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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.520/2010-8 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário (Sigiloso) TC-011.520/2010-8 Natureza: Denúncia Unidades: Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso – Fiemt e Serviço Social da Indústria – Sesi/MT Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992). Responsáveis: Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), Patrícia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), e Grace Karen Decker (771.598.291-15) Advogados constituídos nos autos: Grace Karen Decker (OAB/MT nº 7.007); Fernanda Pareja Oliveira (OAB/MT nº 9.020); Kleiton Anderson Antunes de Souza (OAB/MT nº 10.77-B). SUMÁRIO: DENÚNCIA. IRREGULARIDADES EM LICITAÇÃO PARA AQUISIÇÃO DE MOBILIÁRIO. LICITAÇÃO ANULADA PELO LICITANTE. NÃO CONHECIMENTO DE DENÚNCIA APÓCRIFA. CONVERSÃO DOS DOCUMENTOS EM REPRESENTAÇÃO DA UNIDADE TÉCNICA EM FACE DE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES EM NOVO EDITAL DE LICITAÇÃO. AUDIÊNCIAS. ACOLHIMENTO PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS. CIÊNCIA ACERCA DA IMPROPRIEDADE VERIFICADA. RELATÓRIO Adoto como relatório, após ajustes de forma pertinentes, a instrução constante da peça 45 destes autos, com a qual se manifestaram de acordo o diretor técnico e o titular da Secex/MT (peças 46 e 47): INTRODUÇÃO Cuidam os autos de denúncia anônima acerca de possíveis irregularidades no Edital do Pregão Presencial 4/2010-SFIEMT, deflagrado para a aquisição e instalação de mobiliários, consistentes em cláusulas restritivas à competitividade do certame, que teriam sido incluídas com o fito de direcionar o 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIOTC 011.520/2010-8

GRUPO II CLASSE VII Plenrio (Sigiloso)TC011.520/2010-8 Natureza: DennciaUnidades: Federao das Indstrias do Estado do Mato Grosso Fiemt e Servio Social da Indstria Sesi/MT Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992).Responsveis: Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), e Grace Karen Decker (771.598.291-15)

Advogados constitudos nos autos: Grace Karen Decker (OAB/MTn 7.007); Fernanda Pareja Oliveira (OAB/MT n 9.020); Kleiton Anderson Antunes de Souza (OAB/MT n 10.77-B).SUMRIO: DENNCIA. IRREGULARIDADES EM LICITAO PARA AQUISIO DE MOBILIRIO. LICITAO ANULADA PELO LICITANTE. NO CONHECIMENTO DE DENNCIA APCRIFA. CONVERSO DOS DOCUMENTOS EM REPRESENTAO DA UNIDADE TCNICA EM FACE DE INDCIOS DE IRREGULARIDADES EM NOVO EDITAL DE LICITAO. AUDINCIAS. ACOLHIMENTO PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS. CINCIA ACERCA DA IMPROPRIEDADE VERIFICADA.

RELATRIOAdoto como relatrio, aps ajustes de forma pertinentes, a instruo constante da pea 45 destes autos, com a qual se manifestaram de acordo o diretor tcnico e o titular da Secex/MT (peas 46 e 47):INTRODUO

Cuidam os autos de denncia annima acerca de possveis irregularidades no Edital do Prego Presencial 4/2010-SFIEMT, deflagrado para a aquisio e instalao de mobilirios, consistentes em clusulas restritivas competitividade do certame, que teriam sido includas com o fito de direcionar o objeto licitado s empresas Milanflex e Soluo Comrcio de Moveis e Equipamentos Ltda.HISTRICO

2. A instruo preliminar (pea 2, p. 16-24) consignou que, embora no preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235, caput, do Regimento Interno/TCU, por se tratar de denncia apcrifa, o expediente deveria ser conhecido como representao, nos termos do art. 237, inciso VI, do Regimento Interno/TCU, por haver indcios das irregularidades relatadas. Assim, com vistas apurao dos fatos, props a realizao de diligncia FIEMT com o fito de se obter esclarecimentos e a documentao alusiva ao Prego Presencial 4/2010-SFIEMT.

3. Em atendimento ao Ofcio de Diligncia 457/2010-TCU/Secex/MT (pea 2, p. 25-26), a FIEMT carreou aos autos as informaes e documentos requisitados, referentes ao Prego Presencial 4/2010, noticiando, ainda, a anulao do procedimento, em virtude de falhas identificadas, em especial quanto ausncia de publicao do Adendo I ao Edital junto Imprensa Oficial (peas 3, p. 5-63, e pea 4, p. 1-28).

4. Os elementos apresentados, referentes ao Prego Presencial 4/2010, foram examinados pela instruo pea 2, p. 29-32, que entendeu potencialmente restritivas competitividade do certame as exigncias de entrega dos produtos no prazo de at 20 dias corridos (item 6.3, letra e, do Edital) e de Certificado de Conformidade da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) NBR 13961 para armrios escaninhos e NBR 14006 para carteira escolar (item 6.3, letra h, do Edital), alm das constatadas pela administrao que motivaram a anulao do certame.

5. Nesse contexto, e considerando a realizao de nova licitao (Prego Presencial 007/2010/Sesi), possivelmente nos mesmos moldes do prego anulado, no qual se sagrou vencedora uma das empresas indicadas como favorecidas na pea denunciatria, o Auditor-instrutor propugnou fosse novamente diligenciado FIEMT para que, desta feita, encaminhasse o inteiro teor do processo referente ao novo certame.

6. Em 12/7/2011, por meio do Ofcio GAP 097/2011 (pea 4, p 38) e em atendimento ao Ofcio de Diligncia 991/2011-TCU/Secex/MT (pea 4, p. 35), o FIEMT encaminhou cpia integral do Processo 455/2010, referente ao Prego Presencial 007/2010/Sesi, que teve por objeto a aquisio, montagem e instalao de mobilirios destinados ao Sesi-DR/MT, cujos elementos formam as peas 6 a 13 destes autos.

7. A documentao atinente ao Prego Presencial 007/2010/Sesi foi examinada pela instruo pea 15, que considerou como ilegal e restritiva a exigncia contida no subitem 6.3, letra h, do Edital, verbis:

6.3 A propostas de preos dever:(...)

h) Apresentar Certificado de Conformidade s Normas da ABNT, emitida por OCP (Organismo Certificador de Produto) acreditado pelo INMETRO sendo as seguintes NBRs vlidas: 13961/2003 para Armrios de Escritrios; 13966/2008 para Mesas de Trabalho; 13967/2009 para Estao de Trabalho; e 13962/2006 para Cadeiras. O certificado ser exigido somente para os itens acima, no havendo necessidade de apresentao para os demais itens do lote. (pea 7, p. 69)

8. De acordo com a pea instrutiva, essa exigncia teria ocasionado cerceamento participao de interessados no certame, notadamente por ter acudido apenas duas licitantes, sendo uma delas, a empresa Dianez & Cia Ltda., desclassificada justamente por no apresentar tais certificados. Ademais, teria havido direcionamento do resultado da licitao empresa Soluo Comrcio de Mveis e Equipamentos Ltda., porquanto aceitos os certificados apresentados em nome da empresa Milanflex Indstria e Comrcio de Mveis e Equipamentos Ltda.9. Diante disso, o Auditor-instrutor propugnou a audincia das Sras. Grace Karen Decker, Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT, e Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha, Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT, e do Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva, Superintendente Regional Sesi-DR/MT, autorizadas pelo Sr. Diretor pea 16, com base da delegao de competncia conferida pela Portaria-MINS-ASC 7, de 19/8/2011, c/c a subdelegao prevista no art. 1, inciso III, da Portaria Secex/MT 3, de 24/1/2012.

