jornal brasil atual - bebedouro 20

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Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 20 Agosto de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA O preconceito que as meninas encaram para jogar no Bebedouro Arte Pág. 7 FUTSAL ELAS NA QUADRA Como o biólogo Edmilson Escher virou um senhor da natureza Pág. 6 PERFIL UM ECOLOGISTA Cinco são os candidatos que concorrem à Prefeitura da cidade Pág. 2 ELEIçõES 2012 DADA A LARGADA IMPRENSA Como Roberto Civita, de Veja, se compunha com o bicheiro Carlinhos Cachoeira Pág. 4-5 UM JOGO QUE é PRA Lá DE SUJO Faltam remédios, equipamentos e profissionais no Hospital Municipal SAúDE ELA CONTINUA DOENTE

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Bebedouro 20

Jornal Regional de Bebedouro

www.redebrasilatual.com.br BeBedouro

nº 20 Agosto de 2012

DistribuiçãoGratuita

O preconceito que as meninas encaram para jogar no Bebedouro Arte

Pág. 7

futsal

elas na quadra

Como o biólogo Edmilson Escher virou um senhor da natureza

Pág. 6

Perfil

um ecologista

Cinco são os candidatos que concorrem à Prefeitura da cidade

Pág. 2

eleições 2012

dada a largada

imPrensa

Como Roberto Civita, de Veja,se compunha com o bicheiroCarlinhos Cachoeira

Pág. 4-5

um jogo que é Pra lá de sujo

Faltam remédios, equipamentos e profissionais no Hospital Municipal

saúde

ela continua doente

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2 Bebedouro

expediente rede Brasil atual – Bebedouroeditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3295-2800tiragem: 10 mil exemplares distribuição gratuita

eleições 2012

cinco candidatos à casa BrancaFoi dada a largada à corrida eleitoral para a Prefeitura

editorial

Objeto de uma reportagem do jornal Brasil Atual, em de-zembro de 2010, intitulada O Hospital que Sofre, que trazia denúncias da falta de funcionários e de remédios e mostrava como funcionava o arremedo de UTI que punha a vida dos pacientes em risco, o Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira volta, agora, passado um ano e meio sem que a situação tenha se alterado, a ser matéria desta edição, que traz ainda o perfil de Edmilson Escher, biólogo, artista, cantor e escritor bebedou-rense, um “apaixonado pela natureza”, e o drama das meninas jogadoras do Bebedouro Futsal Arte que, para fazer o que gos-tam, enfrentam o preconceito – da família e da sociedade.

O jornal também traz a cabeluda história do bicheiro Car-linhos Cachoeira – que continua preso em Brasília e brigou com colegas de cela porque anda “estressadíssimo” –, grande amigo do ex-senador Demóstenes Torres, do Democratas de Goiás, homem de elevado estofo ético e moral que acabou cassado pelos seus pares. Como perguntar não ofende, vamos lá: o que vai acontecer com Roberto Civita, dono da revista Veja, ou com um de seus imediatos, o jornalista Policarpo Junior, di-retor da revista em Brasília, que gastam páginas e mais páginas para estampar manchetes que visam deseducar os leitores em relação às questões nacionais? Cachoeira, pasmem, sugeria até a seção da revista em que notas de seu interesse fossem publica-das. A vergonha está contada nas páginas centrais desta edição. Esperamos que satisfaça a volúpia de todos. É isso. Boa leitura!

