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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO DECISÃO ESTRATÉGICA PARA APOIO À PRODUÇÃO DE PETRÓLEO UTILIZANDO O MÉTODO DAS TROCAS JUSTAS FRANCISCO FERREIRA DA COSTA ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO

DECISÃO ESTRATÉGICA PARA APOIO À PRODUÇÃO DE PETRÓLEO UTILIZANDO

O MÉTODO DAS TROCAS JUSTAS

FRANCISCO FERREIRA DA COSTA

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES

Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013.

ii

DECISÃO ESTRATÉGICA PARA APOIO À PRODUÇÃO DE PETRÓL EO UTILIZANDO O MÉTODO DAS TROCAS JUSTAS

FRANCISCO FERREIRA DA COSTA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral.

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES

Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013.

iii

C837 Costa, Francisco Ferreira da, - ,

Decisão estratégica para o apoio à produção de petróleo utilizando o método das trocas justas / Francisco Ferreira da Costa. – Rio de Janeiro: [s.n.], 2013. 68 f.: il.

Dissertação (Mestrado) – PPGP em Administração e Economia do IBMEC Orientador: Prof. Dr. Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes 1. Processo decisório. 2. Estratégia. 3. Petróleo. I. Título II. Gomes, Luiz Flávio Autran Monteiro

CDD 658.4036

iv

DECISÃO ESTRATÉGICA PARA APOIO À PRODUÇÃO DE PETRÓL EO

UTILIZANDO O MÉTODO DAS TROCAS JUSTAS

FRANCISCO FERREIRA DA COSTA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral.

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA: ______________________________________________________ Professor Dr. Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes – Orientador Instituição: Faculdades Ibmec – Ibmec/RJ ______________________________________________________ Professor Dr. Luiz de Magalhães Ozório Instituição: Faculdades Ibmec – Ibmec/RJ ______________________________________________________ Professora Dra. Denise Faertes Haguenauer Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/RJ

Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013.

v

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família: Gabriela e Antônio. Profeticamente, minha mãe dizia que a vida começa aos quarenta. Pois, foi com esta idade que conheci Gabriela, eterna fonte de luz e alegria. Fruto de nosso amor, Antônio trouxe a emoção que faltava para que pudéssemos entender todas as razões da vida.

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes, pela orientação segura e precisa e pelas

muitas oportunidades de aprendizado que me possibilitou.

À Professora Denise Faertes Haguenauer e ao Professor Luiz de Magalhães Ozório pelos

comentários, sugestões e correções que ajudaram a tornar melhor este trabalho.

À minha empresa que possibilitou de inúmeras maneiras a conclusão dos meus estudos. Em

nome de tantos colegas de trabalho, que ativamente fizeram parte da construção deste

conhecimento, gostaria de destacar as contribuições preciosas de Ana Cláudia Mac Dowell

Gonçalves Lorenzatto e José Roberto Brasiliense Halegua.

Ao corpo de professores e funcionários do IBMEC-RJ, que esteve sempre a postos para

facilitar que esta empreitada tivesse êxito. Aos meus amigos e colegas de curso que, ao longo

destes dois anos, ajudaram-me a aprender com suas perguntas e respostas.

Ao meu pai Francisco (em memória) e à minha mãe Margarida, os grandes responsáveis pela

minha formação e gosto pelos estudos.

vii

RESUMO

O consumo em larga escala do petróleo e seus derivados, decorrente de seus

diversos usos pela humanidade, motivou o crescimento e desenvolvimento da

indústria petrolífera. Os altos ganhos desta atividade incentivam a busca pela

maximização da vida produtiva dos sistemas que operam a extração do petróleo. No

Brasil, a produção foi desenvolvida por um conjunto de sistemas produtivos offshore

independentes entre si, que necessitam compartilhar alternativas contingenciais para

correção das especificações de qualidade no petróleo, com o objetivo de assegurar

uma maior eficiência global. A complexidade e as incertezas presentes na decisão

da escolha desta melhor alternativa contingencial conferem um caráter estratégico a

esta tarefa. A questão foi abordada neste trabalho, utilizando-se o método PrOACT,

que possibilitou o entendimento do problema, a definição de objetivos, a

identificação de alternativas, o entendimento de suas consequências e o exercício

de trocas justas para a simplificação do problema, que encaminha a decisão para a

melhor alternativa. Para o entendimento das consequências de cada alternativa

foram definidos aspectos relevantes pelos sete tomadores de decisão e conduzida

uma pesquisa Delphi com vinte e dois especialistas, onde os critérios de decisão

foram detalhados em fatores. Foi então realizado um workshop com os tomadores

de decisão para o exercício das Trocas Justas, oportunidade em que foi possível

aplicar a intuição e a subjetividade do grupo para o alcance da decisão.

Palavras-chave: Trocas Justas. PrOACT. Processo Decisório. Decisões

Estratégicas.

viii

ABSTRACT

The large-scale consumption of oil and its derivatives, due to its diverse uses for

mankind, motivated the growth and development of the oil industry. Because its high

gains this activity encourages the pursuit of maximizing the productive life of the

systems that operate the extraction of oil. In Brazil, production was developed by a

group of offshore production systems independent of each other. Therefore, they

need to share contingency alternatives to fix the quality specifications in oil, with the

aim of ensuring greater overall efficiency. The complexity and the uncertainties

present in the selection of this best alternative contingency grant a strategic character

to this task. The issue was addressed in this work using the method PrOACT, which

enabled the understanding of the problem, setting objectives, identifying alternatives,

understanding consequences and exercise the Even Swaps for the simplification of

the problem, which forwards the decision for the best alternative. To understand the

consequences of each alternative, the seven decision makers defined six relevant

aspects. A Delphi study was conducted with twenty-two experts to consolidate the

factors, which became the decision criteria. Then a workshop with the decision

makers performed the Even Swaps technique, which made it possible to use the

whole group intuition and subjectivity to reach a sound decision.

Keywords: Even swaps. PrOACT. Decision Process. Strategic Decisions.

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Reservatório de Petróleo Típico...............................................................14

Figura 2 – Fluídos no Reservatório e na Superfície ..................................................14

Figura 3 – Fluxograma do Processamento Primário de Fluídos................................15

Figura 4 – Plano de Trabalho....................................................................................39

Quadro 1 – Fatores dos Aspectos Relevantes Consolidados ...................................47

Figura 5 – Grau Médio de Importância Atribuído aos Fatores pelos Tomadores de

Decisão .....................................................................................................................49

Figura 6 – Simplificação da Matriz de Decisão II.......................................................55

Figura 7 – Análise da Dominânica da Alternativa A pela C .......................................56

Figura 8 – Simplificação da Matriz de Decisão IV .....................................................58

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fatores Após a Primeira Rodada da Pesquisa Delphi.............................45

Tabela 2 – Fatores Após a Segunda Rodada da Pesquisa Delphi............................45

Tabela 3 – Fatores Após a Terceira Rodada da Pesquisa Delphi.............................46

Tabela 4 – Seleção dos Fatores para a Decisão.......................................................49

Tabela 5 – Lista dos Fatores para a Decisão............................................................50

Tabela 6 – Fatores Selecionados Agregados pelos Especialistas ............................51

Tabela 7 – Avaliação dos Fatores Não Discriminantes .............................................52

Tabela 8 – Matriz de Decisão com as Alternativas e os Critérios..............................52

Tabela 9 – Matriz de Decisão I..................................................................................53

Tabela 10 – Matriz de Decisão II...............................................................................54

Tabela 11 – Matriz de Decisão III..............................................................................55

Tabela 12 – Matriz de Decisão IV .............................................................................57

Tabela 13 – Matriz de Decisão V ..............................................................................58

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

UEP Unidade Estacionária de Produção

FPSO Floating, Production, Storage and Offloading

MCDA Multi-criteria Decision Analysis

FSO Floating, Storage and Offloading

GDN Group Decision and Negotiation

PROACT Problema, Objetivo, Alternativas, Consequências e Trocas

RAND Research and Development

BSW Basic Sediments and Water

LO Licença de Operação

SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde

FEL Front End Loading

GTD General Technical Description

VPL Valor Presente Líquido

ANP Agência Nacional de Petróleo

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

ONG Organização Não Governamental

EAP Estrutura Analítica de Projeto

xii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA QUESTÃO...............................................................13

1.1.1 Geral ................................................................................................................13

1.1.2 Legislação Ambiental .....................................................................................16

1.2 ESTRUTURAÇÃO DA QUESTÃO ......................................................................17

1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................20

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................22

2.1 MÉTODOS DE APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO.......................................22

2.2 ANÁLISE DE DECISÃO MULTICRITÉRIO APLICADO A QUESTÕES

ESTRATÉGICAS.......................................................................................................27

3 ESCOLHA DO MÉTODO .......................................................................................30

3.1 MÉTODO PROACT.............................................................................................31

3.2 MÉTODO DELPHI...............................................................................................35

4 ESTUDO DE CASO ...............................................................................................36

4.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA............................................................................36

4.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS...........................................................................38

4.3 PLANO DE TRABALHO......................................................................................38

4.4 IDENTIFICAÇÃO DAS ALTERNATIVAS.............................................................41

4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS RELEVANTES...........................................42

4.6 CONSOLIDAÇÃO DOS FATORES RELACIONADOS AOS ASPECTOS

RELEVANTES...........................................................................................................44

4.7 DEFINIÇÃO DOS FATORES A SEREM AVALIADOS........................................48

4.8 IDENTIFICAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS PARA CADA FATOR/ALTERNATIVA

..................................................................................................................................51

4.9 WORKSHOP DE TROCAS JUSTAS (EVEN SWAPS)........................................55

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .............59

REFERÊNCIAS .........................................................................................................63

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA QUESTÃO

1.1.1 Geral

Há muito tempo o petróleo é utilizado pela humanidade, para diferentes fins,

em diferentes épocas. Os fenícios o utilizavam para a calafetação de embarcações,

os egípcios na pavimentação de estradas e para embalsamar os mortos, gregos e

romanos o utilizaram para fins bélicos. Mesmo na América, os índios pré-

colombianos o utilizavam para decorar e impermeabilizar seus potes de cerâmica.

Nestes períodos, o petróleo era coletado em exsudações naturais encontradas em

diversas regiões. O uso atual do petróleo e a forma como o homem o obtém, através

da perfuração de poços, data de 1859, quando da perfuração do primeiro poço

comercial nos Estados Unidos da América, pelo coronel Drake. Foi desta época a

descoberta de que através da destilação do petróleo seria possível obter produtos

que substituíam com vantagem econômica o querosene obtido a partir do carvão e o

óleo de baleia, utilizados para iluminação. Estes fatos marcaram o início da era do

petróleo (THOMAS, 2004).

As exsudações de petróleo são praticamente inexistentes nos dias de hoje, o

que impulsionou a busca de acumulações de petróleo no subsolo através da

perfuração de poços. A figura 1 apresenta esquematicamente um reservatório de

petróleo típico. Devido à diferença de densidade entre os fluidos presentes na rocha

reservatório, o gás ocupa a parte superior e a água situa-se na parte inferior.

14

Figura 1 – Reservatório de Petróleo Típico

Fonte: Adaptado de Thomas (2004).

A água, normalmente, está conectada à grandes aquíferos, que são

responsáveis pela manutenção da pressão do reservatório. Nos casos em que o

aquífero é pequeno ou não atuante, a opção largamente utilizada é a injeção de

água através de poços perfurados para esta finalidade. De qualquer forma, os poços

produtores geram uma determinada vazão de cada um dos três fluidos presentes em

subsuperfície, como ilustra a figura 2.

Figura 2 – Fluídos no Reservatório e na Superfície

Fonte: Adaptado de Thomas (2004).

15

Portanto, um campo de petróleo, geralmente, produz simultaneamente gás,

óleo e água. As estações de produção terrestres e as plataformas marítimas têm a

função de coletar a produção oriunda dos poços e fazer o tratamento primário, que

consiste na separação dos três fluídos. A figura (3) apresenta um fluxograma do

processamento primário de petróleo. A planta de processo que realizará a tarefa de

separar os fluídos é dimensionada a partir de uma série de parâmetros obtidos em

testes preliminares de produção. O gás separado na planta é entregue ao mercado

através de gasodutos ou reinjetado no campo; o petróleo segue para as refinarias

através de dutos, navios ou carretas, a depender da localização e tamanho dos

campos; e a água pode ser tratada e descartada ou reinjetada, seja no próprio

reservatório, para auxiliar na produção de petróleo, ou em reservatórios de descarte.

Figura 3 – Fluxograma do Processamento Primário de Fluídos

Fonte: Adaptado de Thomas (2004).

A quantidade de água produzida associada com o óleo varia muito ao longo

da vida produtiva do campo. No início é praticamente nula, podendo chegar próximo

aos 100% em volume ao fim da vida econômica dos poços. A destinação da água

produzida é um tema de grande importância para toda a indústria de petróleo em

função do seu volume.

