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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO E ALGUNS DE SEUS REFLEXOS NA PROPRIEDADE E NOS CONTRATOS Aluna: Ana Cristina Pinheiro de Oliveira Orientador Prof. Jean Alves Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO E ALGUNS

DE SEUS REFLEXOS NA PROPRIEDADE E NOS CONTRATOS

Aluna: Ana Cristina Pinheiro de Oliveira

Orientador

Prof. Jean Alves

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO E ALGUNS

DE SEUS REFLEXOS NA PROPRIEDADE E NOS CONTRATOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Privado.

Por: Ana Cristina Pinheiro de Oliveira

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais, Irmãos, Parentes e

Amigos que me apoiaram nesta

empreitada. Em especial as

professoras Gisele Leite e Andréa

Veríssimo pela ajuda na elaboração.

Agradeço principalmente a Deus por

me acompanhar em cada dia da minha

vida e me ajudar a concluir mais essa

etapa.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, pelo

apoio de sempre, incondicional.

5

“A alegria está na luta, na tentativa, no

sofrimento envolvido e não na vitória

propriamente dita.”

Mahatma Gandhi

6

RESUMO

O presente trabalho tem por escopo fazer uma breve análise da

chamada constitucionalização do Direito Privado, desde a sua origem até seus

aspectos atuais, para sua melhor compreensão e utilização.

Com o passar dos anos, tendo em vista as diversas mudanças na ótica

e elaboração das normas, verificou-se que o direito não deveria ficar “preso”

somente as normas positivadas. Através dos diversos Princípios criados, foi

possível realizar o enlace, a intervenção do Direito Público no campo Privado.

7

METODOLOGIA

Para a realização do presente estudo foram utilizadas pesquisas

bibliográficas, jurisprudências, legislações, artigos e sites da Internet sobre o

tema. Fora utilizado o método teórico lógico-dedutivo, a partir da opinião de

diversos autores, procurando maior conhecimento sobre o assunto, mas, com

o intuito de apenas descrever sobre o tema sem a pretensão de analisá-lo

criticamente.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................09

CAPÍTULO I - PREMISSAS HISTÓRICAS, TEORIAS DA

CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO ......... ...........................10

1.1 – Jusnaturalismo ........................................................................................11 1.2 – Positivismo ..............................................................................................11 1.3 – Teoria Crítica ...........................................................................................13 1.4 – Pós-positivismo .......................................................................................14 1.5 – Estado Democrático de Direito ...............................................................15 CAPÍTULO II - PRINCÍPIOS INFLUENCIADORES NA ASSOCIAÇÃO

PÚBLICO-PRIVADO ........................................................................................18

2.1 – Dignidade da Pessoa Humana ...............................................................18 2.2 – Função Social do contrato e da Propriedade ..........................................21 CAPÍTULO III – ALGUNS DOS REFLEXOS NA PROPRIEDADE E NOS

CONTRATOS ...................................................................................................25

3.1 – Propriedade – Intervenção Estatal...........................................................27 3.2 – Dirigismo Contratual – Intervenção do Estado nos contratos .................32 CONCLUSÃO ..................................................................................................39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ......................................................................40

9

INTRODUÇÃO

A Revolução Francesa, que teria como seus maiores objetivos a

humanização dos direitos, em especial o direito à propriedade; O liberalismo

tinha como escopo que o indivíduo deveria ter seus interesses plenamente

realizados, o que antes era possível somente a classes privilegiadas.

A propriedade e os contratos embasavam tal sistema que acreditava

no fato de que se a propriedade e a liberdade em contratar estivessem

protegidas, assegurariam a pessoa plenamente.

Após a 2ª Guerra, com o declínio do Positivismo, em virtude da

insuficiência dos Códigos, ocorreu a chamada descodificação ou criação de

microssistemas, através de leis especiais, para regulação de determinadas

matérias.

Nesse diapasão, a Constituição passou a ser o centro regulador de

todo o sistema jurídico, o que levou a descentralização do Código Civil.

Com o surgimento do Estado Democrático de Direito, que projetou os

Direitos Fundamentais em especial o da Dignidade da Pessoa Humana,

podemos verificar o fenômeno chamado Constitucionalização do Direito

Privado, ao qual será feita uma sucinta análise nos capítulos do presente

trabalho.

10

CAPÍTULO I

PREMISSAS HISTÓRICAS, TEORIAS DA

CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO

A Constitucionalização do Direito é um fenômeno que pode ser

verificado em vários ordenamentos jurídicos no mundo inteiro.

A evolução do ordenamento jurídico que perpassou do Jusnaturalismo

ao Positivismo Jurídico, e posteriormente, através da Teoria Crítica,

desembarcou na atual cena pós-positivista.

A efetividade Constitucional, seus princípios e hermenêutica

Constitucional, trazem esta novidade, típica do Estado Democrático de Direito,

que tem como foco principal a Dignidade da Pessoa Humana.

Tradicionalmente, nos países baseados no sistema jurídico Romano-

Germânico, o ordenamento jurídico do Estado Soberano, era contemplado

através de um texto Constitucional escrito.

Entretanto, tais diretrizes Constitucionais eram apenas

direcionamentos para a atuação do Poder Público, no caso o Executivo e o

Legislativo, tendo em vista que o Judiciário tinha atuação menor no Estado.

“Uma das grandes mudanças de paradigma ocorridas ao

longo do século XX foi a atribuição à Norma

Constitucional do status de Norma Jurídica. Superou-se

assim o modelo que vigorou na Europa até meados do

século passado, no qual a Constituição era vista como um

documento essencialmente político, um convite à atuação

dos Poderes Públicos. A concretização de suas propostas

ficava invariavelmente condicionada à liberdade de

conformação do legislador ou à discricionariedade do

11

administrador. Ao Judiciário não se reconhecia qualquer

papel relevante na realização do conteúdo da

Constituição.”1

Nas palavras de Luis Roberto Barroso, podemos confirmar o que fora

analisado no parágrafo anterior, pois o Judiciário praticamente não tinha

relevância, quando da aplicação da Constituição.

