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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS NO SISTEMA EDUCACIONAL Jonas da Fonsêca Santos ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS NO SISTEMA EDUCACIONAL

Jonas da Fonsêca Santos

ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro 2017

DOCUMENTO P

ROTEGID

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicologia Jurídica. Por: Jonas da Fonsêca Santos.

FAMÍLIA HOMOPARENTAIS NO SISTEMA EDUCACIONAL

Rio de Janeiro 2017

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AGRADECIMENTOS

Começo agradecendo primeiramente a Deus por ter me

ajudado até aqui e por estar sempre presente em minha

vida.

Em seguida, à minha família, em especial minha mãe

Eliane, por tudo que faz por mim mesmo estando longe,

com seus conselhos e orações para que tudo dê certo.

Gostaria de agradecer também ao meu companheiro

Galdino Junior pelo apoio de sempre e meu filho Thyedro

que veio para alegrar minha vida há 3 anos atrás, onde

descobri a maravilhosidade de ser pai. Amo muito vocês!

Não poderia deixar de agradecer aos meus professores

desta pós graduação que me transmitiram seus

conhecimentos da melhor forma possível para que eu

tenha o conhecimento que tenho hoje. Ao meu orientador

Marcelo Saldanha que sempre foi muito paciente e

solícito nesta última e difícil etapa, afinal monografia é o

terror da maioria!

Por último e não menos importante, agradeço à minha

amiga/ comadre/ irmã Ariana Dias pela força que sempre

me deu desde a graduação, mesmo não escolhendo se

especializar em Psicologia Jurídica, me ajudou muito e a

Renata também por me acudir em todos os momentos de

desespero.

Muito obrigado!

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão à todas as

pessoas do meu convívio que acreditaram e

contribuíram, mesmo que indiretamente, para a

conclusão deste curso e minha amiga/irmã e

comadre Ariana Dias que tanto me ajudou neste

processo.

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RESUMO

O presente estudo pretende discutir a relação entre as famílias

homoparentais e o sistema escolar. Pretende-se saber se as escolas e os

profissionais da educação estão preparados para lidar com essa nova

configuração de família. Os dados foram coletados em entrevistas em grupo

com profissionais da educação (diretores das escolas, pedagogos e

professores) que atuam em instituição escolar pública e particular na qual não

necessariamente ocorreram casos de homoparentalidade, afim de verificar se

há preparo por parte das instituições em receber os filhos oriundos dessa nova

configuração familiar. Constatou-se que, mesmo com todas as mudanças

sociais iniciadas no século XX, a escola ainda trabalha com o modelo de

família nuclear e, mesmo com o pluralismo curricular, as famílias

homoparentais ainda permanecem invisíveis no cotidiano escolar.

Palavras-chave: Relação família-escola, homoparentalidade

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, foram relatados

através de abordagem a referências bibliográficas, leitura de livros, artigos e

pesquisas na internet e as leis nacionais.

Com a utilização desses métodos, após a coleta de informações

pertinentes ao tema em questão, o leitor terá acesso a uma gama de

informações sobre o tema abordado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Família: Definição e Transformação Histórica 10

CAPÍTULO II

A Adoção e sua Função Social 13

2.1- A Adoção e o Direito Romano 14

2.2- A Adoção por Famílias Homoafetivas 15

CAPÍTULO III

Famílias Homoparentais e a Função Docente 17

CAPÍTULO IV

Pesquisa de Campo 20

4.1- Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação

da Instituição Particular 22

4.2- Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação

da Instituição Pública 24

CAPÍTULO V

Discussão e Análise de Dados das Entrevistas 27

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 30

ÍNDICE 34

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INTRODUÇÃO

Ao Longo da história, a estrutura familiar sofreu muitas mudanças, em

virtude, das transformações ocorridas nas sociedades e culturas. Hoje, não

podemos mais nos referir à família como um modelo normatizado e nuclear

monoparental, pois ela se dividiu em inúmeros modelos, dentre eles a família

homoparental. Entre composições familiares contemporâneos ficam as famílias

monoparentais, pluriparentais e homoafetivas. Adotei o termo

“homoafetividade” pois segui os estudos extraídos da literatura da área.

O presente trabalho tem como objetivo discutir a relação da família

homoparental com filhos e a escola. Pretende-se saber se as escolas e os

profissionais da educação estão preparados para lidar com as famílias

homoparentais.

A relação de parceria estabelecida entre a família e a escola é

extremamente importante para o sucesso do trabalho escolar, uma vez que

ambas instituições possuem objetivos comuns, o pleno desenvolvimento da

criança e o bem estar. Nessa relação, a escola tem papel fundamental,

considerando a vontade e necessidade da família, lhes proporcionando

situações em que esses se sintam participantes presentes nessa parceira.

Entretanto, a complicação da estrutura da família contemporânea acaba

impondo dificuldades as instituições escolares e o estabelecimento da relação

família/escola tem sofrido contrariedade.

Mesmo com os avanços jurídicos no Brasil, legalizando a união estável

entre casais homossexuais e a adoção de crianças e ou adolescentes por

casais homoafetivos, durante décadas a família homoparental esteve invisível

aos olhos da sociedade, hoje ganha espaço cada vez mais, porém ainda

incomoda alguns segmentos. Quando se trata da escola, ainda é um tema

marginal, mesmo com uma diversidade familiar na sociedade contemporânea,

a escola ainda trabalha com o modelo de família nuclear como família perfeita.