Em média, para cada m3/dia de petróleo produzido dão gerados três ou quatro m3/dia de água. Há campos em que este número se eleva a sete ou mais. Nas atividades de exploração, perfuração e produção, a água

16

produzida responde por 98% de todos os efluentes gerados (THOMAS, 2004).

1.1.2 Legislação Ambiental

O descarte da água é previsto e autorizado pelos órgãos ambientais

responsáveis, de acordo com as licenças de operação dos projetos, que deverão

atender a determinadas especificações. No caso de descarte contínuo de água

produzida em plataformas marítimas, deve ser atendida a Resolução CONAMA

393/07 (BRASIL, 2007). Em seu artigo quinto, esta Resolução estipula que o

descarte de água produzida deverá obedecer à concentração média aritmética

simples mensal de óleos e graxas de até 29 mg/L, com valor máximo diário de 42

mg/L. Caso a média mensal seja excedida, o órgão ambiental responsável pela

emissão da licença ambiental deverá ser comunicado imediatamente após a

constatação, devendo ser apresentado um relatório identificando a não

conformidade em até 30 dias. Além disso, sempre que for constatado que o valor

máximo diário determinado for excedido, deverá haver comunicação imediata ao

órgão ambiental. O controle do teor de óleos e graxas deverá ser diário através de

quatro amostras e obtido através do método gravimétrico. Adicionalmente, a

Resolução demanda o controle semestral, ao redor da plataforma, em um círculo de

500 metros, do seguinte conjunto de parâmetros:

I - compostos inorgânicos: arsênio, bário, cádmio, cromo, cobre, ferro,

mercúrio, manganês, níquel, chumbo, vanádio, zinco;

II - radioisótopos: rádio-226 e rádio-228;

III - compostos orgânicos: hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, benzeno,

tolueno, etilbenzeno e xilenos, fenóis e avaliação de hidrocarbonetos totais de

petróleo através de perfil cromatográfico;

IV - toxicidade crônica da água produzida determinada através de método

ecotoxicológico padronizado com organismos marinhos; e

V - parâmetros complementares: carbono orgânico total, potencial

hidrogeniônico, salinidade, temperatura e nitrogênio amoniacal total.

17

O não atendimento ao disposto na licença é considerado um crime ambiental,

pela Lei nº 9605/98 (BRASIL, 1998), conhecida como Lei de Crimes Ambientais,

estando o infrator sujeito à de detenção, de seis meses a um ano, e multa, cujos

valores não são irrisórios.

Estas informações sobre os fundamentos da engenharia de petróleo, que

indicam a presença crescente da água associada à produção do petróleo, o

conhecimento da legislação que regula os parâmetros a serem atendidos para o

descarte da água, associados às consequências do não atendimento, conferem a

dimensão do contexto, em que a questão abordada neste trabalho está inserida.

1.2 ESTRUTURAÇÃO DA QUESTÃO

Nas últimas três décadas, o Brasil experimentou um crescimento significativo

da produção de petróleo, com uma grande concentração em campos marítimos ao

longo da costa brasileira, principalmente na região sudeste do país. A produção

desenvolveu-se através do uso intensivo de Unidades Estacionárias de Produção

(UEP), mais conhecidas pelo seu acrônimo em inglês como FPSO (Floating,

Production, Storage and Offloading). Em resumo, estes sistemas são compostos por

um navio, que permanece ancorado, e recebe a produção de um conjunto de poços.

Através de equipamentos instalados em seu convés, faz o processamento primário

da produção bruta, separando o óleo do gás e da água. Em seguida, o petróleo é

armazenado nos tanques do navio, até que um volume suficiente seja acumulado,

de modo a formar um lote, a ser retirado por outro navio, conhecido como navio

tanque aliviador, ou apenas aliviador, que levará a produção para um terminal

marítimo em terra. O gás, por sua vez, também sofre um tratamento primário e

depois é comprimido e exportado para terra através de um gasoduto. Finalmente, a

água que é produzida junto com o petróleo e que foi separada nos processos

anteriores é tratada de modo a atender às especificações da legislação ambiental e

descartada no mar.

Um estudo realizado recentemente demonstrou a necessidade e a viabilidade

econômica da construção de uma solução contingencial para tratar e descartar a

água que, eventualmente, não poderia ser descartada pela UEP. Estes volumes

18

foram dimensionados com base no histórico dos eventos pontuais em que seria

possível aumentar a produção de petróleo, caso houvesse um destino apropriado

ambientalmente para receber determinado volume de água fora da especificação

para descarte no mar. Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre um

conjunto de unidades marítimas (FPSO), operados por uma empresa brasileira com

larga experiência nestas atividades. Foi possível dimensionar a capacidade

necessária e avaliá-la economicamente, através de um estudo das probabilidades

da obtenção de um valor presente líquido positivo para os investimentos e custos

operacionais envolvidos na solução.

Com base neste estudo, foi decidido criar um projeto para desenvolver as

alternativas identificadas e escolher a que melhor atenderia a Companhia, através

de uma análise multicritério. Tendo em vista que, para esta questão, existem

diversos aspectos relevantes e não apenas o econômico.

Uma decisão estratégica pode ser definida como aquela que é ”importante,

em termos das ações tomadas, dos recursos comprometidos, ou dos precedentes

estabelecidos” (MINTZBERG; RAISINGHAMI; THÉORÊT, 1976 apud

MONTIBELLER; FRANCO, 2010). A questão em foco neste trabalho reveste-se

desta importância, uma vez que envolve o direcionamento efetivo para que ações

sejam tomadas, que comprometerão recursos operacionais e financeiros de grande

monta, que por sua vez definirão um novo paradigma, pois a solução a ser

implantada permitirá que a operação de um grande conjunto de sistemas produtivos

ocorra de forma mais arrojada, permitindo eventuais falhas e com isto aumentando a

produção de petróleo.

De acordo com Gilberto Montibeller e Alberto Franco (2010), a noção popular

de decisões estratégicas é que estas envolvem um alto nível de incerteza, vultosos

montantes financeiros, uso de recursos críticos e possuem consequências de longo

prazo. Esta visão está associada ao conceito tradicional de que decisões

estratégicas estão ligadas a um processo racional de escolha que resultará em

ações estratégicas. Possivelmente, esta é a maneira como a maioria dos ocupantes

de cargos de gerência nas organizações gostaria de descrever o seu processo de

decisão. No entanto, por vezes, ao analisar grandes histórias de sucesso nos

deparamos com decisões seguramente estratégicas, mas que não se

desenvolveram de forma racional. Um bom exemplo pode ser observado no famoso

19

discurso de Steve Jobs, em 2005, que já foi publicado em diversas fontes, para uma

turma de graduandos da Universidade de Stanford. Nesta ocasião ele disse:

Você não consegue ligar os pontos olhando pra frente; você só consegue ligá-los olhando pra trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Esta abordagem nunca me desapontou, e fez toda diferença na minha vida (JOBS, 2005).

É possível inferir por estas palavras, que diversas decisões estratégicas

tomadas por Steve Jobs em momentos de grande incerteza, envolvendo grandes

recursos financeiros e com consequências de longo prazo, foram tomadas através

de um processo intuitivo e pouco racional.

No entanto, apesar de estarem atentos a esta outra possibilidade, é fato que

os gestores de empresas precisam e buscam demonstrar, às diversas partes

interessadas nos negócios que conduzem, que suas ações estratégicas derivam de

um processo robusto e racional.

A decisão estratégica abordada neste estudo de caso - escolha da melhor

alternativa para solução contingencial da disposição da água produzida - envolve

diversos aspectos relevantes, conferindo a esta tarefa uma complexidade que

demandou a identificação e uso de uma ferramenta de suporte à decisão que fosse

capaz de conferir robustez e transparência ao processo. Além de propiciar um amplo

debate entre os tomadores de decisão, baseado em uma reflexão abrangente por

parte dos especialistas em cada um dos aspectos relevantes.

Por tratar-se de uma decisão estratégica, envolvendo um alto nível de

incertezas e complexidades, onde a decisão dependia do julgamento pessoal de um

grupo de gerentes de alto nível na hierarquia da empresa, foi escolhido para este

trabalho o Método conhecido por Even Swaps, originado na escola americana, e

descrito por John S. Hammond, Ralph L. Keeney e Howard Raiffa (1998). Este

método é baseado no valor das trocas (MUSTAJOKI; HÄMÄLÄINEN, 2005).

Adicionalmente, de modo a construir a abrangência necessária ao processo, os

critérios a serem utilizados foram definidos a partir da definição dos aspectos

relevantes pelos tomadores de decisão. Um grupo de especialistas foi selecionado

para identificar os fatores pertinentes a cada aspecto relevante, através de uma

pesquisa Delphi. Foram identificadas as consequências em cada alternativa para os

fatores de decisão selecionados pelos tomadores de decisão, que finamente

20

reuniram-se para a aplicação do método de apoio à decisão escolhido, ocasião em

que decidiram as trocas justas, resultando na escolha da melhor alternativa.

1.3 JUSTIFICATIVA

O forte crescimento na produção de petróleo, concentrado em unidades de

produção marítimas (FPSO/FSO) associado com a configuração das refinarias, que

demandam uma determinada qualidade do petróleo, nem sempre encontrada

localmente, acarretou, em 2010, na exportação de cerca de um quarto da produção

nacional. Outra consequência do aumento da produção foi a saturação dos recursos

logísticos que, até então, auxiliavam os sistemas produtivos no alcance das

especificações de qualidade do petróleo. Estes dois fenômenos resultaram em uma

crescente exigência de desempenho dos processos de tratamento de óleo e água

produzida nas UEP.

Por outro lado, o processo de tratamento de petróleo e de tratamento e

descarte da água produzida a bordo dos FPSO é realizado em linha, com restrições

parciais para o reprocessamento, o que resulta em uma operação que requer um

alto grau de confiabilidade e a necessidade de parada da produção em diversos

momentos para a manutenção dos poços produtores e dos equipamentos de

tratamento primário.

Uma pesquisa realizada no Reino Unido e no Golfo do México identificou que

outras empresas apresentam situações operacionais semelhantes em suas unidades

de produção de petróleo, não alcançando as especificações finais exigidas pelo

mercado pelas instalações marítimas, pelo menos integralmente ou de forma

constante. Estes sistemas, que se utilizam de dutos para a exportação para terra,

complementam o tratamento em terminais altamente preparados para esta tarefa,

com processos de dessalgação e desidratação do petróleo, e de tratamento e

descarte da água produzida.

O conceito do tratamento complementar utilizado em outras regiões

produtoras para o caso brasileiro, que possui um grande parque produtivo disperso

em dezenas de FPSO, resultou na decisão de se criar uma solução contingencial

para esta necessidade.

21

Foram identificadas quatro alternativas que poderiam atender à necessidade

da empresa. Porém, com diferenças significativas entre si. Há uma delas que

poderia ser considerada a solução tradicional, com investimento próprio e utilizando

a capacidade ociosa de outros sistemas da companhia. Portanto, exigindo a

aplicação de capital próprio, mas com sua operacionalidade conhecida e

licenciamento ambiental, possivelmente, mais adiantado. As outras três representam

a contratação de um serviço, o que dispensaria o uso de recurso próprio, mas com

dúvidas quanto à sua maturidade operacional e o prazo para a obtenção das

licenças necessárias.

Portanto, trata-se de uma decisão estratégica para a companhia e que

demanda a elaboração de um equacionamento abrangente dos aspectos a serem

analisados para a escolha da melhor alternativa, que seja capaz de reduzir as

diferentes características de cada uma delas através de trocas justas entre os

fatores relevantes nesta decisão. Exercício este realizado por gerentes de alto nível

da organização, a partir da contribuição pessoal de cada um deles na busca da

simplificação do problema, até que se obtivesse a conclusão de qual das alternativas

melhor poderia atender à empresa. Após considerar, de forma robusta, os principais

fatores de cada um dos aspectos relevantes para a decisão.

Para apoiar a decisão, o método escolhido foi o Even Swaps (HAMMOND;

KEENEY; RAIFFA, 1998), traduzido para o português como Trocas Justas. Sua

utilização traz ao processo o suporte necessário para comparar diferentes

alternativas, considerando aspectos relevantes numa abrangência condizente com a

complexidade da decisão. A utilização da pesquisa Delphi proporciona que diversas

disciplinas identifiquem os fatores ou critérios de decisão, atrelados aos aspectos

relevantes definidos pelos gestores.

Espera-se que este estudo seja útil para pesquisadores dos sistemas de

suporte à decisão, como parte do processo de planejamento estratégico. Apresenta

uma ferramenta capaz de abordar a complexidade que envolve a escolha de

alternativas díspares, demandantes de vultosos recursos financeiros e operacionais.

