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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO HEDGE PARA MINIMIZAR RISCOS FINANCEIROS DE PROJETOS Glauco Rentes Abreu ORIENTADOR: Prof. Úrsula Gomes Rio de Janeiro - RJ 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO HEDGE PARA MINIMIZAR RISCOS FINANCEIROS DE PROJETOS

Glauco Rentes Abreu

ORIENTADOR: Prof. Úrsula Gomes

Rio de Janeiro - RJ 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Projetos. Por: Glauco Rentes Abreu

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO HEDGE PARA MINIMIZAR RISCOS FINANCEIROS DE PROJETOS

Rio de Janeiro - RJ 2016

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter dado a vida e condições para conclusão de mais uma etapa, minha esposa Rhayanne Louback Abreu, sempre ao meu lado e a todos os amigos e familiares que sempre apoiam em especial minha mãe Marina do Almo Rentes Abreu e aos amigos Jorge Luiz de Miranda Leite, Vinicius Mendes Couto Pereira e Augusto Luis de Ulhoa Cintra.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha esposa Rhayanne Louback Abreu e todos os meu familiares que sempre me apoiaram e incentivaram.

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RESUMO

Com o mercado cada vez mais globalizado, a busca por ferramentas

e processos que melhorem a competitividade da empresa e faça com que seus

recursos sejam utilizados de forma mais eficaz é fundamental. Uma Gestão de

Projetos bem elaborada pode resultar nessa eficácia.

Dentro do escopo do projeto podemos observar como será sua

entrega. O cronograma físico e financeiro dará um panorama dos custos

incorridos. As fontes de recurso para um projeto hoje são as mais variadas. Os

patrocinadores, por exemplo, podem vir com recursos do exterior, em moeda

estrangeira, e com consigo um risco adicional ao projeto, o risco cambial.

Além disso, em alguns casos, o valor do insumo utilizado na

produção pode ser considerado um fator de risco financeiro, caso seu preço

tenha uma variação muito brusca durante a execução do projeto.

Diante destes cenários de incerteza e volatilidade, o hedge com

derivativos é um importante instrumento para minimizar riscos e trazer

previsibilidade de despesas de caixa e assim conseguir formar uma gestão de

projeto mais consistente.

Este estudo buscará demostrar a importância do hedge em projetos

que utilizam recursos em moeda estrangeiro ou em sua essência utilizam

insumos passíveis de proteção com derivativos.

.

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METODOLOGIA

Foram realizadas pesquisas bibliográficas tendo com o principal

fonte de referência artigos e sites do ramo administrativo e financeiro.

Também realizada pesquisas com profissionais da área de finanças

do Banco do Brasil.

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SUMÁRIO

1. BREVE HISTÓRICO 08

1.1 GLOBALIZAÇÃO 08 1.2 INSTABILIDADES / CENÁRIO ECONOMICO 09 1.3 NECESSIDADE DE SEGURANÇA 10 2. RISCOS 11 2.1 DEFINIÇÃO DE RISCOS 11 2.2 AVALIAÇÃO/GERENCIAMENTO DO RISCO 12

2.3 TIPOS DE RISCO 13 2.4 RISCOS FINAN. x LIQUIDEZ(volatilidade de mercado) 17

3. PROJETO 20 3.1 ESCOPO 20 3.2 AMEAÇA x OPORTUNIDADE 21 4. HEDGE 22 4.1 ORIGEM 23 4.2 DEFINIÇÃO 24 4.3 DERIVATIVOS 25 4.4 AMEAÇA x OPORTUNIDADE 26 5. AVALIAÇÃO 28 5.1 FERRAMENTAS PARA AUXILIAR NA ESTRATEGIA 30 6. ESTUDO DE CASOS 33 6.1 COMMODITY 33 6.2 COMMODITY 2 35 6.3 FERRAMENTAS PARA AUXILIAR NA ESTRATEGIA 36 7. CONCLUSÃO 37 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

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1. BREVE HISTORICO

1.1 Globalização

Podemos dizer que a globalização é um processo econômico e

social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo

todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam

ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos

culturais pelos quatro cantos do planeta.

A afirmação de muitos historiadores é que nos séculos XV e XVI,

com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas, todo este processo

teve início. Neste contexto histórico, o homem europeu entrou em contato com

povos de outros continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais.

Porém, a globalização pode se tornar efetiva no final do século XX,

logo após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética. O

neoliberalismo, que ganhou força na década de 1970 defendendo a absoluto

liberdade de mercado, impulsionou o processo de globalização econômica. As

empresas cresceram e os mercados internos ficaram saturados, com isso

muitas empresas se internacionalizaram e se tornaram multinacionais na busca

de novos mercados consumidores, principalmente dos países recém saídos do

socialismo. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez

mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para

estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente.

Neste contexto, entra a utilização da Internet, redes de computadores, meios

de comunicação via satélite, entre outras tecnologias. Para facilitar as relações

econômicas, as instituições financeiras (bancos, casas de câmbio, financeiras)

criaram um sistema rápido e eficiente para favorecer a transferência de capital

e comercialização de ações em nível mundial. Investimentos, pagamentos e

transferências bancárias, podem ser feitos em questões de segundos através

da internet ou até mesmo do telefone celular.

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Uma outra característica importante da globalização é a busca pelo

barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas, produzem

suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos. Optam

por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia são mais baratas.

Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na

China, com matéria-prima do Brasil, e comercializado em diversos países do

mundo.

Dentro deste contexto global, os recursos financeiros podem vir de

diversas fontes, sejam elas nacionais ou internacionais. No Brasil vemos que

os investimentos e alavancagens financeiras com capital estrangeiro tem

ganhado força nos últimos anos com o aumento da taxa de juros nacional.

Devido à volatilidade do valor da moeda estrangeira, faz-se necessário um

mecanismo para possibilitar o planejamento financeiro de forma que o passivo

não sofra um incremento imprevisto devido a um câmbio desfavorável. Para

esta situação o hedge com derivativos é uma estratégia eficaz uma vez que

define antecipadamente o valor do passivo protegendo projetos e investimentos

que utilizam capital estrangeiro de eventuais riscos de variação cambial. Além

da variação cambial, também é possível a utilização do derivativo para

proteção de preço de commodities. Com isso, este estudo se aplica também a

grandes produtores rurais que importam(insumos) ou exportam seus produtos.

Neste caso, o hedge vai proteger o preço futuro da sua produção.

1.2 Instabilidade / Cenário Econômico

O mundo globalizado tem sim suas vantagens que favorecem o

crescimento de várias empresas com o alcance de novos mercados e a

possibilidade de captação de recursos de fontes diversas e não apenas

limitadas ao seu país. Porém, como “nem tudo são flores”, há fatores externos

que podem comprometer a saúde financeira de uma empresa e até mesmo

leva-la à falência.

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A globalização faz com que uma situação pontual se torne global. Se

olharmos para o passado poderemos observar vários exemplos ao logo da

história de situações que afligiram países, mas que impactaram todo o mundo.

Para exemplificar podemos citar “A Grande Depressão” de 1929, a queda da

Bolsa Americana em 1980 afetando as bolsas Europeias e Asiáticas, o

atentado de “11 de Setembro” nos EUA em 2001, a Crise do subprime também

Americana em 2008 que afetaram mundialmente a economia levando muitos a

falência total, e recentemente no nosso país a crise política instaurada devido

ao “racha” entre partidos, os escândalos de corrupção no governo e sua

principal estatal, além da possibilidade de impeachment.

