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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE MODIFICOU APÓS A LEI 12.746/13 NA REDE PÚBLICA DE ENSINO. MÔNICA OLIVEIRA DIAS ORIENTADORA: Profª Edla Trocoli NITERÓI 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE MODIFICOU APÓS A LEI 12.746/13 NA REDE PÚBLICA DE ENSINO.

MÔNICA OLIVEIRA DIAS

ORIENTADORA: Profª Edla Trocoli

NITERÓI

2017

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em

Educação Infantil e Desenvolvimento. Por: MÔNICA OLIVEIRA DIAS

A OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE MODIFICOU APÓS A LEI 12.746/13 NA REDE PÚBLICA DE ENSINO.

NITERÓI

2017

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus por estar

presente na minha caminhada de aprendizagem durante todo o período da

minha formação me dando forças e luz para aprimorar meus conhecimentos.

Quero também agradecer a Universidade Candido

Mendes/AVM de Niterói por executar com tamanha competência o curso de

pós-graduação em Educação Infantil e Desenvolvimento, aperfeiçoando o

conhecimento de cada aluno que concretizou o curso.

Não poderia deixar de mencionar os professores que

dedicaram em cada aula e partilharam conosco seus conhecimentos

transformando de forma efetiva nossa prática em sala de aula com cada aluno.

A professora Edla Trocoli por ter participado do meu momento final me

orientando na escrita desta monografia.

Também não poderia deixar de citar aqui em especial aos

meus pais, minhas irmãs e meu esposo por acreditarem na minha capacidade

e terem me incentivado a continuar minha formação acadêmica. A minha prima

Flavia Oliveira da Silva, que sempre esteve presente na minha vida neste

momento da minha formação.

Enfim, gostaria também de agradecer aos meus alunos que por

eles que busco também aprimorar-me prática em sala de aula tentando cada

vez mais fazer do meu exercício de trabalho um momento prazeroso da

aprendizagem deles.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de escrita aos meus alunos

(as) que me fazem crescer e aprender sobre a

construção do conhecimento a cada dia.

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RESUMO

A educação no Brasil vem passando ao longo dos anos por várias

transformações no que se referem à legislação brasileira. São leis que

modificam toda a rede de ensino, pois, tem que se adequar a tal

mudança. Neste segmento a educação infantil que tem um papel muito

importante na vida dos alunos, pois, desde surgimento das primeiras

creches no Brasil, ocorreram diversas mudanças. Fato esse que foi

necessário realizar um breve resumo da história da educação. Neste

sentido ao aprofundar sobre algumas leis que iniciaram a política de

educação no Brasil, foi essencial para compreensão da importância da

LDB, desta forma a LEI 12.796/13, que altera a rede de ensino, com a

obrigatoriedade da matrícula das crianças a partir dos 4 anos. Entende-se

que na atual realidade os municípios ainda estão se adaptando, como é o

caso do município de Cachoeiras de Macacu-Rj, no qual, foi realizado

uma breve análise. Neste sentido entender como a rede de ensino está

conseguindo enfrentar tais mudanças é essencial para se formar

profissionais atualizados e críticos.

Palavras chaves: Educação infantil- Legislação - rede de ensino.

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METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada através de estudos das leis vigentes sobre a

temática, e dados estáticos.

Para isso, a metodologia foi definida desta forma:

Pesquisa bibliográfica sobre os temas: Educação Infantil, leis vigentes

da Educação Infantil, história da Educação Infantil.

Consultas a sites na Internet sobre a temática proposta;

Busca de dados estatísticos em pesquisas e documento sobre o número

de vagas se aumentou ou não, crianças matriculadas se aumentaram,

estrutura das escolas, número de escolas construídas após a lei no

estado do Rio de Janeiro e em Cachoeiras de Macacu.

Referentes aos autores de referências foram os seguintes:

Vasconcellos, Vera Maria Ramos de

Educação da infância: história e política/ 2ª Edição – Niterói: Editora da

UFF, 2013.

Ney, Antonio

Política educacional: organização e estrutura da educação brasileira /

Rio de Janeiro: Wak Ed. 2008.

Oliveira, Zilma Ramos de

Educação infantil: fundamentos e métodos / São Paulo: Cortez, 2002.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL............................11

1.1 A Educação Infantil nos dias atuais...................................................15

CAPÍTULO II

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: COMPREENSÃO SOBRE CRIANÇA...........................................................................................................18 2.1 A Constituição Federativa da República de 1988: a inclusão da

educação infantil................................................................................................18

2.2 O Estatuto da Criança e do Adolescente: mais um instrumento legal

de apoio a criança..............................................................................................22

2.3 Na Lei de Diretrizes Bases da Educação norteadora da educação

do Brasil.............................................................................................................24

CAPÍTULO III

A LEI 12.746/13: PERSPECTIVA VERSUS REALIDADE.................................28

3.1 Como o município de Cachoeiras de Macacu-RJ se adaptou a lei 12.746/13...........................................................................................................34

CONCLUSÃO....................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................40

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho de monografia de conclusão do curso foi

produzido um estudo sobre a LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013.Esta lei

efetuou algumas alterações na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que

estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O estudo foi

direcionado para verificação das possíveis mudanças que ocorreram na

Educação Infantil após a implementação da dita lei.

As questões que se fazem presentes são devido às mudanças

no ensino escolar, nas quais, são necessários pontuar as seguintes questões:

O que modificou na Rede de Ensino Público após a

implantação da Lei 12.746/13 na Educação Infantil?

As escolas estão conseguindo realizar essas modificações?

O poder público tem colaborado?

Os pais dos alunos perceberam as alterações?

Os professores estão se adequando as modificações?

Desta forma para desvendar essas demandas é essencial

realizar um aprofundamento sobre a temática.

Neste segmento o objetivo geral resume-se em: Analisar as

mudanças ocorridas na rede de ensino após a implantação da LEI Nº 12.796,

DE 4 DE ABRIL DE 2013.

E nos objetivos específicos:

Traçar um breve estudo sobre a Educação Infantil;

Verificar as Políticas Públicas de Educação Infantil;

Destacar as leis vigentes sobre Educação Infantil;

Visar como as Políticas Públicas de Educação Infantil enxergam as

crianças;

Avaliar os resultados positivos e negativos após a Lei 12.796/2013;

Investigar sobre dados estáticos referentes à estrutura escolar após a

implementação da Lei 12.796/2013.

Averiguar dados estatísticos do município de Cachoeiras de Macacu-RJ.

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Ao analisar a Educação no Brasil compreende-se que ao longo

dos anos as legislações foram sendo criadas e alteradas, em beneficio da

sociedade.

Diante deste contexto ao examinar a Lei 12.746 de 4 de abril

de 2013, que altera em parte a lei 9.394/1996 a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, no TÍTULO III Do Direito à Educação e do Dever de

Educar no Art. 4º, no qual informa que:

O dever do Estado com educação escolar pública será

efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)(BRASIL, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. ).

