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Avaliação Ambiental Estratégica

Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore no Litoral Paulista

AAE – FRENTE

Volume II

São Paulo,

Índice

2. Frente II: Cena Atual e Fatores Críticos na Ambiência do Litoral Paulista

2.1. Quadro Referencial

Avaliação Ambiental Estratégica Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

ARCADIS Tetraplan

Avaliação Ambiental Estratégica – AAE

Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore no Litoral Paulista

FRENTE II

Volume II

São Paulo, 10 de setembro de 2010.

Frente II: Cena Atual e Fatores Críticos na Ambiência do Litoral Paulista ................................................................

Quadro Referencial - Introdução ................................

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 1

Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Frente II: Cena Atual e Fatores Críticos na Ambiência do .............................................. 4

...................................... 6

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

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2.1.1. Perfil da Economia Regional e Dinâmica de Crescimento 8

2.1.1.1. Quadro Referencial: O Produto e o Valor Adicionado .. 9

2.1.1.2. Quadro Referencial: O Emprego ............................... 16

2.1.1.3. Consumo de energia elétrica no Litoral Paulista ........ 30

2.1.1.4. Quadro Referencial: População ................................. 34

2.1.1.5. Quadro Referencial: Finanças Públicas Municipais .. 39

2.1.1.6. Quadro Referencial - Rede Urbana .......................... 41

2.1.1.7. Quadro Referencial - Síntese ................................... 45

2.1.2. Uso e Ocupação do Solo................................................ 50

2.1.2.1. Aspectos Conservacionistas ...................................... 50

2.1.2.2. Situação atual do uso e da ocupação do solo ........... 58

2.1.2.3. Ocupação do solo no planejamento local e regional - tendências e proposições ........................................................... 61

2.2. Fatores Críticos Referenciais ......................................... 70

2.2.1. Crescimento e Urbanização Desordenadas ................... 71

2.2.2. Pressão sobre Recursos Ambientais .............................. 79

2.2.2.1. Qualidade do ar ......................................................... 79

2.2.2.2. Pressões sobre Ecossistemas Terrestres .................. 85

2.2.2.3. Recursos Hídricos e Saneamento ............................. 91

2.2.2.4. Pressões sobre Ecossistemas Marinhos ................. 123

2.2.3. Demandas Ícones – Déficits Sociais Acumuladas ........ 131

2.2.3.1. Habitação ................................................................ 131

2.2.3.2. Saúde ...................................................................... 144

2.2.3.3. Educação ................................................................ 154

2.2.4. Gargalos e Missing Links da Infraestrutura Econômica 162

2.2.4.1. Transporte ............................................................... 162

2.2.4.2. Energia .................................................................... 171

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2.2.5. Conflitos com Economia Local – Turismo e Pesca ....... 176

2.2.5.1. Turismo ................................................................... 176

2.2.5.2. Pesca ...................................................................... 187

2.3. Áreas Potenciais .......................................................... 201

2.3.1. Estrutura e Informações da Matriz de Áreas Potenciais 201

2.3.1.1. Grau de Sensibilidade das Áreas ............................ 206

2.3.1.2. Grau de Potencialidade das Áreas .......................... 208

2.3.1.3. Avaliação das Áreas Potenciais .............................. 215

Lista de Anexos Anexo 2.I. Quadro Referencial

Anexo 2.II. Educação

Anexo 2.III. Habitação

Anexo 2.IV. Saúde

Anexo 2.V. Compatibilização de Legenda – Plano Diretor Municipal

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2. Frente II: Cena Atual e Fatores Críticos na Ambiência do Litoral Paulista

A abordagem do Quadro Referencial (item 2.1) compreende a análise do contexto atual e da dinâmica socioambiental do Litoral Paulista voltada à caracterização dos municípios litorâneos de forma a subsidiar a análise dos fatores críticos (item 2.2). As áreas potenciais sujeitas à instalação de empreendimento que compõem o Objeto AAE (Frente I), assim como outros empreendimentos futuros, são avaliadas em termos de suas potencialidades e fragilidades (item 2.3).

Com isso, consolida-se a base para a análise dos Cenários e Repercussões (Frente III) e Subsídios à Decisões e Movimentos Estratégicos rumo à consolidação do Objeto AAE.

Segundo Partidário (2007) 1, os fatores críticos à decisão resultam de uma análise integrada das questões estratégicas para o desenvolvimento regional, do quadro referencial estratégico e dos fatores ambientais. Esses são os temas fundamentais sobre os quais a AAE deve se debruçar, pois identificam os componentes que deverão ser considerados pelos tomadores de decisão na concepção de sua estratégia e das ações necessárias ao atendimento dos objetivos ambientais e de sustentabilidade, dando resposta às exigências legais.

Esses fatores críticos emergem do Quadro Referencial à medida que correspondem a pontos críticos à sustentabilidade (social, econômica ou ambiental). A análise desses fatores foi focada em processos estratégicos (internos aos fatores) que podem levar à direção contrária à sustentabilidade, selecionando-se indicadores que permitirão acompanhar a evolução desses processos ao longo do tempo.

Incluem-se também alguns elementos presentes a serem considerados no planejamento futuro, ou questões referenciais estratégicas, como os componentes relacionados à conservação da biodiversidade (Unidades de Conservação e Áreas Prioritárias à Conservação), políticas públicas e legislação que rege o uso e ocupação do território no âmbito municipal (Planos Diretores Municipais – PDMs) e no âmbito estadual (Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE). Esses elementos são necessários à análise das repercussões futuras, pois balizarão as ações estratégicas decorrentes do Objeto AAE além de constituírem referenciais que condicionam as repercussões.

Vale mencionar que esses fatores foram identificados com base na compreensão dos principais componentes ou fatores ambientais sujeitos às repercussões do Objeto AAE, tendo sido confirmados por meio de processo participativo. Essa discussão

1 Partidario, 2007. AAE de Base estratégica. Manual da Agencia Portuguesa de Ambiente.

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ocorreu com os principais representantes da governança local (prefeituras e organizações ambientalistas, principalmente), participantes das Oficinas realizadas em novembro de 2009 em Santos e em São Sebastião e de reuniões técnicas realizadas em fevereiro e março de 2010. Os resultados das oficinas e reuniões técnicas estão consolidados na base de dados do processo da AAE.

Subáreas do Litoral Paulista

Considerando-se os temas em análise no Quadro Referencial e nos Fatores Críticos, assim como a distribuição espacial do Objeto AAE, foram delimitadas subáreas que agregam conjuntos de municípios e caracterizam-se pela similaridade em termos dos processos em curso – dinâmica econômica e do uso e ocupação do solo – e pelos limites institucionais – municípios, Região Metropolitana, Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos (UGRHI). No quadro a seguir, apresentam-se as correspondências entre os diversos recortes adotados para as análises que se seguem no Quadro Referencial e nos Fatores Críticos.

Tabela 2.1-1 – Recortes espaciais adotados nas análises

Objeto AAE

SUBÁREAS - Quadro Referencial e Fatores Críticos

Municípios

Fatores Críticos: qualidade do ar,

recursos hídricos, saneamento e ecossistemas

marinhos

Ecossistemas terrestres, educação,

saúde, habitação, pesca e turismo

Uso do Solo

Litoral Norte Litoral Norte

Litoral Norte III Ubatuba

UGRHI 03 - Litoral Norte

Litoral Norte II Caraguatatuba

São Sebastião

Litoral Norte I Ilhabela

Baixada Santista Central

Baixada Santista Central

Bertioga

UGRHI 07 - Baixada Santista

Baixada Santista A

Guarujá

Santos

Cubatão

São Vicente

Baixada Santista Sul Baixada Santista Sul Baixada

Santista B

Praia Grande

Mongaguá

Itanhaém

Peruíbe

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Objeto AAE

SUBÁREAS - Quadro Referencial e Fatores Críticos

Municípios

Fatores Críticos: qualidade do ar,

recursos hídricos, saneamento e ecossistemas

marinhos

Ecossistemas terrestres, educação,

saúde, habitação, pesca e turismo

Uso do Solo

-

Litoral Sul Litoral Sul

Iguape

UGRHI 11 - Ribeira de Iguape

- Ilha Comprida

- Cananéia

Elaboração: ARCADIS Tetraplan.

2.1. Quadro Referencial - Introdução A construção deste quadro referencial da socioeconomia se baseia na percepção de que já se iniciou um novo ciclo produtivo no Litoral Paulista. Essa constatação surge da apreciação e avaliação das variáveis socioeconômicas básicas, PIB, emprego e população.

Para melhor embasar a questão dos ciclos produtivos foi feita uma sumária recuperação histórica dos ciclos produtivos da economia brasileira e seus rebatimentos no Litoral Paulista, que está no Anexo 2.I a este item do Quadro Referencial.

É uma história rica de acontecimentos nos séculos XVI, XVII, XVIII, culminando com a economia cafeeira paulista no século XIX, com o país já independente de Portugal, quando o porto de Santos se tornou o maior porto exportador de café do mundo.

Com a crise da bolsa de valores de Nova York em 1929 e o período recessivo mundial que se seguiu nos anos trinta e as mudanças políticas havidas com a chegada de Getulio Vargas ao poder central, encerrou-se esse ciclo produtivo que o país desenvolveu baseado na economia cafeeira e seu respectivo universo político dominante, baseado principalmente nos poderes políticos das elites paulistas e mineiras.

Entretanto, o Estado de São Paulo, com epicentro em sua capital, reunia as condições de engendrar um movimento de industrialização para atender as demandas internas de bens não duráveis e duráveis em função principalmente da disponibilidade de capital provindo da acumulação da economia cafeeira, a presença de mão de obra qualificada dos imigrantes e um setor bancário atuante.

As circunstâncias históricas também devem mencionadas, destacando-se a eclosão da segunda guerra mundial na sequência, que impediu a movimentação de cargas, as importações e exportações, estimulando ainda mais as produções locais; condicionante que já havia ocorrido durante a primeira guerra mundial e que já tinha estimulado o surgimento de alguns setores industriais em São Paulo.

Esse processo de industrialização ficou conhecido na literatura econômica como de “substituição de importações” e teve fortes desdobramentos na região litorânea do

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estado, seja no incremento das atividades portuárias do Porto de Santos e mais tarde a construção do Porto de São Sebastião e das necessidades logísticas associadas (novas estradas, ferrovias etc.), seja pelo fato da atração turística exercida pela região que motivou a construção em larga escala de casas de veraneio ou segunda residência por parte das classes médias formadas nesse processo de industrialização.

Esses movimentos repercutiram de forma intensa e diferenciada nas condições socioeconômicas desses municípios litorâneos e em Cubatão, que recebeu vários projetos industriais importantes na constituição de um parque industrial (siderurgia, refinaria de petróleo, indústria petroquímica etc.) e na ocupação antrópica de seus territórios.

Cabe, portanto, discutir neste quadro referencial a continuidade deste processo histórico e seus desdobramentos quantitativos no que se refere aos movimentos dessas variáveis socioeconômicas básicas, o que é feito por meio da construção de um cenário.

Retomando-se: se aceita, portanto, que a história recente e o cenário do futuro próximo em que será implantado um conjunto de novos projetos (Objeto AAE – Frente I) determina a inserção da região de estudo, o Litoral Paulista, em um novo ciclo produtivo.

E a verificação do comportamento das variáveis econômicas básicas (PIB/Valor adicionado, porte e crescimento), demográficas (população, porte e crescimento) e também dos dados de emprego da RAIS do Ministério do Trabalho já sinalizam esse movimento.

Do que se conclui que a implantação do Objeto AAE a partir da segunda década do século XXI é uma intensificação de um processo já iniciado, principalmente no tocante ao Petróleo e Gás, dado as atividades já existentes na região.

Entretanto, a escala potencial dessa intensificação e outros desdobramentos produtivos decorrentes podem atingir magnitudes no campo da geração de PIB e Renda, emprego, impostos (não só dos royalties) que certamente podem implicar numa mudança de patamar na evolução dessas variáveis ou uma ruptura de suas trajetórias anteriores, objeto de tratamento da Frente III - Cenários e Repercussões.

Entende-se que as decisões de investimentos privados e públicos que foram tomadas e serão nos setores de petróleo&gás e a expansão e modernização das atividades portuárias (Santos e São Sebastião) compõem o eixo central deste novo ciclo.

As atividades de petróleo&gás no litoral paulista decorrem da localização geográfica das jazidas da bacia de Santos e as do Pré-sal e, portanto, fica evidenciado que sua exploração por parte da Petrobras (principalmente) e outras empresas implicará a implantação em terra de um conjunto de atividades típicas desta indústria. Desse modo, constata-se que este ciclo é composto também por atividades produtivas localizadas na própria região.

Em relação à expansão e modernização dos portos da região, pode-se dizer que suas determinações provêm da estrutura da economia brasileira e de seu modelo de desenvolvimento (primário exportador baseado em grãos, carnes e minérios com um

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setor industrial e de serviços moderno e internacionalizado) que necessitam de modo crescente da importação de bens de capital complexos, de bens de consumo sofisticados, de insumos e matérias primas diversas; e do lado das exportações, dos produtos primários citados e de vários segmentos industriais (automóveis, linha branca etc.) competitivos, mesmo considerando as plataformas industriais asiáticas (China, Índia, Coréia do Sul e Japão, principalmente).

Portanto, à medida que a economia brasileira cresce e se desenvolve, há uma pressão proporcional para que ocorra um aumento das atividades portuárias, mesmo considerando o seu baixo grau de abertura ao setor externo, que, entretanto, deve se elevar no futuro, considerando a inserção crescente e diversificada do Brasil na economia mundial.

Feitas essas considerações de natureza introdutória, que antecipam também as principais conclusões, a seguir apresenta-se esse quadro referencial do movimento dessas variáveis socioeconômicas.

2.1.1. Perfil da Economia Regional e Dinâmica de Crescimento Conforme visto acima, o Litoral Paulista é formado pelos 15 municípios litorâneos e o município de Cubatão. Seus territórios se estendem ao longo da planície litorânea, limitada pelas escarpas da Serra do Mar coberta pela mata atlântica de um lado e pelo oceano de outro, e no sentido norte-sul são: Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Cananéia e Ilha Comprida.

Nos subitens a seguir são tratados: o comportamento recente da atividade econômica por meio da análise do produto (PIB) e do valor adicionado e do nível de emprego; e se analisa a evolução populacional.

Em adição, são importantes também para compor este quadro referencial, uma avaliação das finanças públicas municipais e do consumo de energia elétrica, ressaltando-se que ambos os fenômenos se associam à dinâmica socioeconômica retratada pelas três principais variáveis acima, as quais também, evidentemente, interagem, de modo que se busca justamente identificar tais relações. Para esse objetivo de se obter uma visão integrada de tais comportamentos, no item final reúnem-se num quadro tais variáveis, as avaliações feitas e as conclusões.

Para esse trabalho são utilizados gráficos e tabelas com as estatísticas mais recentes e também são utilizados mapas com indicadores de perfis municipais que permitem contextualizar os municípios do Litoral Paulista no Estado de São Paulo. Tais mapas estão em anexo no Caderno de Mapas, páginas 01, 02, 03, 04, 05 e 06 e subsidiam a análise dos itens seguintes: PIBs Municipais, PIBs per capita, População 2007, Taxa de crescimento demográfico, Taxa de contribuição demográfica e Receita tributária per capita.

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2.1.1.1. Quadro Referencial: O Produto e o Valor Adicionado

A análise inicia-se pelo Produto Interno Bruto, principal indicador econômico, que é uma medida agregada de toda a produção final2 a preços de mercado, de uma determinada região (no caso os municípios, as subáreas de estudo e o Estado de São Paulo), durante determinado período (no caso, anual).3

Taxas crescentes do PIB no decorrer dos anos significam prosperidade e otimismo dado a intensificação do ritmo de negócios, novos projetos produtivos são implementados, aumenta o número de postos de trabalho e incrementa a renda das famílias e da arrecadação pública de tributos etc. É, portanto, o principal indicador da cena econômica e das perspectivas que se apresentam para o conjunto dos agentes econômicos.

A duração desses períodos, entretanto, é determinada pelo tempo em que os fundamentos das condições para o crescimento econômico se mantêm, ou seja, adentra-se à análise dos ciclos produtivos, sua espacialidade regional e funções, a existência dos mercados, concorrentes4, o grau de competitividade etc.

Posto isto, cabe adentrar à analise dos números para o Litoral Paulista.

Anualmente o IBGE divulga dados do PIB para os municípios brasileiros. A informação mais atualizada é de 2007. Na tabela a seguir, tais dados são analisados, inclusive comparativamente ao Estado de São Paulo. Utilizam-se as séries deflacionadas pelo deflator implícito do PIB nacional, isto é, todas em Reais de 2009.

2 Bens e serviços finais se destinam quer ao consumo pessoal (não-duráveis, semiduráveis e duráveis) ou produtivo

(maquinas, equipamentos, utensílios etc.), ou seja, não sofrem transformações posteriores. Sendo que o Valor

Adicionado ao valor dos impostos resulta no Produto Interno Bruto.

3 A mudança de base divulgada em março de 2007, adotando o ano de 2002 como referência, alterou o peso das

atividades econômicas no cálculo do Produto Interno Bruto. A essas mudanças foram integradas ainda uma nova

classificação de bens e serviços e novas fontes de dados. Tal assunção se traduz na retro incompatibilidade com os

resultados do PIB de anos anteriores a 2002. Assim, os estudos realizados no escopo desse trabalho respeitaram tal

limitação metodológica a fim de se evitar conclusões incorretas.

4 Por exemplo, o ciclo da borracha na Amazônia, responsável pela geração de grande riqueza regional no início do

século XX se encerrou com a entrada de novos produtores asiáticos, que passaram a conquistar fatias crescentes

desse mercado, o que provocou o declínio desse ciclo na região.

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Tabela 2.1-1 - Produto Interno Bruto, Participação em Relação ao Litoral e ao Estado e Taxa Média de Crescimento do Produto Interno Bruto – Em R$ 1.000.000 - Preços Constantes de 2009. Corrigidos pelo Deflator Implícito do PIB Nacional

Área Município 2003

Part. no Litoral

Paulista (2003) %

Part. no Estado

(2003) % 2004 2005 2006 2007 Taxa Média %

Part. no Litoral Paulista (2007)

%

Part. No Estado

(2007) %

Lito

ral N

orte

Ubatuba 695,69 1,97 0,08 697,63 731,49 768,42 798,91 3,52 1,67 0,08%

São Sebastião 3.678,37 10,40 0,43 4.049,32 4.818,51 4.948,80 4.938,52 7,64 10,34 0,48

Caraguatatuba 844,86 2,39 0,10 831,33 872,76 911,47 967,06 3,43 2,02 0,09

Ilhabela 231,99 0,66 0,03 230,63 250,90 264,71 274,41 4,29 0,57 0,03

Total do Litoral Norte 5.450,91 15,41 0,64 5.808,91 6.673,66 6.893,39 6.978,90 6,37 14,61 0,67

Bai

xada

San

tista

Cen

tral

Bertioga 446,18 1,26 0,05 457,46 496,10 527,87 547,40 5,24 1,15 0,05

Guarujá 3.225,99 9,12 0,38 2.850,79 3.211,92 3.250,59 3.333,47 0,82 6,98 0,32

Santos 13.432,53 37,98 1,58 13.866,20 18.682,01 19.231,63 22.632,20 13,93 47,38 2,18

Cubatão 6.643,39 18,78 0,78 6.941,49 6.773,82 6.644,47 7.178,80 1,96 15,03 0,69

São Vicente 2.206,61 6,24 0,26 2.126,23 2.274,60 2.370,64 2.505,05 3,22 5,24 0,24

Total da Baixada Santista Central 25.954,70 73,39 3,06 26.242,17 31.438,45 32.025,20 36.196,93 8,67 75,78 3,49

Bai

xada

San

tista

Sul

Praia Grande 2.058,79 5,82 0,24 2.069,49 2.221,55 2.326,01 2.466,37 4,62 5,16 0,24

Mongaguá 336,28 0,95 0,04 330,29 355,22 369,53 392,08 3,91 0,82 0,04

Itanhém 685,55 1,94 0,08 670,93 712,01 716,83 732,14 1,66 1,53 0,07

Peruíbe 499,95 1,41 0,06 489,61 521,43 534,15 563,12 3,02 1,18 0,05

Total da Baixada Santista Sul 3.580,58 10,12 0,42 3.560,33 3.810,21 3.946,52 4.153,71 3,78 8,70 0,40

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 11

Fonte: IPEA, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Área Município 2003

Part. no Litoral

Paulista (2003) %

Part. no Estado

(2003) % 2004 2005 2006 2007 Taxa Média %

Part. no Litoral Paulista (2007)

%

Part. No Estado

(2007) %

Lito

ral S

ul Iguape 218,63 0,62 0,03 218,32 237,20 247,90 244,42 2,83 0,51 0,02

Ilha Comprida 78,13 0,22 0,01 77,83 87,05 91,82 93,52 4,60 0,20 0,01

Cananéia 84,48 0,24 0,01 85,94 91,02 96,29 98,46 3,90 0,21 0,01

Total do Litoral Sul 381,24 1,08 0,04 382,09 415,27 436,00 436,41 3,44 0,91 0,04

Total do Litoral 35.367,43 100,00 4,16 35.993,50 42.337,59 43.301,12 47.765,94 7,80 100,00 4,61

Estado de São Paulo 849.408 - 100,00 872.504 919.430 956.322 1.036.900 5,11 - 100,00

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 12

A riqueza gerada no litoral paulista alcançou o valor de quase 48 bilhões de Reais em 2007. Desse total, apenas três municípios - Santos, São Sebastião e Cubatão - respondem pela fatia de 72,25%.

Os 27,25% do PIB restantes estão divididos entre os outros 13 municípios que compõem o Litoral Paulista.

Em decorrência, heterogênea também é a participações das subáreas no PIB do Litoral Paulista. A Baixada Santista Central possui um PIB de 36 bilhões, o que representa mais de 75% do PIB da região de estudo.

O Litoral Norte responde por menos de 15%, enquanto que a Baixada Santista Sul fica com menos de 9%. E por fim, em um patamar muito menor, o Litoral Sul, que responde com menos de 1% na geração da riqueza no litoral.

Daí a heterogeneidade assinalada acima entre as subáreas e o porquê de suas conformações, sendo que o mesmo se repete para as demais variáveis socioeconômicas, população, emprego, consumo de energia elétrica etc.

Para a finalidade de se visualizar a região de estudo, o Litoral Paulista no contexto do Estado de São Paulo foi feita uma análise de agrupamento (Cluster Analysis) dos PIBs dos municípios paulistas em dez categorias de porte. Tais resultados estão apresentados no Caderno de Mapas em Anexo, conforme já apontado.

Para o período entre 2003 e 2007, o crescimento médio anual do PIB do Litoral Paulista foi positivo e intenso, 7,8% ao ano. Este número é superior ao do Estado de São Paulo como um todo, que cresceu consideráveis 5,11% ao ano. Tal fato revela que o litoral vem ganhando importância na geração de riqueza no contexto estadual. Se em 2003 a economia do litoral era responsável por 4,16% da riqueza do estado, já em 2007 detinha 4,61%.

Analisando as subáreas do Litoral Paulista e confrontando-as com o crescimento médio do estado, pode-se classificar em dois grandes grupos:

• Regiões que cresceram mais que o estado. A saber: Litoral Norte e Baixada Santista Central.

• Regiões que cresceram menos que a média estadual. Composto pela Baixada Santista Sul e pelo Litoral Sul.

Considerando-se que já se conhece as dimensões quantitativas das quatro subáreas e municípios por meio da sua participação no Litoral Paulista e/ou Estado de São Paulo, cabe detalhar a análise por meio da construção de números índices para o PIB e para o Valor Adicionado dos setores da produção (industrial, agropecuário e serviços).

Verifica-se inicialmente que nas subáreas onde o crescimento foi superior ao do Estado, somente dois municípios na Baixada Santista Central e um município do Litoral Norte superaram a média de crescimento de 5,11% ao ano estadual. Trata-se de Santos e Bertioga na Baixada Santista Central e de São Sebastião situado no Litoral Norte.

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 13

No entanto, as maiores taxas de crescimento pertencem a Santos e São Sebastião. Ambos os municípios possuem porto e integram a indústria petroquímica. Todos os demais municípios obtiveram taxas de crescimento inferior à media estadual.

Gráfico 2-1 - Produto Interno Bruto

Fonte: IPEA, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Assim, a análise do Valor Adicionado Industrial das subáreas do Litoral Paulista revela que as que apresentaram crescimento do PIB acima da média paulista (Litoral Norte e Baixada Santista Central) apresentaram um maior incremento no Valor Adicionado Industrial. Enquanto que aquelas que não superam a média estadual também não obtiveram aumento em seu VA industrial.

Quando se trata da variável valor adicionado, a carga de impostos indiretos presentes nos preços dos bens e serviços não é computada, ela aparece apenas na medida do PIB a preços de mercado. Assim, nos setores em que tal carga de impostos e outras onerações é muito elevada, como no caso da produção de petróleo e gás, ocorre o fenômeno do distanciamento dos valores do VA e do PIB municipais.

Assim, no caso do Litoral Norte, uma análise pormenorizada revela um aumento substancial no saldo líquido de impostos e subsídios, tal fato decorre da carga de impostos indiretos apontada acima, que, no setor industrial é o setor responsável por tais valores no litoral norte, ou mais especificamente, no município de São Sebastião.

2003 2004 2005 2006 2007

Litoral Norte 100 107 122 126 128

Baixada Santista Central 100 101 121 123 139

Baixada Santista Sul 100 99 106 110 116

Litoral Sul 100 100 109 114 114

Estado de São Paulo 100 103 108 113 122

90

95

100

105

110

115

120

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130

135

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An

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Litoral Paulista

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Gráfico 2-2 - Número do índice VA Industrial

Fonte: IPEA, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O valor adicionado da agropecuária, apesar de ter apresentado significativo aumento no Litoral Norte e na Baixada Santista Central é pouco representativo para a economia regional. Representando 0,80% do valor adicionado total do Litoral Norte e menos de 0,20% da região da Baixada Santista Central.

Os crescimentos mais modestos (Litoral Sul e Região da Baixada Santista Sul) são onde o setor é mais representativo proporcionalmente, em especial a atividade pesqueira. Nessas regiões o setor responde por 14% e 1% respectivamente.

2003 2007

Litoral Norte 100 102

Baixada Santista Central 100 113

Baixada Santista Sul 100 99

Litoral Sul 100 100

95

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105

110

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120

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= 1

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Litoral Paulista

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Gráfico 2-3 - Número Índice do VA da Agropecuária

Fonte: IPEA, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O setor de serviços se desenvolveu em todas as regiões com exceção do Litoral Norte que manteve uma estabilidade. Sendo que analogamente, a atividade portuária é enquadrada no setor de serviços, o que pode explicar o comportamento da Baixada Santista Central.

Gráfico 2-4 - Número Índice do VA de Serviços

Fonte: IPEA, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

2003 2007

Litoral Norte 100 123

Baixada Santista Central 100 122

Baixada Santista Sul 100 108

Litoral Sul 100 107

95

100

105

110

115

120

125

1302

00

3 =

10

0

2003 2007

Litoral Norte 100 100

Baixada Santista Central 100 119

Baixada Santista Sul 100 118

Litoral Sul 100 118

95

100

105

110

115

120

125

130

20

03

= 1

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Litoral Paulista

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Avalia-se que tais comportamentos espaciais do PIB corroboram a percepção de que nesta primeira década do século XXI, já se tem início do processo associado à emergência de um novo ciclo na região, com epicentro no município de Santos no que se refere à baixada santista e em São Sebastião e Caraguatatuba, no que se refere ao litoral norte.

Uma das formas de fazer esta verificação é também por meio da elaboração dos quocientes locacionais que identificam a intensidade das atividades econômicas de uma região em relação ao estado como um todo.

Entretanto, deve-se ressaltar que a baixada santista “funciona” como uma região metropolitana, sendo o município de Santos o seu pólo regional, e, portanto, ocorre divisão de funções entre os municípios, seja no campo produtivo, no de consumo, no de habitação (formação de municípios dormitórios) etc., sendo que a compreensão funções e fluxos de pessoas e mercadorias é complexa conforme atesta o item relativo à rede urbana (2.1.1.6).

Nessa mesma direção, nos subitens seguintes, o estudo do emprego (quando são calculados os quocientes locacionais), da demografia, do consumo de energia elétrica e das finanças públicas municipais também contribuem para a aferição desses fenômenos.

2.1.1.2. Quadro Referencial: O Emprego

Para verificar o comportamento do emprego, recorreu-se à Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, que tem em sua estatística somente o emprego formal. A parcela informal é de difícil mensuração levando-se em conta as diferenças do emprego informal entre os setores de atividade e também regionais. Para as grandes cidades brasileiras, atualmente, essa taxa é da ordem de 50% formal e 50% informal, de acordo com pesquisa recente do IBGE (PNAD).

No entanto, existem grande variações setoriais, na agropecuária, por exemplo, a parcela da informalidade é muito maior do que na indústria. De todo modo, as conclusões sobre a variação do emprego formal seriam válidas para o emprego como um todo.

Analogamente à análise do PIB, cabe inicialmente verificar os dados absolutos e as participações dos municípios no Litoral Paulista e no Estado de São Paulo por meio da tabela a seguir.

Como esperado, os percentuais de participação das subáreas são semelhantes aos do PIB, apenas para a subárea da Baixada Santista Sul há uma diferença mais significativa, na medida em que sua participação é de 8,7% (em 2007) enquanto o emprego formal registrou 14,51% (em 2008), indicando, pois que o emprego desta

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subárea, embora formal, se associa a produções de menor geração de valor adicionado ou são menos capital intensivas, conforme discutido a seguir5.

5 A hipótese de que são trabalhadores que teriam residência nos municípios da Baixada Sul,

principalmente Praia Grande, e que se deslocariam para trabalhar na Baixada Central não se aplica, pois

a informação da RAIS é relativa ao local onde se localiza a empresa contratante.

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Litoral Paulista

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Tabela. 2.1-2 – Vínculos Empregatícios Formais por Município e Subáreas

Área Município 2000

Part. no Litoral

Paulista (2000) %

Part. no Estado

(2000) % 2002 2004

Part. no Litoral

Paulista (2004) %

Part. no Estado

(2004) % 2006 2008

Part. no Litoral

Paulista (2008) %

Participação em Relação ao Estado

(2008)

Lit

ora

l No

rte

Ubatuba 7.996 2,98 0,10 9.519 10.337 3,34 0,11 11.406 12.467 3,21 0,11%

São Sebastião 8.889 3,31 0,11 11.215 12.637 4,09 0,14 13.041 14.547 3,75 0,12%

Caraguatatuba 8.455 3,15 0,11 10.001 11.360 3,68 0,12 12.938 15.554 4,01 0,13%

Ilhabela 2.039 0,76 0,03 3.117 3.790 1,23 0,04 4.872 5.303 1,37 0,05%

Total do Litoral Norte 27.379 10,19 0,34 33.852 38.124 12,34 0,41 42.257 47.871 12,34 0,41%

Bai

xad

a S

anti

sta

Cen

tral

Bertioga 4.402 1,64 0,05 5.505 6.993 2,26 0,08 7.950 9.039 2,33 0,08%

Guarujá 29.291 10,90 0,36 31.605 33.152 10,73 0,36 37.649 43.747 11,28 0,37%

Santos 118.694 44,17 1,47 118.632 126.391 40,90 1,36 140.026 154.235 39,76 1,32%

Cubatão 27.290 10,16 0,34 28.973 31.129 10,07 0,34 35.717 39.556 10,20 0,34%

São Vicente 25.188 9,37 0,31 26.178 27.520 8,90 0,30 32.450 32.624 8,41 0,28%

Total da Baixada Santista Central 204.865 76,23 2,55 210.893 225.185 72,87 2,43 253.792 279.201 71,97 2,38%

Bai

xad

a S

anti

sta

Su

l Praia Grande 20.005 7,44 0,25 23.185 25.531 8,26 0,28 27.802 31.991 8,25 0,27%

Mongaguá 2.661 0,99 0,03 2.978 3.054 0,99 0,03 3.639 7.643 1,97 0,07%

Itanhém 6.274 2,33 0,08 7.304 7.390 2,39 0,08 8.455 9.764 2,52 0,08%

Peruíbe 4.206 1,57 0,05 3.618 5.340 1,73 0,06 5.910 6.881 1,77 0,06%

Total da Baixada Santista Sul 33.146 12,33 0,41 37.085 41.315 13,37 0,45 45.806 56.279 14,51 0,48%

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Litoral Paulista

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Área Município 2000

Part. no Litoral

Paulista (2000) %

Part. no Estado

(2000) % 2002 2004

Part. no Litoral

Paulista (2004) %

Part. no Estado

(2004) % 2006 2008

Part. no Litoral

Paulista (2008) %

Participação em Relação ao Estado

(2008)

Lit

ora

l Su

l

Iguape 1.566 0,58 0,02 1.789 1.807 0,58 0,02 2.033 2.303 0,59 0,02%

Ilha Comprida 864 0,32 0,01 803 1.504 0,49 0,02 1.487 1.040 0,27 0,01%

Cananéia 912 0,34 0,01 950 1.108 0,36 0,01 1.173 1.263 0,33 0,01%

Total do Litoral Sul 3.342 1,24 0,04 3.542 4.419 1,43 0,05 4.693 4.606 1,19 0,04%

Total do Litoral 268.732 100,00 3,34 285.372 309.043 100,00 3,33 346.548 387.957 100,00 3,31%

Estado de São Paulo 8.049.532 - 100 8.608.048 9.273.177 - 100 10.315.118 11.713.163 - 100%

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Verificada as dimensões ou proporções envolvidas entre os municípios e subáreas, no que se refere ao comportamento no tempo, ou às taxas de crescimento, a primeira constatação importante é que apesar do crescimento do nível do Produto se mostrar mais acentuado nas subáreas do Litoral Norte e da Baixada Santista Central, a dinâmica do emprego não revela o mesmo comportamento, sendo importante, portanto, compreender tais evoluções e suas interações.

Na figura a seguir em que são apresentados os números índices da variável emprego, percebe-se que a Baixada Santista Central (PIB regional que mais cresceu) apresentou o menor crescimento do emprego, o que pode ser explicado pelo fato de que a base de emprego é muito maior desta região, 225 mil trabalhadores, e também pela natureza capital intensiva das atividades localizadas na Baixada Central, ou seja, atividades industriais dos setores pesados da indústria localizadas em Cubatão, principalmente.

O Litoral Norte assume uma posição intermediária, pois apesar do seu PIB ter crescido mais que a média do Estado, seu emprego também cresceu mais, quase que proporcionalmente à média paulista. No entanto, a subárea continua com uma representatividade maior no PIB do que no Pessoal Ocupado.

Tais fatos revelam as atividades de cada subárea. Baixada Santista Central possui atividades geradoras de riqueza com característica capital-intensiva, aumentando assim seu nível de produto com uma menor demanda por postos de trabalho. Baixada Santista Sul e Litoral Sul, apesar de terem crescido menos, apresentaram uma elevação do seu nível de emprego relativo superior ao da Baixada Central, sugerindo que as atividades que foram alcançadas pelo aumento do PIB são menos capital-intensiva.

Gráfico 2-5 - Emprego Total

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 100 124 139 154 175

Baixada Santista Central 100 103 110 124 136

Baixada Santista Sul 100 112 125 138 170

Litoral Sul 100 106 132 140 138

Estado de São Paulo 100 107 115 128 146

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Objetivando aprofundar esta análise do emprego e, portanto, dessas questões envolvendo os setores de atividade e seu crescimento nas subáreas, a seguir são apresentados os gráficos do comportamento do número do pessoal ocupado no período de 2000 a 2008 dos setores da produção: Extrativa mineral, Indústria de transformação, Serviços industriais de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, administração pública e agropecuária.

É possível, portanto, visualizar o porte dos setores nas subáreas e seu crescimento.

Gráfico 2-6 - PO da Indústria Extrativa Mineral

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Apesar do caráter capital-intensivo da indústria de extração mineral (o número de novos empregos abertos corresponde a pouco mais de 1% do total criado na região da Baixada Central), o número de trabalhadores no setor cresceu substancialmente no período considerado na Baixada Central.

O Litoral Norte encontra-se em posição semelhante, apesar de um acentuado crescimento relativo, esse pouco influiu no computo geral do emprego regional.

O setor da Indústria Extrativa Mineral da Região da Baixada Santista Sul e do Litoral Sul pouco favoreceram no incremento do emprego, com contribuições de 1,24% e 1,27% respectivamente.

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 112 107 88 263 335

Baixada Santista Central 330 216 198 537 1.033

Baixada Santista Sul 92 64 58 63 62

Litoral Sul 4 4 6 7 23

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Gráfico 2-7 - PO da Indústria de Transformação

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

A indústria de transformação acaba sendo um diferencial da subárea da Baixada Santista Central, por conta principalmente do município de Cubatão. Tanto em números absolutos quanto relativos, esse setor de atividade somente é representativo na Baixada Santista Central, que no período analisado contribuiu com quase 8% do total do emprego gerado. A região do Litoral Norte apresenta um setor incipiente, que gerou no período 652 empregos representando 3,18% dos 20.492 postos de trabalho criados no período.

Gráfico 2-8 - PO dos Serviços Industriais de Utilidade Pública

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 617 634 878 1.018 1.269

Baixada Santista Central 17.423 17.850 18.192 22.191 23.310

Baixada Santista Sul 1.190 1.085 968 1.284 1.477

Litoral Sul 158 142 99 119 174

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25,0

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2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 338 454 471 718 535

Baixada Santista Central 1.243 1.430 1.126 3.431 3.757

Baixada Santista Sul 458 887 1.118 853 690

Litoral Sul 43 44 39 36 47

0,0

0,5

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Os serviços industriais de atividade pública geraram mais empregos na subárea da Baixada Santista Central. Apesar de pouco representativo no computo total do emprego regional, esse setor gerou mais de 2.500 empregos na subárea da Baixada Santista Central, valor completamente díspare do ocorrido no Litoral Sul onde foram criados 4 empregos em 8 anos.