Um dos principais fatores que causam conflitos entre as famílias e as escolas

atualmente é a aceitação da homossexualidade e de um modelo familiar que

foge ao padrão tradicional.

Segundo Oliveira (2015, p. 09):

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A homoparentalidade pode se constituir de três maneiras. A primeira possibilidade é a adoção. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) existem mais de cinco mil crianças e adolescentes à espera de uma família adotante e, após o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo pelo Superior Tribunal Federal (STF), o número de adoções realizadas por casais homossexuais tem crescido gradativamente. Anteriormente, a adoção era feita por apenas um dos cônjuges, que se cadastrava no CNA como sendo solteiro. A segunda possibilidade está relacionada aos avanços da tecnologia reprodutiva, por meio da inseminação artificial. Com a regulamentação das técnicas de reprodução assistida pelo Conselho Federal de Medicina a partir de 2010, casais do mesmo sexo podem ter filhos biológicos e, em alguns casos, após ações judiciais bem sucedidas, os nomes dos dois pais podem constar na certidão de nascimento da criança. A terceira possibilidade de filiação homoparental acontece quando um dos cônjuges possui filhos, proveniente de uniões heterossexuais anteriores e, nesse caso, a criança é criada pelo casal gay e ambos assumem a responsabilidade pela criação.

Partindo da forma da homoparentalidade no Brasil, é possível afirmar

que as novas configurações familiares e a diversidade sexual impõem desafios

à instituição escolar. Desse modo, surge a questão: Será que as escolas estão

de fato preparadas para atender as crianças cujos pais são homossexuais?

Foi realizada uma pesquisa de campo qualitativa conforme Gil (1995, p.

56), analisando poucos participantes, perdendo em profundidade, porém,

ganhando em qualidade, já que os dados obtidos dos investigados foram

analisados mais rigorosamente.

Os dados foram coletados em entrevistas em grupo com profissionais da

educação (diretores das escolas, pedagogos e professores) que atuam em

instituição escolar pública e particular na qual não necessariamente ocorreram

casos de homoparentalidade, afim de verificar se há preparo por parte das

instituições em receber os filhos vindos dessa nova configuração de família.

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CAPÍTULO I

FAMÍLIA: DEFINIÇÃO E TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA

De acordo com Zambrano et al (2006, p.12), família é entendida na

nossa sociedade contemporânea ocidental como uma instituição natural, onde

nela será transmitida os valores fundamentais de nossa cultura. Pensa-se

normalmente em famílias de parentes formadas de vínculos de sangue e/ou

afinidades, diferenciando assim da família nuclear, que é formada por pai, mãe

e filhos, da família extensa que é formada de um agrupamento de várias

famílias de parentes de diversas gerações, primos, avós, tios, primos, etc.

Enfatizando mais as famílias ocidentais, o que se vê de mais comum em

um modelo numa veracidade biológica irredutível até o momento: para produzir

uma criança, é necessário o espermatozóide de um homem e o óvulo de uma

mulher (Zambrano e outros, 2006, p.12).

Como resultado, a família nuclear aparenta forçar como uma verdade

inquestionável, por estar socialmente aceito com o fato biológico. Então

podemos pensar a partir disso que ela tem suas raízes no início dos tempos,

considerá-la como sendo a unidade fundadora da sociedade, a célula

germinativa da civilização e o suporte para a evolução da sociedade. Todavia,

as coisas são um tanto mais complicadas (Zambrano e outros, 2006, p. 12).

Poster apud Boris et al 2016, p. 212, subdivide as famílias

historicamente em quatro principais grupos: a família burguesa (século XIX), a

família aristocrática (séculos XVI e XVII), a família camponesa (séculos XVI e

XVII) e, enfim, a família da classe trabalhadora, perfil do período da Revolução

Industrial. Essas famílias possuíam características próprias, suficiente claras

para defini-las e determinar seus contornos, o que nos possibilita entender as

mudanças evolutivas familiares que antecederam as atuais.

A família burguesa, ou família nuclear burguesa, apresenta-se como o modelo tradicional de família nas sociedades patriarcais, sendo o arranjo dominante na sociedade capitalista. Trata-se de uma estrutura familiar privada e autônoma, separada da sociedade, na qual o lar é um espaço de lazer e os pais exercem uma relação de poder para com os filhos, o marido é a figura de maior autoridade da casa e a mãe tipicamente é aquela que exerce o papel de cuidadora dos filhos e do lar (Boris et al 2016, p.212).

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De acordo com revisão bibliográfica, percebe-se que lidamos atualmente

com novas configurações familiares, onde surgem outros tipos de família, não

sendo somente a nuclear, composta de pai, mãe e filhos.

