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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O CORPO EM MOVIMENTO: UMA LINGUAGEM NEUROMOTORA PARA A APRENDIZAGEM NA PRÁXIS DOCENTE Audrey Pinheiro Teixeira Barcellos ORIENTADOR: Profª. Ms. Fátima Alves orientador) Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O CORPO EM MOVIMENTO: UMA LINGUAGEM NEUROMOTORA PARA A APRENDIZAGEM NA PRÁXIS

DOCENTE

Audrey Pinheiro Teixeira Barcellos

ORIENTADOR: Profª. Ms. Fátima Alves orientador)

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por: Audrey Pinheiro Teixira Barcellos

O CORPO EM MOVIMENTO: UMA LINGUAGEM NEUROMOTORA PARA A APRENDIZAGEM NA PRÁXIS

DOCENTE

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Sadi e aos meus filhos Arthur e

Anne pela compreensão, companheirismo e

incentivos constantes, essenciais para a conexão

de meus esforços e desejos se realizarem. Ao

corpo docente do curso de Psicomotricidade do

Instituto “A Vez do Mestre”, em especial à

professora e mestra Fátima Alves pela revisão

dos textos e grande incentivadora durante toda a

trajetória do curso, tendo a minha admiração. Aos

meus amigos e companheiros Letícia Manarte,

Marcio F. Rodrigues, Paloma Barros e Suellen

Soares com quem trabalhei e compartilhei

encontros e desencontros compostos de muita

afetividade, afinidades, acolhimento e trocas.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho monográfico a todos os

aprendentes que por mim passaram e passarão

numa constante ação renovadora de saberes.

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RESUMO

Este estudo tratará da importância e dos benefícios para os docentes e outros

profissionais da educação sobre a construção do conhecimento e a interação

do organismo com o seu meio ambiente na questão da valorização pessoal e

emocional, visando à linguagem psicomotora como alicerce de todo o seu

movimento físico, mental e emocional. Destaca a relevância de conceber a

construção do conhecimento sob o olhar da psicomotricidade, com o enfoque

da neurociência da aprendizagem e suas possibilidades psicopedagógicas na

prática multidisciplinar como percurso para o processo ensino-aprendizagem e

propiciando o desenvolvimento integral do aluno, valorizando o seu lado social,

emocional, crítico e imaginário. O objetivo da investigação é de elucidar a

importância de práticas interdisciplinares para o desenvolvimento da

consciência emocional, constituindo-se em um estímulo à leitura e a escrita no

cotidiano escolar, trabalhando a autoestima através de atividades que

valorizam a aprendizagem do cérebro social, compreendendo a recepção de

informações e procedimentos relacionados à memória, atenção, criatividade,

expressão motora, linguagem, emoção e afetividade, colaborando na

construção social do eu com o outro, em crianças entre 6 a 9 anos. A

metodologia alicerçou-se em três etapas distintas. A primeira se caracteriza por

uma análise teórica sobre a importância da psicomotricidade e sua contribuição

à aprendizagem. A segunda compreende na análise do desenvolvimento da

estrutura cerebral e como ocorrem os processos de aprendizagem, tendo a

afetividade como aliado nessa construção visando à formação integral e

significativa do ser, em crianças de 6 a 9 anos A terceira apresenta

correspondência entre as três áreas e suas contribuições as práticas da

psicopedagogia, definição de objeto e forma de atuação na reconstrução de

práticas pedagógicas por meio de uma correspondência entre as três áreas e

suas contribuições as práticas educativas, demonstrando como este processo

pode ocorrer harmoniosamente entre as partes cerebrais, numa aprendizagem

significativa e contextualizada.

Palavras-chaves: psicomotricidade, neurociência, psicopedagogia, sistema-

límbico, autoestima, linguagem neuromotora, cognição.

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METODOLOGIA

O estudo alicerçou-se em três etapas distintas. A primeira se caracteriza

por uma análise teórica sobre a importância da psicomotricidade e sua

contribuição à aprendizagem. A segunda compreende na análise do

desenvolvimento da estrutura cerebral e como ocorrem os processos de

aprendizagem, tendo a afetividade como aliado nessa construção visando à

formação integral e significativa do ser, em crianças de 6 a 9 anos. A terceira

apresenta correspondência entre as três áreas e suas contribuições as práticas

psicopedagógicas, definição de objeto e forma de atuação na reconstrução de

práticas pedagógicas, demonstrando como este processo pode ocorrer

harmoniosamente entre as partes cerebrais, numa aprendizagem significativa e

contextualizada.

Este estudo aborda como material de pesquisa obras de autores que

comungam sobre o assunto em questão, como Fatima Alves, Vitor da Fonseca,

Le Boulch, Andre Lapierre, Bernard Aucouturier, Pierre Vayer, Gislene de

Campos Oliveira, Marta Relvas, Daniel e Michel Chabot, Ramon Cosenza,

Daniel Goleman, Humberto Maturana, Alexander Luria, Henry Wallon, Vygotsky

e Jean Piaget, dentre outros, além de estudos teóricos e sugestões de

atividades a serem desenvolvidas em sala de aula.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A Psicomotricidade e a sua Complexidade no Desenvolvimento Humano 10

CAPÍTULO II

A Afetividade na formação integral e significativa do ser em uma abordagem

Neuropedagógica 28

CAPÍTULO III

A ação Psicopedagógica com contribuições da Psicomotricidade: uma

linguagem neuromotora 31

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

Quais são os benefícios na prática docente em reconhecer e promover

situações em contextos educacionais relacionados à proposta multidisciplinar,

visando o aprimoramento do potencial infantil embasada na consciência de si

mesma e do mundo exterior de maneira equilibrada, focando o

desenvolvimento da linguagem neuromotora, ou seja, linguagem escrita, falada

e corporal?

O corpo em movimento: uma linguagem neuromotora, apoia-se na

necessidade de se responder a inquietações sobre a função do afeto e da

autoestima, influenciando a prática docente sob a visão da psicomotricidade,

dando realce a importância da psicopedagogia e da neurociência no ambiente

social e sua influência na complexidade do desenvolvimento humano, dando

ênfase às habilidades psicomotoras nas suas complexidades e na sua

característica dinâmica dos processos cognitivos. Aliada a Neurociência,

destaca ainda, como as funções executivas auxiliam na construção de práticas

mais efetivas no terreno da educação, em crianças entre 6 a 9 anos.

Existe na perspectiva desta pesquisa, uma relação dialética entre a

teoria e a prática, pois além da reflexão teórica, serão apresentadas práticas

interdisciplinares, contribuindo para que a criança desenvolva todo seu

potencial cognitivo, pensando sobre o mundo que o cerca e tenha consciência

de si, como a relação direta que guardam com o desenvolvimento cognitivo e a

eficiência na aprendizagem, facilitando de maneira harmoniosa a construção do

ser humano com a afetividade e suas relações cerebrais na aprendizagem

tendo a autoestima como foco.

Sob um aprofundamento teórico, será tema para reflexão a importância

de práticas interdisciplinares para o desenvolvimento da consciência

emocional, constituindo-se em um estímulo à leitura e a escrita no cotidiano

escolar, trabalhando a autoestima através de sugestões de atividades que

valorizam a aprendizagem do cérebro social, compreendendo a recepção de

informações e procedimentos relacionados à memória, atenção, criatividade,

expressão motora, linguagem, emoção e afetividade, colaborando na

construção social do eu com o outro.

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A cognição, a motricidade e a afetividade são peças fundamentais para

a integração ou reintegração corporal, na abrangência do conhecimento de si

própria, da sua capacidade, da corporeidade, do outro e do mundo, pois um

necessita do outro para promover a sua atuação, o seu movimento.

