jornal brasil atual - barretos 05

8
Jornal Regional de Barretos www.redebrasilatual.com.br BARRETOS nº 5 Setembro de 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Barretos terá de cumprir lei que proíbe jovens de sair de casa desacompanhados MENORES Transporte, Saúde e Educação lideram pedidos dos políticos Pág. 3 ORÇAMENTO A CIDADE QUER Carol, 14 anos, a menina que bota pra quebrar no kung fu Pág. 7 KUNG FU A FERA Instituto Legislativo de Barretos forma futuros prefeitos e vereadores Pág. 2 ELEIÇÕES 2012 ESCOLA DE POLÍTICO RUAS PROIBIDAS LITERATURA Os Últimos Soldados da Guerra Fria conta a saga de cinco heróis cubanos presos nos EUA Pág. 4–5 FERNANDO MORAIS LANÇA NOVO LIVRO

Upload: siman-leandro

Post on 26-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Os Últimos Soldados da Guerra Fria conta a saga de cinco heróis cubanos presos nos EUA Barretos terá de cumprir lei que proíbe jovens de sair de casa desacompanhados eleiÇões 2012 a fera a cidade quer escola de político Distribuiçã o nº 5 Setembro de 2011 Pág. 7 Pág. 2 Pág. 3 www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Barretos Carol, 14 anos, a menina que bota pra quebrar no kung fu Pág. 4–5 Transporte, Saúde e Educação lideram pedidos dos políticos

TRANSCRIPT

Page 1: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

Jornal Regional de Barretos

www.redebrasilatual.com.br barretos

nº 5 Setembro de 2011

DistribuiçãoGratuita

Barretos terá de cumprir lei que proíbe jovens de sair de casa desacompanhados

menores

Transporte, Saúde e Educação lideram pedidos dos políticos

Pág. 3

orÇAmenTo

a cidade quer

Carol, 14 anos, a menina que bota pra quebrar no kung fu

Pág. 7

KUnG FU

a fera

Instituto Legislativo de Barretos forma futuros prefeitos e vereadores

Pág. 2

eleiÇões 2012

escola de político

rUAs ProibidAs

liTerATUrA

Os Últimos Soldados da Guerra Fria conta a saga de cinco heróis cubanos presos nos EUA

Pág. 4–5

FernAndo morAis lAnÇA novo livro

Page 2: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

2

expediente rede Brasil atual – Barretoseditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Leonardo Brito (estagiário) e Aquino José revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008 tiragem: 6 mil exemplares distribuição Gratuita

ediToriAl

Barretos aprovou uma lei que todas as pessoas do País dis-cutem – uns a favor e outros contra: a detenção de menores que saiam às ruas depois de certa hora, desacompanhados de seus pais ou responsáveis. Nos municípios em que se aprova a lei – como em Barretos –, prega-se que os índices de violência caem de modo estrepitoso. As cidades que a adotaram – São Joaquim da Barra, Fernandópolis e Cajuru – estão aí a lhes dar razão. Esquecem-se, contudo, de que a medida é paliativa, uma vez que a criminalidade aumenta nas cidades que lhes fazem fronteira, como acentuam os que se opõem à medida.

Esse debate está nas páginas desta edição, assim como as reportagens sobre Carol, a menina que é um show no kung fu, Adevair, o ciclista que trocou o esporte pela roça – imagine por quê – e a entrevista exclusiva com o jornalista Fernando Mo-rais, que nos brinda com um livro que trata das escaramuças da Guerra Fria travada entre Cuba e os Estados Unidos.

Por problemas operacionais, a edição passada não circulou na cidade, mas está disponível no site <www.redebrasilatual.com.br/jornais/Barretos>. Esse jornal, o de número 4, trata, basicamente, da Festa do Peão, realizada no mês passado. É isso. Boa leitura. Aqui e on-line.

eleiÇões 2012

A preparação de novos políticosSegunda capacitação vai até o dia 27 de outubro

Curso de iniciação política na Câmara de barretos

aq

uin

o J

osé

O Instituto do Legislativo de Barretos, criado por lei munici-pal, oferece de graça o curso de Iniciação Política, destinado aos cidadãos com interesse no tema. A primeira formação foi em se-tembro. As palestras são dividi-das em cinco módulos, cada um com duração de três horas.

