jornal bebedouro 37

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www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 37 Março de 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual Jornal Regional de Bebedouro Secretaria Municipal de Educação não cumpre legislação Pág. 3 EDUCACÃO JORNADA DO PISO Até o início do mês, cidade registrou mais 466 casos da doença Pág. 2 DENGUE EPIDEMIA Casal de produtores faz sucesso com cultivo de espécies Pág. 6 JARDINAGEM ORQUÍDEAS Por 100 metros, dois alunos de 13 anos não têm acesso ao passe escolar MOBILIDADE CRISE DA ÁGUA Desenvolvimento excludente está na gênese do processo de escassez; grupo reivindica medidas emergenciais Pág. 4 SP NEGLIGENCIOU RIOS E MANANCIAIS FALTA BOM SENSO

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Jornal Brasil Atual Bebedouro - 37ª edição

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Page 1: Jornal Bebedouro 37

www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO

nº 37 Março de 2015

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

jornal brasil atual jorbrasilatualJornal Regional de Bebedouro

Secretaria Municipal de Educação não cumpre legislação

Pág. 3

EDUCACÃO

JORNADA DO PISO

Até o início do mês, cidade registrou mais 466 casos da doença

Pág. 2

DENGUE

EPIDEMIA

Casal de produtores faz sucesso com cultivo de espécies

Pág. 6

JARDINAGEM

ORQUÍDEAS

Por 100 metros, dois alunos de 13 anos não têm acesso ao passe escolar

MOBILIDADE

CRISE DA ÁGUA

Desenvolvimento excludente está na gênese do processo de escassez; grupo reivindica medidas emergenciais

Pág. 4

SP NEGLIGENCIOU RIOS E MANANCIAIS

FALTA BOM SENSO

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2 Bebedouro

Expediente Rede Brasil Atual – BebedouroEditora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Giovanni Giocondo Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem 10 mil exemplares Distribuição Gratuita

EDITORIAL

Nos últimos dias 13 e 15 de março, vimos novamente a polarização em parte do país, que se arrasta desde a eleição presidencial de outubro. De um lado, movimentos sociais e centrais sindicais, apoiadores da ree-leição da presidenta Dilma Rousseff; de outro, um amálgama de oposi-cionistas, que reúne todo tipo de pensamento conservador e retrógrado.

A edição de duas Medidas Provisórias (MPs) que restringem direi-tos trabalhistas, como o seguro-desemprego, desagradou as bases que reelegeram a presidenta. A resposta foi propositiva e direta. Em todas as capitais do país, a CUT, o MST, a UNE e outras entidades populares saíram às ruas, no dia 13, pedindo a revogação dessas MPs, reforma política, em defesa da Petrobras e, sobretudo, em defesa da democracia.

Já no dia 15, uma difusão de bandeiras genéricas se espalhou por todo o país, sem apresentar nenhuma ação concreta ou fundamentada. O discurso do ódio e a afronta aos direitos humanos transcendeu o pano de fundo da ideia de combate à corrupção. O dito “cidadão de bem” cami-nhou lado a lado nas passeatas com grupos neonazistas e defensores da volta da ditadura militar – quando o Estado brasileiro torturou, matou e desapareceu com seus cidadãos que pensavam diferente.

Está claro que parte dos derrotados em outubro quer provocar o “ter-ceiro turno”, desrespeitando as regras do jogo democrático. Um bom começo para atenuar esse tensionamento seria Dilma voltar-se aos tra-balhadores que a reelegeram, revogando as MPs. Os setores médios não devem mudar seu posicionamento, porque ali está presente muito mais o ódio de classe e o individualismo do que um projeto de país. Mas, para que eles também não tenham que pagar pela crise econômica, a taxação das grandes fortunas pode ser uma saída para o ajuste fiscal não atingir esses dois polos, e promover uma mudança de paradigmas. É preciso mudar o receituário econômico neoliberal, presidenta.

DENGUE

Mais de 400 casos confirmados até o início de março

Epidemia avança na cidade

Estratégias de combate

Com recorde no número de pessoas doentes, Bebedouro está oficialmente vivendo uma epidemia de dengue desde o fim de fevereiro. Até o dia 4 de março, foram feitas 1.294 no-tificações da doença, com 466 casos confirmados – uma mor-te ainda carece de investiga-ção. Os dados são do serviço de Vigilância Epidemiológica.