1.1 - Jusnaturalismo

A base desta corrente filosófica se consiste na ideia de que os valores

e pretensões humanas, não advém de uma norma elaborada pelo Estado, e

sim, por uma ética superior que limitaria a própria norma do Estado.

De acordo com o ensinamento do ilustre Ministro Luis Roberto Barroso,

“A despeito das múltiplas variantes, o Direito Natural

apresenta-se fundamentalmente em duas versões: a) a

de uma lei estabelecida pela vontade de Deus; b) a de

uma lei ditada pela razão."2

Todavia, com as mudanças ocorridas na humanidade, o

Jusnaturalismo não mais revolucionava e sim, mantinha o conservadorismo e

diante da concepção de metafísico e anticientífico, o Positivismo colocou-o

para escanteio.

1.2 – Positivismo

1 BARROSO, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de suas normas. 9° ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009, p.298. 2 BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.13

12

Esta corrente nasceu da idealização do conhecimento científico, tendo

em vista que tudo tornara-se ciência. De acordo com o Ministro Barroso, suas

teses fundamentais poderiam ser assim elencadas:

“(i) a ciência é o único conhecimento verdadeiro,

depurado de indagações teológicas ou metafísicas, que

especulam acerca de causas e princípios abstratos,

insuscetíveis de demonstração;

(ii) o conhecimento científico é objetivo. Funda-se na

distinção entre sujeito e objeto e no método descritivo.

Para que seja preservado de opiniões, preferências ou

preconceitos;

(iii) o método científico empregado nas ciências naturais,

baseado na observação e na experimentação, deve ser

estendido a todos os campos de conhecimento, inclusive

às ciências sociais.”3

Suas características essências, segundo o ilustre Ministro seriam:

“(i)a aproximação quase plena entre Direito e norma; (ii) a

afirmação da estatalidade do Direito: a ordem jurídica é

uma e emana do Estado; (iii) a completude do

ordenamento jurídico, que contém conceitos e

instrumentos suficientes e adequados para solução de

qualquer caso, inexistindo lacunas; (iv) o formalismo: a

validade da norma decorre do procedimento seguido para

a sua criação, independendo do conteúdo. Também aqui

3 BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.16

13

se insere o dogma da subsunção, herdado do formalismo

alemão.”4

Ao longo do tempo, tal corrente foi submetida a ferrenhas críticas, de

diversas origens, e isto ocorreu em virtude do Direito posicionar-se somente

através da descrição da realidade. O Direito deveria valer-se e atuar nas

situações concretas:

“O Direito tem a pretensão de atuar sobre a realidade,

conformando-a e transformando-a. Ele não é um dado,

mas uma criação. A relação entre o sujeito do

conhecimento e seu objeto de estudo – isto é, entre o

intérprete, a norma e a realidade – é tensa e intensa. O

ideal positivista de objetividade e neutralidade é

insuscetível de realizar-se.”5

Sua decadência é visivelmente associada ao declínio do fascismo e do

nazismo, tendo em vista que tais movimentos alcançaram o domínio e

basearam seus episódios de terror e massacre na legalidade estrita.

1.3 – Teoria Crítica

Tal teoria é enraizada em movimentos e ideias que debatem grande

parte das premissas do mundo jurídico, quais sejam, a cientificidade,

objetividade, neutralidade, estatalidade, completude. Nesta visão, o Direito

ficaria comprometido, posto que não poderia ser visto de forma científica,

tendo-se em vista que a ligação entre sujeito e objeto, não seria imparcial.

4BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.17 5 BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.18

14

“Uma das teses fundamentais do pensamento crítico é a

admissão de que o Direito possa não estar integralmente

contido na lei, tendo condição de existir

independentemente da bênção estatal, da positivação, do

reconhecimento expresso pela estrutura do poder. O

intérprete deve buscar a justiça, ainda quando não a

encontre na lei. A teoria crítica resiste, também, à ideia de

completude, de autossuficiência e de pureza,

condenando a cisão do discurso jurídico, que dele afasta

os outros conhecimentos teóricos.”6

Esta corrente trouxe grandes influências para que a geração se torna-

se menos dogmática e mais flexível, contudo, trouxe também entraves como a

não exploração da potencialidade de aplicação da norma com base social e

manutenção do pensamento conservador/tradicional.

1.4 – Pós-positivismo

Com a evolução ocorrida entre o meado e o final do século XX, o

Positivismo já não mais comportava o Direito. A impossibilidade da junção

entre as leis e o Direito não condiziam com o progresso civilizatório da

humanidade.

O Constitucionalismo de vanguarda conseguiu o retorno da união entre

Ética e Direito, através dos Princípios que começaram a ser tratados como leis,

normas, que tem a função de agregar valores, unificar o sistema e estabelecer,

determinar a função do intérprete. Diante disto, hodiernamente, existe o

6 BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.10

15

entendimento de que as normas dividem-se em duas categorias que são as

Regras e os Princípios.

“O pós-positivismo é uma superação do legalismo, não

com o recurso a ideias metafísicas ou abstratas, mas pelo

reconhecimento de valores compartilhados por toda a

comunidade. Estes valores integram o sistema jurídico,

mesmo que não positivados em um texto específico. Os

Princípios expressam os valores fundamentais do

sistema, dando-lhe unidade e condicionando a atividade

do intérprete.” 7

1.5 – Estado Democrático de Direito

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em

Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado

Democrático, destinado a assegurar o exercício dos

direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o

bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça

como valores supremos de uma sociedade fraterna,

pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social

e comprometida, na ordem interna e internacional, com a

solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a

proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”8

O Estado Democrático de Direito é considerado o Estado

comprometido com a realização máxima dos Direitos da Pessoa, pois deixa de

7 BARROSO, Luis Roberto. Fundamentos Teóricos e Filosóficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro (Pós-Modernidade, Teoria Crítica e Pós-Positivismo) Revista Diálogo Jurídico, Salvador – Ano I – Vol. 1 – n° 6 – setembro de 2001. p.28

16

lado a esfera do Estado Liberal, que tinha como escopo a proteção da

propriedade e tem como enfoque o Estado Social, ocorrendo então a

transformação do Estado do Autoritarismo/Absolutismo para o Liberalismo, e

do Liberalismo para o Estado Social.