Na França, influenciada pela Revolução de 1792, foi criado o Estado

laico onde separou a Igreja do Estado e o casamento foi transformado de

sacramento em contrato civil. Com a criação do Código Napoleônico depois de

1804, a filiação ficou ainda mais subalterna ao casamento tomando-se certo

que o pai era o marido da mãe. A finalidade do casamento, e da família que ele

funda é, por fim, fortalecer o elo entre seus membros, especialmente o que liga

o pai a uma criança. A partir desde fato, a relação entre seus componentes: a

criança no centro, o pai e a mãe em torno dela, é o que faz existir uma família

(Boris et al, 2016, p. 212). Aos poucos, a família foi aplicando, ao seu caráter

moral quanto instituição, referenciais universais fundamentados num modelo de

família nuclear, monogâmica e heterossexual. Somente no final do século XIX

que aparece a família nuclear como conhecemos hoje Zambrano et al (2006,

p.13).

Nesse sentido de mudança nas configurações de família, os pares

homoafetivos representam uma das novas formas de arranjos familiares, assim

como as famílias monoparentais, que são caracterizadas por um dos pais sem

um companheiro criarem uma criança; e as famílias pluriparentais ou

recompostas, são principalmente, resultados de divórcios e separações (Uziel,

2007, p. 73).

O movimento das famílias homoparentais vem ganhando espaço nos

últimos anos, porém ainda desperta na população um forte estranhamento,

segundo Uziel (2007, p. 74), na década de 90 foi criado por homens e mulheres

que buscavam uma definição para suas famílias constituídas por não

heterossexuais, o termo famílias homoparentais.

A aceitação social que os poucos estão conquistando os casais

homossexuais, como unidade familiar, confronta-se com a Constituição Federal

de 1988 que reconhece a união estável, para finalidade de proteção da família,

somente à união formada entre um homem e uma mulher, não prevendo as

uniões entre pessoas do mesmo sexo (CALDÉRON et al, 2016, p. 696).

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Dentre as conquistas, que vem de baixo para cima, pode ser citado o reconhecimento das famílias homossexuais, ou famílias gays e lésbicas, constituídas a partir de determinação da Justiça Brasileira que lhes concedeu o direito da adoção legal de crianças, possibilitando ainda a inscrição do nome dos dois pais ou das duas mães na certidão de nascimento da criança. Ou seja, a emergência de novas famílias contrariando o Código Civil (lei nº 10.406 de 10 jan. 2002) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº 8.069 de 13 jul. 1990), que admitiam a possibilidade de adoção de criança por uma só pessoa, exceto se duas forem casadas ou em união estável (Calderon et al, 2016, p. 696 - 697)

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CAPÍTULO II

ADOÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL

Diniz (1996, p. 367) diz que a adoção é:

“o ato jurídico solene pelo qual alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que geralmente lhe é estranha”

Para Venosa (2002, p. 258):

“(...) a filiação natural repousa sobre o vínculo de sangue, genético ou biológico; a adoção é uma filiação exclusivamente jurídica, que se sustente sobre a pressuposição de uma relação não biológica, mas afetiva. A adoção moderna é portanto, um ato ou negócio jurídico que cria relações de paternidade e filiação entre duas pessoas.”

Segudo Marins (2011, p. 11) em nosso dicionário, o conceito de adoção

trada da adoção como uma aceitação legal como filho (a). O termo adoção vem

do latim adoptare, que significa cuidar.

No princípio, a adoção tinha o objetivo de dar continuidade ao culto

doméstico, mas na vida moderna ela se objetiva em possibilitar aos que não

tem filhos, empregar um estranho à sua carga afetiva, propiciando assim à uma

criança carente um lar e assistência.

O que nunca deve cair no esquecimento, é que ao analisar um pedido

de adoção, deve-se levar em conta o que é melhor para atender às

necessidades da criança e/ou adolescente.

Uma família é o sonho de milhares de crianças e adolescentes à espera

de adoção, mas ainda nos dias de hoje o rigor excessivo, e sem justificativa em

muitos casos, acabam condenando o menos a uma vida sem afeto e conforto

às margens da sociedade ao invés de protege-los (Rodrigues, 2003, p. 16).

A adoção não é somente uma relação fruto de um resultado de

“vontades”, é além disso, é ter capacidade afetiva de amar um filho (a) que a

natureza não os concebeu (Marins, 2011, p. 13).

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2.1. Adoção e o Direito Romano

Conforme já citadas anteriormente, as famílias romanas eram

pertencentes a um sistema patriarcal, onde cabia ao pai tomar as importantes

decisões sobre a família, até mesmo quanto à entrada de novos membros, e os

escravos. No contexto cultural, a adoção de membros estranhos a fim de

garantir a perpetuação do culto doméstico era cotidiana. Portanto essas

pessoas inseridas no contexto familiar eram, subordinadas ao domínio de um

pater familias. A adoção era consumada a partir da vontade e do poder

absoluto do pai (Boris, et al 2016, p. 213).

Com o acontecimento das guerras, as crianças órfãs eram adotadas

como um “meio” de reparação social, com o propósito de realocação na

sociedade. Adotar passou, a ser uma ação que beneficiava ambos os lados,

pois possibilitava a construção de uma família. Antes mesmo deste

acontecimento, com o surgimento do cristianismo, a adoção passou a

ambicionar a criação de falsos laços de filiação. Foram criadas regras, como a

exigência de uma diferenciação de idade entre adotantes e adotados, para

assemelharem-se às leis da natureza (Moreno, apud Boris, et al 2016, p. 213).

