limeira 42 issu

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  • 8/19/2019 Limeira 42 Issu

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    Limeira no 42 | Março de 2016 jornal brasil atualdistribuição gratuita

    @jorbrasilatual (11) 7757-7331

    Cidadania“Minha Limeira Limpa”busca colaboraçãoentre poder público

    e sociedade civil

    PerfilOutrora pichador, jovemartista apresenta 18quadros em “Exposição do

    Beco”, no Teatro Vitória

    O drama dos

    DireitosSindicalistas realizamato político-culturalno Dia Internacional

    das Mulheres

    sem terraProcesso de regularizaçãodo acampamentoElizabeth Teixeira, noHorto Florestal, estáparado na Justiça devido

    às manobras e disputasentre Prefeitura e União,observadas pelos olharesatentos de grandesproprietários rurais.

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    Vivemos um grande conflito na jovemdemocracia do Brasil, que tem pouco maisde três décadas. Nestes dias, quem nuncabrigou por causa da política? Temos elei-ções em todos os níveis e as instituiçõesfuncionam com um mínimo de respeito.Nossa Constituição tem apenas 27 anose é admirada em vários países. Mas vive-mos dias tensos no campo político, com

    reflexo nas áreas econômica e social. Édifícil de compreender, mas o debate nãogira apenas em torno da corrupção. Oque está em jogo são os 516 anos de domí-nio de uma el ite sobre o povo.

    O Brasil experimentou um avanço dademocracia a partir de 2003 com progra-mas sociais e políticas de inclusão. Den-tro do capitalismo, fez a “lição de casa”.Foram governos de coalizão e de conci-

    liação de classes – o que levou a críticasde setores que esperavam mais ousadia–, com erros na condução da economiae a ausência de medidas estruturantes,sobretudo reformas do sistema políti-co, tributária e de comunicações. Aindaassim, alcançou níveis de redução dapobreza, das desigualdades e de parti-cipação social nas decisões inéditos na

    história. Enfrentou uma crise mundialem 2008 com políticas anticíclicas e alti-vez, mas não conseguiu dar sustentabili-dade ao crescimento.

    Temos um Congresso que é o maisconservador da história saído das ur-nas em 2014. O que assanha essa maio-ria conservadora a tentar emplacar leisque retrocedam nos avanços sociais e

    na soberania. E mais: a tentar interrom-per ou inviabilizar o mandato de Dilma.Os meios de comunicação tradicionaisjogam junto esse jogo sujo, em conluiocom parte do Judiciário.

    Assim se processa o sequestro da demo-cracia com o objeivo de abrir o Brasil nomercado de petróleo, desregulamentar asleis trabalhistas, manter o modelo de arre-cadação de impostos que privilegia os mais

    ricos, acabar com os programas sociais in-clusivos e disputar o orçamento do Estadoem benefício próprio (por exemplo, com areforma da Previdência).

    Felizmente, não são poucos os que sa-bem distinguir a crise conjuntural doprojeto de nação, e seguem com a Cons-tituição e com a democracia. E prometemresistir ao retrocesso.

     EXPEDIENTE REDE BRASIL ATUAL – LIMEIRA

    Editora Gráfica Atitude Ltda.

    Diretor de Redação Paulo Salvador Editor  Enio Lourenço Repórter Giovanni

    Giocondo Editor de Arte Adriano Kitani Revisora Malu Simões Foto capa 

    Giovanni Giocondo Telefone (11) 3295-2819 Endereço Rua São Bento, 365, 19o 

    andar – Centro, São Paulo, SP

    CEP 01011-100 Tiragem 15 mil exemplares Distribuição Gratuita

    Editorial

    Constituição e democracia

    Além da edição impressa,acompanhe também oBrasil Atual no Facebook

    www.facebook.com/jornalbrasilatual

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    3Limeira

    Ações educativas mirando

    uma cidade bem conservada

    Arte e luta na pauta dos sindicatos no Dia Internacional da Mulher

    Cidadania

    Direitos

    Projeto “Minha Limeira Limpa” visa cooperação entre sociedadecivil e poder público na limpeza e manutenção do município

