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i FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA “ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO E BRASILEIRO COM ÊNFASE NA REGULAMENTAÇÃO BANCÁRIAJOYCE MUTURI DOMINGOS ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA

“ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO E BRASILEIRO COM ÊNFASE NA REGULAMENTAÇÃO

BANCÁRIA”

JOYCE MUTURI DOMINGOS

ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR

Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014.

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“ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO E

BRASILEIRO COM ÊNFASE NA REGULAMENTAÇÃO BANCÁRIA”

JOYCE MUTURI DOMINGOS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Economia como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre em Economia.

Área de Concentração: Economia

Internacional

ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR

Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014.

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D671

Domingos, Joyce Muturi.

Análise Comparativa do Sistema Financeiro Angolano e

Brasileiro com Ênfase na Regulamentação Bancária / Joyce

Muturi Domingos. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

88 f. : il.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Economia

do IBMEC.

Orientador(a): Prof.º Antônio Marcos Duarte Junior.

1. Sistema financeiro. 2. Setor bancário. 3. Acordos

internacionais. I. Título.

CDD-337

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus pais que sempre

acreditaram em mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à Deus, por nunca permitir que eu desista dos meus sonhos. Aos

meus pais Clarinha Muturi e Zacarias Domingos, pela dedicação em educar-me e cuidar de

mim. Aos meus irmãos e ao meu namorado Dominiciano Paixão.

Agradeço também aos meus colegas Alda, Felipe, Osvaldo e João, bem como, ao meu

orientador António Marcos Duarte Junior pela disponibilidade e ajuda.

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RESUMO

Neste trabalho é feita uma apresentação dos sistemas financeiros angolano e brasileiro,

fazendo uma descrição do período em que se iniciaram as atividades do setor bancário e a

evolução do mesmo até aos dias atuais, apresentando indicadores como o nível de

bancarização da população e o número de instituições financeiras. Prossegue-se então para a

avaliação da regulamentação do sistema financeiro de ambos os países, observando-se as

diferenças e similaridades nas instituições responsáveis por desempenhar tal função e

explicitando o nível de adequação de cada um dos países as regulamentações financeiras

internacionalmente definidas diante das demandas mundiais. Foi possível constatar que o

sistema financeiro de ambos os países encontram-se em níveis diferentes e que o sistema

financeiro brasileiro é mais amplo e estruturado que o angolano. Ambos buscam atuar em

conformidade com os acordos internacionais e têm em curso um processo de atualização, mas

a implementação dos mesmos é mais evoluída no Brasil.

Palavras Chave: Sistema Financeiro, Setor bancário, Acordos internacionais.

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ABSTRACT

In this study a presentation of Angolan and Brazilian financial system is made by making a

description of the period in which they started the activities of the banking sector and the

evolution of even up to today, with indicators such as the level of banking in the population

and the number of financial institutions. Then we proceed to the evaluation of the financial

system regulations of both countries, noting the differences and similarities in the institutions

responsible for carrying out that function and explaining the adequacy of each country to

internationally defined financial regulations in the face of world demands. It was found that

the financial system of the two countries are at different levels and that the Brazilian financial

system is broader and more structured than the Angolan. Both seek to act in accordance with

international agreements and have an ongoing update process, but implementing them is more

evolved in Brazil.

Key Words: Financial system, Banking sector, International agreements.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura de Basiléia III......................................................................................... 43 Figura 2: Ranking de Percepção da Corrupção A ................................................................. 60

Figura 3: Ranking de Percepção da Corrupção B .................................................................. 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Órgãos de Regulação e Fiscalização de Angola ................................................... 19 Tabela 2 – Órgãos de Regulação e Fiscalização do Brasil ..................................................... 20

Tabela 3 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia II ..................................................... 37 Tabela 4 – Resumo de Basiléia II ......................................................................................... 38

Tabela 5 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia III.................................................... 49 Tabela 6 – Cronograma de Implementação de Basiléia III .................................................... 50

Tabela 7– Resumo de Basiléia III ......................................................................................... 51 Tabela 8 – Regulamentações Consolidadas de UK Bribery .................................................. 61

Tabela 9 – Resumo de UK Bribery ....................................................................................... 62 Tabela 10 – Regulamentações Consolidadas de Dodd-Frank ................................................ 78

Tabela 11 – Resumo de Dodd-Frank .................................................................................... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS

APBC Associação Nacional dos Procuradores do Banco Central do Brasil

APR Ativo Ponderado pelo Risco

ARSEG Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros

BCB Banco Central do Brasil

BCBS Basel Committe on Banking Supervision

BCCI Banco de Crédito Comercial e Industrial

BMA Banco Millenium Angola

BNA Banco Nacional de Angola

BNH Banco Nacional da Habitação

BTAç Banco Totta e Açores

BTAg Banco Totta de Angola

BTSA Banco Totta Standard de Angola

CMN Conselho Monetário Nacional

DFA Dodd-Frank Act

FDIC Federal Deposit Insurance Corporation

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

Icaap Processo Interno de Avaliação da Adequação de Capital

PR Patrimônio de Referência

PwC Price Waterhouse Coopers

SCFI Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento

SEC Securities and Exchange Commission

SEF Programa de Saneamento Econômico e Financeiro

SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 Motivação .............................................................................................................................................. 4

1.2 Objetivos ................................................................................................................................................ 5 1.2.1 Basiléia II....................................................................................................................................... 5 1.2.2 Basiléia III ..................................................................................................................................... 6 1.2.3 UK Bribery Act .............................................................................................................................. 7 1.2.4 Dodd-Frank .................................................................................................................................... 7

1.3 Relevância .............................................................................................................................................. 8

1.4 Limitações .............................................................................................................................................. 9

1.5 Estrutura da Dissertação ......................................................................................................................11

2 SISTEMAS FINANCEIROS ANGOLANO E BRASILEIRO ............................... 12

2.1 Breve Histórico do Sistema Financeiro Angolano ...............................................................................12

2.2 Breve Histórico do Sistema Financeiro Brasileiro ...............................................................................14

2.3 Órgãos de Regulamentação e Fiscalização ...........................................................................................18

2.4 Análise Comparativa das Instituições de Supervisão ..........................................................................21 2.4.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) ...........................................................................................21 2.4.2 Banco Nacional de Angola (BNA) e Banco Central do Brasil (BCB) ..............................................22 2.4.3 Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Superintendência Nacional de

Previdência Complementar (Previc) e Superintendência de Seguros Privados (Susep) ..................................23 2.4.4 Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ...................24

3 BASILÉIA I E II .................................................................................................. 26

3.1 O Acordo de 1988 (Basiléia I) ...............................................................................................................27

3.2 O Acordo de Basiléia II ........................................................................................................................28 3.2.1 Pilar I: Os Requerimentos Mínimos de Capital ...............................................................................29 3.2.2 Pilar II: Processo de Supervisão .....................................................................................................29 3.2.3 Pilar III: Disciplina de Mercado .....................................................................................................30

3.3 Basiléia II em Angola ...........................................................................................................................31

3.4 Basiléia II no Brasil ..............................................................................................................................33

3.5 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia II ...............................................................................36

4 BASILÉIA III ...................................................................................................... 38

4.1 Basiléia III em Angola ..........................................................................................................................43

4.2 Basiléia III no Brasil .............................................................................................................................43

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4.3 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia III ..............................................................................47

5 UK BRIBERY ACT............................................................................................. 51

5.1 Equivalente da UK Bribery em Angola ...............................................................................................53

5.2 Equivalente da UK Bribery no Brasil ..................................................................................................54

5.3 Conclusões sobre a Implementação de UK Bribery .............................................................................57

6 DODD-FRANK ACT ........................................................................................... 62

6.1 Equivalente de Dodd-Frank em Angola ...............................................................................................70

6.2 Equivalente de Dodd-Frank no Brasil .................................................................................................73

6.3 Conclusões sobre a Implementação de Dodd-Frank ............................................................................76

7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82

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1 INTRODUÇÃO

O sistema financeiro está sujeito a leis e regulamentos para que possa ser garantido o seu bom

funcionamento. As atividades bancárias sofisticadas, resultado da globalização das

economias, tornaram o setor financeiro mais dinâmico e expandiram a sua exposição a

eventos que podem interferir nos resultados esperados pelos atores envolvidos.

“Sistema Financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos

financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos doadores

finais para os tomadores finais e cria condições para que títulos e

valores mobiliários tenham liquidez no mercado financeiro.

Tomadores finais de recursos são aqueles que se encontram em

posição de déficit financeiro e doadores finais são aqueles que se

encontram em posição de superávit financeiro”. (Rudge, 2003).

No entanto, estas leis evoluíram ao longo do tempo adaptando-se às novas tecnologias e em

alguns casos, por fraudes e crises. As crises financeiras e os eventos relevantes serviram, de

estímulo ao desenvolvimento de marcos da regulação, que buscam livrar o sistema dos efeitos

de contaminação dessas ocorrências e promover um ambiente de gestão eficiente. Esforços

realizados ao longo do tempo demonstraram a necessidade de ações de alcance mundial, o que

justifica a existência de regras prudenciais de gestão financeira mundial, de acordo com

Carvalho e Santos (2012).

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“O sistema financeiro internacional é a estrutura de acordos,

regras, convenções e instituições em que os mercados internacionais e

firmas operam.” (Roberts, 2000).

A primeira grande crise muito estudada e conhecida na história da economia mundial é a

Grande Depressão de 1930, que sucedeu o crash da bolsa de Nova York em 1929. É

considerada a pior crise econômica da história do capitalismo, de acordo com Prado (2009).

Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Sendo que os efeitos e a

intensidade da depressão variaram de país a país. Países, além dos Estados Unidos duramente

atingidos pela Grande Depressão foram a Austrália, Países Baixos, França, Itália, o Reino

Unido e o Canadá. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que sendo uma

economia socialista, estava econômica e politicamente fechada para o mundo capitalista.

Observou-se também que em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários

que ajudaram a ascensão de regimes ditatoriais, como os nazistas comandados por Adolf

Hitler na Alemanha e em outros, acelerou o processo de industrialização, caso da Argentina e

do Brasil, segundo Alves et al (2011).

Em 1930, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas

conhecidas como New Deal ou Novo Acordo, que ajudaram a minimizar os efeitos da

Depressão. O governo desenvolveu agências governamentais que administrassem programas

de ajuda social e algumas das agências mais relevantes de proteção ao investidor são o

Federal Deposit Insurance Corporation (Entidade Federal de Seguros de Depósitos) criado

em 1933 com o intuito de fiscalizar transações e o comércio bancário, bem como, a Securities

and Exchange Commission (Comissão de Valores Mobiliários, brasileira ou a Comissão do

Mercado de Capitais, angolana) criada em 1934, para regular o comércio de bolsa de valores e

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evitava que acionistas comprassem ações que o órgão considerasse "perigosas", de acordo

com Zacharias (2006).

A Segunda Guerra Mundial eliminou os efeitos da Grande Depressão que não haviam sido

combatidos pelo governo. Com a entrada do país na guerra, a produção industrial americana

cresceu de modo significativo e as taxas de desemprego caíram. Considera-se inclusive que a

instabilidade política mundial, gerada pela Grande Depressão foi uma das causas da Segunda

Guerra.

Com a Grande Depressão de 1930, registrou-se na história econômica a primeira grande crise

econômica e também grandes alterações na regulamentação do sistema financeiro norte

americano, com políticas de apoio social e de controle da atuação de grandes empresários, que

afetaram a regulamentação de outras economias. Com o New Deal, o estado passou a vigiar

mais o mercado, estimular o emprego, proteger mais os investidores, disciplinar os

empresários, corrigir os investimentos arriscados e a fiscalizar as especulações nas bolsas de

valores.

“A razão pela qual todas as nações desenvolvidas regulam seus

setores financeiros é precisamente a possibilidade de agentes

extremamente alavancados obterem lucros imensos arriscando o

dinheiro de outras pessoas”. (Morris, 2009).

Entretanto, estas reformas não impediram o sistema financeiro de passar por outras crises

como a de 2008. Condição esta que nos remete ao que foi anteriormente apresentado, a

evolução do sistema financeiro exige atualizações na regulamentação, com este objetivo foi

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realizada reforma na regulamentação bancária e desenvolveu-se o Acordo de Basiléia III, nos

Estados Unidos foi desenvolvida a lei Dodd-Frank e no Reino Unido a UK Bribery Act.

1.1 Motivação

A motivação deste trabalho foi avaliar o nível de desenvolvimento do sistema financeiro

angolano, usando o brasileiro como parâmetro. Angola e o Brasil são países com um passado

comum, colonização portuguesa, em consequência disso, ambos têm o português como língua

oficial, o que facilita as relações entre eles. No entanto, as semelhanças acabam por aí. Angola

tornou-se independente aos 11 de novembro de 1975 enquanto que o Brasil alcançou-a aos 7

de setembro de 1822. No caso de Angola, após a independência começou uma guerra civil

entre os movimentos nacionalistas a favor da independência, que se estendeu de 1975 a 2002.

As perdas humanas e a destruição de infraestruturas, geraram dificuldades que ainda não

foram ultrapassadas.

Segundo Leite et al (2011), outra diferença entre ambos, é o tamanho, Angola tem 1.246.700

km², enquanto que o Brasil tem 8.514.876 km², sendo aproximadamente 7 vezes maior que

Angola. Segundo o Banco Mundial, em 2013, a população de Angola era de 21 milhões

enquanto que no Brasil era de 200 milhões.

Quanto ao setor bancário, segundo informações do Banco Nacional de Angola (BNA) e do

Banco Central do Brasil (BCB), em 2013, em Angola o número de bancos por origem de

capital era 29, enquanto que no Brasil era de 155 instituições. Valor afetado em parte, pela

dimensão diferente dos países e pela infraestrutura mais desenvolvida do Brasil, já que,

Angola passou por uma guerra civil de 27 anos. No entanto, o Banco Mundial (2011),

publicou um estudo sobre medidas que representam o alcance do setor bancário, entre elas o

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percentual da população a partir de 15 anos que possui conta em instituição financeira formal,

em 2011 o valor para Angola foi de 39,2%, para o Brasil 55,86% e para os Estados Unidos

87,95%, o que representa que há muito a ser desenvolvido no setor bancário de Angola.

Também é valido avaliar a implementação das regulamentações internacionalmente definidas,

para que nas duas economias possam ser realizadas melhoras e para Angola é muito positivo,

dado que, o Brasil tem um nível de estabilidade política e financeira maior, e pela

proximidade facilitada pela língua, a implementação dos avanços realizados no Brasil, é mais

rápida.

1.2 Objetivos

O objetivo do trabalho é avaliar comparativamente como Angola e o Brasil regulamentam o

seu sistema financeiro, enfatizando a regulamentação do setor bancário e para que ambas

economias melhorem as regulamentações nas suas respectivas economias. Para tal é feita uma

avaliação de o quanto a regulamentação existente em cada um dos países é consequência das

leis internacionalmente definidas e o quanto se aproximam das atuais exigências do sistema

financeiro mundial. As regulamentações internacionalmente definidas levadas em

consideração neste trabalho são: Basiléia II e III, UK Bribery Act e Dodd Frank Act.

1.2.1 Basiléia II

Segundo Zacharias (2006), o acordo de Basiléia II publicado em 2004 tem como objetivo

complementar Basiléia I. Introduz três pilares que, teoricamente, garantem a sustentação do

setor bancário.

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O primeiro pilar refere-se ao nível de capital mínimo que deve ser definido levando em

consideração os riscos de mercado, de crédito e operacional. O segundo pilar aborda a

importância da supervisão na garantia dos controles internos, como o nível mínimo de capital

e um sistema de avaliação e gestão de riscos. O terceiro pilar aborda a questão da

padronização das informações disponibilizadas pelas instituições financeiras.

1.2.2 Basiléia III

O acordo de Basiléia III foi desenvolvido em consequência da crise de 2008 e entrou em vigor

em 2010. Segundo Modenesi et al (2012), o acordo tem como objetivos ampliar e reforçar as

determinações de Basiléia II, já que, as autoridades do G20 que o desenvolveram consideram

que a crise não foi, essencialmente, um problema de má regulação bancária e sim de ausência

de regulação no mercado de capitais.

De acordo com Modenesi et al (2012), as autoridades do G20 concordaram em dividir o

capital de nível 1 em capital principal (common equity Tier 1) e capital adicional (additional

Tier 1); desenvolver o capital de conservação (capital conservation buffer); o colchão de

capital contracíclico (countercyclical buffer); um índice de alavancagem; e em desenvolver

dois índices de liquidez, um de curto prazo (liquidity coverage ratio - LCR) e outro de longo

prazo (net stable funding ratio - NSFR).

Segundo Leite, Reis (2011), os pilares II e III de Basiléia II referentes, respectivamente, ao

processo de supervisão e à transparência, foram mantidos, sendo que instituições financeiras

com maior relevância sistêmica são alvo de maiores exigências.

