jornal brasil atual - limeira 17

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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 17 Outubro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual “Casa de autistas é inadequada” – dizem mães de crianças Pág. 6 SAúDE CEMA EM XEQUE A trajetória de um operário que virou pivô da Winner Pág. 7 BASQUETEBOL DANIEL ALEMÃO Limeira está pré- -selecionada para receber a bolada Pág. 2 PAC-2 R$ 329 MILHÕES Como atuavam as empresas de alimentação acusadas de malversação CPI A MáFIA DA MERENDA PERFIL Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era um desconhecido jogador do Grêmio Pág. 4-5 NEYMAR, O JUNINHO DA PRAIA GRANDE

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Limeira 17

Jornal Regional de Limeira

www.redebrasilatual.com.br limeira

nº 17 Outubro de 2012

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

“Casa de autistas é inadequada” – dizem mães de crianças

Pág. 6

saúde

cema em xeque

A trajetória de um operário que virou pivô da Winner

Pág. 7

BasqueteBol

daniel alemão

Limeira está pré- -selecionada para receber a bolada

Pág. 2

Pac-2

R$ 329 milhões

Como atuavam as empresas de alimentação acusadas de malversação

cPI

a máfIa da merenda

PerfIl

Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era um desconhecido jogador do Grêmio

Pág. 4-5

neymar, o junInho da PraIa grande

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2 Limeira

expediente Rede Brasil atual – limeiraeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros Redação Ana Lucia Ramos, Enio Lourenço, Ivanice Santos, Lauany Rosa e William da Silva Revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman Telefone (19) 9708-0104 / (11) 3295-2800 Tiragem: 15 mil exemplares distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-lIne

Cidade poderá ter R$ 329 milhões para urbanização

Pac-2

limeira é pré-selecionada

edItorIal

Antes de mais nada, é preciso desejar muito boa sorte ao prefeito eleito de Limeira, Paulo Hadich, do Partido Socialis-ta Brasileiro, que liquidou a fatura no primeiro turno e, por isso, sai revigorado das urnas. Tomara que as promessas feitas na campanha sejam cumpridas para que Limeira esqueça de vez esse tufão malcheiroso que ainda impregna os ares da ci-dade chamado Silvio Félix. Aliás, a CPI da Merenda acabou como todo mundo imaginava, revelando um conluio existente entre a Prefeitura e as empresas de alimentação. Espera-se, agora, que os culpados sejam punidos e que a gente sepulte de vez essa horda de trambiqueiros que se apoderou de Limeira.

A gente também chama a atenção para o que se passa no Centro de Especialização Municipal do Autista – o CEMA –, entidade que cuida das crianças autistas. As mães se queixam de que a casa onde ela está instalada é inadequada e que fal-tam profissionais para cuidar dos menores. Além disso, o jor-nal mostra também uma realidade pouco conhecida dos torce-dores brasileiros, que aprenderam a ser fãs do melhor jogador do futebol nacional na atualidade: a infância de Neymar, vivi-da no Jardim Glória, na Baixada Santista, bairro da periferia da Praia Grande, onde ele começou defendendo um clube que existe até hoje, o Grêmio, e onde estão os antigos amigos que esperam uma visita do craque, ainda que seja apenas de reco-nhecimento pelas velhas amizades. É isso. Boa leitura!

Limeira foi uma das 29 ci-dades pré-selecionadas pelo governo federal para receber verba de projetos do Progra-ma de Aceleração do Cresci-mento (PAC-2), que deverá ser utilizada em dois projetos: na construção de quatro sub-terminais de ônibus na área urbana – nos bairros de Nos-sa Senhora das Dores (região oeste), Jardim Aeroporto (re-gião sul), Jardim Parque Hi-pólito (região leste) e Jardim Egisto Ragazzo (região nor-te) – e quatro subterminais na zona rural, nos bairros Lopes, Tatu, Pires e Parronchi.

A transferência da rodo-viária – para que o Terminal

Central Urbano seja ampliado – e a expansão do anel viário em 28 km também são obras previstas na primeira etapa. O segundo projeto prevê a cons-trução de uma rodovia de co-nexão com o Rodoanel, que terá 35 km e passará ao redor da cidade, ligando a Rodovia Anhanguera à Bandeirantes.

