jornal brasil atual - itanhaem 03

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Jornal Regional de Itanhaém www.redebrasilatual.com.br ITANHAÉM nº 3 Maio de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Diretor de trânsito prometia incentivos aos fiscais que multassem Pág. 7 TRÂNSITO CORRUPÇÃO? Sabesp não retira rede de esgoto instalada sob as praias da cidade Pág. 6 ONDA LIMPA COISA SUJA População reclama do serviço da Elektro: “sempre falta luz” Pág. 2 ILUMINAÇÃO UMA ESCURIDÃO ECONOMIA Taxação sobre grandes fortunas ajudaria a saúde e o combate à miséria no Brasil Pág. 4-5 UM IMPOSTO PARA MELHORAR O PAÍS O primeiro assentamento do litoral paulista, em Itanhaém, mostra o seu vigor REFORMA AGRÁRIA DEU CERTO

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Taxação sobre grandes fortunas ajudaria a saúde e o combate à miséria no Brasil uma escuridão trânsito iLuminação coisa suja corrupção? Distribuiçã o nº 3 Maio de 2012 Pág. 4-5 Pág. 7 Pág. 2 Pág. 6 www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Itanhaém Diretor de trânsito prometia incentivos aos fiscais que multassem Sabesp não retira rede de esgoto instalada sob as praias da cidade População reclama do serviço da Elektro: “sempre falta luz”

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Itanhaem 03

Jornal Regional de Itanhaém

www.redebrasilatual.com.br Itanhaém

nº 3 Maio de 2012

DistribuiçãoGratuita

Diretor de trânsito prometia incentivos aos fiscais que multassem

Pág. 7

trânsito

corrupção?

Sabesp não retira rede de esgoto instalada sob as praias da cidade

Pág. 6

onda LimPa

coisa suja

População reclama do serviço da Elektro: “sempre falta luz”

Pág. 2

iLuminação

uma escuridão

economia

Taxação sobre grandes fortunas ajudaria a saúde e o combate à miséria no Brasil

Pág. 4-5

um imPosto Para meLhorar o País

O primeiro assentamento do litoral paulista, em Itanhaém, mostra o seu vigor

reforma agrária

deu certo

Page 2: Jornal Brasil Atual - Itanhaem 03

2 Itanhaém

expediente rede Brasil atual – itanhaém editora Gráfica atitude Ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008Tiragem: 5 mil exemplares distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornaL on-Line

editoriaLEsta edição do jornal Brasil Atual – Itanhaém traz uma repor-

tagem que lembra a primeira reforma agrária no município, quando um grupo de pessoas teve de deixar o rancho Senzala, em Monga-guá – aquela terra virou patrimônio indígena. Sem opção, o pessoal buscou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (In-cra) para obter uma nova área, conquistada, afinal, em 2007, no bair-ro da Equitação. Nascia o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Agroecológico de Itanhaém. A luta não terminou, mas mostra que a união de todos em busca de um sonho é um ato louvável.

Nada louvável, porém, é a ação da Sabesp na cidade, obrigada a retirar os poços de visita – manilhas de um metro de altura, que en-feiavam a orla itanhaense – e que, agora, reluta em fazer o mesmo com a rede de esgoto, que está sob a areia da praia. Feio, também, o papel da Secretaria de Trânsito que se envolveu numa fábrica de multas, descrita na página 7. Enquanto isso, no Brasil, um debate sobre o imposto a ser cobrado dos brasileiros muito ricos – 50 mil pessoas – promete pegar fogo no Congresso Nacional. Eles paga-riam uma irrisória taxa para que o país pudesse atacar as mazelas da saúde e combater a miséria. Assim, ele sairia dessa batalha ecoando o brado de um slogan que retumbaria, de vez, por toda a Nação: País rico é um país sem pobreza. É isso. Boa Leitura!

iLuminação PúbLica

o lado escuro da luzMoradores reclamam de serviço prestado pela Elektro

Desde o final de abril, as reclamações contra o serviço de iluminação pública ofere-cido pela empresa concessio-nária de energia Elektro au-mentaram muito. A moradora do Jardim Sabaúna, Cristina Oliveira Braga, argumenta: “Eu pago todos os meses uma taxa de iluminação pública na minha conta de luz e na minha rua falta iluminação”. Segundo ela, a Rua Mamedio Oliveira Tambuque – uma via de movimento, pois é alterna-tiva à Avenida Harry Forssell

que estão sempre prontos para assaltar.”