Segundo Rodrigues (2003, p. 17 - 18), o direito Romano admitia três

formas de adoção:

a) Submetendo-se através de um tribunal (Cúria), integrando ato complexo

e solene, por testamento, não sendo muito utilizado.

b) O adotado considera capar, desligava-se de sua família biológica, e

tornava-se herdeiro de culto do adotante, sendo este um ato de vontade

de ambas as partes (adotado e adotante), conhecido como adoção ab

rogatio.

c) Datio in adoptiomen, era quando o adotado incapaz era entregue em

adoção, por vontade do adotante e em concordância com o

representante do adotado.

A princípio, somente os homens eram permitidos adotar, mas à medida

que o fundamento religioso foi enfraquecendo, as mulheres que perderam seus

filhos ganharam permissão também para adotar.

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2.2. A Adoção por Famílias Homoafetivas

Segundo Castro (2008, p. 24), existe uma dificuldade por parte da

sociedade jurídica brasileira em aceitar a existência de famílias homoafetivas,

uma vez que um casal homoafetivo toma a decisão em adotar e preenche

todos os requisitos, um(a) dos(as) dois(duas) tem de escolher qual deles(as)

oficializará o pedido de paternidade/maternidade da criança. Uma criança

adotada em guarda única só receberá direitos relativos ao pai/mãe que tem a

sua guarda. Porém, após a adoção, os(as) dois(duas) educam e criam-na

juntos, como de costume com um casal heteroafetivo.

Existem outras razões para se justificar o não reconhecimento legal de

famílias homoafetivas, a primeira delas é a crença disseminada de que essa

configuração familiar pode vir a ser prejudicial no desenvolvimento

psicossociológico “normal” das crianças. A ausência de modelo do gênero

masculino e feminino é questionada, com isso “pode” eventualmente, confundir

a identidade sexual, fazendo assim que a criança se torne homossexual. Neste

sentido percebe-se uma grande mistura entre sexualidade com função

parental, é como se a orientação sexual dos adotantes (figuras parentais) fosse

determinante na orientação sexual dos filhos.

A função parental não está composta no sexo, mas, sim, na forma como

os adultos que estão no lugar de cuidadores lidam com as questões de poder e

hierarquia no relacionamento com os filhos, de controle de comportamento,

com as questões relativas a problemas disciplinares, e de tomar decisões. As

ações que compõem a função parental são reações que favorecem a

individualidade e a auto-afirmação por meio de apoio e aprovação, atitude de

supervisão e de disciplina com os filhos. Essas atitudes não têm nenhuma

relação ao sexo das pessoas (Castro 2008, p. 25).

A segunda, é a percepção, em relação à possibilidade do filho ser

rejeitado no meio em que frequenta ou de ser vítima de “chacota” por parte de

vizinhos e colegas, o que lhe poderia fomentar perturbações psíquicas ou

problemas de inserção social. Segundo relato de Maria Berenice Dias,

desembargadora do Tribunal de Justiça do RS,

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“(...) essas preocupações são afastadas com segurança por quem se debruça no estudo das famílias homoafetivas com prole. As evidências apresentadas pelas pesquisas não permitem vislumbrar a possibilidade de ocorrência de distúrbios ou desvios de conduta pelo fato de alguém ter dois pais ou duas mães. Não foram constatados quaisquer efeitos danosos ao desenvolvimento moral ou à estabilidade emocional decorrentes do convívio com pais do mesmo sexo. Também não há registro de dano sequer potencial, ou risco ao sadio desenvolvimento dos vínculos afetivos. Igualmente nada comprova que a falta de modelo heterossexual acarretará perda de referenciais a tornar confusa a identidade de gênero. Diante de tais resultados, não há como prevalecer o mito de que a homossexualidade dos genitores gere patologias na prole. Assim, nada justifica a visão estereotipada de que a criança que vive em um lar homossexual será socialmente estigmatizada ou terá prejudicada a sua inserção social”. Disponível em www.mariaberenice.com.br.

Cada vez mais as pessoas se sentem à vontade em assumir sua

verdadeira orientação sexual devido à visibilidade adquirida pela

homoafetividade. Gays e lésbicas visam a realização do sonho de constituir

uma família com filhos, e é comum crianças e ou adolescentes viverem em

lares homoafetivos. Vetar ao par homossexual o direito à convivência familiar e

não reconhecimento da existência de pais do mesmo sexo é só uma questão

de tempo. Como diz Uziel (2007, p. 197):

“A discussão a respeito não inaugura essa realidade social, dá apenas visibilidade a tal condição e a inclui na pauta da conquista de direitos, concorrendo para a extensão da concepção de entidade familiar.

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CAPÍTULO III

FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS E A FUNÇÃO DOCENTE

Segundo CALDERÓN et al (2016, p. 699) em suas várias faces, o grupo

homossexual – gay e lesbiano, também contribuiu imensamente para a

decaída do patriarcalismo, pois o que se colocava e é colocado, é que no lugar

de normas sociais e repressões históricas, como um elemento constitutivo de

uma política de identidade sexual, predomine o poder do amor.

Ainda segundo estes mesmos autores, com tantas mudanças

tecnológicas no processo de reprodução da espécie, crescimento de uma

economia informacional global e o ímpeto poderoso promovido pelas lutas da

mulher por um movimento feminista plurifacetado, foram observadas a partir do

final da década de 1960 essas três tendências.