É sentindo e percebendo o mundo que a rodeia, com práticas

psicomotoras na escola, que a criança poderá adquirir melhores condições de

aprendizagem e de autoconhecimento, tendo a metacognição como aliada.

Para pensar em educação psicomotora, têm que ter em mente que o

corpo ouve e traduz as experiências vinculadas a sensibilidade, ampliando sua

visão de mundo pessoal e social. Para tal, abordaremos nesse estudo, o corpo

em movimento: uma linguagem neuromotora para a aprendizagem na práxis

docente.

No primeiro capítulo trataremos sobre a importância da educação

psicomotora, neuropedagógica e psicopedagógica no desenvolvimento do

processo de aprendizagem na criança de 6 a 9 anos, dano ênfase a

psicomotricidade, mostrando a sua complexidade no desenvolvimento humano.

No segundo capítulo, será abordada a contribuição da psicomotricidade

no desenvolvimento do potencial cognitivo da criança, pensando sobre o

mundo que o cerca e tenha consciência de si, como a relação direta que

guardam com o desenvolvimento cognitivo e a eficiência na aprendizagem.

No terceiro capítulo faremos uma correspondência entre a

psicomotricidade, à neurociência e a psicopedagogia, facilitando de maneira

harmoniosa a construção do ser humano com a afetividade e suas relações

cerebrais na aprendizagem, tendo a autoestima como foco, numa

aprendizagem significativa e contextualizada, numa ação psicopedagógica e

sua linguagem neuromotora.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE E A SUA COMPLEXIDADE NO

DESENVOLVIMENTO HUMANO

O inicio de toda experiência do indivíduo e de todo conhecimento é

traduzido pela natureza biológica do ser através das atividades corporais, pois

são o meio de toda organização das relações ao mundo e muito

particularmente das relações sociais, sendo o motivo e a ação a origem de todo

desenvolvimento pessoal, bem como de toda organização social.

Cada um de nós, em todas as fases da vida, sente igualmente, em

determinados momentos, a necessidade de agir pelo prazer ou para fazer

frente a qualquer coisa, a fim de nos sentirmos vivos. Para a acessão ao

mundo, o individuo tem como meta favorecer a integração das informações e

do conhecimento, através do corpo e das atividades corpóreas atreladas a

aprendizagem e ao desenvolvimento, não podendo dissociar o biológico e o

social, por serem complementares.

O poema extraído da obra de Paul Baudiquey, Pleins signes, Paris, Cerf,

1998 (apud AUCOUTURIER, 2007, p.7) nos é oferecido como metáfora da

prática psicomotora em função da sua necessidade para a evolução

harmoniosa pela via corporal, permitindo a liberdade para inovar e utilizar seu

próprio estilo de ser e fazer:

Se ninguém, jamais,

nos tivesse tocado,

seríamos enfermos.

Se ninguém, jamais,

nos tivesse falado,

seríamos mudos.

Se ninguém, jamais,

nos tivesse sorrido

- e olhado-,

seríamos cegos.

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Se ninguém, jamais,

nos tivesse amado,

não seríamos

“ninguém”.

Em sua dimensão mais ampla, o conceito de Psicomotricidade é o

desenvolvimento psicológico que se refere à construção psicossomática do ser

humano em sua relação com o mundo exterior, ou seja, a prática psicomotora

está centrada em uma dinâmica de maturação psicológica, indissociável de

uma dinâmica de prazer, com o sentido da expressividade motora. Trata-se de

uma relação de ajuda que só pode ser compreendida a partir de uma atitude de

acolhimento empático ou não da expressividade motora e de suas emoções.

A Psicomotricidade é entendida como uma ciência que investiga as

relações e as influências recíprocas e sistêmicas, entre o mundo biológico e o

mundo psíquico como resultado da herança biológica transmitida pelos genes e

a herança cultural que decorre de um tempo sociogenético, constituindo o

conjunto do funcionamento mental, onde as sensações, percepções, emoções,

representações, projeções resultam em suas condutas relacionais e sociais,

isto é, do seu desenvolvimento, da sua socialização e da sua aprendizagem.

Em contrapartida, estamos vivenciando a banalização do sofrimento

humano, onde exacerbam a competitividade e desprezam a dor alheia e a do

próprio indivíduo, pois os sintomas ditos contemporâneas: agressividade,

aumento da violência escolar, depressão, compulsões e comportamentos

obsessivos entre crianças e adolescentes, sintomas de transtornos de atenção

e hiperatividade, bulimias e anorexias, estão perpassando a classe social,

gênero e etnia, trazendo, numa perspectiva psicomotora, o desafio do milênio:

A busca de uma sociedade mais saudável!

Em busca de alternativas, é proposto a valorização das dimensões

neuropsicológicas, afetivas, cognitivas e ambientais de forma integrada, voltada

para o desenvolvimento humano, apostando no conhecimento de si mesmo e

no respeito de suas relações com os outros e com o meio físico e social em

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que está inserido, através da Psicomotricidade aqui tratada na área da

Educação, em busca do resgate da autoestima, como ferramenta institucional

para a práxis docente, resgatando a afetividade diante das novas demandas

sociais.

A prática psicomotora está centrada em uma dinâmica de maturação

psicológica, indissociável da dinâmica do prazer. A Psicomotricidade é um

convite para compreender o que o indivíduo expressa sobre o seu mundo

interno pela via da motricidade. A escola é um lugar privilegiado para a

realização dessa prática, sem excluir o fato de que indivíduos com atraso no

desenvolvimento psicológico por qualquer motivo possam também se

beneficiar. Não podemos dissociar o biológico e o social por serem

estreitamente complementares desde o nascimento.

O corpo é entendido como uma ponte entre o sujeito e o objeto, pois é a

morada existencial da vida, acolhendo em plenitude o ser, podendo ou não, no

entanto, constituir-se em existência e plenitude, numa dinâmica de significar e

expressar como sujeito, objeto e corpo, sendo o sujeito a unidade psíquica,

simbólica, da ação e do desempenho.

Relvas (2009) ressalta que nos estágios de desenvolvimento da criança

os movimentos não rígidos, porém contínuos, são marcados por rupturas,

retrocessos e reviravoltas:

“1) Impulso Emocional (até três meses) – movimentos bruscos e

desorientados.

Até 12 meses – Padrões emocionais de medo, alegria e raiva.

2) Sensório-Motor e Projetivo (1 ano a 3 anos) – exploração do espaço

físico, como agarrar, segurar, sentar, andar, acompanhados de gestos.

3) Personalismo (3 anos a 6 anos) – exploração de si mesmo, atividades

de oposição e sedução, de imitação, com expressões: eu, meu, não.

4) Categorial (6 anos a 11 anos) – exploração mental do mundo físico,

mediante atividades de agrupamentos, seriação, classificação, categorização

5) Puberdade e adolescência (11 anos em diante)- exploração de si

mesmo com identidade autônoma, mediante atividades de confronto,

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autoafirmação/ domínio de categorias de maior nível de abstração” (RELVAS,

2009, p.124).

Portanto, a aprendizagem é um processo pessoal orientado pelo

docente e promover essa aprendizagem e formação é necessário que o

aprendente seja visto como pessoa e adote essa consideração como ponto de

partida do trabalho educacional, pois o cérebro armazena, interpreta e emite

resposta diante de estímulos, possuindo também a capacidade de promover

modificações em suas conexões, possibilitando novas aprendizagens.