10. A localizao nos autos dos ofcios de audincia e das respectivas razes de justificativa apresentadas pelos responsveis consta da tabela abaixo:

ResponsvelOfcio de AudinciaRazes de Justificativa

Grace Karen Decker (CPF 771.598.291-15)728/2012-TCU/Secex/MT (peas 17 e 22)- pea 28

Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68)729/2012-TCU/Secex/MT(pea 18 e 23)- peas 29 a 44

Luiz Augusto Moreira da Silva(CPF 275.198.641-20)730/2012-TCU/Secex/MT (peas 19 e 21)- peas 24 a 27

11. A instruo em curso tem por escopo a anlise das razes de justificativa ofertadas pelos responsveis, com vistas resoluo do mrito da representao.

EXAME TCNICO

12. Sero analisadas em conjunto as razes de justificativa apresentadas pelos responsveis para cada ocorrncia, tendo em vista o princpio da verdade material e que a defesa apresentada por um dos agentes ouvidos aproveita aos demais no que se refere s circunstncias objetivas, nos temos do art. 161 do Regimento Interno do TCU.

I. Exigncia de certificado de conformidade com as normas da ABNT

I.1 Audincia

13. A Sras. Grace Karen Decker (Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT) e Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT) e o Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (exSuperintendente Regional Sesi-DR/MT) foram notificados, em sede de audincia (peas 17 a 19), a apresentarem razes de justificativa acerca da seguinte constatao:

Exigncia de certificado de conformidade emitidos pela ABNT, conforme registrado na clusula 6.3, alnea h, do edital do processo licitatrio 007/2010/Sesi, fato que tem potencial de promover o cerceamento de participao de interessados no processo de licitao com possvel direcionamento de resultado, em afronta ao inciso I, 1, do art. 3 da Lei 8.666/93 e aos Acrdos 2.323/06-TCU-Plenrio e 144/07-TCU-Plenrio.

I.2 Razes de Justificativa da Sr Grace Karen Decker (CPF 771.598.291-15), Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT (pea 28)

14. A responsvel defende que o procedimento foi instaurado e processado em consonncia com os princpios da legalidade, da eficincia e da economicidade visando a atender o interesse social, no caso, relacionado medicina e sade do trabalho.

15. Esclarece que todas as solicitaes se referiam aquisio de mveis e cadeiras que atendessem normas ergonmicas e as necessidades anatmicas, objetivando dar cumprimento a Portaria 3.571/1990 do Ministrio do Trabalho e Emprego que criou a NR 17, norma regulamentadora de aplicao obrigatria a todas as empresas regidas pela Consolidao das Leis do Trabalho.

16. Para tanto, previamente ao procedimento licitatrio, o Sesi-DR-MT, por meio de pessoas especializadas no assunto, realizou um estudo ergonmico em todas as suas Unidades Operacionais, culminando em diversos laudos tcnicos que apontaram a necessidade de adequao imediata em vrias unidades e setores. Ento, o Sesi determinou que projetos mobilirios fossem realizados a fim de subsidiar os processos licitatrios dessa natureza.

17. Posteriormente, com base nos laudos ergonmicos, o Setor de Licitaes e Contratos providenciou o edital de licitao de modo a garantir a correta adequao dos mveis e cadeiras frente NR 17 e s demais normas tcnicas pertinentes, no caso as da ABNT, levando-se em considerao que haveria diversas empresas, tanto industriais como comerciais, aptas a atender a demanda na forma solicitada pelo Sesi.

18. Nesse contexto, a justificante argumenta que a clusula questionada tem fundamento de validade no art. 12, inc. II, alnea d, do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi (dispositivo similar ao art. 30, inciso IV, da Lei 8.666/1993) c/c o art. 39, inciso VIII, do Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e com o art. 1 da Lei 4.150/62.

19. Invocando o art. 12, inciso II, alnea d, do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi quanto possibilidade de se exigir, a ttulo de qualificao tcnica, prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso, defende ser cabvel requerer dos licitantes a apresentao de documentos tcnicos que permitam aferir objetivamente que o produto apresentado atenda s normas tcnicas nacionais, editadas pela ABNT.

20. Alega que a ABNT o rgo responsvel pela normalizao tcnica no pas, fornecendo a base necessria ao desenvolvimento tecnolgico brasileiro. Externo administrao e alheio aos interesses eventuais de licitantes, formula e edita normas idneas para o fim de orientar o deslinde prvio desses impasses, as quais se impem, por fora da Lei 8.666/93, a todos que participem, presidem e julgam a licitao.

21. Segundo a responsvel, as normas da ABNT funcionariam como motivos determinantes dos atos administrativos que se expedem com base em seus enunciados, restringindo o campo da discricionariedade administrativa e facilitando a observncia do princpio do julgamento objetivo, a par de assegurar ao vencedor do certame o acompanhamento igualmente objetivo da execuo do contrato.

22. Assim, ressalta que o art. 1 da Lei 4.150/1962 obriga a exigncia e aplicao dos requisitos mnimos de qualidade, utilidade, resistncia e segurana usualmente chamados normas tcnicas, elaboradas pela ABNT, nos contratos de obras e compras do servio pblico de execuo direta, concedida, autrquica ou de economia mista.

23. No mesmo sentido, invoca o art. 3, 5, da Lei 8.666/93 (introduzido pela Lei 12.349/2010) quanto preferncia a servios nacionais que atendam s normas tcnicas brasileiras, e, tambm, o art. 39, inciso VIII, da Lei 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor) que veda a colocao, no mercado de consumo, de produtos ou servios em desacordo com as normas expedidas pelos rgos oficiais competentes ou, se normas especificas no existirem, pela ABNT ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Conmetro).

24. Ressalta que, luz do art. 12, inciso II, alnea d, do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi, salutar compreender que o Cdigo de Defesa do Consumidor classificado como uma lei especial de ordem pblica - pois tem por especialidade tratar das relaes de consumo, inclusive aquelas entre fornecedores com as Entidades do Sistema S e Administrao Pblica -, e considerando que esse Cdigo impe observncia s normas tcnicas nacionais, as normas da ABNT (NBRs) merecem ter o mesmo tratamento e classificao.