A Dignidade da Pessoa Humana torna-se o centro, o Princípio matricial

desta transformação, deste novo Estado.

Tendo em vista o reconhecimento da utilização direta dos Direitos

Fundamentais nas relações privadas, ou seja, a união entre Direito Público e

Direito Privado, que fica mais aparente através da chamada descodificação do

Direito Civil, que pode ser melhor visualizada através da Teoria dos

microssistemas, as leis devem ter como pilar, como orientadora, a Constituição

Federal. Vejamos o que bem leciona o professor Pedro Lenza:

“Essa situação, qual seja, a superação da rígida

dicotomia entre o público e o privado, fica mais evidente

diante da tendência de descodificação do direito civil,

evoluindo da concentração das relações privadas na

codificação civil para o surgimento de vários

microssistemas, como o Código de Defesa do

Consumidor, a Lei de Locações, a Lei de Direito Autoral,

o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do

Idoso, a Lei de Alimentos, a Lei da Separação e do

Divórcio etc.

Todos esses microssistemas encontram seu fundamento

na Constituição Federal, norma de validade de todo o

sistema, passando o direito civil por um processo de

despatrimonialização.

Portanto, apesar da “suposta” utilidade didática, parece

adequado não mais falarmos em ramos do direito, e sim

em um verdadeiro escalonamento verticalizado e

8 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014.

17

hierárquico das normas, apresentando-se a Constituição

como norma de validade de todo o sistema, situação essa

decorrente do princípio de unidade do ordenamento e da

supremacia da Constituição (força normativa da

Constituição – Konrad Hesse).

Fala-se, então, em uma necessária e inevitável releitura

dos institutos, notadamente os de direito civil (e privado),

sob a ótica constitucional (...).”9

Veremos no próximo capítulo alguns dos Princípios que baseiam a

Constituição e servem de parâmetro para os outros diplomas legais.

9 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: saraiva, 2011.p. 53

18

CAPÍTULO II

PRINCÍPIOS INFLUENCIADORES NA INTERVENÇÃO

PÚBLICO-PRIVADO

No capítulo que se inicia, sem a pretensão de esgotar o assunto, pois,

de acordo com a evolução da sociedade, novos princípios tendem a surgir,

vamos elencar alguns que atualmente são mais evidenciados no processo de

Constitucionalização do Direito Privado.

2.1 – Dignidade da Pessoa Humana

“Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela

união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito

Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e

tem como fundamentos:

(...)

III – a dignidade da pessoa humana;

(...)”10

Conforme elencado no primeiro artigo da Constituição da República

Federativa do Brasil, a dignidade da pessoa humana, trata-se de princípio

fundamental primordial.

Entretanto, verifica-se a dificuldade para definição deste princípio de

tamanha significância, tendo em vista sua complexidade e por ser ponto crucial

para a Hermenêutica Constitucional.

10 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014.

19

O homem e a sua realização de valores são a razão de existir do

Direito. Para ele e por ele, o Direito existe e o ampara. No momento que o ser

humano nasce com vida, já é possuidor de direitos e dignidade.

Apesar das diversidades entre as culturas, as sociedades, a dignidade

deve ser aplicada, entendida universalmente, para todos os seres humanos,

todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, raças, capacidade

física ou cognitiva.

A dignidade deverá ser respeitada e aceita, mesmo que o indivíduo

não possua plena consciência, devendo sua gama de direitos possuir a mesma

proporção, pois uma das premissas fundamentais da dignidade é a igualdade

entre os seres humanos. A solidariedade, é considerada elemento vital na

sociedade, posto que através dela, defende-se interesse de outrem, que na

verdade são também interesses do próprio ser.

“O princípio da igual consideração de interesses consiste

em atribuir aos interesses alheios peso igual ao que

atribuímos ao nosso. Não por generosidade – que

consiste em doar, em atender ao interesse alheio, sem o

sentimento de que com isso, se esteja a atender algum

interesse próprio -, mas por solidariedade, que é uma

necessidade imposta pela própria vida em sociedade. O

solidário é aquele que defende os interesses alheios

porque, direta ou indiretamente, eles são interesses

próprios.

(...)

O respeito à dignidade humana, por esse prisma, não

constitui ato de generosidade, mas dever de

solidariedade. Dever que a todos é imposto pela ética,

antes que pelo direito ou pela religião.”11

11 ANDRADE, André Gustavo Corrêa, REVISTA DA EMERJ – ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO, Vol. 6 – N° 23 – 2003. p. 318.

20

A liberdade é outra grande base, premissa da dignidade. Através dela,

o ser humano pode utilizar seus direitos inatos. Obviamente que existem

limites para o exercício desta liberdade, principalmente no que tange a

intervenção nos direitos dos outros indivíduos.

“Dessa contraposição entre meio e fim, Kant extraiu o

princípio fundamental de sua ética: “age de tal maneira

que tu possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa

como na pessoa de qualquer outro, sempre e

simultaneamente, como fim e nunca simplesmente como

meio.” Tratar o outro como fim significa reconhecer a sua

inerente humanidade, pois “o homem não é uma coisa;

não é, portanto, um objeto passível de ser utilizado como

simples meio, mas, pelo contrário, deve ser considerado

sempre e em todas as suas ações como fim em si

mesmo.”12

Seja pelo entendimento de que a dignidade não pode ser auferida, ou

pelo fato de que deverá ser aplicada independentemente do caráter da pessoa

humana, fato é que caso esse fundamento seja ferido, figurará com o

desrespeito ao próprio transgressor.

