limeira 42 issu
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8/19/2019 Limeira 42 Issu
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Limeira no 42 | Março de 2016 jornal brasil atualdistribuição gratuita
@jorbrasilatual (11) 7757-7331
Cidadania“Minha Limeira Limpa”busca colaboraçãoentre poder público
e sociedade civil
PerfilOutrora pichador, jovemartista apresenta 18quadros em “Exposição do
Beco”, no Teatro Vitória
O drama dos
DireitosSindicalistas realizamato político-culturalno Dia Internacional
das Mulheres
sem terraProcesso de regularizaçãodo acampamentoElizabeth Teixeira, noHorto Florestal, estáparado na Justiça devido
às manobras e disputasentre Prefeitura e União,observadas pelos olharesatentos de grandesproprietários rurais.
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Vivemos um grande conflito na jovemdemocracia do Brasil, que tem pouco maisde três décadas. Nestes dias, quem nuncabrigou por causa da política? Temos elei-ções em todos os níveis e as instituiçõesfuncionam com um mínimo de respeito.Nossa Constituição tem apenas 27 anose é admirada em vários países. Mas vive-mos dias tensos no campo político, com
reflexo nas áreas econômica e social. Édifícil de compreender, mas o debate nãogira apenas em torno da corrupção. Oque está em jogo são os 516 anos de domí-nio de uma el ite sobre o povo.
O Brasil experimentou um avanço dademocracia a partir de 2003 com progra-mas sociais e políticas de inclusão. Den-tro do capitalismo, fez a “lição de casa”.Foram governos de coalizão e de conci-
liação de classes – o que levou a críticasde setores que esperavam mais ousadia–, com erros na condução da economiae a ausência de medidas estruturantes,sobretudo reformas do sistema políti-co, tributária e de comunicações. Aindaassim, alcançou níveis de redução dapobreza, das desigualdades e de parti-cipação social nas decisões inéditos na
história. Enfrentou uma crise mundialem 2008 com políticas anticíclicas e alti-vez, mas não conseguiu dar sustentabili-dade ao crescimento.
Temos um Congresso que é o maisconservador da história saído das ur-nas em 2014. O que assanha essa maio-ria conservadora a tentar emplacar leisque retrocedam nos avanços sociais e
na soberania. E mais: a tentar interrom-per ou inviabilizar o mandato de Dilma.Os meios de comunicação tradicionaisjogam junto esse jogo sujo, em conluiocom parte do Judiciário.
Assim se processa o sequestro da demo-cracia com o objeivo de abrir o Brasil nomercado de petróleo, desregulamentar asleis trabalhistas, manter o modelo de arre-cadação de impostos que privilegia os mais
ricos, acabar com os programas sociais in-clusivos e disputar o orçamento do Estadoem benefício próprio (por exemplo, com areforma da Previdência).
Felizmente, não são poucos os que sa-bem distinguir a crise conjuntural doprojeto de nação, e seguem com a Cons-tituição e com a democracia. E prometemresistir ao retrocesso.
EXPEDIENTE REDE BRASIL ATUAL – LIMEIRA
Editora Gráfica Atitude Ltda.
Diretor de Redação Paulo Salvador Editor Enio Lourenço Repórter Giovanni
Giocondo Editor de Arte Adriano Kitani Revisora Malu Simões Foto capa
Giovanni Giocondo Telefone (11) 3295-2819 Endereço Rua São Bento, 365, 19o
andar – Centro, São Paulo, SP
CEP 01011-100 Tiragem 15 mil exemplares Distribuição Gratuita
Editorial
Constituição e democracia
Além da edição impressa,acompanhe também oBrasil Atual no Facebook
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3Limeira
Ações educativas mirando
uma cidade bem conservada
Arte e luta na pauta dos sindicatos no Dia Internacional da Mulher
Cidadania
Direitos
Projeto “Minha Limeira Limpa” visa cooperação entre sociedadecivil e poder público na limpeza e manutenção do município
Entidades cobram avanços nas políticas de gênero e
apresentam ao público conquistas femininas históricas
C
ombater a acomodação docidadão limeirense quanto àlimpeza da cidade é uma daspropostas do projeto “Minha
Limeira Limpa”, iniciaiva da Prefei-tura que conta com a paricipação detodas as Secretarias Municipais. Eni-dades filantrópicas, igrejas, empresas,centros comunitários e outros entesda sociedade civil firmaram um pactopara compor essa frente, iniciada noúlimo dia 2 de março.
