jornal brasil atual - bebedouro 14

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Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 14 Dezembro de 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Bairro Boa Vista decide campeonato da cidade e pede melhorias Pág. 7 VáRZEA BELOS TIMES Programa do Governo Federal muda a vida de milhares de pessoas Pág. 3 PROUNI JOVEM E DOUTOR Sagrada Família faz festa na capela do Assentamento Pág. 2 REAGE BRASIL SOB BARRACAS A trajetória de Ana Dias, a esposa de Santo Dias da Silva, morto pela ditadura PODER DO BATOM MULHER CORAGEM ESCâNDALO DO ORçAMENTO Controle do governo Alckmin na Assembleia tropeça nos aliados. E surge areia no esquema Pág. 4-5 COMO OS DEPUTADOS FORJAM AS EMENDAS

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jovem e doutor reage brasil sob barracas A trajetória de Ana Dias, a esposa de Santo Dias da Silva, morto pela ditadura belos times várzea nº 14 Dezembro de 2011 Distribuiçã o Pág. 4-5 Pág. 7 Pág. 2 Pág. 3 Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br Sagrada Família faz festa na capela do Assentamento Bairro Boa Vista decide campeonato da cidade e pede melhorias Programa do Governo Federal muda a vida de milhares de pessoas

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Jornal Regional de Bebedouro

www.redebrasilatual.com.br BeBedouro

nº 14 Dezembro de 2011

DistribuiçãoGratuita

Bairro Boa Vista decide campeonato da cidade e pede melhorias

Pág. 7

várzea

belos times

Programa do Governo Federal muda a vida de milhares de pessoas

Pág. 3

Prouni

jovem e doutor

Sagrada Família faz festa na capela do Assentamento

Pág. 2

reage brasil

sob barracas

A trajetória de Ana Dias, a esposa de Santo Dias da Silva, morto pela ditadura

Poder do batom

mulher coragem

escândalo do orçamento

Controle do governo Alckmin na Assembleia tropeça nos aliados. E surge areia no esquema

Pág. 4-5

como os dePutados forjam as emendas

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expediente rede brasil atual – bebedouroeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Leonardo Brito (estagiário) revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 10 mil exemplares distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

Esta edição do jornal Brasil Atual traz um exemplo da região de uma mulher de coragem: Ana Dias, esposa de Santo Dias da Silva, o operário morto pela ditadura em 1979. Basea-da na história do antigo companheiro, ela, que enfrentou com ele as dificuldades no campo nas imediações de Bebedouro, voltou à cidade e hoje mostra como é ser combativa, não se deixar abater e transformar a vida numa saudável militância.

Esta edição também mostra como atua a velha mídia bra-sileira, o PIG – Partido da Imprensa Golpista. Para não perder os privilégios, ela nunca dá vazão às denúncias de corrupção no governo tucano. Pois bastou o deputado Roque Barbieri, do PTB, dizer que 30% dos deputados “vendem” suas cotas de emendas ao Orçamento paulista – afirmação confirmada pela líder comunitária tucana Tereza Barbosa –, ameaçando romper um velho laço aliado de apoio ao governo Alckmin, que o PIG sepultou o assunto. Fez-se de “migué”. Nós não. Contamos, nas páginas centrais, como se dá o trambique. Ainda bem que a gente vislumbra um futuro diferente em jovens como Daniel e Giovane, estudantes de baixa renda beneficiados pelo Prouni. Eles, sim, são o Brasil que está por vir. É isso. Boa leitura!

assentamento reage brasil

festa na capela sagrada famíliaComemoração sob barracas beneficia a comunidade

Domingo, 27 de novem-bro, hora do almoço, a Co-munidade Sagrada Família da Paróquia de Santo Inácio de Loiola fez a festa na capela do Assentamento Reage Brasil. Com farta e boa comida, do-ces e música sertaneja, debai-xo da barraca ou das manguei-ras de espécies variadas, todos se divertiram bastante. E ainda deu para juntar um dinheiri-nho para ajudar nas despesas da Capela Sagrada Família.