Gráfico 2-9 - PO da Construção Civil

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

A análise do setor da construção civil revela a localidade dos investimentos. Litoral Norte e Baixada Santista Central receberam ambos aproximadamente 8,1% de contribuição no incremento do emprego. Em um patamar intermediário está a subárea da Baixada Santista Sul, com 5% de contribuição advinda desse setor. Em um patamar quase que nulo em termos absolutos está o Litoral Sul, onde foram criados somente 22 empregos nesse setor, representando menos de 1,75% da contribuição total no incremento do emprego.

A Baixada Santista Sul, apresentou seu melhor desempenho no setor da Construção Civil, único setor onde supera em números absolutos, para todos os anos da série, o Litoral Norte.

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 675 529 1.031 1.349 2.347

Baixada Santista Central 11.402 10.791 10.983 13.443 17.420

Baixada Santista Sul 2.432 2.586 2.495 2.798 3.587

Litoral Sul 12 23 32 8 34

02468

101214161820

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Gráfico 2-10 - PO do Comércio

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Gráfico 2-11 - PO de Serviços

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Comércio e serviços apresentam grande importância em todas as regiões. A diferença é que para o Litoral Norte e Baixada Santista Central o setor de serviços (excetuado o comércio nesse caso) contribuiu mais para a geração de emprego. Já para as regiões Baixada Santista Central e Litoral Sul, é o comércio que dá a grande contribuição à geração de postos de trabalho.

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 7.523 8.971 10.492 11.658 13.719

Baixada Santista Central 36.681 39.115 44.109 49.629 56.482

Baixada Santista Sul 9.914 10.365 11.963 14.256 16.916

Litoral Sul 572 676 831 893 1.151

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2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 11.193 16.032 17.562 19.529 21.952

Baixada Santista Central 113.842 116.234 123.578 136.078 149.937

Baixada Santista Sul 12.232 14.270 14.499 15.013 20.643

Litoral Sul 543 542 1.271 1.273 775

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Gráfico 2-12 - PO da Administração Pública

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Em relação aos empregos na administração pública, cabe destacar pequena inflexão da Baixada Central após 2006 e a expansão da Baixada Sul e a expansão do Litoral Sul.

Gráfico 2-13 - PO da Agropecuária

Fonte: Ministerio do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O Pessoal Ocupado na Agropecuária apresentou seu crescimento mais significativo no Litoral Sul. No Litoral Norte nota-se grande crescimento entre 2000 e 2002 ficando praticamente estável nos anos seguintes. A região da Baixada Santista Central demonstra redução da ordem de 1/3 do Pessoal Ocupado, mesmo assim, o VA do

2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 6.789 6.901 7.362 7.467 7.465

Baixada Santista Central 22.536 23.773 25.558 27.283 26.292

Baixada Santista Sul 6.521 7.530 9.893 11.198 12.620

Litoral Sul 1.717 1.785 1.763 1.919 1.923

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2000 2002 2004 2006 2008

Litoral Norte 132 224 240 255 249

Baixada Santista Central 1.408 1.484 1.441 1.200 970

Baixada Santista Sul 307 298 321 341 284

Litoral Sul 293 326 378 438 479

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

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1,2

1,4

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Mil

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setor aumentou, demonstrando um uso capital-intensivo cada vez maior também nesse setor.

Cabe destacar com ênfase, a inclinação positiva das curvas de emprego ocorrida a partir de 2004 principalmente na subárea da Baixada Santista Central e, em menor escala no Litoral Norte nos setores de extrativa mineral, indústria de transformação, serviços de utilidade pública, construção civil, comercio e serviços. O que se associa à constatação anunciada na introdução de que um novo ciclo produtivo teria se iniciado a partir da segunda metade da primeira década do século XXI.

Especialização Espacial do Litoral Paulista nas Atividades de Petroleo&Gás e Aquaviárias

Para elucidar ainda mais essa questão do novo ciclo, importa identificar as vocações produtivas prevalecentes na região de estudo, o Litoral Paulista, para tanto se utiliza de uma medida de especialização que se denomina Quocientes Locacionais6. Utilizam-se os dados do Emprego da RAIS de 2008.

Partindo da formula:

∑∑

∑=

i j

ij

j

ij

i

ij

ij

ij

E

E

E

E

QL

1 1

1

1

= Quociente Locacional do setor i na região j

Onde:

ijE= Pessoal Ocupado no Setor i da região j.

∑i

ijE1 = Total do Pessoal Ocupado da Região j em todos os seus setores.

6 O QL (Quociente Locacional) é uma medida de natureza setorial que se preocupa com a localização das atividades entre as regiões. O objetivo é identificar padrões de concentração ou dispersão espacial do emprego setorial num dado período. Especificamente o QL compara a participação percentual de uma região em um setor particular com a participação percentual da mesma região no total do emprego da economia estadual. Se o valor do quociente for maior que 1, significa que a região é relativamente mais importante, no contexto estadual, em termos de setor, do que em termos gerais de todos os setores. Essa medida vem sendo utilizada em trabalhos exploratórios para revelar principalmente os setores que apresentam maiores possibilidades de exportação: um QL superior à unidade pode indicar que a atividade da região é básica (voltada para a exportação) e um quociente inferior à unidade representaria uma atividade não-básica (voltada para o mercado da própria região). Baseado no texto de Paulo Roberto Haddad.

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∑j

ijE1 = Total do Pessoal ocupado do Setor i de todas as Regiões do Estado.

∑ ∑i j

ijE

1 1 = Total do Pessoal Ocupado do Estado de Todas as Regiões em Todos os Setores.

Para o Litoral Paulista, obtiveram-se os seguintes resultados em 2008 que demonstram a forte especialização nas atividades aquaviárias por conta dos dois portos que possui por estar na costa litorânea, evidentemente, em relação ao conjunto do Estado de São Paulo. E, em segundo lugar, cabe destacar as atividades de Extração de Petroleo e Gás Natural.

Cabe ressaltar também o setor de “descontaminação e outros serviços de gestão de resíduos”, que se associam a tais atividades e ao complexo petroquímico e siderúrgico existente no município de Cubatão.

E as atividades que se situam em quinto e sexto lugares, derivadas das atividades de petróleo e gás e portuária respectivamente.

Se situando em sétimo, sem muito destaque, a atividade “alojamento”, que se associa ao turismo.

Tabela 2.1-3 - Quociente Locacional do Litoral

Divisão CNAE 2.0 QL

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO 20,05

EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 16,89

DESCONTAMINAÇÃO E OUTROS SERVIÇOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS 11,88

PESCA E AQÜICULTURA 11,77

ATIVIDADES DE APOIO À EXTRAÇÃO DE MINERAIS 11,53

ARMAZENAMENTO E ATIVIDADES AUXILIARES DOS TRANSPORTES 4,64

ALOJAMENTO 3,14

ATIVIDADES DE ORGANIZAÇÕES ASSOCIATIVAS 3,06

COLETA, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS; RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS 2,89

MANUTENÇÃO, REPARAÇÃO E INSTALAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 2,69

SERVIÇOS PARA EDIFÍCIOS E ATIVIDADES PAISAGÍSTICAS 2,41

METALURGIA 2,13

ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE RECREAÇÃO E LAZER 1,97

ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 1,65

ALIMENTAÇÃO 1,46

COMÉRCIO VAREJISTA 1,45

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Divisão CNAE 2.0 QL

TRANSPORTE TERRESTRE 1,39

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS 1,39

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS PARA CONSTRUÇÃO 1,37

ALUGUÉIS NÃOIMOBILIÁRIOS E GESTÃO DE ATIVOS INTANGÍVEIS NÃOFINANCEIROS 1,34

OBRAS DE INFRAESTRUTURA 1,34

CAPTAÇÃO, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA 1,32

ATIVIDADES ARTÍSTICAS, CRIATIVAS E DE ESPETÁCULOS 1,23

EDUCAÇÃO 1,19

SERVIÇOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA; TESTES E ANÁLISES TÉCNICAS 1,14

ATIVIDADES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO 1,10

ATIVIDADES DE RÁDIO E DE TELEVISÃO 1,08

FABRICAÇÃO DE COQUE, DE PRODUTOS DERIVADOS DO PETRÓLEO E DE BIOCOMBUSTÍVEIS 1,07

SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM ALOJAMENTO 1,03

ATIVIDADES JURÍDICAS, DE CONTABILIDADE E DE AUDITORIA 1,02

EXTRAÇÃO DE MINERAIS NÃOMETÁLICOS 1,00

ATIVIDADES DE ATENÇÃO À SAÚDE HUMANA 0,98

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEFESA E SEGURIDADE SOCIAL 0,92

SERVIÇOS DOMÉSTICOS 0,89

CORREIO E OUTRAS ATIVIDADES DE ENTREGA 0,89

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS 0,88

COMÉRCIO E REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS 0,88

OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇOS PESSOAIS 0,87

ATIVIDADES CINEMATOGRÁFICAS, PRODUÇÃO DE VÍDEOS E DE PROGRAMAS DE TELEVISÃO; GRAVAÇÃO DE SOM E EDIÇÃO DE MÚSICA 0,87

ATIVIDADES DE ATENÇÃO À SAÚDE HUMANA INTEGRADAS COM ASSISTÊNCIA SOCIAL, PRESTADAS EM RESIDÊNCIAS COLETIVAS E PARTICULARES 0,87

ATIVIDADES LIGADAS AO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL 0,83

SELEÇÃO, AGENCIAMENTO E LOCAÇÃO DE MÃODEOBRA 0,80

REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA E COMUNICAÇÃO E DE OBJETOS PESSOAIS E DOMÉSTICOS 0,78

OUTRAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CIENTÍFICAS E TÉCNICAS 0,76

ATIVIDADES DE VIGILÂNCIA, SEGURANÇA E INVESTIGAÇÃO 0,76

AGÊNCIAS DE VIAGENS, OPERADORES TURÍSTICOS E SERVIÇOS DE RESERVAS 0,68

ATIVIDADES DE SERVIÇOS FINANCEIROS 0,64

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Divisão CNAE 2.0 QL

ATIVIDADES VETERINÁRIAS 0,60

IMPRESSÃO E REPRODUÇÃO DE GRAVAÇÕES 0,59

ATIVIDADES AUXILIARES DOS SERVIÇOS FINANCEIROS, SEGUROS, PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR E PLANOS DE SAÚDE 0,59

SEGUROS, RESSEGUROS, PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR E PLANOS DE SAÚDE 0,58

TELECOMUNICAÇÕES 0,58

ESGOTO E ATIVIDADES RELACIONADAS 0,54

FABRICAÇÃO DE OUTROS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE, EXCETO VEÍCULOS AUTOMOTORES 0,52

COMÉRCIO POR ATACADO, EXCETO VEÍCULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS 0,50

EDIÇÃO E EDIÇÃO INTEGRADA À IMPRESSÃO 0,50

ELETRICIDADE, GÁS E OUTRAS UTILIDADES 0,43

SERVIÇOS DE ESCRITÓRIO, DE APOIO ADMINISTRATIVO E OUTROS SERVIÇOS PRESTADOS ÀS EMPRESAS 0,42

ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO DE JOGOS DE AZAR E APOSTAS 0,34

ATIVIDADES DE SEDES DE EMPRESAS E DE CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL 0,30

FABRICAÇÃO DE BEBIDAS 0,28

PRODUÇÃO FLORESTAL 0,25

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE MINERAIS NÃOMETÁLICOS 0,24

FABRICAÇÃO DE CELULOSE, PAPEL E PRODUTOS DE PAPEL 0,21

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 0,20

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE METAL, EXCETO MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 0,18

PUBLICIDADE E PESQUISA DE MERCADO 0,16

FABRICAÇÃO DE MÓVEIS 0,14

CONFECÇÃO DE ARTIGOS DO VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS 0,13

ATIVIDADES DOS SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 0,11

ORGANISMOS INTERNACIONAIS E OUTRAS INSTITUIÇÕES EXTRATERRITORIAIS 0,11

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE MADEIRA 0,10

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS TÊXTEIS 0,08

EXTRAÇÃO DE MINERAIS METÁLICOS 0,07

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DIVERSOS 0,07

AGRICULTURA, PECUÁRIA E SERVIÇOS RELACIONADOS 0,07

PREPARAÇÃO DE COUROS E FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS DE COURO, ARTIGOS PARA VIAGEM E CALÇADOS 0,04

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Divisão CNAE 2.0 QL

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE BORRACHA E DE MATERIAL PLÁSTICO 0,04

FABRICAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES, REBOQUES E CARROCERIAS 0,03

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO 0,03

FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 0,02

FABRICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA, PRODUTOS ELETRÔNICOS E ÓPTICOS 0,01

FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS, APARELHOS E MATERIAIS ELÉTRICOS 0,01

TRANSPORTE AÉREO 0,01

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS FARMOQUÍMICOS E FARMACÊUTICOS 0,00

EXTRAÇÃO DE CARVÃO MINERAL 0,00

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DO FUMO 0,00

Fonte: Ministério do Trabalho – RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

2.1.1.3. Consumo de energia elétrica no Litoral Paulista

Inicialmente, cabe verificar as participações por classes de consumo do Litoral Paulista no Estado de São Paulo com base na tabela abaixo.

Assim, o consumo total de energia elétrica dos 16 municípios do Litoral do Estado de São Paulo, em 2008, representou 6,3% do consumo total de energia elétrica do Estado de São Paulo e atingiu 7.507.575 MWh (1 megawatt-hora = 1.000 kWh).

Como a participação do PIB é inferior a 5%, pode-se afirmar que o Litoral Paulista tem um consumo de energia mais intensivo, o que é explicado principalmente pelo consumo industrial de energia no município de Cubatão.

Vale destacar que essa maior participação relativa da classe industrial deve-se à importância do consumo de Cubatão, que ocupa o 3º lugar entre os municípios com maior consumo de energia elétrica industrial do Estado de São Paulo, abaixo apenas dos municípios de Alumínio e São Paulo.

Verifica-se que, por classe de consumo, a maior participação foi da classe industrial com 7,3%, seguido pelas classes residencial e comercial.

A participação conjunta das demais classes (iluminação pública, serviços públicos, poderes públicos e consumo próprio das concessionárias de energia) foi de 4,5%.

Tabela 2.1-4 - Consumo de energia elétrica do litoral do estado de são paulo, em mwh, por classe e total - 2008

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DO LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, EM MWH, POR CLASSE E TOTAL - 2008

Classe Industrial Residencial Comercial Rural Demais Classes* Total

Litoral São 3.940.213 1.946.901 1.158.643 8.909 452.909 7.507.575

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CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DO LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, EM MWH, POR CLASSE E TOTAL - 2008

Classe Industrial Residencial Comercial Rural Demais Classes* Total

paulo**

Estado São Paulo 54.076.681 31.307.909 20.783.199 2.637.629 10.118.687 118.924.105

Part. Relativa % 7,3% 6,2% 5,6% 0,3% 4,5% 6,3%

Fonte: “Anuário estatístico de energéticos por município no Estado de São Paulo – 2008*. Elaboração: Arcadis Tetraplan

** Litoral inclui os municípios de Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá,

Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos, São Vicente, Caraguatatuba, Ilha Bela, São Sebastião

e Ubatuba.

A análise da composição do consumo por município e subáreas demonstra a diversidade de situações existentes, conforme tabela apresentada a seguir.

Inicialmente cabe destacar o município de Cubatão, que teve em 2008 um consumo industrial de energia elétrica de 3.440.703 MWh; é o município de maior consumo industrial do Litoral, seguido (de longe) por São Sebastião com 136.435 MWh de consumo industrial (apenas 4% do consumo industrial de Cubatão); Santos com 133.873 MWh e Caraguatatuba com 81.773 MWh.

Assim, no que se refere aos municípios, as participações no Litoral Paulista são: Cubatão (87,3%), São Sebastião (3,5%), Santos (3,4%), e Caraguatatuba (2,1%) – são, portanto, os que detêm as maiores participações no consumo industrial do Litoral Paulista, representaram 96,3% desse consumo em 2008.

O que repercute nas respectivas subáreas as quais pertencem, desse modo, a subárea da Baixada Santista Central (BSC) concentra a maior parte do consumo industrial (93,81%); o Litoral Norte (LN) se situa em segundo lugar com 5,69%.

As demais subáreas, Baixada Santista Sul e Litoral Sul tem participações muito reduzidas, o que evidencia a quase inexistência de atividades industriais de maior porte em seus municípios.

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Tabela 2.1-5 – Consumo de energia elétrica em MWh e participação dos municípios e subáreas no no consumo do Litoral Paulista

Subáreas

Classe Industrial Residencial Comercial Rural Demais Classes* T O T A L

Município MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

Litoral Norte

Ubatuba 4.924 0,12 85.047 4,37 35.989 3,11 796 8,93 15.724 3,47 142.480 1,90

São Sebastião 136.435 3,46 85.672 4,40 37.351 3,22 89 1,00 22.429 4,95 281.976 3,76

Caraguatatuba 81.773 2,08 90.208 4,63 42.796 3,69 1.112 12,48 30.342 6,70 246.231 3,28

Ilhabela 1.200 0,03 30.559 1,57 13.647 1,18 26 0,29 4.415 0,97 49.847 0,66

Total do Litoral Norte 224.332 5,69 291.486 14,97 129.783 11,20 2.023 22,71 72.910 16,10 720.534 9,60

Baixada Santista Central

Bertioga 11.907 0,30 79.899 4,10 32.216 2,78 28 0,31 13.043 2,88 137.093 1,83

Guarujá 61.380 1,56 277.605 14,26 202.419 17,47 501 5,62 47.396 10,46 589.301 7,85

Santos 133.873 3,40 508.106 26,10 445.937 38,49 0 0,00 75.016 16,56 1.162.932 15,49

Cubatão 3.440.703 87,32 62.992 3,24 71.103 6,14 0 0,00 103.245 22,80 3.678.043 48,99

São Vicente 48.629 1,23 245.407 12,61 92.573 7,99 0 0,00 38.864 8,58 425.473 5,67

Total da Baixada Santista Central 3.696.492 93,81 1.174.009 60,30 844.248 72,87 529 5,94 277.564 61,28 5.992.842 79,82

Baixada Santista Sul

Praia Grande 7.766 0,20 272.914 14,02 109.305 9,43 0 0,00 45.902 10,13 435.887 5,81

Mongaguá 2.826 0,07 43.228 2,22 13.812 1,19 142 1,59 11.748 2,59 71.756 0,96

Itanhaém 2.776 0,07 77.731 3,99 28.678 2,48 1.106 12,41 21.951 4,85 132.242 1,76

Peruíbe 2.181 0,06 54.165 2,78 21.849 1,89 2.798 31,41 11.891 2,63 92.884 1,24

Total da Baixada Santista Sul 15.549 0,39 448.038 23,01 173.644 14,99 4.046 45,41 91.492 20,20 732.769 9,76

Litoral Sul

Igape 1.515 0,04 16.330 0,84 4.291 0,37 1.896 21,28 5.435 1,20 29.467 0,39

Ilha Comprida 216 0,01 9.870 0,51 3.671 0,32 0 0,00 3.239 0,72 16.996 0,23

Cananéia 2.109 0,05 7.168 0,37 3.006 0,26 415 4,66 2.269 0,50 14.967 0,20

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Subáreas

Classe Industrial Residencial Comercial Rural Demais Classes* T O T A L

Município MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

MWh Part. %

Total do Litoral Sul 3.840 0,10 33.368 1,71 10.968 0,95 2.311 25,94 10.943 2,42 61.430 0,82

LITORAL SP 3.940.213 100,00 1.946.901 100,00 1.158.643 100,00 8.909 100,0 452.909 100,00 7.507.575 100,0

ESTADO SÃO PAULO 54.076.681 31.307.909 20.783.199 2.637.629 10.118.687 118.924.105

Fonte: Anuário estatístico de energéticos por município no Estado de São Paulo – 2008*. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Quanto ao consumo residencial do Litoral, numa visão municipal, em primeiro lugar se situa o município de Santos (26,1%), e na sequência Guarujá (14,3%), Praia Grande (14,0%), São Vicente (12,6%). As subáreas as quais pertencem respondem por: a BSC detém 60,3% desta classe de consumo e a BSS,14,97%.

Na subárea Litoral Norte, o consumo residencial de Caraguatatuba participa em 4,6%; São Sebastião 4,4%; Ubatuba 4,4% e Ilhabela (1,2%) correspondem a 14,97% do consumo de eletricidade residencial do Litoral. E no Litoral Sul, Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá participam com 5,6%.

O consumo da classe comercial (que também engloba serviços, exclusive os serviços públicos como saneamento, transporte público etc.) na Baixada Santista Central e a Sul representam mais de 4/5 de todo o consumo da classe comercial do Litoral Paulista - mais precisamente 82%(Santos 38,5%, Guarujá 17,5%, Praia Grande 9,4%, São Vicente 8,0%, Cubatão 6,1%, Bertioga 2,8%).

O Litoral Norte responde por 11% (Caraguatatuba 3,7%; São Sebastião 3,2%, Ubatuba 3,1% e Ilhabela 1,2%). E o Litoral Sul 0,95%.

A classe rural representou apenas 0,12% do consumo do Litoral Paulista, enquanto no Estado de São Paulo, esta classe participa com 2,22%.

Em relação ao consumo total de energia elétrica, a Baixada Santista Central consome 79,82% do total e a Baixada Santista Sul (BSS) responde por 9,76% e o Litoral Norte por 9,60%. Cabendo a subárea do Litoral Sul (LS), uma participação ínfima de 0,82%.

Esses padrões são semelhantes aos verificados na distribuição do emprego formal, em que se têm as seguintes participações: BSC: 71,91%, BSS: 14,51%, LN:12,34% e o LS: 1,71%; o que pode ser avaliado no item final que faz uma síntese dessas participações das subáreas no emprego, valor adicionado e população.

2.1.1.4. Quadro Referencial: População

Conforme visto nos itens referentes ao PIB e ao emprego, a primeira observação é referente a heterogeneidade dos portes populacionais, das participações e taxas de crescimento, conforme pode ser verificado na tabela a seguir, na qual são apresentados o número de habitantes desde 1980, com as participações dos municípios e regiões no Litoral Paulista e no Estado e as taxas de crescimento nos vários períodos.

Em 2009, de acordo com a estimativa do IBGE para este ano, havia municípios de pequeno porte populacional como Ilha Comprida com menos de dez mil habitantes e no outro extremo, o pólo metropolitano representado pelo município de Santos com quase meio milhão de habitantes.

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Constata-se também elevada concentração espacial da população do Litoral Paulista em apenas três municípios, pois Santos, São Vicente e Guarujá, pertencentes a Baixada Central, juntos respondem por mais de 53% da população do litoral paulista, e a Baixada Central, por 61,8%, em 2009. Entretanto, em 1980, detinha 77,8% da população do Litoral Paulista.

Por outro lado, os três municípios menos populosos, Ilhabela, Ilha Comprida e Cananéia juntos correspondem a somente 2,5% da população do Litoral Paulista

Analogamente ao procedimento adotado com o Produto Interno Bruto, para a população, importa ter uma visão de contexto no Estado de São Paulo. Assim, no anexo são apresentados os três mapas: o relativo ao número de habitantes (porte populacional), a taxa de crescimento média anual no período de 2000 a 2007 e a taxa de incremento ou de contribuição de cada município na expansão da população do Estado de São Paulo neste mesmo período

As taxas de crescimento populacional são um importante indicador não somente para explicitar a dinâmica populacional em si, mas também por corroborar no entendimento de outros fenômenos socioeconômicos relevantes.

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Tabela 2.1-6 - População, Crescimento Populacional e Participação da População em Relação ao Estado e ao Litoral

Áre

a

Município 1980

Part. em Relação

ao Litoral (1980)

Part. em

Relação ao

Estado (1980)

1991 Cresc. 1980 - 1991

2000 Cresc. 1991 - 2000

2003 2007 Cresc. 2000 - 2007

2009

Part. em

Relação ao

Litoral (2009)

Part. em

Relação ao

Estado (2009)

Lit

ora

l No

rte

Ubatuba 26.927 2,50% 0,11% 46.942 5,18% 66.644 3,97% 72.602 80.420 2,72% 84.137 4,18% 0,20%

São Sebastião 18.839 1,75% 0,08% 33.430 5,35% 57.745 6,26% 62.228 68.287 2,42% 71.290 3,54% 0,17%

Caraguatatuba 33.563 3,12% 0,13% 52.616 4,17% 78.628 4,56% 83.605 89.221 1,82% 91.397 4,54% 0,22%

Ilhabela 7.743 0,72% 0,03% 13.437 5,14% 20.752 4,95% 22.975 26.093 3,33% 27.690 1,37% 0,07%

Total do Litoral Norte 87.072 8,09% 0,35% 146.425 4,84% 223.769 4,83% 241.410 264.021 2,39% 274.514 13,63% 0,66%

Bai

xad

a S

anti

sta

Cen

tral

Bertioga NA - - NA NA 29.771 NA 34.585 41.167 4,74% 44.341 2,20% 0,11%

Guarujá 150.347 13,97% 0,60% 208.818 3,03% 264.235 2,65% 280.577 302.094 1,93% 312.504 15,52% 0,75%

Santos 416.418 38,70% 1,67% 428.421 0,26% 417.975 -0,27% 423.424 429.647 0,39% 432.213 21,46% 1,04%

Cubatão 78.439 7,29% 0,31% 90.866 1,35% 108.135 1,95% 113.683 120.864 1,60% 124.284 6,17% 0,30%

São Vicente 191.997 17,84% 0,77% 267.445 3,06% 303.199 1,40% 312.920 325.522 1,02% 331.581 16,46% 0,80%

Total da Baixada Santista Central 837.201 77,81% 3,36% 995.550 1,59% 1.123.315 1,35% 1.165.189 1.219.294 1,18% 1.244.923 61,81% 2,99%

Bai

xad

a S

anti

sta

Su

l Praia Grande 65.374 6,08% 0,26% 122.354 5,86% 192.769 5,18% 212.276 237.540 3,03% 249.266 12,38% 0,60%

Mongaguá 9.828 0,91% 0,04% 18.781 6,06% 34.897 7,13% 38.628 43.307 3,13% 45.376 2,25% 0,11%

Itanhém 27.245 2,53% 0,11% 45.619 4,80% 71.694 5,15% 78.875 87.839 2,94% 91.788 4,56% 0,22%

Peruíbe 18.241 1,70% 0,07% 32.676 5,44% 51.237 5,13% 53.261 55.196 1,07% 55.743 2,77% 0,13%

Total da 120.688 11,22% 0,48% 219.430 5,59% 350.597 5,34% 383.040 423.882 2,75% 442.173 21,95% 1,06%

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 37

Áre

a

Município 1980

Part. em Relação

ao Litoral (1980)

Part. em

Relação ao

Estado (1980)

1991 Cresc. 1980 - 1991

2000 Cresc. 1991 - 2000

2003 2007 Cresc. 2000 - 2007

2009

Part. em

Relação ao

Litoral (2009)

Part. em

Relação ao

Estado (2009)

Baixada Santista Sul

Lit

ora

l Su

l

Iguape 23.306 2,17% 0,09% 27.812 1,62% 27.410 -0,16% 28.102 28.944 0,78% 29.321 1,46% 0,07%

Ilha Comprida NA - - NA NA 6.653 NA 7.622 8.921 4,28% 9.536 0,47% 0,02%

Cananéia 7.692 0,71% 0,03% 10.099 2,51% 12.267 2,18% 12.711 13.287 1,15% 13.562 0,67% 0,03%

Total do Litoral Sul 30.998 2,88% 0,12% 37.911 1,85% 46.330 2,25% 48.435 51.152 1,42% 52.419 2,60% 0,13%

Total do Litoral 1.075.959 100% 4,31% 1.399.316 2,42% 1.744.011 2,48% 1.838.074 1.958.349 1,67% 2.014.029 100% 4,84%

Estado de São Paulo 24.953.238 - 100% 31.436.273 2,12% 36.974.378 1,82% 38.578.438 40.653.736 1,36% 41.633.802 - 100%

Fonte: IBGE 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan.

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Litoral Paulista

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No gráfico a seguir são apresentadas as curvas de crescimento da população pelas regiões de estudo e Estado, desde 1980.

Gráfico 2-14 - População Residente

Fonte: Fonte: IBGE 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan.

Verifica-se inicialmente que a participação populacional do Litoral Paulista vem crescendo no decorrer dos anos. Se em 1980 sua população representava 4,3% do total estadual, em 2009 representa 4,8%.

O comportamento padrão baseia-se no fato de que emprego atrai população. Logo, existe uma aderência entre comportamento do emprego e dinâmica populacional. A região que mais gerou emprego relativamente (Litoral Norte) é também aquela em que a população mais cresceu. O Litoral Sul, que teve sua população pouco aumentada comparada com as demais subáreas, teve uma geração de emprego também menor. Tal fato também se enquadra no comportamento padrão.

Estudos habitacionais7 revelam que o município de Santos possui poucas áreas para expansão da mancha urbana e consequentemente abrigar novos contingentes populacionais, e quando essas áreas estão disponíveis, são de elevada custo, relativamente. Tais fatos sugerem que parte da população que trabalha e gera riqueza em Santos (portanto empregada no município) não está residindo em Santos mas sim em municípios da Baixada Santista Sul.

Outra questão associada é que os setores responsáveis pelo aumento do PIB não são intensivos em mão de obra e/ou não exigem que a população fixe residência no município, como no caso do de Petróleo&Gás, conforme comentado no item referente ao emprego, o que se associa a outro fenômeno demográfico urbano denominado movimento pendular da população.

7 Dados Oriundos do Intercambio de Informações do PINO com o Plano Estadual de Habitação SH/CDHU que através

de um estudo da Emplasa classificou os territórios municipais segundo grau de adequabilidade para moradia.

1980 1991 2000 2003 2007 2009

Litoral Norte 100 168 257 277 303 315

Baixada Santista Central 100 119 134 139 146 149

Baixada Santista Sul 100 182 290 317 351 366

Litoral Sul 100 122 149 156 165 169

Estado de São Paulo 100 126 148 155 163 167

100

150

200

250

300

350

An

o 1

98

0 =

10

0

Devido a essa dinâmica de riqueza e ao arranjo populacionaltão díspares do PIB per capita segundo as regiões do litoral paulista. A região da Baixada Santista Central, além dos elevados PIBs que vem acumulando pelas suas atividades capital-intensiva, não acumula no município toda a população requerida para gerar essa riqueza.

O resultado é um PIB per capita extremamente alto pois a divisão é feita pela população residente no município. O Litoral Norte apresenta valores elevados por conta de suas atividades geradoras de riqueza juntamente com o fato de apresentarem municípios pouco populosos. Tal fato não é novo. Em 2002, por exemplo, o maior PIB per capita brasileiro não pertencia a um grande município mas sim a São Francisco do Conde (BA),Alves.

Gráfico 2-15 - PIB Per Capita

Fonte: IBGE 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan.

2.1.1.5. Quadro Referencial:

A dinâmica econômico-demográfica apresentada refletemunicípios de ofertarem serviços públicos de qualidade frente ao seu orçamento ensejanto em tendências que afetam as finanças públicas municipais.

Os municípios da Baixada Santista Sul, apesar de abrigareriqueza oriunda de outros lugares, arca com serviços de saúde, educação etc. Tal fato pode gerar uma obrigação por parte dos municípios sem a contrapartida de arrecadação de impostos, principalmente o ISSQN. Exatamente por esse motivoprincipal fonte entre as receitas próprias é o IPTU e não o ISSQN. Vale lembrar no entanto que os municípios essencialmente turísticos apresentam características

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

Litoral Norte

Baixada Santista Central

Baixada Santista Sul

Litoral Sul

Mil

ha

res

Avaliação Ambiental Estratégica Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

ARCADIS Tetraplan

a essa dinâmica de riqueza e ao arranjo populacional, entende-se os valores tão díspares do PIB per capita segundo as regiões do litoral paulista. A região da Baixada Santista Central, além dos elevados PIBs que vem acumulando pelas suas

intensiva, não acumula no município toda a população requerida

O resultado é um PIB per capita extremamente alto pois a divisão é feita pela população residente no município. O Litoral Norte apresenta valores elevados por

e suas atividades geradoras de riqueza juntamente com o fato de apresentarem municípios pouco populosos. Tal fato não é novo. Em 2002, por exemplo, o maior PIB per capita brasileiro não pertencia a um grande município mas sim a São Francisco do Conde (BA), local em que funciona a refinaria Landulpho

Elaboração: Arcadis Tetraplan.

Quadro Referencial: Finanças Públicas Municipais

emográfica apresentada reflete-se na capacidade dos municípios de ofertarem serviços públicos de qualidade frente ao seu orçamento ensejanto em tendências que afetam as finanças públicas municipais.

Os municípios da Baixada Santista Sul, apesar de abrigarem a população que tem riqueza oriunda de outros lugares, arca com serviços de saúde, educação etc. Tal fato pode gerar uma obrigação por parte dos municípios sem a contrapartida de arrecadação de impostos, principalmente o ISSQN. Exatamente por esse motivoprincipal fonte entre as receitas próprias é o IPTU e não o ISSQN. Vale lembrar no entanto que os municípios essencialmente turísticos apresentam características

2003 2007

22.579,47 26.433,11

22.275,10 29.686,79

9.347,79 9.799,21

7.871,18 8.531,55

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se os valores tão díspares do PIB per capita segundo as regiões do litoral paulista. A região da Baixada Santista Central, além dos elevados PIBs que vem acumulando pelas suas

intensiva, não acumula no município toda a população requerida

O resultado é um PIB per capita extremamente alto pois a divisão é feita pela população residente no município. O Litoral Norte apresenta valores elevados por

e suas atividades geradoras de riqueza juntamente com o fato de apresentarem municípios pouco populosos. Tal fato não é novo. Em 2002, por exemplo, o maior PIB per capita brasileiro não pertencia a um grande município mas

local em que funciona a refinaria Landulpho

se na capacidade dos municípios de ofertarem serviços públicos de qualidade frente ao seu orçamento

m a população que tem riqueza oriunda de outros lugares, arca com serviços de saúde, educação etc. Tal fato pode gerar uma obrigação por parte dos municípios sem a contrapartida de arrecadação de impostos, principalmente o ISSQN. Exatamente por esse motivo, a principal fonte entre as receitas próprias é o IPTU e não o ISSQN. Vale lembrar no entanto que os municípios essencialmente turísticos apresentam características

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semelhantes uma vez que o imóvel de veraneio possui um valor venal descolado do padrão de consumo dos munícipes residentes.

Os municípios do Litoral Norte apresentam um certo equilíbrio entre a população residente e a geração de riqueza. Merecem atenção os municípios de Ilhabela e Ubatuba que apresentaram as maiores taxas de crescimento demográfico regional. Tal fato pressiona os serviços públicos básicos: saúde, educação, segurança etc.

Municípios do Litoral Sul apresentam baixo crescimento demográfico. Exceção é Ilha Comprida, que está entre os municípios que mais cresce no Litoral Paulista. Ilha Comprida pode estar sofrendo pressão demasiada sobre equipamentos públicos, sobretudo na área de saúde e saneamento. Tal fato pode ser comprovado pelo baixo desempenho do município no último IPRS no vetor Longevidade.

Tabela 2.1-7 - Indicadores das Finanças Públicas Municipais do Exercício de 2008 Segundo Regiões Selecionadas - Valores a Preços Correntes de 2008

Regiões do

Litoral

Receita Orçamentária

Per Capita

Receita Tributária/

Receita Orçamentária

Royalties do

Petróleo Per

Capita

ISS / Rec. Tributária

IPTU / Receita

Tributária

Investimento Per Capita

Investimento / Despesa

Orçamentária

Litoral Norte 3.055,82 25,54% 208,21 24,88% 48,71% 438,86 15,84%

Baixada Santista Central 2.608,32 33,46% 3,18 34,15% 42,19% 152,55 6,73%

Baixada Santista Sul 2.128,14 36,07% 1,37 6,97% 61,91% 476,50 23,13%

Litoral Sul 1.841,42 19,16% 4,37 8,15% 75,10% 292,83 15,21%

Litoral Paulista 2.544,87 32,35% 31,05 27,12% 47,42% 266,33 11,67%

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Nota: Royalties do Petróleo Per Capita corresponde à somatória da Cota-parte Royalties – Compensação

Financeira pela Produção de Petróleo – Lei nº 7.990 mais a Cota-Parte do Fundo Especial do Petróleo –

FEP, ponderada pela respectiva população.

O fato do município possuir a residência de uma população e não abrigar o respectivo trabalho repercute nas finanças públicas municipais. Tal fato é verificável analisando a tabela anterior. Municípios que abrigam o local de trabalho (a atividade geradora de riqueza) possuem uma maior participação maior do ISSQN nas receitas próprias. Esses municípios possuem uma receita orçamentária per capita maior, o que se reflete em um orçamento per capita também maior.

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Os municípios cuja arrecadação está focada no patrimônio (IPTU) acabam demonstrando receitas orçamentárias menores. No caso dos municípios da Baixada Santista Sul, além de terem uma baixa atividade econômica conferindo um menor nível de receita, ainda tem que arcar com serviços públicos para uma parcela de sua população que gera riqueza em outra localidade.

Analisando as receitas oriundas de Royalties do Petróleo, nota-se substancial diferença entre os municípios componentes do litoral. O Litoral Norte recebe quase R$210,00 por habitante com as atividades de exploração do petróleo, equivalendo um aporte adicional de recursos da ordem de 7% na Receita Orçamentária Total. Para as demais regiões do litoral paulista, a receita per capita é diminuta, tendo pouca representatividade no computo da Receita Orçamentária.

Os investimentos realizados pelo poder local também mostram grandes diferenças. As regiões da Baixada Santista Sul e do Litoral Norte possuem os mais elevados investimentos per capita, respectivamente R$ 476,50 e 438,86. Tais valores condizem com as altas taxas de crescimento demográfico, o que demonstra certa aderência entre o crescimento populacional e a expansão dos equipamentos públicos.

Já as regiões do Litoral Sul e da Baixada Santista Central apresentaram menores montantes de investimento per capita, em especial a Baixada Santista Central, cujo valor é praticamente metade do investimento do Litoral Sul. Nesse sentido, esses municípios merecem atenção no sentido de se buscar uma renovação desses equipamentos públicos bem como sua ampliação.

2.1.1.6. Quadro Referencial - Rede Urbana

As transformações ocorridas no espaço e no tempo modificaram as formas e estruturas existentes no litoral paulista. Considerando a hierarquia das relações funcionais dos municípios envolvidos – um subproduto da história do uso e ocupação do território, pode-se alcançar a compreensão dessas transformações trazendo subsídios ao entendimento do funcionamento do espaço e de sua dinâmica interurbana e regional.

