documento protegido pela leide direito autoral2016 · socioemocionais para crianças na segunda...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
O ENSINO DE HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA
SEGUNDA INFÂNCIA E A CONTRIBUIÇÃO DA
NEUROCIÊNCIA
Isis de Lima Fernandes de Bem
ORIENTADOR: MARTA
RELVAS
Rio de Janeiro
2016 DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Neurociência Pedagógica.
O ENSINO DE HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA
SEGUNDA INFÂNCIA E A CONTRIBUIÇÃO DA
NEUROCIÊNCIA
Rio de Janeiro
2016
3
RESUMO
O presente trabalho visa valorizar o ensino de habilidades
socioemocionais para crianças na segunda infância, da educação infantil, na
faixa etária entre 3 aos 6 anos, como fator imprescindível para o
desenvolvimento integral destes. Para tanto é preciso entender como a
crianças desta etapa de desenvolve, especificamente na sua construção de
personalidade, no desenvolvimento de suas funções superiores a partir do
amadurecimento cerebral. Assim a neurociência torna-se uma grande aliada ao
associar a aprendizagem cognitiva com a aprendizagem emocional e apontar
caminhos pelos quais todo individuo percorre para se transformarem em
cidadão. Analisar a relação entre a aprendizagem e a emoção fortalece a
contribuição que o ensino de habilidades socioemocionais podem proporcionar
para uma educação infantil de qualidade, e ao costurar pontos em comum de
teorias de aprendizagem conhecidas, como por exemplo, Piaget, Vygostsky,
Wallon e Bandura, é possível compreender que esses teóricos também
enxergavam esta ligação. Ao focar na figura do professor busca-se base na
Teoria da Modificabilidade Cognitiva de Feurestein, que por sua vez, descreve
a importância da postura mediadora e incentivadora do docente. Ao final
pretende-se destacar algumas práticas pedagógicas que apoiam o ensino das
habilidades socioemocionais e assim criar uma ponte entre a teoria e a prática
escolar cotidiana.
Palavras- chaves: habilidades socioemocionais – desenvolvimento
infantil – segunda infância – educação infantil
4
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica de autores
relevantes na área da psicologia educacional e das teorias de aprendizagem de
Piaget, Vygostsky, Wallon, Bandura e Feurestein buscando ligação com os
estudos da neurociência apresentados por Lent e Relvas. No campo das
habilidades socioemocionais foram revisadas as obras de Del Prette e Del
Prette e Kostelnik, bem como a análise do Projeto Spectrum, baseado na
Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6
CAPÍTULO I................................................................................................... 8
DESENVOLVIMENTO INFANTIL À LUZ DA NEUROCIÊNCIA ................... 8
CAPÍTULO II .................................................................................................17
AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS E SUA CONTRIBUIÇÃO NA
APRENDIZAGEM .........................................................................................17
CAPÍTULO III ................................................................................................26
O PAPEL DO PROFESSOR ........................................................................26
3.1. Práticas pedagógicas e o ensino das habilidades socioemocionais .......29
CONCLUSÃO ...............................................................................................36
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................37
ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................39
6
INTRODUÇÃO
Por muito tempo discutiu-se se a Educação Infantil deveria ter como
objetivo alfabetizar ou não, porém com os avanços dos estudos da
neurociência voltada para área educacional percebe-se que a questão é muito
mais importante do que a habilidade da grafia e da decodificação de símbolos.
Sendo uma etapa de grande desenvolvimento social e emocional, a segunda
infância pode ser encarada como um terreno fértil para consolidação das
habilidades socioemocionais.
Este fato é baseado em pesquisas neurocientíficas que buscaram
compreender como o cérebro se desenvolve, aprende, como ele lida com as
sensações corpóreas gerando as emoções e sentimentos. Não se pode mais
negar que esses fatores estão nas salas de aulas, e infelizmente os
professores se quer tem domínio sobre como se dá o processo de maturação
cerebral .
Neste sentido, a neurociência contribuí grandemente para a pedagógica,
ao consolidar as teorias do desenvolvimento humano. Essas pesquisas
tornaram possível comprovar que os conceitos de Piaget são realmente a
forma como o cérebro aprende, acomodando e equilibrando. A linguagem
realmente é ferramenta para o desenvolvimento das funções psicológicas
superior como defendeu Vygostsky. E foi especialmente comprovada a Teoria
de Wallon, que tanto reforçou a importância do campo afetivo na aprendizagem
e no desenvolvimento infantil.
Conceitos modernos como a Inteligência Emocional e Cérebro Social
também não são apenas fundamentados na área da psicologia, uma vez que já
foram identificados circuitos cerebrais específicos responsáveis pelo controle
do comportamento humano tanto em relações interpessoais quanto na relação
intrapessoal.
Desta forma, a defesa do ensino das habilidades socioemocionas na
segunda infância encontra-se alicerçada na neurociência, nas teorias do
7
desenvolvimento humano já consolidadas e em conceitos modernos que
agregam estudos fisiológicos do cérebro com conceitos psicológicos e
pedagógicos. Para compreender que é possível e benéfico o ensino dessas
habilidades na segunda infância é preciso analisar fatores que influenciarão
este campo educacional.
É preciso analisar algumas formas de classificação das habilidades
socioemocionais, para que se torne possível eleger quais são culturalmente
valorizadas em nosso país. Discutir o papel do professor e a algumas práticas
pedagógicas permitirá compreender que é possível inserir o ensino das
habilidades socioemocionais na Educação Infantil e quanto este é importante
para que as crianças possam se desenvolver de forma saudável.
8
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO INFANTIL À LUZ DA NEUROCIÊNCIA
“Tábula rasa” e “adulto em miniatura” já foram expressões usadas para
se referir à condição da criança, porém com os avanços tecnológicos e
científicos, e os crescentes estudos sobre o desenvolvimento humano pode-se
descartar esses termos. Reconhece-se que a criança é um indivíduo singular
que tem características próprias e inerentes à sua condição em
desenvolvimento.
Desde o momento da concepção é possível perceber a força do
desenvolvimento humano e as transformações que originam o embrião e com o
tempo evoluirá para o estágio de feto e se tornará um bebê. No período
germinal ocorre a rápida divisão celular e a formação do blastócito,
consequentemente inicia-se uma diferenciação celular dando origem a três
estruturas primárias. A camada superior, ectoderma, originará órgãos
sensoriais e o sistema nervoso (cérebro e medula espinhal). A camada
mediana, mesoderma, é a base para o desenvolvimento da parte interna da
pele, músculos, esqueletos e os sistemas circulatório e excretor. A camada
inferior, endoderma, originará os sistemas respiratórios e digestivo. (PAPALIA;
FELDMAN, 2013)
Durante todo o período pré-natal há uma crescente diferenciação das
partes do corpo, aumento do tamanho do feto, o desenvolvimento neural e
muscular. Por volta do final do segundo mês, os impulsos cerebrais já
começam a coordenar o sistema digestivo primitivo e a responder a
estimulação tátil na pele. No final do terceiro mês o feto já possui capacidade
de interagir com respostas neurais como, movimentar as pernas, abrir e fechar
a boca, mexer os olhos e apresenta reflexos como sugar os dedos das mãos.