Todos esses são fatores externos pontuais mas que afetam o mundo

inteiro e fazem bolsas, câmbios, preços e juros oscilarem para cima ou para

baixo gerando uma instabilidade econômica que pode causar sérios danos a

uma economia e também as empresas.

1.3 Necessidade de Segurança

Diante de um mundo globalizado tão instável as grandes empresas

têm buscado cada vez mais opções de se proteger. O desafio é planejar

melhor seus investimentos e projetos futuros num território tão inóspito que é o

mercado. Alguns fatores básicos que dependem apenas da própria empresa já

são conhecidos e analisados pela maioria delas de forma a otimizar produção e

reduzir custos, porém, existem fatores externos, que muitas vezes não podem

ser mensurados, que provocam impactos catastróficos num planejamento ou

projeto de expansão de uma empresa (por exemplo). O temor de um evento

que, devido a globalização, pode mudar por exemplo o valor ou a demanda do

seu produto, ou até mesmo o preço da sua matéria prima e assim comprometer

o custo da sua produção, assombra várias empresas que têm projetos

ambiciosos num mercado cada vez mais competitivo.

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2. RISCOS

2.1 Definição

Podemos dizer que o simples fato de estar inserido num mercado

expõe uma empresa ao risco. Da mesma forma que ao desenvolver um projeto,

deve-se estar ciente de que situações adversas podem acontecer e isto pode

prejudicar ou até inviabilizar um projeto. Não existe projeto sem risco, por isso

é fundamental dar a devida importância para o gerenciamento destes uma vez

que o impacto de um eventual acontecimento não previsto podem trazer graves

consequências.

Pode-se entender como Risco a possibilidade de o resultado

observado ser diferente do resultado inicialmente planejado, ou a probabilidade

de ocorrência de um determinado evento que, caso ocorra, causará um certo

dano. Ao iniciar um projeto é importante que seu escopo preveja os riscos

inerentes a execução do projeto para que este não sofra com uma ocorrência

inesperada.

A grande dificuldade é justamente esta, se é uma ocorrência não

esperada, como prever o inesperado? Este é o desafio do gerente de projeto,

reunir dados, pessoas e ferramentas que sejam capazes de dar um panorama

geral do projeto e apontar possíveis situações que podem impactar

negativamente o andamento do projeto, e até mesmo inviabiliza-lo.

Como exemplo podemos utilizar uma pessoa que têm planos para

comprar um carro novo. Ele faz as contas e vê que as opções de financiamento

disponíveis estão dentro de suas possibilidades financeiras, e assim toma a

decisão de comprar o carro. Tudo certo até agora, mas o que poderia dar

errado? A primeira coisa que geralmente uma pessoa que comprou um carro

novo pensa é “tenho que ter cuidado para não ser roubado”. Ao adquirir o

veículo a pessoa se comprometeu com uma prestação mensal do

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financiamento e caso o carro seja roubado ela ficaria ainda pagando as

prestações e assim sem condições de comprar um outro. O carro ser roubado

é um risco que pode ou não ser levando em conta na hora da aquisição desse

bem. Para minimizar este risco existe no mercado uma ferramenta que é o

Seguro de Automóvel. Com isso, o risco é transferido a um

terceiro(seguradora) e caso o carro seja roubado a pessoa será ressarcida com

o valor do seguro possibilitando a quitação do financiamento contratado e

também a compra de um novo carro.

Veja neste exemplo acima do Seguro que ao comprar o carro nós

conseguimos ver que há uma possibilidade do carro ser roubado e que caso

isso aconteça, traria um grande prejuízo. Em alguns caso a pessoa pode

entender que não é vantajoso “gastar dinheiro” com Seguro pois entende que

onde ela vive a possibilidade de roubo é muito pequena e prefere arriscar.

Assim, dentro de um projeto analisar o risco é buscar mensurar a possibilidade

daquele evento acontecer e qual o impacto (ou dano) que ele causará no

projeto caso ocorra.

2.2 Avaliação / Gerenciamento de Risco

O professor de finanças da Universidade da Califórnia em Irvine

(EUA) Philippe Jorion é autor de mais de 90 publicações dirigidas a

acadêmicos e profissionais sobre os temas de gestão de riscos e finanças

internacionais. O seu trabalho tem recebido amplo reconhecimento, incluindo o

Prêmio “Breeden Smith”, que é concedido aos melhores trabalhos no jornal

americano “Journal of Finance” e o “Graham and Dodd Award”, destinado aos

melhores trabalhos publicados pela “Financial Analysts Journal”. Philippe Jorion

fez um extenso trabalho na área de gestão de riscos financeiros com

instrumentos derivativos, e é conhecido como um especialista sobre o tema de

Value at Risk(VaR), que é um método para avaliar riscos em operações

financeiras.

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Conforme Jorion, no Gerenciamento de Risco financeiro considera-

se, em primeira instância, os riscos financeiros que compreendem aqueles que

ocasionam ganhos ou perdas de recursos financeiros para instituição. Quanto à

volatilidade, são observados resultados inesperados relacionados ao valor de

ativos ou passivos de interesse. Compreender os riscos enquanto incertezas

inevitáveis trazem aos administradores financeiros meios que prever e

minimizar eventos adversos, estando preparados de maneira mais eficiente. E,

conforme o autor, o aumento da volatilidade dos mercados financeiros, no

começo dos anos 1970, trazia uma única constante em relação a todos os fatos

ocorridos, que é a imprevisibilidade, em que rápidas mudanças do cenário

econômico geravam grandes perdas financeiras. O gerenciamento de risco,

neste sentido, fornece proteção parcial contra essas fontes de risco.

Segundo Crouhy, Galai e Mark (autores de Fundamentos da Gestão

de Risco, Ed. Quality Mark, 2008), algumas corporações assumem posturas de

gerenciamento de risco mais ativas, onde risco sempre foi um elemento

relevante nas tomadas decisões de novos investimentos. Ao desconsiderar

projetos mais arriscados, as organizações podem perder oportunidades com

excelentes retornos. O problema maior é como quantificar os riscos,

precificando-os adequadamente.

2.3 Tipos de Risco

Pode-se classificar os riscos financeiros como estratégicos e não

estratégicos. Os estratégicos são aqueles assumidos voluntariamente. Uma

cautelosa exposição a esses tipos de riscos é fator fundamental para o sucesso

das atividades comerciais. Já os riscos não-estratégicos são aqueles que não

podem ser controlados e não condicionam fator estratégico, e por isso

denominado desta forma.

Risco de mercado

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De acordo com a Resolução 3464/07 do Conselho Monetário

Nacional, o risco de mercado é a possibilidade de ocorrência de perdas

resultantes das flutuações nos valores de mercado de posições. Esta definição

inclui os riscos das operações sujeitas à variação cambial, taxa de juros, dos

preços de ações e dos preços de mercadorias (commodities). Ele está

associado às variações dos valores dos ativos que integram ou venham a

integrar a carteira de um cliente em razão da flutuação de preços e cotações

nos mercados de câmbio, juros e bolsas de valores.

Entre os fatores que afetam esses mercados, destacam-se os

relacionados à economia em geral, tanto nacionais quanto internacionais, tais

como os ciclos econômicos, a política econômica e a situação econômico-

financeira das empresas emissoras de ações e de títulos.