25. Sobre o tema acrescenta que a Lei 8.078/1990 define como consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final, de forma que o Cdigo de Defesa do Consumidor plenamente aplicvel tambm aos contratos administrativos, j que estabelece diretrizes na relao de consumo de pessoas jurdicas quando destinatrias finais, conforme ocorrido no caso concreto.

26. Diante disso, sustenta ser possvel exigir, nos editais de licitao, certificados emitidos pela prpria ABNT ou laudos de conformidade (relatrios de ensaios) emitidos por laboratrios acreditados pelo Inmetro como prova de conformidade dos produtos ofertados s normas aplicveis, a depender do tipo de produto que se pretende adquirir.

27. Destaca que o TCU j tem se posicionado favoravelmente a exigncias que garantam a produo e entrega de mobilirios com observncia obrigatria das referncias dispostas em normas tcnicas e dispositivos legais existentes no pas, notadamente as normas brasileiras ABNT relacionadas diretamente ao objeto, mencionando o Acrdo 1852/2010-TCU- 2 Cmara.

28. Mirando os princpios da economia e da eficincia, afirma que a clusula questionada foi inserida com o fito de garantir a aquisio de produtos de estabilidade, resistncia e durabilidade, no prazo de entrega assinalado e mitigando o risco de aquisies sem o padro de qualidade exigido, ou seja, a exigncia de certificado de conformidade ABNT buscou uma real economia, j percebida pela administrao pelo extenso perodo sem substituies por dano ou deteriorao dos seus bens permanentes.

29. Nesse prisma, citando doutrina de Maral Justen Filho e trecho do Manual de Licitaes do TCU, que destaca a importncia do ato convocatrio definir claramente critrios de anlise dos produtos ofertados, levando-se em conta fatores de qualidade, durabilidade, funcionalidade e desempenho, defende estar demonstrada a necessidade de, no caso concreto, as licitantes cumprirem, no mnimo, as normas tcnicas destinadas verificao de qualidade do mobilirio produzido.

30. Adicionalmente, salienta que a exigncia de certificao como prova de que o produto atende a critrios legalmente impostos j est devidamente previsto para as chamadas licitaes sustentveis, conforme art. 5, 1, da Instruo Normativa 01/2010 do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto.

31. Por derradeiro, assere que a busca pela qualidade algo a ser explorado continuamente pela administrao, e por esse motivo no h razes para vislumbrar ilegalidade na deciso do Gestor ao se exigir para sua aquisio, no instrumento convocatrio, certificados emitidos pela ABNT e outros documentos que comprovem atendimento s normas tcnicas Nacionais.

32. Diante do que expe, pugna pelo acolhimento das razes de justificativa apresentadas para que seja afastada qualquer penalidade e, consequentemente, arquivado o feito.

I.3 Razes de justificativa da Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), Pregoeira Oficial do Sistema FIEMAT (pea 29)

33. A responsvel informa que o processo licitatrio foi instaurado, em 14/06/2010, aps breve anlise do gestor da entidade no que tange a necessidade de adequar os mveis NR 17, tendo por objeto a aquisio, montagem e instalao de mobilirios destinados ao Sesi-DR/MT e suas unidades, conforme especificaes e condies descritas no Termo de Referncia.

34. Diz que era de conhecimento do setor de licitaes que o Sesi-DR/MT havia realizado vrios estudos nos seus diversos setores de trabalho, os quais demonstraram, mediante Laudos Ergonmicos, a necessidade urgente de providenciar a adequao do mobilirio da entidade.

35. Diante disso, atendendo determinao superior, o setor de engenharia e arquitetura providenciou projetos que demonstrassem desenhos ergonmicos, com base em questes e normatizaes tcnicas. Juntamente com os projetos, o Termo de Referncia do processo licitatrio foi desenvolvido contendo descries de qualidade voltadas ergonomia e necessidades anatmicas.

36. De posse desse material, considerando que a entidade queria garantir a aquisio de produtos de qualidade, o setor de licitaes e contratos fez inmeras pesquisas quanto s possibilidades existentes no mercado, constatando que praxe na Administrao Pblica exigir que mobilirios sejam entregues nos moldes exigidos nas normas da ABNT.

37. Segundo a responsvel, tal exigncia pode ser observada nas seguintes licitaes:

37.1 MPF Prego Presencial 047/2007;

37.2 TCE/MT Prego Presencial 03/2008;

37.3 Instituto Riograndense de Arroz/RS Prego Eletrnico 522/09;

37.4 MP/PI Tomada de Preo 25/2009;

37.5 Sefaz/MT Prego 36/2009;

37.6 FUNPEC Prego Eletrnico 057/2010

37.7 MP/BA Prego Presencial 77/2010;

37.8 Sesc/AM Prego Presencial 11/022-PG;

37.9 TCE/MT Prego Presencial 18/2010;

37.10 Defensoria Pblica/TO Convite 02/2010;

37.11 TRE/MG Prego Eletrnico 08/2010;

37.12 Ancine Prego Eletrnico 007/2010;

37.13 TCU Prego Eletrnico 28/2011;

37.14 TRE/MA Prego Eletrnico 51/2011;

37.15 TJ/MT Prego Presencial 01/2008;

37.16 BNDES Prego Eletrnico AA 13/2011;

37.17 JF/Roraima-Prego Eletrnico 19/2012

37.19 FHE Fundao Habitacional do Exrcito - Ampla Licitao 04/2009;

37.20 TRT 18 Regio Prego Eletrnico 59/2011;

37.20 Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto Prego 23/2012;

37.21 NOVACAP Prego Presencial 31/2012;

37.22 Prefeitura de Londrina/PR Prego PG/SMGP-0055/2012;

37.23 Governo de So Paulo - CEETEPS Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza Processo Licitatrio 197/2011; e

37.24 FNDE - Prego 23/2011.

38. Diante disso, com base no art. 12, inciso lI, alnea d, do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi, e em atendimento a determinao do Sesi que, segundo a responsvel, exigiu-se no edital a prova de atendimento a requisitos previstos em lei, no caso, certificao de conformidade s Normas da ABNT, emitida por OCP (Organismo Certificador de Produto) acreditado pelo Inmetro.

