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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS DE 06 A 10 ANOS NO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Renata Guanaes Fogaça Orientadora Profª. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    DE CRIANÇAS DE 06 A 10 ANOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

    Por: Renata Guanaes Fogaça

    Orientadora

    Profª. Me. Fátima Alves

    Rio de Janeiro

    2012

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    DE CRIANÇAS DE 06 A 10 ANOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

    Apresentação de monografia à AVM Pós-Graduação

    “Lato Sensu”, Projeto A Vez do Mestre como

    requisito parcial para obtenção do grau de

    especialista em Psicomotricidade.

    Por.: Renata Guanaes Fogaça.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    A todos os meus queridos alunos que me

    despertam a curiosidade e a vontade de cada

    vez mais entendê-los e ajudá-los. Em

    destaque, meu aluno Breno Carvalho do

    Nascimento que me encantou com seu

    jeitinho especial e me encorajou nessa nova

    jornada. A querida professora e orientadora,

    Fátima Alves, por me apoiar no

    desenvolvimento desse trabalho.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Dedico esse trabalho a minha queria e amada

    família, em especial Sergio Guimarães Fogaça

    (em memória), meu pai que com certeza, está

    orgulhoso de mim, mais uma vez. E como

    educadora e incentivadora, espero estar

    contribuindo para um brilhante futuro da minha

    sobrinha e afilhada Mariana Fogaça.

  • 5

    RESUMO

    Quando a criança chega à escola traz consigo marcas dos primeiros

    anos de vida. Um conjunto de pré-requisitos, de atitudes e valores que servirá

    de base para o sucesso ou fracasso escolar. A referência de vida que a criança

    traz são características de seu comportamento, aspecto biológico, psicológico e

    social, portanto é preciso analisar e avaliar as causas que levam a criança

    apresentar dificuldades de aprendizagem considerando as alterações em

    qualquer um desses aspectos. O corpo em sua totalidade é o eixo de

    percepção existente, o agente do sujeito na percepção do mundo que o

    envolve. A aprendizagem é vista como um sistema dinâmico de interação, pois

    o processo humano é biológico, intelectual, emocional e social e se relacionam

    entre si. Os processos cognitivos básicos interferem no processo da

    aprendizagem do sujeito onde aprender resulta das condições e oportunidades

    proporcionadas ao aluno, sejam elas culturais, econômicas e educacionais.

    Sendo o corpo sinônimo de movimento, uma ação da criança sobre o mundo

    em que vive, a educação psicomotora é um meio prático de auxiliar no

    processo de maturação que resulta a aprendizagem. Atualmente, as

    dificuldades de aprendizagem é um grande problema para o sistema

    educacional. A parceria da família com os educadores juntamente com o

    auxílio do profissional da psicomotricidade é de suma importância para

    identificar os bloqueios existentes, fazendo uma relação de dados entre o

    aluno, a escola e a família.

  • 6

    METODOLOGIA

    Esse trabalho caracteriza como pesquisa bibliográfica, com o

    objetivo de produzir novos conhecimentos a respeito da minha prática

    pedagógica, para melhor resolver determinadas dificuldades de aprendizagem.

    Diante das dificuldades que encontrei em sala de aula, em detectar

    o motivo pelo qual a criança apresenta uma dificuldade de aprendizagem,

    resolvi fazer uma pesquisa que me orientasse e mostrasse o caminho correto a

    percorrer.

    A pesquisa foi de natureza quantitativa e qualitativa, descritiva e

    analítica das dificuldades de aprendizagem, uma análise das causas e

    implicações no processo pedagógico, buscando ajuda de muitos autores para

    desenvolver o tema trabalhado.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 8

    CAPÍTULO I - O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11

    CAPÍTULO II - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17

    CAPÍTULO III – O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27

    CONCLUSÃO 39

    BIBLIOGRAFIA 42

    ÍNDICE 44

  • 8

    INTRODUÇÃO

    A psicomotricidade possui vários conceitos. Muitos deles

    confundidos entre as pessoas que acreditam ser apenas algo relativo ao

    movimento corporal. Na realidade, o conceito de psicomotricidade vai muito

    além da simples movimentação do corpo, uma vez que contribui de maneira

    significativa para a formação e estruturação de todo o esquema corporal. Ela

    pode ser definida como a consciência de que o corpo, mente e espírito estão

    intimamente conectados, mediante a ação. A afetividade e a formação de

    personalidade da criança também estão associadas à psicomotricidade. Por

    tudo isso, a abordagem da psicomotricidade na aprendizagem é importante,

    pois ela explica como a criança busca experiências com seu próprio corpo, seja

    para movimentar-se, seja para se expressar.

    É fato que a psicomotricidade é importante para a vida do ser

    humano, e é exatamente por isso, que se torna ainda mais importante procurar

    entender e analisar as definições para essa ciência, a fim de ensinar como

    aplicá-las em situações educacionais fundamentais.

    A psicomotricidade torna-se um assunto muitas vezes

    desconhecido pelos pais e profissionais da educação. O conhecimento a

    respeito da psicomotricidade para o profissional da educação é indispensável,

    apesar de que, muitas vezes é ignorado, pois sua filosofia estimula traçar um

    perfil psicológico do aluno. O fato é que a ciência do movimento constitui-se

    uma importante ferramenta para desenvolver a capacidade postural, uma

    imagem mental do corpo e, por conseguinte, trabalhar o intelectual da criança,

    uma vez que corpo e mente são intimamente ligados no ser humano.

  • 9

    A psicomotricidade está completamente ligada com a

    aprendizagem e vários são os aspectos que interferem positivamente ou

    negativamente na aprendizagem do indivíduo.

    Durante o período escolar, encontramos crianças que apresentam

    as chamadas “Dificuldades de Aprendizagem”. O termo Dificuldades de

    Aprendizagem refere-se a um tipo de transtornos que se manifesta por

    dificuldades significativas o uso e aquisição da fala, escrita, leitura e

    habilidades matemáticas.

    As dificuldades se manifestam em diversas áreas de

    aprendizagem, quanto aos tipos é possível destacar os seguintes: verbais

    (dificuldades para adquirir os processos simbólicos da leitura, escrita e

    matemática) e não verbais (problemas de adaptação social).

    A escola e o educador são considerados os primeiros a detectar

    que o aluno está manifestando Dificuldades de Aprendizagem, pois exercem

    papel fundamental na formação da criança.

    Há muito tempo, educadores vêm realizando pesquisas e

    investigando as causas que possam justificar as Dificuldades de

    Aprendizagem. A partir do momento que o profissional da educação tenha

    consciência sobre o assunto psicomotricidade, saiba reconhecer isso na

    criança e propor atividades que instiguem a todos ao movimento corporal,

    muitas das Dificuldades de Aprendizagem serão amenizadas.

