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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU OS MODELOS ALTERNATIVOS DE EDUCAÇÃO ORIENTADORA: Prof. Maria Esther de Araújo Rio de Janeiro 2017 Rosângela Francisca dos Santos DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

OS MODELOS ALTERNATIVOS DE EDUCAÇÃO

ORIENTADORA: Prof. Maria Esther de Araújo

Rio de Janeiro 2017

Rosângela Francisca dos Santos

DOCUMENTO P

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UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

OS MODELOS ALTERNATIVOS DE EDUCAÇÃO

Rio de Janeiro 2017

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em (Administração e Supervisão Escolar). Por: Rosângela Francisca dos Santos

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos e parentes, clientes, fornecedores, ao

estágio etc.

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DEDICATÓRIA

À Amaury Ferreira dos Santos e Nilda Francisco

meus pais, in memorian. Ele exemplo de retidão

de caráter e bondade. Ela uma lição de coragem,

superação e alegria. Procurando seguir seus

passos, o meu eterno agradecimento pela

oportunidade de ter trilhado esta jornada com

vocês.

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RESUMO

Vamos tentar expor, neste trabalho, alguns modelos alternativos de

educação que surgiram ao longo das décadas, contrapondo-se ao modelo

tradicional de educação.

Para melhor entender os desdobramentos da educação dentro dos

acontecimentos e às condições educacionais de cada época, nos reportaremos

à eras anteriores, à educação sofisticada da Grécia e o predomínio da

educação religiosa e dogmática da Idade Média. Ao Surgimento da burguesia

e o retorno aos ideais gregos, através dos movimentos Humanistas e

Renascentistas

Acompanhando essas transformações surgiram algumas correntes

pedagógicas na filosofia, sociologia e psicologia trazendo uma educação

baseada na percepção do respeito ao ser humano e à natureza, o

reconhecimento às diversidades: sejam elas culturais, étnicas, filosóficas e

ambientais.

Os pensamentos filosóficos construídos à época apontavam a

carência de meios para produção de processos na construção do saber. A

partir de então foram desenvolvidos diferentes métodos de investigação e

estudo perante o desafio que representava o acesso ao conhecimento:

racionalismo, empirismo, materialismo dialético, foram alguns dos caminhos

trilhados. A existência de um método para se obter o conhecimento correto

levava a concluir pela existência, também, de um método para ensinar de

forma mais rápida e segura.

Ao longo deste estudo serão apresentadas algumas dessas

correntes e seus idealizadores. Mostrando as teorias e os métodos utilizados

na implantação dos modelos alternativos de educação e suas experiências

para que se iniciem os processos necessários à transformação no

comportamento cognitivo, moral e ético do educando atual.

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METODOLOGIA

O início da coleta de informações e subsídios para discorrer sobre o

tema da educação alternativa seguiu o método tradicional: a leitura de livros

sobre o assunto nos livros: Comênio: A Emergência da Modernidade na

Educação, João Luiz Gasparin; Comenius a Construção da Pedagogia,

Sergio Carlos Covello; História da educação e da pedagogia, Maria Lúcia de

Arruda Aranha; História da educação, Giancarlo Moser; História da

educação de Confúcio a Paulo Freire, Claudino Pillet; A História da

Educação através de Textos e Educação, Maria da Gloria Rosa; Educação,

Espiritualidade e Transformação Social, Dora Incontri e A Pedagogia

Waldorf – Caminho para um Ensino Mais Humano, Rudolf Lanz entre outros.

Á proporção que avançávamos surgiu a necessidade de consultar

outras fontes, como matérias jornalísticas na web: Metro jornal de São Paulo: A

educação alternativa começa a dar frutos, de Carlos Minuano, publicado em

16/09/2014 e Pedagogias alternativas, da Pais & Filhos, escrito por Palmira

Simões, em 18/04/2016.

Consultas na web: wikipedias e aos sites específicos de cada

personalidade citadas no tema e Youtube, referentes aos vídeos: Alternativas

de ensino na educação brasileira - Caminhos da Reportagem, TV Brasil ,

Quando sinto que já sei, Despertar Filmes, Escolas Inovadoras | Episódio

01: Projeto Âncora, Canal Futura,

E-mail das Escolas: Waldorf Querência, Escola Inkiri e Cidade

Escola Ayni.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O Desenvolvimento da Pedagogia Moderna 11

1.1. O Surgimento do Método dentro da Educação 11 1.2. Os educadores e seus métodos de conhecimento 13

CAPÍTULO II

Os Modelos Educacionais 20

2.1. Teorias e Práticas 20 2.1.1 Construtivismo 20 2.1.2. Sócio Construtivismo 23 2.1.3. Pedagogia Waldorf 25 2.1.4. Pedagogia Montessouri 26

CAPÍTULO III

As Experiências da Educação Alternativas 29

3.1. Experiências Waldorf 29 3.2. Experiências Montessouri 31 3.3 Experiências Independentes 32

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41

ANEXOS 42

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INTRODUÇÃO

Quando o tema é educação um leque de possibilidades se abre para

conhecimentos e análises. Aqui vamos tentar expor alguns modelos

alternativos de educação que surgiram ao longo das décadas, contrapondo-se

ao modelo tradicional de educação.

É notório e incontestável que a educação surgiu a partir da

necessidade de prover conhecimento ao indivíduo, para que este pudesse, a

partir dessa aprendizagem, fazer a humanidade caminhar, possibilitando a

descoberta de novas experiências. Mas ao longo de sua trajetória a educação

foi sofrendo transformações sob influências de interesses econômicos próprios

de cada época.

Assim o conceito de educação, como o conhecemos hoje, teve início

na Grécia Clássica, considerada o berço da pedagogia. Com o sentido

ampliado, pelo tempo, mais a contribuição de diversos estudiosos e o

surgimento de novas teorias, a palavra “pedagogia” passou a designar toda a

reflexão realizada sobre a educação. Foram os gregos os primeiros a traçar e a

executar ideias sobre as práticas pedagógicas e a colocarem a educação como

problema, dando início a historia da educação, com segmento na nossa

realidade educativa atual.

Na Idade Média, do século V ao século XIV, a educação se dava

através das instituições católicas, únicas delegadas a ensinar e de onde

partiam os modelos educativos e as práticas de formação. A educação foi

estabelecida como instrumento para um fim considerado maior: a salvação da

alma e a vida eterna. A interpretação dos textos sagrados, servia como

incentivo a preservação dos princípios religiosos, o combate a heresia e à

conversão dos infiéis.

No início do século XI, O desenvolvimento comercial altera o cenário

econômico e social e motiva o nascimento de uma nova classe social: a

burguesia, formada por comerciantes. Surge, então, um ensino não religioso

voltado para novas necessidades: as causas úteis da vida, um ensino prático,

voltado para a assimilação das coisas diárias.

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O declínio da Idade Média e a passagem para a Idade Moderna, foi

acompanhada de grandes mudanças na Europa que iriam provocar novas

concepções pedagógicas e formação educacional. A ascensão da burguesia

trazia consigo novas exigências estruturais às políticas nacionais que abrangia

a religião, a ciência, a construção do homem e a Pedagogia. Deflagrando o

Renascimento, movimento que retomou os textos da cultura greco-romana e

queria , acima de tudo, conhecer, estudar e aprender os textos clássicos tendo

por objetivo, o conhecimento de outros modos de pensar, como reflexão,

dentro do contexto da época. O Renascimento trouxe a valorização da pessoa

humana como centro das reflexões; com suas qualidades e virtudes a serem

despertadas. Foi marcado pela adoção de métodos experimentais, de

observação da natureza e pelo ideal da universalidade.

No século XVIII, a pedagogia iluminista, foi marcada por uma

pedagogia política, centrada no esforço de tornar a escola leiga e em estender

a razão como crítica e guia aos campos da experiência; achava um símbolo do

conhecimento legítimo o poder ser colocado à prova; formou duas teorias

fundamentais para a cultura moderna e contemporânea: os conceitos de

tolerância e de progresso. Sem dúvida o Iluminismo serviu como modelo do

mundo contemporâneo pelo impulso aplicado à ciência e a laicidade (não-

religiosidade). É dentro desse contexto, impulsionadas por essas

transformações, que surgiram algumas correntes pedagógicas na filosofia,

sociologia e psicologia que trouxeram propostas para uma educação baseada

na percepção do respeito ao ser humano e não humano; o reconhecimento às

diversidades: sejam elas culturais, étnicas, filosóficas e ambientais.

Fundamentando como forma mais eficaz de transformação a educação

baseada no amor e na liberdade; levando ao conhecimento do educando os

ensinamento de forma igualitária, sob todos os aspectos, permitindo-lhes o

questionamento e elucidando-os sob as várias vertentes desde os conceitos

econômicos, sociais e individuais até os religiosos, onde deverão valorizar o

ser e não o ter.

Como foi possível observar a educação foi direcionada ao sabor das

necessidades das classes dominantes, ao longo das décadas até os dias

atuais, sem consultar e priorizar o seu principal elemento: o alunado e sua

capacidade de aprendizagem

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Nossa proposta é apresentar algumas práticas educativas

diferenciadas como alternativa ao processo atual: sistematizado e mecânico

que estimula a obediência, a competitividade passiva e a cultura do ter na

formação dos jovens.

Na continuidade deste estudo serão apresentadas algumas

correntes educacionais com seus idealizadores e propostas, mostrando as

teorias e os métodos utilizados na implantação dos modelos alternativos de

educação e suas experiências como processos de transformação no

comportamento cognitivo, moral e ético do educando atual.

Acreditamos que essa transformação deve ser estrutural e se dar no

início da base do ensino, na reformulação da visão escolar, junto aos alunos,

oferecendo um ambiente favorável e interessante para que estes sintam-se

valorizados e estimulados na aprendizagem e também nas práticas da

solidariedade, cooperação e respeito mútuo, para que possa tornar-se um

adulto ético, crítico e responsável.

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CAPÍTULO I

O DESENVOLVIMENTO DA PEDAGOGIA MODERNA “ As revoluções morais, como as sociais, se infiltram pouco a pouco nas ideias, germinam durante séculos, explodem de repente e fazem desabar o edifício apodrecido do passado, que não está mais em harmonia com as novas necessidades e aspirações” RIVAIL, Profº Hippolyte Léon Denizard, 1828.

1.1. O Surgimento do Método dentro da Educação

Pode-se dizer que a moderna Pedagogia surge no século XVII,

como resultado de uma verdadeira revolução filosófica e científica que então

ocorre na Europa. Filósofos como Francis Bacon (1561-1626), na Inglaterra, e

René Descartes (1596-1650), na França, desempenharam papel relevante

nesse contexto ao investigar a teoria do conhecimento e ocupar-se com o

problema do método, isto é, com os procedimentos da razão na investigação

da verdade ARANHA (2010). Bacon, vivenciando uma época efervescente do

ponto vista político, econômico e social, compreendeu que, o conhecimento é

o poder de saber e coloca como critério da verdade a experiência. Preocupa-se

com a evolução da ciência buscando sempre o progresso e o progresso,

sempre pensando no domínio sobre a natureza, levando também ao

desenvolvimento social. A vontade de Bacon era a de impulsionar nova

organização na posse do conhecimento humano, baseando-se em um novo

conhecimento científico foi partilhado por educadores, filósofos e estadistas de

seu tempo. À educação escolar caberia assegurar a disseminação deste novo

conhecimento que, devidamente unificado, estaria ao alcance de todas as

crianças. Segundo Bacon O único método que poderia ajudar o homem a

dominar a natureza, seria o método empírico indutivo, pelo qual se parte de

dados particulares para chegar aos conceitos gerais. ARANHA (2010).

Descartes, compartilhando da ideia do potencial da razão humana,

rompe com as tradições tentando buscar a construção de um método.