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1.2.3 UK Bribery Act

Percebendo-se que o suborno pode perpetuar a corrupção, o subdesenvolvimento e a pobreza

nos países em que propinas são pagas, ações internacionais mais rigorosas de combate à

corrupção passaram a ser mais discutidas em órgãos como a OCDE, Banco Mundial e

Organização Mundial do Comércio.

A UK Bribery Act é uma lei adotada pelo parlamento britânico em abril de 2010, de combate

e prevenção à corrupção, que criou quatro crimes que serão citados a seguir, de acordo com a

PricewaterhouseCoopers (a): a corrupção ativa de sujeitos públicos ou privados; a corrupção

passiva de sujeitos públicos ou privados; a corrupção de agentes públicos estrangeiros; e a

falha das empresas na prevenção da corrupção.

1.2.4 Dodd-Frank

Segundo a Anbima (b), o presidente Barack Obama assinou aos 21 de julho de 2010, a Lei

Dodd Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção a Consumidores, ou somente Lei Dodd

Frank, assim nomeada em honra a seus principais proponentes, o senador Chris Dodd e o

deputado Barney Frank.

De acordo com a Moody`s (2012), a Lei é consequência da crise bancária de 2008 e representa

um desafio para as instituições financeiras, já que, o sistema financeiro norte-americano quase

todo recebeu uma nova norma ou exigência.

A Lei foi desenvolvida para promover a estabilidade financeira dos Estados Unidos, através

da melhora na prestação de contas, controle do risco sistêmico e na transparência do sistema

financeiro, com o fim das empresas '' grandes demais para falir'', com a proteção do

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contribuinte americano acabando com os planos de resgate financeiro e protegendo os

consumidores de práticas abusivas de serviços financeiros, segundo a Securities and

Exchange Commission.

Devido a sua abrangência e quantidade de exigências, a Lei de Reforma Financeira não teve

ainda seu processo de definição regulatória encerrado. A Lei fixou os princípios que devem

ser seguidos e os prazos em que as definições devem ser divulgadas, até cinco anos após a

publicação da Lei, mas transferiu aos supervisores a função de concretizar o seu conteúdo

operacional, segundo a Anbima (b).

Levando em consideração Basiléia II, Basiléia III, UK Bribery Act e Dodd Frank Act, é feita

uma avaliação das leis existentes em Angola e no Brasil referentes às quatro leis supracitadas

e conclui-se em qual dos países a regulamentação aproxima-se mais das internacionalmente

definidas. Para que pela proximidade facilitada pela língua, pela cultura e pelas relações

comerciais mais estreitas, uma economia possa aplicar os pontos positivos da outra e para que

cada um dos países melhore a regulamentação de seu sistema financeiro.

1.3 Relevância

O tema regulamentação do sistema financeiro é muito amplo e importante. Este trabalho tem

o intuito de apresentar algumas leis que foram de relevância para o sistema financeiro, falando

com mais propriedade sobre as leis que regem os bancos.

Como apresentado anteriormente, o mundo está sempre em evolução e para que possamos

acompanhar seu desenvolvimento temos constantemente que nos atualizar. O mesmo acontece

com as leis no sistema financeiro. Crises surgem e mostram os pontos que precisam ser

trabalhados para que não voltem a se repetir, em alguns casos, estudiosos avaliando o

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comportamento de indicadores como inflação, taxa de desemprego, variação do nível de

preços de ações e de hipotecas (caso do crash de 1929 e da crise do subprime,

respectivamente), ajudam a desenvolver teorias que posteriormente podem ser incluídas pelos

governos nas regulamentações aplicadas para que crises sejam evitadas.

Portanto, o assunto regulamentação do sistema financeira é relevante no esforço para que se

possa manter um sistema financeiro saudável, é um tema que ganha maior destaque,

principalmente, em períodos pós-crise.

1.4 Limitações

Neste trabalho não será abordada a lei Foreign Account Tax Compliance Act (Fatca) que atua

de modo a evitar que americanos lavem dinheiro em paraísos fiscais, por a lavagem de

dinheiro ser considerada uma consequência da corrupção, segundo a Febraban (2011).

A Fatca é uma lei desenvolvida pelo governo dos Estados Unidos em março de 2010, que

teve sua regulamentação final emitida aos 17 de janeiro de 2013, segundo a Febraban (2011).

A Fatca é parte do Hiring Incentives to Restore Employment Act (HIRE Act), lei de Incentivos

à Contratação para Restaurar o nível de Emprego e segundo a PriceWaterhouseCoopers (a),

tem como funções melhorar a adesão dos contribuintes e evitar que cidadãos americanos com

contas e investimentos em países estrangeiros deixem de pagar impostos sobre sua renda.

No trabalho será avaliada a UK Bribery act, Lei de Prevenção e Combate à Corrupção do

Reino Unido, e as regulamentações aplicadas no Brasil e em Angola referentes ao combate à

corrupção que se assemelham às exigidas pela UK Bribery Act. Assim será feito por

considerar-se a lei mais abrangente, dado que, impacta empresas e pessoas estrangeiras que

atuam no Reino Unido e empresas e pessoas do Reino Unido que atuam em outros países.

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A lei Sarbanes – Oxley aprovada pelo presidente George W. Bush, em julho de 2002, é a lei

que teve maior impacto sobre o mercado de capitais norte-americano e mundial desde a

legislação de 1933 e 1934, que criou a SEC – Securities and Exchange Commission

(Comissão de Valores Mobiliários no Brasil e Comissão do Mercado de Capitais em Angola).

Zacharias (2006) ressalta que, preocupado com o impacto dos escândalos contábeis no

mercado de capitais, principalmente os escândalos da Enron no final de 2001 e WorldCom em

meados de 2002, o governo americano publicou, com rapidez, a Lei Sarbanes Oxley (Senador

Paul Sarbanes – Democrata e Michael Oxley – Presidente do Comitê Republicano), tendo

como objetivos restaurar a confiança dos investidores, ampliar os poderes da SEC,

regulamentar a profissão de auditor, aumentar a responsabilidade do presidente da empresa,

estabelecer punições rigorosas para casos de fraude e criar o Public Company Accounting

Oversight Board (PCAOB), subordinado à SEC, com função de supervisionar a contabilidade

das empresas abertas.

A lei Dodd-Frank tal como Sarbanes-Oxley (SOX), tem como função melhorar a

transparência das práticas financeiras, punir severamente casos de fraude e proteger os

investidores, sendo mais abrangente que a última, ao reformular o sistema financeiro como

um todo com o intuito de evitar, além de fraudes como em SOX, o risco sistêmico. Além

disso, implementou a delação premiada. Em SOX foi definida a proteção de delatores,

enquanto que em Dodd-Frank além da proteção, existe uma remuneração para os mesmos

quando confirmada a infração. Por tais motivos Sarbanes-Oxley não será abordada.

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1.5 Estrutura da Dissertação

A dissertação foi desenvolvida de modo que a primeira parte contem a introdução, em que são

apresentadas as principais regulamentações que se aplicam ao sistema financeiro,

principalmente, ao setor bancário. Apresenta-se as condições que deram origem as mesmas e

quais os pontos principais exigidos em cada uma delas.

Na segunda parte da dissertação é feita uma descrição da origem dos sistemas financeiros

angolano e brasileiro e sua evolução. Ambos têm em comum a colonização portuguesa, no

entanto, isso não garantiu uma mesma estrutura do sistema financeiro. E neste mesmo

capítulo é apresentada e avaliada de modo comparativo, a complexidade de cada um dos

sistemas financeiros.

Na terceira, quarta, quinta e sexta parte é feita uma análise comparativa da implementação das

regulamentações em ambos sistemas financeiros, realizando-se inicialmente a apresentação

das regulamentações, avaliando-se como são implementadas tanto em Angola quanto no

Brasil e finalmente é feita uma descrição de qual sistema financeiro apresenta-se mais em

conformidade com as regulamentações apresentadas. A análise comparativa será realizada

levando-se em consideração a adequação de ambos sistemas financeiros a quatro óticas,

respectivamente: Basiléia II,Basiléia III, Dodd Frank Act e UK Bribery Act.

Na sétima parte é feita a conclusão da dissertação, em que se apresentam as considerações

finais e a possível contribuição do trabalho para a melhoria dos sistemas financeiros

analisados.

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12

2 SISTEMAS FINANCEIROS ANGOLANO E BRASILEIRO

2.1 Breve Histórico do Sistema Financeiro Angolano

O sistema financeiro angolano teve a sua origem em agosto de 1865, com o surgimento do

primeiro estabelecimento bancário, que era uma filial do Banco Nacional Ultramarino, um

banco português, de acordo com Almeida (2011). No entanto, como consequência de uma

reforma monetária foi criado um banco emissor independente, o Banco de Angola, a 14 de

Agosto de 1926 que tinha Lisboa como sede. Segundo o Banco Nacional de Angola(a), em

1957 surgiu o Banco Comercial de Angola que acabou com a exclusividade no setor bancário

do Banco de Angola. Em seguida, passaram a atuar em Angola mais quatro bancos

comerciais, a saber, o Banco de Crédito Comercial e Industrial (BCCI), o Banco Totta

Standard de Angola (BTSA), o Banco Pinto & Sotto Mayor (BPSM) e o Banco Inter Unido,

bem como quatro estabelecimentos especiais de crédito, que são, o Instituto de Crédito de

Angola (ICRA), o Banco de Fomento Nacional (BFN), a Caixa de Crédito Agropecuário e o

Montepio de Angola.

O Banco Nacional de Angola (BNA) e o Banco Popular de Angola (BPA) foram

desenvolvidos com o confisco dos ativos e passivos do Banco de Angola e do Banco

Comercial de Angola, um ano após a independência de Angola através de diplomas legais de

5 de novembro de 1976, segundo Inforbanca (2009). O BNA operava como banco emissor e

comercial enquanto o BPA captava poupanças e lhe era vedada a atividade creditícia. No

entanto, as reformas no setor bancário continuaram acontecendo dado que em 1978 ficou

definido que a atividade bancária seria exercida apenas por bancos do Estado, assim sendo, os

bancos comerciais privados foram formalmente encerrados e o BNA aproveitou a

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oportunidade e expandiu a sua rede de agências por Angola. O setor segurador não ficou de

fora. Em 1978, foi fundada a Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola (ENSA),

uma empresa do estado e em 1981, foi instituído que as vinte e seis companhias de seguros

que operavam em Angola no período colonial tivessem seus ativos e passivos liquidados e

transferidos para a ENSA, que tornou-se a única companhia de seguros. Segundo informações

disponibilizadas pelo Instituto de Supervisão de Seguros.

Em 1988, foi implementado o Programa de Saneamento Econômico e Financeiro (SEF) com

o intuito de fazer a transição do sistema financeiro de um modelo centralizado no Estado para

o modelo de livre mercado. A atividade bancária deixou de ser exclusividade do Estado, a

partir de 1991, foi permitido que a iniciativa privada voltasse a desenvolver suas atividades.

Segundo Almeida (2011), ainda no âmbito do livre mercado, o sistema bancário passou a ter

dois níveis, em que o primeiro nível era constituído pelo Banco Nacional de Angola com

funções de banco central, emissor de moeda, supervisor do sistema financeiro e separado das

funções comerciais, e o segundo nível constituído pelos bancos comerciais e de investimento.

Foram introduzidos no Banco Nacional de Angola os primeiros instrumentos de política

monetária, como as reservas obrigatórias.

Consequentemente, para além do Banco Nacional de Angola o sistema bancário nacional

passou a ser constituído pelo Banco de Poupança e Crédito (BPC), nova designação do Banco

Popular de Angola, já que, o mesmo passou a exercer funções de um banco múltiplo; pelo

Banco de Comércio e Indústria (BCI) e pela Caixa de Crédito Agropecuário e Pescas (CAP),

instituição de apoio a expansão do setor agrícola e de pescas. Para que pudesse assumir suas

novas funções, o Banco Nacional de Angola repassou a sua extensa rede comercial para a

CAP que foi extinta em 2000 por problemas de solvência. Posteriormente, filiais de bancos

estrangeiros como o Banco Totta e Açores (BTAç), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o

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Banco Português do Atlântico (BPA) passaram a integrar o sistema bancário. Atualmente,

estes primeiros bancos privados a atuar em Angola são instituições de crédito de direito

angolano com as denominações de Banco Totta de Angola (BTAg), Banco Fomento Angola

(BFA) e Banco Millenium Angola (BMA), respectivamente.

Em 2000, o mercado de seguros foi aberto para instituições privadas com a aprovação pela

Assembléia Nacional, da Lei Geral de Atividade Seguradora. No entanto, a Empresa Nacional

de Seguros e Resseguros de Angola deixou de ser um monopólio e passou a atuar no setor

com mais seis companhias de seguros. Segundo informações disponibilizadas pela ENSA.

O sistema financeiro angolano está em constante evolução, mais instituições financeiras

surgem no país devido à estabilidade política alcançada em 2002 com o final da guerra civil,

pelo comprometimento do Governo em manter a estabilidade macroeconômica e pelas

alterações no quadro jurídico legal, que visam, em parte, uma melhor organização e

fiscalização do sistema financeiro, bem como, permitir a entrada em funcionamento da Bolsa

de Valores e Derivativos de Angola.

2.2 Breve Histórico do Sistema Financeiro Brasileiro

O sistema financeiro brasileiro teve início com a vinda da família real em 1808, período em

que foi criado o Banco do Brasil, um banco comercial que também funcionava como banco

central. Em 1920 foi instituída a Inspetoria Geral dos Bancos, que tinha como função

fiscalizar as instituições financeiras, que cem anos após a criação do Banco do Brasil, eram

muitas. Contudo, essa instituição não tinha poder de normatização e controle amplo do

sistema financeiro, o que veio a ser desempenhado pela Superintendência da Moeda e do

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Crédito (SUMOC) criada em 1945 com o objetivo de desenvolver um banco central e

controlar o mercado monetário.

Em 1950, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico entrou em funcionamento,

sendo uma autarquia federal e tendo como objetivos o financiamento de projetos de

investimento e apoio a instituições privadas. Em 1959 foram estruturadas as Sociedades de

Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) que tinham como objetivo disponibilizar

crédito de médio e longo prazo, na mesma linha que o BNDE, que fornecia principalmente

crédito de longo prazo.

A Lei de Capitais Estrangeiros promulgada em 1962 foi de suma importância para a captação

de investimento estrangeiro que, de certa forma, ajudaria na concessão de financiamentos.

Essa lei desenvolveu na SUMOC um serviço de registro das operações financeiras com o

exterior e dos capitais estrangeiros no país, com o intuito de dar ao investidor a segurança de

que receberia de volta os recursos investidos bem como o rendimento dos mesmos, segundo

informações disponibilizadas pela Associação Nacional dos Procuradores do Banco Central

do Brasil (APBC).

O ano de 1964 é considerado o período em que foi desenvolvido o sistema financeiro

brasileiro efetivamente, muitos autores consideram que nesta época aconteceram as mudanças

que ofereceram ao sistema financeiro uma estrutura adequada.

“[...], a reestruturação implementada nesse período foi um dos

fatores que permitiram o forte crescimento da economia nos anos

subsequentes, época que ficou conhecida como a do “milagre

econômico brasileiro”. (Oliveira e Pacheco, 2011).

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Uma das leis importantes foi a de Reforma Bancária, que criou o Conselho Monetário

Nacional (CMN) que passou a substituir a SUMOC. É o órgão máximo do sistema financeiro,

controla as principais funções da moeda e do crédito e o Banco Central do Brasil (BCB).

Sendo que o Banco Central do Brasil atuava também como banco rural, distribuindo recursos

a outros bancos para que funcionasse como crédito rural e atuava também como supervisor

das operações do mercado de capitais.

Em 1965 foi realizada a reforma habitacional, que culminou na criação do Sistema Financeiro

da Habitação (SFH), cujo principal financiador era o Banco Nacional da Habitação (BNH)

que obtinha seus recursos através do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do

Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, em 1986 o BNH foi

extinto com suas funções repassadas para a Caixa Econômica Federal, devido a uma crise de

crédito que assolou o setor imobiliário e gerou uma redução significativa nos recursos do

FGTS, segundo informações disponibilizadas pela Associação Nacional dos Procuradores do

Banco Central do Brasil (APBC).

Em 1976 é criada a Comissão de Valores Mobiliários, uma autarquia vinculada ao Ministério

da Fazenda que passou a ser responsável pela supervisão do mercado de capitais, função antes

desempenhada pelo Banco Central do Brasil.