A coligação liderada pelo DEM traz Fernando Galvão como candidato a prefeito e Rômulo Camelini (PMDB) a vice-prefeito. O Partido Verde confirmou a candidatura do atual vice-prefeito Gustavo Spido a prefeito e de Sérgio Mariotini (PV) a vice. Sil-vio Seixas (PP) é candidato a prefeito, tendo Sueli Carízio (PRB) de vice. O atual prefeito Italiano (PTB) vai tentar a ree-leição, com Carminha Campa-nelli, do mesmo partido, can-didata a vice. E o ex-prefeito Hélio Bastos (PDT) vai com

tado estadual quanto de sua ad-ministração na Prefeitura teve a afirmação desmentida com o registro da candidatura do ex--prefeito. O pedetista esbanja confiança junto com seu vice, o petista Orpham. O registro dos candidatos a prefeito e ve-reador ocorreu entre 5 e 10 de julho, mas a campanha começa muito devagar nas ruas. Ou o dinheiro está curto para todos ou eles apostam numa campa-nha mais curta. Os analistas de plantão (da esquina do pecado) dizem que o “bicho vai pegar” nesta eleição.

Carlos Orpham (PT) de vice – quem dizia que Hélio Bastos não seria candidato por causa de problemas com suas contas tanto da campanha para depu-

BeBedouro

a 94ª cidade de são Paulo! Em 2012, bebedourense irá consumir quase R$ 1,3 bi

Bebedouro é a 94ª cidade paulista – dentre as 645 do Es-tado – e a 309ª cidade brasileira com maior potencial de consu-mo e apontada como uma das melhores do país. Em 2011, ela ocupava a 98ª posição, segundo estudo da IPC Marketing, em-presa de pesquisa de mercado que estuda os perfis socioeco-nômicos dos municípios brasi-leiros. Segundo o estudo, caiu o número de consumidores das classes C1, D e E, o que signifi-ca que a renda das famílias me-lhorou no período.

Bebedouro ficou atrás de outras cidades da região, como Catanduva, Barretos

e Sertãozinho, com previsão de consumo de R$ 2 bilhões, e foi ultrapassada também por Jaboticabal (R$ 1,346 bilhão) – o potencial de Bebedouro é

de R$ 1,283 bilhão. Também no consumo per capita elas estão à frente de Bebedouro, com consumo na faixa dos R$ 18 mil contra R$ 17.380,42.

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saúde

só não está na uti porque não há uti municipalPacientes se deparam com irregularidades no Hospital Municipal há quase dois anos Por Enio Lourenço

Em dezembro de 2010, o jornal Brasil Atual publicou reportagem sobre os problemas enfrentados na área da saúde da cidade, em especial no Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira. Na época, a situação era crítica. Faltavam profissionais, remé-dios, equipamentos, material de trabalho, havia constantes apagões de energia no hospital e um pronto atendimento ina-dequado, que simulava uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Tudo isso levou o Minis-tério Público Estadual, em con-junto com alguns Conselhos de categorias profissionais (Medi-cina, Farmácia e Enfermagem), a entrar com uma Ação Civil

Pública pedindo o ajustamento das demandas. Hoje o quadro pouco se alterou. Logo na en-trada do pronto-socorro ou no corredor dos ambulatórios de especialidades do hospital vê-se a dificuldade no atendimento.

A aposentada septuagená-

ria Lurdes dos Santos aguar-dava uma amiga ser atendi-da e afirmava: “Aqui tudo é péssimo: higiene, comida, tratamento. Faltam remédios e a espera é longa. Os mais pobres sofrem por precisarem deste hospital”. Na mesma an-

tessala, a dona de casa Neusa Onória Sabino, 62, relata a di-ficuldade para achar um médi-co gastroenterologista para o filho João Guilherme Sabino, 11, que há uma semana sofre de dores de estômago. “É a terceira vez que vimos aqui.