Neste sentido, as intervenções pedagógicas diferenciadas em função de

percepções cada vez mais aprofundadas entre movimento, cognição e afeto se

fazem necessárias. A afetividade é importante como formadora da consciência

de si e do mundo e é o motor do desenvolvimento e da aprendizagem desde a

mais tenra idade, construindo estratégias e reciprocidades de solidariedade

através da ludicidade e da construção de identidade por meio de instrumentos

como o esporte e a arte, permitindo desenvolver as noções de pertencimento e

de cidadania, assim como a inclusão social, valorizando as relações com o

meio físico e social.

A visão psicomotora restrita à idéia de adestramentos motores se trata

de um reducionismo que distorce a idéia central da Psicomotricidade. O

objetivo está nas experiências vividas pelo individuo com o corpo e seus afetos

de acordo com as múltiplas condições do meio físico e social em que está

inserido.

1.1 A Afetividade e as Principais Correntes

Os referenciais teóricos e práticos não significam uma imposição, mas

sim o ponto de partida para a liberdade de pensar, agir e criar da

Psicomotricidade, apresentando três principais correntes compreendidos entre

as produções de Jean Le Boulch, com a Psicocinética (1966) e André Lapierre

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e Bernard Aucouturier, na primeira fase da Psicomotricidade Relacional, que

tem como objetivos principais desenvolver a função de ajustamento biológico e

relacional, além de contribuir para a diminuição do fracasso escolar. A proposta

de imagem e Esquema Corporal contribui para a construção do corpo

operatório, por meio de uma estruturação continuada do corpo vivido,

percebido e representado, onde diz que a atividade motora e sensório-motora,

graças a qual o indivíduo explora e maneja o meio, é essência na sua

evolução. (LE BOULCH, 1982, apud FERREIRA, 2011, p.22). Le Boulch

compreendeu que só pode relacionar o sujeito com os vínculos estabelecidos

com o seu meio social, numa perspectiva dialética e indissociável, surgindo à

teoria do desenvolvimento funcional e relacional.

Em 1971 surge a segunda corrente, dizendo respeito à decisão de

centrar a análise da produção teórico-metodológica na Educação Infantil, por

ser o foco de atuação específica do autor Pierre Vayer - Diálogo Corporal,

almejando desenvolver estratégias que possibilitem a organização do eu pela

criança, da criança diante do mundo dos objetos e da criança diante do mundo

do outro, contribuindo assim, na atuação do equilíbrio tônico-relacional e no

diálogo corporal da criança diante de si mesmo e da realidade do mundo.

Vayer sustenta suas bases teóricas na obra de Jean Piaget, em Henri Wallon,

na Psicanálise e em Gesell, numa ótica interdisciplinar. É importante destacar

que na obra de Vayer “a atividade motora só pode exercer-se apoiando-se na

atividade tônica que lhe serve permanentemente de embasamento”. (1984:17,

apud FERREIRA, 2011, p.31). A atividade tônica é considerada o primórdio elo

da relação entre as pessoas, tendo como meio de comunicação a afetividade

que é responsável pelas atitudes e posturas, ganhando representações pelos

meios de simbolização da fala, do desenho, da imagem mental, do jogo do faz

de conta, que instrumentalizam as possibilidades de abstrações das noções

responsáveis pela organização mental.

A terceira corrente se destaca com André Lapierre e Bernard

Aucouturier, em 1974, quando objetivam desenvolver a percepção e o

pensamento a partir dos contrastes fundamentais, na organização da

estruturação do Eu e do mundo, visando o desenvolvimento da inteligência e

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da personalidade, evitando e diminuindo a maioria dos fracassos e

inadaptações escolares, propondo que a imagem e o esquema corporal sejam

articulados às estruturas fundamentais do pensamento abstrato por meio de

uma participação ativa da motricidade. Vão ampliando as possibilidades de

expressões gráficas e simbólicas, numa rede complexa de trocas e

combinações, construindo uma lógica de si mesmo, do outro e do mundo,

preconizando um projeto de educação que valoriza a educação vivenciada. A

importância dessa educação vivenciada para a escola e o ensino fica

explicitada quando os autores destacam (...) nesse sentido, esse enfoque

pedagógico pode servir de base a uma educação “sem barreiras”, unificado,

global, na qual tudo está relacionado, desde a educação motora até o estudo

da língua, passando pela educação matemática e artística e sem esquecer o

equilíbrio afetivo. (LAPIERRE & AUCOUTURIER, 1974/1977, apud FERREIRA,

2011, p.40)

Com um cunho cada vez mais interdisciplinar a educação psicomotora

passa a ter importância para o desenvolvimento e a aprendizagem global da

criança, revestindo-se de precondição para a educação infantil. Constitui-se

como pré-requisito para a construção de bases sólidas para o conhecimento,

como instrumento de prevenção dos distúrbios de aprendizagem e estímulos

para todo e qualquer educando.

O conceito educativo de uma educação psicomotora visa partir de uma

vivência motora até a abstração para ajudar os educandos a desenvolverem

sua unidade e globalidade de pessoa, sua percepção espacial, temporal e de

intensidades, sua afetividade por meio das interações com os outros.

Com esta perspectiva, inaugura-se uma nova estratégia de ação

educativa psicomotora. A afetividade ganha espaço em um campo até então

não observado na educação. A intervenção psicomotora de Lapierre e

Aucouturier procura romper com o rigor das disciplinas educativas para uma

ação psicomotora que acolha a criança não só em seu âmbito cognitivo, mas

também em seu agir enquanto pessoa.

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Fátima Alves (2012) destaca que a Psicomotricidade pode ser entendida

como uma ação realizada pelo individuo, representando suas necessidades e

permitindo sua relação com os demais, integrando o psiquismo e a motricidade.

A motricidade pode ser definida como resultado da ação do sistema nervoso

sobre a musculatura, como resposta à estimulação sensorial, enquanto o

psiquismo poderia ser considerado como o conjunto de sensações,

percepções, imagens, pensamentos e afetos para que possa desenvolver seu

corpo e a sua mente de maneira equilibrada.

Portanto, o educador tem como objetivo favorecer a integração das

informações e dos conhecimentos, que são as condições da sua acessão ao

mundo, presentes, sobretudo na biologia, na neurobiologia, que nos explicam

como funciona o sistema nervoso que é um sistema auto-regulador, criando a

sua própria informação e que ajusta de forma contínua as respostas do ser,

para lhe permitir viver em harmonia com o meio em que vive.

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CAPÍTULO II

A AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO INTEGRAL E

SIGNIFICATIVA DO SER EM UMA ABORDAGEM

NEUROPEDAGÓGICA

A contribuição da neurociência traz uma visão científica do processo de

ensinar e aprender, permitindo o docente conhecer o aluno como ser

biopsicossocial, reconhecendo através dos estudos da anatomia e fisiologia do

Sistema Nervoso Central e dos mecanismos neurais que sustentam os atos

perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais, sendo peça

fundamental na orientação da sua prática.

A conscientização do docente de que existe uma biologia cerebral, com

seus sentidos biológicos estimulados e com movimento de conexões nervosas

contínuas, sabendo que a aprendizagem perpassa pelas sinapses, pelo ritmo

neural de cada um e a interação social, faz com que considere as diferenças e

necessidades dos alunos.

Portanto, a escola de hoje, inclusiva ou para todos, tem como objetivo

possibilitar que todas as crianças e jovens, no limite de suas possibilidades,

aprendam, o que implica considerar suas condições orgânicas, sociais,

cognitivas, emocionais e físicas, tentando fazer com que aprendam em seu

duplo sentido: cognitivo (aprender conceitos e operações) e socioemocional

(aprender a conviver em um contexto institucional com regras e limites

comportamentais).