Sistematizando um conjunto de ideias, fundamentada na ciência e na tecnologia. Com a ciência visando, agora, ao conhecimento teórico, e,

principalmente, à aplicação da prática, associada à ideia de interferir nela,

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conhecendo e apropriando-se dela. Os recentes propósitos científicos não

servem somente à observação da verdade, mas, sobretudo, ao desempenho

do poder humano. Aparecem na obra cartesiana certas ideias e concepções

que vão distinguir toda uma época filosófica, que vai sistematizar uma nova

forma de pensamento, tornando Descartes no pai do racionalismo. Em sua

obra Discurso do método (1637), processo pelo qual a razão atinge a verdade,

utilizou o recurso da dúvida metódica. Onde, para tentar direcionar a mente

humana , coloca-se uma ideia em dúvida, submetendo-a a observação, para só

depois começar a analisa-la. As coisas são examinadas em separado: a

separação do mais simples para o mais complexo, após a revisão do que foi

analisado. Descartes foi obcecado pelas formas seguras de se chegar ao

conhecimento, e diz: “ Se tudo pode ser colocado em dúvida, então devemos

confiar na própria dúvida”. Nesse processo contínuo da dúvida atingiu a

primeira ideia: “ se duvido penso” e “Se penso logo existo”. É o pensamento

que vai nos levar a existência e o sentido das coisas. Logo, quanto mais se

duvidar, mais afirma-se a máxima, dando reforço à experiência de se duvidar

de tudo, menos da própria dúvida (ou ato de duvidar). Assim não podemos

admitir como certo nada que, antes, não tenha passado pelo crivo de nossos

pensamentos, o que implica que não podem ser fundamentados em crenças,

pré-julgamentos ou pré-conceitos e, principalmente, o resultado desse

processo não deve conter nenhuma dúvida. Na realidade a dúvida é a

primeira certeza no caminho do conhecimento. A doutrina cartesiana, no século

XVII, foi marcada como a “era do método” – o método científico.

Método é uma palavra de origem grega que significa caminho. (Nicola

Abbagnano, 2003, p.668) em seu Dicionário de Filosofia ressalta que “(...)

método indica um procedimento de investigação organizado, repetível e

auto corrigível, que garanta a obtenção de resultados válidos”. De maneira

genérica a expressão “método” refere-se a qualquer procedimento utilizado

para atingir um determinado objetivo. “Também alude às técnicas

empregadas para adquirir conhecimentos a respeito de um tema específico.

De modo mais restrito, o termo alude à ciência que formula regras relativas

a quaisquer procedimentos” (HEGENBERG, 1995, p.137).

Assim, a procura pelo conhecimento real precisa estar apoiada num

método com pilares seguros e inabaláveis . Esse pilar é o pensamento.

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Desta maneira, Descartes introduziu a ideia que a razão, bem

dirigida, basta para encontrar a verdade, sem que precisemos confiar na

tradição e nos dogmas . O espirito humano carrega em si, os meios de

alcançar a verdade se souber cultivar sua independência e conduzir-se com

método . ARANHA (2010). Foram aplicados, na trajetória histórica do

pensamento filosófico, diferentes métodos de investigação e estudo diante do

desafio para se ter o acesso ao conhecimento: racionalismo, empirismo,

materialismo dialético, foram alguns dos caminhos trilhados.

A existência de um método para se obter o conhecimento correto

levava a concluir pela existência também de um método para ensinar de forma

mais rápida e segura. Uma proposta considerada urgente que, nos séculos

anteriores, tinha se delineado as primeiras tentativas de implantação de um

sistema de ensino organizado mundialmente. O educador Wolgang Ratke

(1571-1635) e Comenius (1592-1670), pastor checo, empenharam-se em

desenvolver esse método de ensino, lançando as bases da moderna

Pedagogia. PILETTI (2012)

1.1. Os educadores e seus métodos de conhecimento

Wolgang Ratke, introduziu na educação as ideias de Bacon, apresentando a

pedagogia realista, assim denominada por derivar da expressão alemã Realien:

fatos e coisas reais, isto é, matéria útil, prática, técnica. Procurava modificar

tanto o currículo quanto o método; introduzindo na escola recursos de ensino e

aprendizagem como: a observação, a experimentação e a demonstração.

PILETTI (2012). Apoiava seus métodos em algumas das seguintes ideias: que

o aprendizado deve partir do simples para o complexo, aprendendo uma coisa

de cada vez , até a compreensão total do assunto e repetição do aprendido,

sem regras e coação do mestre, aprender tudo por experiência e indução, entre

outras. Na ordem moral e social, a pedagogia realista cultiva o espirito de

tolerância, de respeito à individualidade do educando e de fraternidade entre os

homens. PILETTI (2012).

Jan Amos Komensky, mais conhecido como Comenius, bispo protestante,

com relevância religiosa, conheceu as ideias de Bacon e Ratke no curso de

teologia e, sob esta influencia, promoveu várias reformas pedagógicas;

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enfatizou a distribuição do tempo escolar com atividades constantes

procurando desenvolver o raciocínio do aluno entremeando o ensino com

diálogos do corpo e a necessidade tanto dos discentes quanto dos docentes,

para possuir outras atividades. Comenius tinha o projeto de pansofia e

pampaedia – sabedoria do todo e ensino para todos. Ele desejava unir

pesquisa, jogos, músicas e recreações. Segundo GASPARIN (2011),

Comenius defendia a necessidade da educação das crianças em idade tenra,

aconselhando, então , a construção de escolas maternais; assim as crianças

teriam a oportunidade de conquistar, cedo , saberes básicos passíveis de

desenvolvimento posterior. Na convivência, mestre e aluno, seriam

contempladas as potencialidades e os interesses da criança. A disposição do

tempo e do currículo conteria a observância aos seguintes limites: da

experiência (ciência), da razão filosófica e da revelação religiosa para uma

assimilação unitária, orgânica, total da realidade. Ele desejava que esse

conhecimento fosse possibilitado a todos os seres humanos. Ensinar tudo e

todos – visando que a humanidade se organizasse dentro de valores fraternos

e de paz – era seu objetivo. Considerado o primeiro grande nome da moderna

história da educação, sua obra de maior relevância, Didactica Magna, dá

início à sistematização da pedagogia e da didática no mundo ocidentel. No

livro, Comenius principia uma racionalização que abrange todas as ações da

educação: da teoria didática aos problemas diários da sala de aula. A prática

escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. Sob influência de

Francis Bacon , Comênius achava que a remissão da alma poderia ser atingida

no decorrer da vida terrena com a contribuição da ciência. Para ele, o ser

humano correspondia ao ideal de perfeição. Comênius acreditava que, por ser

dotado de razão, é possível ao homem o entendimento de si próprio e de

todas as coisas. Logo, precisa se disponibilizar a aprender e a ensinar .

GASPARIN (2011)

Jean-Jacques Rousseau, (1712-1778), filósofo suíço , acreditava que o

homem é essencialmente bom , mas a sociedade o corrompe. A partir daí,

investigou como a sociedade limita as potencialidades do ser humano

desvirtuando-as, e de que maneira se poderia reverter este quadro. De acordo

com MOSER (2011), Rousseau considerava a criança como um ser superior ao

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adulto porque possui uma inocência infantil e natural, e tem em si a condição

original de existência humana. Ele era contra as rotinas tradicionais da época,

seu ideal pedagógico consistia na preservação da liberdade que era natural da

criança, promovendo, posteriormente, a liberdade moral. Era imprescindível

para ele que o contexto fosse mudado, com respeito às crianças e

prevalecendo o contato das mesmas mais próximo a natureza, longe dos

interesses dos adultos e da injustiça. Segundo Rousseau, o contra-senso

revela-se o motor de um pensamento que não deve apenas se contentar com

fórmulas prontas e perfeitas, mas sim, sempre buscando o questionamento,

uma nova forma de pensar e agir. MOSER (2011).

Johann Heinrich Pestalozzi, ( 1746 - 1827) pedagogista suíço e educador

pioneiro da reforma educacional. Pestalozzi começou pelo confronto entre as

práticas educativas em voga e o desenvolvimento natural da criança.

Acreditava que a educação deveria desenvolver na criança os elementos do

poder plantados pela natureza, fornecendo-lhe, os objetos (materiais)

experimentais indispensáveis à prática dessas capacidades (competências). A

lição objetiva ou de coisas era a essência do método, usado como base para o

completo desenvolvimento mental da criança. O propósito fundamental era

analisar os conhecimentos numa dada direção até os seus elementos mais

simples, como se apresentavam naturalmente a atenção da criança. Esses

deviam ser adquiridos em seu real sentido por meio de um processo de

observação ou impressão dos sentidos. A educação concebida por Pestalozzi é

apenas o desenvolvimento orgânico do indivíduo (moral, mental e físico).

Definindo mais tradicionalmente, a educação é o desenvolvimento natural,

gradual e em harmonia com todos os recursos e capacidades do ser humano.

Procurava aperfeiçoar suas teorias a partir da aplicação das práticas,

(realizações) objetivando o desenvolvimento da educação pública, pois

julgava que a renovação educacional consistia na real questão social. PILETTI

(2012). Pregando a democratização da educação, influenciou os governantes

de seu país, fazendo com que esses se interessassem pela educação das

crianças menos favorecidas. Ele, via, no lar, a mais perfeita instituição de

educação para o desenvolvimento moral, político e religioso , sendo a escola,

planejada por Pestalozzi , uma extensão desse lar inspirando-se no ambiente

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familiar e proporcionando uma atmosfera de confiança e afetividade. Precursor

da pedagogia moderna, Pestalozzi, fundou escolas e exerceu grande

influência em todas as tendências educacionais. Para ele a educação do

homem é o resultado puramente moral. O educador não lhe dá novos poderes

e faculdades, mas lhe fornece ânimo e vitalidade. Ele cuidará apenas de que

nenhuma influência negativa traga distúrbios à marcha de desenvolvimento da

natureza. Antecipando-se a Escola Nova, movimento que surgiu nos idos do

século 19 para o século 20, Pestalozzi atestava que a principal função do

ensino é o desenvolvimento das habilidades naturais e inatas das crianças.

ARANHA ( 2010).

Friedrich Wilhelm August Fröbel, (1782-1852), pedagogo alemão;

profundamente religioso desejava manifestar sua união com Deus e também

defendia o desenvolvimento genético. Reconhecido, atualmente, como um

grande reformador educacional do século XIX. Suas ideias de amor à criança e

à natureza, reformularam a educação infantil. Sua pedagogia foi baseada nos

conceitos de atividade e liberdade. Froebel , embora influenciado por

Pestalozzi formulou seus próprios princípios educacionais, em 1837, ao abrir o

primeiro Jardim de Infância, tratava as crianças como plantinhas de um grande

jardim e o professor como jardineiro. Nele a criança se expressava através das

atividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo. Froebel

dedicou sua vida à fundação de jardins de infância, à formação de

professores, de procedimentos, e equipamentos necessários às instalações.

PILETTI (2012). Para ele, o desenvolvimento se dava seguindo as etapas: da

infância, da meninice, da puberdade, da mocidade e da maturidade. Todas

estas fases eram igualmente importantes e observava a gradação e o

seguimento do desenvolvimento e a unidade das etapas de crescimento. O

primeiro educador a dar ênfase ao brinquedo, a atividade lúdica como fator

determinante e a real compreensão da representatividade familiar no

relacionamento humano. A melhor contribuição de Foebel para a pedagogia

moderna, foi mostrar o ser humano como um ser naturalmente dinâmico e

produtivo, e não meramente articulável, receptivo e depositário. A maior tarefa

da educação é auxiliar o homem a conhecer si mesmo, para viver (vivencia)

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em paz com a natureza e em união com Deus. Denominando como educação

integral. PILETTI (2012).