No Hospital Municipal Jú-lia Pinto Caldeira, o número de pacientes com dengue au-menta a cada dia. Uma dessas pessoas é a cabeleireira tran-sexual Renata Ribeiro Damá-sio, de 26 anos. Ela contraiu o vírus no bairro Menino Deus II, na zona norte da cidade.

Renata conta que os primei-ros sintomas que sentiu foram, pela ordem, dor de cabeça, nas juntas e ânsia de vômito, além da indisposição e da forte sen-

Começou a funcionar neste mês uma força-tarefa, para orientar a população sobre os riscos da doença e combater os criadouros do mosquito Aedes aegypti.

O grupo reúne Vigilância Sanitária, Secretaria Munici-pal da Saúde, Serviço Autô-nomo de Água e Esgoto de Bebedouro (Saaeb).

Para Sonia Pena, coor-denadora do Centro de Zo-

do trabalho nos mutirões. Sob anonimato, um servidor muni-cipal relatou desvio de função.

“Meus colegas e eu dei-xamos de atender nos pos-tos de saúde para integrar a equipe de combate à den-gue”, informou.

Até o momento, a Prefei-tura contratou somente 20 agentes de saúde para atuar exclusivamente no combate à epidemia.

sibilidade à luz. “Você perde a fome, fica com mal-estar e uma dor que eu não desejo para nin-guém”, reclama.

Diagnosticada com a doen-ça após um exame de sangue, ela retornou à Vigilância Epi-demiológica para acompanhar a evolução do tratamento, que faz com medicamentos e soro caseiro.

Na opinião da médica in-

fectologista e chefe da Vigi-lância Epidemiológica mu-nicipal, Iara Maria Ramalho Luz, eliminar os criadouros da dengue é o principal a se fazer.

“Não adianta você fazer um grande número de atendimen-tos, ter médicos treinados, uma sala de recuperação exclusiva e as pessoas saírem curadas se os focos continuarem a aparecer nos bairros”, explica.

onoses e Vetores Urbanos, o trabalho em conjunto auxilia no processo de conscientiza-ção, já que o longo período de racionamento de água fez com que boa parte dos moradores armazenasse água limpa em suas casas, que pode servir de criadouro para larvas e ovos do mosquito.

Apesar dos benefícios da campanha, há denúncias de ir-regularidades na organização

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EDUCAÇÃO

Sindicato entra com ação judicial e busca reunião com a Secretaria Municipal de Educação

Professores têm jornada do piso salarial descumprida

Conselheira do Fundeb alega corte de recursos

A Lei Federal 11.738, de 16 de julho de 2008, estipu-la o piso salarial de todos os professores da rede pública e determina que, das 40 horas trabalhadas por semana, dois terços sejam destinadas exclu-sivamente à sala de aula e um terço à preparação das aulas e à pesquisa.

Apesar de ter tido cinco anos para se adequar à regra (encerrados em 2013), Bebe-douro continua a descumprir a legislação no que se refere à divisão da jornada do piso.

A denúncia foi encaminha-da ao Sindicato dos Professo-res do Ensino Oficial do Esta-do de São Paulo (Apeoesp) por

Rosana Xavier Bartholo, presidente do Conselho Mu-nicipal de Acompanhamento e Controle dos Recursos do Fundo Nacional de Desen-volvimento da Educação Bá-

sica de Bebedouro (Fundeb), atribui a falta de cumprimento da legislação à redução dos re-passes ao fundo e ao alto grau de comprometimento dessas verbas com o pagamento de

pessoal – no mínimo 60% de-vem ser investidos nesse últi-mo quesito.

Rosana afirma que, em fe-vereiro deste ano, Bebedouro recebeu do Fundeb R$ 400 mil

reais a menos na comparação com igual mês de 2014.“Fora isso, nós temos 83% do or-çamento vinculado ao salário dos funcionários”, explica.

Ela, que também é profes-

sora, diz ser um “sonho” ver a lei funcionando. “Para isso, teria que haver ainda mais professores para cobrir esses horários, e não há dinheiro para pagá-los”, justifica.

professores da rede municipal. Em novembro de 2014, a enti-dade entrou com uma ação ju-dicial para obrigar a Prefeitura a cumprir a lei federal.

