“anÁlise comparativa do sistema financeiro angolano...
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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA
“ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO E BRASILEIRO COM ÊNFASE NA REGULAMENTAÇÃO
BANCÁRIA”
JOYCE MUTURI DOMINGOS
ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR
Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014.
ii
“ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO E
BRASILEIRO COM ÊNFASE NA REGULAMENTAÇÃO BANCÁRIA”
JOYCE MUTURI DOMINGOS
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissional em Economia como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre em Economia.
Área de Concentração: Economia
Internacional
ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR
Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014.
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D671
Domingos, Joyce Muturi.
Análise Comparativa do Sistema Financeiro Angolano e
Brasileiro com Ênfase na Regulamentação Bancária / Joyce
Muturi Domingos. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.
88 f. : il.
Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Economia
do IBMEC.
Orientador(a): Prof.º Antônio Marcos Duarte Junior.
1. Sistema financeiro. 2. Setor bancário. 3. Acordos
internacionais. I. Título.
CDD-337
v
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação aos meus pais que sempre
acreditaram em mim.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à Deus, por nunca permitir que eu desista dos meus sonhos. Aos
meus pais Clarinha Muturi e Zacarias Domingos, pela dedicação em educar-me e cuidar de
mim. Aos meus irmãos e ao meu namorado Dominiciano Paixão.
Agradeço também aos meus colegas Alda, Felipe, Osvaldo e João, bem como, ao meu
orientador António Marcos Duarte Junior pela disponibilidade e ajuda.
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RESUMO
Neste trabalho é feita uma apresentação dos sistemas financeiros angolano e brasileiro,
fazendo uma descrição do período em que se iniciaram as atividades do setor bancário e a
evolução do mesmo até aos dias atuais, apresentando indicadores como o nível de
bancarização da população e o número de instituições financeiras. Prossegue-se então para a
avaliação da regulamentação do sistema financeiro de ambos os países, observando-se as
diferenças e similaridades nas instituições responsáveis por desempenhar tal função e
explicitando o nível de adequação de cada um dos países as regulamentações financeiras
internacionalmente definidas diante das demandas mundiais. Foi possível constatar que o
sistema financeiro de ambos os países encontram-se em níveis diferentes e que o sistema
financeiro brasileiro é mais amplo e estruturado que o angolano. Ambos buscam atuar em
conformidade com os acordos internacionais e têm em curso um processo de atualização, mas
a implementação dos mesmos é mais evoluída no Brasil.
Palavras Chave: Sistema Financeiro, Setor bancário, Acordos internacionais.
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ABSTRACT
In this study a presentation of Angolan and Brazilian financial system is made by making a
description of the period in which they started the activities of the banking sector and the
evolution of even up to today, with indicators such as the level of banking in the population
and the number of financial institutions. Then we proceed to the evaluation of the financial
system regulations of both countries, noting the differences and similarities in the institutions
responsible for carrying out that function and explaining the adequacy of each country to
internationally defined financial regulations in the face of world demands. It was found that
the financial system of the two countries are at different levels and that the Brazilian financial
system is broader and more structured than the Angolan. Both seek to act in accordance with
international agreements and have an ongoing update process, but implementing them is more
evolved in Brazil.
Key Words: Financial system, Banking sector, International agreements.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura de Basiléia III......................................................................................... 43 Figura 2: Ranking de Percepção da Corrupção A ................................................................. 60
Figura 3: Ranking de Percepção da Corrupção B .................................................................. 60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Órgãos de Regulação e Fiscalização de Angola ................................................... 19 Tabela 2 – Órgãos de Regulação e Fiscalização do Brasil ..................................................... 20
Tabela 3 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia II ..................................................... 37 Tabela 4 – Resumo de Basiléia II ......................................................................................... 38
Tabela 5 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia III.................................................... 49 Tabela 6 – Cronograma de Implementação de Basiléia III .................................................... 50
Tabela 7– Resumo de Basiléia III ......................................................................................... 51 Tabela 8 – Regulamentações Consolidadas de UK Bribery .................................................. 61
Tabela 9 – Resumo de UK Bribery ....................................................................................... 62 Tabela 10 – Regulamentações Consolidadas de Dodd-Frank ................................................ 78
Tabela 11 – Resumo de Dodd-Frank .................................................................................... 79
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LISTA DE ABREVIATURAS
APBC Associação Nacional dos Procuradores do Banco Central do Brasil
APR Ativo Ponderado pelo Risco
ARSEG Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros
BCB Banco Central do Brasil
BCBS Basel Committe on Banking Supervision
BCCI Banco de Crédito Comercial e Industrial
BMA Banco Millenium Angola
BNA Banco Nacional de Angola
BNH Banco Nacional da Habitação
BTAç Banco Totta e Açores
BTAg Banco Totta de Angola
BTSA Banco Totta Standard de Angola
CMN Conselho Monetário Nacional
DFA Dodd-Frank Act
FDIC Federal Deposit Insurance Corporation
FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos
Icaap Processo Interno de Avaliação da Adequação de Capital
PR Patrimônio de Referência
PwC Price Waterhouse Coopers
SCFI Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento
SEC Securities and Exchange Commission
SEF Programa de Saneamento Econômico e Financeiro
SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1.1 Motivação .............................................................................................................................................. 4
1.2 Objetivos ................................................................................................................................................ 5 1.2.1 Basiléia II....................................................................................................................................... 5 1.2.2 Basiléia III ..................................................................................................................................... 6 1.2.3 UK Bribery Act .............................................................................................................................. 7 1.2.4 Dodd-Frank .................................................................................................................................... 7
1.3 Relevância .............................................................................................................................................. 8
1.4 Limitações .............................................................................................................................................. 9
1.5 Estrutura da Dissertação ......................................................................................................................11
2 SISTEMAS FINANCEIROS ANGOLANO E BRASILEIRO ............................... 12
2.1 Breve Histórico do Sistema Financeiro Angolano ...............................................................................12
2.2 Breve Histórico do Sistema Financeiro Brasileiro ...............................................................................14
2.3 Órgãos de Regulamentação e Fiscalização ...........................................................................................18
2.4 Análise Comparativa das Instituições de Supervisão ..........................................................................21 2.4.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) ...........................................................................................21 2.4.2 Banco Nacional de Angola (BNA) e Banco Central do Brasil (BCB) ..............................................22 2.4.3 Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (Previc) e Superintendência de Seguros Privados (Susep) ..................................23 2.4.4 Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ...................24
3 BASILÉIA I E II .................................................................................................. 26
3.1 O Acordo de 1988 (Basiléia I) ...............................................................................................................27
3.2 O Acordo de Basiléia II ........................................................................................................................28 3.2.1 Pilar I: Os Requerimentos Mínimos de Capital ...............................................................................29 3.2.2 Pilar II: Processo de Supervisão .....................................................................................................29 3.2.3 Pilar III: Disciplina de Mercado .....................................................................................................30
3.3 Basiléia II em Angola ...........................................................................................................................31
3.4 Basiléia II no Brasil ..............................................................................................................................33
3.5 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia II ...............................................................................36
4 BASILÉIA III ...................................................................................................... 38
4.1 Basiléia III em Angola ..........................................................................................................................43
4.2 Basiléia III no Brasil .............................................................................................................................43
xiii
4.3 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia III ..............................................................................47
5 UK BRIBERY ACT............................................................................................. 51
5.1 Equivalente da UK Bribery em Angola ...............................................................................................53
5.2 Equivalente da UK Bribery no Brasil ..................................................................................................54
5.3 Conclusões sobre a Implementação de UK Bribery .............................................................................57
6 DODD-FRANK ACT ........................................................................................... 62
6.1 Equivalente de Dodd-Frank em Angola ...............................................................................................70
6.2 Equivalente de Dodd-Frank no Brasil .................................................................................................73
6.3 Conclusões sobre a Implementação de Dodd-Frank ............................................................................76
7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82
1
1 INTRODUÇÃO
O sistema financeiro está sujeito a leis e regulamentos para que possa ser garantido o seu bom
funcionamento. As atividades bancárias sofisticadas, resultado da globalização das
economias, tornaram o setor financeiro mais dinâmico e expandiram a sua exposição a
eventos que podem interferir nos resultados esperados pelos atores envolvidos.
“Sistema Financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos
financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos doadores
finais para os tomadores finais e cria condições para que títulos e
valores mobiliários tenham liquidez no mercado financeiro.
Tomadores finais de recursos são aqueles que se encontram em
posição de déficit financeiro e doadores finais são aqueles que se
encontram em posição de superávit financeiro”. (Rudge, 2003).
No entanto, estas leis evoluíram ao longo do tempo adaptando-se às novas tecnologias e em
alguns casos, por fraudes e crises. As crises financeiras e os eventos relevantes serviram, de
estímulo ao desenvolvimento de marcos da regulação, que buscam livrar o sistema dos efeitos
de contaminação dessas ocorrências e promover um ambiente de gestão eficiente. Esforços
realizados ao longo do tempo demonstraram a necessidade de ações de alcance mundial, o que
justifica a existência de regras prudenciais de gestão financeira mundial, de acordo com
Carvalho e Santos (2012).
2
“O sistema financeiro internacional é a estrutura de acordos,
regras, convenções e instituições em que os mercados internacionais e
firmas operam.” (Roberts, 2000).
A primeira grande crise muito estudada e conhecida na história da economia mundial é a
Grande Depressão de 1930, que sucedeu o crash da bolsa de Nova York em 1929. É
considerada a pior crise econômica da história do capitalismo, de acordo com Prado (2009).
Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Sendo que os efeitos e a
intensidade da depressão variaram de país a país. Países, além dos Estados Unidos duramente
atingidos pela Grande Depressão foram a Austrália, Países Baixos, França, Itália, o Reino
Unido e o Canadá. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que sendo uma
economia socialista, estava econômica e politicamente fechada para o mundo capitalista.
Observou-se também que em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários
que ajudaram a ascensão de regimes ditatoriais, como os nazistas comandados por Adolf
Hitler na Alemanha e em outros, acelerou o processo de industrialização, caso da Argentina e
do Brasil, segundo Alves et al (2011).
Em 1930, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas
conhecidas como New Deal ou Novo Acordo, que ajudaram a minimizar os efeitos da
Depressão. O governo desenvolveu agências governamentais que administrassem programas
de ajuda social e algumas das agências mais relevantes de proteção ao investidor são o
Federal Deposit Insurance Corporation (Entidade Federal de Seguros de Depósitos) criado
em 1933 com o intuito de fiscalizar transações e o comércio bancário, bem como, a Securities
and Exchange Commission (Comissão de Valores Mobiliários, brasileira ou a Comissão do
Mercado de Capitais, angolana) criada em 1934, para regular o comércio de bolsa de valores e
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evitava que acionistas comprassem ações que o órgão considerasse "perigosas", de acordo
com Zacharias (2006).
A Segunda Guerra Mundial eliminou os efeitos da Grande Depressão que não haviam sido
combatidos pelo governo. Com a entrada do país na guerra, a produção industrial americana
cresceu de modo significativo e as taxas de desemprego caíram. Considera-se inclusive que a
instabilidade política mundial, gerada pela Grande Depressão foi uma das causas da Segunda
Guerra.
Com a Grande Depressão de 1930, registrou-se na história econômica a primeira grande crise
econômica e também grandes alterações na regulamentação do sistema financeiro norte
americano, com políticas de apoio social e de controle da atuação de grandes empresários, que
afetaram a regulamentação de outras economias. Com o New Deal, o estado passou a vigiar
mais o mercado, estimular o emprego, proteger mais os investidores, disciplinar os
empresários, corrigir os investimentos arriscados e a fiscalizar as especulações nas bolsas de
valores.
“A razão pela qual todas as nações desenvolvidas regulam seus
setores financeiros é precisamente a possibilidade de agentes
extremamente alavancados obterem lucros imensos arriscando o
dinheiro de outras pessoas”. (Morris, 2009).
Entretanto, estas reformas não impediram o sistema financeiro de passar por outras crises
como a de 2008. Condição esta que nos remete ao que foi anteriormente apresentado, a
evolução do sistema financeiro exige atualizações na regulamentação, com este objetivo foi
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realizada reforma na regulamentação bancária e desenvolveu-se o Acordo de Basiléia III, nos
Estados Unidos foi desenvolvida a lei Dodd-Frank e no Reino Unido a UK Bribery Act.
1.1 Motivação
A motivação deste trabalho foi avaliar o nível de desenvolvimento do sistema financeiro
angolano, usando o brasileiro como parâmetro. Angola e o Brasil são países com um passado
comum, colonização portuguesa, em consequência disso, ambos têm o português como língua
oficial, o que facilita as relações entre eles. No entanto, as semelhanças acabam por aí. Angola
tornou-se independente aos 11 de novembro de 1975 enquanto que o Brasil alcançou-a aos 7
de setembro de 1822. No caso de Angola, após a independência começou uma guerra civil
entre os movimentos nacionalistas a favor da independência, que se estendeu de 1975 a 2002.
As perdas humanas e a destruição de infraestruturas, geraram dificuldades que ainda não
foram ultrapassadas.
Segundo Leite et al (2011), outra diferença entre ambos, é o tamanho, Angola tem 1.246.700
km², enquanto que o Brasil tem 8.514.876 km², sendo aproximadamente 7 vezes maior que
Angola. Segundo o Banco Mundial, em 2013, a população de Angola era de 21 milhões
enquanto que no Brasil era de 200 milhões.
Quanto ao setor bancário, segundo informações do Banco Nacional de Angola (BNA) e do
Banco Central do Brasil (BCB), em 2013, em Angola o número de bancos por origem de
capital era 29, enquanto que no Brasil era de 155 instituições. Valor afetado em parte, pela
dimensão diferente dos países e pela infraestrutura mais desenvolvida do Brasil, já que,
Angola passou por uma guerra civil de 27 anos. No entanto, o Banco Mundial (2011),
publicou um estudo sobre medidas que representam o alcance do setor bancário, entre elas o
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percentual da população a partir de 15 anos que possui conta em instituição financeira formal,
em 2011 o valor para Angola foi de 39,2%, para o Brasil 55,86% e para os Estados Unidos
87,95%, o que representa que há muito a ser desenvolvido no setor bancário de Angola.
Também é valido avaliar a implementação das regulamentações internacionalmente definidas,
para que nas duas economias possam ser realizadas melhoras e para Angola é muito positivo,
dado que, o Brasil tem um nível de estabilidade política e financeira maior, e pela
proximidade facilitada pela língua, a implementação dos avanços realizados no Brasil, é mais
rápida.
1.2 Objetivos
O objetivo do trabalho é avaliar comparativamente como Angola e o Brasil regulamentam o
seu sistema financeiro, enfatizando a regulamentação do setor bancário e para que ambas
economias melhorem as regulamentações nas suas respectivas economias. Para tal é feita uma
avaliação de o quanto a regulamentação existente em cada um dos países é consequência das
leis internacionalmente definidas e o quanto se aproximam das atuais exigências do sistema
financeiro mundial. As regulamentações internacionalmente definidas levadas em
consideração neste trabalho são: Basiléia II e III, UK Bribery Act e Dodd Frank Act.
1.2.1 Basiléia II
Segundo Zacharias (2006), o acordo de Basiléia II publicado em 2004 tem como objetivo
complementar Basiléia I. Introduz três pilares que, teoricamente, garantem a sustentação do
setor bancário.
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O primeiro pilar refere-se ao nível de capital mínimo que deve ser definido levando em
consideração os riscos de mercado, de crédito e operacional. O segundo pilar aborda a
importância da supervisão na garantia dos controles internos, como o nível mínimo de capital
e um sistema de avaliação e gestão de riscos. O terceiro pilar aborda a questão da
padronização das informações disponibilizadas pelas instituições financeiras.
1.2.2 Basiléia III
O acordo de Basiléia III foi desenvolvido em consequência da crise de 2008 e entrou em vigor
em 2010. Segundo Modenesi et al (2012), o acordo tem como objetivos ampliar e reforçar as
determinações de Basiléia II, já que, as autoridades do G20 que o desenvolveram consideram
que a crise não foi, essencialmente, um problema de má regulação bancária e sim de ausência
de regulação no mercado de capitais.
De acordo com Modenesi et al (2012), as autoridades do G20 concordaram em dividir o
capital de nível 1 em capital principal (common equity Tier 1) e capital adicional (additional
Tier 1); desenvolver o capital de conservação (capital conservation buffer); o colchão de
capital contracíclico (countercyclical buffer); um índice de alavancagem; e em desenvolver
dois índices de liquidez, um de curto prazo (liquidity coverage ratio - LCR) e outro de longo
prazo (net stable funding ratio - NSFR).
Segundo Leite, Reis (2011), os pilares II e III de Basiléia II referentes, respectivamente, ao
processo de supervisão e à transparência, foram mantidos, sendo que instituições financeiras
com maior relevância sistêmica são alvo de maiores exigências.