O comerciante Marcelo Bon-fim comenta que a rua em que trabalha, a Avenida Clara Mar-tins Zwarg, também tem a ilu-minação precária. “Não sei se é por causa das chuvas, mas as ruas pouco iluminadas são peri-gosas para todos.” Bonfim conta do mesmo problema na Avenida Beira Mar: “à noite, a gente quer pedalar de bicicleta pela Aveni-da Beira Mar, mas é impossível, pois você vê três postes acesos e outros vinte apagados”.

– foi asfaltada há mais de um ano e persiste sem iluminação adequada. “Quem se aprovei-ta da situação são os ladrões,

biathLon

itanhaém fatura 13 medalhas O domínio do pódio na categoria infantil masculino

A equipe de biathlon de Itanhaém obteve ótimo de-sempenho na 2ª Etapa do Fast Biathlon, que ocorreu em 29 de abril, na Ponta da Praia, em Santos. A delegação da cidade foi representada por 18 esportistas, e brilhou: ao final da disputa trouxe para casa 13 medalhas – cinco de ouro, cinco de prata e três de bronze. O destaque foi a categoria infantil masculino. As três baterias de 250 m de natação e 500 m de corrida não foram problemas para os meninos de 11 a 14 anos, que ficaram nas três primei-ras posições no pódio, com Matheus Prazeres, Guilher-

me Bolanha e Lucas Prazeres, respectivamente.

O atleta e treinador Yuca-tán Koki, medalhista de prata na categoria adulto de 35 a 39 anos, surpreendeu-se com o desempenho da equipe e aponta o resultado como um

prêmio para o exaustivo trabalho. “Treinamos muito para essa etapa, porém não imaginávamos que o resul-tado fosse esse. O nosso pe-ríodo de treinos foi grande e estamos satisfeitos com a marca atingida” – diz Koki.

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3Itanhaém

reforma agrária

o primeiro assentamento, a gente nunca esquece

Produção sustentável os velhos problemas de sempre

Seu Luizão: da expulsão em Mongaguá ao desenvolvimento sustentável em Itanhaém Por Enio Lourenço

Cerca de 50 famílias ha-bitavam o rancho Senzala, na região do Rio Bixoró, em Mongaguá, e viviam do culti-vo de banana, mandioca, cana e cacau quando, em 1998, um decreto homologou aquela área – 4.500 hectares (45 km²) da região da Mata Atlântica – como terra indígena. Por causa de uma dívida histórica com os índios, esses pequenos produtores rurais deixaram suas casas e abandonaram a própria história, de quase meio século, e foram procurar nova alternativa de vida.

Luiz Henrique da Silva, o Luizão, 56 anos, era um desses agricultores e, de uma hora para a outra, viu-se sem ter para onde ir com a mulher e os filhos. Lui-zão sabia que esperar uma deci-

são de última instância na Justi-ça podia levar anos, e a vontade de recomeçar urgia. Decidiu, então, ser um assentado do In-situto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e, tomando as rédeas do processo, correu atrás da chance de dar a volta por cima.