Esse risco está diretamente relacionado com as mudanças no

comportamento de taxas de juros e câmbio, nos preços das ações,

commodities e de incompatibilidade entre taxas, prazos, moedas e índices,

entre outros fatores. Recordemos o ocorrido em 1999, quando a

maxidesvalorização cambial criou dificuldades financeiras para muitas

empresas que possuíam dívidas indexadas ao dólar. Algumas delas, inclusive,

deixaram de honrar seus compromissos com o Banco, porque o seu

endividamento em Reais tornou-se muito maior do que sua capacidade de

geração de receita. Corre risco de mercado, por exemplo, quando uma

empresa que, com créditos ou receitas em Reais, tenha seus compromissos

em dólar americano, ou vice-versa. A oscilação da moeda americana poderá

sujeitá-la a forte prejuízo, com risco até de falência.

Os riscos de mercado estão presentes tanto na estrutura de ativos e

passivos da empresa como em sua atividade. Imagine uma indústria cujo custo

de produção dependa fortemente de um tipo especial de matéria prima. A alta

significativa no custo desse insumo poderá reduzir sua margem operacional ou

provocar alta nos preços do produto que fabrica, com consequente redução de

vendas.

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Não são apenas as empresas que estão sujeitas ao risco de

mercado. No caso de produtores rurais, por exemplo, o resultado do

empreendimento é altamente dependente da cotação do preço de seus

produtos em mercados internacionais, cotados em outras moedas (dólar, euro,

libra, etc). Mesmo pessoas físicas cujos compromissos sejam influenciados por

mercados mais voláteis, como o de câmbio, estão sujeitas ao risco de

mercado. Elas podem minimizar esse risco recorrendo a mecanismos de

proteção. Vale ressaltar que exposição cambial é diferente de posição cambial;

a exposição cambial se dá quando se está comprado, por exemplo, em dólar e

a cotação desse ativo sobe ou cai, resultando em lucro ou prejuízo ao agente,

enquanto posição cambial se dá quando a instituição está autorizada pelo

BACEN, a assumir uma posição comprada ou vendida no mercado, podendo

carregá-la.

Risco de crédito

Quando se realiza uma operação comercial ou financeira as partes

combinam como será realizada a liquidação física e/ou financeira da operação.

Normalmente uma das partes se compromete a efetuar o pagamento a outra

em data pré-definida. O risco de crédito é aquele associado à possibilidade da

parte responsável pelo pagamento não efetuá-lo na data pactuada. Consiste no

risco associado à possibilidade de perdas decorrentes do não recebimento de

valor contratado com pessoa física ou jurídica com a qual se tenha realizado

um negócio.

De maneira geral, podemos dizer que o responsável pelo pagamento

pode vir a não honrar seus compromissos por razões que decorrem de sua

vontade – pode pagar, mas não quer – ou por razões alheias à sua vontade –

quer pagar, mas não pode. O primeiro grupo está diretamente ligado ao

caráter. O segundo, por sua vez, é afetado pelos riscos a que ele está sujeito.

Vê-se, assim, que este agente também está sujeito a riscos: de perder o

emprego, de ser surpreendido por despesas extras que comprometam seu

orçamento; risco de perder mercado, no caso de uma empresa, e outros tantos

mais.

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O risco de crédito, em geral, é avaliado por empresas especializadas

em analisar a capacidade de pagamento do emissor de um título, seja ele

empresa ou governo. Essas empresas recebem o nome de agências de rating,

pois, após avaliarem o emissor, concedem uma nota ou rating para a emissão.

Como exemplo dessas agência podemos citar as empresas Fitch, Standard &

Poor’s e Moody’s que faze, analises e classificam vários países, verificando as

principais variáveis econômicas relacionadas a sua capacidade de honrar

compromissos internos e externos. Quanto mais próximo da classificação AAA

ou Aaa, menor é o risco e assim, esses países que ocupam a parte de cima do

quadro possuem risco inferior aos países que ocupam a parte de baixo. Países

situados acima da linha que divide o quadro (BBB à AAA) são considerados de

baixo risco de crédito ou investment grades. Ser um país investment grade

representa a garantia de realizar captações de recursos via emissão de títulos

no mercado internacional e pagar uma taxa de juros menor.

Risco de liquidez

É a possibilidade de ocorrer falta dos recursos necessários ao

cumprimento de uma ou mais obrigações, em função do descasamento entre

entradas e desembolsos. Uma empresa com patrimônio sólido pode não dispor

de caixa para honrar suas dívidas em determinado mês. Isso ocorre, por

exemplo, quando vem trabalhando com prazos de pagamento aos

fornecedores menores que prazos de recebimento de suas vendas.

Quando em uma empresa ocorre o chamado “efeito sanduíche”, ou

seja, depende de poucos fornecedores (que concedem prazos reduzidos para

pagamentos de suas mercadorias ou matérias-primas) e, simultaneamente,

realiza vendas a um número restrito de clientes, com alto poder de barganha

(exigem prazos elevados para pagamento e forçam redução nos preços), esse

risco é muito mais suscetível.

Outra abordagem a respeito do risco de liquidez é pensarmos que

ele está relacionado à dificuldade de comprar ou vender um ativo em função da

pequena quantidade de negócios realizados com ele.

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Risco de conjuntura

É a possibilidade de ocorrerem mudanças nas condições políticas,

culturais, sociais, econômicas ou financeiras, internamente ou em outros

países. Podemos citar como exemplo o que ocorreu em 2002 com as notícias

de que a doença da febre aftosa estava presente em nossos rebanhos. Elas

provocaram o bloqueio das exportações de carne brasileira. A diminuição das

exportações gerou queda nos preços no mercado interno, pelo excesso de

oferta, comprometendo a liquidez de vários bovinocultores e de empresas

inseridas nessa cadeia produtiva.

Risco operacional

É a possibilidade de ocorrerem perdas associadas à atividade

operacional da empresa, como sistemas inadequados ou inoperantes, falhas

humanas ou em processos internos, fraudes, controles defeituosos ou

inadequados e catástrofes. Defeitos em equipamentos, ou, um funcionário, por

exemplo, que ao fazer uma atividade, não respeita as normas internas e isso

gere uma perda no processo como um todo, são situações que podemos

classificar como risco operacional.

Risco legal

É a inobservância dos dispositivos legais ou regulamentares. Além

das sanções a que a empresa está sujeita pelo descumprimento da lei, pode

ensejar pedidos de indenização por danos a terceiros. Como exemplo,

empresas que desrespeitem as normas de controle ambiental e, em

decorrência, provoquem danos ao meio ambiente poderão sofrer pesadas

multas ou ter suas atividades encerradas por determinação da autoridade

competente. Assim, ao analisar um projeto deve-se apurar a conformidade com

os princípios legais das atividades a serem executadas.

2.4 Riscos Financeiros x Liquidez – Volatilidade de

Mercado

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Para irmos adiante com a análise das estruturas de gerenciamento

de risco de um projeto, vamos reforçar as definições dos riscos que são

diretamente ligados a esta.

De acordo com a Norma Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) 4, o risco financeiro é definido por: “…uma possível alteração futura numa ou mais taxas de juro, preços de instrumentos financeiros, preços de mercadorias, taxas de câmbio, índices de preços ou taxas, notações de crédito ou índices de crédito ou outra variável especificada, desde que, no caso de uma variável não financeira, a variável não seja específica de uma parte do contrato.” (Apêndice A da IFRS 4, publicado no Jornal da União Europeia L320, de 29 de Novembro de 2008, ao abrigo do Regulamento CE N.º 1126/2008 da Comissão, de 3 de Novembro de 2008, disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ TXT/?qid=1441729575040&uri=CELEX:32008R1126).