Para a irmã Maria Eunice da Silva, de 45 anos, da Con-gregação Servas do Senhor, o companheirismo e a dedicação

de todos foram grandes. “É a primeira vez que participo e gostei muito do que vi” – diz a religiosa. As voluntárias Ma-ria da Penha Mariano Cam-pos, de 53 anos, e Irani Sass dos Santos, de 62, ajudaram na cozinha. Para ambas, “aqui

tudo é muito simples, mas o sentimento de fraternidade e o acolhimento são muito for-tes”. Apesar da idade, Maria de Lourdes Bonafim, de 76 anos, presidente do voluntariado do Lar do Idoso, esteve presente e ajudou na organização.

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seminário

Pt debate Ética e PolíticaEvento na OAB reuniu pessoas de outros partidos

O Partido dos Trabalhado-res (PT) de Bebedouro organi-zou um seminário sobre Ética e Política, no dia 8, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Além da maioria petista, estiveram no evento gente do Partido Verde (PV), do antagônico DEM e apartidários. Para Luis Carlos de Freitas, presidente do PT local, dada a importância do tema, o objetivo era “discutir com nossos pré-candidatos e aproveitar a presença do professor de Filosofia e Ética Walter Luiz Lara e debater com a sociedade” – disse ele.

O professor Walter, de Ita-tiba, citou filósofos – Sócrates, Maquiavel, Rousseau, Nietzs-che e Weber – e discorreu sobre a ética da responsabilidade e a ética da razão. Para ele, “ainda há muita acomodação com os desvios éticos na política bra-sileira, porém há resistências, e os resistentes precisam ser incentivados. Tudo está mais transparente e a corrupção apa-rece mais. Mas o povo também cobra mais, e isso é bom” – ex-plicou. Um ponto polêmico, de-fendido pelo palestrante, foi a limitação a dois mandatos para o Poder Legislativo.

O vice-prefeito, Gustavo Spido (PV), parabenizou o PT por discutir um tema relevante – a busca de uma política éti-ca, séria e responsável. “Nos-sa cidade precisava disso” – disse. O ex-vereador, Carlos Orpham (PT), coordenador do seminário, disse que os objeti-vos foram atingidos. “A ideia era filosofar um pouco sobre o tema e trazer a ética para o cotidiano. Acho que a refle-xão sobre a prática política na cidade ajuda a gente ter uma eleição e uma futura adminis-tração mais ética e responsá-vel” – concluiu Orpham.

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grama é uma bênção que Deus proporcionou ao povo pobre, através de um presidente que sabe o que é o sofrimento do povo, o presidente Lula” – lembra emocionada. Tímido e de poucas palavras, Giovani diz que o Prouni “é uma janela de oportunidades que se abre para muitos jovens de baixa renda como eu”. Com pouco dinheiro para se manter fora de casa, o universitário já fi-cou hospedado em casas pa-roquiais, ONGs, e agora numa república, pois passou no concurso para estagiar remu-neradamente no DAEE – De-partamento de Águas e Ener-gia Elétrica do Estado de São Paulo e, assim, já pode contar com um dinheirinho a mais.

Prouni

Programa dá oportunidades a jovens bebedourenses

o menino que vai ser médico... ...e o que veio da lona

Desde 2005, o governo federal oferece bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior no País. O programa já atendeu 919 mil estudantes e mudou a vida de jovens de família de baixa renda pelo Brasil. Veja como, em Bebedouro, o

futuro de dois jovens tomou rumo diferente do planejado pelas suas famílias

Daniel Moreira Fossaluz-za, 22 anos, é filho de uma fa-mília de classe média baixa. O pai, João Roberto Fossaluzza, de 62 anos, é aposentado; a mãe, Maria do Carmo Martins Moreira Fossaluzza, de 50, é dona de um pequeno comércio no Jardim Alvorada, onde re-sidem. Este ano ele terminou o terceiro período do curso de medicina na Universidade de Uberaba (Unibe), com bolsa de 100% pelo Prouni. Daniel fez as duas primeiras séries do ensino fundamental na Esco-la Orlando França, da tercei-ra à sétima séries estudou no Centro Educacional do Sesi e a oitava fez na Escola Abílio Alves Marques. Os três anos do ensino médio ele fez na