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1.2.3 UK Bribery Act
Percebendo-se que o suborno pode perpetuar a corrupção, o subdesenvolvimento e a pobreza
nos países em que propinas são pagas, ações internacionais mais rigorosas de combate à
corrupção passaram a ser mais discutidas em órgãos como a OCDE, Banco Mundial e
Organização Mundial do Comércio.
A UK Bribery Act é uma lei adotada pelo parlamento britânico em abril de 2010, de combate
e prevenção à corrupção, que criou quatro crimes que serão citados a seguir, de acordo com a
PricewaterhouseCoopers (a): a corrupção ativa de sujeitos públicos ou privados; a corrupção
passiva de sujeitos públicos ou privados; a corrupção de agentes públicos estrangeiros; e a
falha das empresas na prevenção da corrupção.
1.2.4 Dodd-Frank
Segundo a Anbima (b), o presidente Barack Obama assinou aos 21 de julho de 2010, a Lei
Dodd Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção a Consumidores, ou somente Lei Dodd
Frank, assim nomeada em honra a seus principais proponentes, o senador Chris Dodd e o
deputado Barney Frank.
De acordo com a Moody`s (2012), a Lei é consequência da crise bancária de 2008 e representa
um desafio para as instituições financeiras, já que, o sistema financeiro norte-americano quase
todo recebeu uma nova norma ou exigência.
A Lei foi desenvolvida para promover a estabilidade financeira dos Estados Unidos, através
da melhora na prestação de contas, controle do risco sistêmico e na transparência do sistema
financeiro, com o fim das empresas '' grandes demais para falir'', com a proteção do
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contribuinte americano acabando com os planos de resgate financeiro e protegendo os
consumidores de práticas abusivas de serviços financeiros, segundo a Securities and
Exchange Commission.
Devido a sua abrangência e quantidade de exigências, a Lei de Reforma Financeira não teve
ainda seu processo de definição regulatória encerrado. A Lei fixou os princípios que devem
ser seguidos e os prazos em que as definições devem ser divulgadas, até cinco anos após a
publicação da Lei, mas transferiu aos supervisores a função de concretizar o seu conteúdo
operacional, segundo a Anbima (b).
Levando em consideração Basiléia II, Basiléia III, UK Bribery Act e Dodd Frank Act, é feita
uma avaliação das leis existentes em Angola e no Brasil referentes às quatro leis supracitadas
e conclui-se em qual dos países a regulamentação aproxima-se mais das internacionalmente
definidas. Para que pela proximidade facilitada pela língua, pela cultura e pelas relações
comerciais mais estreitas, uma economia possa aplicar os pontos positivos da outra e para que
cada um dos países melhore a regulamentação de seu sistema financeiro.
1.3 Relevância
O tema regulamentação do sistema financeiro é muito amplo e importante. Este trabalho tem
o intuito de apresentar algumas leis que foram de relevância para o sistema financeiro, falando
com mais propriedade sobre as leis que regem os bancos.
Como apresentado anteriormente, o mundo está sempre em evolução e para que possamos
acompanhar seu desenvolvimento temos constantemente que nos atualizar. O mesmo acontece
com as leis no sistema financeiro. Crises surgem e mostram os pontos que precisam ser
trabalhados para que não voltem a se repetir, em alguns casos, estudiosos avaliando o
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comportamento de indicadores como inflação, taxa de desemprego, variação do nível de
preços de ações e de hipotecas (caso do crash de 1929 e da crise do subprime,
respectivamente), ajudam a desenvolver teorias que posteriormente podem ser incluídas pelos
governos nas regulamentações aplicadas para que crises sejam evitadas.
Portanto, o assunto regulamentação do sistema financeira é relevante no esforço para que se
possa manter um sistema financeiro saudável, é um tema que ganha maior destaque,
principalmente, em períodos pós-crise.
1.4 Limitações
Neste trabalho não será abordada a lei Foreign Account Tax Compliance Act (Fatca) que atua
de modo a evitar que americanos lavem dinheiro em paraísos fiscais, por a lavagem de
dinheiro ser considerada uma consequência da corrupção, segundo a Febraban (2011).
A Fatca é uma lei desenvolvida pelo governo dos Estados Unidos em março de 2010, que
teve sua regulamentação final emitida aos 17 de janeiro de 2013, segundo a Febraban (2011).
A Fatca é parte do Hiring Incentives to Restore Employment Act (HIRE Act), lei de Incentivos
à Contratação para Restaurar o nível de Emprego e segundo a PriceWaterhouseCoopers (a),
tem como funções melhorar a adesão dos contribuintes e evitar que cidadãos americanos com
contas e investimentos em países estrangeiros deixem de pagar impostos sobre sua renda.
No trabalho será avaliada a UK Bribery act, Lei de Prevenção e Combate à Corrupção do
Reino Unido, e as regulamentações aplicadas no Brasil e em Angola referentes ao combate à
corrupção que se assemelham às exigidas pela UK Bribery Act. Assim será feito por
considerar-se a lei mais abrangente, dado que, impacta empresas e pessoas estrangeiras que
atuam no Reino Unido e empresas e pessoas do Reino Unido que atuam em outros países.
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A lei Sarbanes – Oxley aprovada pelo presidente George W. Bush, em julho de 2002, é a lei
que teve maior impacto sobre o mercado de capitais norte-americano e mundial desde a
legislação de 1933 e 1934, que criou a SEC – Securities and Exchange Commission
(Comissão de Valores Mobiliários no Brasil e Comissão do Mercado de Capitais em Angola).
Zacharias (2006) ressalta que, preocupado com o impacto dos escândalos contábeis no
mercado de capitais, principalmente os escândalos da Enron no final de 2001 e WorldCom em
meados de 2002, o governo americano publicou, com rapidez, a Lei Sarbanes Oxley (Senador
Paul Sarbanes – Democrata e Michael Oxley – Presidente do Comitê Republicano), tendo
como objetivos restaurar a confiança dos investidores, ampliar os poderes da SEC,
regulamentar a profissão de auditor, aumentar a responsabilidade do presidente da empresa,
estabelecer punições rigorosas para casos de fraude e criar o Public Company Accounting
Oversight Board (PCAOB), subordinado à SEC, com função de supervisionar a contabilidade
das empresas abertas.
A lei Dodd-Frank tal como Sarbanes-Oxley (SOX), tem como função melhorar a
transparência das práticas financeiras, punir severamente casos de fraude e proteger os
investidores, sendo mais abrangente que a última, ao reformular o sistema financeiro como
um todo com o intuito de evitar, além de fraudes como em SOX, o risco sistêmico. Além
disso, implementou a delação premiada. Em SOX foi definida a proteção de delatores,
enquanto que em Dodd-Frank além da proteção, existe uma remuneração para os mesmos
quando confirmada a infração. Por tais motivos Sarbanes-Oxley não será abordada.
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1.5 Estrutura da Dissertação
A dissertação foi desenvolvida de modo que a primeira parte contem a introdução, em que são
apresentadas as principais regulamentações que se aplicam ao sistema financeiro,
principalmente, ao setor bancário. Apresenta-se as condições que deram origem as mesmas e
quais os pontos principais exigidos em cada uma delas.
Na segunda parte da dissertação é feita uma descrição da origem dos sistemas financeiros
angolano e brasileiro e sua evolução. Ambos têm em comum a colonização portuguesa, no
entanto, isso não garantiu uma mesma estrutura do sistema financeiro. E neste mesmo
capítulo é apresentada e avaliada de modo comparativo, a complexidade de cada um dos
sistemas financeiros.
Na terceira, quarta, quinta e sexta parte é feita uma análise comparativa da implementação das
regulamentações em ambos sistemas financeiros, realizando-se inicialmente a apresentação
das regulamentações, avaliando-se como são implementadas tanto em Angola quanto no
Brasil e finalmente é feita uma descrição de qual sistema financeiro apresenta-se mais em
conformidade com as regulamentações apresentadas. A análise comparativa será realizada
levando-se em consideração a adequação de ambos sistemas financeiros a quatro óticas,
respectivamente: Basiléia II,Basiléia III, Dodd Frank Act e UK Bribery Act.
Na sétima parte é feita a conclusão da dissertação, em que se apresentam as considerações
finais e a possível contribuição do trabalho para a melhoria dos sistemas financeiros
analisados.
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2 SISTEMAS FINANCEIROS ANGOLANO E BRASILEIRO
2.1 Breve Histórico do Sistema Financeiro Angolano
O sistema financeiro angolano teve a sua origem em agosto de 1865, com o surgimento do
primeiro estabelecimento bancário, que era uma filial do Banco Nacional Ultramarino, um
banco português, de acordo com Almeida (2011). No entanto, como consequência de uma
reforma monetária foi criado um banco emissor independente, o Banco de Angola, a 14 de
Agosto de 1926 que tinha Lisboa como sede. Segundo o Banco Nacional de Angola(a), em
1957 surgiu o Banco Comercial de Angola que acabou com a exclusividade no setor bancário
do Banco de Angola. Em seguida, passaram a atuar em Angola mais quatro bancos
comerciais, a saber, o Banco de Crédito Comercial e Industrial (BCCI), o Banco Totta
Standard de Angola (BTSA), o Banco Pinto & Sotto Mayor (BPSM) e o Banco Inter Unido,
bem como quatro estabelecimentos especiais de crédito, que são, o Instituto de Crédito de
Angola (ICRA), o Banco de Fomento Nacional (BFN), a Caixa de Crédito Agropecuário e o
Montepio de Angola.
O Banco Nacional de Angola (BNA) e o Banco Popular de Angola (BPA) foram
desenvolvidos com o confisco dos ativos e passivos do Banco de Angola e do Banco
Comercial de Angola, um ano após a independência de Angola através de diplomas legais de
5 de novembro de 1976, segundo Inforbanca (2009). O BNA operava como banco emissor e
comercial enquanto o BPA captava poupanças e lhe era vedada a atividade creditícia. No
entanto, as reformas no setor bancário continuaram acontecendo dado que em 1978 ficou
definido que a atividade bancária seria exercida apenas por bancos do Estado, assim sendo, os
bancos comerciais privados foram formalmente encerrados e o BNA aproveitou a
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oportunidade e expandiu a sua rede de agências por Angola. O setor segurador não ficou de
fora. Em 1978, foi fundada a Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola (ENSA),
uma empresa do estado e em 1981, foi instituído que as vinte e seis companhias de seguros
que operavam em Angola no período colonial tivessem seus ativos e passivos liquidados e
transferidos para a ENSA, que tornou-se a única companhia de seguros. Segundo informações
disponibilizadas pelo Instituto de Supervisão de Seguros.
Em 1988, foi implementado o Programa de Saneamento Econômico e Financeiro (SEF) com
o intuito de fazer a transição do sistema financeiro de um modelo centralizado no Estado para
o modelo de livre mercado. A atividade bancária deixou de ser exclusividade do Estado, a
partir de 1991, foi permitido que a iniciativa privada voltasse a desenvolver suas atividades.
Segundo Almeida (2011), ainda no âmbito do livre mercado, o sistema bancário passou a ter
dois níveis, em que o primeiro nível era constituído pelo Banco Nacional de Angola com
funções de banco central, emissor de moeda, supervisor do sistema financeiro e separado das
funções comerciais, e o segundo nível constituído pelos bancos comerciais e de investimento.
Foram introduzidos no Banco Nacional de Angola os primeiros instrumentos de política
monetária, como as reservas obrigatórias.
Consequentemente, para além do Banco Nacional de Angola o sistema bancário nacional
passou a ser constituído pelo Banco de Poupança e Crédito (BPC), nova designação do Banco
Popular de Angola, já que, o mesmo passou a exercer funções de um banco múltiplo; pelo
Banco de Comércio e Indústria (BCI) e pela Caixa de Crédito Agropecuário e Pescas (CAP),
instituição de apoio a expansão do setor agrícola e de pescas. Para que pudesse assumir suas
novas funções, o Banco Nacional de Angola repassou a sua extensa rede comercial para a
CAP que foi extinta em 2000 por problemas de solvência. Posteriormente, filiais de bancos
estrangeiros como o Banco Totta e Açores (BTAç), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o
14
Banco Português do Atlântico (BPA) passaram a integrar o sistema bancário. Atualmente,
estes primeiros bancos privados a atuar em Angola são instituições de crédito de direito
angolano com as denominações de Banco Totta de Angola (BTAg), Banco Fomento Angola
(BFA) e Banco Millenium Angola (BMA), respectivamente.
Em 2000, o mercado de seguros foi aberto para instituições privadas com a aprovação pela
Assembléia Nacional, da Lei Geral de Atividade Seguradora. No entanto, a Empresa Nacional
de Seguros e Resseguros de Angola deixou de ser um monopólio e passou a atuar no setor
com mais seis companhias de seguros. Segundo informações disponibilizadas pela ENSA.
O sistema financeiro angolano está em constante evolução, mais instituições financeiras
surgem no país devido à estabilidade política alcançada em 2002 com o final da guerra civil,
pelo comprometimento do Governo em manter a estabilidade macroeconômica e pelas
alterações no quadro jurídico legal, que visam, em parte, uma melhor organização e
fiscalização do sistema financeiro, bem como, permitir a entrada em funcionamento da Bolsa
de Valores e Derivativos de Angola.
2.2 Breve Histórico do Sistema Financeiro Brasileiro
O sistema financeiro brasileiro teve início com a vinda da família real em 1808, período em
que foi criado o Banco do Brasil, um banco comercial que também funcionava como banco
central. Em 1920 foi instituída a Inspetoria Geral dos Bancos, que tinha como função
fiscalizar as instituições financeiras, que cem anos após a criação do Banco do Brasil, eram
muitas. Contudo, essa instituição não tinha poder de normatização e controle amplo do
sistema financeiro, o que veio a ser desempenhado pela Superintendência da Moeda e do
15
Crédito (SUMOC) criada em 1945 com o objetivo de desenvolver um banco central e
controlar o mercado monetário.
Em 1950, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico entrou em funcionamento,
sendo uma autarquia federal e tendo como objetivos o financiamento de projetos de
investimento e apoio a instituições privadas. Em 1959 foram estruturadas as Sociedades de
Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) que tinham como objetivo disponibilizar
crédito de médio e longo prazo, na mesma linha que o BNDE, que fornecia principalmente
crédito de longo prazo.
A Lei de Capitais Estrangeiros promulgada em 1962 foi de suma importância para a captação
de investimento estrangeiro que, de certa forma, ajudaria na concessão de financiamentos.
Essa lei desenvolveu na SUMOC um serviço de registro das operações financeiras com o
exterior e dos capitais estrangeiros no país, com o intuito de dar ao investidor a segurança de
que receberia de volta os recursos investidos bem como o rendimento dos mesmos, segundo
informações disponibilizadas pela Associação Nacional dos Procuradores do Banco Central
do Brasil (APBC).
O ano de 1964 é considerado o período em que foi desenvolvido o sistema financeiro
brasileiro efetivamente, muitos autores consideram que nesta época aconteceram as mudanças
que ofereceram ao sistema financeiro uma estrutura adequada.
“[...], a reestruturação implementada nesse período foi um dos
fatores que permitiram o forte crescimento da economia nos anos
subsequentes, época que ficou conhecida como a do “milagre
econômico brasileiro”. (Oliveira e Pacheco, 2011).
16
Uma das leis importantes foi a de Reforma Bancária, que criou o Conselho Monetário
Nacional (CMN) que passou a substituir a SUMOC. É o órgão máximo do sistema financeiro,
controla as principais funções da moeda e do crédito e o Banco Central do Brasil (BCB).
Sendo que o Banco Central do Brasil atuava também como banco rural, distribuindo recursos
a outros bancos para que funcionasse como crédito rural e atuava também como supervisor
das operações do mercado de capitais.
Em 1965 foi realizada a reforma habitacional, que culminou na criação do Sistema Financeiro
da Habitação (SFH), cujo principal financiador era o Banco Nacional da Habitação (BNH)
que obtinha seus recursos através do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, em 1986 o BNH foi
extinto com suas funções repassadas para a Caixa Econômica Federal, devido a uma crise de
crédito que assolou o setor imobiliário e gerou uma redução significativa nos recursos do
FGTS, segundo informações disponibilizadas pela Associação Nacional dos Procuradores do
Banco Central do Brasil (APBC).
Em 1976 é criada a Comissão de Valores Mobiliários, uma autarquia vinculada ao Ministério
da Fazenda que passou a ser responsável pela supervisão do mercado de capitais, função antes
desempenhada pelo Banco Central do Brasil.