39. No que tange a competitividade, a responsvel ressalta que o setor de licitaes e contratos constatou inmeras empresas que fabricam mveis e cadeiras de acordo com as normas tcnicas e que possuem certificao, conforme relao de empresas extradas do prprio site da ABNT, citando as seguintes:

39.1 Flexibase Indstria e Comrcio de Mveis Ltda.;

39.2 Tecnoflex Indstria e Comrcio de Mobilirio Ltda.;

39.3 Mobran Indstria e Comrcio de Representaes de Mveis Ltda.;

39.4 Movap Indstria e Comrcio de Representaes de Mveis Ltda.;

39.5 Fortiline Indstria e Comrcio de Representaes de Mveis Ltda.;

39.6 Milanflex Indstria e Comrcio de Mveis e Equipamentos Ltda.;

39.7 Chromma Indstria e Comrcio de Mveis para Escritrio Ltda.;

39.8 TN Indstria e Comrcio de Mveis Ltda.;

39.9 Use Mveis para Escritrio Ltda.;

39.10 Artline Indstria e Comrcio de Mveis em Cuiab Ltda.;

39.11 Artividade Indstria e Comrcio de Mveis Ltda.;

39.12 Formatto Mveis para Escritrio;

39.13 Marelli Mveis para Escritrio;

39.14 Bortolini Imveis;

39.15 Giroflexform Mveis;

39.16 Supridatas Mveis para Escritrio.

40. Adicionalmente, destaca que desse rol atuavam de alguma forma, direta ou indiretamente, no mercado mato-grossense as seguintes empresas: Formatto Mveis para Escritrio, Marelli Mveis para Escritrio, Bortolini Imveis, Giroflexform Mveis e Supridatas Mveis para Escritrio.

41. Ressaltando a extensa lista de empresas que fabricam/vendem mveis e cadeiras certificadas pela ABNT, defende que exigncia fixada no item 6.3 do Edital no feriu, em nenhum momento, a competitividade do certame. Ao contrrio, no entender da responsvel, essa exigncia viabilizou fixar critrios objetivos e a validao com qualidade, alm de garantir que a aquisio fosse concluda no prazo solicitado e nas condies mnimas de qualidade exigidas pela NR 17.

42. Nesse contexto, argumenta que priorizar a competitividade no significa deixar de buscar condies que asseguram a obteno de materiais/servios com qualidade e eficincia, destacando que os editais de licitao da entidade so publicados em Dirio Oficial do Estado e no site do Sistema FIEMT (www.fiemt.com.br) e fixados em local pblico da entidade. Ademais, em todas as licitaes realizadas pelo setor, convites so disparados para os fornecedores cadastrados no Sistema FIEMT, cadastro este disponibilizado no site institucional, qual seja: http://www.portaldofornecedor.fiemt.com.br/.

43. Por fim, destaca que, aps vrios lances de negociao, a empresa vencedora finalizou seu preo final em R$ 230.805,00, implicando numa economia real de cerca de 25% frente ao valor inicialmente estimado para a aquisio (R$ 304.411,43), o que demonstraria que o Sesi agiu com zelo e probidade tendo adquirido mveis de qualidade, com certificao de conformidade, e o melhor, com eficincia e economia.

44. Pelos argumentos expendidos, requer o acolhimento das razes de justificativa para que a processo seja julgado improcedente e arquivado sem aplicao de penalidades.

I.4 Razes de Justificativa do Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), Superintendente Regional Sesi-DR/MT (pea 24)

45. O responsvel afirma que, em razo da Portaria 3751, de 23/11/90, que criou a Norma Regulamentadora NR-17 (Ergonomia) do Ministrio do Trabalho (MTE), a qual obriga as empresas regidas pela CLT, a realizar a Anlise Ergonmica das Condies de Trabalho e a adequ-las de forma a proporcionar conforto e segurana nas tarefas e atividades realizadas nos postos e ambientes de trabalho, em 2009/2010, o Sesi realizou um estudo em todas as suas unidades operacionais, que culminou nos Laudos Ergonmicos anexados as razes de justificativa.

46. Diante disso, na qualidade de Gestor do Sesi poca, acatou integralmente as recomendaes exaradas nos laudos tcnicos determinando que fossem providenciadas as medidas corretivas sugeridas e outras no sentido de adequar os mobilirios e equipamentos utilizados pelos funcionrios s normas regulamentadoras que cuidam da ergonomia, j que era eminente os transtornos que a situao causava.

47. Nesse sentido, argumenta que a aquisio de mveis e cadeiras em consonncia com as normas tcnicas da ABNT teve por objetivo adequar as condies de trabalho dos empregados do Sesi-DR/MT, motivo pelo qual era imprescindvel a aderncia s normas tcnicas de qualidade para que os produtos atendessem aos objetivos de adequao, descritos nos laudos ergonmicos.

48. Ressalta que a licitao foi realizada com base em justificativas tcnicas, constantes de laudos ergonmicos, emitidos nos termos da NR 17, de aplicao obrigatria ao Sesi-DR/MT, conforme o art. 157, inciso I, da CLT. A aquisio seria parte integrante do planejamento da entidade com vistas ao atendimento das normas de segurana e medicina do trabalho, fundamentando-se, tambm, na necessidade de adequao de requisitos funcionais intrnsecos, tais como: estabilidade do conjunto, resistncia e durabilidade.

49. Alega que, em virtude do cronograma de adequao, que era de imediato, tornou-se imprescindvel, no caso concreto, que as concorrentes apresentassem certificao de conformidade com as normas tcnicas da ABNT, j que seria invivel a concesso de prazo para a obteno da mesma frente ao prazo de entrega estabelecido. Ademais, essa certificao seria usual entre as empresas atuantes na fabricao de mobilirio corporativo, que possuem nvel de estrutura e organizao esperado das empresas que desempenham objeto de magnitude semelhante ao pretendido pelo Sesi-DR/MT.

50. Afirma que, inserida no gerenciamento com foco na eficincia dos resultados, a licitao em questo almejou uma aquisio economicamente vivel, sem se descuidar dos aspectos tcnicos mnimos a serem cumpridos pelos interessados em executar o objeto, tendo em vista a salvaguarda do interesse pblico, consistente, no caso concreto, nas questes de medicina e sade do trabalho e na busca por melhores resultados no trato dos recursos pblicos.

51. Quanto subsuno legal, alega que a deciso de exigir comprovao de conformidade s normas da ABNT motivou-se nos laudos tcnicos, tendo amparo no art. 12, inciso II, alnea d do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi, que faculta ao Gestor da Entidade exigir prova de qualificao tcnica voltada a atendimento de requisitos previstos em lei especial, no caso, a Lei 8.078/1990 - Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor (art. 39, inc. VIII) e a Lei 4.150/1962 (art. 1).

52. Por fim, argumenta que as exigncia de certificao da ABNT, baseada em estudos tcnicos previamente realizados, guarda proporcionalidade com o objeto licitado e com as necessidades de contratao do Sesi-DR/MT, sendo imprescindvel para atender aos requisitos mnimos de qualidade e as caractersticas ergonmicas exigidas ao caso concreto, de sorte que no teria havido qualquer irregularidade em sua previso, tanto assim, que a rea jurdica da entidade participou de todo o processo assegurando que tinha todo o embasamento jurdico-legal necessrio.