Giovani José dos Santos, de 20 anos, vive em uma rea-lidade diferente de Daniel, mas goza da mesma alegria de ser um atendido pelo pro-grama. Filho de Maria Va-núbia de Oliveira, 43 anos, e José da Silva dos Santos, de 45, Giovani é o primeiro dos quatro filhos do casal de as-sentados no Assentamento Reage Brasil, em Bebedouro. Ele termina o 6º período do curso de Engenharia Ambien-tal na Fundação Educacional de Barretos (FEB), também com bolsa de 100% do Prou-ni. Vanúbia lembra que não via Giovani estudar em casa “mas ele sempre tirava notas boas”. A vida de toda a família nunca foi fácil. O menino Gio-vani chegou a morar oito anos numa barraca de lona, sendo quatro no acampamento à bei-ra da estrada, enquanto aguar-davam a posse de um lote de terra, e outros quatro já dentro do Assentamento. Hoje mo-ram em seu próprio lote, em uma casa de alvenaria, porém sem reboco nem acabamento. Durante o ensino fundamental e médio, nas escolas Abílio Marques e Paraíso Cavalcanti, Giovani caminhava a pé pela estrada de terra para pegar o ônibus da Prefeitura e chegar à escola, depois de rodar 16 km. Para a mãe, Vanúbia, “o pro-

Escola Dr. Paraíso Cavalcanti. Daniel sempre foi bom aluno. No último ano do ensino funda-mental, ficou entre os 30 classi-ficados no concurso de redação da EPTV e ao final do ensino médio foi indicado pela escola para participar do concurso “Jo-vens Embaixadores”, do gover-no do Estado. A mãe, Maria do Carmo, lembra que havia uma professora dele, Cristina Volpi-ni, que levava apostilas de uma escola particular da cidade para ele estudar, “pois ele sempre estava adiantado e queria apren-der mais, nunca tirou uma nota vermelha”.

Depois de dois anos ten-tando passar na USP, fez um ano de cursinho na Escola Delta, cuja diretora, Angélica

Nociti Mendonça Peixoto, de 42 anos, o incentivou a pres-tar o Enem. “O Daniel era um jovem especial, determinado e consciente das dificuldades de se realizar um grande sonho. Os desafios enfrentados por ele fortaleceram sua determi-nação de ser médico e as difi-culdades jamais o fizeram de-sistir desse sonho tão sublime. Nós, da equipe Delta, tivemos o prazer de conviver com ele por quase dois anos e aprende-mos a acreditar que os sonhos são possíveis, quando são ver-dadeiros, e as pedras no cami-nho só fortalecem o desejo de vencer” – diz Angélica.

Daniel, afinal, começou a cursar Medicina, sonho que embalava havia algum tempo. E reserva um elogio ao pro-grama. “Mandaram eu abrir uma conta no Banco do Brasil para receber a ajuda de custo e o crédito vem todo mês, não falha um. Não é muito, mas ajuda bastante” – diz. Evan-gélico como a família, o pai, João Roberto, diz que o pro-grama “é uma benção”. A mãe lembra que “muita gente diz que fulano estuda no Prouni e tem carro; eu digo que, se posso ter carro, jamais teria condição de bancar meu fi-lho estudando medicina. Só a mensalidade é R$ 4.000,00” – diz Maria do Carmo.

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escândalo do orçamento

surge areia no esquema da assembleia legislativa

alesp atua como escritório de despachos dos tucanos

Alguns deputados “vendem” as emendas e abocanham parte dos recursos liberados Por Raoni Scandiuzzi

O domínio do Executivo na Assembleia combina in-dicações a cargos públicos, divisão do poder regional e administração da liberação de recursos das emendas par-lamentares ao Orçamento do Estado. Porém, falhas no ge-renciamento dos partidos da base levaram alguns deputa-dos do PTB a se incomodar com o governo Alckmin. Por causa do desprestígio e da re-dução de recursos repassados à Secretaria de Esporte, nas mãos dos petebistas, o cacique do partido, Campos Machado, cobrava atenção do governo às questões do partido. Até que o deputado Roque Bar-biere (PTB) chutou o balde. Em entrevista ao site do jornal Folha da Região, de Araçatu-ba, em setembro, afirmou que de 25% a 30% dos deputados “vendem” as emendas a que têm direito anualmente em troca de abocanhar parte dos recursos liberados. E assegu-rou que o governo Alckmin foi alertado disso.