Ao procurar o Incra, Lui-zão foi orientado a organizar

uma associação de bairro com os outros sitiantes, expulsos de Mongaguá. Depois, foi in-formado de que o órgão não dispunha de pessoal para pro-curar um terreno para virar assentamento. E propôs que o grupo cumprisse essa tarefa. “A gente montou uma comis-são e abriu o leque de alter-nativas. Foi quando o pessoal

do Sindicato dos Servidores e Funcionários Públicos Mu-nicipais e Autárquicos de Itanhaém e Mongaguá (SIS-PUMI) soube que havia uma fazenda à venda no Jardim Coronel. A comissão foi lá, e não deu outra: em 1º de agosto de 2007 nasceu o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Agroecológico de Itanhaém –

o primeiro assentamento do litoral paulista.

Houve uma grande festa, quando se lavrou a escritura do assentamento. O espaço, porém, não comportava todas as famílias. Luizão não esque-ce dos companheiros que ain-da hoje estão na fila de espera para encontrar uma terra para produzir. E lamenta a lentidão da reforma agrária. “Não va-mos deixar de lutar! A Asso-ciação faz reuniões e organiza o pessoal para que tenha o seu assentamento. Não podemos esquecer que, após a nossa retirada brusca de Mongaguá, muitas pessoas tiveram de ir morar na casa de parentes, dei-xaram de produzir e acabaram adoecendo ou falecendo. Por isso, temos muito que lutar!”

Seu Luizão e seu filho Daniel Arcanjo da Silva cul-tivam hortaliças – alface, couve-flor, rúcula, etc. – no assentamento. Ao som das bandas Creedence Clearwa-ter Revival e Tribo de Jah, tocados no celular, Seu Lui-zão conta: “É gostoso traba-lhar ouvindo esse som, eu me sinto bem, a cabeça vai pra outro lugar”. Devido às chu-vas na Baixada Santista, eles montaram uma estufa de mé-dio porte para superar as ad-versidades climáticas. “Com o adubo correto, as folhosas vão muito bem na estufa.”

A produção agrícola deles é 100% orgânica. Ninguém utiliza agrotóxicos ou adubo

químico. “Aprendi a coletar micro-organismos na floresta com o dr. Kanai, funcionário da Prefeitura.” Os agriculto-res ressaltam que o diferen-cial na produção de alimentos dos assentados é que todos têm consciência ecológica. “A gente vive em harmonia com os animais. E todo mun-do já percebeu que o alimen-to orgânico é o melhor para a vida, mais saudável e mais saboroso” – diz Seu Luizão.

Os assentados de Itanhaém enfrentam dificuldades. Des-de que chegaram ao bairro Equitação, em 2007, eles têm problemas para escoar os alimentos para a cidade. É que entre o assentamento e o centro de Itanhaém há um ter-reno particular do empreendi-mento imobiliário Fluvila e, por isso, a Prefeitura não se interessa em asfaltar as vias de acesso ao assentamento, o que os deixa ainda mais isola-dos do outro lado da margem do Rio Preto, principalmente em dias de chuva.

Outro problema é a drena-gem. Antes, o terreno perten-cia a uma fazenda e de tanto o gado pisoteá-lo, assoreou

o rio e os drenos estão todos entupidos. Por isso, quando chove muito o alagamento é inevitável. “Não é preciso no-vos drenos, basta que reabram os existentes.” Luizão já pediu, em nome dos assentados, me-lhorias no sistema de água: “É preciso estender a faixa de água, que vem de trás da serra, até o último lote do assentamento. Com água potável, produzimos

melhor”. Ele também se quei-xa da falta de crédito. “Nós queríamos comprar um tra-torzinho para melhorar a pro-dução, mas é difícil ter acesso ao recurso; a dificuldade do pequeno produtor no Brasil é muito grande.”

Luizão não perde a espe-rança e tem a consciência da importância do seu trabalho. “Olha, se eu morrer amanhã, morrerei feliz. Embora não tenhamos produzido o quanto temos de potencial, o esforço da luta e do que construímos até agora é satisfatório. Mas, no final de tudo, queremos di-zer, de cabeça erguida: eu dei a minha contribuição para a fome zero neste país.”.