Pode-se verificar que após esta modificação na lei no

segmento da Educação Infantil passando para a forma de obrigatoriedade a

partir dos 4 aos 6 anos de idade a matrícula deste educando, quero com este

estudo conferir a influência desta nova lei na estrutura da Rede de Ensino

Público. Pretendo também diante de tais mudanças examinar o que o Poder

Público em conjunto com as escolas de Educação Infantil conseguiu se adaptar

mediante estas modificações. Não deixando de averiguar de forma resumida o

município de Cachoeiras de Macacu - RJ e sua adaptação a nova lei.

Desta forma realizar essa pesquisa é de suma importância para

verificar como essa conjuntura permanece na atualidade mediante tais

modificações.

Neste contexto o trabalho ficou dividido da seguinte forma:

No 1º capítulo será realizada uma breve história da Educação

Infantil e como se encontra nos dias atuais.

No 2º capítulo neste fará uma abordagem das Políticas

Públicas de Educação Infantil: compreensão sobre criança e como ela é tratada

nos termos da lei da Constituição de 1988, ECA/ 90 e na LDB/96.

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E para finalizar o 3º capítulo dissertará a respeito da lei

12.746/13: perspectiva versus realidade e como o Município de Cachoeiras de

Macacu conseguiu se adaptar à nova lei.

Desta forma o trabalho é de suma importância para a rede de

ensino.

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CAPITULO I- BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO

BRASIL

Falar sobre Educação Infantil é mergulhar no mundo da

infância, no qual, hoje entendemos que a estimulação educacional quanto mais

cedo na vida da criança colabora com grande importância para o seu

desenvolvimento futuro na relação de seu aprendizado. Porém, nem sempre a

criança obteve para si esse olhar mediante a sociedade, pensar a criança como

um ser social que tem sua participação na sociedade interagindo, sofrendo e

fazendo sofrer modificações em seu entorno, é uma visão que faz parte do

olhar social contemporâneo e é neste contexto que este breve panorama

histórico sobre a Educação Infantil irá discorrer elucidando as transformações

sociais do trabalho e da família o nascer de uma necessidade institucional para

a criança.

Segundo Kramer:

As crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a uma classe social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, têm uma linguagem, ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de acordo com os padrões do seu contexto familiar e com a sua própria inserção nesse contexto. Elas são pessoas, enraizadas num todo social que as envolve e que nelas imprime padrões de autoridade, linguagem, costumes. (KRAMER, 1999, p.2).

Por um Longo período da nossa história a educação da criança

era realizada e de responsabilidade dos familiares, ao cargo principal das mães

e de suas ajudantes do lar nas famílias abastadas. Com o advento da mulher

da classe social de baixa renda no mercado de trabalho devido às

modificações na estrutura dos centros urbanos e a industrialização no início do

século XX, fez-se necessário buscar novas maneiras de atender aos filhos

dessas operárias. Segundo o site: < http://www.webartigos.com/artigos/1-

breve-historico-da-educacao-infantil/80534/>, informa:

A Educação Infantil levou muito tempo para se desvencilhar do

caráter que a pontuou desde o início: a assistência social. Essa

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demora foi de quase um século – o primeiro jardim da infância

foi inaugurado em 1895, em São Paulo. Mudanças estruturais começaram somente na década de 1970, quando o processo de

urbanização e a inserção da mulher no mercado de trabalho levaram a um aumento significativo na demanda por vagas em escolas para as crianças de 0 a 6 anos. Como não havia políticas

bem definidas para o segmento, a expansão de instituições de Educação Infantil nessa época foi desordenada e gerou

precarização no atendimento, feito, em geral, por profissionais sem nenhuma formação pedagógica. Em 1975, o Ministério da Educação começou a assumir

responsabilidades ao criar a Coordenação de Educação Pré-Escolar para atendimento de crianças de 4 a 6 anos. Ainda

assim, o governo continuou promovendo, em paralelo, políticas públicas descoladas da Educação. Em 1977, foi criada, no Ministério da Previdência e Assistência Social, a Legião

Brasileira de Assistência (LBA), com o objetivo de coordenar o serviço de diversas instituições independentes que

historicamente eram responsáveis pelo atendimento às crianças de 0 a 6 anos. Essas instituições eram divididas em: comunitárias, localizadas e mantidas por associações e

agremiações de bairros; confessionais, mantidas por instituições religiosas; e filantrópicas, relacionadas a organizações

beneficentes. A LBA foi extinta em 1995, mas o Governo Federal continuou a repassar recursos para as creches por meio da assistência social. (Disponível em:

<http://www.webartigos.com/artigos/1-breve-historico-da-

educacao-infantil/80534/>)

Neste contexto como foi pontuado acima o primeiro jardim de

infância em São Paulo levou quase um século para ser implantado em 1895.

A partir da década de 70 com as mudanças econômicas no

Brasil, as mulheres se iniciaram no mercado de trabalho, e por não terem com

quem deixar os filhos para trabalharem, houve a necessidade de se criarem

locais para que pudessem deixar seus filhos. Como relata Proença (2011), o

processo de consolidação da Educação Infantil no Brasil foi marcado pela

história da infância, da economia, enfim, foi construída pela influência histórica.

Os primeiros pensamentos sobre a infância e educação infantil se

fundamentavam na compreensão de criança enquanto um indivíduo que

necessitava ser cuidado. As mães careciam de trabalhar fora do lar para

integrar a renda da família e precisavam de um lugar para deixarem seus filhos

no horário em que estavam trabalhando.

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Dentro desta perspectiva foram criadas creches, mas, sem

profissionais capacitados para tal oficio. No início das creches existia uma

separação entre ricos e pobres, a pré-escola eram para os ricos e as creches

como era financiada pela Assistência Social eram para as crianças menos

favorecidas, pois, nelas eram fornecidas alimentação, higiene, entre outros.

Mantendo um olhar voltada mais para o cuidar do que para o desenvolvimento

intelectual. Segundo Oliveira:

Surgiram novos jardins-de-infância e cursos para formar seus professores, mas nenhum voltado ao atendimento prioritário das crianças das camadas populares. [...] A creche se tornou um paliativo, na visão de sanitaristas preocupados com as condições de vida da população operária, com a preservação e reprodução da mão-de-obra que geralmente, habitava ambientes insalubres. (OLIVEIRA, 2002, p.99).

Muitos problemas sociais ocorreram devido à expansão caótica dos

centros urbanos, a pobreza, a falta de emprego, o abandono infantil, o vício ao

álcool, e a proliferação de doenças, faziam parte do dia a dia das pessoas.

Assim greves e revoltas surgiam por toda parte, cominando em pressão sobre

o governo da época por melhores qualidade de vida e de trabalho. O

movimento higienista inserida na educação tinha um viés de procurar produzir

controle, higiene e vigilância sobre as condições de vida das crianças que

seriam os futuros operários das fábricas.