Como já descrito anteriormente, risco de mercado é definido como a

possibilidade de ocorrência de perdas resultantes da flutuação nos valores de

mercado. Isso inclui os riscos das operações sujeitas à variação cambial, taxa

de juros, preços das ações e dos preços de mercadorias (commodities). O

Risco de Mercado está associado a perdas potenciais advindas de variações

em preços de ativos financeiros, taxas de juros, moedas e índices. A avaliação

e controle deste risco são feitos diariamente, sendo um dos pilares das

decisões estratégicas da organização.

As principais ferramentas de controle de riscos de mercado sobre as

quais são aplicados limites operacionais são a análise de sensibilidade, valor

em risco e testes de estresse através de cenários. Em adição faz-se

simulações e projeções de fluxos futuros para a avaliação da mudança relativa

da exposição ao risco. A metodologia adotada para o cálculo do valor em risco

utiliza coeficiente de confiança de 99%. O cálculo de valor de mercado segue

critérios de independência da área de riscos com relação à coleta de preços

referenciais de mercado e construção da estrutura a termo das diversas taxas

de juros. De modo genérico o valor presente do fluxo futuro de caixa é a melhor

estimativa do valor de mercado; uma vez possuindo os fluxos de caixa de toda

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a instituição e os vários preços/estruturas de taxa de juros efetua-se o cálculo

de valor de Mercado.

Também vimos sobre o risco de Liquidez que é relacionado ao

descasamento da estrutura de ativos e passivos com relação aos fluxos

efetivos de pagamento destes. O controle de risco de liquidez é efetuado

diariamente através da análise estática da estrutura de descasamentos da

Instituição, especialmente no curto prazo. São também efetuadas simulações

desta estrutura com estimativas de renovação de carteiras. Em paralelo são

analisados mensalmente indicadores de liquidez oriundos dos saldos de contas

do balanço. Por último são também efetuadas análises de cenários de estresse

voltados especificamente para liquidez.

Volatilidade do Mercado

No contexto financeiro, a volatilidade é uma medida de dispersão

dos retornos de um título, uma moeda ou índice de mercado. Quanto mais o

preço de um destes varia num determinado período de tempo, mais volátil ele é

considerado. A análise da volatilidade mostra a intensidade e a frequência das

oscilações de preço de um determinado ativo financeiro que pode ser uma

ação, um título, um índice, ou uma moeda.

Como medida de risco, a volatilidade pode ser calculada de várias

formas. A mais utilizada, mas não única, é a variância ou desvio padrão dos

valores dentro de uma série histórica.

Além desses cálculos que retornam valores absolutos, existem

também formas de avaliar de maneira relativa a volatilidade em relação ao

mercado. Por exemplo, na Bolsa de Valores existe o coeficiente Beta que mede

a volatilidade de um ativo frente a um índice de mercado.

Em resumo podemos definir que volatilidade como uma medida

estatística para avaliar a variação do valor (ou preço) de um ativo em

determinado período.

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Mercado

Com a globalização e a troca de informações cada vez maior, o

mercado no mundo sofre mudanças a cada momento. Uma notícia, ainda que

especulativa, pode fazer com que Bolsas de Valores caiam drasticamente de

uma hora pra outra, ações de uma empresa subam ou despenquem em

questões de minutos, moedas percam seu valor em instantes. É certo concluir

assim que o mercado é extremamente volátil e um ambiente de constante

risco, não só para investidores que atuam diretamente nas Bolsas em todo

mundo, como também para gestores que tem projetos que de alguma forma

dependem ou são afetados de acordo com o direcionamento deste mercado.

A volatilidade do mercado é um problema para quem está

gerenciando um projeto pois, dependendo do tipo de entrega a ser realizada,

suas projeções podem ficar seriamente comprometidas caso haja alterações

em taxas de juros, valores de matéria-prima ou câmbio. Se ao avaliar todas as

variáveis do projeto for detectado que alterações em um desses índices do

mercado podem comprometer de forma significativa o resultado financeiro do

projeto, o gestor do projeto deve buscar alternativos para minimizar esse risco.

Neste estudo estamos repassando o hedge financeiro com uso de derivativos

como uma estratégia eficaz neste gerenciamento.

3. PROJETO

3.1 Escopo

Como podemos perceber, a necessidade de gerenciar riscos

decorre, principalmente, da consciência de existência de fatores, internos ou

externos ao projeto, cujo desencadeamento, ao longo do seu ciclo de vida,

podem trazer consequências que possam prejudica-lo. A identificação desses

fatores bem como suas causas, constitui uma das etapas fundamentais no

desenvolvimento do projeto, ou seja, em qualquer projeto é importante ter uma

metodologia de gestão dos riscos. O tipo de risco, a sua probabilidade de

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ocorrência e o seu impacto, podem variar ao longo da execução do projeto, por

isso faz-se necessário proceder à identificação dos riscos, em todas as suas

fases dentro do escopo do projeto bem como o controle de qualidade das

atividades.

Em nosso estudo focamos no risco financeiro, fator que pode

determinar se o projeto é viável ou não determinando assim sua continuidade

ou cancelamento. Por isso a importância da prematura analise dos riscos

inerentes do projeto uma vez que a constatação de risco em meio ao

andamento do projeto pode resultar em impacto maior na entrega, além de

possíveis prejuízos.

3.2 Ameaça x Oportunidade

Existem dois fatores na análise financeira de um projeto que são

importantes para destacar: oportunidade e ameaça. Invariavelmente estes

fatores estão presentes em quase todas as diversas formas de análise de risco.

A FERMA (Federation of European Risk Management Associations)

afirma que “não se deve relevar as oportunidades em detrimento das ameaças,

ou vice-versa, as preocupações relacionadas com ambas não se devem

mutuamente excluir”. Chris Chapman and Stephen Ward, retratam este aspecto

em Project Risk Management, Processes, techniques and insights, 2nd.

Edition. Eles analisam que mesmo que “Oportunidades e ameaças podem, por

vezes, serem consideradas separadamente, mas raramente são

independentes, tal como duas faces da mesma moeda só podem ser

analisadas uma de cada vez, mas não são independentes quando lançamos a

moeda.”.

Há uma certa tendência em considerar o risco em termos negativos,

quanto às suas consequências. É um fato que a ocorrência de riscos, não

considerados, podem ter efeitos negativos no projeto, mas não devemos

esquecer que também se podem traduzir em potenciais oportunidades. Esta é

a parte da equação que, geralmente, é ignorada. O que para uma pessoa pode

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ser entendido como uma ameaça, para outra pode, a mesma circunstância, ser

encarada como uma oportunidade. Depende em que nível do contrato nos

posicionamos (Cliente ou Fornecedor), e da aversão ao risco que cada um tem,

de acordo com as suas experiências.

Conforme já dito, o mercado globalizado permite que as fontes de

recursos venham de origens diversas, inclusive internacionais. Se para alguns

a variação cambial é um risco devido a volatilidade do mercado, para outros é

uma oportunidade, uma vez que os recursos vindos do exterior tem taxas de

juros bem mais favoráveis que as nacionais. Com as taxas de juros no Brasil

cada vez mais alta, recursos externos como linhas de crédito internacionais

vinculadas a Lei 4.131, se torna cada vez mais atrativas e uma oportunidade de

reduzir custos na obtenção de recursos para um projeto.