    Entidades cobram avanços nas políticas de gênero e

    apresentam ao público conquistas femininas históricas

    C

    ombater a acomodação docidadão limeirense quanto àlimpeza da cidade é uma daspropostas do projeto “Minha

    Limeira Limpa”, iniciaiva da Prefei-tura que conta com a paricipação detodas as Secretarias Municipais. Eni-dades filantrópicas, igrejas, empresas,centros comunitários e outros entesda sociedade civil firmaram um pactopara compor essa frente, iniciada noúlimo dia 2 de março.

    O “Minha Limeira Limpa” temcomo premissa ações simultâneas deeducação, conscienização e informa-ção sobre a importância de cada umdos moradores se tornar colaboradorde um ambiente mais agradável e semsujeira. De acordo com Alexandre Fer-rari, coordenador do projeto e diretorda Vigilância Sanitária, a campanhapretende incenivar a mudança de

    comportamento dos limeirenses.“Muitas vezes, quando nossasequipes faziam a limpeza das áreas

    Centenas de trabalhadorasse reuniram em um ato po-líico-cultural que marcouas celebrações do Dia Inter-

    nacional da Mulher, em 8 de março.Servidoras públicas municipais, ban-cárias e integrantes de outras orga-nizações de classe tomaram a Praça

    Toledo Barros, no Centro, para apre-sentar à população parte da históriada luta das mulheres por melhorescondições de vida e de trabalho.

    O Sindicato dos Servidores e Funcio-nários Públicos Municipais de Limeira(Sindsel) realizou uma passeata pelasruas do Centro. Empunhando cartazese entoando palavras de ordem femi-nistas, o grupo aproveitou para cobrar

    verdes, a impressão que tínhamos eraa de que as pessoas fossem esimula-das a não descartar lixo no local, masocorria o contrário”, relata Ferrari.“O caminho escolhido pela Prefeiturafoi manter o trabalho de reirada doentulho, mas, por outro lado, tentarconscienizar a população a fazer asua parte”, explica.

    Também serão feitas palestras epanletagens em escolas, intensifi-cação da rotaividade dos ecopontos

    onde são descartados resíduos, alémde uma feira para troca de materialchamada “inservível” – como madei-ra e blocos de concreto.

    Por outro lado, persistem a fiscali-zação e as punições aos moradores.Equipes da Defesa Civil e da GuardaMunicipal seguem promovendo lim-pezas compulsórias em residências fe-chadas com o intuito de eliminar focos

    do mosquito Aedes aegypi, causador dedoenças como a dengue, Zika vírus eda febre chikungunya.

    da Prefeitura reajuste salarial de 15%,além da ampliação de outros benefí-cios, como o aumento no vale-alimen-tação – a Prefeitura enviou projeto àCâmara Municipal para reajustar estequesito em 42,59%, chegando a R$ 500.

    O Sindicato dos Bancários de Li-meira, por sua vez, promoveu um mo-

    mento de arte e conscienização coma apresentação musical de SimoneCarvalho, cantando as grandes intér-pretes femininas da MPB. A enidadeainda expôs quadros históricos demobilizações das mulheres pelo Bra-sil e outros países, e dialogou com apopulação sobre a desigualdade deoportunidades e de valorização entreos gêneros no mundo do trabalho.     G    i

       o   v   a   n   n    i    G    i   o   c   o   n    d   o

        A   s   s   e   s   s   o   r    i   a    P   r   e    f   e    i   t   u   r   a

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    Em busca de um lugar ao sol e

    Reforma agrária

    Integrantes do MST lutam para transformar o acampamento Elizabeth Teixeira em assentamento, e sofrem com especulação fundiár 

    Eles estão em busca da regu-larização de seus lares. Osmembros do acampamentoElizabeth Teixeira, há nove

    anos ocupando o Horto Florestal doTatu, próximo à Rodovia Anhangue-ra, na zona rural de Limeira, seguemmobilizados pela moradia digna epelo direito de trabalhar a terra edela viver. No total, são 100 famílias(cerca de 400 pessoas) que integramo Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem-Terra (MST).