    A Psicomotricidade pode auxiliar no enfrentamento das

    Dificuldades de Aprendizagem através de orientação e ação pontual sobre as

    situações já existentes ou na prevenção.

    Deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em

    sala de aula e com auxílio e dedicação do educador, poderá amenizar as

  • 10

    Dificuldades de Aprendizagem apresentadas pelos alunos, diminuindo o

    fracasso escolar, contribuindo para uma educação de qualidade. A educação

    psicomotora, quando aplicada, é preponderante para o sucesso no sistema

    escolar.

    O presente trabalho divide-se em três capítulos, o primeiro

    apresentará o conceito de psicomotricidade, baseado em diversos autores da

    área.

    O segundo capítulo, buscará a análise e compreensão da definição

    das Dificuldades de Aprendizagem.

    Já no terceiro capítulo, será analisada a importância da

    psicomotricidade nas séries iniciais como método de diagnosticar, reduzir e

    prevenir as Dificuldades de Aprendizagem, apresentadas pelos alunos.

  • 11

    CAPÍTULO I

    O QUE É PSICOMOTRICIDADE

    Podemos dar inúmeras definições para Psicomotricidade. Uma

    delas, de AAP (2007) e Santos (2006) é a seguinte: “A psicomotricidade pode

    ser definida como o campo transdisciplinar que procura compreender e

    investigar as relações e influências recíprocas e sistêmicas entre o campo

    psicológico e o campo motor, tendo como objectivo principal desenvolver a

    capacidade de ser e de actuar num contexto psicossocial”. Outra, mais

    diretamente relacionada com a aprendizagem, conforme Galvão, diz que:

    “O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo, que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa”.

    (Fonseca, 2004, p.:16). A palavra motriz se refere ao movimento, já psico

    determina a atividade psíquica em duas fases, a sócio-afetiva e cognitiva. Em

    “Entender o cérebro de uma criança

    e a forma de ele se desenvolver é a

    chave para se entender a

    aprendizagem.”

    Jane M. Healy

    “Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo”. (GALVÂO, 1995, p. 10)

  • 12

    outras palavras, o que se quer dizer é que na ação da criança se articula toda

    sua afetividade, todos seus desejos, mas também todas suas possibilidades de

    comunicação e articulação de conceitos.

    Inicialmente a psicomotricidade estava relacionada a uma

    concepção neurofisiológica, ancorada na neuropsiquiatria infantil, mas o

    interesse de estudiosos de outras áreas, como psicólogos e professores, foi

    mudando o enfoque deste trabalho. Os autores que mais influenciaram os

    psicomotricistas nesta mudança foram Wallon, Piaget e Le Boulch, que em

    suas obras tratam da formação da inteligência a partir da experiência motriz da

    criança.

    Vários estudos já foram realizados neste sentido e atestaram a

    importância do desenvolvimento psicomotor e cognitivo desde a primeira

    infância, já que o desenvolvimento psicomotor é de grande importância

    inclusive para o aprendizado da leitura e escrita e que as crianças com nível

    superior de desenvolvimento conceitual e psicomotor são as que apresentam

    os melhores resultados escolares.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999),

    psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através

    do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo,

    bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os

    objetos e consigo mesmo.

    Dessa forma, tem como objetivo incentivar a prática do movimento

    em todas as etapas da vida de uma criança, contribuindo para a formação e

    estruturação do esquema corporal; promovendo a união do ser corpo, ser

    mente, ser espírito, ser natureza e ser sociedade; promover a utilização do

    corpo na expressão de sentimentos; compreender a forma como a criança

    toma consciência do seu corpo, localizando-se no meio e espaço.

    Psicomotricidade, portanto, é um temo empregado para uma

    concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências

  • 13

    vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua

    linguagem e sua socialização.

    A Psicomotricidade é uma prática pedagógica que visa contribuir

    para o desenvolvimento integral da criança no processo de aprendizagem,

    favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo – emocional e sócio cultural,

    buscando sempre estar condizente com a realidade dos estudos.

    Segundo Le Boulch (1969), a Psicomotricidade se dá através de

    ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança,

    proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua

    personalidade.

    A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as

    atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento

    e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso a Psicomotricidade é um fator

    essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança.

    A estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental para o

    processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui

    do geral para o específico; quando uma criança apresenta Dificuldades de

    Aprendizagem, o fundo do problema, em grande parte, está no nível das bases

    do desenvolvimento psicomotor.

    Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da

    psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do

    esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal e

    pré-escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes

    elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.

    Segundo Fonseca (1992), a Psicomotricidade é indicada para as

    seguintes problemáticas: com incidência corporal (dispraxia, lateralidade,

    desarmonias tônico-emocionais, estruturação temporal e espacial, problemas

  • 14

    psicossomáticos, perturbações da imagem corporal, perturbações do esquema

    corporal, instabilidade postural); com incidência cognitiva (déficits de atenção,

    de memória, de organização perceptiva, simbólica e conceitual); ou com

    incidência relacional (inibição, hiperatividade, agressividade, dificuldades de

    comunicação).

    A psicomotricidade pode ser classificada em dez funções

    psicomotoras: esquema corporal, tônus da postura, coordenações globais,

    motricidade fina, organização espacial e temporal, ritmo, lateralidade, equilíbrio

    e relaxamento, definidas abaixo:

    Esquema corporal - A consciência do corpo é o reconhecimento do conjunto

    de estruturas representativas, simbólicas e semióticas que servem de base à

    ação. É a noção da imagem do corpo e dos meios de ação que estabelecem,

    com a memória, a formação do esquema corporal, ou seja, é a capacidade da

    criança de conhecer cada parte do seu corpo, sua habilidade na

    movimentação.

    O esquema corporal desempenha um papel fundamental no

    aprendizado da leitura e escrita.

    Tônus da postura - O tônus está ligado com as funções do equilíbrio e

    regulações mais complexas do ato motor.

    Coordenações globais - Chamada também de motricidade ampla, é definida

    como a colocação em ação simultânea de grupos musculares diferentes. É o

    conjunto de habilidades desempenhadas com o corpo todo, buscando a

    harmonia e o controle de movimentos amplos, como receber e arremessar uma

    bola por exemplo.

    Motricidade fina - Em suma pode-se afirmar que motricidade fina resume-se a

    movimentação de pequenos músculos, englobando principalmente a atividade

    manual e digital, ocular, labial e lingual.

  • 15

    Organização espacial e temporal - A organização espacial é a capacidade de

    situar-se, orientar-se e movimentar-se em um espaço, tendo sempre como

    referência a própria pessoa. Refere-se às relações de perto, longe, em cima,

    embaixo, dentro, fora, etc.

    Ritmo – É uma ordenação específica, característica e temporal do ato motor,

    ordenação esta que se refere a processos parciais interligados no ato motor.

    Há ainda uma ligação entre ritmo e organização espacial e temporal.