I.5 Anlise

53. Os responsveis sustentam, em essncia, que a exigncia editalcia de certificado de produtos com as Normas da ABNT tem amparo legal no art. 12, inciso II, alnea d do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi (similar ao do art. 30, inciso IV, da Lei 8.666/1993), porquanto constituiria prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial dispostos tanto no art. 1 da Lei 4.150/1962 como no art. 39, inciso VIII, da Lei 8.078/1990 (Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor).54. O art. 1 da Lei 4.150/1962 preconiza que:art. 1 Nos servios pblicos concedidos pelo Governo Federal, assim como nos de natureza estadual e municipal por ele subvencionados ou executados em regime de convnio, nas obras e servios executados, dirigidos ou fiscalizados por quaisquer reparties federais ou rgos paraestatais, em todas as compras de materiais por eles feitas, bem como nos respectivos editais de concorrncia, contratos ajustes e pedidos de preos ser obrigatria a exigncia e aplicao dos requisitos mnimos de qualidade, utilidade, resistncia e segurana usualmente chamados normas tcnicas e elaboradas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas, nesta lei mencionada pela sua sigla ABNT.55. Por sua vez, o art. 39, inciso VIII, da Lei 8.078/1990, veda expressamente ao fornecedor de produtos e servios, dentre outras prticas abusivas:

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servio em desacordo com as normas expedidas pelos rgos oficiais competentes ou, se normas especficas no existirem, pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Conmetro).

56. Com efeito, embora deixem assente a necessidade de se observar os requisitos de qualidade, utilidade, resistncia e segurana previstos em normas tcnicas elaboradas pela ABNT, os dispositivos legais em foco no obrigam, tampouco cogitam, prvia certificao de conformidade com as Normas da ABNT para viabilizar o fornecimento de produtos ou a participao em licitao deflagrada pela Administrao Pblica Federal.

57. Registre-se que a obrigatoriedade de o produto a ser contratado cumprir os requisitos impostos por uma determinada norma no se confunde, em absoluto, com a exigncia constante da alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010 de que os produtos possuam certificao de conformidade com as normas da ABNT.

58. Logo, foroso concluir que a legislao suscitada pelos responsveis, por si s, no d guarida exigncia questionada, qual seja, certificao de conformidade dos produtos s normas da ABNT, NBRs 13961/2003, 13966/2008, 13967/2009 e 13962/2006 para os itens Armrios de Escritrios, Mesas de Trabalho, Estao de Trabalho e Cadeiras, respectivamente.

59. Sobre o tema, a jurisprudncia do TCU firme no sentido de que a certificao de produto em relao determinada norma constitui exigncia afeta ao poder discricionrio do Administrador, podendo ser admitida contanto que devidamente fundamentada no processo licitatrio, mediante parecer tcnico, haja vista caracterizar efeitos potenciais de restrio competitividade do certame. 60. Nesse diapaso, o voto condutor do Acrdo 2.378/2007 TCU-Plenrio, relatado pelo Ministro Benjamin Zymler, deixa assente que:

6. H que se ter cristalino que a regra para contratao na Administrao Pblica a licitao mediante ampla concorrncia. Haja vista a exigncia da sala-cofre certificada restringir a competio, caso a Administrao conclua por necessria a contratao de produto certificado, dever, mediante parecer tcnico devidamente fundamentado, demonstrar a real necessidade da aquisio. O administrador que arbitrariamente optar por exigir a certificao, restringindo, sem a devida motivao, a competio, ficar sujeito s sanes previstas no art. 19 da Lei 8.443/92.

61. Na mesma assentada, a deliberao contida no item 9.3.2 do Acrdo 2392/2006-TCU-Plenrio esclarecedora ao dispor que:

9.3.2. o administrador tem a faculdade de exigir a certificao do produto em relao norma escolhida, desde que devidamente fundamentado no processo licitatrio, mediante parecer tcnico, devendo ser aceitos os certificados emitidos por qualquer entidade acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) para tal.

62. Portanto, no caso em exame, o deslinde da questo enseja verificao de emisso, no bojo do processo administrativo referente ao Prego Presencial 007/2010, do competente parecer tcnico, devidamente fundamentado, demonstrando a real necessidade de certificao de conformidade dos produtos (Armrios de Escritrios, Mesas de Trabalho, Estao de Trabalho e Cadeiras) s normas da ABNT, NBRs 13961/2003, 13966/2008, 13967/2009 e 13962/2006.

63. Contudo, no se vislumbra do processo administrativo referente licitao em questo (peas 6 a 13 desta representao) parecer tcnico ou qualquer justificativa para a exigncia de certificao de conformidade de itens licitados com as normas da ABNT, conforme requisitado na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010.

64. Tambm os laudos ergonmicos carreados aos autos pelos responsveis (peas 25, 26, 27 e 32), os quais teriam motivado as aquisies feitas por meio da licitao em anlise, no fazem qualquer meno acerca da necessidade de certificao de produtos s normas da ABNT, capaz de justificar a exigncia editalcia questionada.

65. Ademais, no socorre os responsveis a alegao de que praxe, no mbito da administrao pblica, exigir-se que mobilirios sejam entregues nos moldes definidos nas normas da ABNT, porquanto o questionamento do edital no reside nesse ponto, mas na exigncia injustificada de certificado de conformidade de produtos s normas da ABNT. A propsito, considerando que a exigncia de certificao de produtos admissvel quando devidamente justificada em parecer tcnico integrante do processo da licitao, o fato de haver essa mesma previso em alguns dos editais de licitaes carreados s peas 33 a 44, por si s, no os macula de irregularidade, tampouco tem o condo de justificar a clusula editalcia ora em exame.

66. Noutro vrtice, cabe observar que diversamente do defendido nas razes de justificativa, a existncia, atualmente, de cinco empresas com atuao no estado do Mato Grosso e dezesseis em mbito nacional detentoras de certificado de conformidade quanto s NBRs exigidas no edital do Prego Presencial 007/2010, no constitui, em absoluto, lista extensa de fornecedores habilitados a participar do certamente, notadamente frente ao objeto licitado: aquisio, montagem e instalao de mobilirio.

67. Certo que o universo de fornecedores aptos a fornecer os itens licitados, em consonncia com as normas da ABNT, seria multiplicado inmeras vezes caso no houvesse restrio injustificada a produtos com prvio certificado de conformidade s normas da ABNT, o que configura violao a dois princpios fundamentais a serem observados em uma licitao: o da isonomia entre os licitantes e o da ampla competitividade.68. Com efeito, a efetiva restrio competitividade no Prego Presencial 007/2010, advinda da clusula questionada, resta patente na prpria ata de abertura da licitao (pea 10, p. 52-54), haja vista que acusou apenas dois licitantes, dois quais um foi sumariamente desclassificado justamente por no apresentar os certificados exigidos na alnea h do item 6.3 do instrumento convocatrio, sagrando-se vencedora em todos os lotes, coincidentemente, a empresa previamente apontada na pea denunciatria como suposta beneficiria de direcionamento da licitao.

69. Nesse prisma, tambm no socorre aos responsveis a alegao de que o preo auferido na licitao resultou numa reduo de 25% frente ao valor inicialmente orado, at porque a observncia ampla competitividade do certame teria potencial de reduzir ainda mais os preos ofertados, sem prejuzo aos requisitos de qualidade, utilidade, resistncia e segurana previstos nas normas tcnicas da ABNT.