“No nível mais essencial do nosso ser, fora do tempo e do

espaço – ou seja, no mundo numenal -, não há

diferenciação. Por essa razão, aquele que fere outrem é

como se estivesse ferindo a si próprio.

Seja fundada na racionalidade, como pretendido por

Kant, seja encontrada na metafísica, como sustentado

por Schopenhauer, a ética impõe respeito mútuo e a

consideração recíproca entre todos os homens, porque

dotados todos de igual dignidade.

A complexidade inerente ao conceito de dignidade torna

dificultosa a determinação do seu conteúdo. O que venha

a compor o conceito de dignidade é algo que não pode

12 Idem, Ibdem, p.319.

21

ser definido abstratamente, mas apenas em concreto, à

luz de um determinado ordenamento jurídico e dos

influxos históricos e culturais de cada sociedade. “13

Nota-se que a dignidade é inerente a existência humana; o que deve

ser postulado, reivindicado são o seu respeito e a sua proteção, posto que é

obrigação do Estado fornecer o mínimo existencial para o indivíduo.

O jurista Ingo Wolfgang Sarlet, tem o seguinte entendimento sobre o

significado do Princípio em tela:

“(...) a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser

humano que o faz merecedor do mesmo respeito e

consideração por parte do Estado e da comunidade,

implicando, neste sentido, um complexo de direitos e

deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto

contra todo e qualquer ato de cunho degradante e

desumano, como venham a lhe garantir as condições

existenciais mínimas para uma vida saudável, além de

proporcionar e promover sua participação ativa e co-

responsável nos destinos da própria existência da vida

em comunhão com os demais seres humanos.”14

Diante de todo o exposto, pode-se verificar a importância do referido

Princípio, que se não for o mais importante, figura no rol dos principais.

2.2 – Função Social do Contrato e da Propriedade

Na visão de Miguel Reale, com relação ao Novo Código Civil, um dos

seus pontos altos encontra-se no artigo 421 do referido diploma legal, que

13 ANDRADE, André Gustavo Corrêa, REVISTA DA EMERJ – ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO, Vol. 6 – N° 23 – 2003. p. 318. 14 SARLET, Ingo Wolfgand. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p.60.

22

informa que “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da

função social do contrato.”15

Uma das causas determinantes de tal dispositivo advém da

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seus incisos XXII

e XXIII do artigo 5°, que em seu texto destaca: “XXII – é garantido o direito de

propriedade, e XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;”.16

De acordo com o jurista, “a realização da função social da propriedade

somente se dará se igual princípio for estendido aos contratos, cuja conclusão

e exercício não interessam somente às partes contratante, mas a toda

coletividade.”17

Alguns intérpretes ficaram temerosos de que tal colocação dos pactos

em um plano transindividual acarretasse em uma diminuição de garantia para

os contratos que são firmados na convicção de que tanto os direitos quanto os

deveres neles pactuados fossem respeitados por ambas as partes. Tal medo

não é cabível, pois o Código Civil não diverge do princípio de que o acordado

deverá ser cumprido. O “pacta sunt servanda”18 se mantém como o primeiro

alicerce das obrigações contratuais.

Pode-se ressaltar que o Novo Código Civil reforçou ainda mais essa

obrigação conforme exposto no artigo 422 do referido diploma legal: “Os

contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como

em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”19

Na vigência do Código Civil de 1916, tal garantia de adimplemento era

somente de ordem jurídica, já na época atual, não se prescinde do que

eticamente se exige dos que se vinculam por causa de um acordo de

vontades.

15 BRASIL. Presidência da República. Lei n° 10.406/2002. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 25 jun.2014 16 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014. 17REALE, Miguel. Função Social do Contrato. Disponível em: www.miguelreale.com.br/artigos/funsoccont.htm. Acesso em 25 jun.2014 18 Idem, Ibidem, p.1. 19BRASIL.Presidência da República. Lei n° 10.406/2002. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 25 jun.2014

23

A imposição que a função social do contrato determina, é que o

contrato não pode ser modificado em um objeto para atividades abusivas,

causando danos, pois nos termos do artigo 187: “Também comete ato ilícito o

titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites

impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons

costumes.”20

O contrato por si só exerce uma função social intrínseca ao poder

negocial, que juntamente com as leis, jurisprudências, costumes, são fontes do

direito. Pode-se corresponder a ação de contratar ao valor da livre iniciativa,

um dos alicerces do Estado Democrático de Direito.

Destarte, é natural que se atribua ao contrato uma função social, para

que este seja finalizado em benefício dos contratantes, sem desavenças com o

Poder Público.

É possível encontrar uma das formas de constitucionalização do Direito

Privado no artigo 173 da Constituição da República Federativa do Brasil em

seu parágrafo 4°, que recusa o negócio jurídico que acarrete em abuso de

poder econômico visando à dominação dos mercados, à abolição da

concorrência e ao lucro exorbitante e arbitrário; este é um caso máximo de

contenção do poder negocial, porém, não exclui outras possibilidades de

exercício abusivo, visto que, existem inúmeras formas de inaceitáveis

privilégios para os que contratam. Vejamos:

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta

Constituição, a exploração direta de atividade econômica

pelo Estado só será permitida quando necessária aos

imperativos da segurança nacional ou a relevante

interesse coletivo, conforme definidos em lei...§4° - A lei

reprimirá o abuso do poder econômico que vise à

20BRASIL.Presidência da República. Lei n° 10.406/2002. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 25 jun.2014

24

dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e

ao aumento arbitrário dos lucros.”21

Nestas situações, o juiz poderá ir além da análise dos supostos direitos

dos contratantes, para que possa constatar se algum valor social que deva ser

garantido está correndo algum risco.

A função social do contrato não impede que estes sejam livremente

concluídos, o que se impõe é que o acordo de vontades não se sobreponha

acarretando em detrimento da coletividade.