Por outro lado, a consideração das demais dimensões não econômicas

contempladas na solução desenvolvida no estudo, torna a decisão robusta para o

alcance de todos os objetivos de uma grande empresa, que tem grande exposição a

mercados e à sociedade que, por sua vez, adotam posturas cada vez mais exigentes

com relação às decisões dos seus agentes empreendedores.

22

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MÉTODOS DE APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO

“As decisões delimitam nossa vida” (HAMMOND; KEENEY; RAIFFA, 2004).

Portanto, os processos que resultam em nossas decisões são responsáveis pelos

limites que construímos para as questões que nos são colocadas. Estes processos

são mais ou menos estruturados e, por vezes, podem ser até inconscientes. Podem

trazer resultados bons ou ruins. Mas, é dessa forma que lidamos com as

oportunidades e as incertezas que a vida nos apresenta: tomando decisões.

O estudo dos paradigmas que governam a decisão e seus fundamentos

analíticos é denominado de Teoria da Decisão (GOMES, 2007). Apesar das

escolhas estarem presentes na existência humana desde os primórdios, foi somente

a partir da década de 1960 que estudos acadêmicos e sistemáticos passaram a

descrever metodologias para auxiliar os indivíduos e as organizações. O primeiro

método foi descrito por Bernard Roy, em 1968, que deu início ao que é chamado

hoje de Escola Francesa. Foram apresentados o conceito de preferências e as

maneiras de melhor estruturá-las e relacioná-las, de modo a possibilitar as análises

capazes de indicar a melhor alternativa, seu agrupamento em classes, ou seu

ranqueamento. A Escola Americana teve início na década seguinte, quando outros

métodos foram criados por Keeney e Raiffa, (1976) e Saaty (1977), o primeiro com

base na Teoria da Utilidade (FISHBURN, 1970) e o segundo através da

hierarquização de objetivos ou critérios, cujos cálculos estão baseados em um

teorema de álgebra linear, conhecido como teorema de Perron-Frobenius. A

principal motivação para que estes estudos fossem desenvolvidos foi a insatisfação

dos tomadores de decisão com a maneira como era conduzido o processo decisório

até aquele momento. Praticamente, as escolhas eram baseadas em um critério

único, o econômico, e as ferramentas de apoio às análises estavam concentradas na

estatística, através do conceito do valor monetário esperado.

No momento em que pelo menos dois critérios conflitantes apresentaram-se

para a tomada de decisão, foi necessário desenvolver maneiras de compará-los e

assim fazer a escolha da alternativa que melhor atendia às necessidades em

23

questão. Estas formas de conduzir as análises tornaram-se conhecidas como apoio

multicritério à decisão, que nada mais são do que a Teoria da Decisão colocada em

prática (GOMES, 2007). Segundo Clemen e Reilly (2001), esta teoria está embasada

na racionalidade do ser humano, que emprega métodos científicos, que

normalmente seguem a seguinte estruturação: identificação do ambiente decisório e

dos objetivos desejados, desenvolvimento de alternativas e estruturação do

problema, escolha da melhor alternativa, análises de sensibilidade e, por fim, a

implementação da alternativa escolhida. Os métodos desenvolvidos ficaram

conhecidos pela sigla em inglês MCDA (Multi-Criteria Decision Analysis).

Segundo Gomes (2007), existe um consenso, por parte dos estudiosos da

Teoria da Decisão, de que o caminho para uma decisão normalmente abrange as

etapas a seguir (não necessariamente nesta sequência):

1. Certeza quanto ao problema que se está tentando resolver;

2. Pensar suficientemente o problema, mantendo distanciamento emocional;

3. Obter todas as informações relevantes;

4. Identificar de forma clara o que efetivamente importa;

5. Considerar explicitamente os comprometimentos de natureza moral e ética;

6. Gerar o conjunto mais amplo possível de alternativas viáveis;

7. Listar os objetivos da tomada de decisão, tanto quantitativos como

qualitativos;

8. Para os objetivos listados, explicitar os critérios de decisão;

9. Explicitar as consequências de cada alternativa com relação a cada um dos

critérios de decisão;

10. Utilizar um dos métodos analíticos para selecionar, ordenar, classificar ou

descrever detalhadamente as alternativas;

11. Efetuar crítica dos resultados obtidos na etapa anterior, tanto do ponto de

vista de quem tomará a decisão e de quem será impactado por ela direta ou

indiretamente;

12. Produzir recomendações bem objetivas para quem tomará a decisão,

incluindo a proposta da decisão e a melhor forma de implementá-la,

garantindo a documentação transparente de todas as etapas, com vistas à

aprendizagem organizacional.

24

As nove primeiras etapas constituem a estruturação do problema. A décima e

a décima primeira a análise da decisão, e a última etapa é a síntese.

Por outro lado, como todo processo que envolve julgamentos e análises

essencialmente humanos, os objetivos dos métodos por vezes são confundidos e

alguns entendimentos falsos sobre o que se pode esperar como resultados de um

MCDA precisam ser explicitados (BELTON; STEWART, 2002):

• o método chegará à solução ideal por si só.

• o método fará uma analise objetiva suficientemente capaz de tornar a

escolha da alternativa extremamente fácil.

• o tomador de decisão não terá dificuldade de escolher a melhor alternativa

após o resultado do método.

No mesmo trabalho, os autores Belton e Stewart (2002), destacam os

benefícios da utilização de um método de apoio à decisão multicritério:

• proporciona a oportunidade para o tomador de decisão conhecer e entender

sobre o que é importante para a sua organização, sobre o problema em

questão e suas vertentes, sobre ele mesmo e os demais envolvidos na

decisão;

• complementa o julgamento intuitivo do tomador de decisão, decorrente de

sua própria experiência. Não o substituindo, mas complementando. A

utilização dos métodos de apoio à decisão serve para testar o que

intuitivamente se pensa sobre as alternativas de solução de um problema

(GOODWIN; WRIGHT, 2000).

• ajuda a estruturar o problema definindo uma linguagem única a ser utilizada

entre os tomadores de decisão.

• possibilita um melhor entendimento e fornece subsídios para justificar uma

decisão de forma simples e transparente junto aos demais envolvidos no

processo decisório.

Outro importante ponto a ser analisado na aplicação de um método de

decisão multicritério é que se trata de um processo que reproduz uma representação

25

social. Pois, normalmente, envolve um grupo considerável de pessoas pertencentes

à organização ou não. Com algumas variações, alguns dos principais participantes

envolvidos neste processo são (GOMES, 2007):

• o tomador de decisão: que é o responsável final pela decisão, podendo

ser um único indivíduo ou um conjunto de pessoas;

• os agentes de decisão: normalmente formado por um grupo de pessoas,

composto de especialistas em diversas disciplinas, que efetivamente

analisam e preparam os dados para o processo decisório;

• o analista da decisão: responsável pela condução do processo decisório a

começar pela estruturação do problema, pela sua análise e pelas

conclusões, devendo ter conhecimento sobre os conceitos e os métodos

de apoio à decisão multicritério (MCDA).

Segundo Mintzberg (1973), o processo de tomada de decisão pode ocorrer

com três diferentes abordagens:

• Empreendedora: a estratégia é definida pelo tomador de decisão. Pouca

importância se dá aos riscos e chances de insucesso;

• Adaptativa: envolve uma resposta reativa às situações que se apresentam.

Não há uma busca por oportunidades. Resolvem-se os problemas a medida

em que aparecem;

• Planejada: envolve a análise da situação a partir de informações oriundas de

buscas sistemáticas, a criação de alternativas e a seleção racional das mais

apropriadas. Esta é a maneira mais adequada para se lidar com ambientes

complexos e mutáveis, explicitando sua natureza analítica.

Clemen e Reilly (2001), por sua vez, apresentam uma abordagem normativa

para a modelagem racional do processo decisório, de forma a oferecer ao(s)

tomador(es) de decisão uma estrutura racional para analisar e resolver problemas,

de acordo com sua subjetividade. Por outro lado, Raiffa (1982) analisa a interação

entre tomadores de decisão, considerando também uma abordagem descritiva, que

analisa o comportamento e as dificuldades encontradas pelos atores no processo de

26

tomada de decisão. Sugere uma abordagem mista, buscando estruturar

analiticamente a questão, a partir da compreensão dos objetivos e eventuais

discordâncias entre as partes envolvidas.

Neste ponto, é importante refletir sobre o debate da racionalidade humana

nas organizações. Apesar da tomada de decisão ser um processo essencialmente

humano, com todas as suas idiossincrasias, é impressionantemente forte a atração

por modelos racionais (LAROCHE, 1995). Existem tentativas de explorar alternativas

a estes modelos, mas de uma forma ou outra retorna-se a um modelo próximo aos

descritos racionalmente, que normalmente apresentam o processo como uma

sequência de: (1) definição do problema, (2) sua diagnose, (3) desenvolvimento de

soluções, (4) seleção de uma das soluções. Os estudos empíricos sobre processos

chamados não racionais acabam em algum momento admitindo a existência de pelo

menos alguma forma de racionalidade (LAROCHE, 1995). Neste sentido, os Estudos

Bradford sobre tomada de decisões estratégicas, concluem que as decisões

implicam em problemas que podem ser resolvidos racionalmente, ou que por

interesse acomodam a racionalidade ou aqueles a controlam. A conclusão é que,

apesar de tudo, a existência de uma mistura destas diferentes formas de

racionalidade é usualmente “razoável”, se não totalmente racional (HICKSON;

BUTLER; CRAY; MALLORY; WILSON, 1986, p. 250).

Nos desenvolvimentos mais recentes da Teoria da Decisão, alguns deles

compilados por Ehrgott, Figueira e Greco (2010), a questão da racionalidade é

abordada, como a possibilidade de mudanças nos parâmetros da decisão com o

tempo, tanto em valores como em natureza. “Na vida real, a maioria das decisões

são dinâmicas com múltiplos critérios” (YU; CHEN, 2010). Estes autores afirmam

que, tipicamente, os estudos de MCDA são baseados em três padrões de lógica:

simplesmente ordenar, o que os leva ao famoso Pareto; buscar o alcance de metas,

aproveitando o sentimento humano de estabelecer e perseguir resultados, que

levam à satisfação e ao compromisso dos envolvidos; maximizar uma função. A

maioria dos métodos de apoio à decisão assume como fixos os elementos que

envolvem a construção de um conjunto de alternativas, de conjunto de critérios, os

resultados de cada uma das possíveis escolhas e as estruturas de preferências dos

tomadores de decisão e demais atores. Porém, para a maioria dos problemas de

decisão não triviais, estes parâmetros podem mudar dinamicamente. Como

exemplo, podemos citar a dimensão econômico-financeira, quase sempre presente

27

em uma decisão. Caso o momento seja de restrição de caixa, o processo de decisão

pode levar à escolha da alternativa que exige um investimento menor, ainda que

apresente um custo unitário maior. No caso inverso, a decisão seria outra.

Adicionalmente, à medida que os estudos sobre a Teoria da Decisão

avançam, há um crescimento na preocupação com a estruturação do problema. No

início, havia um foco reduzido no processo e mais intenso no desenvolvimento de

metodologias (EHRGOTT; FIGUEIRA; GRECO, 2010). Com o desenvolvimento dos

métodos, as questões filosóficas passaram a chamar a atenção. Houve um

crescimento no interesse pelos métodos de pesquisa operacional mais leves, como

os mapas mentais, para apoiar o processo decisório. O entendimento do processo

decisório foi abordado por Bouyssou et al. (1993). A questão do conhecimento dos

valores envolvidos foi analisada por Keeney (1992), no sentido de entender o que

importa para os tomadores de decisão.

2.2 ANÁLISE DE DECISÃO MULTICRITÉRIO APLICADO A QUESTÕES

ESTRATÉGICAS

Montibeller e Franco (2010, p. 25) afirmam que:

[...] o processo de criar, avaliar e implementar decisões estratégicas é tipicamente caracterizado por ter em conta altos níveis de incertezas, sinergias potenciais entre diferentes opções, consequências de longo prazo, e a necessidade do engajamento dos stakeholders em significativas negociações psicológicas e sociais sobre as decisões estratégicas em exame.

Os mesmos autores sugerem que métodos de alternativas discretas, usando

a taxonomia sugerida por Wallenius, Dyer, Fishburn, Steuer, Zionts e Deb (2008),

podem ser úteis para apoiar os envolvidos na definição e seleção das opções de alto

valor estratégico. No entanto, os autores sugerem algumas modificações nos

procedimentos padrões de Análise de Decisão Multicritério, para que se tornem

efetivos no apoio a tomada de decisões estratégicas.