Isso não se limita apenas a fonte de recurso de um projeto, mas

podemos estender até mesmo uma entrega em determinados projetos da área

agrícola, por exemplo. Ao investir num projeto agrícola, o gestor precisa saber

se o projeto prevê o risco da variação nos preços da commodity que faz parte

do projeto. O mercado internacional é um vasto campo de oportunidades, mas

a variação de preço das commodities pode assustar e até mesmo inviabilizar

um projeto, ou ainda trazer prejuízos a projetos já em andamento.

Vemos então que na decisão por continuar ou desistir de um projeto

no tocante a viabilidade financeira, algumas variáveis devem ser levadas em

conta. Dentro dessa análise o gestor do projeto pode optar por utilizar os

contratos de derivativos para repassar o risco e assim conseguir aproveitar

oportunidades que o mercado global oferece.

4. HEDGE

Agora que sabemos que no mercado podemos aproveitar as

diversas fontes de recursos disponíveis mundialmente, vemos a importância da

proteção financeira em projetos que utilizem recursos em moeda estrangeira,

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bem como projetos que produzirão, comercializarão ou até mesmo consumirão

(insumos) commodities. A seguir, iremos entender melhor em que consiste

essa proteção que chamamos de hedge, e o que são derivativos

4.1 Origem

Em 1487, na cidade Bruges(Bélgica), havia um local onde se

reuniam os comerciantes da época para realização de negócios. Em 1637, o

governo começou a intervir e o objeto de negociação deixou de ser a

commodity e passou a ser um título negociável com data de entrega futuro. Na

época isso gerou uma grande crise pois muitos contratos não foram honrados,

a inadimplência seguiu-se uma após a outra e os compradores tentavam, em

vão, receber a mercadoria.

Anos depois os contratos foram sendo aperfeiçoados de forma a

garantir o cumprimento pelas partes, penalizando os inadimplentes. Os

mercados futuros surgiram com o objetivo de transferir riscos ligados à

produção e à comercialização de bens agrícolas(hedge), criando-se, assim, as

bolsas de commodities.

Muitos autores apontam que a primeira negociação organizada de

derivativos que se tem notícia ocorreu no Japão, no século XVII. Alguns

negociantes que atuavam nas fronteiras da cidade, recepcionavam os

produtores e compravam sua produção. Conforme o mercado foi crescendo,

eles perceberam que precisavam melhorar a comunicação dos preços do arroz.

A demora na informação do valor do arroz que estava sendo comprado de um

lado da cidade e para qual preço estava sendo vendido do outro lado precisava

circular estava gerando prejuízo para os negociantes. Para isso, eles criaram

um sistema de comunicação por bandeiras, que informava o preço quase

instantaneamente e permitia que o preço de venda no porto superior ao preço

de compra na fronteira, de modo a dar lucro aos negociantes sem impedir os

negócios.

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Tempos depois estes comerciantes começaram a comprar também

a produção futura dos agricultores, por um preço predeterminado. Surgiam

então os primeiros contratos futuros. Estes permitiam que os produtores já

soubessem quanto iam receber e os negociantes iam pagar pela próxima safra,

independente do preço na data da safra. Como comprovante era emitido uma

nota assinada por ambos. A seguir estas notas começaram a ser também

negociadas, transferindo o direito futuro para terceiros.

Em meados do século XIX no mercado de commodities agrícolas de

Chicago. Agricultores e pecuaristas que traziam seus produtos à cidade para

vender queriam reduzir o risco de quedas súbitas nas cotações(hedge). Se

muita gente levasse sua produção ao mercado no mesmo dia, a oferta seria

muito superior à demanda e os preços desabariam. Para evitar esse risco,

compradores e vendedores passaram a negociar os preços antes da entrega.

Essa foi a origem das operações a termo. Posteriormente, essas operações

foram aperfeiçoadas e deram origem aos modernos derivativos, hoje comuns

no mercado financeiro.

4.2 Definição

O Hedge tem como tradução livre do inglês proteção. Podemos

entender o hedge como um “seguro de preço”. Tem como objetivo proteger o

valor de uma posição ativa (carteira de investimentos) ou de uma posição

passiva (dívidas) contra possíveis variações futuras de um determinado ativo

ou passivo.

Uma empresa com dívida em dólar, por exemplo, pode comprar

contratos futuros desta moeda, se protegendo contra perdas que poderiam ser

causadas por aumento na cotação da moeda. Da mesma forma, um pecuarista

pode assumir uma posição vendedora no mercado futuro, garantindo o preço

de venda e se protegendo contra queda no preço da arroba do boi gordo.

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Em outras palavras, hedge é a operação realizada no mercado

derivativo que visa fixar antecipadamente o preço de uma mercadoria ou ativo

financeiro de forma a neutralizar o impacto de mudanças no nível de preços

destes. O agente econômico que busca essa proteção no mercado derivativo é

chamado “hedger”.

É importante ressaltar que, ao fazer o hedge para se precaver de

uma variação de preços que lhe seja prejudicial, o agente econômico também

está renunciando ao ganho extraordinário que poderia auferir, posteriormente,

na eventualidade de a mudança nos preços no mercado ser favorável às suas

pretensões. Por isso é importante conhecer bem os contratos e o cenário

econômico no qual está inserido para tomar a melhor decisão.

Hedge Natural

Algumas empresa possuem o que chamamos hedge natural, ou

seja, a proteção decorre de sua própria atividade. É o caso, por exemplo, de

empresas com dívidas em dólar e que também possuam contratos de

exportação firmados em dólar. Se houver valorização da moeda americana,

sua dívida em reais será maior, mas, em contrapartida, o valor a receber

decorrente da exportação também será maior em reais. Entretanto é preciso

ressaltar que a empresa pode estar com seu fluxo de caixa casado na mesma

moeda, mas poderá estar descasado em prazos e como o câmbio utilizado

será em datas diferentes, o risco cambial continua existindo.

4.3 Derivativos

Derivativos recebem esta denominação porque seu preço de compra

e venda deriva do preço de outro ativo, denominado ativo-objeto. Este ativo-

objeto pode ser físico (café, ouro, etc.) ou financeiro (ações, taxas de juros,

etc.), negociado no mercado à vista ou futuro.

Segundo Lima e Lopes (1999), “qualquer modalidade financeira que

não se caracterize a vista e cuja resolução permaneça pendente durante certo

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período de tempo é considerada mercado futuro”. Quanto à definição do termo

derivativo, Hull (1996) define que são instrumentos financeiros cujo valor

depende dos valores de outras variáveis básicas que o referenciam (ativo-

objeto), podendo ser padronizados e negociados em mercados organizados ou

ser um contrato OTC (over-the-counter), contrato de balcão negociado entre as

partes (contrato bilateral).

A ideia básica ao operar com derivativos, é obter um ganho

financeiro nas operações de forma a compensar perdas em outras atividades

econômicas. Desvalorização cambial e variações bruscas nas taxas de juros

são exemplos de situações passíveis de ocorrência na economia, nas quais os

prejuízos podem ser reduzidos ou até se transformaram em ganhos para os

agentes econômicos que protegeram os seus investimentos realizando

operações com derivativos.

4.4 Contratos a Termo, Futuros e Opções

As principais operações de mercado com uso de derivativo são:

Contrato à Termo

São contratos onde uma das partes se compromete a comprar da

outra um determinado ativo financeiro (moeda ou commodity), a um valor pré-

estabelecido em uma data futura acordada.

