efetivaÇÃo das politicas pÚblicas voltadas À educaÇÃo inclusiva no municipio de salvador

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FACULDADE DOM PEDRO II LICENCIATURA EM PEDAGOGIA MARLENE RAIMUNDA DOS SANTOS SANTANA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PÚBLICAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNÍPIO DO SALVADOR

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Este artigo trata de uma discussão sobre os desafios e as possibilidades para a efetivação das políticas públicas voltadas à educação inclusiva no município de Salvador. Para tanto, conceituaremos a educação inclusiva, considerando os seus fundamentos filosóficos e legais, efetuando uma análise da evolução histórica das políticas públicas voltadas a educação inclusiva no Brasil, e por fim, apresentaremos estudo de casos que teve como objetivo verificar as condições da escola regular em atender aos alunos com necessidades educacionais especiais, a partir da realidade de quatro escolas do ensino fundamental I. O trajeto percorrido foi focado do ponto de vista dos documentos legais, políticas inclusivas e dos planos educacionais. Finalizamos destacando de como estar acontecendo a efetivação das políticas públicas voltadas à educação inclusiva nas escolas do município de Salvador.

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FACULDADE DOM PEDRO II

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

MARLENE RAIMUNDA DOS SANTOS SANTANA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PÚBLICAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO

MUNÍPIO DO SALVADOR

Salvador2014

MARLENE RAIMUNDA DOS SANTOS SANTANA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PÚBLICAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO

MUNÍPIO DO SALVADOR

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação em Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Dom Pedro II.

Orientador(a): Prof (a). Diana Alencar

Salvador2014

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EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PÚBLICAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICIPIO DE SALVADOR

Marlene Raimunda dos Santos Santana1

RESUMO:

Este artigo trata de uma discussão sobre os desafios e as possibilidades para a Efetivação das Políticas Públicas Voltadas à Educação Inclusiva no Município de Salvador. Para tanto, conceituaremos a educação inclusiva, considerando os seus fundamentos filosóficos e legais, efetuando uma análise da evolução histórica das políticas públicas voltadas a educação inclusiva no Brasil, e por fim, apresentaremos estudo de casos que teve como objetivo verificar as condições das escolas regular em atender aos alunos com necessidades educacionais especiais, a partir da realidade de quatro escolas do ensino fundamental I. O trajeto percorrido foi focado do ponto de vista das políticas educacionais, políticas inclusivas e dos planos educacionais. Finalizamos destacando de como estar ocorrendo a efetivação das políticas públicas voltadas à educação inclusiva nas escolas do município de Salvador.

Palavras-chave: Políticas Educacional. Públicas Inclusiva. Educação Inclusiva.

ABSTRACT:

This article is a discussion of the challenges and possibilities for Effective Public Policy Focused on Inclusive Education in Salvador. To do so, conceptualize inclusive education, considering their philosophical and legal grounds, making an analysis of the historical evolution of public policies to inclusive education in Brazil, and finally, we present case studies that aimed to verify the conditions of the regular school to cater for pupils with special educational needs, from the reality four elementary schools I. the route taken was focused from the point of view of educational policies, inclusive educational policies and plans. We conclude by stressing how to be taking place aimed at the realization of inclusive education policies in schools in the city of Salvador.

1 Graduanda em Pedagogia da Faculdade Dom Pedro II, email –[email protected] apresentado como Trabalho de Conclusão ao curso de Pedagogia da Faculdade Dom Pedro II, sob orientação da prof.ª Diana Alencar.

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Keywords: Educational policies. Inclusive public. Inclusive Education

SUMARIO

7

INTRODUÇÃO

Durante a caminhada no curso de graduação em pedagogia, no período dos

estágios, observamos entre teorias e práticas, que a à inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais em sala de aula, não eram adequadas, por

parte de professores e funcionários, que as instalações das instituições não

passaram por modificações adaptáveis, o currículo aplicado em sala de aula não era

contextualizado para atendê-los em suas necessidades, como também materiais

didáticos apropriados.

Neste contexto da exclusão, resolvemos pesquisar para verificar como

estão sendo Efetivadas as Políticas Públicas Educacionais Inclusivas, desses alunos

nas escolas do município de Salvador no Estado da Bahia. Afinal o papel da escola

democrática não é acolher, educar e ensinar a todos? Respeitar as diferenças

individuais, estimular em especial, o desenvolvimento da capacidade do aluno em

aprender a apreender? E o que presenciamos no período dos estágios e no

cotidiano de trabalho foram discussões, sensações de fracasso, incompetência,

incapacidade e desânimo, por parte de alguns professores em atender estes alunos,

quando na verdade este atendimento está legitimado em muitos documentos como

na Constituição Federal (1988), Leis de Diretrizes e Base da Educação – LBD

9394/96 que rege a educação brasileira, e mais recentemente a Política Educacional

de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) .

Como afirma Mantoan (2006, p.19): “A inclusão implica uma mudança de

perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os

que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais [...]”. Neste

contexto, acreditamos que a escola ainda é a porta principal para fazer respeitar

essas diferenças e se tornarem capazes de ensinar a todos por igual, para tanto a

equipe pedagógica como um todo deve manter-se em constante atualização, a fim

de que possa acolher as diversas realidades que chegam à escola.

A pesquisa foi de caráter qualitativa, bibliográfica, e de campo. A pesquisa

qualitativa, afirma Prodanov e Freitas (2011, p. 34 e 70), “[...] não requer o uso de

métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de

dados e o pesquisador é o instrumento-chave[...]”, sendo portanto necessária a

8

efetivação de uma análise e reflexão a respeito das políticas de inclusão, levando

em conta também os paradigmas conceituais e, princípios que foram defendidos

tanto em documentos internacionais como nacionais.

Nas pesquisas bibliográficas, segundo Severino (2007,p.22), adquirimos

maiores conhecimentos sobre o tema escolhido, por que o “pesquisador trabalha a

partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos”.

Por último realizamos estudos de caso. A pesquisa teve início com escolhas

aleatórias das escolas em bairros da periferia do município de Salvador. Junto as

mesmas, apresentamos o projeto de pesquisa, e utilizamos o questionário para

coletar os dados, com questões semiestruturadas direcionada aos professores de

classe comum e professores no Atendimento Educacional Especializado, por

consideramos os responsáveis no acolhimento das Políticas Públicas de Educação

Inclusiva em sala de aula, ou em outros espaços escolares.

Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa é Discutir sobre os Desafios e as

Possibilidades para a Efetivação das Políticas Públicas Voltadas à Educação

Inclusiva no Município de Salvador, discutindo os aspectos evidenciados no

cotidiano escolar das escolas públicas e particulares do Município de Salvador.

Nos objetivos específicos, almeja-se:

- Conceituar a Educação Inclusiva, considerando os seus fundamentos filosóficos e

legal; Analisar a evolução histórica das políticas públicas voltadas a educação

inclusiva no Brasil e; - Verificar a partir da realidade de quatro escolas do ensino

fundamental I, como vem sendo efetivadas as políticas públicas voltadas à educação

inclusiva em Salvador.