O secretário estadual de

Meio Ambiente, deputa-do licenciado Bruno Covas (PSDB), confirmou o esquema ao jornal O Estado de S. Paulo, e citou o caso de um prefeito que lhe ofereceu 10% de uma emenda – R$ 50 mil –, que ga-rantiu não ter aceitado. Convi-dado a se explicar ao Conselho

de Ética da Alesp, Covas não apareceu. Enviou carta afir-mando que seu relato era uma situação hipotética e didática, usada em palestras, encontros e conversas. No Ministério Público do Estado, o promotor Carlos Cardoso abriu inquérito para apurar o escândalo. Para

ele, não pareceu ser apenas um exemplo didático.

Um levantamento divulga-do no site do deputado Bruno Covas indicava que, em 2010, ano eleitoral, seu gabinete re-passara R$ 9,5 milhões em emendas para várias cidades paulistas – embora o limite

de cada deputado seja R$ 2 milhões anuais. Procurado, ele silenciou. Sua assessoria justificou que o levantamen-to trouxe emendas de anos anteriores, pagas em 2010, e outras obras eram pedidos do governo, e não dele.

Em 12 de outubro, o gover-no disse que divulgaria os re-cursos oriundos de emendas no site da Secretaria da Fazenda. A relação foi publicada em 4 de novembro. Nela, o presiden-te da Alesp, deputado Barros Munhoz (PSDB), é campeão de indicações, empenhando R$ 5,6 milhões no ano passado. Segundo o documento, Bruno Covas tem R$ 2,2 milhões em emendas. Mas a lista oficial não é confiável – o site do de-putado licenciado informara um montante quase cinco ve-zes maior. Outro exemplo: tan-to sua página eletrônica como a da prefeitura de Sales divul-gam uma emenda no valor de R$ 100 mil para a construção da Praça Floriano Tarsitano na cidade. Na relação do governo o recurso nem aparece.

A Assembleia Legislati-va do Estado de São Paulo (Alesp) tem 94 deputados, 3.000 funcionários e orçamen-to anual de R$ 660 milhões. Desfruta da camaradagem da imprensa comercial – que se indigna com denúncias de Bra-sília e blinda o governo pau-lista. A maioria dos parlamen-tares submete-se em silêncio ao Palácio dos Bandeirantes,

onde, desde 1995, a morada do chefe do Executivo é também um ninho tucano. Em troca de apoio aos seus interesses elei-torais, deputados da base aliada mantêm o governador do Estado livre de qualquer dor de cabeça.

É na Alesp que se discute e aprova o Orçamento do Estado – R$ 140 bilhões em 2011 – e onde se deve fiscalizar sua cor-reta aplicação. É lá que se dis-

cutem leis, desde a que proibiria a venda de porcarias de alto teor calórico em cantinas de escolas públicas até as que autorizaram o governo a vender o patrimô-nio estratégico – como do setor elétrico, do Banespa e da Nossa Caixa, a concessão de estradas e ferrovias. Lá é onde o gover-no sabe que denúncias e pedi-dos de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

serão varridos para baixo do tapete. Quantas vezes você leu, ouviu ou viu notícias de que os deputados paulistas investigaram uma suspeita de superfaturamento em contra-tos do Metrô ou os abusos da Polícia Militar – seja na forma violenta como age na USP, seja quando persegue pobres na periferia ou reprime movi-mentos sociais?

o tucano geraldo alckmin, o fiel escudeiro campos machado (Ptb) e bruno covas: zorra total

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líder comunitária conta como funciona o trambiqueTereza Barbosa, 59 anos,

coordena um instituto que atende crianças em Campo Grande, zona sul da capital. Ela conta: “Entrei em vários gabinetes e eles diziam assim: ‘Olha, eu dou o dinheiro para a senhora, mas a senhora me devolve a metade, para uma entidade minha, que não tem documentação’”. Dona Tereza descreve outra conversa. “Um prefeito me contou que eles dão a verba para a Prefeitura, mas quem contrata as empre-

sas para fazer a obra é o deputa-do, e a construtora repassa 40%. Por isso a gente vê essas obras malfeitas. Uma vez fui reclamar

com uma construtora da Cidade Ademar e o dono me falou: ‘A gente não pode fazer nada com material de primeira, porque precisa devolver o dinheiro que chega pra gente’.”