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4 Itanhaém

economia

um imposto que não mata ninguém. e vale muito

imposto sobre grandes fortunas

contribuição social das grandes fortunas

Tributação das grandes fortunas seria para a saúde pública e o combate à miséria Por Maurício Thuswohl

A criação de um Impos-to sobre Grandes Fortunas (IGF), prevista na Constitui-ção Federal de 1988, está su-bordinada à aprovação de lei complementar para entrar em vigor e até hoje não virou rea-lidade. O debate sobre a taxa-ção das fortunas voltou à tona no ano passado, por causa da Emenda 29, que fixou os per-centuais mínimos que União,

Estados e municípios devem investir na saúde. Defensores e críticos da tributação pra-ticada em outros países vol-taram a tornar públicos argu-mentos de uma discussão que ganha corpo. Em 1989, o Se-nado aprovara um projeto de lei complementar do então se-nador Fernando Henrique Car-doso (PSDB-SP) que punha em vigor o IGF, mas permitia

Elaborado pelos deputa-dos Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP) e Luciana Genro (RS, sem mandato), do Par-tido Socialismo e Liberdade (PSOL), o projeto de lei do Imposto sobre Grandes For-tunas (IGF) visa complemen-tar a Constituição Federal.

Em 2011, no debate sobre a Emenda 29, o deputado Dr. Aluizio (PV-RJ) criou a Con-tribuição Social das Grandes Fortunas (CSGF). A relatora do projeto na Comissão de Seguri-dade Social e Família, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), apresentou emenda para que a arrecadação proveniente da CSGF fosse direcionada a ações e serviços de saúde. O dinheiro seria encaminhado ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) e fi-nanciaria o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a de-putada, a CSGF atingiria mais de 55 mil contribuintes com patrimônio superior a R$ 4 mi-

lhões. Seu relatório previa nove alíquotas para a CSGF, a serem pagas anualmente: 0,4% (entre R$ 4 milhões e R$ 7 milhões); 0,5% (de R$ 7 milhões a R$ 12 milhões); 0,6% (de R$ 12 mi-lhões a R$ 20 milhões); 0,8% (de R$ 20 milhões a R$ 30 mi-lhões); 1% (de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões); 1,2% (de R$ 50 milhões a R$ 75 mi-lhões); 1,5% (de R$ 75 mi-lhões a R$ 120 milhões); 1,8% (de R$ 120 milhões a R$ 150 milhões); e 2,1% para patrimô-nios acima de R$ 150 milhões.

A deputada ressalta que as alíquotas produziriam efeito sobre a arrecadação e

baixíssimo impacto para os contribuintes atingidos face à evolução patrimonial: “A Receita Federal informa que, em 2009, o patrimônio das pessoas que superava R$ 100 milhões elevou-se de R$ 418 bilhões para R$ 542 bilhões – 30% de crescimento num ano.

Assim, uma tributação de 2% representa pouco para esse di-minuto segmento social, mas significará um belo aporte de recursos para a saúde públi-ca, que atende 190 milhões de brasileiros” – diz Jandira. Se aprovada na Comissão de Seguridade Social e Família,

a CSGF passará por duas co-missões antes de ir a votação. O trâmite se estenderá pelo primeiro semestre de 2012. O objetivo dos defensores da proposta é evitar que se repita a situação do projeto que está a hibernar na gaveta da Mesa Diretora.

que os valores pagos fossem deduzidos do imposto de ren-da. Na Câmara, o projeto aca-bou substituído por outro, do PSOL, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça em junho de 2010 e pronto para ir a voto em plenário. No entan-to, dorme em alguma gaveta da Mesa Diretora à espera de uma decisão política que des-trave a discussão.

Ele determina que o imposto incida em 1% sobre os pa-trimônios de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões; em 2%, entre R$ 5 milhões e R$ 10 mi-lhões (26.206 pessoas em 2008, segundo a Receita Federal); em 3%, entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões

(10.168 pessoas); em 4%, entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões (5.047 pes-soas); e em 5% sobre pa-trimônios acima de R$ 50 milhões (1.327 pessoas – há, ainda, 997 pessoas com patrimônio acima de R$ 100 milhões).