70. Isso posto, conclui-se pela rejeio das razes de justificativa quanto ocorrncia em questo, eis que se revelou desarrazoada a exigncia de certificao de conformidade s normas da ABNT contida alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010, porquanto restringiu injustificadamente a competitividade do certame, em afronta aos princpios da legalidade, da isonomia entre os licitantes e da ampla competitividade do certame, insculpidos no art. 3, caput e 1, inciso I, da Lei 8.666/1993.

71. Por conseguinte, e considerando que a instruo precedente que analisou a documentao relativa ao procedimento licitatrio no apontou a ocorrncia de dano ao errio, cabe aplicao da multa capitulada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1993, aos agentes que deram causa a irregularidade:

71.1 Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha, Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT, responsvel pela elaborao do edital do Prego Presencial 007/2010 (pea 7; p. 4-54, 60-61 e 68-69);

71.2 Sr Grace Karen Decker, Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT, responsvel pela aprovao do edital sobre aspectos jurdicos, a despeito de contemplar, sem justificativa plausvel, a indigitada clusula restritiva competitividade do certame (pea 7, p. 4-54); e

71.3 Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva, exSuperintendente Regional do Sesi-DR/MT, responsvel pela autorizao (pea 6, p 4), adjudicao do objeto e homologao do Prego Presencial 007/2010 (pea 11, p. 19).

72. Outrossim, considerando que as contrataes advindas do certame j restaram integralmente concludas, convm, com o fito de evitar recorrncia da irregularidade constatada, cientificar o Sesi-DR/MT de que a exigncia editalcia de certificado de conformidade de produtos s normas da ABNT, sem justificativa plausvel e fundamentada em parecer tcnico no bojo do processo licitatrio, constitui restrio competitividade da licitao e desrespeita os princpios da legalidade, da isonomia entre os licitantes e da ampla competitividade do certame, insculpidos no art. 3, caput e 1, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudncia do Tribunal de Contas da Unio (Acrdos 2392/2006, 2378/2007, 555/2008 e 1846/2010-TCU-Plenrio e 7737/2011-2 Cmara)

II. Certificado de conformidade com as normas da ABNT apresentados em nome de empresa diversa da licitante

II.1 Audincia

73. A Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha, Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT, e o Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva, exSuperintendente Regional Sesi-DR/MT, foram notificados em sede de audincia (peas 18 e 19) a apresentarem razes de justificativa sobre a seguinte ocorrncia: Contratao da empresa Soluo Comrcio de Mveis Ltda., sem que esta tenha apresentado, em seu nome, a documentao pertinente clusula 6.3, alnea h, do Edital do processo licitatrio 007/2010/Sesi.II.2 Razes de justificativa do Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), Superintendente Regional Sesi-DR/MT (pea 24) e da Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT (pea 29)

74. Os responsveis alegam, em unssono, que a licitao exigiu certificao dos produtos comercializados e no em nome dos licitantes, porquanto a certificao ABNT concedida somente ao fabricante.

75. Salientam que a empresa Soluo Comrcio de Mveis Ltda. no fabricante e sim representante de vrias marcas e produtos, conforme Estatuto Social da empresa acostado s fls. 248-253 do processo administrativo atinente licitao, sendo as certificaes de conformidade apresentadas pertinentes aos produtos por ela comercializados.

76. Nesse diapaso, defendem que a contratao da mencionada empresa se deu de maneira regular e em respeito ao instrumento convocatrio ante a apresentao de certificados de conformidade dos fabricantes dos produtos que foram objeto de sua proposta na licitao, certificados estes de propriedade dos respectivos fabricantes.

Anlise

77. Assiste razo aos responsveis. Os certificados de conformidade s normas da ABNT exigidos na licitao referem-se aos produtos ofertados. Alis, no poderia ser diferente, porque emitidos em nome do fabricante e no das empresas revendedoras do produto.

78. Assim, considerando que, no caso concreto, a licitante Soluo Comrcio de Moveis Ltda. ofertou produtos fabricados por Milanflex Indstria e Comrcio de Mveis e Equipamentos Ltda., escorreitos os certificados apresentados em nome desta.

79. Dessarte, devem ser acolhidas as razes de justificativa dos responsveis em relao ocorrncia em tela.

CONCLUSO

80. Conforme exame de admissibilidade efetuada na instruo preliminar (pea 2, p. 16-24), a denncia constante da pea 1, p. 2-4, por apcrifa, no pode ser conhecida, eis que no preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235, caput, do Regimento Interno do TCU.

81. Nada obstante, considerando-se as constataes feitas nos autos, o expediente deve ser conhecido como representao da unidade tcnica, nos termos do art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU, alterando-se, por via de consequncia, a natureza do processo de denncia para representao.

82. Quanto s audincias realizadas, as razes de justificativa conseguiram elidir apenas os indcios de irregularidade atinente aceitao de certificado de conformidade com as normas da ABNT apresentados pela vencedora do certame em nome da fabricante dos produtos ofertados.

83. Por outro lado, restou configurada como irregular a clusula editalcia contida na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010, porquanto restringiu injustificadamente a competitividade do certame, em afronta aos princpios da legalidade, da isonomia entre os licitantes e da ampla competitividade do certame, insculpidos no art. 3, caput e 1, inciso I, da Lei 8.666/1993, e jurisprudncia do Tribunal de Contas da Unio (Acrdos 2392/2006, 2378/2007, 555/2008 e 1846/2010-TCU-Plenrio e 7737/2011-2 Cmara).

84. Diante disso, conclui-se que, quanto ao mrito, a representao deve ser considerada parcialmente procedente, com a consequente apenao dos responsveis, Sr. Augusto Moreira da Silva e Sras. Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha e Grace Karen Decker, mediante aplicao da multa capitulada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, em razo da exigncia injustificada de certificao de conformidade s normas da ABNT, requisitada na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010.

85. Por fim, considerando que as contrataes advindas do certame j restaram integralmente concludas, tornando incua qualquer determinao corretiva quanto ao caso concreto, faz-se pertinente, com o fim de evitar recorrncia da insero injustificada de clusulas restritivas competitividade do certame em futuras licitaes do Sesi-DR/MT, cientificar a Unidade quanto irregularidade constatada nestes autos.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

86. Pelo exposto, submetem-se os autos considerao superior, com a seguinte proposta:

86.1. no conhecer da denncia annima (pea 1, p. 2-4), porquanto no preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235, caput, do Regimento Interno do TCU;

86.2. alterar a natureza do processo de denncia para representao e conhec-la com fundamento nos art. 237, inciso VI e pargrafo nico, c/c o art. 235, caput, do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;

86.3 acolher as razes de justificativa apresentadas pelo Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20) e pela Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68) para a ocorrncia descrita no pargrafo 73 desta instruo;

86.4 rejeitar as razes de justificativa do Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20) e das Sras. Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68) e Grace Karen Decker (CPF 771.598.291-15) quanto irregularidade descrita no pargrafo 13 desta instruo;