Dona Tereza, uma “apaixo-nada pelo PSDB”, não revela nomes por medo de sofrer re-presálias. Mas dá pistas. “Exis-te esquema em vários partidos – PSDB, PTB, PDT”. Por ex-periência própria, ela afirma que Roque Barbiere falou a verdade. “Ele não mentiu, não.

Só acho que a porcentagem é maior do que ele disse. Eu co-locaria que uns 40% a 45% dos deputados vendem emenda.”

A líder comunitária con-firmou que, se convidada, iria ao Conselho de Ética. Como a apuração já estava sepultada, o promotor Carlos Cardoso foi ouvi-la. “Ela solicitou a deputa-dos que patrocinassem emendas para financiar a entidade que ela preside. Uma parte deles, uns dez deputados, condicionaram o apoio à entidade à transferên-

cia de parte dos recursos para ONGs que eles indicariam. Ela achou estranho e não acei-tou” – diz Cardoso.

Terezinha não revelou nome de deputado algum. Mas o relato dela trouxe avanços na investigação. “Isso confirma que há uma prática pouco ou nada líci-ta por parte de alguns de-putados, que manipulam as emendas, sem transparência e com propósito ilícito” – garantiu o promotor.

fala o deputado que denunciou outros deputadosRoque Barbiere reafirma que levará o esquema de venda de emendas ao Ministério Público

Como o senhor se sente por ter feito as denúncias?Fiquei magoado pela maneira como o presidente da Assembleia (Barros Munhoz, PSDB) e o go-verno trataram do assunto, ten-tando me desqualificar, exigindo que eu desse nomes, quando a própria Constituição me ampara. Eles fingiram que não me conhe-ciam. O governo me ignorou por completo, como se eu tivesse dito a maior mentira do mundo, como se ninguém tivesse nem cogita-do que algo semelhante pudesse ocorrer na Assembleia.O governo se sentiu atingido pelas denúncias?

Talvez, mas a denúncia foi para o bem, não para o mal. Alguém do governo estadual conversou com o senhor?Não. Nem na boa, nem na ruim. Virei um leproso politi-camente falando, porque, no governo, ninguém tem cora-gem de chegar perto de mim.O que achou de o governo dizer que Bruno Covas gas-tou R$ 2,2 milhões em 2010?Ele primeiro disse que um pre-feito ofereceu propina pra ele, depois que foi hipoteticamen-te. Do Covas eu gostava muito era do Mário.O senhor se arrepende da entre-

vista em que disse que 30% dos deputados vendem emendas?Não. Depois dela, tenho cer-teza de que vão sobrar mais recursos para o povo de São Paulo, as pessoas vão pensar dez vezes antes de fazer algu-ma coisa de errado.A base do governo rachou?Não sei como está, estou ten-do pouco contato por causa dos problemas pessoais.Está descartada a hipótese de o senhor deixar a base?Não está nada descartado. Vou esperar aprovar o Orçamento, cumprir minha obrigação com o povo de São Paulo, depois,

no ano que vem, vou me posi-cionar politicamente.Por que o presidente do PTB, deputado Campos Ma-chado, defendeu o governo?O Campos Machado é apaixo-nado pelo governador Alckmin, que realmente é uma pessoa ca-tivante. Mas temos de separar o governador do governo. O Campos Machado não faz isso. O compromisso dele é apoiar o governo, dando certo ou errado. Não seria o momento de o senhor dizer algum nome, para não esfriar o assunto?Não posso, para satisfazer uma parte, prejudicar o todo.