Em 1991, a Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, publicou estudos8 sobre as várias regiões de governo (no total de 42) onde se demonstrava a configuração da rede urbana regional, tendo como conceito a divisão entre núcleos primários, secundários e terciários e suas inter-relações. Conforme mapa a seguir, na região da Baixada Santista encontrava-se dois blocos distintos: as cidades com função turística/dormitório e os principais pólos geradores de empregos – Santos e Cubatão.

8 SÃO PAULO (Estado) Secretaria de Economia e Planejamento, Coordenadoria de Ação Regional. O Interior pelo

Interior: diagnóstico regional de Santos. SEP/ CAR, São Paulo, 1991.

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Fonte: São Paulo em Exame, Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, 1990.

Na Baixada Sul, havia uma tendência a Peruíbe ser o município polarizador no sentido dos municípios de Pedro de Toledo e Itariri (que pertencem a região do Vale do Ribeira). As populações destas cidades procuravam Peruíbe principalmente para as demandas ligadas a saúde e educação. Já havia indícios que o município de Itanhaém dividia esta função com Peruíbe e que, portanto uma micro-região estava sendo formada onde ainda se incorporava o município de Mongaguá. Estes cinco municípios, com sinalização para a centralidade em Itanhaém, possuíam estreita relação com o centro da Baixada Santista relacionado aos aspectos de saúde, educação, abastecimento (comércio varejista e atacadista) e lazer.

Já na Baixada Central, conforme já apontado, o intenso crescimento econômico e populacional em Santos, Cubatão e Guarujá provocou um extravasamento em direção a outros municípios do entorno, como São Vicente, Praia Grande e o distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, que passaram a desempenhar funções de cidade-dormitório, num processo de conurbação, interrompido apenas pelo relevo e outras condições físicas, que obstaculizaram uma urbanização contínua. Neste período o município de Bertioga não existia, e estava incorporado ao município de Santos na categoria de distrito.

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Outro estudo importante desenvolvido pela AGEM em 2002, e que vai referendar com maior ênfase esta hierarquia funcional é o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana da Baixada Santista - PMDI RMBS. Dentre os itens abordados, tem-se a qualificação físico-funcional dos municípios que compõe a Região Metropolitana da Baixada Santista que em síntese apresentava:

• Santos - Cabeceira de Região - o Município de Santos, no âmbito da RMBS, configura-se como cabeceira regional. Essa condição provém das funções que historicamente vieram sendo atribuídas ao Município e por ele desempenhadas, notadamente a portuária, que, com sua irradiação na geração de atividades associadas, conferiu a Santos a concentração de serviços diversificados, na qual encontraram espaço crescente especializações de alcance supramunicipal, ganhando, por assim dizer, impulso próprio e poder de auto alimentação. Nesse sentido, Santos como que acompanha as feições do processo pelo qual passou o pólo metropolitano de São Paulo, também tendo enfatizadas, nas etapas mais recentes, suas funções direcionais e de alta especialização junto ao parque de negócios, concomitantemente à retração verificada nas taxas de crescimento populacional.

• Cubatão - Centro Industrial e de Suporte Logístico - o Município de Cubatão ostenta, tal como Santos, mas com perfil oposto, posição singular no quadro da RMBS. Configura-se claramente como um pólo especializado: inicialmente, no aspecto logístico, dado o fato de abrigar em seu território importantes instalações dos sistemas energéticos (Usina Henry Borden e Refinaria Presidente Bernardes) e de transportes (base operacional do modo ferroviário); em seguida, no aspecto da indústria pesada, nos segmentos da petroquímica e siderurgia.

• Guarujá/Praia Grande/São Vicente - Áreas de Especialização em Lazer e Turismo, Centros de Suporte Logístico Associado - Estes três municípios, embora com perfis não idênticos, compartilham, no entanto, no âmbito regional, as funções de suporte logístico e de provimento de ofertas de lazer e turismo. Guarujá, por sediar parte importante do complexo portuário regional, afirma-se, neste aspecto, como pólo logístico, função essa que veio sendo acentuada pela localização, no Município, de contingentes de população atraídos pelas ofertas de trabalho no próprio complexo e em atividades correlatas. Nessa componente de caráter logístico, de prover o assentamento para a população ligada aos centros de trabalho regional, a influência do parque industrial de Cubatão se faz sentir, conotando Guarujá, em parte, como “cidade-dormitório”. Essa função faz-se, hoje, presente, com grande intensidade, nos demais municípios do grupo - São Vicente e Praia Grande, nestes casos, aparecendo como fator indutor principal à acessibilidade propiciada pelo eixo rodoviário Pedro Taques/Manoel da Nóbrega. Para os três municípios do grupo, as ofertas de lazer de veraneio e turismo, com as atividades conexas de diversão e gastronomia, conformam uma função claramente presente. Há diferenças de mercado na habilitação dessas ofertas, prevalecendo em Guarujá a destinada aos segmentos de renda mais elevada, em São Vicente já ocorrendo uma maior diversificação, com presença predominante da orientada aos segmentos de renda média e menos elevada, e, em Praia Grande, uma participação mais significativa dos estratos menos afluentes. Essa situação, no entanto, encontra-se em pleno processo de mutação, na medida em que a grande expansão

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urbana verificada em Praia Grande nas quatro últimas décadas, associada a padrões urbanísticos e edifícios bastante precários, engendrou a necessidade de ações de elevação de padrão e agenciamento, como meio de enfrentar a desvalorização do patrimônio e a estagnação, que já se prenunciavam para o setor imobiliário local. Em decorrência, uma série de políticas públicas foi adotada pelo Município, por vários períodos administrativos seguidos, promovendo a melhoria das condições de saneamento básico, a despoluição de praias, a elevação dos padrões de projeto e agenciamento de logradouros, e um ordenamento mais rigoroso do uso e ocupação do solo, que, em conjunto, não tardaram a gerar respostas positivas as quais, hoje, já se fazem evidentes, nivelando o Município aos demais do grupo, de forma, até, surpreendente.

• Bertioga/Itanhaém/Mongaguá/Peruíbe - A Especialização Predominante em Lazer e Turismo - Para este grupo de municípios, as funções de provimento de lazer e turismo mostram-se claramente predominantes, associando-se, em Peruíbe, a importantes funções de conservação ambiental que não conflitam com aquelas. Não deixa de estar presente, neste grupo, a função “dormitório”, um tanto atenuada pelo fator distância em relação aos centros e concentração de postos de trabalho da Região. Menos afetados que o de Praia Grande por processos exageradamente utilitários de urbanização e constituição da oferta imobiliária, os municípios do grupo poderão beneficiar-se indiretamente dos avanços operados naquele primeiro. De qualquer forma, as condições já hoje presentes no eixo das Vias Pedro Taques/Manoel da Nóbrega indicam que o exemplo de Praia Grande deva ser assumido e estendido como política pública de âmbito regional nesse vetor.

O Plano também aponta que naquele momento, “a RMBS encontrava-se ainda essencialmente como pólo funcional complementar semi-especializado ao aglomerado principal do complexo metropolitano de São Paulo”... “E para acessar o quadro de oportunidades emergentes, dependerá, por espaço de tempo de determinação bastante incerta, de sua articulação com a cabeceira do complexo, e da liderança deste na abertura dos mercados e na integração mais plena da economia da Região no contexto mundial hegemônico”.

A formação da rede urbana do Estado de São Paulo sempre esteve estreitamente vinculada a esse processo de intensificação de trocas, cujos centros desempenhavam a função de núcleos através dos quais se articulavam várias rotas comerciais. No decorrer deste século, uma rede urbana composta por diversas hinterlândias sediadas por suas respectivas capitais regionais foi sendo consolidada através de um processo histórico local, fortemente influenciado pela lógica de um processo econômico atuando progressivamente em escala mundial.

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Com relação ao litoral paulista, conforme observa-se a seguir, enquanto a Baixada Santista Central vai fortalecendo suas ligações viárias com a Região da Grande São Paulo, o Litoral Norte vai intensificando com a região do Vale do Paraíba9.

Figura 2.1-1 - Evolução da malha rodoviária no Litoral Paulista

Fonte: DER, 2010.Elaboração: Arcadis Tetraplan, 2010.

É a partir do fim do século XX que Bertioga vai ocupar o seu papel de transição entre estas duas regiões por conseqüência da construção da Rodovia Mogi – Bertioga e da finalização da BR-101, sendo esta última a responsável por implantar a ligação seca do município com a Área Continental de Santos. Também o efeito das obras do Rodoanel principalmente na Baixada Santista Central começam a se fazer presentes já que o transporte de mercadorias e pessoas atinge a região com maior rapidez.

2.1.1.7. Quadro Referencial - Síntese

Na tabela a seguir são apresentadas as participações e as taxas de crescimento do PIB, Emprego e População para as quatro subáreas e para o Litoral Paulista.

9 Imagem elaborada pela Consultoria

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Tabela 2.1-8 - Síntese dos Indicadores Socioeconômicos

Subárea Município

Participação do PIB em Relação ao

Litoral Paulista (2007)

Taxa Média de Crescimento

do PIB

(2003-2007)

Participação do Emprego

em Relação ao Litoral (2008)

Crescimento do Emprego Anualizado

(2000 - 2008)

Taxa Média de Crescimento Populacional

(2000 – 2007)

Participação em Relação ao Litoral (2009)

Lit

ora

l No

rte

Ubatuba 1,67% 3,52% 3,21% 5,71% 2,72% 4,11%

São Sebastião 10,34% 7,64% 3,75% 6,35% 2,42% 3,49%

Caraguatatuba 2,02% 3,43% 4,01% 7,92% 1,82% 4,56%

Ilhabela 0,57% 4,29% 1,37% 12,69% 3,33% 1,33%

Total do Litoral Norte 14,61% 6,37% 12,34% 7,23% 2,39% 13,48%

Bai

xad

a S

anti

sta

Cen

tral

Bertioga 1,15% 5,24% 2,33% 9,41% 4,74% 2,10%

Guarujá 6,98% 0,82% 11,28% 5,14% 1,93% 15,43%

Santos 47,38% 13,93% 39,76% 3,33% 0,39% 21,94%

Cubatão 15,03% 1,96% 10,20% 4,75% 1,60% 6,17%

São Vicente 5,24% 3,22% 8,41% 3,29% 1,02% 16,62%

Total da Baixada Santista Central 75,78% 8,67% 71,97% 3,95% 1,18% 62,26%

Bai

xad

a S

anti

sta

Su

l

Praia Grande 5,16% 4,62% 8,25% 6,04% 3,03% 12,13%

Mongaguá 0,82% 3,91% 1,97% 14,10% 3,13% 2,21%

Itanhém 1,53% 1,66% 2,52% 5,68% 2,94% 4,49%

Peruíbe 1,18% 3,02% 1,77% 6,35% 1,07% 2,82%

Total da Baixada Santista Sul 8,70% 3,78% 14,51% 6,84% 2,75% 21,64%

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Subárea Município

Participação do PIB em Relação ao

Litoral Paulista (2007)

Taxa Média de Crescimento

do PIB

(2003-2007)

Participação do Emprego

em Relação ao Litoral (2008)

Crescimento do Emprego Anualizado

(2000 - 2008)

Taxa Média de Crescimento Populacional

(2000 – 2007)

Participação em Relação ao Litoral (2009)

Lit

ora

l Su

l Iguape 0,51% 2,83% 0,59% 4,94% 0,78% 1,48%

Ilha Comprida 0,20% 4,60% 0,27% 2,34% 4,28% 0,46%

Cananéia 0,21% 3,90% 0,33% 4,15% 1,15% 0,68%

Total do Litoral Sul 0,91% 3,44% 1,19% 4,09% 1,42% 2,61%

Total do Litoral 100,00% 7,80% 100,00% 5% 1,67% 100,00%

Estado de São Paulo - 5,11% - 4,80% 1,36% -

Fonte: IBGE 2010, IPEA e RAIS. Elaboração: Arcadis Tetraplan.

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As datas de início e de fim de período não são as mesmas para todas, mas, permite uma visualização conjunta de tais fenômenos. Assim, a seguir são listadas pontos importantes recuperados de cada item de análise.

A elevada taxa de crescimento do PIB litorâneo tendo como parâmetro a média paulista se deve ao desempenho de somente três municípios: São Sebastião, Santos e Bertioga. No entanto as maiores taxas e representatividade dos PIBs são os de Santos e de São Sebastião, ambos os municípios possuem porto e integram a cadeia petroquímica perfazendo quase 60% do PIB litorâneo.

Como os municípios que possuem os maiores PIBs são aqueles que apresentaram as mais elevadas taxas de crescimento (exceção é Cubatão que cresceu apenas 2% ao ano no período) aponta-se uma tendência de concentração da riqueza ainda maior nos municípios portuários.

A subárea da Baixada Santista Central, apesar de ter apresentado o maior crescimento do PIB, foi a região que teve o menor crescimento relativo no Pessoal Ocupado. Tal fato sugere o caráter capital-intensivo de sua economia, haja vista que foi o setor industrial o protagonista no crescimento do Produto.

A subárea da Baixada Santista Sul apresenta seu melhor resultado em expansão do pessoal ocupado (PO) no setor da Construção Civil, corroborando com a hipótese de que essa subárea está servindo as demais.

A população da Baixada Santista Central, em especial do município de Santos, transborda para outros municípios desta subárea e para a subárea da Baixada Santista Sul. Tal fato reflete-se em um movimento pendular interno ao litoral. Sendo que existe ainda o externo, movimentos entre o planalto e o Litoral Paulista e vice-versa.

O fato de alguns municípios se tornarem "dormitórios" pode deteriorar a qualidade da oferta de determinados serviços públicos dos municípios que recebem esse contingente populacional.

Notas-se que (principalmente a partir de 2004) uma aceleração do crescimento de contratações (Pessoal Ocupado) em diversos setores (Construção Civil, Serviços Industriais de Utilidade Pública, Industria Extrativa Mineral) bem como no próprio nível de produto. Tal fato sugere que ou investimentos estão sendo realizados no local, aumentando a capacidade instalada e a produção.

Municípios, em especial da Baixada Santista Sul, podem sofrer uma demanda por serviços públicos acima de suas capacidades uma vez que existe um contingente populacional crescente residindo nesses municípios.

Municípios da subárea do Litoral Sul possuem pouquíssima dinâmica econômica. A julgar pela participação do PIB no Litoral, decisões de investimento que beneficiem a área são de fundamental importância para o efeito motor da subárea.

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Cabe finalizar sinalizando para as novas configurações produtivas que emergem e que implicam na compreensão de que a região adentrará a um novo ciclo de expansão produtiva derivado basicamente de dois fortes vetores, conforme exposto no Objeto AAE (Frente I):

• o primeiro e mais importante em termos de volume de investimentos abrange a intensificação das atividades de petróleo e gás na bacia de Santos e, futuramente, extração na camada Pré-Sal. Ambos significam a expansão do crescimento desta atividade nos municípios do Litoral Paulista com destaque para a Baixada Central e para o Litoral Norte. Em Santos e Guarujá, principalmente, devem se concentrar as atividades de apoio em terra à exploração de petróleo e gás no mar. No Litoral Norte (Caraguatatuba, principalmente) destaca-se a unidade de tratamento do gás e do bombeamento do petróleo e São Sebastião, aonde se localiza o segundo porto do Estado de São Paulo. A entrada em operação da Atividade de Produção de Gás e Condensado no Campo de Mexilhão, Bacia de Santos é um fato marcante desta trajetória;

• o segundo vetor deriva da necessária expansão e modernização do porto de Santos e de São Sebastião para atender as demandas que se apresentam por parte de inúmeros setores produtivos brasileiros (grãos, minérios, produtos frigoríficos e industriais diversos) que compõem o atual “modelo” de desenvolvimento brasileiro, e pressionam por uma expansão e aprimoramento dos serviços portuários, fenômeno que ocorre em praticamente toda a costa brasileira;

• A expansão das atividades acima estimula o crescimento e mesmo a implantação de novos segmentos da indústria naval (que fornece à indústria petroleira - plataformas, barcos de apoio etc.) e dos serviços de manutenção de embarcações e offshore;

• Além das expansões dos sistemas de transporte hidroviário, ferroviário e rodoviário necessários para atender aos incrementos dos fluxos de mercadorias e pessoas, ou seja, as várias logísticas necessárias a este novo ciclo que se desenha.

E também se estende ao crescimento das atividades urbanas em geral (serviços e demais setores industriais) que ocorrerão em função também do incremento populacional esperado, que implica novas construções habitacionais em conjunto com o redirecionamento de uso das atuais, de casas de veraneio para residência permanente, etc.

Ou seja, trata-se de um processo amplo e complexo que já está em curso e que esta AAE procura captar seus principais movimentos.

Conforme visto sumariamente no item histórico, o litoral paulista passou por vários períodos de expansão, estagnação e mesmo declínio de suas atividades produtivas, de sua economia. Tais fases de expansão e seus tempos de duração podem ser passageiros ou duradouros; processo em que as decisões políticas mais amplas e da política econômica em particular, tomadas pelos governantes tiveram um papel

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decisivo em vários momentos da história econômica do Brasil, conforme também pôde ser verificado.

Assim, por exemplo, a industrialização por substituição de importações foi resultado de uma visão técnica e política de suas possibilidades históricas (os movimentos da economia mundial e as possibilidades de inserção do Brasil) e se transformou assim em política de governo e obteve sucesso ao longo de suas várias fases desde os anos 30 até a década de sessenta e setenta.

Atualmente, à medida que a economia privada ganha maior robustez e os mercados passam a funcionar de modo mais adequado no Brasil com a conquista da estabilização monetária na segunda metade da década de noventa do século passado e se anunciam perspectivas de crescimento dos vários setores produtivos e da infraestrutura econômica e social, a importância da adequação das políticas públicas ganha relevância, pois o Estado ( em suas três esferas – federal, estadual e municipal) por meio de suas políticas, é demandado para exercer novas funções – sendo que a garantia de que tais processos econômicos ocorram de modo sustentável merece destaque entre elas, não só no campo das legislações, mas, da sua atuação concreta para a obtenção de tais resultados.

Nesse contexto é que se entendem os esforços de planejamento por parte dos vários entes que têm interesses ou competências no litoral paulista. Tal como ocorre com o governo paulista congregando e buscando consensos entre esses vários interesses públicos e privados, plano em que se situa também esta Avaliação Ambiental Estratégica, de modo a sinalizar para as principais visões e questões envolvendo esse processo de modo a “preparar” o litoral paulista para este novo ciclo econômico que se anuncia com a chegada dos investimentos do Objeto AAE previstos na Frente I.

2.1.2. Uso e Ocupação do Solo A abordagem de Uso e Ocupação do Solo compreende inicialmente análise dos aspectos conservacionistas, considerando breve histórico de implantação de Unidades de Conservação e identificando principais lacunas em termos de conservação, para, na sequência desenhar um panorama da situação atual do uso e ocupação do solo no litoral paulista.

2.1.2.1. Aspectos Conservacionistas

Contextualização da área de estudo

As paisagens de Floresta Atlântica no litoral paulista caracterizam-se por uma conformação fisiográfica marcante, a Serra do Mar, cujas vertentes íngremes determinam grandes desníveis altimétricos. Condicionado pela presença da serra, o elevado índice pluviométrico na região proporciona o predomínio de formações florestais ombrófilas, além de diferentes ecossistemas associados a condições variadas de altitude, solos, temperatura, declividade, umidade, dentre outros fatores. Esse gradiente de condições físicas propicia, em última instância, crescente complexidade florística, estrutural e de biomassa a partir da faixa litorânea em direção à encosta.

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O Estado de São Paulo, que originalmente possuia aproximadamente 81,8% de seu território coberto por Floresta Atlântica e ecossistemas associados (Costa-Neto 1997), atualmente tem cerca de 7%, dos quais 5,98% encontram-se no litoral (Fundação SOS Mata Atlântica, 1998; WWF, 2006).

Iniciativas de conservação

A primeira ação efetiva relacionada à criação de áreas protegidas na região litorânea ocorreu em 1971, com a criação do Parque Nacional da Bocaina, abarcando expressiva área de morros e serras do litoral norte, além de trecho da planície litorânea. A partir da década de 70, com a preocupação de integrar as unidades existentes de modo a manter padrões originais de conectividade biológica em escala ampla, foram criadas unidades de conservação de grandes extensões territoriais, destacando-se o Parque Estadual da Serra do Mar (1977 - 315.390 ha), a Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar (1984 - 469.450 ha - Estadual) e a Área de Proteção Ambiental de Cananéia-Iguape-Peruíbe (1984 e 1985- 217.060 ha).

Atualmente a região do litoral de São Paulo abrange 41 unidades de conservação que, juntas, conservam uma área de aproximadamente dois milhões de hectares. As UCs de uso sustentável compreendem seis Áreas de Proteção Ambiental (APA), quatro Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), seis Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), três Reservas Extrativistas (Resex) e cinco Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). As UCs de proteção integral são representadas por cinco Estações Ecológicas (EE), 11 parques (Nacionais e Estaduais) e um Refúgio de Vida Silvestre (RVS). As UCs conservam diferentes ecossistemas encontrados na região, como matas de encosta, restingas, mangues e ambientes marinhos, sendo que 28 delas são administradas por órgãos estaduais, onze são federais e duas municipais.

Além das unidades de conservação, são encontradas ainda na região nove terras indígenas de povos Guarani, que abrangem no total área de cerca de 21 mil hectares.

Em 1985, o Estado de São Paulo, através da Resolução CONDEPHAAT 40/85, efetuou o tombamento da Serra do Mar e do Paranapiacaba, abrangendo 1.300.000 ha, iniciativa posteriormente adotada pelo Paraná e outros Estados. A partir dessa visão, foram iniciados os procedimentos para a declaração da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida no ano de 1991 pela UNESCO (Programa MAB - Man and Biosphere) que, atualmente, abrange a maior porção da Floresta Atlântica e ecossistemas associados remanescentes no Estado (Costa-Neto 1997).

Por fim, cabe destacar a iniciativa de identificação de áreas prioritárias para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo, publicada em 2008, que vem sendo construída nos últimos dez anos, no âmbito do Programa Biota-Fapesp e que mapeou: i) os melhores fragmentos remanescentes, em termos de tamanho, de conservação e/ou de características da paisagem, que ainda não estivessem protegidos, como áreas indicadas para a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral, ampliando assim o sistema de conservação estadual; ii) as regiões que não dispunham de dados biológicos suficientes para sustentarem a adoção de estratégias de conservação da biodiversidade remanescente, representando, portanto lacunas do conhecimento biológico; iii) os

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demais fragmentos remanescentes, que deveriam ser protegidos usando outras estratégias de conservação junto com o setor privado, inclusive com respaldo legal, como a averbação como Reserva Legal (Rodrigues e Bononi 2008). O intuito deste terceiro mapeamento foi indicar fragmentos prioritários para incremento de conectividade, que permite o fluxo gênico, fundamental à manutenção de populações.

Em que pesem as iniciativas de preservação adotadas, usos incompatíveis são observados na maior parte das UCs instituídas, ainda que em nenhuma delas as ocupações indevidas ultrapassem 10% de seus territórios. Estes aspectos, relativos a conflitos atuais e futuros, são abordados com mais detalhes no item 1.2. Fatores Críticos Referenciais, subitem 1.2.2.2. Pressões sobre Ecossistemas Terrestres.

Diante do quadro de ameaças acumuladas e crescentes sobre os ecossistemas componentes da Floresta Atlântica paulista, legalmente protegidos ou não, é necessário um esforço de avaliação de repercussões futuras previstas em toda iniciativa de expansão de infraestrutura ou de atividades econômicas de larga escala. Deste modo, podem ser integradas iniciativas de conservação da biodiversidade às estratégias de desenvolvimento, que dependem em última análise, da integridade e funcionalidade dos sistemas naturais.

Os mapas com maior detalhe das áreas de interesse conservacionista e áreas mapeadas pelo Programa Biota – Fapesp são apresentados no Caderno de Mapas, páginas 10, 11, 12, 13, 14 e 15.

Lacunas de conservação

Ambientes continentais e costeiros

A localização e o delineamento das unidades de conservação e terras indígenas representam boa parte dos padrões originais de distribuição e abrangência dos principais ecossistemas na porção continental do litoral de São Paulo. No entanto, se por um lado o conjunto de fisionomias florestais de encostas e serras está muito bem representado, outros tipos de ambientes naturais, tais como florestas ombrófilas de baixada, várzeas e mangues, e especialmente, corpos d’água e ambientes arenosos costeiros, estão muito pouco representados no sistema de áreas protegidas atual (Tabela 1.1.9, Figuras 1.1-2, 1.1-3 e 1.1-4). Desta maneira, a expansão do conjunto de áreas protegidas no litoral de São Paulo deverá ter, como objetivo principal, sanar lacunas de proteção de florestas de baixada, várzeas, mangues, costões rochosos, corpos d’água e ambientes arenosos costeiros.

Tabela 2.1-9 - Representatividade

Tipo de Ambiente Área total (ha)

% em áreas

protegidas Representatividade

Floresta ombrófia densa alto Montana 13018,81 100 Alta

Floresta ombrófia densa Montana 99296,04 100 Alta

Contato floresta ombrófila densa/floresta ombrófila mista

81,48 90,55 Alta

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Fontes: Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008; Unidades de

Conservação – SMA, 2010. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Figura 2.1-2- - Lacunas de proteção da região continental do Litoral Sul de São Paulo

Fontes: Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008; Unidades de

Conservação – SMA, 2010. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Formação pioneira arbustiva-herbácea sobre sedimentos marinhos recentes

3139,04 89,75 Alta

Floresta ombrófia densa submontana 227797,12 78,08 Alta

Formação arbórea/arbustiva-herbácea de várzea

23929,93 45,22 Média

Floresta ombrófia densa de terras baixas 236612,70 39,48 Média

Costao Rochoso 337,01 34,00 Média

Formação arbórea/arbustiva-herbácea de terrenos marinhos lodosos

22767,78 30,32 Média

Areia 2410,69 16,97 Baixa

Corpo d’água 26023,74 10,89 Baixa

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Figura 2.1-3 - Lacunas de proteção da região continental da Baixada Santista de São Paulo.

Fontes: Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008; Unidades de

Conservação – SMA, 2010. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Figura 2.1-4 – Lacunas de proteção da região continental do Litoral Norte de São Paulo.

Fontes: Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008; Unidades de

Conservação – SMA, 2010. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

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Como as áreas medianamente representadas cobrem grande parte da região litorânea fora de áreas protegidas, buscou-se identificar as principais prioridades de conservação com base no cruzamento com as áreas com alta indicação para criação de UCs de proteção integral resultantes do exercício do programa Biota (Rodrigues e Bononi 2008). Foram identificadas três áreas principais, sendo uma no litoral sul (Figura 1.1-5) e duas na Baixada Santista (Figura 1.1-6). No entanto, cabe ressaltar que os resultados do Biota-Fapesp não identificaram os corpos d’água e ambientes costeiros (costões rochosos e praias arenosas) como áreas prioritárias, apesar de essas áreas estarem pouco representadas no sistema atual de áreas protegidas.

Figura 2.1-5 - Lacunas de proteção e áreas com alto grau de indicação para a criação de UCs de proteção integral na região continental do Litoral Sul de São Paulo.

Fonte: Áreas Prioritárias - Biota FAPESP, 2008; Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana

2008 – CPEA, 2008;Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

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Figura 2.1-6 - Lacunas de proteção e áreas com alto grau de indicação para a criação de UCs de proteção integral na região continental da Baixada Santista de São Paulo.

Fonte: Áreas Prioritárias - Biota FAPESP, 2008; Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana

2008 – CPEA, 2008;Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Ambientes marinhos e insulares

A porção marinha do litoral paulista é em grande parte abrangida por Áreas de Proteção Ambiental (APA Marinha Litoral Centro, APA Marinha Litoral Sul e APA Marinha Litoral Norte), nas quais foram definidas áreas de manejo especial, que orientam o uso, principalmente em ilhas e no seu entorno (Figura 1.1-7). Contudo, a área marinha em UCs de proteção integral é bastante reduzida (EE Juréia-Itatins, EE Tupiniquins, EE Tupinambás, PE Itinguçu, PE Prelado, PEM Laje de Santos e RVS Abrigo e Guararitama), provavelmente impedindo a adequada proteção da biodiversidade marinha. Dessa forma, são necessários estudos para identificação de áreas prioritárias para a criação de UCs de proteção integral na região.

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Figura 2.1-7 - Unidades de conservação na porção marinha do litoral de São Paulo.

Fonte: SMA, 2008. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Outros tipos de ambientes de ocorrência localizada, tais como cavernas e cavidades naturais, encontram-se parcialmente representados: das seis cavernas conhecidas no litoral de São Paulo, apenas duas estão situadas no interior de UCs de proteção integral (tabelas a seguir).

Tabela 2.1-10 – Proteção e usos conflitantes em cavernas no litoral de São Paulo.

Caverna UC Uso do solo (entorno)

Gruta Canhabura 1 PE Serra do Mar Áreas nativas

Gruta T47 Desprotegida Áreas nativas

Gruta do São Francisco 1 PE Serra do Mar Agricultura

Gruta da Praia de Sete Fontes Desprotegida Área urbana

Gruta que Chora Desprotegida Área urbana

Gruta da Sununga Desprotegida Área urbana

Fonte: CECAV/IBAMA, 2010

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2.1.2.2. Situação atual do uso e da ocupação do solo

A ocupação desse território, que possui extensão de 700 km e área de 27.000 km², começou por São Vicente no início da colonização do território brasileiro pelos portugueses, e Santos e São Vicente tiveram um papel preponderante de local de entrada no território paulista, durante os séculos XVI e XVII, quando esses dois vilarejos se constituíam como os principais locais com feição urbana na costa paulista.

No século XVIII, com o crescimento do fluxo de transporte entre a vila de São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro através do vale do Rio Paraíba do Sul, aos poucos foi se concretizando a ocupação ao longo desse rio. Na costa norte de São Paulo, a cultura canavieira no século XVII, seguida pela expansão da cultura cafeeira já no século XIX, foi responsável pelo surgimento e consolidação de alguns núcleos no litoral, como Ubatuba e São Sebastião (fundadas ainda no século XVII e funcionando como porto para exportação do açúcar). Mas a proibição da exportação de produtos agrícolas por estes portos (1787), obrigando que esse movimento fosse feito pelo porto de Santos, acabou por consolidar aquela cidade como o porto paulista que provocou a desagregação da atividade econômica urbana no litoral norte.

No século XIX e início do XX, São Paulo, com a cultura do café, se consolidou como o espaço brasileiro onde se dá a acumulação de capital e a expansão da economia, e o porto de Santos e consequentemente a cidade de Santos, tornou-se o núcleo urbano mais importante do litoral paulista.

Foi, portanto, no século XX que se consolidaram as características de ocupação que se tem hoje. Na década de 1950, Santos tornou-se o grande centro comercial da região, graças à atividade portuária, e a ocupação do território, que se iniciara ao lado do porto, já tinha caminhado em direção ao litoral (sudeste), e a orla de Santos começou a ser ocupada pelos primeiros edifícios verticais.

Nas décadas seguintes, com a crescente diminuição de terrenos para assentamento humano, a população de menor renda ocupou parte dos morros da cidade, e o crescimento populacional santista extravasou para os municípios vizinhos, formando os bairros populares de São Vicente, Cubatão e Vicente de Carvalho, em Guarujá.

Com a instalação da Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão na década de 1950 e a implantação de um pólo petroquímico no município, este passou a aglutinar o maior número de empregos industriais da Baixada, sendo que a maior parte dos trabalhadores especializados que ali trabalhavam, moravam no município de Santos, e mais recentemente em Praia Grande. Dessa forma, como local de moradia, ao poucos se criou uma relação de complementaridade entre o papel desempenhado pelos municípios de Santos e Cubatão, onde a população de maior renda mora em Santos e trabalha em Cubatão e a população de menor renda mora em Cubatão e trabalha em Santos, Guarujá e São Vicente.

Ainda na década de 1950, Guarujá já desempenhava um papel turístico na Baixada, que se consolidaria nas décadas seguintes. Ligado por balsa a Santos, transformou-se no local de veraneio das famílias de maior renda, tanto de Santos quando da capital paulista. Na década de 60 essa função se consolidou, a Praia de Pitangueiras aos poucos foi verticalizada, e através dos anos, o Guarujá passou a atrair um turismo de veraneio de população de média e alta renda.

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Com a expansão da atividade turística de veraneio como um bem de consumo de massa, a partir da década de 60, o litoral paulista foi pouco a pouco ocupado por loteamentos de veraneio. Eles se espraiam ao longo do litoral sul, com a abertura e melhoria do acesso através da Rodovia Pedro Taques, sendo da década de 60 a expansão e consolidação de Praia Grande como local de veraneio de população de média renda. Essa ocupação espraia-se, nas décadas de 80 e 90, em Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, fazendo que ao longo da planície costeira desses municípios se tenha uma mancha urbanizada praticamente contínua.

O litoral norte teve uma outra forma de ocupação do território para as atividades de veraneio. Caracterizado pela ligação rodoviária precária entre as cidades litorâneas até meados da década de 1980 (o trecho paulista da Rio-Santos foi inaugurado em 1984), os assentamentos de veraneio se espalharam inicialmente ao longo dos acessos ao planalto, no território de São Sebastião, nas proximidades da Mogi-Bertioga, no território de Caraguatatuba (acessado pela rodovia dos Tamoios), e finalmente a partir da década de 80 se generalizaram em todo território, com uma ocupação onde predominam características mais populares em Bertioga (excluindo-se empreendimentos localizados) e Caraguatatuba, e com características de melhor padrão em São Sebastião e Ubatuba.

No litoral norte, é impar a situação de São Sebastião, que no seu centro urbano abriga o terminal petrolífero Almirante Barroso, onde é armazenado todo o petróleo refinado no território paulista. Essa atividade destoa, inclusive por seu tipo de impacto nos recursos naturais, da atividade econômica predominante da região, que é o turismo.

O Litoral Sul apresenta características diferenciadas. Os núcleos de povoamento estão fortemente vinculados aos aldeamentos indígenas que existiam na região, e sua sobrevivência enquanto estrutura urbana através dos séculos, relaciona-se a locais de entreposto comercial para os produtos agrícolas e pesqueiros explorados na região (extrativismo, cultura da banana, pecuária) e vinculam-se a uma economia de subsistência em grande medida até os dias atuais. São núcleos relativamente pequenos e concentrados espacialmente, com condições de acesso precárias e, embora presente, a atividade turística não é economicamente representativa.

Zoneamento Ecológico Econômico / Legislações Municipais de Uso e Ocupação do Solo

A proteção aos recursos naturais foi sendo estabelecida ao longo do século XX como forma de resistir ao comprometimento dos recursos ambientais que a crescente ocupação ocasionou num território ambientalmente vulnerável e com características ambientais peculiares.

Nos anos 90 começou a ser discutida a necessidade de parâmetros de uso e ocupação do solo regionais para esse território, no bojo da discussão de um Zoneamento Costeiro no âmbito federal. O órgão estadual de meio ambiente em meados dos anos 90 passou a se envolver na discussão de uma regulamentação para esse amplo território, tendo sido escolhido como prioritária a porção norte do litoral, que passava então por uma grande expansão da ocupação por assentamentos de veraneio e por uma acentuada especulação imobiliária. O Zoneamento Ecológico-

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Econômico para o litoral norte foi por fim regulamentado pelo Decreto Estadual n.º 49.215, de 7 de dezembro de 2004.

Essa mesma discussão foi levada para a Baixada Santista, tendo sido elaborada Minuta de Decreto que ainda está em análise.

Dos três municípios do Litoral Sul, apenas Cananéia tem um Macrozoneamento e Cananéia, na condição de APA, tem um Zoneamento Ambiental.

O mapa de Zoneamento Ecológico Econômico do Litoral Norte e as Propostas de Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista apresentadas pelo Grupo Setorial e pela SMA estão no Caderno de mapas, páginas 16, 17 e 18..

Características da Ocupação Atual

Considerando os 16 municípios que integram a região litorânea paulista, condições geomorfológicas, de acessibilidade e os diferentes processos de ocupação e de exploração econômica levaram a uma diferenciação muito grande nas características da ocupação.

Para melhor caracterizar o território, foram considerados trechos que apresentam características comuns, o que permite agregar municípios e diferenciá-los entre si, conforme apresentado no Mapa Municípios do Litoral Paulista Agrupados por Setores da Ocupação Atual (vide Caderno de Mapas, página 33) e descrito a seguir:

1. Baixada Santista

1.a Santos, São Vicente, Cubatão, Vicente de Carvalho (Guarujá) - território que concentra atividades industriais e infraestruturas de serviço e que corresponde aproximadamente à Baixada Central.

1.b Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe – municípios conurbados, que mantêm relações de complementariedade com Santos, além das atividades turísticas, que corresponde à Baixada Sul.

2. Litoral Norte I: Bertioga, setor ocidental de São Sebastião, Ilhabela – caracterizados pelo predomínio de atividades associadas ao turismo que, à exceção de Bertioga, compõem o Litoral Norte, em conjunto com as outras duas regiões a seguir apresentadas.

3. Litoral Norte II: São Sebastião, Caraguatatuba – centros urbanos com especialização em serviços e com maior diversificação de infraestruturas urbanas no contexto do Litoral Norte.

4. Litoral Norte III: Ubatuba – caracterizada pelo predomínio de atividades turísticas.

5. Litoral Sul: Cananéia, Iguape, Ilha Comprida – território caracterizado pela ocupação de menor densidade e pela presença de amplas áreas submetidas a diplomas de proteção ambiental de caráter restritivo.

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2.1.2.3. Ocupação do solo no planejamento local e regional - tendências e proposições

1. Baixada Santista

A região metropolitana da Baixada Santista tem características próprias quanto ao uso e ocupação do solo. Sua configuração apresenta uma conformação tipicamente urbana, ressaltando-se a importante presença do pólo industrial em Cubatão, do setor terciário em Santos, sendo a prestação de serviços uma das principais atividades da região. A diversificação da economia regional foi determinante a partir dos anos 50, com o início da implantação do Parque Industrial de Cubatão, a convergência de migrantes, o incremento da construção civil, a intensificação das atividades industriais; a melhoria das ligações viárias Planalto-Baixada também estimulou as atividades turísticas dirigidas ao litoral.