Como já foi relatado a partir dos anos de 1970, começou a ocorrer

modificações importantes para a criança e seu desenvolvimento dentro do

campo educacional, como demonstra essa pesquisa realizada no site

<https://pedagogiaaopedaletra.com/a-trajetoria-da-educacao-infantil-no-brasil/

>:

Buscou-se uma compensação não só das carências orgânicas, como também uma carência de ordem cultural. O pressuposto nesta visão compensatória da educação era de que o atendimento pré-escolar poderia remediar as carências das crianças mais pobres. As propostas de trabalho foram direcionadas para as crianças de baixa renda, estimulando-as precocemente e preparando-as para a alfabetização, como forma de superar as condições sociais em que viviam. O objetivo principal da educação compensatória era o de promover oportunidades educacionais no caráter social e cultural compensando-se o déficit linguístico

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das crianças. As crianças mais pobres eram consideradas carentes. Já nos jardins-de-infância das crianças provenientes de famílias de classe média, a educação não tinha o mesmo caráter compensatório. O trabalho envolvia também o desenvolvimento dos aspectos afetivos e cognitivos das crianças. (Disponível em: < <https://pedagogiaaopedaletra.com/a-trajetoria-da-educacao-

infantil-no-brasil/ >).

O debate sobre a Educação Infantil que nos anos 70 era

chamada de Pré-Escola se embasava no debate da compensação onde as

crianças das classes economicamente carentes necessitavam desse suporte

educacional para alcançarem um patamar cultural que sua realidade de vida

mediante esta visão não proporcionava fora do ambiente escolar. Kramer

(1982) em seu artigo intitulado: ¨Privação Cultural e Educação Compensatória:

uma análise crítica¨, descreve que os debates sobre educação compensatória

coincidem com a própria pré-escola já que foi voltado para esse nível de ensino

a compensação de possíveis carências.

Somente a partir da Constituição Federativa da República de

1988, como foi pontuado no site: < http://www.webartigos.com/artigos/1-breve-

historico-da-educacao-infantil/80534/>:

O marco que rompeu essa tradição no país foi a Constituição

de 1988, que determinou a Educação Infantil como dever do Estado brasileiro. “Foi a partir daí que a Educação na creche e na pré-escola passou a ser vista como um direito da criança, facultativo à família, e não como direito apenas da mãe trabalhadora. Com isso, os profissionais de Educação Infantil ganharam mais legitimidade e a Educação Infantil passou a ser objeto de planejamento, legislação e de políticas sociais e educacionais”. (Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/1-breve-historico-da-educacao-infantil/80534/>).

Neste segmento a visão de que a educação infantil passa a ser

considerada como um direito, e não apenas para que suas mães tivessem a

oportunidade de trabalhar, a Educação Infantil ganha legitimidade. A

legitimidade da Educação Infantil nas Creches e Escolas de Educação Infantil a

partir desse momento apontaram para as transformações de suas práticas

pedagógicas institucionais e educacionais e dos entendimentos sobre sua

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posição social, tanto por parte dos seus alunos como dos profissionais que

nelas exercem seus trabalhos valorizando o mundo infantil de forma global.

Contudo pode-se observar na fala de Vasconcellos que:

Diversos segmentos da sociedade, em muitos momentos de nossa história, discutiram propostas de políticas de assistência e educação à infância, cada um deles envolto nos valores presentes na sociedade de sua época. Assim sendo, nem todos os que participaram do processo de pensar e elaborar políticas para infância tiveram os mesmos objetivos que temos hoje, isto é, combater as desigualdades sociais. Consideramos que um aspecto importante para a construção de uma sociedade mais igualitária é a garantia do direito à educação, desde sempre, em creches e pré-escolas públicas de qualidade. (VASCONCELLOS, 2013, p. 187)

Igualdade de direito à educação perpassará sobre o

desenvolvimento desse trabalho muitas vezes, porém, como Vasconcellos

mesmo descreveu os debates na sociedade sobre educação está pautado “nos

valores presentes na sociedade de sua época”, e assim continua-se

construindo e fazendo história em nossa sociedade.

1.1 A Educação Infantil nos dias atuais

A educação no Brasil vem ao longo dos tempos modificando,

devido fatores sociais e culturais, e o segmento da Educação Infantil não ficou

de fora dessas transformações.

A Educação Infantil primeira etapa da Educação Básica no

Brasil, têm como público alvo crianças do 0 aos 5 anos de idade, é oferecida

em creches e pré-escolas com carga horária integral ou parcial regulada e

supervisionada por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a

controle social.

Têm como finalidades desenvolver a criança em seus aspectos

físico, psicológico, intelectual e social, trabalhando em conjunto com a ação

familiar e da comunidade, na qual, a criança está inserida. Neste sentido a

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educação do infante não é somente realizada nas escolas, eles aprendem

todos os dias em casa, nas igrejas e em qualquer lugar que estabeleça

relações sociais e trocas de conhecimentos.

As escolas de Educação Infantil atuais trabalham com uma

organização no cuidar e no campo pedagógico que visa nas experiências

infantis, suas especificidades e diversidades, valorizando e investindo nos

conhecimentos que o educando traz consigo através de seu convívio social.

Já para os docentes lança um olhar na qualificação e eficácia

mediante suas práticas para que estes possam mergulhar de forma teórica e

afetiva no mundo infantil. Quando da arte de ensinar, um ponto que merece ser

destacado foi pontudo no site < http://www.webartigos.com/artigos/a-educacao-

no-brasil-nos-dias-atuais/25509/>:

Poucas profissões, em todo o mundo, gozam de tanto prestígio junto à sociedade quanto os professores. Transmitir conhecimento, a crianças ou adultos, é tido como uma bela 'vocação' pela maioria das pessoas. Como toda a sociedade, porém, o trabalho realizado pelos docentes sofreu profundas alterações nos últimos anos. As bases para as transformações estão na própria evolução vivida no mundo. E não apenas tecnológica, mas também de comportamento, pedagógica, na administração do ensino, no comportamento dos alunos e no reconhecimento pelo trabalho. (Disponível em: <

http://www.webartigos.com/artigos/a-educacao-no-brasil-nos-dias-atuais/25509/>).

Desta forma trabalhar com a educação infantil requer

conhecimentos de suma importância que está envolvido os aspectos do

estudo, dedicação, afetividade e envolvimento com processo de ensinar. Para

isto é de grande valor conhecer esta etapa da educação básica nos seus

desdobramentos e práticas educacionais, pois, está se trabalhando com

crianças em desenvolvimento e que necessitam de atenção a todo momento.

As ações pedagógicas nas práticas atuais de Educação Infantil

integram nesta faixa etária dos 0 aos 5 anos com ambientes, no qual, a

ludicidade é um ponto estimativo para a aprendizagem, fazendo com que o

desenvolvimento da criança perpasse por atividades que façam com que seus

sentidos corporais sem internalizem e se transformem em conhecimento.

Busca-se trabalhar por meio da brincadeira o ouvir, o sentir, o tocar, a

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degustação e o desenvolvimento da fala levando-a ser capaz de conquistar

mediante sua maturação uma competência e autoconfiança em suas

capacidades e expressões corporais.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação

Infantil (2010), as propostas pedagógicas para esta etapa do ensino devem

respeitar os princípios éticos, políticos e estéticos.

Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, 2010, p. 16).

Desta forma a Educação Infantil, se define como uma etapa

relevante para a vida da criança e do seu desenvolvimento tendo a ação

pedagógica um cuidado para não deixar de envolver os princípios que norteiam

esse segmento de ensino. Por meio dessa tríade que são os princípios éticos,

políticos e estéticos é possível mensurar o quanto é importante inserir a criança

no universo escolar. Neste sentido no próximo capítulo dissertará sobre as

legislações pertinentes à temática.