Vou conversar com o promo-tor. Depois, se ele seguir o ca-minho, ele chegará aos nomes.Dona Terezinha, presiden-ta da ONG Centro Cultural Educacional Santa Terezi-nha, disse que 45% dos de-putados vendem emendas...Isso é insignificante. Se 0,5% da Assembleia vender emen-das, o Parlamento já está sujo. Isso aqui não é uma casa de anjos. Se com Jesus, que tinha 12 apóstolos, tinha um traidor, um falso e um incrédulo, ima-gine numa Assembleia com 94 deputados. Mas volto a dizer, a maioria daqui é gente boa.

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Em sexto mandato, o deputado estadual Roque Barbiere, do PTB, é da base aliada do governo há 16 anos. É dele a afirmação de que entre 25% e 30% dos deputados paulistas “vendem” as emendas ao Orçamento a que têm direito todos os anos. De acordo com o esquema, quando o recurso é repassado para pagar uma obra ou serviço, alguns deputados embolsam a “comissão”. Barbiere reafirmou que levará as informações de que dispõe ao promotor Carlos Cardoso, do Ministério Público – a investigação corre em segredo de Justiça, o que garante proteção aos acusados

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Poder do batom

a vida na terra do Prudentão, um coronel da região

a serenidade do retorno de uma cidadã de luta

O difícil caminho de Ana Dias, da luta nas fazendas à militância estadual Por Leonardo Brito

Depois da morte do mari-do, Ana foi à luta com as mu-lheres pobres. Ex-diretora da Coordenadoria da Mulher em São Paulo, da Pastoral Ope-rária, ela trabalhou com ado-lescentes grávidas. Em 2000, volta a Bebedouro, compra uma casa no Parque Eldorado

e, com o apoio da Prefeitura, cria o Conselho da Mulher, do qual é vice-presidenta.

Ana é uma cidadã cons-ciente. Participa da Pastoral da Fé e Política da Igreja Católi-ca, é voluntária no combate ao câncer na Fundação Abílio Alves Marques e apoia famí-

lias no grupo de Proletárias do Bem, do Centro Espírita do Calvário ao Céu. Ela se orgu-lha da militância, mas diz que é uma vida difícil. “Nossa luta não surgiu da noite para o dia, ela vem desde a juventude nas fazendas”.

Para ela, divulgar os nossos

mártires é importante para não se perder a história do país. A viúva tem a nítida impressão de que Santo Dias deixou uma marca na vida das pessoas. Ele e todos os militantes que der-ramaram o sangue pela liber-dade e igualdade dos direitos do povo brasileiro.

como a ditadura matou o operário santo dias

O metalúrgico Santo Dias da Silva sempre é lembrado quando se fala nas greves que perturbaram a ditadura mili-tar. Militante cristão, chefe da Pastoral Operária e integrante da Oposição Sindical dos Me-talúrgicos paulistanos, antes de mudar para São Paulo e ser mo-torista de empilhadeira na Metal Leve S/A, ele foi lavrador, colo-no, diarista, eletricista, tratorista e boia-fria por todo o Estado. A companheira nas ações durante sua militância era Ana Maria do Carmo Dias, a Ana Dias, hoje com 68 anos. Ana nasceu em Pitangueiras e passou a juventu-de na Fazenda Floresta, em Ter-ra Roxa – ela, a mãe e as irmãs eram cozinheiras, o irmão era da lavoura de café e o pai era re-tireiro, fazia a ordenha de vacas.

meeiros (lavrador que divide a colheita com o dono) – diz ela. “Havia, também, a caderneta, sistema em que o patrão ano-tava o que os trabalhadores co-miam no comércio da fazenda, de modo que a gente sempre estava devendo” – conta Ana. Outra reminiscência, as vesti-mentas. Os colonos tinham o apelido de “os remendados” por usarem um conjunto de re-talhos costurados, sem ordem ou combinação de cores.