    Lateralidade - É a manifestação de um lado preferencial na ação, vinculado a

    um hemisfério cerebral; é necessário que não se discrimine a esquerda e a

    direita.

    A aquisição deste conceito para a aprendizagem da leitura e escrita

    é de fundamental importância, sendo que sua falta implica em confusão na

    orientação espacial, podendo resultar em dificuldades tais como: troca de

    letras, palavras e escrita em espelho.

    Equilíbrio - É a noção de distribuição do peso do corpo em relação ao centro

    de gravidade, podendo ser trabalhado estática e dinamicamente. Os exercícios

    de equilíbrio têm a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão

    motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no espaço.

    Um mau equilíbrio motor afeta a construção do esquema corporal,

    porque traz como consequência a perda da consciência de algumas partes do

    corpo.

    Relaxamento - Fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de

    tensão da musculatura esquelética. Pode ser dividido em relaxamento total,

    diferencial e segmentar, sendo que o primeiro envolve todo o corpo e está

    diretamente vinculado a processos psicológicos, o segundo responde pela

    descontração de grupos musculares que não são necessários à execução de

    determinado ato motor específico e o último é alcançado em partes do corpo.

  • 16

    Com isso e apesar de vários estudos já demonstrarem a

    importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na

    aprendizagem da leitura e escrita e na formação da inteligência,

    tradicionalmente a escola tem dado pouca importância à atividade motora das

    crianças, reduzindo-a a visão de que o movimento é algo essencialmente

    motor, destacado das outras esferas do desenvolvimento.

    Como professores, precisamos pensar no desenvolvimento da

    criança de forma integrada, buscando atender aos aspectos físicos, afetivos,

    sociais e cognitivos. Assim, torna-se indispensável uma ampla utilização do

    movimento, realizado através de atividades psicomotoras conscientes.

  • 17

    CAPÍTULO II

    DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    A Definição do Comitê Nacional Americano de Dificuldades de

    Aprendizagem (National Joint Committee of Learning Disabilities, 1988) é a

    seguinte:

    De acordo com Grigorenko, Sternenberg (2003, p.: 29), “Dificuldade

    de Aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos

    psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, fala

    “As Dificuldades de Aprendizagem constituem um ou mais défices nos processos essenciais da aprendizagem que necessitam de técnicas especiais de educação (definição por défice). As crianças com Dificuldades de Aprendizagem apresentam discrepância entre o nível da realização esperado e o atingido em linguagem falada, leitura, escrita e matemática (definição por discrepância). As Dificuldades de Aprendizagem não são devidas a deficiências sensoriais, motoras, intelectuais, emocionais e/ou a falta de oportunidade de aprendizagem (definição por exclusão)”.

    “A psicomotricidade está presente em todas as atividades da nossa vida cotidiana. Seria natural que, desde cedo, as crianças pudessem aprender esta educação pelo movimento”. MEUR; STAES, 1984

  • 18

    ou escrita, que pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir,

    pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos”.

    O homem, diferente dos outros animais, que no curso de seu

    desenvolvimento vive a experiência individual adquirida durante toda a sua

    vida, vive um segundo tipo de experiência que o transforma em um ser

    diferente dos demais, pela sua capacidade de assimilação e apropriação da

    experiência acumulada pelo gênero humano. Este tipo de experiência, para

    que seja significativa, deve ser permeada por afetividade, já que cognição e

    afeto caminham lado a lado na trilha do conhecimento humano. Por isto

    mesmo, aprender é um exercício constante e tem que estar de braços abertos

    para todo e qualquer conhecimento. Aprendizagem é a mudança de

    comportamento, seja essa mudança por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao

    sujeito aprendiz.

    Para reconhecer em uma criança a Dificuldade de Aprendizagem, se

    faz necessário primeiramente entender o que é aprendizagem e quais os

    fatores que nela interferem. Pode se dizer que aprendizagem é um processo

    complexo que se realiza no interior de um indivíduo e se manifesta em uma

    mudança de comportamento.

    Para estabelecer se houve ou não aprendizagem é preciso que as

    mudanças ocorridas sejam relativamente permanentes. Existem, pelo menos,

    sete fatores fundamentais para que tal aprendizagem se efetive e são eles:

    saúde física e mental, motivação, prévio domínio, maturação, inteligência,

    concentração ou atenção e memória. A falta de um deles pode ser a causa de

    insucesso e das Dificuldades de Aprendizagem que irão surgindo.

    A partir disso, pode-se entender que uma criança é dita com

    Dificuldades de Aprendizagem quando apresenta desvios de expectativas de

    comportamento do grupo etário a que pertence, ou seja, quando ela não está

  • 19

    ajustada aos padrões da maioria desse grupo, e, portanto, seu comportamento

    é perturbado, diferente dos demais.

    Podem-se destacar algumas das principais causas das Dificuldades

    de Aprendizagem, como causas físicas, sensórias, neurológicas, intelectuais ou

    cognitiva, socioeconômicas e emocionais, sendo esta última uma das principais

    causas que podem dificultar a aprendizagem. Como resultado, as crianças

    com Dificuldades de Aprendizagem têm, muitas vezes, baixos níveis de

    autoestima e de autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação,

    afastamento, crises de ansiedade e estresse e, até mesmo, depressão.

    As crianças com Dificuldades de Aprendizagem podem apresentar

    uma série de características próprias e problemas associados, estes fatores

    podem agir individualmente ou interrelacionados. Os seguintes problemas são:

    atenção, percepção, cognitivos, memória, psicomotores e emocionais. Dentre

    as características pode-se observar diversos tipos de mudança no

    comportamento. Por manifestarem insegurança e baixa autoestima, tende a

    apresentar ansiedade, regressão, oposições, agressividade reacional, tensão e

    problemas nos relacionamentos interpessoais, tudo isso acarretada em um

    rebaixamento em suas habilidades sociais.

    O problema no desenvolvimento da aprendizagem da leitura, escrita

    e aritmética tem sido uma forte barreira para muitas crianças e professores. O

    educador, escola, a família e a sociedade envolvem aspectos socioculturais

    importantes para o aprender de uma criança. Segundo Paulo Freire:

    “Aprender a ler e escrever é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”. (FREIRE, 1990, p.:8)

  • 20

    O educador desempenha um papel importante na identificação da

    dificuldade, por isso deve ter a capacidade de identificar o melhor para a

    criança utilizando, se possível, variação metodológica dentro de sala de aula.

    O problema de aprendizagem traz sofrimento para as crianças, e

    este, pode ser traduzido por comportamentos de desinteresse, desatenção e

    irresponsabilidades. Quando isso ocorre não adianta apenas pensar no reforço

    ou aulas particulares. A identificação das causas que estão gerando essas

    dificuldades requer uma intervenção especializada.