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CAPÍTULO II- POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

COMPREENSÃO SOBRE CRIANÇA.

Mediante a pesquisa realizada para o desenvolvimento deste

trabalho foi observado que as leis no Brasil delongaram para abrir o foco para a

criança e a infância. Demorou ainda mais tempo para que atendessem em

suas leis as inclusões entre criança e sociedade, diferenciar criança de infância

e instituição escolar, fazendo da criança um sujeito histórico e de direitos,

buscando como base eixos de suas escritas o registro das "falas" sobre as

crianças na voz da sociedade e suas necessidades emergentes.

Falar da criança na lei é um estudo não totalmente novo, que

vem tentando entender a complexidade do caminhar para uma construção

social da infância e do papel que as instituições escolares emanam de suas

contemporaneidades.

Ao fazer uma análise da Legislação Brasileira referente sobre a

Educação Infantil, é preciso compreender o seu contexto, na atualidade que

elas são usadas e comentadas referindo-se à Constituição Federal da

República de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de

Diretrizes Bases da Educação.

Neste sentido neste capítulo será desenvolvido um pequeno

resumo de alguns artigos pertinentes às legislações citadas acima.

2.1- A Constituição Federativa da República de 1988: a inclusão da

educação infantil.

Na década de 1980, o Brasil passava por um período de

mudanças políticas depois da Ditadura Militar que ocorreu entre 1964 e 1985.

O primeiro presidente civil a assumir a Presidência da República foi o então

deputado Tancredo Neves, que foi eleito pelo colégio eleitoral. O Presidente

Tancredo Neves adoeceu e faleceu antes de assumir o mandato, que passa,

então, a seu vice-presidente, José Sarney.

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O governo Sarney foi marcado por desafios relacionados à

reorganização da economia diante de baixas taxas de crescimento e altos

índices de inflação, à construção da ordem democrática e ao resgate da

chamada dívida social brasileira. Em seu mandato, foi instituído o Plano

Cruzado, que por um momento parecia que a economia iria dar frutos, mas o

plano não deu certo por ter um grande aumento nas taxas de juros, A dívida

externa aumentou e o Brasil não conseguiu honrar o seu compromisso com o

exterior, ficando assim desacreditado.

Segundo Mota:

A década de 80 caracteriza-se como um período em que convivem traços de continuidade, saturação e alguns indícios de ruptura do modelo implementado no pós-64. Podemos dizer que, em nível da economia, foi uma década que congelou algumas situações deflagradas desde os finais dos anos 70. Daí, ser considerada por muitos como a década perdida, em função das baixas taxas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), da compressão dos salários e do aumento da concentração da riqueza. Ao mesmo tempo, metabolizou um novo processo político, cujo principal protagonista foi a ação organizada de expressivos setores da sociedade civil, rompendo as bases de sustentação da ditadura militar e resultando, assim, no restabelecimento do Estado democrático.(MOTA,2008,p.62).

Em 1986 começou o processo para aprovar a nova

Constituição Brasileira de 1988, considerada a “constituição cidadã”. Segundo

Alves:

A Constituição de 1988 pôs fim a um longo período ditatorial da política brasileira, instituído pelo Golpe de 1964, restaurando no país a democracia. Historicamente, a reforma constitucional iniciou entre os anos de 1985 e 1986, com o restabelecimento da eleição direta para a Presidência da República, a aprovação do voto para os analfabetos, a legalização dos partidos políticos, a extinção da censura prévia e o fim das intervenções nos sindicatos. Em 1986, foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar a nova Constituição. Até o término o das votações em 1° de setembro de 1988, transcorreram intensos debates, marcados por uma série de conflitos entre os grupos conservadores e progressistas, os primeiros reunidos no Centro Democrático e os segundos formados pelos partidos de esquerda (PT, PC, PC do B, PDT) e

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por uma parte do PMDB. Depois de dezenove meses de trabalho, promulgou-se a nova Carta Magna do país, consagrando como regime político o estado democrático de direito. (ALVES, S/ANO, p.41).

A percussora da garantia dos direitos sem dúvida nenhuma, é a

Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de

1988, na qual logo no inicio tem-se o seguinte:

Título I Dos Princípios Fundamentais

Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA, 1988, p. 11).

Neste segmento Capítulo III - Da Educação, Da Cultura e do

Desporto destacam os seguintes artigos 205 e 208:

Seção I

DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado

mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17

(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos

os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

(Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

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II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até

5 (cinco) anos de idade;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e

da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições

do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da

educação básica, por meio de programas suplementares de material didático

escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito

público subjetivo.

§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder

Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade

competente.

§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no

ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou

responsáveis, pela frequência à escola. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL de 05 de outubro de 1988)

Diante da pontuação acima se compreende que a educação é

um direito de todos e cabe ao Estado promover tal direito. Com a colaboração

da sociedade e da família.

Neste segmento entende-se que na prática o Estado não

cumpre o seu papel, pois, verifica-se uma ausência de estruturas em escolas

públicas, déficit nos salários de professores, entre outros motivos que impedem

com que os alunos possam ter direito a tal beneficio.

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Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no

Art. 227 refere ao amparo à criança e o adolescente da seguinte maneira:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta propriedade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL, 06 de outubro de 1988).

Diante do exposto com a criação do Estatuto da Criança e do

Adolescente de 1990, foi mais um aparato na conquista do direito.

2.2- O Estatuto da Criança e do Adolescente: mais um instrumento legal

de apoio a criança

Quando se fala em legislação sobre criança e adolescentes

logo se remete ao Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990.

Neste sentido é considerado criança até doze anos

incompletos e depois dos doze adolescentes, no qual os pais são responsáveis

até completar 18 anos quando se atinge a maioridade. A criança necessita de

todo cuidado para o seu desenvolvimento na expectativa de crescer em um

ambiente saudável.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu

artigo 2º que informa:

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. (BRASIL, LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. ).

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Outro ponto que merece ser destacado no ECA, são os direitos

fundamentais no capítulo IV, refere-se a educação, cultura, esporte e ao lazer:

Título II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Capítulo IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola. Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados níveis de repetência. (BRASIL, LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990).

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Desta forma de acordo com os artigos acima, compreende-se a

importância de se fazer valer o que preconiza o ECA no direito que as crianças

e dos adolescentes possuem.

2.3- Na Lei de Diretrizes Bases da Educação norteadora da educação do

Brasil.

Ao fazer um pequeno estudo sobre a Lei de Diretrizes Bases

da educação, é necessário fazer um regaste do seu histórico, de como surgiu

essa Lei que é à base da educação no Brasil.