Jean William Fritz Piaget, ( 1896 - 1980) epistemólogo suíço, precursor no

âmbito da inteligência infantil; dedicou-se, profissionalmente, a interagir e

estudar as crianças e seu processo cognitivo. Esses estudos foram

impactantes nos campos da Psicologia e Pedagogia. ARANHA (2010). É

considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Jean Piaget

fez uma revolução às concepções de inteligência e de desenvolvimento

cognitivo a partir de estudos tendo a observação por base e em entrevistas

com crianças. Examinando a natureza e a gênese do conhecimento nos seus

processos e etapas que se desenvolvem, através da minuciosa observação de

seus filhos, de crianças francesas e também deficientes mentais, sobre as

características do pensamento infantil . Piaget elabora uma teoria da evolução

progressiva do conhecimento através de estruturas de raciocínio onde umas às

outras são substituídas por meio de estágios. Com isso ele impulsionou a

Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de

desenvolvimento cognitivo no ser humano: os estágios sensório-motor, pré-

operacional (pré-operatório), operatório concreto e operatório formal. Para

Piaget as próprias crianças tem participação ativa na construção de seu

conhecimento, participando e testando, criativamente, suas teorias sobre o

mundo. Ele gerou uma concepção em relação às crianças que é utilizada como

fundamento de algumas linhas educacionais atualmente. Suas teorias buscam

implantar nos espaços de aprendizagem um método novo que tem por meta a

formação de indivíduos criativos, críticos e afetivos. MOSER (2011).

Lev Vygotsky (1896-1934) , psicólogo bielo-russo dava grande importância às

relações sociais e via o ser humano como um ser formado na relação com a

sociedade. Em suas análises sobre o desenvolvimento cognitivo, somente as

primeiras funções psicológicas são distinguidas como reflexos. Os métodos

psicológicos de maior complexidade formam-se e desenvolvem-se pelo

aprendizado. Entre essas funções mais complicadas é possível encontrar a

consciência e o discernimento. A mediação é um dos elementos decisivos para

o desenvolvimento da aprendizagem. De acordo com a teoria de Lev Vygotsky,

toda ligação do sujeito com o mundo é realizada por intermédio de

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instrumentos técnicos que traz em seu poder conceitos solidificados através da

cultura pertinente ao sujeito. MOSER (2011). Segundo Vygotsky, o contato

inicial infantil com atividades novas, aptidões ou informações necessita do

apoio de um adulto. Ao internalizar um método, a criança "apodera-se" dele,

tornando-o espontâneo e autônomo . A transmissão de conhecimento, para

Vygotsky, precisa adiantar-se ao saber que o aluno ainda não assimilou e é

incapaz de um aprendizado sozinho, já que, na vinculação entre aprendizado e

desenvolvimento, a aprendizagem vem antes. É comum dizer que Vygotsky

antecipa o desenvolvimento e que não há condições de aprender e se

desenvolver sem passar por esses processos. Um processo que primeiro é

interpessoal e depois intrapessoal. Eles são interligados e é necessário ter

interação. É necessário sair da zona de conforto real e ir em busca da zona

potencial. Esse espaço entre a zona real e a zona potencial é chamada de

zona proximal. Potencial este demonstrado na capacidade de desenvolvimento

de competências com o auxílio de pessoas com pessoas com mais

experiência. MOSER ( 2011).

Maria Montessori (1870-1952) pedagoga italiana valorizava a educação

pelos sentidos e pelo movimento para estimular a concentração e as

percepções sensório-motoras da criança. ARANHA (2010). Os principais

objetivos individuais seriam: ir de encontro a uma posição no mundo, produzir

um trabalho prazeroso e nutrir paz e fortificação interiores para ter a

capacidade de amar. Montessori criou um sistema pedagógico com o objetivo

de por em prática sua teoria. Ao perceber na criança enormes possibilidades e

seu grande valor para a humanidade, Montessori começou a analisá-la com

mais proximidade, procurando um meio de colaborar com seu processo de

desenvolvimento. Pioneira ao identificar que a criança alcança conhecimentos,

agindo por meio de uma série de atividades de dificuldade gradativamente

crescentes. ROSA (2009).

Rudolf Steiner (1861–1925) filósofo, cientista e também artista, Rudolf aborda

a educação de forma holística integrando o desenvolvimento físico, espiritual,

intelectual e artístico dos alunos. A meta é o desenvolvimento de indivíduos

livres, integrantes, social e moralmente competentes e responsáveis. Assim, o

estudo precisa estar receptivo às diversas particularidades de cada sujeito. O

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objetivo fundamental desta pedagogia é o desenvolvimento do caráter de

modo integral e equilibrado , encorajando o despertamento na criança e no

jovem através da limpidez de raciocínio; estabilidade emocional; e iniciativa no

agir. LANZ ( 2016). O desejável é que as aulas signifiquem uma preparação

para a vida. Empenho em desenvolver os dotes indispensáveis para os jovens

florescerem sabendo tratar com as rápidas e incessantes transformações do

mundo de forma criativa, flexível, responsável e sendo capaz de

questionamentos. Compreende-se a necessidade do jovem ser articulado e

competência de se comunicar claramente, expandindo e considerando o que

as pessoas têm a dizer e encontrando a melhor maneira de mostrar suas

idéias ao mundo. LANZ ( 2016)

Burrhus Frederic Skinner, convicto da possibilidade de controlar e moldar

a conduta humana, Skinner é o representante mais notório do behaviorismo,

corrente predominante de pensamento e prática na área da psicologia,

educação e consultórios, do século XX, até os anos de 1950.O behaviorismo

delimita seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), adotado como um

conjunto de respostas dos organismos às ações externas. Sua regra é que

somente há possibilidade de teorizar e agir sobre o que foi cientificamente

observado. Assim, são rejeitados conceitos e classes principais para outras

tendências teóricas, como consciência, vontade, inteligência, emoção e

memória - os estados mentais ou subjetivos. PILETTI (2012). Baseando suas

hipóteses no exame das condutas observáveis, Skinner dividiu o método de

aprendizado em respostas operantes e estímulos de reforço, o que levou ao

crescimento das técnicas de alteração do modo de proceder em sala de aula.

Estudou o procedimento em relação aos reforços positivos (recompensas)

contra reforços negativos (castigos). O condicionamento operante é um

mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar

condicionado a associar a necessidade à ação. PILETTI (2012).

O condicionamento operante é um processo que recompensa uma

resposta específica de um sujeito até deixa-lo, sob condicionamento, a

associar a necessidade à ação. MOREIRA (1995).

É possível observar que houve por, parte da maioria dos

educadores dessa época, uma tentativa de ruptura com os dogmas e práticas

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da educação estabelecida na Idade Média. Mas também é possível detectar

que instituiu-se em suas linhas de pensamento, uma preocupação crescente

para além da aprendizagem cognitiva dos alunos: a procura de estabelecer um

meio de possibilitar a estes, primeiro o conhecimento moral, o de sua própria

natureza e de suas possibilidades.

De acordo com os educadores seria possível aumentar a

interiorização do aprendizado por meio da experimentação e convivência

afetiva e pacífica baseada no respeito mútuo. Valores intrínsecos de qualquer

religião.

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CAPÍTULO II

OS MODELOS EDUCACIONAIS “Não há, basicamente, em nenhum nível, uma educação que não seja a auto educação. (...) Toda educação é auto educação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade, apenas o ambiente da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior”. STEINER Rudolf, 1923.

2.1. Teorias e Práticas

O debate de ideias, em torno da melhor forma de passar o

conhecimento, tendo como objetivo o rompimento com o sistema vigente, à

época, proporcionou o surgimento de práticas pedagógicas inovadoras que se

sobressaíram às demais. Algumas se propagaram e estão sendo adotadas até

os dias atuais.

Para melhor compreensão, apresentaremos a seguir os

desdobramentos das ideias e convicções dos filósofos que transformaram-se

em práticas educacionais diferenciadas, objeto do nosso estudo.

2.1.1 Construtivismo

O construtivismo, desenvolvido por Jean Piaget, é uma teoria de

aprendizagem, reconhecida como corrente pedagógica, cujo principal ponto é

o entendimento da obtenção do aprendizado vinculado com a interação do

indivíduo com o meio. Procura instigar a curiosidade, estimulando o aluno a

encontrar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua

interação com a realidade e com os colegas. Piaget não elaborou um método

pedagógico, mas organizou instrumentos teóricos que propicie liberdade de

pensamento e ação para jovens e crianças. PILETTI (2012). Na essência

Piaget ensina que a observação, cuidadosa, da forma com que o conhecimento

se desenvolve nas crianças, é possível entender melhor a natureza do

conhecimento humano. Suas pesquisas sobre a psicologia do desenvolvimento

e a epistemologia genética tinham como alvo entender a evolução do

conhecimento; nelas deixa claro que as crianças não raciocinam como os

adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da

maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante a dois mecanismos:

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assimilação, que consiste em incorporar objetos do mundo externo a

preexistentes esquemas mentais, já a acomodação refere-se a modificações

dos sistemas de assimilação por influência do mundo exterior . Em sua teoria

da evolução do conhecimento progressivo, ele reconhece quatro estágios de

progresso mental de uma criança. Cada estágio é uma fase onde o pensar e o

comportamental infantil é caracterizado por um estado específico de

conhecimento e pensamento. A seguir os quatros estágios:

Sensório Motor (0-2 anos) : As assimilações dos bebês ao meio, são

essencialmente individuais; noção de objetos, espaço, causalidade e tempo;

Inteligência prática (através de ações).

Pré-operatório (2-7 anos) : Faltam algumas condições necessárias ao

verdadeiro diálogo, ou trocas intelectuais equilibradas, dificuldade em colocar-

se do ponto de vista do outro, fato que impede o estabelecimento de relações

de reciprocidade; substituição de um objeto ou acontecimento por uma

representação; estágio da inteligência simbólica; crianças egocêntricas; não há

relações com fatos.

Operatório-concreto (8-11 anos): Nessa faixa se inicia o processo de trocas

intelectuais o que é denominado por Piaget de personalidade, o indivíduo se

submete, voluntariamente, às normas de reciprocidade e de universalidade. A

personalidade constitui para Piaget o produto mais refinado da socialização.

Assim, as operações mentais permitem um conhecimento objetivo dos diversos

elementos presentes na natureza e na cultura. As operações mentais permitem

um conhecimento objetivo dos diversos elementos presentes na natureza e na

cultura. Tem-se o início das operações lógicas; pensamento reversível e a

consolidação de noções de: Classificação, seriação e conservação.

Operatório-Formal (12-14 anos): Auge do desenvolvimento cognitivo ;

noções de Assimilação, acomodação e adaptação e lógica das proposições.

Piaget enfatizou que o desenvolvimento dos valores morais são

construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais

e será durante a convivência diária, com os adultos e outras crianças, que ela

irá construir seus valores, princípios e normas morais que abrange três fases,

denominadas:

-anomia: Significa a falta de objetivos e perda de identidade (próprio das

crianças até 5 anos): quando a moral ainda não se aplica, com as normas de

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conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas. Porém, quando as

regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência do

que se é certo ou errado.

-heteronomia: É a submissão às regras e vontades de outros (presente nas

crianças até 10 anos de idade): o certo é o cumprimento da regra e qualquer

interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta.

-autonomia: O sujeito cria normas próprias, em posição de igualdade. O

respeito a regras é gerado por meio de acordos mútuos. É a realização e

aplicação do desenvolvimento da moral.

No construtivismo, o saber não é passado do professor ao discente: o

aluno é que estrutura o conhecimento, por intermédio da formulação de

hipóteses e da solução de problemas. O objetivo é que o aluno adquira

autonomia. O destaque é o aspecto cognitivo. As matérias são aplicadas numa

relação mais ligadas aos alunos e abrange elementos diversos, como música e

a dramatização. As classes são ordenadas em ciclos. A aprendizagem é

baseada na experimentação e vivência quando em contato com o mundo e

com os objetos. Ideias de proporção, quantidade, causalidade, volume entre

outras, desponta da própria interligação da criança com o meio em que vive.