Na primeira, não havia médico especialista e nos mandaram retornar na semana seguinte. Na segunda vez, um clínico geral foi incapaz de resolver o problema. Hoje tentamos de novo. A gente é de Monte Azul e perde o dia no hospi-tal” – conta. Desde dezembro de 2011, Adriano Gaio Salles trata uma hérnia de disco. Ele aguarda há setes meses que um neurocirurgião o opere em Barretos, pois Bebedouro não tem esse especialista. “Às vezes, venho ao hospital de Bebedouro duas ou três vezes por dia tomar algum remédio para amenizar a dor” – com-plementa.

uma queixa afinal, qual é o remédio?Os profissionais de enfer-

magem estão insatisfeitos com a desvalorização de suas pro-fissões no sistema público da cidade. Os técnicos de enfer-magem afirmam que sempre falta algo no Hospital Muni-cipal, o que faz do improviso uma regra no dia a dia. “Sem-pre falta gaze, atadura ou

O diretor do Departamen-to Municipal de Saúde, Sau-lo Ramalho Luz, concorda que os problemas da saúde ainda não foram resolvidos. Ele assumiu o cargo em abril no lugar do também médico Fernando Piffer e é enfático: “A cidade não tem UTI. Nós temos um pronto atendimen-to adaptado por necessida-de, para evitar que morresse muita gente. A fim de evitar óbitos na espera por regula-ção de vagas em outros mu-nicípios, trabalhamos com esse tipo de socorro, mas não é UTI”.

Quanto às quedas de energia no hospital, Saulo afirma que elas não foram solucionadas, mas garante que existem projetos para adaptar um novo gerador.

A Ação Civil Pública movi-da pela Promotoria de Justiça do Ministério Público Estadual contra a Prefeitura Municipal e o Estado de São Paulo – por cau-sa das irregularidades encontra-das em 2010 – encontra-se para-da, embora o Sistema Único de Saúde (SUS) preveja que o Esta-do deva gerir o hospital quando o município não tem recursos e nos casos de ele atender a uma

microrregião. O prazo para a re-gularização estendeu-se a maio de 2011, quando o Tribunal de Justiça (TJ-SP) tomou a decisão de manter o hospital funcionan-do, por não haver provas dos problemas apontados. Segundo a Promotoria de Justiça, as par-tes envolvidas foram intimadas, os depoimentos foram recolhi-dos e o processo encaminha-se para o final.

Promotoria

“Até se instalar o novo gera-dor, o que está aí suporta, por-que dividimos a rede. Quando falta energia, pode faltar no prédio, mas nas alas mais im-portantes, o pronto-socorro e o centro cirúrgico, não há mais esse problema” – conta.

O diretor de saúde acha que os bebedourenses são muito exigentes nas reclama-ções, mas não vivem a reali-dade do setor no Brasil. “Nós ainda temos ambulância para buscar as pessoas em casa. Não pode ser como eles [a po-

pulação] querem. A saúde no país é ruim.” Segundo Saulo, são necessários mais verbas e menos trâmites burocráti-cos para a saúde melhorar na cidade. “O dinheiro do mu-nicípio não é suficiente para manter um hospital. Gasta-mos até 28% do orçamento da cidade, sendo que a lei exige, ao menos, 15%. Outro ponto: quando falta material ou remédio, eu esbarro na tramitação legal, nas licita-ções. A lei exige isso” – con-clui.

algum material – diz uma enfermeira. E completa: “A gente gostaria de ser reconhe-cido profissionalmente, pois se desdobra muito para ganhar apenas R$ 680,00. Isso faz com que muita gente tenha de buscar um segundo e terceiro emprego na iniciativa privada para viver” – finaliza ela.

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imPrensa

a revista Veja, entre corrompidos e corruptores

imprensa comercial se diz independente. será?

As ligações íntimas da Editora Abril com o contraventor Carlinhos Cachoeira Por: Lalo Leal

dizia que “a diretoria atrapa-lhava os negócios da Delta. Foi a mesma operação do episódio dos Correios, que deu origem ao ‘mensalão’. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e de-salojava os adversários de Ca-choeira. Assim, ela cumpria o papel de vigilante de desman-dos e fustigava os governos Lula e Dilma, pelos quais nun-ca demonstrou simpatia.”

Basta lembrar a capa de maio de 2006 com Lula le-vando um pé no traseiro, jun-tando grosseria e desres peito. Para não falar de outras, do ano anterior, instigando o im-peachment do presidente da República. O sucesso dos dois governos Lula e os altos índi-ces de aprovação da presiden-ta Dilma Rousseff exacerba-ram o furor da revista.