A última década do século XX foi caracterizada pela luta do

reconhecimento do matrimônio homossexual, e a primeira década do século

XXI foi caracterizada por mais uma luta, a luta pela parentalidade, isto é, o

direito das famílias gays e lésbicas de poderem adotar crianças como filhos do

casal (CALDERÓN et al 2016, p. 700).

Com as conquistas judiciais à favor da adoção de crianças por três

casais brasileiros, um casal gay e dois casais lésbicos, respectivamente, nos

estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, a

chamada/conhecida família gay ou lésbica deixa a perspectiva da invisibilidade

para aparecer amparado pelo Estado, como sujeito de direitos (CALDERÓN et

al 2016, p. 700).

Uma vez que a adoção é irretratável e irrevogável, ou seja, esses casais

não poderão nunca renunciar à paternidade ou à maternidade e esse direito

nunca ninguém poderá retirar (CALDERÓN et al 2016, p. 700).

Com isso, muitos desafios para a escola surgem uma vez que a

formação da criança é o grande elo que a une à família. O desafio das

instituições sociais é de garantir o desenvolvimento sadio e equilibrado das

crianças (CALDERÓN et al 2016, p. 700).

Ainda que surjam movimentos em desacordo às mudanças sociais em

curso, disseminando homofobia, a violência contra os homossexuais ou a

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chamada “repatologização da homossexualidade” (Mello, 2005)1, a

parentalidade homossexual ganha visualidade, seja por meio da adoção legal

ou por meio da adoção à brasileira (Grossi, 2003)2, compromissando a escola a

estar preparada para garantir uma boa educação dos filhos dessas novas

famílias. É preciso considerar a diversidade de configurações familiares além

do modelo de família nuclear, para superação dos preconceitos contra os

homossexuais e o desenvolvimento do respeito mútuo.

Focando a instituição escolar, Lima apud Cruz (2014, p. 25) diz que os

profissionais da educação possuem um modelo enrijecido de uma família que,

na maioria das vezes, é distante da realidade e bastante exclusivo, como no

caso das famílias homoparentais, que continuam invisíveis no ambiente escolar

e sem igualdade de direito. Para mais, a falta de formação continuada dos

professores, que acabam ficando despreparados para lidar com o tema, tende

a prolongar o problema.

Cruz (2014, p. 25):

Abordou a relação da escola com a família homoparental, partindo das vivências das famílias, dando voz a indivíduos que permaneceram invisíveis nos ambientes escolares e, apesar de suposta tranquilidade presente no relato das entrevistadas, ainda há muito que se fazer para o acolhimento das famílias homoparentais nas escolas. Apesar dos avanços jurídicos, a família homoparental esteve invisível durante décadas de descaso e, ainda hoje, incomoda alguns segmentos da sociedade. Na escola, continua a ser um tema marginal.

A criança e o adolescente têm direito a uma educação digna de

desenvolvimento da sua personalidade e cidadania, e isso é obrigação estatal

que o ensino primário seja obrigatório e gratuito, para impulsionar a

organização e evolução ao ensino médio e superior, por certo a escola deve

ser um ambiente de respeito aos direitos e a dignidade de cada criança e

adolescente.

Por conta disso o espaço escolar deve ser um ambiente democratizado,

onde a sociedade esteja inclusa, bem como todos aqueles que visam um

1 Este fenômeno se refere às tentativas existentes hoje, principalmente no universo evangélico, de retroceder

o âmbito dos avanços da ciência, para tipificar a homossexualidade como doença passível de ser curada.

2 Este tipo de adoção tem no seu cerne o cuidado de crianças no seio familiar sem nenhuma formalização

legal, de caráter parental, perante as autoridades governamentais.

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aprendizado independentemente de preconceitos, discriminações, ou

quaisquer diferenças entre os alunos (PESSANHA, 2012, p. 18).

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CAPÍTULO IV

PESQUISA DE CAMPO

Foi realizada uma pesquisa de campo qualitativa conforme Gil (1995, p.

114), analisando poucos participantes, perdendo em profundidade, porém,

ganhando em qualidade, já que os dados obtidos dos investigados foram

analisados mais rigorosamente.

Os dados foram coletados em entrevistas em grupo (por opção dos

entrevistados) com profissionais da educação (diretores das escolas,

pedagogos e professores), que atuam em instituição escolar pública e

particular na qual não necessariamente ocorreram casos de

homoparentalidade, afim de verificar se há preparo por parte das instituições

em receber os filhos vindos dessa nova configuração de família. Conforme

acordado, os nomes dos entrevistados serão mantidos em sigilo.

Serão utilizados como meios de análise, entrevistas em grupo em

ambas as escolas, além do preenchimento do termo de consentimento livre e

esclarecido autorizando a realização da pesquisa na instituição e no corpo

docente. Segue abaixo os modelos de entrevista e do termo de consentimento

livre e esclarecido:

ENTREVISTA EM GRUPO:

1- A escola aceita alunos vindos de famílias homoparentais?

2- Se sim, como se dá a recepção desses alunos?