Outra ação importante na época foi a extinção da Conta Movimento em 1986, essa conta

garantia ao Banco do Brasil (BB) atuar como autoridade monetária, função que com o fim da

Conta Movimento passou a ser do Banco Central do Brasil (BCB). Essa conta, permitia que o

BB se autofinanciasse, não tivesse limites de caixa como os outros bancos comerciais e

atuasse como financiador de déficits do setor público, algumas dessas operações eram

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realizadas sem o correto aprovisionamento de recursos, sendo assim, considera-se que a

atuação do BB foi a causa da inflação crônica da década de 70.

Os bancos múltiplos começaram a existir em setembro de 1988, tendo como principal

objetivo permitir economias de escopo que possibilitam a redução significativa dos custos

operacionais de conglomerados financeiros. O que permitiu que uma mesma pessoa jurídica

atuasse em uma única instituição com carteiras de banco de investimento, banco de

desenvolvimento, sociedade de crédito imobiliário e sociedade de crédito, financiamento e

investimento. A instituição era caracterizada como banco múltiplo, se atuasse com mais de

uma das carteiras citadas.

No ano de 1994, foi obtida a estabilidade da economia com a entrada em funcionamento do

Plano Real. Um conjunto de medidas que tinham como objetivo recuperar a economia

brasileira que sofria com uma moeda desvalorizada e alta inflação. Algumas das medidas do

projeto foram: alteração da moeda em circulação; a criação da Comissão Técnica da Moeda e

do Crédito (Comoc), que funciona como órgão de assessoramento técnico para o Conselho

Monetário Nacional na formulação da política cambial e creditícia e a implementação do

Sistema de Metas para a inflação. Nesta mesma época, ampliaram-se os estímulos para que

famílias com menor poder aquisitivo e de regiões afastadas, tivessem maior acesso ao crédito.

Outro acontecimento importante foi a criação do Programa de Estímulo à Reestruturação do

Sistema Financeiro Nacional (Proer) em 1995, que tinha como objetivos assegurar a liquidez

e a solvência do Sistema Financeiro Nacional, bem como, proteger os interesses dos

investidores. Em 1996, entrou em funcionamento o Comitê de Política Monetária (Copom),

órgão responsável pela definição da Selic, taxa básica de juros.

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Segundo Oliveira e Pacheco (2011), com o intuito de melhorar e dar maior velocidade a

transferência de recursos entre os agentes econômicos e evitar riscos sistêmicos e de crédito,

foi desenvolvido o Sistema de Pagamentos Brasileiro em 2002. Este sistema introduziu a

Transferência Eletrônica Disponível (TED), que permite a transferência dos recursos da

reserva bancária de uma instituição financeira para outra no momento em que é realizada a

operação. As operações com títulos públicos liquidadas no Sistema Especial de Liquidação e

Custódia (Selic), também foram beneficiadas pela liquidação em tempo real, isso porque

existe uma interligação entre o Selic e o Sistema de Transferência de Reservas (STR), ambos

sistemas do Banco Central.

2.3 Órgãos de Regulamentação e Fiscalização

O sistema financeiro angolano é composto por organismos de supervisão. Os organismos de

supervisão são as entidades que mediante a lei, superintendem e exercem a supervisão, a

fiscalização e o controle dentro do sistema financeiro. A área de moeda e crédito é de

competência do Banco Nacional de Angola (BNA), a área de seguros e previdência social, é

de competência da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) e a

área do Mercado de Capitais e Investimento, é de competência do Organismo de Supervisão

do Mercado de Valores Mobiliários ou Comissão do Mercado de Capitais (CMC). Tanto a

ARSEG quanto a CMC, atuam sob tutela do Ministério das Finanças. Informações obtidas em

Lei das Instituições Financeiras nº 13/05.

Segundo Oliveira e Pacheco (2011), no Brasil, o sistema financeiro é constituído pelo

subsistema normativo e operativo. O primeiro é formado por instituições que estabelecem as

regras e diretrizes de funcionamento, além de definir os parâmetros para a intermediação

financeira e fiscalizar a atuação das instituições operativas. Tem em sua composição: o

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Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) e as Instituições Especiais (Banco do Brasil, BNDES e Caixa

Econômica Federal). E o subsistema operativo tem em sua composição as instituições que

atuam na intermediação financeira e tem como função operacionalizar a transferência de

recursos entre fornecedores de fundos e os tomadores de recursos, a partir das regras,

diretrizes e parâmetros definidos pelo subsistema normativo. Estão nessa categoria as

instituições financeiras bancárias e não bancárias, o Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimo (SBPE), além das instituições não financeiras e auxiliares.

Tabela 1 – Órgãos de Regulação e Fiscalização de Angola

Órgãos de Regulação e

Fiscalização

Banco Nacional

de Angola

(BNA)

Instituições

Financeiras

Bancárias

Bancos em geral

Instituições

Financeiras não Bancárias

Casas de Câmbio

Sociedades Cooperativas de Crédito

Sociedades de Cessão Financeira

Sociedades de Locação Financeira

Sociedades de Micro Crédito

Sociedades Prestadoras de Serviço de

Pagamentos

Sociedades Mediadoras dos Mercados

Monetário e de Câmbio

Agência Angolana

de Regulação e

Supervisão de

Seguros (ARSEG)

Sociedades Seguradoras e

Resseguradoras

Fundos de Pensão e suas Sociedades

Gestoras

Comissão do

Mercado de

Capitais (CMC)

Sociedades Corretoras de Valores

Mobiliários

Sociedades de Capital de Risco

Sociedades Distribuidoras de Valores

Mobiliários

Sociedades Gestoras de Participações

Sociais

Sociedades de Investimento

Sociedades Gestoras de Patrimônios

Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento

Sociedades Gestoras de Fundos de Titularização

Sociedades de Gestão de Investimento

Imobiliário

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Sociedades Operadoras de Sistemas ou

Câmaras de Liquidação e

Compensação de Valores Mobiliários

Fonte: Autora com dados da Lei das Instituições Financeiras nº 13/05.

Tabela 2 – Órgãos de Regulação e Fiscalização do Brasil

Órgãos de Regulação e Fiscalização

Conselho

Monetário

Nacional

(CMN)

Banco Central do Brasil

(BCB)

Instituições Financeiras

Captadoras de

Depósitos à Vista

Bancos Múltiplos com

Carteira Comercial

Bancos Comerciais

Caixas Econômicas

Cooperativas de Crédito

Demais Instituições Financeiras

Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial

Bancos de Investimento

Bancos de Desenvolvimento

Sociedades de Crédito,

Financiamento e Investimento

Sociedades de Crédito

Imobiliário

Companhias Hipotecárias

Associações de Poupança e

Empréstimo

Agências de Fomento

Sociedades de Crédito ao Microempreendedor

Sistemas de Liquidação

e Custódia

Sistema Especial de

Liquidação e de Custódia

(Selic)

Central de Custódia e de Liquidação Financeira de

Títulos (Cetip)

Caixas de Liquidação e Custódia

Comissão de Valores

Mobiliários (CVM)

Outros Intermediários ou Auxiliares

Financeiros

Bolsas de Valores,

Mercadorias e de Futuros

Sociedades Corretoras de

Títulos e Valores

Mobiliários

Sociedades de Arrendamento Mercantil

Sociedades Corretoras de

Câmbio

Representações de

Instituições Financeiras Estrangeiras

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Conselho

Monetário

Nacional

(CMN)

(cont.)

Agentes Autônomos de

Investimento

Administradores de Recursos de Terceiros

Fundos Mútuos

Clubes de Investimento

Carteiras de Investidores

Estrangeiros

Administradoras de Consórcio

Superintendência

Nacional de Previdência

Complementar (Previc)

Entidades Fechadas de Previdência Privada (Fundos de

Pensão)

Superintendência de

Seguros Privados

(Susep)

Entidades Ligadas aos Sistemas de Previdência

e Seguros

Entidades Abertas de

Previdência Privada

Sociedades Seguradoras

Sociedades de Capitalização

Sociedades Administradoras de Seguro Saúde

Fonte: Oliveira e Pacheco (2011)

2.4 Análise Comparativa das Instituições de Supervisão

2.4.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)

O Conselho Monetário Nacional, instituído em dezembro de 1964, é o órgão responsável por

expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN: o Ministro da

Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do

Banco Central do Brasil. Dentre suas funções estão: adaptar o volume dos meios de

pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o

equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições

financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar

pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária,

creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.

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O CMN exerce funções essencialmente normativas, estabelecendo regras e diretrizes que

devem ser executadas tanto pelo Banco Central, como pela Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) em suas atividades de fiscalização, controle e regulação das instituições financeiras

que operam no Brasil e no mercado de capitais. Como exemplo de medidas que afetam

diretamente a população, o órgão determina as características das cédulas e moedas

brasileiras, autorizou padarias e lotéricas a atuarem como correspondentes bancários e

instituiu pacotes de tarifas bancárias como forma de estimular a concorrência entre os bancos.

Em Angola, não existe uma instituição que seja considerada o órgão máximo do sistema

financeiro, tal como, o Conselho Monetário Nacional. Segundo o Banco Central do Brasil(a).

2.4.2 Banco Nacional de Angola (BNA) e Banco Central do Brasil (BCB)

O Banco Nacional de Angola foi criado a 10 de novembro de 1976. É uma pessoa jurídica de

direito público, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal com personalidade jurídica e patrimônio

próprios, fundada em 31 de dezembro de 1964 que atua como principal executor das

orientações do Conselho Monetário Nacional.

Ambas as instituições atuam na emissão de papel-moeda e de moeda metálica, executam a

política cambial, efetuam os serviços do meio circulante, realizam operações de redesconto e

empréstimo às instituições financeiras, realizam operações de compra e venda de títulos

públicos federais, executam o controle do crédito, fiscalizam as instituições financeiras,

concedem autorização para o funcionamento às instituições financeiras, fiscalizam o fluxo de

capitais estrangeiros no país, negociam a dívida externa do país, atuam como banqueiro único

do estado, agem como intermediários nas relações monetárias internacionais do estado e

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velam pela estabilidade do sistema financeiro atuando como financiadores de última instância.

No entanto, o BNA não é subordinado a nenhuma instituição, tal como, o Banco Central do

Brasil é subordinado ao Conselho Monetário Nacional. Informações disponibilizadas pelo

BCB(b) e pelo BNA(b).

2.4.3 Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG),

Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e Superintendência

de Seguros Privados (Susep)

Em setembro de 2013 foi criada a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros

(ARSEG), uma pessoa jurídica de direito público dotada de autonomia administrativa e

financeira e de patrimônio próprio, que atua sob tutela do Ministério das Finanças (Ministério

da Fazenda, no Brasil).

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), fundada em

dezembro de 2009, é uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa

e financeira e de patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Previdência Social.

Informações disponíveis no decreto nº 7.075.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) é uma autarquia vinculada ao Ministério da

Fazenda, criada em novembro de 1966. Segundo a SUSEP.

A ARSEG e a SUSEP têm em comum o objetivo de apreciar e emitir parecer sobre as contas

de exercício das empresas do setor de seguros; atuar como responsável pela regulação e

supervisão da atividade seguradora e resseguradora; assegurar o bom funcionamento desse

mercado, de forma a contribuir para a garantia de proteção dos tomadores de seguro,

participantes e beneficiários; emitir parecer e/ou autorizar a exploração de novos ramos ou

modalidades de seguro; atender e dar parecer sobre reclamações que lhe sejam apresentadas

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por presumíveis violações de normas do setor; promover o aperfeiçoamento das instituições e

dos instrumentos operacionais a eles vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob

sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.

No entanto, a PREVIC e a ARSEG, têm em comum a regulação e supervisão dos fundos de

pensão ou entidades fechadas de previdência complementar. Ambas atuam como responsáveis

por definir as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar; examinar e

aprovar os estatutos e o regulamento dos planos de benefícios das entidades de previdência

fechada; analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, fusão e transferência

de controle das entidades fechadas de previdência complementar.

2.4.4 Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) é uma pessoa jurídica de direito público, dotada

de personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e de patrimônio próprio,

sujeita à tutela do Ministério das Finanças de Angola, criada em 2005. A CMC rege-se pela

Lei dos Valores Mobiliários, Lei das Instituições Financeiras, Estatuto Orgânico e pelo seu

Regulamento Interno.

A Comissão de Valores Mobiliários é uma entidade autárquica criada em 1976, vinculada ao

Ministério da Fazenda do Brasil, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de

autoridade administrativa, autonomia financeira e orçamentária.

É no mercado de valores mobiliários onde são negociados os títulos emitidos pelas empresas

para captar junto ao público, recursos destinados ao financiamento de suas atividades,

portanto, o mercado de valores mobiliários estimula a poupança e o investimento, sendo

essencial para o crescimento das economias modernas. Constituem atribuições da CMC e da

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CVM: estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover

a organização e funcionamento regular e eficiente do mercado de capitais; assegurar a

transparência do mercado de capitais e das transações que nele se efetuam; assegurar aos

investidores e intermediários financeiros uma informação suficiente, verídica, objetiva, clara,

acessível e rápida sobre os valores mobiliários, as entidades que os emitem e as transações

que são efetuadas; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado;

assegurar a cooperação com as autoridades similares de todos os países do mundo; fiscalizar e

regulamentar os serviços de consultor, auditor e analista de valores mobiliários.

Ambas instituições são diferentes porque no Brasil existe a Bolsa de Valores, enquanto que

em Angola a Bolsa de Valores é apenas um projeto. Contudo, a CVM fiscaliza o

funcionamento, a organização e as operações da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

(BM&FBOVESPA) e a CMC prepara-se para exercer uma boa fiscalização e organização da

Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (BVDA). Informações contidas em Oliveira e

Pacheco (2011) e em Ferreira (2012).

Cada país aplica as regulamentações internacionalmente definidas, fazendo as devidas

adaptações à sua realidade. São alterações necessárias para que cada país prepare seu sistema

financeiro de modo a evitar que ocorram as mesmas situações difíceis que outros países

ultrapassaram. A seguir serão avaliadas as leis de Basiléia II, Basiléia III, UK Bribery e

Dodd-Frank e sua implementação em Angola e no Brasil.

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3 BASILÉIA I E II

Em 1930, foi criado o BIS (Bank for International Settlements), o Banco de Compensações

Internacionais, organização internacional que estimula a cooperação entre os bancos centrais e

outras agências, em busca da estabilidade monetária e financeira. O Comitê de Supervisão

Bancária da Basileia (Basel Committee on Banking Supervision – BCBS) foi desenvolvido em

1974, de acordo com Zacharias (2006).

Segundo Herbst (2006), o Comitê da Basiléia formado por presidentes dos bancos centrais

dos países do G-10, foi criado com o objetivo de desenvolver práticas de supervisão e uma

regulamentação bancária, levando em consideração que vários bancos adotaram estratégias

erradas com excessiva alavancagem financeira sem uma análise de risco adequada, na década

de 70, época caracterizada por taxas de juros e câmbio muito voláteis.

O Comitê não possui autoridade supranacional ou força legal, e sua atuação se vincula à

formulação de padrões mínimos de supervisão, à recomendação de melhores práticas e ao

encorajamento à convergência de critérios de supervisão bancária.

Com a evolução das operações financeiras na década de 80, houve a necessidade de melhoria

nas ferramentas de gerenciamento de riscos para que fosse mantida a solidez do sistema

financeiro mundial. Observou-se uma intensificação nas atividades internacionais das

instituições financeiras, inovação de práticas e instrumentos financeiros como derivativos e

swaps e diversificação de operações especulativas relacionadas à volatilidade da taxa de

câmbio.

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3.1 O Acordo de 1988 (Basiléia I)

A crise da dívida que irrompeu na América Latina em 1980, aumentou a preocupação do

Comitê de Basiléia com relação à deterioração do capital dos principais bancos internacionais

em um momento de riscos internacionais crescentes. Os membros do Comitê decidiram atuar

de modo a conter a erosão de capital em seus sistemas bancários e trabalhar para que fosse

desenvolvida uma convergência internacional na medição da adequação de capital.

Informações do Bank for International Settlements(a).

O BCBS divulgou em 1988, o primeiro Acordo de Capital da Basileia, oficialmente

denominado International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, que

desenvolveu exigências mínimas de capital para instituições financeiras com o objetivo de

proteger as instituições do risco de crédito. O Acordo de Basiléia determinou aos bancos

manter 8% do capital alocado em ativos de risco, como patrimônio mínimo.

Em 1996, o Comitê publicou a primeira emenda ao Acordo de 88, o documento “Amendment

to the Capital Accord to incorporate Market Risks” incorporando ao capital exigido parcela

para cobertura dos riscos de mercado, segundo informações do Banco Central do Brasil(d).

Considerando que, a evolução da variedade e complexidade dos produtos e operações

financeiras exigiam modelos mais sofisticados que o modelo padrão para o risco de crédito.