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alíquota do imposto sobre grandes fortunas, em milhões

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5Itanhaém

imposto ou contribuição social: o que é melhor?

como é lá fora

O professor de Direito Tri-butário da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro Bruno Macedo Curi acha que o Im-posto sobre Grandes Fortunas (IGF) deve prevalecer sobre a contribuição (CSGF). Ele lembra que entre os objetivos constitucionais do Brasil es-tão a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das desigualdades sociais: “O

combate à pobreza é algo ca-ríssimo. Por isso, buscou-se um instrumento tributário e a receita do IGF ficou vincu-lada ao Fundo de Combate à Pobreza”.

Segundo Curi, não have-ria dupla tributação do IGF e do Imposto de Renda porque “não há duas incidências so-bre o mesmo bem; o IGF não tributa a renda, mas o capital.

Renda é o acréscimo de patri-mônio (tributável pelo IR) e a grande fortuna é o patrimô-nio em si. Se uma pessoa com grande fortuna não acrescer seu patrimônio durante um ano-calendário, não pagará imposto de renda, mas pagará o IGF”. O tributo, portanto, atua sobre o patrimônio de quem concentra grande parte da renda nacional.

Segundo Curi, o calcanhar de Aquiles é a possibilidade de o IGF provocar fuga pa-trimonial do país. “Eis um ponto crucial. O imposto não incide sobre o patrimônio de fora do país, ao contrário do Imposto de Renda, que tem previsão constitucional para isso. Assim, é preciso haver uma emenda constitucional destinada a evitar a previsível

evasão de divisas. Até porque, quanto maior o patrimônio do cidadão, tanto maior será sua mobilidade” – diz o professor, para quem uma alternativa possível, mas não ideal, seria a União aumentar o IOF sobre certas remessas de dinheiro para o exterior. “Mas isso, in-felizmente, não é à prova de fraudes e demandaria maior esforço de fiscalização.”

Em 1922, na Alemanha, a tributação, com alíquotas de 0,7% a 1%, atingia não apenas quem possuía bas-tante dinheiro, mas também poder econômico e político. O imposto foi declarado inconstitucional em 1995. Desde então, aguardam-se novas regras para que volte a ser cobrado.

Na França, o Imposto de Solidariedade sobre a For-tuna, ainda em vigor, tem alíquotas de 0,5% a 1,5% e incide sobre o patrimônio líquido de pessoas físicas. Foi recriado pelo presiden-te François Mitterrand, em 1988. Outros países euro-peus que tributam as fortunas são Áustria, Suécia, Finlân-dia, Islândia, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Holanda, em 2001, e Dinamarca, em 1996, o aboliram em um pas-sado recente; há mais tempo, Itália (1947) e Irlanda (1978) o deixaram de lado.

Nos países anglo-saxões, a taxação de grandes fortu-nas nunca pegou. Na Ingla-terra, as discussões sobre a sua criação foram de 1960 a 1974, quando se formou

uma comissão especial para decidir sobre o tema. Ela constatou que a instituição de um imposto sobre gran-des fortunas substituiria um imposto sobre patrimônio já existente, impedindo sua adoção. Nos Estados Uni-dos e no Canadá, o debate foi abandonado na primeira metade do século 20, mas ambos possuem sistemas próprios de impostos, cha-mados de property tax, que incidem sobre a proprieda-de e não sobre o patrimônio global dos contribuintes.