O secretário municipal dos Transportes, Rodrigo Olivei-

ra, afirmou que a documenta-ção necessária está sendo pre-parada e será encaminhada ao Ministério das Cidades, que tem até 14 de dezembro para contemplar ou não o municí-pio. Caso tudo corra bem, as obras terão início em 2014 e, segundo o prefeito Orlando Zovico, nos próximos três ou quatro anos Limeira terá um desenvolvimento fantástico.

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Candidato do PSB foi eleito com 70.599 votos

eleIção 2012

Paulo hadich, o novo prefeito

Na eleição municipal de Limeira, o vitorioso foi Paulo Hadich, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), eleito prefeito da cidade com 70.599 votos. Além dele, 21 vereadores foram eleitos, sendo quatro do PT, dois do PR, dois do PDT, dois do PSB, dois do PMDB, dois do PSC, dois do PRB. PSD, DEM, PPS, PSDC e PPL ele-geram um vereador cada um.

O prefeito eleito é descen-dente de alemães e portugue-

ses e nasceu na cidade de Dia-mantina, em Minas Gerais. Paulo Hadich é casado há 25 anos com Deise Hadich e tem três filhas,

Mayara, Heloísa e Ana Paula. Formado em Direito, come-çou a carreira como bancário, trabalhou no Poder Judiciário, foi professor e é delegado de polícia há quase 20 anos. Sua carreira política teve início em 2008, como vereador – ele fi-cou famoso por participar da apuração da existência de fun-cionários fantasmas na Pre-feitura Municipal de Limeira. Em 2010 candidatou-se à vaga de deputado estadual, mas não se elegeu.

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3Limeira

Ex-gestores públicos e empresas de alimentação são acusados de malversação

cPI da merenda

como ocorriam as fraudes nos processos licitatórios

Vereadores constatam que havia cartel de empresas

Após dois anos tentando investigar a máfia da alimen-tação escolar em Limeira, os vereadores da oposição con-seguiram, na segunda Comis-são Parlamentar de Inquérito (CPI) da Merenda, chegar à produção de um relatório fi-nal – a primeira foi cheia de obstruções e coordenada pela base governista do prefeito cassado Silvio Félix. O docu-mento aponta fraudes nos con-tratos e relações escusas entre a Prefeitura e as empresas ali-mentícias SP Alimentação e Le Baron.

Para o vereador Ronei Costa Martins (PT), relator do processo, a licitação nasceu viciada, com cláusulas de fa-

vorecimento às empresas. “O primeiro edital revelava que 40% dos alunos não comiam a merenda escolar porque

traziam lanches ou já vinham alimentados de casa. Porém, reeditou-se o edital, retirando essa revelação. A partir daí,

as empresas alegaram servir a merenda escolar para 100% dos alunos, o que é mentira” – afirma Ronei.

A estratégia fraudulenta da SP Alimentação e da Le Baron se estendia para as es-colas. Os funcionários eram orientados a diminuir as por-ções de comida, estimulando as crianças a repetirem a re-feição, porque as empresas cobravam por prato servido. “Havia escolas com 170 alu-nos que serviam 400 meren-das por dia. As crianças co-meriam duas refeições e um grupo de 60 delas repetiria três vezes para chegar a essa quantidade, sem considerar que nenhuma delas faltasse à

aula” – diz o relator da CPI. O edital previa ainda que as empresas servissem a meren-da escolar pronta, mas elas usavam as escolas para arma-zenar e preparar as refeições – Limeira, portanto, pagava a água e a energia gastas por elas. Segundo estimativa do Tribunal de Contas da União (TCU), no custo final da me-renda escolar, 15% são despe-sas de energia elétrica e 2,5% de água. Os 17,5% de água e energia era a população quem pagava, pois no contrato e no edital não havia cláusula de dedução desse valor para o município. O prejuízo para os cofres públicos foi de R$ 2 milhões ao ano.

Os vereadores também constataram a existência de um cartel de empresas de alimentação escolar que simulavam concorrência nas licitações. De acordo com denúncias levadas ao Ministério Público, Le Ba-ron, SP Alimentação, Ver-durama, Terra Azul, Ceasa, Gourmet e Jcuan compõem a máfia da merenda no es-tado de São Paulo e promo-vem uma dança das cadeiras no quadro de seus proprietá-rios. O nome de Wilson do Nascimento, por exemplo, aparece em três empresas – a Le Baron, a Verdurama e a Gourmet. Elas se apresenta-vam nos editais e já se sabia quem iria perder.