Para além da introdução, este trabalho de pesquisa encontra-se estruturado

em três partes. Inicialmente fez-se necessário discorrer acerca dos Fundamentos

Filosóficos e Legais, com breve relato da história da educação inclusiva levando em

conta os paradigmas conceituais, a investigação da caracterização do indivíduo em

questão, buscando na evolução histórica a evolução do conceito da pessoa com

necessidades especiais. Buscou-se, nesse sentido, discutir as relações sociais e

históricas que formam a identidade desses indivíduos, levando-se em consideração

que a discussão das políticas públicas se encontra culturalmente voltada à

manutenção da exclusão da pessoa com necessidade especial, como também os

princípios que vem sendo defendidos tanto em documentos internacionais como

nacionais, que influenciaram as políticas públicas inclusivas no Brasil.

9

No segundo momento são discutidas as Políticas Públicas, a Legislação

Nacional no processo de inclusão no Brasil, a partir da Constituição de 1988. Nesse

sentido, analisa-se o caráter legalista do atendimento das pessoas com

necessidades especiais com destaque ao atendimento educacional especializado na

perspectiva da inclusão e a perspectiva para a educação inclusiva diante das atuais

políticas nacionais.

No terceiro momento, desfecho da pesquisa de campo, que Severino (2007,

p.123), afirma ser “neste tipo de pesquisa o objeto/fonte é abordado em seu meio

ambiente próprio. [...] a coleta de dados é feita nas condições naturais em que os

fenômenos ocorrem sendo diretamente observados[...]”, e na sequência, a

sistematização dos dados coletados dentro de uma concepção dialética, objetivando

responder a indagação da pesquisa: Efetivação das Políticas Públicas Voltadas à

Educação Inclusiva no Município de Salvador – Bahia.

1- EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E

LEGAIS

As transformações ocorridas no mundo pós 2ª guerra mundial, e mediante a

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), afirmando no artigo 1º que

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”, e

baseado neste contexto de igualdade fizeram emergir diversos movimentos de

grupos desprivilegiados, porém organizados, em busca de terem seus direitos

reconhecidos e respeitados como cidadãos. Dentre esses direitos, o da educação.

Conforme explicita também esta Declaração no artigo 25º, que:” Todo ser

humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus

elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória”. Nessa

perspectiva dos direitos humanos, surgem diversos documentos internacionais,

solicitando a todos países, que sejam efetuadas políticas públicas pelo

reconhecimento universal da especificidade de cada sujeito, oportunizando os

direitos de igualdade para todos, entre estes documentos temos: A Conferência

Mundial sobre Educação para Todos (1990), em Goten, Tailândia, conclamando

10

que: “a educação é um direito fundamental de todos e de importante

desenvolvimento das pessoas e sociedades.

A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e

Qualidade (1994) - (Declaração de Salamanca), realizada pela UNESCO, na

Espanha, que solicita aos governantes do mundo inteiro que planeje uma educação

que atende a todos, principalmente os alunos com necessidades educativas

especiais, afirmando em seu contexto, que todas as crianças devem aprender juntas

na escola.

A Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999), na Guatemala,

reafirmando aos Estados que “as pessoas com deficiência tem os mesmos direitos

humanos e liberdades fundamentais que as outras cidadãos e que não devem ser

submetidos a nenhuma discriminação com base na deficiência. Nesta convenção

define-se o termo deficiência como: “uma restrição física, mental ou sensorial, de

natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais

atividades essenciais da vida diária causada ou agravada pelo ambiente econômico

e social”.

Estas convenções tornaram-se norteadoras das nossas políticas públicas

inclusivas, e o Brasil, sendo signatário dessas convenções, assumiu o compromisso

de efetivar políticas públicas inclusivas para o reconhecimento identitário das

pessoas com deficiência, além das que encontram legitimada na Constituição

Federal de 1988, no artigo 5, que afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros [...] a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].

Lembrando que na produção da Constituição Federal, houve muitos manifestos por

parte das pessoas com deficiência para terem seus direitos reconhecidos em forma

de lei, conforme relata Lanna Júnior (2011)2.

“No período de debates da Constituinte, os grupos de pessoas com deficiência tiveram um protagonismo notável, conseguindo que seus direitos fossem garantidos em várias áreas da existência humana. Da educação, à saúde, ao transporte, aos espaços arquitetônicos”. (LANA JUNIOR, 2010, p.11).

2 Autor do livro História do Movimento Político da Pessoas com Deficiência no Brasil. Esse livro e o filme documentário são a primeira etapa do projeto “Fortalecimento da Organização do Movimento Social das Pessoas com Deficiência no Brasil e a Divulgação de suas Conquistas”. (2010)

11

E como podemos constatar a partir da Constituição, das Convenções

Internacionais, os direitos sociais, políticos, econômicos e culturais, começam a

serem engessados em outras leis, a exemplo disso é a Lei de Diretrizes e Base da

Educação-LDB 9394/96, que rege a educação brasileira, o capítulo V, é deferido a

educação especial, definindo no artigo 58, “que a educação especial é uma

modalidade de ensino que perpassa toda modalidade de ensino”, e no artigo 59, que

“o atendimento educacional especializado, deverá ser preferencialmente

administrado numa escolar regular”, presenciamos ai uma mudança significativa ao

atendimento as pessoas com deficiência, garantindo que devem ser matriculado

numa escola regular e a educação especial é um complemento educacional.

Também temos em atenção aos alunos com deficiência, o Estatuto da

Criança e do Adolescente (1999), reafirmando o atendimento educacional

especializado, a Política Nacional da Educação Especial na Perspectivas da

Educação Inclusiva (2008), enfatiza não só a matricula, mas a permanência destes

alunos na escola regular, definindo quais são alunos que devem ser atendidos em

suas necessidades educacionais especiais, quais os procedimentos metodológicos a

serem aplicados, incentivando a formação dos professores, e muitos outros

procedimentos a serem aplicados para que as escolas possam se adequar a

fornecer uma educação inclusiva.

Se anteriormente as pessoas com deficiência não eram vistas como cidadãos

ativos e de direitos possuídos, a partir de suas lutas, das novas leis e das políticas

públicas, esta realidade passou a se modificar. As pessoas com deficiência

passaram a ser vistas como titulares do direito de serem inseridos numa sociedade

na perspectiva inicial, de através da educação, se tornarem sujeitos críticos e

participativo desta sociedade. Dessa forma, afirma Magalhães e Cardoso (2011,

p.13), “em sociedades democráticas, a educação representa um direito a população,

incluindo assim, as pessoas com deficiência”, e hoje, estes direitos estão sendo

compartilhados e seus objetivos sendo alcançados mesmo que lentamente, em

busca de uma escola inclusiva, onde todos aprendam sem discriminação,

preconceitos, uma educação voltada para atender a todos, com ou sem dificuldades

de aprendizagem ou deficiência.

12

1.1 – BREVE RELATO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Bem antes do surgimento do processo sistemático da educação escolarizada,

as pessoas com deficiências eram tratadas com indiferença e excluídas da

sociedade por serem consideradas inválidas, inúteis e até mesmo demoníacas. No

Brasil esta situação não era diferente. Vieira (2012, p.4), afirma que por muito tempo

a sociedade se caracterizava “pela ignorância e pela rejeição do indivíduo: a família,

a escola e a sociedade em geral consideravam este público de uma forma

extremamente preconceituosa de modo a exclui-las do estado social”.