A proximidade do diretor da sucursal de Brasília com Cachoeira, e deste com o se-nador Demóstenes Torres (ex--DEM-GO), sempre elogiado

Segundo Veja, a “liberda-de de imprensa” estaria ame-açada se o jornalista, ou seu patrão Roberto Civita, fosse depor na Comissão Parla-mentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Na-cional que investiga o caso. Mas, na mesma edição, ela clama por um controle da internet, agastada com as informações sobre seus des-caminhos na rede. A inter-net expôs a relação do trio

Cachoeira-Demóstenes-Veja e uma enxurrada de expressões nada elogiosas levaram a re-vista ao topo dos assuntos no Twitter.

Os principais veículos do país silenciaram ou apoia-ram a relação – exceção fei-ta à Rede Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, tomaram as dores da Editora Abril. O colunista Merval Pereira isentou a re-vista. Em editorial, o jornal

reagiu à comparação feita por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus veículos de comunica-ção no Reino Unido. A Folha de S.Paulo, também em edito-rial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman, Suzana Singer, que tem a incumbência de cri-ticar o jornal, disse não saber “se algo comprometedor en-volvendo a imprensa surgirá

desse lamaçal”. Para lembrar em seguida que ao PT inte-ressa com o caso Cachoeira empastelar o ‘mensalão’: “A imprensa não pode cair na armadilha de permitir que um escândalo anule o outro. Tem o dever de apurar tudo – mas sem se poupar. É hora de dar um exemplo de trans-parência.” Contudo, a cober-tura da Folha das relações Cachoeira-Demóstenes-Veja limita-se a notas superficiais.

por Veja, veio a calhar. Até surgirem as gravações da Po-lícia Federal levando a revista a um recolhimento político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que ela chama de “liberdade de im-prensa”. Veja diz-se “engana-da pela fonte”, argumento des-mentido pelo delegado federal Matheus Mella Rodrigues, co-ordenador da Operação Monte Carlo. O policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das relações de Demós-tenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou, protegen-do “meliantes”, como resumiu a revista CartaCapital.

De narradora dos fatos, a revista semanal Veja, da Edi-tora Abril, tornou-se perso-nagem da cena política bra-sileira. Gravações feitas pela Polícia Federal, autorizadas pela Justiça, mostram que o contraventor Carlinhos Ca-choeira era mais do que fon-te de informações. Seu rela-cionamento com o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia que sugerisse até a seção da revista em que notas de seu interesse seriam estampadas. Veja virou instrumento de Cachoeira para remover do governo obstácu-los aos seus objetivos.

Um entrave seria o Depar-tamento Nacional de Infraes-trutura de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes, que dificultava a atuação da Delta Construções, empresa ligada ao contraventor. Segun-do o jornalista Luis Nassif, a matéria da Veja sobre o DNIT, publicada em junho de 2011,

otavio frias: numa gelada

roberto civita, dono da Veja: unha e carne com cachoeira

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mídia e “mensalão”: tudo a verA ideia de que o caso

Cachoeira desviaria as aten-ções sobre o julgamento do “mensalão” foi alardeada pela mídia. E usada pelo procura-dor-geral da República, Ro-berto Gurgel, para se livrar da acusação de negligência. Ex-plica-se: A PF enviou a Gur-gel a denúncia das relações promíscuas entre Cachoeira e Demóstenes em 2009. Se ele desse andamento à denún-cia, o processo seria público

testemunha de defesa

Em 2005, Policarpo Ju-nior foi a uma CPI testemu-nhar em favor de um bicheiro que se dizia vítima de chanta-gem de um deputado carioca que exigia propina para não colocar seu nome no relató-rio final de uma CPI na As-sembleia Legislativa do Rio. Nenhum jornal nem a ABI alegaram tratar-se de uma in-timidação à imprensa. Uma explicação para a baixa expo-sição de jornais e jornalistas a investigações está no poder

de interferência dos grupos midiáticos na política eleito-ral. Exemplo clássico vem da viúva do dono da Globo sobre o governo Collor: “O Rober-to colocou-o na Presidência e depois tirou. Durou pou-co. Ele se enganou” – disse dona Lily no lançamento do livro Roberto & Lily, em 2005. A ação não foi isola-da. Globo e Veja demoniza-vam Lula para derrotá-lo, em 1989. E exaltavam o jovem “caçador de marajás”.