As recomendações do Acordo de 1988, não foram aplicadas apenas pelos bancos

internacionalmente ativos do G-10, mas sim por muitos países industrializados e

desenvolvidos, por países emergentes e em desenvolvimento, preservando as devidas

necessidades de adaptações. Segundo Carvalho (2004), o acordo passou de um acerto de

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regras competitivas para um marco na reorientação das estratégias de regulação prudencial no

final do século XX.

3.2 O Acordo de Basiléia II

Com o objetivo de melhorar a efetividade dos requerimentos de capitais no controle de riscos

e para se adequar às inovações financeiras, o Comitê de Basiléia publicou em junho de 2004 o

documento intitulado Revised Capital Framework conhecido como Basiléia II ou Novo

Acordo de Capital.

O Comitê propôs-se a revisar o Acordo de 1988 para incorporar as mudanças na estrutura de

riscos e solucionar as fragilidades do sistema vigente, criando um sistema que iria mais longe,

no sentido de fortalecer a solidez e estabilidade do sistema bancário internacional, mantendo a

segurança de que a regulação de capital não seria fonte de desequilíbrio competitivo entre os

bancos ativos internacionalmente.

De acordo com Garcia (2003), no Novo Acordo de Capital o requerimento de capital

regulamentar não é o único instrumento para minimizar falências bancárias, a nova estrutura é

constituída por três pilares. O primeiro pilar compreende os requerimentos mínimos de

capital, o segundo baseia-se na avaliação, pela instituição financeira e pela supervisão, dos

níveis adequados de capital e o terceiro, tem a transparência e a divulgação de informações

como representante da disciplina de mercado.

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3.2.1 Pilar I: Os Requerimentos Mínimos de Capital

Como no acordo de 1988, a taxa mínima de capital que deve ser levada em consideração é de

8%, sendo que além de se avaliar o risco de crédito e de mercado, o risco operacional passou

a ser abrangido pelo capital mínimo.

“O Comitê também propõe um gasto explícito de capital para o

risco operacional, representado pela possibilidade de perdas devido à

pane nos computadores, falhas humanas e dos processos internos, ou

fraude. É uma das principais inovações do novo Acordo e deve

representar um encargo nada desprezível para os bancos dos países

emergentes.” (Fortuna, 2011).

O Comitê da Basiléia busca incentivar a utilização de modelos internos para o gerenciamento

de risco das instituições financeiras e para o cálculo de capital regulamentar, haja vista a

complexidade de algumas opções para cálculo de capital. A instituição tenta deste modo, dar

liberdade às instituições financeiras para que adaptem os modelos de controles internos a sua

realidade, modelos estes sujeitos à aprovação do regulador.

3.2.2 Pilar II: Processo de Supervisão

O processo de supervisão é destacado neste pilar como complemento ao primeiro pilar. É

função dos órgãos de supervisão avaliar se os requerimentos mínimos de capital foram

definidos pela instituição financeira e se são adequados ao nível de riscos a que a mesma está

sujeita. De acordo com o Pilar II, a Alta Administração é responsável pela estratégia de

exposição aos riscos e pelos níveis de capital compatíveis, definidos pelas instituições

financeiras.

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Segundo Mendonça (2004), os princípios que estruturam o mecanismo de revisão da

supervisão são os seguintes: 1. Os bancos devem desenvolver processos internos que

permitam definir níveis adequados de capital compatíveis com os riscos assumidos; 2. Aos

supervisores cabe analisar as estratégias de adequação de capital desenvolvidas pelos bancos e

garantir que seja respeitado o índice de capital definido pelas regras vigentes; 3. As

autoridades esperam, e podem exigir, que os bancos operem acima dos índices mínimos de

capital; 4. Supervisores podem intervir precocemente e exigir ação rápida dos bancos, a fim

de evitar que o capital fique abaixo do necessário para suportar os riscos assumidos.

3.2.3 Pilar III: Disciplina de Mercado

Envolve a necessidade de os bancos disponibilizarem informações ao público sobre o seu

nível de riscos, a adequação de capital, bem como, seus processos de gestão de riscos. O

intuito deste pilar é permitir que os agentes participantes do mercado sintam-se estimulados a

fiscalizar os bancos e que por meio da utilização de níveis de transparência, haja redução de

perdas decorrentes de falências bancárias.

Para garantir o cumprimento da transparência é permitido aos supervisores utilizar

instrumentos de persuasão, que vão desde o diálogo com a administração do banco a multas

financeiras, de acordo com a deficiência de divulgação apresentada.

“Além do estabelecimento de critérios mínimos de transparência

para todas as instituições financeiras por meio do terceiro pilar, a

utilização de modelos internos para cálculo de capital estará também

associada a maiores níveis de transparência.” (Garcia, 2003).

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Para Xavier (2003), no processo de revisão da supervisão e na disciplina de mercado o maior

destaque dado aos controles internos e ao gerenciamento dos bancos, tem como objetivo

aperfeiçoar a saúde e segurança do sistema financeiro.

3.3 Basiléia II em Angola

As instituições bancárias autorizadas a funcionar pelo Banco Nacional de Angola (BNA)

devem manter um nível de fundos próprios compatível com os riscos a que cada instituição

está submetida. O nível mínimo de patrimônio que as instituições devem manter por capital

alocado em investimentos de risco é de 10%, nível maior que os 8% definidos tanto em

Basiléia I quanto em Basileia II. O alto nível de exigência tem como objetivo dar maior

estabilidade ao sistema financeiro, levando em consideração as características do país.

As exigências de capital feitas pelo BNA têm em conta os riscos de crédito e de mercado,

mais especificamente, o risco cambial. No âmbito dos riscos incluídos no requerimento

mínimo de capital, Angola abrange os riscos definidos em Basiléia I, para se adequar a

Basileia II precisa levar em consideração o risco operacional. O rácio de solvabilidade

mínimo1 é regulamentado pelo Aviso nº05/07, de 12 de setembro emitido pelo Banco

Nacional de Angola.

Fazendo referência ao segundo pilar de Basiléia II relacionado à supervisão, em Angola, de

acordo com a lei nº13/05, de 30 de setembro, para a realização de um correto processo de

supervisão é feita a análise:

das políticas, práticas e procedimentos relacionados com a concessão de crédito e

decisões de investimentos;

1 Requerimento Mínimo de Capital.

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da estrutura patrimonial das instituições financeiras;

dos fundos próprios e a respectiva adequação às exigências de capital;

dos sistemas de gestão de risco e os procedimentos de controles internos;

de como são implementadas as normas e limites prudenciais;

dos aspectos relacionados com a governança corporativa;

de como são implementadas as recomendações do Banco Nacional de Angola.

A avaliação dos controles internos pode ser considerada a principal função exercida pelas

instituições financeiras, de acordo com o exigido no segundo pilar de Basiléia II.

“Os controles internos são um mecanismo para redução das

possibilidades de fraude, apropriação indébita e erros.

(Zacharias,2006).

Considerando que Angola é um país caracterizado pela liberdade contratual e pela inovação

financeira, compete ao BNA verificar o cumprimento dos requisitos mínimos de informação

aos clientes, sobre as condições financeiras das instituições e sobre os respectivos riscos a que

estão submetidas. Ponto que é uma referência ao terceiro pilar de Basiléia II, que diz respeito

à disciplina de mercado. A instituição reguladora define quais informações devem ser

publicadas, para que os consumidores tenham contato com a situação da empresa, possam

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auxiliar no processo de supervisão das mesmas e para que as instituições de supervisão

possam ter uma atuação proativa, quando necessário.

“Transparência é, portanto, a palavra-chave da disciplina do

mercado. A divulgação pública, confiável e tempestiva de

informações, atingindo aspectos qualitativos e quantitativos, que

permita a seus usuários uma análise detalhada e completa sobre a

performance, atividade, perfil de risco e práticas gerenciais de uma

instituição financeira, é, para o Comitê, fundamental para uma

supervisão bancária robusta, capaz de antecipar problemas em uma

instituição ou no próprio sistema bancário como um todo.”(Moreira,

2003).

O relatório final do BNA sintetiza as principais constatações. É enviada uma carta de

recomendações à alta administração das instituições que deve ser analisada e as medidas

corretivas adotadas, implementação esta que será supervisionada pelo BNA. Caso não sejam

cumpridas as exigências, as instituições estão sujeitas a penalizações que incluem o

encerramento das atividades. O resumo de Basiléia II e das respectivas regulamentações são

apresentadas nas tabelas 4 e 3, respectivamente.

3.4 Basiléia II no Brasil

O requerimento mínimo do Patrimônio de Referência (PR) definido pelo Banco Central do

Brasil que deve ser aplicado pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo mesmo, devem respeitar um cronograma presente na resolução nº 4.193 de

2013. Nesta resolução é definido que o requerimento mínimo do PR será de:

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11% (onze por cento), de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2015;

9,875% (nove inteiros e oitocentos e setenta e cinco milésimos por cento), de 1º de

janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;

9,25% (nove inteiros e vinte e cinco centésimos por cento), de 1º de janeiro de 2017 a

31 de dezembro de 2017;

8,625% (oito inteiros e seiscentos e vinte e cinco milésimos por cento), de 1º de

janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018;

8% (oito por cento), a partir de 1º de janeiro de 2019.

Este item da resolução faz referência ao nível mínimo de capital que as empresas devem

manter para que haja uma reserva de capital, caso ocorram situações inesperadas. O

requerimento mínimo leva em consideração o risco de mercado, de crédito e operacional, o

que representa o primeiro pilar de Basiléia II. No entanto, na circular 3.547 de 2011, é

definido que além dos três riscos definidos em Basiléia II, no processo interno de avaliação da

adequação de capital (Icaap), deve-se manter capital suficiente para cobrir riscos de

concentração, definido como a exposição a contrapartes do mesmo setor econômico ou

mesma região demográfica e risco de liquidez.

Com relação ao segundo pilar, da atuação da supervisão para garantir controles internos

mitigadores de riscos, na resolução nº 4.193 é exigido que as instituições financeiras indiquem

à instituição de supervisão, o diretor responsável pelos processos e controles relativos ao

cálculo dos requerimentos mínimos do PR, de modo, a garantir um maior contato entre a

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supervisão e a alta administração. Inclusive, o Banco Central do Brasil (BCB) define as

normas para avaliação e gerenciamento dos riscos, os procedimentos e controles empregados

pelas instituições financeiras e demais instituições por ele autorizadas a funcionar. Ou seja, o

BCB atua de modo a garantir que as instituições apliquem os controles e outras exigências

para a mitigação de riscos definidos por lei.

“A estruturação de uma área para o gerenciamento de riscos é

uma tarefa que requer cuidado. Um passo necessário é o

estabelecimento de uma cultura corporativa para o gerenciamento de

riscos. É também importante a contratação de profissionais que

combinem experiência prática e conhecimento técnico.” (Duarte,

2003).

O sistema Icaap, mencionado na circular 3.547, funciona também como uma forma de a

supervisão garantir que as instituições utilizam os métodos corretos para avaliação de riscos,

avaliando a implementação deste sistema por parte das instituições bem como de outros

controles internos, o BCB pode definir que estratégias aplicar e que recomendações fazer as

instituições.

Fazendo referência ao terceiro pilar, o BCB define como deve ser realizado o armazenamento

e a divulgação das informações relacionadas ao gerenciamento de riscos. A supervisão define

que em relatório de acesso público deve ser informada a estrutura de gerenciamento de capital

da instituição, exigência que consta na resolução nº 3.988 de 2011. Na mesma resolução é

exigido que fique claro nos relatórios a responsabilidade do conselho de administração ou, na

sua inexistência, da diretoria da instituição, pelas informações publicadas.

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“O terceiro pilar trata de práticas de mercado, e propõe que as

instituições adotem a política de dar transparência às suas operações,

como forma de encorajar a adoção de práticas seguras no mercado.”

(Mello, 2003).

Na circular 3.477 de 2009, é definido que as publicações devem conter um detalhamento

adequado à complexidade das operações e à sofisticação dos sistemas e processos de gestão

de riscos, bem como, devem ser esclarecidas as diferenças entre as informações exigidas pela

resolução e as publicadas pelas instituições, de modo a que o público tenha facilidade para

interpretar tais informações e usá-las adequadamente. Nesta mesa resolução é definido que as

instituições financeiras podem publicar informações adicionais às exigidas, caso julguem

relevantes para assegurar a transparência de sua gestão e os órgãos de supervisão também

podem exigir informações adicionais às instituições caso julguem necessário.

Contudo, as informações exigidas na circular 3.477 de 2009, devem estar disponíveis em um

único local, de acesso público e de fácil localização, no sítio da instituição na internet.

3.5 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia II

Nos dois países, Basiléia II é implementado com algumas adaptações. No que concerne ao

pilar I sobre o requerimento mínimo de capital, em Angola é definida uma taxa de 10%

enquanto que no Brasil esta taxa varia de 11%, a partir de 1º de outubro de 2013 a 8%, a partir

de 1º de janeiro de 2019. Taxas superiores a de 8% prevista em Basiléia II. Quanto ao tipo de

risco levado em consideração, em Angola, apenas os riscos de crédito e de mercado são

levados em consideração no cálculo do requerimento mínimo de capital. No Brasil além dos

riscos de crédito, mercado e operacional definidos em Basiléia II, são levados em

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consideração os riscos de liquidez e de concentração. O que é uma medida proativa do

governo brasileiro, já que, o mercado não é afetado apenas pelo risco de crédito, de mercado e

operacional como definido em Basiléia II.

Quanto ao segundo pilar, referente à supervisão, ambos países têm uma instituição

responsável pelo processo de fiscalização, o BNA em Angola e BCB no Brasil. Estas

instituições são responsáveis, principalmente, pela avaliação da implementação correta de

controles internos como: o requerimento mínimo de capital, boa governança corporativa e

sistema de gerenciamento e mitigação de riscos. No caso do Brasil a atuação é mais efetiva, já

que, se exige a apresentação do responsável pelo setor de controle e mitigação de riscos, deste

modo, qualquer recomendação é feita diretamente ao setor responsável e as alterações

necessárias são feitas com maior rapidez.

No terceiro pilar, referente à disciplina de mercado, ambas instituições têm contato com a alta

administração das empresas; definem que as empresas devem publicar informações referentes

ao sistema de gerenciamento de riscos, de modo, a que o público tenha fácil acesso a esses

dados. No caso do Brasil é exigido um detalhamento maior das informações disponibilizadas

ao público, o que facilita o entendimento e a reação do público quando necessário.

Tabela 3 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia II

Basiléia II Angola Brasil

Pilar I – requerimento mínimo de

capital

Aviso nº05/07, de

12/09/2007

Circular nº3.547 de 07/07/2011.

Resolução nº4.193 de

1/03/2013.

Pilar II – processo de supervisão Lei nº13/05, de 30/09/2005

Circular nº3.547 de 07/07/2011.

Resolução nº4.193 de

1/03/2013.

Pilar III – disciplina de mercado Lei nº13/05, de 30/09/2005

Circular nº3.477 de 24/12/2009.

Resolução nº3.988 de

30/06/2011.

Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.

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Tabela 4 – Resumo de Basiléia II

Pilar I Basiléia II Angola Brasil

Requerimento mínimo

de capital 8% 10% 11%

Risco de Crédito Sim Sim Sim

Risco de Mercado Sim Sim Sim

Risco Operacional Sim Não Sim

Risco de Liquidez Não Não Sim

Risco de Concentração Não Não Sim

Pilar II Alta administração Alta administração Setor de controle e

mitigação de riscos

Pilar III Informações definidas

pela supervisora

Informações definidas

pela supervisora

Informações definidas

pela supervisora e pela instituição financeira

Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.

4 BASILÉIA III

Segundo Leite e Reis (2011), a crise foi devastadora para diversos países. Estima-se que

globalmente 30 milhões de pessoas tenham perdido seus empregos de 2007 a 2010, o

crescimento foi interrompido, o comércio internacional arrefeceu e houve aumento da dívida

pública em um grande número de países.

A crise foi amplificada por um processo agudo de deflação de ativos, pela alavancagem

excessiva do setor bancário, pelas conexões tanto entre as instituições que operam no mercado

financeiro quanto dessas para com a economia em geral, processo que gerou erosão do nível e

qualidade do capital, repentina redução da oferta de crédito e tornou inevitável a ação dos

governos para amenizar as consequências da crise, o que resultou em um processo de

socialização das perdas que gerou grandes prejuízos aos contribuintes.

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O Comitê de Basiléia sobre Supervisão Bancária percebeu a necessidade de fortalecer a

estrutura de Basileia II, antes mesmo da quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, ao

observar que além da alta alavancagem do setor bancário e dos níveis inadequados de

liquidez, havia falhas na governança e na gestão de riscos. Em consequência dessa avaliação,

o Comitê de Basiléia divulgou em 2010 dois documentos: Basel III: A global regulatory

framework for more resilient banks and banking systems e Basel III: International framework

for liquidity risk measurement, standards and monitoring, que representam o Acordo de

Basiléia III, um aprimoramento de Basiléia II.