Sandra Paixão, presidente da Subsede da Apeoesp em Bebedouro, diz que tentou reunir-se com a Secretaria Municipal de Educação.

“A resposta foi evasiva. Não sabemos oficialmente se a jornada é cumprida. Agora, estamos aguardando o proces-so ser finalizado, para que os direitos dos docentes sejam respeitados”, informa a sindi-calista, lembrando que outras 11 cidades da região também são alvo da mesma ação.

A inacabável jornada de um professor da rede públicaA reportagem do jornal

Brasil Atual tentou, desde dezembro, obter depoimen-tos de professores da rede municipal sobre o descum-primento da jornada do piso salarial na cidade. Ao me-nos quatro docentes foram contatados, e nenhum deles aceitou dar entrevista por medo de represálias.

Neste mês, uma professo-

pensa que nós temos jorna-da dupla, precisamos corrigir provas, olhar caderno dos alu-nos, nos atualizar devido às novas tecnologias, estudar, fa-zer pesquisas. Penso que a le-gislação serve para isso, para nos fornecer tempo de execu-tar essas atividades e tornar nosso trabalho mais qualifica-do”, constata.

Atualmente, o piso sala-

rial dos professores das es-colas públicas da educação básica, para uma jornada de 40 horas semanais, é de R$ 1.917,78, de acordo com da-dos do Ministério da Educa-ção (MEC).

Segundo a professora, esse valor ainda é insuficien-te. “Considero que sou mal remunerada, por isso preciso dobrar [a jornada]”, completa.

ra aceitou conversar com a re-portagem, mas sob a condição de anonimato. Aos 49 anos, no magistério há quase três décadas e próximo da aposen-tadoria, ela lamentou que não verá a legislação ser cumprida antes de parar de trabalhar.

“O que eu posso dizer é que o professor trabalha mui-to mais do que ele é pago para trabalhar”, revela. “Ninguém G

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CRISE DA ÁGUA

Mesmo com legislação ambiental, Estado de São Paulo não protegeu rios e mananciais por Giovanni Giocondo

Desenvolvimento excludente favoreceu quadro de escassez

Histórico e consequências Calamidade pública

Desde 2001, alertas sobre os riscos da má gestão dos re-cursos hídricos do Estado de São Paulo são feitos por espe-cialistas. Ações adotadas em conluio pelo governo estadual, prefeituras e iniciativa privada colaboraram para o colapso do sistema de abastecimento, e colocam em risco a sobrevi-vência digna da população.

A partir deste mês, o jornal Brasil Atual inicia uma série de reportagens para debater o assunto, entender as origens da crise e como ela tem afetado co-munidades em todo o Estado.

Nesta primeira reporta-gem, trataremos da relação entre o modelo de urbanização das cidades e a falta de prote-ção dos mananciais.

A Lei Estadual nº 898, de 18 de dezembro de 1975, declarava 18 recursos hídri-cos como “áreas de prote-ção”, como os reservatórios Billings, Guarapiranga e Cantareira – principais re-servatórios da Grande São Paulo, que operam no limite da sua capacidade, com ris-co de desabastecimento to-tal –, além do Rio Tietê.

Elaborada por técnicos da área de saneamento na época, a lei teria sido um “esforço heroico” para im-pedir o avanço do “progres-so” sobre os mananciais em plena ditadura militar. É o que atesta Renato Tagnin, arquiteto e urbanista espe-cialista em recursos hídri-cos.

“O problema é que a lei sozinha não faz verão, prin-cipalmente quando o Esta-do, que deveria fiscalizar, a transcende para atender aos interesses do poder econô-mico”, critica.

Para ele, o próprio Es-tado criou polos industriais

Em audiência pública realizada no último dia 5 de fe-vereiro, na Assembleia Legislativa do Estado de São Pau-lo (Alesp), deputados estaduais e federais, integrantes de movimentos sociais e ONGs, técnicos em saneamento, en-genheiros civis e outros especialistas em recursos hídricos fizeram propostas para tentar contornar o inevitável colapso do sistema de abastecimento no Estado de São Paulo.