86.5 aplicar, individualmente, aos responsveis Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), exSuperintendente Regional do Sesi-DR/MT, Sr Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT, e Sr Grace Karen Decker (CPF 771.598.291-15), Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT a multa capitulada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, em virtude da irregularidade descrita nos pargrafo 13 desta instruo, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alnea a do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do Acrdo que vier a ser prolatado at a data do efetivo recolhimento, se paga aps o vencimento, na forma da legislao em vigor;

86.6 autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, caso no atendidas as notificaes;

86.7 dar cincia ao Sesi-DR/MT de que a exigncia de certificado de conformidade de produtos s normas da ABNT, sem justificativa plausvel e fundamentada em parecer tcnico no bojo do processo licitatrio, conforme requisitado na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010, constitui restrio competitividade do certame, contrariando os princpios da legalidade, da isonomia entre os licitantes e da ampla competitividade do certame, insculpidos no art. 3, caput e 1, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudncia do Tribunal de Contas da Unio (Acrdos 2392/2006, 2378/2007, 555/2008 e 1846/2010-TCU-Plenrio e 7737/2011-2 Cmara);

86.8 levantar a chancela de sigilo que recai sobre o processo; e

86.9 arquivar o processo, nos termos do art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU, eis que cumpriu o objetivo para o qual foi constitudo. o relatrio.VOTOCuida-se de denncia acerca de possveis irregularidades no Edital do Prego Presencial 4/2010-SFIEMT, destinado aquisio de mobilirios para unidades do sistema Fiemt. Em vista da necessidade da identificao do interessado, conforme art. 235, caput, do Regimento Interno/TCU, a denncia no pode ser conhecida por este Tribunal.

2.Entretanto, tendo em vista a presena dos requisitos de admissibilidade para o conhecimento da pea como representao da unidade tcnica, manifesto-me em consonncia com a proposio assim formulada na instruo, com amparo no art. 237, inciso VI, do RI/TCU, devendo-se, por conseguinte, alterar a natureza deste processo para representao.

3.Consoante visto no relatrio precedente, referido prego foi anulado pela administrao contratante, dando lugar, posteriormente, realizao do Prego Presencial 7/2010 do Sesi, tendo por objeto a referida aquisio de mobilirios. As anlises efetuadas nestes autos passaram, ento, a focar os termos do referido edital, do que resultou na realizao de audincia de diversos responsveis indicados na instruo precedente.

4.Concludo o exame das razes de justificativa apresentadas, prope a unidade tcnica, no mrito, que este Tribunal considere a representao parcialmente procedente e, em face da rejeio parcial das razes de justificativa dos responsveis, Sras. Grace Karen Decker, Coordenadora Jurdica do Sistema FIEMT, Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha, Pregoeira Oficial do Sistema FIEMT, e Sr. Luiz Augusto Moreira da Silva, Superintendente Regional Sesi-DR/MT, a aplicao da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.

5.Conquanto me posicione, em essncia, de acordo com o exame constante da instruo transcrita no relatrio precedente, divirjo, data venia, da proposta de aplicao de sano aos mencionados responsveis, conforme as razes expostas a seguir.

6.Dois foram os indcios de irregularidades que resultaram na audincia dos responsveis:

a) exigncia de certificado de conformidade emitido pela ABNT, conforme registrado na clusula 6.3, alnea h, do edital do processo licitatrio 007/2010/Sesi, fato que tem potencial de promover o cerceamento de participao de interessados no processo de licitao com possvel direcionamento de resultado, em afronta ao inciso I, 1, do art. 3 da Lei 8.666/93 e aos Acrdos 2.323/06-TCU-Plenrio e 144/07-TCU-Plenrio; (grifei) e,

b) contratao da empresa Soluo Comrcio de Mveis Ltda., sem que esta tenha apresentado, em seu nome, a documentao pertinente clusula 6.3, alnea h, do Edital do processo licitatrio 007/2010/Sesi. 7.Conforme visto no relatrio precedente, os responsveis justificaram adequadamente a apresentao, pela empresa vencedora da licitao, do certificado de conformidade com as normas da ABNT, emitido por Organismo Certificador de Produto acreditado pelo Inmetro, em nome do fabricante, que foi, na realidade, o exigido pelo edital (em vez de certificado emitido pela ABNT, como constou do primeiro item da audincia).

8.As justificativas apresentadas, acolhidas pela unidade tcnica, pautaram-se no fato de que tais certificados so emitidos em nome da empresa fabricante dos mveis e no em nome das empresas que comercializam tais produtos no varejo. Assim, acolheram-se as justificativas para o referido item da audincia, uma vez que a fornecedora, representante comercial, apresentou a certificao exigida em nome do fabricante do produto ofertado.

9.Quanto ao item remanescente, as justificativas apresentadas foram, em apertada sntese, as seguintes:

9.1. as solicitaes foram pautadas em estudos de modo a atender a normas ergonmicas e s necessidades anatmicas, objetivando dar cumprimento ao disposto na Portaria 3.571/1990 do Ministrio do Trabalho e Emprego, que criou a NR 17 reguladora do assunto;

9.2. foi com base em laudos ergonmicos que o setor de licitaes providenciou o edital de forma a garantir o cumprimento da NR 17, obrigatrio para empregadores do regime celetista, e demais normas tcnicas sobre o assunto, emitidas pela ABNT;

9.3. diante do que dispem o art. 12, inciso II, d, do Regulamento de Licitaes e Contratos do Sesi, o CDC (Lei 8.078,1990, art. 39, III) e a Lei 4.150/1962, possvel exigir nos editais de licitao certificados emitidos pela ABNT ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial;

9.4. o TCU j teria se posicionado favoravelmente a exigncias que garantam a produo e a entrega de mobilirios com a observncia obrigatria das referncias dispostas em normas tcnicas, como o caso da ABNT, conforme Acrdo 1.852/2010 2 Cmara;

9.5. a exigncia tambm constou de editais de outros vinte e quatro rgos pblicos mencionados;

9.6. inmeras empresas que fabricam mveis possuem certificao conforme consta do prprio stio da ABNT na internet (citaram-se dezesseis, sendo cinco atuantes no mercado mato-grossense);

9.7. aps vrios lances a empresa vencedora finalizou preo com economia de 25% frente ao valor estimado da contratao.

10.Ao examinar tais razes de justificativa, a unidade tcnica fez um apanhado das deliberaes deste Tribunal acerca do tema, donde extraiu que o administrador tem a faculdade de exigir a certificao do produto em relao norma escolhida, desde que devidamente fundamentado no processo licitatrio, mediante parecer tcnico, devendo ser aceitos os certificados emitidos por qualquer entidade acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) para tal (subitem 9.3.2 do Ac. 2.392/2006 Plenrio). E, por no vislumbrar que no processo licitatrio constasse tal justificativa para a exigncia editalcia em questo, alm de outras razes, como a existncia de apenas dois licitantes na disputa, props a rejeio das justificativas e a aplicao de sano.