O Comitê desenvolveu um aprimoramento de Basiléia II, por perceber que não foi o setor

bancário que gerou a crise, mas sim, o setor que, por apresentar algumas fraquezas, agravou e

propagou a crise. E com o acordo de Basiléia III, é exigido que as instituições apresentem um

volume maior de capital e ativos de alta qualidade para limitar os riscos relacionados à

concessão de crédito; aprimorem seus processos de gerenciamento de risco, inclusive do risco

sistêmico; aumentem a liquidez para prover a cobertura de desencaixes em períodos de

estresse e ampliem a transparência e disponibilidade de informações.

“Dentre as lições apreendidas em decorrência da crise, destaca-se

a constatação de que a regulação financeira não pode ser focada no

individuo, é preciso que se reconheça que o sistema como um todo é

maior que a soma de suas partes. Portanto, a regulação proposta até

então deve ser complementada por uma série de medidas de cunho

“macroprudencial” que objetivem a higidez do sistema e a contenção

do risco sistêmico.”(Leite e Reis, 2011).

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As alterações promovidas por Basiléia III serão resumidas a seguir, de acordo com Modenesi

et al. (2012):

Requerimento de Capital continua a ser constituído pelo capital de nível 1 e o capital

de nível 2, sendo que com Basiléia III, o capital de nível 1 passou a ser constituído por

capital principal (commom equity Tier 1) e capital adicional (additional Tier 1). Foi

estabelecido que o capital principal seja constituído por ações e lucros retidos e

represente, no mínimo, 4,5% do ativo ponderado pelo risco (APR) que os bancos

devem manter, valor cuja previsão de implementação é 2015; que o capital adicional

seja constituído por instrumentos híbridos de capital e dívida,e o somatório do capital

principal e o capital adicional, o capital de nível 1, represente, no mínimo, 6% do

APR, a partir de 2015; que o capital de nível 2 seja formado por dívidas subordinadas

e que o somatório do nível 1 e o nível 2, requerimento de capital, seja de, no mínimo,

8%. Medidas desenvolvidas com o intuito de ampliar a qualidade do capital

regulatório;

Criação do capital de conservação (capital conservation buffer), margem adicional de

capital capaz de absorver perdas em períodos de revés e que funciona de modo a

garantir que os bancos reduzam a distribuição de lucros por meio do pagamento de

dividendos aos acionistas e de bônus a seus funcionários, para acumulá-los em seu

capital e constituir um colchão que absorva perdas em situações críticas. Este índice

entrará em vigor no intervalo de 2016 a 2019 e será um adicional ao capital principal,

deste modo, o capital principal deverá cobrir o limite de 4,5% do APR mais 2,5% do

APR referente ao capital de conservação, totalizando 7%, variação que fará com que o

capital regulatório mínimo aumente de 8% para 10,5%;

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Implementação do colchão de capital contracíclico (countercyclical buffer), que será

um adicional ao capital de conservação, que irá variar de zero a 2,5% do APR e terá

um período de implementação que irá de 2016 a 2019. Esta nova medida terá como

função variar de acordo com a situação macroeconômica do mercado de crédito, de

modo a evitar que os bancos sofram perdas significativas após períodos de aumento do

crédito. Com a inclusão do colchão de capital contracíclico, o capital regulatório

mínimo dos bancos terá valores entre 10,5% e 13%.

Introdução de um índice de alavancagem, que teria como função controlar a

alavancagem do setor bancário, com o intuito de evitar processos de desalavancagem

desestabilizadores com capacidade de danificar o sistema financeiro e a economia. É

apurado pela divisão do valor do Nível I do PR pelo valor da exposição total e foi

proposto que o índice de alavancagem seja, inicialmente, 3%, sua adequação será

avaliada no período de 2013 a 2017.

Criação de dois índices de liquidez, um de curto prazo (liquidity coverage ratio - LCR)

e outro de longo prazo (net stable funding ratio - NSFR). Sendo que o primeiro índice

tem como objetivo garantir que os bancos mantenham em sua carteira ativos de alta

liquidez que possam ser convertidos em moeda em curtíssimo prazo e permitam que a

instituição bancária sobreviva a cenários agudos de estresse, com um mês de duração.

O segundo índice, NSFR, será um complemento ao LCR e terá como função monitorar

descasamentos de prazos e garantir que mesmo ativos de longa maturação, tenham

alguma fonte estável de funding que garanta a saúde dos bancos em períodos de, no

mínimo, um ano. A previsão é que o índice de liquidez de curto prazo seja

implementado em janeiro de 2015 e que o índice de liquidez de longo prazo seja

implementado em janeiro de 2018. Sendo que nas datas de implementação será

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exigido que os índices de liquidez tenham valor superior a 1. As fórmulas para o

cálculo dos índices serão apresentadas a seguir:

Estoque de ativos de alta liquidez

LCR = -------------------------------------- (1) Saídas líquidas no prazo de até 30 dias

Total de captações estáveis disponíveis

NSFR = --------------------------------------- (2) Total de captações estáveis necessárias

Quanto ao Processo de Supervisão e à Disciplina de Mercado, é exigido aos supervisores

garantir que as instituições apliquem as novas demandas do comitê, levando em consideração

o prazo de adaptação e publiquem de modo eficiente as informações necessárias referentes à

gestão de riscos, governança corporativa e adequação do capital. Com esta nova série de

demandas, as empresas que tiverem mais conexões, mais relevância sistêmica, serão alvo de

maiores exigências.

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Figura 1: Estrutura de Basiléia III

Fonte: Autora com informações de Modenesi et al. (2012)

4.1 Basiléia III em Angola

Em Angola não foi possível encontrar normativos referentes a implementação de Basiléia III,

dentre os normativos do Banco Nacional de Angola (BNA).

4.2 Basiléia III no Brasil

Com relação à implementação de Basiléia III no Brasil, o BCB publicou o comunicado nº

20.615, aos 17 de fevereiro de 2011, em que é definido o cronograma de aplicação das

recomendações de Basiléia III, o mesmo será apresentado a seguir:

Pilar I

Requerimento

de Capital

Capital de Nível

1

Capital de

Nível 2

Capital

Principal

Capital

Adicional

Capital de

Conservação

Colchão de

Capital

Contracíclico

Índice de

Alavancagem

Índice de

Cobertura de

Liquidez

Índice de

Liquidez de

Longo Prazo

Índices de

Liquidez

Pilar II

Processo de

Supervisão

Pilar III

Disciplina de

Mercado

Legenda

Basiléia II

Basiléia III

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I - até dezembro de 2011: nova definição do Patrimônio de Referência;

II - até dezembro de 2012: estabelecimento do Capital de Conservação e do Capital

Contracíclico e divulgação da metodologia preliminar da composição e cálculo do LCR

(índice de liquidez de curto prazo) e do Índice de Alavancagem;

III - até dezembro de 2013: definição final da composição e cálculo do LCR (índice de

liquidez de curto prazo);

IV - até dezembro de 2014: divulgação da metodologia preliminar da composição e

cálculo do NSFR (índice de liquidez de longo prazo);

V - até dezembro de 2016: definição final da composição e cálculo do NSFR; e

VI - até julho de 2017: definição final da composição e cálculo do Índice de Alavancagem.

Com base no cronograma apresentado, tanto o BCB quanto o CMN, desenvolveram circulares

e resoluções que especificam o conteúdo de cada um dos itens supracitados. Com relação ao

Requerimento de Capital o CMN emitiu a resolução n º 4.192 em março de 2013, que

explicita que o Patrimônio de Referência (PR) é constituído pelo somatório do capital de nível

1 e nível 2, sendo que o primeiro será composto pelo capital principal e complementar.

Considerando a mesma resolução, o capital principal é formado por cotas, ações ordinárias e

preferenciais não resgatáveis e lucros retidos e, o capital complementar é composto por ações

preferenciais e instrumentos híbridos de capital e dívida que absorvam perdas durante o

funcionamento da instituição financeira. Com relação ao capital de nível 2, é definido na

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resolução n º4.192, que seja composto por instrumentos de dívida subordinada, capazes de

absorver perdas a quando da inviabilidade de funcionamento da instituição.

Com relação ao índice de alavancagem, é exigido que as instituições financeiras calculem o

índice a partir de 1/1/2013 e divulguem o seu índice e os componentes do cálculo a partir de

1/1/2015. A partir de 1/1/2018, está prevista a exigência de um valor mínimo para o Índice de

Alavancagem, inicialmente previsto em 3%. Segundo o comunicado nº 20.615.

Para a implementação dos índices de liquidez de curto e longo prazo, as instituições

financeiras serão submetidas a estudos de impacto e as mesmas deverão divulgar os principais

componentes dos índices. A partir de 1/1/2015, será exigido um valor superior a 1 para o

índice de liquidez de curto prazo, e para o índice de liquidez de longo prazo, a partir de

1/1/2018. De acordo com o comunicado nº 20.615.

O requerimento mínimo do Patrimônio de Referência terá seu valor adequado às exigências

de Basiléia III, de acordo com o cronograma a seguir:

I - 11%, de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2015;

II - 9,875%, de 1º de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;

III - 9,25%, de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2017;

IV - 8,625%, de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018; e

V - 8%, a partir de 1º de janeiro de 2019.

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O requerimento mínimo de capital de nível 1, variará de acordo com o seguinte cronograma:

I - 5,5%, de 1º de outubro de 2013 a 31 de dezembro de 2014; e

II - 6%, a partir de 1º de janeiro de 2015.

Com relação ao requerimento mínimo de capital principal, desde 1º de outubro de 2013, é

exigido que as instituições financeiras reservem 4,5% do ativo ponderado pelo risco (APR).

Referindo-se ao adicional de Capital Principal, que pode ser compreendido como o somatório

do capital de conservação e o colchão de capital contracíclico, é definido na resolução 4.193

que variará de acordo com o seguinte cronograma:

I – de 0,625% a 1,25%, de 1º de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016;

II – de 1,25% a 2,5%, de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2017;

III – de 1,875% a 3,75%, de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018;

IV – de 2,5% a 5%, a partir de 1º de janeiro de 2019.

Segundo a resolução 4.193 de março de 2013, desenvolvida pelo CMN, as instituições

financeiras devem manter montantes do PR, do capital de nível 1 e do capital principal

superiores ao mínimo estabelecido na mesma resolução e com relação ao adicional de capital

principal, é definido que se o nível reservado pelas instituições financeiras for insuficiente

haverá restrições sobre o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, bem como

sobre a variação de bônus ou outros instrumentos de remuneração variável, até que seja

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sanada a insuficiência de adicional de capital. Demanda que pode ser considerada no Pilar II,

referente ao processo de supervisão, já que, a instituição supervisora avalia a qualidade da

estrutura do capital da empresa mediante a visualização da correta implementação destas

exigências.

Com relação ao Pilar III referente à Disciplina de Mercado, a resolução 4.193 determina que

as instituições financeiras divulguem informações referentes à gestão de riscos, adequação do

PR e que as mesmas sejam confiáveis e relevantes para os usuários externos.

4.3 Conclusões sobre a Implementação de Basiléia III

Por em Angola ainda estar em avaliação à adequação a Basiléia III, esta avaliação será feita

observando as semelhanças da regulamentação no Brasil e a do Acordo de Basiléia.

Com relação ao Patrimônio de Referencia ou Requerimento de Capital, em Basiléia III é

definido que seja constituído pelo capital de nível 1 e nível 2, demanda aplicada no Brasil.

Ambas regulamentações têm ainda em comum o fato de, o capital de nível 1 ser composto

pelo capital principal e adicional, em que o principal é constituído por ações e lucros retidos,

representando 4,5% do APR, sendo que em Basiléia III é recomendada a implementação da

exigência de capital em 2015 e no Brasil em 2013. Nos dois casos, o capital adicional é

composto por instrumentos híbridos de capital e dívida, o somatório do capital principal e

adicional, capital de nível 1, representará 6% do APR a partir de 2015, e o capital de nível 2 é

constituído por dívidas subordinadas, sendo que o somatório do nível 1 e o 2, requerimento de

capital, será de no mínimo 8%, no entanto, no Brasil a implementação desta exigência

ocorrerá em 2019, enquanto que, Basiléia III recomenda que o mínimo de 8% seja

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implementado a partir de 2013. Observa-se que o Brasil tem uma postura mais conservadora,

realizando o aumento das exigências de capital com antecedência e as reduções com “atraso”.

O capital de conservação e o capital contracíclico, na resolução 4.193 do CMN, são

referenciados como adicional de capital principal. Em ambas regulamentações é definido que

cada um dos dois tipos de capital varie de zero a 2,5% do APR, sendo que a implementação

ocorrerá de 2016 a 2019 em 4 parcelas de 0,625% do APR. Em ambos os casos, quando o

nível de adicional de capital não corresponder ao exigido, serão desenvolvidas restrições à

distribuição de remuneração variável até que a deficiência de capital seja sanada.

Relativamente ao índice de alavancagem e aos índices de liquidez de curto e longo prazo, em

ambas regulamentações é exigido que as instituições financeiras divulguem os componentes

do cálculo dos três índices, antes do período definido para a implementação dos mesmos.

Com relação à taxa de alavancagem, é definido que a mesma seja, inicialmente, de 3%, sendo

que, em Basiléia III o período de implementação varia de 2013 a 2017, enquanto que no

Brasil varia de 2013 a 2018. Com relação aos índices de liquidez de curto e longo prazo, em

ambas regulamentações, é definido que tenham valor acima de 1 no período de

implementação, sendo que para o índice de liquidez de curto prazo é definida a

implementação em 2015, enquanto que para o índice de liquidez de longo prazo, ocorrerá em

2018.

Segundo ambas regulamentações, o pilar II referente ao Processo de Supervisão e o pilar III

referente à Disciplina de Mercado, se fazem sentir, já que em ambas instituições de

supervisão é exigido que as instituições financeiras implementem de modo adequado e

divulguem em locais de fácil acesso ao usuário, informações sobre a gestão de riscos e

implementação das exigências de capital, sendo que podem ser submetidas a restrições caso

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não sejam respeitadas as exigências das instituições de supervisão. Em Basiléia III fica

explícito que instituições financeiras com maior relevância sistêmica, receberão atenção

diferenciada, enquanto que no caso do Brasil não fica explícito.

Tabela 5 – Regulamentações Consolidadas de Basiléia III

Basiléia III Angola Brasil

Pilar I - requerimento mínimo

de capital

Resolução 4.192, de 01/03/2013

Resolução 4.193, de 01/03/2013

Índice de alavancagem Comunicado nº 20.615, de

17/02/2011

Índice de liquidez de curto e de

longo prazo

Comunicado nº 20.615, de

17/02/2011

Capital de conservação e Capital contracíclico

Resolução 4.193, de 01/03/2013

Pilar II – processo de

supervisão Resolução 4.193, de 01/03/2013

Pilar III – disciplina de mercado Resolução 4.193, de 01/03/2013

Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.

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Tabela 6 – Cronograma de Implementação de Basiléia III

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Capital

principal –

Basiléia III 3,5% 4% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5%

Capital

principal –

Brasil 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5%

Nível I –

Basiléia III 4,5% 5,5% 6% 6% 6% 6% 6%

Nível I -

Brasil 5,5% 5,5% 6% 6% 6% 6% 6%

Patrimônio

de referência

– Basiléia III 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8%

Patrimônio

de referência

- Brasil 11% 11% 11% 9,88% 9,25% 8,63% 8%

Adicional de

capital

principal –

Basiléia III

0,63% a

1,25%

1,25% a

2,5%

1,88% a

3,75%

2,5% a

5%

Adicional de

capital

principal -

Brasil

0,625 % a

1,25%

1,25% a

2,5%

1,875% a

3,75%

2,5% a

5%

PR +

Adicional de

capital –

Basiléia III

8% 8% 8% 8,63% a

9,25%

9,25% a

10,5%

9,88% a

11,75%

10,5% a

13%

PR+Adicional

de capital -

Brasil 11% 11% 11%

10,5% a

11,125%

10,5% a

11,75%

10,5% a

12,375%

10,5% a

13%

Fonte: RISKbank.

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Tabela 7– Resumo de Basiléia III

Pilar I Basiléia III Angola Brasil Requerimento

mínimo de capital 8% 10% 11%

Capital de nível 1 6% Não 5,5%

Capital principal 4,5% Não 4,5%

Capital de

conservação até 2,5% Não até 2,5%

Capital contracíclico até 2,5% Não até 2,5%

Índice de

alavancagem 3%, (2017) Não 3%, (2018)

Índice de liquidez de

curto prazo >1, (2015) Não >1, (2015)

Índice de liquidez de

longo prazo >1, (2018) Não >1, (2018)

Pilar II e Pilar III

Implementação e divulgação dos

requerimentos de

capital, com maior exigência sobre

instituições

financeiras sistêmicas

Implementação e divulgação dos

requerimentos de

capital

Implementação e divulgação dos

requerimentos de

capital

Fonte: Autora com informações do BNA e BCB.