Uma das características deste tipo de contrato é o fato de não ser

padronizado, sendo a definição das características do produto, quantidade e

valores definidos entre as partes no chamado Mercado de Balcão, sendo a

operação registrada na Cetip, dispensando uma Bolsa de Futuro. Outra

característica deste contrato é que as diferenças de preço são ajustadas

somente no vencimento, e não diariamente como nos contratos de Futuro.

Contrato Futuro

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Semelhantes aos contratos a termo, os contratos futuros também

destinam-se compradores e vendedores realizarem negociação em data futura.

Porém, neste caso, os contratos são padronizados e regulamentados por Bolsa

de Valores, por isso possuem maior liquidez e transparência.

Os contatos futuros são um importante instrumento financeiro uma

vez que permite a negociação hoje de direitos futuros em condições de

incerteza.

No mercado futuro existem 3(três) tipo de perfis de investidores:

hedgers, especuladores e arbitradores.

Os hedgers são aqueles que buscam o mercado futuro como

proteção para seus ativos expostos a algum tipo de risco financeiro(preço,

variação cambial, taxa, etc). Os especuladores são investidores dispostos a

apostar no direcionamento do mercado. Assumem o risco dos hedgers em

busca de uma alavancagem financeira com ganho potencial com o mercado

favorável a eles, mas assumem o risco de perda caso o cenário favorável não

se concretize. Por fim, os arbitradores são investidores mais conservadores,

que buscam lucros, mesmo que baixos, em operações com eventuais

distorções de preços. Por exemplo, a compra e venda de uma ação no mesmo

dia (day trade) por um preço vantajoso.

Opções

É um contrato a prazo estabelecido entre duas partes, pelo qual o

comprador adquire o direito de comprar (opção de compra ou call) ou de

vender (opção de venda ou put), um determinado ativo por um preço

previamente estabelecido no momento da celebração do contrato (o preço de

exercício da opção ou strike), pagando para isso um determinado prémio. Na

pratica, é pago uma valor a título de prêmio da opções e assim compra-se o

direito de exercer (ou não) uma compra ou venda de um ativo numa data

futura.

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Da definição apresentada, podem distinguir-se quatro posições

possíveis que o investidor pode assumir num investimento em opções,

nomeadamente:

Opção de Compra Opção de Venda

Comprador

Paga o prémio e adquire o direito

de comprar um ativo ao preço de

exercício

Paga o prémio e adquire o direito

de vender um ativo ao preço de

exercício

Vendedor

Recebe o prémio e assume o

compromisso de vender um ativo

ao preço de exercício

Recebe o prémio e assume o

compromisso de comprar um

activo ao preço de exercício

5 AVALIAÇÃO

O hedge irá proporcionar ao projeto a previsibilidade do seu fluxo de

caixa e da necessidade de capital travando o valor de um ativo-objeto que é

volátil. Com isso, o gerente de projeto saberá exatamente qual o custo daquele

recurso utilizado (seja um financiamento em moeda estrangeiro ou insumo para

produção), sem se preocupar com as oscilações de mercado, podendo então

definir dentro do seu escopo os custos reais do projeto num todo.

Como foi demonstrado anteriormente, existem diversos tipos de

operações de hedge. Por isso, deve ser avaliado previamente, que tipo de

recursos a empresa têm disponível e qual a melhor estratégia de hedge a ser

utilizada. As operações de hedge em geral não exigem desembolso inicial de

capital, sendo apenas feito o ajuste nos valores conforme o mercado. Caso o

mercado seja favorável, por exemplo, o valor do ativo-objeto protegido caia à

um preço abaixo do travado em contrato, a empresa terá o que chamamos de

ajuste negativo, ou seja, pagará, independente da queda da cotação, o valor

previamente acordado. Porém, se o mercado for desfavorável e o preço subir,

teremos então o ajuste positivo, e a empresa será compensada de forma a

pagar apenas o valor previamente acordado.

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O gerente de projeto deve buscar informações sobre a precificação e

a forma de ajuste das operações de derivativos disponíveis no mercado para

que possa tomar a decisão mais assertiva diante do cenário em que está

inserido (em alguns casos, talvez, até optar por não fazer o hedge).

Junto com o conhecimento do funcionamento das operações de

derivativos para hedge disponíveis no mercado, o gerente de projeto deve

avaliar se o valor que está travando seu ativo-objeto é compatível com o

projeto. Em alguns caso, a trava pode ser num valor acima do esperado

inviabilizando financeiramente o projeto. Por exemplo – digamos que uma

empresa contratou um empréstimo com recursos estrangeiros no valor de U$ 2

milhões de dólar. No ato da contratação a cotação da moeda era de R$ 3,50 e

assim o valor a pagar será de R$ 7 milhões. Este valor está dentro da

capacidade financeira da empresa que está disposta a investir até R$ 8

milhões no projeto. Para não tomar susto no futuro o gerente do projeto em

andamento orienta a buscar uma operação de hedge para proteger o preço da

cotação e assim excluir o risco cambial do projeto. Na instituição bancário o

gerente do projeto é informado que pelo prazo solicitado e a atual situação do

mercado, o contrato travaria o preço da moeda em R$ 4,00, ficando assim

fixado o valor da operação em R$ 8 milhões. Apesar de ser um valor no limite

da disponibilidade financeira que o projeto possui, o gerente de projeto sabe

que haverá outros custos além deste dentro do projeto e assim este valor

extrapolaria o orçamento. Neste caso o gerente de projeto pode buscar no

mercado outras instituições que pudesse operar num valor de trava mais baixo,

viabilizando assim o projeto, ou com dizem “contar com a sorte” de que ao fim

do projeto, no vencimento da operação, a cotação do dólar não tenha uma alta

significativa que comprometa financeiramente o projeto. Como geralmente o

patrocinador do projeto não quer “contar com a sorte”, gerente tem que definir e

analisar se realmente este projeto é economicamente viável dentro do

orçamento proposto, ou será necessário rever os valores.

Operacionalização

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A forma de contratação das operação de hedge variam de acordo

com o tipo de contrato escolhido. Em geral os Banco Múltiplos, os maiores em

operação no país, trabalham com a maioria dos derivativos. Apenas para

operar no Mercado Futuro é aconselhável procura por uma empresa Corretora

no mercado. A Corretora dará o suporte para operacionalização dos contratos

bem como orientações sobre os procedimentos, principalmente no tocante a

garantias, caso o cliente seja iniciante no assunto.

5.1 Ferramentas para auxiliar na estratégia de hedge

Para determinar se um projeto é viável ou não, precisamos avaliar

além da sua viabilidade técnica, a viabilidade econômica. Uma das questões

fundamentais em se fazer um bom gerenciamento do projeto é saber se ao

empreendê-lo teremos o retorno esperado. Lembrando aqui que neste trabalho

estamos analisando a necessidade de hedge com derivativos em projetos que

utilizem recursos em moeda estrangeiro ou que, de alguma forma, estão

sujeitos a variação de preço ou de índice. Nos documentos que descrevem os

custos do projeto devem estar expostos de forma clara quais são esses valores

(ou ativos) e o impacto que eles sofrerão caso haja uma alteração significativa

no mercado que altere seu valor. Essa primeira análise é importante para

decidir sobre a real necessidade da contratação do hedge. Por exemplo, se um

projeto possui apenas 10% do total de recursos em moeda estrangeira e a

variação desse ativo, mesmo que significativa, trará um impacto quase que

insignificante ao resultado financeiro baseado no retorno esperado com o

projeto, e assim, a contratação do hedge poderia ser dispensada pelo gerente

do projeto.