Aos cinco meses o feto já apresenta algumas “preferências”, a posição mais
confortável no útero e padrão de vigília e de sono. Nos meses finais da
9
gravidez o feto ganha peso e aumenta de tamanho, seus órgãos já estão
desenvolvidos e funcionam com mais eficiência. (PAPALIA; FELDMAN, 2013)
Os primeiros anos de vida do bebê é uma fase de extrema mudança e o
início da interação da criança com o mundo que a cerca. Fisicamente a criança
passa por grandes transformações e o desenvolvimento motor concede ao
indivíduo cada vez mais independência. O movimento e a liberdade são os
propulsores para que as crianças ganhem grandes habilidades de locomoção.
Cognitivamente a marca desta faze é aquisição da linguagem e a capacidade
de interação com o ambiente.
Numa perspectiva piagetiana esta fase dos três primeiros anos de vida é
marcada por características únicas num estágio denominado sensório-motor.
Neste estágio, o desenvolvimento intelectual é baseado na percepção com um
caráter prático e permeado pelas atividades sensoriais e exploração motora.
(RELVAS, 2009).
Para Vygotsky o grande marco desta fase é a aquisição da linguagem,
resultado da relação entre o indivíduo, o ambiente e a inserção cultural. Marta
Kohl (in LA TAILLE,1992) descreve que para Vygotsky esta fase é o início do
processo de aquisição de conceitos que ao longo do desenvolvimento
promoverá o sistema de relações e generalizações que nos permite comunicar-
se com outras pessoas.
Os anos seguintes conhecidos como a segunda infância (3-6 anos) são
marcados pela evolução das habilidades motoras da criança, mas
principalmente por grandes mudanças cognitivas e do desenvolvimento
psicossocial. Assim esta fase é o foco deste estudo, uma vez que a entrada da
criança na escola gera uma grande mudança de perspectiva tanto na forma
como a criança passa a se ver e em como ela encara os outros.
A grande transformação na segunda infância se dá com base no
amadurecimento das funções executivas. Oliveira-Souza, Moll, Ignácio e Tovar-
Moll (in LENT, 2013) definem essas funções como “um elenco de operações
10
cognitivas do qual faze parte a flexibilidade e o planejamento cognitivo, e a
capacidade de auto-regulação dos processos mentais e comportamentais”.(p.
288)
Esse amadurecimento neural envolve principalmente mudanças no
córtex pré-frontal e na mielinização de fibras neurais aumentando a densidade
das sinapses. Mais especificamente, no corpo caloso que conecta os dois
hemisférios cerebrais essa mielinização progressiva permite que a s
informações sejam transmitidas de forma mais rápida e precisa. Como
resultado é possível observar evolução nas funções de coordenação, memória,
concentração, fala, audição, também no planejamento e organização das
ações a partir do pensamento associativo. (PAPALIA; FELDMAN, 2013)
Em suas pesquisas Aleksandr Romanovick Luria (LENT, 2013)
demonstrou como os lobos frontais são imprescindíveis para a regulação do
comportamento e por meio de observações constatou que a crianças a partir
dos 4 anos de idade apresentam
maturação do córtex pré-frontal que possibilita efetuar ações complexas e regular verbalmente o seu comportamento (...) Luria concluiu que os lobos frontais são responsáveis pelas formais mais elaboradas de comportamento, as que resultam da imposição de metas pré-estabelecidas pelo próprio indivíduo ( OLIVEIRA-SOUZA; MOLL; IGNÁCI, TOVAR-MOOL in LENT, 2013, p. 293)
Essa característica também é levada em conta na abordagem
piagetiana, a qual caracteriza a segunda infância como sendo um estágio pré-
operatório. Neste estágio percebe-se a tradução da maturação das redes
neurais executivas frontais nas características descritas por Piaget como
marcantes, por exemplo a linguagem simbólica, capacidade de classificação
(ainda que de forma rudimentar), empatia, a teoria da mente, e aprimoramento
das habilidades motoras. Todos esses aspectos estão diretamente ligados ao
desenvolvimento das áreas cerebrais.
No que tange ao desenvolvimento físico, o aprimoramento das
habilidades motoras grossas e finas são claramente observadas. Isso se dá
com base na evolução da capacidade de “contração muscular de forma tal que
11
sua atividade orquestrada origine um movimento premeditado. Para a
realização de um ato motor, o sujeito deve produzir ou ter ‘arquivada’ uma
estimativa interna de parâmetros necessários para a sua execução” (VARGAS;
RODRIGUES; FONTANA in LENT, 2013, p. 204). O que a criança já possui
“arquivado” nesta fase foi construído no estágio anterior, sensório-motor, no
qual foi possível explorar o seu repertório corporal. Para que estas habilidades
motoras sejam aprimoradas é preciso uma rede neural capaz de “planejar,
executar e corrigir movimentos e envolve o córtex pré-frontal, córtex motor-
primário, córtex pré-motor, área motora suplementar, córtex parietal, córtex
cingulado, cerebelo, núcleos da base e núcleos talâmicos, tronco encefálico e
medula espinhal” (VARGAS; RODRIGUES; SANTANA in LENT, 2013, p. 204).
A importância da entrada da criança nesta faixa etária na pré-escola se
dá uma vez que esses circuitos motores se integrarão de forma a codificar,
reconhecer e aprender ações e movimentos por meio de experimentação e
observação, já que nesta etapa a criança já é capaz de simular movimentos
mentalmente. (VARGAS; RODRIGUES; SANTANA in LENT, 2013).
A capacidade de representação mental que Piaget nomeou de função
simbólica se torna latente nesta fase e é expressa por meio das brincadeiras.
Os símbolos e as representações das situações do cotidiano infantil são as
formas de expressão mais comuns nas brincadeiras. Por meio destas,
principalmente a de “faz-de-contas”, a criança demonstra a capacidade de reter
e evocar memória ao passo que imita as atitudes dos adultos que a cercam,
construindo assim seu repertório de comportamentos sociais.
A modulação desses comportamentos sociais também dependem das
redes executivas neurais e alguns circuitos neurais que desempenham funções
específicas. Pode-se citar o circuito motor ligado a agilidade comportamental,
podendo ser traduzido pela criança com movimentos de “colocar o bebê para
dormir” ao brincar de casinha. O circuito dorsolateral ligado a flexibilidade
cognitiva, sendo ativado ao lidar com uma situação inesperada na brincadeira,
como por exemplo, um colega que se nega a obedecer. Neste sentido o circuito
12
cingulado também pode contribuir com a iniciativa e a espontaneidade do
comportamento trabalhando junto com o circuito orbital lateral que tem a função
de adequação do comportamento ao ambiente.
A segunda infância também é marcada pelo início da construção da
teoria da mente, definido por Papalia e Feldman como “consciência e
entendimento de processos mentais, consciência dos estados mentais (...) Ter
uma teria da mente nos permite entender e prever o comportamento dos outros
e torna o mundo social compreensível” (2013. p.264). Sendo assim é possível
constatar que na fase dos 3 aos 6 anos de idade a criança inicia a construção
de uma cognição social, porém de forma simples e limitada, uma vez que ela
ainda não se mostra capaz de lidar com sentimentos conflitantes gerados por
seu alto padrão egocêntrico e início da necessidade de demonstrar empatia em
busca da inserção social.
A cognição social infantil ganha reforço no desenvolvimento de
competências sociais por meio da evolução da linguagem. A linguagem
contribui para a compreensão de pensamentos e emoções interpessoais e
intrapessoal. Além desses fatores a melhora na capacidade da atenção,
rapidez e eficiência no processo de informações origina o processo mais
equilibrado de formação e retenção de memória.