    Apesar da aparente tranquilidadeno acampamento, onde nunca exis-

    iu energia elétrica que não fosse ados geradores e das placas solares, eonde a água só chega por caminhões--pipa, um dia ficou marcado parasempre na vida de todos os que per-manecem no lugar.

    A reintegração de posseEm 29 de novembro de 2007, mais

    de 300 homens da Polícia Militar

    invadiram a área para cumprir ummandado de reintegração de possea pedido do juiz Flavio Dassi Viana.O magistrado atendeu a um pedidodo então prefeito de Limeira, SilvioFélix da Silva, que argumentava queo terreno era de posse do município.

    “Eles (policiais) entraram que-brando tudo. Teve muita criançamachucada, recém-nascidos que

    inalaram gás das bombas e que atéhoje têm problemas respiratórios.Religiosos que nos davam apoio fo-ram feridos e torturados. Saímosdaqui com a roupa do corpo, fica-mos em igrejas durante 10 dias paradepois retornar e não mais sair”, re-corda Clarisse dos Santos, 56 anos,uma das mais anigas integrantesdo acampamento.

    O Horto Florestal do Tatu pertenceà Secretaria de Patrimônio da União(SPU). Em 1984, o prefeito JurandyrPaixão assinou um documento emque “manifestava interesse em ad-quirir a área”. A compra nunca foiefetuada. Na ação de reintegraçãode posse, a Prefeitura alegava queo terreno “inha obras e projetos deinteresse público”, e o juiz citava de-

    cisão da Jusiça Federal que “excluía”o Incra de qualquer decisão relacio-nada à área.

    Em nota, o Insituto Nacional daColonização e Reforma Agrária (In-cra) informou que transformou oElizabeth Teixeira em assentamen-to sem a devida licença prévia am-biental da Companhia Ambiental doEstado de São Paulo (Cetesb) e por

    esse moivo a Prefeitura de Limeiraajuizou reclamação judicial, que porsua vez levou ao cancelamento daportaria que autorizava a criação doespaço da reforma agrária.

    O interesse imobiliárioNo final de fevereiro deste ano,

    a atual gestão da Prefeitura mani-festou interesse em adquirir uma

    área anexa ao Horto e, a parir dessacompra, regularizar a área do Eliza-beth Teixeira junto ao Incra.

    O Incra confirma esta informaçãoe, junto com a SPU, está disposto anegociar a ocupação da área em fa-vor da Prefeitura, porém “desde que200 hectares do imóvel sejam desi-nados ao assentamento de trabalha-dores rurais. O restante das terras

    agricultáveis seria comprado pelomunicípio de pariculares e cedidoà União para estabelecer o assenta-mento , informou em nota. 

    Segundo estudo de Rodrigo Tau-fic – dissertação de mestrado emDesenvolvimento Econômico pelaUniversidade Estadual de Campi-nas (Unicamp) –, o acampamentoElizabeth Teixeira “está em meio ao

    principal vetor de expansão urba-na do município, e sua existênciainverte a lógica da incorporaçãode área rural à cidade expressa naforma do loteamento”. A pesqui-sa demonstra que os agentes pro-motores da expansão urbana naregião “são locais, e compõem-seprincipalmente de proprietários degrandes imóveis rurais”.

    CoElizClarisse dos Santos

    Eles (policiais) entraramquebrando tudo.