Em decorrência dos avanços científicos, passou-se a investigar as causas e

origem das deficiências3, rompendo com a visão mítica e maniqueísta que prevalecia

para a compreensão da deficiência como condição humana. Os preconceitos no

entanto não acabaram. Tanto assim, que estas pessoas continuaram a ter um

atendimento diferenciado, ainda que segregado em instituições de forma a receber

tratamento médico, ou para proteção, ou isolando-os da sociedade.

No Brasil, o atendimento para as pessoas com deficiência, inicia-se mais

precisamente na época do império, com a criação de três instituições públicas - o

Instituto dos Meninos Cegos, atualmente chamado Instituto Benjamim Constant e o

Imperial Instituto Nacional de Surdos, que atendia crianças do sexo masculino, hoje

Instituto Nacional de Educação de Surdos, (Brasil,2007). No estado da Bahia em

Salvador, foi fundado o Hospital Juliano Moreira para atender pessoas com

deficiência mental, (Rodrigues,2008). Este período de exclusão e isolamento

3(Simões e Pinto, 2011, p.116, 117 e 118). No Decreto nº 5.296/04, define a pessoa com deficiência sendo aquela que se enquadra nas seguintes categorias: deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual e/ou deficiência mental. E na Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, a deficiência é definida como aquela que apresenta deficiência mental, motora, sensorial e/ou múltipla.A Organização Mundial de Saúde (OMS) no âmbito global da saúde humana, propôs três níveis para esclarecer a deficiência: deficiência, incapacidade e desvantagem social, mas através da CIDID – Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidade e Desvantagens, que classifica as consequências da enfermidade, define a deficiência como: perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Posteriormente através da CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade) informa que a funcionalidade quando empregada substitui os antigos: deficiência, incapacidade, desvantagem, ampliando seu significado para incluir a potencialidade da pessoa com deficiência para superar as dificuldades, capacitando-a para o trabalho, família e vida social.

13

denominou-se como Paradigmas4 da Institucionalização5 que se caracterizou,

segundo Tezani (2005), por ser o primeiro paradigma formal a estabelecer uma

relação entre sociedade e a pessoa diferente que durou até meados do século XX.

Mas, com o surgimento dos movimentos mundiais em defesa das minorias –

pessoas com deficiência - e norteado pela Declaração Universal dos Direitos

Humanos que preconizava o reconhecimento identitário, a sociedade passa a olha-

los não mais como inúteis, mas que podem virem a se adaptar e ter uma vida normal

caso recebessem os devidos cuidados.

Neste contexto, da normalidade, no século XX, começaram a serem

implantadas escolas especiais em substituição a escola comum para o atendimento

aos alunos com deficiência e os serviços de Reabilitação Profissional, visando a

integração ou a reintegração das pessoas com deficiência que após capacitadas,

habilitadas ou reabilitadas, teriam condições do convívio em sociedade. A este novo

modelo de atendimento denominava-se Paradigma de Serviços, isso por volta da

década de 1960, (Brasil, 2004).

O paradigma de Serviços, enfrentou várias críticas da academia científica,

das pessoas com deficiências e seus familiares, por pretender que as pessoas com

deficiência se adequasse a uma pessoa “normal”, quando na verdade seria o Estado

a promover ações para equiparação dos direitos.

Afirma Sassaki (2011, p.33), a integração, “tinha e tem o mérito de inserir a

pessoa com deficiência na sociedade, sim, mas desde que ela esteja de alguma

forma capacitada a superar as barreiras físicas, pragmáticas e atitudinais nela

existente”. Questionamentos como estes, e pressionados pelas conferencias

internacionais e movimentos sociais, provocaram uma reorganização na esfera

governamental e na sociedade, de forma a garantir os serviços que elas

necessitavam, nas áreas físicas, psicológicas, educacional, social e profissional,

independentemente do grau de sua deficiência.

Rompendo com a hegemonia do Paradigma de Serviços, surge o terceiro

paradigma, conhecido como Paradigma de Suporte, tendo em seu contexto que, a

sociedade é que precisa se reestruturar, desenvolvendo ações de acolhimento e

4 Mantoan apud Tomas Kuhn e Edgard Morim (2006, p.14) –Paradigma – conjunto de regras, normas, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um dado momento histórico e que norteiam nosso comportamento.5 Tezani (2005, p.208) Institucionalização – Instituições públicas ou privadas que atendiam as pessoas com deficiência no âmbito médico ou confinamento da pessoas deficiente em asilos, conventos e hospitais de tratamento.

14

promovendo uma sociedade inclusiva, segundo Tezani(2005) apud Aranha (2001), o

Paradigma de Suporte proporcionou o movimento de inclusão social, necessário

para garantir uma base para que o processo de inclusão ocorra como apoio físico,

pessoal, material, técnico e social. Desse modo o Paradigma de Suporte inicia-se no

princípio da diversidade, caracterizando que a pessoa com deficiência, tem direito ao

acesso a todos os recursos disponíveis as demais pessoas, com isso favorecendo

uma nova forma de inclusão social, com ações afirmativas, nas quais é papel Estado

em criar estas ações a fim de garantir e fornecer condições de acesso a uma vida na

sociedade.

De acordo com Tezani (2005,p. 212), “o Paradigma de Suporte ainda está

presente na atualidade, mas o Paradigma de Inclusão, também conhecido como

Paradigma emergente, se fortalece”, tanto assim, que as atuais políticas públicas,

como o Decreto 7.612/11, no qual o Brasil ressalta o compromisso com as

prerrogativas da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência(2006) –

ONU, em desenvolver ações referente o acesso à educação, inclusão social,

acessibilidade e a saúde, que possibilitam às pessoas com deficiência exercerem

sua emancipação e a cidadania.

1.2 – COMO ERAM OU SÃO CHAMADAS AS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIAS?

No final da década de 80, as pessoas com deficiências eram configuradas

com as seguintes terminologias, segundo Sassaki (2010) e Simões e Pinto (2011):

excepcionais, pessoas deficientes, pessoas portadoras de deficiência, pessoas

portadoras de necessidades especiais, pessoas de necessidades educativas

especiais e pessoas com necessidades especiais, invalidas – indivíduos sem valor -,

incapacitados – indivíduos sem capacidade – depois evoluiu para indivíduos com

capacidade residual, defeituosos, deficientes. Estas terminologias conforme Sassaki

(2010), são características de um contexto socioeconômico e cultural específico de

uma sociedade que não aceitavam inclui-las em suas vidas por causa de uma

condição atípica – eram os excluídos. E só após a Declaração de Salamanca em

1994, adotou-se a expressão necessidades educacionais especiais, por ser mais

15

compatível com os objetivos desta declaração, que é a reorganização escolar para

que atenda a todos sem nenhuma discriminação.

A partir de 1990, os movimentos mundiais de pessoas com deficiência,

incluindo as do Brasil, convencionaram o uso da expressão “pessoas com

deficiência”, termo utilizado até os dias atuais. Sassaki (2010, p.17) afirma que são

princípios básicos para os movimentos sociais terem chegado ao termo “pessoas

com deficiência”: Celebração das diferenças; Direitos de pertencer; Valorização da

diversidade humana; Solidariedade humanitária; Igual importância das minorias; e

Cidadania com qualidade de vida.

O termo “pessoas com deficiência”, passou a ser mencionado na Convenção

Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas

com Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2006, ratificada no

Brasil, através do Decreto 6.949/09.