Por sua vez, essa capacidade de retenção de memória, “permite o
desenvolvimento das funções executivas, o controle consciente do
pensamento, emoções e ações para atingir metas ou solucionar problemas. A
função executiva permite que as crianças planejam e executem atividade
dirigida a um objetivo” (PAPALIA; FELDMAN; 2012, p. 268). Vygotsky relaciona
esta capacidade de aquisição de linguagem com os processos psicológicos
superiores. Sendo assim, é possível observar a criança sendo moldada pelos
valores culturais, demonstrando sua capacidade de cognição social.
(...) é a cultura que fornece ao indivíduo sistemas simbólicos de representação da realidade e, por meio deles, o universo de significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação, dos dados do mundo real. Ao longo do seu desenvolvimento o indivíduo internaliza as formas culturalmente
13
dadas de comportamento, num processo em que as atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas. As funções psicológicas superiores, baseadas na operação com sistemas simbólicos, são pois, construídas de fora para dentro do indivíduo. O processo de internalização é, assim fundamental no desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. As habilidades advindas da cognição social são uma grande vantagem para criança em seus relacionamentos interpessoais, uma vez que esta se encontra num universo mais amplo que abrange não só a família, mas também a escola. Deste modo ao se comparar com o outro a criança passa a criar seu autoconceito, sua identidade, cresce a influência da autoconsciência no comportamento infantil. Características como autoestima, autorregulação emocional e caráter vão sendo construídos pelas crianças à medida que estas experimentam situações diversas. (OLIVEIRA in LA TAILLE, 1992, p. 27)
Nesse sentido a criança irá apoiar-se naquilo que ela já aprendeu
(memória) para lidar com as situações desafiadoras para ela. Assim mesmo
que de forma limitada a criança se torna capaz de ter um comportamento pró-
social, pois a inibição de impulsos depende grandemente da maturação do
córtex pré-frontal. As respostas emocionais são geradas no que James Papez
sugeriu como um grande circuito interligado que incluí estruturas como o
hipocampo, os corpos mamilares, os núcleos talâmicos anteriores e o giro do
cíngulo formando um sistema neural responsável pela expressão e experiência
emocional. Mais tarde. Paul Maclean introduziu o conceito de sistema límbico
ao estudar que outras estruturas como a amígdala e o septo também atuava na
decodificação das emoções (OLIVEIRA-SOUZA; MOLL; IGNÁCIO; MOLL in
LENT, 2013, p288).
Todo esse sistema depende da maturação das redes neurais executivas
para que forneçam subsídios para relações sociais e afetivas sadias. Nas
crianças, como já afirmado, estes impulsos muitas vezes não são inibidos de
forma autônoma, o que demonstra a necessidade do adulto para a promoção
da gestão pessoal. Essa gestão envolve criar bases e instrumentos para que a
criança seja capaz de julgar situações e atuar de acordo com a demanda
cultural e social. As habilidades socioemocionais são esses instrumentos.
A defesa do ensino das habilidades socioemocionais dá-se em grande
parte por dois conceitos da psicologia modernas: a Inteligência Emocional e o
14
Cérebro Emocional. O termo Inteligência Emocional foi usado pela primeira vez
em 1995 por Daniel Golemam, e pesquisas no campo da neurociência
comprovaram que de fato há “centros cerebrais que governam a inteligência
emocional” (GOLEMAN, 2012, p. 13). A Inteligência Emocional envolve a
capacidade humana de autoconsciência, consciência social, autogestão e
gerenciamento de relacionamentos (GOLEMAN, 2012). O circuito da
Inteligência Emocional envolve principalmente quatro áreas cerebrais:
Amígdala direita, córtex somatossensorial direito, giro cingular anterior e o
córtex pré-frontal (principalmente nas áreas orbitofrontal e ventromedial).
Amígdal
a Direita
CCeennttrroo nneeuurroonnaall llooccaalliizzaaddoo nnoo
mmeesseennccééffaalloo.. LLeessõõeess nneessttaa áárreeaa ffoorraamm
eessttuuddaass ppoorr JJoosseepphh LLeeDDoouuxx ee
ccoommpprroovvaarraamm oo sseeuu ppaappeell nnaass rreeaaççõõeess
eemmoocciioonnaaiiss ee mmeemmóórriiaass.. BBaarr--OOnn
ppeerrcceebbeeuu qquuee eessssaass lleessõõeess
rreepprreesseennttaavvaamm ppeerrddaa ddaa aauuttooccoonnsscciiêênncciiaa
Figura 1- Amígdala Direita (Adaptado de: http://www.cerebronosso.bio.br/novidades?currentPage=6)
Córtex
Somotossensorial
Direito
““ OO ddaannoo nneessttaass áárreeaass ttaammbbéémm ccrriiaa uummaa
ddeeffiicciiêênncciiaa nnaa aauuttooccoonnsscciiêênncciiaa,, aassssiimm
ccoommoo nnaa eemmppaattiiaa –– aa ccoonnsscciiêênncciiaa ddaass
eemmooççõõeess nnaass oouuttrraass ppeessssooaass.. AA
ccaappaacciiddaaddee ddee eenntteennddeerr ee sseennttiirr aass nnoossssaass
pprróópprriiaass eemmooççõõeess éé ccrrííttiiccaa ppaarraa oo
eenntteennddiimmeennttoo ddaa eemmppaattiiaa ccoomm aass eemmooççõõeess
ddooss oouuttrrooss [[......]] SSiinnttoonniizzaarrmmoo--nnooss ccoomm ccoommoo
eessttaammooss nnooss sseennttiinnddoo ddeesseemmppeennhhaa uumm
ppaappeell cceennttrraall eemm ccoommoo sseennttiimmooss ee
eenntteennddeemmooss oo qquuee qquuaallqquueerr oouuttrraa ppeessssooaa
eessttáá sseennttiinnddoo”” ((GGOOLLEEMMAANN,, 22001122,, pp.. 1155))
15
Figura 2- Córtex Somotassensorial Direito (Adaptado de: http://cienciapatodos.webnode.pt/news/cerebro-de-einstein-a-origem-de-um-genio/)
Figura 4- Córtex Pré-Frontal (Adaptado de: http://sites.sinauer.com/animalcommunicatio n2e/chapter08.07.html)
“ Localizada à frente de uma
faixa de fibras cerebrais que
rodeiam o corpo caloso, o
qual une as duas metades
do cérebro. A cingular
anterior é uma área que
gerencia o controle dos
impulsos, a capacidade de
lidar com nossas emoções,
particularmente emoções
aflitivas e sentimentos
fortes. (GOLEMAN, 2012,
Figura 3- Área Cingular Anterior (Adaptado de: https://br.pinterest.com/mariajosepuntel/brain/)
O córtex pré-frontal é o centro executivo do cérebro; aqui
residem as capacidades de resolver problemas pessoais e
interpessoais, de controlar nossos impulsos, de expressar nossos
sentimentos com eficácia e de nos relacionarmos bem com os
outros. (GOLEMAN, 2012, p. 17)
16
O conceito de cérebro social origina-se do termo “Mindsight” criado por
Daniel Siegel para definir a capacidade que temos de compreender a nós
mesmos e a outros. Estudos neurocientíficos também foram capazes de
comprovar que “o circuito cerebral que usamos para o autodomínio e para
conhecer a nós próprios é em grande parte idêntico do que usamos para
conhecer outra pessoa” (GOLEMAN, 2012, p. 75). Em outras palavras, a
capacidade de relacionar-se é baseada no fato de possuirmos empatia.