De um lado, o desenvolvimento das forças produtivas (indústria, porto, setor terciário) trouxe uma melhoria nas condições de vida; por outro lado acentuou as desigualdades sociais, na medida em que não permitiu a integração do assalariado à produção, provocando marginalização, subemprego e aumento da ocupação por assentamentos subnormais, situados em áreas de risco e em Áreas Legalmente Protegidas (vertentes da Serra do Mar, manguezais).

Em função do reduzido território insular de Santos e da valorização dos terrenos houve grande concentração (fixação) de população de baixa renda em assentamentos subnormais (favela, autoconstrução em loteamentos irregulares) em áreas ambientalmente mais sensíveis.

Com a consolidação da ocupação urbana em Santos, e consequente aumento do custo das terras, houve um transbordamento da população de Santos e São Vicente para Vicente de Carvalho e Praia Grande e destes, para Bertioga e Mongaguá, configurando uma mancha urbana linear limitada, fisicamente, pela Serra do Mar e pelo Oceano Atlântico.

A partir da década de 40-50 iniciou-se a verticalização da orla em Santos e São Vicente que, posteriormente, se estendeu a Guarujá, Praia Grande e, em menor proporção, a Mongaguá. Visando atender essencialmente a demanda turística (2ª residência), modelo que demandava um máximo de infraestrutura nos picos das temporadas e ociosidade durante grande parte do ano.

Houve, sucessivamente, a expansão dos principais destinos turísticos para Praia Grande, Mongaguá, Peruíbe, Itanhaém, Bertioga.

Outras obras foram importantes para a expansão da região: a implantação das rodovias dos Imigrantes; Cubatão – Pedro Taques; Manoel da Nóbrega (1976) (liga a Baixada ao litoral sul); Piaçaguera - Guarujá; Rio - Santos (1984).

A região sofreu forte processo de degradação ambiental, perda de qualidade de vida, poluição industrial, portuária e doméstica. A partir dos anos 80, destinos turísticos preferenciais dirigiram-se ao litoral de Caraguatatuba e Ubatuba.

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Estima-se que cerca de 41,37% da população de Cubatão reside em habitações subnormais (encostas de morros – PESM, margens de rodovias, mangues); cerca de 39,91% de Guarujá, 9,35% em Santos (favelas e cortiços), 17,92% em São Vicente (dados AGEM).

1.a Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá

Corresponde às parcelas destes municípios conurbadas e interdependentes. O território caracteriza-se pelo alto grau de ocupação do solo, com a intensa verticalização da orla (Santos, São Vicente) prioritariamente associada à ocupação turística, mas que se expande para a população residente. De modo geral, a ocupação consolidada é recortada por canais de drenagem (Santos, São Vicente, Cubatão) e por morros e morrotes isolados. Habitações subnormais espraiam-se em áreas de preservação e ambientalmente vulneráveis (áreas de risco), margens de canais e mangues.

Destaca-se a presença de ocupação de caráter industrial, correspondente ao pólo industrial de Cubatão, de setores de infraestrutura e de serviço (Usina Henri Bolden), Porto no Canal de Santos (Santos-Guarujá), Aeroporto (Guarujá).

Cubatão

Encontra-se em situação geomorfológica específica, delimitada pelas vertentes da Serra do Mar e por extensos manguezais

Na maior parte do território passível de ocupação situam-se usos industriais e de serviço de grande porte, entremeados por vazios intersticiais, em sua maior parte correspondendo a morros preservados pela legislação ambiental.

Pelo Plano Diretor, nesta área industrial há áreas de expansão por usos de comércio e serviços, industrial, retro portuária e portuária, associados à linha de Transporte Multimodal Regional no Canal de Piaçaguera.

O centro urbano da cidade encontra-se totalmente comprometido pela ocupação, com processos iniciais de verticalização, destacando-se a presença de comércio local. Outra zona de ocupação urbana, Jardim Casqueiro, também apresenta processo de verticalização, com alguns vazios ainda passíveis de ocupação.

No Plano Diretor são delimitadas Zonas de Interesse Social associadas a ocupação existente por subabitações, externas à área de ocupação urbana.

No ZEE, a Zona Urbana e a maior parte da expansão da Zona Industrial estão delimitadas em Z.5; parte (junto ao canal de Jurubatuba e da foz do Rio Mogi) inserem-se em Z.1 (área de mangue, embora em grande parte alterada, correspondendo a campos antrópicos). O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 26.

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Santos

A parte insular do Município de Santos encontra-se totalmente comprometida pela ocupação, ressaltando-se os morros na divisa com São Vicente. Toda a orla do Canal de Santos é caracterizada pelas instalações portuárias e retro portuárias; em situação centralizada desta orla, situa-se o centro histórico e administrativo da cidade. No restante da trama urbana, predomina a ocupação residencial uni e multifamiliar, destacando-se, junto à orla marítima, o uso residencial verticalizado associado a usos turísticos, destacando-se um subcentro urbano em correspondência à Praia do Gonzaga.

A presença de subabitações está associada às vertentes dos morros (divisa com São Vicente) e a cortiços no centro histórico.

Na parte continental do município, a ocupação é fragmentada e pouco expressiva, correspondendo a instalações industriais e de serviços associados à extensão do ramal ferroviário, na divisa com Cubatão e na Ilha Barnabé. É nesta porção continental do município que é prevista expansão da área urbana, com glebas reservadas a usos portuários e retro-portuários às margens do Canal de Santos e usos urbanos (predominantemente residencial, misto) ao longo da Rodovia SP-055.

Em grandes linhas, esta expansão da ocupação é, em algumas situações, conflitante com o ZEE, no caso da expansão portuária, delimitada como Z.1 (de preservação) e no caso da expansão urbana, delimitada em Z.2. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 25.

São Vicente

Sem apresentar as características de ocupação por usos industriais e de serviços, São Vicente é conurbada a Santos em sua área insular; também apresenta uma ocupação intensiva, verticalizada na orla oceânica, destacando a expressiva presença de habitações sub-normais, assentadas às margens dos canais que recortam a área urbana.

Na parte continental do município, a ocupação é descontínua, nucleada ao longo da SP-055, com loteamentos de padrão baixo, núcleos de subabitações e, na extremidade sudoeste, assentamentos industriais (Petroquímica).

A expansão de usos urbanos neste setor continental (Plano Diretor) considera a regularização dos usos habitacionais, zonas de ocupação restrita e de recuperação (ZEIs), zonas de usos industriais, de serviços e de recuperação de áreas alteradas.

Esta expansão da ocupação está aproximadamente de acordo com as diretrizes do ZEE, correspondendo a áreas mapeadas como Z.5 e Z.5E. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 27.

Guarujá

A vertente oceânica do Município de Guarujá caracteriza-se pela ocupação turística de alto padrão, secundada pelos usos de comércio, serviços e institucionais. Destacam-se setores verticalizados e setores de ocupação unifamiliar, de média e baixa

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densidade, estes na porção leste do Município (São Pedro, Iporanga) onde a ocupação insere-se em áreas com predomínio de ambientes com baixo grau de alteração.

O Zoneamento Municipal pouco difere do ZEE, pois não considera expansão da malha urbana atual, mas seu adensamento e inclui, em zonas delimitadas como Z.1 (preservação), áreas com ocupação de baixa densidade e padrão alto, quando localizadas em parcelas territoriais que permanecem bem conservadas. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 24.

Na porção noroeste do Município (Vicente de Carvalho) situam-se as instalações aeroportuárias de Santos e usos de serviço associados ao terminal ferroviário. A extensão da Rede Ferroviária Federal na margem esquerda do porto, propiciou o prolongamento do cais nesta margem do Canal, associado ao Corredor de Exportação de Santos.

Há extensa ocupação residencial de padrão médio-baixo, entremeada por habitações subnormais entre a ferrovia e a rodovia de acesso à área central de Guarujá. Na porção meridional do canal encontram-se as instalações do CING – Complexo Industrial Naval de Guarujá.

No Zoneamento Municipal, é considerada uma Zona de Expansão Industrial a leste da SP-055, considerada no ZEE como Z.5 e Z.5E, compatíveis a estes usos.

É neste espaço, potencialmente provido por infraestruturas, associado aos Canais de Santos (Santos, Guarujá) e Piaçaguera (Cubatão) que se concentra o maior número dos empreendimentos do Objeto AAE, em zona com característica de ocupação e provimento de infraestruturas. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 24.

1.b Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe

O vetor Santos - São Vicente - Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, configura municípios conurbados numa mancha de ocupação contínua, onde a ocupação preferencial é de caráter turístico (2ª residência) por uma população de média renda e vem sendo complementada, a partir de Praia Grande, por uma crescente ocupação de empregados em Santos e Cubatão. Esta ocupação está espacialmente definida entre o traçado da SP-055 e a orla marítima, com processos de verticalização, especialmente em Praia Grande, expandindo-se a norte da rodovia em assentamentos mais populares, que incluem Conjuntos Residenciais de Interesse Social.

Praia Grande

Em Praia Grande, a ocupação, e sua expansão prevista no Zoneamento Municipal, é restrita à margem direita do rio Preto/rio Branco sendo considerada, na margem esquerda, Zona de Transição que delimita o PESM.

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O Zoneamento Municipal é concordante, de modo geral, com as diretrizes da Proposta da SMA como resposta ao parecer do CONSEMA à proposta de ZEE do Grupo Setorial, delimitando, entretanto, Zona de Usos Diversificados (incluindo uso industrial, de comércio e serviços) limítrofe à SP-055, na divisa com o município de São Vicente.

Este zoneamento também delimita ZEIS’s em correspondência a áreas indicadas para regularização urbanística, implantação de programas habitacionais, complementação da urbanização. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 28.

Mongaguá

No Município de Mongaguá, a ocupação entre a SP-055 e a orla marítima, com usos predominantemente dirigidos à ocupação turística (2ª residência), é delimitada, a norte, presença de Área Natural Tombada e Terras Indígenas.

Itanhaém

Prossegue a ocupação conurbada (principalmente de caráter turístico), entre rodovia, ferrovia, orla marítima, adentrando na extensa planície drenada pelo Rio Itanhaém.

O Zoneamento Municipal (1999) acompanha aproximadamente as diretrizes da Proposta da SMA, havendo, entretanto, situações de ocupação já existentes possivelmente conflitantes. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 29.

Peruíbe

Prossegue a ocupação praticamente conurbada entre ferrovia/rodovia e orla marítima, interrompida pelas áreas de preservação do Vale do Rio Negro. A ocupação urbana segue os padrões de loteamentos paralelos à orla litorânea, mais adensada entre a ferrovia e a orla, descontínua a norte da rodovia, onde são secundados por usos agropecuários contíguos a vias vicinais. Usos agropecuários inserem-se em áreas do PESM, na T.I. Peruíbe e em Área Natural Tombada (ANT). A T.I. Piaçaguera, em fase de demarcação, atravessa a malha urbana no sentido litoral-interior.

O centro urbano tem características históricas e culturais relevantes.

A sudoeste (foz do Rio Guaraú), a ocupação é restrita pela delimitação de Unidades de Conservação, associadas a condições geomorfológicas específicas. Ferrovia e rodovia desviam-se do traçado paralelo à orla litorânea, fato que condiciona também mudanças nos padrões de ocupação. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 30.

2. Litoral Norte I: Bertioga, Setor Ocidental de São Sebastião, Ilhabela

Bertioga

A ocupação desenvolve-se com maior expressão, embora com certa descontinuidade, entre o traçado da SP-055 e a orla marítima. O núcleo central, com equipamentos institucionais, de comércio e serviços, situa-se na foz do Canal de Bertioga, onde a

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balsa faz conexão com Guarujá (SP-061). Alguns loteamentos situam-se a norte da rodovia (planície), onde são presentes assentamentos de subabitações. Predomina o uso unifamiliar ocorrendo, entretanto, processo de verticalização, em situações localizadas.

Há inúmeras marinas no canal de Bertioga e na costa marítima.

Toda área de ocupação urbana e parte da planície situam-se em Área Natural Tombada. A planície é delimitada pelo PESM – Núcleo São Sebastião.

A rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) conecta-se à SP-055 no trecho terminal da enseada de Bertioga.

Neste padrão de ocupação, destacam-se, a leste, a implantação de empreendimentos turísticos de grande porte, dirigidos à classe média e médio-alta (São Lourenço) e loteamentos de padrão médio (praias de Guaratuba e Boracéia). Nesta porção leste do município, a SP-055 margeia a faixa litorânea e a ocupação adentra a planície aluvial.

O Zoneamento Municipal considera uma ocupação mista (comércio, serviços, residencial) em ambos os lados da rodovia e estende a área passível de ocupação urbana cerca de 1000 m a norte da rodovia, ressaltando áreas de preservação e/ou especiais nas planícies aluviais do Rio Itapanhaú, na Barra do Itaguaré e do Itaguá

Esta expansão contraria em grande parte o ZEE (área delimitadas como Z.1 e Z1AEP, a leste). Interfere também em Área Natural Tombada e na T.I. Guarani do Ribeirão Silveira. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 23.

Setor Ocidental de São Sebastião

O litoral oeste de São Sebastião caracteriza-se pela proximidade das vertentes da serra ao litoral, configurando uma séria de praias pouco extensas mas de relevante interesse paisagístico, locais onde incidem diferentes regulamentações ambientais, com três Áreas Naturais Tombadas e inúmeras ARIEs.

A ocupação de caráter turístico unifamiliar ocorre nas planícies que delimitam a costa, em assentamentos de alto padrão, constituindo pequenos núcleos com alguns usos de serviços (pousadas, restaurantes), havendo uma forte tendência (Juqueí, Baleia) à implantação de condomínios horizontais. Limítrofes a esta ocupação, geralmente em locais vulneráveis, há núcleos de habitações subnormais.

O Zoneamento Municipal de São Sebastião considera a expansão e consolidação da ocupação urbana na maioria das áreas aplanadas limítrofes às praias e ocupação urbana “condicionada” nas planícies mais extensas das praias de Boracéia e Una e da Praia da Baleia, além de várias modalidades de proteção ambiental, interesse paisagístico e turístico. Este zoneamento apresenta algumas discordâncias em relação ao ZEE, pois a maioria destas zonas de expansão situa-se em Z.2, secundariamente em Z.4; interfere ainda em parte da T.I.Guarani - Ribeirão Silveira. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 21.

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Ilhabela

Em correspondência ao Canal de São Sebastião, Ilhabela apresenta ocupação similar, de caráter turístico de padrão alto, restrita a áreas praieiras e baixas vertentes.

O Zoneamento Municipal de Ilhabela acompanha o ZEE, no limite do PESM. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 22.

3. Litoral Norte II: São Sebastião, Caraguatatuba

São Sebastião

O centro urbano de São Sebastião destaca-se pela presença das instalações portuárias e do terminal da Petrobrás, que ocupam grande porção da área urbana. Na ocupação da faixa litorânea, a norte/nordeste do centro urbano, denominada Costa Norte, destacam-se equipamentos voltados ao turismo, mas sobretudo assentamentos com ocupação urbana com caráter de residência permanente, principalmente junto à divisa com Caraguatatuba, com presença de habitações subnormais.

No Zoneamento Municipal, a ampliação da zona de ocupação urbana é restrita em torno do centro urbano consolidado, visto as restrições topográficas, e à extremidade norte do município (divisa com Caraguatatuba), onde é delimitada uma “Zona de Urbanização Especial” (Z.4 no ZEE). O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 21.

No centro urbano de São Sebastião, é prevista a implantação de nove núcleos associados ao Objeto AAE.

Caraguatatuba

A sede municipal assenta na porção sudoeste do Município, afastada cerca de 25km do Porto de São Sebastião. Apresenta ocupação contínua, desde a divisa com este município, ao longo de cerca de 15 km, mais consolidada entre a SP-55 e a praia, ocorrendo de forma descontínua, a oeste da rodovia. Próximo à área central da cidade, a SP-099 (rodovia dos Tamoios) conecta-se a SP-055, interligando o litoral ao complexo Dutra-Ayrton Senna e à região de São José dos Campos.

O centro urbano assenta em planície relativamente ampla e é delimitado, a oeste, por extensa gleba com usos agropecuários. No Zoneamento Municipal, esta gleba está delimitada como Zona de Expansão Urbana, contemplando usos de preservação, usos mistos verticalizados, industriais (associados a petróleo e gás), zona de logística e retro portuária, área de suporte urbano, aeroporto. Sete dos empreendimentos do Objeto AAE situam-se nesta gleba, e quatro na área urbana de Caraguatatuba.

A proposta de utilização desta gleba contrapõe-se ao ZEE, onde é delimitado como Z.3 (usos agropecuários).

No restante do município, não são previstas zonas de expansão urbana, além das já comprometidas pela ocupação. Há uma previsão de adensamento, pela verticalização,

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com diversos gabaritos. São também demarcadas Zonas Especiais de Interesse Social, geralmente em correspondência a assentamentos pouco consolidados, de população residente.

Em todo este trecho oriental do município predomina a ocupação de caráter turístico, acompanhada por núcleos de comércio, num padrão predominantemente unifamiliar, com setores verticalizados. Na divisa com o município de Ubatuba situa-se o empreendimento Tabatinga, de alto padrão. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 20.

4. Litoral Norte III: Ubatuba

Este padrão de ocupação predominantemente turístico estende-se no município de Ubatuba.

Além da rodovia SP-055, a sede municipal é também acessada pela SP-125, que se interliga à Via Dutra, em Taubaté.

As condições de relevo, com morros afastados dos contrafortes da serra, condicionam um intenso recorte da faixa litorânea, com penínsulas e inúmeras ilhas, que propiciam um grande potencial paisagístico a este trecho do litoral paulista, onde predominam assentamentos de 2ª residência de alto padrão. Apenas a praia de Maranduba, em correspondência a uma planície mais ampla, apresenta alguns equipamentos de apoio, comércio e serviços e maior incidência de população residente.

O trecho litorâneo a leste da sede municipal tem uma ocupação mais rarefeita, destacando-se a permanência de núcleos caiçaras.

Praticamente toda a área de ocupação atual insere-se em Área Natural Tombada e é delimitada pelo PESM (Núcleo Picinguaba). Na porção oeste situa-se a T.I. Boa Vista do Sertão do Prumirim.

O macrozoneamento do Plano Diretor (2006) pouco difere do ZEE quanto às áreas de preservação. Entretanto estende zonas de ocupação nos “sertões”, e na orla marítima, em áreas delimitadas, no ZEE, como Z.3, Z.2 e mesmo Z.1. O mapa do plano diretor com legenda compatibilizada é apresentado no Caderno de mapas, página 19.

5. Litoral Sul: Cananéia, Iguape, Ilha Comprida

A porção meridional do litoral paulista diferencia-se quanto a aspectos ambientais e de ocupação do restante do território. Distingue-se do restante do litoral paulista por suas características geomorfológicas, caracterizadas por um complexo fluvio-estuarino e pelas condições de maior isolamento em relação a centros urbanos de polarização regional.

O complexo da Serra de Itatins, os morros do Grajaúna e da Juréia, as extensas planícies flúvio-lacustres que delimitam a faixa litorânea, condicionaram a implantação de infraestruturas viárias e as formas de ocupação.

Ao longo de cerca de 40 km (a partir da divisa com o município de Peruíbe) a região é delimitada nas Unidades de Conservação E.E.c Juréia-Itatins, EEC Banhados de

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Iguape, RDS do Despraiado, RDS Una da Aldeia, PE do Prelado, T.I. Serra dos Itatins, todas no Município de Iguape. Ainda em Iguape situa-se a EEc Chaúas. A APA Cananéia-Iguape-Peruíbe abrange todo o território de Ilha Comprida, a quase totalidade do Município de Iguape, sobrepondo-se inclusive ao PE Lagamar de Cananéia; parte de planície fluvial e a zona litorânea (incluindo morros e o complexo estuarino do rio Ribeira de Iguape, sobrepondo-se às U.C.s até o município de Peruíbe).

Em Cananéia encontra-se ainda delimitada a T.I. Rio Branco de Cananéia, o já citado PE Lagamar de Cananéia e o PE Ilha do Cardoso.

A acessibilidade à região dá-se pela rodovia SP-222, que conecta-se à BR-116 entre Miracatu e Juquiá, vence a Serra do Itatins e a extensa planície, interligando-se a Iguape; acompanha a margem do Mar Pequeno, prosseguindo para nordeste (BR-116) onde, em Jacupiranga, conecta-se a SP-226, que acessa a Ilha de Cananéia (balsa).

Os núcleos de povoamento estão fortemente vinculados aos aldeamentos indígenas da região e ao processo de ocupação, associado às atividades pesqueiras e de escoamento da produção agropecuária.

Em Cananéia, e principalmente em Iguape, as atividades agropecuárias são ainda a principal fonte de renda. As sedes municipais têm funções restritas, vinculada em grande parte a uma economia de subsistência.

Em Iguape e Ilha Comprida, é relevante a presença de loteamentos abertos para fins turísticos, em grande parte não ocupados, embora a região tenha potencial paisagístico e histórico-cultural relevante.

Não há diretrizes municipais de ocupação nos três municípios. Ilha Comprida tem o zoneamento da APA, que considera zonas de proteção e zonas possíveis de ocupação e ressalta os pequenos núcleos de pescadores, assentados principalmente às margens do “Mar de Cananéia”. Este zoneamento não reflete, entretanto, as atuais condições de uso e ocupação do solo.

Os mapas dos planos diretores com legendas compatibilizadas são apresentados no Caderno de mapas, páginas 31 e 32.

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2.2. Fatores Críticos Referenciais Os fatores são componentes das dimensões social, econômica ou ambiental e são considerados críticos quando apresentam relevância em relação às alterações ou processos que podem desempenhar para a sustentabilidade em quaisquer destas dimensões. Isso é, o Fator pode guardar relações de causas e efeitos sobre as ações estratégicas que a implantação do Objeto AAE poderá causar ou repercutir na área de estudo.

Para cada Fator Crítico (FC) é necessário identificar os processos estratégicos que contém, assim como os indicadores capazes de aferir seu desempenho temporal. Portanto, não basta identificar o Fator, mas qual processo estratégico deste FC deve ser analisado/avaliado e com que indicadores de controle/monitoramento do processo ou relativo a seu comportamento ex-ante e ex-post.

Como principais processos ou processos estratégicos, entende-se aqueles que são centrais para cada fator crítico pois apresentam riscos à sustentabilidade, pois são desencadeadores de outros processos e/ou estão sujeitos à intensificação com a implantação do Objeto AAE. Os indicadores sinalizam as condições atuais e permitem o monitoramento dessas condições ao longo do tempo, porém, como indicadores, não têm o compromisso de compreender especificidades, que foram incorporadas por meio de uma análise mais qualitativa.

A identificação de Fatores Críticos foi realizada por meio de processo participativo entre as partes interessadas, a partir da discussão dos processos estratégicos e das indicações de monitoramento/estudo retrospectivo ou prospectivo por meio de oficinas10, que propiciem uma discussão sobre a relevância para a sustentabilidade regional, e ainda, por guardar relações de causas e efeitos sobre as ações estratégicas que a implantação do Objeto AAE poderá causar/repercutir.

Os Fatores escolhidos para a caracterização do Quadro Referencial apresentam questões referenciais estratégicas, como por exemplo: os Fatores relacionados à conservação da biodiversidade UCS/Planos de Manejo, políticas públicas e leis urbanísticas como Planos Diretores, Zoneamento Urbano e ZEE do Litoral Norte, que representam elementos que deverão ser considerados para a construção dos cenários futuros.

Assim os FCs são identificados a partir do cruzamento de Fatores Ambientaiscom questões/fatores chaves para a área/região sob influência do Objeto AAE.

As questões que se colocam são: há um processo estratégico a ser estudado e este apresenta riscos a sustentabilidade; quais os indicadores disponíveis e estes serão um guia para avaliar o efeito das ações estratégicas; ou, este aspecto é um fator ou

10 Os Relatórios das Oficinas realizadas em Santos e São Sebastião em novembro de 2009 estão apresentados na

Base de Informações / Abordagem Metológica constituída no processo AAE, disponível para a equipe gestora do

Governo do Estado de São Paulo.

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elemento presente a ser considerado no planejamento futuro, embora não sejam um fator crítico a sustentabilidade.

Segundo Partidário (2007), a AAE como abordagem estratégica deve ser focada em poucos, mas significativos fatores críticos para a decisão (FCD), além de trabalhar com tendências (processos). Esses fatores constituem os temas fundamentais sobre os quais a AAE se deve debruçar, uma vez que identificam os aspectos que devem ser considerados pela decisão na concepção da sua estratégia.

Os seguintes Fatores Críticos e Processos Estratégicos são tratados a seguir:

• Crescimento e Urbanização Desordenadas (item 2.2.1);

• Pressão sobre Recursos Ambientais (2.2.2) - Qualidade do ar, Pressões sobre Ecossistemas Terrestres, Recursos Hídricos e Saneamento, Pressões sobre Ecossistemas Marinhos;

• Demandas Ícones – Déficits Sociais Acumuladas (2.2.3) – Habitação, Saúde, Educação;

• Gargalos e Missing Links da Infraestrutura Econômica (2.2.4) - Transporte;

• Conflitos com Economia Local (2.2.5) – Turismo e Pesca.

2.2.1. Crescimento e Urbanização Desordenadas Nos aspectos de uso e ocupação do solo, o fator crítico considerado foi o risco de crescimento da ocupação de forma desordenada e/ou contrariando a legislação municipal e regional referente ao ordenamento do território. É tratado neste item, portanto, não a ocupação planejada, mas aquela que, em função de vários fatores tais como falta de política habitacional adequada, de fiscalização eficiente, deslocamento (migração) das populações menos favorecidas para as áreas periféricas aos centros urbanos (em função do custo da terra, disponibilidade de áreas etc.), favorecem usos irregulares.

Considerando que a ocupação do território efetuada com base nas legislações de ordenamento territorial e Planos Diretores determina o ordenamento do uso do território, buscou-se evidenciar divergências entre instrumentos de ordenamento (Planos Diretores Municipais e Zoneamentos Econômicos Ecológicos existente - ZEE Litoral Norte) ou proposto (ZEE Baixada Santista), tendo em vista, por um lado, apontar áreas para as quais especial atenção deve ser dada pelo Poder Público e, por outro, sinalizar possíveis movimentos que contribuam para sua resolução.

Para avaliar o risco e abrangência deste crescimento, foram analisados e relacionados os seguintes documentos:

• Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008;

• Planos Diretores Municipais dos Municípios do litoral paulista;

• Zoneamento Ecológico-Econômico - Litoral Norte São Paulo. SMA/CPLEA, 2005;

• Proposta de Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista - SMA, em processo de análise.

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Foi ressaltada a presença de núcleos de subabitações e assentamentos irregulares - geralmente situados em locais vulneráveis, como encostas das serras, manguezais, planícies fluviais - e carentes de infraestruturas básicas e sociais, e a presença, nos zoneamentos municipais, de reserva de áreas para Habitação de Interesse Social – ZEIS.

Entretanto, este fator crítico não se refere apenas aos assentamentos irregulares, mas também considera o incremento da ocupação (indústrias, serviços de grande porte, habitacional) em locais em desacordo com a proposta do Zoneamento Ecológico Econômico.

Condições inadequadas de ocupação, na forma de habitações subnormais, são observadas em praticamente todos os municípios, destacando-se Cubatão, Santos, Vicente de Carvalho (Guarujá), São Vicente. Ocorrem também nas áreas urbanas de Itanhaém, Peruíbe e, no litoral norte, sobretudo em São Sebastião e Caraguatatuba. A maior parte dessas ocupações encontra-se encravada na malha urbana, fato que restringe sua expansão.

Entretanto, as ocupações irregulares situadas em áreas periurbanas, notadamente as associadas a vias de acesso, configuram-se em vetores de expansão, que podem vir a se intensificar com o aumento populacional.

Em Santos, Cubatão, Vicente de Carvalho, São Vicente, e na Baixada Santista em geral, e em parte da cidade de São Sebastião, estes assentamentos estão relacionados às atividades industriais, de serviços de grande porte e da construção civil presentes nos centros urbanos, apesar de serem constituídos principalmente por moradores que trabalham em atividades informais.

No Litoral Norte e nos municípios meridionais da Baixada Santista, esta ocupação subnormal ocorre na franja periurbana, nos chamados “sertões”, que constituem vetores de incremento da ocupação em áreas ambientalmente vulneráveis. Constituída por uma população ocupada principalmente com atividades associadas à ocupação turística (empregados, caseiros, garçons) e da construção civil.

Destacam-se os assentamentos situados em áreas de alto risco geotécnico como as denominadas Bairros Cota, em Cubatão, atualmente em fase inicial de remoção.

De modo geral, estas ocupações, por sua irregularidade, determinam frequentemente pressões sobre ecossistemas de interesse conservacionista, especialmente quando nos limites de Unidades de Conservação ou em Áreas de Preservação Permanente (APP).

Afora os usos urbanos irregulares observados atualmente, verificam-se divergências entre diplomas legais locais (Planos Diretores) e regionais (Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE), que podem propiciar futuros usos indevidos, com chances de se tornar foco de novas ocupação irregulares. Estas divergências se devem a vários fatores, tais como leis municipais elaboradas anteriormente à norma estadual e que não se adequaram a ela; leis mais recentes preparadas durante fase de discussão da minuta do zoneamento regional; diferentes escalas de abordagem, pois os

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zoneamentos municipais geralmente refletem um maior detalhamento da situação existente; divergências e posturas diferenciadas entre os gestores locais e o gestor estadual.

É importante o alinhamento entre Planos Diretores Municipais e ZEE do Litoral Norte e proposta de ZEE para a Baixada Santista. Pela Constituição Federal, compete ao Estado legislar sobre questões ambientais e ao município legislar sobre a questão do uso e ocupação do solo, em âmbito local, assim entendido como interesse circunscrito aos limites do território municipal. Com relação às questões ambientais, a legislação federal e a estadual dispõem sobre os temas, valendo sempre o que for mais restritivo, cabendo aos municípios a edição de normas de interesse local, respeitada a legislação em vigor. Ainda que as diretrizes metodológicas para elaboração do ZEE prevejam considerar planos diretores municipais na sua elaboração, a legislação federal também determina que compete aos municípios adequar suas leis de uso e ocupação do solo ao zoneamento estadual. Posto isso e considerando que as circunstâncias exigirão revisões desses diplomas legais, as divergências entre estes deverão ser analisadas na oportunidade dessas revisões visando seu alinhamento.

São a seguir apresentadas incompatibilidades atualmente observadas quanto a aspectos ambientais e sociais, relativos à ocupação atual e aos vetores de crescimento da ocupação urbana, identificadas por meio do cruzamento de dados de uso do solo, áreas legalmente protegidas e, quando possível, fragilidades do meio físico. São apresentadas, também, as principais divergências observadas entre os zoneamentos municipais e o Zoneamento Estadual do Litoral Norte, assim como as divergências entre os zoneamentos municipais e zoneamento proposto pela SMA como resposta ao parecer do CONSEMA para a Baixada Santista. Cabe destacar que não foi elaborado Zoneamento Ecológico Econômico para o Litoral Sul. No mapa Identificação de Uso e Divergências - Planos Diretores e ZE (vide Caderno de Mapas) estão especializadas as porções do território do Litoral Paulista onde se verificam essas incompatibilidades e divergências identificadas, descritas a seguir.

Litoral Norte

Ubatuba: Não há mapeamento de ocupações subnormais, mas há indício de expansão da ocupação em direção às vertentes da Serra do Mar, inclusive em áreas sem titulação comprovada. Foram detectadas pequenas incompatibilidades entre o ZEE e o Plano Diretor Municipal, com ocorrência de forma difusa, entre zonas ambientalmente protegidas (de acordo com ZEE) e de uso residencial preferencialmente turístico demarcado no Zoneamento Municipal. Cabe ressaltar, contudo, que ocupação de baixa densidade que não implique alterações dos atributos ambientais não conflita necessariamente com Z.1 do ZEE.

Núcleos caiçaras em Ubatumirim podem se tornar vetores de ocupação irregular em direção à serra e ao longo do trecho litorâneo. Destaca-se, ainda, a rodovia SP-383 que liga Ubatuba ao Planalto, como vetor de ocupação em direção à encosta. Ressalta-se que os terrenos situados no município de Ubatuba nas áreas de encosta apresentam muito alta suscetibilidade à ocorrência de escorregamentos, devido às declividades.

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Caraguatatuba: Não se registram assentamentos irregulares, embora haja ocupações irregulares, principalmente associadas aos “sertões”. Há áreas alteradas, antropizadas, que podem constituir-se em vetores de expansão da ocupação. Também neste município observam-se propostas conflitantes entre os dois instrumentos de planejamento. No Plano Diretor Municipal é previsto uso preferencialmente residencial de média e alta densidade na praia Maçaguaçu, conflitante com o ZEE, que prevê, neste trecho, uso residencial de baixa densidade de ocupação. Também na Praia das Palmeiras, o Plano Diretor prevê adensamento, compatível com o uso atual, enquanto o ZEE propõe em parte desse setor do município menor adensamento. Zona com predomínio de negócios e serviços, em zona ambientalmente protegida (de acordo com o ZEE), está prevista no Plano Diretor, de forma linear, entre a rodovia Tamoios e Zonas de Interesse Social, esta última também situada em zona ambientalmente protegida, de acordo com o ZEE.

Destaca-se a extensa gleba próxima à divisa com São Sebastião (Fazenda Serramar), onde o uso mais permissivo definido no ZEE é o uso agrícola, mas onde se estabelece, no Plano Diretor, zona de expansão urbana, com proposta de usos industriais, de serviços de alto impacto e de ocupação residencial.

Zona de Interesse Social é demarcada na extremidade meridional do município (divisa com São Sebastião), local com ocupação fragmentada.

Assinala-se a presença de vetores de expansão irregular da ocupação em correspondência à rodovia dos Tamoios, em zona demarcada como de interesse social (ZEIS), e a leste desta, onde o Plano Diretor estabelece zona de negócios e serviços.

Deve ser ressaltado, contudo, que se encontra em revisão proposta do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento, compatibilizando com as diretrizes do Zoneamento Ecológico – Econômico.

No município de Caraguatatuba ocorrem terrenos com características variáveis. A faixa litorânea apresenta baixa susceptibilidade a recalques e inundação, enquanto o restante da planície litorânea apresenta alta susceptibilidade a ocorrência dos mesmos processos. Nas porções próximas da encosta e nas encostas os terrenos apresentam muito alta a alta susceptibilidade à ocorrência de escorregamentos.

São Sebastião: A porção do território a oeste do centro urbano tem uma ocupação predominantemente turística de alto padrão, associada às praias, cuja descontinuidade é ocasionada pelo relevo. Em toda esta porção do território são inúmeros os assentamentos de habitações subnormais, assentados ao longo da rodovia SP-055 e na franja da ocupação turística, nos chamados “sertões”. É tendência natural a expansão deste núcleos em áreas ambientalmente vulneráveis, pelo aumento dos assentamentos turísticos em locais mais privilegiados e mesmo pelo conseqüente aumento na demanda por serviços pouco qualificados.

No centro urbano, onde a ocupação é limitada pelos condicionantes topográficos e pela ocupação de serviços associados ao porto, são também presentes núcleos de habitações subnormais, assim como na divisa com Caraguatatuba.

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No zoneamento municipal não há distinção entre usos turísticos (segunda residência) e habitações permanentes, permitindo verticalização em faixas praieiras, atualmente com ocupação turística unifamiliar. Esta verticalização é conflitante com o ZEE, que delimita estas áreas como Z4, Z3, Z2. Uso Industrial previsto no Plano Diretor conflita com uso urbano de baixa densidade, previsto no ZEE, na região da Praia da Enseada.

Há incompatibilidades generalizadas em vários trechos do município entre zonas de expansão urbana (Plano Diretor) e zonas de usos de baixo impacto (ZEE), como nas praias da Boracéia, Baleia, Camburi, Maresias. Há vetores de possível expansão de ocupações irregulares em direção às encostas da serra e ao Parque Estadual da Serra do Mar, onde os terrenos apresentam muito alta susceptibilidade à ocorrência de escorregamentos.

Ilhabela: Não há incompatibilidades ambientais na ocupação atual. No município, há relativa compatibilidade entre o zoneamento municipal e o ZEE. Há, entretanto, incompatibilidades difusas ao logo de todo o limite com o Parque Estadual Ilhabela, uma vez que o ZEE prevê uma faixa de uso de baixo impacto apenas no entorno imediato da área urbana atual e o Plano Diretor permite uso residencial preferencialmente turístico (de baixa e muito baixa densidade) aproximadamente até o limite da Unidade de Conservação. Vetores de ocupação irregulares podem se expandir a partir de núcleos de ocupação caiçara, no lado oposto da ilha, espraiando-se pela faixa litorânea e em direção ao Parque Estadual.

Os terrenos situados em Ilhabela são altamente susceptíveis à ocorrência de escorregamentos, com exceção da faixa litorânea que apresenta baixo risco geotécnico para a ocorrência de processos do meio físico (escorregamentos, recalques e inundação).

Bertioga: Na ocupação, predominantemente turística de padrão médio, destaca-se a presença de dois núcleos de habitação subnormal ao longo da rodovia SP-055. Há vetores de expansão (possivelmente ocupações irregulares) ao longo desta rodovia na divisa com Santos, delimitados no Plano Diretor como zona de expansão com baixa densidade (transição urbano-rural). Destaca-se que toda a área urbana a leste do rio Itapanhaú, e parte da planície costeira, estão inseridas em Área Natural Tombada (ANT).

Verificam-se divergências entre o Zoneamento Municipal e a proposta do ZEE, com expansão da ocupação urbana em Z.2 e Z.1. Apesar da relativamente pequena proporção das áreas de conflito, estas podem acarretar riscos de expansão da ocupação de forma não controlada (principalmente a norte da SP-055, em Z.1).

Na região da praia de Boracéia, há divergências entre o zoneamento municipal e o ZEE, tanto com Terras Indígenas, quanto com áreas ambientalmente protegidas e com o Parque Estadual da Serra do Mar, uma vez que é permitido, no Plano Diretor, uso urbano de alta densidade. Incompatibilidade similar, embora de menor extensão, é observada também na praia de Bertioga.

Há riscos de vetores de expansão a partir de Guaratuba e ao longo da rodovia Mogi/Bertioga, assim como nas proximidades do canal de Bertioga, onde pode ocorrer expansão de uso irregular na planície dos afluentes do rio Itapanhaú, que apresentam

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de baixa a alta susceptibilidade à recalques por adensamento de solos moles e inundações.