Conheça algumas dessas propostas: Decretação imediata de estado de calamidade pública em

todo o Estado;

Implementação imediata de racionamento, sem distinção de bairros ou municípios, com regras claras;

Não ao rodízio no abastecimento, que cria diferenciações entre as regiões;

Criação de força-tarefa para lidar com a crise, incluindo técnicos, membros dos três Poderes, imprensa e integrantes da sociedade civil;

Apresentação de plano de contingência para a falta de água;

Reestatização da Sabesp;

Responsabilização criminal do governador Geraldo Alckmin pela omissão diante da crise;

Gestão dos recursos hídricos com transparência e participação popular;

Tabelamento de preços da água potável;

Distribuição de caixas d’água e construção de cisternas para a população mais pobre, com recursos financeiros e orientação sob responsabilidade do governo do Estado;

Priorizar o consumo humano em detrimento do agronegócio e da indústria;

Criar programa de captação da água da chuva;

Rever outorgas de poços artesianos;

Garantir empregos de trabalhadores demitidos devido à falta d’água;

Replantar árvores em áreas de mananciais.

e promoveu desenvolvimento excludente, com as empresas atraindo pessoas para trabalhar por baixos salários, sendo obri-gadas a morar em locais irregu-lares distantes do centro, sem água, luz e esgoto tratado, e em áreas de risco.

Na opinião do urbanista, além da terrível herança cul-tural relativa à natureza (eu-ropeia, que considera a mata “coisa suja”), o paulista tem no tecnicismo da engenharia sua busca desenfreada por querer “organizar a natureza”.

“Aí entram os rios com os cursos desviados, as várzeas aterradas e todas as demais

ações antrópicas que cau-sam desequilíbrio incalcu-lável ao estado natural das coisas”, diz.

A degradação dos ma-nanciais prende-se a uma questão mais ampla, que é o valor que se dá ao solo, ex-plica Tagnin.

“A vegetação em um ter-reno não o valoriza. Qual-quer outro uso tem se mos-trado mais rentável do que a proteção ambiental.”

Segundo o urbanista, sem a proteção devida, a água se torna mais escassa, poluída, cara e de difícil acesso para a população.

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MOBILIDADE

Reportagem verificou que medição oficial da escola apresenta dados errados por Giovanni Giocando

Por 100 metros, passe escolar é negado a dois alunos

Sérgio e Michael, de 13 anos de idade, são estudantes do 6º ano da Escola Estadual José Francisco Paschoal. Os meninos, que são vizinhos no bairro União, um dos mais pobres da cidade, no entanto, enfrentam uma rotina diferen-te dos seus colegas quando o assunto é o transporte escolar. Eles precisam caminhar por 4 km para ir e voltar do colégio, mesmo com o ônibus passando próximo de suas residências.

Para o operador de guin-daste David Drews, de 39 anos, que é pai de Michael, o método de distribuição dos passes escolares no município é injusto.

“Fui ao colégio saber o porquê de ele não ter acesso ao passe, e disseram que é porque morávamos abaixo da distância exigida por lei”, re-velou, lembrando que colegas dos meninos, que moram a

100 metros de sua casa, rece-bem o benefício.

Segundo as regras da Se-cretaria Estadual de Educa-ção, os alunos precisam morar a, no mínimo, 2 km das esco-las onde estudam para terem acesso ao benefício.

Não há flexibilidade quando o assunto é o cálculo que deter-

mina qual aluno vai à escola de ônibus, o que leva cerca de 20 minutos em cada trecho, e qual vai perder uma hora e meia, en-tre ida e volta, caminhando sob as intempéries climáticas.

Vânia Passos, diretora re-gional de ensino da região de Jaboticabal, defende a meto-dologia atual. “É essencial a

adoção de um critério único para o bom atendimento de toda a comunidade escolar, devendo-se desconsiderar cri-térios subjetivos que termina-riam por causar injustiça aos demais estudantes”, justificou.

Para Naiara dos Santos, de 27 anos, estudante de pedago-gia e mãe de Sérgio, esse crité-

rio não leva em consideração as necessidades dos alunos.

“O tratamento é desigual. Eles ficam indispostos, pois já chegam cansados à escola. Ao chegar em casa, só conse-guem tomar banho, comer e dormir”, conta.

A reportagem do Brasil Atual percorreu o trajeto ao lado dos meninos para chegar até a escola. As aulas começam às 12h20, e às 11h30 partimos embaixo do sol que não costu-ma perdoar nesse horário. Mes-mo de boné, Michael sofre para caminhar. “Às vezes tenho dor de cabeça”, nos conta.