    As Dificuldades de Aprendizagem, de acordo com Cruz, V. (1999),

    são:

    Dificuldade Global – É uma situação mais preocupante. Pode ser

    grave e envolve aspectos sociais, culturais e emocionais. Os fatores sociais

    desfavoráveis também estão implicados na gênese de dificuldades escolares,

    sendo a família e o ambiente escolar os principais motivos, pois visam

    conteúdos em ação na procura de uma melhor educação e formação de

    valores humanos que nos une. Mas detêm um papel fundamental no

    desenvolvimento das capacidades e das atitudes da criança perante a

    transmissão dos demais saberes: saber ser, saber estar e saber fazer, no

    desenvolvimento das relações interpessoais, no incentivo à autoestima,

    empatia, tolerância enfim, na educação. Na Dificuldade Global não há nada de

    orgânico. A estrutura cognitiva está intacta, o nível intelectual é normal, mas

    mesmo assim provoca insucessos.

    Disfunção Cerebral – Nestes casos as crianças são inteligentes,

    socialmente são normais e apresentam informações verbais adequadas. Suas

    dificuldades ocorrem em áreas específicas, por exemplo, uma incapacidade de

    identificar as letras e consequentemente as palavras. Uma área do cérebro não

    funciona adequadamente, neste caso aquela responsável pela percepção e

    análise visual. O restante do cérebro está intacto. Esta Disfunção Cerebral

  • 21

    afeta áreas específicas relacionadas à linguagem, leitura, escrita, cálculo,

    motricidade, raciocínio, memória, atenção etc. Essas crianças sofrem muito e,

    muitas vezes, são confundidas como crianças pouco inteligente, preguiçosa,

    desleixada, quando na verdade o seu impedimento não é a nível intelectual,

    mas de execução. As principais disfunções são: Disfasia, Dislexia, Disgrafia,

    Disortografia, Discalculia, Déficit de Atenção, Lesão Cerebral, Dislalia ou

    Gaguez.

    Disfasia – A criança pode ter dificuldade em nível de expressão

    (disfasia expressiva) ou compreensão (disfasia compreensiva). Clinicamente o

    comprometimento é importante, pois são crianças que não elaboram frases,

    expressam as partes finais das palavras. O risco desta criança apresentar

    dilexia ou disortografia na idade escola é muito grande. Deve-se considerar que

    as “disfasias” são quadros preocupantes e graves diferentes da “dislalia” ou

    “atraso simples da linguagem” em que ocorrem trocas simples e evoluem para

    melhora rapidamente com atendimento fonoaudiológico e que estão

    relacionados à maturidade. A disfasia é caracterizada por voz arrastada, lenta.

    Está relacionada à lesão motora e não à área da linguagem leitura (dislexia).

    Dislexia – É uma Dificuldade de Aprendizagem na área da leitura,

    escrita e soletração. Não é o resultado de má alfabetização, desatenção,

    desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência. É uma condição

    hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda, alterações no

    padrão neurológico. Por sua complexidade de ser diagnosticada por uma

    equipe multidisciplinar. Apenas aos 8-9 anos de idade pode-se afirmar que a

    criança é disléxica. É uma dificuldade duradoura na aquisição da leitura,

    podendo variar desde uma incapacidade quase total em aprender a ler, até

    uma leitura quase normal, mas silabada, sem automatização. O quadro básico

    é de uma criança que apresenta dificuldade para identificação dos símbolos

    gráficos. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de

    sucesso no futuro. Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas

    têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a

  • 22

    batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula

    sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com os

    problemas e com o estresse.

    Disgrafia – É a dificuldade (parcial), porém não na impossibilidade

    para a aprendizagem da escrita de uma língua. Acontece devido a uma

    incapacidade de recordar a grafia da letra. Ao tentar recordar este grafismo,

    escreve muito lentamente o que acaba unindo inadequadamente as letras,

    tornando a letra ilegível. A disgrafia é também chamada de letra feia. Algumas

    crianças com disgrafia possui também uma disortografia, amontoando letras

    para esconder os erros ortográficos. Mas não são todos disgráficos que

    possuem disortografia.

    A disgrafia se subdivide, segundo Fonseca (1995), em:

    Ø Disgrafia Específica - Não se estabelece uma relação entre o

    sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as

    palavras e as frases. A isto se denomina simplesmente

    disgrafia.

    Ø Disgrafia Motora – Ocorre quando a motricidade está

    particularmente em jogo, mas o sistema simbólico não. A isto

    se denomina discaligrafia, entendendo-a não somente como o

    resultado de uma alteração motora, mas também de fatores

    emocionais (restrição do eu etc.), o que altera a forma da

    letra. O termo Disgrafia Motora (discaligrafia) consiste na

    dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores mais

    comuns da discaligrafia são: micrografia, macrografia, ambas

    combinadas, distorções ou deformações, dificuldades nos

    enlaces, traçados reforçados, filiformes, tremidos, inclinação

    inadequada, aglomerações etc. A criança consegue falar e ler

    e as dificuldades ocorrem na execução de padrões motores

  • 23

    para escrever letras, números ou palavras. Pode ocorrer

    defeito motor ou apenas a nível de integração (neste caso, a

    criança vê a figura, mas não sabe fazer os movimentos para

    escrever as letras).

    Disortografia – Muitas vezes acompanha a Dislexia, mas pode

    também vir sem ela. É a impossibilidade de visualizar a forma correta da escrita

    das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e sua escrita, por

    vezes, tornam-se incompreensível. Geralmente as trocas de grafemas que

    representam fonemas homorgânicos acontecem por problemas de

    discriminação auditiva.

    Discalculia – É uma desordem neurológica específica que afeta a

    habilidade de uma criança de compreender o mecanismo do cálculo, a solução

    dos problemas e manipular números. Pode ser causada por déficit de

    percepção visual. O termo Discalculia é usado frequentemente ao consultar

    especificamente à inabilidade de executar operações matemáticas ou

    aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma

    inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um conceito

    abstrato de quantidades comparativas. Apresenta problemas de diferenciar

    entre esquerdo e direito, falta senso de direção (para o norte, sul, leste e

    oeste), pode também ter dificuldade com um compasso, dificuldades

    frequentes com os números, confundindo as operações etc. É um quadro bem

    mais raro e quase só acontece acompanhado de síndromes.

    Déficit de Atenção (com ou sem Hiperatividade) – É um quadro

    em que os impulsos a nível cerebral se dão em uma velocidade muito acima do

    normal. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na

    infância e frequentemente o acompanhará por toda a sua vida. As

    consequências podem ser diversas, como falta de atenção, impulsividade e

    agressividade e, também, criança portadora desse quadro tende a ser

    desorganizada, desleixada e desastrada. O Déficit de Atenção pode estar

  • 24

    associado ou não à Hiperatividade. Ocorre predominantemente em meninos

    com início antes dos 7 anos de idade. A criança pode apresentar dificuldade na

    aprendizagem escolar (algumas vezes associadas a outras disfunções) ou

    distúrbio de conduta. Não se deve considerar toda criança Hiperativa como de

    causa neurológica.