No módulo inicial são abordados temas que vão do governo Getúlio Vargas a Dilma Rousseff – como, por exemplo, a República Fede-rativa, a Era JK, a Renúncia de Jânio, o Regime Militar, os Anos de Chumbo, as Diretas- -já, o Plano Real e os gover-nos FHC e Lula. No módulo 2, o estudo versa sobre Políti-ca e Organização Social, com reflexões sobre Estado e Go-verno, a distribuição do poder, sistemas de governo, o Minis-tério Público. Política, elei-

ções e partidos são assuntos do módulo 3 e Ética e Política são temas do módulo 4, com itens que vão de virtude, ação e equilíbrio a responsabilidade e gestão. No último módulo, Política e Futuro, analisam-se o papel dos meios de comuni-cação, a era da informação, os movimentos internacionais, a questão ecológica e os desa-fios da nova geração.

Segundo o professor Regi-

naldo da Silva, vereador e pre-sidente do Instituto, o curso é apartidário e destinado a jovens e adultos, principalmente aos futu-ros candidatos nas eleições mu-nicipais de 2012 para vereador e prefeito, e demais interessados no tema. O radialista Odair Silva destacou a importância da for-mação para as novas lideranças e agentes políticos. “O projeto marca evolução na política bar-retense” – enfatiza.

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornAl on-line

Caminhada completa 25 anosCidade Maria espera receber 15 mil peregrinos

Os organizadores espe-ram receber 15 mil peregri-nos no jubileu de prata da ca-minhada de 12 de outubro até a Cidade Maria. A manifes-tação religiosa católica deste ano prevê carreata às 4 horas saindo da Capela de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Pereira, com destino à Igreja do Bom Jesus. Deste templo,

reliGião

às 5 horas, sai a procissão que percorre os 12 quilômetros até a Cidade Maria. Os padres pe-dem que os fiéis levem rádios portáteis para acompanhar os

cantos e orações que serão transmitidos pelas emissoras locais. O bispo diocesano, Dom Edmilson Caetano, preside missa, encerrando a tradicional caminhada em louvor à padroeira do Brasil. “Com Maria, Ser Igreja Dis-cípula Missionária de Jesus Cristo” é o tema de reflexão em 2011.

aq

uin

o J

osé

Page 3: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

3

orÇAmenTo em debATe

rodovia vira assunto central de audiência públicaNo trecho entre Barretos e Colômbia, Faria Lima deve ser duplicada e incluir acostamentos

Sob a coordenação do de-putado petista Luiz Cláudio Marcolino foi realizada no dia 1º de setembro, na Câma-ra Municipal, a reunião sobre o Orçamento 2012, cujo prin-cipal tema foi a duplicação e a inclusão de acostamentos na Rodovia Faria Lima – cha-mavam a atenção as 15 cadei-ras com os nomes das vítimas que morreram em acidentes nessa estrada. O deputado Donizete Braga (PT) sugeriu um encontro entre os prefei-tos das cidades abrangidas pela rodovia com o secretário estadual de Transportes, para buscar uma solução para o problema.

O deputado Itamar Borges (PMDB) defendeu a transfor-mação de Barretos em estân-cia turística. A necessidade de

dotação de mais recursos para o setor de pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos foi lembrada pelo deputado Sebastião Santos (PRB). Ronaldo Marques, da Fundação Padre Gabriel, reivin-dicou verbas para ampliar o tra-balho da Comunidade Terapêu-tica e da Casa de Triagem, que atendem dependentes químicos em busca de recuperação. Já o secretário municipal de Saúde de Barretos, Cleber de Moura Delalibera, lembrou que a uni-dade do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), sem funcionamento pleno, deixa de atender centenas de pessoas que aguardam cirurgia de catarata. Falta custeio para o atendimento do Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência (SAMU) e para medicamentos do programa Dose Certa – cobrou ainda o secretário.

Mauri Trevisan, secretá-rio municipal de Agricultura e Meio Ambiente, pediu um cen-tro de triagem adequado para abrigo de animais silvestres que ocupam a zona urbana em virtu-de de desmatamento e queima-das. Solicitou ainda a criação

de uma minicidade ecológica e de um centro de produção de organismos de combate a pra-gas. José Geraldo Resende, do Instituto João Falcão, pleiteou a instalação de uma oficina cultural, tendo como patrono o dramaturgo Jorge Andrade.

O presidente da Câmara de Barretos, Juninho Leite (PR), pediu unidades do AME e da Fatec, investimentos em vici-nais, R$ 2 milhões para cus-teio da Santa Casa e atenção à regional da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.