De uma perspectiva analítica, os dois maiores desafios enfrentados ao lidar

com uma decisão estratégica são a inescapável presença de altos níveis de

28

incerteza e a complexidade da decisão (MONTIBELLER; FRANCO, 2010). Neste

tipo de decisão a incerteza está presente nos dados e informações apresentados e

também na aplicação dos valores da própria organização, que tacitamente, estarão

presentes nos julgamentos dos tomadores de decisão. Quais são os objetivos

estratégicos a serem alcançados? Quais políticas deveriam guiar as escolhas? A

complexidade, por sua vez, apresenta-se no inter-relacionamento entre as próprias

alternativas e os demais objetivos da organização, como a estrutura de capital da

empresa e seu endividamento, programas de otimização de custos e de aumento da

produtividade, atendimento às exigências de diversos órgãos reguladores da

atividade empreendedora e demais públicos de interesse.

Montibeller e Franco (2010) são positivos ao afirmar que

[...] as decisões estratégicas são socialmente produzidas e reproduzem estruturas mentais através das quais os gerentes dão sentido às suas concepções estratégicas e assim se capacitam a agir de acordo com elas.

Consideram ainda que esta conceitualização é consistente com as teses de

Laroche (1995) de que as decisões são “representações sociais” e da noção de

estratégia como um processo social. A pergunta seguinte é: em sendo um processo

social, onde ocorrem as decisões estratégicas? Os estudiosos apontam que isto

ocorre em muitos lugares, e em diferentes formas, como em reuniões de diretoria,

em discursos, em informativos à força de trabalho ou aos acionistas, e mesmo em

conversas informais. Uma forma mais organizada para conduzir o processo de

tomada de decisões estratégicas, proposta pelos autores, é a realização de

workshops estratégicos. Esta é uma ferramenta de grande interesse para o analista

de decisão, que deve fazer uso desta oportunidade para a aplicação do método

MCDA escolhido para o apoio ao processo decisório. Neste momento, possibilita-se

aos tomadores de decisão conhecer e compartilhar uma mesma estrutura mental

para a decisão em pauta. É importante ter em mente que esta reunião não acontece

na ausência de conflitos políticos e de interesses entre as diversas áreas da

empresa, tais como as áreas econômica, operacional, de meio ambiente, jurídica,

etc. Fato este que reforça a utilidade de uma assistência analítica incluída no

processo, através do emprego de uma metodologia de apoio à decisão MCDA e da

condução imparcial de um analista de decisão. Na verdade, o trabalho deste

profissional inicia-se muito antes do workshop, na escolha do método, na preparação

29

e análise dos dados pelos analistas da decisão e, posteriormente ao evento, na

conclusão do trabalho, com a apresentação objetiva e transparente da decisão

alcançada.

A complexidade do processo decisório também aumenta por ser este um

exercício de construção social, com a participação de duas ou mais pessoas. Pois,

as preferências individuais não se combinam necessariamente em uma preferência

coletiva similar às preferências individuais, tal como é ilustrado pelo bem conhecido

efeito ou paradoxo Condorcet (1743-1794), que aponta uma irracionalidade

(intransitividade) da decisão coletiva, constatada a partir da composição das

decisões individuais transitivas. Neste caso, três membros do grupo de decisão, 1, 2,

e 3, devem avaliar três alternativas, A, B, e C. O paradoxo se apresenta quando o

indivíduo 1 prefere A depois B e em seguida C; o indivíduo 2 escolhe B antes de C,

que para ele é melhor do que A, e o indivíduo 3 prefere C depois A e esta antes de

B. Assim, duas pessoas preferem A a B, duas pessoas preferem B em relação a C, e

duas pessoas preferem C quando comparado com A. Para auxiliar o processo

decisório, cresce o campo de estudo acadêmico e profissional conhecido por

Decisão e Negociação em Grupo, que tem seu o acrônimo em inglês como GDN.

Estas técnicas têm por objetivo auxiliar grupos, ou indivíduos dentro de um grupo,

para interagir e colaborar a fim de alcançar decisões coletivas (KILGOUR; CHEN;

HIPEL, 2010).

Ainda, no que diz respeito às decisões estratégicas, os estudiosos têm

alertado para a busca de um foco maior na robustez da decisão ao invés da

otimização (AISSI; ROY, 2008; HITES, et al., 2006; ROY, 1998; VINCKE, 1999 apud

MONTIBELLER; FRANCO, 2010). De modo que, diante de questões de natureza

estratégica, o analista de decisão deva buscar um método que privilegie mais as

interações entre aspectos relevantes para o contexto, através da ponderação, pelos

tomadores de decisão, das trocas adequadas, considerando o conjunto de valores

fundamentais da organização.

30

3 ESCOLHA DO MÉTODO

Como apresentado anteriormente, as decisões estratégicas caracterizam-se

por incertezas e complexidades. A respeito da necessidade de agir em momentos de

grande incerteza o economista John Maynard Keynes afirmou em 1937

(MONTIBELLER; GUMMER; TUMIDEI, 2006):

[sob incertezas] não há base científica sobre a qual calcular probabilidades. Nós simplesmente não sabemos quais são. Não obstante, a necessidade por ação e por decisão nos compele, como homens práticos, a fazer nosso melhor para ignorar este fato estranho.

Ainda a respeito da forma de agir na presença de grandes incertezas e

complexidades e de como os tomadores de decisão percebem as probabilidades

nestas circunstâncias, apresentamos as descobertas de Beach (1990):

[...] probabilidades significam pouco para os tomadores de decisões e têm impacto surpreendentemente pequeno sobre suas decisões. A probabilidade é de pouco interesse, porque os tomadores de decisão assumem que seus esforços para implementar suas decisões serão endereçados, em grande parte, em fazer as coisas acontecerem. Controlar o futuro é o que realmente significa a tomada de decisão.

Portanto, o primeiro desafio neste trabalho é encontrar o melhor método para

apoiar os tomadores de decisão, possuidores das mesmas características apontadas

acima, no que concerne ao trato com probabilidades. Era preciso identificar uma

metodologia MCDA capaz de considerar os pontos de vista de um grupo de

tomadores de decisão que, apesar de homogêneo no que diz respeito ao nível de

responsabilidade na hierarquia da empresa, possuía formações diversas e cuidava

de processos que seriam impactados diferentemente pela decisão em pauta.

Assim, para que a questão pudesse ser estruturada com a abrangência de

interesses e a capacidade de abordar as incertezas, centrando as análises na

experiência, intuição e capacidade de realizar dos tomadores de decisão, com um

uso mais restrito das análises matemáticas, que envolvessem probabilidades,

optamos por utilizar o método PrOACT, apoiado em uma pesquisa Delphi para

encontrar os fatores de decisão relacionados aos aspectos relevantes identificados

pelos tomadores de decisão. Dessa forma, investiu-se um tempo e um esforço

31

adequado para a definição do problema e a elaboração dos objetivos a serem

alcançados. De forma criativa e livre de restrições, alternativas foram identificadas.

Para escolher a melhor, o método das Trocas Justas foi aplicado, utilizando o

conhecimento de um número considerável de especialistas para a análise das

consequências, relacionadas a cada alternativa, e assim proporcionar o apoio

necessário aos tomadores de decisão em suas avaliações, por vezes, intuitivas.

3.1 MÉTODO PROACT

Segundo John S. Hammond, Ralph L. Keeney e Howard Raiffa (2004), uma

forma estruturada, considerando alternativas a partir de múltiplos critérios, deveria

identificar seis critérios para que um processo de decisão possa ser eficaz:

1. Concentrar-se no que é importante;

2. Ser lógico e coerente;

3. Reconhecer os fatores subjetivos e objetivos, combinando os pensamentos

analítico e intuitivo;

4. Exigir apenas a quantidade de informações e a análise necessárias para

resolver determinado dilema;

5. Estimular e guiar a obtenção de dados relevantes e opiniões bem informadas;

6. Ser direto, seguro, fácil de usar e flexível.

No método de apoio proposto, mesmo para as decisões mais complicadas, a

complexidade pode ser administrada através de um conjunto de elementos, onde em

seu núcleo central encontram-se o problema, objetivos, alternativas, consequências

e trocas, que formam o acrônimo pelo qual o método é conhecido, ProAct. Estes são

os elementos fundamentais a análise e solução do problema. O método fornece

orientações práticas para a tomada de uma decisão de forma robusta, sem que seja

necessária uma abordagem matemática complexa.

“A essência de nosso método proativo é dividir para conquistar” (HAMMOND;

KEENEY; RAIFFA, 2004). Para resolver uma situação complexa, o método propõe

segmentá-la, organizando as análises em etapas para comparar as alternativas

32

entre si, eliminando aquela dominada por outra, ou igualando-as, através de trocas

justas entre as consequências identificadas para cada um dos objetivos que

precisam ser atendidos pela decisão, eliminando-os em seguida, e assim

simplificando o processo a cada etapa. Este exercício de explicitação de

preferências é conhecido como Even Swaps (Trocas Justas) (HAMMOND; KEENEY;

RAIFFA, 1998), trata-se de uma análise de decisão multicritério (MCDA) baseada no

valor das trocas (KEENEY; RAIFFA, 1976; KEENEY, 1992). O objetivo básico neste

processo de trocas é modificar a consequência associada ao objetivo de alguma das

alternativas, para torná-la igual às demais, e assim irrelevante para a escolha,

reduzindo a complexidade da decisão, aos poucos. O fato de igualar a consequência

no referido objetivo deve ser compensada por um acréscimo ou decréscimo em

outro objetivo, assim tornando a troca justa.

O método PrOACT estabelece em seu próprio nome a ordem das atividades

para solucionar uma questão complexa em que o julgamento pessoal do tomador de

decisão tem um papel explícito. O passo a passo do método começa com a

definição do problema, ponto crucial no processo. Sobre este ponto Hammond,

Keeney e Raiffa (2004, p. 30) afirmam:

A maneira como se formula o problema orienta a decisão. É ela que determina as alternativas a serem consideradas e a forma como serão avaliadas. Concentrar-se no problema certo direciona o restante do processo.

Na definição do problema a criatividade precisa estar presente, de modo que

esta etapa investigue de forma ampla e inovadora a questão a ser decidida. É

importante também ter em mente que problemas podem ser transformados em

oportunidades. Segundo Albert Eistein (apud HAMMOND; KEENEY; RAIFFA, 2004):

“Em meio à dificuldade se encontra a oportunidade”. Porém, para o perfeito

entendimento da questão é preciso perguntar-se o por que da decisão. “Por que

estou pensando a respeito disso?”. Os autores alertam, ainda, para a necessidade

de manter a objetividade nesta tarefa, que irá definir as tarefas seguintes.

Em seguida, já de posse da formulação do problema, o método orienta a

busca dos objetivos a serem alcançados. O que realmente se quer alcançar? Quais

as metas a serem alcançadas pela solução da questão? “Eles (os objetivos) formam

a base para as alternativas existentes. São, em outras palavras, seus critérios de

33

decisão” (HAMMOND; KEENEY; RAIFFA, 2004). É preciso abordar a questão em

toda sua complexidade, não apenas econômica, mas financeira, ambiental, legal,

maturidade da alternativa, etc. Afirmam os autores que os objetivos nos ajudam a

determinar quais informações deverão ser obtidas e que podem nos ajudar a

justificar a decisão perante todos os envolvidos, além de estabelecer a importância

da escolha e o tempo e o esforço empregados em resolvê-la. Os autores nos

alertam para duas armadilhas que estão presentes nesta etapa: examinar o

problema de modo excessivamente restrito e imaginar que esta é uma tarefa

simples. Ao abordar o problema de forma muito superficial ou pequena, podemos

desconsiderar importantes aspectos, por vezes não tão visíveis, que se tornarão

aparentes apenas após implementação da solução. Por outro lado, entender o que

realmente importa para a decisão pode ser complexo e, por vezes, confuso. Pois,

uma reflexão robusta sobre seus objetivos tornará claro que por vezes eles serão

conflitantes.

No próximo passo, buscam-se as alternativas para alcançar os objetivos que

resolverão o problema formulado. Neste ponto, os autores identificam que as

alternativas são a matéria-prima para a tomada de decisões. Alertam que a busca

das alternativas deve ser ampla e com o mínimo de restrições. Caso contrário, a

melhor solução para o problema poderá não ter sido enxergada. Para tanto, as

restrições devem ser encaradas como um desafio e é preciso estabelecer

aspirações elevadas.

Ao chegar neste ponto do método, o problema já é suficientemente

conhecido, os objetivos estão estabelecidos e as alternativas foram identificadas.

Então, para se tomar uma decisão inteligente é necessário comparar o mérito das

alternativas, através da identificação das consequências de cada uma em relação a

seus objetivos. É preciso descrever com exatidão e de modo abrangente os

resultados esperados para o que é importante para a decisão. As consequências

para cada alternativa deverão ser mostradas em um quadro, em que seja possível

compará-las. Para a definição das consequências é preciso aproveitar ao máximo a

informação disponível e utilizar com critério a opinião de especialistas. As medidas

que avaliam as consequências devem refletir um adequado grau de precisão. Para

alguma delas, é possível deparar-se com grandes incertezas. Neste caso, é preciso

estudá-las para que possam ser determinadas e explicitadas.