O “Minha Limeira Limpa” temcomo premissa ações simultâneas deeducação, conscienização e informa-ção sobre a importância de cada umdos moradores se tornar colaboradorde um ambiente mais agradável e semsujeira. De acordo com Alexandre Fer-rari, coordenador do projeto e diretorda Vigilância Sanitária, a campanhapretende incenivar a mudança de
comportamento dos limeirenses.“Muitas vezes, quando nossasequipes faziam a limpeza das áreas
Centenas de trabalhadorasse reuniram em um ato po-líico-cultural que marcouas celebrações do Dia Inter-
nacional da Mulher, em 8 de março.Servidoras públicas municipais, ban-cárias e integrantes de outras orga-nizações de classe tomaram a Praça
Toledo Barros, no Centro, para apre-sentar à população parte da históriada luta das mulheres por melhorescondições de vida e de trabalho.
O Sindicato dos Servidores e Funcio-nários Públicos Municipais de Limeira(Sindsel) realizou uma passeata pelasruas do Centro. Empunhando cartazese entoando palavras de ordem femi-nistas, o grupo aproveitou para cobrar
verdes, a impressão que tínhamos eraa de que as pessoas fossem esimula-das a não descartar lixo no local, masocorria o contrário”, relata Ferrari.“O caminho escolhido pela Prefeiturafoi manter o trabalho de reirada doentulho, mas, por outro lado, tentarconscienizar a população a fazer asua parte”, explica.
Também serão feitas palestras epanletagens em escolas, intensifi-cação da rotaividade dos ecopontos
onde são descartados resíduos, alémde uma feira para troca de materialchamada “inservível” – como madei-ra e blocos de concreto.
Por outro lado, persistem a fiscali-zação e as punições aos moradores.Equipes da Defesa Civil e da GuardaMunicipal seguem promovendo lim-pezas compulsórias em residências fe-chadas com o intuito de eliminar focos
do mosquito Aedes aegypi, causador dedoenças como a dengue, Zika vírus eda febre chikungunya.
da Prefeitura reajuste salarial de 15%,além da ampliação de outros benefí-cios, como o aumento no vale-alimen-tação – a Prefeitura enviou projeto àCâmara Municipal para reajustar estequesito em 42,59%, chegando a R$ 500.
O Sindicato dos Bancários de Li-meira, por sua vez, promoveu um mo-
mento de arte e conscienização coma apresentação musical de SimoneCarvalho, cantando as grandes intér-pretes femininas da MPB. A enidadeainda expôs quadros históricos demobilizações das mulheres pelo Bra-sil e outros países, e dialogou com apopulação sobre a desigualdade deoportunidades e de valorização entreos gêneros no mundo do trabalho. G i
o v a n n i G i o c o n d o
A s s e s s o r i a P r e f e i t u r a
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Em busca de um lugar ao sol e
Reforma agrária
Integrantes do MST lutam para transformar o acampamento Elizabeth Teixeira em assentamento, e sofrem com especulação fundiár
Eles estão em busca da regu-larização de seus lares. Osmembros do acampamentoElizabeth Teixeira, há nove
anos ocupando o Horto Florestal doTatu, próximo à Rodovia Anhangue-ra, na zona rural de Limeira, seguemmobilizados pela moradia digna epelo direito de trabalhar a terra edela viver. No total, são 100 famílias(cerca de 400 pessoas) que integramo Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem-Terra (MST).
Apesar da aparente tranquilidadeno acampamento, onde nunca exis-
iu energia elétrica que não fosse ados geradores e das placas solares, eonde a água só chega por caminhões--pipa, um dia ficou marcado parasempre na vida de todos os que per-manecem no lugar.
A reintegração de posseEm 29 de novembro de 2007, mais
de 300 homens da Polícia Militar
invadiram a área para cumprir ummandado de reintegração de possea pedido do juiz Flavio Dassi Viana.O magistrado atendeu a um pedidodo então prefeito de Limeira, SilvioFélix da Silva, que argumentava queo terreno era de posse do município.
“Eles (policiais) entraram que-brando tudo. Teve muita criançamachucada, recém-nascidos que
inalaram gás das bombas e que atéhoje têm problemas respiratórios.Religiosos que nos davam apoio fo-ram feridos e torturados. Saímosdaqui com a roupa do corpo, fica-mos em igrejas durante 10 dias paradepois retornar e não mais sair”, re-corda Clarisse dos Santos, 56 anos,uma das mais anigas integrantesdo acampamento.