Nos países emergentes, a África do Sul e a China não tributam as grandes fortunas. Na Índia, desde 1957, existe um imposto anual sobre o patrimônio líquido com alí-quotas que variam entre 1% e 5% sobre os bens das pes-soas físicas e jurídicas que excedam um limite estabele-cido pelo governo. O modelo indiano, no entanto, isenta da cobrança do imposto pro-priedades agrícolas, obras de arte, bens de uso pessoal e até um imóvel do contribuin-te, desde que comprovada-mente habitado por ele.

afortunadosGrandes Fortunas do Brasil

pessoas com patrimônio superior a

R$ 100 milhões

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26.206 pessoas com

patrimônio entreR$ 5 e R$ 10 milhões

10.168 pessoas com

patrimônio entreR$ 10 e R$ 20 milhões

5.047 pessoas com

patrimônio entreR$ 20 e R$ 50 milhões

1.327 pessoas com

patrimônio entreR$ 50 e R$ 100

milhões

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6 Itanhaém

Programa onda LimPa

sabesp causa transtornos à população de itanhaém

obras de esgoto afastaram os turistas do suarão

a nota à imprensa da sabesp onda Limpa

Empresa – não se sabe por quê – posterga retirada da rede de esgoto sob as praias da cidadeO programa estadual Onda

Limpa gera descontentamento em Itanhaém. Depois do mal- -estar causado pela instalação impositiva de 100 poços de visita de esgoto (tubos de con-creto, com um metro de altura) nas praias do Satélite, Suarão, Cibratel e Gaivota, retirados por ordem da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) – eles enfeiavam a costa e in-viabilizavam a utilização das praias –, agora o impasse está na rede de esgoto, mantida sob a faixa de areia.

A intervenção da Sabesp é ilegal. A empresa ampliou a rede de saneamento e trata-mento de esgoto da cidade sem

possuir licença ambiental para construir nas praias. Segundo o coordenador da SPU na Bai-xada Santista, Sérgio Martins,

a Sabesp não tinha autorização para realizar a obra. “Ela pos-suía licença apenas para cons-truir a rede de esgoto em torno

da Avenida Beira Mar. Como a União é a responsável pela conservação das praias do Bra-sil, nós pedimos a retirada das tubulações da faixa de areia.”

Martins afirma que numa reunião com a Sabesp e a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Ce-tesb), a SPU cobrou de novo que a rede de esgoto fosse retirada. “O superintendente do Programa de Recuperação Ambiental da Baixada Santis-ta da Sabesp, José Luiz Salva-dori Lorenzi, comprometeu--se em realizar um estudo de realocação da rede e obter as licenças ambientais na Ce-tesb.” Caso a situação persis-

ta, Martins vai entrar com um procedimento administrativo investigatório no Ministério Público Federal (MPF). “Va-mos entrar com um recurso por meio da Advocacia Geral da União” – finaliza.

Para o guarda-vidas Jéfer-son Barros, de 27 anos, a ins-talação da rede de saneamento sob a faixa de areia só causou confusão. “Desde o ano pas-sado, as praias são um can-teiro de obras e os banhistas são obrigados a conviver com ele. É maquinaria, ferramen-tas e concreto pra todo lado. E, pior, só cercaram as obras depois que duas crianças so-freram pequenos acidentes”.

O comerciante Rosálio Marques de Almeida, o Cea-rá, mantém um quiosque de comidas típicas nordestinas na praia do Suarão. Ele mora em Itanhaém há mais de 20 anos e não se lembra de outra obra que tenha causado tanto trans-torno à cidade. “A população e os turistas reagiram mal à construção da obra” – diz.

O jornal Brasil Atual procurou o engenheiro José Luiz Salvadori Lorenzi, su-perintendente do Programa de Recuperação Ambiental da Baixada Santista. A asses-soria de comunicação da Sa-besp informou que não seria possível ele atender. E emitiu

O Programa Onda Limpa visa a recuperação ambiental do litoral paulista. Seu objeti-vo é ampliar para 95% o índi-ce de coleta de esgoto, que era de 53%, em 2008, no início do programa. Segundo a Sabesp, os investimentos são de R$ 1,4 bilhão na Baixada Santista e R$ 500 mil no Litoral Norte.

a seguinte nota à imprensa:Com relação à exigência da

regularização da rede de esgoto nas praias de Itanhaém, a Sa-besp informa que, em reunião com representantes da SPU e da Cetesb, no dia 10 de maio, foi dado andamento às providên-cias visando à regularização do

sistema. O trecho de praia em operação já beneficia mais de cinco mil famílias com a cor-reta coleta e o tratamento do esgoto na cidade. Quanto aos poços de visita, a Sabesp es-clarece que a retirada deles foi concluída conforme crono-grama acordado junto à SPU.