Fisiologicamente duas estruturas podem ser destacadas como
componentes importantes para que o cérebro seja capaz de se harmonizar
com outro cérebro. Os neurônios-espelhos que possibilitam a conexão entre os
cérebros, “eles ativam em nós exatamente o que vemos na outra pessoa: suas
emoções, seus movimentos e até suas
intenções” (GOLEMAN, 2012, p. 77). Os
neurônios-espelhos recebem contribuição da
ínsula, que tem como função mapear as
sensações corporais, “esse canal
subterrâneo significa que há um subtexto
emocional em qualquer uma das interações
que e exatamente importante ao que quer
que esteja acontecendo” (IDEM,p.77).
Figura 5 - Lobo da Ínsula (Fonte: http://www.easynotecards.com/print_cards/29867
?view=front&layout=fb&cpp=5&pl=on&pi=on)
Defato as habilidades socioemocionais são comprovadamente
instrumentos para o gerenciamento de circuitos cerebrais específicos, que por
sua vez, modelam o comportamento humano de acordo com as demandas
intrapessoais e interpessoais.
17
CAPÍTULO II
AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS E SUA
CONTRIBUIÇÃO NA APRENDIZAGEM
A teoria do desenvolvimento de Henry Wallon contribuí para
compreender e valorizar o ensino de habilidades socioemocionais na segunda
infância. Wallon, em sua teoria, reflete a importância de uma educação global
ao relacionar o desenvolvimento infantil à três dimensões: inteligência,
motricidade e afetividade. Sua teoria defende que essas três dimensões se
organizam e se intercalam em estágios, sempre sendo moldados tanto por
fatores sociais quanto biológicos. O princípio condutor da teoria é de que as
dimensões (motora, afetiva e cognitiva) possuem funções específicas, porém
são completamente interligadas produzindo assim a inteireza do indivíduo.
“Qualquer atividade motora tem ressonâncias afetivas e cognitivas; toda disposição afetiva tem ressonâncias motoras e cognitivas; toda operação mental tem ressonâncias afetivas e motoras. E todas elas têm um impacto no quarto conjunto: a pessoa, que ao mesmo tempo em que garante essa integração é resultado dela”. (MAHONEY; ALMEIDA, 2012, pg. 15)
Assim como Piaget, Wallon descreve o desenvolvimento humano em
estágios: impulsivo emocional, sensório-motor e projetivo, personalismo,
estágio categorial, e por último o estágio da puberdade e adolescência.
(MAHONEY; ALMEIDA, 2012) O estágio do personalismo torna-se o interesse
desse estudo, uma vez que este corresponde a segunda infância ( 3 a 6 anos).
O estágio do personalismo, como o nome já sugere, é voltado para construção
da personalidade e caráter infantil. Assim o ensino de habilidades
socioemocionais nesta fase cria a oportunidade de enriquecer a experiência
infantil para que esta possa fortalecer a construção de seu padrão de
comportamento.
Para Wallon este estágio é marcado pela integração da consciência
corporal, adquirida no estágio anterior (sensório-motor projetivo), à capacidade
mental do simbolismo, fundamental na formação pessoal. “A consciência
18
corporal é condição fundamental para a tomada da consciência de si, para o
processo de diferenciação EU-OUTRO e pode ser compreendida como
prelúdio da construção da pessoa”. (BASTOS; DÉR in MAHONEY;ALMEIDA,
2012, pg 39)
Na fase do personalismo a afetividade é a dimensão predominante, ou
seja, todas as construções cognitivas e motoras são baseadas no que o
indivíduo sente e como ele interpreta essas sensações, transformando-as em
emoções. Este é mais um ponto a favor do ensino de habilidades
socioemocionais na segunda infância. Instrumentalizar a criança para ser
capaz de perceber e identificar seus próprios sentimentos à torna capaz de
lidar de forma mais saudável com os sentimentos dos outros.
No processo de construção de sua personalidade, a criança na fase do
personalismo faz uso da negação do outro, ou seja, “a criança sente prazer em
contradizer e confrontar-se com as pessoas de seu ambiente pela simples
razão de experimentar sua independência, impondo-a”. (BASTOS; DÉR in
MAHONEY;ALMEIDA, 2012, pg 41) Entende-se o porquê de crianças nesta
fase se envolverem em conflitos, e o mais importante então, seria ensiná-las
como lidar de forma saudável com essas situações.
A imitação é outro recurso usado neste estágio para a construção da
identidade infantil. Esta característica no estágio do personalismo é muito forte,
pois a criança baseia suas decisões e comportamento em modelos, sejam os
pais, irmãos mais velhos e professores. A capacidade de seleção e
discriminação de seu modelo é uma habilidade cognitiva e simbólica, porém
motivada pela afetividade.
Ao tomar consciência de sua pessoa distinta do outro, confirmá-la, a criança vai buscar compreender sua posição nas relações com outros e, partindo das relações familiares, no qual tem lugar e papel específicos [...] ela busca independência, mas ao mesmo tempo tem necessidade de assegurar-se do afeto e da proteção do outro. (BASTOS; DÉR in MAHONEY;ALMEIDA, 2012, pg 44-45)
19
Portanto privilegiar o ensino das habilidades socioemocionais nesta fase
dá base para que a criança molde sua personalidade segundo princípios éticos
e democráticos. Oportunizar experiências onde essas habilidades podem ser
aprendidas e exercitadas irá enriquecer o desenvolvimento infantil e guiar a
formação de um cidadão consciente.
Como já citado anteriormente, as funções cognitivas exercem grande
influência nas mudanças que acontecem na segunda infância. E estas funções
executivas são a chave para controlar as emoções e adequá-las ao ambiente
social. De fato, as emoções não podem ser dissociadas do comportamento,
seja este pró ou antissocial. Assim a capacidade de regular as emoções e, por
consequência o comportamento, se dá a partir de determinadas habilidades
que visam a compreensão do que se está sentindo e moldar o comportamento
(resposta) de acordo com a demanda.
Para os autores Zilda e Almir Del Prette (2013) a competência social “
diz respeito aos efeitos de um desempenho social que articula pensamentos,
sentimentos e ações em função dos objetivos pessoais e de demandas da
situação e da cultura, gerando consequências positivas para o indivíduo e para
sua relação com as pessoas” (pg,9). Para Kolstelnik (et al. 2013) “ a
competência social compreende todo o conhecimento social, emocional e
cognitivo, além de habilidades de que as crianças precisam para atingir seus
objetivos e ter interações efetivas com outros” (pg.2).
Assim percebe-se que o objetivo principal do ensino das competências
socioemocionais é oferecer ao indivíduo instrumentos para que este seja bem-
sucedido em suas relações intrapessoais e interpessoais. Saarni (in Vale,
2009) define as competências emocionais como a “demonstração da eficácia
pessoal nos relacionamentos sociais que evocam as emoções” (pg.130). É
possível perceber a ligação entre as habilidades sociais e emocionais, uma vez
que não há relação social sem emoção e não há emoção sem a influência
social ou cultural. Por esta razão defende-se que essas habilidades apareçam
nesta nomenclatura socioemocionais.