Outra ação importante na época foi a extinção da Conta Movimento em 1986, essa conta
garantia ao Banco do Brasil (BB) atuar como autoridade monetária, função que com o fim da
Conta Movimento passou a ser do Banco Central do Brasil (BCB). Essa conta, permitia que o
BB se autofinanciasse, não tivesse limites de caixa como os outros bancos comerciais e
atuasse como financiador de déficits do setor público, algumas dessas operações eram
17
realizadas sem o correto aprovisionamento de recursos, sendo assim, considera-se que a
atuação do BB foi a causa da inflação crônica da década de 70.
Os bancos múltiplos começaram a existir em setembro de 1988, tendo como principal
objetivo permitir economias de escopo que possibilitam a redução significativa dos custos
operacionais de conglomerados financeiros. O que permitiu que uma mesma pessoa jurídica
atuasse em uma única instituição com carteiras de banco de investimento, banco de
desenvolvimento, sociedade de crédito imobiliário e sociedade de crédito, financiamento e
investimento. A instituição era caracterizada como banco múltiplo, se atuasse com mais de
uma das carteiras citadas.
No ano de 1994, foi obtida a estabilidade da economia com a entrada em funcionamento do
Plano Real. Um conjunto de medidas que tinham como objetivo recuperar a economia
brasileira que sofria com uma moeda desvalorizada e alta inflação. Algumas das medidas do
projeto foram: alteração da moeda em circulação; a criação da Comissão Técnica da Moeda e
do Crédito (Comoc), que funciona como órgão de assessoramento técnico para o Conselho
Monetário Nacional na formulação da política cambial e creditícia e a implementação do
Sistema de Metas para a inflação. Nesta mesma época, ampliaram-se os estímulos para que
famílias com menor poder aquisitivo e de regiões afastadas, tivessem maior acesso ao crédito.
Outro acontecimento importante foi a criação do Programa de Estímulo à Reestruturação do
Sistema Financeiro Nacional (Proer) em 1995, que tinha como objetivos assegurar a liquidez
e a solvência do Sistema Financeiro Nacional, bem como, proteger os interesses dos
investidores. Em 1996, entrou em funcionamento o Comitê de Política Monetária (Copom),
órgão responsável pela definição da Selic, taxa básica de juros.
18
Segundo Oliveira e Pacheco (2011), com o intuito de melhorar e dar maior velocidade a
transferência de recursos entre os agentes econômicos e evitar riscos sistêmicos e de crédito,
foi desenvolvido o Sistema de Pagamentos Brasileiro em 2002. Este sistema introduziu a
Transferência Eletrônica Disponível (TED), que permite a transferência dos recursos da
reserva bancária de uma instituição financeira para outra no momento em que é realizada a
operação. As operações com títulos públicos liquidadas no Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (Selic), também foram beneficiadas pela liquidação em tempo real, isso porque
existe uma interligação entre o Selic e o Sistema de Transferência de Reservas (STR), ambos
sistemas do Banco Central.
2.3 Órgãos de Regulamentação e Fiscalização
O sistema financeiro angolano é composto por organismos de supervisão. Os organismos de
supervisão são as entidades que mediante a lei, superintendem e exercem a supervisão, a
fiscalização e o controle dentro do sistema financeiro. A área de moeda e crédito é de
competência do Banco Nacional de Angola (BNA), a área de seguros e previdência social, é
de competência da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) e a
área do Mercado de Capitais e Investimento, é de competência do Organismo de Supervisão
do Mercado de Valores Mobiliários ou Comissão do Mercado de Capitais (CMC). Tanto a
ARSEG quanto a CMC, atuam sob tutela do Ministério das Finanças. Informações obtidas em
Lei das Instituições Financeiras nº 13/05.
Segundo Oliveira e Pacheco (2011), no Brasil, o sistema financeiro é constituído pelo
subsistema normativo e operativo. O primeiro é formado por instituições que estabelecem as
regras e diretrizes de funcionamento, além de definir os parâmetros para a intermediação
financeira e fiscalizar a atuação das instituições operativas. Tem em sua composição: o
19
Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e as Instituições Especiais (Banco do Brasil, BNDES e Caixa
Econômica Federal). E o subsistema operativo tem em sua composição as instituições que
atuam na intermediação financeira e tem como função operacionalizar a transferência de
recursos entre fornecedores de fundos e os tomadores de recursos, a partir das regras,
diretrizes e parâmetros definidos pelo subsistema normativo. Estão nessa categoria as
instituições financeiras bancárias e não bancárias, o Sistema Brasileiro de Poupança e
Empréstimo (SBPE), além das instituições não financeiras e auxiliares.
Tabela 1 – Órgãos de Regulação e Fiscalização de Angola
Órgãos de Regulação e
Fiscalização
Banco Nacional
de Angola
(BNA)
Instituições
Financeiras
Bancárias
Bancos em geral
Instituições
Financeiras não Bancárias
Casas de Câmbio
Sociedades Cooperativas de Crédito
Sociedades de Cessão Financeira
Sociedades de Locação Financeira
Sociedades de Micro Crédito
Sociedades Prestadoras de Serviço de
Pagamentos
Sociedades Mediadoras dos Mercados
Monetário e de Câmbio
Agência Angolana
de Regulação e
Supervisão de
Seguros (ARSEG)
Sociedades Seguradoras e
Resseguradoras
Fundos de Pensão e suas Sociedades
Gestoras
Comissão do
Mercado de
Capitais (CMC)
Sociedades Corretoras de Valores
Mobiliários
Sociedades de Capital de Risco
Sociedades Distribuidoras de Valores
Mobiliários
Sociedades Gestoras de Participações
Sociais
Sociedades de Investimento
Sociedades Gestoras de Patrimônios
Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento
Sociedades Gestoras de Fundos de Titularização
Sociedades de Gestão de Investimento
Imobiliário
20
Sociedades Operadoras de Sistemas ou
Câmaras de Liquidação e
Compensação de Valores Mobiliários
Fonte: Autora com dados da Lei das Instituições Financeiras nº 13/05.
Tabela 2 – Órgãos de Regulação e Fiscalização do Brasil
Órgãos de Regulação e Fiscalização
Conselho
Monetário
Nacional
(CMN)
Banco Central do Brasil
(BCB)
Instituições Financeiras
Captadoras de
Depósitos à Vista
Bancos Múltiplos com
Carteira Comercial
Bancos Comerciais
Caixas Econômicas
Cooperativas de Crédito
Demais Instituições Financeiras
Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial
Bancos de Investimento
Bancos de Desenvolvimento
Sociedades de Crédito,
Financiamento e Investimento
Sociedades de Crédito
Imobiliário
Companhias Hipotecárias
Associações de Poupança e
Empréstimo
Agências de Fomento
Sociedades de Crédito ao Microempreendedor
Sistemas de Liquidação
e Custódia
Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia
(Selic)
Central de Custódia e de Liquidação Financeira de
Títulos (Cetip)
Caixas de Liquidação e Custódia
Comissão de Valores
Mobiliários (CVM)
Outros Intermediários ou Auxiliares
Financeiros
Bolsas de Valores,
Mercadorias e de Futuros
Sociedades Corretoras de
Títulos e Valores
Mobiliários
Sociedades de Arrendamento Mercantil
Sociedades Corretoras de
Câmbio
Representações de
Instituições Financeiras Estrangeiras
21
Conselho
Monetário
Nacional
(CMN)
(cont.)
Agentes Autônomos de
Investimento
Administradores de Recursos de Terceiros
Fundos Mútuos
Clubes de Investimento
Carteiras de Investidores
Estrangeiros
Administradoras de Consórcio
Superintendência
Nacional de Previdência
Complementar (Previc)
Entidades Fechadas de Previdência Privada (Fundos de
Pensão)
Superintendência de
Seguros Privados
(Susep)
Entidades Ligadas aos Sistemas de Previdência
e Seguros
Entidades Abertas de
Previdência Privada
Sociedades Seguradoras
Sociedades de Capitalização
Sociedades Administradoras de Seguro Saúde
Fonte: Oliveira e Pacheco (2011)
2.4 Análise Comparativa das Instituições de Supervisão
2.4.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)
O Conselho Monetário Nacional, instituído em dezembro de 1964, é o órgão responsável por
expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN: o Ministro da
Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do
Banco Central do Brasil. Dentre suas funções estão: adaptar o volume dos meios de
pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o
equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições
financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar
pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária,
creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.
22
O CMN exerce funções essencialmente normativas, estabelecendo regras e diretrizes que
devem ser executadas tanto pelo Banco Central, como pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) em suas atividades de fiscalização, controle e regulação das instituições financeiras
que operam no Brasil e no mercado de capitais. Como exemplo de medidas que afetam
diretamente a população, o órgão determina as características das cédulas e moedas
brasileiras, autorizou padarias e lotéricas a atuarem como correspondentes bancários e
instituiu pacotes de tarifas bancárias como forma de estimular a concorrência entre os bancos.
Em Angola, não existe uma instituição que seja considerada o órgão máximo do sistema
financeiro, tal como, o Conselho Monetário Nacional. Segundo o Banco Central do Brasil(a).
2.4.2 Banco Nacional de Angola (BNA) e Banco Central do Brasil (BCB)
O Banco Nacional de Angola foi criado a 10 de novembro de 1976. É uma pessoa jurídica de
direito público, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal com personalidade jurídica e patrimônio
próprios, fundada em 31 de dezembro de 1964 que atua como principal executor das
orientações do Conselho Monetário Nacional.
Ambas as instituições atuam na emissão de papel-moeda e de moeda metálica, executam a
política cambial, efetuam os serviços do meio circulante, realizam operações de redesconto e
empréstimo às instituições financeiras, realizam operações de compra e venda de títulos
públicos federais, executam o controle do crédito, fiscalizam as instituições financeiras,
concedem autorização para o funcionamento às instituições financeiras, fiscalizam o fluxo de
capitais estrangeiros no país, negociam a dívida externa do país, atuam como banqueiro único
do estado, agem como intermediários nas relações monetárias internacionais do estado e
23
velam pela estabilidade do sistema financeiro atuando como financiadores de última instância.
No entanto, o BNA não é subordinado a nenhuma instituição, tal como, o Banco Central do
Brasil é subordinado ao Conselho Monetário Nacional. Informações disponibilizadas pelo
BCB(b) e pelo BNA(b).
2.4.3 Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG),
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e Superintendência
de Seguros Privados (Susep)
Em setembro de 2013 foi criada a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros
(ARSEG), uma pessoa jurídica de direito público dotada de autonomia administrativa e
financeira e de patrimônio próprio, que atua sob tutela do Ministério das Finanças (Ministério
da Fazenda, no Brasil).
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), fundada em
dezembro de 2009, é uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa
e financeira e de patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Previdência Social.
Informações disponíveis no decreto nº 7.075.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) é uma autarquia vinculada ao Ministério da
Fazenda, criada em novembro de 1966. Segundo a SUSEP.
A ARSEG e a SUSEP têm em comum o objetivo de apreciar e emitir parecer sobre as contas
de exercício das empresas do setor de seguros; atuar como responsável pela regulação e
supervisão da atividade seguradora e resseguradora; assegurar o bom funcionamento desse
mercado, de forma a contribuir para a garantia de proteção dos tomadores de seguro,
participantes e beneficiários; emitir parecer e/ou autorizar a exploração de novos ramos ou
modalidades de seguro; atender e dar parecer sobre reclamações que lhe sejam apresentadas
24
por presumíveis violações de normas do setor; promover o aperfeiçoamento das instituições e
dos instrumentos operacionais a eles vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob
sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.
No entanto, a PREVIC e a ARSEG, têm em comum a regulação e supervisão dos fundos de
pensão ou entidades fechadas de previdência complementar. Ambas atuam como responsáveis
por definir as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar; examinar e
aprovar os estatutos e o regulamento dos planos de benefícios das entidades de previdência
fechada; analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, fusão e transferência
de controle das entidades fechadas de previdência complementar.
2.4.4 Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) é uma pessoa jurídica de direito público, dotada
de personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e de patrimônio próprio,
sujeita à tutela do Ministério das Finanças de Angola, criada em 2005. A CMC rege-se pela
Lei dos Valores Mobiliários, Lei das Instituições Financeiras, Estatuto Orgânico e pelo seu
Regulamento Interno.
A Comissão de Valores Mobiliários é uma entidade autárquica criada em 1976, vinculada ao
Ministério da Fazenda do Brasil, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de
autoridade administrativa, autonomia financeira e orçamentária.
É no mercado de valores mobiliários onde são negociados os títulos emitidos pelas empresas
para captar junto ao público, recursos destinados ao financiamento de suas atividades,
portanto, o mercado de valores mobiliários estimula a poupança e o investimento, sendo
essencial para o crescimento das economias modernas. Constituem atribuições da CMC e da
25
CVM: estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover
a organização e funcionamento regular e eficiente do mercado de capitais; assegurar a
transparência do mercado de capitais e das transações que nele se efetuam; assegurar aos
investidores e intermediários financeiros uma informação suficiente, verídica, objetiva, clara,
acessível e rápida sobre os valores mobiliários, as entidades que os emitem e as transações
que são efetuadas; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado;
assegurar a cooperação com as autoridades similares de todos os países do mundo; fiscalizar e
regulamentar os serviços de consultor, auditor e analista de valores mobiliários.
Ambas instituições são diferentes porque no Brasil existe a Bolsa de Valores, enquanto que
em Angola a Bolsa de Valores é apenas um projeto. Contudo, a CVM fiscaliza o
funcionamento, a organização e as operações da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
(BM&FBOVESPA) e a CMC prepara-se para exercer uma boa fiscalização e organização da
Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (BVDA). Informações contidas em Oliveira e
Pacheco (2011) e em Ferreira (2012).
Cada país aplica as regulamentações internacionalmente definidas, fazendo as devidas
adaptações à sua realidade. São alterações necessárias para que cada país prepare seu sistema
financeiro de modo a evitar que ocorram as mesmas situações difíceis que outros países
ultrapassaram. A seguir serão avaliadas as leis de Basiléia II, Basiléia III, UK Bribery e
Dodd-Frank e sua implementação em Angola e no Brasil.
26
3 BASILÉIA I E II
Em 1930, foi criado o BIS (Bank for International Settlements), o Banco de Compensações
Internacionais, organização internacional que estimula a cooperação entre os bancos centrais e
outras agências, em busca da estabilidade monetária e financeira. O Comitê de Supervisão
Bancária da Basileia (Basel Committee on Banking Supervision – BCBS) foi desenvolvido em
1974, de acordo com Zacharias (2006).
Segundo Herbst (2006), o Comitê da Basiléia formado por presidentes dos bancos centrais
dos países do G-10, foi criado com o objetivo de desenvolver práticas de supervisão e uma
regulamentação bancária, levando em consideração que vários bancos adotaram estratégias
erradas com excessiva alavancagem financeira sem uma análise de risco adequada, na década
de 70, época caracterizada por taxas de juros e câmbio muito voláteis.
O Comitê não possui autoridade supranacional ou força legal, e sua atuação se vincula à
formulação de padrões mínimos de supervisão, à recomendação de melhores práticas e ao
encorajamento à convergência de critérios de supervisão bancária.
Com a evolução das operações financeiras na década de 80, houve a necessidade de melhoria
nas ferramentas de gerenciamento de riscos para que fosse mantida a solidez do sistema
financeiro mundial. Observou-se uma intensificação nas atividades internacionais das
instituições financeiras, inovação de práticas e instrumentos financeiros como derivativos e
swaps e diversificação de operações especulativas relacionadas à volatilidade da taxa de
câmbio.
27
3.1 O Acordo de 1988 (Basiléia I)
A crise da dívida que irrompeu na América Latina em 1980, aumentou a preocupação do
Comitê de Basiléia com relação à deterioração do capital dos principais bancos internacionais
em um momento de riscos internacionais crescentes. Os membros do Comitê decidiram atuar
de modo a conter a erosão de capital em seus sistemas bancários e trabalhar para que fosse
desenvolvida uma convergência internacional na medição da adequação de capital.
Informações do Bank for International Settlements(a).
O BCBS divulgou em 1988, o primeiro Acordo de Capital da Basileia, oficialmente
denominado International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, que
desenvolveu exigências mínimas de capital para instituições financeiras com o objetivo de
proteger as instituições do risco de crédito. O Acordo de Basiléia determinou aos bancos
manter 8% do capital alocado em ativos de risco, como patrimônio mínimo.
Em 1996, o Comitê publicou a primeira emenda ao Acordo de 88, o documento “Amendment
to the Capital Accord to incorporate Market Risks” incorporando ao capital exigido parcela
para cobertura dos riscos de mercado, segundo informações do Banco Central do Brasil(d).
Considerando que, a evolução da variedade e complexidade dos produtos e operações
financeiras exigiam modelos mais sofisticados que o modelo padrão para o risco de crédito.