Conforme o site da Revista da Educação no Brasil <

http://www.revistaeducacao.com.br/historia-da-ldb/> publicou um pequeno

resumo do surgimento da LDB no seu contexto histórico mediante o clima

político e econômico:

Exatos 35 anos antes de o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP) sancionar a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, João Goulart (PTB/RS), então recém-alçado à presidência do país sob o arranjo do parlamentarismo, promulgava a primeira LDB brasileira. A assinatura de Goulart saiu estampada na edição de 21 de dezembro de 1961 do Diário Oficial da União, mais de 13 anos após a apresentação do primeiro projeto da lei educacional ao parlamento brasileiro. Nesse longo intervalo entre a apresentação do anteprojeto enviado à Câmara Federal em outubro de 1948 pelo então ministro da Educação, Clemente Mariani (UDN/MG), e sua aprovação, nove diferentes cidadãos sentaram-se na cadeira de presidente da República, seis deles efetivos e três interinos. A história dessa longa tramitação revela facetas e tensões não só da educação nacional, mas do Brasil como um todo. Em 1946, com o fim da 2ª Guerra e a queda da ditadura Vargas, a eleição de Eurico Gaspar Dutra (PSD) e a elaboração de uma nova Constituição Federal, o país tentava reorganizar-se. Para tanto, a Constituição previra a elaboração de uma lei que norteasse a educação nacional. Um dos dois ministros da UDN, que fora derrotada pela aliança entre PSD e o PTB de Vargas na eleição à presidência, Mariani convocou uma comissão de notáveis para a elaboração do anteprojeto de diretrizes e bases da educação. Como registra Dermeval Saviani no capítulo 9 (Predominância da pedagogia nova – 1947-1961) de seu livro História das ideias pedagógicas no Brasil (Autores Associados, 2007), os artífices do Manifesto da Escola Nova, de 1932, predominavam na comissão de elaboração do anteprojeto. Lourenço Filho era o presidente; Almeida Júnior, o encarregado da subcomissão do ensino primário; Fernando de Azevedo presidia a subcomissão do ensino médio e Anísio Teixeira, “também convidado, não pôde integrar a Comissão, mas colaborou com sugestões”. Pedro Calmon, então reitor da Universidade do Brasil (futura UFRJ), presidiu a subcomissão do ensino superior. Como frisa Saviani, a maioria dos 16 membros da comissão pendia para o lado dos escolanovistas. Mas havia dois representantes dos educadores católicos, Alceu

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Amoroso Lima e padre Leonel Franca. Mais tarde, na segunda metade dos anos 50, seriam os católicos, aliados ao deputado Carlos Lacerda (ironicamente, da própria UDN), os grandes opositores das ideias preconizadas por Almeida Júnior, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e vários outros educadores brasileiros de correntes diversas, entre eles o futuro presidente FHC. O parecer Capanema Num primeiro momento, o projeto acabou sendo obstruído por Gustavo Capanema, um dos mais longevos ministros da Educação da história republicana, que ficou no cargo 8 anos sob Getúlio Vargas. Como a proposta relatada por Almeida Júnior defendia a descentralização de atribuições, conferindo a oferta da educação pública a estados e municípios e deixando a União com função apenas supletiva e regulatória, Capanema, relator do anteprojeto, acabou por recomendar e conseguir seu arquivamento. O ex-ministro, defensor do legado educacional da era Vargas, momento em que muitas das ideais do movimento da Escola Nova haviam sido efetivamente introduzidas no país, lutou para que essa imagem histórica não fosse destruída e usada como símbolo por adversários políticos. Reapresentado dois anos depois, só foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmera Federal em novembro de 1956. Poucos dias antes, um discurso do padre e deputado Fonseca e Silva, de Goiás, desencadearia uma das maiores disputas educacionais do país. Ele investe contra o projeto e contra as figuras de Anísio Teixeira e de Almeida Júnior, acusando-os de serem contrários à oferta de ensino pelas escolas privadas religiosas. Para tanto, não se priva de associar o projeto e a figura do filósofo e educador americano John Dewey, inspiração intelectual de Teixeira, ao comunismo que estaria querendo apoderar-se da educação nacional. Versão mais antiga do mesmo estratagema utilizado em diversos outros momentos da história nacional. Como é comum em disputas dessa ordem, vale menos o que o adversário diz do que a imagem que nele se quer pespegar. Assim, passou-se a bradar que os defensores do projeto queriam instituir o monopólio estatal na educação. Com aspirações políticas maiores, o ex-comunista Carlos Lacerda aproveitou a oportunidade e, em novembro de 1958, apresentou um substitutivo ao projeto, seguido de outro em janeiro de 59, que ficariam conhecidos pelo nome de “Substitutivo Lacerda”. Orador temido, Lacerda passou a propugnar a prevalência do “direito inalienável e imprescritível da família” de escolher a educação dos filhos, como relata o falecido professor da Faculdade de Educação da USP José Mário Pires Azanha em seu artigo “Roque Spencer Maciel de Barros, defensor da escola pública” (revista Educação e Pesquisa, 1999). Um dos articuladores do movimento de defesa da escola pública, Barros ajudou a desconstruir o discurso de Lacerda, mostrando que, sob a fachada da visão liberal, havia mais oportunismo do que fundamento filosófico, como bem relatado no artigo de Azanha. Assim, três grupos distintos, como identifica Saviani, juntaram-se para defender a oferta de educação pública: os “liberais-idealistas”, grupo que tinha como epicentro o jornal O Estado de S. Paulo, instituição-chave para a fundação da Universidade de São Paulo; os “liberais-pragmatistas”, os históricos educadores da Escola Nova (decisivos com a apresentação do manifesto “Mais uma vez convocados”, documento aglutinador apresentado por Fernando de Azevedo em 1959); e a corrente de “tendência socialista”, capitaneada pelo sociólogo Florestan Fernandes, também da USP. Juntas, as correntes conseguiram aquela que talvez tenha sido, em proporção, a maior articulação social em defesa da escola pública. O texto final da LDB foi, afinal, um condensado possível entre a proposta inicial e os filtros interpostos pela representação

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do Congresso Nacional. (Disponível em: < http://www.revistaeducacao.com.br/historia-da-ldb/>).

Neste segmento verifica-se que para ser aprovada foi

necessária uma luta de educadores que precisavam de uma fonte para garantir

e nortear o seu trabalho na educação.

Diante deste contexto em no dia 20 de dezembro de 1996 foi

sancionada a LDB que Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,

conforme o artigo 1ª tem-se o seguinte:

TÍTULO I Da Educação

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (BRASIL, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. ).

Na LDB as diretrizes são postas para a rede de ensino realizar

uma orientação na formulação na rede escolar. Quanto aos professores e

orientadores a LDB veio para contribuir com sua prática de ensino sendo essa

a norteadora da sua profissão.

Uma importante contribuição acerca da LDB foi pontuada por

Oliveira:

Após a promulgação da LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação), há criação de fóruns estaduais e regionais de educação infantil. No final do século há diminuição das taxas de natalidade. E diante de tantos avanços, é indispensável salientar que “[...] novas concepções acerca do desenvolvimento da cognição e da linguagem modificaram a maneira como as propostas pedagógicas para a área eram pensadas” (OLIVEIRA, 2002, p.119).

Neste segmento conforme colocação acima mediante essa lei a

forma de elaborar as propostas pedagógicas foram modificando tendo como

referência a concepção do aluno do ensinamento proposto.