A aprendizagem está assim, duplamente condicionada por aspectos

internos e externos, de natureza social, cultural, afetiva e familiar. Estamos

sempre nos desenvolvendo e estruturando uma base neural que permite a

nova aquisição de conhecimentos. Podemos afirmar que a aprendizagem

ocorre de fora para dentro, pautada na referência do outro.

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Na visão de Piaget, a aprendizagem está associada ao que fazemos e

as nossas ações, sendo a maneira de raciocinar que vai definindo a

aprendizagem. Então, temos processos de desenvolvimento, ou seja, de

crescimento, de estrutura, de complexidade orgânica em todos os sentidos que

abrem ou fecham possibilidades, fazendo a sua leitura de mundo de acordo

com todos esses fatores combinados, incluindo o aprendente.

O cérebro é uma estrutura plástica, moldável, que muda conforme a

idade confirmado pelos estudos da plasticidade cerebral, mudando a sua

estrutura para melhorar a funcionalidade durante todo o processo de

aprendizagem.

Portanto, precisamos ter em mente as resultantes do processo de

aprendizagem, ou seja, os sentimentos e o comportamento, sendo assim, o

desempenho escolar faz parte disso e deve ser entendido tanto do ponto de

vista do seu desempenho socioemocional quanto da sua performance

cognitiva. Nas diferentes fases do desenvolvimento, vamos adquirindo

habilidades fundamentais para a vida, incluindo a capacidade motora que

permite andar, a capacidade de controle de esfíncteres e a aquisição da

linguagem.

A escola é naturalmente uma instituição normatizadora, que busca trazer

todos os alunos para um padrão e as crianças que aprendem a falar e dominar

a linguagem escrita mais tardiamente, por exemplo, deverá ser acolhida dentro

da escola, pois é este o seu maior desafio, lidar e respeitar todos os perfis.

Para colaborar com essa meta se faz fundamental o desenvolvimento

das funções executivas para o eixo do amadurecimento cognitivo,

considerando e favorecendo o desenvolvimento da memória de trabalho,

controle inibitório e flexibilidade cognitiva para todos, pois tem um papel muito

importante na modulação das emoções e na interação social dos indivíduos.

O processamento cerebral é relativamente complexo. O individuo

precisa ter atenção, se concentrar para receber a informação da tarefa, o que

significa privilegiar a tarefa em relação a todas as coisas que estão

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acontecendo ao seu redor. Ele precisa de atenção para isso, caso contrário a

função executiva não prossegue. Para tal é necessário inibir uma série de

informações que o cérebro está processando ao mesmo tempo, que é

chamado de controle inibitório, para que o indivíduo faça um planejamento

adequado.

O aprendizado está ligado ao exercício de todas essas etapas das

funções executivas. O primeiro desafio a ser enfrentado pelos educadores é o

componente atencional. Esse componente de busca da atenção chamada de

nível atencional é fundamental para que o educador exerça a sua função. Não

se pode esperar que os alunos concentrem sua atenção nas atividades, se

estas não forem estimulantes. Dito de outra forma, quando um estímulo já é

conhecido do sistema nervoso central, desencadeia uma lembrança; quando o

estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Essa é a maneira de entender a

aprendizagem do ponto de vista neurocientífico (RELVAS, 2011, pp 20-21).

Logo, cabe destacar que o desenvolvimento da aptidão em

contextualizar e globalizar os saberes torna-se um imperativo da educação.

Assim, cada vez mais a informação é uma matéria prima que o conhecimento

deve dominar e integrar; o conhecimento, em permanência, deve ser revisitado

e revisto pelo pensamento e o pensamento é mais do que nunca, o capital mais

precioso para o indivíduo e a sociedade. (MORIN, 2002, p. 18)

Dessa forma, a Neurociência vem contribuir para o estudo dos cérebros

na sala de aula para uma educação mais justa e menos excludente, tendo o

docente à possibilidade de compreender melhor a maneira de ensinar, já que

existem várias maneiras de aprender, compreendendo o funcionamento

neurológico, o desenvolvimento e a maturação cerebral para melhor

desenvolver o potencial cognitivo, promovendo a aquisição dos saberes, capaz

de promover o desenvolvimento neurocognitivo, compreendendo os estímulos

neurais e dos recursos sensoriais.

Temos como papel preponderante no desenvolvimento do indivíduo, as

emoções. É por meio delas que o educando exterioriza seus desejos e suas

vontades. A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos

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cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distração que

ajudam o ser humano a se conhecer. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza e os

sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação do indivíduo

com o meio. A afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento

humano.

Estudos realizados por Wallon baseou suas idéias em quatro elementos

básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a

inteligência e a formação do eu como pessoa. Com crianças entre 6 e 9 anos

mostram que o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de

como cada uma faz as diferenciações com a realidade exterior. Suas ideas são

lineares e se misturam, ocasionando um conflito permanente entre dois

mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real cheio de símbolos,

códigos e valores sociais e culturais. É na solução dos confrontos que a mente

evolui. Para Wallon é nesta fase que o sincretismo é fator determinante para o

desenvolvimento intelectual, pois a mistura de idéias num mesmo plano é

bastante comum.

A construção do eu na teoria de Wallon (1992, p.90) depende

essencialmente do outro. Seja para ser referência, seja para ser negado.

Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se

encontram num mesmo plano. Portanto, a integração entre inteligência e

afetividade pode ser transposta para aquela que se realiza entre o objeto e o

sujeito, alimentando-se mutuamente, afirmando que a elaboração do

conhecimento depende da construção do sujeito nos quadros do

desenvolvimento humano concreto.

É um pensar nesta direção que leva este estudo a dialogar com

propostas de atividades em que causa e intenção coincidam. Propostas

interdisciplinares de trabalho ou de ensino conseguem captar a profundidade

das relações conscientes entre pessoas e entre pessoas e coisas. Em

atividades interdisciplinares não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se

com significado. Nesta perspectiva é que acontece o embasamento teórico no

processo representativo na leitura e na escrita, envolvendo substituições

gradativas, em que o objeto primordial é a apreensão e a compreensão do

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mundo, desde o que está mais próximo à criança ao que está mais próximo á

criança ao que lhe está mais distante, visando à comunicação, a troca, a sua

construção de leitura de mundo.

A partir desses parâmetros que Antunes (2003), em sua teoria das

Inteligências Múltiplas, chamadas hoje de Habilidades Múltiplas, vem dialogar

aos atividades que serão sugeridas como práticas pedagógicas, em que foram

desenvolvidos temas multidisciplinares, visando, também, o desenvolvimento

dessas habilidades, pretendendo assim, compreender juntamente com as

bases neurocientíficas da aprendizagem, o funcionamento neurológico, o

desenvolvimento e a maturação cerebral de um indivíduo, proporcionando

melhores condições de compreensão e direcionamento para promoverem uma

melhor aquisição de saberes, com uma ação didática capaz de promover o

desenvolvimento neurocognitivo a partir de uma compreensão dos estímulos

neuronais e dos recursos sensoriais, independentemente dos critérios de

agrupamento da escola, ajustando as atividades à classe para permitir o

desenvolvimento máximo das aptidões de cada um. Será priorizada, então, a

afetividade e a autoestima.