3- Existe na escola algum planejamento, ou oficinas e/ou atividades com os

alunos relacionados as novas configurações de família?

4- Há debates e/ou rodas de conversa entre os docentes sobre o tema?

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5- Devido às questões culturais que atravessam as diferentes configurações de

família no âmbito escolar, como a direção percebe a aceitação das famílias

homoparentais, pelas famílias tidas como tradicionais? É possível pensar num

trabalho com essas famílias? E como seria?

6- Caso haja ocorrência de bullying na instituição, como a coordenação pensa

numa estratégia para lidar com esta situação?

7- Entendendo que a construção da subjetividade das crianças é

atravessada pelas vivências no âmbito escolar, existe um plano pedagógico

referente as datas comemorativas, por exemplo: dias dos pais e dia das

mães?

8- Na sua vivência, como o dispositivo governamental poderia criar estratégias

ou políticas públicas no sentido de facilitar a inclusão desses alunos e suas

famílias?

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. UNIVERSIDADE CÂNDICO MENDES/AVM Departamento de Psicologia Jurídica PESQUISA: Famílias Homoparentais no Sistema Educacional Responsáveis: Jonas Santos e Professor Marcelo Saldanha. Eu,________________________________________________________________, RG ______________________ residente na cidade _____________________, concordo em participar desta pesquisa que tem como objetivo verificar se há preparo por parte das instituições em receber os filhos vindos dessa nova configuração de família (homoparentais).

A sua participação implica em responder perguntas relacionadas ao plano, preparo pedagógico e estrutural escolar no recebimento de alunos que estão nesta configuração família.

O pesquisador se encarregará de aplicar os questionários e procurará assegurar o caráter confidencial das respostas dadas pelos participantes. Todas as perguntas são relacionadas ao tema da pesquisa. Desse modo, entende-se que o risco a partir do constrangimento e mal-estar do preenchimento dos questionários é mínimo. Caso haja algum dano comprovado relacionado com a pesquisa, será garantida a devida indenização.

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O pesquisador estará a seu inteiro dispor para esclarecer qualquer dúvida relacionada a pesquisa durante a sua realização. Dentro deste raciocínio, todos os participantes estão integralmente livres para, a qualquer momento, negar o consentimento ou desistir de participar e retirar o consentimento, sem que isso provoque qualquer tipo de penalização. Lembramos assim, que sua recusa não trará nenhum prejuízo e sua participação não é obrigatória. Além disso, você não terá, em momento algum, despesas financeiras pessoais e também não receberá nenhuma remuneração.

Em qualquer fase do estudo você terá pleno acesso ao pesquisador responsável (Jonas Santos) pelo telefone 21 98297- 6952, na Universidade Candido Mendes/AVM situado na Rua do Carmo, 07 - 5º andar, Rio de Janeiro, RJ. Havendo necessidade será possível, ainda, entrar em contato com o Comitê de Ética da Universidade Candido Mendes/AVM, pelo telefone (21) 2531

1344, de segunda a sexta- feira das 9:00 às 22:00 horas. Por fim, os resultados desta pesquisa deverão ser publicados na forma

de monografia e/ou divulgados em encontros científicos, resguardando a privacidade do participante. Por favor, pergunte, caso tenha qualquer dúvida com relação à pesquisa.

_______________________ ________________________

Jonas da Fonsêca Santos Marcelo Saldanha

Eu, ___________________________________________________________________, estou ciente das informações dadas acima e concordo em ser participante desta pesquisa. Rio de Janeiro, __________ de ___________________ de 2017. _______________________________________________________________

ASSINATURA DO PARTICIPANTE

4.1. Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação da

Instituição Particular

A primeira escola a ser entrevistada foi a instituição particular, que fica na

zona norte do Rio de Janeiro, com 14 anos de existência, atendendo em sua

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maioria crianças de classe média, a escola atende o público de 6 meses de

idade aos 10 anos.

Fui bem recebido, com muita cordialidade e atenção, cheguei ao local e

logo fui recepcionado pela diretora, que me levou para sua sala onde

aconteceria a entrevista, chegando lá me deparei com os demais profissionais

e começaram as perguntas.

Ao citar o tema que abordaria, não houveram estranhamentos, ou

comportamentos que apontasse um certo “desconforto” sobre, foi tudo muito

natural. No momento da entrevista, haviam dois casos de homoparentalidade,

mas já houverem três.

A maior parte dos professores possuem ensino superior completo e são

licenciados em pedagogia (existem outras formações no corpo docente), o

planejamento das atividades é feito de maneira que as disciplinas tenham

comunicação entre si.

As famílias são convidadas a participar da rotina escolar em momentos

específicos, como expectadores nas festividades presentes no calendário

escolar (Dia da Mães, Dia dos Pais... Em 2016 além das datas comemorativas,

foi realizado também o Dia da Família) e nas reuniões escolares.

Nos conselhos de classe são feitos os planejamentos de atividades,

estudos de textos (normalmente propostos pela direção), discussão e

resoluções de problemas, principalmente aos que se referem a indisciplina de

alunos, sempre acompanhados da presença da direção ou coordenação. As

decisões, dos momentos de festividades escolares, acontecem nesses

momentos e de maneira coletiva, respeitando sempre a vontade da maioria do

grupo.