Os investimentos feitos e os retornos previstos em um projeto são

denominados Fluxo de Caixa Descontado. Na representação do Fluxo de Caixa

Descontado os valores iniciais são negativos pois correspondem ao período em

que os investimentos são maiores que os retornos, mas com o decorrer do

projeto esta situação tende a se inverter.

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Através do Fluxo de Caixa Descontado nós podemos chegar aos

valores do Valor Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR) e o

Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), que são as principais ferramentas

para avaliar a viabilidade econômica de um projeto.

VPL, TIR e PayBack

O Valor Presente Líquido (VPL) é o somatório dos termos de um

Fluxo de Caixa Descontado. O VPL indica qual será o lucro gerado no projeto,

por isso, quanto maior seu valor, mais lucrativo será o projeto. O VPL vai

determinar se o projeto terá o retorno previsto pelos seus patrocinadores.

Quando falamos que o projeto utilizará recursos em moeda estrangeira,

devemos estar cientes de que a variação na cotação deste ativo vai impactar

diretamente o VPL do projeto, ou seja, o retorno previsto pelos patrocinadores

(a mesma lógica vale para os projetos que utilizam commodities ou estão de

alguma forma sujeitos a variação de índices).

A Taxa Interna de Retorno (TIR), é a taxa de juros para a qual o VPL

é nulo. Quanto maior a TIR, melhor e mais lucrativo será o projeto.

Entendemos a TIR como a taxa de juros que uma aplicação financeira precisa

render para ser tão lucrativa quanto o projeto. Em geral comparamos a TIR

com uma taxa padrão de Renda Fixa no mercado (como o CDI ou a

Poupança). Caso a TIR seja menor que essa taxa padrão, entendemos que o

projeto não é economicamente viável uma vez que no mercado existem opções

de investimentos mais seguras e com melhor rentabilidade.

O PayBack é o período de tempo necessário para que as entradas

de caixa do projeto se igualem ao valor investido e assim o VPL se torne

positivo. Em resumo, é o tempo de recuperação do capital investido. O

PayBack dará uma “visão macro” de como o custo do projeto se comportará ao

longo do cronograma.

Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)

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O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) ou em inglês

Weighted Average Cost of Capital (WACC), representa o custo dos recursos

aplicados em um projeto no longo prazo. O CMPC é uma taxa que mede a

remuneração requerida sobre um capital investido em um determinado projeto

e reflete se ele será vantajoso ou se a sua realização trará o retorno desejável.

Em geral espera-se que um projeto traga um retorno financeiro que

justifique o investimento em sua implementação. Muitas vezes o projeto é

rentável mas o valor do retorno não é compatível com o que foi gasto. Por

exemplo, uma empresa investe num equipamento para trazer uma economia

na produção. Porém o equipamento é tão caro e a redução de custo tão

pequena que esta não compensa os juros gastos na aquisição do

equipamento. Neste exemplo apesar de existir uma economia(retorno) ele não

é suficiente para justificar o investimento, e assim o projeto não deveria ser

implementado. A análise necessária para tomar este tipo de decisão é feita

através do CMPC.

Outras Análises

Caso o gerente de projetos tenha optado por utilizar o hedge e o

movimento do mercado foi desfavorável a esta estratégia, ocorrerá o chamado

ajuste negativo. Esse ajuste não pode ser considerado um prejuízo para o

projeto, uma vez que o valor estava previamente acordado e lançado no fluxo

do projeto, mas sim um acerto. Exemplificando: o gerente de projeto contratou

uma operação de hedge e utilizou o Contrato a Termo de Moeda Estrangeira

(NDF) travando a cotação em R$ 3,50. No vencimento a cotação no mercado

estava R$3,45, ou seja, deverá ser pago à contraparte o valor de R$0,05 por

cada $1 contratado. Como já era previsto pelo gerente de projeto pagar os

R$3,50(previsibilidade do fluxo de caixa) não consideramos isso um prejuízo e

sim um ajuste entre o que estava acordado em contrato, continuando o projeto

dentro do custo previsto. Caso a cotação da moeda subisse para R$3,60

teríamos o ajuste positivo que seria repassado pelo contraparte, e assim, da

mesma forma, o projeto estaria dentro do custo previsto de R$3,50 por cada

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$1. Ressaltamos que o ajuste positivo está sujeito a incidência de imposto de

renda de acordo com a legislação vigente sobre o tipo de contrato efetuado.

Vemos conforme exposto acima que a principal característica de um

projeto com hedge é a previsibilidade de Fluxo de Caixa. Utilizando o hedge em

projetos que utilização recursos em moeda estrangeira ou commodities, o

gerente de projeto tem tranquilidade na gestão dos recursos do projeto. Mas

esta não é a única vantagem. Destacamos também ao se trabalhar com

derivativos dentro da estrutura do projeto a empresa pode se valer do benefício

fiscal em caso de ajuste negativo. Isso significa que, ao contrário do que

parece, o ajuste negativo é melhor que o positivo devido a questão fiscal.

Reforçamos a informação de que os ajustes, positivos ou negativos,

não podem ser encarados como lucro ou prejuízo pois as operações nestes

caso são utilizadas para proteção (hedge). Há casos onde investidores utilizam

estes contratos para realizar alavancagem financeira de forma a obter maiores

lucros (especuladores). Estes sim estão sujeitos a perdas ou lucros nos

contratos de derivativos, mas não são objetos de nossa análise.

Cenário

É certo que o gerente de projeto deve sempre se atualizar e se

manter sempre informado sobre a situações da atualidade. Mais ainda quando

o projeto envolva recursos em moeda estrangeira ou commodities. Ter

conhecimento do mercado e estar atualizado quanto as notícias é muito

importante para auxiliar na tomada de decisão no momento de contratar ou não

o hedge. É aconselhável fazer um estudo prévio e se necessário solicitar

auxilio a profissionais do ramo para realizar uma análise de cenário mais

realista e assim ter em mãos as informações necessárias para a tomada de

decisão.

6 ESTUDO DE CASOS

6.1 Commodity

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Uma empresa do setor de agroindústria atua na produção de soja.

Ela tem no seu planejamento financeiro o custo detalhado de toda cadeia de

produção até o consumidor final, tem bem definido seu break even point e a

margem de lucro necessária para obter o retorno esperado da sua produção.

A empresa está buscando expandir sua distribuição com um projeto

em andamento para vender a commodity em outros países potenciais

consumidores, a princípio Estados Unidos e China, podendo no futuro negociar

também com países da Europa.

Feitos os procedimentos iniciais de pesquisa e levantamento de

informações comerciais bom como planilha de analise utilizando a matriz

SWOT, concluíram que o projeto era bom e poderia resultar num aumento

significativo do faturamento da empresa. Porém, nos dados levantados um

detalhe importante a ser analisado, um risco que poderia comprometer

gravemente não só o projeto, mas toda a empresa: o risco da variação cambial.

Como o projeto é destinado à exportação e o ativo do projeto ficaria todo em

moeda estrangeira, a variação do câmbio neste caso impactaria diretamente na

rentabilidade e sucesso do projeto, podendo causar prejuízos financeiros à

empresa.