O Horto Florestal do Tatu pertenceà Secretaria de Patrimônio da União(SPU). Em 1984, o prefeito JurandyrPaixão assinou um documento emque “manifestava interesse em ad-quirir a área”. A compra nunca foiefetuada. Na ação de reintegraçãode posse, a Prefeitura alegava queo terreno “inha obras e projetos deinteresse público”, e o juiz citava de-
cisão da Jusiça Federal que “excluía”o Incra de qualquer decisão relacio-nada à área.
Em nota, o Insituto Nacional daColonização e Reforma Agrária (In-cra) informou que transformou oElizabeth Teixeira em assentamen-to sem a devida licença prévia am-biental da Companhia Ambiental doEstado de São Paulo (Cetesb) e por
esse moivo a Prefeitura de Limeiraajuizou reclamação judicial, que porsua vez levou ao cancelamento daportaria que autorizava a criação doespaço da reforma agrária.
O interesse imobiliárioNo final de fevereiro deste ano,
a atual gestão da Prefeitura mani-festou interesse em adquirir uma
área anexa ao Horto e, a parir dessacompra, regularizar a área do Eliza-beth Teixeira junto ao Incra.
O Incra confirma esta informaçãoe, junto com a SPU, está disposto anegociar a ocupação da área em fa-vor da Prefeitura, porém “desde que200 hectares do imóvel sejam desi-nados ao assentamento de trabalha-dores rurais. O restante das terras
agricultáveis seria comprado pelomunicípio de pariculares e cedidoà União para estabelecer o assenta-mento , informou em nota.
Segundo estudo de Rodrigo Tau-fic – dissertação de mestrado emDesenvolvimento Econômico pelaUniversidade Estadual de Campi-nas (Unicamp) –, o acampamentoElizabeth Teixeira “está em meio ao
principal vetor de expansão urba-na do município, e sua existênciainverte a lógica da incorporaçãode área rural à cidade expressa naforma do loteamento”. A pesqui-sa demonstra que os agentes pro-motores da expansão urbana naregião “são locais, e compõem-seprincipalmente de proprietários degrandes imóveis rurais”.
CoElizClarisse dos Santos
Eles (policiais) entraramquebrando tudo.
Teve muita criança
machucada, recém--nascidos que inalaram gás das bombas e queaté hoje têm problemas
respiratórios
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5Limeira
à sombra da sanha imobiliáriaa; trâmite envolve governo federal e Prefeitura de Limeira, com olhares interessados de particulares
Para Afonso Gomes, um dos lí-deres do movimento sem terra nacidade, “Prefeitura nenhuma fazreforma agrária. Ulimamentenem mesmo o Incra”. Membro dadireção estadual do MST, ele moracom a esposa e quatro filhos em umbarraco com poucos recursos mate-riais, mas “com muita consciênciapolíica”, destaca.
“É importante ter uma formaçãopolíica que te conscienize e à tua fa-mília. Com o MST eu aprendi a respei-tar a mulher, a saber da importânciado trabalho dela. Inclusive, hoje, es-tou cuidando da meninada enquantoela está em Mariana em um ato po-líico só de mulheres”, conta Afonso,que durante a entrevista atende a umtelefonema da esposa que noicia a
ocupação da empresa Samarco, em 7de março, pelo movimento feminista.
A vida dos trabalhadores(rurais ou não) no acampamento
Sem poder ter uma geladeira paraconservar seus alimentos, dona Cla-risse recorre à criaividade para so-breviver. “A gente tem que comer nodia que faz. O fato de ainda não exis-
ir o assentamento regularizado nosimpede de quase tudo. Temos poucasferramentas, dependemos de doaçõesde alimentos e a maioria trabalha fora[do acampamento]. Precisamos de umpouco de conforto”, reclama.
Enquanto a mulher é cuidadorade idosos e Afonso faz trabalhos pon-tuais como mecânico e eletricista,Noel Aparecido Paulino, de 45 anos,
é um dos poucos que conseguiu jun-tar recursos para plantar e viver ex-clusivamente da lavoura, culivadaapenas com adubo orgânico.