    Lesão Cerebral – Afeta a criança como um todo. Pode ser

    sensorial, isto é, auditivo ou visual, mental, quer dizer, rebaixamento da

    capacidade intelectual ou, ainda, emocional grave, como Autismo ou Psicose.

    No obstáculo sensorial, a criança frequentemente pode ser trabalhada em

    classe regular. Sendo deficiência mental leve, também poderá ser trabalhada

    em sala de aula regular, com mediador. Se for uma deficiência mental

    moderada ou um problema emocional sério, a criança deve ser encaminhada à

    uma classe especial. O obstáculo global é diferente do funcional, no sentido de

    que afeta a criança como um todo e principalmente no caso da deficiência

    mental, a criança apresentará dificuldade em todas as áreas.

    Dislalia ou Gaguez – Consiste na má articulação das palavras, seja

    omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um pelo outro, ou ainda

    distorcendo fonemas. A falha na articulação das palavras pode ainda ocorrer

    no nível de fonemas ou de sílabas. É uma perturbação da fala caracterizada

    por uma hesitação repetitiva, demora na emissão das palavras ou pelo

    prolongamento anormal dos sons. A Gaguez começa, geralmente, na infância e

    em 90% dos casos antes dos 8 anos de idade. Há, portanto, várias causas

    possíveis para a Dislalia ou Gaguez. A psicanalista Nicole Fabre, afirma que a

    Gaguez é mais do que tudo “um sintoma que traduz um conflito intrapsíquico, o

    qual sem ser expremido fica no fundo da garganta com as palavras que não

    conseguem sair”. Outros males se podem associar à Dislalia: crispação (ao

    nível dos lábios, da língua, da laringe e até do peito), palidez, transpiração

    excessiva, rubor intenso, tremores e muitas vezes, tiques. A criança gaga

    possui, geralmente, uma inteligência normal. Toda criança vítima deste

  • 25

    complexo distúrbio da fala, diante qualquer tensão aumenta a sua extrema

    dificuldade em falar.

    Segundo Fonseca (2004, p.:53), a criança com Dificuldades de

    Aprendizagem apresenta-se com o seguinte desenvolvimento psicomotor:

    • Organização tônica (tensão muscular permanente) diferente,

    paratonias (dificuldade de relaxamento voluntária);

    • Diadococinésias (dificuldade em realizar movimentos

    alternados e opostos);

    • Sincinésias (movimentos imitativos, parasitas e

    desnecessários);

    • Função de equilibração (provas de imobilidade caracterizada

    por perturbações posturais e vestibulares; provas de equilíbrio

    estático e dinâmico e de locomoção férteis em reequilibrações

    abruptas, quedas unilaterais, dismetrias);

    • Problemas de noção de corpo e lateralização (dificuldades em

    integrar perceptiva, consciente e cognitivamente o seu corpo

    e/ou dificuldades nas noções espaciais básicas;

    esquerda/direita/frente/trás);

    • Estruturação espaço-temporal (uma das mais fracas nas

    crianças com Dificuldades de Aprendizagem) com

    dificuldades de memória de curto termo (visual) e rítmica

    (auditiva), e na verbalização ou em simbolizar a experiência

    motora;

    • Praxias globais e finas surgem com lentidão ou impulsividade.

  • 26

    Muitas das dificuldades escolares não se apresentam em função do

    nível da turma a que as crianças chegaram, mas segundo Le Boulch (1983) e

    Meur & Staes (1984), em relação à elementos básicos ou “pré-requisitos”,

    condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, que constituem a

    estrutura da educação psicomotora. Nesse sentido, é de suma importância a

    atividade lúdica, realizada através de atividades psicomotoras, no sentido de

    colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que ela possa

    sedimentar bem esses “pré-requisitos”, fundamentais também para a sua vida

    escolar.

    Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de

    expressão do ser humano é um caminho para reconhecer a importância da

    atividade corporal no processo da aprendizagem.

    “O corpo é, de fato, um lugar original de significações específicas e, por ser parte integrante de nosso universo de símbolos, é produto e gerador, ao mesmo tempo, de signos”. Coste (1981, p.: 46)

  • 27

    CAPÍTULO III

    O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA

    Psicomotricista é o profissional habilitado com curso superior da

    área da saúde e da educação que previne, avalia, trata e estuda o indivíduo na

    aquisição e no desenvolvimento de transtornos psicomotores. Este profissional

    auxilia na equipe intervindo nas bases de estimulação motora e psicomotora,

    educando o movimento ao mesmo tempo que põe em jogo as funções da

    inteligência.

    Durante anos a Psicologia buscou compreender e solucionar o

    desenvolvimento da criança na medida em que ela cresce e amadurece

    fisicamente, pois sua inteligência também se desenvolve e muda seu

    comportamento social e emocional. Assim, surge a educação psicomotora,

    entendida como uma metodologia de ensino que instrumentaliza o movimento

    humano enquanto meio pedagógico para favorecer o desenvolvimento da

    criança. De acordo com Airton Negrine a educação psicomotora pode ser

    compreendida como uma técnica:

    “Psicomotricidade que se faz apreender, mover, impulsionar, agir o corpo com emoção e afetividade intensificando o intelecto”. Fátima Alves (2001)

    A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial. (NEGRINE, 1995, p. :15).

  • 28

    No entanto, essa técnica não pretende realçar a automação, a

    eficácia, a destreza motora ou o rendimento motor. Pretende, na verdade,

    transformar o corpo em um instrumento de ação sobre o mundo, em que

    permitira a interação com os outros. Através de várias pesquisas, estudiosos

    do assunto acreditam que a Psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno

    para uma melhor assimilação das aprendizagens escolares. Assim, buscou-se

    trazer seus recursos para a sala de aula, na modalidade da educação

    psicomotora.

    Durante vários estudos, cientistas tentaram distinguir o principal

    objetivo da educação psicomotora, destacando o aspecto fundamental dessa

    técnica, que é ajudar a criança chegar a uma imagem do corpo operatório,

    permitindo que ela se desenvolva da melhor maneira possível, tirando o melhor

    partido de todos os seus recursos, preparando-a para a nova etapa do

    desenvolvimento motor e consequentemente afetivo e cognitivo.

    Além de apresentar esse objetivo, a educação psicomotora abrange

    algumas metas, sendo elas: a aquisição do domínio corporal, definindo a

    lateralidade, a orientação espacial, desenvolvimento da coordenação motora,

    equilíbrio e a flexibilidade; controle da inibição voluntária, melhorando, o nível

    de abstração, concentração, reconhecimento dos objetos através dos sentidos

    (auditivo, visual, etc.), desenvolvimento sócio-afetivo, reforçando as atitudes de

    lealdade, companheirismo e solidariedade. Assim, Le Boulch destaca a

    importância da psicomotricidade ser trabalhada na escola nas séries iniciais:

    A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser

  • 29

    praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24).