Segundo o pai dele, a esco-la diz ter utilizado o aplicativo digital Google Maps para com-provar a distância até sua casa.

“Falaram que essa era a prova, mas ninguém impri-miu, nem me mostrou, por isso estou questionando”, con-testa David.

Exatidão questionável e o confronto com o bom sensoA diretora regional de ensi-

no, Vânia Regina Passos, afir-ma que o aplicativo virtual é utilizado nas 91 microrregiões do Estado como método ofi-cial, e que cada escola se res-ponsabiliza pela veracidade das informações registradas. A reportagem foi conferir.

Ao digitar no Google Maps “Rua Henrique Teixei-ra de Carvalho, 1059”, onde vive a família de Sérgio, e solicitar a rota até a escola, que fica na Rua Paul Harris, nº 152, a distância apontada

mentar chamado Google Street View, que permite visualizar a foto do ponto exato do local pretendido.

Feita a conferência, inde-pendentemente dos métodos legais que regem a questão, a pergunta que fica é: será que não falta bom senso dos ad-ministradores da escola para conceder os passes escolares nessas situações?

Para a diretoria Regional de Ensino, uma resposta lacônica via e-mail indica que não.

“A padronização é essen-cial para que o direito à esco-la pública possa ser garantido a todos com a equidade e igualdade necessárias”.

Ao fazê-lo, verificamos que a casa da foto, localizada na mesma rua, não é a da família Santos, e sim a de número 350.Pela aproximação até o ende-reço real, que o aplicativo nos permite fazer, a distância até a escola aponta 2 km exatos.

A equipe do Brasil Atual zerou o hodômetro do carro de reportagem e percorreu o ca-minho idêntico ao que os me-ninos fazem a pé para ter outro contraponto. Na ida e na volta à escola, o ponteiro parou em 2,2 km por trecho.

é de 1,9 km. Para confirmar a veracidade

das informações, a reportagem utilizou o aplicativo comple-

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Estudantes solicitando a parada do ônibus em frente à Escola Estadual José Francisco Paschoal

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JARDINAGEM

Casal de produtores de Terra Roxa conta a sua história de amor e paixão pelas plantas

Cultivo de orquídeas conquista público da região

Da atividade prazerosa ao negócio lucrativo

Experiências traumáticas podem significar o reinício da trajetória de uma pessoa. É o caso de João Aparecido dos Santos, o seu Dão, de 56 anos. Há três anos, ele sofreu um grave acidente e recorreu ao cultivo de plantas para re-começar, em especial orquí-deas.

Era mais um dia comum de trabalho para seu Dão, que fazia perfuração de poços artesianos na vizinha Terra Roxa, a cerca de 20 km de Bebedouro. Mas uma impen-sada queda de moto durante

Passado o dia de fúria de seu Dão, “a coisa ficou sé-ria”. Dona Valdete conta que a partir do “milagre da mul-tiplicação das mudas”, a no-tícia do cultivo de orquídeas da família se espalhou, e as pessoas queriam comprá-las.

Ainda sem conhecimen-to técnico, seu Dão buscou na Internet informações de portais especializados, que orientavam formas de adu-bar e de descobrir as pecu-liaridades de cada espécie.

O passo seguinte foi a venda da casa e a locação de um sítio, com espaço mais amplo para a construção dos viveiros. Debaixo do som-brite (material sintético utili-zado para proteger as plantas das intempéries) ficam as orquídeas das espécies Fa-lenops, Linfal, Wanda e Ca-tleia, que demoram até um

ano para começar a brotar.Todas as semanas, seu Dão

vai até a cidade de Orlândia (70 km de distância) buscar novas orquídeas. No sítio, elas são transplantadas e geram mais mudas. Atualmente, a família possui uma banca de muito sucesso na feira livre

do município vizinho de Mor-ro Agudo. É lá que seu Dão e dona Claudete encontram um dos maiores prazeres do ofí-cio: a amizade das pessoas.

“Olha, eu já trabalhei com muita coisa na vida, muita ex-periência. Todo serviço que você vai fazer, arranja ami-

zade. Mas não tem nada que você faça mais amizade do que cultivar orquídeas. E é uma amizade carinhosa, que a pessoa se torna até íntima, co-meça a perguntar da família. Uns tempos atrás eu tive um problema no pulmão, fiquei um mês sem ir à feira. Logo que voltei já vieram me abra-çando. É de emocionar”, diz seu Dão.