O milho, o feijão e a mandioca são osalimentos mais rentáveis. Ele vende aoCentro de Promoção Social Municipalde Limeira (Ceprosom), em uma feiraem Paulínia e nas ruas de Limeira. “Agente faz o que pode, mas o ideal é re-
gularizar nossa área, até para termosacesso ao crédito, ao maquinário e atoda estrutura de culivo”, comenta.
Solidariedade e esperançaEm meio a tanta dificuldade, al-
gumas ações de voluntários dão es-perança de que, apesar dos entravesburocráicos, o acampamento evoluapara as crianças e os adolescentes.
Todos os sábados, um grupo vai ao lo-cal e promove brincadeiras de ciran-da animada, confortando meninas emeninos que estudam em escolas daárea urbana e têm na aividade umdos poucos momentos de lazer aosfinais de semana. O desafio agora éa construção de um pequeno parqueinfanil em torno da única escola,onde as aulas são para estudantes da
Educação para Jovens e Adultos (EJA).“A maioria das aividades das crian-
ças é na roça, é sabendo produzir, comoplantar, lidar com animal. Então issotudo é uma realidade que na cidadenão tem. E eu faço questão de que elestenham esse tratamento diferencia-do, longe do consumismo. Mas ter luz,água, isso é básico, qualquer ser huma-no tem o direito de ter”, finaliza Afonso.
G i o v a n n i G i o c o n d o
strução de parque infantil no acampamentobeth Teixeira, impulsionada por voluntários Afonso Gomes Noel Aparecido Paulino
Por Giovanni Giocondo
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antena atual o que acontece no mundo você confere aqui
F o t o s : D i v u l g a ç ã o ,
F e r n a n d o F r a z ã o ,
P a u l o P i n t o e r e p r o d u ç ã o F a c e b o o k
Sem ruídos“A minha bronca é com o MPEstadual [Ministério PúblicoEstadual]. Não precisarialevar uma coerção àminha casa, dos meus
filhos. Não precisava, era só ter me comunicado. Antes dele, já fazíamos
a coisa correta nesse país. A gente já lutava para fazer a coisa certa nesse país.Lamentavelmente preferiam usara prepotência, a arrogância, o showde pirotecnia.É lamentável que uma parte do Judiciário esteja trabalhando coma imprensa (...) Se tentaram matar a jararaca, não bateram nacabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve”,disse o ex-presidente Lula, no dia 4 de março, em entrevistacoleiva na sede do Parido dos Trabalhadores, em São Paulo,após ter sofrido a determinação de condução coerciivaexpedida pelo Juiz Sérgio Moro.
Fale conoscoleia, opine, criique, sugira, curta, comparilhe
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Delegação derefugiadosO Comitê OlímpicoInternacional informouque atletas de alto
rendimento poderãocompor uma delegaçãode refugiados de guerrae da pobreza nos JogosOlímpicos Rio-2016.Eles compeirão sob abandeira e ohino olímpico.
Estado de exceçãoNo dia 11 de março, a Polícia Militar do Estadode São Paulo, sem mandado ou jusificaivalegal, invadiu uma reunião de trabalhadores nasubsede do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC,em Diadema. A corregedoria da PM afirma que vaiinvesigar o caso e cobrar explicações da SSP/SP.
ViralizouInternautas comparilharam esta foto nas redes sociais, feita namanifestação do dia 13 de março, no Rio de Janeiro. A ação do casalcom a empregada domésica foi remeida à época da escravidão.
Ato feminista
no dia 8 de Março,
Dia Internacionaldas Mulheres, no
Rio de Janeiro
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7Limeira
www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL
BANCO 15
Estado cor-tado pelorio Doce(sigla)
Dois clu-bes rivaisdo futebol
inglês
(?) entrenós: emsegredo
As únicasduas luasde Marte
Posiçãoda linha
de defesa(fut.)
Acessóriodos mes-tres debateria
InstitutoNacional
de Câncer
(sigla)
(?)Santana,cantor
sertanejo
Vitaminaque fixao cálcio
nos ossosTears (?)
Fears,dupla de
new wave
Biscoitocom o
formatode argola
Proporçãode uma
substânciano todo
Infecçãona pelecausadapor fungo
Fernanda (?),apresentadora do
programa "SuperStar"(TV)
Texto crítico emcadernos literáriosPrazersexual
Érbio(símbolo)
Trechoprincipalda ópera
Plebe
Importan-tes (mo-mentos)
(?) Welles, diretorde "Cidadão Kane"
O ato heroico, por suarepercussão no tempo
Seleção(abrev.)
