa Le Baron, ouvidas pelo jornal Brasil Atual, denunciam que os alimentos enviados às es-colas seguem um ritual inade-

quado: a escola recebe uma re-messa de alimentos perecíveis na segunda-feira que deveria durar até sexta-feira, porém, na quinta-feira alguns deles já

estão estragados. “Houve uma semana na qual os pepinos fo-ram para o lixo, pois estavam podres, murchos e sem condi-ções de esperar até sexta-feira.

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do vereador Carlos Ferraresi. Genivaldo contou que esteve em Limeira e negociou com o dono de um jornal para que ele não divulgasse possíveis irregularidades na licitação da empresa, mas não se lem-brou quem era o repórter, qual era o jornal, nem onde ele ficava. Disse ainda que negociou com o vereador “Quebra Ossos”, apelido de Antônio César Cortez, o ar-quivamento do pedido de abertura de CPI, em 2006 (veja a matéria Arquitetando o plano, na pág.7).

Carlos Ferraresi (PDT); e a participação do prefeito Silvio Félix e do secretário de Edu-cação, Antônio Montesano.

Protegido pela “delação premiada”, Genivaldo Mar-ques dos Santos, sócio da SP Alimentação, responsável pe-

las negociações de propinas na empresa, disse nunca ter visto nem ouvido falar do prefeito de Limeira, Silvio Félix, nem

cpi da merenda

qualidade inferior. Além disso, muitas crianças não comem pei-xe nem fígado. Então, no dia em que são servidas essas misturas, elas só comem arroz, feijão e salada” – conta Elci.

Segundo o secretário, o

cardápio nas escolas é pa-dronizado e, diariamente, um cartaz é afixado infor-mando o que a criança vai comer. Mas na porta dessa escola, no bairro CECAP, não havia o cartaz.

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suspeita de corrupção recai em prefeito e vereadores Os vereadores da opo-

sição elaboraram um re-latório paralelo ao da CPI – conhecido como “Voto em Separado” –, que traz divergências e suspeitas de corrupção e desvio de verbas do prefeito Silvio Félix e dos vereadores in-vestigados. O relatório dá subsídio para uma Comis-são Processante e posterior cassação do prefeito e dos vereadores. E coloca em dú-vida as seguintes questões: a forma de contrato entre a Prefeitura e a SP Alimen-tação, feito como se todos os alunos fizessem sua ali-mentação na escola e ainda

prefeito silvio Félix: quanto riso, oh, quanta alegria

la – portanto, pagou-se 100% do valor quando teria que ter sido pago 60%. E, conside-rando todos os alunos atendi-dos e os valores diferenciados para cada refeição, o custo to-tal seria de R$ 7.236.131,60. Entretanto, no depoimento do secretário da Educação, Antônio Montesano, ele diz que a Prefeitura pagou à SP Alimentação o valor aproxi-mado de R$ 8.100.000,00, em 2006, o que dá uma diferença de R$ 863.868,40, equivalen-te a 12% do valor. Trata-se do mesmo percentual que a em-presa SP Alimentação incluía no contrato para pagamento de propina, segundo Genival-

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relatório: a sínteseA vereadora Nilce Segalla

(PTB) sintetizava assim o relatório da Comissão: hou-ve falta de perícias técnicas na documentação, por falta de tempo hábil; a merenda, depois da terceirização, pas-sou a ser melhor, mais barata para a Prefeitura e aprovada por diretores, nutricionistas e pelo CAE – Conselho de Ali-mentação Escolar; não ficou caracterizada improbidade ad-ministrativa; faltam provas do envolvimento de Carlos Go-mes Ferraresi em denúncia de corrupção passiva; o prefeito Silvio Félix, o secretário da Educação Antônio Montesano e o ex-vereador Carlos Ferra-resi ficaram isentos de respon-sabilidade; e o único envolvi-do nas denúncias passível de punição é o vereador Antônio César Cortez (PV) e a CPI vai indicar abertura de Comissão

nilce segalla: não há provas

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perseguição políticaPara o então vereador César

Cortez tudo não passava de per-seguição política, pois ele era o candidato mais cotado para a Prefeitura e mais recente de-putado estadual. Ele conta que conhecia “Tiquinho”, alcunha de Genivaldo, e que conversou com ele por duas vezes – segun-do o extrato dos telefonemas do celular de César Cortez, reque-rido pela CPI, foram 19 ligações de Genivaldo para Cortez e 17 de Cortez para Genivaldo.