Parte desses novos amigos integra um grupo de morado-res de Bebedouro que, de tan-tas plantas comprarem de seu Dão e dona Valdete, passaram a se autodenominar “os orqui-loucos”. A experiência do gru-po é compartilhada via redes sociais na Internet.

Dona Valdete ressalta que o negócio também rende do pon-to de vista financeiro. Ela e o marido não pretendem deixar essa atividade tão cedo, porque

o empreendimento se tornou importante fonte de renda.

Para quem é iniciante na arte das orquídeas, a dica de seu Dão é muito simples. “Não se deixe levar pelas aparências.” Ele conta que muitas pessoas prestam mais atenção nas variedades que têm flores o ano todo, sendo que nem sempre estas são as mais belas.

“Tenho na minha varan-da a Onosmun, por exem-plo, que é uma orquídea que floresce só uma vez ao ano, em setembro. Dois dias de-pois que sai a flor, ela exala um perfume que é fora do comum, o aroma chega qua-se até a rua. Um dos maio-res prazeres da minha vida é sentar na minha cadeira e sentir esse cheiro no final da tarde”, conta.

uma viagem de rotina, que o deixou meses no hospital, fez com que ele ficasse sem po-der executar suas atividades do dia a dia.

Confinado em casa, sinto-mas da depressão começaram a rondá-lo. Seu Dão descreve o início da experiência nessa nova carreira como um lapso de loucura.

“Minha mulher tinha mais ou menos uns 20 vasos de or-quídeas na varanda. Eu estava sem fazer nada em casa, não aguentava mais ficar à toa de-pois do acidente. Foi aí que,

em uma madrugada, comecei a quebrar todos os vasos. Quan-do ela acordou e viu aquela bagunça, o ‘pau quebrou’. E eu disse: ‘Calma, vou transformar essas 20 em 80”. Então come-cei a replantar, fazer novos va-sos, vender, e nunca mais pa-rei”, recorda.

Hoje são 10 mil mudas de mais de 100 espécies diferen-tes no sítio onde seu Dão mora com a esposa, dona Valdete, de 51 anos, que rega diariamen-te as plantas, e o filho Bruno Henrique, de 16 anos, que faz os vasos depois das aulas.

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João Aparecido dos Santos (seu Dão) e dona Valdete

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FUTEBOL

Lobo vermelho enfrenta Barcelona Esportivo Capela, de São Paulo, no dia 19 de abril

Internacional estreia fora de casa na “Segundona”

Regulamento

A Internacional de Bebe-douro se prepara para a estreia no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (a popular “Segundona”) – o estadual possui as séries A1, A2 e A3 antes desta divisão.

O Campeonato Paulista da Segunda Divisão é divi-dido em três grupos, com dez times cada, que se en-frentarão em turno e retur-no. Avançam para a segunda fase os quatro melhores de cada grupo.

Os 12 clubes classifica-dos serão divididos em dois hexagonais, novamente com jogos de ida e volta, e os dois primeiros de cada grupo ga-rantem o acesso para a Série A3. Os primeiros colocados desses grupos disputarão a final em dois jogos.

Os clubes participantes poderão inscrever até 28 jo-gadores (25 de linha e três goleiros) no torneio, com a possibilidade de realizar quatro trocas de atletas no intervalo das fases.

As agremiações também serão obrigadas a cumprir com o far play financeiro, ou seja, devem respeitar pontualmente as obrigações contratuais com seus atletas sob pena de perderem três pontos em cada partida em que os salários estiverem atrasados.

O lobo vermelho estreia fora de casa (com local a de-finir), no dia 19 de abril, às 10 horas, contra o Barcelona Esportivo Capela, de São Pau-lo (clube que volta ao futebol profissional após seis anos).

Já o primeiro jogo oficial deste ano no Estádio Munici-pal Sócrates Stamato será no domingo seguinte à estreia, dia 26 de abril, no mesmo horário, contra o Desportivo Brasil, da cidade de Porto Feliz.

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SUDOKU

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

VALE O QUE VIER

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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FOTO SÍNTESE – NASCENTE NO HORTO FLORESTAL