Somente quando o aluno é levado assumir posturas de liberdade,

respeito, responsabilidade, observando estas mesmas práticas nos demais

membros que participam deste cotidiano é que terá uma formação integral. É

por isso que todas as relações que o aluno trava no seu ambiente escolar- com

outros alunos, com funcionários, com a parte administrativa, ou seja, toda

comunidade, configuram o caminho para a construção da sua personalidade.

Portanto, é através da emoção, num contexto dinâmico relacional e emocional

inconsciente, é que vai dando forma à cognição e à aprendizagem. (RELVAS,

2012)

A aprendizagem só ocorre quando há mudança de comportamento,

resultante da experiência, sendo uma resposta estável, modificada, durável,

interiorizada e consolidada no cérebro. A importância do fator emocional no

aprendizado e no êxito escolar será ressaltada. As emoções possuem um forte

impacto sobre a percepção, a capacidade de ajuizamento e sobre os

comportamentos. Essa visão é reafirmada por Maturana e Varela:

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“... se a vida é um processo de conhecimento, os seres

vivos constroem esse conhecimento não a partir de uma

atitude passiva e sim pela interação. Aprendem vivendo e

vivem aprendendo... (MATURANA E VARELA, 2011, p.

12)

As teorias de Maturana e Varela constituem uma concepção original e

desafiadora, em que o ser humano se veja como parte do mundo natural, para

tanto é preciso que ele observe a si mesmo enquanto observa o mundo, numa

cooperatividade circular.

Portanto, o social, o humano e suas raízes biológicas são contínuos,

fazendo do nosso fazer o nosso conhecer, validando de uma maneira particular

pela estrutura humana, o encadeamento inseparável entre a ação e a

experiência, na qual todo “ato de conhecer faz surgir um mundo”. Maturana e

Ventura ainda ressaltam que todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um

fazer, considerando que contribuem para o desenvolvimento humano em todos

os campos do intelecto do homem, levando ao desenvolvimento em todas as

áreas.

Partindo dessa premissa, percebe-se que os estudos de Piaget, que

enfatiza a formação das operações cognitivas que se realizam por um processo

amplo de interação da criança com o meio chamado de equilibração, e

Vygotsky que enfatiza os aspectos interacionistas, considerando o intercâmbio

do sujeito com o meio ambiente externo, não só tem a sua origem como se

desenvolve.

A Neurociência além de corroborar com as afirmações interacionistas e

construtivistas, mostra cientificamente como e em que condições as

aprendizagens acontecem. O domínio científico a respeito do funcionamento

desse órgão na atualidade permite prever um grande número de possibilidades

para elucidar, avaliar e intervir nos processos de aprendizagens, aprimorando a

prática profissional e melhorando a qualidade da aprendizagem, tendo a

psicomotricidade e a psicopedagogia como aliadas. Mostra como se

interconectam os circuitos e processos cerebrais para produzir as

representações do mundo a sua volta com o objetivo de saber quem é

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exatamente, propiciando desta maneira, um suporte indispensável para a

prática docente.

Para tal, se faz necessário uma relação intrínseca entre o indivíduo e o

meio, da qual resulta uma plasticidade adaptativa.

2.1- Neuroplasticidade e a aprendizagem

Os estudos em Neurociência apontam para o fato de que o cérebro

possui a capacidade de se desenvolver ao longo da vida, a mudar e a

aprender. Independente da idade, ou das experiências vividas, a capacidade

de aprender, estará relacionada a um ambiente estimulador, propiciando uma

maior e melhor capacidade de aprender.

Nesse sentido, partindo do entendimento de que os aprendentes do

Ensino Fundamental I, que são o foco desta pesquisa, são pessoas em

desenvolvimento e que vão para a escola a fim de serem orientadas nesse

processo, como seres humanos em todas as suas dimensões, desenvolvendo

competências, raciocínios e habilidades de resolver problemas, raciocínio

matemático e científico, compreensão da cultura, política e economia, a partir

da história e geografia, bem como atuar e resolver problemas de grupo. Essa

aprendizagem demanda o desenvolvimento de processos mentais estimulados

e cultivados socialmente.

Para tanto, é essencial que o docente leve em consideração, certos

aspectos básicos ao organizar e promover suas atividades, explorando

situações e condições para que o aprendente se sinta considerado como

pessoa, oferecendo oportunidades e orientações para o atendimento de suas

necessidades humanas pessoais. Em vista desse enfoque, o sucesso

pedagógico é medido muito mais pela realização de projetos e atividades como

um processo de formação e desenvolvimento, em que o aprendente seja

colocado como centro do processo de aprendizagem, promovendo atividades

que os envolvam dinamicamente na resolução dos problemas.

A aprendizagem é um processo cognitivo complexo, exaustivamente

estudado e ainda muito a ser pesquisado. O estudo da aprendizagem envolve

várias áreas do conhecimento humano, tanto a respeito do cérebro quanto aos

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processos cognitivos. Já temos na atualidade o domínio científico a respeito do

funcionamento, nos permitindo prever um grande número de possibilidades

para elucidar, avaliar e intervir nos processos de aprendizagem, aprimorando a

prática profissional e melhorar a qualidade da aprendizagem.

Assim, o meio educacional vem presenciando momentos de verdadeira

revolução, tanto no que diz respeito aos avanços da Neurociência, como

também as relações existentes entre Neurociência e Educação. Quando se fala

de educação e aprendizagem, reporta-se necessariamente aos processos

neurais que constituem essa relação. Portanto, a aprendizagem pode ser

entendida como o processo pelo qual o cérebro reage em vista a estímulos

vindos do meio externo, ativando e reativando sinapses que promovem e

consolidam o conhecimento.

O processo de aquisição do conhecimento, como este acontece, e o que

pode fazer para melhorá-lo, sempre foram à inquietação de professores e

estudiosos da educação e a Neurociência vem corroborar com a busca para

esta resposta, considerando ainda o que deve ser feito para que se efetive. No

entanto, apropriar-se destas premissas é responsabilidade do educador, que se

preocupa e assume responsabilidade sobre a aprendizagem dos aprendentes.

É fundamental que os neurônios estabeleçam conexões entre si, pois

somente a partir da formação das redes neurais torna-se possível o

aprendizado em qualquer nível, desde o que resulta de comportamentos inatos,

como sugar, chorar, bocejar, até os denominados processos mentais

superiores, como o raciocínio lógico, a abstração e o planejamento. Portanto, a

Neurociência aponta para o fato de que o cérebro possui plasticidade capaz de

se desenvolver ao longo da vida, a mudar e a aprender. A capacidade de

aprender independe de idade, ou das experiências vividas. Um ambiente

estimulador ajudará a ter melhor e maior capacidade de aprender. Assim,

pode-se dizer que neuroplasticidade é a capacidade de adaptação que o

Sistema Nervoso Central possui, é a propriedade que permite modificações

estruturais em resposta as experiências e aos estímulos.

A Neurociência investiga a plasticidade neural e a aprendizagem,

todavia, este campo de estudo conquistou seu espaço a partir da década de

1990, através dos estudos de Howard Gardner, conhecido como cientista das

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Inteligências Múltiplas. Ao longo da vida, estima-se que as características

neuroplásticas do cérebro influenciam mais de 100 bilhões de células nervosas.

Quando é usado o cérebro de formas novas, criam-se novos caminhos para a

comunicação neural. Os neurônios existentes são reorganizados a tudo que é

aprendido, sendo adaptados ao longo da vida. Portanto a neuroplasticidade é a

capacidade de o Sistema Nervoso Central adaptar o seu funcionamento do

sistema motor e receptivo, diante das experiências no ambiente, através das

células gliais, que são grupos especiais de neurônios. Estas conexões

neuronais são desfeitas e reorganizadas, modeladas por nossa experiência

com o mundo a nossa volta em nossos estados de saúde e doença.