Em 30 de outubro de 1979, durante o governo de Paulo Maluf, num piquete de grevistas na porta da indústria Sylvania, em Santo Amaro, zona sul da Capital, foi morto com um tiro à queima-roupa o operário Santo Dias da Silva, funcionário da Filtros

Mann. Nascido em Terra Roxa, ele tinha 37 anos e representa-va os trabalhadores na Pastoral Operária. Na autópsia, assinada pelo legista Samuel Grummer, Santo morreu de hemorragia por causa de um tiro no tórax. O soldado PM Herculano Leo-nel, da Rota 220, foi acusado de

ser o autor do disparo. Con-denado, em abril de 1982, a seis anos de prisão, o soldado recorreu da sentença. Em de-zembro de 1983, o Tribunal de Justiça Militar de São Pau-lo absolveu-o por unanimida-de por entender que Leonel “não concorreu para o fato”.

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Segundo Ana, Prudentão, como era conhecido José Dias Prudente Corrêa, dono da fa-

zenda e grande coronel da re-gião de Bebedouro. “Sob ame-aça de morte, ele invadia as

pequenas propriedades do en-torno e obrigava os produtores a trabalharem para ele como

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camPeonato varzeano

uma final só de boa vistaBairro da cidade mostra sua força no futebol amador

bairro merece maisSilvio Aparecido Mariano, 38 anos, virou porta-voz dos

moradores do Alto da Boa Vista. Ele, que vive no bairro desde que nasceu, diz que “o fato de os dois times do bairro faze-rem a final do campeonato é indicativo de que merecemos um Centro Comunitário para a prática de esportes”.

times semifinalistas – Boa Vis-ta, Atlético Boa Vista, Marajá e Sol Dourado – ganharam do DME uniformes completos –

camisa, calção e meião. O CPP/Funerária São João, campeão dos Veteranos, também recebeu uniformes.

criança e adolescente

campanha arrecada r$ 100 milAutor da Lei, Orpham marcou presença em solenidade

Com uma palestra do audi-tor fiscal da Receita Federal de Ribeirão Preto, Júlio Alfredo Curvo, a Câmara de Bebedou-ro em parceria com o Conse-lho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Ado-lescente (CMDCA) entregou, em sessão solene na noite de 1º de dezembro, selos e diplomas da Campanha Contribuinte Cidadão às pessoas e empre-sas que destinaram parte do seu Imposto de Renda para o CMDCA. As destinações dos recursos podem ser feitas até o último dia útil de cada ano.

Até novembro, 103 pessoas contribuíram com a campanha. Com isso, mais de R$ 100 mil financiaram projetos de 13 en-

Para enviar recursosEm caso de pessoa física, veja quanto é 6% do imposto devido e

deposite na conta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no Banco do Brasil, Agência 054-X, C/C 130.250-7. Pegue o recibo do banco, dirija-se à sede do Conselho e peça o reci-bo próprio. Guarde-o com a Declaração de Ajuste Anual do IR.

simples”, mas que “representa muito” para a manutenção de programas sociais no município.

Para Carlos Orpham, autor da lei que criou a campanha em 2003, “esse é um projeto pelo qual eu tenho grande apreço, é importante para a cidade e para as crianças”. A solenidade foi marcada por apresentações do Grupo Vozes do Coração e dos alunos de balé da ONG ArtSol, sob a coordenação do coreógrafo Anderson Luís.

Já estava garantido. Um dos times do Alto da Boa Vista seria o Campeão do Varzeano 2011. Na final, na manhã de domingo 4 de dezembro, no Stamatão, o Boa Vista jogou contra o Atlético Boa Vista. O Boa Vista goleou o adversário por 4 x 1 e levantou o caneco. Danilo Alves da Silva, do Atlético Boa Vista, foi o arti-lheiro do campeonato, com nove gols em nove jogos. João Victor da Cruz, do mesmo time, foi o goleiro menos vazado, com três gols sofridos em dez jogos. O ArtSol levou o Troféu Fair Play, de equipe mais disciplinada.