congresso tem autonomia para chamar quem quiserA presidenta da Asso-

ciação Nacional de Jornais (ANJ), que representa os do-nos de veículos, Judith Bri-to, fez oposição ao governo Lula, assim como o Instituto Millenium, que reúne articu-listas, jornalistas e patrões da imprensa – o instituto faz eventos para afinar a sua co-bertura. Em um deles esta-vam Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu Marinho (Globo). Vários desses cola-boradores escrevem e falam,

por exemplo, contra as cotas raciais nas universidades, cri-ticam a política econômica dos governos Lula e Dilma, discordam da política externa brasileira e fazem campanha contra a CPMI de Cachoeira.

Cabe lembrar a observação do jornalista Mino Carta so-bre a peculiaridade brasileira de jornalista chamar patrão de colega. Com isso diluem-se in-teresses de classe e uma difusa “liberdade de imprensa” é uti-lizada para encobrir contatos suspeitos. Até entidades como

a Associação Brasileira de Imprensa, por seu presidente, Maurício Azêdo, confundem as coisas. Em depoimento ao programa Observatório da Im-prensa, da TV Brasil, Azêdo não admite a ida de jornalis-tas à CPMI para prestar de-poimentos, sob a alegação de intimidação ao trabalho jorna-lístico, mas condena a promis-cuidade de alguns profissio-nais com fontes próximas ou ligadas ao crime. No mesmo programa, o professor Venício Lima ressaltou o impacto das

escutas ilegais do jornal News of the World sobre as relações mídia-sociedade na Inglaterra. “Levou Murdoch (o dono do jornal) e seus jornalistas a de-por na Comissão de Esportes, Mídia e Cultura da Câmara dos Comuns e na Comissão Leveson, que tem caráter de inquérito policial.” Isso não ameaçou a liberdade da im-prensa britânica.

Aqui, ninguém está imune a convocações para prestar depoimento no Congresso Na-cional. À Record, o presidente

da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi di-reto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor pú-blico, privado e na imprensa. Sem paixões e sem arrou-bos. Descobriremos muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo – o fis-cal, por exemplo. Devemos apoiar a liberdade de expres-são. Mas não podemos con-fundi-la com organização criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liber-dade de expressão”.

apenas três vezes na históriaA CPMI começou em maio

e tem seis meses para concluir as apurações. Mas não mostra ânimo de convocar o jornalis-ta de Veja e seu patrão. A hipó-tese é a de que o PMDB seria sensível ao lobby da mídia por uma blindagem e não seria ar-ranhado com a exposição de seus políticos a investigações. E o PT, concorrente por espa-ço no governo, não capitaliza-ria os resultados.

A concentração em pou-

cos grupos nacionais e trans-nacionais deu poder à mídia. Governos e instituições pú-blicas viram reféns dos meios de comunicação e temem en-frentá-los. Apenas três vezes na história veículos de comuni-cação foram alvo de CPIs. Em 1953, o dono do Última Hora, Samuel Wainer, sugeriu ao pre-sidente Getúlio Vargas que seu jornal fosse investigado quanto às operações de crédito manti-das com o Banco do Brasil. Dez

anos depois, o Instituto Brasilei-ro de Ação Democrática (Ibad) foi acusado de ter ligações com a CIA – o instituto alugou, num período pré-eleitoral, o jornal A Noite do Rio, para colocá-lo a serviço da oposição ao presi-dente João Goulart. E em 1966 houve investigação sobre uma operação de US$ 6 milhões entre a Globo e o grupo Time-Life, que acabou com o império dos Diários Associados de As-sis Chateaubriand.