Sendo assim, cada ser humano possui sinapses cerebrais diferentes,

pois cada um tem suas vivências, o seu aprender do mundo e com o mundo.

O contexto educativo deve estar pautado em formas diferentes de

aprendizagem, pois um único método de ensino não contempla a todos. Para

que o processo de aprendizagem se estabeleça corretamente é necessário que

as interligações entre as diferentes áreas corticais e delas com outros níveis do

Sistema Nervoso Central, sejam efetivos. Quando a criança começa a crescer,

além de uma alimentação saudável, outro fator de favorecimento ao

desenvolvimento neural é a estimulação. Quanto mais a criança é estimulada,

mas são produzidas reações e respostas que se traduzem em sinapses.

Percebe-se que os estímulos das sinapses precedem a aprendizagem,

portanto, para ensinar é necessário promover estímulos.

Na sala de aula, o docente não pode se restringir a trabalhar apenas os

conteúdos. O desenvolvimento é emocional, cognitivo e motor, determinados

por fatores orgânicos e sociais.

Portanto, a aprendizagem é um processo pessoal orientado pelo

docente a promover essa aprendizagem e formação, para tal , é necessário

que o aprendente seja visto como pessoa e adote essa consideração como

ponto de partida do trabalho educacional, pois o cérebro armazena, interpreta e

emite resposta diante de estímulos, possuindo também a capacidade de

promover modificações em suas conexões, possibilitando novas

aprendizagens.

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O desenvolvimento cognitivo não é estanque, mas está sujeito aos

estímulos dos processos de aprendizagem, pela mediação afetiva. Para Cunha

(2012, p.36): É relevante a instrução pedagógica em um ambiente propício,

saudável e de interação com o aluno, pois aprendemos melhor quando

amamos. O afeto estimula a fixação para o acréscimo de novas informações e

a evocação para a revivencia dos traços anteriores assimilados. O cérebro é

afetivo-emocional, onde as emoções são organizadas, em regiões

interconectadas, dando equilíbrio ao comportamento humano. Elas ajudam ao

aprendente na concentração, na atenção, no registro, na lembrança e

prioritariamente, no prazer de aprender e ensinar, estabelecendo vínculos

educativos entre o docente e o aprendente.

Quando se chega a uma conclusão ou informação importante, ou

descobre-se algo que estava procurando, entra em ação o sistema de

recompensa que é conjunto que dá o sinal para o restante do cérebro quando

algo deu certo. Produz bem-estar e euforia quando estimulado, aumentando o

desejo de repetir tais sensações.

Portanto, buscar formas de estimular os neurônios para desenvolver a

capacidade intelectual das pessoas deve ser uma competência da práxis

docente.

Quando se executam atividades que causam prazer, levam a motivação,

ativando estruturas integrantes do sistema de recompensa e emocional,

objetivando o desenvolvimento e crescimento do homem.

Segundo esse entendimento, a sala de aula é espaço de integração e

comunicação dinâmica em que o aprendente é colocado como centro e não a

matéria que é o meio para o seu desenvolvimento. Por conseguinte, é

fundamental que o docente ao organizar as suas aulas e ao promovê-las, leve

em consideração o aprendentem, colocando-o como centro do processo de

aprendizagem, como um ser humano e social em desenvolvimento,

promovendo atividades em que os alunos são envolvidos dinamicamente na

resolução do problema.

Sendo assim, um projeto educativo comprometido com a

democratização social e cultural da escola tem a função e a responsabilidade

de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos

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necessário para o exercício da cidadania. Esse é um direito inalienável de

todos, pois o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de

plena participação social, sendo através dela que o homem se comunica, tem

acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói

visões do mundo, produzindo seu conhecimento.

Para se estabelecer articulação entre a teoria, que pertence ao universo

epistemológico, e a prática que faz parte do universo pedagógico, faz-se

necessária à eliminação das barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas

que pretendem desenvolvê-las, para que haja assim, uma mudança de

concepção do processo educativo, através da prática interdisciplinar.

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CAPÍTULO III

A ação Psicopedagógica com contribuições da

Psicomotricidade: uma linguagem neuromotora

O docente tem a capacidade de participar ativamente do processo do

desenvolvimento dos educandos, observando de perto a construção do seu

conhecimento. Hoje sabemos que a aprendizagem, assim como o

desenvolvimento, podem ser estimulados, e que essa estimulação pode

acontecer de forma criativa e agradável, preservando o prazer da descoberta e

a alegria contida nas atividades que contribuem para elevar o

autoconhecimento, procurando provocar a análise de idéias, conceitos e

pressupostos teóricos que podem subsidiar a ação do docente.

A psicopedagogia nos remete à fundamental importância de que existe

um cérebro pensante, mas que nem sempre, os caminhos para se chegar a ele

são os mesmos para todos. Portanto, a demora de algumas crianças de se

apropriarem do processo da leitura e escrita, deve ser respeitada, pois pode

existir um cérebro ainda imaturo em crianças de 6 a 7 anos, quando é usado os

mesmos recursos para todos. Identificando perturbações existentes em seu

processo de aprendizagem e superando, o docente pode promover a

continuidade do desenvolvimento cognitivo, partindo de suas condições e

habilidades e superando ou contornando de modo mais eficiente suas

fragilidades, podendo aliar a psicopedagogia a psicomotricidade.

A psicomotricidade não se refere somente ao desempenho motor, a

lateralidade, a estruturação espaçotemporal ou as discriminações perceptuais

que são capazes de realizar, ela abrange igualmente a formação do eu e as

conseqüências da falta de um esquema corporal bem conscientizado, podendo

ser utilizado pelo docente, atividades que contemple este processo,

colaborando sobremaneira para um melhor desempenho do educando.

O docente tem como objetivo o preparo do educando para que possa

alcançar não somente bom nível de desempenho escolar, mas também uma

boa qualidade de vida, planejando e proporcionando atividades através das

quais o desenvolvimento psicomotor possa alcançar seus melhores níveis,

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pois dele depende o sucesso do individuo em todas as áreas da sua vida. É

na sala de aula que o aprendente aprende a pensar e a relacionar-se,

buscando soluções para o dia a dia, e cabe ao docente apropriar-se de

ferramentas e recursos pedagógicos apropriados para atender as

necessidades individuais e coletivas, com o intuito de possibilitar estratégias

que colaborem para o processo de aprendizagem, sendo a metacognição

uma delas.

3-1 A Metacognição e a Aprendizagem

A metacognição é a faculdade de conhecer o próprio ato de conhecer,

de analisar e conscientizar o próprio ato de conscientizar, avaliando como

conhecer-se. O aprendente demonstra compreender a finalidade da tarefa,

planifica a sua realização, aplica e altera conscientemente estratégias de

estudo e avalia o seu processo de execução, exercendo influência em áreas

fundamentais da aprendizagem escolar, como na comunicação e compreensão

oral e escrita e na resolução de problemas.

Dessa forma, a potencialização do processo de aprender é desenvolvida

através da prática da metacognição, conduzindo uma melhoria da atividade

cognitiva e motivacional, corroborando para a sua autoestima, que requer um

constante e consciente monitoramento, requerendo do aprendente um

envolvimento ativo na aprendizagem.

É antes, durante ou após a realização de uma tarefa que as experiências

metacognitivas acontecem com foro afetivo com impressões conscientes,

podendo ter os objetivos implícitos ou explícitos modificados no decorrer da

realização da tarefa, de comum acordo entre o aprendente e o docente.