O ex-prefeito de Guaíra, Sergio de Mello (PT), pediu a recuperação da SP-413, Ro-dovia Norival Pereira Mat-tos, “a que leva à Usina Volta Grande” e liga São Paulo a Uberaba (MG) e Brasília. A isenção de ICMS para hos-pitais filantrópicos, revalo-rização dos funcionários da Educação, readequação do presídio de Barretos e criação de um centro de atendimento a pacientes com depressão também foram assuntos abor-dados no encontro.

marco Antônio, à esquerda, e o deputado marcolino, à direita

CAmPAnHA

bancários lutam por melhorias no atendimentoEles organizaram uma manifestação que chamou atenção pelo bom humor de seus pleitos

Melhor atendimento à po-pulação com ampliação do horário das agências (9 h às 17 h), dois turnos de trabalho com respeito a jornada de seis

horas, aumento do número de caixas – cinco por agência –, re-dução do tempo de fila a 15 mi-nutos, fim da terceirização no sis-tema financeiro e novo censo na

categoria para averiguar o resul-tado dos programas das empresas no combate às discriminações de gênero, raça, opção sexual e con-tra pessoas com deficiência são as reivindicações dos bancários.

No primeiro semestre foram registrados 838 ataques a ban-cos, com 20 mortes, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Finan-ceiro (Contraf) e a Confedera-ção Nacional dos Vigilantes. Por isso, os bancários pedem assistência médica e psicoló-

gica às vítimas da violência e instalação de mais equipa-mentos de prevenção a assal-tos, sequestros e extorsões. Contra a “saidinha de banco”, eles pedem a criação de postos para depósitos e saques em di-nheiro e a instalação de caixas eletrônicos em locais seguros. Cobram também a instalação de portas individualizadas de segurança com vidros à pro-va de balas nas entradas das agências; divisórias nos cai-xas e entre caixas eletrônicos;

instalação de biombos entre a fila de espera e os caixas, instalação de vidros blinda-dos na fachada dos bancos e malhas finas de aço nas ja-nelas que dão acesso à rua. O presidente do Sindicato dos Bancários de Barretos e Região, Marco Antônio Pe-reira, disse que o Comando Nacional da categoria tem dificuldades em convencer os banqueiros a atender às reivindicações dos trabalha-dores e da população.

Passeata dos bancários no centro da cidade

aq

uin

o J

osé

aq

uin

o J

osé

Page 4: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

4

liTerATUrA

os Últimos soldados da Guerra FriaLivro de Fernando Morais relata a saga de cinco heróis cubanos presos há 13 anos nos EUA

Por Paulo Donizetti de Souza

Como surgiu o livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria?Eu estava num táxi com a minha mulher quando ouvi no rádio que agentes da inteligência cubana ti-nham sido presos havia algumas horas. Originalmente eram 14, quatro escaparam. Cinco traíram, fizeram delação premiada, estão em algum lugar do mundo, com nome falso. E cinco não aceita-ram fazer acordo, disseram: “Não somos espiões, nunca quisemos nem queremos tocar num úni-co documento norte-americano, viemos aqui para nos infiltrar em organizações de extrema direita que estavam colocando bombas

O agente René Gonzá-les foi o primeiro a entrar na Flórida, em 1990. Saiu de Havana simulando ser um traidor da revolução cooptado pelo sonho ame-ricano. Nos dois anos se-guintes, seria seguido por outros 13 companheiros, entre eles duas mulheres. A Rede Vespa, como foi bati-zada, estava pronta e tinha a missão de infiltrar-se nas organizações de direita, que jamais digeriram a revolu-ção de 1959. Com apoio de empresários e políticos nor-te-americanos, essas orga-nizações contratavam mer-cenários para sabotagens como lançar pragas contra as lavouras e interferir nas comunicações do aeroporto de Havana. No início dos anos 1990, passaram a pri-vilegiar o terror à indústria

Distante apenas 160 km do maior império militar do mundo, restava ao governo cubano, para defender-se, a inteligência. Os agentes da Rede Vespa, disfarçados em profissões inusitadas como instrutor de salsa em Key West ou personal trainer de milionários de Miami, prote-geram seu país de centenas dessas operações. Em 1998, uma ofensiva do FBI levou à captura dos agentes. Quatro escaparam. Outros cinco ne-gociaram a liberdade em tro-ca de informações. Restaram René e seus companheiros Fernando González, Antonio Guerrero, Ramón Labañino e Gerardo Hernán, ainda hoje encarcerados em diferentes presídios de segurança máxi-ma, condenados pela Justiça americana a penas de 15 anos a prisão perpétua.