    Teve muita criança

    machucada, recém--nascidos que inalaram gás das bombas e queaté hoje têm problemas

    respiratórios

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    à sombra da sanha imobiliáriaa; trâmite envolve governo federal e Prefeitura de Limeira, com olhares interessados de particulares

    Para Afonso Gomes, um dos lí-deres do movimento sem terra nacidade, “Prefeitura nenhuma fazreforma agrária. Ulimamentenem mesmo o Incra”. Membro dadireção estadual do MST, ele moracom a esposa e quatro filhos em umbarraco com poucos recursos mate-riais, mas “com muita consciênciapolíica”, destaca.

    “É importante ter uma formaçãopolíica que te conscienize e à tua fa-mília. Com o MST eu aprendi a respei-tar a mulher, a saber da importânciado trabalho dela. Inclusive, hoje, es-tou cuidando da meninada enquantoela está em Mariana em um ato po-líico só de mulheres”, conta Afonso,que durante a entrevista atende a umtelefonema da esposa que noicia a

    ocupação da empresa Samarco, em 7de março, pelo movimento feminista.

    A vida dos trabalhadores(rurais ou não) no acampamento

    Sem poder ter uma geladeira paraconservar seus alimentos, dona Cla-risse recorre à criaividade para so-breviver. “A gente tem que comer nodia que faz. O fato de ainda não exis-

    ir o assentamento regularizado nosimpede de quase tudo. Temos poucasferramentas, dependemos de doaçõesde alimentos e a maioria trabalha fora[do acampamento]. Precisamos de umpouco de conforto”, reclama.

    Enquanto a mulher é cuidadorade idosos e Afonso faz trabalhos pon-tuais como mecânico e eletricista,Noel Aparecido Paulino, de 45 anos,

    é um dos poucos que conseguiu jun-tar recursos para plantar e viver ex-clusivamente da lavoura, culivadaapenas com adubo orgânico.

    O milho, o feijão e a mandioca são osalimentos mais rentáveis. Ele vende aoCentro de Promoção Social Municipalde Limeira (Ceprosom), em uma feiraem Paulínia e nas ruas de Limeira. “Agente faz o que pode, mas o ideal é re-

    gularizar nossa área, até para termosacesso ao crédito, ao maquinário e atoda estrutura de culivo”, comenta.

    Solidariedade e esperançaEm meio a tanta dificuldade, al-

    gumas ações de voluntários dão es-perança de que, apesar dos entravesburocráicos, o acampamento evoluapara as crianças e os adolescentes.

    Todos os sábados, um grupo vai ao lo-cal e promove brincadeiras de ciran-da animada, confortando meninas emeninos que estudam em escolas daárea urbana e têm na aividade umdos poucos momentos de lazer aosfinais de semana. O desafio agora éa construção de um pequeno parqueinfanil em torno da única escola,onde as aulas são para estudantes da

    Educação para Jovens e Adultos (EJA).“A maioria das aividades das crian-

    ças é na roça, é sabendo produzir, comoplantar, lidar com animal. Então issotudo é uma realidade que na cidadenão tem. E eu faço questão de que elestenham esse tratamento diferencia-do, longe do consumismo. Mas ter luz,água, isso é básico, qualquer ser huma-no tem o direito de ter”, finaliza Afonso.

        G    i   o   v   a   n   n    i    G    i   o   c   o   n    d   o

    strução de parque infantil no acampamentobeth Teixeira, impulsionada por voluntários Afonso Gomes Noel Aparecido Paulino

    Por Giovanni Giocondo

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    antena atual o que acontece no mundo você confere aqui

        F   o   t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o ,

        F   e   r   n   a   n    d   o    F   r   a   z    ã   o ,

        P   a   u    l   o    P    i   n   t   o   e   r   e   p   r   o    d   u   ç    ã   o    F   a   c   e    b   o   o    k