20
Listar essas habilidades socioemocionais é uma tarefa difícil, pois elas
variam de acordo com a cultura. Porém é possível as descrever as principais
características que servem como um padrão, alicerçando assim outras
competências mais elaboradas, uma vez que esta aprendizagem é um
processo contínuo. Com objetivo de proporcionar uma análise comparativa,
serão apresentadas as competências socioemocionais do ponto de vista de
alguns autores selecionados.
Bisqueira (2000), Goleman (1997) e Vallés & Vallés (2000) agrupa
algumas habilidades socioemcionais em cinco categorias com foco na
dimensão emocional.
Tabela 1- Fonte: Vale, 2009,pg 131
HABILIDADES DESDOBRAMENTOS
Autoconsciência emocional
• Adquirir um melhor conhecimento das próprias emoções;
• Reconhecer as diferenças entre sentimentos e ações;
• Compreender as causas dos sentimentos;
Gestão das emoções
• Desenvolver habilidades para controlar as próprias emoções;
• Prevenir os efeitos prejudiciais das emoções negativas
• Desenvolver a capacidade de resistência a frustações;
• Desenvolver habilidades para gerar emoções positivas
Controlar produtivamente as emoções
• Desenvolver habilidades de automotivação;
• Maior capacidade de concentração nas tarefas;
• Maiores responsabilidades;
• Desenvolver a capacidade de saber esperar por recompensas a longo prazo em detrimento de recompensas imediatas;
Empatia • Desenvolver a capacidade de aceitar a perspectiva do outro;
• Desenvolver sentimentos de empatia e sensibilidade com outros;
• Desenvolver a capacidade de escuta;
Gerir relacionamentos
• Desenvolver competências para resolver conflitos e negociar acordos;
• Desenvolver a capacidade de cooperação, da partilha e da ajuda;
21
Koltelnik (et al, 2012) lista as principais habilidades socioemocionais e as
classifica-as em sete grupos, sendo estes com foco nas competências sociais e
na inteligência emocional.
HABILIDADES DESDOBRAMENTOS
Autoidentidade
positiva
• Autoconsciência;
• Senso de competência;
• Poder pessoal;
• Senso de autovalor;
• Senso de propósito;
• Visão positiva do futuro pessoal;
Habilidades
interpessoais
• Estabelecer reações amigáveis;
• Comunicar ideias e necessidades;
• Cooperar e ajudar;
• “Ler” situações sociais com precisão;
• Ajustar o comportamento para se adaptar à variação das situações sociais;
• Resolver conflitos pacificamente;
• Afirmar as próprias ideias, aceitar as dos outros;
• Reconhecer os direitos dos outros;
Autocontrole • Controlar impulsos;
• Retardar gratificações;
• Resistir a tentações;
• Resistir à pressão dos colegas;
• Apresentar comportamento pró-social;
• Monitorar a si mesmo;
Planejamento e
tomada de
decisões
• Fazer escolhas;
• Resolver problemas;
• Desenvolver planos;
• Planejar antecipadamente;
• Empreender ações positivas para atingir objetivos sociais
Competência
cultural
• Demonstrar conhecimento, serenidade e respeito pelas pessoas de diferentes cultura, etnia, e raça;
• Interagir eficazmente com pessoas de diferentes cultura, etnia, e raça;
22
• Reconhecer e questionar tratamentos injustos;
• Agir para obter justiça social;
Inteligência
Emocional
• Reconhecer emoções em si mesmas e nos outros;
• Demonstrar empatia;
• Dar e receber apoio emocional;
• Nomear as emoções e comunicar sentimentos de modo construtivo;
• Lidar com frustação, decepção, e angústia de modo saudável;
Valores sociais • Dedicação;
• Esperança;
• Igualdade;
• Justiça social;
• Honestidade;
• Responsabilidade;
• Estilo de vida e atitudes sexuais saudáveis;
• Flexibilidade;
Tabela 2- Adaptado de: Kostelnik (2012, p. 4)
Zilda e Almir Del Prette (2013) após um estudo realizado no Brasil com
foco em identificar os problemas interpessoais mais frequentes entre as
crianças, criaram um sistema com sete classes de habilidades sociais
prioritárias.
HABILIDADES DESDOBRAMENTOS
Autocontrole e
expressividade
emocional
• Reconhecer e nomear as emoções próprias e dos
outros;
• Controlar a ansiedade;
• Falar sobre emoções e sentimentos;
• Acalmar-se;
• Lidar com os próprios sentimentos;
• Controlar o humor;
23
• Tolerar frustações;
• Mostrar espírito esportivo;
• Expressar as emoções positivas e negativas;
Civilidade • Cumprimentar as pessoas e despedir-se;
• Aguardar a vez para falar;
• Fazer e aceitar elogios;
• Seguir regras e instruções;
• Fazer perguntas e responder perguntas;
• Chamar outros pelo nome;
Empatia • Observar e prestar atenção;
• Ouvir e demonstrar interesse pelo outro;
• Reconhecer/ inferir sentimentos do interlocutor;
• Compreender a situação e assumir a perspectiva;
• Expressar compreensão pelo sentimento ou
experiência do outro;
• Oferecer ajuda, compartilhar;
Assertividade • Expressar sentimentos negativos (raiva e desagrado);
• Falar sobre as próprias qualidades e defeitos;
• Concordar ou discordar de opiniões;
• Fazer e recusar pedidos;
• Lidar com críticas e gozações;
24
• Negociar interesses conflitantes;
• Defender os próprios interesses;
• Resistir à pressão de colegas;
Fazer amizades • Fazer perguntas pessoais e responder perguntas;
• Oferecer informações (autorrevelações);
• Sugerir atividades;
• Iniciar e manter conversas (enturmar-se);
Solução de
problemas
interpessoais
• Acalmar-se diante de uma situação problema;
• Pensar antes de tomar decisões;
• Reconhecer e nomear diferentes tipos de problemas;
• Identificar e avaliar possíveis alternativas de solução;
• Escolher, implementar e avaliar uma alternativa;
• Avaliar o processo de tomada de decisão;
Habilidades
sociais
acadêmicas
• Seguir regras ou instruções orais;
• Observar, prestar atenção, ignorar interrupções;
• Imitar comportamentos socialmente competentes;
• Buscar aprovação por desempenho realizado e
reconhecer a qualidade do desempenho do outro;
• Atender pedidos, cooperar e participar de discussões;
Tabela 3- Fonte: Del Prette, 2013, pg. 46-47
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
com base em estudos internacionais, considera cinco domínios básicos da
personalidade que podem ser estimuladas na formação escolar.
25
Tabela 4- Adaptado de: Instituto Ayrton Senna
Pode-se concluir que todas essas competências elencadas refletem a
necessidade de trabalhar o equilíbrio e autorregulação emocional, o que como
consequência é expressa por meio de comportamentos sócias. Assim o ensino
das habilidades socioemocionais são uteis não somente para o bom
desempenho escolar, mas também para um desenvolvimento saudável.
Kostelnik (2013) analisa o resultado de muitas pesquisas envolvem o ensino
destas competências e conclui “as pesquisas relatam que as crianças
competentes socialmente são mais felizes [...] são mais bem-sucedidas em
suas interações pessoais, mais populares e mais satisfeitas” (pg. 4) Há
também benefício a longo prazo.
a diminuição de pensamentos autodestrutivos e violentos, o que ajuda a construir uma boa autoestima na criança. Assim, a educação socioemocional toma forma de prevenção primária para uma conduta antissocial, tentando minimizar a vulnerabilidade e as disfunções (VALLE, 2009, pg. 131)
HABILIDADES DESDOBRAMENTOS
Abertura a
experiências
novas
• Abrange características como interesse por novas
vivências, curiosidade, imaginação e prazer em
aprender
Consciência ou
conscienciosidade
• Envolve perseverança, percepção da autonomia ante
os acontecimentos e controle da impulsividade.