De acordo com o Autor, “o princípio de socialidade atua sobre o direito

de contratar em complementaridade com o de eticidade, cuja matriz é a boa-fé,

a qual permeia todo o novo Código Civil. O ilustre jurista Ministro Almir

Pazzianotto Pinto teve o cuidado de verificar que ele alude à boa-fé em nada

menos de 53 artigos, recriminando a má-fé em 43.”22

Caso ocorresse o esquecimento do valor social do contrato, a boa-fé

não seria lembrada no início e durante a realização dos contratos, não

possibilitando ao magistrado a devida apreciação e consequente indagação a

respeito de fraudes contra as regras constitucionais e civilistas.

Para Miguel Reale, o legislador optou, durante a elaboração do novo

Código Civil em adotar “uma posição intermédia, combinando o individual com

o social de maneira complementar, segundo regras ou cláusulas abertas

propícias a soluções equitativas e concretas.”23 Dentre as opções em dar maior

valoração aos interesses da população, o que seria uma inovação ou aos

interesses individuais, como acontecia no diploma de 1916, tal posicionamento

intermediário garante a validade e eficácia da liberdade de acordar, que a

sociedade atual exige.

No capítulo seguinte serão explanados alguns tipos de intervenção

estatal, na qual são utilizados tais princípios.

21 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014. 22 REALE, Miguel.op.cit,p.3. 23 Idem, Ibidem, p.3.

25

CAPÍTULO III

ALGUNS DOS REFLEXOS NA PROPRIEDADE E NOS

CONTRATOS

O relacionamento entre o Direito Civil e o Constitucional caminharam

por vezes em etapas diversas.

Conforme explicitado por Barroso,

“Em suma: a Constituição figura hoje no centro do

sistema jurídico, de onde irradia sua força normativa,

dotada de supremacia formal e material. Funciona, assim,

não apenas como parâmetro de validade para a ordem

infraconstitucional, mas também como vetor de

interpretação de todas as normas do sistema.”24

Diante do entendimento que a Constituição passa a ser a base central

do ordenamento jurídico para a análise de outras leis, tendo como premissa

básica seus princípios, pode-se verificar que a proteção da propriedade fica em

segundo plano, com relação a proteção da pessoa.

“Mesmo a consagração da dignidade da pessoa humana

como fundamento da República no art. 1°, III, da CF,

dispositivo inicialmente observado com ceticismo, hoje é

reconhecidamente uma conquista determinante e

transformação subversiva de toda a ordem jurídica

privada. De fato, a escolha do constituinte ao elevá-la ao

24 BARROSO, Luis Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito (O triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil). Disponível em: www.luisrobertobarroso.com.br p.28

26

topo do ordenamento alterou radicalmente a estrutura

tradicional do direito civil na medida em que determinou o

predomínio necessário das situações jurídicas

existenciais sobre as relações patrimoniais.”25

Conforme verificado no capítulo anterior, os princípios elencados entre

outros, compõe verdadeiro instrumento de manutenção do Direito Privado, que

com o passar dos anos, são analisados tendo como prisma a Constituição

Federal.

Com relação a despatrimonialização do Direito Civil, segue notória

análise da professora Heloisa Helena Gomes Barboza:

“De início, necessário é que se enfatize o ponto central

dessa nova ordem jurídica, especialmente no que

respeita às relações privadas: substitui-se a ótica liberal,

individualista, patrimonialista do século passado, por uma

visão que se pode denominar humanista. O homem

continua como centro de estruturação do sistema jurídico,

porém, não mais como produtor e motor da circulação de

riquezas, e sim como ser humano, que deve ser

respeitado e assegurado em todas as suas

potencialidades como tal. O patrimônio deixa de ser o

eixo da estrutura social, para se tornar instrumento da

realização das pessoas humanas. Em outras palavras, o

homem não mais deve ser ator no cenário econômico,

mas regente das atividades econômicas. Insista-se: o

homem deve se servir do patrimônio e não ao

patrimônio.”26

25 MORAES, Maria Celina. Constituição e Direito Civil: Tendências: IN Revistas dos Tribunais, n° 779, 2000.p.47.

27

3.1 – Propriedade – Intervenção Estatal

A Constituição Federal de 1988, inovou no que diz respeito a figuras de

suma importância no Estado Moderno: A Propriedade e

arrumação/urbanização das cidades.

No que tange a propriedade, esta deve ser analisada sob os seguintes

prismas: o primeiro como sendo Direito Fundamental inerente a pessoa

humana e o segundo sobre o exercício deste Direito de Propriedade.

Ao primeiro sinal, parece que o tema é tratado de forma repetitiva na

Carta Magna, pois, já teria sido garantido o direito à propriedade: “Art. 5° -

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, (...); XXII – é garantido o direito de propriedade;”27, contudo, caso

não tivesse sido realizada tal separação, não seria possível nenhum tipo de

intervenção, posto que, a propriedade teria se tornado inacessível. De acordo

com o ensinamento do professor José dos Santos Carvalho Filho:

“Se essa norma restasse isolada, teríamos que

admitir a propriedade total e intangível, o que não se

compatibilizaria com o atual conceito do instituto.

Por esse motivo, prenunciou o Constituinte, no

inciso XXIII: “a propriedade atenderá sua função

social”. Nas entrelinhas do dispositivo, é forçoso

reconhecer a veiculação de certa ameaça aos

proprietários, como se estes devessem ser

advertidos de que, sem o atendimento à função

social, não se lhes poderia garantir o direito de

27 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014.