Habituado a grandes reportagens, o jornalista e escritor Fernando Morais foi atrás da história. O autor de A Ilha (1976, atualizado em 2001) e das biografias de Olga Benário Prestes, Assis Chateaubriand e Paulo Coe-lho (traduzido em mais de 40 países) conhece o caminho das pedras e dá a suas histó-rias narrativas cinematográfi-cas. Antes mesmo de ser es-crito, Os Últimos Soldados da Guerra Fria, lançado em agosto, teve seus direi-tos vendidos para cinema. Trata-se, segundo o autor, de uma história eletrizante como um romance policial. Pena que, a exemplo dos 50 anos de agressões norte-americanas a Cuba, nenhu-ma de suas 350 páginas tenha uma linha sequer de ficção. É tudo verdade.

do turismo, base da economia da Ilha depois da derrocada da União Soviética. As ações in-cluíam de rajadas de metralha-doras contra turistas em praias

cubanas a atentados a bomba em hotéis. As reclamações di-plomaticamente dirigidas ao governo americano eram ig-noradas.

em Cuba, sobretudo na indústria turística”. Quando ouvi essa his-tória no rádio, comentei com a minha mulher: “Pô, isso aí dá um livro”. Na primeira oportunidade que tive de ir a Cuba, comentei com amigos lá da direção do par-tido: “Eu quero fazer essa histó-ria”. Eles diziam que isso podia comprometer a segurança pessoal de muita gente, que era segredo de Estado, e toda vez que voltava a Cuba eu insistia. Em 2005, fui a Havana para a bienal do livro. Na véspera de eu voltar para o Brasil, toca o meu celular. Era o Ricardo Alarcón, presidente da Assembleia Nacional. Eu estava

jantando no Floridita, e ele foi até lá: “Ainda está interessado na história dos cinco?” Em 2008, comecei a falar com familiares, ouvi gente envolvida com eles, governo, inteligência, militares. Ao longo desses três anos pude entrevistar alguns dos presos, por-que eles estão em cinco prisões de segurança máxima, cada uma em um Estado, com regimentos diferentes. Algumas permitiam que eu falasse por internet, outras não. Nas que não permitiam, eu chegava por meio da família, que tinha uma cota de telefonemas mensal; mandava perguntas pelas mulheres, filhos e tal.

Pouca gente em Cuba sabia dessa missão?Ninguém! Só o altíssimo esca-lão, Fidel, Raúl Castro e mais dois ou três dirigentes do parti-do. Os caras saem de Cuba como traidores, como desertores, gente que roubou avião... Teve um de-les que arrancou com o avião de lá e pousou quase em pane seca em Miami. As mulheres não sa-biam, os filhos não sabiam, não podiam saber. Era uma coisa dolorosa, porque a mulher era apontada na rua como a mulher do gusano (traidor). Haja frieza.Tem coisas muito interessan-

Ao longo desses três anos pude

entrevistar alguns dos presos, que estão em cinco prisões de

segurança máxima

Jail

to

n G

ar

cia

Jail

to

n G

ar

cia

Page 5: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

5

tes. Um deles era comandante de uma coluna de tanques na África, durante a Guerra de Angola, um sujeito com for-mação em Engenharia Aero-náutica na Ucrânia, na União Soviética, que foi dar aula de salsa para os gays em Key West. Outro era comandante de MIG, de caça-bombardeiro, tinha longa experiência em combates, e foi trabalhar como personal trainer, fazer ginás-tica com milionários de Mia-mi. Outro, o Gerardo, chefe do grupo, vendia charges para jornal em Miami. Todos mo-ravam em quitinete, alguns tinham carro, nenhum tinha celular, que começava a apa-recer. O primeiro, o René, vai para lá em 1990, depois vão os outros. Em 1992, a chamada Rede Vespa estava montada.E a ação deles nos EUA con-seguiu evitar...Conseguiu evitar centenas de atentados e permitiu a prisão de vários mercenários, alguns dos quais eu pude entrevistar. Merce-nários estrangeiros que eram con-tratados pelo pessoal de Miami para botar bomba em hotel, em avião, agência de turismo cuba-na. O turismo estava salvando a revolução, então era o que tinham de destruir. É uma história mui-to dramática e ao mesmo tempo eletrizante, você lê como quem lê um romance policial. Tem uma correspondência secreta en-tre o Fidel e o Bill Clinton, com informações que os cinco man-daram de Miami para Havana, e o pombo-correio entre o Fidel e o Clinton era o Gabriel García Márquez. (O objetivo era alertar o governo americano para que impedisse os atentados.) Há quem defenda afrouxar a pena?O ex-presidente Jimmy Carter declarou que espera que o Ba-