Quanto à contratação da SP Alimentação, segundo o rela-tório e a documentação apre-

sentada, tudo está dentro da legalidade. Houve, inclusive, estudos que atestam melhora da merenda com relação à sua

a renúncia do “quebra ossos”Numa carta de 25 de abril, o vereador Antô-

nio César Cortez, o “Quebra Ossos”, renunciou ao mandato de vereador. “Foi uma decisão de família” – disse, negando que sua decisão esti-

vesse ligada à ameaça da Comissão Processan-te que poderia culminar na cassação do verea-dor. Com a sua renúncia, a vereadora Iraciara Basseto assumiu a vaga na Câmara.

vereador cortez, coitado, é um perseguido

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confecção e distribuição, com menor custo para a Prefeitura. Segundo o relatório, portanto, não houve “ato desonesto”.

cpi da merenda

Processante contra ele por in-dícios de recebimento de van-tagem indevida no exercício de cargo público.

A bancada oposicionista divergiu do relatório e produ-ziu um “voto em separado”. Para ela, havia indícios para que se abrisse uma Comissão Processante contra o prefeito Silvio Félix, por improbida-de administrativa. O relatório oposicionista foi enviando ao Ministério Público em 5 de maio, a pedido do órgão, já que a Câmara Municipal des-considerou a opinião dos ve-readores contrários, enviando apenas o relatório oficial.

do Marques dos Santos.O relatório aponta que

existe divergência no nú-mero de refeições de 2007. Numa escola infantil consta que foram servidas 565,5 refeições/dia, entre abril e outubro, mas só existem 480 estudantes naquela escola. Para serem servidas todas as refeições, seria necessário que não houvesse nenhuma falta, que todos os alunos comessem e que 85 crianças repetissem o prato todos os dias, mas o edital da Prefei-tura considera 40% de crian-ças a menos – das 480 ma-triculadas, 288 fariam suas refeições na escola.

repetissem o prato, quando, na realidade, existe um cálculo

em que 40% dos jovens não fazem as refeições na esco-

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educação

cadê as creches prometidas pelo prefeito silvio Félix?Número de vagas oferecidas é inferior ao número de crianças que precisam de atendimento

A procura por vagas nas creches dobrou; nos dois úl-timos dias de junho registra-ram-se vinte atendimentos no Conselho Tutelar. As mães questionam também sobre o local das creches inauguradas, pois a região sul da cidade é a mais crítica. “Quem precisa da vaga, não tem como pagar o transporte das crianças” – diz a conselheira Claudineia Apa-recida do Amaral, de 40 anos. Segundo o Estatuto da Crian-ça e Adolescente, as crianças devem ser atendidas perto de suas casas. Mas a conselhei-ra diz que, como a creche é um direito, não uma obriga-ção, a Prefeitura não oferece transporte. Mais: até 2004, as

creches atendiam em período integral. Hoje, só a criança-da até três anos é atendida. “Para quem tem mais do que essa idade, a Prefeitura ofe-rece apenas meio período e o tempo restante ela fica sob o cuidado de avós, tios, vizinhos e irmãos. Se as unidades aten-

o mp está de olhoO Ministério Público

acompanha a obra da Creche Ary Cason. O promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua aguarda o prefeito Silvio Félix (PDT) responder em qual data foi construída a creche infan-til, quantas vezes ela precisou de reforma e sob quais justifi-cativas. Ele espera também a apresentação do contrato com a empresa JCM Construtora, vencedora da licitação.

O promotor informou ain-da que já existe uma Ação Ci-vil Pública desde 2010, mo-vida pelo promotor Nelson Peixoto contra o governo mu-nicipal, pela criação de vagas nas creches. A ação teve pare-cer favorável da juíza da Vara da Infância e Juventude, Da-niela Mie Murata Barrichello,

que a julgou procedente e condenou a Prefeitura a abrir 1.800 vagas em unidades de ensino infantil. A decisão, po-rém, foi derrubada e a liminar cassada pelo Tribunal de Jus-tiça – a Prefeitura alegou que “em 2010 criaria essas vagas, com as novas creches cons-truídas”.

Segundo a promotora do Juizado Especial Criminal de Limeira, Regina Furtado, que recebe todos os dias as mães que, apesar de cadastradas em duas ou três creches, não conseguem vagas para seus filhos, a obra está sendo in-vestigada pelo Ministério Pú-blico, que avalia, entre outras coisas, o terreno no qual a creche foi construída, porque julga o local inapropriado.

dessem em período integral, o déficit de vagas dobraria” – afirma a conselheira.