    O principal objetivo da educação psicomotora não se restringe ao

    conhecimento da criança sobre uma imagem do seu corpo, ou seja, ela não se

    prende apenas ao conteúdo, mas auxilia na descoberta estrutural da relação

    entre as partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada,

    instrumento da relação com a realidade. Assim, quando mais cedo abordado

    no ambiente escolar mais os alunos poderão conhecer-se melhor,

    desenvolvendo a maturidade, a consciência e a inteligência apropriada aos

    seres humanos. Le Boulch aponta o objetivo central da educação psicomotora:

    O objetivo central da educação pelo movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, da qual depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. (LE BOULCH, 1984, p. 24).

    Segundo Negrine (1995, p. 20) um dos argumentos que justificam a

    educação psicomotora na educação básica durante a fase pré-escolar é a

    evidência sobre seu papel na prevenção das dificuldades de aprendizagem.

    Pois, é durante esse período que a personalidade de cada indivíduo vai sendo

    moldada. É o momento em que a criança constrói os principais instrumentos

    internos de que servirá primeiramente de maneira inconsciente e depois

    conscientemente para interagir-se com a sua realidade externa. Assim, através

    da interação com o meio, a criança descobre, inventa, resiste, pergunta,

    argumenta e socializa-se. O que exige um bom acompanhamento daqueles

    que estão presentes nessa construção simbólica (pais, professores, etc.) e no

    seu desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Le Boulch menciona que a

    educação psicomotora é uma preparação para a vida das crianças:

  • 30

    A educação psicomotora na idade escolar deve ser, antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino segue uma perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se deve inscrever no papel de escola, e os métodos pedagógicos renovados devem, por conseguinte, tender a ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível, a tirar o melhor partido de todos os seus recursos, preparando para a vida social. (LE BOULCH, 1984, p. 24).

    A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde

    que acriança passa a ter contato com o mundo ao seu redor. Pois, a criança ao

    interagir com o meio físico e social, passa a se desenvolver de forma mais

    abrangente e de maneira eficaz. Isto significa que a partir do envolvimento com

    o meio social são desencadeados processos internos de desenvolvimento que

    permitirão um novo patamar de aprendizagem. Diante da interação da criança

    com o meio social, Negrine observa:

    A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, o conhecimento a respeito do mundo que a cerca. (NEGRINE, 1995, p. 23).

    A educação psicomotora junto com o auxílio dos pais e do meio

    escolar, têm a finalidade não de ensinar a criança comportamentos motores,

    mas sim de permiti-lhe, mediante o jogo, exercer sua função de ajustamento,

    individualmente ou com outras crianças. No estágio escolar, a prioridade

    constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança

    prosseguir na organização de sua “imagem de corpo” ao nível do vivido

    servindo de ponto de partida na sua organização prática em relação ao

    desenvolvimento de suas atitudes de análise perceptiva. Outro papel atribuído

  • 31

    à educação psicomotora é a de prevenção, esse que é argumentado por

    Fonseca:

    A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que dá condições à criança desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar (FONSECA, 2004, p. 10).

    A educação psicomotora, quando bem aplicada, é preponderante

    para o sucesso no sistema escolar. Entretanto, é fundamental que a

    participação do professor como pesquisador, principalmente nos assuntos

    relacionados sobre Psicomotricidade. Dessa maneira, é interessante que o

    docente intere-se sobre a educação psicomotora, do que essa trata essa

    prática pedagógica; conhecer sua estrutura, o desenvolvimento psicomotor, as

    implicações do sistema nervoso e a importância da maturação neurológica;

    compreender como ocorre o desenvolvimento infantil (etapas do

    desenvolvimento), as funções psicomotoras, as dificuldades de aprendizagem

    presentes no ambiente escolar, para a organização, planejamento e

    encaminhamentos acadêmicos.

    O educador precisa saber se sua proposta de trabalho está de

    acordo com as necessidades dos alunos, que caminho deve seguir, aonde

    pretende chegar e qual a importância da psicomotricidade nas séries iniciais do

    Ensino Fundamental.

    Segundo Fonseca (2004, p.13), a Psicomotricidade inicialmente foi

    vista como prescrição da medicina psiquiátrica – por Dupré, em 1920 –, atingiu

    com Wallon (1925; 1934; 1947) e Ajuriaguerra (1977; 1988) uma dimensão

  • 32

    teórico-prática, sobre o desenvolvimento humano, significativa, educativa,

    reeducativa e psicoterapêutica.

    A Psicomotricidade, em sua ação educativa, pretende atingir a

    organização psicomotora da noção do corpo como marco espaço temporal do

    “eu” (entendido como unidade psicossomática). Esse marco é fundamental ao

    processo de conduta ou de aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas

    suas múltiplas relações: perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um

    esquema representacional e uma vivência indispensável à integração, à

    elaboração e à expressão de qualquer ato ou gesto intencional. Para Galvão a

    Psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a relação do

    homem com o meio interno e externo:

    Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo (GALVÂO, 1995, p. 10).

    A Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de

    movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo

    sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua

    socialização.

    A Psicomotricidade permite ao homem sentir-se bem com sua

    realidade corporal, possibilitando-lhe a livre expressão de seus sentimentos,

    pensamentos, conceitos, ideologias. Mesmo que a Psicomotricidade assuma

    grande importância na resolução de problemas encontrados em sala de aula,

    ela necessariamente não é única solução para as Dificuldades de

    Aprendizagem, mas sim o meio de auxiliar a criança a superar os obstáculos e

  • 33

    prevenir possíveis inadaptações. Assim, essa procura proporciona ao aluno

    algumas condições mínimas a um bom desempenho escolar e aumenta seu

    potencial motor dando-lhe recursos para que o aluno obtenha progresso no

    âmbito escolar.

    Através da Psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os

    movimentos da criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a

    indivíduos sãos, através de um trabalho orientado à atividade motriz e as

    brincadeiras. Na reeducação psicomotriz se trabalha com indivíduos que

    apresentam alguma deficiência, transtornos ou atrasos no desenvolvimento.

    Tratam-se corporalmente mediante uma intervenção clínica realizada por um

    profissional especializado.

    “O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação com o meio e de suas próprias realizações”. (Fonseca, 2004, p.19).

    Diante desta visão, a Psicomotricidade desempenha papel

    fundamental, pois o movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o

    conhecimento de mundo que a rodeia através de seu corpo, de suas

    percepções e sensações. Por esse motivo, a educação psicomotora tem sido

    enfatizada em várias instituições escolares, aplicada nos anos iniciais do

    Ensino Fundamental, fase em que as crianças estão descobrindo a si mesmo e

    o mundo em que vive.

    Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos reforçam cada vez

    mais a importância do capital do desenvolvimento psicomotor durante os

    primeiros anos de vida, entendendo que é nesse momento que as aquisições

    são extremamente significativas a nível físico. Essas que marcam conquistas

    igualmente importantes no universo emocional e intelectual.

  • 34

    Sendo assim, instituições de ensino buscam oportunizar as crianças

    condições de desenvolverem capacidades básicas, aumentar seu potencial

    motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como

    as intelectuais, como também sanar as Dificuldades de Aprendizagem

    apresentadas pelos alunos.

    Para que esses objetivos sejam alcançados, as escolas estão

    adotando metodologias que visem o desenvolvimento motor através de uma

    série de exercícios psicomotores, jogos e brincadeiras. Essas atividades além

    de desenvolverem as estruturas físicas, também auxiliam na maturação mental,

    afetiva e social. No entanto, Negrine faz algumas observações sobre a adoção

    das metodologias pelos professores:

    Seja qual for à experiência proposta e o método adotado, o educador deverá levar em consideração as funções psicomotoras (esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, etc.) que pretende reforçar nas crianças com as quais está trabalhando. Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou atividade proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada a outras, o professor deverá estar consciente do que exatamente está almejando e onde pretende chegar. (NEGRINE, 1995, p.:25).

    Contudo, em se tratando de educação psicomotora é importante

    ressaltar nesse aspecto, que o professor primeiramente precisa conhecer sobre

    o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, para posteriormente

    organizar o seu planejamento de aulas.

    O professor precisa ter muito claro qual o caminho a seguir, quais as

    necessidades de seus alunos naquela etapa do desenvolvimento em

    que se encontram e o que pretende alcançar com a realização de determinada

    atividade, ou melhor, se sua proposta de trabalho está realmente de acordo

  • 35

    com as necessidades daquele grupo. Acontece, muitas vezes, uma busca por

    receitas, como os procedimentos de um jogo, por exemplo. Porém, dessa

    forma, o professor acaba esquecendo-se da base fundamental, a

    instrumentalização teórica. De nada adianta conhecer a brincadeira ou o jogo

    psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados no processo de ensino-

    aprendizagem. Lapierre em relação às Dificuldades de Aprendizagem

    menciona:

    Nós deveríamos levar mais longe essa lógica; se a criança tem deficiências que a impedem de chegar ao cognitivo, é porque o ensino que recebeu não respeitou as etapas de seu desenvolvimento psicomotor. Sob o aspecto da prevenção, passaríamos da reeducação à educação psicomotora. Portanto, torna-se importante estudar as funções psicomotoras, bem como sua importância para o desenvolvimento infantil. (LAPIERRE, 2002, p. 25).

    É importante o educador conhecer as funções psicomotoras e qual a

    sua contribuição para o crescimento infantil, pois sem esse conhecimento, o

    professor, poderá pular etapas do desenvolvimento motor o que causará

    problemas futuramente as crianças.

    Seguindo esse viés sobre ação educativa como reeducativa, é

    interessante destacarmos a visão proposta por Le Boulch (1984), sobre a união

    do aspecto funcional ao afetivo. Segundo o médico e professor de Educação

    Física, tanto o aspecto funcional como o afetivo devem caminhar lado a lado

    para que o desenvolvimento infantil seja completo.

    Por meio do vínculo afetivo ou relacional podemos entender a

    relação da criança com o adulto, com o ambiente físico e com as outras

    crianças. A maneira como o educador penetra no universo da criança assume

    aqui um aspecto essencial. É muito importante que o professor demonstre

  • 36

    carinho e aceitação integral do aluno para que este passe a confiar mais em si

    mesmo e consiga expandir-se e equilibrar-se. O bom desenvolvimento da

    afetividade é expresso através da postura, das atividades e do comportamento.

    Um educador, a partir de um bom conhecimento do desenvolvimento

    do aluno, poderá estimulá-lo de maneira que as áreas motricidade, cognição,

    afetividade e linguagem estejam interligadas.

    O aluno irá se sentir bem na medida em que se desenvolver

    integralmente através de suas próprias experiências, da manipulação

    adequada e constante dos materiais que o cercam e também das

    oportunidades de descobrir-se. E isso será mais fácil de conseguir se estiverem

    satisfeitas suas necessidades afetivas, sem bloqueios e sem desequilíbrios

    tônico-emocionais. Nesse sentido, pode-se afirmar o cuidado especial que se

    deve tomar com as crianças sem seus primeiros anos de escolaridade.

    Muitas Dificuldades de Aprendizagem podem surgir com uma

    aprendizagem falha na escola. Está certo que algumas habilidades motoras

    começam a ser desenvolvidas na família, mas não se pode negar a importância

    dos primeiros anos de escolaridade.

    Por outro lado, também há alunos que já vão para a escola com

    problemas motores que prejudicam seu aprendizado. Existem alguns pré-

    requisitos, do ponto de vista psicomotor, para que uma criança tenha uma

    aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que, como condição

    mínima, ela possua um bom domínio do gesto e do instrumento. Isso significa

    que precisará usar as mãos para escrever e, portanto, deverá ter uma boa

    coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala

    de aula, como lápis, borracha, régua, se estiver ciente de suas mãos como

    parte de seu corpo e tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos.

  • 37

    É importante, também, que ela tenha uma boa coordenação global,

    saindo-se bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de

    aula e no recreio. Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos pátios das

    escolas, são, na verdade, uma preparação para uma aprendizagem posterior.

    Com eles, a criança pode adquirir noções de localização, lateralidade,

    dominância e, consequentemente, orientação espaço-temporal.

    Um fator importante para a educação escolar é o desenvolvimento

    do sentido de espaço e tempo. Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la

    a orientar-se no meio com desenvoltura. Do movimento que transcorre surgem

    às noções de tempo, duração de intervalos, sequência, ordenação e ritmo.

    Outro elemento importante, também como pré-requisito para uma boa

    aprendizagem, é a acuidade auditiva e visual, mas só é possível propiciar estes

    estímulos se eles estiverem integrados e bem orientados.

    O aluno, ao perceber que tem dificuldades em sua aprendizagem,

    muitas vezes começa a apresentar desinteresse, irresponsabilidade,

    agressividade, hiperatividade, baixo nível de atenção, dificuldade para seguir

    instruções, imaturidade social, dificuldade com a conversação, inflexibilidade,

    fraco planejamento e habilidades organizacionais, distração, falta de destreza,

    falta de controle dos impulsos, entre outros.

    A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo

    rendimento por vontade própria, cabendo ao professor identificar as

    Dificuldades de Aprendizagem do aluno buscando formas de auxiliá-lo.