    Sem ruídos“A minha bronca é com o MPEstadual [Ministério PúblicoEstadual]. Não precisarialevar uma coerção àminha casa, dos meus

     filhos. Não precisava, era só ter me comunicado. Antes dele, já fazíamos

    a coisa correta nesse país. A gente já lutava para fazer a coisa certa nesse país.Lamentavelmente preferiam usara prepotência, a arrogância, o showde pirotecnia.É lamentável que uma parte do Judiciário esteja trabalhando coma imprensa (...) Se tentaram matar a jararaca, não bateram nacabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve”,disse o ex-presidente Lula, no dia 4 de março, em entrevistacoleiva na sede do Parido dos Trabalhadores, em São Paulo,após ter sofrido a determinação de condução coerciivaexpedida pelo Juiz Sérgio Moro.

    Fale conoscoleia, opine, criique, sugira, curta, comparilhe

    www.redebrasilatual.com.br/jornais

     jornal brasil atual (11) 7757-7331

    @jorbrasilatual

    Delegação derefugiadosO Comitê OlímpicoInternacional informouque atletas de alto

    rendimento poderãocompor uma delegaçãode refugiados de guerrae da pobreza nos JogosOlímpicos Rio-2016.Eles compeirão sob abandeira e ohino olímpico.

    Estado de exceçãoNo dia 11 de março, a Polícia Militar do Estadode São Paulo, sem mandado ou jusificaivalegal, invadiu uma reunião de trabalhadores nasubsede do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC,em Diadema. A corregedoria da PM afirma que vaiinvesigar o caso e cobrar explicações da SSP/SP.

     ViralizouInternautas comparilharam esta foto nas redes sociais, feita namanifestação do dia 13 de março, no Rio de Janeiro. A ação do casalcom a empregada domésica foi remeida à época da escravidão.

    Ato feminista

    no dia 8 de Março,

    Dia Internacionaldas Mulheres, no

    Rio de Janeiro

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    7Limeira 

    www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL

    BANCO   15

    Estado cor-tado pelorio Doce(sigla)

    Dois clu-bes rivaisdo futebol

    inglês

    (?) entrenós: emsegredo

    As únicasduas luasde Marte

    Posiçãoda linha

    de defesa(fut.)

    Acessóriodos mes-tres debateria

    InstitutoNacional

    de Câncer

    (sigla)

    (?)Santana,cantor

    sertanejo

    Vitaminaque fixao cálcio

    nos ossosTears (?)

    Fears,dupla de

    new wave

    Biscoitocom o

    formatode argola

    Proporçãode uma

    substânciano todo

    Infecçãona pelecausadapor fungo

    Fernanda (?),apresentadora do

    programa "SuperStar"(TV)

    Texto crítico emcadernos literáriosPrazersexual

    Érbio(símbolo)

    Trechoprincipalda ópera

    Plebe

    Importan-tes (mo-mentos)

    (?) Welles, diretorde "Cidadão Kane"

    O ato heroico, por suarepercussão no tempo

    Seleção(abrev.)

    Rumar

    Agir comoo trocador

    Avenatalina

    Divisãodo terreno

    GovernantaServiço demensagemdo celular

    Oferte

    Diz-se dafaca sem

    cortePerversa

    Medomuito

    intenso

    Transporteilegal de

    trabalhado-res rurais

    Cauda,em inglês

    Maior(síncope)

    Principal meio de di-vulgação de coleções

    de roupasde grifes

    Duas con-sistênciastípicas deprodutos

    cosméticos

    Sistema deflexibiliza-ção da jor-

    nada detrabalho

    Trabalho

    de assis-tência aum líder

    Formatodo ângulo

    de 90o

    Pássaroque geral-mente a-

    companha

    os barcospesqueiros

    Budismojaponês

    Pessoa jul-gada (jur.)

    Haste domoinho

    AlexandreNero, ator

    Decreto(abrev.)