Sentimento de responsabilidade pela aprendizagem.
Extroversão • Interesse pelo mundo exterior e pela interação com
pessoas. Engloba características como sociabilidade,
entusiasmo e autoconfiança.
Cooperatividade • Capacidade de atuar em grupo de forma cooperativa e
colaborativa – o que demanda aspectos como
tolerância, empatia e altruísmo.
Estabilidade
emocional
• Características que demonstram constância e
inteligência na expressão das reações emocionais
como autocontrole e calma.
26
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PROFESSOR
Uma das competências mais importantes para o professor da Educação
Infantil é ser observador. Não uma observação passiva com o mero objetivo de
“tomar conta, mas uma observação dirigida, que lance base para mediar
experiências enriquecedoras. Assim, esta observação deve estar alicerçada em
conhecimentos, principalmente sobre as teorias de aprendizagem e o
desenvolvimento infantil. Um professor que possui esta habilidade é capaz de
avaliar as competências de seus alunos dentro do contexto educacional e
fornecer feedback para cada indivíduo. O processo de observação exige, entre
outros princípios, paciência e mente aberta, para que não haja precipitação em
rotular as crianças e criar pré-julgamentos e pré-conceitos. Essa habilidade
exige tempo, prática e acima de tudo planejamento, para definir como e o quê
observar e como agir a partir das informações adquiridas.
É preciso que o professor tenha em mente que sempre será modelo
para seus alunos. Este fato exige do professor uma postura coerente com o
seu discurso, uma vez que as crianças aprendem muito mais com o que veem
do que com o que escutam. É necessário que o professor reflita sobre alguns
critérios, como bem observado por Valle (2009)
Suas práticas educativas, do seu sentido de autoridade, da sua segurança e capacidade de gerir e controlar problemas de comportamento na sua sala, e que reflita, inclusivamente, sobre sua autoestima. (Idem, pg. 134-135)
Como já mencionado, na fase da segunda infância a criança encontra-se
no estágio do personalismo, segundo Wallon, marcado pela imitação. Neste
sentido a Teoria Social Cognitiva contribui para reforçar a importância do
assumir a posição de modelo positivo para seus alunos.
Do ponto de vista da teoria de Bandura, o indivíduo é agente ativo de
sua transformação ou desenvolvimento, porém este é influenciado pelo
ambiente, sendo considerado com “produto e produtor” (AZZI, 2014, p. 29).
27
Nesta troca entre ambiente externo (cultural, social e o outro) e o indivíduo há
um conceito interessante para este estudo: a autorregulação. Definido como
um processo que “envolve padrões de referência pessoais, monitoramento de
atividades e ações para se atingirem os objetivos propostos em direções que
tragam satisfação ao indivíduo” (AZZI, 2014, p. 30)
A autorregulação na fase da segunda infância se dará em grande parte
pela intervenção do adulto, tanto como um padrão a ser seguido quanto por
meio de interação intencional, buscando ajudar a criança atingir o autocontrole.
Bandura (in AZZI, 2014) foca sua teoria na definição de aprendizagem sendo
resultado da observação e da experiência direta, assim o professor precisa ter
consciência que sua atitude servirá de modelo na construção da identidade de
seus alunos.
O professor também precisar ser motivador pois na segunda infância, a
criança inicia a construção de seu autoconceito, “o senso da identidade
também tem um aspecto social: a criança incorpora em sua autoimagem a
crescente compreensão de como os outros a veem” (PAPALIA; FELDMAN,
2013, p. 284). Neste sentido, a construção da autoestima também sofre
influência social, baseando seus conceitos no que recebe de feedback dos
adultos sobre seu comportamento, principalmente do seu professor.
Há de se observar também o conceito de autoeficácia na teoria de
Bandura, como sendo, “a crença do indivíduo em sua capacidade em organizar
e executar cursos de ação requerida para produzir certas realizações” (in AZZI,
2014, p. 41). Na Teoria Social Cognitiva a autoeficácia possui um papel de
destaque, pois ela é considerada por Bandura, como base para a motivação e
a realização individual. Assim, se o professor assume a postura de motivador
irá influenciar positivamente a autoeficácia de seus alunos, e como
consequência, em sua autoestima e autoimagem.
Outro requisito imprescindível para o professor que deseja trabalhar em
prol das habilidades socioemocionais é a mediação. Mediação, numa
perspectiva Interacionista de Vygostsky, “não é ato em que alguma coisa se
28
interpõe, não está entre dois termos que estabelece uma relação. É um
processo, é a própria relação” (MEIER; GARCIA, 2007, p. 57). Assim, a
aprendizagem se dará quando há interação entre o objeto de aprendizagem (as
habilidades socioemocionais) e o sujeito. Neste sentido, as crianças
demonstrarão habilidades interpessoais se forem expostas a situações que
exijam tais habilidades, sendo sempre auxiliada pelo professor.
Pode-se perceber a importância das relações interpessoais para o
desenvolvimento socioemocinal nas palavras de Vygostsky (1989).
Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e depois, no nível individual, primeiro entre pessoas (interpessoal) e, depois, no interior da criança (intrapessoal) [...] todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos. (MEIER; GARCIA, 2007,p.79)
Desse modo o objeto de mediação do professor na Educação Infantil
são as relações interpessoais, compreendendo que todo o indivíduo atua e
sofre as consequências dessa interação. Para o ensino das habilidades
socioemocionais é preciso também, reconhecer que todo indivíduo é capaz de
modificar-se a partir de estímulos e mediação.
Feurestein (1980) em seu trabalho, pressupõe que o desenvolvimento humano precisa passar pela experiência de aprendizagem mediada. E é esse conjunto de experiências, que permite ao sujeito desenvolver-se do ponto de se beneficiar da aprendizagem direta (MEIER;GARCIA, 2007, p. 79-80)
A teoria de Reuven Feurestein é compatível com o ensino de habilidades
socioemocionais no sentindo em que esta tem como sua crença principal que
todo ser humano possui a capacidade de modificar-se cognitivamente frente a
uma mediação intencional. Na Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural,
o professor possui papel chave de mediador da aprendizagem, incentivando
que seus alunos acumulem experiências que o capacitem para alcançar a
autonomia.
Feurestein chama atenção para o papel do mediador, que não deve
apenas preparar o ambiente ou selecionar estímulos.
29
[...] para Feurestein o que torna alguém mediador formal é sua capacidade para conduzir estrategicamente o processo de aprendizagem mediada, sua capacidade de interrogar o mediado, de modo a impulsionar conflitos cognitivos e mobilizar funções cognitivas, viabilizando assim, uma intervenção transformadora que garanta o aumento do nível de modificabilidade e flexibilidade mental do indivíduo no processo de aprender a pensar (MEIER; GARCIA, 2007, p. 122)
A mediação atingirá seu objetivo, dentro da visão de Feurestein, quando
for capaz de antecipar o desenvolvimento, pois não deve ater-se a maturação
demonstrada pela criança (MEIER; GARCIA, 2007). Este conceito gera a
certeza que mediar é desafiar, instigar e encaminhar as crianças em busca da
autonomia, autorregulação e da autoeficácia em busca de estabelecer
habilidades socioemocionais para toda a vida.