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Outro ponto que merece ser destacado refere-se à educação

infantil passando esta a ser responsabilidade da Secretaria de Educação,

constituindo um nível de ensino, determinando profissionais da Educação

Infantil, ou seja, professores. Sobre sua função pode-se afirmar que, conforme

Nascimento,

Enquanto a LDB afirma o caráter escolar da creche, os documentos produzidos em órgãos de planejamento e execução política educacional enfatizam que é no binômio educar e cuidar que devem estar centradas as funções complementares e indissociáveis dessa instituição (NASCIMENTO, 1999, p.104).

Desta forma com a criação da LDB a educação só teve ganhos

positivos, fortalecendo a rede escolar.

Nos documentos estudados para este capítulo, pode-se notar

que os discursos nas leis mantiveram a concordância sobre a necessidade da

educação das crianças pequenas no que se refere ao desenvolvimento físico,

cognitivo, emocional e social, avaliando as crianças como indivíduos em

construção. Da mesma forma, o que vemos no nosso dia a dia no trabalho com

elas nas Creches e Escolas de Educação Infantil.

Além, de fornecermos suas necessidades básicas, as crianças

precisam ser olhadas dentro das necessidades sociais, nos valores éticos da

nossa sociedade, do modo de assimilação das linguagens faladas,

matemáticas, científicas e artísticas.

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CAPÍTULO 3- A LEI 12.796/13: PERSPECTIVA VERSUS REALIDADE

Ao realizar um pequeno estudo sobre a LDB, entende-se que

algumas alterações ao longo dos anos foram realizadas, o que provoca um

ajuste na rede de ensino.

Uma que vem provocando alterações na rede escolar refere-se

à LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013, que estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da

educação e dar outras providências.

Para poder contextualizar as alterações ocorridas cabe

destacá-la:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 3o ........................................................................... XII - consideração com a diversidade étnico-racial.” (NR) “Art. 4o .......................................................................... I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; .............................................................................................. VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; ....................................................................................” (NR) “Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. § 1o O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá:

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I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; ....................................................................................” (NR) “Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.” (NR) “Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. ...................................................................................” (NR) “Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” (NR) “Art. 30. ........................................................................ II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.” (NR) “Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.” (NR) “Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. ...................................................................................” (NR) “Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: ...................................................................................” (NR) “Art. 60. ....................................................................... Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.” (NR) “Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. .............................................................................................. § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. § 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública mediante

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programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. § 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE. § 7o (VETADO).” (NR) “Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas. Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.” “Art. 67. ........................................................................ § 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da educação.” (NR) “Art. 87. ....................................................................... § 2º (Revogado). § 3o ............................................................................... I - (revogado); .............................................................................................. § 4º (Revogado). ...................................................................................” (NR) “Art. 87-A. (VETADO).” Art. 2o Revogam-se o § 2º, o inciso I do § 3º e o § 4o do art. 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 4 de abril de 2013; 192o da Independência e 125o da República. DILMA ROUSSEFF Aloizio Mercadante. (BRASIL, LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013)

Diante desta Lei alguns municípios não conseguiram se

adequar as exigências contida nela fazendo grandes esforços para garantir aos

educandos o direito público universal e obrigatório de dar as crianças uma

Educação Básica dos quatro (4) aos dezessete (17) anos de qualidade de

forma gratuita, pois, com a obrigatoriedade da matrícula das crianças a partir

dos 4 anos de idade o número de procura nas redes públicas de ensino

aumentaram o que vem provocando alguns entraves no ambiente escolar

devido a acomodação de novos alunos. Houve também uma nova adaptação

nas famílias com a obrigatoriedade da matrícula e a assiduidade dos seus

filhos na Educação Infantil que a partir da lei 12.796/13 é de 60% de frequência

para que os educandos possam adquirir um maior desenvolvimento nas

expressões orais e corporais, na socialização, nas áreas psicológicas e

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sustentabilidade do meio em que vive entendendo melhor a cultura da sua

comunidade.

Mediante essa nova lei segundo o artigo 6º ¨É dever dos pais ou

responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4

(quatro) anos de idade¨, os responsáveis que não matricularem seus filhos na

Educação Infantil a partir dos quatro (4) anos de idade podem sofrer sanções

como fica explicito no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que os pais

podem ser multados se não respeitarem a nova legislação:

Os valores podem ir de três a vinte salários mínimos segundo o artigo 249º e também no Código Penal artigo 246º uma punição criminal para os pais que abandonam a educação de seus filhos, podendo sofre a pena de multa ou detenção de 15 dias ou 1 mês.(Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/noticias/2013/04/05/lei-regulamenta-obrigatoriedade-de-matricula-na-rede-escolar-a-partir-dos-4-anos.htm>).

Os órgãos fiscalizadores responsáveis do Poder Público para o

cumprimento de tais leis são os Conselhos Tutelares e os Ministérios Públicos

de cada município, pois, cabe aos municípios já estabelecido na LDB/96

oferecer a Educação Infantil.

Com o advento dessa nova lei muda-se também o tempo de

escolarização dos educandos passando o Ensino Fundamental de oito (8) anos

para nove (9) anos. Assim as crianças devem ser matriculas na Educação

Infantil a partir dos quatro (4) anos de idade. Esse debate sobre a matrícula das

crianças na Educação Infantil a partir dos quatro (4) anos de idade já vinha

sendo debatido no cenário nacional no que podemos perceber segundo nota

técnica aprovada por unanimidade pela Câmara de Educação Básica, em 5 de

junho de 2012, sobre o esclarecimento da matrícula de crianças de 4 anos na

Educação Infantil e de 6 anos no ensino fundamental de 9 anos de idade

trazendo uma mudança positiva para a educação nacional.

O Ensino Fundamental ampliado para nove anos de duração é um novo Ensino Fundamental, que exige um projeto político-pedagógico próprio, para ser desenvolvido em cada escola. O Ensino Fundamental de nove anos, de matrícula obrigatória para crianças a partir dos seis anos – completos ou a completar

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até o início do ano letivo – deverá ser adotado por todos os sistemas de ensino, até o ano letivo de 2010, o que significa dizer que deverá estar planejado e organizado até 2009, para que ocorra sua implementação no ano seguinte. A organização do Ensino Fundamental com nove anos de duração supõe, por sua vez, a reorganização da Educação Infantil, particularmente da Pré-Escola, destinada, agora, a crianças de 4 e 5 anos de idade, devendo ter assegurada a sua própria identidade. O antigo terceiro período da Pré-Escola não pode se confundir com o primeiro ano do Ensino Fundamental, pois esse primeiro ano é agora parte integrante de um ciclo de três anos de duração, que poderíamos denominar de “ciclo da infância”. (...) Os três anos iniciais são importantes para a qualidade da Educação Básica. Voltados à alfabetização e ao letramento, é necessário que a ação pedagógica assegure, nesse período, o desenvolvimento das diversas expressões e o aprendizado das áreas de conhecimento estabelecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Dessa forma, entende-se que a alfabetização dar-se-á nos três anos iniciais do Ensino Fundamental. A avaliação, tanto no primeiro ano do Ensino Fundamental, com as crianças de seis anos de idade, quanto no segundo e no terceiro anos, com as crianças de sete e oito anos de idade, tem de observar alguns princípios essenciais. A avaliação tem de assumir forma processual, participativa, formativa, cumulativa e diagnóstica e, portanto, redimensionadora da ação pedagógica. A avaliação nesses três anos iniciais não pode repetir a prática tradicional limitada a avaliar apenas os resultados finais traduzidos em notas ou conceitos. A avaliação, nesse bloco ou ciclo, não pode ser adotada como mera verificação de conhecimentos visando ao caráter classificatório. É indispensável a elaboração de instrumentos e procedimentos de observação, de acompanhamento contínuo, de registro e de reflexão permanente sobre o processo de ensino e de aprendizagem. A avaliação, nesse período, constituirse-á, também, em um momento necessário à construção de conhecimentos pelas crianças no processo de alfabetização. (Parecer CNE/CEB nº 4/2008).