Na Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (2008), consideram-se pessoas com necessidades especiais, aqueles que

apresentam altas habilidades/superdotação, transtornos globais, transtornos

funcionais.

No entanto, apesar das mudanças nas terminologias, as pessoas com

deficiência, ainda hoje são tratadas por termos inadequados como: aleijadinho,

corcunda, ceguinho, surdinho, estereotipando-as, sendo um desrespeito para com

elas e com as legislações vigentes.

1.3 MARCOS INTERNACIONAIS QUE INFLUENCIARAM AS

POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS NO BRASIL

No âmbito internacional conforme foi citado anteriormente, alguns

documentos constituíram-se em marcos importantes para a formulação das nossas

políticas públicas perante os direitos das pessoas com deficiência, dentre eles: a

Declaração dos Direitos humanos (1948), a Conferência Mundial sobre Educação

para Todos (1990), em Jomtien, Tailândia, Convenção Mundial Sobre Necessidades

Educativas Especiais: Acesso e qualidade (Declaração de Salamanca) (1994),

Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

16

Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, (1999), na cidade de Guatemala. Esta

convenção foi reconhecida pelo Brasil, através do Decreto n.3.956/2001, e

Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das

Pessoas com Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2006,

ratificada no Brasil, através do Decreto 6.949/09.

A Declaração Universal dos Direitos humanos (1948), realizada pela ONU,

preconiza às pessoas o direito à liberdade, a uma vida digna, a educação, a um

pleno desenvolvimento pessoal e social com a livre participação na vida em

comunidade.

Neste contexto, inicia-se um discurso mundial para que os países passem a

respeitar os direitos civis de seus cidadãos, independentemente de suas origens,

raça, religião ou aparência física.

A Conferência Mundial sobre Educação para Todos – (Declaração de

Jomtien-1990), realizada na cidade de Tailândia, relembra aos países participantes

que a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as

idades, no mundo inteiro, e que é importante para o desenvolvimentos das pessoas

e das sociedades. O Brasil por ter assinado esta declaração assumiu o compromisso

de erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental no país, e para

que isto fosse cumprido foram criados instrumentos norteadores para a ação

educacional e documentos legais no apoio desta construção, nas esferas: estadual,

municipal e federal, (Brasil,2004), entre eles Plano Nacional de Educação.

A Conferência Mundial Sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso

e Qualidade – (Declaração de Salamanca - 1994), na Espanha, induzindo ao mundo

a se reorganizar para ofertar uma educação pautada na diversidade humana,

rompendo com o modelo de uma escola no atendimento educacional homogêneo.

Uma educação com ações voltadas para o atendimento de alunos com

necessidades educacionais especiais, enfatizando que as escolas devem acolhe-los

a todos sem discriminação. Definindo que os sistemas de educação devem ser

planejados e os programas educativos implementado para combater atitudes

discriminatórias.

Esta convenção é um dos primeiros documentos internacionais a dá uma

atenção especial as crianças com necessidades educacionais especiais, iniciando

assim o princípio da igualdade, para a inclusão escolar.

17

Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, (Declaração de

Guatemala - 1999), na cidade de Guatemala, e Convenção Internacional sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), ONU. Estas convenções, reafirmaram

que as pessoas com deficiência tem os mesmos direitos que as outras cidadãos, e

que não devem ser submetidas a discriminação com base na deficiência, defendem

e garantem condições de vida com dignidade e emancipação dos cidadãos que

apresentem alguma deficiência.

Estas convenções, tornaram-se marco importante no concerne da justiça e

equidade sociais, principalmente para seu público destinatário - pessoas com

deficiência - tanto assim que através das políticas públicas, estas pessoas estão

conseguindo, mesmo que lentamente a exercer seus direitos civis, políticos,

econômicos, sociais e culturais como os demais cidadãos, encontrando-se inseridos

no mercado de trabalho, na educação, nas cotas para concursos públicos, para

universidades, em moradia adaptadas, transportes públicos e acessibilidades

arquitetônicas, e em muitas outras áreas.        

2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Até por volta de 1973, o Brasil não tinha uma política pública definida de

acesso total para educação das pessoas com deficiência, apesar de já existirem

escolas especiais, assumindo o compromisso da escola comum no atendimento as

pessoas com deficiência, no entanto eram instituições consideradas segregadoras

ou integralistas, pois não os preparavam para um convívio pleno na sociedade.

No entanto com a expansão dos movimentos organizados, exigindo

mudanças políticas por parte do Estado, na construção de uma democracia que,

assegurasse direitos iguais e possibilidades de acessão aos bens sociais como a

qualquer outro cidadão, e com a participação do Brasil nas Convenções

Internacionais, se fez necessárias a promulgação de novas políticas públicas

inclusivas nas áreas da saúde, educação, meio ambiente, na intenção de promover

o princípio da igualdade.

18

Tais políticas públicas educativas, encontram-se pautadas e legitimadas a

partir da: Constituição Federal de 1988, no artigo 205, que garante ensino público e

gratuito, definindo que a educação é direito de todos, e que será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade [...]. No artigo 208, [...] determina “ser

dever do Estado, o atendimento educacional especializado, aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”, (Brasil, 2006). Neste

último artigo, observamos que há uma especificidade para a educação dos alunos

com deficiência, garantindo a todos o direito à igualdade, à dignidade, à não-

discriminação.

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

(1989), dentre os seus princípios, o da educação estabelece que “seja efetuada a

matrícula de pessoas com deficiência, em cursos regulares”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), define ser dever da família,

do comunidade, da sociedade e do poder público assegurar com prioridade a

efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação [...]; e também

garante atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino (MEC 2006).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96, que rege a

educação em todo país, afirma em seu Art. 3º que: “o ensino será ministrado com

base nos seguintes princípios: igualdade de condições para o acesso e permanência

na escola; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”, (Brasil,

2006). O Capítulo V, artigo 58, trata especificamente, da Educação Especial como

uma “modalidade de educação escolar, oferecida “preferencialmente” na rede

regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”, (Brasil,

2007). Assim, esta educação perpassa todos os níveis de ensino, é uma educação

complementar que pode ser aplicada desde a Educação Infantil ao Ensino Superior.

Em relação as escolas, a LDB9394/96, orienta que as escolas devem

assegurar aos educando currículos, métodos técnicas [...] para atender às

suas especificidades, como também professores com especialização

adequada, tanto em nível médio ou superior para atendimento

especializado e os professores do ensino regular com capacidade para

integra-los nas classes comuns.

Lei nº 10.172/01, aprova o Plano Nacional de Educação, que nos seus

objetivos e princípios, estar a elevação e melhoria do nível de qualidade do ensino

19

em todo país, visando diminuir a desigualdade social e regional quanto ao acesso,

permanência e sucesso da educação pública com a democratização da gestão do

ensino público, nos estabelecimentos oficiais, e como meta para a educação das

pessoas com necessidades educacionais especiais a formação inicial e continuada

dos professores, disponibilizando recursos didáticos especializados de apoio a

aprendizagem nas áreas visual e auditiva dentre outros. Confirmando que os

professores precisam ser qualificados para poder efetivar o atendimento aos alunos

com deficiência.