11.Segundo as concluses da instruo, a exigncia se revelou desarrazoada e teria restringido injustificadamente a competitividade do certame, o que motivaria a aplicao de multa aos responsveis.

12.Relativamente ao exame consignado na instruo, entendo que h razo parcial em suas concluses. Com efeito, tais exigncias precisam ser justificadas no processo licitatrio, o que efetivamente no ocorreu, pois inexistente laudo que invocasse explicitamente as normas da ABNT a que se desejavam fossem objeto de certificao dos produtos. A necessidade de aderncia dos produtos especificados s normas de padronizao e qualidade previstas pela ABNT no foi documentada no processo licitatrio, muito embora justificadas na defesa apresentada pelos responsveis. Todavia, o principal mote da conduo do processo realizao de audincias foi uma possvel restrio indevida competitividade, visando direcionar a licitao licitante vencedora (basta ver os termos da audincia transcritos retro), o que de fato no se comprovou.

13.H evidncias de que vrios so os fabricantes detentores de certificaes que comprovem a fabricao de mveis nos padres definidos em normas da ABNT, especialmente os mveis objeto da licitao em tela (armrios p/ escritrios, mesas de trabalho, estaes de trabalho e cadeiras). No consta, ainda, que tivesse havido impugnaes aos termos do edital por diversas outras empresas do ramo interessadas em participar do certame, com justificativas razoveis para no adoo de tais critrios.

14.Alm disso, no consta dos autos que a fabricante dos mveis contratados possusse contrato de exclusividade com a empresa que os comercializou e forneceu ao Sesi, sendo possvel concluir que no mercado de varejo, onde atuam empresas como a licitante vencedora e sua concorrente, h, provavelmente, maior nmero de empresas que atuem realizando vendas de mveis de diversos fabricantes certificados, inclusive, oferecendo mveis de um mesmo fabricante. A prpria empresa vencedora comercializa produtos de outros fabricantes. Portanto, a exigncia, por si s, no me pareceu capaz de restringir severamente a participao de potenciais licitantes, nem h evidncias do direcionamento da licitao que teria motivado a apresentao da denncia e a investigao objeto da representao.

15.No vejo, portanto, dos elementos constantes dos autos, razes bastantes para aplicao da sano proposta na instruo. Tal exige que a infrao seja de natureza grave e que haja uma conduta reprovvel por parte dos agentes pblicos, capaz de gerar punio. Nenhum desses elementos restou claramente configurado, porquanto sequer era proibido fazer a exigncia editalcia questionada, bastando, apenas, que fosse devidamente justificada nos autos do procedimento licitatrio.

16.De outro lado, pondero ainda que a pouca participao de interessados nos fornecimentos objeto do edital no poderia ser atribuda, exclusivamente, exigncia constante do item 6.3, alnea h do edital, pois se assim fosse, diversas outras empresas interessadas teriam retirado o edital e apresentado impugnaes ao referido item. No entanto, o certame transcorreu sem tais impugnaes. E, a todas essas constataes, soma-se o fato de que no h evidncias quaisquer de prejuzos decorrentes de aquisio por preos excessivos ou fora dos parmetros de mercado, haja vista que os exames conduzidos pela unidade tcnica representante no apontaram vcios relacionados ao oramento ou aos preos contratados. Pelo contrrio, houve economia em torno de 25%, em relao aos preos estimados para a contratao.

17.A meu ver, portanto, revela-se suficiente a expedio de orientao administrao contratante, j constante da instruo, acerca da necessidade de que, ao exigir certificado de conformidade de produtos s normas da ABNT, conforme requisitado na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010, tal exigncia seja acompanhada de justificativa plausvel e fundamentada em parecer tcnico no bojo do processo licitatrio, sob pena de infrao aos princpios que norteiam o procedimento licitatrio e de contrariar a jurisprudncia deste Tribunal (Acrdos 2392/2006, 2378/2007, 555/2008 e 1846/2010-TCU-Plenrio e 7737/2011-2 Cmara).

Ante o exposto, divergindo em parte do exame consignado na instruo da Secex/MT, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acrdo que ora submeto deliberao deste Colegiado.TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 23 de janeiro de 2013.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Relator

ACRDO N 61/2013 TCU Plenrio

1. Processo TC-011.520/2010-8. (Sigiloso)

2. Grupo II Classe de assunto: VII - Denncia

3. Interessados/Responsveis:

3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992)

3.2. Responsveis: Luiz Augusto Moreira da Silva (CPF 275.198.641-20), Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha (CPF 976.300.041-68), e Grace Karen Decker (771.598.291-15).

4. Unidades: Federao das Indstrias do Estado do Mato Grosso Fiemt e Servio Social da Indstria Sesi/MT.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.

7. Unidade tcnica: Secretaria de Controle Externo - MT (Secex/MT).

8. Advogados constitudos nos autos: Grace Karen Decker (OAB/MT n 7.007); Fernanda Pareja Oliveira (OAB/MT n 9.020); Kleiton Anderson Antunes de Souza (OAB/MT n 10.77-B).9. Acrdo:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de denncia acerca de possveis irregularidades no Edital de Prego Presencial 4/2010-SFIEMT, posteriormente substitudo pelo Edital de Prego Presencial 007/2010-Sesi, com vistas aquisio de mobilirio,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso de Plenrio, ante as razes expostas pelo Relator, em:

9.1. no conhecer da denncia, vez que no preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235, caput, do Regimento Interno/TCU;

9.2. alterar a natureza dos autos, de denncia para representao;

9.3. conhecer da representao, com fulcro no art. 237, inciso VI, e pargrafo nico, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;

9.4. acolher parcialmente as razes de justificativa apresentadas pelos responsveis Luiz Augusto Moreira da Silva, Patrcia Costa Vieira de Camargo Saldanha, e Grace Karen Decker;

9.5. dar cincia ao Sesi-DR/MT de que a exigncia de certificado de conformidade de produtos s normas da ABNT, conforme requisitado na alnea h do item 6.3 do Edital do Prego Presencial 007/2010, deve ser acompanhada de justificativa plausvel e fundamentada em parecer tcnico no bojo do processo, sob pena de infringir os princpios que norteiam o procedimento licitatrio e de contrariar a jurisprudncia deste Tribunal (Acrdos 2392/2006, 2378/2007, 555/2008 e 1846/2010-TCU-Plenrio e 7737/2011-2 Cmara);

9.6. retirar a chancela de sigilo deste processo;

9.7. arquivar os autos, com fundamento no art. 169, inciso V, do RI/TCU.10. Ata n 1/2013 Plenrio.

11. Data da Sesso: 23/1/2013 Extraordinria de Carter Reservado.

12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0061-01/13-P.

13. Especificao do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Aroldo Cedraz, Jos Jorge e Jos Mcio Monteiro.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Andr Lus de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO NARDES(Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

PresidenteRelator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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