Rumar
Agir comoo trocador
Avenatalina
Divisãodo terreno
GovernantaServiço demensagemdo celular
Oferte
Diz-se dafaca sem
cortePerversa
Medomuito
intenso
Transporteilegal de
trabalhado-res rurais
Cauda,em inglês
Maior(síncope)
Principal meio de di-vulgação de coleções
de roupasde grifes
Duas con-sistênciastípicas deprodutos
cosméticos
Sistema deflexibiliza-ção da jor-
nada detrabalho
Trabalho
de assis-tência aum líder
Formatodo ângulo
de 90o
Pássaroque geral-mente a-
companha
os barcospesqueiros
Budismojaponês
Pessoa jul-gada (jur.)
Haste domoinho
AlexandreNero, ator
Decreto(abrev.)
Alain De-lon, ator
BondosoPeixe dacédula decem reais
3 / f o r . 4 / á r i a — t a i l . 5 / o r s o n — p a ú r a . 8 / c l e m e n t e . 1 2 / b a n c o d e h o r a s — d e i m o s e f o b o s .
S o l u ç ã o
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A metamorfose da massaPor Enio Lourenço
Entrelinhas
Naquele domingo, 20 horas, o jovemaguardava o ônibus para ir ao encontroda namorada. Como de feiio, o rapaz,assalariado, checou o dinheiro paranão voltar ao banco da vizinhança, quediziam ser perigoso à noite. Apesar denunca ter presenciado situações deviolência por lá, preferiu não arriscar.Duas notas de R$ 20 eram suficientespara qualquer imprevisto.
O busão que chegou era o da linhamais extensa, que cortava muitos bair-
ros. Após 40 minutos, resolveu embar-car, porque era aniversário de namorodo casal. Dentro, estranhou a superlo-tação. Parecia que todos vinham de ummesmo evento. Deu de ombros, afinal,era uma coincidência como a de encon-trar torcedores de futebol às quartas eaos domingos. E seguiu para a catraca,quando recordou ter emprestado seubilhete magnéico ao irmão que estava
desempregado. Uma das notas de R$20 seria usada, pensou.
Entregou o dinheiro ao cobrador,que recolheu e lhe propôs um trococom vinte centavos a menos, porquenão possuía moedas. As palavras lhedoeram: dois meses antes, a tarifa au-mentara outros trinta centavos. Pon-derou que se fosse no boteco da vila,aceitaria numa boa (e o dono ainda
ofereceria balas para compensar).Mas quando lembrou dos milhões dereais que aquelas roletas produziam,dos ônibus velhos e lotados, da faltade linhas, revoltou-se.
“Não, quero o meu troco correto! En-tendo que a culpa não seja sua, mas nãoadmito seguir sendo lesado por esta em-presa. Seu patrão é muito esperto, issosim”, falou. A essa altura, outros usuá-
rios se amontoavam atrás do jovem.Eis que alguém disse: “sai da catraca,comunista”. O cobrador complemen-tou: “desce do ônibus, vacilão”. O rapazpor algum momento pensou que deve-ria arrefecer, mas puxou da lembrançauma máxima que um amigo sempre lhedizia: “a vida não deveria ter catracas”.
“Olha, moço, você não deve me coa-gir a sair. Eu tenho o direito de usar otransporte público como qualquer umneste...” E “pow”! Um homem com a
camisa do Brasil socou seu rosto. Des-norteado, tentou mirar o agressor. Viuapenas borrões em verde e amarelo.“Pega o petralha, mata, mata, mata”,escutou com medo. Outro menos vo-raz propôs reirá-lo do ônibus, comodissera o cobrador, durante o lincha-mento que se iniciava. E assim o fez amassa ensandecida na parada seguin-te, com o jovem desmaiado.
A horda tripulante festejou comoum gol na Copa do Mundo. “Onde jáse viu, fica atrapalhando o andamentodas coisas”. “Esses vermelhos queremcada vez mais direitos”. “Viva o Brasil”.A esposa do homem que fez do punhoo cérebro lembrou que desceriam ali,mas muniam uma única nota de R$100 (além dos cartões internacionais).O cobrador a interrompeu: “Não se
preocupem, podem descer pela frente”.O funcionário sempre recorda do do-
mingo em que se seniu parte do seletogrupo patriota que raramente usa ôni-bus, ainda que fora demiido meses de-pois, tendo suas atribuições repassadasao motorista. O casal mudou-se paraMiami, onde, não raro, são chamadosde cucarachas. O jovem rapaz segue en-contrando a namorada aos domingos.