Temos também o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade (2003),

visando transformações dos sistemas de ensino, promovendo a formação de

gestores e educadores para garantir o direito de acesso de todos à escolarização

com organização do atendimento educacional especializado e a promoção da

acessibilidade. Em 2006 foram implantados os Núcleos de Atividades das Altas

habilidades/superdotação – NAAH/S, em todo país para dar atendimento

educacional especializado aos alunos com altas habilidades/superdotação, como

orientação às famílias e a formação continuada aos professores.

Na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (2008), tendo como o objetivo assegurar a inclusão dos alunos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, ofertando

um atendimento educacional especializado (AEE), em todos os níveis da educação,

como também professores especializados neste atendimento, escolas com

acessibilidade arquitetônica e a participação da família que é essencial e da

comunidade.

E por fim temos o Decreto 7.612/11, que integra o plano governamental “Viver

sem Limites6”, em substituição ao Decreto 6.571/08, que dispunha sobre o

Atendimento Educacional Especializado e sobre o financiamento para este

atendimento, sendo responsabilidade da União, Estados e Munícipios.

Este plano contém diretrizes para a promoção dos direitos das pessoas com

deficiências em cumprimento à Convenção dos Direitos das Pessoas com

Deficiência (2006), da Organização das Nações Unidas.

6 Em 17 de novembro de 2011 o governo assinou o plano Viver sem Limite - Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, como resultado do firme compromisso político com a plena cidadania das pessoas com deficiência no Brasil. Oportunidades, direitos, cidadania para todas as pessoas são objetivos aos quais o Plano está dedicado. O Viver sem Limite foi construído com inspiração na força e no exemplo das próprias pessoas com deficiência, que historicamente estiveram condenadas à segregação. Trata-se de um conjunto de políticas públicas estruturadas em quatro eixos: Acesso à Educação; Inclusão social; Atenção à Saúde e Acessibilidade.

20

Sassaki (2010), afirma que:

A legislação é uma faca de dois gumes[...] nem todas as leis são totalmente adequadas se consideramos a evolução de conceitos e práticas sociais. Considerando que para as pessoas com deficiência existem dois tipos de leis: as gerais e as especificamente pertinentes à pessoa com deficiência. (SASSAKI, 2010, p.155, 156),

E ao analisarmos as legislações vigentes, observamos que precisaram ser

criadas leis especificas para que as pessoas com deficiência tivessem seus o

direitos respeitados, quando na verdade bastava as leis gerais, como a Constituição

Federal, para equiparar estes direitos. Só para lembrar, o Decreto nº 3.298/99, que

consolida a Lei 7.853/89, dispõe sobre a Política Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência, é uma lei especifica à pessoa com deficiência.

Esta lei informa em seu artigo 8º, que constitui crime punível com reclusão (prisão)

de 1 a 4 anos e multa quem:

a) Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscriçãode aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência.b) Impedir o acesso a qualquer cargo público, porque é portador de deficiência;c) Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência.d) Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestarassistência médico-hospitalar ou ambulatorial, quando possível, a pessoa portadora de deficiência.

O Brasil hoje, é considerado no que tange as políticas inclusivas, um país

avançado, por possuir diversas política pública, orientadoras e de suporte para a

reorganização escolar na efetivação de uma educação inclusiva permitindo

transformações nas condições sociais, políticas e culturais das pessoas com

deficiência possibilitando sua emancipação e cidadania.

2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA

PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O Atendimento Educacional Especializado decorre de uma nova visão da

educação especial não mais segregada, como afirma Fávero (2011), “trata-se de um

atendimento diferenciado[...], que não exclui as pessoas com deficiência dos demais

21

princípios e garantias relativos a educação”, ele é um acréscimo ao direito à

educação, encontrando-se legitimado, na Constituição Federal/88, e na LDB

9394/96, na Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva

(2008), no Decreto 7.612/11, conforme relatados.

O Atendimento Educacional Especializado, tem a finalidade de identificar,

elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade para eliminar as

barreiras para o atendimento educacional, como também disponibilizar programas

de enriquecimento curricular, como ensino de linguagens e códigos específicos de

comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologias assistivas, devendo ser

realizado no turno inverso ao da classe comum, tanto na própria escola ou

instituição especializada que realize esse serviço educacional.

Esta nova função da educação especial orienta que os professores, precisam

além de sua formação em pedagogia, terem conhecimentos específicos da área em

que irão atuar. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional

especializado [...] da atuação nas salas comuns, salas de recursos, nos centros de

atendimento educacional especializado [...], nas classes hospitalares e nos

ambientes domiciliares, [...]. (MEC,2008).

Segundo Mantoan (2006, p.19): “A inclusão implica uma mudança de

perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os

que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais [...]”. Ou seja,

precisamos que as escolas excluam o ainda atendimento homogeneizado e passe a

administrar a diversidade escolar. Neste sentindo, afirma Magalhães (2011, p.21):

“As denominadas escolas inclusivas teriam como fundamento básico a flexibilidade

curricular e metodológica com o intuito de aceitar as diferenças individuais de seus

alunos”. Desta forma, é necessário às escolas, não só se reestruturarem para

atender as diversidades existentes, mas acolhe-los sem discriminação, quebrando o

paradigma da homogeneidade, afinal a medida que falamos em diversidade,

diferença, e direito, estamos enfatizando a democracia, que pressupõe uma

igualdade entre as pessoas. E nessa igualdade todos ganham, alunos, professores,

comunidade, família.

22

2.2 PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA DIANTE DAS

ATUAIS POLÍTICAS NACIONAIS.

O debate sobre as políticas públicas dirigidas a promover e garantir uma

educação que seja inclusiva, nos faz refletir sobre que tipo de educação as escolas

estão oferecendo, para atender às necessidades dos alunos. Como nos diz Mantoan

(2006) “os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os

educadores inclusivos”, tanto assim que muitos profissionais se consideram

incapazes de atendê-los. Mantoan (2006), também afirma que: “a maioria dos alunos

que fracassam na escola não são os alunos do ensino especial, mas com certeza

vão acabar lá nos ensinos especiais”, afinal, as escolas continuam efetuando

práticas educacionais excludentes e segregadoras em seus currículos.

Nos dias atuais, considerada a era do respeito a diversidade, não é mais

aceitável conviver com o que conceituamos por longo anos de “normal”. Como nos

afirma Mantoan (2006) “ser gente é correr sempre o risco de ser diferente”, e é

nessa perspectiva que devemos aceitar e respeitar a diferença, rompendo com os

paradigmas ultrapassados. Fávero (2011, p.21) afirma que: “O fato é que a presença

desses alunos em sala de aula comum pode ser até novidade, mas é um direito dos

alunos com deficiência e um dever do Estado e dos Gestores”. O Estado na

efetivação do cumprimento das leis e os gestores em acata-las, proporcionando a

educação para todos, afinal a escola é o espaço para promover e desenvolver as

potencialidade destes alunos, para se tornarem cidadãos aptos a conviver em

sociedade, não sendo mais necessária uma educação de integração.

A ideia de integração surgiu, conforme Sassaki (2010,p.30), “para derrubar a

prática da exclusão social a que foram submetidas as pessoas com deficiência por

vários séculos”, e Mantoan (2006,p.19), a define como “objetivo de inserir um aluno

ou um grupo de alunos que já foi anteriormente excluído”, sendo assim a integração

é incompatível com a inclusão que tem como meta não deixar ninguém de fora do

ensino regular, a inclusão provoca um novo olhar, sobre a reorganização do sistema

escolar, como da sociedade como um todo.