As porções situadas nas proximidades da encosta são altamente susceptíveis a ocorrência de escorregamentos.

Baixada Santista – Central

Santos: O principal conflito, quanto a aspectos ambientais e sociais, é a presença de subabitações em áreas de morros (divisa com São Vicente) e cortiços, no centro histórico da cidade (ZH1, conforme PDM) e em áreas de mangue, nas proximidades das instalações portuárias da ilha Barnabé.

Há divergências entre o Plano Diretor Municipal e a proposta de ZEE. No trecho continental do município são delimitadas, no zoneamento municipal, zonas de uso industrial e de serviços (portuária, retroportuária) em áreas ambientalmente protegidas na proposta de ZEE, próximo ao rio Jurubatuba e Ilha dos Bagres, numa expansão das instalações hoje existentes na Ilha de Barnabé. Há também incompatibilidades, de menor expressão, pelos usos urbanos previstos ao longo da rodovia SP- 055, na proposta ZEE delimitados em Z.2 e Z.1. Verifica-se, também, risco de vetores de crescimento urbano irregular no entorno das áreas previstas para uso industrial e de serviços, como nas proximidades do Morro das Neves e da Serra do Quilombo. Ressalta-se que parte dessas áreas apresenta terrenos com alta susceptibilidade a recalques e inundação.

Cubatão: Destaca-se, no município, a saturação de áreas passíveis de ocupação urbana. Grave conflito é representado pelos núcleos de subabitações situadas nas vertentes da Serra do Mar (“bairros-cota”), em manguezais e às margens de canais. Os “bairros cota”, atualmente inseridos no interior do Parque Estadual Serra do Mar (PESM), em áreas de risco geotécnico, na faixa de domínio da Via Anchieta, associados a acidentes com cargas perigosas, estão atualmente em processo de remoção pelo governo estadual.

De acordo com o Plano Diretor do Município, são previstos usos industriais e de serviços nas proximidades do rio Mogi em áreas de mangue, em parte definidas, na proposta do ZEE, como zona protegida (Z.1).

Guarujá: Evidenciam-se divergências em Vicente de Carvalho onde há extensa ocupação residencial de padrão baixo e médio-baixo, entremeada por habitações subnormais em áreas ambientalmente vulneráveis, com tendência de expansão, ocupando parcialmente encostas de morros e áreas de mangue, incluídas em Z1 na proposta do ZEE.

Zona industrial e de serviços prevista no Plano Diretor situa-se em zona com restrições ao uso (Z5E) na proposta de ZEE para a Baixada Santista. Há, ainda, zonas de expansão turística de baixa densidade em área ambientalmente protegida (Z.1), o que pode ser compatível se não implicar alterações dos atributos ambientais originais. Vetores de expansão irregular podem ser esperados ao longo da rodovia SP-055, principalmente em função do uso turístico de alto padrão do entorno. Ressalta-se que

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essa porção do município apresenta alta susceptibilidade à ocorrência de escorregamentos.

São Vicente: Na zona insular, de ocupação consolidada, há expressiva presença de habitações subnormais, assentadas às margens dos canais que recortam a área urbana. Na porção continental do município, a ocupação é descontínua, nucleada ao longo da SP-055, com loteamentos de padrão baixo, núcleos de subabitações, áreas alteradas, possivelmente por atividades extrativistas. Pode-se prever tendências de expansão da ocupação subnormal, em vazios urbanos ao longo da rodovia.

Não se verificam incompatibilidades entre o Plano Diretor e a proposta de ZEE no município. Apesar de não delimitados como ZEISs, há bairros onde é prevista a requalificação urbana, na porção continental do município. Ressalta-se que a zona de expansão urbana é caracterizada por terrenos com alta susceptibilidade à recalque e inundação.

Baixada Santista – Sul

Nos municípios conurbados a sul de São Vicente praticamente inexistem usos industriais; configuram uma ocupação predominantemente turística que convive com características de cidade-dormitório de Santos e Cubatão.

Praia Grande: Núcleos de habitações subnormais e, de modo geral, ocupação de padrão baixo situam-se a norte da SP-055, com tendência de expansão para o interior.

É o único Município, entre os analisados, que apresenta, no zoneamento de uso e ocupação municipal, uma política definida quanto à habitação de interesse social, delimitando glebas destinadas à requalificação ou adensamento da ocupação existente e à implantação de novas moradias. Isto, mantendo o caráter dos assentamentos predominantemente turísticos e contemplando seu adensamento (verticalização) entre a SP-055 e a praia.

Identifica-se conflito entre Zona Industrial prevista no Plano Diretor (limite com São Vicente, glebas lindeiras à SP-055) e a proposta do ZEE, que prevê zonas de uso preferencialmente sustentável, de baixo impacto ambiental (Z2). Por outro lado, o Plano Diretor prevê zonas ambientalmente protegidas sobrepondo-se a grande parte da zona de uso de baixo impacto do ZEE (Z2).

Mongaguá: No município também ocorrem núcleos de habitações subnormais na franja periférica da ocupação. O risco de expansão destes vetores pode causar interferências em áreas legalmente protegidas, Áreas Naturais Tombadas e na Terra Indígena (TI) Itaóca.

Não há zoneamento de uso e ocupação do solo atualizado. Na ocupação atual há algumas divergências com a proposta do ZEE, em zona rural. Ressalta-se proximidade de Terra Indígena da ocupação urbana e de vetores de expansão da ocupação ao longo de estradas vicinais, que margeiam e adentram áreas previstas como de proteção.

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Itanhaém: Na área urbana e periurbana, destaca-se a presença de inúmeros núcleos de habitações subnormais, preferencialmente assentadas nos manguezais da foz do rio Itanhaém e acompanhando a via vicinal que demanda a zona rural.

Verifica-se a previsão, no Plano Diretor, de uso residencial de baixa densidade em Z1 (zona ambientalmente protegida) em vários setores do município, dentro ou no limite da malha urbana atual. Sobressai, nesse contexto, o baixo curso do rio Itanhaém, cujo entorno está assinalado como zona protegida na proposta de ZEE, enquanto o Plano Diretor prevê uso residencial com baixa densidade.

Por outro lado, expressivas áreas, que admitem o uso agrícola na proposta de ZEE, são delimitadas como zonas de proteção no Plano Diretor, ampliando a área a ser mantida sem usos impactantes no território do município. Ressalte-se que esses trechos protegidos se interpõem entre a área urbana e o Parque Estadual Serra do Mar, estando a ocupação urbana distante da UC entre cinco e seis quilômetros. Considerando a existência, atualmente, de núcleos de habitação subnormal ao longo de vias que acessam essas áreas, há riscos de expansão destas ocupações irregulares sobre as zonas ambientalmente protegidas. Ressalta-se que as áreas mais próximas da encosta apresentam muito alta susceptibilidade à ocorrência de escorregamentos, enquanto o restante das áreas apresentam alta susceptibilidade a recalque e inundação.

Peruíbe: A continuidade da ocupação é interrompida pelas áreas de preservação na foz do rio Negro, recentemente delimitada como Terra Indígena. Há núcleos de habitações subnormais nas áreas periféricas do centro urbano, ao longo da faixa de domínio da ferrovia e da rodovia, em áreas alteradas junto à foz do rio Negro.

Verificam-se usos agropecuários que se inserem em áreas do PESM, na T.I. Peruíbe e em Área Natural Tombada.

Não se observam, no município, divergências significativas entre as propostas do ZEE e aquelas do Plano Diretor Municipal, em alguns setores mais conservador que o ZEE (por exemplo, no setor sudoeste do município). Eventuais vetores de expansão urbana, não previstos nos zoneamentos, poderão surgir ao longo da rodovia SP-055, que se dirigem ao interior do território municipal, em zona rural, onde atualmente se observa mosaico de áreas agrícolas, campos antrópicos e vegetação florestal secundária. Parte dessas áreas apresenta alta susceptibilidade à ocorrência de recalque e inundação e parte apresenta alta susceptibilidade à escorregamentos.

Litoral Sul

Para os municípios de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida não há proposta de ZEE. Apenas Cananéia tem Plano Diretor. Ilha Comprida, inserida em APA, assim como a costa litorânea de Iguape, apresentam incremento de áreas alteradas em sua faixa litorânea, geralmente correspondente a loteamentos abertos e apenas parcialmente ocupados. Destaca-se a presença, nestes municípios, de população caiçara (núcleos de pescadores).

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2.2.2. Pressão sobre Recursos Ambientais O conjunto de empreendimentos contemplados no Objeto AAE deverá exercer pressão sobre os recursos ambientais por meio de suas repercussões diretas e indiretas, como pode ser exemplificado citando-se as seguintes pressões:

• nos ecossistemas terrestres, quer pelas alterações nos usos das áreas atualmente ocupadas por remanescentes de vegetação natural, quer pela atração de população que demandará novas áreas para habitação, entre outros processos indiretos, como os usos indevidos que interferem nas áreas ambientalmente protegidas e/ou prioritárias para a conservação da biodiversidade;

• nos recursos hídricos, pelas demandas por água para abastecimento, diluição de efluentes domésticos e industriais diretamente ou indiretamente relacionados ao Objeto AAE;

• sobre os ecossistemas marinhos, destacando-se as condições atuais do estuário de Santos que será alvo de intensificação.

Muitos desses fatores são hoje considerados críticos por apresentarem condições que divergem de uma trajetória rumo à sustentabilidade, muito embora o estado e municípios disponham de políticas públicas para melhoria da qualidade ambiental. Nesse sentido, deve-se ressaltar um dos instrumentos que objetiva acompanhar e relatar a evolução da qualidade ambiental no estado - o Relatório de Qualidade Ambiental 2010 da SMA, divulgado recentemente (abril/2010) -, que apresenta dados relativos à qualidade do ar, recursos hídricos, saneamento, saúde, solos, biodiversidade, entre outros, muitos considerados no presente estudo.

A seguir são discutidos os seguintes fatores críticos no bojo dos recursos ambientais a serem pressionados: a qualidade do ar; os recursos hídricos; os ecossistemas marinhos; e, os ecossistemas terrestres.

2.2.2.1. Qualidade do ar

Atualmente as principais atividades antrópicas do Litoral Paulista que resultam em emissões significativas de poluentes atmosféricos consistem de atividades industriais de grande porte no município de Cubatão e atividades portuárias intensas em Santos. Com exceção de Cubatão todos os outros municípios têm o lazer e o turismo como principais atividades econômicas.

Devido ao uso atual, os municípios da Baixada Santista, exceto Peruíbe, estão saturados por ozônio, e os municípios de Cubatão e Santos estão saturados também por partículas inaláveis.

A qualidade do ar no Estado de São Paulo é monitorada pela CETESB através das redes automáticas e manuais em principais áreas com atividades antrópicas que resultem em emissões significativas de poluentes atmosféricos, como grandes centros urbanos e áreas industrializadas. Atualmente a rede de monitoramento é composta por 41 estações automáticas e 47 estações manuais distribuídas na região metropolitana

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de São Paulo e interior, sendo que o Litoral Paulista é contemplado com duas redes nos municípios de Cubatão e Santos.

O município de Cubatão é monitorado pela rede automática que mede os parâmetros partículas inaláveis (PI), dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), e pela rede manual para o parâmetro partículas totais em suspensão (PTS). O município de Santos é monitorado pela rede manual que mede os parâmetros dióxido de enxofre (SO2) e fumaça.

O controle da poluição atmosférica no Estado de São Paulo é legislado basicamente pelas seguintes resoluções e decretos:

Tabela -2.2-1 - Leis e Decretos estaduais referentes ao controle de poluição atmosférica

Qualidade do Ar

Resolução CONAMA nº 05/89 que “instituiu o PRONAR – Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar”.

O PRONAR tem como instrumentos básicos de gestão ambiental, a proteção da saúde, bem estar das populações e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o desenvolvimento econômico e social do País de forma ambientalmente segura, pela limitação dos níveis de emissão de poluentes junto às fontes de poluição atmosféricas.

Dentro da estratégia do PRONAR, a resolução estabelece o conceito de “Prevenção de Deterioração Significativa da Qualidade do Ar” visando uma política de não deterioração significativa da qualidade do ar em todo Território Nacional, conforme a seguinte classificação de usos pretendidos:

Classe I: áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Parques Nacionais e Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias Hidrominerais e Hidrotermais. Nestas áreas deverá ser mantida a qualidade do ar o mais próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica.

Classe II: áreas onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão secundário11 de qualidade. Classe III: áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário12 de qualidade.

11 Padrão Secundário: concentração de poluentes atmosféricos que, se não ultrapassada, prevê o mínimo

efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e flora, aos materiais

e ao meio ambiente em geral.

12 Padrão Primário, concentração de poluentes atmosféricos que, quando ultrapassada, poderá afetar a

saúde da população atingida.

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Qualidade do Ar

Resolução CONAMA nº 03/90 que “estabelece padrões primários de qualidade do ar em termos de material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e ozônio”

Com base no PRONAR, essa resolução estabelece em nível nacional os padrões de qualidade do ar para Material Particulado, representado pelos parâmetros Partículas Totais em Suspensão, Fumaça e Partículas Inaláveis; Dióxido de Enxofre; Monóxido de Carbono; Ozônio e Dióxido de Nitrogênio, que são indicadores de qualidade do ar consagrados a nível nacional e internacional, em função da sua maior freqüência de ocorrência e dos efeitos adversos que causam ao homem e no meio ambiente. O artigo 8º da Resolução CONAMA nº 03/90 estabelece que “enquanto cada Estado não definir as áreas de Classe I, II e III mencionadas no item 2, subitem 2.3, da Resolução CONAMA nº 05/89, serão adotados os padrões primários de qualidade do ar estabelecidos nesta Resolução”.

Decreto Estadual nº 52.469/07 que “estabelece critérios de grau de saturação de qualidade do ar para municípios”.

Esse Decreto estabeleceu os critérios de saturação da qualidade do ar com base nos atendimentos ou não atendimentos aos padrões de qualidade do ar definidos na Resolução CONAMA nº 03/90.

O grau de saturação da qualidade do ar de uma região para um poluente específico é determinado através da verificação do atendimento ao padrão de qualidade do ar das concentrações monitoradas nos últimos três anos. Caso as concentrações dos últimos três anos tenham ultrapassado o padrão de qualidade do ar a região é considerada “saturada”, e caso contrário “não saturada”.

Emissões de Poluentes Atmosféricos para Atividades Industriais

Decreto Estadual nº 8468/76 que estabelece os critérios para licenciamento, limites de emissões e condicionantes de sistemas de controle de poluição atmosférica.

Este Decreto estabeleceu as condicionantes para licenciamento, fiscalização, monitoramento e aplicação de penalidades para as atividades industriais e veículos automotores.

Decreto Estadual nº 52.469/07 que estabelece os limites anuais de emissões de material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis para municípios saturados pelos poluentes atmosféricos.

Este Decreto estabeleceu as condicionantes para implantação de atividades industriais em áreas saturadas.

Resolução CONAMA nº 382/06 que estabelece os limites de emissões atmosféricas para as principais fontes industriais.

A resolução estabeleceu a nível nacional os limites de emissões para implantação de novas atividades industriais e as regras para avaliação das emissões de poluentes nas chaminés.

Em 2009 foi instituída pelo Governo do Estado de São Paulo a Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC (Lei nº 13798 de 9 de novembro de 2009), que estabelece basicamente as seguintes medidas:

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• Criação do Conselho Estadual de Mudanças Climáticas, em até seis meses, com a finalidade de acompanhar a implantação e fiscalizar a execução da PEMC;

• Elaboração pela Secretaria do Meio Ambiente do inventário das emissões por atividades antrópicas dos gases de efeito estufa;

• Meta de redução global de 20% (vinte por cento) das emissões de dióxido de carbono (CO2), relativas a 2005, em 2020;

• Diretrizes (artigo 6) que consiste na elaboração/atualização de inventário de emissões, formular/publicar programas regionais para mitigar a mudança de clima, promover/cooperar desenvolvimento, aplicação,difusão e transferência de tecnologia que controlem, reduzam ou previnam as emissões de gases de efeito estufa, e outras ações.

• Providências para implementação da lei através de Comunicação Estadual, Avaliação Ambiental Estratégia, Registro Público de Emissões, e outras ações.

A implementação do PEMC no Estado de São Paulo resultará em “melhoria tecnológica” em todas as atividades industriais, transportes, portuárias, extração e infraestrutura reduzindo os níveis de emissões de gases de efeito estufa e consumos específicos de combustíveis.

Para se avaliar as repercussões do Objeto AAE foram utilizados todos os parâmetros definidos pela Resolução Conama nº 03/90.

O Litoral Paulista, para o monitoramento da qualidade do ar, é dividido em Litoral Norte, Baixada Santista e Litoral Sul, conforme apresentado na figura a seguir.

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Figura 2.2-1 Rede de Monitoramento da CETESB

Fonte: Cetesb, 2008.

As atuais condições de qualidade do ar do Litoral Paulista podem ser caracterizadas para as seguintes áreas: Litoral Norte, Cubatão, Santos, Baixada Santista (exceto Cubatão e Santos) e Litoral Sul.

Litoral Norte

O Litoral Norte caracteriza-se pela atividade portuária no município de São Sebastião e pela baixa atividade industrial em toda região. A região apresenta velocidade de ventos relativamente alta (média anual de 4,8 m/s) segundo as informações da estação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos CPTEC/INPE localizada no município de Caraguatatuba, com direções predominantes oeste (indo ao mar) e leste (vindo do mar), características estas que contribuem para dispersão de poluentes.

A região não é monitorada rotineiramente pela CETESB, mas pelas condições de ventos e características de atividades antrópicas (lazer e turismo) pode-se inferir que o Litoral Norte apresenta característica de “áreas não saturadas” pelos poluentes atmosféricos da Resolução CONAMA nº 03/90.

Baixada Santista (exceto Cubatão e Santos)

A Baixada Santista, com exceção dos municípios de Cubatão e Santos, caracteriza-se pelas atividades de lazer e turismo e por apresentar velocidade dos ventos

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relativamente alta (média anual de 3,3 m/s) segundo as simulações obtidas pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito - CRESESB, características estas que contribuem para dispersão de poluentes.

A região não é monitorada rotineiramente pela CETESB, mas pelas condições de ventos e características de atividades antrópicas (lazer e turismo) pode-se inferir que apresenta característica de “áreas não saturadas” pelos poluentes atmosféricos da Resolução CONAMA nº 03/90, exceto pelo parâmetro Ozônio (O3) motivo pelo qual a CETESB (Decreto Estadual nº 52.469/07) classifica como áreas “saturadas” os municípios de Bertioga, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém. Estes municípios, apesar de não possuir intensa atividade industrial/portuária, mas pelo fato de estar no raio de 30 km do município de Cubatão (saturado pelo Ozônio) o Decreto Estadual 52.469/07 classifica como saturado. Esta condição é devido ao raio de ação do Ozônio ser relativamente grande na atmosfera dependendo das condições meteorológicas.

Santos

O município de Santos caracteriza-se pelas atividades portuárias, de lazer e turismo e por apresentar velocidade dos ventos maiores que a Região Metropolitana de São Paulo (média anual de 2,4 m/s) segundo as informações da Estação Meteorológica de Santos - REDEMET, das mais baixas do litoral, apesar de ainda favorecerem a dispersão de poluentes.

O município é monitorado pela CETESB através da rede manual que mede os parâmetros Fumaça e Dióxido de Enxofre, e de modo não rotineiro o parâmetro Partículas Inaláveis.

Os resultados de monitoramento de qualidade do ar nos últimos anos apresentam a tendência de diminuição das concentrações anuais de Fumaça, atendendo o padrão anual (60 µg/m³ ) estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03/90, e estabilização das concentrações anuais de Dióxido de Enxofre com valores relativamente menores que o padrão anual (80 µg/m³ ). Estes fatos podem ser considerados pela atuação dos órgãos de controle ambiental em termos corretivos (fiscalização) e preventivo (licenciamento).

Em função das avaliações não rotineiras de Partículas Inaláveis e não atendimento ao padrão de qualidade do ar para Ozônio (O3) no município de Cubatão, a CETESB (Decreto Estadual nº 52.469/07) classifica o município de Santos como “área saturada” pelos parâmetros Partículas Inaláveis e Ozônio. Para os outros parâmetros da Resolução CONAMA nº 03/90 é considerada região “não saturada”.

Cubatão

O município de Cubatão caracteriza-se pela forte concentração de atividades industriais e por apresentar velocidade dos ventos relativamente baixa (média anual de 1,5 m/s), segundo as informações das Estações Meteorológicas da CETESB – Cubatão.

O município é monitorado pela CETESB através da rede automática que mede os parâmetros Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre, Dióxido de Nitrogênio e Ozônio.

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Os resultados de monitoramento de qualidade do ar nos últimos anos apresentam as seguintes tendências:

• Partículas Inaláveis: diminuição das concentrações anuais para Cubatão – Centro e Cubatão – V. Parisi, atendendo o padrão anual (50 µg/m³) estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03/90 para Cubatão – Centro.

• Ozônio: não atendimento ao padrão horário (160 µg/m³) estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03/90.

• Dióxido de Nitrogênio: diminuição das concentrações anuais, atendendo o padrão anual (100 µg/m³) estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03/90.

• Dióxido de Enxofre: diminuição das concentrações anuais, atendendo o padrão anual (80 µg/m³) estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03/90.

A qualidade do ar em Cubatão apresenta características de “áreas saturadas” pelo Ozônio e por Partículas Inaláveis, e “não saturadas” para outros parâmetros da Resolução CONAMA nº 03/90 e vem praticamente mantendo os mesmos níveis ao longo dos anos mesmo com a ampliação de alguns empreendimentos industriais. Este fato é decorrente das ações de órgãos de controle ambiental em termos corretivos (fiscalização) e preventivo (licenciamento).

Litoral Sul

O Litoral Sul caracteriza-se pela baixa atividade industrial e por apresentar velocidade dos ventos relativamente alta (média anual de 3,9 m/s) segundo as simulações obtidas do CRESESB, características estas que contribuem para dispersão de poluentes.

A região não é monitorada rotineiramente pela CETESB, mas pelas condições de ventos e características de atividades antrópicas (lazer e turismo) pode-se inferir que o Litoral Sul apresenta característica de região “não saturadas” pelos poluentes atmosféricos da Resolução CONAMA nº 03/90.

2.2.2.2. Pressões sobre Ecossistemas Terrestres

A crescente ocupação do litoral paulista determinou graves alterações na paisagem original, notadamente na planície litorânea, onde ecossistemas alterados e ameaçados pela ação humana formam paisagens com fragmentos vegetais de tamanhos, formas, condições ecológicas e níveis de conservação distintos.

Apesar da legislação bastante restritiva e de dificuldades naturais de ocupação, esses remanescentes florestais sofrem processo de ocupação territorial desordenado. Invasões de populações marginalizadas (favelização de manguezais e encostas), especulação imobiliária (loteamentos extensivos, segunda residência e venda de posses), mineração, extrativismo vegetal clandestino, caça e pesca predatórias, lixões, poluição da água, mar, ar e solo e chuva ácida são ameaças permanentes à conservação dos remanescentes da Floresta Atlântica.

Conforme apresentado anteriormente, a região conta com diversas unidades de conservação (UC) que protegem ambientes de Floresta Ombrófila (alto montana, montana e submontana). Entretanto, poucas UCs protegem florestas ombrófilas de

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terras baixas, mangues, costões rochosos, cursos d´água e praias arenosas. Por serem ambientes mais próximos à costa, são também os que sofrem maiores pressões decorrentes da ocupação humana, ameaçando a representatividade das ações de proteção da biodiversidade no litoral paulista.

Por fim, a sobreposição de uso do solo urbano constantes nos Planos Diretores com trechos de Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Áreas Prioritárias, bem como em vegetação de mangue e de várzeas, propiciam conflitos futuros e expansão de vetores de pressão sobre essas áreas.

A identificação dessas áreas foi realizada em análise apresentada no item referente a Uso do Solo por meio da sobreposição das seguintes cartas temáticas :

• Áreas Prioritárias - Biota FAPESP, 2008;

• Uso do Solo – IF-PPMA, 2001 – Atualização área urbana 2008 – CPEA, 2008;

• Unidades de Conservação – SMA, 2008;

• Planos Diretores dos Municípios do litoral paulista.

São indicadores desses processos, portanto, usos indevidos que interferem nessas áreas ambientalmente protegidas e/ou prioritárias para a conservação da biodiversidade, atuais e futuros, conforme se descreve a seguir.

Usos atuais conflitantes

A ocupação humana irregular e suas decorrências diretas (tais como presença de campos antrópicos, solo exposto, atividades agrícolas e áreas urbanas) foram detectadas na grande maioria das Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral e ARIEs do litoral de São Paulo (Tabela 2.2-2). Embora a abrangência de tais atividades não tenha excedido 10% de cada unidade, a presença de atividades conflitantes indica fragilidades e conflitos, cuja mitigação e solução devem ser prioridade no manejo das áreas protegidas na região de estudo.

Note-se que vários fatores contribuem para essas irregularidades, entre as quais, a presença de loteamentos e ocupações aprovados anteriormente à criação de algumas UCs (e contíguos a estes) e para os quais ainda não promoveu ações de regularização.

Usos conflitantes e impactos antrópicos também ameaçam cavernas e cavidades naturais do litoral de São Paulo. A maioria destas áreas está em regiões afetadas pela expansão das áreas urbanas e de atividades agrícolas (ver Tabela 2.2-2).

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Tabela 2.2-2 Usos atuais e previstos conflitantes em UCs de proteção integral, terras indígenas e ARIEs no litoral de São Paulo. PDM: Plano Diretor Municipal; ZH2: zona que inclui comunidades caiçaras e quilombolas; ZRU: zona rural, ZEIS: zona de interesse social; ZT1: Zona Residencial predominantemente Turística que admite Verticalização ZT2: Zona Residencial predominantemente Turística Unifamiliar; N: Núcleo

Unidade Agricultura Área Urbana

Mineração Piscicultura Reflorestamento Zonas conflitantes (PDM)

Empreendimentos

ARIE da Ilha Comprida x x

ARIE Guará x

ARIE São Sebastião x x Entorno

EEc. Banhados de Iguape x

EEc. Chauás x

EEc. Juréia – Itatins x x x

Parque Nacional da Serra da Bocaina x ZH2, ZRU

PE do Itinguçu x x

PE do Prelado x

PE Ilha do Anchieta x x ZT1

PE Ilha do Cardoso x

PE Ilhabela x x

PE Lagamar de Cananéia x ZH2, ZRU

PE Serra do Mar x x x x x ZEIS (N. Cubatão), ZR2 (N. São Sebastião),

ZT2 (N. Caraguatatuba), ZH2

(N. Piçinguaba)

Entorno (N.Cubatão, São Sebastião e Caraguatatuba)

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Unidade Agricultura Área Urbana

Mineração Piscicultura Reflorestamento Zonas conflitantes (PDM)

Empreendimentos

PE Xixová-Japuí x x

PM do Piaçabuçu x x Entorno

TI Serra dos Itatins x

TI Peruíbe x

TI Piaçaguera x Entorno

TI Itaóca x

TI Guarani do Aguapeú x

TI Rio Branco x

TI Guarani Ribeirão Silvestre x

TI Sertão do Promirim x

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

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No litoral sul não são observados conflitos de uso significativos, sendo que os principais referem-se a áreas antropizadas na EE Chauás e EE Juréia-Itatins, no município de Iguape.

Por outro lado, deve ser considerado que grande parte do território desse município é ocupado por UCs, algumas em processo de implantação, o que resulta em inúmeras áreas ainda não indenizadas.

Na região sul da Baixada Santista, pressões localizadas são observadas no município de Praia Grande, com ocupação urbana no entorno do Parque Piaçabuçu (resguardada a faixa non aedificandi de 100m), além de algumas áreas antropizadas no interior do PE Xixová-Japuí..

Na porção central da Baixada Santista a pressão urbana, principalmente decorrente da presença de lotes irregulares, atinge os limites do PESM, especialmente em Santos e Guarujá, enquanto áreas de reflorestamento e vegetação secundária são observadas no interior dessa UC nos municípios de Cubatão e São Vicente. Bertioga apresenta extensas áreas prioritárias (AP) de máxima prioridade13, limítrofes ao PESM, que se sobrepõem a zona de expansão urbana de baixa densidade de ocupação nos terrenos correspondentes às praias de São Lourenço e Itaguaré e que correspondem a florestas ombrófilas de terras baixas, insatisfatoriamente representadas no sistema de UCs atual.

No litoral norte, vetores atuais de ocupação desordenada são recorrentes no entorno do PESM, com ocupação de alta densidade nos municípios de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Áreas de reflorestamento e vegetação secundária também são observadas no interior da UC nos núcleos Picinguaba e Caraguatatuba. Em Ilhabela, grande parte do território encontra-se dentro do PE Ilhabela, com bom estado de conservação, mas verifica-se ocupação urbana de densidade baixa a média nos seus limites.

Usos previstos conflitantes

Neste item são apontados os principais pontos de sobreposição de uso do solo urbano constantes nos Planos Diretores dos municípios do litoral com trechos de unidades de conservação de proteção integral, terras indígenas e áreas prioritárias de alto grau de indicação de criação de UC de proteção integral (assinaladas na tabela 2.2.2). Em relação às áreas com alto grau de indicação para criação de UC, cabe destacar que as indicações resultam de estudos na escala estadual e análise específica para o Litoral permitiria maior detalhamento e inclusão de ambientes que não estão representados no restante do Estado. Note-se que há Resolução da SMA (86/2009) que exige incorporação de mapas do Estudo Biota-Fapesp para subsidiar ações de planejamento, fiscalização e recuperação da biodiversidade, assim como planos

13 Recentemente parte do território abrangido pela Área prioritária teve perímetro demarcado e congelado (denominado

Perímetro Bertioga), como parte do processo de criação de UC.

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diretores municipais, legislações elaboradas com a participação social e aprovadas pelo Poder Legislativo.

Por meio da integração de todas essas bases de informações, buscou-se identificar os principais pontos de possíveis conflitos futuros entre ocupação humana e áreas protegidas.

No litoral sul, zonas rurais (ZRU) e para uso por comunidades locais (ZH2) estão sobrepostas ao PE Lagamar Cananéia. Além disso, os corpos d'água (pouco representados em UCs) não estão ordenados em Planos Diretores e todo o município de Cananéia encontra-se em Área Natural Tombada, o que pode limitar os usos previstos.

Na porção sul da Baixada Santista são previstas áreas de expansão urbana até o limite do PESM – Núcleo Cubatão e zonas de alta densidade no entorno do PM Piaçabuçu (Praia Grande), embora deva-se considerar que foi prevista faixa "non-aedificandi" no trecho de maior pressão antrópica. Há também trechos de expansão urbana e trechos ocupação, ecoturismo e manejo sustentável em extensa AP de alto grau de indicação (Itanhaém e Monguagá), com possíveis conflitos inclusive com Terra Indígena ali presente (TI Itaoca – Aguapeú).

Na porção central da Baixada Santista zonas de expansão urbana limitam-se com o PESM em todos os municípios e com o PE Xixová-Japuí, situado no município de Praia Grande, limítrofe ao município de São Vicente. Zonas industrial e portuária, com alta previsão de impactos, estão situadas no entorno imediato do PESM em Santos e Cubatão; zonas de expansão urbana (ZEIS) são observadas de forma pontual no interior PESM – Núcleo Cubatão; APs de máxima prioridade (atual perímetro Bertioga), limítrofes ao PESM no município de Bertioga, se sobrepõem a zona de expansão urbana de baixa densidade de ocupação nos terrenos correspondentes às praias de São Lourenço e Itaguaré. Parte do trecho do canal de Bertioga, com previsão de ocupação, ainda que de baixa intensidade, está situado em AP de alto grau de indicação, no entorno de loteamento que se estende até o limite do PESM.

No litoral norte, o mesmo padrão é verificado, com zonas residenciais e de expansão urbana limítrofes ao PESM – Núcleos São Sebastião, Picinguaba e Caraguatatuba. Em Ubatuba, deve-se ressaltar ainda a existência de zonas com previsão de verticalização (ZT1) em área de manejo especial (Ilha do Mar Virado) e PE Ilha Anchieta, além de zonas rurais no interior do PN Serra da Bocaina.

No que se refere á Área Natural Tombada (ANT), verifica-se sobreposição de uso pretendido em vários trechos ao longo do litoral: na porção mais ao norte do município de Ubatuba, em Ilhabela, uma vez que abrange todo o território da ilha, em parte das zonas de expansão urbana ao sul de São Sebastião e, localmente em Bertioga e Guarujá. No município de Cubatão, essas sobreposições se concentram no limite com o PESM.

Cabe ainda ressaltar as repercussões diretas e indiretas dos empreendimentos previstos associados aos setores petrolífero e portuário nas unidades de conservação da região. O maior número de empreendimentos tem instalação prevista nos

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municípios da Baixada Santista Central, principalmente no entorno do PESM - Núcleos Cubatão, São Sebastião e Caraguatatuba e PM Piaçabuçu.

Além disso, é importante mencionar as repercussões dos empreendimentos nos ambientes marinhos. A porção marinha do litoral do Estado de São Paulo encontra-se protegida por Áreas de Proteção Ambiental Marinhas, mas pouco está representado em UCs de proteção integral. As zonas marinhas mais profundas, onde se prevê a instalação de plataformas offshore não apresentam nenhum tipo de proteção legal, o que aumenta sua vulnerabilidade frente aos empreendimentos previstos.

Lacunas de conservação

Oportunidades de conservação foram identificadas por meio do cruzamento das zonas de preservação dos Planos Diretores, áreas com pouca ou nenhuma ocupação humana, áreas prioritárias para a criação de UCs e ambientes pouco representados no sistema de áreas protegidas. Foram identificadas oportunidades de conservação em cinco municípios, apresentadas a seguir:

• Ilha Comprida: áreas de alta indicação para criação de UC de proteção integral (AP) em zona de preservação (ZAP) e com ecossistemas pouco representados nas demais UCs, como praias arenosas.

• Peruíbe: AP com alta indicação para criação de UC de proteção integral em zona de preservação (ZAP) e com ecossistemas de representatividade intermediária, como mangues e florestas ombrófilas de terras baixas.

• Praia Grande: grande área em zona de preservação (ZAP) situada entre o PESM e as áreas de ocupação humana, mas sem nenhum tipo de proteção formal e com florestas ombrófilas de terras baixas.

• Guarujá: grande área em zona de preservação (ZAP), mas sem nenhum tipo de proteção formal e com florestas ombrófilas de terras baixas, manguezais e corpos d'água (pouco representados no sistema de UCs).

• Bertioga: grande área em zona de preservação (ZAP) situada no limite do PESM, com alta indicação para a criação de UC de proteção integral e recentemente congelada pelo Estado. Algumas zonas de preservação (ZAP) em ambientes costeiros (praias arenosas) de baixa representatividade no sistema e com alto grau de pressão antrópica em todo o litoral.

Além disso, diversas oportunidades podem ser identificadas quando se trata da implantação e fortalecimento das UCs já existentes. No município de Iguape, por exemplo, a instalação de UCs não foi completamente executada visto que inúmeras áreas ainda não foram indenizadas e, portanto, não se encontram legalmente desapropriadas. Situações similares podem ocorrer, também, em outros trechos do litoral.

2.2.2.3. Recursos Hídricos e Saneamento

Os recursos hídricos do litoral do Estado de São Paulo impactam de forma significativa os ecossistemas marinhos, na medida em que são receptores dos efluentes gerados

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pelas fontes de poluição tanto pontuais quanto difusas existentes nas bacias de contribuição.

Neste sentido, o receptor final de todas as fontes de poluição é o oceano, com reflexos negativos sobre as praias, que acabam por ser o destino final de efluentes domésticos e industriais tratados e não tratados.

Os recursos hídricos também estão diretamente vinculados às questões urbanas, na medida em que uma das condicionantes do desenvolvimento socioeconômico é a disponibilidade de água para os diversos usos necessários à atividade humana. Por outro lado, os recursos hídricos são os receptores dos efluentes gerados por esta mesma atividade, representando, tanto quantitativa quanto qualitativamente as condições ambientais das áreas drenadas.

Em relação aos aspectos quantitativos, guardam eles estrita relação com a topografia e o relevo das bacias hidrográficas. Assim, no Litoral Norte, a presença de pequenas bacias hidrográficas é responsável por cursos d’água que fornecem vazões limitadas. Além das limitações de disponibilidade hídrica natural absoluta, ocorre também uma limitação para a diluição de efluentes, evidenciada pela grande quantidade de pontos em que o Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática - IVA apresenta qualidade ruim e péssima (40% do total de pontos monitorados).

Já no Litoral Sul, a disponibilidade hídrica é maior, em função de o rio Ribeira de Iguape drenar uma extensa área, de cerca de 17.000 km2, sendo o único grande rio paulista a desaguar no mar.

Os recursos hídricos da Baixada Santista, em termos quantitativos, vinculam-se em parte às transferências de vazões, tanto recebendo quanto enviando água para a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI 06, que abriga a Região Metropolitana de São Paulo. Este vínculo condiciona as características do regime hídrico do rio Cubatão, que após a mudança das regras operacionais do Sistema Tietê-Billings, passou a ter problemas de intrusão salina, dificultando as captações industriais localizadas no trecho situado a jusante do rio Perequê.

Na Baixada Santista, para o ano de 2008, o Índice de Qualidade de Água – IQA apresenta-se em geral com classificação Boa, já o IVA mostra um quadro diferente. Dos seis pontos monitorados para este índice pela CETESB, metade obteve classificação Ruim e Péssima, evidenciando que os problemas de qualidade de água referem-se aos aspectos relacionados com substâncias tóxicas, ao contrário do que ocorre no Litoral Norte, em que o fator preponderante é o despejo de efluentes domésticos.

No Litoral Sul há deficiência de pontos de monitoramento da rede da CETESB, sendo que apenas um deles pode ser utilizado para análises de qualidade dos recursos hídricos superficiais e suas tendências. Mesmo assim, este ponto, situado próximo à foz do rio Ribeira de Iguape, não pode ser articulado com a qualidade das praias, situadas principalmente em Ilha Comprida, onde não há nenhum ponto de monitoramento.