A previsão de conclusão das obras era dezembro de 2011, mas até agora, em Itanhaém, elas não foram finalizadas.

Sua freguesia, antes assídua, diminuiu devido ao Programa Onda Limpa, da Sabesp. “O mau cheiro era forte e desa-gradável; ninguém aguentava ficar na praia, muitos turistas deixaram de vir para cá nos úl-timos meses” – constata.

Ceará observa que o re-sultado desse mexe-mexe no esgoto é que, de madrugada,

com a subida da maré, o lixo se acumula e aparecem ratos por todos os lados. A permanência da rede de esgoto sob a faixa de areia também traz inseguran-ça. “Não tenho dúvida de que esse encanamento embaixo da areia vai estourar e causar um desastre ambiental. Em alguns anos, a tubulação estará entu-pida e vai apodrecer devido à

maresia.” Ceará é rigoroso: “A Prefeitura e o governo do estado se preocupam em cobrar impostos caros, mas não dão condições pra gen-te trabalhar. Nada fazem de bom para a cidade. Não há investimentos para trazer o turista a Itanhaém, ao con-trário, deixam a cidade cada vez mais feia”.

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7Itanhaém

trânsito

suspeita de corrupção na secretaria de trânsito

Vereadora criticao desabafo dos agentes

Hélio Cursino promete remuneração adicional aos agentes que multarem motoristasEm abril, vazou na internet

– e repercutiu na cidade – um vídeo que apontava indícios de corrupção na Secretaria de Trânsito e Segurança de Ita-nhaém. O protagonista era o diretor de trânsito, Hélio Cur-sino, que prometia uma remu-neração adicional aos agen-tes, caso eles aumentassem a fiscalização. “Eu falei para o secretário que, se o agente de trânsito tiver um incentivo, ele trabalha melhor. E ficou ajusta-do o seguinte: se vocês fiscali-zarem melhor, vão ter 20 horas extras por mês no abono.” Cur-sino foi afastado por 15 dias e responde a um procedimento administrativo (sindicância) instaurado pela secretaria.

No vídeo (retirado do site You Tube), Cursino cita que um agente de trânsito não pode ficar 30 dias na zona azul da

Rua Cunha Moreira, no Cen-tro, e voltar de lá com duas multas. O exemplo deixou a população inconformada. A autônoma Andrea da Silva re-lembra que “os vendedores de talões de zona azul muitas ve-zes nem estão na rua”.

Apesar de Cursino con-temporizar ao final do vídeo dizendo que “ninguém tá mandando multar ninguém”, os motoristas da cidade se re-voltaram. A estagiária de cor-retora de imóveis Ana Caroli-na dos Santos acha o fato “um

abuso de poder”. Ela acredita que “fica perceptível que a fiscalização no trânsito não é para autuar os motoristas que cometem infração, mas um indício da existência de uma fábrica de multas para ganhar dinheiro”.

A vereadora professora Re-gina não tem dúvidas de que a iniciativa do diretor de trânsi-to Hélio Cursino, de incitar o aumento do número de multas e propor a bonificação de hora extra, não tenha partido dele. A parlamentar vê a necessi-dade de se apurar o envolvi-mento dos secretários e outros membros da Prefeitura: “Te-mos de punir os verdadeiros culpados dentro da adminis-tração pública, pois eu tenho certeza que aquela orientação não partiu da cabeça dele”.