e comprometeria a eleição de Demóstenes ao Senado, de Mar-coni Perillo (PSDB) ao governo de Goiás e de gente suspeita de servir a Cachoeira. Gurgel não explicou por que segurou o

processo. Respondeu às acu-sações dizendo que as denún-cias partiam dos envolvidos no “mensalão”, temerosos diante da iminência do julgamento no qual ele será o acusador.

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Perfil

edmilson escher: uma vida para a ecologia

seu lado cantor e escritor

a desilusão com a política

Biólogo, artista e palestrante são apenas algumas das facetas desse bebedourense românticoEdmilson Escher sempre

se encantou com a biodiver-sidade da natureza. Na infân-cia, enquanto seus amigos optavam pelas atiradeiras para matar passarinhos, ele se sa-tisfazia com uma caderneta de anotações onde registrava o nome das diversas espécies. “Fui taxado de boboca e apa-nhei muito por isso, mas pre-feria espantar os passarinhos para não morrerem.” – conta. Aquelas tardes joviais de ob-servações do meio ambiente

foram a fagulha da futura car-reira de pesquisador.

Aos 45 anos, Escher é pro-fessor de biologia da rede pú-blica estadual de ensino (prin-cipal ocupação profissional), mestrando do programa de pós-graduação de Produção Vegetal na Unesp de Jabotica-bal e ministra palestras-show, acompanhado de seu violão, quando discute ecologia com os mais diversos grupos so-ciais e investe na carreira ar-tística.

A produção cultural do biólogo são livros, discos e poemas que ele publica nas redes sociais. O Manual de Arborização das Calçadas, de 2004, nasceu a partir da experiência de um ano como diretor municipal de Meio Ambiente. “É um guia de A a Z, que ensina as pessoas a plantar uma árvore na frente de casa e indica 86 espécies nativas” – conta. Já no livro

O trabalho ligado ao meio ambiente o levou à política. Porém, essas experiências o tornaram cético. “Eu sou des-crente e apartidário. Trata-se de uma guerra, de um vale tudo. Não quero mais fazer parte disso.”

Em 1985, Escher colaborou na gestão do ex-prefeito Sér-gio Stamato. “Criamos o Par-que Ecológico, mas a ideia de trabalhar com educação e de

se criar um minizoológico foi abandonada. Não era para se tornar isso que está aí” – diz. O projeto previa uma área de 1000 alqueires. “Com a chega-da dos bairros Centenário, Jar-dim das Acácias e do Distrito Industrial, o parque foi sendo cercado e a área reduziu-se para seis alqueires.” O biólogo lamenta que hoje o parque es-teja abandonado e seja usado por usuários de drogas.

Em 2004, no último ano do governo do ex-prefeito Davi Peres Aguiar, Escher retor-nou à vida política, no cargo de diretor de Meio Ambiente, e transformou o parque em uma Estação Ecológica, que tem legislação ainda mais res-tritiva. “Hoje, porém, o local não tem condições de ser uma Estação Ecológica. Durante os governos Piffer (89-92/97-00) foram plantadas espécies

estrangeiras, descaracterizan-do a mata nativa. A solução agora é transformar a área em

parque municipal, com a pre-sença de guardas e da polícia ambiental.”

Tempo de Ecologia – título, também, de sua palestra-show – ele desperta a consciência ecológica das pessoas.

Agora, Escher prepara o livro digital Um sonho Eco-lógico, que é a sua autobio-grafia. Os capítulos narram a participação das pessoas em diversos momentos de sua vida – na educação, nas artes, na política. “É a minha quebra de ingenuidade. Eu falo muito

sobre o coronelismo na políti-ca e os interesses pessoais dos envolvidos”.