5 UK BRIBERY ACT

A Lei Anticorrupção do Reino Unido, UK Bribery Act, foi aprovada aos 8 de abril de 2010 e

entrou em vigor no dia 1°de julho de 2011. De acordo com a PricewaterhouseCoopers

(PwC), a lei atua sobre instituições financeiras estrangeiras estabelecidas no Reino Unido ou

que tenham ações na bolsa de valores do Reino Unido e sobre instituições financeiras

britânicas que atuam no exterior. As punições apresentadas na mesma, são direcionadas a atos

de corrupção ou propina identificados na relação entre instituições privadas e estatais ou entre

instituições privadas.

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A UK Bribery Act representa uma mudança significativa na legislação do Reino Unido na

área empresarial e de negócios, segundo a Ernest & Young (EY), o texto cria uma legislação

extensa e unificada que pune severamente os infratores, o que faz com que seja considerada,

atualmente, a lei anticorrupção mais rígida do mundo desenvolvido. Considera-se que a lei foi

desenvolvida, de certa forma, para responder à pressão da Organização para a Cooperação e o

Desenvolvimento Econômico (OCDE) e à crescente crítica internacional com relação à

dificuldade de o Reino Unido aplicar as leis anticorrupção existentes, segundo a Pwc.

De acordo com a American International Group (AIG), o número de fraudes declaradas em

2009 aumentou significativamente e quebrou a barreira de dois bilhões de libras. A pressão

que recai sobre o governo do Reino Unido deriva também, da queda na avaliação do Índice de

Percepção da Corrupção de 2010, feita pela Transparency International2. A pontuação do

Reino Unido caiu de 7,7 em 2009 para 7,6 em 2010, fazendo com que o país passasse da 17ª

para a 20ª posição no ranking internacional.

A Lei UK Bribery, contêm 20 itens que serão resumidos a seguir, com base em informações

disponíveis em National Archives of United Kingdom.

A lei introduz os conceitos de corrupção ativa, quando um indivíduo ou instituição, financeira

ou não, oferece ou promete vantagens a outro indivíduo e de corrupção passiva, quando um

indivíduo ou instituição financeira solicita ou concorda em receber benefícios financeiros ou

outros. Em ambos casos, constitui crime se os benefícios tiverem como objetivo garantir que

uma função ou atividade será realizada de modo inadequado e se, o ato delituoso for praticado

diretamente pelos interessados ou por terceiros.

2 Organização que mede os níveis percebidos de corrupção no setor público em 178 países do mundo, numa

escala de 0 (altamente corrupto) a 10 (altamente íntegro). Sendo que, quanto mais alta a pontuação na escala,

menor a posição no ranking.

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A Lei é muito rigorosa por ter definido punições severas às pessoas físicas e jurídicas que

cometerem atos de corrupção. As organizações comerciais estão sujeitas a multas ilimitadas, o

Tribunal as definirá de acordo com a relevância do ato praticado, sendo que quando o delito

for praticado pela sociedade, a multa não será paga por apenas um dos parceiros. As pessoas

físicas podem ser condenadas de 10 a 12 anos de cadeia, diretores de instituições podem ser

submetidos a processos de impedimento que proibiriam a atuação neste cargo por até 15 anos

e instituições públicas podem ser excluídas de contratos públicos.

No entanto a Lei estabelece que instituições financeiras ou organizações comerciais indiciadas

por atos de corrupção que comprovarem a existência de procedimentos adequados para evitar

tal conduta, em suas instituições, podem ter suas penas reduzidas ou não ser punidas. Quanto

aos indivíduos, podem não ser punidos se for comprovado que sua conduta foi necessária para

o adequado exercício de uma função do serviço de inteligência ou das forças armadas.

5.1 Equivalente da UK Bribery em Angola

Em Angola não foi desenvolvida uma lei específica em consequência da UK Bribery, no

entanto, dentre as leis desenvolvidas e implementadas em Angola a que mais se aproxima da

UK Bribery é a Lei da Probidade Pública, aprovada pela Assembleia Nacional de Angola em

março de 2010 e que entrou em vigor em junho de 2010. A Lei pune funcionários públicos

que se envolvem em casos de corrupção.

Segundo a Lei da Probidade Pública nº 3 de 2010, foi estabelecido:

Artigo 5º - Princípio da probidade pública: o agente público não pode solicitar ou aceitar

facilidades, ofertas ou presentes para si ou para terceiros, direta ou indiretamente, que afetem

sua liberdade de ação e a autoridade da administração pública;

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Artigo 31º - Reintegração patrimonial e sanções: perda dos bens ou valores adquiridos

ilicitamente, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, pagamento de multa até

três vezes maior que o acréscimo patrimonial ilícito e proibição de exercer cargos públicos ou

receber incentivos ou benefícios fiscais, direta ou indiretamente, mesmo que por intermédio

de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos;

Artigo 32º - Aspectos processuais: instaurada a investigação para apuração de atos de

improbidade, o Ministério Público pode dar conhecimento ao Tribunal de Contas, da

existência do correspondente processo. Havendo fundados indícios de improbidade o

Ministério Público pode requerer ao Tribunal competente, o arresto dos bens, incluindo o

congelamento de contas bancárias do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente,

sendo que, o Tribunal deve proferir uma resposta ao requerimento no prazo máximo de 20

dias;

5.2 Equivalente da UK Bribery no Brasil

A Lei Anticorrupção Empresarial nº 12.846 de 2013, foi sancionada em 1º de agosto de 2013

pela Presidente Dilma Rousseff e entrou em vigor no dia 29 de janeiro de 2014. A lei

desenvolveu um sistema anticorrupção empresarial com características próximas ao UK

Bribery Act, do Reino Unido e impõe responsabilidade civil e administrativa, a pessoas

jurídicas por atos de corrupção praticados em território nacional ou internacional sobre

instituições brasileiras ou estrangeiras.

A lei teve seu processo de sanção acelerado em parte pelos protestos contra a corrupção que

se acirraram com as revelações do Mensalão e com as suspeitas de superfaturamento das

obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Sendo que é necessário levar em consideração,

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também, que o Brasil assinou a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários

Públicos Estrangeiros, desenvolvida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE). Embora o Brasil não seja membro da OCDE, a aprovação da Lei é

importante para colocar o Brasil no grupo das nações que têm leis específicas para combater a

corrupção empresarial e para demonstrar o compromisso do Brasil com o Estado de Direito.

A lei anticorrupção nº 12.846/2013 é constituída de 7 capítulos que serão resumidos a seguir,

de acordo com publicação do Diário Oficial da União:

Capítulo 1 – Disposições gerais: a Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva

administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,

nacional ou estrangeira. Sendo estes atos lesivos praticados para o interesse ou benefício,

exclusivo ou não da pessoa jurídica. A lei pune pessoas jurídicas, administradores e dirigentes

ou qualquer pessoa natural que participe, ou seja, autora de ato ilícito, inclusive, os casos de

fusão e incorporação e as empresas controladas e coligadas, são responsabilizadas de acordo

com o nível de envolvimento no ato ilícito e estão sujeitas ao pagamento de multas e

reparação de danos.

Capítulo 2 – Dos atos lesivos à administração pública nacional e estrangeira: os atos

lesivos praticados pelas pessoas jurídicas que atentam contra o patrimônio público nacional

ou estrangeiro incluem prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida

a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; comprovadamente, utilizar-se de

pessoa física ou jurídica para ocultar seus interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos

praticados; fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente e dificultar atividades de

investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos.

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Capítulo 3 – Da responsabilização administrativa: pelos atos lesivos praticados, as pessoas

jurídicas estão sujeitas ao pagamento de multa que varia de 0,1% a 20% do faturamento bruto

do exercício anterior ao da instauração do processo administrativo e caso não seja possível

avaliar pelo faturamento bruto, é imposta uma multa que varia de seis mil reais a sessenta

milhões de reais, sendo que a aplicação das sanções não exclui a obrigação de reparação

integral do dano causado. A publicação da decisão condenatória ocorrerá em meios de

comunicação de grande circulação na área em que ocorreu a infração e de atuação da pessoa

jurídica; em publicação de circulação nacional; por meio de afixação de edital, pelo prazo

mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da atividade,

de modo visível ao público e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.

Capítulo 5 – Do acordo de leniência: a autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública

poderá realizar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos

previstos nesta Lei que colaborem com as investigações e o processo administrativo, ajudando

a identificar os demais envolvidos na infração e a obter com rapidez informações e

documentos que comprovem o ilícito. O acordo poderá ser celebrado, se a pessoa jurídica for

a primeira a demonstrar interesse em cooperar e cesse o seu envolvimento na infração

investigada. A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções

referentes à publicação extraordinária da decisão condenatória, e à proibição de receber

incentivos ou subsídios de órgãos ou entidades públicas pelo prazo que varia de 1 a 5 anos e

reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. Em caso de descumprimento do

acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3

(três) anos.

Capítulo 6 – Da responsabilização judicial: quando confirmada a prática de atos lesivos a

instituições públicas nacionais ou estrangeiras, a União, os Estados, o Distrito Federal e os

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Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação

judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão determinar a aplicação das seguintes

sanções às pessoas jurídicas infratoras: perda dos bens, direitos ou valores que representem

vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, garantindo os direitos do

lesado ou de terceiro de boa-fé; suspensão ou interdição parcial de suas atividades; dissolução

da pessoa jurídica; e proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou

empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou

controladas pelo poder público, pelo prazo que varia de 1 a 5 anos.

Capítulo 7 – Disposições finais: criação no âmbito do Poder Executivo Federal, do Cadastro

Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas

pelos órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Sofrerá

responsabilização penal, civil e administrativa de acordo com legislação específica aplicável,

a autoridade competente que tendo conhecimento das infrações previstas nesta Lei, não adotar

providências para a apuração dos fatos. Concluindo, a lei anticorrupção aplica-se aos atos

lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra a administração pública nacional ou

estrangeira, ainda que cometidos no exterior.

5.3 Conclusões sobre a Implementação de UK Bribery

Com base nas informações supracitadas, podemos observar que no Brasil foi desenvolvida a

lei Anticorrupção Empresarial nº 12.846/2013 nos moldes da Lei Anticorrupção do Reino

Unido de 2010, enquanto que em Angola a Lei da Probidade Pública de 2010, foi

desenvolvida como um esforço para conter casos de procedimentos impróprios por parte de

funcionários públicos angolanos.

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Com relação aos casos de corrupção ativa, em que um agente promete ou oferece benefícios a

outro, direta ou indiretamente, com intuito de obter facilidades, a lei da Probidade Pública não

estabelece nenhum artigo sobre este tipo de corrupção, enquanto que a lei nº 12.846/2013

considera crime prometer ou oferecer benefícios a entidades públicas nacionais ou

estrangeiras com o intuito de praticar ato ilícito, sendo esta atividade praticada por pessoa

física ou jurídica. Podemos observar que a lei brasileira é a que mais se aproxima da britânica,

no quesito corrupção ativa, sendo que a UK Bribery é mais abrangente, pois considera ato

ilícito a corrupção ativa praticada por pessoas físicas ou jurídicas sobre entidades públicas ou

privadas, nacionais ou estrangeiras.

Quanto à corrupção passiva que ocorre quando um agente solicita ou recebe vantagens para

realizar uma função de modo imprório, a lei da Probidade Pública defende que um agente

público não deve receber benefícios, direta ou indiretamente, que comprometam a sua correta

atuação, sendo que a lei 12.846/2013 não cita este tipo de delito. Com relação à corrupção

passiva a lei angolana se aproxima mais da UK Bribery, sendo que a lei britânica é mais

abrangente por punir funcionários públicos ou não, envolvidos em corrupção passiva.

Com relação às sanções, a lei da Probidade Pública define que quando comprovado o ato

ilícito, o funcionário de instituição pública poderá perder a função pública, estar sujeito a

pagar o triplo dos bens adquiridos ilicitamente e perder o direito de exercer cargos públicos ou

receber incentivos fiscais por 10 anos, no caso da lei 12.846/2013 pode ocorrer a perda dos

bens obtidos ilicitamente, integração da pessoa jurídica ao Cadastro Nacional de Empresas

Punidas, publicação da decisão condenatória em meios de comunicação de grande circulação,

proibição de receber incentivos ou doações pelo prazo que varia de 1 a 5 anos, aplicação de

multa que varia de 0,1% a 20% do faturamento bruto do período anterior à punição ou multa

que varia de 6 mil a 60 milhões de reais. Avaliando a lei brasileira e a angolana, pode

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59

considerar-se que a brasileira é mais dura por punir e publicar a decisão condenatória de quem

comete ato ilícito. Sendo que a UK Bribery mostra-se mais rígida ao definir punição ilimitada

para pessoas jurídicas e mais ampla por apresentar punição para pessoas físicas.

As penas podem ser reduzidas ou descartadas. No caso da lei 12.846/2013, a pena pode ser

reduzida quando a pessoa jurídica acusada de ato ilícito se compromete a colaborar com a

justiça e cessa o envolvimento no ato ilícito, no caso da lei da Probidade Pública não há

informações sobre este aspecto. Deste modo a lei brasileira aproxima-se mais da UK Bribery

que expõe que quando o indivíduo consegue provar que o seu ato ilícito foi necessário para

realização de um serviço da inteligência ou das forças armadas, não é punido pela lei e a

organização que consegue comprovar que possui procedimentos adequados para evitar atos

corruptos de seus associados, pode ter sua pena reduzida.

Ambas leis têm em comum o fato de desenvolverem regras referentes à corrupção, no entanto,

a UK Bribery pune atos ilícitos praticados por pessoas físicas ou jurídicas sobre funcionários

públicos ou não, no Reino Unido ou no exterior, a lei 12.846/2013 pune atos ilícitos

praticados por pessoas físicas ou jurídicas sobre funcionários públicos, no Brasil ou no

exterior e em Angola a lei atua sobre funcionários públicos, para que casos de corrupção

sejam evitados, não havendo explicação sobre a aplicação da lei no exterior.

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60

Figura 2: Ranking de Percepção da Corrupção A

Fonte: Transparency International

Figura 3: Ranking de Percepção da Corrupção B

Fonte: Transparency International

Angola

Moçambique

Africa do Sul

Reino Unido

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Brasil

Chile

Reino Unido

Argentina

0

20

40

60

80

100

120

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

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Com base em informações sobre abuso de poder, negócios secretos e corrupção, o Trans

parency International, desenvolve anualmente um ranking sobre a percepção da corrupção em

instituições públicas. Pelas figuras anteriores podemos observar que dentre os países

selecionados, Angola tem a pior posição no intervalo observado, sendo que em 2013 Angola

estava na 153ª posição e o Brasil na 72ª. O Reino Unido e o Chile são os países com as

melhores posições no ranking apresentando em 2013 a 14ª e 22ª posições, respectivamente.

No caso do Reino Unido, observa-se que a partir de 2010 houve melhora no posicionamento

do país, que pode ser efeito da lei UK Bribery publicada na mesma data, no caso de Angola

começou a ocorrer uma redução do posicionamento apenas em 2011, um ano após a entrada

em vigor da lei da Probidade Pública e com relação ao Brasil observa-se uma oscilação no

período de 2010 a 2013, sendo que de 2012 a 2013 houve aumento no ranking,da 69ª a 72ª

posição, respectivamente, que talvez seja consequência das suspeitas de superfaturamento das

obras para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos.

Tabela 8 – Regulamentações Consolidadas de UK Bribery

Reino Unido Angola Brasil

Lei Anticorrupção do Reino

Unido de 2010 Lei da Probidade Pública nº3 de

2010 Lei Anticorrupção Empresarial

nº 12.846 de 2013

Fonte: Autora com informações do Diário Oficial da União, do National Archives of UK

e do Diário Oficial da República de Angola.

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Tabela 9 – Resumo de UK Bribery

Reino Unido Angola Brasil

Corrupção ativa Sim Não Sim

Corrupção passiva Sim Sim Não

Penalidades

Pessoas físicas: 10 a

12 anos de prisão;

proibição de

diretores exercerem a

função por até 15

anos

Pessoa jurídica:

multa ilimitada

Pessoas físicas: perde

o emprego; paga até

o triplo do adquirido

ilicitamente;

proibição de receber

incentivos fiscais por

até 10 anos

Pessoas jurídicas:

inclusão no Cadastro

Nacional de

Empresas Punidas

(CNEP); multa de

0,1% a 20% do

faturamento bruto ou

pagamento de 6 mil a

60 milhões de reais;

proibição de receber

subsídios ou doações

por até 5 anos;

ressarcimento do

dano causado

Acordo de leniência Sim Não Sim

Amplitude da lei

Atos de corrupção

praticados no Reino

Unido e no exterior

Atos de corrupção

praticados em

Angola

Atos de corrupção

praticados no Brasil e

no exterior

Fonte: Autora com informações do Diário Oficial da União, do National Archives of UK

e do Diário Oficial da República de Angola.

