816 politicas demograficas

8
Como corrigir os desequilíbrios no crescimento da população? A nível mundial, é possível distinguir dois grandes grupos de países que registam evoluções demográficas distintas. De um lado, países de baixo desenvolvimento, com um significativo cresci- mento natural, assente numa taxa de natalidade alta e num elevado número de filhos por mulher em idade fértil (entre os 15 e os 45 anos). Do outro lado, encontramos os países de elevado desenvolvimento, com baixos valo- res de crescimento natural, devido à baixa taxa de natalidade e ao reduzido número de filhos por mulher (Fig. 27). 2.7 _ Os problemas demográficos com que se debatem estes dois grupos de países são necessariamente distintos. Se nos países de elevado desenvolvi- mento o envelhecimento da população pode pôr em causa a normal reno- vação das gerações, nos países de baixo desenvolvimento, o crescimento vertiginoso da população origina situações sociais de miséria que blo- queiam os esforços de desenvolvimento. Assim, os governos destes dois grupos de países são confrontados com a necessidade de desenvolver um conjunto de iniciativas que, de algum modo, corrijam estas tendências, por meio das chamadas políticas demo- gráficas (Fig. 26). Existem dois tipos de políticas demográficas T : A política natalista pretende aumentar os índices de natalidade. É o tipo de política aplicada nos países de elevado desenvolvimento, com problemas de envelhecimento de população. n 26. CARTAZ DE INCENTIVO À DIMINUIÇÃO DA NATALIDADE NO BRASIL. Singapura Portugal Reino Unido China França Brasil EUA Coreia do Norte Limite de renovação de gerações NÚMERO DE FILHOS POR MULHER Venezuela Índia Filipinas Paraguai Angola Somália Mali Nigéria 0 Número de filhos 1 2 3 4 5 6 7 8 56 n 27. NÚMERO DE FILHOS POR MULHER EM IDADE FÉRTIL EM ALGUNS PAÍSES DO MUNDO EM 2007. A fecundidade permite aumentar a capacidade de um país renovar a sua população.

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Page 1: 816 politicas demograficas

Como corrigir os desequilíbrios no crescimentoda população?

A nível mundial, é possível distinguir dois grandes gruposde países que registam evoluções demográficas distintas. De um

lado, países de baixo desenvolvimento, com um significativo cresci-mento natural, assente numa taxa de natalidade alta e num elevado númerode filhos por mulher em idade fértil (entre os 15 e os 45 anos). Do outrolado, encontramos os países de elevado desenvolvimento, com baixos valo-res de crescimento natural, devido à baixa taxa de natalidade e ao reduzidonúmero de filhos por mulher (Fig. 27).

2.7_

Os problemas demográficos com que se debatem estes dois grupos depaíses são necessariamente distintos. Se nos países de elevado desenvolvi-mento o envelhecimento da população pode pôr em causa a normal reno-vação das gerações, nos países de baixo desenvolvimento, o crescimentovertiginoso da população origina situações sociais de miséria que blo-queiam os esforços de desenvolvimento.

Assim, os governos destes dois grupos de países são confrontados coma necessidade de desenvolver um conjunto de iniciativas que, de algummodo, corrijam estas tendências, por meio das chamadas políticas demo-gráficas (Fig. 26).

Existem dois tipos de políticas demográficasT:

• A política natalista pretende aumentar os índices de natalidade. É otipo de política aplicada nos países de elevado desenvolvimento, comproblemas de envelhecimento de população.

n 26. CARTAZ DE INCENTIVO À DIMINUIÇÃO DA NATALIDADE NO BRASIL.

Singapura

Portugal

Reino Unido

China

França

Brasil

EUA

Coreia do Norte

Limite de renovação de gerações

NÚMERO DE FILHOS POR MULHER

Venezuela

Índia

Filipinas

Paraguai

Angola

Somália

Mali

Nigéria

0

Número de filhos

1 2 3 4 5 6 7 8

56

n 27. NÚMERO DE FILHOS POR MULHER EM IDADE FÉRTIL EM ALGUNS PAÍSES DO MUNDOEM 2007. A fecundidade permite aumentar a capacidade de um país renovar a sua população.