34

Ao elaborar o quadro das consequências para as alternativas, já será possível

eliminar aquelas menos interessantes, que em uma análise direta já seriam

dominadas pelo menos por uma das demais. O passo seguinte a ser resolvido é

comparar as demais alternativas que apresentam consequências diferentes para os

objetivos estabelecidos, ora melhores ora piores. Neste ponto, “Por ser impossível

atingir simultaneamente todos os objetivos, você é obrigado a buscar equilíbrio entre

eles. Portanto, é preciso negociar.” (HAMMOND; KEENEY; RAIFFA, 2004). Esta é,

fundamentalmente, a parte mais difícil do método, definir com precisão os pesos de

cada componente para a decisão e a forma de barganhar entre eles através de

alterações que os iguale e os torne irrelevantes, através de alterações justas em

outros objetivos. Daí o nome do método utilizado nesta fase: Trocas Justas.

Este desafio foi abordado há pouco mais de duzentos anos atrás por

Benjamim Franklin, em uma carta resposta a seu amigo também cientista Joseph

Priestley, que ao enfrentar uma decisão difícil, escreveu-lhe em busca de ajuda para

a escolha entre duas alternativas. A carta enviada por Franklin em 19 de setembro

de 1772 a seu amigo foi transcrita por John S. Hammond, Ralph L. Keeney e

Howard Raiffa (2004, p. 93), da seguinte forma:

Prezado senhor, [...] Com referência ao assunto de grave importância a respeito do qual me pede conselho, lamento não poder, por cautela de premissas suficientes, indicar-lhe o que determinar. Contudo, se me permite, tentarei lhe mostrar como decidir. [...] Quando situações difíceis como esta ocorrem, sua complexidade decorre principalmente dos fatos de que, em nossa análise, nem todos os prós e contras estão claros para nós ao mesmo tempo. Às vezes, certos objetivos se estabelecem por si próprios, e há momentos em que contemplamos propostas diversas, esquecendo-nos inteiramente dos objetivos iniciais. Por isso a variedade de propostas e inclinações de opinião que se sobrepõem umas às outras de maneira alternada, e a incerteza que conduz à perplexidade. [...] Para superar tal situação, minha forma de agir é traçar uma linha dividindo uma folha de papel em duas colunas, e escrever na parte superior, em um dos lados, os prós, e no outro, os contras. Então, durante um período de três ou quatro dias, ao longo do qual analiso a questão, vou anotando nos campos correspondentes breves indicações sobre os diferentes motivos que me ocorrem, em tempos diversos, a favor ou contra a providência a ser tomada. [...] Quando assim agindo, consigo reuni-los todos na mesma visão, não meço esforços para estimar seus perspectivos pesos na balança do problema; ao encontrar dois, um de cada lado, que aparentem ter peso idêntico, eu os elimino. Se me deparo com um motivo a favor, que é equivalente a dois contra, todos os três são alijados do processo. Caso ocorra, em meu julgamento, de duas razões contrárias demonstrarem anular três positivas, as cinco são desconsideradas; e prosseguindo desta maneira consigo perceber no curso do tempo onde se encontra o equilíbrio; se, afinal, passados um ou dois dias de considerações finais, nada de importante houver ocorrido a favor ou contra a medida escolhida, eu a executo da forma estabelecida. [...] Embora a importância dos motivos da

35

decisão não possa ser medida com precisão matemática, quando consigo considerar cada um deles dentro do âmbito proposto, ou seja, separadamente, em termos comparativos e com a percepção de todos os fatores, me sinto capaz de realizar melhor julgamento, sendo menos provável que tome uma direção errada, já que, de fato, observo a primazia desse tipo de equação no que pode ser chamado de álgebra moral ou álgebra da prudência. [...] Secretamente desejando que sua determinação seja a mais correta, me despeço. [...] Afetuosamente, B. Franklin (HAMMOND; KEENEY; RAIFFA, 2004, p. 93).

3.2 MÉTODO DELPHI

Escolhas estratégicas fazem parte de um processo complexo e repleto de

incertezas de várias naturezas, que identifica e avalia alternativas para a

organização possa empregar recursos no sentido de realizar sua visão e sua

missão. Por causa da incerteza real e a ambiguidade que é perceptível, o processo

de desenvolvimento da estratégia requer a participação e cooperação de muitas

funções organizacionais e tomadores de decisão, também de diferentes áreas

organizacionais (LI et al., 2000;. MINTZBERG, 1994a, 1994b; EDEN, 1990;

PORTER, 1987 apud TAVANA; PIRDASHTI; KENNEDY; BELAUD; BEHZADIAN,

2012).

O método Delphi foi desenvolvido na RAND Corporation para obter o mais

confiável consenso de opinião de um grupo de indivíduos bem informados sobre um

problema, não sujeito, a solução objetiva (DALKEY; HELMER, 1963 apud TAVANA;

PIRDASHTI; KENNEDY; BELAUD; BEHZADIAN, 2012). É uma interação do grupo

de forma estruturada, que prossegue através de várias rodadas de coleta de opinião

e comentários anônimos. Embora o método Delphi remonte ao início dos anos 1950,

a descrição mais reconhecida do método foi oferecida por Linstone e Turoff (1975).

Cada rodada na pesquisa Delphi envolve uma consulta escrita envolvendo os

participantes, seguida por um feedback estatístico para eles, para cada uma das

perguntas envolvidas na pesquisa. Depois de ver os resultados da rodada anterior,

os participantes são convidados a reconsiderar suas opiniões. Geralmente, há uma

convergência de opiniões, depois de três ou quatro rodadas, e uma opinião do grupo

estabilizada emerge. Esta opinião do grupo pode refletir desacordo, acordo, ou um

pouco de cada. O número ideal de participantes depende do número necessário

36

para que todos os pontos de vistas estejam representados (NDOUR et al., 1992;

apud TAVANA; PIRDASHTI; KENNEDY; BELAUD; BEHZADIAN, 2012).

4 ESTUDO DE CASO

Após três décadas de produção, as plataformas de produção de petróleo na

Bacia de Campos foram analisadas profundamente quanto à sua capacidade de

continuar entregando o produto nas especificações demandadas pelo mercado e de

tratar e descartar a água produzida. Diversas ações foram identificadas e

encaminhadas para atender a esta finalidade. Uma delas diz respeito a uma solução

contingencial para o tratamento e descarte de água produzida. A escolha desta

solução é o objeto do presente estudo de caso.

4.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

O estudo mencionado acima foi realizado por um grupo de gerentes, todos

engenheiros, atuando na sede da corporação, na área de engenharia e tecnologia,

em gerenciamento de projetos e na própria operação de plataformas. Este estudo

tinha como objetivo identificar as premissas que envolvem as atuais operações. A

partir do conhecimento alcançado, definir direcionadores e objetivos a serem

atingidos por projetos, processos e pela operação.

Na questão do tratamento e descarte da água produzida, resumidamente, as

premissas identificadas no trabalho foram as seguintes:

• É necessário garantir qualidade adequada para o refino nacional e para a

exportação;

o Análise: O petróleo é um produto que precisa atender especificações

dos elos seguintes da cadeia produtiva da própria empresa ou de um

consumidor final. Atualmente, a produção nacional é responsável por

mais de 80% da matéria prima utilizada nas refinarias brasileiras. Além

37

disso, cerca de um quarto da produção é exportado como produto final.

Por outro lado, existe um aumento das exigências ambientais para os

derivados, com consequente reflexo para as especificações do petróleo

como matéria prima.

o Consequência: Parâmetros de BSW, salinidade e H2S precisam ser

estabelecidos e alcançados de acordo com as necessidades da sua

destinação. Novos contaminantes vêm sendo estudados, como

sedimentos (silício, sulfeto de ferro, naftenatos, cálcio, etc.).

• As operações devem atender ao descritivo das Licenças de Operação e às

determinações dos demais agentes reguladores;

o Análise: as operações estão sujeitas a exigências de diversos

reguladores da atividade econômica.

o Consequência: Os processos de tratamento de óleo e de tratamento e

descarte de água também precisam atender especificações oriundas

dos reguladores da atividade econômica. A água descartada deve

atender às especificações da Licença de Operação (LO).

• A produção de água está presente em um bom projeto de drenagem e

aparece cada vez mais cedo;

o Análise: A injeção de água é comprovadamente o melhor mecanismo

de recuperação secundária e é largamente aplicada na indústria do

petróleo. Diferentemente do que se fazia no passado, hoje a injeção de

água ocorre desde o início da vida produtiva do campo.

o Consequência: Produções de água superiores à de óleo são a regra e

ocorrem cada vez mais cedo.

• O escoamento da produção está concentrado no modal marítimo.

o Análise: A produção dos campos marítimos adotou a solução de FPSO

e FSO e o escoamento por navios aliviadores.

o Consequência: O fato de a produção ser escoada dos FPSO/FSO por

navios aliviadores possibilita a segregação das correntes e

consequentemente dos problemas, ou seja, na eventualidade de um

sistema ter problemas não há a contaminação do todo, resultando em

38

soluções compartilhadas e de menor porte, com métricas unitárias

mais onerosas, mas que podem ser vantajosas quando analisadas

como garantidoras da continuidade operacional do sistema como um

todo.

4.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS

Com base na análise estratégica, que estudou o problema e resultou na

identificação das premissas apresentadas no item anterior, e na análise dos eventos

passados e futuros que poderiam gerar ganhos de produção, caso a Companhia

possuísse uma solução contingencial para o tratamento e descarte de água, foi

definido o seguinte objetivo:

o Prover a Companhia de uma solução contingencial para tratamento e

descarte de um determinado volume mensal de água.

É importante observar que apesar de simples e direta, esta redação

proporciona ao passo seguinte do PrOACT, a identificação de alternativas com

vários graus de liberdade. Não define local geográfico nem a tecnologia a ser

empregada. Também não restringe o modelo de negócio, e há a possibilidade da

solução ser a construção de um ativo próprio, ou ser alcançada através de um

serviço contratado. Por outro lado, estabelece a meta de volume e a condição de

utilização contingencial, que tem impacto sobre a versatilidade da solução, pois terá

de ser suficiente para tratar diferentes especificações de água.

4.3 PLANO DE TRABALHO

Para buscar alternativas e entender suas consequências, a Companhia

desenvolveu um plano de trabalho, cujo desenho esquemático é mostrado na figura

a seguir:

39

Figura 4 – Plano de Trabalho

Fonte: Adaptado de Tavana, Pirdashti, Kennedy, Belaud e Behzadian (2012).

No passo 1, foram aproveitadas análises de grupos de estudos anteriores que

já haviam identificado algumas possibilidades de soluções, com características e

capacidades adequadas ao objetivo em questão. Adicionalmente, foi realizada uma

pesquisa abrangente sobre outras formas utilizadas na indústria de petróleo mundial,

que tivessem potencial de ser desenvolvidas no Brasil. Este esforço foi

recompensado com a identificação de mais duas alternativas, sendo uma delas

bastante madura e a outra carecendo de um desenvolvimento e pesquisa adicionais.

Somadas às duas alternativas tradicionalmente utilizadas, este passo foi concluído

com a identificação de quatro alternativas consistentes para atender ao objetivo

proposto.

40

No passo 2, os sete tomadores de decisão foram convidados a identificar os

aspectos relevantes para a decisão, uma vez que uma análise puramente

econômica não seria suficiente para abordar todas as dimensões envolvidas. O

grupo de tomadores de decisão foi formado por gerentes gerais com mais de vinte

anos de trabalho na indústria do petróleo. Trouxeram a este processo um

conhecimento tácito e intuitivo das seguintes áreas: operação de produção de

petróleo, SMS (segurança, meio ambiente e saúde), tecnologia de processamento

de fluidos, eficiência operacional, logística e comércio de petróleo.

O passo 3 identificou, através de pesquisa Delphi, os fatores relacionados aos

aspectos relevantes para a decisão. Para que a avaliação de alternativas pudesse

ser desenvolvida, era fundamental detalhar o que deveria ser avaliado dentro das

dimensões definidas pelos tomadores de decisão. Participaram desta tarefa vinte e

dois especialistas, sendo inclusive alguns gerentes operacionais e outros

consultores técnicos das áreas de processamento de petróleo, operação de

sistemas produtivos, SMS, gerenciamento de projetos, logística, engenharia naval,

aquisições, jurídico e regulação do setor petróleo no país.

Todos os fatores apontados pelo grupo técnico eram, indiscutivelmente,

pertinentes para uma decisão como esta. No entanto, para avaliar as alternativas

adequadamente para o atendimento do objetivo proposto, no passo 4, o grupo de

tomadores de decisão foi novamente convocado a dar sua opinião sobre a

importância de cada um dos fatores, aplicando sua experiência e análise intuitiva de

valor para cada um deles, tendo como pano de fundo a análise individual da

conjuntura da empresa e do setor. De modo a focar nos pontos mais importantes

para a decisão, foi estabelecido um valor mínimo a ser alcançado pela média da

avaliação do fator. Prosseguiram no processo decisório apenas os fatores que

superaram este valor.