Desta forma é necessária uma profunda análise de como a

rede de ensino público buscou se adaptar mediante tais mudanças, pois, após

a implementação da lei 12.796/13 os municípios nacionais ficaram com a

obrigação de se regularizarem até o ano de 2016 para essa ampliação de

atendimento dos educandos dessa faixa etária como parte da Educação Básica

Nacional.

Na história e na prática da Educação Infantil essas mudanças

por parte do Governo Nacional sempre ocorreram devido aos movimentos

educacionais que se fazem necessário atender a demanda de cada período

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histórico que passa a nossa sociedade. Basta saber de que forma e estrutura

as redes de ensino público estão preparadas para tais modificações. Construir

e reconstruir pensamentos pedagógicos para o ensino, revisar concepções do

ensino e aprendizagem, definir novas diretrizes as quais sempre procuram o

melhor atendimento dos educandos é um debate já fincado historicamente.

Porém, como será colocado em prática a obrigatoriedade do atendimento na

Educação Infantil com estruturas municipais muitas das vezes precárias?

Como manter o acesso e a permanência do educando? São questões que

ainda estão postas para serem respondidas no decorrer da vigência desta lei.

Neste segmento os autores Oliveira e Teixeira pontuam:

Os desafios à garantia do acesso à EI estão, assim, colocados. Além de garantir o acesso à vaga e a permanência da criança nessa etapa da Educação, que tem um período obrigatório, coloca-se como desafio também diminuir as disparidades no acesso, sobretudo por razões socioeconômicas. Sabe-se que as crianças com famílias de menor ou nenhum poder aquisitivo é que mais têm ficado à margem de seu direito. Caberá, então, aos municípios ampliarem a oferta de atendimento, que já era deficiente antes mesmo de a EI tornar-se obrigatória. (OLIVEIRA e TEIXEIRA, s/a, p.10).

Outra questão a ser apontada nesse trabalho refere-se às

metas a serem alcançadas mediante os artigos da lei 12796/13 discursa, sobre

esses tópicos os autores: Luiz, Marchetti e Gomes questionaram:

Preocupar-se apenas com o cumprimento das metas de acesso à EI em resposta à legislação educacional é desconsiderar discussões importantes que estão na pauta das dificuldades de quem está responsável pelas instituições infantis, tais como a organização dos espaços físicos que atendem às crianças (muitas vezes, bastante inadequados) e a dificuldade dos sistemas municipais de ensino em definirem uma política curricular a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, entre outros. (LUIZ, MARCHETTI e GOMES, 2016, p.36).

Uma das principais metas a serem alcançadas

progressivamente até o ano de 2016, após a promulgação da lei 12.796/13, é a

universalização do acesso das crianças de quatro (4) anos e cinco (5) anos de

idade nas redes públicas, garantindo a elas uma ampliação do acesso e

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também da qualidade no atendimento educacional preparando os espaços

físicos e materiais adequados para essa faixa etária, oferecendo dentro desse

conjunto de fatores a formação específica de seus docentes. Esta ampliação

de vagas e qualidade no atendimento educacional para essa faixa etária doa

quatro aos cinco anos tornou-se um grande desafio para os municípios,

sabendo que são os municípios os responsáveis pelo atendimento da

modalidade de Educação Infantil.

Além da universalização da Educação Infantil a lei

12.796/13 coloca entre suas metas mais uma responsabilidade para os

municípios de definirem um currículo com base nas Diretrizes Curriculares

Nacionais da Educação Infantil, fazendo uma adequação também no currículo

do 1º ano do Ensino Fundamental que a partir desta lei passa a atender os

educandos de seis (6) anos que antes estavam na Educação Infantil.

Como pode-se ver ainda existe um longo caminho para se

cumprir as metas colocadas nesta lei para se universalizar o acesso à

Educação Infantil nos municípios nacionais, que exigirá dos governos

municipais um esforço e um empenho em conjunto com a União e os Estados

para que juntos possam proporcionar uma educação de qualidade para os

educandos da Educação Infantil.

3.1- Como o município de Cachoeiras de Macacu se adaptou a lei

12.746/13

O município de Cachoeiras de Macacu localiza-se na Região

Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, fazendo limites com os municípios

de Nova Friburgo, Silva Jardim, Rio Bonito, Tanguá, Itaboraí, Guapimirim e

Teresópolis. Sua fundação data de 15 de maio de 1.679, completando neste

ano de 2.017, 338 anos. Conforme dados do Censo de 2010 IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) sua população é de 54.370 habitantes.

Sua população alfabetizada com dados do ano de 2010 é de 45.544 pessoas

dando uma porcentagem de 84% de pessoas alfabetizadas no município.

Para discursar sobre o município, foi desenvolvida uma

pesquisa documental fornecida pela coordenadora da Educação Infantil de

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Cachoeiras de Macacu, Michelle Fagundes Rangel da Silva, a partir dos dados

fornecidos é que farei a análise do atendimento da Educação Infantil no

período de 2013 a 2017.

Desde a promulgação da lei 13.796/13 o município de

Cachoeiras de Macacu vem se esforçando para atender nas suas 17 unidades

de ensino de Educação Infantil a demanda da comunidade local. O número de

alunos atendidos em cada sala de aula é de 22 educandos. Quando é

matriculado um aluno com necessidade educacional especializada o número

não é reduzido tendo um mediador para esse atendimento. O número de

alunos só é reduzido quando o educando é cadeirante ou usa andador ou

tenha baixa visão devido à mobilidade no espaço físico. Pode-se perceber que

o município tem buscado atender no que diz a alínea III do artigo 4º quando diz

que:

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino(BRASIL, LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013).

A obrigatoriedade da matricula do educando de quatro (4) e

cinco (5) anos como determina a lei 12.796/13, está totalmente implicada no

direito da criança de ter a oportunidade de ir para à escola e receber desta

instituição atividades pedagógicas educativas preparadas e pensadas para sua

faixa etária. Para tanto os professores da Rede Municipal de Educação de

Cachoeiras de Macacu fazem uma vez por semana com a supervisora

pedagógica um planejamento das atividades a serem desenvolvidas nas salas

de aulas. O município ainda está tentando se adequar ao um terço (1/3) de

planejamento fora da sala de aula na rede pública de ensino conforme

estipulado na lei 11.738/08 artigo 2º parágrafo 4º:

Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos.( BRASIL, LEI Nº 11.738, DE 16 DE JULHO DE 2008.)