Nas oitivas da CPI, a dona da Le Baron, empresa respon-sável pela merenda entre 2009 e 2012, Marisa Bortolotto Ri-beiro, negou as acusações. A empresária, que também é acionária da Terra Azul, afir-mou que a relação de suas em-presas com as demais é de con-corrência. “Ela mentiu. Vimos nos contratos que as duas em-presas, da mesma dona, partici-param da mesma concorrência aqui em Limeira, para fornecer refeição para o Restaurante do Trabalhador, o que é crime” – diz o vereador Ronei.

O envolvimento do ex- -prefeito Silvio Félix e do ex--secretário de Educação An-tônio Montesano também foi comprovado pela CPI, devido

à condução que deram à licita-ção. “Em 1º de junho de 2009, o edital de licitação foi feito em duas horas. Houve uma força tarefa de 15 funcioná-rios de quatro secretarias para fazer essa articulação, sob a conivência e a orientação de ambos” – acentua o vereador. Silvio Félix, Constância Félix (ex-primeira dama) e Antônio

Montesano podem responder pelos crimes de improbidade administrativa; Marisa Borto-lotto, por crimes contra a or-dem tributária, econômica e relações de consumo, além de improbidade administrativa.

O relatório da CPI foi enca-minhado aos seguintes órgãos: Ministério Público Estadual (MP-SP), Ministério Público

Federal (MPF), Polícia Ci-vil, Polícia Federal, Fundo Nacional de Desenvolvi-mento da Educação (FNDE), Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria Geral da União (CGU), Assem-bleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Congresso Nacional e Conselho de Ali-mentação Escolar (CAE).

Desde agosto, a merenda escolar voltou a ser munici-palizada e teve a aprovação de qualidade do CAE. A CPI da Merenda propôs a agricul-tura familiar como alternativa para obtenção de alimentos saudáveis, livres de agrotó-xicos, conservantes, açúcares e como meio de beneficiar o pequeno produtor rural.

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O garoto esbanjava talento entre a molecada e o time de várzea do Jardim Glória Por Enio Lourenço

PerfIl

neymar em Praia grande, no tempo em que era juninho

os primeiros chutes no campo do time de várzea

Neymar da Silva Santos Júnior nasceu em Mogi das Cruzes e teve uma infância nômade devido às empreitadas futebolísticas do pai, também ele um atacante. Antes de a fa-mília Silva Santos desembar-car na Baixada Santista, eles moraram em Várzea Grande, no Mato Grosso, onde o Seu Neymar vestiu a camisa do Operário Futebol Clube e se sagrou campeão estadual, em 1997, quando Neymar Júnior tinha cinco anos de vida.

Chegando ao litoral paulis-ta, a família viveu na casa da avó paterna do craque, em São Vicente. Com o nascimento de Rafaella, a caçula da família, o espaço tornou-se pequeno e os quatro se mudaram para a Praia Grande, onde viveram nove anos.

No Jardim Glória, na peri-

feria da cidade, o garoto foi se habituando a fazer do futebol o seu estilo de vida. “Cheguei a ter 50 bolas em casa” – re-velou Neymar, aos 14 anos, em entrevista à TV Tribuna. Como a maioria das crianças, ele conciliava os estudos com a brincadeira predileta, jogar futebol. Os amigos do bair-ro contam que podia ser em

casa – num campinho de areia no quintal, feito pelo pai –, na rua, no campo do Grêmio, o “Juninho”, como era chama-do, estava sempre chutando uma bola.

Jonathan Santos Marce-lino, 20, repositor em uma transportadora de tintas, era um dos amigos de Neymar. Ele lembra que almoçava na

casa do atacante e vice-versa e sempre jogava vídeo game. “A gente estudava no Tio Baptista (Escola Municipal José Júlio Martins Baptista), onde fomos campeões dos jogos escolares. Foi uma época muito boa.” O jovem conta que reviu o amigo famoso apenas uma vez, de-pois que a família de Neymar mudou para Santos. “Houve

um jogo da Seleção Brasilei-ra de Futsal, com o Falcão, no Ginásio Poliesportivo Munici-pal, e o Neymar deu o pontapé inicial da partida. Nesse dia, ele saudou o meu irmão, mas não me viu.”