Esquemas vão sendo formados e permitem agir sobre a realidade de um meio

mais complexo do que seria capaz de fazer com seus reflexos iniciais, e seu

comportamento vai enriquecendo-se incessantemente.

Nesse contexto, o papel do professor é observar o aluno e pesquisar

quais são seus interesses e conhecimentos prévios e a partir dos resultados

dessa investigação preparar conteúdos específicos para que o aluno possa

construir seu conhecimento. O educador deve estar consciente sobre o estágio

de desenvolvimento do aluno, oferecendo desafios compatíveis àquilo que ele

conhece. Ou seja o professor deve ser o mediador do conhecimento, tendo a

convicção que o aprendiz é que produz a aprendizagem. Possuindo

conhecimento que as crianças e jovens seguem ciclos mais ou menos

semelhantes quanto ao desenvolvimento moral, cabe ao docente a

compreensão de que há determinadas formas de tratar com diferentes

situações e faixas etárias. Cabe ao educador, ainda, guiar a criança na

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transição anomia - heteronomia, rumando, naturalmente, à sua própria

autonomia moral e intelectual.

De acordo com a proposição construtivista, avaliar é compreender e dar

valor ao processo construtivo do conhecimento do aluno, o que prioriza uma

avaliação de qualidade e não de quantidade . Através da observação o

educador acompanha o desenvolvimento dos educandos e ajuda-os em suas

dificuldades. A avaliação, na linha construtivista, foi idealizada para que não

houvesse provas; nas escolas, no entanto, é possível adaptar esse conceito às

suas avaliações. O método dá ênfase ao valor do erro não como um obstáculo,

mas como um trampolim na rota do aprendizado. A teoria reprova a

inflexibilidade nos procedimentos de ensino, as avaliações uniformizantes e a

utilização de material didático excessivamente alheio ao universo individual do

aluno. As matérias estão direcionadas para a reflexão e auto avaliação, logo a

escola não pode ser vista como rígida.

Piaget propõe atividades de cooperação, que presume a coordenação

das operações de dois ou mais sujeitos. Elas se iniciam, nas relações entre

crianças, e, uma vez iniciada, a cooperação pela sua convivência com iguais, o

indivíduo tenderá a ter mais motivação e ações que favoreçam as modificações

intelectuais, sociais e afetivas. PILETTI (2012).

2.1.2 Sócio Construtivismo

Uma variação do construtivismo é o sócio construtivismo ou sócio

interacionismo, para alguns. Originário do trabalho do psicólogo bielo-russo Lev

Vygotsky . O especialista atribuía um papel preponderante às relações sociais

na aprendizagem. A teoria de Vygotsky adota uma abordagem inteiramente

diferente, em comparação à abordagem dentro-fora de Piaget. Vygotsky

enfatiza o papel do ambiente no desenvolvimento intelectual das crianças.

Postula que o desenvolvimento procede enormemente de fora para dentro,

pela internalização – a absorção do conhecimento proveniente do contexto.

Assim, as influências sociais, em vez de biológicas, são essenciais na sua

teoria. Na formulação do conceito de zona proximal, Vygotsky demonstrou que

o ensino de qualidade encoraja a criança a atingir a entendimento e habilidade

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que ainda não domina completamente e aquilo que ela tem o potencial de

apreensão - potencial este revelado pela capacidade de crescimento de

aptidões auxiliada por um adulto. Ou seja, a zona de desenvolvimento

proximal é o percurso do que a criança alcança executar só e o que ela está

próximo de chegar a fazer sozinha. Conseguir identificar as duas

potencialidades e empreender o trajeto de cada aluno entre ambas são as duas

essenciais habilidades necessárias a um professor, segundo Vygotsky. O

psicólogo observa que toda aprendizagem amplia o universo mental do aluno.

O estudo de um novo conteúdo não se resume a adquirir uma aptidão ou um

conjunto de informações, mas aumenta as disposições cognitivas infantil.

Assim, por exemplo, ao dominar a escrita, o aluno adquire também

capacidades de reflexão e domínio do próprio funcionamento psicológico.

MOSER (2011).

O sócio construtivismo, trabalha a interação da criança com o meio em que

atua, o valor ao meio ambiente do ponto de vista cultural, isto é, dos

significados culturais que são aprendidos através da participação do educando

e da convivência com os outros. A aprendizagem, mediada, é realizada

observando o meio, em conexão com o que foi revelado e organizando o

conhecimento com os outros. Isto é o professor lança um tema e os colocam à

frente dos problemas para que solucionem com o que já sabem, depois mostra

a necessidade de adquirir novos saberes, que precisarão encontrar de

diferentes modos. É a partir do conhecimento diário que se chega à produção

de conhecimento. Os conteúdos são indicados por temas e não pela ordem

cronológica. São utilizados, alguns materiais como: reportagens, filmes, etc. O

trabalho em grupo e a colaboração são ferramentas-chave.

O papel do educador é atuar como mediador entre o aluno, os conhecimentos

que este possui e o mundo; e deve propor tarefas que desafiem os alunos.Na

avaliação os erros são considerados parte da aprendizagem - pois revela ao

educador como o aluno está raciocinando.

O objetivo é a formação do indivíduo como pessoas mais cooperativas,

compromissadas com o mundo e com o outro, que saibam tanto expor suas

ideias quanto ouvir. Pessoas que, obrigatoriamente, não possuirão um

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conhecimento aprofundado, porém saberão procurar as informações que lhes

faltam. MOSER (2011).

2.1.3 Pedagogia Waldorf

A Pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha, logo depois da primeira

Guerra Mundial, é baseada na Antroposofia ( antropos=ser humano,

sofia=sabedoria) ciência organizada por Rudolf Steiner , que observa o

indivíduo em seus três pontos fundamentais: o físico, a alma e o espírito, em

conformidade com as particularidades e idade de cada um, procurando

integrar o corpo, a alma e o espírito, isto é, entre o refletir, o sentir e o desejar.

O ensino nas escolas é transmitido de acordo com essas características: um

mesmo assunto nunca é aplicado da mesma maneira em idades diferentes. A

cada ciclo os mesmos assuntos são vistos de forma diferente. A instrução

teórica é sempre seguida pela prática, focando as atividades físicas, artísticas

e artesanais, em combinação com a faixa etária dos estudantes. Tanto o

desenvolvimento cognitivo como aperfeiçoamento emocional e a capacidade

de escolha passam a ter atenção igualitária no cotidiano escolar. Com essa

compreensão prevalece o exercício e o crescimento de habilidades e não o

simples acúmulo de informações, desenvolvendo a ciência, a arte e os valores

morais e espirituais imprescindível ao indivíduo. O ponto fundamental da

Pedagogia Waldorf é o de gerar seres humanos competentes de, por si

próprios, dar sentido e direção às suas vidas.

O currículo, orienta-se pela norma basilar da biografia humana, os setênios –

ciclos de sete anos- (0-7/ 7-14/ 14-21) proporciona abundantes vivências,

revezando as lições do conhecimento com as que conduzem-se ao sentir e

agir. Não há repetência, exatamente para que as fases de aprendizados

estejam sintonizadas com a regularidade biológica própria a cada idade.

LANZ(2016)

Primeiro ciclo (0-7): Ênfase no desenvolvimento psicomotor. Etapa dedicada,

essencialmente, às atividades lúdicas, não contém o processo de alfabetizar.

Segundo ciclo (7-14): É proporcional ao ensino fundamental, abrange a

alfabetização e a educação dos sentimentos, visando a maturidade emocional

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dos alunos. Neste estágio, inexistem professores exclusivo para cada matéria,

mas um tutor que se torna responsável por todas as matérias, e dá assistência

á mesma classe pelo espaço de sete anos. O tutor é o referencial de

procedimentos e disciplina para que o aluno tenha a possibilidade de se

espelhar.

Terceiro ciclo (14-21): equivale ao ensino médio, onde o aluno está apto à

exercer a lógica de pensar e construir uma visão crítica do mundo. As

matérias são separadas por períodos, diferente de aulas de disciplinas diversas

durante o dia ou da semana, o aluno tem por quatro semanas uma única

matéria.

Cada turma possui um tutor responsável por todas as disciplinas,

acompanhando a mesma turma por sete anos. "Nós precisamos ser uma

referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar",

fundamenta Alfredo Rheingantz, professor e membro da coordenação da

Escola Waldorf Rudolf Steiner. Na fase que corresponde ao Ensino Médio, as

turmas recebem professores especialistas, porém o tutor permanece com elas.

O processo de avaliação dos alunos é baseado nas atividades

diárias, resultando em boletins descritivos. A progressão dos alunos é exposta,

minuciosamente, em boletins manuscritos, que descrevem as aptidões sociais

e virtudes como persistência, empenho, automotivação e firmeza nas decisões.

O método Waldorf objetiva o desenvolvimento da personalidade do

estudante, fazendo florir nele a nitidez de raciocínio, estabilidade emocional e a

iniciativa de atuação. Consequêntemente, o estudante possui mais

oportunidades de tornar-se um indivíduo adulto saudável e prudente capaz de

agir com convicção no mundo. LANZ ( 2016)

2.1.4 Pedagogia Montessouri

Método Montessori é o conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos criado

ou idealizado inicialmente pela médica Maria Montessori, onde predomina a

educação pelos sentidos e pelo ato de movimento visando incitar a absorção e

as percepções sensório-motoras infantis. O sistema parte do plano de que a

criança tem dons de infinitas potencialidades. Individualidade, atividade e

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liberdade do estudante são as origens teóricas, enfatizando o conceito de

indivíduo como sujeito e objeto do ensino, simultaneamente. De acordo com

Montessouri, o progresso se dá em "planos de desenvolvimento", de maneira

que em cada fase da vida prevalecem algumas características e necessidades

específicas. Não deixando de examinar o que há de particularidade em cada

criança, é possível traçar perfis gerais de comportamento e de possibilidades

de aprendizagem relativo a cada idade, com base em longos períodos de

observação. O ponto relevante do método não é só seu material ou sua prática,

mas a oportunidade criada pelo uso do mesmo como meio de libertar a real

natureza do ser humano, a fim de que esta possa ser examinada,

compreendida, permitindo que a educação seja desenvolvida baseada no

progresso da criança, e não o inverso . ARANHA (2010). a Drª. Montessori, em

direção oposta a outros pensadores educacionais, produziu um método

pedagógico objetivando a aplicação prática da sua filosofia. Dando suporte a

todo o resto, os seis pilares educacionais de Montessori são: a Autoeducação,

a Educação como ciência, a Educação Cósmica, Ambiente preparado, Adulto

Preparado, Criança Equilibrada. Esta entendia por Auto Construção: que,

estruturalmente, a formação do ser humano teria origem em uma força

interior; que acontece a partir do influxo do meio e das fases de

desenvolvimento. Estas fases, de particularidades próprias, foram assim

estabelecidas:

1° Período – Do nascimento aos 6 anos: A própria criança efetiva sua

construção através da exploração e assimilação do espaço que a cerca. Seu

intelecto trabalha a serviço do "externo" e das relações superficiais que existe

entre os objetos e suas qualidades. É um período efetivamente sensorial.

2° Período – Dos 6 aos 12 anos: Nesta fase, o jovem já se mostra capaz de

relacionar os fatos conscientemente, e passa a preocupar-se com o "como" e

com o "porquê" das coisas .

3° Período – Dos 12 aos 18 anos: A vida passa a despertar interesse sob

ponto de vista diferenciado: vai de encontro aquilo que deve fazer, ou seja,

acorda para a problemática das causas e dos efeitos. Sendo o aluno o foco ,

uma vez que a teoria crê que as crianças trazem dentro de si o potencial

criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e encontrem

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um lugar no mundo. Por isso Atribui mais ênfase à auto educação do aluno do

que ao papel do professor como fonte de conhecimento, por acreditar que a

educação é uma conquista da criança. Os professores exercem a função de

guia, direcionando e estimulando o estudante no caminho da aprendizagem.