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O saneamento ambiental, entendido como o conjunto dos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário (coleta, tratamento e disposição final de efluentes e resíduos), resíduos sólidos e drenagem é, por um lado, condição para a salubridade ambiental, e por outro, caso não seja adequado, agente de grandes impactos sobre os recursos hídricos e solos. Além disto, esses sistemas são condicionantes do desenvolvimento urbano e insumo para as atividades econômicas.

No Litoral Paulista, as condfições de abastecimento de água encontra-se em estágios diferentes nos três recortes espaciais considerados.

Enquanto na Baixada Santista, as questões de abastecimento de água encontram-se equacionadas e com soluções em andamento ou em fase final de planejamento, no Litoral Norte, essas soluções encontram-se em fase inicial de planejamento, e no Litoral Sul, a fase de planejamento não foi sequer iniciada.

O Litoral Norte, em função da configuração geográfica dos mananciais, apresenta uma disponibilidade hídrica absoluta limitada em cada uma de suas 32 sub-bacias, dada a pequena área de drenagem de cada uma delas, conforme já referido. Assim, o atendimento das demandas é feito por uma grande quantidade de sistemas isolados, que atendem as diversas localidades, cuja conformação também é condicionada pela topografia.

Os mananciais da Baixada Santista são parcialmente integrados em três sistemas principais, que atendem a área norte, central e sul. Porém, nas áreas extremas da região, o abastecimento é feito por sistemas isolados, principalmente em Bertioga, ao norte, e em Peruíbe, ao sul. O atendimento na maior parte do tempo é adequado, sofrendo, porém, nos períodos de temporada de férias, paralisações, devido ao afluxo de população flutuante. A demanda de água da Baixada Santista para o ano de 2004 representava cerca de 54% da Q7,10, o que pode ser considerado preocupante.

Com relação ao Litoral Sul, o índice de abastecimento de água é adequado nos três municípios.

A coleta de esgotos nas três regiões consideradas é bastante deficiente, não ultrapassando o nível de cobertura máximo de 75% em Santos, sendo que em Itanhaém e Ilhabela esta cobertura não atinge os 7%.

O tratamento dos esgotos é feito para o total coletado em vários municípios, porém, observa-se que, uma vez que a coleta é deficiente, o resultado é a disposição inadequada dos esgotos, ou em fossas, ou em lançamentos diretos nos corpos d’água ou no mar. Como resultado, a balneabilidade é comprometida em diversas praias de todo o Litoral Paulista. Cabe ressaltar ainda, que os emissários submarinos existentes recebem os efluentes apenas com um tratamento preliminar destinado a remover os sólidos grosseiros e impedir a oclusão dos difusores.

A cobertura da coleta dos resíduos sólidos domésticos é adequada na maior parte dos municípios do Litoral Paulista, já a disposição desses resíduos apresenta grandes problemas. As soluções encontradas foram os aterros particulares, que na maioria das vezes situam-se no Planalto, fora da região, obrigando o transporte dos resíduos por

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via rodoviária na área da Serra do Mar, o que, no Litoral Norte é problemático haja vista a situação de estrangulamento do tráfego, feito em pista simples.

Como convém ao tema, a análise dos recursos hídricos da região de estudo foi contextualizada espacialmente por bacias e sub-bacias em que se dividem as UGRHIs do Litoral Paulista: UGRHI 03 – Litoral Norte, UGRHI 07 – Baixada Santista e UGRHI 11 – Ribeira do Iguape.

A seguir, tendo em vista que os aspectos qualitativos e quantitativos dos recursos hídricos são intrinsecamente associados, discutem-se vazões e índices de qualidade da água para as três UGRHIs antes referidas.

No que se refere aos aspectos quantitativos, são expostos em linhas gerais os aspectos hidrológicos, com foco nas vazões mínimas de sete dias com período de retorno de 10 anos, considerada como vazão de referência para outorga de recursos hídricos no Estado de São Paulo.

Os aspectos qualitativos são abordados mediante a análise dos três principais índices que compõem o Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo, editado anualmente pela CETESB, quais sejam:

• Índice de Qualidade de Água (IQA) – índice que indica a qualidade de água no que se refere aos parâmetros sanitários e que reflete a qualidade de água resultante das agressões sofridas pelos corpos d’água quando submetidas a despejos de efluentes domésticos;

• Índice de Qualidade para Vida Aquática (IVA) – índice que revela a adequação das águas presentes nos corpos d’água às necessidades de desenvolvimento e manutenção da vida aquática; leva em consideração a existência de substâncias tóxicas e de elementos essenciais à vida aquática, bem como incorpora o estado trófico das águas; e,

• Índice de Qualidade das Águas para Abastecimento Público (IAP) – índice que revela a adequação das águas para fins de potabilização e distribuição para abastecimento público. Este índice é composto pelo IQA e por outros dois indicadores: o de substâncias tóxicas e de substâncias organolépticas e é calculado fundamentalmente para as águas situadas junto às captações para abastecimento urbano.

O tema saneamento é enfocado em seus três principais componentes: abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta e disposição de resíduos sólidos. O tema de drenagem urbana não será enfocado no presente documento devido à indisponibilidade de dados.

O abastecimento de água será abordado a partir dos seguintes aspectos:

• Sistemas de abastecimento: serão considerados os mananciais dos quais provém a água distribuída e as respectivas localidades atendidas. Estes mananciais, quando disponíveis os dados requeridos, serão avaliados quanto à

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qualidade de água, apresentada em relação ao IAP e à quantidade de água passível de ser extraída do manancial; e

• Cobertura do sistema existente nos municípios, considerando-se a porcentagem de atendimento em relação à população urbana.

O esgotamento sanitário será abordado em relação a:

• Cobertura do sistema de coleta considerado como o atendimento porcentual da população urbana;

• Tratamento dos esgotos coletados, considerando a porcentagem dos esgotos coletados que sofrem tratamento; serão enfocados também os emissários submarinos, que embora não sofram tratamento, mas apenas remoção de sólidos grosseiros, são atualmente considerados como disposição adequada; e Corpos receptores de efluentes.

Em relação aos resíduos sólidos serão indicados:

• Cobertura da coleta de resíduos sólidos domésticos; e

• Adequação dos sistemas de disposição de resíduos sólidos domésticos.

Litoral Norte

O Litoral Norte possui trinta e quatro sub-bacias em que se divide a área da UGRHI 3 Litoral Norte, que é de 1.987 km2. Todas apresentam suas nascentes nas vertentes da Serra do Mar. O mapa com as bacias hidrográficas, pontos de monitoramento de água superficial da CETESB e balneabilidade de praias é apresentado no Caderno de mapas, página 37.

Água

Analisando-se a área das sub-bacias observa-se que apenas quatro delas apresentam área maior que 100 km2. Como conseqüência, apesar da elevada pluviosidade, que pode atingir valores superiores a 3000 mm/ano, a disponibilidade hídrica natural absoluta de cada uma destas sub-bacias é pequena, em razão da área de drenagem: apenas cinco sub-bacias apresentam valores de Q7,10 maiores que 1 m3/s e destas, apenas duas produzem mais de 2 m3/s e menos de 3 m3/s, conforme apresentado no gráfico a seguir.

Gráfico 2-16 - Distribuição das áreas de drenagem e das vazões nas subda UGRHI 3

a) áreas de drenagem

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

A Tabela 2.2-3 mostra a comparação entre demandas das bacias que apresentaram captações correspondentes a mais de 20% da disponibilidade hídrica, considerada como sendo de 50% da vazão da Q

Tabela 2.2-3 - Disponibilidade e demanda de recursos hídricos superficiais na UGHRI 03

Sub-bacias

Q7,10

N0 Nome

20 Paúba

22 Rio Grande

26 Rio Una

23 Rio Camburi

19 Ribeirão Grande

9 Rio Escuro/Comprido**

12 Rio Mococa

16 Rio Juqueriquerê

14 Fonte: vazão mínima de 7 dias com 10 anos de recorrência

até 20 km2

8

de 20 a 50 km2

15

de 50 a 100 km2

7

de 100 a 500 km2

4

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Distribuição das áreas de drenagem e das vazões nas sub

b) vazões mínimas (Q7,10)

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

mostra a comparação entre a disponibilidade de água superficial e as demandas das bacias que apresentaram captações correspondentes a mais de 20%

considerada como sendo de 50% da vazão da Q7,10

Disponibilidade e demanda de recursos hídricos superficiais na UGHRI 03

7,10 (m3/s) Captações Superficiais (m3/s)

Q7,10

%

Popopulação

que pode ser atendida*(pessoas)

0,21 0,02 10,00%

0,38 0,04 11,02%

1,72 0,22 13,02%

0,54 0,07 13,33%

0,31 0,04 13,55%

0,71 0,11 14,79%

0,49 0,17 34.69%

2,79 1,03 36.92%

Fonte: vazão mínima de 7 dias com 10 anos de recorrência

até 0.5 m3/s

21

de 0,5 a 1

m3/s6

de 1 a 2 m3/s

3 de 2 a 3 m3/s

2

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ARCADIS Tetraplan 96

Distribuição das áreas de drenagem e das vazões nas sub-bacias

água superficial e as demandas das bacias que apresentaram captações correspondentes a mais de 20%

7,10.14.

Disponibilidade e demanda de recursos hídricos superficiais na UGHRI 03

Popopulação

que pode ser atendida* (pessoas)

24,192

43,891

198,144

62,208

35,712

81,792

56,448

321,408

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Sub-bacias

Q7,10 (m3/s) Captações Superficiais (m3/s) Q7,10

%

Popopulação

que pode ser atendida* (pessoas) N0 Nome

21 Rio Maresias 0,16 0,08 50,75% 18,432

30 Córrego Paquera/Cego 0,23 0,15 65,65% 26,496

17 São Francisco 0,06 0,05 80,56% 6,912

* Considerou-se extração a fio d’ água de 20% da Q7,10 e consumo per capita de 150 L/dia/habitante. ** O rio Escuro apresenta baixa qualidade de água – IVA péssimo.

Fonte: CPTI/IPT, 2008 e Prefeitura de São Sebastião e Cadastro de Outorgas do DAEE (2010).

Observa-se que as sub-bacias destacadas na tabela acima (17 - Rio São Francisco, que abastece Caraguatatuba, 12 - Rio Mococa e 30 - Córrego Paquera/Cego, em Ilhabela) apresentam valores de captação bastante elevados em relação à disponibilidade de água e a sub-bacia 9 - Rio Escuro/Cumprido apresenta valores de IVA classificados como Péssimo.

Há uma grande quantidade de mananciais no Litoral Norte e os sistemas de abastecimento são do tipo isolado, conforme apresentado na tabela a seguir.

Tabela 2.2-4 - Sistemas de

Abastecimento de Água nos

municípios da UGRHI

03Município

Cobertura* (%) Sistema Mananciais Localidades Atendidas

Ubatuba 89,82

ETA Carolina Rio dos

Macacos/Grande

Lázaro, Enseada, Perequê Mirim Toninhas, P. Grande, Itaguá, Jd.

Carolina,Estufa, Centro, Taquaral Ipiranguinha, Perequê

– Açu

ETA Maranduba Rio das Piabas

Maranduba, Sertão da Quina, Sapé e Lagoinha

ETA Itamambuca

Córrego Itamambuca Itamambuca

ETA Praia Vermelha

Córrego Praia Vermelha

Praia Vermelha

Caragua-tatuba 94,97

Guaxinduba/ Porto Novo

Alto rio Claro, Baixo Rio Claro e rio Guaxinduba

Perequê Mirim, Aruan, Centro, Porto Novo, Martim de Sá,

Olaria, Jardim Gaivota, Prainha, Poiares, Morro do Algodão e

Sumaré

Tabatinga Rio Mococa Tabatinga Velha

Massaguaçu

Rios Tourinho e

Mococa Massaguaçu, Capricórnio e

Cocanha

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Tabela 2.2-4 - Sistemas de

Abastecimento de Água nos

municípios da UGRHI

03Município

Cobertura* (%) Sistema Mananciais Localidades Atendidas

São Sebastião 97,3

Boiçucanga Ribeirão Itu Boiçucanga

Juqueí Ribeirão Juqueí Guaecá, Baraqueçaba, Juquehy

e Barra do Uma

Guaecá Rio Grande Guaecá, Cap d’ Antibes, Baraqueçaba e Pitangueiras

Porto Novo/ São

Francisco

Alto e Baixo rio Claro e Perequê

Mirim

Canto do mar, Enseada, Jaraguá, Cigarras, Figueira, São

Francisco, Morro do Abrigo, Portal da Olaria, Arrastão,

Reserve du Molin, Pontal da Cruz, Praia Deserta, Porto

Grande, Centro, Praia Preta, Topolândia, Olaria, Itatinga, Varadouro e Praia Grande

Ilhabela 85,51

ETA Água Branca

Ribeirão da Água Branca

Armação, Pacuiba, Vila, Perequê e Barra Velha

ETA Pombo Ribeirão do Pombo Bexiga, Portinho, Ilhote e Praia da Feiticeira

Fonte: Relatório Anual de Qualidade de Água - SABESP, 2008.

(http://www.sabesp.com.br/calandraweb/toq/agua08.html)

Com relação à cobertura dos serviços de abastecimento urbano de água, em todos os municípios do Litoral Norte o índice é superior a 85%, conforme apresentado na figura a seguir.

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ARCADIS Tetraplan 99

Figura 2.2-2 - Atendimento de Água no Litoral Norte

Fonte: SNIS, 2007.

Ressalta-se que os municípios do Litoral Norte deram início, por meio da Secretaria de Saneamento e Energia, aos Planos Municipais de Saneamento e ao Plano Regional de Saneamento, que deverá abordar, entre outras questões, a universalização do abastecimento público.

A qualidade das águas superficiais é medida em 30 pontos de monitoramento, conforme apresentado no Caderno de Mapas (Recursos Hídricos – Litoral Norte).

O resultado deste montoramento aponta qualidade Ótima e Boa dos mananciais, com relação ao índice de qualidade de água para fins de abastecimento (IAP); Regular em cinco corpos d’água, Bom em 24 e Ótimo em um manacial, com relação ao índice de qualidade de água (IQA). A qualidade de água dos mananciais monitorados pela CETESB apresenta-se estável desde o ano 2000.

Em relação à proteção da vida aquática, o IVA apresenta-se estável desde 2003. O gráfico apresentado a seguir mostra a evolução deste índice. Nota-se que a grande maioria dos pontos monitorados apresenta qualidade entre Ótima e Boa, porém alguns pontos como o rio Quilombo em Ilhabela, rio Acaraú em Ubatuba e o rio Lagoa em Caraguatatuba apresentam qualidade Ruim e Péssima. Se confrontados os dados de IVA com os resultados de DBO, OD, Nitrogênio Amoniacal, Fósforo total e Coliformes, observa-se contaminação por esgotos sanitários nesses pontos.

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Gráfico 2-17 - Evolução do IVA ao longo do período 2003 a 2008 na UGRHI 03

Fonte: CETESB, 2008. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Observando-se o Caderno de Mapas (Recursos Hídricos – Litoral Norte), que apresenta os emissários, a balneabilidade, o IQA e o IVA, verifica-se que:

• Ao longo do canal de São Sebastião, onde estão instalados os emissários do Araçá e do Tasse, todas as praias apresentam classificação entre regular e ruim, sendo que em um ponto é classificada como péssima. Contudo, esta não é a única explicação para essa baixa qualidade, sendo que a ausência de coleta de esgotos, principalmente em Ilhabela e em Caraguatatuba, também altera a qualidade das águas.

• O rio Lagoa em Caraguatatuba (ponto RGOA 02900), que apresenta IVA péssimo e IQA regular parece afetar as praias adjacentes, que são classificadas como ruins. Observa-se que, a partir da análise dos valores dos parâmetros do monitoramento para o ano de 2008, o rio Lagoa nesse ponto, é fortemente afetado pela maré. Quando isto ocorre, com o aumento da salinidade, há uma queda nos parâmetros sanitários (coliformes, fósforo e nitrogênio), indicando que a baixa coleta de esgotos sanitários é a causa da baixa qualidade das águas nesse rio.

• O rio Escuro (CURO 02900) em Ubatuba, classificado com ruim para IQA e péssimo para IVA, também parece afetar negativamente a qualidade das parias circundantes.

• O rio Acaraú, que deságua na praia de Itaguá em Ubatuba, também afeta negativamente esta praia, que apresenta classificação entre ruim e regular, no ponto mais próximo e no mais distante da foz, respectivamente. Não se

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

IVA

Ano

CARO 02800 GRAN 02400 GRAN 02800 BALD 02700 BALE 02700

SAFO 00300 TOCA 02900 ARAU 02950 QLOM 02950 RGOA 02900

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ARCADIS Tetraplan 101

observa aumento da salinidade no ponto de monitoramento (ARAU02950) nesse rio.

• Na área sul de São Sebastião a qualidade das praias em relação à balneabilidade apresenta-se entre boa e regular, sendo ruim apenas na praia do Una, que recebe as águas do rio de mesmo nome, monitorado no ponto RUNA 02950. No entanto, o IQA é classificado como bom e o IVA não é classificado.

Pelo exposto, pode-se concluir que as fontes de poluição das águas superficiais na UGRHI Litoral Norte estão associadas principalmente a cargas pontuais de origem doméstica e difusas de origem urbana.

Esgoto

Com relação à coleta de esgotos sanitários no Litoral Norte, observa-se que o índice é deficiente no Litoral Norte, tendo atendimento médio de cerca de 30% da população urbana, conforme apresentado na figura 2.2-3 a seguir.

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Figura 2.2-3 - Atendimento de Coleta de Esgotos Sanitários no Litoral Norte

Fonte: SNIS, 2007

Os dados relativos às condições de coleta e tratamento dos esgotos sanitários no Litoral Norte, bem como a indicação dos corpos receptores são apresentados na Tabela 2.2-5.

Tabela 2.2-5 - Atendimento dos Sistemas de Tratamento e Coleta de Esgotos, Corpos Receptores e Cargas Poluentes de Origem Doméstica – Litoral Norte

Município Atendimento (%) Eficiência

Carga Poluidora (kg DBO/dia)

Corpo Receptor

Coleta* Tratamento* % Potencial Remanesc.

Caraguatatuba 31,26 100 95 48471 3066 Rios diversos/Mar

Ilhabela 6,87 100 9 1363 1363 Rios diversos/Mar

São Sebastião 50,46 100 67 3861 3070 Rios diversos/Mar

Ubatuba 23,04 100 83 4204 3153 Rios diversos/Mar

Fonte: SNIS, 2007.

No Litoral Norte existem três emissários submarinos em São Sebastião (Araçá, Cigarras, Terminal Marítimo Almirante Barroso – TEBAR) e um em Ilhabela (Saco da Capela), que recebem os esgotos pré-condicionados de São Sebastião, sendo o Oceano Atlântico o corpo receptor. Projeta-se também para lançamento o emissário de Itaquanduba, com previsão de início de operação até 2011. Ressalta-se que os esgotos encaminhados a esses emissários sofrem um processo de pré-condicionamento, que consiste apenas na remoção de sólidos grosseiros e cloração.

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O Programa Onda Limpa, desenvolvido pela Sabesp, tem como objetivo garantir o afastamento e tratamento de esgotos no Litoral Paulista. Até 2015, o programa elevará o índice de coleta de esgoto da região de 35% para 85%, tratando 100% deste total. No Litoral Norte serão implantados 390 km de redes coletoras, coletores tronco, interceptores e emissários; 26.000 novas ligações domiciliares; 155 Estações Elevatórias de Esgotos (execução e reforma); 15 Estações de Tratamento de Esgotos; e uma Estação de pré-condicionamento (EPC) e Emissário Submarino – Ilhabela.

Resíduos Sólidos

Com relação à coleta de resíduos sólidos domiciliares no Litoral Norte, o SNIS apresenta dados apenas para São Sebastião e Bertioga, onde a cobertura é de 100%.

A situação da disposição de resíduos sólidos é ruim em Ubatuba e satisfatória nos outros três municípios, conforme apresentado na figura 2.2-4 a seguir.

Figura 2.2-4 - Situação da Disposição dos Resíduos Sólidos no Litoral Norte

Fonte: CETESB, 2008.

A Tabela 2.2-6 mostra a evolução da disposição dos resíduos sólidos na UGRHI 03.

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Tabela - 2.2-6 - Evolução da Situação da Destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos na UGRHI 03

Município

Lix

o

(t/d

ia)

1997

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

EN

Q

Disposição

TA

C

LI

LO

Caragua tatuba 36.1 5.4 3 3.8 3.6 3.5 2.5 2.5 9.7 8 C Santa Isabel S S S

Ilhabela 10.1 6.3 3.9 3.8 3.7 10 10 10 10 10 A Tremembé S S S

São Sebastião 28.6 4 4.7 5.2 5.2 5.3 10 10 10 10 A Tremembé S S S

Ubatuba 31.1 5.1 5.8 5.8 5.8 5.8 4.6 3.6 3.3 10 A Tremembé S S S

ENQ- Enquadramento A- Adequado, C – Controlado.

Fonte: Inventário de Resíduos Sólidos – CETESB, 2008.

Apesar de a situação dos resíduos sólidos estar controlada ou adequada nos municípios do Litoral Norte, observa-se que, em Ubatuba, esta condição só evoluiu de inadequada a adequada recentemente, no ano de 2008, quando o município passou a depositar seus resíduos em Tremembé, valendo destacar que a maioria dos municípios do Litoral Norte depositam seus resíduos em aterros situados no Vale do Paraíba.

Foi consultado o cadastro da CETESB (novembro de 2009) de áreas contaminadas para os municípios pertencentes à UGRHI 3 (Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela).

Foram registradas, ao todo, 56 áreas contaminadas nos municípios da UGRHI 3, sendo 19 em Ubatuba, 22 em Caraguatatuba, 13 em São Sebastião e 2 (duas) na Ilhabela.

Baixada Santista

Água

A maior parte das sub-bacias da UGRHI 07 – Baixada Santista apresenta área variando de 100 a 200 km2 , produzindo vazões Q7,10 de 1 e 2,5 m3/s. O gráfico 2.2-3 apresenta um resumo da distribuição das áreas e vazões mínimas na Baixada Santista. O mapa com as bacias hidrográficas, pontos de monitoramento de água superficial da CETESB e balneabilidade de praias é apresentado no Caderno de mapas, página 38.

Gráfico 2-18 - Distribuição das áreas de drenagem e dasUGRHI 7

a) áreas de drenagem

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

A presença da usina Henry Borden promove a transferência de vazões da UGRHI 06 (Alto Tietê) num montante médio variando entre 3,5 mfontes, e 6 m³/s conforme outrasde 1 m³/s do rio Capivari para o sistema Guarapiranga e de 0,3 para o sistema Rio Claro.

De acordo com o Relatório de Situacão dos Recursos Hídricos da UGRHI 07 2011 (Comitê da Sub-Bacia da Baixada Santista e DAEE, 2007), a demanda dessa UGRHI para o ano de 2004 representava cerca de 54% da Qconsiderado precupante.

Os mananciais de abastecimento da Baixada Santista integramprincipais: norte, centro e sul. Os principais mananciais da área norte são os rios Itapanhaú e Itatinga; o do centro é o rio Cubatão e o do sul é o rio Branco, que abastece o sistema Mandu. municípios da UGRHI 07 e a Santista.

15 Segundo o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos 2007

16 De acordo com o Relatório de Qualidade de Águas Interiores

até 50 km2

1

de 50 a 100 km2

7

de 100 a 200 km2

11

de 300 a 400 km2

1

de 400 a 500 km2

1

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ARCADIS Tetraplan

Distribuição das áreas de drenagem e das vazões nas sub

b) vazões mínimas (Q7,10

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

A presença da usina Henry Borden promove a transferência de vazões da UGRHI 06 (Alto Tietê) num montante médio variando entre 3,5 m3/s15, de acordo com algumas

/s conforme outras16; há também uma transferência no sentido inverso /s do rio Capivari para o sistema Guarapiranga e de 0,3 m³/s do rio Guaratuba

De acordo com o Relatório de Situacão dos Recursos Hídricos da UGRHI 07 Bacia da Baixada Santista e DAEE, 2007), a demanda dessa

UGRHI para o ano de 2004 representava cerca de 54% da Q7,10, o que pode ser

Os mananciais de abastecimento da Baixada Santista integram-se em três sistemas principais: norte, centro e sul. Os principais mananciais da área norte são os rios Itapanhaú e Itatinga; o do centro é o rio Cubatão e o do sul é o rio Branco, que

sistema Mandu. A tabela 2.2-7 apresenta os sistemas existentes nos municípios da UGRHI 07 e a figura 2.2-6 apresenta os mananciais da Baixada

Segundo o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos 2007-2011

De acordo com o Relatório de Qualidade de Águas Interiores - 2007

de 50 a 100 km2

até 0.5 m3/s

1

de 0,5 a 1 m3/s

8

de 2 a 3 m3/s

1

de 3 a 4m3/s

1

de 4 a 5m3/s

1

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vazões nas sub-bacias de

7,10)

A presença da usina Henry Borden promove a transferência de vazões da UGRHI 06 de acordo com algumas

; há também uma transferência no sentido inverso /s do rio Guaratuba

De acordo com o Relatório de Situacão dos Recursos Hídricos da UGRHI 07 - 2007-Bacia da Baixada Santista e DAEE, 2007), a demanda dessa

, o que pode ser

se em três sistemas principais: norte, centro e sul. Os principais mananciais da área norte são os rios Itapanhaú e Itatinga; o do centro é o rio Cubatão e o do sul é o rio Branco, que

apresenta os sistemas existentes nos apresenta os mananciais da Baixada

de 1 a 2 m3/s

9

de 2 a 3 m3/s

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Tabela -2.2-7 - Sistemas de Abastecimento de Água Existentes nos Municípios da UGRHI 07

Município Cobertura

(%) Sistema Mananciais Localidades Atendidas

Bertioga 100

ETA Indaiá Rio Itapanhaú Jardim Indaiá e Jardim das Canções

Caruara Rio Macuco Caruara

São Lourenço Ribeirão dos Monos Sede

Boracéia Ribeirão Pedra Bela Boracéia

Furnas e Pelaes Rios Furnas e Pelaes Sede

Cubatão 70,89 ETA Pilões e

ETA Cubatão

Rios Pilões, Passareúva e rio Cubatão

Sede

Guarujá 73,95 Piaçaguera Rios Jurubatuba e Jurubatuba

Mirim Sede e Vicente de

Carvalho

Santos 100 ETA Pilões Rios Pilões e Passareúva Sede

ETA Cubatão Rio Cubatão

São Vicente

89,29 Piaçaguera Rios Jurubatuba e Jurubatuba

Mirim Sede e Vicente de

Carvalho

Praia Grande

97,82

Melvi Rios Guariuma, Laranjal, Soldado e Serraria

Sede Pilões Rios Pilões e Passareúva

Cubatão Rio Cubatão

Mongaguá 100 Antas Rio Antas Sede

Itanhaém 94,78 Mambu Rio Mambu Sede

Peruíbe 100

Guaraú Ribeirão Guaraú Guarauzinho e Balneário Garça

Vermelha

Peruíbe Rios Cabuçu, Quatinga e S. José

Sede

Fonte: SABESP –Relatório de Qualidade de Água – 2008

(http://www.sabesp.com.br/calandraweb/toq/agua08.html)

Embora a situação do abastecimento de água na região da Baixada Santista seja relativamente confortável durante os meses de março a novembro, durante os períodos de festas e férias (de dezembro a fevereiro), há uma grande sobrecarga destes sistemas, resultando em paralisações do abastecimento, conforme apresentado na tabela seguinte, obtida a partir de informações do SNIS para o ano de 2007.

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Tabela -2.2-8- Paralisações e Interrupções Sistemáticas do Abastecimento na Baixada Santista

Nome do município

Economias ativas

Paralisações do Sistema de Distribuição Interrupções Sistemáticas

Economias ativas

atingidas

Quantidade Duração média

(h/paralis.)

Economias ativas

atingidas

Quantidade

Duração média (h/interrupção)

Bertioga 21.659 93.222 43 4.584 1.781 7 39

Cubatão 29.218 841.851 147 22.379 0 0 0

Guarujá 112.214 2.162.842 176 1.926 1.066.255 37 347

Itanhaém 53.618 520.960 61 367 0 0 0

Mongaguá 37.391 19.100 28 326 0 0 0

Peruíbe 34.746 138.213 52 458 0 0 0

Praia Grande 178.701 395.385 31 168 0 0 0

Santos 183.604 2.104.447 299 2.337 198.000 19 335

São Vicente 109.130 848.872 95 1.416 46.600 10 1.608

Fonte: SNIS, 2007.

Observa-se que em todos os municípios, à exceção de Mongaguá, o número de economias atingidas supera o de economias ativas, significando que todas as residências foram afetadas por paralisações, mais de uma vez no ano de 2007. Em alguns municípios a média é superior a 10 paralisações por economia.

Com relação ao atendimento de água da população urbana, verifica-se que Guarujá e Cubatão são os municípios que apresentam atendimento mais deficiente, abaixo de 80%, conforme apresentado na figura 2.2-5.

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Figura 2.2-5 - Índice de Atendimento Urbano de Água na Baixada Santista

Fonte: SNIS, 2007.

Deve-se considerar o Plano Diretor de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana da Baixada Santista desenvolvido pela Sabesp, que tem com horizonte de planejamento o ano de 2030. De acordo com esse Plano, será ampliada a ETA 3 Cubatão (sistema centro) para 5,5 m3/s, será implantada a ETA Mambú-Branco (sistema sul) para 1,6 m3/s e será implantado novo sistema produtor do Guarujá (sistema norte).

O Plano Diretor de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana da Baixada Santista prevê a configuração de mananciais mostrada na figura 2.2-6.

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Figura 2.2-6 - Proposta de Mananciais e Vazões de Abastecimento Apresentada pelo Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de Santos

Fonte: Plano Diretor de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana da Baixada Santista.

Considerando essas informações, ainda preliminares, observa-se que a captação total proposta pelo Plano citado será de cerca de 11,4 m3/s para a primeira etapa e de 14,3 m3/s para a segunda etapa. Nesta segunda etapa, o comprometimento da vazão de referência natural, que é de 32,8 m3/s, segundo o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da UGRHI 07 – 2007-2011, será de cerca de 80%, se considerados os 12,1 m3/s necessários ao atendimento da demanda industrial projetada pelo Hidroplan17 para 2010 . Este comprometimento é atualmente de cerca de 53%, ainda segundo o Relatório de Situação.

Na Baixada Santista a qualidade das águas superficiais é monitorada pela CETESB em 15 pontos, conforme apresentado no Caderno de Mapas (Recursos Hídricos Baixada Santista).

Nestes pontos observa-se que em relação ao IAP, o ponto de captação no rio Capivari apresenta qualidade Péssima, fruto da eutrofização que eleva o Potencial de

17 PLANO INTEGRADO DE APROVEITAMENTO E CONTROLE DOS RECURSOS HÍDRICOS DAS BACIAS DO ALTO TIETÊ, PIRACICABA E BAIXADA SANTISTA, Consórcio Hidroplan, 1995.

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ARCADIS Tetraplan 110

Formação de Trihalometanos18, principal responsável por este resultado. Já o ponto de captação no rio Cubatão apresenta qualidade Boa, porém, esporadicamente ocorre qualidade Péssima, devido ao aporte de fenóis em cerca de 10% das amostras coletadas no período de 2003 a 2007.

Dos 15 pontos de monitoramento, o IQA, indicador de contaminação sanitária das águas, apresentou em 2008, qualidade Ruim em apenas um ponto, qualidade Regular em cinco pontos, sendo que os restantes nove pontos apresentaram qualidade Boa. Para o resultado do índice de proteção da vida aquática (IVA), dos seis pontos em que este índice foi calculado em 2008, apenas dois apresentaram qualidade Boa; um apresentou qualidade Regular, dois Ruim e um Péssima. O gráfico 2.2-4 a seguir apresenta a evolução do IVA do ano de 2003 ao ano de 2008.

Gráfico 2-19 - Evolução do IVA ao longo do período 2003 a 2008.

Fonte: CETESB, 2008. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Observando-se o mapa de Recursos Hídricos Baixada Santista (Caderno de Mapas), verifica-se que:

18 O Potencial de Formação de Trihalomatanos é um indicador da formação destes compostos, que são

carcinogênicos, e resultam da combinação do cloro utilizado na desinfecção das águas de abastecimento com

compostos orgânicos, tais como matéria orgânica, fenóis e outros compostos orgâncos sintéticos.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

IVA

Ano

CAMO 00900 CFUG 02900 CUBA 02700

MOJI 02800 ANCO 02900 PERE 02900

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• Nenhuma praia da Baixada Santista apresenta qualidade boa ou ótima.

• O rio Mogi, que apresenta qualidade de água regular para IQA e péssima para IVA, tem instaladas, a montante do ponto de amostragem, diversas indústrias, principalmente do ramo de fertilizantes. Observando-se os valores dos parâmetros do monitoramento obtidos em 2008 pela CETESB, verifica-se que o fósforo total é um dos parâmetros que apresentam maiores valores, acima do estipulado pela Resolução CONAMA nº 357/05, atingindo em 2008 de 4 a 33 vezes esse limite. O mesmo ocorre com o Nitrogênio Amoniacal que atinge 10 vezes o limite legal. Sabe-se que as indústrias de fertilizantes utilizam tanto o fósforo como o nitrogênio em seus processos de produção, o que faz supor que estas indústrias contribuem para o aumento significativo nesses parâmetros que impactam significativamente o IVA.

• No rio Perequê, que abriga em sua bacia indústrias químicas, o IQA e o IVA apresentam classificação boa.

• No rio Piaçaguera, a classificação quanto ao IQA é regular e quanto ao IVA é ruim e estão instaladas indústrias químicas nesta sub-bacia. Em relação aos parâmetros monitorados em 2008, verificou-se a ultrapassagem dos limites para fenóis e manganês, ambos presentes em efluentes industriais.

• A partir do que foi exposto, pode-se concluir que, diferentemente do Litoral Norte, a Baixada Santista apresenta problemas de qualidade de água mais complexos que a contaminação por esgotos domésticos, sendo que a condição crítica para proteção da vida aquática verficada nesta UGRHI é fruto também de procesos industriais e de outras formas de contaminação.

Esgoto

Na Baixada Santista o Oceano Atlântico destaca-se como o principal corpo receptor de efluentes líquidos das mais diferentes fontes, com a presença de três emissários submarinos: Baía de Santos, Enseada do Guarujá e Praia Grande, que possui dois subsistemas.

A tabela 2.2-9 a seguir apresenta os dados relativos às condições de coleta e tratamento dos esgotos sanitários nos municípios da Baixada Santista, bem como a indicação dos corpos receptores.

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Tabela -2.2-9 - Atendimento dos Sistemas de Tratamento e Coleta de Esgotos, Corpos Receptores e Cargas Poluentes de Origem Doméstica – Baixada Santista

Município

Atendimento(%) Eficiência Carga Poluidora (kg

DBO/dia) Corpo Receptor

Coleta* Tratamento % Potencial Remanesc.

Bertioga 17,93 100 81 2,253 1,632 Rio Itapanhaú

Cubatão 30,45 100 70 6,855 5,127 Rio Cubatão

Guarujá 53,02 0 Emissário 16,426 16,426 Enseada/ Estuário de Santos

Itanhaém 6,92 75 96 4,588 4,357 Rios Poço, Itanhaém

e Curitiba

Mongaguá 17,19 100 88 2,327 1,938 Oceano Atlântico

Peruíbe 20,24 100 79 3,021 2,520 Rio Preto

Praia Grande

40,66 0 Emissário 13,205 13,205 Oceano Atlântico

Santos 75,46 0 Emissário 22,425 22,425 Baía de Santos e Canal São Jorge

São Vicente

54,76 30 88 17.732 14,753

Humaitá - rio Mariana

Samaritá – rio Branco

Insular – Estuário de Santos

* Valores referentes a 2007, segundo o SNIS. Fonte: Relatório de Qualidade das Águas Interiores –

CETESB, 2009.

Observa-se que na Baixada Santista existem, além do Oceano Atlântico, outros corpos receptores que vêm sendo comprometidos pelos lançamentos dos esgotos, tais como os rios Cubatão, Preto, Itanhaém e Curitiba.

Quanto à cobertura da rede de esgotos e a porcentagem de tratamento dos esgotos coletados nos municípios da Baixada Santista, o município de Santos é o que apresenta maior cobertura de coleta de esgotos, seguido dos outros municípios da área central da região (São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão). Os municípios de Bertioga, situado na porção norte da Baixada Santista, e os municípios de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe apresentam índices de cobertura da rede de coleta de esgotos menores que 20%, conforme apresentados na figura 2.2-7.

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Figura 2.2-7 - Atendimento de Coleta de Esgotos na Baixada Santista

Fonte: SNIS, 2007.

A SABESP, com o projeto Onda Limpa pretende melhorar esses índices. Estão previstos até 2012, 1.200 km de rede coletora, 120 mil novas ligações, 101 estações elevatórias, 7 estações de tratamento de esgotos e 2 novas estações pré condicionadoras para lançamento nos emissários submarinos.

Resíduos Sólidos

Com relação à coleta de resíduos sólidos domiciliares na Baixada Santista foram encontrados dados para os municípios do Guarujá, Santos, São Vicente e Itanhaém, Em todos estes municípios a coleta supera os 95% de cobertura, conforme apresentado na figura 2.2-8. De acordo com informações fornecidas pelas prefeituras municipais em abril de 2010, todos os municípios possuem coleta de resíduos sólidos e o município de Praia Grande atinge cobertura de 100%.

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Figura 2.2-8 - Situação da Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares na Baixada Santista

Fonte: SNIS, 2007.

A figura 2.2-9 apresenta a situação da disposição de resíduos sólidos domiciliares nos municípios da Baixada Santista e a tabela 2.2-10 apresenta a evolução dos índices de qualidade da disposição dos resíduos sólidos na Baixada Santista.

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Figura 2.2-9 - Situação da Disposição de Resíduos Sólidos Domiciliares

Fonte: CETESB, 2008.