O conhecimento metacognitivo é adquirido de forma lenta e gradual,

emergindo por volta dos sete anos de idade, tendo um aumento considerável

na pré-adolescência e adolescência. A aquisição deste conhecimento acontece

gradualmente.

Numa variedade de contextos de aprendizagem, a atividade

metacognitiva é um produto de estilo dos docentes em conjunto com as

experiências individualizadas.

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Os docentes funcionam como mediadores na aprendizagem e agem

como promotores da autoregulação por possibilitarem emergência de planos

pessoais, assumindo um papel fundamental no desenvolvimento dos

aprendentes em função do planejamento e monitoramento das suas próprias

atividades.

Nesta linha de pensamento, Vygotsky acrescenta que o processo

fundamental do desenvolvimento é a internalização gradual e a personalização

do que foi originalmente uma atividade social. Ou seja, inicialmente é o adulto

que controla e guia a atividade da criança, gradualmente o adulto e a criança

partilham as funções de resolução do problema, em que a criança toma a

iniciativa e o adulto a corrige quando falha, e depois, finalmente, a criança

assume o controle da própria atividade (BROWN, 1987).

De modo a estimular a metacognição, o docente tem toda a vantagem

em multiplicar as situações abertas, ou seja, dialogadas de investigação, as

resoluções de situações-problema, dando-lhe a alternativa de antecipar as

conseqüências das escolhas.

Para que o aprendente apropria-se e construa de forma progressiva o

seu patrimônio pessoal de metaconhecimento, torna-se necessário que a

escola não se circunscreva a ser apenas, um espaço de difusão de saberes, e

sim elencar atividades deste gênero para que possa de maneira refletida as

suas próprias operações cognitivas, possibilitando a tomada de consciência

das dificuldades encontradas na realização daquelas atividades e dos meios

para superá-las.

3-2 Os Órgãos Sensoriais e a Aprendizagem

O homem possui cinco sentidos especiais com suas especificidades

morfológicas, funcionais e moleculares distintas como a visão, olfação,

audição, equilíbrio além de um sentido geral, a somestesia, que é a capacidade

que tem o organismo em receber informações enviadas da superfície e do

interior do corpo.

Portanto, a percepção do mundo e de certos aspectos do meio orgânico

interno depende da atividade dos sistemas sensoriais, que alimentam

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continuamente o Sistema Nervoso Central, tendo como elementos essenciais

dos sistemas sensoriais, os receptores sensoriais, que informam sobre muitos

outros aspectos do meio orgânico interno que necessitam o organismo para o

seu ajuste no funcionamento, podendo ser consciente ou não.

O meio externo e o meio interno são representados várias vezes no

espaço neural pela atividade do sistema nervoso a partir das respostas dos

receptores sensoriais provocadas pela variação da energia do estímulo que

neles incide (LENT, 2008, p.165).

Dessa forma, o docente conhecendo sobre o desenvolvimento do

sistema nervoso do ser humano e as diferentes fases da aquisição das

habilidades cognitivas, emocionais, biológicas, psicológicas, motoras e sociais,

terá uma maior possibilidade de atender as necessidades individuais e

coletivas no processo de aprender.

Essa visão é reafirmada por Alves (2016, p. 143) quando cita que o

processo educativo está intimamente ligado à autoimagem, à integração ao

meio ambiente, às sensações e idéias, as funções orgânicas, ao movimento e

às funções do sistema nervoso. Se essas funções apresentarem algum

comprometimento, poderão dificultar o processo das informações necessárias

para um bom desenvolvimento.

3-3 A Praxis Docente

Um conhecimento para ser aprendido e memorizado, necessita de vários

estímulos sensoriais para serem concretizados. Daí a importância de

contemplar a metodologia com os sentidos sensoriais para torná-la interativa,

dinâmica e significativa.

O cérebro é entendido como órgão social que pode ser modificado pela

prática pedagógica. Dentro de uma perspectiva multidisciplinar nos processos

cerebrais envolvidos e a motivação é considerada necessária para o

recebimento das informações, aquisição e desenvolvimento da aprendizagem

entre crianças de 6 a 9 anos.

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Para a ocorrência do processamento das habilidades da leitura, da

escrita, e dos cálculos-matemático é necessário a interseção entre várias áreas

do Sistema Nervoso Central.

Os cinco sentidos (tato, visão, olfato, gustação e audição) constituem a

comunicação, através das atividades dos neurônios que à medida que

interagem com o meio ambiente gera um mundo interno que se adapta e se

modifica. Assim pode-se afirmar que o aprendizado é capaz de causar

mudanças estruturais no córtex cerebral.

O cérebro humano é dividido em dois hemisférios, direito e esquerdo

que trabalham em conjunto, por meio de dois milhões de fibras nervosas que

constituem as comissuras cerebrais e se encarregam de por estes hemisférios

em constante interação, segundo Relvas (2009).

Portanto, o desempenho psicomotor de uma criança pode acontecer em

sua plenitude através das experiências vividas, ricas em oportunidades

estimuladoras e naturais, como as situações que o brincar oferece.

A personalidade da criança desenvolve-se com a conscientização do

seu esquema corporal e das possibilidades de participar do mundo ao seu

redor. O esquema corporal é fundamental para que possa existir uma boa

estruturação tempo-espacial de se adaptar. Ela percebe os objetos e as

pessoas em função de si mesmas e, para que se sinta suficientemente segura

para agir, precisa confiar nas próprias habilidades para usar o próprio corpo.

Portanto, a organização das sensações relativas ao próprio corpo, em relação

a sua vivência, ou seja, dos dados do mundo exterior.

Para adquirir uma boa estruturação tempo-espacial, a criança precisa

vivenciar situações por meio das quais possa ir desenvolvendo sua capacidade

de se organizar no tempo e no espaço. Tempo e espaço são realidades cujo

manejo eficiente pode depender de conscientização e de exercício. A

estruturação do tempo e do espaço acontece de maneira interligada e

integrada à formação do esquema corporal. Através da vivencia da rotina diária

e da necessidade de se adaptar a ela, vai organizando seus conceitos de

tempo e de espaço e percebendo a sucessão contínua dos dias e das noites,

das semanas e dos meses.

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O desenvolvimento do pensamento matemático e a aquisição de

conceitos de posição, sequencia, divisão conceitual do tempo, assim como de

conceitos de forma, cor e tamanho, dependem das oportunidades de

experiências concretas oferecidas às crianças. Brincando, o educando exercita

suas potencialidades e se desenvolve. O desafio, contido nas situações

lúdicas, provoca o pensamento e leva o educando a alcançar níveis de

desempenho que só as ações por motivação intrínseca conseguem.

Com o intuito de adquirirem o hábito de pensar, de analisar e de buscar

alternativas, a escola precisa oferecer atividades bem dinâmicas, baseadas em

perguntas e situações muito criativas. Os jogos e brincadeiras evitam

acomodação porque exigem que os educandos pensem e se esforcem para

encontrar as melhores opções. É preciso cultivar o hábito de pensar através de

atividades significativas.

A capacidade de pensar depende de estimulação para se desenvolver,

alimentando o seu potencial e desafiando a sua inteligência. O aprendizado

refere-se à aquisição de habilidade e à memorização de informações

espefícicas. Todas as características da inteligência humana vêm à tona

através do processo de desenvolvimento.

Quando o ambiente da escola é estimulante, faz surgir interesses que

irão gerar energia para que sejam perseguidos, desenvolvendo o pensamento

lógico, dedução, reconhecimento do todo através de uma parte, atenção e

observação, nomeação e discriminação visual com a cuidadosa interferência

do docente.