No aprendizado o método proposto, pela educadora italiana, começa do

concreto em direção ao abstrato. Tem como fundamento a observação de que

as crianças aprendem com mais facilidade experiência direta de procura e

descoberta. Objetivando tornar esse procedimento melhor Montessori

idealizou materiais didáticos que se tornaram um dos pontos mais apreciados

de seu trabalho. Os objetos simples, mas muito atrativos, foram projetados

para desafiar o raciocínio. Os materiais foram refletidos no intuito de prestar

auxílio ao aprendizado de modo geral, do sistema decimal à estrutura da

linguagem. No primeiro período, o Infantil, salienta a manipulação de peças de

formatos, cores e texturas diferentes. No segundo período, o da alfabetização,

com o auxílio de materiais como o alfabeto móvel, emprega-se o método

fonético, em que a aprendizagem começa a partir do som da letra para a

construção da palavra e após o texto. Em uma mesma turma ficam reunidas

crianças com idades diferentes. Assim, nessas salas, os alunos de 5 e 6 anos

aprendem na mesma classe seguindo um único programa. Em seguida eles

vão para as turmas de 7 e 8 anos, e após às de 9 e 10 anos, e, por fim ,

atingem o último estágio, que reúnem jovens de 11, 12, 13 e 14 anos. Os

alunos, até os 10 anos, têm aulas somente com um professor, Ao passo que,

nas classes de 11 a 14, esse docente recebe a companhia de professores

exclusivos para cada disciplina. Para o bom funcionamento do método, as

atividades em duplas, trios ou grupos são estimuladas frequentemente. O

docente tem liberdade de dividir a turma em grupos, por idade e de acordo com

o conteúdo. Quase a totalidade do material didático, como livros e lápis, é

usado coletivamente, em especial, entre os mais jovens.

Esse material foi criado para estimular a vivência do conhecimento por

meio de atividades práticas, onde o aluno pode ser inserido em visitas de

campo e projetos pedagógicos como: "Cozinha Experimental", "Projeto

Leitura", "Professor por um Dia", "Manhã Esportiva" entre outros. A avaliação é

aplicada em todas as tarefas, portanto, inexistem as provas convencionais.

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Os conceitos são concedidos individualmente, após preparação,

pelos professores, de boletins minucioso, especificando as atitudes e

comportamentos dos estudantes. Montessori defendia um entendimento de

educação que não se baseasse, apenas, no acúmulo de informações. A

formação integral do aluno é o principal objetivo da escola: "educação para a

vida". Os métodos elaborados por Montessori empenham-se no

desenvolvimento e no potencial criativo a partir da primeira infância,

combinando-o à disposição de aprender - conceito que Montessori julgava

inerente a cada ser humano. ROSA (2009).

Em todos os modelos pedagógicos apresentados pode se perceber

a constante preocupação de seus pensadores em incentivar e respeitar a

individualidade dos alunos no contato com o aprendizado, assim como a

liberdade destes na escolha do objeto de conhecimento no estímulo à sua auto

educação.

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CAPÍTULO III

AS EXPERIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO ALTERNATIVAS

“... nas condições de verdadeira aprendizagem os

educandos vão se transformando em reais sujeitos da

construção e da reconstrução do saber ensinado, ao

lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só

assim podemos falar realmente de saber ensinado,

em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão

de ser e, portanto, aprendido pelos educandos.”

FREIRE, Paulo. São Paulo, 2002.

Vamos nos reportar agora às experiências vivenciadas pelas

instituições que optaram por adotar medidas alternativas em sua linha

pedagógica. Poderíamos relatar as experiências de escolas famosas como a

Escola da Ponte, em Portugal, a escola-internato Summerhill ou as escolas

Sudbury, ambas nos Estados Unidos, com suas linhas de aprendizagem livre.

Poderíamos falar sobre El Pesta, no Equador, cuja experiência pedagógica

tem influenciado as linhas educativas na Espanha e América Latina, entre

outros tantos modelos estrangeiros. Mas preferimos deter nosso olhar no que

acontece mais próximo de nós, ou seja, no Brasil. No contato que tivemos com

as pesquisas referente às alternativas pedagógicas, encontramos vários

modelos pedagógicos alternativos, expostos ou não neste estudo, de

experiências bem sucedidas. Através deste relato, vamos mostrar que é

possível a realização de um projeto educacional que atue como um agente de

transformação social.

3.1. Experiências Waldorf

Segundo o site oficial da pedagogia Waldorf, foi fundada a primeira escola

Waldorf no Brasil, integrada à realidade brasileira ,em 27 de fevereiro de 1956,

no bairro de Hgienópolis, São Paulo, através da inciativa dos amigos Schmidt,

Mahle, Berkhout e Bromberg, que estudavam as obras pedagógicas de Rudolf

Steiner e convidaram o casal Karl e Ida Ulrich, professores na Escola Waldorf

de Pforzheim, Alemanha, para serem os fundadores da escola, o que lhes

proporcionou não só lecionar mas, também, preparar professores para

lecionarem a Pedagogia Waldorf. A escola iniciou com o jardim de infância e

um primário, no total de 28 alunos. O primário foi reconhecido como escola

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experimental e após completadas as quatro séries iniciais, a implantação do

ginásio se deu em virtude do interesse dos pais pela pedagogia. Já em 1979,

foi autorizado o ensino fundamental da Escola Waldorf Rudolf Steiner a

funcionar com a duração de 9 anos e a contar com o acompanhamento do

Professor de Classe, do 1° ao 8° ano. Até então, era necessário solicitar

equivalência de estudos para os alunos que concluíam o 9° ano. No primeiro

ano o ensino foi bilíngue, moldando-se às características brasileiras à medida

que a linha Waldorf ia sendo absorvida por professores brasileiros e os

estrangeiros se adaptavam ao Brasil. Em l975, concluiu-se a primeira classe do

2° grau. A necessidade de formação e aprimoramento na Pedagogia Waldorf

originou, em 1970, o primeiro Seminário de Pedagogia Waldorf no Brasil,

fundado por Rudolf e Mariane Lanz. Atualmente o Seminário transformou-se

em um Centro de Formação de Professores, funcionando como Escola

Normal, autorizado pelo Parecer CEE n° 576/97 e pela Portaria da Dirigente

Regional da 17ª Delegacia de Ensino da Capital. Uma sucessão de

movimentos emergente ocasionaram a expansão da pedagogia através de

vários jardins de infância e outras escolas em São Paulo e em outros estados.

Atualmente, de acordo com fontes do site oficial, a expansão do movimento

Waldorf no Brasil tem a seguinte distribuição:

Região Escolas Alunos Região Sudeste 63 7.354 Região Sul 11 864 Região Centro-Oeste 07 626 Região Nordeste 13 732 Total Brasil 95 9.726 «Statistics for Waldorf schools worldwide» (PDF). Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiners. 2015.

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A Federação de Escolas Waldorf do Brasil (FEWB) aponta que, “além das

escolas oficialmente listadas nessa relação, há inúmeras instituições escolares

que adotam elementos da pedagogia Waldorf em suas práticas pedagógicas,

sendo simpatizantes dessa linha pedagógica e utilizando-a de forma aberta e

eclética. Vale salientar que a Pedagogia Waldorf sustenta o desenvolvimento

de diversos projetos sociais. Em São Paulo, a Associação Comunitária Monte

Azul, com núcleos de atuação nos bairros Jardim Monte Azul (Núcleo Monte

Azul), Jardim Ângela (Horizonte Azul) e Peinha (extremo sul da cidade de São

Paulo), atende uma população economicamente desfavorecida proporcionando

ações nas áreas de:

• educação (creche, contra turno escolar, oficinas profissionalizantes para

jovens; educação infantil e Escola de Resilência);

• saúde (ambulatório médico-terapêutico e atendimento materno e infantil

na casa de parto Casa Ângela);

• Centro Terapêutico para inclusões de deficientes mentais ligado à

Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social;

• cultura (escola de música; projetos culturais: teatro, saraus,

espetáculos);

• meio ambiente (horta e pomar, reciclagem) ;

• Central de Oportunidades, com encaminhamento de jovens para o

trabalho (Menor Aprendiz).

Em Salvador, a Associação Educacional Salvador trabalha em busca

desse mesmo atendimento a crianças moradoras da comunidade local. O

movimento pedagógico Waldorf conta também com duas experiências bem

sucedidas na rede pública, onde a pedagogia Waldorf é praticada: Escola

Municipal Cecília Meireles e Escola Municipal Vale de Luz (ambas no Município

de Nova Friburgo, RJ), e Escola Comunitária Municipal Araucária

(Camanducaia, MG). No dia 20 de setembro de 2014 foi inaugurada mais uma

escola pública Waldorf em Minas Gerais, no município de Ubá.

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_Waldorf>)

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3.2. Experiências Montessouri

Recém chegada da Europa, em 1910, Joana Falce Scalco, introduziu o

Sistema Montessouri, resultado de pesquisas científicas e empíricas, na

escola Emília Erichsen, ponto de irradiação para escolas do Paraná. A partir de

então foram realizadas várias tentativas na rede pública e particular para a

implantação do Sistema Montessouri no Brasil. Surgindo em 1950 a

Associação Montessori do Brasil, fundada por Pipper Lacerda Borges em São

Paulo. O movimento se fortaleceu com a chegada, ao Brasil, do padre Pierre

Faure , diretor do “Centre de Formacion Pédagogique”de Paris.

Acompanharam-no a irmã Maria Ana, a brasileira Celma Pinho Perry, que criou

o primeiro programa de formação de professores na didática do Sistema

Montessori. Outros nomes contribuíram para a efetivação do sistema no Brasil,

são eles: Edith Dias Menezes de Azevedo, que mais tarde implanta o método

na Escola Irmã Catarina; madre Valentina, que fundou o Instituto Montessori –

Lubienska; e a professora Marina Palhares , do ColégioTeresiano, no Rio de

Janeiro. Na ocasião, o colégio de Sion, em São Paulo, foi o primeiro colégio , a

colocar em prática “as classes experimentais” com base nas instruções do

padre Faure , através das demonstrações da irmã Maria Ana ( Celma Perry ).

Entre 1961 e 1964, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da PUC de

Sorocaba, foi implementada, como laboratório da Cadeira de Didática Geral e

Especial, uma “Classe Experimental”, através da professora Vera Lagoa. Ela

registrou a experiência no livro “Estudo do Sistema Montessori –

Fundamentado na análise experimental do comportamento”. Também em 1964

foi fundada, no Rio de Janeiro a Associação Brasileira de Educação Montessori

– ABEM. Por Talita de Almeidajj, que aplicava cursos de formação de

professores montessorianos. Os anos de 70, foram pródigos no surgimento de

muitas Escolas Montessorianas em todo o Brasil. Foram realizados como meio

de propagação da pedagogia, vários congressos, até que em 1992, no

“Congresso Brasileiro de Educação Infantil ”, promovido pelas Escolas

Montessorianas da Bahia, durante reunião surgiu a OMB, oficializada em 1996,

como organização representativa do Movimento Montessori no Brasil a

Organização Montessori do Brasil – OMB, estabelecendo um marco de união

entre as escolas que adotam o Sistema Montessori no Brasil.

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O método de Montessori foi empregado, com êxito, nas escolas

brasileiras nos anos de 60/70. Sua maior contribuição prossegue na formação

da educação dos sentidos, e também no uso prático do Material Dourado,

adotado, no mundo todo, dentro da educação infantil; os elementos

metodologico montessoriano convivem ajustados nas escolas com técnicas

pedagógicas das mais diversas tendências de pensamento. Atualmente o

método está presente em todas as regiões do Brasil.

3.3. Experiências Independentes

Além das linhas pedagógicas aqui citadas e que já se tornaram

conhecidas, existem várias experiências de educação alternativas

independentes que procuraram basear-se nas metodologias construtivistas,

Waldorf ou Montessouri. Algumas tentaram absorver um pouco do que

consideraram importante nos três métodos; outras oscilaram entre um e outro.