As recomendações do Acordo de 1988, não foram aplicadas apenas pelos bancos
internacionalmente ativos do G-10, mas sim por muitos países industrializados e
desenvolvidos, por países emergentes e em desenvolvimento, preservando as devidas
necessidades de adaptações. Segundo Carvalho (2004), o acordo passou de um acerto de
28
regras competitivas para um marco na reorientação das estratégias de regulação prudencial no
final do século XX.
3.2 O Acordo de Basiléia II
Com o objetivo de melhorar a efetividade dos requerimentos de capitais no controle de riscos
e para se adequar às inovações financeiras, o Comitê de Basiléia publicou em junho de 2004 o
documento intitulado Revised Capital Framework conhecido como Basiléia II ou Novo
Acordo de Capital.
O Comitê propôs-se a revisar o Acordo de 1988 para incorporar as mudanças na estrutura de
riscos e solucionar as fragilidades do sistema vigente, criando um sistema que iria mais longe,
no sentido de fortalecer a solidez e estabilidade do sistema bancário internacional, mantendo a
segurança de que a regulação de capital não seria fonte de desequilíbrio competitivo entre os
bancos ativos internacionalmente.
De acordo com Garcia (2003), no Novo Acordo de Capital o requerimento de capital
regulamentar não é o único instrumento para minimizar falências bancárias, a nova estrutura é
constituída por três pilares. O primeiro pilar compreende os requerimentos mínimos de
capital, o segundo baseia-se na avaliação, pela instituição financeira e pela supervisão, dos
níveis adequados de capital e o terceiro, tem a transparência e a divulgação de informações
como representante da disciplina de mercado.
29
3.2.1 Pilar I: Os Requerimentos Mínimos de Capital
Como no acordo de 1988, a taxa mínima de capital que deve ser levada em consideração é de
8%, sendo que além de se avaliar o risco de crédito e de mercado, o risco operacional passou
a ser abrangido pelo capital mínimo.
“O Comitê também propõe um gasto explícito de capital para o
risco operacional, representado pela possibilidade de perdas devido à
pane nos computadores, falhas humanas e dos processos internos, ou
fraude. É uma das principais inovações do novo Acordo e deve
representar um encargo nada desprezível para os bancos dos países
emergentes.” (Fortuna, 2011).
O Comitê da Basiléia busca incentivar a utilização de modelos internos para o gerenciamento
de risco das instituições financeiras e para o cálculo de capital regulamentar, haja vista a
complexidade de algumas opções para cálculo de capital. A instituição tenta deste modo, dar
liberdade às instituições financeiras para que adaptem os modelos de controles internos a sua
realidade, modelos estes sujeitos à aprovação do regulador.
3.2.2 Pilar II: Processo de Supervisão
O processo de supervisão é destacado neste pilar como complemento ao primeiro pilar. É
função dos órgãos de supervisão avaliar se os requerimentos mínimos de capital foram
definidos pela instituição financeira e se são adequados ao nível de riscos a que a mesma está
sujeita. De acordo com o Pilar II, a Alta Administração é responsável pela estratégia de
exposição aos riscos e pelos níveis de capital compatíveis, definidos pelas instituições
financeiras.
30
Segundo Mendonça (2004), os princípios que estruturam o mecanismo de revisão da
supervisão são os seguintes: 1. Os bancos devem desenvolver processos internos que
permitam definir níveis adequados de capital compatíveis com os riscos assumidos; 2. Aos
supervisores cabe analisar as estratégias de adequação de capital desenvolvidas pelos bancos e
garantir que seja respeitado o índice de capital definido pelas regras vigentes; 3. As
autoridades esperam, e podem exigir, que os bancos operem acima dos índices mínimos de
capital; 4. Supervisores podem intervir precocemente e exigir ação rápida dos bancos, a fim
de evitar que o capital fique abaixo do necessário para suportar os riscos assumidos.
3.2.3 Pilar III: Disciplina de Mercado
Envolve a necessidade de os bancos disponibilizarem informações ao público sobre o seu
nível de riscos, a adequação de capital, bem como, seus processos de gestão de riscos. O
intuito deste pilar é permitir que os agentes participantes do mercado sintam-se estimulados a
fiscalizar os bancos e que por meio da utilização de níveis de transparência, haja redução de
perdas decorrentes de falências bancárias.
Para garantir o cumprimento da transparência é permitido aos supervisores utilizar
instrumentos de persuasão, que vão desde o diálogo com a administração do banco a multas
financeiras, de acordo com a deficiência de divulgação apresentada.
“Além do estabelecimento de critérios mínimos de transparência
para todas as instituições financeiras por meio do terceiro pilar, a
utilização de modelos internos para cálculo de capital estará também
associada a maiores níveis de transparência.” (Garcia, 2003).
31
Para Xavier (2003), no processo de revisão da supervisão e na disciplina de mercado o maior
destaque dado aos controles internos e ao gerenciamento dos bancos, tem como objetivo
aperfeiçoar a saúde e segurança do sistema financeiro.
3.3 Basiléia II em Angola
As instituições bancárias autorizadas a funcionar pelo Banco Nacional de Angola (BNA)
devem manter um nível de fundos próprios compatível com os riscos a que cada instituição
está submetida. O nível mínimo de patrimônio que as instituições devem manter por capital
alocado em investimentos de risco é de 10%, nível maior que os 8% definidos tanto em
Basiléia I quanto em Basileia II. O alto nível de exigência tem como objetivo dar maior
estabilidade ao sistema financeiro, levando em consideração as características do país.
As exigências de capital feitas pelo BNA têm em conta os riscos de crédito e de mercado,
mais especificamente, o risco cambial. No âmbito dos riscos incluídos no requerimento
mínimo de capital, Angola abrange os riscos definidos em Basiléia I, para se adequar a
Basileia II precisa levar em consideração o risco operacional. O rácio de solvabilidade
mínimo1 é regulamentado pelo Aviso nº05/07, de 12 de setembro emitido pelo Banco
Nacional de Angola.
Fazendo referência ao segundo pilar de Basiléia II relacionado à supervisão, em Angola, de
acordo com a lei nº13/05, de 30 de setembro, para a realização de um correto processo de
supervisão é feita a análise:
das políticas, práticas e procedimentos relacionados com a concessão de crédito e
decisões de investimentos;
1 Requerimento Mínimo de Capital.
32
da estrutura patrimonial das instituições financeiras;
dos fundos próprios e a respectiva adequação às exigências de capital;
dos sistemas de gestão de risco e os procedimentos de controles internos;
de como são implementadas as normas e limites prudenciais;
dos aspectos relacionados com a governança corporativa;
de como são implementadas as recomendações do Banco Nacional de Angola.
A avaliação dos controles internos pode ser considerada a principal função exercida pelas
instituições financeiras, de acordo com o exigido no segundo pilar de Basiléia II.
“Os controles internos são um mecanismo para redução das
possibilidades de fraude, apropriação indébita e erros.
(Zacharias,2006).
Considerando que Angola é um país caracterizado pela liberdade contratual e pela inovação
financeira, compete ao BNA verificar o cumprimento dos requisitos mínimos de informação
aos clientes, sobre as condições financeiras das instituições e sobre os respectivos riscos a que
estão submetidas. Ponto que é uma referência ao terceiro pilar de Basiléia II, que diz respeito
à disciplina de mercado. A instituição reguladora define quais informações devem ser
publicadas, para que os consumidores tenham contato com a situação da empresa, possam
33
auxiliar no processo de supervisão das mesmas e para que as instituições de supervisão
possam ter uma atuação proativa, quando necessário.
“Transparência é, portanto, a palavra-chave da disciplina do
mercado. A divulgação pública, confiável e tempestiva de
informações, atingindo aspectos qualitativos e quantitativos, que
permita a seus usuários uma análise detalhada e completa sobre a
performance, atividade, perfil de risco e práticas gerenciais de uma
instituição financeira, é, para o Comitê, fundamental para uma
supervisão bancária robusta, capaz de antecipar problemas em uma
instituição ou no próprio sistema bancário como um todo.”(Moreira,
2003).
O relatório final do BNA sintetiza as principais constatações. É enviada uma carta de
recomendações à alta administração das instituições que deve ser analisada e as medidas
corretivas adotadas, implementação esta que será supervisionada pelo BNA. Caso não sejam
cumpridas as exigências, as instituições estão sujeitas a penalizações que incluem o
encerramento das atividades. O resumo de Basiléia II e das respectivas regulamentações são
apresentadas nas tabelas 4 e 3, respectivamente.
3.4 Basiléia II no Brasil
O requerimento mínimo do Patrimônio de Referência (PR) definido pelo Banco Central do
Brasil que deve ser aplicado pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a
funcionar pelo mesmo, devem respeitar um cronograma presente na resolução nº 4.193 de
2013. Nesta resolução é definido que o requerimento mínimo do PR será de:
34
11% (onze por cento), de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2015;
9,875% (nove inteiros e oitocentos e setenta e cinco milésimos por cento), de 1º de
janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;
9,25% (nove inteiros e vinte e cinco centésimos por cento), de 1º de janeiro de 2017 a
31 de dezembro de 2017;
8,625% (oito inteiros e seiscentos e vinte e cinco milésimos por cento), de 1º de
janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018;
8% (oito por cento), a partir de 1º de janeiro de 2019.
Este item da resolução faz referência ao nível mínimo de capital que as empresas devem
manter para que haja uma reserva de capital, caso ocorram situações inesperadas. O
requerimento mínimo leva em consideração o risco de mercado, de crédito e operacional, o
que representa o primeiro pilar de Basiléia II. No entanto, na circular 3.547 de 2011, é
definido que além dos três riscos definidos em Basiléia II, no processo interno de avaliação da
adequação de capital (Icaap), deve-se manter capital suficiente para cobrir riscos de
concentração, definido como a exposição a contrapartes do mesmo setor econômico ou
mesma região demográfica e risco de liquidez.
Com relação ao segundo pilar, da atuação da supervisão para garantir controles internos
mitigadores de riscos, na resolução nº 4.193 é exigido que as instituições financeiras indiquem
à instituição de supervisão, o diretor responsável pelos processos e controles relativos ao
cálculo dos requerimentos mínimos do PR, de modo, a garantir um maior contato entre a
35
supervisão e a alta administração. Inclusive, o Banco Central do Brasil (BCB) define as
normas para avaliação e gerenciamento dos riscos, os procedimentos e controles empregados
pelas instituições financeiras e demais instituições por ele autorizadas a funcionar. Ou seja, o
BCB atua de modo a garantir que as instituições apliquem os controles e outras exigências
para a mitigação de riscos definidos por lei.
“A estruturação de uma área para o gerenciamento de riscos é
uma tarefa que requer cuidado. Um passo necessário é o
estabelecimento de uma cultura corporativa para o gerenciamento de
riscos. É também importante a contratação de profissionais que
combinem experiência prática e conhecimento técnico.” (Duarte,
2003).
O sistema Icaap, mencionado na circular 3.547, funciona também como uma forma de a
supervisão garantir que as instituições utilizam os métodos corretos para avaliação de riscos,
avaliando a implementação deste sistema por parte das instituições bem como de outros
controles internos, o BCB pode definir que estratégias aplicar e que recomendações fazer as
instituições.
Fazendo referência ao terceiro pilar, o BCB define como deve ser realizado o armazenamento
e a divulgação das informações relacionadas ao gerenciamento de riscos. A supervisão define
que em relatório de acesso público deve ser informada a estrutura de gerenciamento de capital
da instituição, exigência que consta na resolução nº 3.988 de 2011. Na mesma resolução é
exigido que fique claro nos relatórios a responsabilidade do conselho de administração ou, na
sua inexistência, da diretoria da instituição, pelas informações publicadas.
36
“O terceiro pilar trata de práticas de mercado, e propõe que as
instituições adotem a política de dar transparência às suas operações,
como forma de encorajar a adoção de práticas seguras no mercado.”
(Mello, 2003).
Na circular 3.477 de 2009, é definido que as publicações devem conter um detalhamento
adequado à complexidade das operações e à sofisticação dos sistemas e processos de gestão
de riscos, bem como, devem ser esclarecidas as diferenças entre as informações exigidas pela
resolução e as publicadas pelas instituições, de modo a que o público tenha facilidade para
interpretar tais informações e usá-las adequadamente. Nesta mesa resolução é definido que as
instituições financeiras podem publicar informações adicionais às exigidas, caso julguem
relevantes para assegurar a transparência de sua gestão e os órgãos de supervisão também
podem exigir informações adicionais às instituições caso julguem necessário.
Contudo, as informações exigidas na circular 3.477 de 2009, devem estar disponíveis em um
único local, de acesso público e de fácil localização, no sítio da instituição na internet.
3.5 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia II
Nos dois países, Basiléia II é implementado com algumas adaptações. No que concerne ao
pilar I sobre o requerimento mínimo de capital, em Angola é definida uma taxa de 10%
enquanto que no Brasil esta taxa varia de 11%, a partir de 1º de outubro de 2013 a 8%, a partir
de 1º de janeiro de 2019. Taxas superiores a de 8% prevista em Basiléia II. Quanto ao tipo de
risco levado em consideração, em Angola, apenas os riscos de crédito e de mercado são
levados em consideração no cálculo do requerimento mínimo de capital. No Brasil além dos
riscos de crédito, mercado e operacional definidos em Basiléia II, são levados em
37
consideração os riscos de liquidez e de concentração. O que é uma medida proativa do
governo brasileiro, já que, o mercado não é afetado apenas pelo risco de crédito, de mercado e
operacional como definido em Basiléia II.
Quanto ao segundo pilar, referente à supervisão, ambos países têm uma instituição
responsável pelo processo de fiscalização, o BNA em Angola e BCB no Brasil. Estas
instituições são responsáveis, principalmente, pela avaliação da implementação correta de
controles internos como: o requerimento mínimo de capital, boa governança corporativa e
sistema de gerenciamento e mitigação de riscos. No caso do Brasil a atuação é mais efetiva, já
que, se exige a apresentação do responsável pelo setor de controle e mitigação de riscos, deste
modo, qualquer recomendação é feita diretamente ao setor responsável e as alterações
necessárias são feitas com maior rapidez.
No terceiro pilar, referente à disciplina de mercado, ambas instituições têm contato com a alta
administração das empresas; definem que as empresas devem publicar informações referentes
ao sistema de gerenciamento de riscos, de modo, a que o público tenha fácil acesso a esses
dados. No caso do Brasil é exigido um detalhamento maior das informações disponibilizadas
ao público, o que facilita o entendimento e a reação do público quando necessário.
Tabela 3 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia II
Basiléia II Angola Brasil
Pilar I – requerimento mínimo de
capital
Aviso nº05/07, de
12/09/2007
Circular nº3.547 de 07/07/2011.
Resolução nº4.193 de
1/03/2013.
Pilar II – processo de supervisão Lei nº13/05, de 30/09/2005
Circular nº3.547 de 07/07/2011.
Resolução nº4.193 de
1/03/2013.
Pilar III – disciplina de mercado Lei nº13/05, de 30/09/2005
Circular nº3.477 de 24/12/2009.
Resolução nº3.988 de
30/06/2011.
Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.
38
Tabela 4 – Resumo de Basiléia II
Pilar I Basiléia II Angola Brasil
Requerimento mínimo
de capital 8% 10% 11%
Risco de Crédito Sim Sim Sim
Risco de Mercado Sim Sim Sim
Risco Operacional Sim Não Sim
Risco de Liquidez Não Não Sim
Risco de Concentração Não Não Sim
Pilar II Alta administração Alta administração Setor de controle e
mitigação de riscos
Pilar III Informações definidas
pela supervisora
Informações definidas
pela supervisora
Informações definidas
pela supervisora e pela instituição financeira
Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.
4 BASILÉIA III
Segundo Leite e Reis (2011), a crise foi devastadora para diversos países. Estima-se que
globalmente 30 milhões de pessoas tenham perdido seus empregos de 2007 a 2010, o
crescimento foi interrompido, o comércio internacional arrefeceu e houve aumento da dívida
pública em um grande número de países.
A crise foi amplificada por um processo agudo de deflação de ativos, pela alavancagem
excessiva do setor bancário, pelas conexões tanto entre as instituições que operam no mercado
financeiro quanto dessas para com a economia em geral, processo que gerou erosão do nível e
qualidade do capital, repentina redução da oferta de crédito e tornou inevitável a ação dos
governos para amenizar as consequências da crise, o que resultou em um processo de
socialização das perdas que gerou grandes prejuízos aos contribuintes.