Das fortes lembranças de Jonathan, as que mais o em-polgam são as da molecada jogando bola nas ruas do Jar-dim Glória. As peladas iam de depois das aulas até o anoite-cer. “Teve um dia em que o Neymar trouxe os amigos dele do Gremetal (clube de Santos onde jogava futsal) e chamou a gente para jogar contra eles na rua. Um dos moleques do time do Neymar era o Alan Patrick (ex-jogador do Santos, hoje no Shakhtar Donetsk), mas não conseguiram nos vencer. O jogo terminou 20 a 19 para nós” – diz, entre risos.

A referência em futebol no Jardim Glória é o Grê-mio Praia Grande. Localiza-do ao lado da Via Expressa Sul, o clube – basicamente um campo de futebol –, fun-dado em 1969, é conhecido nos campeonatos amado-res da Baixada Santista. O presidente do Grêmio é o pedreiro Celiano Alfredo da Silva, o Celinho, de 62 anos. Ele conta que é difícil manter categorias de base na agremiação e não mede esforços para manter o que chama de trabalho social. “Muitos garotos treinam

sem ter o que comer. Então, a gente compra pão, mortadela e suco pra eles, antes dos treinos e jogos.”

Neymar era vizinho do Grêmio Praia Grande e resol-veu jogar na várzea do bairro, dos nove aos onze anos. O seu técnico foi Eugênio Silva Rosa, o Biro. Mecânico e ex- -jogador de futebol, ele treina-va o time pré-mirim do Glória, no início dos anos 2000. “O Neymar era um menino tími-do, falava pouco, mas no cam-po era diferente dos outros. Não existia timidez com a bola rolando. Mesmo os garotos

mais velhos não conseguiam segurá-lo.” Celinho e Biro se recordam de que Roberto An-tônio dos Santos, o Betinho – olheiro santista, que revelou Robinho e depois levou Ney-

mar para a Vila Belmiro – es-teve “umas vezes no campo do Grêmio”, observando os jovens jogadores. “Pouco de-pois o Neymar já jogava nas categorias de base do Santos.”

Ambos lamentam ape-nas que o astro da seleção brasileira fale pouco de seu passado no Jardim Glória. “A gente fica triste porque ele não fala nada da época em que esteve no Grêmio. Talvez porque os empresá-rios achem que a gente vai querer alguma coisa” – diz Celinho. Os dois mantêm a esperança de que Neymar faça uma visita para conver-sar com os garotos do bairro ou doar material esportivo para ajudar jovens que têm vontade de um dia se tornar em iguais a ele.

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celinho, presidente do grêmio, e Biro, primeiro técnico

neymar e as lembranças da Praia grande: a família, o primeiro time e o amigo jonathan

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5Limeira

um orgulho do jardim glória

Em todas as ruas nomea-das por letras do Jardim Gló-ria sempre se encontra alguém que tenha alguma lembrança do pequeno menino franzino, tímido, que falava baixo e para

bola, da destreza e da facilida-de com que a manuseava com os pés. Outros moradores se sentem orgulhos por viverem no mesmo lugar onde um dia morou um dos maiores fenô-menos do futebol e da mídia.

“O pessoal do Glória se sente orgulhoso do sucesso do Neymar na Seleção Brasi-leira e no Santos. Quem sabe um dia ele não aparece aqui para dar um abraço na gente” – afirma de maneira esperan-çosa o seu ex-técnico Biro.

amigo de infância luta para virar jogador de futebol“A nossa infância era

estudar e jogar bola. Eu e o Neymar fazíamos cam-peonatos de futebol na rua. Todo mundo do Jardim Glória parava para assistir. A maioria dos moleques do bairro é habilidosa, porque jogam bola desde criança o tempo todo.”

Diferente do célebre amigo de infância e com-panheiro de peladas de rua, Yago Vieira da Cruz, de 20 anos, é um meia-esquerda que ainda luta por um lugar no futebol. Segundo a mãe, a empregada doméstica Ta-tiane Vieira, o filho “dis-putou a primeira Copa TV Tribuna (na qual Neymar se destacou pelo colégio Liceu São Paulo, de Santos, aos 12 e 13 anos), mas na época não era televisionada”. Gra-ças aos torneios da escola, o garoto teve algumas propos-tas para estudar em colégios particulares, mas recusou: “Não queria sair do meu bairro”.