Um dos exemplos é a Cidade Escola Ayni, localizada na cidade de

Guaporé, Rio Grande do Sul. A escola, gratuita, é o resultado de um projeto

independente de Thiago Bertho, que visitou, durante três anos, mais de 40

projetos educacionais alternativos que se mostraram bem sucedidos.

Diferentemente de outros métodos de ensino a pedagogia da Ayni, está

voltada, primeiro para a educação do adulto, do seu autoconhecimento e sua

reconstrução enquanto ser inerente da natureza em toda a sua essência. A

partir desse reconhecimento, ele abre possibilidades mais positivas para um

entendimento melhor do universo infantil; estabelecendo uma relação de

carinho, respeito e limites como forma de amor para as crianças. Amparada por

recursos privados e doações, a Ayni está sendo construída em um bosque, na

serra gaúcha, onde todos: pais, alunos, professores e convidados participam

ativamente da construção da escola, ambientada com técnicas de vanguarda

de construção natural, com conceitos de economia solidária, restaurantes, hotel

e loja de produtos naturais como meio de tornar a escola autossuficiente

financeiramente.

A Ayni não possui sala de aula, divisão de turmas, provas, formação

e professores. Estes, após passarem por um treinamento de desconstrução

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interior, são chamados de guardiões, tutores ou guias. Apesar de inovadoras,

as propostas seguem as leis e parâmetros curriculares estabelecidos.

A Ayni também traz uma nova proposta de organização social e

econômica. Além da relação de respeito à sabedoria da criança, pelo adulto,

chamada de Educação Viva; tem um programa de prática à sustentabilidade,

tanto em relação a construção da própria aldeia como à didática para as

crianças. O conceito de economia solidária é um projeto de autossuficiência

financeira a ser desenvolvido com a criação de uma pousada e restaurante,

com seus lucros sendo repassados integralmente para a manutenção da

Aldeia. Mais o Financiamento Coletivo e Economia de Presentes, viabilizados

por pequenas doações de dinheiros ou presentes para projetos em que as

pessoas se identifiquem. (Folder da Ayni)

Continuando a nossa pesquisa encontramos no site do Programa

Caminhos da Reportagem da TV Brasil o vídeo “Alternativas de ensino na

Educação Brasileira”, que mostra vários exemplos de educação progressista e

vamos repassar aqui alguns exemplos:

- E.M. André Urani, ginásio experimental de novas tecnologias – GENTE,

localizado na comunidade da Rocinha, RJ. Um projeto em fase de experiência

com parceria entre o Município, o MEC e a iniciativa privada. Absorvendo

pontos das pedagogias de Piaget, Vygovisky e Montessori a escola adotou

como metodologia ambientes amplos, sem sala de aula e divisão de séries;

incentiva o ensino colaborativo através da formação de grupos de seis alunos,

chamados família, que estreitam laços e se ajudam mutuamente. Os alunos

têm autonomia e liberdade de escolher o conteúdo a estudar. O professor atua

como mediador na construção da aprendizagem.

- Escola Cresça, Brasília-DF, utiliza o método natural, criado pela brasileira

Luiza Marinho, que inclui a contextualização do ensino, através de material

concreto para aproximação do conteúdo do que está sendo ensinado,

trabalhando com diversa atividades dentro da mesma sala. A alfabetização é

realizada fora da sala de aula, através de brincadeiras no ambiente externo.

- Escola Ancora, Cutia, SP; ong, criada em 2011, tem como colaborador o

Profº José Pacheco, idealizador e coordenador da Escola da Ponte, em

Portugal-1976, está montada dentro de uma tenda sem turma, sala de aula e

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série; trabalha como projeto de aprendizagem o incentivo à realização de um

sonho, o foco é a utilização do conhecimento necessário para realiza-lo e

atingir o seu fim. O Currículo oficial é passado após a iniciação da

aprendizagem. As séries iniciais estudam dentro da tenda, as demais fazem a

aprendizagem ao ar livre.

No vídeo “Quando sinto que já sei” é possível acompanhar a

trajetória de algumas escolas como:

- E.M. Campos Sales, localizada na comunidade de Heliópolis, SP, possui,

aproximadamente, mil estudantes e trabalha com um sistema participativo,

onde, a partir de processo eleitoral, na comunidade escolar, atua a República

dos Estudantes. Após eleitos o prefeito, os vereadores e os secretários ficam

responsáveis pelas suas pastas e parceiros nas demais secretarias que

precisarem de apoio. A escola possui salão de estudos multiseriados e

marchas para a paz.

- E.M.E.F. Sebastiana Luiza, Ubatuba, SP; desenvolve o projeto Araribá,

baseado no exemplo da Escola da Ponte. A necessidade de reunir as crianças

locais, acostumadas a viverem em ambientes livres e nas ruas, fez a direção vir

no exemplo da Escola da Ponte, a solução para despertar nos alunos a

vontade de ir à escola. Assim criou espaços de ensino aprendizagem, onde as

crianças estudam em espaços livres, com as aulas, em sua maioria, em

contato direto com a natureza. A novidade provocou inquietação nos pais, mas

apesar da mudança a Sebastiana Luiza obedece as normas curriculares

oficiais.

“Essa autonomia, ela é garantida na lei do artº 15 da Lei de Diretrizes e Bases. As escolas tem autonomia pedagógica, administrativa e financeira, que está de acordo com a Constituição Federal. Se a escola tem a autonomia para isso, eu não tenho que seguir um modelo” – diz a profª Neia Correia, diretora da escola Sebastiana Luiza.

A comunidade é participativa: pais, habitantes e líderes comunitários

são incentivados a atuarem em conjunto com o corpo docente já que a escola

acredita que toda pessoa, ao redor da criança, é capaz de transmitir

conhecimento. Assim todos se sentem colaboradores e desejosos de suprir as

necessidades da escola.

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- A Escola livre Inkiri, projeto infantil na comunidade de Piracanga, litoral

baiano, inspirada na Fundação Pestalozzi do Equador e na Escola da Ponte,

Portugal, desenvolve a educação para a autonomia com intenso contato com a

natureza e integração com a comunidade. Um dos pilares da escola é a

“pedagogia orgânica, que busca se relacionar com todas as pedagogias

existentes sem apego a qualquer metodologia. Com poucos pedagogos oficiais

a escola funciona com educadores que tem em comum o amor pelas crianças

e a convicção de que há formas diferentes de construir uma educação

baseada em valores reais. Para tanto foi necessário a desconstrução do que

havia para a partir de então encontrar soluções baseadas na realidade dessa

comunidade. Assim as responsabilidades são partilhadas por todos.

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CONCLUSÃO

A escola é o resultado de uma época e de necessidades sociais da

modernidade. Entre os séculos XVIII e XIX, cumpriu com as expectativas e

planos que lhe foram confiados, perdendo-se depois em interesses

econômicos. A escola representa atualmente, como núcleo de aprendizagem,

uma ideia ultrapassada e abaixo da média para as demandas que lhe compete.

Em virtude desse quadro desordenado que apresenta a educação

preocupamo-nos a procurar opções que nos permitisse repensar o sistema

vigente.

Na tentativa de elaborar um quadro sobre uma educação alternativa,

nos deparamos com uma grande diversidade de pensamentos filosóficos,

posições políticas, desigualdades sociais, que participam da mesma visão

crítica da escola moderna. Encontramos, também, várias semelhanças práticas

nos estudos destas experiências, compartilhando o mesmo objetivo de

transformação pela educação.

Dentre algumas correntes, nos reportamos ao construtivismo e

sócio-construtivismo modelos de Piaget e Vigostky. Basicamente são escolas

nas quais a aprendizagem ativa é tão vital na construção do conhecimento

quanto a socialização. Muitas escolas formais começaram a adotar dinâmicas

próprias destas propostas. E no ideal desenvolvimentista, encontrado nas

pedagogias de Waldorf e Montessouri, cujo eixo é o entendimento do ser

humano e de seus processos de desenvolvimento, que está ligado a

afirmações filosóficas, religiosas ou espirituais.

Geralmente estas experiências são caracterizadas por fortalecer a

formação dos professores nos processos de desenvolvimento pré-

estabelecidos pela pedagogia. Em ambos os casos há práticas didáticas muito

específicas e definidas na formação que compõe o método.

Montessouri foi uma das primeiras promotoras da educação para a

paz e para a transcendência espiritual. Steiner, aprofundou-se num

entendimento mais amplo e íntimo do homem. Ambos contribuíram com

grandes registros sobre as crianças, seus processos de desenvolvimento e

necessidades. Igualmente com grande quantidade e qualidade de recursos

didáticos e materiais das aulas desenvolvidas por ambas metodologias.

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O fato é que a maioria das práticas educacionais alternativas são

realizadas pelo setor privado. Para quem deseja um projeto educacional

diferenciado é a questão principal. Como oferecer condições de educação

inovadora e de qualidade em uma instituição escolar pública? Como obter êxito

dentro de sistemas educacionais com gestão limitada, sem autonomia, e

mecanismos burocráticos e padronizantes que coíbem as ações inovadoras,

incluindo o desejo de mudanças dos professores? Como projetar um sistema

educativo inclusivo que possibilite processos reais de transformação?

Já vimos, a partir de alguns exemplos citados neste trabalho que é

possível executar uma educação de qualidade, apesar dos característicos

entraves conhecidos.

As possiblidades que as pedagogias alternativas oferecem em seu

propósito de serem transformadoras; devem ser pensadas e operacionalizadas

além das instituições privadas, devem se originar e se estender para além

delas, devem se apresentar como pedagogias diferentes. A questão é

conseguir que estas experiências mantenham processos contínuos de

questionamento e transformação de suas próprias práticas, onde prevalece a

humanidade sobre as instituições e a consciência de que sempre há uma

dimensão reprodutiva presente na educação, onde o fazer e o pensar se deem

com senso crítico sobre a realidade, e que o avanço das práticas inovadoras

aconteça sem que se percam o eixo e a busca pela transformação social que é

o que dá sentido a elas.

Encontramos formas de organizações que vão além do campo da

pedagogia: projetos educacionais com relação entre os pares, regras de

autogoverno e formas de ação coletivas. Estes podem ser elementos que

deveriam ser estimulados: relação de produção destes espaços; organização

das experiências bem sucedidas; tomadas de decisões, entre outras.

experiências com espaços abertos à comunidade, regularmente dirigidos pelas

pessoas que participam deles, professores ou não, onde os educadores, pais e

estudantes são membros ativos e se relacionam numa condição em que a

participação e a presença são o que legitimam essas relações e decidem

democraticamente. Cada ação é o resultado de uma decisão coletiva

permitindo uma renovação constante. Finalmente, a experiência se mantém

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como um ato de todos, baseado na ajuda mútua, o trabalho em equipe e a

ausência do senso de exploração.

É nesse tipo de experiência, as que são feitas em, por e para a

comunidade, que convive a diversidade pedagógica, com as necessidades

reais, a constante transformação e a reflexão crítica. É nessa escala que as

instituições são por aquilo que contribuem para as pessoas que formam, onde

a liberdade, a igualdade, a cooperação e a democracia cobram um verdadeiro

sentido, concreto, palpável e de acordo com as tradições e as necessidades da

comunidade,

O estímulo então é para se encontrar, estudar e praticar as

experiências educacionais alternativas autodeterminadas e de ação coletiva

que já existem na atualidade, para pensar formas de gestão comunitária de

educação e oportunamente gerar espaços para que os alunos se apropriem

coletivamente de sua educação e iniciem os processos de transformação em

seu comportamento cognitivo, moral e ético para que possam mudar suas

vidas e finalmente transformar o planeta num mundo melhor.

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BIBLIOGRAFIA

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Ed. Vozes, 3ª edição, 2011.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia. São

Paulo: Moderna, 2010. 5ª Edição.