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U n i d a d e 2 A S C A U S A S E O S O B S T Á C U L O S A O D E S E N V O L V I M E N T O

• A política antinatalista visa reduzir, de forma significativa, as taxas denatalidade. É nos países de baixo desenvolvimento, onde há excessode nascimentos, que estas medidas se tornam necessárias.

O equilíbrio entre estas duas realidades não é evidente, porque as medidasadoptadas são de difícil aceitação por parte das populações, principalmentepela existência de hábitos culturais profundamente enraizados, e porque osgovernos nem sempre têm meios para as implementar (Fig. 28).

aactividades

1.1 Identifica a principal preocupação de Malthus.1.2 Menciona as soluções apontadas por este demógrafo.1.3 Concordas com todos os pressupostos defendidos por Malthus? Justifica a tua resposta.1.4 Relaciona esta posição com a actual situação demográfica no mundo.

Já no século XVIII, o inglês Robert Malthus

(1766-1834) destacou-se graças à sua teoria

demográfica, conhecida por malthusianismo.

Malthus acreditava que a população crescia

geometricamente e que este aumento era um

obstáculo ao progresso da Humanidade; como tal,

mostrava-se contrário às acções que ajudavam os

mais desfavorecidos. Este inglês encarava a

pobreza como um mal necessário para manter o

equilíbrio entre a população e os recursos dispo-

níveis. A fome, as epidemiase as guerras «asseguravam»índices de mortalidade queanulavam a natalidade ele-vada. Outra solução por eleapontada era a do «constran-gimento moral», que se traduzia na abstinência

total antes do casamento, no casamento tardio

para os pobres e na limitação do número de

filhos para os casados (pela abstinência).

ALBERT SAUVY, A População (adaptado)

j28. O CRESCIMENTO

DEMOGRÁFICO E OSRECURSOS. O equilíbrioentre o número dehabitantes e os recursosé extremamente difícil de alcançar (cartoonde Quino).

MALTHUS E A SUA TEORIA DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO

1. Lê com atenção o texto seguinte.

Política demográficaT É o conjuntode medidas programadas e implementadas pelos governos tendoem vista estimular ou inibir a natalidade.

SABER MAIS

ROBERT MALTHUS

Thomas Robert Malthus nas-ceu em Fevereiro de 1766, emSurrey (Inglaterra). Fez os seusprimeiros estudos na casa pa-terna e, em 1784, ingressou noJesus College, em Cambridge.Em 1798, publicou o seu En-saio sobre a População. A suaobra foi ao mesmo tempo criti-cada e aplaudida. Enquanto alguns sectores da sociedadeo acusavam de ser cruel, indi-ferente e até mesmo imoral,economistas de renome apoia-vam suas teorias.

Economia.net, 2007 (adaptado)

918971 036-075_U2 20/2/08 16:42 Page 57

Page 3: 816 politicas demograficas

O que são políticas antinatalistas?

58

A explosão demográfica que se regista nos países debaixo desenvolvimento, devido à manutenção de elevadas

taxas de natalidade, resulta num elevado crescimento natural.Este aumento condiciona o desenvolvimento, pois não é possível

assegurar uma alimentação suficiente para todos, originando situa-ções de fome e miséria.

Assim, os governos de alguns destes países têm procurado promoverpolíticas antinatalistasT, que tentam reduzir o número médio de nasci-mentos.

Estas medidas são de diferentes tipos e têm uma aceitação variávelpor parte das populações. Entre outras medidas, destacam-se as seguin-tes (Fig. 29):

2.8_

Estas medidas aplicam-se de acordo com as características culturais,sociais e políticas de cada país, podendo assumir um carácter repressivoou liberal.

São vários os países onde estão a ser implementadas políticas antina-talistas:

• China — O controlo da natalidade neste país é claramente encorajadopelo Estado, que promove legislação nesse sentido.A «política do filho único» visa diminuir a natalidade para, destemodo, possibilitar o desenvolvimento económico do país. Cria incenti-vos de cariz económico e social, nomeadamente na educação e noscuidados de saúde gratuitos para o primeiro filho, assim como prio-ridades no acesso ao emprego e à habitação para casais com umúnico filho (Fig. 30).A China aplica as medidas de forma muito rigorosa e até repressiva,originando desequilíbrios entre os dois sexos devido a questões cultu-rais (o sexo masculino é ainda privilegiado).