    É através do olhar atento do professor, enquanto mediador do

    processo formal de ensino-aprendizagem, que se perceberá a evolução do

    processo de construção do conhecimento do aluno ou as Dificuldades de

    Aprendizagem geradas por ele, identificando os problemas que possam se

    apresentar, através de uma investigação minuciosa de como cada criança se

    apropria do conhecimento, procurando descobrir as potencialidades e

  • 38

    limitações, habilidades e fraquezas de cada criança sob todos os aspectos que

    envolvem este intrincado processo, que é o do aprendizado.

    A Psicomotricidade infantil, como estimulação aos movimentos da

    criança, tem como meta: motivar a capacidade sensitiva através das sensações

    e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas); cultivar a capacidade

    perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal;

    organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através

    de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários; fazer com

    que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da

    ação criativa e da expressão da emoção; ampliar e valorizar a identidade

    própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal; criar segurança e

    expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e

    exclusivo e uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos

    demais.

    Deste modo, com o trabalho adequado da Psicomotricidade em sala

    de aula e com o auxilio e dedicação do educador poderá amenizar as

    Dificuldades de Aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o

    fracasso escolar, contribuindo para uma educação de qualidade.

  • 39

    CONCLUSÃO

    Após análise das informações coletadas, cujo objetivo foi verificar as

    causas e implicações das Dificuldades de Aprendizagem, identificar as

    problemáticas que afetam os alunos portadores dessas dificuldades e avaliar a

    posição do psicomotricista, diante uma situação dessas, pude perceber que

    não existe um único “culpado” pelo surgimento da Dificuldade de

    Aprendizagem na criança.

    Atualmente, a sociedade do conhecimento e da informação exige

    cada vez mais rapidez na atividade intelectual, prescindindo da atividade

    motora, é claro que as consequências se apresentam no tempo. E na

    educação?

    A escola ainda mantém o caráter mecanicista instalado, ignorando a

    psicomotricidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os professores

    preocupados com a leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como resolver

    as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os. Na realidade,

    muitas dessas Dificuldades de Aprendizagem poderiam ser resolvidas na

    própria escola e até evitadas precocemente se houvesse um olhar atento e

    qualificado dos agentes educacionais para o desenvolvimento psicomotor.

    Entendemos hoje que a Psicomotricidade, oportunizando as crianças

    condições de desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial

    motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como

    as intelectuais ajudaria a sanar estas dificuldades. Enfim, estimular atividades

    corporais, para além da sala de aula, propiciando experiências que favorecerão

    a motricidade fina, auxiliariam os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem

    lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da escrita.

    A atitude da escola frente à espontaneidade do movimento de cada

    criança poderá senão determinar, pelo menos influenciar fortemente o rumo do

  • 40

    processo de aprendizagem da criança. A escola que trabalha com especial

    atenção para o desenvolvimento psicomotor da criança tende a contribuir no

    bom aprendizado.

    A educação psicomotora ajuda a adquirir o estágio de perfeição

    motora até o final da infância, nos seus aspectos neurológicos de maturação,

    nos planos rítmicos e espacial, no plano da palavra e no plano corporal.

    Portanto, para a Psicomotricidade interessa o indivíduo como um

    todo, procurando auxiliar se um problema está no corpo, na área da inteligência

    ou na afetividade, então definir quais atividades devem ser desenvolvidas para

    superar tal problema. O ideal seria que todos os educadores tivessem como

    alicerce para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam com que as

    crianças tivessem liberdade de realizar experiência com o corpo, sendo

    indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais.

    A autencidade e a cumplicidade das relações no campo educacional,

    que podem ocorrer espontaneamente, favorecem enormemente o

    desenvolvimento das habilidades psicomotoras de forma altamente

    significativa, facilitando assim, a aprendizagem e o desenvolvimento global das

    crianças.

    No decorrer da pesquisa observei que o bom desenvolvimento motor

    contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas

    consequentemente afetivo e cognitivo da criança.

    Também notei que o desenvolvimento motor pode ser alterado por

    condições biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança se

    desenvolva como seus companheiros da mesma idade.

    Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas aprofundadas, os

    cientistas compreenderam essas alterações, e puderam elaborar soluções

  • 41

    clínicas e preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos

    indivíduos.

    A partir dessa descoberta, elaborou-se o conceito da educação

    psicomotora, no qual foi atribuído o principal objetivo, que é ajudar a criança

    chegar a uma imagem do corpo operatório, permitindo que ela se desenvolva

    da melhor maneira possível, tirando o melhor partido de todos os seus

    recursos, preparando -a para a nova etapa do desenvolvimento motor, afetivo e

    cognitivo.

    Como argumenta Le Bouch (1984), a educação psicomotora

    atingirá seus objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é

    nessa fase que a criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades,

    constrói sua personalidade, definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças,

    enfim, torna-se um ser consciente.

    Entretanto, a educação psicomotora assumirá suas supostas

    funções: (estimuladora, [re] educadora e terapêutica), quando o docente,

    primeiramente, conhecer o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras,

    e posteriormente seus alunos, principalmente as dificuldades apresentadas por

    eles, para que assim possam organizar o seu planejamento de aulas e garantir

    uma aprendizagem de qualidade.

    Pude, ainda, com essa pesquisa aprender mais sobre os mistérios

    dos movimentos do corpo que estão interligados com as demais áreas do

    conhecimento, como a linguagem oral, a escrita, as artes visuais, o raciocínio

    lógico-matemático entre outros, o que me tornou ainda mais habilitada para

    executar meu trabalho junto às crianças, das quais sou responsável.

    Constatei que, por mais que se fale de objetivos para serem

    alcançados em relação à psicomotricidade, cada pessoa tem a sua hora, a sua

    maturidade física e pedagógica e ela deve ser respeitada.

  • 42

    BIBLIOGRAFIA

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    CRUZ, V. Problemas de Aprendizagem e Aspectos da Definição das DA,

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    Alegre: Artmed, 2004.

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    www.aap.org

    www.ebah.com.br

    www.institutoatual.com.br

    www.psicomotricidade.com.br

    http://www.institutoatual.com.br/

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    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO 2

    AGRADECIMENTO 3

    DEDICATÓRIA 4

    RESUMO 5

    METODOLOGIA 6

    SUMÁRIO 7

    INTRODUÇÃO 8

    CAPÍTULO I

    O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11

    CAPÍTULO II

    AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17

    CAPÍTULO III

    O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27

    CONCLUSÃO 39

    BIBLIOGRAFIA 42

    ÍNDICE 44

    AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO I- O QUE É PSICOMOTRICIDADE 11CAPÍTULO II - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 17CAPÍTULO III – O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 27

    CONCLUSÃO 39BIBLIOGRAFIA 42ÍNDICE 44FOLHA DE ROSTO 2AGRADECIMENTO 3