A faceta de músico tam-bém está presente na obra de Escher, que lançou o disco Raiz e prepara um novo inti-tulado Rural. As quinze fai-xas sertanejas de cada álbum cantam a história do homem do campo e sua relação com o meio ambiente. “Enobrecem a cultura rural” – diz. No entan-

to, ele aponta a dificuldade para lançar o álbum: “O dis-co espera liberação de verba da Lei Rouanet. O projeto foi aprovado, mas faltam os recursos das empresas. Mui-tas delas não jogam limpo e querem ficar com parte do dinheiro. Por isso, vou es-perar a mudança da lei pela presidenta Dilma. Não quero fazer as coisas por debaixo do pano”.

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os estudos e o futuro

Poema da vida Por Edmilson Escher

Escher vai retomar o mestrado na Unesp de Jabo-ticabal, em 2013, trancado devido a problemas finan-ceiros. O biólogo tem um projeto para a floresta nati-va da Fazenda Santa Irene, uma tradicional área verde da cidade. “O cultivo de roça no entorno da floresta possibilita que plantas inva-soras se estabeçam nas suas bordas. Então, eu pretendo pegar espécies nativas e fa-zer uma nova bordadura na floresta. Isso deveria ter sido

feito anos atrás para protegê- -la da cana, do colonião e das braquiárias africanas.”

Esse romantismo com a natureza resume seus obje-tivos: “Minha vida é a eco-logia e eu não vou parar de estudar nunca, porque quan-to mais a gente estuda, mais percebe que não sabe nada. O meu objetivo é contribuir para manter os fragmentos de floresta remanescentes em Bebedouro, porque flo-resta completa não existe mais”.

Sou vivo como planta e existo no serSou fruto desse mecanismoQue não faz distinção,Que coloca um caminho à frente e conduz a emancipaçãoDo mineral, do vegetal e do animal.Será que alguém duvida disso ainda?Seria o mesmo que ignorar a própria existência,Mostrando-se na carência de si mesmo!É chegada a hora da percepção maior,O momento da transição necessária,Para que sustentabilidade seja como a estrutura de uma falésia,Acenando ao mar a tranquilidade de suas rochas erodidas e equilibradas.

futsal

mulheres e jogadorasElas enfrentam preconceitos para alcançar seu sonho

Paulistas, catarinenses, gaúchas. As meninas não têm mais de 20 anos e já moraram em diversos Estados. São an-darilhas do esporte amador, que trazem em seus rostos juvenis a luta contra o precon-ceito da família e da socieda-de por fazerem do futsal a sua vida. “Sempre joguei futebol na escola ou na rua com os moleques” – afirma a pivô An-dreliza Machanoschi,18.

A equipe sub-21 do Bebe-douro Futsal Arte tem oito jo-gadoras, que integram também a equipe adulta, formada de 12 atletas – campeã da Série Prata da Copa Record de Futsal. Em julho, elas representaram Be-bedouro nos Jogos Regionais e por pouco não subiram ao pó-dio – o time ficou em 4º lugar. “Elas superaram as nossas ex-pectativas, mas com a derrota para Orlândia (2x1), em jogo em que perdemos uns 15 gols, não conseguimos chegar à fi-nal” – diz o treinador Marcelo Rodrigo Castro.

O salário das garotas varia de R$ 300 a R$ 500 – livre de moradia e alimentação. A golei-ra Thalita, 20, é um exemplo. Ela largou o emprego de técnica de manutenção de banda lar-ga em São Paulo e apostou na defesa da meta bebedourense. “Eu jogava no Taboão da Ser-ra e conciliava o esporte com a outra profissão. Mas uma amiga me falou da peneira do Bebe-douro, disse que aqui havia boa estrutura, preparador de golei-ras, então optei por vir pra cá e viver do futsal.”