6 DODD-FRANK ACT

A lei Dodd-Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção a Consumidores, Dodd-Frank

Wall Street Reform and Consumer Protection Act (DFA), entrou em vigor aos 21 de julho de

2010, mediante assinatura do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A lei é

consequência do debate sobre a reforma financeira nos Estados Unidos, gerado pela crise

financeira de 2008. Segundo a Anbima(b), a teoria dominante era a de que a desregulação

financeira, gerou um excesso de liberdade que acompanhado de inovações financeiras, como

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processos de securitização e de ressecuritização, teriam permitido a ocultação de riscos de

proporções sistêmicas.

A lei DFA é uma resposta às críticas relativas à qualidade das instituições de supervisão, à

falta de interação entre as instituições de supervisão de instituições financeiras e de

instituições que exerciam atividades financeiras, ao nível inadequado de transparência de

riscos de algumas instituições e é também uma reação legislativa de repressão à fraude e

temeridade, de amplitude e severidade proporcional às desordens financeiras que gestaram a

crise de 2008, de acordo com Sicomercio (2012).

Com o objetivo de atender as demandas e sanar as deficiências do sistema financeiro norte-

americano, pós-crise de 2008, DFA desenvolveu um novo regime regulatório projetado para

gerar maior transparência e acesso ao mercado de swaps com base em valores mobiliários,

adotou regras que resultarão em aumento da fiscalização e transparência de fundos de hedge,

controle da remuneração de executivos e estabeleceu um programa de denúncias, que oferece

incentivos aos indivíduos que tiverem informações referentes a violações de leis. De acordo

com a SEC, a lei representa a maior mudança na legislação financeira desde 1930, irá afetar

instituições financeiras que são e operam nos Estados Unidos. Instituições financeiras e

empresas comerciais terão que se adaptar a mudança histórica no setor bancário, de valores

mobiliários, de derivativos, na remuneração de executivos, na proteção dos consumidores e

governança corporativa. As exigências serão maiores sobre as instituições financeiras grandes

e complexas, mas as instituições menores também enfrentarão um quadro regulamentar

complicado e caro.

A DFA é ambiciosa na sua cobertura. O grande número de áreas sobre as quais os legisladores

se debruçaram se reflete na enorme extensão do documento com 16 títulos, mais de 500

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formulações e 800 páginas. Em consequência da complexidade da lei, a promulgação da

mesma, está longe de encerrar o processo de reforma, considerando que a introdução das

novas regras poderá ser realizada em um intervalo de cinco anos. (Anbima(b)).

A lei Dodd-Frank será resumida a seguir, usando informações contidas em Securities and

Exchange Commission, Sicomercio (2012), Anbima(b):

Título I Estabilidade Financeira. Ao perceber que não é fácil identificar o risco sistêmico, o

governo norte americano desenvolveu um Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira,

que tem como função identificar sinais precoces de acumulação de desequilíbrios que possam

gerar uma crise sistêmica e tomar as providências necessárias para evitá-la. Esse Conselho

será liderado pelo secretário do Tesouro e reunirá representantes de todos os órgãos de

regulação e supervisão financeira do país.

Os indicadores de relevância sistêmica que serão levados em consideração, incluem, o

tamanho da instituição financeira, o grau de interconexão da instituição com outras, o nível de

alavancagem, a natureza de ativos e passivos e a dependência de financiamentos de curto

prazo. Pela DFA, instituições financeiras com ativos a partir de US$50 bilhões merecem

atenção especial por parte do Conselho de Estabilidade, que pode exigir a redução ou

transferência, total ou parcial de atividades próprias ou de afiliadas. Quanto às instituições

bancárias, há poder de supervisão estabelecido em Lei, tanto para companhias americanas

quanto estrangeiras, com atividades nos EUA.

Título II Autoridade para Liquidação Ordeira. A Lei instituiu, no Tesouro dos EUA, o

Fundo de Liquidação Ordeira responsável por avaliar a caracterização legal de uma

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companhia financeira, as causas para recomendar sua liquidação, alternativas a liquidação e

os efeitos da liquidação sobre acionistas, credores e outros participantes do mercado.

O Fundo obtém recursos de taxas especiais recebidas pelo Federal Deposit Insurance

Corporation (FDIC) e pela venda de obrigações por ele emitidas, juros e outros retornos de

investimentos; pela aplicação de recursos ociosos em obrigações do Tesouro; e pelos

pagamentos feitos pelas empresas liquidandas. Recursos estes, utilizados para o pagamento de

despesas administrativas e outros pagamentos autorizados por Lei.

A administração da companhia designada para liquidação pode concordar, ou não. Se não

aquiescer, o Secretário do Tesouro submeterá, sigilosa e motivadamente, o conflito à Corte do

Distrito de Colúmbia (Washington-USA) e qualquer pessoa que viole tal sigilo será submetida

a uma multa de até US$250 mil ou a prisão de até cinco anos. Os administradores, credores,

acionistas e qualquer outra pessoa considerada causadora da condição financeira da

liquidanda, arcará com as perdas de acordo com suas responsabilidades na instituição.

Título III Transferência de Poderes para o Comptroller of Currency, para a Federal

Deposit Insurance Corporation (FDIC) e para o Board of Governors do Federal Reserve

System-FED. A transferência de poderes tem como objetivo promover a operação segura e

sólida do sistema bancário dos Estados Unidos, preservar e proteger o sistema de instituições

federais e estaduais de depósito, garantir a fiscalização justa e adequada de cada instituição de

depósito independentemente do tamanho e, modernizar e racionalizar a supervisão de

instituições de depósito e as holdings de instituições de depósito como, bancos comerciais e

associações de poupança e empréstimo.

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Título IV Regulamentação dos Assessores para Fundos de Hedge. Neste título é definido

que fundos de hedge e outros fundos com mais de US$150 milhões de patrimônio, perdem a

isenção de registro em agências de supervisão. Tais fundos administrados por assessores, com

carteiras multimercados deverão registrar-se na SEC, fornecendo às autoridades informações

sobre administradores, funcionários, investidores, investimentos, endividamento, posições e

movimentações antes resguardadas como se fossem privadas.

Título V Seguros. A Lei desenvolveu um Escritório Federal de Seguros na estrutura do

Departamento do Tesouro, para preencher a lacuna gerada pela supervisão dispersa das

atividades de seguro, nos Estados. Suas atribuições incluem monitorar todos os aspectos deste

setor e falhas na regulamentação que possam influenciar no risco sistêmico. Poderá, apontar

uma seguradora ou suas afiliadas ao Conselho de Estabilidade Financeira, como entidades

financeiras não bancárias a serem sujeitas a normas especiais de monitoramento, ou mesmo,

para liquidação.

Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de

Poupança e Instituições Depositárias. Passa-se a exigir que os regulamentos prevejam

níveis mais apropriados de capital das supervisionadas, como holdings bancárias, instituições

depositárias e de poupança e empréstimo, que cresça em tempos de expansão econômica e

decresça em tempos de contração econômica, de acordo com a segurança e bom estado da

companhia.

Título VII Transparência e Confiabilidade de Wall Street (Regulação do mercado de

Swaps e de mercados de títulos lastreados por swaps). Agências de supervisão do mercado

de swaps passam a ter o direito de coletar quaisquer dados concernentes ao risco sistêmico,

proibir e regular alguns tipos de operações mais arriscadas. Este título tende a padronizar

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swaps e outros derivativos facilitando o registro e a negociação por instituições autorizadas,

operações realizadas através de contrapartes centrais, com garantias autoliquidáveis, em

sistemas de compensação ou liquidação. Deste modo, derivativos padronizados ou sob

medida, passam a ser mais vigiados, os riscos e as garantias fornecidas são melhor avaliados.

Título VIII Supervisão de pagamentos, compensações e liquidações. O bom

funcionamento do sistema financeiro depende de acordos seguros e eficientes para a

compensação e liquidação de pagamentos, títulos e outras transações financeiras. Para

promover a segurança e eficiência, são usados programas que realizam e dão suporte às

operações de pagamento, compensação e liquidação, no entanto, estes utilitários podem

concentrar e criar novos riscos, por isso, devem ser bem desenvolvidos e operados.

Este título tem como objetivo mitigar o risco sistêmico, promover a estabilidade e fortalecer a

liquidez do sistema financeiro, autorizando que o Conselho de Diretores do Federal Reserve

(FED) desenvolva padrões tanto para a gestão de riscos, realizada pelos utilitários, quanto

para, o funcionamento de instituições financeiras, de relevância sistêmica, que realizam

pagamentos, liquidações e compensações.

Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. Na

Securities and Exchange Commission (SEC), foi desenvolvido o Comitê de Aconselhamento

de Investidores, que terá como função informar e consultar a SEC sobre prioridades da

regulamentação; regulamentação, estratégias de negociação, estrutura de custos e eficácia da

divulgação de valores mobiliários; qualidade e eficácia das informações fornecidas por

corretores e consultores de investimento; iniciativas para proteger os interesses e promover a

confiança dos investidores; e ações para manter a integridade do mercado de títulos e valores

mobiliários.

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O método de destaque desenvolvido nesta lei para garantir a proteção de investidores e

melhorias na regulação de valores mobiliários, é a remuneração de delatores. O individuo que

fornecer informações relevantes, referentes à violação das leis de valores mobiliários e não só,

receberá como prêmio, de 10% a 30% do valor da sanção correspondente a sua ação e só será

premiado o agente que não tenha a obrigação de denunciar tais desvios, como funcionários de

agências de regulação ou do departamento de justiça. Inclusive, estes delatores são protegidos

por lei e não podem sofrer qualquer retaliação como demissão ou ameaças, diretas ou

indiretas promovidas por seus empregadores.

Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. Este título refere-se à criação do

Birô de Proteção Financeira ao Consumidor (Bureau of Consumer Financial Protection -

BCFP), órgão desenvolvido como parte do Federal Reserve, com amplos poderes de

supervisão e imposição de procedimentos, sem subordinação ao FED.

O BCFP tem como função tornar a disponibilidade do crédito honesta e não prejudicial ao

consumidor, tem como lema: “Saiba o que vai fazer, antes de se comprometer”, para tal, torna

aparentes e explícitos os ônus que o consumidor irá assumir a longo prazo, para que o mesmo

não seja enganado pelas prestações iniciais atraentes.

Em 2014, a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor dos EUA multou o Bank of

America em 20 milhões de dólares por alegações de marketing enganoso de produtos e

práticas injustas de faturamento.

Título XI Autorizações para o Federal Reserve System. Neste título é definido que o

Conselho de Diretores do FED (Board), deve estabelecer, consultando o Secretário do

Tesouro, políticas e procedimentos para a concessão de empréstimos de emergência,

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consequentemente, o Board não pode estabelecer qualquer programa ou facilidade nos termos

deste parágrafo, sem a aprovação prévia do Secretário do Tesouro.

As políticas e procedimentos definidos pelo Board devem garantir que o empréstimo de

emergência ou facilidade, tem como objetivo dar mais liquidez ao sistema financeiro, apoiar

instituições financeiras que não estejam em processo de falência, garantir que os empréstimos

de emergência são seguros o suficiente para proteger os contribuintes de perdas e garantir que

estes programas de apoio são encerrados de modo oportuno e ordenado. Para garantir que não

seja realizado empréstimo a instituições financeiras insolventes, é exigido que o presidente da

instituição financeira (CEO), emita um certificado garantindo que a instituição financeira não

é insolvente, e assim mesmo, o Board faz uma análise da instituição, avaliando se a mesma

está em processo de falência, levando em consideração o estabelecido pelas leis federais e

estaduais, em relação ao assunto.

Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. O objetivo deste

título é estimular produtos e serviços financeiros, apropriados e acessíveis a milhões de

americanos que não estão totalmente incorporados no sistema financeiro. A Secretaria do

Tesouro foi autorizada a desenvolver programas de subsídios e acordos de cooperação com

instituições financeiras, para promover iniciativas que permitam que pessoas de renda baixa e

moderada possam abrir contas em instituições de depósito federalmente seguradas, tenham

facilidade para prestar contas, possam obter empréstimos de baixo custo, educação financeira

e aconselhamento relativo à realização de transações e gerenciamento de contas.

Título XIII Repagamentos (TARP e outros). Este título determina que, qualquer montante

recebido pela Secretaria do Tesouro que provenha do reembolso do capital de assistência

financeira fornecido às instituições, deve ser depositado no Fundo Geral do Tesouro e ser

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usado para redução do déficit orçamentário e não deve ser usado para aumentos de gastos ou

reduções de receitas.

Título XIV Reforma do Sistema de Hipotecas e Empréstimos Predatórios. O Congresso

percebeu que a estabilidade da economia poderá ser mantida, se o crédito consequente de

hipotecas residências for controlado e regulado, garantindo que, o crédito hipotecário

confiável e de baixo custo, continuará acessível para os consumidores. Deste modo, o objetivo

deste título é assegurar que os consumidores recebem empréstimos de hipotecas residenciais,

com termos que reflitam sua habilidade de pagar e que não sejam injustos ou abusivos.

Título XV Miscelânea. O Secretário do Tesouro deve instruir o Diretor Executivo dos

Estados Unidos, integrante do Fundo Monetário Internacional, a avaliar qualquer proposta de

empréstimo solicitada por um país, cujo, montante da dívida pública ultrapassa o produto

interno bruto, a partir do ano mais recente para o qual haja dados disponíveis e avaliar se o

país não está apto a receber assistência da Associação Internacional de Desenvolvimento.

6.1 Equivalente de Dodd-Frank em Angola

Para avaliar DFA, tanto em Angola quanto no Brasil, foram selecionados 6 títulos que

representam a abrangência e complexidade da lei.

Título I Estabilidade Financeira. O Comitê de Estabilidade Financeira (COMEF),

constituído através do Despacho nº 46/2012, é um órgão do Banco Nacional de Angola

responsável pela estabilidade financeira, que tem como objetivo a definição de diretrizes e

estratégias para a mitigação do risco sistêmico, bem como a promoção e adoção de políticas

em articulação com as demais entidades de supervisão do sistema financeiro nacional.

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Título V Seguros. Referente ao título sobre seguros, em Angola, a Agência Angolana de

Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), exerce a função de regulação e fiscalização da

atividade seguradora, resseguradora e de fundos de pensão. A ARSEG, atua de modo a

garantir o funcionamento equilibrado do mercado financeiro, evitando a ocorrência de riscos

sistêmicos; e apreciar e emitir parecer sobre a autorização de constituição, fusão, liquidação

ou cancelamento da autorização de empresas do mercado de seguros, resseguros ou fundos de

pensão.

A ARSEG colabora, nas matérias de sua competência, com todas as autoridades nacionais, em

especial com o Banco Nacional de Angola e a Comissão do Mercado de Capitais, para

assegurar a proteção dos direitos e obrigações de todas as partes intervenientes no setor, com

vista a assegurar a eficácia da supervisão global do sistema financeiro, o equilíbrio das contas

públicas e a prevenção da ocorrência de riscos sistêmicos.

O Estatuto Orgânico da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG)

foi desenvolvido pelo Decreto Presidencial nº 141/13, de 27 de setembro de 2013.

Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de

Poupança e Instituições Depositárias. Em Basiléia III é definido um adicional de capital,

constituído pelo capital de conservação e o colchão de capital contracíclico, que variam de

acordo com a situação macroeconômica com o objetivo de conter perdas em períodos de

revés. Em Angola, ainda não foi implementado Basiléia III, logo, não existe o recurso do

adicional de capital e observando a economia angolana, não foi possível encontrar uma

medida macroeconômica próxima da exigida neste título.

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Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. A

Comissão do Mercado de Capitais (CMC) tem como função expedir normas e regras

necessárias a aplicação das leis sobre o mercado de capitais e sobre as atividades que neste se

desenvolvem; regular as atividades das entidades sob a sua supervisão e garantir que as

mesmas obedeçam aos princípios da legalidade, da clareza e da publicidade; opinar sobre a

substituição da Administração das entidades gestoras e operadoras sempre que nelas se

verifique situações anômalas; proteger os investidores; garantir eficiência e transparência no

mercado de valores mobiliários e reduzir o risco sistêmico.

Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. No Aviso nº 02/2011, de 1 de

junho, são definidas regras e procedimentos a serem aplicados pelas instituições financeiras

para proteção ao consumidor de serviços e produtos financeiros.