rack Obama indulte a pena de-les e os coloque em liberdade. O processo judicial tem um erro atrás do outro. Primeiro, o fato de eles terem sido julgados em Miami, cidade anticubana. É a crônica da condenação anun-ciada. Conversei com muita gente em off que me deu dicas de onde procurar documentos. Folheei 30.000 páginas de ma-terial que eles mandaram para Havana, selecionei 6.000 folhas de papel para trazer e trabalhar em cima. O FBI já estava de olho neles três anos antes de prendê-los. Entrou em todas as casas clandestinamente e todos os dias copiava tudo que eles estavam mandando para Cuba. E esse material eu peguei todo. Tive acesso a grampo telefôni-co, filmagem de gente prepa-rando atentado, transcrição de conversa de mercenários. Abun-dância de material secreto.

tão, esses mercenários recebiam em média US$ 1.500 por bomba. Tem um deles preso em Cuba. Foi condenado à morte por fuzi-lamento e teve a pena comutada para 30 anos de prisão. Esses mercenários têm valor para os americanos...Claro... Tem um americano lá, Allan Gross, que foi a Cuba duas vezes. Na primeira conseguiu bo-tar bomba e escapar, e na segunda foi preso, a partir de informações mandadas pelos cinco. Ia colocar cinco ou seis bombas por US$ 7.500. Eu fui falar com ele. É uma história de dar calafrio.E, com relação ao pedido de Carter a Obama, alguma ex-pectativa?Eu não sei. O Obama não pode desagradar a bancada anticas-trista, ele depende de maioria no Congresso, como todo mun-do. Eu tenho esperança de que o Obama possa indultá-los não neste mandato, mas se for ree-leito. Se indultar agora, a difi-culdade de se reeleger vai ser grande, por isso e pela soma dos problemas que está vivendo. Você vê perspectiva de aber-tura do regime cubano?Você não pode ver Cuba como vê um país qualquer, não se pode discutir a realidade cubana sem considerar o bloqueio. Por exem-plo, um navio japonês que aporte em Cuba – porque o país com-prou dez tomógrafos da Toshi-ba, no Japão –, assim que atraca num porto cubano, ficará não sei quantos meses sem poder atracar em portos norte-americanos. Eles multam empresas pelo mundo. A expressão que usam não é “co-mercializar”, é “traficar” com Cuba. São 50 anos de agressões. Nenhum outro país na história foi vítima da agressão norte-ameri-cana durante tanto tempo em to-dos os sentidos, militar, político, econômico, diplomático.

O regime mantido há 50 anos não ficou um tanto decrépito?O Raúl Castro já fez alguns ace-nos de abertura. É evidente que eles radicalizaram muito quando a revolução triunfou. Pô, estatiza-ram até quiosques de batata frita. Aí você tem de criar um ministé-rio com um bando de burocratas para administrar quiosques de ba-tata frita. Não é papel do Estado... Aparar a barba, cortar o cabelo? Barbeiro do Estado. É eviden-te que assim você desenvolve um dinossauro burocrático, e os cubanos percebem isso. O bloqueio justifica o regime tão fechado?Muita gente me pergunta por que sou solidário à Revolução Cubana até hoje se é um regi-me que tem tantas mazelas. Eu costumo responder o seguinte: tem um outdoor em Cuba que diz “Esta noite 200 milhões de crianças vão dormir na rua em todo o mundo. Nenhuma delas é cubana”. Que país pode fa-zer isso? A França? Imagina! No inverno, você vê imigrantes dormindo embaixo das pontes. No Japão? Eu fui ao Japão duas vezes para fazer o Corações Sujos, e você vê velhinhos mo-rando em caixas de papelão na