Na elaboração do projeto outra questão foi levantada que é o valor

da soja no mercado internacional (risco de mercado). A soja é uma commodity

que tem sofrido oscilações de preço, principalmente no mercado internacional,

de acordo com a situação dos principais países produtores (condições

climáticas, produtividade da safra, etc) e a demanda do mercado(estoques). O

tempo necessário para o plantio da soja é entre 100 e 160 dias. Nesse intervalo

podem ocorrer variações de preço significativas e a empresa pode não

conseguir vender o produto pelo preço desejado.

Ter uma indefinição do preço final compromete todo o planejamento

financeiro do projeto, uma vez que não haverá um valor base para calcular o

lucro previsto e assim não há como saber se o projeto será ou não viável

financeiramente.

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Diante desse fatores de risco que podem comprometer todo o

projeto e ainda trazer prejuízos para a empresa, temos os Derivativos como

solução para proteção financeira.

Para a variação cambial a empresa tem disponível 2(duas) opções

de Derivativos: Termo de Moedas e Opções. O que vai determinar a escolha

será como a empresa está conduzindo o projeto e o cenário que ela entende

que estará se desenhando no futuro.

Uma vez que a queda no valor da moeda estrangeira é o que

causará o dano financeiro, a empresa pode adquirir um Termo de Moedas, na

posição de VENDEDORA, e assim antecipa a cotação. Independente do que

ocorrer com o câmbio, a empresa estará “vendida” naquele valor pré-

estabelecido. Sabendo que caso o valor da moeda no mercado na data futura

acordada seja maior do que a taxa contratada, a empresa terá um ajuste

negativo, ou seja, terá que pagar a diferença para a outra parte. Não é um

prejuízo, pois da mesma forma ela estará recebendo em moeda estrangeira

com uma cotação acima do esperado.

Caso a empresa entenda que a situação cambial pode ser favorável,

mas ainda assim não quer ficar exposta ao risco, ela pode optar pela compra

de uma OPÇÃO. Como a proteção é desejada é com relação a queda do valor

da moeda estrangeira, a empresa pode adquirir uma PUT, ou seja, uma

OPÇÃO DE VENDA. Com este derivativo a empresa tem o benefício de

exercer a venda da moeda conforme contratado, caso o valor da moeda na

data futura seja menor que o pré-estabelecido. Neste caso, se o câmbio estiver

favorável a empresa ela pode simplesmente optar por não exercer a opção e

assim usufruir da variação cambial favorável maximizando seu resultado.

Porém um detalhe, a opção tem pagamento de prêmio no ato da contratação,

assim para que este seja realmente vantajoso a empresa deve ter bem definido

o cenário financeiro da qual está inserida e analisar se o prêmio desembolsado

no início compensa o possível ajuste positivo futuro.

6.2 Commodity 2

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Uma empresa produz diversos alimentos derivados do milho

(biscoitos, doces, etc). Igualmente a situação da empresa anterior, está

também possui um ótimo controle de custos de produção e sabe os valores

necessários para vender seu produto de forma a cobrir seu BEP(break even

point). Tendo como principal matéria prima o milho, a empresa acompanha a

situação do mercado e da produção mundial desta commodity e sabe que este

ano, devido a situações climáticas desfavoráveis, a produção de milho será

significativamente menor que no ano passado e com isso ele prevê um

aumento do preço do milho no mercado interno e externo.

Realizando o planejamento da produção para este ano foi verificado

que, caso o preço do milho suba muito, será inviável a manutenção do preço

do seu produto, uma vez que o custo de produção absorverá todo o resultado

financeiro. Por outro lado, uma aumento de preço, de acordo com o estudo de

curva de demanda, poderia trazer uma redução nas vendas e comprometer

ainda mais a saúde financeira da empresa.

De posse dessas análises o cliente pôde determinar um valor

máximo para pagamento do insumo (milho) sem que este impacte de forma

significativa o retorno do produto com a manutenção do preço de venda

atualmente praticado.

Para proteção de preço a empresa tem disponível no mercado uma

mecanismo chamado TERMO DE MERCADORIA, onde se trava o preço da

commodity até determinada data pré-acordada e assim a empresa não precisa

mais se preocupar com a variação do preço do insumo uma vez que,

independente do preço desta no mercado, o cliente e pagará pelo valor

acordado.

6.3 Dólar

Uma empresa de metalurgia está iniciando um projeto para

ampliação e modernização da sua linha de produção. Um dos “subprojetos”

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consiste na aquisição de um equipamento importado dos EUA. No orçamento

foi repassada além do valor da operação, o prazo para entrega e a forma de

pagamento, que neste caso seria em 3 parcelas trimestrais, com primeira a ser

paga na data da entrega do produto. Como a previsão de entrega é para 6

meses e o contrato está sendo fechado em dólar, a empresa fez a análise de

viabilidade da aquisição, de forma a verificar se o retorno com a compra do

equipamento compensa o seu custo.

Confirmada a viabilidade, o gerente do projeto percebeu que devido

a situação política atual o câmbio está tendo variações bruscas e diárias. Caso

o preço do dólar suba muito, a compra do equipamento deixa de ser viável.

Para não ter problemas com o câmbio futuro a empresa adquiri um

TERMO DE MOEDAS e “trava” a cotação do dólar a um valor que considera

limite para viabilidade do projeto. Com isso a empresa se livra do risco da

variação cambial e pode dar andamento ao projeto de forma mais segura.

7 CONCLUSÃO

A realização de um bom gerenciamento de projetos têm impacto

direto com o alcance das metas das organizações. Num primeiro momento o

tema “Gerenciamento de Projetos” pode parecer distante das atividades das

empresas que trabalham com os mais diversos ramos de negócios, mas ao

estudarmos melhor sobre o assunto percebemos sua aplicabilidade em

praticamente todas as áreas como podemos observar neste estudo.

Na década de 80, a realização de um projetos estava relacionada

apenas com o desenvolvimento de um produto, com a construção de uma

usina, rodovia; etc. Eram projetos grandes e de longo tempo de duração.

Atualmente, o conceito de projetos é muito mais amplo. Podemos perceber isso

quando vemos a definição do PMI (Project Management Institute): “projeto é

um esforço temporário para produzir um produto, serviço ou resultado único”.

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Após a década de 80, iniciou-se o entendimento de que uma

quantidade enorme de projetos, o tempo todo. Por exemplo: selecionar um

executivo para um posto de trabalho, é um projeto. Comprar uma nova

impressora, é um projeto. Substituir um equipamento, é um projeto.

Reestruturar um setor dentro de uma empresa, é um projeto. Padronizar

operações de rotina, é um projeto. Assim, tanto em uma loja de materiais de

construções, como em outras organizações complexas, os projetos vão

ocorrendo quase que constantemente e, muitas vezes, sem que a isto se

perceba. Empresas reconhecem a gestão de projetos como essencial para a

competitividade no mercado, mas ainda falta capacitação entre muitos

gestores.

A obtenção de resultados satisfatórios depende de um

gerenciamento eficaz, e dentro desse contexto a análise de risco é

fundamental. Neste estudo demostramos esta importância e percebemos que

em projetos onde existem recursos em moedas estrangeira ou commodities, os

contratos de derivativos são uma importante ferramenta para a proteção

financeira quando bem analisados e utilizados.

De acordo com Lopes (1980), os primeiros fatores básicos da

motivação humana são o hedonismo e o idealismo. O primeiro explica que o

homem não ama a dor e o desconforto, mas o prazer e o conforto. Eis aí a

razão dos conselhos acerca de como tornar agradáveis as condições e o

ambiente de trabalho, a fim de que aquele fator seja satisfeito, resultando no

aumento da motivação.

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