Na etapa 5, os facilitadores com o apoio dos especialistas avaliaram cada

alternativa nos fatores de decisão. Preparando no passo 6 a matriz de decisão para

o workshop das Trocas Justas. Fez parte desta tarefa o ajuste de sensibilidade para

as negociações da etapa seguinte.

No último passo, foi realizado o exercício das trocas justas em um evento de

quatro horas, que reuniu os tomadores de decisão. O escopo do evento foi a

redução da matriz de decisão através da modificação das conseqüências das

41

alternativas de modo a igualá-las e assim eliminar fatores de decisão e as

alternativas que foram superadas por alguma outra, até chegar à decisão final.

4.4 IDENTIFICAÇÃO DAS ALTERNATIVAS

Fruto de análises e pesquisas abrangentes, que não ficaram limitadas ao

convencional, foram definidas as seguintes alternativas, capazes de atender ao

objetivo proposto:

Alternativa A: Injeção em Campo de Produção Terrestre.

Alternativa B: Contrato de Tratamento – Modalidade Mar.

Alternativa C: Contrato de Tratamento – Modalidade Terra.

Alternativa D: Contrato de Disposição da Água.

Para a alternativa A, foi criado um projeto de investimentos, que seguiu os

procedimentos sistematizados da empresa para gerenciamento de projetos. Esta

sistemática está baseada na metodologia de portões de passagem para a fase

seguinte, conhecida como metodologia FEL (Front End Loading). O projeto foi

desenvolvido até a fase de FEL 2, estando pronto para o detalhamento do projeto

básico. Conforme prevê os procedimentos da metodologia, o projeto cumpriu todas

as etapas, inclusive sendo analisado pelos grupos de revisão (peer review).

A alternativa B foi desenvolvida através de uma consulta ao mercado sobre a

viabilidade e interesse de participação em uma eventual licitação do serviço prestado

por uma unidade descrita em uma GTD (general thecnical description). Esta

iniciativa logrou êxito, pois foram contatadas mais de quarenta empresas, sendo que

mais de dez confirmaram a possibilidade de cumprir as especificações técnicas e o

prazo apresentado para início do projeto. A parte econômica foi estimada pelos

especialistas da própria empresa dada suas características, muito similares a outros

serviços já contratados.

A alternativa C trata de um contrato com um tradicional prestador de serviço

da indústria petroquímica. Para testar esta solução, foi realizado um teste piloto, que

pôde comprovar toda a operacionalidade da alternativa e os custos envolvidos. Foi

42

confirmado o interesse do prestador de serviço por um contrato de longo prazo para

atender o objetivo da questão em análise.

A alternativa D trata de uma solução inovadora no país, mas bastante

utilizada em outros países que também possuem uma indústria petroquímica

desenvolvida. Para poder avaliar esta possibilidade foi realizada uma missão técnica

aos Estados Unidos com o objetivo de conhecer o funcionamento e a

operacionalidade da solução. Por outro lado e em detrimento da alternativa no

aspecto relevante de Maturidade da Solução, a empresa não confirmou a

possibilidade de um contrato pelo prazo e na capacidade necessária. Para tanto,

identificou-se a necessidade de alguns investimentos para que um teste piloto

pudesse ser feito. Esta situação teve impacto importante na avaliação das

conseqüências para a alternativa.

4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS RELEVANTES

Os tomadores de decisão foram apresentados a toda análise do problema e

convidados a identificar quais os aspectos seriam relevantes para a avaliação de

qual das quatro alternativas melhor atenderia ao objetivo definido. Para tanto foram

realizadas entrevistas pessoais ou telefônicas.

Após todos terem sido ouvidos, foi aprovada a seguinte lista de aspectos

relevantes para esta decisão:

a) Econômico/Financeiro: para uma companhia de capital aberto que visa,

entre outros objetivos, o crescimento dos seus resultados econômicos, é

fundamental que a alternativa escolhida seja avaliada por um critério

econômico. Neste caso, o principal indicador seria o custo unitário de

tratamento e descarte, que é capaz de comparar todas as alternativas:

aquelas que envolvem contratos, através da tarifa de uso; e o projeto próprio

através da remuneração necessária para zerar o VPL, considerando a taxa de

atratividade utilizada pela empresa para seus projetos de Exploração e

Produção. Por outro lado, em um momento de grandes oportunidades e uma

carteira de investimento muito arrojada, a questão do uso do capital próprio

43

apresentou um peso importante para avaliar a questão financeira da solução.

Uma alternativa contratada não teria impacto financeiro imediato de aplicação

de capital, a não ser o custo operacional. No entanto, a solução própria

demanda a imobilização de capital.

b) Ambiental: por tratar-se de uma questão ligada à água, um dos elementos

mais fundamentais para a vida, as questões ligadas ao licenciamento

ambiental possuem uma importância relevante para a decisão. Portanto,

haveria de ser considerada a existência ou não de licença para a solução, sua

abrangência. No caso de ser necessário obter uma licença, então seria

fundamental estimar o prazo e a dificuldade de licenciá-la.

c) Legal: os aspectos legais da aquisição da solução e da legislação ambiental

ligada ao tratamento e disposição de efluentes líquidos, também apresentam

relevância para a decisão. Questões sobre responsabilidade pelos fluidos e

as conseqüências decorrentes da operação precisariam ser avaliadas.

d) Operacional: o atendimento ao objetivo apresentado passa essencialmente

por um processo operacional capaz de tratar e descartar um determinado

volume de água por um longo período. Portanto, avaliar as alternativas quanto

às suas operacionalidades seria fundamental. Questões como complexidade,

segurança, contingências, entre outras, precisariam ser conhecidas para

influenciar a decisão.

e) Maturidade da Solução: as alternativas apresentadas possuem diferenças

importantes entre si, em diversas dimensões. O conhecimento das chances

de sucesso e dos eventuais problemas que poderiam surgir também

precisaria participar da matriz de decisão. Não seria justo comparar as

consequências de uma alternativa cuja solução técnica é plenamente

conhecida com outra que nunca foi aplicada.

f) Atendimento aos Objetivos de Prazo e Capacidade: um aspecto essencial

para a decisão é a condição de cada alternativa para cumprir o objetivo

proposto em seus prazos de duração e capacidade diária. Eventualmente,

uma solução poderia ser boa num curto período de tempo, não atendendo à

necessidade da empresa. Por outro lado, a solução poderia não ter o

tamanho necessário para resolver o problema identificado.

44

4.6 CONSOLIDAÇÃO DOS FATORES RELACIONADOS AOS ASPECTOS

RELEVANTES

Nesta fase do trabalho foi realizada uma pesquisa Delphi com vinte e dois

especialistas da Companhia entre gerentes de áreas técnicas e consultores internos.

A seleção desta equipe teve a indicação dos tomadores de decisão, apoiada em

sugestões da própria equipe. Teve a abrangência necessária para o detalhamento

dos seis aspectos relevantes, tendo sido constituída por especialistas das áreas de

processamento primário de petróleo, operação de sistemas produtivos, SMS,

gerenciamento de projetos, logística, engenharia naval, aquisições, jurídico e

regulação do setor petróleo no país.

Foram realizadas três rodadas de pesquisa através de mensagens

eletrônicas, apoiadas por esclarecimentos em reuniões ou contatos telefônicos. Na

primeira fase, os participantes receberam as informações sobre o problema, os

objetivos a serem alcançados e o detalhamento das quatro alternativas para a

solução contingencial de tratamento e descarte de água. Foram informados sobre o

processo de decisão multicritério que identificaria a escolha da melhor alternativa e

os aspectos relevantes a serem considerados nesta decisão. Receberam também o

convite a participar do processo, oriundo da indicação dos tomadores de decisão por

serem especialistas em pelo menos um dos aspectos relevantes. A mensagem

informou que a consolidação dos fatores seria obtida através de uma pesquisa

Delphi. Para tanto, foram solicitados a identificar livremente e de forma independente

os fatores que apontariam a qualidade da alternativa relacionada a um aspecto

relevante. De modo a aproveitar toda a experiência que foi disponibilizada neste

processo, orientou-se também para que o participante não se restringisse apenas à

sua especialidade, mas que contribuísse, de forma holística, para a pesquisa.

A estatística desta primeira rodada está apresentada na tabela 1 a seguir:

45

Tabela 1 – Fatores Após a Primeira Rodada da Pesquisa Delphi

Fonte: O autor (2013).

Como pode ser observado, houve uma concentração nas questões de

maturidade da solução e em seus aspectos operacionais, seguido pelas tradicionais

questões econômico-financeiras. Este resultado reflete o caráter predominantemente

técnico dos participantes.

Para a segunda rodada, foram apresentadas as estatísticas e a relação

completa dos fatores identificados na primeira rodada, acompanhada das indicações

de fatores do próprio participante. Portanto, manteve-se o anonimato dos demais

respondentes. O resultado da estatística desta segunda rodada está apresentado na

tabela 2 seguinte:

Tabela 2 – Fatores Após a Segunda Rodada da Pesquisa Delphi

Fonte: O autor (2013).

Foi necessária uma terceira rodada para que fosse alcançada uma

consolidação final por parte dos participantes. A tabela 3 a seguir apresenta a

estatística final. Pode-se observar que houve uma riqueza maior de fatores para as

46

questões operacionais e de maturidade da solução, demonstrando uma forte

indicação dos especialistas para a necessidade de uma avaliação mais detalhada da

capacidade da solução para, de fato, alcançar o objetivo estipulado. Os demais

aspectos relevantes apresentaram uma concentração maior por parte dos

especialistas.

Tabela 3 – Fatores Após a Terceira Rodada da Pesquisa Delphi

Fonte: O autor (2013).

Portanto, após três rodadas da pesquisa Delphi os 52 fatores pertinentes para

uma decisão desta natureza foram consolidados e agrupados nos seis conjuntos de

aspectos relevantes, conforme apresentados no quadro 1 a seguir:

47

Quadro 1 – Fatores dos Aspectos Relevantes Consolidados Aspecto Relevante Código Fator

Econômico e Financeiro EF01 Custo unitário do tratamento

Econômico e Financeiro EF02 demanda por investimento

Econômico e Financeiro EF03 Demanda por recursos críticos

Econômico e Financeiro EF04 Custo operacional fixo (risco de ociosidade)

Econômico e Financeiro EF05 Estudos de Sensibilidade com parâmetros físicos e econômicos realizados

Econômico e Financeiro EF06 Possibilidade de criar ameaças por oportunismo

Econômico e Financeiro EF07 Possibilidade de perda de valor econômico decorrente da mistura de petróleos

Ambiental AM01 Presença de riscos de SMS durante a construção da solução

Ambiental AM02 Sensibilidade ambiental da área de influência da solução

Ambiental AM03 Descarte de efluente em corpo hídrico

Ambiental AM04 Complexidade de obtenção de licenças ambientais.

Legal LE01 Definição da custódia do produto retirado da plataforma

Legal LE02 Exigência de conteúdo local

Legal LE03 Rigor das Normas Internas aplicáveis, Normas Nacionais e Normas Internacionais

Legal LE04Necessidade de negociação com ANP, IBAMA, União, Estados e Municípios, Receita Federal, Marinha, ONGs, Comunidades, etc.

Legal LE05 Abrangência e rigor das exigências regulatórias e tributárias

Legal LE06 Necessidade de autorizações prévias

Operacional OP01 Tolerância quanto à qualidade da água recebida

Operacional OP02 Complexidade da logística associada à solução

Operacional OP03 Restrições quanto ao tamanho do navio de transporte dos fluídos

Operacional OP04 Espaço para construção das facilidades de tratamento e tanques

Operacional OP05 Capacidade de atender os padrões de tempo para o (des)carregamento

Operacional OP06 Restrições com Temperatura

Operacional OP07 Facilidade no tratamento e destinação de efluentes

Operacional OP08Impacto para a atividade primária de produção dos FPSO e para a movimentação de petróleo

Operacional OP09 Potencial para eventual ampliação de capacidade

Operacional OP10 Fator operacional de disponibilidade do sistema

Operacional OP11 Flexibilidade operacional

Operacional OP12 Ciclo de tempo da operação entre entrega do fluido desconforme e sua solução

Operacional OP13 Previsão para contingências, por exemplo: retratamento, tancagem, redundâncias

Operacional OP14 Capacidade de recuperação do óleo residual da água off-spec

Operacional OP15 Complexidade tecnológica dos sistemas

Operacional OP16 Geração de subprodutos indesejados

Operacional OP17 Facilidade de cumprimento das condicionantes de licença ambiental

Maturidade da Solução MS01 Escopo claramente definido

Maturidade da Solução MS02 Existência de Coordenador/Gerente/Representante da solução designado

Maturidade da Solução MS03 Projetos similares identificados - é field proven ?