rua, pedindo dinheiro. Em Nova York tem miseráveis. Falo de países do primeiríssimo mundo. Em Cuba você não vê ninguém descalço, banguela. É por isso que sou solidário. Você pode di-zer que a liberdade é um valor universal. Tudo bem, mas eles transformaram um bordel norte-americano em um país civili-zado, um país exemplar. Pode abrir, ter liberdade de expres-são, de organização, partidária? Eu acho que, enquanto houver bloqueio e os Estados Unidos forem inimigos tão agressivos da Revolução Cubana, é difícil.O bloqueio é questão de hon-ra, ou pirraça?É loucura! Cuba tem o PIB da Daslu, uma economia de nada, e é um país de 10 milhões de ha-bitantes. A maior potência béli-ca, econômica e militar do pla-neta está ali, a 160 quilômetros de distância. É a distância de São Paulo a Piracicaba, do Rio de Janeiro a Juiz de Fora. O Fi-del mandou para o Bill Clinton um contêiner do tamanho desta mesa com fitas de vídeo, áudios, grampos, dossiês dizendo quem eram os caras que estavam em Miami financiando o terroris-mo. Por que não prenderam? Podem dizer o que quiserem, que sou dinossauro, não me im-porto. Uma das poucas coisas boas que eu conquistei na vida foi a minha independência. Mercenários eram

contratados em Miami para botar bomba em hotel, em avião, em agência de turismo

cubana

Esta noite 200milhões de crianças

vão dormir na rua em todo o mundo. Nenhu-ma delas é cubana

Quem contratava mercená-rios?Era gente da extrema direita cubana, que começou a se exilar, gente que perdeu banco, usina, indústria, e fica em Miami finan-ciando o terror contra Cuba. En-

Jail

to

n G

ar

cia

Jail

to

n G

ar

cia

div

ulG

ão

Page 6: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

6

menores

Toque de recolher é implantado em barretosLei se chama, eufemisticamente, Toque de Acolher e foi aprovada na Câmara de Vereadores

Foi aprovada a lei que impõe o toque de recolher a menores de 16 anos desacom-panhados dos pais ou dos res-ponsáveis legais, entre 23 h e 5 h. A lei, que ganhou o nome de toque de acolher, foi regu-lamentada pelos vereadores, por oito votos a favor e três contra. Sancionada em junho pelo prefeito Emanoel Maria-no Carvalho (PTB), a lei já vale em Barretos.

O autor dela, o vereador Aparecido Cipriano (PTB), 45 anos, lembrou que agora o Poder Executivo é obrigado a fiscalizar os menores que cir-culem pelas vias públicas de-sacompanhados. Segundo ele, a intenção é conseguir que o Juizado da Infância e da Ju-ventude e o Conselho Tutelar de Barretos – com o apoio da Polícia Militar, da Polícia Ci-vil e de fiscais da Prefeitura –,

assegurem as medidas de aco-lhimento, proteção e defesa de crianças e adolescentes.

“A medida visa dar mais segurança para o menor; nada justifica que jovens de 12 ou 13 anos circulem pela cidade sem a presença de um respon-sável. A rua, à noite, não é

lugar seguro para ninguém” – assegura o vereador.

Cipriano reforça que o direi-to de ir e vir já é limitado pela sociedade. “Uma criança que frequenta o ensino infantil não sai da escola à hora que quer, mas apenas nos horários certos, com a presença dos pais” – acen-

tua, acrescentando: “Não quere-mos privá-los da liberdade, mas preveni-los das situações de ris-co presentes na rua”.

O vereador diz que a implan-tação da lei em Cajuru, São Joa-quim da Barra e Fernandópolis é exemplo de que ela deu certo, pois reduziu as ocorrências de

brigas e uso de drogas. “Os ca-sos caíram 59% nessas cidades, reflexo da lei que alcançou os traficantes que usavam menores – que têm penas mais brandas – para vender drogas” – ressalta.

Segundo o Conselho Tutelar de Cajuru, a 185 km de Barre-tos, há melhoras sensíveis com a proibição. De abril até junho, as ocorrências caíram de 123 para uma média de cinco por mês. Em São Joaquim da Bar-ra, a 95 km de Barretos, a lei também foi aprovada, no fim de fevereiro. Lá, os problemas mais graves eram o furto e o assalto, que ultrapassavam 185 casos mensais. A lei vigora com regras mais severas. A idade mí-nima subiu de 16 para 18 anos e os pais podem ser multados em até 20 salários mínimos – de-pendendo da infração do menor – se o jovem for flagrado pela segunda vez na rua fora de hora.