No momento da entrevista, quando questionados se uma família

homoparental causa estranheza, foram unânimes em dizer que, não, tanto a

família quanto a criança devem ser acolhidas na escola de um modo que

sintam segurança dentro do ambiente escolar, independentemente da

orientação sexual dos pais. Além do mais, o trabalho em sala de aula

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comtempla todas as configurações familiares, de forma a valorizar e

problematizar o cotidiano e as vivências dos alunos.

Quando questionados sobre a percepção da direção quanto à aceitação

das famílias homoparentais pelas famílias tradicionais, os entrevistados

responderam que a convivência é muito harmoniosa e que até o presente

momento não houve ocorrência de conflito ou a não aceitação das famílias

tradicionais, mas afirmam que o preconceito é grave, mas que não ocorre na

instituição, portanto não havendo necessidade de colocar em prática algum

trabalho pedagógico ou diferenciado voltado para essas famílias. Não tive

acesso aos trabalhos e desenhos das crianças para confirmar a fala dos

entrevistados, mas eles afirmaram que trabalham com o tema família, adotando

atividades que trabalharam não só apenas com as figuras de pai e mãe, mas

também adoção de outros modelos familiares.

4.2. Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação da

Instituição Pública

A segunda escola a ser entrevistada foi a instituição pública, que fica na

baixada fluminense do Rio de Janeiro, com 50 anos de existência, atendendo

em sua maioria, adolescentes e adultos de classe média baixa, a escola atende

o público de ensino fundamental e médio, abrangendo idades de 6 à 20 anos,

funcionando nos três turnos.

Tive dificuldade em conseguir efetuar a pesquisa na rede pública, pois

não conseguia encontrar alguém responsável pela direção ou coordenação da

escola, acabei conversando nos corredores com uns professores do corpo

docente que me ajudaram neste complicado processo, eles levaram até a

direção minha proposta de entrevista, e numa determinada data marcaram uma

reunião, fui bem recebido, mas a direção solicitou que a entrevista fosse breve,

pois tinha outros compromissos após nosso encontro.

A entrevista também foi respondida de forma coletiva por escolha dos

entrevistados, fui bem recebido, cheguei ao local e fui recepcionado pelos

professores que estavam intermediando meu encontro com os demais

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integrantes do corpo docente, logo me levaram à diretoria, onde aconteceu a

entrevista.

Procurei em ambas as escolas observar bem o comportamento de cada

participante da entrevista afim de tentar identificar algum comportamento ou

expressão (seja facial, ou corporal), sugerindo alguma estranheza por parte

deles, ao citar o tema que abordaria, não houveram estranhamentos, ou

comportamentos que apontasse esse “desconforto” sobre, foi tudo muito

natural. No momento foi relatado que nunca houveram casos de

homoparentalidade nesta instituição.

A maior parte dos professores também possuem ensino superior completo

e são licenciados em pedagogia (também existem outras formações no corpo

docente).

Segundo os entrevistados, assim como na escola particular, nos

conselhos de classe com a presença da direção, são feitos os planejamentos

das atividades, discussão e resoluções de problemas, principalmente aos que

se referem a indisciplina de alunos. As decisões, dos momentos de festividades

escolares, acontecem nesses momentos e de maneira coletiva, respeitando

sempre a vontade da maioria do grupo (essas festividades são mais voltadas

para o ensino fundamental).

As famílias são convidadas a participar da rotina escolar como

expectadores nas festividades presentes no calendário escolar (Dia da Mães,

Dia dos Pais e etc) e nas reuniões escolares, ou se necessário uma reunião em

particular com o responsável.

Não tive acesso, mas perguntei sobre o Plano Político Pedagógico e do

Plano Curricular da escola no intuito de verificar qual o conceito de família a

instituição escolar possui e como a homoparentalidade é trabalhada em sala de

aula. Verifiquei pelo o que foi dito pelos entrevistadores, que no Plano Político

Pedagógico não há uma definição clara do conceito de família que a escola

trabalha e no Plano Curricular o conceito de família é relacionado diretamente

com o modelo tradicional (heterossexual). Os conteúdos relacionados à família

estão sempre associados às figuras do pai e da mãe, não adicionando desta

maneira, outras configurações de família, como a homoparental. Questionada

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sobre isso a diretora informou que a escola organiza o currículo desta forma

como forma de abarcar a maioria dos casos, já nunca houve caso de

homoparentalidade na instituição.

No momento da entrevista, quando questionados se uma família

homoparental causa estranheza, também foram unânimes em dizer que, não, e

que tanto os filhos quanto as famílias homoparentais são bem vindos na

escola, e caso houvesse algum caso de homoparentalidade, serão muito bem

vindos e acolhidos, independentemente da orientação sexual dos pais. O

trabalho em sala de aula não comtempla todas as configurações familiares, de

forma a valorizar e problematizar o cotidiano e as vivências dos alunos, porém

os entrevistados afirmam que sempre que possível insere temas inerentes ao

grupo GLBT aos cursos de atividades inclusivas e que inclusive neste ano os

professores da disciplina Ciências Sociais farão um projeto para discutir

questões relacionadas a este grupo. .