Maturidade da Solução MS04 Capacitação da equipe que implementará a solução

Maturidade da Solução MS05 Viabilidade técnica da solução

Maturidade da Solução MS06 Plano de implantação da solução - cronograma de tarefas e recursos nivelados

Maturidade da Solução MS07 Análise Qualititativa de Riscos e Plano de Ação elaborados

Maturidade da Solução MS08 Análise Quantitativa de Prazo

Maturidade da Solução MS09 Análise Quantitativa de Custo

Maturidade da Solução MS10Análise dos stakeholders (parte interessadas) - atores internos e externos a Empresa e que podem influir no projeto

Maturidade da Solução MS11 Lista de fornecedores e prestadores de serviços elaborada

Maturidade da Solução MS12 Plano Logístico para transporte e armazenagemAtendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC01 Vida útil da solução

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC02 Data provável para implantação da solução (1a água)

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC03 Volume de água oleosa a ser tratada

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC04 Riscos de atendimento aos prazos e capacidades

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC05 Prazo para obtenção das licenças ambientais

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

PC06 Possibilidade de implantação imediata

Fonte: O autor (2013).

48

4.7 DEFINIÇÃO DOS FATORES A SEREM AVALIADOS

Apesar de serem tecnicamente pertinentes para uma decisão desta natureza,

o conjunto de 52 fatores obtidos na pesquisa com os especialistas ainda precisaria

passar por uma etapa de avaliação gerencial. Para tanto, os tomadores de decisão

foram convidados a avaliar a importância de cada fator para esta decisão específica,

tendo em vista a conjuntura atual vivida pela empresa, as perspectivas de

crescimento futuro de suas atividades e a própria experiência pessoal de cada um

dos tomadores de decisão. Esta tarefa foi executada através de uma entrevista

individual com os sete tomadores de decisão, onde a tabela oriunda da pesquisa

Delphi foi apresentada para indicação do grau de relevância de cada fator

pontuando-o de 1 a 10, sendo 1 uma indicação de que o fator não possui nenhuma

importância para esta decisão e 10 de que é totalmente importante.

A figura 5 apresenta os resultados da pesquisa, organizando os fatores em

ordem decrescente da média do grau de importância que lhes foi atribuído. Também

está registrado nesta figura o intervalo de avaliação, com os graus máximo e mínimo

que os fatores obtiveram na avaliação dos tomadores de decisão. Os resultados

demonstram a existência de uma grande heterogeneidade de percepções no grupo

de gerentes, com fatores que obtiveram uma média alta tendo sido avaliados com

grau de importância bastante baixo por pelo menos um avaliador. Fato que contribui

positivamente para a construção da decisão coletiva que está sendo buscada.

Porém, apresenta a necessidade da escolha de critérios para a seleção dos fatores

a serem considerados importantes pelo conjunto de tomadores de decisão. Para

atender esta questão, foram considerados importantes para a decisão os fatores que

atenderam pelo menos um dos seguintes critérios:

I. Obtenção de grau maior ou igual a 8 por pelo menos cinco dos sete

tomadores de decisão;

II. Avaliação média igual ou superior a 8, desconsiderando-se o maior e o

menor grau atribuído a cada fator;

III. Avaliação média maior do que 7,5, considerando-se todas as avalições

concedidas.

49

Figura 5 – Grau Médio de Importância Atribuído aos Fatores pelos Tomadores de Decisão

Fonte: O autor (2013).

A tabela 4 apresenta os fatores que foram selecionados a partir de cada um

dos três critérios. Como foi adotado o conjunto destes critérios, todos os vinte e dois

fatores apresentados na tabela foram adotados na continuidade do processo

decisório e estão listados na tabela 5. Os demais, apesar de pertinentes, foram

considerados não importantes para esta decisão e descartados.

Tabela 4 – Seleção dos Fatores para a Decisão Aspecto Relevante Critério I

5 avaliações ≥ 8 Critério II

Média ≥ 8, sem extremos Critério III

Média geral ≥ 7,5 Econômico e

Financeiro EF01 EF01 e EF02 EF02

Ambiental AM02 e AM04 AM02 e AM04 AM02 e AM04 Legal - - LE06

Operacional OP01, OP02, OP07 e OP08

OP01, OP02, OP07 e OP08 OP01, OP02, OP07, OP08 E OP10

Maturidade da Solução

MS06, MS08 e MS12

MS05, MS06, MS07, MS08, MS09 e MS12

MS05, MS06, MS07, MS08 e MS12

Prazos e Capacidades

PC02, PC03, PC04 e PC06

PC02, PC03, PC04 e PC06 Pc01, PC02, PC03, PC04, PC05 e PC06

Fonte: O autor (2013).

50

Tabela 5 – Lista dos Fatores para a Decisão Aspecto Relevante Código 2 Fator

EF01 Custo unitário do tratamento

EF02 demanda por investimento

AM02 Sensibilidade ambiental da área de influência da solução

AM04 Complexidade de obtenção de licenças ambientais.

Legal LE06 Necessidade de autorizações prévias OP01 Tolerância quanto à qualidade da água recebida

OP02 Complexidade da logística associada à solução

OP07 Facilidade no tratamento e destinação de efluentes

OP08Impacto para a atividade primária de produção dos FPSO e para a movimentação de petróleo

OP10 Fator operacional de disponibilidade do sistema

MS05 Viabilidade técnica da solução

MS06 Plano de implantação da solução - cronograma de tarefas e recursos nivelados

MS07 Análise Qualititativa de Riscos e Plano de Ação elaborados

MS08 Análise Quantitativa de Prazo

MS12 Plano Logístico para transporte e armazenagem

PC01 Vida útil da solução

PC02 Data provável para implantação da solução (1a água)PC03 Volume de água oleosa a ser tratada

PC04 Riscos de atendimento aos prazos e capacidades

PC05 Prazo para obtenção das licenças ambientais

PC06 Possibilidade de implantação imediata

Econômico e Financeiro

Ambiental

Operacional

Maturidade da Solução

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

Fonte: O autor (2013).

Pelo exposto na tabela 5, é possível observar que os tomadores de decisão

avaliaram como importantes todos os seis fatores do Aspecto Relevante

Atendimento aos Objetivos de Prazo e Capacidade. Mantiveram, também, um

número importante de fatores ligados à Operação e à Maturidade da Solução. Por

outro lado, poucos fatores Econômico e Financeiro, Legais e Ambientais, foram

considerados importantes para a decisão. Possivelmente, representando a urgência

da solução para o problema.

Após a seleção, foi realizada uma análise pelos especialistas dos fatores

escolhidos, desta vez mesclando os aspectos relevantes. Desta análise foi possível

agregar nove fatores em três novas redações, sem perda de conteúdo. A tabela 6

apresenta os fatores resultantes desta análise.

51

Tabela 6 – Fatores Selecionados Agregados pelos Especialistas

Aspecto Relevante Cód. Fator Fator Agregado

AM02Sensibilidade ambiental da área de influência da solução

AM04Complexidade de obtenção de licenças ambientais.

Atendimento aos objetivos de prazo e

capacidadePC05 Prazo para obtenção das licenças ambientais

Operacional OP02Complexidade da logística associada à solução

Maturidade da Solução MS12Plano Logístico para transporte e armazenagem

MS07Análise Qualititativa de Riscos e Plano de Ação elaborados

MS08 Análise Quantitativa de Prazo Atendimento aos

objetivos de prazo e capacidade

PC04Riscos de atendimento aos prazos e capacidades

Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, devido à sensibilidade da área de influência da solução

Logística da solução: complexidade e planejamento

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados

Ambiental

Maturidade da Solução

Fonte: O autor (2013).

4.8 IDENTIFICAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS PARA CADA FATOR/ALTERNATIVA

Paralelamente aos esforços para a identificação dos fatores a serem

considerados na decisão, as alternativas foram desenvolvidas, conforme descrito no

item 4.4. Os estudos técnicos e econômicos das alternativas para solução

contingencial do tratamento e descarte de água foram concluídos e, para aquelas

que envolviam contratos, propostas foram apresentadas. Conhecidos os fatores

selecionados para a decisão foi possível quantificar ou qualificar as consequências

para cada alternativa, nos fatores considerados importantes para a decisão.

A primeira análise realizada identificou que três fatores não discriminavam as

alternativas, pois apresentaram a mesma avaliação para as quatro alternativas. Esta

avaliação está apresentada na tabela 7.

52

Tabela 7 – Avaliação dos Fatores Não Discriminantes

Aspecto Relevante Código 2 Fator Justificativa

Operacional OP08Impacto para a atividade primária de produção dos FPSO e para a movimentação de petróleo

Nenhuma das alternativas tem impacto na atividade.

PC03 Volume de água oleosa a ser tratadaTodas as alternativas tratam o volume definido para o projeto.

PC06 Possibilidade de implantação imediata Nenhuma das alternativas tem possibilidade de implantação imediata

Atendimento aos objetivos de prazo e capacidade

Fonte: O autor (2013).

Com as reduções decorrentes da agregação de nove fatores em três e a

eliminação de três fatores não discriminantes, a decisão passou a ter treze fatores,

que também podem ser chamados de critérios para a composição da matriz de

decisão, conforme mostra a tabela 8. Nesta tabela, também estão identificadas as

unidades e os conceitos para a avaliação das consequências das alternativas nos

critérios de decisão.

Tabela 8 – Matriz de Decisão com as Alternativas e os Critérios

A B C DDemanda por investimento US$

Custo unitário do tratamento US$/m3

Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3

Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B)

Necessidade de autorizações prévias S/N

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B)

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B)

Fator operacional de disponibilidade do sistema %

Viabilidade técnica da soluçãoConceito (A/M/B)

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B)

Vida útil da solução anos

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

Após análise dos estudos e/ou contratos apresentados para cada alternativa,

foi possível avaliar as consequências qualitativa e quantitativamente nas unidades

definidas na tabela 8. Os critérios qualitativos foram avaliados pelos conceitos alto

(A), médio (M) ou baixo (B), ou ainda se atenderiam ou não ao critério (S ou N). A

53

tabela 9 mostra os resultados finais das consequências para cada alternativa em

cada critério, que formaram a Matriz de Decisão I.

Tabela 9 – Matriz de Decisão I

A B C DDemanda por investimento US$ 100 0 0 7Custo unitário do tratamento US$/m3 1,10 1,8 1,00 1,0 a 2,2Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 5,00 6,50 0,00 7,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, devido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) M B M B

Necessidade de autorizações prévias S/N S S S N

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B)

A M A M

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) A M A A

Fator operacional de disponibilidade do sistema % 100% 100% 93% 100%

Viabilidade técnica da soluçãoConceito (A/M/B) M A M ?

Plano de implantação da solução - cronograma de tarefas e recursos nivelados

S/N S S N N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A A M ?

Vida útil da solução anos 30 10 10 10

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 5 1,5 2 1,2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

4.9 WORKSHOP DE TROCAS JUSTAS (EVEN SWAPS)

Uma vez construída a matriz de consequências para as alternativas, foi

realizado um evento com os tomadores de decisão, com o objetivo de escolher

coletivamente a melhor alternativa, através do uso do método das Trocas Justas.

Os sete tomadores de decisão receberam previamente o material de apoio

com a descrição das alternativas e a análise das consequências para cada critério

de decisão. No próprio evento, foi reapresentada a metodologia a ser utilizada e

seus princípios. Foram foco de ampla discussão os pontos que geram a

complexidade e as incertezas para esta decisão. Construiu-se um entendimento

comum da necessidade do uso da experiência e intuição de cada um, para fazer os

julgamentos que poderiam equiparar critérios e alternativas para a redução do

problema e construção social da decisão, através da redução sistemática da matriz

apresentada na tabela 9.

A primeira análise realizada foi sobre a possibilidade da eliminação da última

alternativa. Rapidamente, chegou-se a um consenso sobre a questão, pois:

• Foi identificada a necessidade de um teste preliminar para confirmar a

viabilidade técnica da alternativa, até então desconhecida;

54

• A análise de risco para a solução foi considerada apenas regular e o plano

de implantação inexistente;

• O intervalo do custo unitário do tratamento somado ao custo da logística

poderia levar a valores consideravelmente superiores às demais

alternativas, principalmente considerando-se a baixíssima maturidade da

solução, que ainda exigia uma comprovação técnica de sua viabilidade;

Pelos motivos expostos acima, os tomadores de decisão consideraram que

esta alternativa poderia ser eliminada, pois estava claramente dominada pelas

demais. A matriz de decisão foi então alterada para a apresentada na tabela 10.