O corpo e as atividades sensoriais são fontes de desenvolvimento da

inteligência. Os conceitos são construídos criativamente pela inteligência

humana, não fazendo parte do mundo físico e, portanto não podem ser

fornecidos aos educandos por meio de linguagem verbal.

Para desenvolver a capacidade de avaliar, é preciso antes desenvolver a

capacidade de observar e enriquecer as possibilidades de comparação,

aumentando os referenciais que o educando tem. É importante estimular a

fazer interferências e em seguida constatar sua veracidade, trabalhando o

pensamento, destreza, observação e dedução.

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O hábito de planejar atividades pode ser estabelecido desde cedo se

estimular o educando a fazer planos e a procurar executá-los, pois estabelecer

um planejamento prévio dá uma sensação de dever cumprido e eleva a

autoestima, construindo o sentimento de competência, mesmo não

conseguindo o resultado esperado, pois só a experiência de haver tentado e de

ter encontrado alternativas é bastante enriquecedora.

A autoimagem positiva contribui para o desempenho social da criança, e

o desenvolvimento da cooperatividade contribui para a formação de uma

autoimagem positiva.

O contato com a representação gráfica da realidade, o prazer em

reconhecê-la, expressos de forma significativa, fazem parte do despertar da

motivação para a leitura, sem estar motivada para compreender o que está

escrito, o educando não irá pesquisar nem descobrir o significado das coisas

escritas.

O diálogo é um fator muito importante para que o educando se

sociabilize, e ele deve ser estimulado pelo docente. Manifestar opiniões, ouvir o

que os colegas pensam, saber o que os outros presenciam são formas de

alargar os horizontes e de elaborar emoções.

Brincar, correr, cantar são atividades naturais que dão prazer ao

educando e que trazem em si mesma a recompensa desejada. É importante

não estimular a competitividade em situações nas quais o simples prazer de

participar é o bastante.

A comunicação pode acontecer através da linguagem corporal, que são

os gestos, as expressões faciais ou as posturas, os sinais gráficos ou os

desenhos, a fala e a escrita. Ao propiciar atividades que abordem essas formas

de expressão, o educando terá a oportunidade de desenvolver seu nível de

comunicação de diferentes perspectivas.

Somente depois de conhecer as necessidades do educando é que o

docente poderá criar as situações que irão proporcionar aprendizagens,

tornando-se um facilitador do processo.

Segundo a teoria de Piaget, existem dois pontos fundamentais no

processo de aquisição do conceito de número que são a correspondência

biunívoca e a noção de conservação, sendo a base para a compreensão do

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seu conceito as experiências de contagem, a combinação, o agrupamento e a

comparação. Para trabalhar a noção de conservação, podem-se organizar

experiências, por meio das quais o educando perceba que o número de objetos

de um conjunto mantém-se o mesmo, independente da maneira como eles

possam estar dispostos.

Os jogos são também uma boa oportunidade para fazer com que os

educandos se conheçam melhor. Ao final da atividade, pode-se fazer uma

avaliação na qual todos os participantes poderão manifestar sua opinião sobre

o jogo e dizer como se sentiram enquanto participaram.

Analisar o que foi feito, tomar consciência dos procedimentos, discutir

sobre dificuldades e possibilidades são formas de assimilar e expandir o

conhecimento. A tomada de consciência sobre as próprias ações contribui para

o aperfeiçoamento do seu desempenho. A atuação do docente junto aos

educandos é fundamental para levá-los a observar detalhes significativos e

para ajudá-los a estabelecer relações de causa e efeito, tendo um papel de

muita responsabilidade como animador do processo de conscientização dos

seus educandos.

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CONCLUSÃO

O presente estudo remete a uma reflexão sobre o processo de

aprendizagem em crianças de 6 a 9 anos, tendo a Psicomotricidade, a

Neurociência e a Psicopedagogia interrelacionadas , propiciando oportunidades

para um melhor desenvolvimento global do indivíduo, permitindo o

enriquecimeno das práticas educativas, contribuindo para o sucesso escolar.

É possível afirmar que a Neurociência tem contribuído com a práxis

docente com suas novas abordagens, indo de encontro com os referenciais

teóricos que até aqui orientaram a compreensão do desenvolvimento cognitivo

e as práticas educativas ainda vigentes. O avanço nas parcerias disciplinares

traz um novo olhar também às praticas profissionais, tornando-se mais

promissoras.

Sendo assim, um projeto educativo comprometido com a

democratização social e cultural da escola tem a função e a responsabilidade

de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos

necessário para o exercício da cidadania. Esse é um direito inalienável de

todos, pois o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de

plena participação social, sendo através dela que o homem se comunica, tem

acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói

visões do mundo, produzindo seu conhecimento.

Para estabelecer articulação entre a teoria, que pertence ao universo

epistemológico, e a prática que faz parte do universo pedagógico, faz-se

necessária à eliminação das barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas

que pretendem desenvolvê-las, para que haja assim, uma mudança de

concepção do processo educativo, através da prática interdisciplinar.

Os estímulos precedem a aprendizagem, portanto, para ensinar é

necessário promover estímulos. Na sala de aula, o docente não pode se

restringir a trabalhar apenas os conteúdos. O desenvolvimento é emocional,

cognitivo e motor, determinados por fatores orgânicos e sociais.

O desenvolvimento cognitivo não é estanque, mas está sujeito aos

estímulos dos processos de aprendizagem, pela mediação afetiva. Para Cunha

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(2012, p.36): É relevante a instrução pedagógica em um ambiente propício,

saudável e de interação com o aluno, pois aprendemos melhor quando

amamos. O afeto estimula a fixação para o acréscimo de novas informações e

a evocação para a revivencia dos traços anteriores assimilados. O cérebro é

afetivo-emocional, onde as emoções são organizadas, em regiões

interconectadas, dando equilíbrio ao comportamento humano. Elas ajudam ao

aprendente na concentração, na atenção, no registro, na lembrança e

prioritariamente, no prazer de aprender e ensinar, estabelecendo vínculos

educativos entre o docente e o aprendente.

Do ponto de vista psicopedagógico há o avanço na busca pela

compreensão dos processos de aprendizagem e a conscientização de muitos

profissionais a se tornarem mais sensíveis ao tempo do outro, ajudando-os a

perceber que cada aluno é um ser individualizado e que deve ser levado em

consideração de acordo com as suas relações sociais, familiares, cognitivas e

escolares.

Portanto, contribuir para o desenvolvimento cognitivo harmônico é

investir no sucesso do processo de aprendizagem do cérebro social,

compreendendo a recepção de informações e procedimentos relacionados à

memória, atenção, criatividade, expressão motora, linguagem, emoção e

afetividade, colaborando na construção social do eu com o outro, em crianças

entre 6 a 9 anos, podendo promover o desenvolvimento e a reabilitação,

reconhecendo e respeitando antes de tudo as possibilidades reais do

educando.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A Psicomotricidade e a sua Complexidade no Desenvolvimento Humano 10

1.1. A Afetividade e as Principais Correntes 13

CAPÍTULO II

A Afetividade na formação integral e significativa do ser em uma abordagem Neuropedagógica 17

2.1. Neuroplasticidade e a Aprendizagem 23

CAPÍTULO III

A ação Psicopedagógica com contribuições da Psicomotricidade: uma linguagem neuromotora 28

3.1. Metacognição e a Aprendizagem 29

3.2. Os Orgãos Sensoriais e a Aprendizagem 30

3.3. A Práxis Docente 31

CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 41