3.1. Práticas pedagógicas e o ensino das habilidades socioemocionais
Compreender que a postura do professor deve ser diferenciada não é
suficiente para que o ensino das habilidades socioemocionais na segunda
infância seja efetivamente colocado em prática. É necessário investigar quais
procedimentos pedagógicos apoiam o ensino das habilidades socioemocionais.
Cabe ao professor analisar seus objetivos de ensino, as necessidades
individuais e grupais de seus alunos, a disponibilidade do seu espaço e o
projeto político pedagógico da escola em que leciona, para decidir quais
procedimentos adotar.
Baseado na Teoria das Inteligências Múltiplas, David Feldman e Howard
Gardner elaboraram o Projeto Spectrum que oferece uma proposta de
Educação Infantil com objetivo de identificar e elaborar os potenciais de cada
criança dentro dos domínios: movimento, linguístico, matemático, científico,
social, musical e das artes visuais. O projeto propõe como prática pedagógica
os centros de aprendizagem, que representa uma abordagem interessante
para o ensino das habilidades socioemocionais.
Os centros de aprendizagem possuem uma estrutura flexível e são
organizados em harmonia com os objetivos a serem alcançados e ao domínio
30
que se deseja explorar. Porém, estes não se resumem apenas e, “cantinhos”
em um espaço físico específico. “Eles (centros de aprendizagem) foram
planejados para identificar de maneira sistemática, e depois apoiar as áreas de
competência e os interesses das crianças nos diversos domínios.” (CHEN,
2001, p.64)
Combinando cada domínio da inteligência múltipla com os centros de
aprendizagem, foram definidas “capacidades-chaves”, que traduziam os
objetivos e as habilidades que são o foco das atividades a serem
desenvolvidas.
As capacidades-chave desempenha um papel importante tanto na aprendizagem quanto na avaliação nos centros de aprendizagem [...] os professores podiam usar a lista de capacidades-chave como orientação para observações, dirigindo sua atenção para os pontos fortes e fracos específicos em diferentes domínios. Como resultado, os centros de aprendizagem Spectrum ofereciam não apenas materiais ricos e atividades específicas para os domínios, como também um instrumento para orientar as observações dos professores de sala de aula, à medida que as crianças exploram os materiais ou empenhavam-se nas atividades (CHEN, 2001, p.65)
Os centros de aprendizagem são uma prática pedagógica que
possibilitam o ensino de habilidades socioemocionais. De forma prática, o
professor pode selecionar uma habilidade e desmembrá-la em “capacidades-
chaves” que devem ser fáceis de serem observadas e orientadas. Por exemplo,
se fosse escolhido a habilidade socioemocional da empatia, está poderia ser
categorizada em algumas atitudes, como é possível viabilizar na figura seguir.
Figura 6- Habilidade e Capacidades-chave
EMPATIA
31
Essas capacidades seriam norteadoras para o professor promover um
centro de aprendizagem. Entretanto é preciso observar que o domínio das
habilidades socioemocionais é amplo e permeia todos as atividades vividas
pela criança, desde do momento do banho, sono, alimentação, até o tipo de
relações estabelecidas com seus pares e os adultos.
Outra abordagem pedagógica facilitadora do ensino de habilidades
socioemocionais é a vivência.
Vivência é uma atividade de grupo, estruturada de modo análogo ou simbólico a situações cotidianas, que cria oportunidade para desempenhos específicos permitindo que o facilitador (o professor) avalie os comportamentos observador e utilize as contingências permanentes para fortalecer e/ou ampliar o repertório de habilidades sociais dos participantes. (DEL PRETTE, 2013, p. 101)
A vivência como uma prática pedagógica traduz-se em atividades
grupais que são organizadas para que determinada habilidade, previamente
escolhida pelo professor, possa ser explorada pelas crianças e forma a permitir
que o professor possa ter condições de observar e mediar as habilidades
socioemocionais apresentadas. (DEL PRETTE, 2013)
De uma forma mais dinâmica a vivência mediada pelo professor permite
uma avaliação e um feedback mais preciso sobre o desenvolvimento
socioemocional de seus alunos. Esta prática pedagógica também permite que
as habilidades sejam exploradas de forma gradual, visando que a criança tenha
capacidade de generalização do comportamento.
Em outras palavras, o professor pode decidir estruturar uma vivência
específica que aborde uma habilidade socioemocional, por exemplo, o
autocontrole. Neste caso, seu objetivo principal será promover que o grupo
vivencie uma situação onde o autocontrole precise ser demonstrado. Essa
habilidade poderá ser observada através de comportamentos, como, controlar
seus impulsos, esperar sua vez, resistir a uma determinada tentação e
obedecer uma regra específica.
32
Ao determinar esses componentes, é necessário que o professor
escolha um cenário específico, dinâmicas ou atividade que possam ser
estabelecidas prevendo um nível gradual de dificuldades. É preciso observar
que não podem ser isoladas ou esporádicas, pois as crianças devem perceber
que o comportamento apresentando é útil na sua vida, promovendo assim, a
ampliação do comportamento e sua generalização.
Tantos os centros de aprendizagem quanto as vivencias precisam ser
permeadas pela brincadeira. Nas palavras de Kostelnik (2012) “brincar alimenta
o cérebro: as crianças mantêm a forma física, desempenha funções executivas,
envolvem-se em comunicações complexas e praticam habilidades sociais”
(Idem, p. 180). A brincadeira sobre a ótica de prática pedagógica é mediada
pelo professor, porém é possível explorar seu caráter espontâneo, quando
parte da criança como fonte de avaliação e informações sobre o
desenvolvimento socioemocional infantil.
A brincadeira promove um campo amplo que possibilita explorar
habilidades socioemocionais de forma ampla e natural. Especificamente na
segunda infância, a preferência por brincadeiras comunitárias e grupais,
permite que as habilidades socioemocionais sejam exploradas nas relações
interpessoais.
Como prática pedagógica a brincadeira permite que as crianças
explorem papéis sociais diversos, experimentem relações de poder, obedeçam
às regras implícitas e explícitas, expressem suas opiniões, comunicassem de
forma verbal e não-verbal e construam sua personalidade. Essas inúmeras
possibilidades representam um instrumento riquíssimo para o professor mediar
o desenvolvimento socioemocional de seus alunos.
Para atingir o status de prática pedagógica a brincadeira precisa conter
elementos que promoverão o desenvolvimento socioemocional infantil.
Kostelnik (2012) descreve algumas habilidades exigidas do professor ao
assumir o papel de mediador.
33
Procedimentos Sugestões
Prepare o ambiente para as
brincadeiras das crianças
- Demonstre afetuosidade, aceitação, genuinidade, empatia e respeito pelas tentativas de fazer humor, de brincar de faz de conta e de jogar das crianças.