MOSER, Giancarlo. História da educação. Indaial: Uniasselvi, 2011.

PILETTI Claudino, História da educação de Confúcio a Paulo Freire,

Editora Contexto, 1ª Edição, 2012.

COVELLO Sergio Carlos, Comenius a Construção da Pedagogia, Editora

Sejac, 1992

ROSA, Maria da Gloria, A História da Educação através de Textos, Editora

Pensamento Cultural, 2009.

MOREIRA, Marco Antônio; Teorias de Aprendizagens, EPU, São Paulo, 1995.

INCONTRI, Dora(org.) Educação, Espiritualidade e Transformação Social,

Editora Comenius, SP, 2014.

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«Statistics for Waldorf schools worldwide» (PDF). Freunde der Erziehungskunst

Rudolf Steiners. 2015. Consulta em 02 jul 2016 – 21:35:24

Escrito por Administrador. Pedagogia_Waldorf, 21 de nov de 2016. Disponível em <http://www.idwaldorf.com.br/site/historico/> Acesso em 24 nov 2016 , 22:39:15 hs SALOMÃO, Gabriel M. O Método. Lar Montessori. O Segundo Plano do Desenvolvimento – Montessori #612. Documentário da BBC sobre Montessori, 10 fev 2017. Disponível em < https://larmontessori.com/> Consultado em 13 fev 2017 – 21:55:39 h. Método Montessori. Disponível em http://omb.org.br/ Consultado em 10 nov 2016, 22:45:38hs.

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Minuano, Carlos . Educação Alternativa Começa a dar frutos, Jornal Metro, SP 16 set.2014.Disponível em: <http://www.metrojornal.com.br/nacional/plus/educacao-alternativa-comeca-a-dar-frutos-127646> Acesso em 18 nov 2016 – 21:46:18hs

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Alternativas de ensino na educação brasileira - Caminhos da Reportagem, TV Brasil, 27 set 2013. Disponível em<https://www.youtube.com/watch?v=KvPJdGAiK2s Acesso em 23 jan 2017 – 22:36:27hs Quando sinto que já sei. Despertar Filmes, 29 jul 2014 . Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg> Acesso em 28 dez 2016 – 20:34:12 hs.

Educação - Escolas Inovadoras | Episódio 01: Projeto Âncora, Canal Futura, 28 de ago de 2016. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=kE6MlnwML8Y Acesso em 26 jan 2017, 19:18:37hs.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O desenvolvimento da pedagogia moderna 11

1.1. O Surgimento do Método dentro da educação 11

1.2. Os educadores e seus métodos de conhecimento 13

CAPÍTULO II

Os modelos educacionais 20

2.1. Teorias e Práticas 20

2.1.1 Construtivismo 20

2.1.2. Sócio Construtivismo 23

2.1.3. Pedagogia Waldorf 25

2.1.4. Pedagogia Montessouri 26

CAPÍTULO III

As experiências da educação alternativa 29

3.1. Experiências Waldorf 29

3.2. Experiências Montessouri 31

3.3. Experiências Independentes 32

CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 41 ANEXOS 42

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 4 >> Internet

- E-mail Escola Waldorf Querência

- E-mail Escola Inkiri

- Apresentação da Cidade Escola Ayni

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ANEXO 1

> Tiele Superti <[email protected]>

Para

[email protected]

Nov 1 em 2:08 PM

Cara Rosângela, respondemos em nome da Conferência Interna da

Escola Waldorf Querência.

Seguem as respostas para as perguntas que enviaste.

1º - A escola Waldorf Querência é baseada na Pedagogia Waldorf, criada pelo

austríaco Rudolf Steiner, baseada nos seus estudos sobre Antroposofia.

2º - O currículo Waldorf proposto por Rudolf Steiner toma como pressuposto

um conhecimento profundo do ser humano e de sua biografia, que espelha a

biografia da humanidade. Não há uma metodologia específica. Há um

compromisso com o desenvolvimento do ser humano, e com o respeito ao

momento biográfico do individuo, que é organizado em períodos de sete anos,

tendo cada um, uma tônica. Também são consideradas as três dimensões da

expressão anímica do ser humano, pensar, sentir e querer. Todo o currículo é

permeado pela arte, pois em nossa escola, que contempla as crianças do

ensino fundamental, que encontram-se no segundo setênio, há uma

preocupação com o desenvolvimento dos vínculos e estrutura emocional do

estudante. Entende-se que a arte é uma ferramenta que fala diretamente a este

âmbito do indivíduo.

3º - Os desafios enfrentados por nossa escola são referentes ao estilo de vida

que a humanidade hoje vivencia: Falta de ritmo, aceleração dos processos

cognitivos, fragmentação do ser humano, considerando apenas o intelecto e

desconsiderando a saúde física e emocional do ser. O uso excessivo da

tecnologia e do mundo virtual também atingem o ser humano de forma

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4º - Um ser humano que consegue se instrumentalizar de forma à encontrar

uma linguagem que o auxilie a expressar aquilo que reside em si, manifesto na

forma de emoção possui mais segurança e tranquilidade, além de conseguir

perceber o outro de forma mais respeitosa e harmônica.

5º - A escola nasceu dentro desta proposta. Os professores que ingressam em

nossa escola fazem uma escolha de vida, até porque eles conduzem a mesma

turma durante 8 dos 9 anos do ensino fundamental. Também considera-se que

apenas aqueles que se propõe a um caminhar dentro de seu próprio processo

evolutivo, denominado de “auto-educação”, pode estar a frente de um grupo de

crianças, como exemplo. 6º - A escola é administrada pelos pais e professores

através de comissões de trabalho. Conta com um grupo de diretores formado

por membros associados. A Conferência interna, que orienta os processos

entre as pessoas na escola, e o grupo de professores, chamado Colegiado,

onde há a gestão das questões pedagógicas.

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ANEXO 2

Escola Inkiri <[email protected]> Para [email protected] Nov 2 em 11:09 AM Ola querida, desculpa a demora ;) se ainda serve vou responder em diferente cor, ok?

¬ Em qual modelo educacional se basearam (Piaget, Pestallozi, Vygostsky , Rudolf Steiner etc..) ? A Escola Inkiri se inspirou na Fundacao Pestalozzi do Equador, e na Escola da Ponte de Portugal. Esse foi o comeco de tudo ;) Hoje um dos nosos pilares e a "pedagogia organica" que busca se nutrir de todas as pedagogias existentes sem ter que se apegar a uma metodologia, uma linea de pensamento, e sim poder adaptr o que faz sentido ao momento e lugar onde a Escola Inkiri funciona hoje com as crianças que participam dela. Quais os métodos empregados ? Nao entendo a pergunta... Quais os desafios enfrentados para a implantação desses métodos?... Qual a influência dos mesmos na formação cognitiva e moral dos educandos?... se voce puder explicar um pouco o que pretende com a pergunta.... quiza e porque sou uruguaia que nao entendo, mas quero muito ajudar no que puder . Como foi a reação dos professores na implantação da nova metodologia?aqui eu nao sei se voce sabe mas nao tem quase pessoas formadas em pedagogia na nossa escola, entao os educadores sao todas pessoas que tem em comum o amor pelas criancas e a forte conviccao de que tem outra forma de fazer as coisas na educacao que pode ajudar a melhorar o mundo ;) Para poder implantar uma "nova metodologia" teriamos que ter usado uma "velha" e justamente foi o que nao fizemos... Na verdade a gente comecou desconstruindo tudo o que tinha como "forma" para ver o que "sobraba" e dahi a gente esta comecando a andar um novo caminho, se nutrindo do que ja existe e que faz sentido para a nossa realidade. Da para entender?? se nao, podeperguntar!!

¬ Como e quem realiza a administração da escola? a gente ;) kkkk Somos os educadores que dividimos as nossas responsabilidades em relacao a tudo o que e necessario para a Escola funcionar : compras, financas, emails, reuniao de pais, adaptacoes de criancas, reformas, manutencao, etc etc etc ;) espero ter ajudado e espero o seu esclarecimento nas perguntas marcadas .... Com Amor *Paulina*

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ANEXO 3

Cidade Escola Ayni (2)

Isabele Peruzzo <[email protected]> Para [email protected] 10/09/16 às 8:06 PM

Olá Rosangela! Tudo bem?

Grata pelo teu contato e movimento!

Convidamos você para vir nos visitar, conhecer melhor o projeto e tirar dúvidas mais específicas.

Recebemos visitas todos sábados 15h ou terças às 14h - As visitas têm duração de em torno de 1 hora e são colaboração espontânea.

Inscrições em: http://goo.gl/forms/OrJ1Z4VJ2N

Segue Apresentação e Proposta Pedagógica da Ayni:

https://drive.google.com/a/fundacaoayni.org/file/d/0B_0CAxjDfFs3YXdfenBhTC1uMmc/view

Pedimos sempre para que dúvidas mais específicas sobre o projeto, sejam feitas durantes nossos cursos e visitas. Gratidão pela compreensão :)

Um forte abraço!

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A Ayni é uma forma de viver, essa é nossa pedagogia. Uma relação primeiro de tudo de aceitação como adultos, de nos reconectarmos com o nosso ser, com a natureza, de reconhecermos nossa própria essência, nossas verdades e a partir daí desenvolvermos uma nova perspectiva e relação com as crianças: elas são nossos mestres, companheiros de um caminho de evolução como seres humanos, e a oportunidade de compartilhar esse tempo e espaço com as crianças é vista com gratidão e honra. Essa é a nossa base pedagógica. A relação de respeito, carinho e os limites como forma de amor para as crianças. Nesse espaço sagrado, nessa relação entre adultos e crianças, todos crescemos, nos desenvolvemos e avançamos como sociedade, como humanidade. o projeto A Ayni foi desenhada e expressada para ser um lugar de inspiração, de referência em transformação do ser, de educação e sustentabilidade. Um espaço de aprendizado e expressão para crianças, pais, educadores e comunidade. Um lugar inspirador onde podemos vivenciar conceitos de uma sociedade mais consciente do seu próprio propósito, onde as crianças se sintam bem vindas a expressar seus verdadeiros potenciais e onde adultos tenham a oportunidade de conectar-se com seu próprio interior em um diálogo constante de autoconhecimento.

Um projeto que está fazendo história no sul do Brasil.

A história de uma comunidade na serra gaúcha que está abraçando uma revolução na educação.

A Ayni é além de uma escola, um espaço inspirador, um farol de luz que convida primeiramente os adultos a uma reconstrução de suas perspectivas sobre a vida, sobre o sentido de estar aqui.

Essa é a verdadeira transformação em nossa sociedade, e em todos os pilares que a sustentam como economia, politica e educação: A mudança primeiro do ser, dos adultos. Essa é a revolução! O adulto que volta pra casa que volta a conectar com a terra, com sua criança interior, com seus sonhos. E então desde esse ponto está pronto para ver o mundo de uma forma diferente, a começar pela relação com as crianças.

A Escola Ayni nasceu de uma jornada de 3 anos pelo mundo, o projeto é a expressão dos ideais de um jovem Foram mais de 40 projetos visitados pelo mundo, muitos foram pesquisados em uma viagem de 8 meses em uma pequena motocicleta desde o Alasca até o Uruguai, aventura que tinha primeiro de tudo o objetivo de conhecer as iniciativas em educação e pedagogia que estão dando certo pelas américas.

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A Ayni é o resultado dessa viagem, interior, dessa reconexão, de muita observação das diferentes culturas e práticas educacionais pelo mundo.

Todas as propostas de nosso projeto seguem as leis e parâmetros curriculares do país, as quais permitem autonomia pedagógica e administrativa para as escolas . E são essas novas possibilidades que a Ayni está propondo. Inspirada por pedagogias como Montessori, Escola da Ponte, Educação Viva e outras, a Ayni quer inspirar o governo, e demais escolas, mostrar que é possível uma nova forma de ver a criança e propor um espaço acolhedor onde elas se sintam seguras, honradas e respeitadas a expressarem quem elas realmente são.