39
O Comitê de Basiléia sobre Supervisão Bancária percebeu a necessidade de fortalecer a
estrutura de Basileia II, antes mesmo da quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, ao
observar que além da alta alavancagem do setor bancário e dos níveis inadequados de
liquidez, havia falhas na governança e na gestão de riscos. Em consequência dessa avaliação,
o Comitê de Basiléia divulgou em 2010 dois documentos: Basel III: A global regulatory
framework for more resilient banks and banking systems e Basel III: International framework
for liquidity risk measurement, standards and monitoring, que representam o Acordo de
Basiléia III, um aprimoramento de Basiléia II.
O Comitê desenvolveu um aprimoramento de Basiléia II, por perceber que não foi o setor
bancário que gerou a crise, mas sim, o setor que, por apresentar algumas fraquezas, agravou e
propagou a crise. E com o acordo de Basiléia III, é exigido que as instituições apresentem um
volume maior de capital e ativos de alta qualidade para limitar os riscos relacionados à
concessão de crédito; aprimorem seus processos de gerenciamento de risco, inclusive do risco
sistêmico; aumentem a liquidez para prover a cobertura de desencaixes em períodos de
estresse e ampliem a transparência e disponibilidade de informações.
“Dentre as lições apreendidas em decorrência da crise, destaca-se
a constatação de que a regulação financeira não pode ser focada no
individuo, é preciso que se reconheça que o sistema como um todo é
maior que a soma de suas partes. Portanto, a regulação proposta até
então deve ser complementada por uma série de medidas de cunho
“macroprudencial” que objetivem a higidez do sistema e a contenção
do risco sistêmico.”(Leite e Reis, 2011).
40
As alterações promovidas por Basiléia III serão resumidas a seguir, de acordo com Modenesi
et al. (2012):
Requerimento de Capital continua a ser constituído pelo capital de nível 1 e o capital
de nível 2, sendo que com Basiléia III, o capital de nível 1 passou a ser constituído por
capital principal (commom equity Tier 1) e capital adicional (additional Tier 1). Foi
estabelecido que o capital principal seja constituído por ações e lucros retidos e
represente, no mínimo, 4,5% do ativo ponderado pelo risco (APR) que os bancos
devem manter, valor cuja previsão de implementação é 2015; que o capital adicional
seja constituído por instrumentos híbridos de capital e dívida,e o somatório do capital
principal e o capital adicional, o capital de nível 1, represente, no mínimo, 6% do
APR, a partir de 2015; que o capital de nível 2 seja formado por dívidas subordinadas
e que o somatório do nível 1 e o nível 2, requerimento de capital, seja de, no mínimo,
8%. Medidas desenvolvidas com o intuito de ampliar a qualidade do capital
regulatório;
Criação do capital de conservação (capital conservation buffer), margem adicional de
capital capaz de absorver perdas em períodos de revés e que funciona de modo a
garantir que os bancos reduzam a distribuição de lucros por meio do pagamento de
dividendos aos acionistas e de bônus a seus funcionários, para acumulá-los em seu
capital e constituir um colchão que absorva perdas em situações críticas. Este índice
entrará em vigor no intervalo de 2016 a 2019 e será um adicional ao capital principal,
deste modo, o capital principal deverá cobrir o limite de 4,5% do APR mais 2,5% do
APR referente ao capital de conservação, totalizando 7%, variação que fará com que o
capital regulatório mínimo aumente de 8% para 10,5%;
41
Implementação do colchão de capital contracíclico (countercyclical buffer), que será
um adicional ao capital de conservação, que irá variar de zero a 2,5% do APR e terá
um período de implementação que irá de 2016 a 2019. Esta nova medida terá como
função variar de acordo com a situação macroeconômica do mercado de crédito, de
modo a evitar que os bancos sofram perdas significativas após períodos de aumento do
crédito. Com a inclusão do colchão de capital contracíclico, o capital regulatório
mínimo dos bancos terá valores entre 10,5% e 13%.
Introdução de um índice de alavancagem, que teria como função controlar a
alavancagem do setor bancário, com o intuito de evitar processos de desalavancagem
desestabilizadores com capacidade de danificar o sistema financeiro e a economia. É
apurado pela divisão do valor do Nível I do PR pelo valor da exposição total e foi
proposto que o índice de alavancagem seja, inicialmente, 3%, sua adequação será
avaliada no período de 2013 a 2017.
Criação de dois índices de liquidez, um de curto prazo (liquidity coverage ratio - LCR)
e outro de longo prazo (net stable funding ratio - NSFR). Sendo que o primeiro índice
tem como objetivo garantir que os bancos mantenham em sua carteira ativos de alta
liquidez que possam ser convertidos em moeda em curtíssimo prazo e permitam que a
instituição bancária sobreviva a cenários agudos de estresse, com um mês de duração.
O segundo índice, NSFR, será um complemento ao LCR e terá como função monitorar
descasamentos de prazos e garantir que mesmo ativos de longa maturação, tenham
alguma fonte estável de funding que garanta a saúde dos bancos em períodos de, no
mínimo, um ano. A previsão é que o índice de liquidez de curto prazo seja
implementado em janeiro de 2015 e que o índice de liquidez de longo prazo seja
implementado em janeiro de 2018. Sendo que nas datas de implementação será
42
exigido que os índices de liquidez tenham valor superior a 1. As fórmulas para o
cálculo dos índices serão apresentadas a seguir:
Estoque de ativos de alta liquidez
LCR = -------------------------------------- (1) Saídas líquidas no prazo de até 30 dias
Total de captações estáveis disponíveis
NSFR = --------------------------------------- (2) Total de captações estáveis necessárias
Quanto ao Processo de Supervisão e à Disciplina de Mercado, é exigido aos supervisores
garantir que as instituições apliquem as novas demandas do comitê, levando em consideração
o prazo de adaptação e publiquem de modo eficiente as informações necessárias referentes à
gestão de riscos, governança corporativa e adequação do capital. Com esta nova série de
demandas, as empresas que tiverem mais conexões, mais relevância sistêmica, serão alvo de
maiores exigências.
43
Figura 1: Estrutura de Basiléia III
Fonte: Autora com informações de Modenesi et al. (2012)
4.1 Basiléia III em Angola
Em Angola não foi possível encontrar normativos referentes a implementação de Basiléia III,
dentre os normativos do Banco Nacional de Angola (BNA).
4.2 Basiléia III no Brasil
Com relação à implementação de Basiléia III no Brasil, o BCB publicou o comunicado nº
20.615, aos 17 de fevereiro de 2011, em que é definido o cronograma de aplicação das
recomendações de Basiléia III, o mesmo será apresentado a seguir:
Pilar I
Requerimento
de Capital
Capital de Nível
1
Capital de
Nível 2
Capital
Principal
Capital
Adicional
Capital de
Conservação
Colchão de
Capital
Contracíclico
Índice de
Alavancagem
Índice de
Cobertura de
Liquidez
Índice de
Liquidez de
Longo Prazo
Índices de
Liquidez
Pilar II
Processo de
Supervisão
Pilar III
Disciplina de
Mercado
Legenda
Basiléia II
Basiléia III
44
I - até dezembro de 2011: nova definição do Patrimônio de Referência;
II - até dezembro de 2012: estabelecimento do Capital de Conservação e do Capital
Contracíclico e divulgação da metodologia preliminar da composição e cálculo do LCR
(índice de liquidez de curto prazo) e do Índice de Alavancagem;
III - até dezembro de 2013: definição final da composição e cálculo do LCR (índice de
liquidez de curto prazo);
IV - até dezembro de 2014: divulgação da metodologia preliminar da composição e
cálculo do NSFR (índice de liquidez de longo prazo);
V - até dezembro de 2016: definição final da composição e cálculo do NSFR; e
VI - até julho de 2017: definição final da composição e cálculo do Índice de Alavancagem.
Com base no cronograma apresentado, tanto o BCB quanto o CMN, desenvolveram circulares
e resoluções que especificam o conteúdo de cada um dos itens supracitados. Com relação ao
Requerimento de Capital o CMN emitiu a resolução n º 4.192 em março de 2013, que
explicita que o Patrimônio de Referência (PR) é constituído pelo somatório do capital de nível
1 e nível 2, sendo que o primeiro será composto pelo capital principal e complementar.
Considerando a mesma resolução, o capital principal é formado por cotas, ações ordinárias e
preferenciais não resgatáveis e lucros retidos e, o capital complementar é composto por ações
preferenciais e instrumentos híbridos de capital e dívida que absorvam perdas durante o
funcionamento da instituição financeira. Com relação ao capital de nível 2, é definido na
45
resolução n º4.192, que seja composto por instrumentos de dívida subordinada, capazes de
absorver perdas a quando da inviabilidade de funcionamento da instituição.
Com relação ao índice de alavancagem, é exigido que as instituições financeiras calculem o
índice a partir de 1/1/2013 e divulguem o seu índice e os componentes do cálculo a partir de
1/1/2015. A partir de 1/1/2018, está prevista a exigência de um valor mínimo para o Índice de
Alavancagem, inicialmente previsto em 3%. Segundo o comunicado nº 20.615.
Para a implementação dos índices de liquidez de curto e longo prazo, as instituições
financeiras serão submetidas a estudos de impacto e as mesmas deverão divulgar os principais
componentes dos índices. A partir de 1/1/2015, será exigido um valor superior a 1 para o
índice de liquidez de curto prazo, e para o índice de liquidez de longo prazo, a partir de
1/1/2018. De acordo com o comunicado nº 20.615.
O requerimento mínimo do Patrimônio de Referência terá seu valor adequado às exigências
de Basiléia III, de acordo com o cronograma a seguir:
I - 11%, de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2015;
II - 9,875%, de 1º de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;
III - 9,25%, de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2017;
IV - 8,625%, de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018; e
V - 8%, a partir de 1º de janeiro de 2019.
46
O requerimento mínimo de capital de nível 1, variará de acordo com o seguinte cronograma:
I - 5,5%, de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2014; e
II - 6%, a partir de 1º de janeiro de 2015.
Com relação ao requerimento mínimo de capital principal, desde 1º de outubro de 2013, é
exigido que as instituições financeiras reservem 4,5% do ativo ponderado pelo risco (APR).
Referindo-se ao adicional de Capital Principal, que pode ser compreendido como o somatório
do capital de conservação e o colchão de capital contracíclico, é definido na resolução 4.193
que variará de acordo com o seguinte cronograma:
I – de 0,625% a 1,25%, de 1º de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;
II – de 1,25% a 2,5%, de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2017;
III – de 1,875% a 3,75%, de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018;
IV – de 2,5% a 5%, a partir de 1º de janeiro de 2019.
Segundo a resolução 4.193 de março de 2013, desenvolvida pelo CMN, as instituições
financeiras devem manter montantes do PR, do capital de nível 1 e do capital principal
superiores ao mínimo estabelecido na mesma resolução e com relação ao adicional de capital
principal, é definido que se o nível reservado pelas instituições financeiras for insuficiente
haverá restrições sobre o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, bem como
sobre a variação de bônus ou outros instrumentos de remuneração variável, até que seja
47
sanada a insuficiência de adicional de capital. Demanda que pode ser considerada no Pilar II,
referente ao processo de supervisão, já que, a instituição supervisora avalia a qualidade da
estrutura do capital da empresa mediante a visualização da correta implementação destas
exigências.
Com relação ao Pilar III referente à Disciplina de Mercado, a resolução 4.193 determina que
as instituições financeiras divulguem informações referentes à gestão de riscos, adequação do
PR e que as mesmas sejam confiáveis e relevantes para os usuários externos.
4.3 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia III
Por em Angola ainda estar em avaliação à adequação a Basiléia III, esta avaliação será feita
observando as semelhanças da regulamentação no Brasil e a do Acordo de Basiléia.
Com relação ao Patrimônio de Referencia ou Requerimento de Capital, em Basiléia III é
definido que seja constituído pelo capital de nível 1 e nível 2, demanda aplicada no Brasil.
Ambas regulamentações têm ainda em comum o fato de, o capital de nível 1 ser composto
pelo capital principal e adicional, em que o principal é constituído por ações e lucros retidos,
representando 4,5% do APR, sendo que em Basiléia III é recomendada a implementação da
exigência de capital em 2015 e no Brasil em 2013. Nos dois casos, o capital adicional é
composto por instrumentos híbridos de capital e dívida, o somatório do capital principal e
adicional, capital de nível 1, representará 6% do APR a partir de 2015, e o capital de nível 2 é
constituído por dívidas subordinadas, sendo que o somatório do nível 1 e o 2, requerimento de
capital, será de no mínimo 8%, no entanto, no Brasil a implementação desta exigência
ocorrerá em 2019, enquanto que, Basiléia III recomenda que o mínimo de 8% seja
48
implementado a partir de 2013. Observa-se que o Brasil tem uma postura mais conservadora,
realizando o aumento das exigências de capital com antecedência e as reduções com “atraso”.
O capital de conservação e o capital contracíclico, na resolução 4.193 do CMN, são
referenciados como adicional de capital principal. Em ambas regulamentações é definido que
cada um dos dois tipos de capital varie de zero a 2,5% do APR, sendo que a implementação
ocorrerá de 2016 a 2019 em 4 parcelas de 0,625% do APR. Em ambos os casos, quando o
nível de adicional de capital não corresponder ao exigido, serão desenvolvidas restrições à
distribuição de remuneração variável até que a deficiência de capital seja sanada.
Relativamente ao índice de alavancagem e aos índices de liquidez de curto e longo prazo, em
ambas regulamentações é exigido que as instituições financeiras divulguem os componentes
do cálculo dos três índices, antes do período definido para a implementação dos mesmos.
Com relação à taxa de alavancagem, é definido que a mesma seja, inicialmente, de 3%, sendo
que, em Basiléia III o período de implementação varia de 2013 a 2017, enquanto que no
Brasil varia de 2013 a 2018. Com relação aos índices de liquidez de curto e longo prazo, em
ambas regulamentações, é definido que tenham valor acima de 1 no período de
implementação, sendo que para o índice de liquidez de curto prazo é definida a
implementação em 2015, enquanto que para o índice de liquidez de longo prazo, ocorrerá em
2018.
Segundo ambas regulamentações, o pilar II referente ao Processo de Supervisão e o pilar III
referente à Disciplina de Mercado, se fazem sentir, já que em ambas instituições de
supervisão é exigido que as instituições financeiras implementem de modo adequado e
divulguem em locais de fácil acesso ao usuário, informações sobre a gestão de riscos e
implementação das exigências de capital, sendo que podem ser submetidas a restrições caso
49
não sejam respeitadas as exigências das instituições de supervisão. Em Basiléia III fica
explícito que instituições financeiras com maior relevância sistêmica, receberão atenção
diferenciada, enquanto que no caso do Brasil não fica explícito.
Tabela 5 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia III
Basiléia III Angola Brasil
Pilar I - requerimento mínimo
de capital
Resolução 4.192, de 01/03/2013
Resolução 4.193, de 01/03/2013
Índice de alavancagem Comunicado nº 20.615, de
17/02/2011
Índice de liquidez de curto e de
longo prazo
Comunicado nº 20.615, de
17/02/2011
Capital de conservação e Capital contracíclico
Resolução 4.193, de 01/03/2013
Pilar II – processo de
supervisão Resolução 4.193, de 01/03/2013
Pilar III – disciplina de mercado Resolução 4.193, de 01/03/2013
Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.
50
Tabela 6 – Cronograma de Implementação de Basiléia III
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Capital
principal –
Basiléia III 3,5% 4% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5%
Capital
principal –
Brasil 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5%
Nível I –
Basiléia III 4,5% 5,5% 6% 6% 6% 6% 6%
Nível I -
Brasil 5,5% 5,5% 6% 6% 6% 6% 6%
Patrimônio
de referência
– Basiléia III 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8%
Patrimônio
de referência
- Brasil 11% 11% 11% 9,88% 9,25% 8,63% 8%
Adicional de
capital
principal –
Basiléia III
0,63% a
1,25%
1,25% a
2,5%
1,88% a
3,75%
2,5% a
5%
Adicional de
capital
principal -
Brasil
0,625 % a
1,25%
1,25% a
2,5%
1,875% a
3,75%
2,5% a
5%
PR +
Adicional de
capital –
Basiléia III
8% 8% 8% 8,63% a
9,25%
9,25% a
10,5%
9,88% a
11,75%
10,5% a
13%
PR+Adicional
de capital -
Brasil 11% 11% 11%
10,5% a
11,125%
10,5% a
11,75%
10,5% a
12,375%
10,5% a
13%
Fonte: RISKbank.
51
Tabela 7– Resumo de Basiléia III
Pilar I Basiléia III Angola Brasil Requerimento
mínimo de capital 8% 10% 11%
Capital de nível 1 6% Não 5,5%
Capital principal 4,5% Não 4,5%
Capital de
conservação até 2,5% Não até 2,5%
Capital contracíclico até 2,5% Não até 2,5%
Índice de
alavancagem 3%, (2017) Não 3%, (2018)
Índice de liquidez de
curto prazo >1, (2015) Não >1, (2015)
Índice de liquidez de
longo prazo >1, (2018) Não >1, (2018)
Pilar II e Pilar III
Implementação e divulgação dos
requerimentos de
capital, com maior exigência sobre
instituições
financeiras sistêmicas
Implementação e divulgação dos
requerimentos de
capital
Implementação e divulgação dos
requerimentos de
capital
Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.