Segundo a vereadora, ela foi procurada pela população para apoiar um abaixo-assinado para se cancelarem as multas

aplicadas nos últimos quatro meses (período de quando data o vídeo). “É necessário transpa-rência na gestão pública. Preci-samos questionar a Prefeitura sobre o volume de multas nos últimos quatro meses, qual o montante do valor arrecadado, a destinação do dinheiro das mul-tas, o valor pago em horas extras aos agentes de trânsito e a anula-ção das multas no período.”

Em entrevista à TV Re-cord, sete dos 17 agentes de trânsito de Itanhaém (que não se identificaram com medo de retaliações) fizeram denún-cias de assédio moral contra o diretor Hélio Cursino. Algu-mas revelações indicam que a troca dos postos de trabalho e da escala dos funcionários eram constantes no órgão, chegando a levar os funcio-nários a pedirem exoneração.

Um dos agentes ratifica a diretriz de Cursino no vídeo: “Ele quer um número maior de autuações, mas a fiscali-zação é feita pelos agentes e nós não podemos ser pres-

O secretário adjunto de Trânsito e Segurança, Dou-glas de Assis, disse que não existia ordem da secretaria de aumentar as multas, já que a média de autuações nos últi-mos meses é a mesma. Assis garante ter assistido ao vídeo antes de ele ser veiculado na internet e não ficou preocu-pado porque a íntegra do ma-terial dava um entendimento diferente do vídeo editado. “O vídeo não causa constran-gimento algum e a população não pode ter dúvidas do ór-gão público” – pontua Assis.

tudo bem

sionados a aumentar o número de multas”. Os denunciantes revelam que os agentes de trânsito que mais autuassem recebiam outros privilégios, além das horas extras, como a promoção a cargos de coorde-nadoria.

Num desabafo, um agente

de trânsito diz: “Nosso ob-jetivo é trabalhar com tran-quilidade, dignidade, até mesmo para não ser parado na rua e ser chamado de cor-rupto, ou de um agente que se favorece ao fazer autua-ções ilegais para arrecadar fundos para o município”.

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8 Itanhaém

foto síntese – antiga cadeia PaLaVras cruzadasPaLaVras cruzadas

respostas

PaLaVras cruzadas

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

VaLe o que Vier

sudoku

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Palavras cruzadas

CaRTOManTEapaRadORpREMOSRpIaLaTInaRSMaaSaESTERaRuSpOLIaOILapROnTaRadaRTLaOFICInEIROSOLOEMpOS

horizontal – 1. Quem lê o futuro nas cartas 2. Móvel sobre o qual se põem travessas com a comida a ser servida em uma refeição 3. Tribo indígena da bacia do Javari; 3,1416 4. adotar os procedimentos dos povos latinos 5. Maldosa; Cada um dos membros anteriores das aves, providos de penas, que ger. servem para voar; 6. É, em francês; Comprar garrotes jovens para mais tarde revendê-los; universidade de São paulo (sigla) 7. Óleo, em inglês 8. preparar 9. Contração da preposição de com o artigo definido feminino a; Reserva técnica (sigla)10. profissional que trabalha em oficina 11. Chão, piso; após, depois de.

Vertical – 1. Que se converte em caramelos 2. pedir socorro; parágrafo 3. Ramagem; ar, em inglês; 49, em algarismos romanos. 4. andar (a montaria) entre o passo e o galope; a região dos mortos 5. Lugar com água e vegetação no meio de um deserto; diz-se de um dos dois isômeros em certos compostos que apresentam ligação dupla entre dois átomos de nitrogênio 6. 1.500, em algarismos romanos; denominação de vários tipos de navio, com um ou mais mastros e velas redondas 7. agora, forma arcaica; Mais adiante 8. nota da Redação; Tornar a pôr; a identidade do computador (sigla) 9. argola 10. no novo Testamento, cada uma das cartas escritas pelos apóstolos às primeiras comunidades cristãs; Símbolo do ósmio.

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