A primeira experiência

Aos 13 anos, Neymar despontava nas categorias de base do Santos, chamou a atenção dos clubes da Eu-ropa e foi convidado a fazer estágio no Real Madrid. Na iminência de perder o craque, o ex-presidente do alvinegro praiano, Marcelo Teixeira, ofereceu à família Silva Santos R$ 1 milhão em luvas, para o jogador permanecer no Brasil. No ano seguinte, Neymar Jr.

dentro, mas que com a bola nos pés – seja no asfalto quente, na quadra ou no campo – fazia os outros gritarem por ele.

Nas escolas Estadual Oswaldo Luiz Sanchez Toschi e na Municipal José Júlio Mar-tins Baptista nenhum funcio-nário fala da vida escolar do famoso ex-morador do bairro. Mas, nas ruas do bairro, quase todos dizem ter a honra de co-nhecê-lo. E quem o conheceu, criança, fala de boca cheia das habilidades do craque com a

Pequeno milionário

passaria a ganhar cerca de R$ 25.000,00 mensais – va-lor superior ao que recebem muitos jogadores profissio-nais no Brasil.

de Yago no futebol de campo foi a mesma de Neymar. No campo do Grêmio Praia Gran-de, os dois eram parceiros ofensivos. “Os treinos eram no fundo do campo, atrás do gol, porque éramos muito pe-quenos. Na época, o espaço parecia gigante.” Aos 12 anos, os jovens se separaram. Yago fez um teste no Corinthians. “A gente treinava no terrão de Itaquera, mas depois de três meses eu voltei, porque não me adaptei à casa de uma tia e sentia falta da minha família e do Glória” – conta Yago.

Ao retornar à Praia Grande,

Yago seguiu no futsal e na vár-zea até ser descoberto pelo ex-ponta-direita do Santos Mano-el Maria e levado a atuar pelo Jabaquara Atlético Clube, de Santos. “Fiquei três anos, nas categorias infantil e juvenil, e disputei um ótimo Campeo-nato Paulista Sub-17.” Nessa época, o jogador e sua família assinaram um contrato com a CFS Sports. A empresa se tornou dona dos direitos es-portivos de Yago por quatro anos (dos 14 aos 18) e esta-beleceu multa rescisória de R$ 250.000,00. “Do Jabaqua-ra eu tinha chance de ir para o Santos, porque o Manoel Maria era muito influente e já havia levado o Geovânio, hoje atacante reserva do Peixe. Bastava eu ficar mais um pou-co por lá. Mas o meu empre-sário (que ele não diz o nome) vetou a minha permanência.” Yago, então, começou a pingar de clube em clube do Brasil.

Aos 16 anos, ele estava no América Mineiro. Lá, o meia--esquerda conquistou os diri-gentes e treinadores com o seu

estilo de jogo, fazendo com que eles se interessassem em adquirir os direitos federativos da CFS Sports. “Estávamos no hexagonal final do campeona-to mineiro e meu empresário precisava levar o documento à federação autorizando a mi-nha transferência, mas a CFS melou a negociação.”

Yago chamou a atenção de Mauro Fernandes, ex-coorde-nador das categorias de base do Atlético Mineiro – hoje treinador do time profissional do América Mineiro. No Galo, Yago ficou três meses, mas quebrou o tornozelo e ficou oito meses afastado dos cam-pos. Ao se recuperar, disputou torneios por times de empre-sários e, em 2011, foi para o Vasco da Gama. “Foi o lugar onde passei mais dificuldade na vida”. Nos quatro meses em que permaneceu no Rio de Janeiro, a CFS nunca o ajudou financeiramente. “Houve dias em que eu fiquei sem comer. Eu ia para o treino à base de água. Às vezes algum amigo me dava biscoito para comer”

– comenta entre lágrimas o jogador que não contou a situação à mãe, para não atormentá-la.

Sem resposta sobre a sua permanência no Vasco, Yago aguardou o fim do contrato com a CFS Sports, para reaver sua autonomia. Ele voltou a jogar na várzea de Praia Grande e chamou a atenção de novos empre-sários que o levaram a uma peneira em São Bernardo. De cerca de 100 jovens, ele se destacou e foi convidado a fazer uma pré-temporada, a fim de se recondicionar fi-sicamente, com uma equipe profissional de Maria da Fé, no interior de Minas Gerais – no dia da entrevista, Yago se preparava para viajar. Ele diz que existem propostas para realizar seu sonho em outro país: “Não é nada concreto, mas me falaram sobre propostas de Portugal, Alemanha, Suíça e Vietnã. Espero que dê tudo certo. Quero realizar meu sonho e não vou desistir.”