Política antinatalistaT Conjuntode medidas adoptadas por umgoverno (impostas ou não à população),com o objectivo de diminuir o elevadoíndice de natalidade, pela divulgaçãodo planeamento familiar e do recursoà contracepção.

n 29. MEDIDAS ANTINATALISTAS.

POLÍTICA DO FILHO ÚNICONA CHINA. O CASO DE UMAPOLÍTICA REPRESSIVA

Qin Huaiwen, director dodepartamento de construção nalocalidade de Yuyang, foi des-tituído do cargo municipal quedesempenhava. A razão parajustificar a sanção foi a de «termuitos filhos».

A proibição de ter mais deum filho foi estabelecida, no fi-nal da década de 70, para tentarcontrolar o crescimento demo-gráfico da nação mais povoadado mundo (1,3 mil milhões dehabitantes).

Segundo Pequim, esta me-dida permitiu que actualmentetivessem nascido menos 300 ou400 milhões de pessoas e farácom que em 2040 a populaçãocomece a diminuir.

A política tem diversas ex-cepções. Estão autorizadas a terdois filhos famílias camponesascujo primogénito seja uma me-nina e casais em que tanto amulher como o marido sejamfilhos únicos.

Diário Digital, 09/04/2007(adaptado)

Agravamentodos impostos ou

anulação de regaliassociais a casais

com muitos filhos

Legalização//promoção

da interrupçãovoluntária

da gravidez

Divulgação de processosde planeamento familiare distribuição gratuita

de meios contraceptivos

Processos deracionamento

alimentar

Subsídiosaos casais com um só

filho

Aumentodo nível de

instrução daspopulações

Integraçãoda mulher

no mercado de trabalho

Incentivosà esterilização

masculinae feminina

Campanhas desensibilização

para oscasamentos

tardios

MEDIDASANTINATALISTAS

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Page 4: 816 politicas demograficas

59

• Índia — Neste país, a diminuição da natalidade pretendida pelo Esta-do tem assentado, sobretudo, na divulgação do planeamento fami-liarT e em grandes campanhas de sensibilização para a utilização demeios contraceptivos, sendo defendidas as famílias com dois filhos. Também se regista um número elevado de esterilizações, em espe-cial nas classes sociais mais baixas.

• Japão — O governo japonês iniciou o controlo da natalidade logo apósa Segunda Guerra Mundial, numa tentativa de assegurar um rápidodesenvolvimento económico, como de facto viria a acontecer.Nesse sentido, promulgou a chamada Lei Eugénica (Fig. 31), que per-mitia a interrupção da gravidez e a esterilização; em simultâneo, pro-longava a jornada de trabalho e reduzia o período de descanso, crian-do condições para os casamentos tardios. Com o desenvolvimento dopaís, as medidas implementadas foram sobretudo de carácter fiscal.Actualmente, assiste-se a uma tendência inversa, com algumas em-presas a incentivar a natalidade, devido à redução da população.

n 30. CARTAZ DE INCENTIVO À «POLÍTICA DO FILHO ÚNICO» NA CHINA.

1900 1910 1920 1930

0

10

5

15

25

20

30

35

45

40

1940 1950 1960 1980Anos

1970

Lei Eugénica, no Japão

Taxa de natalidade Segunda Guerra MundialTaxa de mortalidade

n 31. A LEI EUGÉNICA E O CONTROLO DA NATALIDADE. A recuperação económica do Japãoimplicou a adopção de medidas restritivas de controlo da natalidade.

ÍNDIA — CONTRACEPÇÃOPELO CORREIO

No ano em que a populaçãoindiana chegou a um milhar demilhões de pessoas, o controloda natalidade torna-se urgente;mas o tema não é popular nopaís.

Agora, a Comissão Nacionalda População decidiu, de formainovadora, levar preservativosgratuitos directamente a casados cidadãos, pelo correio.

Apenas um número muitorestrito de indianos utiliza re-gularmente o preservativo, pois,na sua maioria, a população des-confia e não gosta desta formade contracepção.