A escola ainda é um dos espaços – se não for o único – o meio para

desenvolver ações, práticas, valores na construção de relações igualitárias entre

seus sujeitos. Pois o que importa neste percurso da educação são as necessidades

23

dos alunos, são eles que fornecerão subsídios para nós pedagogos efetuarmos as

mudanças necessárias a fim alcançarem seus objetivos. Conforme Sartoretto

(2011) “a inclusão não é favor para pessoas com deficiência. Ela é um direito”,

embora tenhamos legislações considerada avançada para a sustentação das

garantias sociais e educacionais de participação igualitária da pessoa com

deficiência nas várias esferas da sociedade, a realidade revela que tais direitos têm

sido violados, tanto assim, que muitas crianças, jovens e adultos, com necessidades

educacionais especiais encontram-se excluídas das oportunidades de empregos,

lazer, saúde, educação.

Nessa perspectiva, Mantoan (2006,) afirma que a maior parte dos alunos das

classes especiais, são aqueles que não conseguem acompanhar seus colegas de

turma, os indisciplinados, os filhos dos pobres, os filhos dos negros, no entanto o

objetivo da educação inclusiva é que todos alunos frequentem uma mesma escola

regular, e que nós pedagogos venhamos a mudar nossas concepções e nos

tornemos mais próximos dos alunos, procurando identificar as dificuldade de cada

um, para seu desenvolvimento em todo processo educacional de ensino

aprendizagem.

Sendo assim, as escolas precisam construir novas práticas educativas que

visem superar as diversas formas de exclusão camuflada existente no seu interior, e

partir para práticas de reconhecimento e valorização em respeito a diferença, não

permitindo a discriminação e inferiorizacão do diferente. Afinal consideramos a

escola o espaço para promover e desenvolver potencialidades dos cidadãos, ou

não?

3 – O POR QUÊ PESQUISAR.

A educação no desempenho de sua função social e transformadora, tem

como principal objetivo o crescimento e a emancipação de todos, na valorização e

respeito às diferenças em todo processo educativo. Mas o que temos presenciado é

justamente o contrário, um desrespeito a uma parcela da população – as pessoas

com deficiência - que durante anos reivindicam o direito a educação. Durante os

estágios realizados em escolas do ensino fundamental I, percebemos o despreparo

do corpo docente, falta de livros, de instrumentos educacionais, de estrutura

24

arquitetônica, no contexto de promover a educação inclusiva para os alunos com

necessidades educacionais especiais presente em muitas instituições escolares.

Neste contexto da exclusão, resolvemos pesquisar para verificar como estão

sendo Efetivadas as Políticas Públicas Educacionais Inclusivas, desses alunos nas

escolas do município de Salvador no Estado da Bahia.

A pesquisa foi de caráter qualitativa, bibliográfica, e de campo. A pesquisa

qualitativa, afirma Prodanov e Freitas (2011, p. 34 e 70), que: “[...] não requer o uso

de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta

de dados e o pesquisador é o instrumento-chave[...]”, sendo portanto necessária a

efetivação de uma análise e reflexão a respeito das políticas de inclusão, levando

em conta também os paradigmas conceituais e, princípios que foram defendidos

tanto em documentos internacionais como nacionais.

Nas pesquisas bibliográficas, segundo Severino (2007, p.22), adquirimos

maiores conhecimentos sobre o tema escolhido, por que o “pesquisador trabalha a

partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos”.

Por último realizamos estudos de caso. A pesquisa teve início com escolhas

aleatórias das escolas em bairros da periferia do município de Salvador. Junto as

mesmas, apresentamos o projeto de pesquisa, e utilizamos o questionário para

coletar os dados, com questões semiestruturadas direcionada aos professores de

classe comum e professores no Atendimento Educacional Especializado, por

consideramos os responsáveis no acolhimento das Políticas Públicas de Educação

Inclusiva em sala de aula, ou em outros espaços escolares.

A finalização da pesquisa foi elaborada a partir das leituras, dos estudos de

caso, com sistematização dos dados recolhidos, objetivando responder a indagação

da pesquisa: Efetivação das Políticas Públicas Voltadas à Educação Inclusiva no

Município de Salvador – Bahia.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

O Município de Salvador, capital do Estado da Bahia, foi fundado em 29 de

março de 1549, pelo português Tomé de Souza. Hoje, a terceira capital em

desenvolvimento e população. Possuindo uma área de 693.276 km2, e uma

população estimada no ano 2013, de 2.883.682 habitantes, concentrando sua

25

população mais na área urbana, conforme dados do Instituto de Geografia e

Estatística – IBGE7.

A rede escolar municipal de Salvador, atendendo aos níveis de Educação

Infantil, Ensino Fundamental I e II, e as modalidades de Educação de Jovens e

Adultos (EJA) e Educação Especial, no ano de 20148 foram matriculados 6.102

alunos em nas escolas públicas, e dentre esses alunos, 982 com deficiência.

Segundo Plano Municipal de Educação (2010 – 2020), a complexidade no

contexto educacional da Cidade do Salvador é muito preocupante, quando se trata

da pessoa com deficiência, diante desta cidade ser marcada por forte desigualdades

econômica-social. A Educação Especial no Sistema de Ensino municipal é norteado

e fundamentado em consonância com tratados internacionais, como a Convenção

de Guatemala, Convenção da ONU, diretrizes da Constituição Federal de 1988, e da

Lei de Diretrizes e Bases LDB -9.394/96, das políticas públicas na perspectiva da

inclusão e do Conselho Municipal de Educação9.

Dentro desta perspectiva, o Município do Salvador promulgou sua Lei

Orgânica em 05 de abril de 1990 e destinou o Título V, Capítulo II, para a Educação,

compostas de 21 artigos, entre eles, o artigo 1º, Parágrafo Único, informa que:”

“Ninguém será discriminado, [...] em razão da etnia, raça, cor, sexo, estado civil,

orientação sexual, religião [...], deficiência física, mental, sensorial”, e define que é

competência do município, junto com os poderes públicos assegurar o ensino

público gratuito e de qualidade [...], com o objetivo de garantir uma escola

compromissada com a democratização de oportunidades sócio educativas, plural na

promoção do respeito à diversidade e ética, na responsabilidade de formação de

valores para um educação cidadã, solidária e socialmente inclusiva seguindo um dos

mais recente documentos sobre educação inclusiva, a Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, (MEC-2008).

7 http://cidades.ibge.gov.br/

8 Dados retirados do site da Secretaria Municipal de Educação, www.educacao.salvador.ba.gov.br– Sistema de matricula informatizada, no ano de 2014.9 O Conselho Municipal de Educação - CME, instituído pelo Decreto nº 6.403 de 30 de novembro de 1981, em decorrência da Lei Municipal n° 3.127/81, é órgão colegiado integrante da Administração Direta, veiculado à Secretaria Municipal da Educação e tem por finalidade exercer as funções normativas, deliberativas e consultivas referentes à educação, na área de competência do Município do Salvador, de acordo com o Art. 187 da Lei Orgânica do Município, ratificado pelo Art.17 da Lei Municipal nº 4.304/91, com nova redação dada ao Parágrafo único desse artigo, pela Lei nº 7.068/2006.