28

propriedade. Quer dizer: a garantia do direito de

propriedade (inciso XXII) só tem aplicabilidade

concreta se conjugada com o fim social da

propriedade (inciso XXIII). Esta, pois, é a outra

perspectiva do instituto.”28

Hodiernamente, a propriedade não pode ser considerada absoluta, e

sim deve sempre ter escopo voltado para sua função social. De acordo com

Manoel Gonçalves Ferreira Filho,

“Reconhecendo a função social da propriedade, a

Constituição não nega o direito exclusivo do dono sobre a

coisa, mas exige que o uso deste seja condicionado ao

bem-estar geral. Não ficou, portanto, o constituinte longe

da concepção tomista, segundo a qual o proprietário é um

procurador da comunidade para a gestão de bens

destinados a servir a todos, embora pertença a um só.”29

O Estado deverá intervir na propriedade, desde que esta tenha

desviado da sua função social, com o intuito de ajustá-la e caso não exista

esse objetivo, tal intervenção será ilegal.

“Desse modo, pode considerar-se a existência de duas

modalidades básicas de intervenção: a intervenção

restritiva – limitada ao uso da propriedade pelo Estado – e

a intervenção supressiva – extintiva do direito do

proprietário.

É exatamente nesse contexto que a Constituição, depois

de exigir o atendimento da propriedade à sua função

social, faz a previsão das referidas modalidades de

intervenção, tudo numa ordem lógica, partindo da

28 CARVALHO FILHO, José dos Santos. REVISTA DA EMERJ – ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO, Vol. 6 – N° 23 – 2003.p.170. 29 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. Saraiva, v.1, 1990, p.46.

29

desapropriação (art. 5°, XXIV) e alcançando o instituto da

requisição (art. 5°, XXVI).”30

O instituto da desapropriação seria o oposto do princípio da

propriedade, tendo em vista que transfere de forma imposta a propriedade

privada do indivíduo para o Estado.

Nesse caso, o interesse público, interesse da coletividade irá se

sobrepor sobre o individual, obviamente, quando há colisão entre ambos. É

nítido o vínculo existente entre o proprietário e o Estado, a Constituição

Federal de 1988 dita o processo de publicização da propriedade ao passo que

coloca os holofotes na proteção da propriedade como Direito Fundamental e

ao mesmo tempo o condiciona a Função Social, daí, podemos verificar a

junção dos Direitos Públicos e Privado.

Nas palavras do renomado jurista Caio Mario da Silva Pereira,

“Não existe um conceito inflexível do direito de

propriedade. Muito erra o profissional que põe os olhos no

direito positivo e supõe que os lineamentos legais do

instituto constituem a cristalização dos princípios em

termos permanentes, ou em que o estágio atual da

propriedade é a derradeira e definitiva fase de seu

desenvolvimento. Ao revés, envolve sempre, modifica-se

ao sabor das injunções econômicas, políticas, sociais e

religiosas.”31

No que diz respeito a organização do espaço urbano, a Constituição

Federal, em seu artigo 182, autoriza o município a elaborar o plano diretor,

visando a função social e o consequente bem-estar dos habitantes: “A política

de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,

conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno

30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. REVISTA DA EMERJ – ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO, Vol. 6 – N° 23 – 2003.p.171. 31 PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, v.IV, 1970.pg, 70.

30

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus

habitantes.” 32

Nesta situação, é visível a relação jurídica entre o Estado e o

particular, e não a relação entre particulares, e havendo conflito, deverá

preponderar o interesse Público. Destarte, é notório que a propriedade não

repousa apenas no Direito Privado. Além de regramentos específicos, o Poder

Público tem legitimidade tanto para retirar, quanto para diminuir o Direito de

Propriedade.

“O referido mandamento tece uma linha conceitual sobre

a função social a que deve preordenar-se a propriedade.

(...) Nota-se desde logo, que tal dispositivo guarda total

consonância com o art. 5°, XXIII, da CF.: enquanto este

condiciona a propriedade ao atendimento da função

social, aquele outro, completando-o, informa o que

significa atender à função social. Em outras palavras,

teremos, na interpretação dos citados dispositivos, que a

propriedade urbana só será assegurada, nos termos do

art. 5°, XXIII, da C.F., se estiver em consonância com o

plano diretor (art. 182, § 2°, C.F.). Como o plano diretor é

da incumbência do Município, não será difícil inferir a

extensão do poder jurídico conferida a esse ente

federativo para, de algum modo, atingir o direito de

propriedade.”33

Tal poder estatal pode ser realizado, em tratando-se de utilização da

propriedade para destino que não atenda a obrigação prevista no plano diretor,

através do IPTU progressivo no tempo, através do parcelamento e edificação

compulsórios, entre outras possibilidades e, caso essas medidas não

acarretem no cumprimento da regularização pelo proprietário, a punição, que é

a maior de todas, ocorrerá através da desapropriação.

32 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014. 33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. REVISTA DA EMERJ – ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO, Vol. 6 – N° 23 – 2003.p.176.

31

“Art. 1° Na execução da política urbana, de que tratam os

art. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o

previsto nesta lei.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta lei,

denominada de Estatuto da Cidade, estabelece normas

de ordem pública e interesse social que regulam o uso da

propriedade urbana em prol do bem coletivo, da

segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do

equilíbrio ambiental.

(...)

Art. 4° Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre

outros instrumentos:

(...)

V- institutos jurídicos e políticos:

a) desapropriação;

b) servidão administrativa;

c) limitações administrativas;

d) tombamentos de imóveis ou de mobiliário urbano;

e) instituição de unidades de conservação;

f) instituição de zonas especiais de interesse social;

g) concessão de direito real de uso;

h) concessão de uso especial para fins de moradia;

i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

j) usucapião especial de imóvel urbano;

l) direito de superfície;

m) direito de preempção; (...)”34

Além do regramento para correta utilização do solo urbano, pois o

Estado deverá fornecer a infraestrutura básica exigida na época atual (correto

fornecimento de água, luz, esgoto, assim como transportes, hospitais,

34BRASIL. Presidência da República. Lei n° 10.257/2001. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 25 jun.2014

32

escolas), deverá ser observado o meio ambiente, bem tutelado pela

Constituição, evitando-se sua poluição e seu aviltamento.