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Casa de crianças autistas é inadequada e faltam profissionais, transporte e vagas

saúde

mães apontam irregularidades no cema

mãe vai criar ong e diverge do secretário de saúde

Em setembro, a consultora de negócios e eventos Akiko Moromizato, de 33 anos, mãe de Kame, de 12, foi à Tribu-na Livre da Câmara reivindi-car melhorias no Centro de Especialização Municipal do Autista (CEMA). A institui-ção atende crianças de 3 a 18 anos – onde Kame, portadora de autismo, faz tratamento de socialização – numa casa alu-gada pela Prefeitura.

Na ocasião, Akiko recla-mou da falta de profissionais (técnicos, nutricionistas e médicos), de transporte para os pais e usuários e de vagas, devido à demanda na cidade. “Eu pedi o que as crianças não têm no CEMA: uma quadra esportiva – para que elas dei-xem de fazer educação física num quintal de 10 m², sem proteção de tatame –, uma pis-cina e um vestiário adaptado, não um banheiro comum, sem barras de proteção.

Akiko diz que a casa gran-de é grande, mas insuficiente para ser uma escola. “Eu já vi crianças descascarem laranjas

na pia externa da cozinha, por-que o local não comporta to-dos os alunos.” E ressalta que os profissionais do CEMA fa-zem milagre. “Se minha filha ficar doente, tem de ir ao posto de saúde comum e pegar fila. Aqui, por ser uma instituição para crianças autistas, devia ter um médico com eles, um nutricionista para preparar os cardápios e um profissional para cuidar da banhoterapia” – diz ela.

Outra mãe, que pede o si-gilo para não expor a filha, vê a criação de uma sede própria como a solução de grande par-te dos conflitos. “Não dá certo essa história de casa alugada. Tem de haver espaço maior para comportar todas as crian-ças com autismo da cidade.” Como Akiko, ela também re-clama do transporte público e gratuito para o deslocamento das crianças e pais, de casa à entidade.

Ao usar a Tribuna Livre da Câmara, Akiko Moromizato instaurou a polêmica no intra-muros do CEMA. A Secretaria de Saúde diz que, em quatro anos, ela nunca foi procurada por Akiko, que “está ligada a pessoas que disputaram o re-cente pleito municipal” – afir-ma Hansen. A mãe da menina autista diz que se preocupa

com a situação do CEMA e que só foi à Câmara chamar a atenção para os problemas. “Eu já havia feito diversas reuniões com a direção do CEMA, que me orientou ser por meio de uma Organização Não Governamental (ONG), a única forma de eu contri-buir com a entidade. Então, eu procurei a Secretaria de

Saúde para saber como agir para montar uma ONG – eu e outras mães sempre éramos atendidas pela secretária de Gabinete Sílvia, que não nos colocava em contato direto com o doutor Gérson.”

Agora, Akiko quer criar uma ONG. A questão virou pessoal. “Meu marido apoia. Por isso, vou pedir a conta do meu empre-

go para me dedicar à ONG. Já estou levantando os documen-tos e procurando pessoas e empresas que possam ajudar.” Ela lamenta as afirmações do secretário Gérson Hansen e o desafia: “Ele disse nos jornais que eu fiz isso com interesses políticos, mas meu partido se chama Kame, o partido do au-tismo!” – conclui.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e a Comis-são de Saúde da Câmara Municipal investigam as denúncias de Akiko. Segundo a assessoria da vereadora Iraciara Bas-seto (PV) – presidente da Comissão de DH –, a Secretaria de Saúde encaminhou ofício aos vereadores contestando as falas de Akiko e colocou a entidade à disposição. “A denun-ciante será comunicada e nova reunião será marcada para decidir o que será feito” – conclui a assessora.