26

A Secretaria Municipal de Educação pautando-se nestas legislações elaborou

as diretrizes municipais, objetivando fornecer uma educação inclusiva em

atendimento ao Plano Municipal de Educação (2010-2020), que tem entre seus

objetivos e metas estão:

-[...]Implantar Políticas de Educação Inclusiva com articulação intersetorial que assegurem a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.-Assegurar a formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão. Organizar a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete.-Promover a partir do primeiro ano, de adequações curriculares nos objetivos e conteúdo, metodologias, organização didática, filosofia e estratégia de avaliação, no sentido de atender as especificidades de todos os alunos.-Implantação nas escolas públicas municipais, a cada ano de, no mínimo, 10 (dez) salas de recursos multifuncionais para o atendimento educacional especializado, no turno oposto ao do ensino regular [...]

E analisando as normas do Conselho Municipal de Educação, na Resolução

n.038/2013, para uma Educação Inclusiva, seus artigos dispõe que:

Art. 3º A Educação Especial tem como objetivo assegurar a inclusão do aluno público alvo da Educação Especial em programas oferecidos, preferencialmente, pela escola regular, favorecendo o desenvolvimento de competências, atitudes, habilidades, autonomia e acesso ao conhecimento necessário ao exercício da cidadania.V – atendimento, de forma obrigatória, desde a Educação Infantil, do ensino de LIBRAS para a educação de pessoas surdas, como 1ª língua, de acordo com o art. 14 do Decreto nº. 5.626/2005;Parágrafo único. Consideram-se recursos de acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços físicos, do mobiliário e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.

Observa-se que, a Secretaria Municipal de Educação encontra-se respaldada diante

das Leis, das políticas públicas, do Plano Nacional de Educação (2001), do Plano

Municipal de Educação (2010-2020), para oferecer uma educação de qualidade a

todos os alunos. Mas será que na prática é isso mesmo que acontece?

Na sequência encontra-se a análise da pesquisa realizada junto aos

professores das escolas do município de Salvador, visando coletar informações

quanto ao processo da Efetivação das Políticas Públicas voltadas para a educação

inclusiva no interior das escolas.

27

3.2 AS ESCOLAS PESQUISADAS

Realizamos as pesquisas em quatro escolas escolhida aleatoriamente nos

bairros periféricos do município de Salvador, que iremos especifica-las como E1, E2

- escolas particulares - E3 e E4, - escolas municipais, todas ofertando o ensino

fundamental I. As escolas são em média composta de seis salas, a escola E1, E2

possuem parques na área externa, E3 e E4, possuem biblioteca, sala de

computação, cozinha, refeitório e a E4, com Sala de Recursos Multifuncionais para

prestar atendimento aos alunos com necessidades especiais. Porém em nenhuma

delas escolas foi perceptível reforma em sua estrutura física. Não possuíam

professores qualificados a desenvolver o sistema Braille de escrita e leitura tátil e da

Língua Brasileira de Sinais, as escolas E1,E2,E3, não possuíam materiais didáticos

e pedagógicos propícios para os alunos com deficiência, portanto infringindo as

orientações da LDB 9394/96, no que se refere o Artigo 59 ao informar: “Os sistemas

de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos,

métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às

suas necessidades;” a Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação

Inclusiva (2008), o Plano Municipal de Educação (2010 a 2020), ao afirmar que as

escolas deverão se adaptarem, reestruturarem para assim poder prestar um

atendimento de qualidade aos alunos com necessidades especiais educacionais e a

Resolução 038/2013, que orienta sobre as instituições garantir acessibilidade,

educação bilíngue, utilização do sistema Braille, Soroban, para os alunos cegos.

Notadamente três das quatro escolas visitadas, estavam infringindo as

legislações vigentes, acima citadas, porque não presenciamos modificação nas

instalações, professor bilíngue e muito menos um aparato metodológico para

atendê-los em suas expectativas educacionais. A não ser a escola E4, que possuía

a Sala de Recursos Multifuncionais10, composta de computador impressora, muitos

jogos pedagógicos e multimídias, professor qualificado em atender aos alunos com

10 O Decreto nº 6571/2008, define no artigo 3º, parágrafo 1º: “que as Salas de Recursos Multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado”, ou seja são salas que dispõe de materiais pedagógicos e equipamentos que visam complementar e/ ou suplementar o ensino regular de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, facilitando a aprendizagem. É também um espaço de avaliação pedagógica, pois nela o professor do AEE avalia quais as possibilidades desse aluno e quais os recursos a serem utilizados, caso o aluno o precise do AEE. (SILUK,2011, p.44).

28

necessidades educacionais especiais, estando em consonância com as leis

inclusivas, mesmo que não tenha efetuada reforma arquitetônica em suas

instalações.

3.3 IDENTIFICAÇÃO, FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA DOS PROFISSIONAIS

As questões iniciais do questionário propõem a análise da identificação e

formação profissional dos professores respondentes da pesquisa. Em relação ao

gênero todos os entrevistados são do sexo feminino, com formação superior

completo em licenciatura em pedagogia e duas com Pós graduação em

Psicopedagogia, com atuação no mínimo de três anos em sala de aula, possuindo

em média 20 a 25 alunos por sala, trabalhando em turno integral, três das quatro

professores entrevistadas, participaram de curso para a educação especial.

Por último, ainda em relação à identificação e formação profissional dos

professores, perguntarmos se possuíam experiência anterior com alunos inclusivos,

duas professoras responderam que sim e duas que não.

Na sequência perguntamos as entrevistadas, se a formação acadêmica

forneceu subsidio para uma educação inclusiva, três responderam que sim.

Lembramos que na LDB nº. 9.394/96, orienta que os professores precisam ter

especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento

especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a

integração desses educandos nas classes comuns. Três das entrevistadas possui

conhecimento sobre as leis e políticas públicas voltadas para a efetivação de uma

educação inclusiva, como: a LBD 9396/96, Declaração de Salamanca, Política

Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva (2008), uma

professora respondeu não.

Perguntamos se os alunos inclusos possuem laudo médico três escolas

possuem laudos médicos e uma não. Quanto ao número de alunos com deficiência

atendidos em sala de aula, três professoras responderam que possui um

(hidrocefalia, autismo e deficiência física), e a professora da Sala de Recursos

Multifuncionais que efetiva o AEE possui treze alunos (2 autismo, 1síndrome de

29

Down, 2 deficiência intelectual,1 baixa visão, 3 deficiência física, 1auditiva e 4 sem

laudo médico), e que efetua o atendimento no turno oposto ao ensino regular.

Quanto a dificuldade na prática pedagógica dos alunos com deficiência, as

professoras apontaram: Adaptação da didática, controle dos alunos ao dar maior

atenção aos alunos inclusivos e maior tempo demandado para explicar os temas, e

uma delas informou não possuir dificuldade. Em relação à adaptação curricular dos

alunos inclusivos, três afirmaram que os alunos inclusivos não possuem adaptação

curricular e uma professora disse sim. Contrariando a LBD 9394/94, as Políticas

Nacionais de Educação na Perspectiva Inclusiva.

Sobre os subsídios necessários para que o professor desenvolva um trabalho

de qualidade responderam; - Suporte didático, orientação metodológica quanto ao

atendimento dos alunos, reuniões e discussões para análise das dificuldades

existente como um todo. Abordamos de houve alguma interferência na qualidade do

processo de ensino aprendizagem na sala com a entrada dos alunos inclusivos,

duas das professoras responderam que sim e duas que não.