O Departamento Municipal de Esportes (DME) premiou o campeão com R$ 1 mil e, o vice-campeão com R$ 500,00, além de troféus e medalhas. Todos os

coisa do destino

Conhecer Santo Dias foi coisa do destino. Ele nasceu em Terra Roxa, em 1942. Ela nasceu um ano depois, em Pitangueiras, a 54 km da cidade dele. Santo passou a juventude na Fazenda Gua-nabara, em Viradouro, cuja dona era Célia Prudente Cor-rêa, filha de José Prudente. O namoro com Santo começou em 1961, após alguns flertes e encontros na cidade. “Tudo se deu numa troca de olhares. Ele tinha olhos claros, era alto e de cor bonita. Quando eu passeava na cidade com meus irmãos, ele ia junto. Deixava a bicicleta na casa da minha mãe e embarcava no caminhão. Ele sempre dava um jeito de ficar perto de mim” – lembra Ana.

Santo e Ana casaram-se em 1965. Santo era um vi-sionário. Curioso, lia muito e conciliava roça e escola. Sua luta por justiça começou nos anos 1960, quando os traba-lhadores queriam que os pa-trões assinassem suas cartei-ras de trabalho. Em resposta,

os fazendeiros expulsaram a todos, e Santo foi um deles. “Era difícil acompanhá-lo” – lembra Ana. Mesmo assim, ela militou nas mesmas cau-sas, seguiu a mesma religião e sempre buscou melhor vida para os oprimidos. Não que Ana concordasse em tudo com Santo. “Brigávamos quando ele se aventurava na política e esquecia a família” – ela e os dois filhos, Luciana Dias da Silva, hoje com 43 anos, e o filho Santo Dias, que tem 45.

Como nenhuma roça mais queria Santo, rotulado de comunista, ele virou boia--fria. Depois, mudou-se para Santo Amaro, em São Paulo. Na capital, Ana recorda que ele se envolveu com sindica-tos e lutou contra a ditadura. “Para ele, revolução era mu-dança e o preço da liberdade era a queda da ditadura, com o povo participando das de-cisões do país. Infelizmen-te, ele não viu nem o fim da ditadura, nem o Partido dos Trabalhadores (PT) nascer e crescer” – lamenta Ana.

tidades assistenciais. Para a presidenta do CMDCA, Neide Aparecida Rosa, a destinação de parte do imposto é um “gesto

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Page 8: Jornal Brasil Atual - Bebedouro 14

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horizontal – 1. Centro de Controle Operacional; Cada uma das partes distintas da corola2. Instrumento de cordas, de forma triangular, tocado com os dedos; Partir 3. Nome de árvore que fornece madeira resistente e dura; (Pl.) Unidade de medida de capacidade, correspondente ao volume de um decímetro cúbico 4. (Abr.) Cruzeiro; Dois, em algarismo romano 5. Herbívoro da África, de pele grossa, patas e cauda curta, cabeça grande e focinho largo 6. Que não está contido7. Pedido de socorro; Interjeição usada para chamar a atenção de alguém; Composição poética do gênero lírico 8. (Abr.) Boletim de serviço; Aguardente que se obtém pela fermentação e des-tilação do melaço de cana-de-açúcar 9. Nome da letra p; Sovaco; 10. Nome de um planeta; Ilha de coral 11. Cidade de São Paulo; Membro das aves guarnecido de penas, que serve para voar

vertical – 1. Galanteador importuno de uma senhora casada ou viúva; 2. Relativos ou seme-lhantes à cabra ou ao bode; (Abr.) Rádio Patrulha 3. Reze; Partidos Comunistas; Alimento feito de farinha, especialmente de trigo, amassada e cozida no forno 4. Ação de voar; Nome comum a vários cervídeos que habitam as partes boreais da Europa, Ásia e América 5. Sigla em inglês de Phase Alternating Line; Cobertura de borracha com que calçam as rodas dos automóveis e outras viaturas 6. Muito boa, excelente 7. Falatório, murmuração; Soberanos, na língua persa8. Diz-se do galo que, na rinha, ferido ou cansado, não podendo manter-se de pé, sustenta-se apoiando a cabeça no solo; Pedra, em tupi-guarani 9. Medida que se usa para as proporções nos corpos arquitetônicos 10. Limpo o nariz; Fila, separada por um espaço

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CCOPETALAHARPAIRSIPELITROSCRVIIOHIPOPOTAMOINCONTIDOSOSEIODEBSRUMUEPEAXILAURANOATOL

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