Tabela 10 – Matriz de Decisão II

A B CDemanda por investimento US$ 100 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,10 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 5,00 6,50 0,00

Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) M B M

Necessidade de autorizações prévias S/N S S S

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) A M A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) A M A

Fator operacional de disponibilidade do sistema % 100% 100% 93%

Viabilidade técnica da soluçãoConceito (A/M/B) M A M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A A M

Vida útil da solução anos 30 10 10Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 5 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

No passo seguinte, os tomadores de decisão consideraram que a eliminação

da alternativa Contrato de Disposição tornou irrelevantes os seguintes critérios

• Necessidade de autorizações prévias – todas as alternativas

precisariam;

• Fator operacional de disponibilidade do sistema – foi considerado que

as capacidades de armazenagem dos sistemas em questão poderiam

absorver a menor disponibilidade da alternativa C, tornando-a igual as

demais; e,

• Vida útil da solução – todas as três alternativas apresentaram uma vida

útil compatível com a necessidade requerida para o problema.

55

A figura 2 apresenta a eliminação dos critérios e a tabela 11 a matriz

resultante para a próxima rodada de análise.

Figura 6 – Simplificação da Matriz de Decisão II

A B CDemanda por investimento US$ 100 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,10 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 5,00 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) M B M

Necessidade de autorizações prévias S/N S S S

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) A M A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentes Conceito (A/M/B) A M A

Fator operacional de disponibilidade do sistema % 100% 100% 93%

Viabilidade técnica da solução Conceito (A/M/B)

M A M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A A M

Vida útil da solução anos 30 10 10Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 5 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

Tabela 11 – Matriz de Decisão III

A B CDemanda por investimento US$ 100 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,10 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 5,00 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) M B M

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) A M A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) A M A

Viabilidade técnica da soluçãoConceito (A/M/B) M A M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A A M

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 5 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

A análise realizada a seguir foi a comparação da alternativa A com a

alternativa C. Considerou-se que a primeira alternativa foi dominada pelos seguintes

motivos:

• Não demanda investimentos, possui um custo unitário de tratamento e de

logística menor, sua data provável de implantação é consideravelmente

mais favorável.

56

• São equivalentes nos critérios de complexidade para a obtenção das

licenças ambientais, não apresentaram restrições quanto à qualidade da

água a ser tratada, possuem o mesmo conceito para a facilidade do

tratamento e destinação de efluentes e também para a viabilidade técnica

da solução; e,

• Por outro lado, a alternativa A domina a C nos critérios referentes à

apresentação de plano de implantação e de análise de risco. Porém, como

as duas soluções foram consideradas em um mesmo estágio de

maturidade, este domínio não representou capacidade de troca para

reverter a decisão de eliminar a alternativa A.

A tabela 12 apresenta a análise descrita acima e a tabela 13 mostra a

evolução da matriz de decisão.

Figura 7 – Análise da Dominânica da Alternativa A pela C

A B CDemanda por investimento US$ 100 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,10 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 5,00 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) M B M

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) A M A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) A M A

Viabilidade técnica da solução Conceito (A/M/B) M A M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A A M

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 5 1,5 2

Indiferente

A domina C

Critério Unidade ALTERNATIVAS

A é dominada pela C

Fonte: O autor (2013).

57

Tabela 12 – Matriz de Decisão IV

B CDemanda por investimento US$ 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) B M

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) M A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) M A

Viabilidade técnica da solução Conceito (A/M/B) A M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A M

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

Após a eliminação da alternativa A, o critério Demanda por investimento foi

excluído, pois se tornou irrelevante para a decisão, uma vez que nenhuma das duas

alternativas necessitará de investimentos, pois são contratos de prestação de

serviço.

A análise seguinte concentrou-se nos critérios técnicos das alternativas.

Considerou-se que uma redução no conceito do critério Viabilidade técnica da

solução para a alternativa B, que foi considerada pelos especialistas como alta,

para média, seria compensada pelo aumento do conceito dos critérios Tolerância

quanto à qualidade da água recebida e Facilidade no tratamento e destinação

de efluentes . Estas trocas possibilitaram a eliminação destes três critérios, que

passaram a ter a mesma avaliação para as duas alternativas, como mostra a tabela

14, com células alteradas apresentadas na cor azul.

58

Figura 8 – Simplificação da Matriz de Decisão IV

B CDemanda por investimento US$ 0 0Custo unitário do tratamento US$/m3 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) B M

Tolerância quanto à qualidade da água recebida Conceito (A/M/B) A A

Facilidade no tratamento e destinação de efluentesConceito (A/M/B) A A

Viabilidade técnica da solução Conceito (A/M/B) M M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A M

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

As simplificações mostradas na figura 14 resultaram na construção da Matriz

de Decisão V, que é apresentada na figura 15. A cor verde das células indica as

dominâncias entre as alternativas.

Tabela 13 – Matriz de Decisão V

B CCusto unitário do tratamento US$/m3 1,8 1,00Logística da solução: complexidade e planejamento US$/m3 6,50 0,00Perspectiva de obtenção das licenças ambientais, de vido à sensibilidade da área de influência da solução

Conceito (A/M/B) B M

Plano de implantação da solução - cronograma de tar efas e recursos nivelados

S/N S N

Análise de Riscos e Plano de Ação elaborados Conceito (A/M/B) A M

Data provável para implantação da solução (1 a água) adimensional 1,5 2

Critério Unidade ALTERNATIVAS

Fonte: O autor (2013).

Os tomadores de decisão avaliaram que a diferença verificada nos critérios

econômicos, que apontam um custo 8,3 vezes superior para a alternativa B, não

poderia ser compensado por nenhuma troca nos demais critérios. Considerou-se,

portanto, que os critérios referentes ao licenciamento ambiental, análises de riscos,

planejamento e a possibilidade de ter o benefício mais cedo não teriam potencial de

trocas capaz de alterar a dominância verificada nos critérios econômicos. Dessa

forma, os tomadores de decisão concluíram que a alternativa C apresentou-se como

a melhor opção para uma infraestrutura contingencial para tratar e descartar água

dos sistemas de produção.

59

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

O estudo de caso apresentado neste trabalho abordou uma decisão

estratégica. A presença de grandes incertezas e de complexidades para a solução

demandou a pesquisa de um método de apoio à decisão que possibilitasse a

construção de uma decisão coletiva por parte de um grupo formado por sete

tomadores de decisão.

Na revisão da literatura, foi possível perceber o crescimento da preocupação

com a estruturação do problema e com o processo em que se toma a decisão.

Aparentemente, o foco migrou das pesquisas de metodologias para o conhecimento

do processo decisório. Nas últimas décadas, o desenvolvimento dos métodos

experimentou um grande crescimento devido aos avanços tecnológicos da

informática. Mais recentemente, ganharam força as pesquisas para ampliar o

entendimento de como estruturar o problema e como construir o caminho que indica

a melhor solução. A necessidade das empresas de comunicar a forma como decide

incentivou o desenvolvimento de metodologias que pudessem demonstrar o racional

de um processo decisório onde a intuição e a percepção dos tomadores de decisão

possuem um papel fundamental.

A percepção da importância da construção coletiva das decisões estimulou o

campo de pesquisas científicas dos processos sociais em que estão inseridas as

escolhas empresariais dos dias de hoje. Com a complexidade e o grande número de

partes interessadas, as empresas entenderam que precisam orientar suas decisões

a partir de um conjunto de aspectos relevantes, que não mais podem ser dominados

por um único indivíduo. Fato que exige que as alternativas de solução sejam

apreciadas por um grupo de tomadores de decisão, que devem representar as

diversas visões necessárias para a identificação da melhor escolha.

Neste trabalho, o método de apoio à decisão escolhido para vencer as

complexidades e incertezas foi o PrOACT. Sua aplicação foi capaz de fornecer a

robustez necessária à decisão estratégica, que demandava vultosos recursos

financeiros com impactos de longo prazo. Foi possível estruturar claramente o

problema, concentrar-se na elaboração de um objetivo a ser alcançado e definir as

alternativas a serem estudadas. Conhecidas as opções de solução do problema, foi

possível identificar as consequências que teriam para cada um dos fatores de

60

decisão ou critérios. O método das Trocas Justas proporcionou a análise conjunta

das alternativas e critérios de decisão, ajudando a reduzir o problema a partir do

entendimento dos tomadores de decisão e aplicação da sua percepção de valor.

A utilização da pesquisa Delphi para a identificação dos fatores relacionados

aos aspectos relevantes determinados pelos tomadores de decisão envolveu um

grupo de vinte e dois especialistas. Esta iniciativa contribuiu para a construção da

racionalidade da decisão, pois identificou os critérios a serem avaliados. Apesar da

pertinência de todos os fatores que foram consolidados na pesquisa, os tomadores

de decisão foram solicitados a avaliá-los quanto à sua importância para a escolha

em questão e o contexto em que estava inserida. Dessa forma, com a contribuição

direta e ativa de especialistas e tomadores de decisão, foi construída coletivamente

a matriz de decisão, que estruturou as alternativas e consequências para os critérios

considerados importantes para a solução do problema.

Com a matriz de decisão construída foi possível aplicar com sucesso o

método das Trocas Justas. No workshop gerencial houve intensa troca de

percepções entre os tomadores de decisão. As rodadas de simplificação da matriz

ocorreram de forma tranquila e objetiva. Houve um pequeno desconforto no início da

reunião, pois os tomadores de decisão estavam acostumados a analisar uma

seleção de projetos de natureza similares e por indicadores econômicos, associados

a análises de sensibilidade em relação a variação de parâmetros econômicos e

físicos. Neste caso, a complexidade, decorrente da diferença de natureza entre as

alternativas, e as incertezas envolvidas demandaram dos tomadores de decisão um

trabalho extra, pois as análises de valor entre alternativas e critérios deveriam ser

feita, em grande parte, por eles mesmos. Isto proporcionou um espaço adicional

para a aplicação da percepção e intuição gerencial, algo que alguns declararam

sentir a falta nos processos decisórios rotineiros de escolha de projetos que, por

vezes, já trazem ao corpo gerencial a solução do problema pronta.

É importante ressaltar que o workshop que reuniu os tomadores de decisão

foi a única oportunidade em que este grupo empregou seu tempo em uma reunião

sobre o assunto. Eles participaram de toda a construção, desde a definição dos

aspectos relevantes. Após o trabalho dos especialistas na indicação dos fatores

pertinentes, este mesmo grupo avaliou a importância dos fatores, o que definiu a

seleção para a matriz de decisão. No entanto, o último passo do processo decisório

foi o único momento em que estiveram juntos em uma sala de reunião. Da mesma

61

forma, os especialistas fizeram poucas reuniões e nenhuma com todos os

integrantes simultaneamente. A pesquisa Delphi proporcionou a interação do grupo,

sem a necessidade de competir com as agendas sempre bastante ocupadas deste

público.

Em função do exposto, conclui-se que o método PrOACT pôde ser aplicado

para a decisão multicritério entre alternativas de apoio à produção de petróleo

offshore, tendo estruturado adequadamente o problema e conduzido a uma escolha,

que envolveu uma construção racional do processo decisório e a aplicação da

intuição e percepção dos tomadores de decisão.

A aplicação desta metodologia é altamente recomendável nas situações em

que a complexidade e as incertezas impossibilitam uma definição direta de utilidade

entre os critérios e alternativas, demandando que uma análise de valor por parte dos

tomadores de decisão tenha um papel importante e preponderante, definindo as

dominâncias a partir da sua intuição e percepção. Adicionalmente, a forma coletiva

como o processo ocorre proporciona uma construção social da decisão, que pode

ser muito importante para as organizações demonstrarem, ainda que apenas para

seu público interno, que todos os atributos são considerados de forma justa na

escolha da melhor alternativa.

Por outro lado, este trabalho limitou-se a analisar as alternativas da maneira

como foram apresentadas, respeitando seus diferentes estágios de maturidade. Pelo

tempo escasso para a escolha, não foi possível buscar um nivelamento entre elas. O

método também demanda um grande esforço por parte dos facilitadores. Porém,

apresenta pouca necessidade de reuniões para os especialistas e os tomadores de

decisão envolvidos no processo, apesar de sua intensa participação.

Para pesquisas futuras, que possam complementar e reforçar as conclusões

sobre os métodos utilizados neste trabalho recomenda-se:

• A aplicação de um modelo matemático para este mesmo problema e a

comparação dos resultados alcançados, inclusive com relação à

percepção dos participantes do processo no que diz respeito ao processo

decisório e à construção social da decisão.

• O aprofundamento dos estudos sobre a aplicação das técnicas de Decisão

e Negociação em Grupo (GDN) associada ao método Even Swaps. O

método exige, intrinsecamente, uma grande interação entre os tomadores

62

de decisão, que poderiam usufruir do desenvolvimento de técnicas de

decisão e negociação para suportar o exercício das Trocas Justas;

• A aplicação do mesmo exercício no futuro para análise do dinamismo da

estrutura de decisão. A análise das possíveis alterações nos critérios

escolhidos para a decisão e nas trocas realizadas neste trabalho poderia

trazer um conhecimento valioso sobre a dinâmica das decisões dentro das

organizações e os fatores a ela associados.

63

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