O preconceito é lugar co-mum no dia a dia das salonistas, por elas praticarem um esporte tradicionalmente de homens. A

catarinense Veronice Gomes Ferreira, 18, outra goleira e estudante de educação física, acredita que a segregação de gênero é um problema nacio-nal. “Santa Catarina, onde há a melhor estrutura do futsal feminino, tem um povo muito racista e que subestima a mu-lher como se ela não tivesse capacidade de atingir os seus objetivos” – conta. “A própria família, ao saber que queremos nos tornar jogadoras de futsal, chama de ‘sapatão’” – comple-menta a ala Natália Urso.

Os beliches dos quartos conjugados talvez sejam os maiores cúmplices dos sonhos das esportistas. Ao falar da distância e da saudade de ami-gos e familiares, uma ou outra olham para o lado, mexem no cabelo e com a voz embar-gada dizem: “é complicado, né?”. Devido ao pouco tempo de folga entre os treinamentos e jogos, as atletas fizeram do Bebedouro Futsal Arte a sua nova família.

jogos regionais

Bebedouro sediou competiçãoDisputa foi entre 8 mil atletas, 61 cidades e 24 esportes

Os 56º Jogos Regionais do Estado de São Paulo ocorreram em Bebedouro, no início de julho. Ribeirão Pre-to sagrou-se campeã geral da competição, seguida por Araraquara e Franca. Bebe-douro ficou em 7º lugar. Na segunda divisão, a campeã foi Altinópolis, seguida de

Olímpia e Guaíra. Segundo o diretor de Esportes de Bebe-douro, Lúcio Mauro dos San-tos, sediar os Jogos foi reali-zar um sonho que vem desde 2009. “Antes não tínhamos pistas de atletismo adequa-das e nem estrutura para certas modalidades. Agora, Bebedouro está completa e

isso vai ficar para a cidade” – diz. Bebedouro conquistou seis medalhas: uma de ouro (voleibol feminino), quatro de prata (voleibol masculino, caratê masculino, tênis fe-minino e xadrez feminino) e uma de bronze, que a equipe da melhor idade ganhou no jogo de damas.

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foto síntese – floresta estadual

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PalaVras cruzadasPalaVras cruzadas

respostas

PalaVras cruzadas

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

Vale o que Vier

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Palavras cruzadas

APARTAMEnToToRAPsERRPARABARATRiBulARiPAnuMERiCoAoRAAMEnolAgoRACRHoMEMnATEATonAHAREMRosCAisE

Horizontal – 1. Cada uma das unidades residenciais, em prédio de habitação coletiva 2. grande tronco de madeira 3. sigla de Roraima; Estado brasileiro onde fica uma parte da Floresta Amazônica; Botequim 4. Causar tribulação, afligir 5. instrumento manual, usado para cavar ou remover terra e outros materiais sólidos; Relativo a número 6. Adv. (ant.) Agora; suave 7. imediatamente, já; Clube do Remo 8. o ser humano, a humanidade; Designa um tempo limite em que alguma coisa, evento etc. termina ou deve terminar 9. sílaba que não tem acento tônico; Parte do palácio de um sultão muçulmano onde ficam as mulheres 10. sigla do Estado de Rondônia; Despenca; igreja episcopal

Vertical – 1. Causar algum tipo de impedimento ou perturbação 2. Porta, de madeira ou de ferro que, a partir da rua, dá acesso a um jardim público ou a uma casa, edifício etc.; nome de famoso treinador brasileiro de futebol, de sobrenome glória 3. Atmosfera; galho 4. série ou conjunto de roubos (plural) 5. ghraib, famosa prisão iraquiana; País situado na extremidade oriental da Península Arábica; 6. Colocar em posição reta e vertical 7. República parlamentar federal de dezesseis estados cuja capital é Berlim 8. sigla do Estado do Espírito santo; Medida agrária; gemido 9. Entreter-se, distrair-se 10. Chá, em inglês; Pessoa que mostra cortesia, amabilidade, gentileza 11. Curso de água doce, letra anterior ao ene

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