Pude perceber que ao trabalharem com o tema família, os docentes

seguem o modelo proposto no Plano Curricular da escola, utilizando atividades

que trabalharam somente com figuras de pai e mãe, sem adotar outros

modelos familiares. Questionados sobre isso, afirmam que se houvesse caso

de homoparentalidade, o trabalho com as diferentes configurações familiares

diversas deveria ser feito apenas nas classes em que houvesse necessidade,

de maneira que não cause atritos com as outras famílias, pois muitas pessoas

ainda têm preconceitos contra homossexuais.

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CAPÍTULO V

DISCUSSÃO E ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Pelo que pude ver, não há uma definição do conceito de família no Plano

Político Pedagógico (PPP) das escolas que fizeram parte desse presente

estudo, surge uma área para a interpretação livre, onde os professores

trabalhem com modelos familiares exclusivos, tornando-se ainda maior a

discriminação da família homoparental como afirma Lima (2011, p.23). A partir

da análise do Plano Curricular da escola, este fato é comprovado. No currículo

escolar a situação piora, na instituição pública visitada já que, ao incluir o tema

família na pauta de conteúdos escolares, a escola associou o conceito de

família apenas com relacionamentos heterossexuais (homem e mulher),

tornando o trabalho escolar perceptível exclusivo, com a adoção de atividades

que trabalham com o modelo de família nuclear, composta por pai, mãe e

filhos, excluindo definitivamente outras configurações de família, incluindo a

homoparental, por exemplo.

Já na instituição particular esses aspectos são mais amenos, uma vez

que o corpo docente trabalha com seus alunos questões que abrangem essas

novas configurações de famílias. Ambas as escolas concordam que é preciso

uma formação continuada e aperfeiçoamentos para os profissionais na área da

educação para saberem lidar com tal fato, como a escola particular já possui

alunos nessa nova configuração de família, a instituição já procurou se adequar

à nova realidade, mas ficou perceptível a falta de preparo em todos os sentidos

na instituição pública, que sequer pensou na possibilidade de receber algum (s)

aluno (as), oriundo desse tipo de família.

Apesar do discurso em favor do combate à discriminação contra a

família homoparental e igualdade de direitos entre pais homossexuais e

heterossexuais, os profissionais da educação possuem um modelo rígido do

que vem a ser uma família, baseando-se na heteronormatividade e

distanciando-se da realidade vivida por seus alunos (em ambas as escolas,

mas isso é mais perceptível na escola pública). Em conversa particular com

esses professores da escola pública que me ajudaram a chegar até a direção,

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eles relataram que muitas das pessoas que circulam e trabalham na escola,

mesmo que de forma sutil, alimentam preconceito com homossexuais e sua

capacidade de criar crianças e/ou adolescentes.

Sendo assim confirmo as idéias de Lima (2011, p. 23-26), pois, ao

entrevistar os profissionais da educação que atuam nas escolas que

participaram desse presente estudo, apurei que as famílias homoparentais

continuam invisíveis no cotidiano escolar para muitas instituições, sem

igualdade de direito. O fato de não haver crianças e/ ou adolescentes oriundos

de famílias homoparentais, não significa que elas não existem, ou até mesmo

que aquela instituição de ensino não terá casos como esses, por isso é de

extrema importância haver um plano pedagógico para esses casos, o que não

há na escola pública visitada.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo discutir a relação da família

homoparental com filhos e a escola. Pretendia-se saber se as escolas e os

profissionais da educação estavam preparados para lidar com as famílias

homoparentais.

As entrevistas realizadas ampliaram minha visão sobre a problemática

em questão, é muito mais sério do que se imagina o despreparo das

instituições quando o assunto é família homoparental. Ainda que na instituição

particular visitada exista um plano em atividade que inclui esses tipos de

família, ainda há o que melhorar, levando em consideração os Planos

Pedagógicos e o Plano curricular da escola.

Vê-se necessário a implementação de planos pedagógicos para os filhos

destas famílias, ainda que não haja casos existentes na instituição, a família

homoparental deve ser tratada e vista como outra, tratada com naturalidade e

respeito, e não como “diferente”.

Os profissionais precisam de formação continuada e em seu interior se

despir de preconceitos para tratar destas questões, ainda que o tema seja atual

e muito interessante, não há muitos estudos sobre a temática como deveriam

ter.

Além do mais, as documentações escolares também foram elaboradas

partindo de estimativas familiares excludentes, analisando apenas famílias

constituídas por pai, mãe e filhos, fomentando a discriminação da família

homoparental.

Concluo então este trabalho, que se faz necessário construir

profissionais de educação mais qualificados e ter o olhar mais interessado e

atento para a construção de um ambiente escolar mais acolhedor, igualitário e

que a diversidade seja usada como enriquecimento e crescimento.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Família: Definição e Transformação Histórica 10

CAPÍTULO II

A Adoção e sua Função Social 13

2.1. A Adoção e o Direito Romano 14

2.2. A Adoção por Famílias Homoafetivas 15

CAPÍTULO III

Famílias Homoparentais e a Função Docente 17

CAPÍTULO IV

Pesquisa de Campo 20

4.1- Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação

da Instituição Particular 22

4.2- Entrevistas Realizadas com os Profissionais da Educação

da Instituição Pública 24

CAPÍTULO V

Discussão e Análise das Entrevistas 27

CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 30