Público, 26/11/2000 (adaptado)

U n i d a d e 2 A S C A U S A S E O S O B S T Á C U L O S A O D E S E N V O L V I M E N T O

1. Com a ajuda do teu director de turma, em Formação Cívicaou em articulação com a disciplina de CiênciasNaturais, investiga os principaismeios de planeamento familiar.

2. Promove na tua turma umdebate sobre o planeamentofamiliar. Na sua preparação,consulta técnicos de saúde ou o sítio http://www.apf.pt.

3. Elabora um relatório com astuas conclusões.

APLICA O QUE APRENDESTE

Planeamento familiarT Utilizaçãovoluntária ou forçada de métodoscontraceptivos pelos casais, de modoa planearem o número de filhos, a altura do seu nascimento e o tempode intervalo entre os partos.

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3. O mapa seguinte representa a percentagem de população que recorreu à contracepção, no mundo, em 2006.

3.1 Localiza as regiões do mundoonde a contracepção seencontra mais generalizada.

3.2 Refere a região onde menosse pratica a contracepção.

3.3 Indica algumas causas paraesse facto.

3.4 Caracteriza a situação em termos da aplicação da contracepção nos paísesseguintes:• China;• Brasil;• Polónia;• Angola.

China Índia Japão Vietname

< 5050 a 6970 a 80> 80

Mulheresque praticama contracepção(%)

0 1500 km

O C E A N O

Í N D I C O

O C E A N O

O C E A N O

O C E A N O

PA C Í F I C O

PA C Í F I C O

AT L Â N T I C O

2.1 Completa o quadro seguinte com informações sobre as características das políticas antinatalistas dospaíses indicados.

Sete anos depois de introduzir a política «uma

família, duas crianças», o Vietname pode dizer

que tem um dos programas de controlo de popu-

lação mais eficazes do mundo. Nos finais dos

anos 80, as mulheres vietnamitas tinham, em

média, 3,8 filhos. Hoje, têm 2,3.

Segundo as autoridades, esta redução foi fun-

damental para que os programas económicos

pudessem ter efeito. Os pais que optam por ter

três filhos são obrigados a pagar as suas despesas

de educação. Mas há sanções mais sérias, como

a confiscação das terras.Público, 12/11/2000 (adaptado)

60 Visiona o documentário As Salas da Morte.

2. Lê com atenção o texto seguinte.

Principais características

N.º de filhos por mulher

Eficácia

Carácter repressivo/liberal

_aactividades

1. Observa com atenção a figura e responde às questões.

1.1 Define política antinatalista.1.2 Refere três medidas características deste tipo de política.1.3 Distingue política antinatalista liberal de política antinatalista

repressiva.1.4 Dá um exemplo de um país onde foi implementada a política

antinatalista.1.5 Refere algumas dificuldades que surgem na implementação

destas políticas.

918971 036-075_U2 20/2/08 16:42 Page 60

Page 6: 816 politicas demograficas

O que são políticas natalistas?

U n i d a d e 2 A S C A U S A S E O S O B S T Á C U L O S A O D E S E N V O L V I M E N T O

Os países de elevado desenvolvimento confrontam-seactualmente com o problema demográfico do envelhecimento

da população, resultante da diminuição da natalidade e do au-mento da esperança média de vida (Fig. 32).

2.9

n 32. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO. Nos países de elevado desenvolvimento, estasituação cria problemas sociais e económicos, como o aumento da população nãoprodutiva (reformados), originando grandes encargos nos sistemas de segurançasocial, que entram, muitas vezes, em ruptura ou mesmo falência.

O envelhecimento da população induziu os governos a adoptar medidasque têm por objectivo contrariar esta tendência. É neste contexto que seinserem as políticas natalistasT, que visam o aumento da natalidade.

Estas políticas têm sido implementadas nos países de elevado desenvol-vimento, sobretudo da Europa do Norte e da Europa Ocidental. As medidasadoptadas são de dois tipos:

• medidas de cariz económico;• medidas de cariz legislativo.

CASAIS RECEBEM PARATER FILHOS

Países com natalidade baixaatribuem incentivos. Subsídiosde nascimento, abonos, com-pensação para os pais que quei-ram deixar o emprego, licençasde maternidade e ajudas na edu-cação são algumas medidas.