    Alain De-lon, ator

    BondosoPeixe dacédula decem reais

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    A metamorfose da massaPor Enio Lourenço

    Entrelinhas

    Naquele domingo, 20 horas, o jovemaguardava o ônibus para ir ao encontroda namorada. Como de feiio, o rapaz,assalariado, checou o dinheiro paranão voltar ao banco da vizinhança, quediziam ser perigoso à noite. Apesar denunca ter presenciado situações deviolência por lá, preferiu não arriscar.Duas notas de R$ 20 eram suficientespara qualquer imprevisto.

    O busão que chegou era o da linhamais extensa, que cortava muitos bair-

    ros. Após 40 minutos, resolveu embar-car, porque era aniversário de namorodo casal. Dentro, estranhou a superlo-tação. Parecia que todos vinham de ummesmo evento. Deu de ombros, afinal,era uma coincidência como a de encon-trar torcedores de futebol às quartas eaos domingos. E seguiu para a catraca,quando recordou ter emprestado seubilhete magnéico ao irmão que estava

    desempregado. Uma das notas de R$20 seria usada, pensou.

    Entregou o dinheiro ao cobrador,que recolheu e lhe propôs um trococom vinte centavos a menos, porquenão possuía moedas. As palavras lhedoeram: dois meses antes, a tarifa au-mentara outros trinta centavos. Pon-derou que se fosse no boteco da vila,aceitaria numa boa (e o dono ainda

    ofereceria balas para compensar).Mas quando lembrou dos milhões dereais que aquelas roletas produziam,dos ônibus velhos e lotados, da faltade linhas, revoltou-se.

    “Não, quero o meu troco correto! En-tendo que a culpa não seja sua, mas nãoadmito seguir sendo lesado por esta em-presa. Seu patrão é muito esperto, issosim”, falou. A essa altura, outros usuá-

    rios se amontoavam atrás do jovem.Eis que alguém disse: “sai da catraca,comunista”. O cobrador complemen-tou: “desce do ônibus, vacilão”. O rapazpor algum momento pensou que deve-ria arrefecer, mas puxou da lembrançauma máxima que um amigo sempre lhedizia: “a vida não deveria ter catracas”.

    “Olha, moço, você não deve me coa-gir a sair. Eu tenho o direito de usar otransporte público como qualquer umneste...” E “pow”! Um homem com a

    camisa do Brasil socou seu rosto. Des-norteado, tentou mirar o agressor. Viuapenas borrões em verde e amarelo.“Pega o petralha, mata, mata, mata”,escutou com medo. Outro menos vo-raz propôs reirá-lo do ônibus, comodissera o cobrador, durante o lincha-mento que se iniciava. E assim o fez amassa ensandecida na parada seguin-te, com o jovem desmaiado.

    A horda tripulante festejou comoum gol na Copa do Mundo. “Onde jáse viu, fica atrapalhando o andamentodas coisas”. “Esses vermelhos queremcada vez mais direitos”. “Viva o Brasil”.A esposa do homem que fez do punhoo cérebro lembrou que desceriam ali,mas muniam uma única nota de R$100 (além dos cartões internacionais).O cobrador a interrompeu: “Não se

    preocupem, podem descer pela frente”.O funcionário sempre recorda do do-

    mingo em que se seniu parte do seletogrupo patriota que raramente usa ôni-bus, ainda que fora demiido meses de-pois, tendo suas atribuições repassadasao motorista. O casal mudou-se paraMiami, onde, não raro, são chamadosde cucarachas. O jovem rapaz segue en-contrando a namorada aos domingos.

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    Um beco com muitas saídas

    Perfil

     Artista Rafael Gomes transparece ensinamentos e reflexões dos tempos de pichação em telas expostas no Teatro Vitória

    Osorriso fácil, o aparelhonos dentes e o maneirismodas gírias do estudante dedesign  gráfico Rafael Go-

    mes ainda guardam um pouco daadolescência, época de irrespon-sabilidades. Desde 1º de março, oartista de 28 anos apresenta no sa-guão de entrada do Teatro Vitória,no Centro, uma exposição em telasque revelam muito do trabalho queum dia já fez em outras superfíciesnão tão “autorizadas”.