Toque de Acolher – ou toque de recolher – está em vigor na cidade

O vice-presidente da Co-missão Nacional da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ariel de Castro Al-ves, 34 anos, discorda da lei do toque de recolher. As medidas tomadas não pro-tegem os menores de áreas de risco e não diminuem a violência, só transferem o problema para os municí-pios vizinhos. “A medida é inconstitucional. O Estatuto da Criança e do Adolescen-te assegura a liberdade de ir e vir e frequentar espaços

“É a limpeza social, a criminalização de menores”comunitários a qualquer mo-mento” – explica Ariel.

Ele compara a lei à antiga medida do Juizado de Meno-res, dos anos 1980, quando a chamada carrocinha de meno-res saía às ruas para recolher à força os jovens pelas ruas do país. “Trata-se de uma política de limpeza social, de perse-guição, repressão e crimina-lização dos menores” – diz. Ariel defende que os municí-pios tenham mais programas de incentivo social que façam os menores se desenvolverem.

Para ele, o toque de recolher

apenas transfere o problema, já que os índices de criminalidade diminuem no município em que há a lei, mas aumentam nos mu-nicípios vizinhos. Ariel, que in-tegra o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-lescente (Conanda) e o Con-selho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) diz que “o Fórum Nacional de Con-selheiros Tutelares já se mani-festou contrário a esse tipo de tratamento em relação à criança e ao adolescente”.

Para discutir a mudança da lei, o Conanda protocolou nas

Varas da Infância e Juventude do Conselho Nacional de Jus-tiça (CNJ) a sugestão da cria-ção de programas e projetos

sociais e educacionais nos municípios, 24 horas por dia, que atendam os meno-res em situação de risco.

ruas de barretos: menores proibidos de circular

aq

uin

o J

osé

div

ulG

ão

Page 7: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

7

KUnG FU

Falta apoio para o esporte na cidadeEmpresários não reconhecem que investimento dá retorno de mídia

A opinião é do professor de educação física Émerson do Nascimento, 35 anos, que mantém a Academia Wushu Chan Lee, de kung fu, no bair-ro Zequinha Amêndola. “A Prefeitura ajuda no transporte, mas isso não basta” – afirma. A dificuldade de ter patrocínio atrapalha os atletas barreten-ses nas competições, visto que a despesa de cada um fica em torno de R$ 200 – diz ele. A equipe se prepara para a Copa

Punho do Dragão, em no-vembro. “Não temos certeza se participaremos do evento, pois não há apoio financeiro” – afirma.

Em Barretos há 100 adep-tos do kung fu, que treinam em duas academias. Na escola de Émerson, 40 alunos aprendem a arte marcial, dos quais 20 for-mam a equipe de competição. A esperança do professor é que o Comitê Olímpico aprove o kung fu como modalidade do evento.

Na Olimpíada da China, ele foi apresentado como esporte de exibição.

Émerson pratica kung fu há 27 anos. Coleciona 130 meda-lhas e já foi campeão mundial, campeão sul-americano e nove vezes campeão brasileiro. Ele preparou e integrou a equipe barretense que conquistou 13 medalhas do Campeonato Bra-sileiro, na modalidade Wushu moderno – sete de ouro, duas de prata e quatro de bronze.

Fera barretense quer ser a melhor do brasilEsforço extremo e disciplina

não faltam para Ana Carolina de Lima Souza, 14 anos, alcançar o sonho de ser a melhor do Brasil no kung fu. Moradora em Ze-quinha Amêndola, Carol estuda na escola Giuseppe Carmíneo e acumula 40 medalhas, das quais 10 foram conquistadas em 2011. No Campeonato Bra-

sileiro, disputado em setembro, em Brasília, ela conseguiu duas medalhas de bronze e uma de prata no estilo Wushu.

A arte marcial chinesa está no sangue da família. Seu pai era professor de kung fu, mas largou o esporte. A ga-rota pretende se aperfeiçoar na modalidade “lança” para

hora quando se aproximam as competições. Os exercícios são repetitivos, cansativos e dolorosos. Algumas lesões são parte do ofício do atleta. Carol estuda também compu-tação, violão e viola. Adora música sertaneja. Mas apre-cia outros estilos e já executa até rock no violão.

participar de competições em 2012. Carol revela que sofreu preconceitos. “Havia colegas que falavam que a arte marcial era coisa de homem. O pensa-mento mudou, mas ainda tem gente que pensa assim” – diz.