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Tabela -2.2-10 - Evolução dos Índices de Qualidade da Disposição dos Resíduos Sólidos na Baixada Santista

Municípios

Lix

o (

t/d

ia)

1997

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

EN

Q

Disposição

TA

C

LI

LO

Bertioga 16.7 4.5 5.8 8 6.3 9.6 9.6 9.4 9.4 9.4 A Santos S S S

Cubatão 63.5 7.5 7.5 7.5 9.3 9.6 9.6 9.4 9.4 9.4 A Santos S S S

Guarujá 182.5 6 7.6 8 7.5 8 9.6 9.4 9.4 9.4 A Santos S S S

Itanhaém 34 2.8 4 4.8 3.8 4 4.3 3.5 4.3 9.4 A Santos S S S

Mongaguá 17.2 1.8 2.1 2.9 3.5 3.2 3.2 2.4 2.5 9.4 A Mauá S S S

Peruíbe 22.4 7.1 8.2 7.6 6.9 6.8 6.2 6.2 7.5 6.2 C S S N

Praia Grande 146.7 2.3 2.4 2.8 2.2 9.8 9.2 8.9 9.5 9.4 A Mauá S S S

Santos 249.2 3.9 2.8 2.8 9.3 9.6 9.6 9.4 9.4 9.4 A Santos S S S

São Vicente 197 2.2 2.2 9 9.8 9.8 9.2 8.9 9.5 9.4 A Mauá N S S

ENQ- Enquadramento A- Adequado, C – Controlado

Fonte: Inventário de Resíduos Sólidos – CETESB, 2008.

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Observa-se que no período de 1997 a 2008 houve uma acentuada melhora na disposição dos resíduos sólidos domiciliares na região, notadamente em São Vicente, Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém, sendo que estes dois últimos passaram de avaliação inadequada a adequada somente em 2008. Resta ainda a situação de Peruíbe, que apresentou piora da condição avaliada em 2008. Contudo, grande parte dos resíduos sólidos é destinada a Mauá, município localizado no Planalto.

Ressalta-se que, de acordo com informações obtidas pela prefeitura municipal em abril de 2010, Peruíbe possui um aterro sanitário licenciado e em operação.

De acordo com o cadastro de áreas contaminadas da CETESB (novembro de 2009) foram registradas, ao todo, 187 áreas contaminadas nos municípios pertencentes à UGRHI 7, sendo 5 (cinco) em Bertioga, 24 no Guarujá, 63 em Santos, 30 em Cubatão, 20 em São Vicente, 24 na Praia Grande, 4 (quatro) em Mongaguá, 12 em Itanhaém e 5 (cinco) em Peruíbe.

Litoral Sul

Água

A área da UGRHI-11, de 17.180km2 é dividida em 13 sub-bacias, com áreas maiores que 500 km2, conforme apresentado no Caderno de Mapas (Recursos Hídricos Litoral Sul). Dessas apenas duas são litorâneas: Vertente Marítima Sul e Vertente Marítima Norte. O mapa com as bacias hidrográficas, pontos de monitoramento de água superficial da CETESB e balneabilidade de praias é apresentado no Caderno de mapas, página 38.

Nessas duas bacias litorâneas, as vazões mínimas de referência (Q7,10) são de 15,37 m3/s na Vertente Norte e 8,69 m3/s na Vertente Sul, sendo que as demandas nessas duas bacias não chegam a representar 1% da disponibilidade.

A Tabela 2.2-11 apresenta um resumo dos sistemas de abastecimento de água, sua cobertura e os mananciais utilizados.

Tabela -2.2-11 Sistemas Existentes nos Municípios do Litoral Sul

Município Cobertura (%)

Sistema Mananciais Localidades Atendidas

Ilha Comprida

99 Iguape Rio Ribeira de Iguape Sede do município

Pedrinhas Represa Paratiu Bairro Pedrinhas

Iguape 87,9 Iguape Rio Ribeira de Iguape Sede do município,

Barra do Ribeira, Pontalzinho,Icapara

Cananéia 100

Arari Córrego Arari Bairro Arari

Cananéia Rio Itapitingui Sede, Itapitingui, Porto de Cubatão

Fonte: Relatório Anual de Qualidade da Água - CETESB, 2008.

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Com relação ao índice de abastecimento de água, conforme apresentado na figura 2.2-10, observa-se que os municípios do Litoral Sul têm índice de atendimento superior a 85%.

Figura 2.2-10 Cobertura do abastecimento de água nos municípios do Litoral Sul

Fonte: SNIS, 2007.

De acordo com informações obtidas pelas prefeituras municipais do Litoral Sul, o rio Ribeira de Iguape, nos próximos anos, fornecerá água para a Região Metropolitana de São Paulo.

A qualidade de água na área litorânea é medida em apenas dois pontos, sendo um no rio Ribeira de Iguape, próximo à sua foz e outro no extremo sul no Mar de Dentro. Observe-se que este último é um ponto de estuário e portanto com águas salobras.

No ponto do rio Ribeira a qualidade de água para proteção da vida aquática foi Regular em 2008. A tendência deste índice parece ser de melhoria como pode ser constatado no gráfico apresentado a seguir. Segundo CETESB (2009)19, a má qualidade de água está relacionada ao efeito tóxico que foi verificado em cerca de 10% das amostras coletadas desde 2004.

19 CETESB, Relatório de Qualidade das Águas Interiores, 2009.

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Gráfico 2-20 - Evolução do IVA ao longo do período de 2003 à 2008

Fonte: CETESB, 2008. Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Esgoto

A situação de esgotamento sanitário nos municípios do Litoral Sul é bastante deficitária, sendo que o município de Cananéia, o que apresenta maior índice de coleta de esgotos, tem um atendimento de apenas 55,6%. Em Ilha Comprida o serviço apresenta índice de cobertura de coleta de 26%.

A Tabela a seguir apresenta os percentuais de coleta e tratamento de esgotos, bem como as cargas poluidoras e corpos receptores nos municípios do Litoral Sul e a Figura 2.2-11 apresenta o índice de coleta de esgotos.

Tabela -2.2-12- Atendimento dos Sistemas de Tratamento e Coleta de Esgotos, Corpos Receptores e Cargas Poluentes de Origem Doméstica – Litoral Sul

Município Atendimento (%) Eficiência Carga poluidora (kg

DBO/dia) Corpo Receptor

coleta tratamento % potencial remanesc.

Ilha Comprida 25,82 100 8 528 516 Rio Candapuí

Iguape 44,28 100 50 1.313 933 Rio Ribeira de Iguape

Cananéia 55,6 100 40 555 445 Mar Pequeno

Fonte: SNIS, 2007.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008

IVA

Ano

RIIG 02900

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Figura 2.2-11 - Atendimento de Coleta de Esgotos no Litoral Sul

Fonte: SNIS, 2007.

Resíduos Sólidos

Os dados de coleta de resíduos sólidos no Litoral Sul apontam para valores abrangentes em Iguape e Cananéia. Já o município de Ilha Comprida não informou dados para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS.

Figura 2.2-12 - Índice de cobertura do serviço de coleta de resíduos sólidos domésticos

Fonte: SNIS, 2007.

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A disposição dos resíduos sólidos domésticos no Litoral Sul é inadequada nos três municípios, de acordo com dados obtidos no Inventário de Resíduos Sólidos (CETESB, 2008). Ainda, de acordo com informações contidas neste relatório, nenhum dos locais de disposição apresenta Licença de Operação e apenas o município de Iguape apresenta Licença de Instalação. Ressalta-se que não há informação sobre os locais de disposição dos resíduos sólidos domiciliares nos municípios do Litoral Sul.

.

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Tabela -2.2-13 - Evolução dos Índices de Qualidade da Disposição dos Resíduos Sólidos no Litoral Sul

Município

Lixo (t/dia)

1997

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Enquadramento

TA

C

LI

LO

Iguape 9.7 2.5 3.5 4.5 8.8 7.9 8.2 3.7 3.5 5 I S S N

Cananéia 4.1 3 3.4 3.9 3.5 4.1 4.4 3.1 3.2 4.3 I N N N

Ilha Comprida 3.9 4.5 1.2 1.2 1.2 1.6 2.1 2.3 2.8 1.6 I S N N

I - Inadequada

Obs: Não há informação sobre os locais de disposição dos resíduos sólidos domiciliares nos municípios do Litoral Sul.

Fonte: CETESB, Inventário de Resíduos Sólidos , 2008.

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Conforme consulta realizada no cadastro de áreas contaminadas da CETESB (2009), nos municípios da UGRHI 11 foi cadastrada somente duas áreas contaminadas, uma no município de Iguape e uma em Cananéia.

2.2.2.4. Pressões sobre Ecossistemas Marinhos

Os sistemas costeiros brasileiros apresentam, na sua maioria, uma intensa ocupação humana, ocasionando forte pressão sobre os seus frágeis ecossistemas. Segundo estudo da CETESB, das 25 regiões metropolitanas no Brasil, 14 encontram-se em zonas costeiras onde se localizam os principais pólos petroquímicos e sistemas portuários do País (CETESB, 2001). O litoral do Estado de São Paulo segue o padrão nacional, sendo a Baixada Santista a região mais urbanizada e populosa do Litoral Paulista.

As principais ameaças à conservação e aproveitamento sustentável dos recursos naturais dessa região estão relacionadas à pressão para a implantação de empreendimentos destinados ao lazer, ao turismo e às atividades portuárias e extrativistas (pesca e petróleo).

Identifica-se como principal efeito dessa pressão a degradação dos ambientes marinhos, através de processos físicos (assoreamento, aterro) e químicos (contaminação, poluição) acarretando em danos, muitas vezes permanentes, aos ambientes naturais, bem como afetando diretamente a saúde e economia local.

A qualidade das águas marinhas, sedimentos e organismos no Litoral Paulista já se encontra alterada, principalmente na Baixada Santista, que apresenta ecossistemas em recuperação de extrema importância ecológica.

Foram consultados os seguintes estudos realizados no Litoral Paulista para a descrição deste fator crítico: (i) Levantamento Integrado da Contaminação Ambiental no Litoral Paulista (CETESB, 2001); (ii) Monitoramento do Sistema Estuarino de Santos e São Vicente (CETESB, 2001); (iii) Programa de Monitoramento Ambiental da Área sob Influência dos Emissários Submarinos de Esgoto de Santos, São Vicente e Praia Grande, (SABESP/Consórcio ENCIBRA-TECAM-FALCÃO BAUER, 2005); (iv) Projeto “A Influência do Complexo Estuarino da Baixada Santista sobre o Ecossistema da Plataforma Adjacente” (ECOSAN) desenvolvido pela Universidade de São Paulo e financiado pela FAPESP (2008); e (v) Plano Básico Ambiental (PBA) para o Projeto de Aprofundamento do Porto de Santos (CODESP, 2010).

Nessas circunstâncias, propõe-se utilizar diagnósticos da qualidade das águas, sedimentos e comunidades bentônicas para avaliar as repercussões referentes ao Objeto AAE.

O Litoral Paulista, com 880 km de extensão, compreende ampla diversidade de ecossistemas marinhos, incluindo planícies costeiras, estuários, praias arenosas longas e retilíneas ou de dimensões restritas, compreendidas entre pontões rochosos que se projetam em direção ao oceano, manguezais, costões rochosos por vezes associados a cavernas. Apresenta, ainda, cerca de 150 ilhas, ilhotas e lajes, bem como desembocaduras de dezenas de drenagens de pequenas dimensões provenientes do sistema serrano à retaguarda dos ambientes costeiros, ou de rios de

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maiores dimensões que drenam áreas dos planaltos e sistemas serranos distantes da linha de costa.

Os ecossistemas marinhos do Litoral Paulista são diretamente influenciados pelos mecanismos físicos que possibilitam os processos de aporte, deposição e transporte de material orgânico e inorgânico proveniente dos complexos sistemas costeiros dispostos sobre a Plataforma Continental Sudeste do Brasil (PCSE).

De uma maneira geral, o litoral de São Paulo apresenta homogeneidade nos padrões de circulação, sendo a característica principal a proximidade da Corrente do Brasil e de batimetria com extensa plataforma continental.

Litoral Norte

O Litoral Norte apresenta planície litorânea estreita, com inúmeras praias intercaladas por costões rochosos. Há 41 ilhas, 16 ilhotas e 14 lajes espalhadas pela costa da região. As ilhas são predominantemente rochosas com poucas praias arenosas, das quais se destacam a ilha de São Sebastião, onde se situa o município de Ilhabela; a ilha Anchieta (Ubatuba), que abriga o Parque Estadual da Ilha Anchieta e o arquipélago de Alcatrazes (São Sebastião), abrigando uma Área de Proteção

A deficiência do sistema de coleta e tratamento de esgoto é comum a todos os municípios do Litoral Norte, tendo atendimento médio de cerca de 30% da população urbana, resultando na principal fonte de poluição para os ecossistemas marinhos da região, conforme descrito no item de Recursos Hídricos e Saneamento.

Os esgotos geralmente são lançados nos corpos d’água locais que deságuam no mar. Esse fato altera consideravelmente a balneabilidade das praias, principalmente nos meses de verão.

No Litoral Norte, os três emissários submarinos em São Sebastião e um em Ilhabela recebem os esgotos pré-condicionados de São Sebastião e lançam no Oceano Atlântico. Outro emissário em Itaquanduba tem previsão de operação até 2011. Os processos oceanográficos envolvidos nas regiões dos emissários existentes resultam no predomínio de lama, devido à baixa circulação de fundo na área, que propicia o acúmulo não só de matéria orgânica continental e marinha, mas de quase todo o material poluente lançado na região.

A partir dos resultados sedimentológicos da CETESB (2008), a região situada no entorno da linha sul dos emissários apresenta altas concentrações de nutrientes, afetando diretamente a microfauna bentônica e comprometendo a densidade e a riqueza das comunidades de foraminíferos.

Não há registro de contaminação por esgoto na região dos emissários do Litoral Norte, com exceção do emissário do Saco da Capela (Ilhabela) que apresentou, para o parâmetro enterococos, 30% dos resultados superiores aos valores permitidos pela legislação (100 UFC/100 mL), alcançando o máximo de 230 UFC/100 mL.

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Outra fonte potencialmente poluidora importante está relacionada às atividades do Terminal Portuário da Petrobrás (TEBAR), devido aos acidentes eventuais durante o manuseio do petróleo e seus derivados.

Baixada Santista

Na Baixada Santista concentram-se áreas de manguezal do Litoral Paulista, principalmente entre Santos e Bertioga, que apresentam extrema importância para a manutenção do equilíbrio da dinâmica trófica e de populações dos organismos marinhos.

Na plataforma adjacente ao estuário de Santos, localiza-se o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, local de grande interesse para a conservação da diversidade biológica na costa do Estado de São Paulo, uma vez que a ausência de outras formações rochosas ou ilhas, em áreas próximas, acarreta grande concentração de peixes de passagem e recifais na área. Espécies que vivem em cardumes, bem como várias espécies migratórias, ali encontram alimento, abrigo e local para a reprodução.

A situação atual da Baixada Santista é de um ecossistema em recuperação, apresentando fragilidade em diversos aspectos de equilíbrio ecológico. Toda a região estuarina de Santos, São Vicente e Bertioga apresenta individualidade na circulação e no aporte proveniente de água fluvial.

O primeiro levantamento integrado da contaminação ambiental na Baixada Santista teve início em fevereiro de 1999, abrangendo 26 pontos de amostragem, incluindo rios, estuários e o mar em toda a região de influência da poluição hídrica. Nesses pontos foram realizadas coletas de amostras de água (22 amostras), sedimentos (63 amostras) e organismos aquáticos (161 amostras de peixes, crustáceos e moluscos), produzindo mais de 30.000 dados de análises físicas, químicas e biológicas (CETESB, 2001), conforme apresentado na figura abaixo.

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Figura 2.2-13 - Pontos de Amostragem na Baixada Santista

Fonte: CETESB, 2001.

Com os resultados destes estudos foi definida pela CETESB (2001) compartimentação espacial dos ecossistemas marinhos a partir de critérios fisiográficos e da distribuição das fontes potenciais de poluição presentes na região, conforme figura 1.2-14 e texto a seguir:

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Figura 2.2-14 - Delimitação dos Subáreas

Fonte: CETESB, 2001.

Estuário de Santos: engloba todos os canais estuarinos e trechos de rios sob influência direta do regime de marés que recebem a drenagem dos municípios de Cubatão, Santos e Guarujá. Esta zona engloba integralmente os canais portuários da Cosipa e do Porto de Santos e o trecho ocidental do canal de Bertioga, cujas águas drenam para o canal de Santos. Esta zona recebe a influência direta dos efluentes das indústrias, dos terminais portuários, além dos esgotos domésticos e do chorume do Lixão da Alemoa. As águas são salobras, enquadradas na Classe 1 da Resolução CONAMA nº 357/05.

Estuário de São Vicente: inclui os canais estuarinos e rios sob influência direta do regime de marés, que recebem a drenagem dos municípios de São Vicente e Praia Grande, com destaque para os rios Branco, Mariana e Piaçabuçu. As águas são salobras, sendo enquadradas na Classe 1. O estuário recebe contribuições de poluentes oriundos de áreas contaminadas por resíduos com organoclorados e metais pesados, e é receptor de esgotos in natura e chorume do Lixão de Sambaiatuba.

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Baía de Santos: ambiente marinho delimitado ao norte pelas praias de Santos e São Vicente, ao sul pela Iinha imaginária que une a Ponta de Itaipu à Ponta da Munduba, a leste pela barra do Porto de Santos e os Morros dos Limões e da Barra e a oeste pela Barra de São Vicente e pelos Morros do Japui, Xixová e Itaipu. Este compartimento, relativamente abrigado, recebe as contribuições dos canais de Santos e São Vicente, constituindo-se numa zona de mistura da água do mar com as águas salobras provenientes dos estuários. As águas são salinas enquadrando-se na Classe 1 da Resolução CONAMA nº 357/05. As principais fontes de poluição direta nesta zona são os esgotos lançados pelo emissário submarino de Santos, os canais de drenagem urbana e os sedimentos dragados do canal portuário, os quais foram no passado, lançados indevidamente dentro baía.

Zona Costeira e Marinha Adjacente: região costeira adjacente, situada na área de costa e em mar aberto, com profundidades superiores a 15 m, sob influência direta das correntes marinhas. Suas águas são salinas (Classe 1). Como fonte de poluição direta destaca-se o lançamento de esgotos pelos emissários submarinos da Praia Grande e do Guarujá.

Segundo estudos de monitoramento da CETESB (2001), o processo de degradação dos ecossistemas costeiros do Litoral Paulista, especialmente na Baixada Santista, e os efeitos deletérios da poluição começaram a ser revertidos a partir de 1984, com o início de um intensivo programa de controle da poluição do ar, das águas e do solo, no pólo industrial de Cubatão. Entre diversas ações realizadas pelo "Programa de Recuperação da Qualidade Ambiental de Cubatão" desenvolvido pela CETESB, destacou-se a implantação de sistemas de tratamento de efluentes industriais em todas as indústrias da região, resultando na acentuada redução da carga de poluentes para o sistema hídrico. Observou-se, então, um gradativo processo de recuperação dos ecossistemas marinhos, com o aumento da diversidade de aves e organismos aquáticos.

Com base nesses trabalhos e nos resultados dos programas de monitoramento ambiental da área, foram estabelecidos alguns aspectos descritivos desses ecossistemas:

• Na Baía de Santos as águas são eutróficas, com altas concentrações de nutrientes dissolvidos e biomassa fitoplanctônica, enquanto na Praia Grande estas podem ser consideradas de oligo a mesotróficas, devido ao padrão de circulação que contribui para a dispersão de poluentes. Do ponto de vista da saúde pública, a eutrofização pode levar a formação de florações de algas nocivas (HABs), além da contribuição de bactérias, fungos e outros microorganismos nocivos. Este último problema é bastante comum na região. As praias geralmente são consideradas impróprias para o banho e os casos de infecções causadas por microorganismos marinhos são comumente registrados nos postos de saúde pública. Atualmente existe uma grande ansiedade mundial quanto à floração de microalgas nocivas que produzam ou não biotoxinas. Na Baía de Santos são comuns os "blooms" de diatomáceas, além da presença de algumas espécies de dinoflagelados, ambos considerados nocivos pela comunidade científica e UNESCO.

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• A presença e distribuição de ovos e larvas do ictioplâncton indicam que toda a área do Sistema Estuarino de Santos, incluindo a baía, canal do porto e canal de Bertioga, constitui local de desova e berçário de diferentes espécies de peixes, indicando a importância ecológica de todo estuário como centro de reprodução tanto das espécies residentes dos estuários como também de espécies que habitam toda a plataforma continental adjacente.

• A atividade reprodutiva da comunidade de peixes do sistema é contínua, com intensidade de desova variável no decorrer do ano. Além dos fatores intrínsecos de cada espécie, fatores ambientais (temperatura, salinidade, profundidade de coleta, concentrações de clorofila-a e altura da maré) estão interagindo e influenciando na distribuição e abundância de ovos e larvas de peixes no Sistema Estuarino de Santos. Assim não há possibilidade de manejo sazonal nessa região.

• Sendo o Estuário de Santos um sistema retentor de sedimentos de fundo, os contaminantes vindos do alto estuário tendem a ficar restritos nessa área, não sendo exportados em grande quantidade para a Baía de Santos ou plataforma adjacente. A maioria dos contaminantes fica retida dentro do sistema estuarino, com exceção da desembocadura dos emissários e canal de Santos. Assim sendo, a fauna bêntica mostrou um padrão semelhante em toda a área, exceto a macrofauna no entorno da desembocadura do emissário de esgoto urbano de Santos e a megafauna no entorno da desembocadura do Canal de Santos.

A região portuária estuarina tem requerido dragagens do canal, tanto em função de processos de assoreamento gerados pela ocupação humana e degeneração da vegetação das encostas da Serra do Mar decorrentes da poluição atmosférica, como pelo aumento do calado das embarcações.

Estas dragagens, por sua vez, podem gerar problemas ambientais devido à resuspensão de sedimentos, disponibilizando novamente material poluente depositado no fundo. Em decorrência de tais riscos, a administração portuária tem investido grandes esforços em programas ambientais para minimizar possíveis impactos e monitorar suas atividades de dragagem e descarte.

Além da descarga de efluentes industriais e daqueles decorrentes das atividades portuárias, também são lançados os esgotos da região através de sistemas de emissários e diversos pontos de lançamento de dejetos “in natura” provenientes principalmente de bairros suburbanos e favelas.

Atualmente há três emissários em funcionamento na Baixada Santista: um na Praia Grande (com dois subsistemas); um em Santos e um no Guarujá, dotados somente de tratamento preliminar.

Com relação ao emissário de Santos, em operação desde 1979, uma comparação dos estudos realizados antes da construção do emissário (Gianesella-Galvão, 1978, Gianesella-Galvão, 1981), com trabalhos posteriores (Gaeta et al., 1999) indicam que os níveis de eutrofização permanecem altos na região da Baía de Santos mais de 20 anos após a construção do emissário.

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A população da Baixada Santista pode dobrar durante o verão pelo aporte de turistas. A situação atual e prevista para o final do Programa Onda Limpa caracteriza o esgoto como um dos fatores críticos para os ecossistemas marinhos da Baixada Santista, gerando sérios problemas no equilíbrio ecológico e na contaminação dos organismos comestíveis extraídos.

Durante o verão, a carga orgânica oriunda de toda a população residente e flutuante nos municípios da Baixada Santista, contribui para a persistência de condições sanitárias e ambientais desfavoráveis na região (SABESP, 2003). Também as altas precipitações pluviométricas, às quais a região está submetida durante o verão, favorecem um aumento significativo da carga de nutrientes orgânicos e inorgânicos que podem gerar problemas de eutrofização na área, a partir das regiões mais internas dos estuários de Santos e São Vicente.

Outro fator de risco para saúde humana é a contaminação do corpo de água e dos organismos dos ecossistemas por micro-organismo patogênico causada, principalmente, pelos aportes de esgotos domésticos. A análise das condições sanitárias do pescado é fundamental para subsidiar o comércio e prover segurança alimentar. De acordo com a legislação federal RDC 12, 7-1, a avaliação de salmonella e estafilococos são indicados para peixes e a Resolução CONAMA nº 357/05 recomenda a análise de coliformes fecais para os corpos de água doce, salobra e salina.

Outro fator impactante nas regiões estuarinas e marinhas da Baixada Santista são os metais tóxicos contidos nos resíduos industriais. Segundo relatório da CETESB (2001) foram detectados diversos metais em água, sedimentos e organismos. Nos sedimentos metais como arsênio - As, cádmio - Cd, chumbo - Pb, cromo - Cr, mercúrio - Hg, níquel – Ni e zinco - Zn apresentaram valores de concentração acima do TEL (Threshold Effect Level). Algumas áreas mais contaminadas nas proximidades de Cubatão apresentaram concentrações de Chumbo - Pb, Cobre - Cu e Mercúrio - Hg com valores superiores ao PEL (Probable Effect Level), o que indica probabilidade significativa de efeitos severos à biota.

O Canal de Bertioga, por outro lado, representa um ambiente onde as margens estão melhor preservadas do que aquelas dos canais de Santos e São Vicente, apesar de também estarem submetidas à destruição de habitat, principalmente manguezais, tanto em decorrência da ocupação urbana como da poluição que atinge suas margens em caráter crônico ou agudo.

O Canal apresenta uma região alargada em seu centro, o Largo do Candinho, que atua como um divisor de águas entre o estuário de Santos e a porção norte do Canal de Bertioga, inibindo as trocas de sais de modo significativo (Miranda et al., 1998) e minimizando a entrada de poluição oriunda do estuário de Santos. Essa porção norte, apesar de conter altas concentrações de nutrientes inorgânicos, não apresenta biomassa fitoplanctônica na proporção esperada (Gianesella et al., 2000). Tal fato é decorrente, em parte, da redução de luz devido à presença de ácidos húmicos dissolvidos provenientes do manguezal, mas, principalmente, pela grande taxa de transporte desses nutrientes para a região costeira adjacente, a qual deve atuar como a área de crescimento do fitoplâncton (Gianesella et al., comunicação pessoal.).

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Litoral Sul

No Litoral Sul encontra-se o Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape, Cananéia e Paranaguá, reconhecido pela Unesco como parte da Reserva da Biosfera devido à sua importância enquanto meio ambiente natural e de culturas tradicionais, com manguezais em bom estado de conservação, bem representados no município de Cananéia, seguido por Iguape. Trata-se de região de reprodução de diversas espécies de peixes e de grande parte dos recursos pesqueiros de todo o Litoral Paulista.

No entanto, no Mar de Cananéia a depleção dos níveis de oxigênio dissolvido é um fator importante pelos possíveis prejuízos à biota aquática. Segundo relatório da CETESB (2008), os resultados de sedimentos indicam que pode estar ocorrendo aporte de matéria orgânica lançadas diretamente. Verifica-se também a presença de indicadores microbiológicos na maioria dos pontos de amostragem.

Tomando como base os resultados de metais e dos compostos orgânicos avaliados, conclui-se que as fontes poluidoras a serem levantadas são, provavelmente, de esgotos domésticos locais (CETESB, 2008).

A situação de esgotamento sanitário nos municípios do Litoral Sul é bastante deficitária, sendo que o município de Cananéia, o que apresenta maior índice de coleta de esgotos, tem um atendimento de apenas 55,6%. Em Ilha Comprida o serviço apresenta índice de cobertura de coleta de 26%.

O panorama dos ecossistemas marinhos do estado de São Paulo evidencia o papel receptor que esses ambientes desempenham frente às atividades desenvolvidas nas regiões litorâneas, bem como seu potencial de recuperação. Em relação às atividades antevistas ligadas ao Objeto AAE, pode-se ressaltar a fragilidade desses ecossistemas em relação à poluição e distúrbios ambientais. A Baixada Santista Central é a região mais afetada pela degradação ambiental e devido a programas específicos existentes encontra-se em recuperação. Deve-se ressaltar a importância de medidas preservacionistas para as instalações ligadas ao Objeto AAE devido seu potencial poluidor indicado pelo IBAMA.

2.2.3. Demandas Ícones – Déficits Sociais Acumuladas

2.2.3.1. Habitação

A questão habitacional na região do litoral paulista é fruto de uma cadeia de acontecimentos que associa uma evolução desequilibrada entre desenvolvimento econômico, social e ambiental, aos reflexos diretos nas condições de habitabilidade dos segmentos populacionais de menor poder aquisitivo e na preservação dos recursos naturais. O conhecimento desses fatores históricos, articulados às intervenções das políticas públicas setoriais, permite a compreensão atual do fenômeno e alerta para a perspectiva futura, considerando as repercussões significativas esperadas em função do Objeto AAE no uso e ocupação do espaço.

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A análise do tema habitação requer a espacialização da questão das necessidades habitacionais, bem como suas repercussões em termos urbanísticos e espaciais, e o exame da questão da demanda pela sua capacidade de acesso aos produtos ofertados pelo mercado, com ou sem o apoio de políticas públicas de complementação de renda. Como consequência, é importante identificar as requisições de definição e implantação de políticas públicas setoriais articuladas, que respondam ao processo de uso e ocupação do solo juntamente com a adoção de medidas socioambientais, e pela compatibilidade entre o preço do produto (moradia) e a capacidade de pagamento dos que demandam por habitação.

Devido às diferenças regionais e de disponibilidade de informações, a análise considera os três principais segmentos regionais, a saber: Litoral Norte (Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião), Região Metropolitana da Baixada Santista (Bertioga, Guarujá, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe), Litoral Sul (Cananéia, Iguape e Ilha Comprida). Na medida em que os dados disponíveis permitiram, a Baixada Santista foi segmentada em Central, composta pelos municípios de Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Bertioga, e Sul, com os municípios de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, para permitir análise comparativa com outras dimensões do estudo.

As mudanças esperadas para um futuro próximo de cerca de 15 anos deverão implicar em alterações na dinâmica de formação e movimento de preços imobiliários, considerando principalmente o preço da terra, haja vista a atual escassez relativa de terrenos apropriados para uso industrial, comercial, de serviços e moradia. A provável consequência será a gradativa exclusão dos pequenos negócios, em geral vinculados às empresas locais, e a prevalência de negócios de maior porte, dependentes de maior aporte de capital e facilidades de acesso a crédito. Modificar-se-á, portanto, a estrutura da oferta de empregos, de geração de renda e ganhos imobiliários. Tais fatores têm reflexo direto no acesso da população à moradia e vão referendar os deslocamentos diários principalmente frente às necessidades de trabalho e estudo.

Novas questões, portanto, se impõem ao sistema de planejamento e gestão das cidades e desafiarão o setor público a antecipar os problemas e dar respostas mais adequadas às necessidades de ordenamento na implantação de novos empreendimentos industriais, comerciais e de serviços, residenciais e de lazer, além de recuperar áreas ambientalmente sensíveis indevidamente ocupadas, que representam riscos para os ocupantes locais, para a cidade e região.

Ademais, é preciso estabelecer uma política consistente de desenvolvimento urbano, notadamente planos e programas de investimentos em infraestrutura urbana e de serviços correlatos, pois a demanda habitacional do segmento de mercado20 e aquela de interesse social deverão crescer em todos os municípios, avançando sobre áreas

20 Segmento de mercado é composto por aqueles que podem adquirir produtos ofertados no mercado imobiliário

habitacional sem o concurso das políticas públicas de complementação de renda ou de redução do valor de venda do

imóvel residencial.

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onde, atualmente, a infraestrutura básica já é deficiente e até praticamente inexistente como nos casos de ocupação de áreas mangues, faixas operacionais de rodovias e encostas.

A interação entre estruturas urbanas e processos socioespaciais está relacionada prioritariamente à dinâmica urbana. Para compreensão desse fenômeno serão utilizados dados do crescimento esperado de domicílios (Plano Diretor de Abastecimento de água da SABESP21 para a Baixada Santista e da Fundação Seade) e da mobilidade pendular, na Baixada Santista Central e Sul (Pesquisa Origem-Destino 2007 – RM da Baixada Santista, da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos22).

A mobilidade decorre de vários condicionantes ligados ao processo de produção e ocupação do espaço (mercado de terras, distribuição da atividade produtiva e educacional, centros de consumo etc.) e as áreas de expansão com fins habitacionais estão associadas de modo significativo ao processo de degradação ambiental, conforme dados do Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas com Habitações Desconformes – PRIMAHD23 e o Programa Cidade Legal24, que deverão ser sobrepostos aos Planos Diretores Municipais, bem como o mapeamento realizado pelo estudo Biota/Fapesp.

Baixada Santista – Central e Sul

Conforme o Plano Diretor de Abastecimento de Água da SABESP, o número de domicílios em 2010, na Baixada Santista, foi estimado em 959.856 unidades, contra 741.558 unidades em 2000. Isto representa acréscimo de 29,4%, ou seja, 218.298

21 - Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista – Relatório Estudos

Demográficos – Projeções Populacionais, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP

2008.

22 Conforme pesquisa de Origem-destino realizada na Baixada Santista, os resultados apontam que, do total de

viagens realizadas diariamente, 89% eram motivadas por trabalho e escola. Deste total, 54% são motorizadas. Das 46

% restantes, 32% são realizadas com o uso de bicicletas. Em relação às viagens motorizadas, o modo individual

representa 38% e o transporte público e coletivo é responsável por 68%.

23 Desenvolvido sob coordenação da AGEM - Agência Metropolitana da Baixada Santista em 2006, onde foram

identificadas diversas áreas ocupadas ilegalmente, fruto do processo de expansão urbana sobre as áreas de proteção

ambiental.

24 O Programa Cidade Legal objetiva a promoção de auxílio aos Municípios, mediante a orientação e apoio técnicos

para ações de regularização de parcelamentos do solo, conjuntos habitacionais, condomínios, assentamentos

precários e favelas, públicos ou privados, para fins residenciais, localizadas em área urbana ou de expansão urbanas,

assim definidas por legislação municipal, de acordo com os princípios estabelecidos no Decreto Estadual nº 52.052 de

13 de agosto de 2007, por meio da celebração de Convênio de Cooperação Técnica entre a Secretaria da Habitação e

o Município.

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unidades em 10 anos, equivalendo uma média anual de aproximadamente 22 mil novos domicílios. A distribuição relativa das taxas de crescimento, no período, varia na parte central de 15% em Santos a 65% em Bertioga. São Vicente apresenta taxa de 20%, mais próxima à de Santos, Cubatão – 30%, Guarujá – 41%. Na parte Sul da Baixada, a menor taxa é obtida em Mongaguá – 28%, e a maior em Praia Grande – 40%. Itanhaém e Peruíbe apresentam taxas equivalentes – 37% e 36%, respectivamente

Do total de domicílios da RMBS, 559.798 (58,3%) estavam ocupados e 400.058 (41,7%) não ocupados. Nas tabelas 1 2 e 3 do Anexo III - Habitação, pode-se visualizar que na Baixada Santista Central, a exceção de Bertioga, estão os municípios com as menores taxas de imóveis não ocupados - participação de 11% no total de domicílios de Cubatão e de 43% em Guarujá, em 2000; de 13% e 39%, nos mesmos municípios em 2010 respectivamente. Quanto aos municípios da Baixada Santista Sul, os índices de domicílios não ocupados variam em 2000 de 55% em Peruíbe, a 70% em Mongaguá, e em 2010, a variação é de 54% a 70%, nos mesmos municípios.

Entre os imóveis não ocupados, percentual significativo é de uso ocasional, em sua maior parte vinculado ao turismo de veraneio. A exceção de Bertioga (Baixada Santista Central), que manteve a mesma participação relativa desses imóveis na última década (90% dos imóveis não ocupados), os demais municípios da Baixada Santista tiveram, no período, pequena redução relativa dos imóveis de uso ocasional. Praia Grande (Baixada Santista Sul) merece destaque por ser o município que apresentou a maior redução no percentual de uso ocasional em relação ao total de domicílios (58% para 51%). No período, a participação relativa dos imóveis de uso ocasional em relação ao total de domicílios na Baixada caiu de 34%, em 2000, para 32% em 2010.

Na tabela 4 do Anexo III - Habitação, nota-se que Cubatão, São Vicente, Santos e Guarujá são os municípios que apresentam maior proporção de população residente, com percentuais que variam, respectivamente, de 99% e 98% em Cubatão, a 62% e 67% em Guarujá, em 2000 e 2010. Nos demais municípios, o percentual é inferior a 50%, com variações de 32% (Mongaguá) a 49% (Peruíbe), em 2000, e 35% e 49%, nos mesmos municípios, em 2010.

Para o total da Baixada Santista, o percentual de população residente é de 62%, em 2000, e 65%, em 2010. As quedas mais acentuadas de população flutuante são observadas nos municípios de Praia Grande (8%), Guarujá (5%) e São Vicente (4%).

Um fato a destacar é que o número de domicílios aumentou em 14,6% entre 2000 e 2010, enquanto a população apenas 5,6%, o que sugere a redução no número médio de pessoas por domicílio.

Em 2000, conforme dados da SEADE, a participação dos domicílios com rendimento abaixo de 5 salários mínimos na RMBS era de 62,3%, enquanto os incluídos na faixa entre mais de 5 e até 10 salários mínimos, 23,2%. No estrato acima de 10 salários, o percentual era de 14,1%.

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Dos municípios da Baixada Central, Santos apresenta o menor percentual no estrato inferior (menos de 5 SM) – 43% e o maior no estrato superior (Acima de 10 SM) – 28%, diferenciando-se dos demais municípios. Cubatão tem o maior percentual com rendimento inferior a 5 SM – 75% (ver Tabela 6 do Anexo III – Habitação).

Na Baixada Santista Sul, a situação mais favorável de renda é encontrada no município de Praia Grande, com 68% no segmento de renda inferior a 5 SM, situação similar a do município de São Vicente. Os demais municípios têm percentuais variando entre 72% e 73%. (Ver Tabela 6 do Anexo III - Habitação).

A cidade de Santos exerce função polarizadora na RMBS, abrigando postos de trabalho de elevada remuneração vinculados ao setor terciário, à presença do Porto de Santos e ao turismo. Abriga ainda população melhor remunerada que trabalha na área industrial dos municípios vizinhos, como o caso de Cubatão, ou da Região Metropolitana de São Paulo. Conforme já mencionado, Santos apresentava em 2000 (SEADE) a menor taxa de extrato com renda inferior a 5 SM, 43%, distante das taxas dos demais municípios do litoral, que variaram de 67%, em São Vicente, a 83% em Iguape. A diferença também se evidencia no segmento de renda acima de 10 SM. Enquanto Santos apresentava percentual de 28%, os demais municípios tinham taxas variando de 5% a 10%.