A França anunciou recen-temente um pacote de medidaspara conciliar a maternidadecom a vida profissional e esti-mular as mulheres a terem umterceiro filho. As francesas quederem à luz um terceiro filhopoderão usufruir, se assim dese-jarem, de uma licença de mater-nidade mais curta mas maisbem remunerada, com cerca de750 euros por mês.

A estas medidas somam-seauxílios mais elevados para asdespesas com as crianças, cre-ches gratuitas, descontos em res-taurantes, supermercados, cine-mas e transportes públicos e,ainda, actividades extra-escola-res a preços reduzidos.

Na Suécia, um dos pais po-de ficar em casa por um anocom 80 por cento do ordenado.

A assistência pré-natal é gra-tuita e há uma rede de crechesprivadas de preços controlados.

Portugal Diário, 08/01/2007 (adaptado)

Medidas natalistas

Económicas Legislativas

• Subsídios progressivos (abonos de família) atribuídos aos casais a partir do primeiro filho. Estes apoiosatingem valores muito consideráveis a partir de quatro filhos.

• Serviços médicos e materno-infantistotalmente gratuitos antes e após o parto.

• Incentivos fiscais ou redução de impostos às famílias numerosas.

• Ensino gratuito em todos os níveis.• Facilidades no acesso a uma

habitação compatível com o alargamento do agregado familiar.

• Facilidades concedidas às famílias na pré-escolarização e escolarizaçãodos filhos (como a frequência de escolas próximas da residência).

• Alargamento do período de licença de parto para os pais, podendousufruir desta o pai ou a mãe.

• Redução do horário de trabalho da mãe e atribuição de subsídios no período de amamentação.

• Legislação laboral que protege a mulher durante a gravidez e no período posterior à gravidez.

61

Política natalistaT Conjunto demedidas adoptadas por um governocom o objectivo de promover o aumento da natalidade._

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ALEMÃS NO FIM DAGRAVIDEZ FAZEM TUDOPARA QUE O SEU BEBÉNASÇA SÓ NO DIA 1

Médicos preparam-se parauma enchente nos hospitais, tudo por causa de um novosubsídio de apoio à natalidade,que entra em vigor no primeirodia do ano.

As grávidas querem que os seus bebés nasçam a partirdo dia 1 de Janeiro, não antes. É que só depois das 12 bada-ladas entra em vigor este es-quema de apoio à natalidade. A nova lei contempla um au-mento considerável do valordos subsídios aos recém-paistrabalhadores — um montanteque pode ir até 25 200 euros,pagos em 14 meses.

Para Lucia C., por exemplo,uma médica grávida que está à espera de que o seu bebé nasça no dia 7 de Janeiro, a nova lei significa receber mais15 mil euros do que o que re-ceberia com a actual legislação.

Público, 28/12/2006 (adaptado)

62

Exemplos de políticas natalistas

O sucesso das políticas natalistas tem sido dificultado por factores como:os casamentos tardios, a maternidade tardia, a redução do número defilhos por casal e o aumento das atribuições profissionais das mulheres.

As políticas ou iniciativas de cariz natalista têm assumido formas distintas:

• A França tem sido um dos países mais preocupados com a imple-mentação deste tipo de medidas, introduzindo legislação que incenti-va à formação de famílias numerosas, nomeadamente pelo pagamen-to do ordenado, mantendo a licença de maternidade, às mães quetêm o seu terceiro filho. Por outro lado, concede benefícios fiscais àsfamílias numerosas e promove a diminuição do preço das habitaçõespara os casais com mais filhos.Existe ainda um regime de Segurança Social que prevê vários subsí-dios para as famílias, entre os quais o de nascimento (830 euros), ode base (166 euros por mês, até aos 3 anos) e o de início de aulaspara os agregados desfavorecidos (265 euros).

• A Alemanha, cujas taxas de natalidade caíram de forma alarmante,reforçou os incentivos à natalidade, quer económicos (aumento dossubsídios de nascimento e apoios em termos de infantários e creches)quer legislativos (facilidades com a licença de parto) (Fig. 33).