Dinâmicas de aprendizagem sem provas, sem padrões de classes, sem divisão de turmas por idade, sem as aulas como conhecemos hoje, mas com toda a energia e vontade desses pequenos mestres em aprender o que desejam em um ambiente que inspira a autonomia e a busca por conhecimentos úteis para a criança.

A Ayni é isso, um convite a cada detalhe, para nos reconectarmos com nossa magia, nossos dons, nossos sonhos que ficaram lá atras

Um espaço para a criança, que é um mestre, se expressar, ser quem veio ser, e realizar sua missão. Um lugar de troca e aprendizados entre adultos e crianças. Todos mestres uns dos outros.

A Ayni está sendo construída em um bosque mágico, com recursos privados e doações, em um movimento já histórico de confiança por parte da comunidade em nosso projeto. Ambientes construídos com técnicas de vanguarda em construção natural, conceitos de economia solidária, com restaurante, hotel e loja de produtos naturais, que funcionam para tornar a escola sustentável financeiramente.

Espaços inspiradores, como Casa de Artes, Biblioteca, observatório astronômico, circo, atelieres, estão integrados com a natureza e dizendo a todos que chegam! Bem vindos! Bem Vindos pais, educadores, adultos, aqui vocês podem voltar ao lar. A sua parte que acreditava na magia da vida. Bem vindos pequenos mestres. Nossas crianças! Aqui vocês estão seguros para expressarem sua genialidade e divindade.

� sem divisão de turmas com oficinas de música, teatro, circo, artesanato...

� sem sala de aula com liberdade para escolher o que aprender

� sem competição � sem provas - onde o método de avaliação é a felicidade que decidiu mudar sua

vida e empreender uma aventura de auto conhecimento e descobertas de nossa verdadeira essência como seres humanos.

Participe do projeto! Envolva-se, conecte-se com sua criança interior, seu mestre!

E como vai funcionar a formação dos professores?

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Thiago Berto - A Ayni não terá formações. Terá vivências de transformação pessoal, uma conexão que cada um vai fazer. É a necessidade de aceitar e honrar as crianças, pois, no fundo, elas são os grandes mestres. É entender como impor um limite equilibrado, sem estar amarrado às expectativas que colocamos sobre elas. Na Ayni não teremos professores, mas guardiões, tutores ou guias. São os três nomes que usamos. Para ser um guardião, tem que passar por um treinamento interno muito grande de desconstrução. Essa é a formação da Ayni: uma desconstrução no dia a dia, pois é na rotina que a gente honra tanto a oportunidade de estar com essas crianças. São elas que nos ensinam. E já está acontecendo em Guaporé.

Estamos fazendo encontros com pais e professores interessados, sem seleção nem cadastro. São pessoas que demonstraram seu interesse. Talvez vá existir um tempo de pré-abertura da escola para se fazer um alinhamento. Mas não posso chamar de “formação”, porque não queremos formar.

A ESCOLA AYNI proporcionará a todos os participantes e visitantes, além de uma nova pedagogia (que é em si uma forma de viver), um contato com novos conceitos de organização social e econômica, os quais expandem os propósitos de sua existência. Abaixo um resumo desses conceitos: EDUCAÇÃO VIVA: Modelo de educação em que a relação entre educadores e crianças se dá por total respeito à sabedoria que existe dentro de todos, crianças e adultos. Oportuniza-se a criança escolher o que deseja aprender, permitindo que ela expresse todo o seu potencial, uma vez que está auto dirigida pela sua própria motivação ao aprendizado de determinado assunto. Professores percebem as crianças como pequenos mestres que precisam de carinho, de limites e de orientação para expressarem seus dons e habilidades que os guiarão em suas missões de vida. A finalidade é a felicidade de todos, adultos, pais, educadores e crianças. BIO-CONSTRUÇÃO E SUSTENTABILIDADE: A escola será construída com técnicas de bioconstrução, isto é, casas que utilizam materiais sustentáveis e que não agridem o meio ambiente. A sustentabilidade também é um tema fundamental na escola e por si uma demonstração didática para as crianças de meios de preservar a nossa casa, o nosso planeta. A escola sempre irá priorizar meios alternativos de geração de energia, como painel solares, técnicas sustentáveis de tratamento sanitário e reutilização de água da chuva. ECONOMIA SOLIDÁRIA: O conceito de economia solidária é um dos mais importantes para o projeto. Ele se baseia na necessidade da escola ser autossuficiente financeiramente. Assim, negócios como uma pousada e um restaurante serão criados e seus lucros serão integralmente repassados à manutenção dos custos da escola. Outras possibilidades de autofinanciamento como visitadas guiadas, recepção de visitantes, pesquisadores do Brasil e estrangeiros também serão consideradas. A escola também trabalhará com doações públicas e com iniciativa privada principalmente na fase de sua construção, mas sempre terá essa concepção de buscar a auto sustentabilidade financeira

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para seus custos mensais. A escola será gratuita, ainda que doações de pais sejam bem vindas. CROWDFUNDING (FINANCIAMENTO COLETIVO): Conceito muito utilizado mundialmente em que pessoas de todas as partes do mundo doam ou emprestam pequenas quantidades de dinheiro para financiar projetos aos quais elas se identifiquem. GIFT ECONOMY (ECONOMIA DE PRESENTES): Termo utilizado para uma nova alternativa de economia baseada em presentes, em doações simplesmente pela identificação com o projeto, sem necessidade de reconhecimento ou troca. NATUREZA E COMUNIDADE: Entendemos que naturalmente nós humanos temos uma profunda conexão com esses dois temas. Natureza e senso de comunidade, de cooperar e compartilhar que aos poucos vamos perdendo conforme os métodos atuais de aprendizado e de educação, que cortam nossas “asas” e nossa essência em detrimento à necessidade de se adequar a padrões sociais, de carreira e de sucesso, aos quais podem desenvolver altos níveis de realização material, mas que comumente se encontram desconectadas do seu próprio ser, de seus sonhos quando jovens, de seu brilho, de sua felicidade .Para a escola é fundamental que as crianças tenham contato com a natureza, por isso ela será construída em um bosque onde os estudantes tenham classes, por exemplo, de jardinagem e horta e em que uma caminhada pelas trilhas desse bosque seja encarada com uma aula das mais importantes. O espaço também contará com classes de cozinha, em que as crianças ajudam a preparar os seus próprios alimentos, permitindo expressar o nosso natural sentido de comunhão e cooperação.

� Acima de tudo estamos falando de uma educação para a paz, em que as crianças tenham contato diário com carinho, respeito e exemplos sólidos de valores humanos partindo antes de mais nada dos adultos. Esse é o sonho e o projeto que nasce agora, que esse espaço seja uma referência para todos os assuntos acima e é isso que imaginamos: pesquisadores, professores, voluntários de todas as partes do mundo chegando para conhecer, ajudar, participar e inspirar-se com nosso projeto. Essa é a realidade que podemos criar e já não é mais um sonho se estivermos juntos.

� O que quer dizer AYNI AYNI é uma palavra Quechua (idioma dos Incas e ainda o terceiro idioma mais falado na América do Sul), significa cooperação e solidariedade. Mais que uma palavra é uma forma de viver que se manifesta em relações sociais de ajuda mútua e reciprocidade. Eu te ajudo, construímos sua casa, juntos construímos a de um outro amigo, ele nos ajuda a construir a minha. É por parte de nossa escola uma homenagem e uma referência com honra ao povo e região andina pela importância na história da criação do projeto.

� A História da Logo A escola nasceu de uma viagem pelo mundo, que a partir de um ponto se tornou uma pesquisa a projetos de educação alternativa nos mais diversos lugares. Tanto o nome da escola 'Ayni' como o nosso logo remetem a uma homenagem a duas culturas e lugares importantes na viagem e no processo de criação da escola. Dois lugares maravilhosos:

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Cuzco, no Peru e todo o povo andino e Butão, na Cordilheira do Himalaia com sua linda gente. Compartilho a história que inspira nosso logo, assim como os valores da escola. Os quatro irmãos harmoniosos! Esta história demonstra perfeitamente a harmonia, a interdependência, a cooperação e amizade entre os quatro animais que se tornaram amigos íntimos. Eu ouvi pela primeira vez no Butão e isso realmente me impressionou

No Butão, a história dá uma identidade nacional para que as pessoas vivam em harmonia com a natureza, para que as pessoas cooperem uns com os outros, mesmo com as diferenças culturais, e para as famílias trabalharem em conjunto. A ética de conservação surgiu com base nessa história e influencia as políticas nacionais do Butão. Em termos de um entendimento simbólico desta bela alegoria: o elefante representa o nosso corpo, o macaco representa a mente inquieta, o coelho, as emoções, e o pássaro é a alma. Uma vez em uma floresta, quatro animais: um elefante, um coelho, um macaco, e uma perdiz disputavam a respeito da posse de uma árvore, onde todos eles haviam se alimentado. O elefante afirmou: 'Bem, esta é a minha árvore porque eu a vi pela primeira vez.' Logo o macaco respondeu: 'Agora, elefante você vê todas as frutas nesta árvore?' O elefante concordou que a árvore estava sem qualquer fruta. O macaco continuou: 'Isso é porque eu tinha me alimentado dos frutos da árvore, muito antes que você a tenha visto.' Em seguida, o coelho falou: 'Eu me alimentei com as folhas desta árvore quando era apenas um pequeno rebento antes de você macaco comer seus frutos e muito antes do elefante vê-la.' Finalmente a perdiz, que estava observando os argumentos, veio para a frente e afirmou: 'A árvore pertence a mim, porque a árvore não teria crescido se eu não tivesse cuspido no solo sua semente. Ela cresceu e se tornou esta enorme árvore antes do coelho se alimentar de suas pequenas ramas, ou do macaco comer seus frutos, ou do elefante vê-la.' O elefante, o macaco, e o coelho, admitiram que a perdiz (alma) foi o primeiro a conhecer a árvore. Então, todos se curvaram para a perdiz e a consideraram como o seu irmão mais velho. Os quatro animais tornaram-se amigos e decidiram compartilhar a árvore juntos em harmonia e calma, apreciando a beleza da fragrância da árvore, a nutrição de seus frutos, e as dádivas da sua sombra. Os quatro animais trabalharam cooperativamente e, com sua força combinada, cada um saiu beneficiado e ninguém passou fome. Desde então, eles foram chamados de 'Os Quatro Irmãos harmoniosos.' Os quatro animais foram vistos como um exemplo de paz, harmonia, cooperação, interdependência e amizade. Aos 30 anos Thiago vendeu todos seus pertences e saiu a viajar pelo mundo de mochila em uma busca de si mesmo, de quem era e do sentido para seus anos seguintes. Foi morar no Butão, um pequeno país da cordilheira do Himalaia, trabalhando como voluntário do governo real. Depois seguiu viajando pelo mundo e em setembro de 2012, um ano após iniciar sua viagem, conheceu um projeto de educação infantil em Cusco, no Peru, e ali pode perceber que era sua missão a ser expressada. Após viver oito meses no Peru trabalhando como voluntário na escola, seguiu viajando pelo mundo, mas agora com um novo propósito: o de visitar projetos de educação alternativa, de aprender e de absorver conceitos dessas iniciativas e então voltar ao Brasil para criar uma escola. Em setembro de 2013 partiu em viagem até o Alasca, nos Estados Unidos, e a partir de lá empreendeu uma viagem de moto de oito meses por todo o continente americano visitando 40 projetos de educação. A ESCOLA AYNI é o resultado dessa pesquisa, de horas de trabalho voluntário, de troca de experiências com educadores de todas A história do nome AYNI partes do mundo. CIDADE ESCOLA AYNI

Avenida Monsenhor Scalabrini,736

centro - / rs Cidade Escola Ayni http://www.fundacaoayni.org