Em 2010, 1.800 crianças estavam na fila das creches. Para abrir mais vagas, a Secre-taria de Educação de Limeira adquiriu 14 imóveis, em de-zembro de 2008, ao custo de

R$ 6 milhões. Todos vão ser reformados. Algumas obras estão atrasadas e outras tive-ram problemas de estrutura, como o caso da Creche Ary Cason, cuja nova quadra des-moronou depois de ser entre-gue há apenas um ano. Outra medida foi a ampliação de três escolas municipais, uma no Parque Residencial Antonio Simonetti, outra no Jardim Campo Belo e a última no bairro Dutra. Porém, os pro-blemas com as reformas e o custo dos imóveis são de res-ponsabilidade da Secretaria de Obras. Segundo ele, sua equi-pe de planejamento somente auxilia na escolha do local da nova creche.

Os bairros que receberão as futuras creches de Limeira são próximos ao centro, como a Vila Cláudia, o Flora e o Cida-de Jardim, considerados bair-ros nobres de Limeira. Mon-tesano acha que vale a pena priorizar creches no centro da cidade, pois os pais preferem deixar e buscar os filhos próxi-mo ao trabalho, o que facilita para eles. E cita como exem-plo as mães enfermeiras da Santa Casa e as comerciantes. Porém, como ficam os bairros além do anel viário de Limeira, considerados mais carentes, de classes D e E? Ele afirma que em bairros como Odécio De-gan e Parque Residencial Er-nesto Kühl a demanda é menor.

inauguração de novas creches: ainda insuficientes

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transporte coletivo

tá caro. mas se fosse só isso...Coletivos velhos. Pontos sem abrigo. Faltam veículos

A população sofre. Espera--se demais pela condução. Há muita demora entre os ônibus – os usuários ficam até uma hora e meia no ponto. Isso quando, lotados, eles passam direto e deixam todos à espera do próximo coletivo. E, ainda por cima, a passagem subiu de R$ 2,40 para R$ 2,70.

Mesmo com o Movimen-to “Nenhum Centavo a Mais” – formado por sindicalistas, Associação de Moradores, Pastorais Sociais da Igreja Católica, estudantes e verea-dores da oposição –, que foi às ruas manifestar-se contra o aumento de 12% da tarifa de ônibus, um dos mais altos da

região, o prefeito de Limei-ra, Silvio Félix (PDT), não se comoveu.

Em abril, um abaixo- -assinado de 7.361 assina-turas foi entregue à prefei-ta em exercício, Elza Tank, presidenta da Câmara de Vereadores, em virtude de o prefeito estar em viagem à Europa e seu vice tam-bém estar fora. Apesar dos protestos, Elza não revogou o aumento assinado pelo prefeito titular, mas com-prometeu-se a entregar o documento a ele e a agendar uma reunião para discutir as reivindicações.

o povo faz fila para pegar uma condução e protesta contra

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Foto síntese – corrupção

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palavras cruzadaspalavras cruzadas

respostas

palavras cruzadas – corrupção

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vale o que vier

sudoku

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Horizontal – 1. Nome da primeira dama de Limeira acusada de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha 2. Nome da cidade onde atuava a acusada Constância Félix 3. (Sigla) Antigo Testa-mento; Cada período ou parte do desenvolvimento de um processo 4. Como se mostraram os procuradores do Ministério Público envolvidos na megaoperação que prendeu Constância Félix, dois filhos e mais nove envolvidos no esquema de corrupção em Limeira. 5. (Sigla) Observatório Nacional; No que mais investe o clã dos Félix 6. Estrela, em inglês; Forma jurídica de constitui-ção de empresas na qual o capital social não se encontra atribuído a um nome em específico; Solitário 7. Quarta nota musical 8. Cargo do qual foi afastado Sivio Félix 9. Ele, em italiano; A pele 10. Pessoa que não tem fé; (Sigla) Organização Não Governamental 11. Atmosfera; Asses-sor político do ex-prefeito Silvio Félix, preso com o bando chefiado por Constância

vertical – 1. Turma que foi apanhada pela Justiça e acusada de malfeitos na cidade 2. Número de policiais destacados na megaoperação do Ministério Público para prender Constância Félix, seus dois filhos e outras nove pessoas; Unidade 3. (Sigla) Novo México; Que se empina 4. Perceber pelos sentidos; Locomover-se 5. Símb. do titânio; Preposição diante de, perante, ante; Objetivo, alvo 6. Lavremos; Convicção 7. Que é própria ou natural de certo lugar; (Sigla) Escola de Zootec-nia 8. Pato-real; 3,1416; (Sigla) Observatório do Clima 9. Porque, visto que; (Sigla) Natural Killer10. Diz-se de como caminhou a fortuna feita por Silvio Félix

palavras cruzadas

CONSTANCIALIMEIRAPATNETAPADESTEMIDOSONIMOVEISSTARSASOFAMPLEPREFEITOLUITEZNIMPIAONGxARRICKO

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