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Um beco com muitas saídas
Perfil
Artista Rafael Gomes transparece ensinamentos e reflexões dos tempos de pichação em telas expostas no Teatro Vitória
Osorriso fácil, o aparelhonos dentes e o maneirismodas gírias do estudante dedesign gráfico Rafael Go-
mes ainda guardam um pouco daadolescência, época de irrespon-sabilidades. Desde 1º de março, oartista de 28 anos apresenta no sa-guão de entrada do Teatro Vitória,no Centro, uma exposição em telasque revelam muito do trabalho queum dia já fez em outras superfíciesnão tão “autorizadas”.
Com as latas de spray em mãose muitas ideias na cabeça, asaventuras pelos “picos” e muros
de Limeira eram um desafio paraos meninos dos bairros da perife-ria da cidade pelos idos de 2005.A pichação naqueles tempos eramais do que uma diversão ou sub-versão, era um modo de vida. Umdesses garotos era Rafael.
Então com 16 anos, o rapaz, tí-mido e fechado em seu própriouniverso, não conseguia se ex-
pressar de outra maneira que nãofosse essa. Tal personalidade o re-meteu a pensar num lugar escuro,escondido: um beco.
“Beco era uma palavra curta. Asquatro letras permiiam que eu fi-zesse o picho ‘rapidão’ e fosse logoembora sem ser pego. Além do que,o beco falava muito de mim – eu eraisolado – e ao mesmo tempo é uma
expressão forte, que traz uma men-sagem”, releiu o rapaz.
Caminhando pelas ruas próximasao Teatro, Rafael revelou à nossa repor-tagem os pontos onde sua marca aindaestá gravada. “Para subir ali, diz – mos-trando uma inscrição em um prédiocom cerca de 10 metros de altura –,precisei de um amigo para me ajudar.Esse dia foi louco”, rememorou.
Transição até a exposição“Sempre pichei e sempre gostei
disso. Mesmo com 18 anos, não es-tava nem aí. Só que um dia me pe-garam (a polícia) e foi foda (risos).Estampei a capa do jornal como
‘o maior pichador de Limeira’. Foiuma grande decepção para a minhafamília, fiquei bastante chateado eapanhei. A parir daí tudo mudou”,contou Rafael.
Já na universidade, o Beco saiude cena, mas não por muito tempo.“Entrei na faculdade porque queriaparar de pichar. O Beco era coisa dopassado. Mas eu percebi que só fui es-
tudar por causa do picho. Aquilo eraparte de mim e eu não podia abando-nar, mesmo que tentasse. Então meapropriei dessa marca e pensei: ‘Porque não colocar isso em um quadro?’Na história da arte não exisia nada
semelhante. E foi aí que aconteceu.”A “Exposição do Beco” pode ser vis-
ta até o dia 22 de março no Teatro Vi-tória, gráis, de terça a domingo. São18 quadros que traçam o perfil pluralde um arista imparável dentro da ci-dade. Releituras lúdicas das obras depintores renomados internacional-mente, montagens críicas à socieda-de de consumo e, claro, as referências
à história de alguém que não esque-ceu as origens nos muros ásperos.
“Eu esperava que, agora com a ex-posição, os jornais que me colocaramna primeira página quando eu era as-sunto de polícia me procurassem no-
vamente, mas não aconteceu”, brincao arista, que espera que esta seja a pri-meira de muitas exposições.
“Quero incenivar a rapaziada dacidade a fazer o mesmo. Se eu estoumostrando uma arte, os outros jovenstambém podem fazer isso.”
(Durante o fechamento desta edição,outro jornal da cidade também procurouo Beco para fazer uma reportagem.)
G i o v a n n i G i o c o n d o
Quero incenivar a
rapaziada da cidadea fazer o mesmo. Seeu estou mostrandouma arte, os outros
jovens também podem fazer isso
Exposição do Beco
Local: Saguão do TeatroVitória – Praça ToledoBarros, s/n, CentroHorários: Terça-feira das 13hàs 17h; Quarta a sexta-feiradas 11h às 18h; Sábado das9h às 13h; e Domingo das17h às 19h, somente quan-
do ocorrerem espetáculosEntrada: Gratuita