- Forneça uma variedade de coisas interessantes para brincar de modo a encorajar a exploração e a imaginação
- Forneça os objetos, os materiais e as informações necessários para criar uma variedade de cenários para as brincadeiras sociodramáticas
- Incentive a exploração de materiais
- Garanta a segurança física e psicológica de todas as crianças
- Fique perto das crianças ou sente-se com elas enquanto brincam
Maximize o potencial para as brincadeiras dos
materiais disponíveis
- Misture brinquedos não relacionados
- Introduza os brinquedos e materiais novos gradualmente
- Faça rotação das coisas com que brincam
- Providencie materiais culturalmente relevantes
- Incentive a interação social entre as crianças
- Ajude as crianças a identificar problemas com a brincadeira e a buscar informações ou ajuda dos pares
- Incentive as crianças a comunicar-se tanto por escrito quanto oralmente
Ajude as crianças a adquirir
habilidades por meio da sua
participação direta nas brincadeiras
- Brinque com os materiais
- Use sugestões verbais e não-verbais de fora da moldura da brincadeira
- Assuma um papel para incentivar o faz de conta
- Entre na brincadeira de modo imaginoso quando
34
estiver esmorecendo entre as crianças
-Faça demonstrações de movimentos, se necessário
- Participe plenamente das brincadeiras
Ajude as crianças a mudar o nível de participação social
na brincadeira
- Observe os padrões das crianças quando brincam sozinhas e em grupo
- Concentre-se no processo da brincadeira de modo ampliá-la e elaborá-la
- Observe as indicações de que a criança está insatisfeita com seu nível social de participação
- Incentive a criança a observar outras mais habilidosas quando aprendem uma tarefa
- Adapte o objetivo de participação na brincadeira ao nível ou à habilidade da criança
- Convide a criança menos habilidosa outra com mais habilidades equivalentes a brincar com você e depois se retire da situação
- Brinque você mesmo com a criança
Incremente a qualidade da brincadeira
gradualmente, modificando seu desempenho ou
dando indicações por meio de sinais
ligados à brincadeira ou por
meio de metacomunicações
- Amplie o objeto da brincadeira imitando o que a criança faz, e então, modificando ligeiramente a atividades
- Sugere que a criança use sinais específicos da brincadeira para dar início a uma brincadeira ou mantê-la
- Retire-se da brincadeira e reassuma o papel de observador quando a brincadeira estiver bem encaminhada
Envolva-se diretamente na
alegria de brincar das crianças
- Demonstre uma abordagem criativa dos recursos
- Seja receptivo ao humor das crianças
- Use a reflexões afetivas quando as crianças rirem das deformações, tombos ou deficiências, e forneça uma explicação leve, mas precisa
35
- Indique os sinais de brincadeiras às crianças com necessidades especiais
Oriente as crianças nas brincadeiras
turbulentas
- Decida se a brincadeira turbulenta deve ser permitida e, se sim, quando e sob quais condições
-Diminua violência em todas as brincadeiras, em vez de tentar eliminar as barreiras turbulentas
- Treine as crianças a dizer “não”
- Estabeleça uma “zona de segurança” de modo que, quando as crianças entrarem nessa zona, a brincadeira turbulenta cesse
Demonstre consciência das
diferenças individuais
- Aceite as abordagens das crianças pequenas em relação aos jogos com regras
- Proporcione o tempo, os materiais e o treinamento de que cada criança precisa para melhorar o desempenho
- Aceite as preferências das crianças quanto ao estilo de brincar
- Dê apoio às crianças quando escolhem as brincadeiras e não limite a atividade de brincar com estereótipos de gênero
- Respeite as diferenças culturais e de experiências das crianças
Adapte as experiências de brincar para as crianças com necessidades
especiais
- Simplifique as atividades se necessário
- Proporcione um ambiente psicologicamente seguro no qual brincar
- Incentive o apoio dos pares
Tabela 5 - Adaptado de Kostelnik (2012, p. 2001-207)
Portanto é possível concluir que o ensino das habilidades
socioemocionais apoia-se em práticas pedagógicas sólidas que exigem do
professor conhecimento e capacidade de planejamento.
36
CONCLUSÃO
A Educação Infantil no Brasil ainda busca sua identidade, ora
preocupando-se com o cuidado físico da criança, ora procurando prepará-la
para alfabetização. É preciso reconhecer o quanto os estudos recentes da
neurociência podem desmistificar esse eterno duelo. Comprovadamente a
segunda infância é uma fase de maturação cerebral e de construção de
autoconsciência, assim é preciso investir no crescimento individual de cada
criança de forma global. Oferecer conhecimento do mundo é importante nesta
etapa da vida, mas também oportunizar instrumentos para conhecer a si
mesmo e ser inserido nas relações sociais.
Assim o ensino das habilidades socioemocionais deve estar presente no
currículo da Educação Infantil visando o desenvolvimento integral da criança.
Essas habilidades representam oportunidade de crescimento pessoal, relações
interpessoais saudáveis, êxito na vida acadêmica e satisfação pessoal por toda
a vida. Porém, não deixando de observar que as habilidades socioemocionais
não são receitas prontas, elas são influenciadas tanto pela personalidade de
cada indivíduo, seu meio social e cultural.
Portanto é preciso investir em formação continuada para os professores
de Educação Infantil, para que as práticas pedagógicas não sejam mais
desconexas com o que já se conhece sobre o desenvolvimento humano.
Acompanhar as descobertas da neurociência e nas implicações educacionais
que estas podem levar é buscar renovação pedagógica visando uma educação
de qualidade e apropriada as novas demandas sociais.
37
BIBLIOGRAFIA
AZZI, Roberta Gurgel. Introdução à teoria social cognitiva. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2014.
CHEN, Jie-Qi. Utilizando as competências das crianças. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
DEL PRETTE, Zilda A.P. Psicologia das habilidades sociais na infância:
teoria e prática.6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
GOLEMAN, Daniel. O cérebro e a inteligência emocional: novas
perspectivas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
KOSTELNIK, Marjore J. (org). Guia de aprendizagem e desenvolvimento
social da criança. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em
discussão. São Paulo: Summus, 1992.
LENT, Roberto (org). Neurociência da mente e do comportamento. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. (Org). Henri
Wallon: psicologia da educação. 11 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012.
MEIER, MARCOS; GARCIA, Sandra. Mediação da aprendizagem:
contribuições de Feurestein e de Vygotsky. Curitiba: Edições do autor, 2007.
PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Duskin. Desenvolvimento Humano. 12 ed.
Porto Alegre: AMGH, 2013.
RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: despertando
inteligências e afetividades no processo de aprendizagem. 4 ed. Rio de
Janeiro: Wak, 2009.
38
VALE, Vera do. Do tecer ao remendar: os fios da competência socio-
emocional. Revista Científica da ESEC. N.2, 2009. Disponível em: <http//
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3398255.pdf>. Acesso em: 13
abr.2016.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
RESUMO 03
METODOLOGIA 04
SUMÁRIO 05
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO I: DESENVOLVIMENTO INFANTIL À LUZ DA
NEUROCIÊNCIA 08
CAPÍTULO II: AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS E SUA
CONTRIBUIÇÃO NA APRENDINZAGEM 17
CAPÍTULO III: O PAPEL DO PROFESSOR 26
3.1. Práticas pedagógicas e o ensino das habilidades socioemocionais 29
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 37
ÍNDICE 39
ÍNDICE DE FIGURAS 40
40
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Amígdala Direita ......................................................................14
Figura 2- Córtex Somotassensorial Direito .............................................15
Figura 3- Área Cingular Anterior .............................................................15
Figura 4- Córtex Pré-Frontal ...................................................................15
Figura 5 - Lobo da Ínsula ........................................................................16
Figura 6- Habilidade e Capacidades-chave ............................................30
41