Na análise de Celso Antônio Pacheco Fiorillo,

“A propriedade urbana deixa de ter natureza jurídica

regrada única e exclusivamente pelos valores

tradicionalmente situados pelos subsistemas do direito

civil ou do direito administrativo e assume decididamente

feição constitucional, ou seja, a propriedade urbana tem

natureza jurídica constitucional e seus diferentes

aspectos, a partir do Estatuto da Cidade, passam a ser

regrados pela Lei 10.257/2001.”35

Desta forma, deverá ser respeitado o direito de vizinhança, a utilização

correta do solo e o cuidado com o Meio Ambiente e tal direito poderá ser

exercido caso atenda a função social, com obediência ao plano diretor de cada

localidade.

3.2 – Dirigismo Contratual – Intervenção do Estado nos

Contratos

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na

valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,

tem por fim assegurar a todos existência digna,

conforme os ditames da justiça social, observados

os seguintes princípios:

I – soberania nacional;

II – propriedade privada;

III – função social da propriedade;

IV – livre concorrência;

33

V – defesa do consumidor;

VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante

tratamento diferenciado conforme o impacto

ambiental dos produtos e serviços e de seus

processos de elaboração e prestação;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII – busca do pleno emprego;

(...)”36

É notório que os contratos são a mola propulsora das economias, pois

são eles que fazem circular bens e serviços para atendimento das

necessidades da sociedade. O artigo acima colacionado expõe alguns dos

princípios que fundamentam a ordem econômica.

O contrato firmado entre as partes, torna-se lei entre ambas,

sintetizado através do pacta sun servanda. Contudo, devem ser observadas as

diretrizes traçadas pela Constituição Federal, no que diz respeito ao

cumprimento de sua função social, sendo completamente contrárias a essa

determinação, as relações contratuais baseadas sem qualquer regulamento

pelo Estado e que visem o detrimento desequilibrado de uma das partes, sem

qualquer tipo de impedimento ao mercado.

Marcante nesse sentido é o Código de Defesa do Consumidor, que

visa a tutela da parte teoricamente mais fraca da relação jurídica com relação

ao consumo, e como citado anteriormente, faz parte do processo de

descodificação do Código Civil, como um microssistema que praticamente

usurpou deste diploma, as relações jurídicas de consumo.

“Talvez uma das maiores características do contrato,

na atualidade seja o crescimento do princípio da

equivalência material das prestações, que perpassa

35 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Estatuto da cidade comentado: Lei 10.257/2001, lei do meio ambiente artificial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.26. 36 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 25 jun.2014.

34

todos os fundamentos constitucionais a ele

aplicáveis. Esse princípio preserva a equação e o

justo equilíbrio contratual, seja para manter a

proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações,

seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes,

pouco importando que as mudanças de

circunstâncias pudessem ser previsíveis. O que

interessa não é mais a exigência cega de

cumprimento do contrato, da forma como foi

assinado ou celebrado, mas se sua execução não

acarreta vantagem excessiva para uma das partes e

desvantagem excessiva para outra, aferível

objetivamente, segundo as regras da experiência

ordinária. O princípio é espécie dos princípios

sociais do contrato, que incluem a boa-fé objetiva e

a função social.”37

Insta frisar que o Código de Defesa do Consumidor foi uma das mais

incisivas intervenções do Estado com o escopo de evitar abusos perante as

partes mais frágeis dos contratos de massa, além do mais, tal diploma deixou

expressa a Responsabilidade Objetiva do fornecedor, assim como foi o

nascedouro da Boa-Fé Objetiva em nosso direito pátrio, posto que, este é um

de seus princípios basilares, protegendo e solucionando os conflitos de forma

mais favorável possível ao consumidor.

Porém, ao longo do tempo, a Boa-Fé Objetiva passou a ser aplicada

em decisões que envolviam uma parte que fosse mais frágil e precisasse de

proteção, e desta forma houve a aplicação do referido princípio até mesmo em

contratos em que não ficasse clara a fragilidade de uma das partes, o que fora

sacramentado pelo Código Civil, que colocou o princípio da Boa-Fé Objetiva

como princípio regente de qualquer relação contratual.

37 LÔBO, Paulo. Novas Perspectivas da constitucionalização do direito civil. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n.3754, 11 out. 2013. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/25361. Acesso em: 23 maio 2014.

35

“Com o início da renovação da teoria contratual através

das tendências sociais antes mencionadas, em virtude

dos postulados de um novo Estado Social e da realidade

da sociedade de massa, o Estado passa a intervir nas

relações obrigacionais. No início, o intervencionismo

estatal dar-se-á através da planificação de certas

atividades, pela fiscalização e controle de certos

negócios, pela fixação de quotas e preços mínimos. Mas,

aos poucos, o intervencionismo estatal evolui de modo a

fomentar a edição de leis limitadoras do poder de

autorregular determinadas cláusulas (por exemplo,

cláusulas de juros) e determinar o conteúdo de certos

contratos, passando a ditar o conteúdo daqueles

contratos em atividades imprescindíveis (por exemplo,

transportes, fornecimento de água, luz).”38

Na atualidade, pode-se verificar a progressão da intervenção do

Estado nos contratos celebrados entre os particulares, não somente através do

Legislativo e de órgãos de proteção, como através do próprio Poder Judiciário,

que a cada dia é mais acionado para controlar os contratos, impondo limites ao

que anteriormente era de forma livre ajustado pelas partes.

Desta forma, o Estado se viu diante da difícil missão de equilibrar os

contratos, freando possíveis situações desleais sem que inviabilizasse a

economia, e ocorrendo tal situação de desequilíbrio, utilizaria o artigo 421 do

Código Civil.

Alguns juristas, na época do início da vigência do Código de Defesa do

Consumidor, se posicionaram contra o referido diploma, porém, nos dias

atuais, o CDC já está consolidado como uma das leis mais atualizadas e

modernas do ordenamento jurídico, firmando-se como arma eficiente para o

38 MARQUES, Claudia Lima. Apresentação à 1° Edição de Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 248-249.

36

cumprimento do equilíbrio social, financeiro e econômico nos contratos

consumeristas.