Há quatro anos no car-go, o secretário de Saúde, Gérson Hansen, discorda de Akiko. Ele diz que o CEMA funciona em local apro-priado e que não há déficit de funcionários na institui-ção. “Há 12 anos, criou-se a profissão de estimulador pedagógico para ensinar as crianças autistas a se rela-cionarem. Hoje são 23 pro-fissionais – 14 estimulado-res pedagógicos – para 27 crianças; o atendimento é quase individualizado. Se-manalmente, uma nutricio-nista vai à entidade, que re-

cebe, diariamente, a mesma merenda das escolas públi-cas. E quando uma criança precisa de um médico, ela é encaminhada ao CAPS in-fantil” – afirma.

O secretário diz ainda que há um projeto para a criação de um local fixo para o CEMA. Segundo ele, só existem nove crianças esperando vaga na entida-de. E quanto ao transporte público para os pais e usu-ários, ele diz que se trata de “um problema a ser re-solvido com a assistência social”.

Visão oficial é outra

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Recuperado de lesão, o pivô é esperança da Winner Limeira no NBB 2012-2013 Por Enio Lourenço

BasqueteBol

daniel alemão e sua trajetória de operário a jogador

seleção brasileira Propostas e futuro

A história esportiva de Da-niel Machado de Barros Cas-tellar, o Daniel Alemão, 28 anos, dá a impressão de que ele não faria do basquetebol a sua profissão. Engano. Apesar das poucas chances de jogar basquete na adolescência, esse limeirense do Jardim Presi-dente Dutra teve o primeiro contato com o esporte na es-cola, nas aulas de educação fí-sica, onde prevalecia o futsal. Por isso, o alento para virar jo-gador profissional veio quan-do, em 2002, a Winner Limei-ra, um ano após a sua criação, selecionou alunos das escolas da cidade para montar a sua categoria de base. “O técnico era o Luiz Zanon, que hoje comanda a equipe feminina de Americana. Ele me escolheu para integrar o juvenil da Win-ner. Fiquei um ano no time.”

Depois, Alemão ficou sem time seis anos. Casado, com a pequena Eloá para susten-tar, ele não podia ficar para-do. “Fui torneiro mecânico, montador de freios e cheguei

a vender gás de casa em casa, quando estava desempregado. O retorno às quadras veio na cidade de Araras, de modo amador. “Ganhei uma bolsa de estudos para jogar na Uniara-ras. Eles me pagavam o curso de qualidade de produtividade, uma bolsa de R$ 200 e a gaso-lina do meu carro.” E foi num jogo de seu time universitário contra a equipe profissional de São José de Rio Pardo que Alemão recebeu nova propos-ta. “O treinador de Rio Pardo me propôs pagar o mesmo que eu ganhava na TRW montan-do freios, mais uma ajuda de

custo e registro na carteira de trabalho.” Alemão brigou com a ex-esposa, que não aceitava a ideia de o marido ser atleta, e foi adiante. Porém, o time rio--pardense encerrou suas ativi-dades oito meses depois. E ele teve de voltar a Limeira para trabalhar na usinagem do pai. “Estava de novo na indústria, preso dez horas por dia num barracão. Um mês depois, veio outro convite do time de Arthur Alvim. E outra vez o time acabou em seis meses. Então, meu pai me deu um ultimato: ‘Se você sair nova-mente, não volta mais’.”

Com o futuro incerto, Ale-mão conta que desde o tempo do Rio Pardo alimentava a es-perança de fazer do basquete o seu ofício. “Era um sonho eu jogar e viver do esporte.” E a rápida passagem por Arthur Alvim foi fundamental para isso. O treinador da equipe telefonou para Demétrius Fer-racciú, ex-ala-armador da Se-leção Brasileira, que montava o time da Winner Limeira para a temporada 2009-2010 (quan-do acabou campeã paulista), e recomendou um teste com o pivô. Alemão treinou por três dias e foi aprovado. “Estreei contra o Araraquara, no giná-sio Vô Lucato, no Campeona-to Paulista. Eu estava nervoso, mas lembro bem do locutor me anunciando com a camisa 16, dizendo que eu era de Limeira e a torcida me apoiando. En-trei no lugar do Rafael Mineiro (hoje no Esporte Clube Pinhei-ros) e joguei 10 minutos. Foi assim de 10 em 10 minutos até conquistar o meu espaço na equipe” – diz, sorridente.