5 UK BRIBERY ACT
A Lei Anticorrupção do Reino Unido, UK Bribery Act, foi aprovada aos 8 de abril de 2010 e
entrou em vigor no dia 1°de julho de 2011. De acordo com a PricewaterhouseCoopers
(PwC), a lei atua sobre instituições financeiras estrangeiras estabelecidas no Reino Unido ou
que tenham ações na bolsa de valores do Reino Unido e sobre instituições financeiras
britânicas que atuam no exterior. As punições apresentadas na mesma, são direcionadas a atos
de corrupção ou propina identificados na relação entre instituições privadas e estatais ou entre
instituições privadas.
52
A UK Bribery Act representa uma mudança significativa na legislação do Reino Unido na
área empresarial e de negócios, segundo a Ernest & Young (EY), o texto cria uma legislação
extensa e unificada que pune severamente os infratores, o que faz com que seja considerada,
atualmente, a lei anticorrupção mais rígida do mundo desenvolvido. Considera-se que a lei foi
desenvolvida, de certa forma, para responder à pressão da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) e à crescente crítica internacional com relação à
dificuldade de o Reino Unido aplicar as leis anticorrupção existentes, segundo a Pwc.
De acordo com a American International Group (AIG), o número de fraudes declaradas em
2009 aumentou significativamente e quebrou a barreira de dois bilhões de libras. A pressão
que recai sobre o governo do Reino Unido deriva também, da queda na avaliação do Índice de
Percepção da Corrupção de 2010, feita pela Transparency International2. A pontuação do
Reino Unido caiu de 7,7 em 2009 para 7,6 em 2010, fazendo com que o país passasse da 17ª
para a 20ª posição no ranking internacional.
A Lei UK Bribery, contêm 20 itens que serão resumidos a seguir, com base em informações
disponíveis em National Archives of United Kingdom.
A lei introduz os conceitos de corrupção ativa, quando um indivíduo ou instituição, financeira
ou não, oferece ou promete vantagens a outro indivíduo e de corrupção passiva, quando um
indivíduo ou instituição financeira solicita ou concorda em receber benefícios financeiros ou
outros. Em ambos casos, constitui crime se os benefícios tiverem como objetivo garantir que
uma função ou atividade será realizada de modo inadequado e se, o ato delituoso for praticado
diretamente pelos interessados ou por terceiros.
2 Organização que mede os níveis percebidos de corrupção no setor público em 178 países do mundo, numa
escala de 0 (altamente corrupto) a 10 (altamente íntegro). Sendo que, quanto mais alta a pontuação na escala,
menor a posição no ranking.
53
A Lei é muito rigorosa por ter definido punições severas às pessoas físicas e jurídicas que
cometerem atos de corrupção. As organizações comerciais estão sujeitas a multas ilimitadas, o
Tribunal as definirá de acordo com a relevância do ato praticado, sendo que quando o delito
for praticado pela sociedade, a multa não será paga por apenas um dos parceiros. As pessoas
físicas podem ser condenadas de 10 a 12 anos de cadeia, diretores de instituições podem ser
submetidos a processos de impedimento que proibiriam a atuação neste cargo por até 15 anos
e instituições públicas podem ser excluídas de contratos públicos.
No entanto a Lei estabelece que instituições financeiras ou organizações comerciais indiciadas
por atos de corrupção que comprovarem a existência de procedimentos adequados para evitar
tal conduta, em suas instituições, podem ter suas penas reduzidas ou não ser punidas. Quanto
aos indivíduos, podem não ser punidos se for comprovado que sua conduta foi necessária para
o adequado exercício de uma função do serviço de inteligência ou das forças armadas.
5.1 Equivalente da UK Bribery em Angola
Em Angola não foi desenvolvida uma lei específica em consequência da UK Bribery, no
entanto, dentre as leis desenvolvidas e implementadas em Angola a que mais se aproxima da
UK Bribery é a Lei da Probidade Pública, aprovada pela Assembleia Nacional de Angola em
março de 2010 e que entrou em vigor em junho de 2010. A Lei pune funcionários públicos
que se envolvem em casos de corrupção.
Segundo a Lei da Probidade Pública nº 3 de 2010, foi estabelecido:
Artigo 5º - Princípio da probidade pública: o agente público não pode solicitar ou aceitar
facilidades, ofertas ou presentes para si ou para terceiros, direta ou indiretamente, que afetem
sua liberdade de ação e a autoridade da administração pública;
54
Artigo 31º - Reintegração patrimonial e sanções: perda dos bens ou valores adquiridos
ilicitamente, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, pagamento de multa até
três vezes maior que o acréscimo patrimonial ilícito e proibição de exercer cargos públicos ou
receber incentivos ou benefícios fiscais, direta ou indiretamente, mesmo que por intermédio
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos;
Artigo 32º - Aspectos processuais: instaurada a investigação para apuração de atos de
improbidade, o Ministério Público pode dar conhecimento ao Tribunal de Contas, da
existência do correspondente processo. Havendo fundados indícios de improbidade o
Ministério Público pode requerer ao Tribunal competente, o arresto dos bens, incluindo o
congelamento de contas bancárias do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente,
sendo que, o Tribunal deve proferir uma resposta ao requerimento no prazo máximo de 20
dias;
5.2 Equivalente da UK Bribery no Brasil
A Lei Anticorrupção Empresarial nº 12.846 de 2013, foi sancionada em 1º de agosto de 2013
pela Presidente Dilma Rousseff e entrou em vigor no dia 29 de janeiro de 2014. A lei
desenvolveu um sistema anticorrupção empresarial com características próximas ao UK
Bribery Act, do Reino Unido e impõe responsabilidade civil e administrativa, a pessoas
jurídicas por atos de corrupção praticados em território nacional ou internacional sobre
instituições brasileiras ou estrangeiras.
A lei teve seu processo de sanção acelerado em parte pelos protestos contra a corrupção que
se acirraram com as revelações do Mensalão e com as suspeitas de superfaturamento das
obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Sendo que é necessário levar em consideração,
55
também, que o Brasil assinou a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários
Públicos Estrangeiros, desenvolvida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). Embora o Brasil não seja membro da OCDE, a aprovação da Lei é
importante para colocar o Brasil no grupo das nações que têm leis específicas para combater a
corrupção empresarial e para demonstrar o compromisso do Brasil com o Estado de Direito.
A lei anticorrupção nº 12.846/2013 é constituída de 7 capítulos que serão resumidos a seguir,
de acordo com publicação do Diário Oficial da União:
Capítulo 1 – Disposições gerais: a Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira. Sendo estes atos lesivos praticados para o interesse ou benefício,
exclusivo ou não da pessoa jurídica. A lei pune pessoas jurídicas, administradores e dirigentes
ou qualquer pessoa natural que participe, ou seja, autora de ato ilícito, inclusive, os casos de
fusão e incorporação e as empresas controladas e coligadas, são responsabilizadas de acordo
com o nível de envolvimento no ato ilícito e estão sujeitas ao pagamento de multas e
reparação de danos.
Capítulo 2 – Dos atos lesivos à administração pública nacional e estrangeira: os atos
lesivos praticados pelas pessoas jurídicas que atentam contra o patrimônio público nacional
ou estrangeiro incluem prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida
a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; comprovadamente, utilizar-se de
pessoa física ou jurídica para ocultar seus interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos
praticados; fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente e dificultar atividades de
investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos.
56
Capítulo 3 – Da responsabilização administrativa: pelos atos lesivos praticados, as pessoas
jurídicas estão sujeitas ao pagamento de multa que varia de 0,1% a 20% do faturamento bruto
do exercício anterior ao da instauração do processo administrativo e caso não seja possível
avaliar pelo faturamento bruto, é imposta uma multa que varia de seis mil reais a sessenta
milhões de reais, sendo que a aplicação das sanções não exclui a obrigação de reparação
integral do dano causado. A publicação da decisão condenatória ocorrerá em meios de
comunicação de grande circulação na área em que ocorreu a infração e de atuação da pessoa
jurídica; em publicação de circulação nacional; por meio de afixação de edital, pelo prazo
mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da atividade,
de modo visível ao público e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
Capítulo 5 – Do acordo de leniência: a autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública
poderá realizar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos
previstos nesta Lei que colaborem com as investigações e o processo administrativo, ajudando
a identificar os demais envolvidos na infração e a obter com rapidez informações e
documentos que comprovem o ilícito. O acordo poderá ser celebrado, se a pessoa jurídica for
a primeira a demonstrar interesse em cooperar e cesse o seu envolvimento na infração
investigada. A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções
referentes à publicação extraordinária da decisão condenatória, e à proibição de receber
incentivos ou subsídios de órgãos ou entidades públicas pelo prazo que varia de 1 a 5 anos e
reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. Em caso de descumprimento do
acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3
(três) anos.
Capítulo 6 – Da responsabilização judicial: quando confirmada a prática de atos lesivos a
instituições públicas nacionais ou estrangeiras, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
57
Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão determinar a aplicação das seguintes
sanções às pessoas jurídicas infratoras: perda dos bens, direitos ou valores que representem
vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, garantindo os direitos do
lesado ou de terceiro de boa-fé; suspensão ou interdição parcial de suas atividades; dissolução
da pessoa jurídica; e proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou
empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou
controladas pelo poder público, pelo prazo que varia de 1 a 5 anos.
Capítulo 7 – Disposições finais: criação no âmbito do Poder Executivo Federal, do Cadastro
Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas
pelos órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Sofrerá
responsabilização penal, civil e administrativa de acordo com legislação específica aplicável,
a autoridade competente que tendo conhecimento das infrações previstas nesta Lei, não adotar
providências para a apuração dos fatos. Concluindo, a lei anticorrupção aplica-se aos atos
lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra a administração pública nacional ou
estrangeira, ainda que cometidos no exterior.
5.3 Conclusões sobre a Implementação de UK Bribery
Com base nas informações supracitadas, podemos observar que no Brasil foi desenvolvida a
lei Anticorrupção Empresarial nº 12.846/2013 nos moldes da Lei Anticorrupção do Reino
Unido de 2010, enquanto que em Angola a Lei da Probidade Pública de 2010, foi
desenvolvida como um esforço para conter casos de procedimentos impróprios por parte de
funcionários públicos angolanos.
58
Com relação aos casos de corrupção ativa, em que um agente promete ou oferece benefícios a
outro, direta ou indiretamente, com intuito de obter facilidades, a lei da Probidade Pública não
estabelece nenhum artigo sobre este tipo de corrupção, enquanto que a lei nº 12.846/2013
considera crime prometer ou oferecer benefícios a entidades públicas nacionais ou
estrangeiras com o intuito de praticar ato ilícito, sendo esta atividade praticada por pessoa
física ou jurídica. Podemos observar que a lei brasileira é a que mais se aproxima da britânica,
no quesito corrupção ativa, sendo que a UK Bribery é mais abrangente, pois considera ato
ilícito a corrupção ativa praticada por pessoas físicas ou jurídicas sobre entidades públicas ou
privadas, nacionais ou estrangeiras.
Quanto à corrupção passiva que ocorre quando um agente solicita ou recebe vantagens para
realizar uma função de modo imprório, a lei da Probidade Pública defende que um agente
público não deve receber benefícios, direta ou indiretamente, que comprometam a sua correta
atuação, sendo que a lei 12.846/2013 não cita este tipo de delito. Com relação à corrupção
passiva a lei angolana se aproxima mais da UK Bribery, sendo que a lei britânica é mais
abrangente por punir funcionários públicos ou não, envolvidos em corrupção passiva.
Com relação às sanções, a lei da Probidade Pública define que quando comprovado o ato
ilícito, o funcionário de instituição pública poderá perder a função pública, estar sujeito a
pagar o triplo dos bens adquiridos ilicitamente e perder o direito de exercer cargos públicos ou
receber incentivos fiscais por 10 anos, no caso da lei 12.846/2013 pode ocorrer a perda dos
bens obtidos ilicitamente, integração da pessoa jurídica ao Cadastro Nacional de Empresas
Punidas, publicação da decisão condenatória em meios de comunicação de grande circulação,
proibição de receber incentivos ou doações pelo prazo que varia de 1 a 5 anos, aplicação de
multa que varia de 0,1% a 20% do faturamento bruto do período anterior à punição ou multa
que varia de 6 mil a 60 milhões de reais. Avaliando a lei brasileira e a angolana, pode
59
considerar-se que a brasileira é mais dura por punir e publicar a decisão condenatória de quem
comete ato ilícito. Sendo que a UK Bribery mostra-se mais rígida ao definir punição ilimitada
para pessoas jurídicas e mais ampla por apresentar punição para pessoas físicas.
As penas podem ser reduzidas ou descartadas. No caso da lei 12.846/2013, a pena pode ser
reduzida quando a pessoa jurídica acusada de ato ilícito se compromete a colaborar com a
justiça e cessa o envolvimento no ato ilícito, no caso da lei da Probidade Pública não há
informações sobre este aspecto. Deste modo a lei brasileira aproxima-se mais da UK Bribery
que expõe que quando o indivíduo consegue provar que o seu ato ilícito foi necessário para
realização de um serviço da inteligência ou das forças armadas, não é punido pela lei e a
organização que consegue comprovar que possui procedimentos adequados para evitar atos
corruptos de seus associados, pode ter sua pena reduzida.
Ambas leis têm em comum o fato de desenvolverem regras referentes à corrupção, no entanto,
a UK Bribery pune atos ilícitos praticados por pessoas físicas ou jurídicas sobre funcionários
públicos ou não, no Reino Unido ou no exterior, a lei 12.846/2013 pune atos ilícitos
praticados por pessoas físicas ou jurídicas sobre funcionários públicos, no Brasil ou no
exterior e em Angola a lei atua sobre funcionários públicos, para que casos de corrupção
sejam evitados, não havendo explicação sobre a aplicação da lei no exterior.
60
Figura 2: Ranking de Percepção da Corrupção A
Fonte: Transparency International
Figura 3: Ranking de Percepção da Corrupção B
Fonte: Transparency International
Angola
Moçambique
Africa do Sul
Reino Unido
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Brasil
Chile
Reino Unido
Argentina
0
20
40
60
80
100
120
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
61
Com base em informações sobre abuso de poder, negócios secretos e corrupção, o Trans
parency International, desenvolve anualmente um ranking sobre a percepção da corrupção em
instituições públicas. Pelas figuras anteriores podemos observar que dentre os países
selecionados, Angola tem a pior posição no intervalo observado, sendo que em 2013 Angola
estava na 153ª posição e o Brasil na 72ª. O Reino Unido e o Chile são os países com as
melhores posições no ranking apresentando em 2013 a 14ª e 22ª posições, respectivamente.
No caso do Reino Unido, observa-se que a partir de 2010 houve melhora no posicionamento
do país, que pode ser efeito da lei UK Bribery publicada na mesma data, no caso de Angola
começou a ocorrer uma redução do posicionamento apenas em 2011, um ano após a entrada
em vigor da lei da Probidade Pública e com relação ao Brasil observa-se uma oscilação no
período de 2010 a 2013, sendo que de 2012 a 2013 houve aumento no ranking,da 69ª a 72ª
posição, respectivamente, que talvez seja consequência das suspeitas de superfaturamento das
obras para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos.
Tabela 8 – Regulamentações Consolidadas de UK Bribery
Reino Unido Angola Brasil
Lei Anticorrupção do Reino
Unido de 2010 Lei da Probidade Pública nº3 de
2010 Lei Anticorrupção Empresarial
nº 12.846 de 2013
Fonte: Autora com informações do Diário Oficial da União, do National Archives of UK
e do Diário Oficial da República de Angola.
62
Tabela 9 – Resumo de UK Bribery
Reino Unido Angola Brasil
Corrupção ativa Sim Não Sim
Corrupção passiva Sim Sim Não
Penalidades
Pessoas físicas: 10 a
12 anos de prisão;
proibição de
diretores exercerem a
função por até 15
anos
Pessoa jurídica:
multa ilimitada
Pessoas físicas: perde
o emprego; paga até
o triplo do adquirido
ilicitamente;
proibição de receber
incentivos fiscais por
até 10 anos
Pessoas jurídicas:
inclusão no Cadastro
Nacional de
Empresas Punidas
(CNEP); multa de
0,1% a 20% do
faturamento bruto ou
pagamento de 6 mil a
60 milhões de reais;
proibição de receber
subsídios ou doações
por até 5 anos;
ressarcimento do
dano causado
Acordo de leniência Sim Não Sim
Amplitude da lei
Atos de corrupção
praticados no Reino
Unido e no exterior
Atos de corrupção
praticados em
Angola
Atos de corrupção
praticados no Brasil e
no exterior
Fonte: Autora com informações do Diário Oficial da União, do National Archives of UK
e do Diário Oficial da República de Angola.