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Porém, ainda não conseguiu atingir esse objetivo ficando cada

instituição escolar responsável de organizar o horário de planejamento com

seus professores. Mesmo assim a Secretaria de Educação não deixa de

colaborar com as escolas com seus projetos e currículo, buscando em conjunto

com os supervisores pedagógicos e os professores desenvolver o

conhecimento determinado para essa faixa etária e a valorização da cultura

regional, ampliando em cada educando uma construção de sua autonomia,

visando o aumento da criatividade infantil e sua socialização na comunidade

escolar.

A avalição é feita por bimestre de forma descritiva, no qual, o

professor (a) faz as suas observações durante cada bimestre e expõe em

forma de texto o desenvolvimento da criança analisando o processo de cada

um (a) de construção da aprendizagem dentro dos aspectos motores,

cognitivos e afetivos no que vivenciou em cada bimestre, esclarecendo as

propostas pedagógicas desenvolvidas e como o educando respondeu a cada

estímulo dado pelo professor (a).

A avaliação, enquanto relação dialógica, vai conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e também pelo professor, como ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula em direção a um saber aprimorado, enriquecido, carregado de significados, de compreensão. Dessa forma, a avaliação passa a exigir do professor uma relação epistemológica com o aluno - uma conexão entendida como reflexão aprofundada a respeito das formas como se dá a compreensão do educando sobre o objeto do conhecimento. (HOFFMANN, S/A, p.56)

Esse instrumento de avaliação serve como registro

importantíssimo de acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem do

aluno (a) tanto para a escola como para os pais, ficando arquivado na

instituição de ensino para futuras revisões se for necessário. E em caso de

transferência esse relatório é enviado a nova instituição de ensino e quando o

aluno (a) passa para o 1º ano do Ensino Fundamental também é enviado a

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nova escola para que o novo educador (a) possa ter seus primeiros contatos

com o desenvolvimento da aprendizagem de cada aluno (a).

No que se refere ao atendimento dos alunos fazendo uma

análise dos dados fornecidos o município de Cachoeiras de Macacu apresenta

a seguinte tabela:

Número de alunos atendidos

por ano.

2013 1.109 2014 1.104 2015 1.139 2016 1.132 2017 1.145

Não havendo no ano de 2017 até o mês de agosto alunos (as)

na fila de espera para ingressar em qualquer uma das 17 instituições de ensino

de Educação Infantil.

Para o ano de 2018 Secretaria Municipal de Educação de

Cachoeiras de Macacu, visa ampliar o atendimento disponibilizando para a

comunidade 4 novas salas de aulas com capacidade para atender mais 88

educandos distribuídos entre elas. Duas salas serão disponibilizadas no

Centro de Educação Infantil Municipal Village e as outras duas na Escola

Municipal São Sebastião.

Também já visam para o ano de 2018 projetos pedagógicos

com os seguintes temas: Que abuso é esse? Crescer sem violência, Semana

da criança. Objetivam formular um Plano Municipal pela 1ª Infância,

valorizando as especificidades e necessidades para o atendimento das

crianças do município.

Como podemos observar diante da obrigatoriedade da Lei

12.796/13, o município de Cachoeiras de Macacu vem tentando conforme suas

possibilidades adequar o atendimento das crianças de quatro (4) aos cinco (5)

anos, buscando atender a demanda da comunidade e fazendo adaptações em

seus espaços escolares para que a aprendizagem possa acontecer da melhor

forma para os seus educandos.

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CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise

de como a Educação Infantil no Brasil vem seguindo um modelo de adaptação

de acordo com o crescimento e exigências da sociedade.

Neste sentido verificou-se que no início da história da

Educação Infantil no Brasil a rede ensino era para poucos, nem todos, podiam

ter acesso a educação. A Educação Infantil foi protagonista de um modelo de

creche para pobres e um outro modelo para os ricos, foi necessário um grande

avanço para se conseguir desvencilhar deste modelo arcaico.

Um ponto que merece ser destacado foi a valorização da

política da educação na legislação brasileira no qual teve uma importante

conquista, e diversas mudanças.

Com a inserção da Educação Infantil na Constituição Federal

de 1988, a construção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em

1990, foram traçando o caminho como dispositivos legais para que a

deliberação da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional nº 9.394/96, coloca-se a Educação Infantil em seu texto como dever

de Estado e, principalmente, afirma a Educação Infantil e a educação como um

todo um direito social.

Neste sentido a LDB que é a matriz de direção para qualquer

rede de ensino e os profissionais da educação, foi com o tempo sofrendo

alterações para melhor atender as demandas sociais mediante a educação de

dos brasileiros. Uma delas é lei de 12.796 de 2013 que traz a Educação Infantil

como modalidade do ensino obrigatória para as crianças de quatro (4) aos

cinco (5) anos. Discutir sobre a obrigatoriedade da Educação Infantil é falar no

desenvolvimento infantil nos seus aspectos, social, psíquico e cognitivo do ser

humano em construção. Nesta construção a família, o poder público e toda a

sociedade é convocada para que em conjunto se possa pensar e realizar uma

sociedade mais justa para as nossas crianças.

Neste trabalho foi realizado uma análise do município de

Cachoeiras de Macacu, para verificar como a lei 12.796/13 foi adaptada pela

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administração local. Pode-se perceber que mesmo com algumas lacunas ainda

abertas para serem preenchidas o município vem dentro das suas

possibilidades cumprindo as exigências da lei. Neste ano de 2017 até o mês de

agosto, quando foi feito a pesquisa, nenhuma família que procurou a rede de

ensino pública nesta localidade ficou sem ser atendida. Atendendo até o

momento 1.145 crianças dentro desta modalidade de ensino. E ainda está em

sua meta para o ano de 2018 a abertura de 4 salas de aulas na Educação

Infantil, abrindo assim mais 88 vagas para novas matrículas.

Desta forma a universalização da Educação Infantil e sua

melhoria na qualidade do ensino requer a conexão entre as esferas federal,

estadual e municipal em conjunto e articulado com as políticas e programas

públicos de ensino destinados às crianças de quatro (4) aos cinco (5) anos de

idade, para que os municípios mais carentes economicamente possam atender

tais exigências legais.

A verdadeira universalização do atendimento na Educação

Infantil no sistema educacional, conforme estabelece a lei 12.796/13,

dependerá exclusivamente das definições de normas e diretrizes bem

ramificadas no campo educacional e político do nosso país.

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43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL 11

1.1. A Educação Infantil nos dias atuais 15

CAPÍTULO II

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: COMPREENSÃO SOBRE

CRIANÇA 18

2.1. A Constituição Federativa da República de 1988: a inclusão da educação infantil 18

2.2. O Estatuto da Criança e do Adolescente: mais um instrumento legal de apoio a criança 22

2.3. Na Lei de Diretrizes Bases da Educação norteadora da educação do

Brasil 24

CAPÍTULO III

A LEI 12.746/13: PERSPECTIVA VERSUS REALIDADE 28

3.1. Como o município de Cachoeiras de Macacu-RJ se adaptou a lei

12.746/13 34

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40