• Portugal não sentiu, durante anos, a necessidade de implementareste tipo de iniciativas. No entanto, no decorrer da década de 90 doséculo passado, para atenuar o envelhecimento crescente entretantoverificado, o Estado introduziu alguns mecanismos de apoio à mãedurante a gravidez e após o parto.A crise económica que Portugal atravessa condiciona os incentivosaos nascimentos, acabando por ser algumas autarquias do interior doPaís a criar quadros de incentivos ao aumento dos nascimentos e àfixação de casais jovens nos seus concelhos. No ano de 2007, o governo incluiu o problema da baixa natalidadenas prioridades políticas, introduzindo um conjunto de medidas deapoio ao aumento dos nascimentos.

P

j33. CARTAZES DE INCENTIVO

À NATALIDADE, EM PORTUGAL E NA ALEMANHA.

918971 036-075_U2 2/29/08 11:08 AM Page 62

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U n i d a d e 2 A S C A U S A S E O S O B S T Á C U L O S A O D E S E N V O L V I M E N T O

• A Suécia é considerada «o melhor sítio do mundo para ter filhos».Neste país, um dos progenitores, durante o ano da licença de parto,pode ficar em casa com 80% do vencimento, a assistência pré-natal égratuita e a rede de creches é subsidiada, além de haver outras com-pensações económicas para os pais que optam por ficar em casapara criar os filhos.

• Outros países, como a Polónia ou a Irlanda, seguem medidas quepenalizam a prática da interrupção da gravidez, não apenas por ques-tões culturais e religiosas, mas também no sentido de assegurar maisnascimentos, facto que lhes possibilita a manutenção de populaçõesjovens no contexto europeu.

Evolução da taxa de natalidade na Suécia

Anos Taxa de natalidade1970-19751975-19801980-19851985-19901990-19951995-20002000-20052005-20102010-2015

13,611,711,312,913,610,410,911,311,4

Fonte: Divisão da População das Nações Unidas, 2007aactividades

2.Lê com atenção o texto.

2.1 Faz um comentário ao textoem que destaques osproblemas decorrentes da quebra da natalidade e as suas consequências paraa economia dos países.

A Alemanha tem uma baixa taxa de natalidade

(1,3 filhos por mulher em idade fértil) e, segundo

um estudo da UNICEF, as poucas crianças do país

desfrutam de um bem-estar apenas razoável, numa

comparação entre 21 nações industrializadas.

Para mudar essa situação, a ministra da Família,

mãe de sete filhos, lançou dois projectos: um novo

subsídio para os pais, em vigor desde o dia 1 de Janeiro

de 2007, e o aumento do número de vagas nas creches

do país (de 250 mil para 750 mil), ainda em discussão.

O objectivo principal das duas medidas é facili-

tar a vida das mulheres que tentam conciliar o em-

prego com a família. Além disso, os apoios tentam

estimular também o pai a suspender o trabalho, pe-

lo menos por dois meses, para cuidar dos filhos.

Estes não são os primeiros, nem os únicos, estí-

mulos oficiais concedidos aos Alemães, na esperan-

ça de que tenham mais filhos. O governo alemão

investe 185 biliões de euros por ano na política de

apoio à família. Berlim assegura que a Alemanha é

um dos países da União Europeia que mais inves-

tem na reprodução da sua população. Deutsche Welle, 01/03/2007 (adaptado)

1.Lê com atenção o texto seguinte.

63Consulta a página da Internet da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas: http://www.apfn.loveslife.com

1.1 Refere quatro medidas natalistas.1.2 Compara as medidas implementadas na Alemanha com as de Portugal.1.3 Refere as razões para tais diferenças.

Abordando os assuntos de política interna, Putin considerou quea quebra da demografia é o «problema mais grave» na Rússia e anun-ciou medidas de apoio ao aumento da natalidade.Vladimir Putin incumbiu o governo russo de elaborar e pôr emmarcha, antes do ano de 2007, o programa nacional de apoio à mater-nidade, calculado para «pelo menos dez anos». Reconheceu que umtal programa acarretará «custos verdadeiramente gigantescos», masalertou o executivo para o carácter inadiável desse plano, «tomandoem consideração a situação económica e demográfica no país».

RTP online, 10/05/2006 (adaptado)

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