6 DODD-FRANK ACT
A lei Dodd-Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção a Consumidores, Dodd-Frank
Wall Street Reform and Consumer Protection Act (DFA), entrou em vigor aos 21 de julho de
2010, mediante assinatura do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A lei é
consequência do debate sobre a reforma financeira nos Estados Unidos, gerado pela crise
financeira de 2008. Segundo a Anbima(b), a teoria dominante era a de que a desregulação
financeira, gerou um excesso de liberdade que acompanhado de inovações financeiras, como
63
processos de securitização e de ressecuritização, teriam permitido a ocultação de riscos de
proporções sistêmicas.
A lei DFA é uma resposta às críticas relativas à qualidade das instituições de supervisão, à
falta de interação entre as instituições de supervisão de instituições financeiras e de
instituições que exerciam atividades financeiras, ao nível inadequado de transparência de
riscos de algumas instituições e é também uma reação legislativa de repressão à fraude e
temeridade, de amplitude e severidade proporcional às desordens financeiras que gestaram a
crise de 2008, de acordo com Sicomercio (2012).
Com o objetivo de atender as demandas e sanar as deficiências do sistema financeiro norte-
americano, pós-crise de 2008, DFA desenvolveu um novo regime regulatório projetado para
gerar maior transparência e acesso ao mercado de swaps com base em valores mobiliários,
adotou regras que resultarão em aumento da fiscalização e transparência de fundos de hedge,
controle da remuneração de executivos e estabeleceu um programa de denúncias, que oferece
incentivos aos indivíduos que tiverem informações referentes a violações de leis. De acordo
com a SEC, a lei representa a maior mudança na legislação financeira desde 1930, irá afetar
instituições financeiras que são e operam nos Estados Unidos. Instituições financeiras e
empresas comerciais terão que se adaptar a mudança histórica no setor bancário, de valores
mobiliários, de derivativos, na remuneração de executivos, na proteção dos consumidores e
governança corporativa. As exigências serão maiores sobre as instituições financeiras grandes
e complexas, mas as instituições menores também enfrentarão um quadro regulamentar
complicado e caro.
A DFA é ambiciosa na sua cobertura. O grande número de áreas sobre as quais os legisladores
se debruçaram se reflete na enorme extensão do documento com 16 títulos, mais de 500
64
formulações e 800 páginas. Em consequência da complexidade da lei, a promulgação da
mesma, está longe de encerrar o processo de reforma, considerando que a introdução das
novas regras poderá ser realizada em um intervalo de cinco anos. (Anbima(b)).
A lei Dodd-Frank será resumida a seguir, usando informações contidas em Securities and
Exchange Commission, Sicomercio (2012), Anbima(b):
Título I Estabilidade Financeira. Ao perceber que não é fácil identificar o risco sistêmico, o
governo norte americano desenvolveu um Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira,
que tem como função identificar sinais precoces de acumulação de desequilíbrios que possam
gerar uma crise sistêmica e tomar as providências necessárias para evitá-la. Esse Conselho
será liderado pelo secretário do Tesouro e reunirá representantes de todos os órgãos de
regulação e supervisão financeira do país.
Os indicadores de relevância sistêmica que serão levados em consideração, incluem, o
tamanho da instituição financeira, o grau de interconexão da instituição com outras, o nível de
alavancagem, a natureza de ativos e passivos e a dependência de financiamentos de curto
prazo. Pela DFA, instituições financeiras com ativos a partir de US$50 bilhões merecem
atenção especial por parte do Conselho de Estabilidade, que pode exigir a redução ou
transferência, total ou parcial de atividades próprias ou de afiliadas. Quanto às instituições
bancárias, há poder de supervisão estabelecido em Lei, tanto para companhias americanas
quanto estrangeiras, com atividades nos EUA.
Título II Autoridade para Liquidação Ordeira. A Lei instituiu, no Tesouro dos EUA, o
Fundo de Liquidação Ordeira responsável por avaliar a caracterização legal de uma
65
companhia financeira, as causas para recomendar sua liquidação, alternativas a liquidação e
os efeitos da liquidação sobre acionistas, credores e outros participantes do mercado.
O Fundo obtém recursos de taxas especiais recebidas pelo Federal Deposit Insurance
Corporation (FDIC) e pela venda de obrigações por ele emitidas, juros e outros retornos de
investimentos; pela aplicação de recursos ociosos em obrigações do Tesouro; e pelos
pagamentos feitos pelas empresas liquidandas. Recursos estes, utilizados para o pagamento de
despesas administrativas e outros pagamentos autorizados por Lei.
A administração da companhia designada para liquidação pode concordar, ou não. Se não
aquiescer, o Secretário do Tesouro submeterá, sigilosa e motivadamente, o conflito à Corte do
Distrito de Colúmbia (Washington-USA) e qualquer pessoa que viole tal sigilo será submetida
a uma multa de até US$250 mil ou a prisão de até cinco anos. Os administradores, credores,
acionistas e qualquer outra pessoa considerada causadora da condição financeira da
liquidanda, arcará com as perdas de acordo com suas responsabilidades na instituição.
Título III Transferência de Poderes para o Comptroller of Currency, para a Federal
Deposit Insurance Corporation (FDIC) e para o Board of Governors do Federal Reserve
System-FED. A transferência de poderes tem como objetivo promover a operação segura e
sólida do sistema bancário dos Estados Unidos, preservar e proteger o sistema de instituições
federais e estaduais de depósito, garantir a fiscalização justa e adequada de cada instituição de
depósito independentemente do tamanho e, modernizar e racionalizar a supervisão de
instituições de depósito e as holdings de instituições de depósito como, bancos comerciais e
associações de poupança e empréstimo.
66
Título IV Regulamentação dos Assessores para Fundos de Hedge. Neste título é definido
que fundos de hedge e outros fundos com mais de US$150 milhões de patrimônio, perdem a
isenção de registro em agências de supervisão. Tais fundos administrados por assessores, com
carteiras multimercados deverão registrar-se na SEC, fornecendo às autoridades informações
sobre administradores, funcionários, investidores, investimentos, endividamento, posições e
movimentações antes resguardadas como se fossem privadas.
Título V Seguros. A Lei desenvolveu um Escritório Federal de Seguros na estrutura do
Departamento do Tesouro, para preencher a lacuna gerada pela supervisão dispersa das
atividades de seguro, nos Estados. Suas atribuições incluem monitorar todos os aspectos deste
setor e falhas na regulamentação que possam influenciar no risco sistêmico. Poderá, apontar
uma seguradora ou suas afiliadas ao Conselho de Estabilidade Financeira, como entidades
financeiras não bancárias a serem sujeitas a normas especiais de monitoramento, ou mesmo,
para liquidação.
Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de
Poupança e Instituições Depositárias. Passa-se a exigir que os regulamentos prevejam
níveis mais apropriados de capital das supervisionadas, como holdings bancárias, instituições
depositárias e de poupança e empréstimo, que cresça em tempos de expansão econômica e
decresça em tempos de contração econômica, de acordo com a segurança e bom estado da
companhia.
Título VII Transparência e Confiabilidade de Wall Street (Regulação do mercado de
Swaps e de mercados de títulos lastreados por swaps). Agências de supervisão do mercado
de swaps passam a ter o direito de coletar quaisquer dados concernentes ao risco sistêmico,
proibir e regular alguns tipos de operações mais arriscadas. Este título tende a padronizar
67
swaps e outros derivativos facilitando o registro e a negociação por instituições autorizadas,
operações realizadas através de contrapartes centrais, com garantias autoliquidáveis, em
sistemas de compensação ou liquidação. Deste modo, derivativos padronizados ou sob
medida, passam a ser mais vigiados, os riscos e as garantias fornecidas são melhor avaliados.
Título VIII Supervisão de pagamentos, compensações e liquidações. O bom
funcionamento do sistema financeiro depende de acordos seguros e eficientes para a
compensação e liquidação de pagamentos, títulos e outras transações financeiras. Para
promover a segurança e eficiência, são usados programas que realizam e dão suporte às
operações de pagamento, compensação e liquidação, no entanto, estes utilitários podem
concentrar e criar novos riscos, por isso, devem ser bem desenvolvidos e operados.
Este título tem como objetivo mitigar o risco sistêmico, promover a estabilidade e fortalecer a
liquidez do sistema financeiro, autorizando que o Conselho de Diretores do Federal Reserve
(FED) desenvolva padrões tanto para a gestão de riscos, realizada pelos utilitários, quanto
para, o funcionamento de instituições financeiras, de relevância sistêmica, que realizam
pagamentos, liquidações e compensações.
Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. Na
Securities and Exchange Commission (SEC), foi desenvolvido o Comitê de Aconselhamento
de Investidores, que terá como função informar e consultar a SEC sobre prioridades da
regulamentação; regulamentação, estratégias de negociação, estrutura de custos e eficácia da
divulgação de valores mobiliários; qualidade e eficácia das informações fornecidas por
corretores e consultores de investimento; iniciativas para proteger os interesses e promover a
confiança dos investidores; e ações para manter a integridade do mercado de títulos e valores
mobiliários.
68
O método de destaque desenvolvido nesta lei para garantir a proteção de investidores e
melhorias na regulação de valores mobiliários, é a remuneração de delatores. O individuo que
fornecer informações relevantes, referentes à violação das leis de valores mobiliários e não só,
receberá como prêmio, de 10% a 30% do valor da sanção correspondente a sua ação e só será
premiado o agente que não tenha a obrigação de denunciar tais desvios, como funcionários de
agências de regulação ou do departamento de justiça. Inclusive, estes delatores são protegidos
por lei e não podem sofrer qualquer retaliação como demissão ou ameaças, diretas ou
indiretas promovidas por seus empregadores.
Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. Este título refere-se à criação do
Birô de Proteção Financeira ao Consumidor (Bureau of Consumer Financial Protection -
BCFP), órgão desenvolvido como parte do Federal Reserve, com amplos poderes de
supervisão e imposição de procedimentos, sem subordinação ao FED.
O BCFP tem como função tornar a disponibilidade do crédito honesta e não prejudicial ao
consumidor, tem como lema: “Saiba o que vai fazer, antes de se comprometer”, para tal, torna
aparentes e explícitos os ônus que o consumidor irá assumir a longo prazo, para que o mesmo
não seja enganado pelas prestações iniciais atraentes.
Em 2014, a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor dos EUA multou o Bank of
America em 20 milhões de dólares por alegações de marketing enganoso de produtos e
práticas injustas de faturamento.
Título XI Autorizações para o Federal Reserve System. Neste título é definido que o
Conselho de Diretores do FED (Board), deve estabelecer, consultando o Secretário do
Tesouro, políticas e procedimentos para a concessão de empréstimos de emergência,
69
consequentemente, o Board não pode estabelecer qualquer programa ou facilidade nos termos
deste parágrafo, sem a aprovação prévia do Secretário do Tesouro.
As políticas e procedimentos definidos pelo Board devem garantir que o empréstimo de
emergência ou facilidade, tem como objetivo dar mais liquidez ao sistema financeiro, apoiar
instituições financeiras que não estejam em processo de falência, garantir que os empréstimos
de emergência são seguros o suficiente para proteger os contribuintes de perdas e garantir que
estes programas de apoio são encerrados de modo oportuno e ordenado. Para garantir que não
seja realizado empréstimo a instituições financeiras insolventes, é exigido que o presidente da
instituição financeira (CEO), emita um certificado garantindo que a instituição financeira não
é insolvente, e assim mesmo, o Board faz uma análise da instituição, avaliando se a mesma
está em processo de falência, levando em consideração o estabelecido pelas leis federais e
estaduais, em relação ao assunto.
Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. O objetivo deste
título é estimular produtos e serviços financeiros, apropriados e acessíveis a milhões de
americanos que não estão totalmente incorporados no sistema financeiro. A Secretaria do
Tesouro foi autorizada a desenvolver programas de subsídios e acordos de cooperação com
instituições financeiras, para promover iniciativas que permitam que pessoas de renda baixa e
moderada possam abrir contas em instituições de depósito federalmente seguradas, tenham
facilidade para prestar contas, possam obter empréstimos de baixo custo, educação financeira
e aconselhamento relativo à realização de transações e gerenciamento de contas.
Título XIII Repagamentos (TARP e outros). Este título determina que, qualquer montante
recebido pela Secretaria do Tesouro que provenha do reembolso do capital de assistência
financeira fornecido às instituições, deve ser depositado no Fundo Geral do Tesouro e ser
70
usado para redução do déficit orçamentário e não deve ser usado para aumentos de gastos ou
reduções de receitas.
Título XIV Reforma do Sistema de Hipotecas e Empréstimos Predatórios. O Congresso
percebeu que a estabilidade da economia poderá ser mantida, se o crédito consequente de
hipotecas residências for controlado e regulado, garantindo que, o crédito hipotecário
confiável e de baixo custo, continuará acessível para os consumidores. Deste modo, o objetivo
deste título é assegurar que os consumidores recebem empréstimos de hipotecas residenciais,
com termos que reflitam sua habilidade de pagar e que não sejam injustos ou abusivos.
Título XV Miscelânea. O Secretário do Tesouro deve instruir o Diretor Executivo dos
Estados Unidos, integrante do Fundo Monetário Internacional, a avaliar qualquer proposta de
empréstimo solicitada por um país, cujo, montante da dívida pública ultrapassa o produto
interno bruto, a partir do ano mais recente para o qual haja dados disponíveis e avaliar se o
país não está apto a receber assistência da Associação Internacional de Desenvolvimento.
6.1 Equivalente de Dodd-Frank em Angola
Para avaliar DFA, tanto em Angola quanto no Brasil, foram selecionados 6 títulos que
representam a abrangência e complexidade da lei.
Título I Estabilidade Financeira. O Comitê de Estabilidade Financeira (COMEF),
constituído através do Despacho nº 46/2012, é um órgão do Banco Nacional de Angola
responsável pela estabilidade financeira, que tem como objetivo a definição de diretrizes e
estratégias para a mitigação do risco sistêmico, bem como a promoção e adoção de políticas
em articulação com as demais entidades de supervisão do sistema financeiro nacional.
71
Título V Seguros. Referente ao título sobre seguros, em Angola, a Agência Angolana de
Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), exerce a função de regulação e fiscalização da
atividade seguradora, resseguradora e de fundos de pensão. A ARSEG, atua de modo a
garantir o funcionamento equilibrado do mercado financeiro, evitando a ocorrência de riscos
sistêmicos; e apreciar e emitir parecer sobre a autorização de constituição, fusão, liquidação
ou cancelamento da autorização de empresas do mercado de seguros, resseguros ou fundos de
pensão.
A ARSEG colabora, nas matérias de sua competência, com todas as autoridades nacionais, em
especial com o Banco Nacional de Angola e a Comissão do Mercado de Capitais, para
assegurar a proteção dos direitos e obrigações de todas as partes intervenientes no setor, com
vista a assegurar a eficácia da supervisão global do sistema financeiro, o equilíbrio das contas
públicas e a prevenção da ocorrência de riscos sistêmicos.
O Estatuto Orgânico da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG)
foi desenvolvido pelo Decreto Presidencial nº 141/13, de 27 de setembro de 2013.
Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de
Poupança e Instituições Depositárias. Em Basiléia III é definido um adicional de capital,
constituído pelo capital de conservação e o colchão de capital contracíclico, que variam de
acordo com a situação macroeconômica com o objetivo de conter perdas em períodos de
revés. Em Angola, ainda não foi implementado Basiléia III, logo, não existe o recurso do
adicional de capital e observando a economia angolana, não foi possível encontrar uma
medida macroeconômica próxima da exigida neste título.
72
Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. A
Comissão do Mercado de Capitais (CMC) tem como função expedir normas e regras
necessárias a aplicação das leis sobre o mercado de capitais e sobre as atividades que neste se
desenvolvem; regular as atividades das entidades sob a sua supervisão e garantir que as
mesmas obedeçam aos princípios da legalidade, da clareza e da publicidade; opinar sobre a
substituição da Administração das entidades gestoras e operadoras sempre que nelas se
verifique situações anômalas; proteger os investidores; garantir eficiência e transparência no
mercado de valores mobiliários e reduzir o risco sistêmico.
Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. No Aviso nº 02/2011, de 1 de
junho, são definidas regras e procedimentos a serem aplicados pelas instituições financeiras
para proteção ao consumidor de serviços e produtos financeiros.