    Com as latas de  spray  em mãose muitas ideias na cabeça, asaventuras pelos “picos” e muros

    de Limeira eram um desafio paraos meninos dos bairros da perife-ria da cidade pelos idos de 2005.A pichação naqueles tempos eramais do que uma diversão ou sub-versão, era um modo de vida. Umdesses garotos era Rafael.

    Então com 16 anos, o rapaz, tí-mido e fechado em seu própriouniverso, não conseguia se ex-

    pressar de outra maneira que nãofosse essa. Tal personalidade o re-meteu a pensar num lugar escuro,escondido: um beco.

    “Beco era uma palavra curta. Asquatro letras permiiam que eu fi-zesse o picho ‘rapidão’ e fosse logoembora sem ser pego. Além do que,o beco falava muito de mim – eu eraisolado – e ao mesmo tempo é uma

    expressão forte, que traz uma men-sagem”, releiu o rapaz.

    Caminhando pelas ruas próximasao Teatro, Rafael revelou à nossa repor-tagem os pontos onde sua marca aindaestá gravada. “Para subir ali, diz – mos-trando uma inscrição em um prédiocom cerca de 10 metros de altura –,precisei de um amigo para me ajudar.Esse dia foi louco”, rememorou.

    Transição até a exposição“Sempre pichei e sempre gostei

    disso. Mesmo com 18 anos, não es-tava nem aí. Só que um dia me pe-garam (a polícia) e foi foda (risos).Estampei a capa do jornal como

    ‘o maior pichador de Limeira’. Foiuma grande decepção para a minhafamília, fiquei bastante chateado eapanhei. A parir daí tudo mudou”,contou Rafael.

    Já na universidade, o Beco saiude cena, mas não por muito tempo.“Entrei na faculdade porque queriaparar de pichar. O Beco era coisa dopassado. Mas eu percebi que só fui es-

    tudar por causa do picho. Aquilo eraparte de mim e eu não podia abando-nar, mesmo que tentasse. Então meapropriei dessa marca e pensei: ‘Porque não colocar isso em um quadro?’Na história da arte não exisia nada

    semelhante. E foi aí que aconteceu.”A “Exposição do Beco” pode ser vis-

    ta até o dia 22 de março no Teatro Vi-tória, gráis, de terça a domingo. São18 quadros que traçam o perfil pluralde um arista imparável dentro da ci-dade. Releituras lúdicas das obras depintores renomados internacional-mente, montagens críicas à socieda-de de consumo e, claro, as referências

    à história de alguém que não esque-ceu as origens nos muros ásperos.

    “Eu esperava que, agora com a ex-posição, os jornais que me colocaramna primeira página quando eu era as-sunto de polícia me procurassem no-

    vamente, mas não aconteceu”, brincao arista, que espera que esta seja a pri-meira de muitas exposições.

    “Quero incenivar a rapaziada dacidade a fazer o mesmo. Se eu estoumostrando uma arte, os outros jovenstambém podem fazer isso.”

    (Durante o fechamento desta edição,outro jornal da cidade também procurouo Beco para fazer uma reportagem.)

        G    i   o   v   a   n   n    i    G    i   o   c   o   n    d   o

    Quero incenivar a

    rapaziada da cidadea fazer o mesmo. Seeu estou mostrandouma arte, os outros

     jovens também podem fazer isso

    Exposição do Beco

    Local: Saguão do TeatroVitória – Praça ToledoBarros, s/n, CentroHorários: Terça-feira das 13hàs 17h; Quarta a sexta-feiradas 11h às 18h; Sábado das9h às 13h; e Domingo das17h às 19h, somente quan-

    do ocorrerem espetáculosEntrada: Gratuita