Carol treina três horas diá-rias, de segunda a sábado. A preparação aumenta em uma Carols e o estilo Wushu

Émerson e Carol e as medalhas conquistadas este ano

aq

uin

o J

osé

aq

uin

o J

osé

CiClismo

Adevair trocou as competições pela enxada. e é felizEle plantou hortas em chácaras até comprar sua terrinha. Magrela, agora, só para passear

Moço, Adevair de Carva-lho, em 1963, venceu a elimi-natória de ciclismo de Barretos e representou a cidade na capi-tal. Lá recebeu o prêmio reve-lação do interior, na Prova 9 de Julho. Foi a consagração. Afi-nal, antes, na Praça Francisco Barreto, com uma “bicicletinha de mulher”, ele venceu o cam-peão sul-americano Cláudio Rosa, da equipe Calói. Depois, a

qu

ino

Jo

Adevair pedala rumo à cidade

gas e estimulantes. “A pureza ficou com nossos atletas, mas outros competidores passaram a dar mau exemplo” – lamenta.

Adevair se dedica hoje ao plantio orgânico. Ele cultiva cereais e sonha formar uma agrofloresta de frutas silves-tres em parte da propriedade, entremeadas de tamarino, ma-mão, maracujá, manga e jaca, entre tantas. Está satisfeito

com o projeto e pega firme na enxada para atingir seu objeti-vo. Para não perder o hábito, quando vai à cidade ele pedala com vigor a sua bicicleta entre atalhos de canaviais e estradas de terra. Leva em média três horas para ir de sua terrinha a Barretos. “Se a Rodovia Fa-ria Lima tivesse acostamento dava para fazer o trajeto em uma hora” – diz.

por dez anos ele participou de provas até se desiludir com a falta de apoio. Mas em 1979 ele voltou à cidade e formou uma equipe de competição, com atletas locais – José Nél-son, Antônio Donizete Pele-grini e Inésio Persival. Técni-co improvisado, ele utilizava a “experiência” das pistas. Mas outra vez ele se decepcionou. Dessa vez, com o uso de dro-

Page 8: Jornal Brasil Atual - Barretos 05

8

3 8 1

9 3 6 7

2 7 6

2 4 6 8

7 9

1 9 3 5

9 2 4

3 6 5 2

6 1 3

PAlAvrAs CrUzAdAsFoTo sínTese – esTAÇão CUlTUrAl PAlAvrAs CrUzAdAs

respostas

PAlAvrAs CrUzAdAs

sUdoKU

Horizontal – 1. Divisão de ganhos ou despesas; Sigla de Rondônia 2. Nome de certo capitão, romance de Érico Veríssimo; Homem ruim 3. Agência Nacional (sigla); Cosmético em pó, avermelhado, que se aplica no rosto para deixá-lo corado; Partido Republicano 4. Sozinho; Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve; Espaço vazio ou desocupado 5. Pessoa que não tem fé; O protocolo sob o qual assenta a internet 6. Sexta nota musical; Norma de proceder ou ponto de vista, em certas conjunturas (plural) 7. É, em francês; Época 8. Nome de uma cidade mineira; Passar pelo coador 9. Sorri; Labareda; Som do cabrito 10. Cabana indígena; Caminhonete usada no transporte coletivo de um pequeno número de passageiros 11. Pedido de socorro; Companheiro de Teodoro na dupla sertaneja

vertical – 1. Nascidos no Brasil 2. Referente aos nomes próprios 3. Rádio Difusora (sigla); Forma sincopada de está; Carta do baralho 4. Nome comum a vários peixes de forma achatada, com três barbatanas no rabo fino com um ferrão na ponta; Unidade Cristã (sigla) 5. Célebre personagem de Walt Disney 6. Fêmea do cavalo; Alcoólicos Anônimos 7. Alimento preparado com leite coalhado por fermento lácteo; Museu de Arte Moderna 8. Bairro carioca 9. Aumentativo de vida; Caminhe 10. Lisonja, adulação; Aliança Ministerial Apostólica Internacional (sigla)11. Metal dourado; Calmo, tranquilo

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vAle o qUe vier

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Palavras cruzadas

BRATEIORORODRIgOMAUANROUgEPRSOAPAUVAOIMPIARIPLAATITUDESESTIERAEITAUNACOARRICHAMAMEOCAAAVANSOSSAMPAIO

sudoku

386274951541936782927185634295461378734528169168793425859317246413652897672849513

aq

uin

o J

osé