Em relação as práticas pedagógicas existentes no cotidiano escolar para

promover a melhoria no atendimento dos alunos inclusivos responderam: Atividades

diferenciadas, uso de imagens e atividades lúdicas; Conhecimento sobre a

deficiência da criança, partindo assim para a capacitação se propondo ao

desenvolvimento infantil; Suporte pedagógico e orientação metodológica; Igual para

todos, não faz diferenciação. Constatamos que o tempo organizado em sala de aula

dos alunos com necessidades educacionais é igual aos dos outros alunos, com

atividades iguais, respeitando os limites de cada um e também com atividade

lúdicas, brinquedos educativos, cartazes. Quanto a jornada é igual ao dos outros

alunos.

Das quatro entrevistadas, três considera que nem todos os alunos com

necessidades educacionais especiais podem se beneficiar com o ensino na classe

comum, como também em Salas com Recursos Multifuncionais, e consideram a

qualidade do ensino ofertado aos alunos NEES em classe comum, deficiente, diante

da formação de professores, quantidade de alunos em sala....As professoras

entrevistadas veem a implementação da educação inclusiva importante para o

contexto social, mas possuem dificuldades de implementação em sala de aula.

Quanto a ao método avaliativo dos alunos com necessidades educacionais

especiais, informaram que: - avalia de forma oral, avaliações qualitativas a partir do

30

plano de atendimento onde se descreve os objetivos educacionais a serem

alcançados; individual, com a presença direta do professor.

Podemos então considerar que estes alunos não são avaliados por notas,

conforme os outros colegas, e sim como rege a LDB 9394/96, que determina no seu

artigo 24, uma avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno[...]

Uma das professoras, confirma o que todos nós da sociedade já sabemos

para que se concretize uma educação inclusiva:

- Para a inclusão ser efetiva todos os membros da escola devem ser envolvidos:

porteiros, auxiliares, equipe gestora, comunidade e alunos. Trabalhar questões

referente a diversidade e respeito as diferenças, e acima de tudo acreditar que é

possível desenvolver estas crianças.

No termino da pesquisa, constatamos que diante uma mudança educacional

tradicional para uma educação inclusiva, mesmo estando prevista em leis, discutida

em políticas públicas nacionais e internacionais, o atendimento ainda não se faz

notório. As ações políticas não estão sendo capazes de sustentá-la, uma vez que

nas escolas da rede regular de ensino, tanto particular, quanto municipal, nas

práticas sociais e pedagógicas, percebe-se um descontentamento que projeta a

exclusão do aluno com necessidade educacional especial. As escolas estão

integrando e não incluindo, que inicia-se desde a parte arquitetônica da escola, até a

formação dos professores, que mesmo tendo uma formação acadêmica, por muitas

vezes se acham despreparados para trabalhar com a educação inclusiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Inclusiva representa uma luta pela igualdade, da participação de

deveres e direitos, à eliminação de preconceitos. No entanto ainda percebemos

atitudes discriminatórias na sociedade quando se trata da convivência com o

diferente. Mas o que é o “diferente”? Uma criança, um jovem ou um adulto que tenha

alguma deficiência ou limitações? Conviver com o diferente é romper com os

paradigmas educacionais já ultrapassados, é aceitar o outro como ele é,

proporcionando seu bem estar independentemente de qualquer lei que exista.

31

O Brasil é reconhecido mundialmente pelo modelos de políticas públicas

inclusiva, e o mais recente é o Plano Viver sem Limites, que abrange todos os

direitos identitarios de uma pessoa, mas de que adianta tantas leis se na prática não

é nada disso? As escolas é um grande exemplo disso, das particulares as públicas.

Sartoretto enfatiza que a inclusão não é nenhum favor que fizemos para as pessoas

com deficiência e nisso ela estar certa, por que a Constituição que é a Lei suprema

do país, garante isso ao afirmar que todos nós nascemos livres, que é dever do

estado garantir uma educação pública e gratuita, a LBD 9394/94, também quando

determina que as pessoas com deficiência devem ser matriculados na rede regular

de ensino.

Efetuamos esta pesquisa de campo no intuito de vivenciar justamente como

vem sendo efetivada as políticas públicas inclusivas no município de Salvador e

pudemos comprovar que os resultados mostraram que estas escolas apesar de

possuir alunos com necessidades educacionais especiais, não estão dentro dos

padrões legais exigido pelas políticas educacionais inclusivas. Constatamos que os

professores mesmo com curso de graduação e pós graduação, reconhecendo a

importância de uma educação democrática, que atenda à totalidade dos educandos

três deles não se acham aptos para trabalhar com alunos AEE.

Sendo assim concluímos que o processo da inclusão encontra-se

vagarosamente no município de Salvador, principalmente nas escolas particulares,

que não projetam mudanças arquitetônicas em suas instalações, salas de recursos

multifuncionais, currículos adaptados, professores para o atendimento especializado,

mesmo mediante os avanços nas políticas públicas inclusivas. Acreditamos que a

falta de uma fiscalização nas escolas, tanto municipais quanto particular, por órgãos

responsáveis na área educacional, maior presença da família, da comunidade, faria

com que esta realidade mudasse, ou talvez melhorasse, como também a

consciência da sociedade em favorecer a inclusão.

Neste contexto, afirmamos que os objetivos desse trabalho foram plenamente

alcançados, através da comparação e análise entre as quatro escolas. Pudemos

constatar as diferenças de ordem física e sua complexidade, de acordo com a

legislação e as normas estudadas e se faz necessário um trabalho conjunto de todos

os níveis envolvidos no contexto escolar, ou seja, poder público, família, escola

pública ou privada, de forma a tirar a educação especial da esfera legal e a transferir

32

para a esfera educacional de forma a garantir plenamente o direito de todos à

educação.

REFERÊNCIA

BRASIL. Ministério da Educação____A escola comum inclusiva -MEC 2010.____Constituição Federal do Brasil – 2013.____Convenção Sobre Os Direitos Das Pessoas Com Deficiência – MEC/SEESP - 2008____Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica–MEC, SEESP, 2001.____Declaração de Salamanca – CORDE 1994.____Declaração dos Direitos Humanos – CORDE 1994.____Lei de Diretrizes e Base da Educação – MEC, 2008.____Marcos Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – MEC/SEESP, 2010.____Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – MEC/SEESP - 2008____Plano Nacional da Educação – Educação Especial – MEC, 2006.____Programa Educação Inclusiva: Direito à diversidade – A escola –MEC, 2004.____Programa Educação Inclusiva: Direito à diversidade - A Família – MEC, 2004.____Programa Educação Inclusiva: Direito à diversidade – A Fundamentação Filosófica-MEC 2004.

33

____ Programa Educação Inclusiva: Direito à diversidade – O município –MEC, 2004.____ Resolução CNE/CEB nº 2/01-MEC, 2001____Saberes e Práticas da Inclusão – MEC,2006.

Educação Inclusiva no Brasil: Do contexto histórico à contemporaneidade-<http://www.redentor.inf.br/arquivos/pos/publicacoes/24042013TCC%20-%20Givanilda%20Marcia%20Vieira.pdf> disponível acesso em 17.ago.2013.

Estatuto da Criança e do Adolescente – 2010

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