O nascimento tardio para o esporte faz com que Alemão desacredite de ser lembrado pelo treinador da Seleção Brasileira, Rubén Magnano. “Além da minha idade, há pivôs melhores do que eu. Infelizmente, não tive formação nas catego-rias de base. Eu jogo meio na raça e faço o que aprendi com o auxiliar técnico Dedé Barbosa. Na verdade, eu

jogo basquete desde os 26 anos.”

Alemão está feliz pelo ressurgimento do basquete brasileiro nas Olimpíadas de Londres e do Novo Basquete Brasil (NBB). “O esporte vai atrair a torcida brasileira e ser respeitado como no pas-sado. Espero que as pessoas esqueçam um pouco o fu-tebol e vejam o basquete, o vôlei e outras modalidades.”

O basquete de Alemão chamou a atenção de clubes de fora do país – existia até a chance de ele jogar na segun-da divisão da Espanha ou de Portugal. “Limeira tem uma estrutura legal e uma torcida que lota o ginásio Vô Luca-to, mesmo contra times mais fracos. Os jogadores e a co-missão técnica vivem como uma família, riem à beça. Por isso, fiquei na cidade.”

Alemão voltou às quadras em setembro, após seis me-ses parado devido a duas le-sões: um problema de hérnia de disco, antes dos playoffs do NBB, e uma fratura no pé, no jogo de estreia no Campe-onato Paulista. Mas, mirando o futuro, Alemão sabe que o basquete tem prazo de vali-dade. “Jogo mais uns cinco anos, depois o nível técnico cai.” Ele enxerga nos estudos

o caminho a seguir após a aposentadoria das quadras, mas não descarta nada. Nem voltar a ser operário. “Eu co-mecei uma faculdade e penso em cursar educação física e ter um diferencial no currí-culo. Mas se apertar e eu não tiver emprego, trabalho no que for. A fábrica pode voltar à minha vida e eu não ligo, pois tenho uma filha para sustentar” – conclui.

Velho fã

Daniel Alemão era tor-cedor de arquibancada da Winner Limeira. “Eu via os jogadores com quem tenho o privilégio de jogar junto – o Bambu, o Biro, o Ramon. É muito gratificante.” Mas o pivô nunca se espelhou em ninguém. “Se eu falar que tenho um ídolo, vou mentir.”

O que muda da arquiban-cada para a quadra? “Hoje, eu tenho de trabalhar, é mais complicado. Agora, as pessoas é que me assistem e eu tenho que fazer o que elas gostam. Mas eu tam-bém faço o que gosto: jogo basquete” – diz ele.

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8 Limeira

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Vale o que VIer

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Palavras cruzadas

PaRCOPaiOLERRELEitaORELauRaBRNavEGaNtEOadRiaNOmCtmORPSaaRaBvOaNtEiuCaNEiPaSCiatCOadOOCaOtaRiOS

horizontal – 1. Que é pouco, escasso, minguado; Lugar em que se guardam pólvora, munição e instrumentos de guerra 2. a 17ª letra do alfabeto; Porco novo 3. Criminosa; Nome que no Oriente se dava às choças em que viviam os primeiros monges ou os anacoretas nos ermos; Sigla de Brasil 4. indivíduo que conduz embarcações através dos mares, rios etc 5. Nome de um imperador romano; ministério da Ciência e tecnologia 6. Pedra pequeno e redonda em que se amolam facas; abreviação de Relações Públicas; O deserto mais famoso do mundo 7. Que voa ou é capaz de voar 8. Cachaça; matogrosso, cantor brasileiro; instrumentos usados para cavar ou remover terra 9. Símbolo de Curie, unidade de medida de radioatividade; antigo testamento; Passado pelo coador 10. Casa usada pelos índios brasileiros como habitação; Pessoas que se deixam enganar facilmente.

Vertical – 1. Nome de um Estado do Nordeste brasileiro 2. Que se areou; Sigla de Cartão de identificação do Contribuinte 3. Roraima; volta Redonda; Caminhe, ande 4. tulha, granel5. designação comum às plantas ornamentais do sul da África, de belas flores e inúmeras variedades 6. Santana, cantor de sucesso; Contração de não é? 7. Que é afetada, pedante, pretensiosa 8. associazione italiana avvocati tennisti; as duas primeiras vogais; Ou, em inglês9. magnetismo pessoal; a maior ave brasileira; Genitor 10. Ordem dos advogados do Brasil; Pessoa que presta serviços domésticos 11. mentira; Sinal de pedido de socorro.

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