A instituição financeira na sua relação com os clientes deve agir com competência, prudência,
boa fé, de modo a não defraudar o cliente de forma deliberada, abusiva, coerciva ou por
propaganda enganosa; deve respeitar o direito do cliente de escolher e mudar de produtos ou
serviços, bem como de instituição financeira; obter do cliente informações relevantes e
necessárias para aferir a capacidade de cumprimento das suas obrigações relativas aos
produtos e serviços solicitados; informar por escrito de forma clara e compreensível as taxas,
comissões e outras despesas cobradas nas operações; possibilitar ao cliente o acesso a
mecanismos adequados e funcionais de reclamação para a resolução de problemas de maneira
diligente; e deve informar e formar os trabalhadores sobre as normas de transparência e de
proteção do consumidor.
Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. Em Angola,
para a inclusão financeira da população, existe a parceria entre a Associação Angolana de
73
Bancos (ABANC), nove bancos comerciais, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor
(INADEC) e organizações não governamentais (ONG).
A parceria com os bancos comerciais permitiu a criação de contas bancárias simplificadas,
com taxas acessíveis à população de baixa renda e baixas exigências de documentação. As
ONGs atuaram de modo a informar a população, quais as vantagens de possuir conta
bancária, para tal foram realizadas campanhas nos mercados municipais, distribuídos folhetos
e difundidos anúncios na rádio e televisão. A criação de correspondentes bancários foi
estimulada, para compensar a fraca penetração da rede bancária em áreas mais remotas do
país.
Com o objetivo de reforçar a educação financeira, O Banco Nacional de Angola lançou, em
setembro de 2012, o Portal do Consumidor de Produtos e Serviços Financeiros, que contem
informações sobre cartões, cheques, transferências, crédito, homebanking, direitos dos
consumidores financeiros, quais instituições financeiras operam no país e contem conselhos
úteis sobre segurança e prevenção de fraudes.
6.2 Equivalente de Dodd-Frank no Brasil
Título I Estabilidade Financeira. O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), criado pela
Portaria nº 65.180 de 18 de maio de 2011, é um órgão de governança do Banco Central que
tem por objetivo, determinar a realização de estudos relativos à estabilidade financeira e à
prevenção do risco sistêmico bem como definir as estratégias do BC para a condução dos
processos relacionados à estabilidade financeira.
Título V Seguros. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável
pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização
74
e resseguro. Zela pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado sob sua
tutela; processa os pedidos de autorização, para constituição, organização, funcionamento,
fusão, transferência de controle acionário e reforma dos Estatutos das Sociedades
Seguradoras; realiza a liquidação das seguradoras que tiverem cassada a autorização para
funcionar; pode atuar em conjunto com órgãos de regulação e fiscalização como a Comissão
de Valores Mobiliários ou demais órgãos reguladores e fiscalizadores do sistema financeiro
brasileiro, garantindo deste modo o controle do risco sistêmico em todo o sistema financeiro.
Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de
Poupança e Instituições Depositárias. No Brasil, Basiléia III foi implementado e em
consequência disso, a medida adicional de capital principal compreendida pelo capital de
conservação e pelo colchão de capital contracíclico. Esta medida funciona como proteção em
períodos de crise, já que, em períodos de crescimento econômico, o nível de capital que deve
ser reservado é maior.
Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. A
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atua de modo a disciplinar o funcionamento do
mercado de valores mobiliários. Para exercer tal função realiza o credenciamento de auditores
independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários; zela pela regularidade e
confiabilidade das informações divulgadas pelas companhias sob sua tutela; tem uma
estrutura destinada a prestar orientação aos investidores ou acolher denúncias e sugestões e
protege os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais, de
administradores e acionistas controladores de companhias, ou de administradores de carteira
de valores mobiliários.
75
De acordo com a lei n°7492, que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, o
coautor ou partícipe de um crime ao sistema financeiro, que confessar espontaneamente à
autoridade judicial, o delito do qual participou, poderá ter sua pena reduzida de um a dois
terços, condição que caracteriza um prêmio pela delação.
Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. Com relação a este título, no
Brasil, o Banco Central do Brasil desenvolveu a Diretoria de Relacionamento e Proteção ao
Usuário de Serviços Financeiros, que tem como função exigir transparência das instituições
financeiras, para que os investidores tenham conhecimento das taxas e ônus e tenham
liberdade para selecionar as instituições e operações mais adequadas. A Diretoria também
recebe reclamações e dá esclarecimentos aos consumidores.
Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. O Banco Central
do Brasil atua com uma estratégia de inclusão financeira que tem as seguintes vertentes:
expansão e solidez dos canais de acesso a serviços financeiros; criação de produtos e serviços
adequados aos segmentos da população com rendimentos mais baixos; garantia da qualidade
na prestação de serviços financeiros.
Os correspondentes financeiros como, postos de correios, padarias, lojas e supermercado,
fazem a intermediação de serviços de pagamento, recebimento de depósitos e movimentações
de contas, podendo também efetuar propostas de abertura de conta, de operações de crédito e
de contratação de cartões de crédito. Em 2004, foi criada a conta bancária simplificada, com o
objetivo de promover a inclusão financeira dos grupos populacionais com menores
rendimentos, contas em que a exigência de documentação é menor e não são cobradas
comissões.
76
O Brasil tem uma Estratégia Nacional de Educação Financeira dinamizada pelos reguladores
do sistema financeiro – Banco Central do Brasil (BCB), Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) e
Superintendência de Seguros Privados (Susep) – e pelos Ministérios da Fazenda, da
Educação, da Previdência Social e da Justiça. A condução da estratégia é feita pelo Comitê
Nacional de Educação Financeira, que, além das oito instituições governamentais
mencionadas, conta ainda com quatro representantes da sociedade civil.
6.3 Conclusões sobre a Implementação de Dodd-Frank
Com relação ao item Estabilidade Financeira, em Dodd-Frank (DFA) foi estabelecido o
Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira, que atua em comunhão com os órgãos de
supervisão existentes no mercado norte americano, para que possam ser identificados indícios
de risco sistêmico e combatê-los, em Angola e no Brasil foi desenvolvido o Comitê de
Estabilidade Financeira, que realiza as funções definidas em DFA nas suas respectivas
economias.
O título Seguros em Angola, é aplicado por existir uma instituição responsável pela promoção
e controle do risco sistêmico no setor de seguros, a ARSEG, sendo que, a mesma atua em
parceria com outras instituições reguladoras do sistema financeiro, e emite parecer sobre a
liquidação e fusão das instituições de seguros. No Brasil, a SUSEP tem funções similares,
como, manter o equilíbrio do setor de seguros, avaliar e emitir parecer sobre liquidação e
fusão de instituições de seguros e inclusive, pode atuar aliada as outras instituições de
supervisão do sistema financeiro ou ao Conselho Monetário Nacional.
77
No título VI, é definido que a exigência de capital em instituições bancárias e de depósito
aumente em períodos de expansão econômica e decresça em períodos de recessão. Em
Basiléia III, existem os mecanismos do capital de conservação e o colchão de capital
contracíclico, que apresentam as características exigidas neste capítulo, no entanto, no Brasil
as exigências deste título são observadas, enquanto que em Angola não, já que, Basiléia III
ainda não foi implementado.
Com relação à proteção de investidores e melhorias na regulação de valores mobiliários, em
DFA foi desenvolvido um Comitê de Aconselhamento de Investidores, que tem como função
informar e apoiar os investidores nos temas concernentes à qualidade das instituições e dos
corretores, aos direitos dos investidores e à qualidade das informações prestadas. Este Comitê
é parte da SEC (Securities Exchange Commission), órgão regulador do mercado de capitais
norte americano, cuja sua similar em Angola é a Comissão do Mercado de Capitais e no
Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários. Em ambos os países as instituições realizam as
funções referentes a proteção aos investidores exigidas neste título. Outro ponto relevante
deste título é a delação premiada. No Brasil a delação premiada é relativa a participantes em
crimes que colaboram, espontaneamente, com os investigadores fornecendo informações
relevantes sobre outros, e por tal têm suas penas reduzidas. Com relação a Angola, não foram
encontrados registros referentes à delação premiada. Logo, o caso do Brasil é que mais se
aproxima do exigido em DFA.
No título referente à Agência de Proteção Financeira ao Consumidor, em DFA foi
desenvolvido o Birô de Proteção Financeira ao Consumidor, no Brasil foi desenvolvida a
Diretoria de Relacionamento e Proteção ao Usuário de Serviços Financeiros, enquanto que em
Angola a proteção dos consumidores de serviços financeiros é apenas exigida por lei, sem que
haja uma instituição responsável por tal. Os três casos têm em comum a exigência de as
78
instituições financeiras, prestarem informações claras e confiáveis sobre as taxas e ônus das
suas operações e possibilitarem ao cliente o acesso a mecanismos adequados e funcionais de
reclamação.
Com relação ao Aumento do Acesso a Produtos Financeiros, em Angola e no Brasil foram
desenvolvidas contas simplificadas, em que não são cobradas taxas e a exigência de
documentação é baixa, ambos os países contam com a parceria de correspondentes bancários,
em áreas de baixa penetração bancária, lojas e padarias que realizam operações de crédito,
pagamento e depósito. Ainda no âmbito de inclusão da população de baixa renda no mercado
financeiro, em Angola foi desenvolvido o Portal do Consumidor de Produtos e Serviços
Financeiros e no Brasil, a Estratégia Nacional de Educação Financeira, em que são
disponibilizadas informações sobre as operações do sistema financeiro, sobre os direitos dos
investidores e conselhos sobre segurança e prevenção de fraudes. Atuação que está de acordo
com o exigido em DFA.
Tabela 10 – Regulamentações Consolidadas de Dodd-Frank
Dodd-Frank Angola Brasil
Estabilidade Financeira Despacho nº 46/2012, de
08/05/2012 Portaria nº 65.180, de
18/05/2011
Seguros Decreto Presidencial nº 141/13,
de 27/09/2013
Decreto-lei nº 73, de
21/11/1966
Regulação de Holdings de
Bancos
Resolução nº 4.193, de
01/03/2013
Proteção do Investidor e
melhorias na regulação dos
valores mobiliários
Decreto Presidencial n.º 54/13,
de 06/06/2013
Lei nº 6.385, de 07/12/1976;Lei
nº 7.492, de 16/06/1986
Agência de Proteção
Financeira ao Consumidor
Aviso nº 02/2011, de
01/06/2011
Aumentando o Acesso a
produtos de Instituições
Financeiras
Decreto nº. 7.397, de
22/12/2010
Fonte: Autora com informações de Ferreira (2012) e BCB.
79
Tabela 11 – Resumo de Dodd-Frank
Dodd-Frank Angola Brasil
Estabilidade Financeira
Conselho de Supervisão da
Estabilidade
Financeira
Comitê de Estabilidade
Financeira (COMEF)
Comitê de Estabilidade
Financeira (Comef)
Seguros Escritório Federal de
Seguros
Agência Angolana de Regulação e Supervisão
de Seguros (ARSEG)
Superintendência de Seguros Privados
(SUSEP)
Regulação de Holdings
de Bancos
Exigência de capital
que varia com a expansão ou
contração da
economia
Não
Exigência de capital
que varia com a
expansão ou contração da economia
Proteção do Investidor e
melhorias na regulação
dos valores mobiliários
Comitê de
Aconselhamento de
Investidores;
Delação premiada
Comissão do Mercado
de Capitais (CMC)
Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
Delação premiada
Agência de Proteção
Financeira ao
Consumidor
Birô de Proteção
Financeira ao Consumidor
Não
Diretoria de Relacionamento e
Proteção ao Usuário de
Serviços Financeiros
Aumentando o Acesso a
produtos de Instituições
Financeiras
Inclusão e educação financeira da
população de baixa
renda
Inclusão financeira;
Portal do Consumidor de Produtos e Serviços
Financeiros
Inclusão Financeira;
Estratégia Nacional de Educação Financeira
Fonte: Autora com informações de Ferreira (2012) e BCB.
7 CONCLUSÃO
Regulamentações para o sistema financeiro são desenvolvidas, normalmente, em resposta às
crises, para que as economias se recuperem dos choques gerados pelas mesmas, para que as
crises com as mesmas características sejam evitadas e em alguns casos, o conjunto de regras
desenvolvido tem como intuito evitar crises com qualquer outra característica.
80
Angola e Brasil são países com um passado muito parecido, a colonização portuguesa, por tal,
algumas características são muito próximas, como a língua e alguns aspectos da cultura, que
facilitam o relacionamento e a troca de experiências entre esses países. Outro aspecto
relevante é o fato de localizarem-se em continentes diferentes, a existência de um parceiro
comercial facilita a penetração nos respectivos mercados.
Neste trabalho foi possível observar que tanto Angola, quanto o Brasil realizam esforços para
adaptar-se às demandas internacionalmente definidas, no quesito regulação do sistema
financeiro. Ambos países têm em andamento o processo de adaptação destas regulamentações
à sua realidade. Com relação à Basiléia II, ambas economias implementaram os três pilares
sendo que o Brasil realizou tal função com mais propriedade, ambos definiram um patrimônio
de referência acima dos 8% exigidos em Basiléia II, no entanto para este cálculo o Brasil leva
em consideração mais riscos que os exigidos, enquanto que Angola ainda leva em
consideração os que eram exigidos em Basiléia I. Com Basiléia III percebe-se o quanto a
economia angolana tem a ganhar com a troca de experiências com o Brasil. Basiléia III é uma
estrutura que ainda não foi implementada em Angola, enquanto que no Brasil já foi
desenvolvido um cronograma em acordo com o definido pelo Comitê de Basiléia e algumas
exigências já foram postas em prática.
Avaliando UK Bribery, foi possível constatar que o Brasil desenvolveu uma regulamentação
de combate à corrupção nos moldes de UK Bribery, enquanto que em Angola foi
desenvolvida uma regulamentação de combate à corrupção praticada por funcionários
públicos. Apesar da similaridade das Leis desenvolvidas no Brasil e no Reino Unido, a UK
Bribery é mais ampla que a Lei Anticorrupção Empresarial (LAE) desenvolvida no Brasil,
pelo fato de além de punir quem oferece propina ao funcionário público pune o funcionário
público que recebe propina, quando no caso da Lei angolana apenas o funcionário público que
81
recebe a propina é punido; outro aspecto relevante é que UK Bribery pune pessoas físicas e
jurídicas que praticam atos de corrupção, na Lei brasileira é mencionado que pessoas físicas
também são punidas, mas, não é definido quais são as punições, no caso de Angola, apenas as
pessoas físicas, os funcionários públicos, são punidos; outro ponto que revela a abrangência
superior de UK Bribery é que, constitui crime atos de corrupção praticados sobre instituições
financeiras ou comerciais públicas ou privadas, no caso da LAE apenas atos de corrupção
sobre instituições públicas são levados em consideração, sendo que a Lei da Probidade
Pública (LPP) angolana pune apenas os funcionários públicos; outro ponto que a LPP precisa
melhorar é a questão da abrangência da lei, a LAE e a UK Bribery aplicam-se as instituições
estrangeiras com atuação em seu território e as instituições nacionais, inclusive as que atuam
no exterior. Outro item que revela a necessidade de melhorias na Lei angolana é o fato de o
estudo realizado pelo Transparency International, revelar que em 2013 o país ocupava a pior
posição(153ª), comparando com o Brasil(72ª) e o Reino Unido(14ª).
Na avaliação da Dodd-Frank Act (DFA) foi possível constatar que muitas das exigências da
Lei já haviam sido implementadas em Angola e no Brasil. No entanto existem pontos em que
a legislação angolana precisa ser melhorada, como o item referente à exigência de capital que
varia em períodos de expansão e recessão, por o Brasil já ter implementado Basiléia III, tem
uma estrutura que supre a demanda deste item. Outro ponto relevante e inovador de Dodd-
Frank, é a delação premiada, a regulamentação existente no Brasil aproxima-se mais da
exigida em Dodd-Frank, sendo que no Brasil apenas indivíduos envolvidos nos crimes
financeiros sob investigação podem ser beneficiados, quando ao fornecerem informações
relevantes sobre o delito podem ter suas penas reduzidas, no caso da DFA, qualquer
indivíduo, que não tenha a obrigação de prestar queixas sobre crimes financeiros, pode ganhar
até 30% do valor da multa aplicada quando for comprovado o crime financeiro.
82
De um modo geral, o Brasil tem uma regulamentação para o sistema financeiro mais próxima
da internacionalmente definida, o que representa que Angola tem muito a ganhar com a
cooperação com o Brasil.
Como trabalho futuro é sugerido a análise quantitativa, com dados, para que seja possível
avaliar as consequências da implementação de Basiléia II e III, UK Bribery e Dodd-Frank, em
Angola e no Brasil.
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