O Dirigismo contratual poderia ser desmembrado em três aspectos:

Imposição da contratação, no sentido de obrigar determinados indivíduos a

celebrar as relações jurídicas; Imposição ou proibição de cláusulas; Revisão

contratual após permissão do Judiciário. Uma das formas de direcionamento

do poder ao juiz estaria determinado nos contratos através da cláusula

chamada rebus sic stantibus, em virtude da Teoria da Imprevisão.

“Os juristas medievais, vendo que nos contratos de

execução futura, isto é, nos contratos celebrados no

presente para se executarem no futuro, as circunstâncias

externas eram de extrema importância, sustentaram que,

uma vez tornando-se o ambiente adverso, a execução do

contrato a ele se deveria adaptar, a fim de evitar a ruína

de uma das partes. Consagrou-se a fórmula “contractus

qui habent tractum successivum et dependentiam de

futuro rebus sic stantibus intelliguntur.” Em outras

palavras, “os contratos de execução sucessiva,

dependentes de circunstâncias futuras, entendem-se

pelas coisas como se acham.” 39

Entretanto, para utilização da referida cláusula, o contrato deverá

preencher determinados requisitos.

Nesse diapasão, é possível verificar que a liberdade para contratar

nunca foi completamente limitada, haja vista os princípios de ordem pública.

Isto significa que o indivíduo pode contratar ou deixar de contratar, escolher

quem quiser para realizar o contrato na forma que desejar, mas tudo isso sob o

manto de proteção e regularização do Estado.

A expressão Dirigismo contratual, corresponde a intervenção do

Estado através de legislações com o escopo de proteção coletiva, priorizando

39 FIUZA, César; COUTINHO, Sérgio Mendes Botrel. Intervenção do Estado na Autonomia da vontade. Disponível em: www.fmd.pucminas.br Acesso em 29 mai. 2014.p. 11.

37

o interesse da sociedade e resguardando a parte hipossuficiente da relação

contratual. De acordo com o professor Humberto Theodoro Júnior,

“Por meio das leis de ordem pública, o legislador desvia o

contrato de seu leito natural dentro das normas comuns

dispositivas, para conduzi-lo ao comando daquilo que a

moderna doutrina chama de “dirigismo contratual”, onde

as imposições e vedações são categóricas, não admitindo

que possam as partes revogá-las ou modificá-las.”40

No que diz respeito ao Judiciário, a dimensão objetiva dos direitos

fundamentais é determinante, posto que exige que o órgão jurisdicional

promova a análise e não utilize legislação que restrinja demasiadamente os

direitos fundamentais, mesmo que não exista manifestação da vontade de

alguma das partes que tenha sofrido a restrição, assim como que tais direitos

sejam interpretados à luz da Constituição.

Analisando-se a jurisprudência nos tribunais brasileiros, verifica-se tal

mudança de posicionamento, uma nova ótica firmada através dos julgados do

Supremo Tribunal Federal, que vem exercendo face aos outros Tribunais certa

postura pedagógica, em virtude de suas decisões colocarem os Princípios

elencados na Constituição Federal em prática, posto que tal posicionamento

poderá ser adotado por qualquer juiz de qualquer Tribunal no Brasil.

Conforme entendimento da professora Gisele Leite, a

Constitucionalização do Direito Privado, influenciaria a norma jurídica em três

momentos mais importantes: na criação e atualização pelo legislador, no

momento da sua interpretação e na sua aplicação pelos juízes.

“Essa influência pode ser especificada na necessidade de

busca de formas de se conceder a maior eficácia possível

às normas constitucionais que fundamentem as regras

infraconstitucionais em que se fundem os interesses

40 THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e seus princípios.3.ed.Rio de Janeiro: Aide, 2001. p.17.

38

particulares em questão, reconhecendo-se, por outro

lado, a necessidade de conservação do princípio que, por

força da escolha decorrente do princípio da

proporcionalidade, deixou de ser aplicado.”41

41 LEITE, Gisele. Constitucionalização do Direito Privado. Contemporânea dimensão do Direito Privado. Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n° 4009, 23 jun.2014. Disponível em:<http://jus.com.br/artigos29546>. Acesso em 24 jun.2014.

39

CONCLUSÃO

Conforme pode ser observado nesta sucinta análise, o fenômeno da

Constitucionalização do Direito Civil, que é interpretada como uma injeção de

constitucionalismo nas bases das relações jurídicas civis, não é somente um

prisma para hermenêutica das relações privadas.

Neste paradigma, pode ser constatado que o conteúdo do Direito Civil

não é mais o mesmo, pois seus institutos mais fundamentais, propriedade,

contrato e até mesmo a família foram profundamente modificados.

A pessoa humana vira a estrela principal frente ao patrimônio. Surgem

novos valores que deixaram de lado tanto o individualismo quanto a ideia de

que se o patrimônio material do indivíduo estivesse sob o manto do Direito, o

ser humano, estaria completamente protegido.

Entram em cena a Dignidade da Pessoa Humana, a Função Social do

contrato e da propriedade, para embasar o Estado Democrático de Direito.

A Constituição Federal deve ser observada, e os outros diplomas

devem ser interpretados sob a ótica da Carta Magna, e não mais sua leitura

deverá ser realizada através do Código Civil, como era anteriormente.

Destarte, caberá aos intérpretes atuais a árdua missão de analisar o

diploma civil através dos valores e princípios elencados na Constituição, não

de forma eventual e sim de maneira contínua.

Atualmente, o ordenamento jurídico brasileiro é um sistema

demasiadamente complexo, entrelaçado com a dinâmica da mudança da

sociedade, sendo a Constituição Federal a regente e inspiradora tanto do

Código Civil, quanto dos microssistemas jurídicos e toda a legislação

infraconstitucional.

40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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