A instituição financeira na sua relação com os clientes deve agir com competência, prudência,

boa fé, de modo a não defraudar o cliente de forma deliberada, abusiva, coerciva ou por

propaganda enganosa; deve respeitar o direito do cliente de escolher e mudar de produtos ou

serviços, bem como de instituição financeira; obter do cliente informações relevantes e

necessárias para aferir a capacidade de cumprimento das suas obrigações relativas aos

produtos e serviços solicitados; informar por escrito de forma clara e compreensível as taxas,

comissões e outras despesas cobradas nas operações; possibilitar ao cliente o acesso a

mecanismos adequados e funcionais de reclamação para a resolução de problemas de maneira

diligente; e deve informar e formar os trabalhadores sobre as normas de transparência e de

proteção do consumidor.

Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. Em Angola,

para a inclusão financeira da população, existe a parceria entre a Associação Angolana de

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Bancos (ABANC), nove bancos comerciais, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor

(INADEC) e organizações não governamentais (ONG).

A parceria com os bancos comerciais permitiu a criação de contas bancárias simplificadas,

com taxas acessíveis à população de baixa renda e baixas exigências de documentação. As

ONGs atuaram de modo a informar a população, quais as vantagens de possuir conta

bancária, para tal foram realizadas campanhas nos mercados municipais, distribuídos folhetos

e difundidos anúncios na rádio e televisão. A criação de correspondentes bancários foi

estimulada, para compensar a fraca penetração da rede bancária em áreas mais remotas do

país.

Com o objetivo de reforçar a educação financeira, O Banco Nacional de Angola lançou, em

setembro de 2012, o Portal do Consumidor de Produtos e Serviços Financeiros, que contem

informações sobre cartões, cheques, transferências, crédito, homebanking, direitos dos

consumidores financeiros, quais instituições financeiras operam no país e contem conselhos

úteis sobre segurança e prevenção de fraudes.

6.2 Equivalente de Dodd-Frank no Brasil

Título I Estabilidade Financeira. O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), criado pela

Portaria nº 65.180 de 18 de maio de 2011, é um órgão de governança do Banco Central que

tem por objetivo, determinar a realização de estudos relativos à estabilidade financeira e à

prevenção do risco sistêmico bem como definir as estratégias do BC para a condução dos

processos relacionados à estabilidade financeira.

Título V Seguros. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável

pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização

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e resseguro. Zela pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado sob sua

tutela; processa os pedidos de autorização, para constituição, organização, funcionamento,

fusão, transferência de controle acionário e reforma dos Estatutos das Sociedades

Seguradoras; realiza a liquidação das seguradoras que tiverem cassada a autorização para

funcionar; pode atuar em conjunto com órgãos de regulação e fiscalização como a Comissão

de Valores Mobiliários ou demais órgãos reguladores e fiscalizadores do sistema financeiro

brasileiro, garantindo deste modo o controle do risco sistêmico em todo o sistema financeiro.

Título VI Melhoramentos na Regulamentação de Holdings de Bancos, Associações de

Poupança e Instituições Depositárias. No Brasil, Basiléia III foi implementado e em

consequência disso, a medida adicional de capital principal compreendida pelo capital de

conservação e pelo colchão de capital contracíclico. Esta medida funciona como proteção em

períodos de crise, já que, em períodos de crescimento econômico, o nível de capital que deve

ser reservado é maior.

Título IX Proteção do Investidor e melhorias na regulação dos valores mobiliários. A

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atua de modo a disciplinar o funcionamento do

mercado de valores mobiliários. Para exercer tal função realiza o credenciamento de auditores

independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários; zela pela regularidade e

confiabilidade das informações divulgadas pelas companhias sob sua tutela; tem uma

estrutura destinada a prestar orientação aos investidores ou acolher denúncias e sugestões e

protege os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais, de

administradores e acionistas controladores de companhias, ou de administradores de carteira

de valores mobiliários.

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75

De acordo com a lei n°7492, que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, o

coautor ou partícipe de um crime ao sistema financeiro, que confessar espontaneamente à

autoridade judicial, o delito do qual participou, poderá ter sua pena reduzida de um a dois

terços, condição que caracteriza um prêmio pela delação.

Título X Agência de Proteção Financeira ao Consumidor. Com relação a este título, no

Brasil, o Banco Central do Brasil desenvolveu a Diretoria de Relacionamento e Proteção ao

Usuário de Serviços Financeiros, que tem como função exigir transparência das instituições

financeiras, para que os investidores tenham conhecimento das taxas e ônus e tenham

liberdade para selecionar as instituições e operações mais adequadas. A Diretoria também

recebe reclamações e dá esclarecimentos aos consumidores.

Título XII Aumentando o Acesso a produtos de Instituições Financeiras. O Banco Central

do Brasil atua com uma estratégia de inclusão financeira que tem as seguintes vertentes:

expansão e solidez dos canais de acesso a serviços financeiros; criação de produtos e serviços

adequados aos segmentos da população com rendimentos mais baixos; garantia da qualidade

na prestação de serviços financeiros.

Os correspondentes financeiros como, postos de correios, padarias, lojas e supermercado,

fazem a intermediação de serviços de pagamento, recebimento de depósitos e movimentações

de contas, podendo também efetuar propostas de abertura de conta, de operações de crédito e

de contratação de cartões de crédito. Em 2004, foi criada a conta bancária simplificada, com o

objetivo de promover a inclusão financeira dos grupos populacionais com menores

rendimentos, contas em que a exigência de documentação é menor e não são cobradas

comissões.

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O Brasil tem uma Estratégia Nacional de Educação Financeira dinamizada pelos reguladores

do sistema financeiro – Banco Central do Brasil (BCB), Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) e

Superintendência de Seguros Privados (Susep) – e pelos Ministérios da Fazenda, da

Educação, da Previdência Social e da Justiça. A condução da estratégia é feita pelo Comitê

Nacional de Educação Financeira, que, além das oito instituições governamentais

mencionadas, conta ainda com quatro representantes da sociedade civil.

6.3 Conclusões sobre a Implementação de Dodd-Frank

Com relação ao item Estabilidade Financeira, em Dodd-Frank (DFA) foi estabelecido o

Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira, que atua em comunhão com os órgãos de

supervisão existentes no mercado norte americano, para que possam ser identificados indícios

de risco sistêmico e combatê-los, em Angola e no Brasil foi desenvolvido o Comitê de

Estabilidade Financeira, que realiza as funções definidas em DFA nas suas respectivas

economias.

O título Seguros em Angola, é aplicado por existir uma instituição responsável pela promoção

e controle do risco sistêmico no setor de seguros, a ARSEG, sendo que, a mesma atua em

parceria com outras instituições reguladoras do sistema financeiro, e emite parecer sobre a

liquidação e fusão das instituições de seguros. No Brasil, a SUSEP tem funções similares,

como, manter o equilíbrio do setor de seguros, avaliar e emitir parecer sobre liquidação e

fusão de instituições de seguros e inclusive, pode atuar aliada as outras instituições de

supervisão do sistema financeiro ou ao Conselho Monetário Nacional.

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No título VI, é definido que a exigência de capital em instituições bancárias e de depósito

aumente em períodos de expansão econômica e decresça em períodos de recessão. Em

Basiléia III, existem os mecanismos do capital de conservação e o colchão de capital

contracíclico, que apresentam as características exigidas neste capítulo, no entanto, no Brasil

as exigências deste título são observadas, enquanto que em Angola não, já que, Basiléia III

ainda não foi implementado.

Com relação à proteção de investidores e melhorias na regulação de valores mobiliários, em

DFA foi desenvolvido um Comitê de Aconselhamento de Investidores, que tem como função

informar e apoiar os investidores nos temas concernentes à qualidade das instituições e dos

corretores, aos direitos dos investidores e à qualidade das informações prestadas. Este Comitê

é parte da SEC (Securities Exchange Commission), órgão regulador do mercado de capitais

norte americano, cuja sua similar em Angola é a Comissão do Mercado de Capitais e no

Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários. Em ambos os países as instituições realizam as

funções referentes a proteção aos investidores exigidas neste título. Outro ponto relevante

deste título é a delação premiada. No Brasil a delação premiada é relativa a participantes em

crimes que colaboram, espontaneamente, com os investigadores fornecendo informações

relevantes sobre outros, e por tal têm suas penas reduzidas. Com relação a Angola, não foram

encontrados registros referentes à delação premiada. Logo, o caso do Brasil é que mais se

aproxima do exigido em DFA.

No título referente à Agência de Proteção Financeira ao Consumidor, em DFA foi

desenvolvido o Birô de Proteção Financeira ao Consumidor, no Brasil foi desenvolvida a

Diretoria de Relacionamento e Proteção ao Usuário de Serviços Financeiros, enquanto que em

Angola a proteção dos consumidores de serviços financeiros é apenas exigida por lei, sem que

haja uma instituição responsável por tal. Os três casos têm em comum a exigência de as

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instituições financeiras, prestarem informações claras e confiáveis sobre as taxas e ônus das

suas operações e possibilitarem ao cliente o acesso a mecanismos adequados e funcionais de

reclamação.

Com relação ao Aumento do Acesso a Produtos Financeiros, em Angola e no Brasil foram

desenvolvidas contas simplificadas, em que não são cobradas taxas e a exigência de

documentação é baixa, ambos os países contam com a parceria de correspondentes bancários,

em áreas de baixa penetração bancária, lojas e padarias que realizam operações de crédito,

pagamento e depósito. Ainda no âmbito de inclusão da população de baixa renda no mercado

financeiro, em Angola foi desenvolvido o Portal do Consumidor de Produtos e Serviços

Financeiros e no Brasil, a Estratégia Nacional de Educação Financeira, em que são

disponibilizadas informações sobre as operações do sistema financeiro, sobre os direitos dos

investidores e conselhos sobre segurança e prevenção de fraudes. Atuação que está de acordo

com o exigido em DFA.

Tabela 10 – Regulamentações Consolidadas de Dodd-Frank

Dodd-Frank Angola Brasil

Estabilidade Financeira Despacho nº 46/2012, de

08/05/2012 Portaria nº 65.180, de

18/05/2011

Seguros Decreto Presidencial nº 141/13,

de 27/09/2013

Decreto-lei nº 73, de

21/11/1966

Regulação de Holdings de

Bancos

Resolução nº 4.193, de

01/03/2013

Proteção do Investidor e

melhorias na regulação dos

valores mobiliários

Decreto Presidencial n.º 54/13,

de 06/06/2013

Lei nº 6.385, de 07/12/1976;Lei

nº 7.492, de 16/06/1986

Agência de Proteção

Financeira ao Consumidor

Aviso nº 02/2011, de

01/06/2011

Aumentando o Acesso a

produtos de Instituições

Financeiras

Decreto nº. 7.397, de

22/12/2010

Fonte: Autora com informações de Ferreira (2012) e BCB.

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Tabela 11 – Resumo de Dodd-Frank

Dodd-Frank Angola Brasil

Estabilidade Financeira

Conselho de Supervisão da

Estabilidade

Financeira

Comitê de Estabilidade

Financeira (COMEF)

Comitê de Estabilidade

Financeira (Comef)

Seguros Escritório Federal de

Seguros

Agência Angolana de Regulação e Supervisão

de Seguros (ARSEG)

Superintendência de Seguros Privados

(SUSEP)

Regulação de Holdings

de Bancos

Exigência de capital

que varia com a expansão ou

contração da

economia

Não

Exigência de capital

que varia com a

expansão ou contração da economia

Proteção do Investidor e

melhorias na regulação

dos valores mobiliários

Comitê de

Aconselhamento de

Investidores;

Delação premiada

Comissão do Mercado

de Capitais (CMC)

Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

Delação premiada

Agência de Proteção

Financeira ao

Consumidor

Birô de Proteção

Financeira ao Consumidor

Não

Diretoria de Relacionamento e

Proteção ao Usuário de

Serviços Financeiros

Aumentando o Acesso a

produtos de Instituições

Financeiras

Inclusão e educação financeira da

população de baixa

renda

Inclusão financeira;

Portal do Consumidor de Produtos e Serviços

Financeiros

Inclusão Financeira;

Estratégia Nacional de Educação Financeira

Fonte: Autora com informações de Ferreira (2012) e BCB.

7 CONCLUSÃO

Regulamentações para o sistema financeiro são desenvolvidas, normalmente, em resposta às

crises, para que as economias se recuperem dos choques gerados pelas mesmas, para que as

crises com as mesmas características sejam evitadas e em alguns casos, o conjunto de regras

desenvolvido tem como intuito evitar crises com qualquer outra característica.

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Angola e Brasil são países com um passado muito parecido, a colonização portuguesa, por tal,

algumas características são muito próximas, como a língua e alguns aspectos da cultura, que

facilitam o relacionamento e a troca de experiências entre esses países. Outro aspecto

relevante é o fato de localizarem-se em continentes diferentes, a existência de um parceiro

comercial facilita a penetração nos respectivos mercados.

Neste trabalho foi possível observar que tanto Angola, quanto o Brasil realizam esforços para

adaptar-se às demandas internacionalmente definidas, no quesito regulação do sistema

financeiro. Ambos países têm em andamento o processo de adaptação destas regulamentações

à sua realidade. Com relação à Basiléia II, ambas economias implementaram os três pilares

sendo que o Brasil realizou tal função com mais propriedade, ambos definiram um patrimônio

de referência acima dos 8% exigidos em Basiléia II, no entanto para este cálculo o Brasil leva

em consideração mais riscos que os exigidos, enquanto que Angola ainda leva em

consideração os que eram exigidos em Basiléia I. Com Basiléia III percebe-se o quanto a

economia angolana tem a ganhar com a troca de experiências com o Brasil. Basiléia III é uma

estrutura que ainda não foi implementada em Angola, enquanto que no Brasil já foi

desenvolvido um cronograma em acordo com o definido pelo Comitê de Basiléia e algumas

exigências já foram postas em prática.

Avaliando UK Bribery, foi possível constatar que o Brasil desenvolveu uma regulamentação

de combate à corrupção nos moldes de UK Bribery, enquanto que em Angola foi

desenvolvida uma regulamentação de combate à corrupção praticada por funcionários

públicos. Apesar da similaridade das Leis desenvolvidas no Brasil e no Reino Unido, a UK

Bribery é mais ampla que a Lei Anticorrupção Empresarial (LAE) desenvolvida no Brasil,

pelo fato de além de punir quem oferece propina ao funcionário público pune o funcionário

público que recebe propina, quando no caso da Lei angolana apenas o funcionário público que

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recebe a propina é punido; outro aspecto relevante é que UK Bribery pune pessoas físicas e

jurídicas que praticam atos de corrupção, na Lei brasileira é mencionado que pessoas físicas

também são punidas, mas, não é definido quais são as punições, no caso de Angola, apenas as

pessoas físicas, os funcionários públicos, são punidos; outro ponto que revela a abrangência

superior de UK Bribery é que, constitui crime atos de corrupção praticados sobre instituições

financeiras ou comerciais públicas ou privadas, no caso da LAE apenas atos de corrupção

sobre instituições públicas são levados em consideração, sendo que a Lei da Probidade

Pública (LPP) angolana pune apenas os funcionários públicos; outro ponto que a LPP precisa

melhorar é a questão da abrangência da lei, a LAE e a UK Bribery aplicam-se as instituições

estrangeiras com atuação em seu território e as instituições nacionais, inclusive as que atuam

no exterior. Outro item que revela a necessidade de melhorias na Lei angolana é o fato de o

estudo realizado pelo Transparency International, revelar que em 2013 o país ocupava a pior

posição(153ª), comparando com o Brasil(72ª) e o Reino Unido(14ª).

Na avaliação da Dodd-Frank Act (DFA) foi possível constatar que muitas das exigências da

Lei já haviam sido implementadas em Angola e no Brasil. No entanto existem pontos em que

a legislação angolana precisa ser melhorada, como o item referente à exigência de capital que

varia em períodos de expansão e recessão, por o Brasil já ter implementado Basiléia III, tem

uma estrutura que supre a demanda deste item. Outro ponto relevante e inovador de Dodd-

Frank, é a delação premiada, a regulamentação existente no Brasil aproxima-se mais da

exigida em Dodd-Frank, sendo que no Brasil apenas indivíduos envolvidos nos crimes

financeiros sob investigação podem ser beneficiados, quando ao fornecerem informações

relevantes sobre o delito podem ter suas penas reduzidas, no caso da DFA, qualquer

indivíduo, que não tenha a obrigação de prestar queixas sobre crimes financeiros, pode ganhar

até 30% do valor da multa aplicada quando for comprovado o crime financeiro.

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De um modo geral, o Brasil tem uma regulamentação para o sistema financeiro mais próxima

da internacionalmente definida, o que representa que Angola tem muito a ganhar com a

cooperação com o Brasil.

Como trabalho futuro é sugerido a análise quantitativa, com dados, para que seja possível

avaliar as consequências da implementação de Basiléia II e III, UK Bribery e Dodd-Frank, em

Angola e no Brasil.

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