A atuação municipal e o mercado imobiliário têm exercido um papel de estruturação urbana do município e tem seguido uma lógica de renovação urbana e expansão periférica. A Zona Noroeste e os morros de Santos também estão se tornando alvo de construtoras médias e grandes, com lançamentos voltados às famílias que procuram apartamentos de até R$ 200 mil.

A expansão demográfica desdobrada a partir de Santos incorporou áreas ainda não urbanizadas da região, situadas além das Rodovias Imigrantes, Pedro Taques e Padre Manoel da Nóbrega, principalmente, na direção sul.

A realidade de São Vicente tem se constituído de maneira distinta. O intenso crescimento demográfico, a partir dos anos 1970, impulsionou a abertura de loteamentos populares, em geral irregulares ou clandestinos, precariamente implantados, que caracterizou a formação de uma periferia empobrecida. O município apresentou o maior número de domicílios a ser regularizados, no âmbito do Programa Cidade Legal da Secretaria Estadual da Habitação – 27.341 imóveis. Pelo Censo de 2000 (IBGE), o município já contava com 13.876 domicílios com infraestrutura inadequada.

Localizada no Vetor de expansão Santos-Praia Grande, São Vicente, com relativa concentração comercial, constituiu-se, sobretudo, como alternativa de local de moradia para as populações de menor poder aquisitivo, que não poderiam adquirir um imóvel no município de Santos. Essa característica da dinâmica regional conjugada com a sua proximidade de Santos tornou seu território atrativo para a atividade imobiliária, principalmente, em termos da produção de loteamentos populares.

No caso de Cubatão, o município sempre contou com poucas áreas adequadas para habitação. Dos 148 km² do município, 84,4 km² são serras e morros (57%), 37 km² são mangues (25%) e 26,6 km² são planícies e mangues aterrados (18%). Ou seja, a

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ocupação para efeitos de habitação dispõe apenas de áreas de planície e mangues aterrados, que disputa com o parque industrial, comércio e serviços de toda ordem.

A limitação de espaço é a principal determinante para que os aluguéis e o preço dos imóveis se tornem caros para as famílias de menor renda, que moram, em grande parte, em áreas impróprias das serras e mangues. Assim, Santos e as áreas da orla de São Vicente tornaram-se locais de moradias dos empregados com as melhores condições salariais do Pólo Industrial. Como já mencionado, Cubatão, em 2000, apresentava a maior taxa de renda domiciliar inferior a 5 SM na Baixada santista – 75%

Nos últimos anos, as favelas constituíram o principal problema do município. Segundo a Prefeitura, em 2000, residiam nas favelas de Cubatão aproximadamente 64 mil pessoas (60% da população total). O preço dos terrenos com vocação para habitação e dos aluguéis expulsou parte da mão-de-obra empregada nas empreiteiras, bem como, os de menores salários das indústrias, para as terras mais baratas de Vicente de Carvalho (Guarujá), Zona Continental de São Vicente e Praia Grande.

Atualmente, os investimentos na área habitacional do município estão voltados para a urbanização e regularização fundiária de assentamentos irregulares com a institucionalização das moradias, e produção de bairros urbanizados para o reassentamento da população em áreas de risco. Para isto concorrem recursos das três esferas de Governo e empréstimos internacionais. Dois grandes projetos estão em fase de implantação – Complexo da Vila Esperança, sob a coordenação da Prefeitura Municipal, incluído no PAC do Governo Federal e contando com a parceria do Governo Estadual; Recuperação Socioambiental da Serra do Mar – 1ª etapa, sob a coordenação das Secretarias Estaduais da Habitação e do Meio Ambiente, que conta com a parceria da União. Os projetos beneficiarão diretamente aproximadamente 14 mil famílias.

O processo de ocupação do município do Guarujá teve como principal mote o turismo de veraneio destinado ao segmento de média e alta renda. Os instrumentos utilizados para viabilizar a ocupação territorial favoreceram a apropriação diferenciada do solo urbano, contribuindo para a segregação socioespacial da população. O poder municipal utilizou os mecanismos de controle do uso e ocupação do solo sob a prerrogativa de favorecer o turismo e o comércio com projetos ao longo da orla para valorizar a região em benefício de seu desenvolvimento econômico. Em contrapartida, a área de Vicente de Carvalho, com cerca de 130 mil habitantes (49% da população total do Guarujá - Censo, 2000), não correspondia à imagem propagada em função do setor turístico do município, embora tenha se tornado fonte de importantes contribuições fiscais.

As áreas ocupadas por condomínios e residências de lazer apresentam uma rede de infraestrutura completa, com água, luz, telefone, pavimentação e rede de transporte público. Na medida em que se instalaram os condomínios na orla (verticais e horizontais), bolsões de pobreza localizaram-se nas encostas dos morros.

No Distrito de Vicente de Carvalho ficam alguns dos maiores bairros da cidade do Guarujá, entre eles vários oriundos de ocupação irregular que sofrem com os problemas de alagamentos, faltam de água, luz, esgoto, redes de drenagem e

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escoamento, escolas e assistência médico-sanitária. O município firmou convênio com Secretaria Estadual da Habitação no âmbito do Programa Cidade Legal para a regularização de 19.301 domicílios. O Distrito se destaca, por uma atividade comercial intensa, indústrias e atividade portuária, onde se encontram a Cargill, Dow Química, Cutrale, Terminal de Fertilizantes (TEFER) e Terminal de Contêineres (TECON) e sofrerá diretamente o impacto das intervenções na área portuária.

Bertioga é o município com a menor população da Baixada Central e tem vocação para o turismo de veraneio de média e alta renda. Porém, apresentou o maior crescimento relativo de domicílios na última década (65%) e manteve a mesma proporção de domicílios de uso ocasional entre 2000 e 2010, se afastando da tendência dos demais municípios da Baixada Santista Central.

De acordo com informações da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU, com base na PMU-Pesquisa Municipal Unificada, 2003, da Fundação SEADE, a Baixada Santista Central tinha, em 2006, aproximadamente 69 mil domicílios em favelas, 5 mil famílias em cortiços. Segundo o IBGE - Censo de 2000, na região havia aproximadamente 51 mil domicílios com infraestrutura inadequada. O fenômeno favela se apresentava de forma significativa no espaço urbano dos municípios de Guarujá (29.819), São Vicente (18.054) e Cubatão (14.629). Os três municípios concentravam 90% dos domicílios em favelas da região. O fenômeno cortiço era mencionado apenas em Santos (3.265) e Cubatão (2.000).

O processo de expansão urbana de Praia Grande tem início com a sua emancipação em 1967. Praia Grande pertencia a São Vicente. A verticalização está concentrada, principalmente, nas quadras mais próximas à orla. Os dois shoppings do município estão localizados nessa região. A área é servida por completa rede de infraestrutura: saneamento básico (água, esgoto, energia); iluminação pública; pavimentação; guias e sarjetas; coleta de lixo, além de equipamentos de saúde, educação e lazer. O outro eixo de adensamento se estende ao longo de estradas e vias expressas. Os loteamentos que se instalaram ao longo das rodovias Padre Manoel da Nóbrega e Via Expressa Sul possibilitaram, entre outras coisas, a oferta da facilidade de transporte aos seus moradores, mesmo a despeito de sua escassa infraestrutura urbana.

Segundo dados do Censo de 2000 (IBGE), Praia Grande apresentava 9.632 domicílios com infraestrutura inadequada e, pela PMU-2003 (SEADE), 615 domicílios em favelas, posição bastante favorável comparada à dos municípios da Baixada Santista Central. A reivindicação do município no Programa Cidade Legal, em 2009, se restringe à regularização de 3.890 domicílios localizados em sete núcleos.

Praia Grande ainda apresenta vazios urbanos e sua proximidade de Cubatão, São Vicente e RMSP reforça a sua atratividade como local de moradia. O perfil de renda da sua população é bastante similar ao de São Vicente.

Segundo informações disponíveis, o maior problema na área habitacional nos municípios de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe residem na inadequação de infraestrutura já constatada no censo de 2000. Em Itanhaém foram identificados pelo IBGE 6.451 moradias (13% do total de domicílios); em Mongaguá, 2.279 (7%), em Peruíbe, 4.107 (13%). Em 2003, Peruíbe registrava 378 domicílios em situação de risco. Em 2009, os três municípios recorreram ao Programa Cidade legal para a

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regularização de 18.261 domicílios, sendo 7.700, em Itanhaém; 5.153, em Mongaguá, e 5.408 em Peruíbe. É importante destacar a presença de vazios urbanos com áreas adequadas ao uso habitacional nos três municípios.

O crescimento econômico dos municípios como os de Santos, Cubatão e Guarujá provocou intenso movimento de população de médio e baixo poder aquisitivo à procura de outros municípios com melhores condições de preço para obtenção de moradia. Este crescimento contínuo estabelece movimentos pendulares diários, que poderia induzir a formação de cidades-dormitório. Porém, no caso da RMBS, os municípios do entorno também cumprem uma importante função na produção econômica da região, mesmo que não seja exatamente a população do próprio município que, de fato, ocupa os postos de trabalho oferecidos em seus respectivos territórios. Nesse processo, criou-se também um fluxo de população trabalhadora entre a Baixada Santista e a Região Metropolitana de São Paulo, sendo o fluxo litoral-planalto mais fortemente marcado pela ida de profissionais de maior qualificação, e, no fluxo contrário, de menor qualificação – quadro facilitado pela maior qualidade e ampliação das opções de acesso entre as regiões.

Segundo o Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas com Habitações Desconformes – PRIMAHD, desenvolvido sob coordenação da AGEM –Agência Metropolitana da Baixada Santista em 2006, a maioria dos assentamentos e/ou ocupações subnormais dos municípios centrais da região apresentam-se na forma de aglomerados populacionais com mais de mil habitantes. Grande parte do total dessas ocupações encontra-se situada nas encostas dos morros, nas áreas do PESM – Parque Estadual da Serra do Mar e de Santo Amaro, nos manguezais e nas margens de rodovias, como nos casos levantados do Complexo Dique da Vila Gilda (Santos), as favelas México 70 e Saquaré (São Vicente), Santa Cruz dos Navegantes (Guarujá) e “Barros Cota”, complexo da Vila Esperança e Vila dos Pescadores (Cubatão), entre outros.

O Programa Estadual de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica, sob a responsabilidade das Secretarias do Meio Ambiente e da Habitação, lançado em 2007, cadastrou para atendimento na primeira etapa do Programa, cerca de 7.760 famílias, somente em Cubatão, que ocupam áreas dentro do perímetro do PESM (39,4%), áreas de instabilidade fora do PESM (12,9%) e faixas de domínio de rodovias (14,2%). As famílias restantes ocupam terrenos fora do perímetro do Parque e podem permanecer nos locais atualmente ocupados mediante serviços e obras de urbanização e de regularização fundiária25.

25 Em Cubatão, o Programa da Serra do Mar do Governo do Estado prevê o reassentamento de 5.350 famílias entre os

ocupantes dos núcleos das Cotas 95, 100, 200, 400, Bairro Pinhal do Miranda, Água Fria, Pilões e Sítio dos Queiroz.

Aproximadamente 2.410 famílias poderão permanecer nos locais onde residem com a execução de obras de

urbanização e melhorias habitacionais e serviços de regularização fundiária. Atendimento a cerca de 7.760 famílias no

total.

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De um modo geral, o PRIMAHD verificou que todos os municípios pertencentes à Região Metropolitana da Baixada Santista, possuem habitação desconforme dentro das áreas de preservação permanente, e que, na maioria das vezes, as águas servidas oriundas dessas habitações não são tratadas, o que contribui de forma expressiva para a deterioração dos corpos d’água.

O estudo aponta um número expressivo de áreas invadidas, tanto públicas quanto particulares, demonstrando a necessidade da fiscalização das áreas públicas vazias e monitoramento das áreas invadidas. Aponta também para a necessidade de urbanização e regularização fundiária e urbanística dos núcleos que puderem ser consolidados, e remoção da população daqueles que precisam ser erradicados pelo fato de comprometerem áreas de preservação permanente ou que apresentem riscos geológicos e técnicos operacionais cujos investimentos requeridos para recuperação gerariam menores benefícios sociais e urbanísticos dos decorrentes de reassentamento da população.

Observou-se também que a maioria dos assentamentos tem somente parte da infraestrutura urbana instalada. A maioria das ocupações possui principal e parcialmente rede de água e rede de energia elétrica, fato indutor de consolidação de núcleos muitas vezes em áreas inadequadas para uso habitacional. A expansão da rede de coleta e tratamento de esgoto, para a maior parte da área urbanizada dos municípios da RMBS, auxiliaria às condições ambientais da região e à saúde pública.

Além da parte significativa de habitações desconformes em áreas de preservação permanente, elas também ocupam áreas que apresentam outros fatores de desconformidade, conforme Tabela 9 do Anexo III - Habitação.

Entre as desconformidades, estão: (i) ocupação de faixa de domínio de rodovias – 25 ocupações, com destaque para Cubatão (11 núcleos); (ii) faixa de domínio de ferrovia – 22 ocupações, com destaque para Cubatão (6 núcleos) seguido de Santos e São Vicente (5 núcleos cada um); (iii) faixa de domínio de linha de transmissão – 19 ocupações, com destaque para Santos (7 núcleos); (iv) em encosta – 32 ocupações, com destaque para Guarujá (10 núcleos), seguido por Santos e Cubatão (8 núcleos cada um).

Litoral Norte

O Litoral Norte é composto por 4 municípios – Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba –, todos localizados na Região Administrativa de São José dos Campos. A população desse recorte territorial representa aproximadamente 0,65% da população do Estado de São Paulo. As taxas de crescimento populacional anual dos municípios, no período de 2000 a 2008, foram altas: 3,29% em Ilhabela, 2,67% em Ubatuba, 2,39% em São Sebastião e 1,75% em Caraguatatuba, em todos os casos acima da média estadual (1,34%).

A problemática habitacional no Litoral Norte começa a surgir com a abertura do acesso rodoviário entre São Sebastião e Bertioga, no início dos anos 60, e provoca rapidamente uma mudança no uso e ocupação do território, eliminando quase por completo a atividade agrícola e potencializando a atividade turística de veraneio.

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ARCADIS Tetraplan 140

Cerca de metade dos domicílios existentes são de uso ocasional, caracterizado por um mercado de lazer de sol e praia mais elitizado.

Os dados disponíveis de evolução de número de domicílios referem-se ao período 1991-2000, sendo que o incremento total foi de 26.030 unidades (passando de 36.291, em 1991, e 62.321, em 2000), ou média de 2.892 unidades anuais. O menor crescimento relativo do período foi constatado em Ubatuba (58%) e o maior em São Sebastião (95%). Caraguatatuba e Ilhabela apresentaram basicamente a mesma taxa de crescimento (69,5% e 69,1%).

Com relação à renda da população, o menor percentual no estrato de renda inferior a 5 SM foi encontrado em São Sebastião (72%) e o maior em Ubatuba (77%). (Ver Tabela 7 do Anexo III – Habitação).

Nos dados da Pesquisa Municipal Unificada – PMU, realizada em 2003 pela Fundação Seade, apenas Ubatuba declarou existência de favelas, com um total de 1.000 domicílios. No entanto, a ocorrência de favelas tem sido verificada nos demais municípios da região e tem sido objeto de preocupação das administrações municipais e estadual, pelos avanços nas áreas de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar e os reflexos na balneabilidade das praias.

Os dados do Censo Demográfico 2000 do IBGE indicam que, do total de domicílios do Litoral Norte, 15.540 (24,39%) têm espaço insuficiente, ou seja, têm menos de 4 cômodos e/ou não têm banheiro ou sanitário. O percentual de domicílios com espaço insuficiente é mais alto do que a média do Estado (14,71%).

Do total de 62.142 domicílios localizados em área urbana nos municípios do Litoral Norte, 20.885 (33,61%) têm infraestrutura interna inadequada, ou seja, são domicílios com ausência de pelo menos um dos serviços públicos de abastecimento (água e energia elétrica) e de coleta (lixo e esgotamento sanitário). Este percentual é muito superior a média do Estado (10,53%). As maiores carências são de esgotamento sanitário e de abastecimento de água.

Essas necessidades habitacionais, nem sempre demandam construção de novas moradias, podendo ser mitigadas com reformas ou melhorias na unidade habitacional e nas condições de infraestrutura urbana. As inadequações nas condições de habitabilidade se refletem nas solicitações de convênios com Programa Cidade Legal, em 2009, que abrigam 42.627 domicílios, 54% deles em Caraguatatuba, que conta já com 32 núcleos considerados prioritários em processo de regularização. Um dos grandes conflitos da região é a ocupação de áreas de preservação permanente e/ou com restrições fisiográficas e geomorfológicas, fatores que irão criar restrições aos projetos de consolidação de ocupações antigas.

As características do solo e relevo do litoral tem resultado em restrições à ocupação habitacional, como em Ilhabela onde o solo é rochoso, ou em outros municípios onde o lençol freático é aflorante, demandando fundações e aterros de alto custo.

As leis municipais de uso e ocupação do solo, por vezes apresentam restrições quanto às densidades de ocupação, dando prioridade a tipologias habitacionais de casas térreas ou assobradadas, impedindo a construção de um maior número de pavimentos

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nos edifícios, conforme análises sistematizadas até 2002. Este fator somado ao valor da terra, sua escassez relativa e o custo da infraestrutura inviabilizam investimentos dos programas habitacionais que têm como objetivo atender demanda de menor poder aquisitivo.

Litoral Sul

No litoral sul (Cananéia, Iguape e Ilha Comprida), o número de domicílios no período 1991-2000 apresentou aumento médio anual de 339 unidades, passando de 9.101 para 12.151 unidades.

As condições de renda apresentadas são inferiores à da Baixada Santista. No estrato de renda menor do que 5 SM, Ilha Comprida tinha a melhor situação com um percentual de 78%. Cananéia e Iguape tinham, respectivamente, 83% e 84%. (Ver Tabela 5 do Anexo III - Habitação).

Dos municípios do Litoral Sul, Iguape foi o único a firmar convênio no âmbito do Programa Cidade Legal, para a regularização de 4.100 domicílios que devem apresentar inadequações desde a parte fundiária, de parcelamento do solo e de infraestrutura. Pelo Censo de 2000, havia no município 1.894 domicílios com infraestrutura inadequada e constatada a existência de 1.669 domicílios com espaço insuficiente.

Para Cananéia e Ilha Comprida, os únicos dados disponíveis são os do censo de 2000. Eles apresentavam, respectivamente, 359 e 465 domicílios com infraestrutura inadequada; 414 e 288 domicílios com espaço insuficiente.

Conforme já destacado, as políticas públicas setoriais de desenvolvimento urbano, nas últimas décadas, não conseguiram acompanhar o crescimento urbano no litoral, mobilizando recursos suficientes para o atendimento da demanda habitacional, ampliação e melhoria da infraestrutura urbana, em especial nas áreas ocupadas pela camada composta pelos segmentos de menor poder aquisitivo. Este fato contribuiu para a expansão e adensamento de loteamentos e assentamentos irregulares.

O programa Cidade Legal da Secretaria Estadual da Habitação permite constatar o reconhecimento dos municípios com relação à presença de ocupações habitacionais irregulares tanto de baixo como de médio padrão (Assentamentos, loteamentos e desmembramentos). A Tabela 10 do Anexo III - Habitação, apresenta os dados referentes aos núcleos que constam dos convênios firmados, em 2009, entre os municípios e a Secretaria no âmbito do programa (Cananéia e Ilha Comprida não firmaram convênio ainda). Constata-se para os municípios do litoral a existência de 511 núcleos selecionados pelas prefeituras municipais para ações de regularização fundiária e urbanística, com um número estimado de 142 mil unidades habitacionais a serem regularizadas, após ações de requalificação urbana e de reassentamento habitacional.

Apenas três dos quatorze municípios conveniados registraram número inferior a cinco mil domicílios a serem regularizados – Iguape (4.100), Praia Grande (3.890) e Bertioga (2.414). Com um número de unidades superior a cinco mil, encontram-se os municípios de Caraguatatuba (23.023), Ubatuba (11.597) e São Sebastião (6.300), no

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ARCADIS Tetraplan 142

Litoral Norte; São Vicente (27.341), Guarujá (19.301), Cubatão (15.478) e Santos (8.980), na parte central da Baixada; Itanhaém (7.700), Peruíbe (5.408) e Mongaguá (5.153), na parte sul da Baixada.

Há diferenças significativas entre os dados do PRIMAHD e da Cidade Legal que não podem ser explicadas pelo crescimento dos assentamentos irregulares ocupados por população de baixa renda, considerando que o Cidade Legal abriga, além dos assentamentos (núcleos que apresentam riscos maiores aos seus moradores), os loteamentos irregulares e desmembramentos. A classificação dos núcleos do Cidade Legal ainda não está disponível, fato que limita a comparação com o PRIMAHD. De qualquer forma, os dados acima demonstram que a questão habitacional exige ações corretivas para resolver passivos existentes, bem como outras visando os impactos que projetos previstos e descritos neste trabalho irão gerar no curto e médio prazo na região do litoral.

A problemática habitacional já está bem delimitada territorialmente, como se pode observar no quadro abaixo, a partir de dados de 2000 e 2003, e o grande problema tem sido a dificuldade de encontrar áreas disponíveis com vocação para uso habitacional a preços compatíveis com o perfil de renda da população.

Tabela 2.2-14 - Problemática Habitacional

Tipos

Total Baixada Santista Central

Total Baixada Santista

Sul

Total Litoral Sul

Total Litoral Norte

Total Geral

Dados da Fundação SEADE, de 2003 – PMU – Pesquisa Municipal Unificada

Áreas de Risco*

domicílios

27.752 823 0 459 29.034

Favelas - domicílios

69.155 615 0 1.000 70.770

Cortiços - famílias

5.265 180 0 300 5.745

IBGE – Censo de 2000 – domicílios. Não podem ser somados

Infra Inadequada domicílios

51.096 22.469 1.077 20.885 95.527

Espaço Insuficiente domicílios

38.035 22.715 1.242 15.540 77.532

Fonte: CDHU. Dados da Fundação SEADE – Pesquisa Municipal Unificada – PMU 2003. Informações

prestadas pelos municípios. IBGE – Censo de 2000 – Infra inadequada e espaço insuficiente – domicílios.

(*) Os dados de área de risco não podem ser somados aos de favela.

A expansão das ocupações irregulares no litoral ganha compreensão diante de um perfil rebaixado de renda da população residente, que tem sido um limitador do mercado imobiliário formal e dos programas de financiamento habitacional das instituições financeiras privadas e mesmo da Caixa Econômica Federal (em 2007, a Caixa tinha mais de 2.500 imóveis vinculados ao Programa PAR com a construção paralisada, em municípios da Baixada, em decorrência de dificuldades relacionadas à

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ARCADIS Tetraplan 143

capacidade de pagamento da demanda). Há que se considerar que a ocupação irregular não é privilégio dos segmentos de menor renda, porém, este último segmento não tem opções no mercado formal, a não ser aquele propiciado, nas últimas décadas, pelos investimentos dos programas públicos do Estado e da COHAB Santista e dos recursos não retornáveis do orçamento da União.

Portanto, nos municípios do litoral paulista, a solução das questões de moradia adequada irá requerer tanto esforços para a superação do déficit de novas moradias, quanto para a adequação das condições de habitabilidade em assentamentos desconformes, regularizando a ocupação e institucionalizando as edificações domiciliares em condições de serem consolidadas. A produção de moradias de baixo custo no litoral, no entanto, enfrenta desafios extras em relação a outras regiões do Estado, conforme já identificado, devido ao fato de o custo de fundações serem em geral maiores – pois se trata de um solo que exige fundações profundas e análise geotécnica mais elaborada -, bem como pelo elevado preço da terra, por sua escassez relativa.

As últimas décadas se caracterizaram pela escassez do crédito imobiliário e pela incapacidade de investimento do Poder Público nas áreas de infraestrutura urbana e moradia, conforme tabela 10 em do Anexo III – Habitação que apresenta os Núcleos Irregulares nos Municípios do Litoral Paulista (Programa Cidade Legal, 2009).

A expectativa atual é que o aquecimento do mercado imobiliário a partir de 2008, pela facilidade de acesso ao crédito, venha produzir terrenos com a substituição de habitações antigas por construções verticalizadas ou que o desenvolvimento imobiliário venha incentivar melhorias do setor público em áreas degradadas. A Secretaria Estadual da Habitação, desde 2008, redirecionou seus investimentos, privilegiando intervenções em áreas favelizadas e de risco, no âmbito dos programas estaduais estratégicos de recuperação ambiental, concentrando recursos nas regiões metropolitanas onde este fenômeno se manifesta com mais intensidade. Outro eixo de atuação é o de regularização de habitações desconformes, fato que irá contribuir para que milhares de imóveis sejam inseridos no mercado imobiliário formal, nos próximos anos.

A questão habitacional, portanto, está intimamente ligada à produção e reprodução do solo urbano enquanto suporte territorial. Na verdade, quando se quer caracterizar o mercado habitacional de interesse social, pode-se apontar como um dos principais fatores a crônica escassez de solos com infraestrutura em áreas adequadas e a preços acessíveis, considerando os limites estabelecidos para financiamentos e subsídios pelos órgãos gestores dos programas habitacionais das políticas públicas. O solo é um recurso originalmente natural, ainda único nas suas qualidades como fator de produção: é fixo quanto à sua localização, e só é possível aumentar o volume da sua oferta potencial pela renovação e reconversão de uso.

Esta situação advém do fato de o solo ser um recurso escasso, sujeito às pressões derivadas de fenômenos como a concentração urbana, a internacionalização da economia, a reestruturação industrial e as modificações demográficas, além de outras. Com efeito, a crescente pressão da procura de novos espaços para usos urbanos, torna indispensável o controle e intervenção da administração pública no mercado de terrenos, seja em termos da sua posse, ocupação, uso ou transformação.

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2.2.3.2. Saúde

A ampliação dos investimentos nos municípios do litoral paulista tende a promover um fluxo migratório para a região, o que leva a sobrecarga dos serviços de atendimento à população, entre eles os serviços de saúde. Destaca-se que, atualmente, alguns municípios da Baixada Santista como Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Itanhaém já apresentam número médio de habitantes por Unidades Básicas de Saúde (UBS) superior à média do Estado de São Paulo, o que pode ser considerado como um aspecto cuja criticidade pode ser intensificada, de acordo com a dinâmica que venha a se estabelecer.

Para avaliar as chances de se manter e melhorar o atendimento à saúde considerando o crescimento econômico e populacional, é importante, inicialmente, ter um panorama da situação atual da região. Com esse objetivo procurou-se retratar o estado da arte a partir de seleção de alguns importantes indicadores de saúde.

Procedimentos e Fontes de Consulta

O tópico saúde da população, apresentado a seguir, foi desenvolvido de forma a mostrar o panorama geral e atual dos principais indicadores dos municípios do Litoral Sul (Iguape, Ilha Comprida e Cananéia), da Baixada Santista (Bertioga, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Cubatão, Guarujá, Santos e São Vicente) e do Litoral Norte (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba). Foram considerados indicadores de saúde propriamente ditos e populacionais relacionados, de capacidade de atendimento à população e de tópicos relacionados à segurança do indivíduo.

Para este fim, as seguintes fontes foram consultadas, obtendo-se dados a partir dos quais foram elaborados gráficos e tabelas que deram apoio à discussão e análise do tema:

• Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidades, acessado em 09 de março de 2010.

• Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEAD. Disponível em http://www.sead.gov.br, acessado em 06 de março de 2010.

• Ministério da Saúde/Departamento de Informática do Sistema Único de saúde – MS/DATASUS. Disponível em http://portalsaude.gov.br/portal/aplicacoes, acessado em 07 de março de 2010.

• Ministério da Saúde/Doenças Sexualmente Transmissíveis-AIDS, Hepatites Virais – MS/DSR-AIDS, Hepatites Virais. Disponível em http://www.aids.gov.br, acessado em 08 de março de 2010

• Rede Intergerencial de Informações para a Saúde – RIPSA. Disponível em www.ripsa.org.br, acessado em 08 de março de 2010.

• Sistema Nacional de Informações de Notificação Compulsória – SINAN. Disponível em http://www.cve.saude.sp.gov.br, acessado em 07 de março de 2010.

• Tabulações de Saúde – TABNET. Disponível em http://www.saude.sp.gov.br, acessado em 10 de março de 2010.

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ARCADIS Tetraplan 145

• Foram consideradas, também, as principais questões e sugestões levantadas nas Oficinas realizadas em 19 de novembro de 2009 (Baixada Santista) e 23 de novembro de 2009 (Litoral Norte). Com os tópicos considerados é possível avaliar também a questão da segurança da população, uma vez que com a dinamização das atividades econômicas tem-se maior afluxo de pessoas às cidades da região.

Os indicadores de saúde e populacionais considerados foram: a) taxa de crescimento populacional, b) taxa de natalidade, c) taxa de mortalidade geral, d) taxa de mortalidade infantil, e) taxa de mortalidade materna, f) taxa de mortalidade da população de mais de 60 anos, g) índice de envelhecimento, h) óbitos pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e i) casos autóctones de dengue26.

Quanto à capacidade de atendimento à população foram considerados: a) unidades básicas de saúde, b) leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis e c) número de médicos. Para o tópico segurança considerou-se o número de mortes por causas externas de morte (homicídios e acidentes de trânsito).

Panorama da Saúde no Litoral Paulista

No que se refere ao crescimento populacional, conforme abordado no item 1.1.1.4, destacam-se em termos de crescimento os Municípios de Bertioga27 e Ilha Comprida no período de 1991-2000. Já no período de 2000-2009 as taxa de crescimento diminuíram, embora ainda permaneçam superiores às demais. Outros municípios

26 A taxa de crescimento expressa, em termos percentuais, o crescimento médio da população em um determinado

local num período de tempo. A taxa de natalidade corresponde à relação entre o número de nascidos vivos, de um

determinado local em um intervalo de tempo, e a população estimada para o meio do período considerado, multiplicado

por 1000. A taxa de mortalidade geral corresponde à relação entre os óbitos gerais de residentes em uma unidade

geográfica ocorridos num determinado período de tempo (em geral, um ano) e a população da mesma unidade

estimada ao meio do período. A taxa de mortalidade infantil é a relação entre os óbitos de menores de um ano

residentes numa unidade geográfica, num determinado período de tempo (geralmente um ano) e os nascidos vivos da

mesma unidade nesse período, multiplicado por 1000. A taxa de mortalidade materna é dada a partir da relação entre

os óbitos decorrentes de complicação na gravidez, parto e puerpério de mulheres residentes em uma determinada

região geográfica em um limitado período de tempo, e os nascidos vivos na mesma unidade e período, multiplicado por

100.000. A taxa de mortalidade da população de mais de 60 anos é considerada por cem mil habitantes nessa faixa

etária, sendo a relação entre os óbitos da população de 60 anos e mais em uma unidade geográfica, em determinado

período de tempo, e a população nessa faixa etária estimada para o meio do período, multiplicado por 100.000 e o

índice de envelhecimento corresponde à proporção de pessoas de 60 anos e mais por 100 indivíduos de 0 a 14 anos.

Óbitos por SIDA são apresentados como taxa mortalidade por esta doença por 100.000 habitantes no Estado de São

Paulo e nos municípios do litoral paulista, nos anos de 1991, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008,

e os casos de dengue são apresentados como número de casos autóctones no Estado de São Paulo e nos municípios

do litoral paulista, nos anos de 1997 a 2008.

27 A criação do município ocorreu em 1998

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ARCADIS Tetraplan 146

seguem, em menor escala, essa tendência, excetuando-se Santos, Cubatão, Iguape e São Vicente, com taxas inferiores à média do Estado de São Paulo nos períodos de 1991-2000 e também no período de 2000-2010 (Gráfico 2.2-6).

Gráfico 2-21 – Taxa Crescimento anual da população expressa em termos percentuais.

Fonte: IBGE e Seade. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010

Salienta-se que a taxa de migração em alguns dos municípios do litoral paulista foram bastante elevadas (censo 2000), destacando-se Bertioga (19x a média do Estado de São Paulo) e Ilha Comprida (17x). Seguem-se São Sebastião (9x), Itanhaém e Praia Grande (8x), Peruíbe e Ilhabela (7x), Caraguatatuba (6x), Ubatuba (4x) e Cananéia (3x). Já a renda per capita nos municípios do litoral paulista (censo 2000), exceto Santos, é inferior à média do Estado de São Paulo. Destacando-se Ubatuba (0,71 da média do estado), Guarujá (0,690) Itanhaém (0,64), Cubatão (0,60) e Cananéia (0,53).

As taxas de natalidade e de mortalidade nos anos de 1990, 1991, 2000 e 2008 são apresentadas no gráfico 2.2-7. Observa-se que o comportamento foi similar ao ocorrido no Estado de São Paulo e, de modo geral, na região Sudeste do país. Excetuam-se municípios de Peruíbe, São Vicente e Caraguatatuba, onde houve ligeiro aumento da taxa de mortalidade no período de 1991/2000 para 2000/2008.

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Taxa de crescimento anual da população

1980-1991

1991-2000

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Gráfico2-22 - Taxas de natalidade (a) e de mortalidade (b) nos anos 1990 (1), 1991 (2), 2000 (3) e 2008 (4)28.

Fonte: IBGE e Seade. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010

28 A taxa de natalidade corresponde à relação entre o número de nascidos vivos, de um determinado local em um

intervalo de tempo, e a população estimada para o meio do período considerado, multiplicado por 1000. Já, a taxa de

mortalidade geral corresponde à relação entre os óbitos gerais de residentes em uma unidade geográfica ocorridos

num determinado período de tempo (em geral, um ano) e a população da mesma unidade estimada ao meio do

período.

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Taxa de Mortalidade

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A taxa de mortalidade infantil é comumente usada como um dos principais indicadores da saúde da população, uma vez que está relacionada ao nível de atendimento dos serviços básicos de saúde pré e neonatais e de saneamento. apresenta as taxas de mortalidade infantil no do litoral paulista. As oscilações e os percentuais de mortalidade infantil, mais elevadas do que a média do Estado de São Paulo, podem estar relacionados à precariedade dos serviços básic

Gráfico 2-23 - Taxa de mortalidade infantil (TMI)(1991 a 2008).

29 Taxa de mortalidade infantil é medida pela

geográfica e em um determinado intervalo de tempo, e a população estimada

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A taxa de mortalidade infantil é comumente usada como um dos principais indicadores da saúde da população, uma vez que está relacionada ao nível de atendimento dos serviços básicos de saúde pré e neonatais e de saneamento. O gráfico

s de mortalidade infantil no período 1991 a 2008 para os municípiosdo litoral paulista. As oscilações e os percentuais de mortalidade infantil, mais elevadas do que a média do Estado de São Paulo, podem estar relacionados à precariedade dos serviços básicos de saúde e dos serviços de saneamento.

de mortalidade infantil (TMI)29 para o meio do período considerado

Taxa de mortalidade infantil é medida pela relação entre o número de nascidos vivos, de uma determinada região

geográfica e em um determinado intervalo de tempo, e a população estimada, multiplicado por 1000.

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ARCADIS Tetraplan 148

A taxa de mortalidade infantil é comumente usada como um dos principais indicadores da saúde da população, uma vez que está relacionada ao nível de atendimento dos

gráfico 2.2-8 s municípios

do litoral paulista. As oscilações e os percentuais de mortalidade infantil, mais elevadas do que a média do Estado de São Paulo, podem estar relacionados à

.

para o meio do período considerado

relação entre o número de nascidos vivos, de uma determinada região

Fonte: IBGE e Seade. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010

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Santos Guarujá

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%

Itanhaém

Avaliação Ambiental Estratégica Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

ARCADIS Tetraplan

Fonte: IBGE e Seade. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010

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Litoral Sul

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Baixada Santista Sul

Itanhaém Peruíbe Praia Grande Mongaguá

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ARCADIS Tetraplan 149

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A taxa de mortalidade materna, representada pela relação entre os óbitos decorrentes de complicação na gravidez, parto e puerpério e os nascidos vivos multiplicado por 100.000, mostra que, exceto Guarujá, os demais municípios considerados apresentam, de modo geral, taxa mais elevadas do que a média do Estado de São Paulo (tabela1 do Anexo IV - Saúde), embora haja falta de informações seguras em alguns períodos. A mortalidade materna elevada é uma consequência de associação de fatores como pouca informação à população feminina em idade fértil, deficiência no atendimento pré-natal e pouca disponibilidade de leitos.

A taxa de mortalidade de indivíduos com mais de 60 anos é semelhante àquela encontrada no Estado de São Paulo, com pequenas oscilações ao redor da média. Essa característica é similar em todos os municípios considerados do litoral paulista. A Tabela 2 do Anexo IV – Saúde, apresenta os dados de 1991 e 1998 a 2008. Os dados revelam que as condições de vida para o indivíduo de 60 anos ou mais não diferem daquelas que se observa no Estado de São Paulo.

O índice de envelhecimento, isto é, a proporção de pessoas de 60 anos e mais em relação a 100 indivíduos na faixa etária de 0 a 14 anos, aumentou no Estado de São Paulo, bem como nos municípios do litoral paulista, de 1991 para 2009. Nos municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela esse aumento observado é menos acentuado do que a média para o Estado de São Paulo. Já, no Município de Santos observa-se um acentuado aumento no índice de envelhecimento, fato relacionado com a preferência dos aposentados por residirem nessa localidade, que oferece condições favoráveis sociais, econômicas e culturais a essa faixa etária (tabela 3 do Anexo IV – Saúde).

Um dos aspectos importantes a ser considerado, também, é o número de óbitos por SIDA, verificando-se taxas superiores àquelas encontradas para o Estado de São Paulo nos municípios de Itanhaém, Mongaguá, Santos e São Vicente. Esta tendência se evidencia também em Caraguatatuba, porém somente a partir de 2004. No caso do Município de Santos verifica-se uma porcentagem mais elevada do que os demais municípios do litoral paulista (tabela 4 do Anexo IV – Saúde).

Outro aspecto importante refere-se à dengue, doença de grande impacto social, uma vez que apresenta elevado risco de sérios agravos e grande dificuldade de controle. O mosquito vetor está bastante adaptado às condições urbanas e têm preferência por ambientes de temperaturas elevadas e com disponibilidade de água, o que caracteriza em grande parte os municípios do litoral paulista. Na tabela 4 do Anexo IV – Saúde,é apresentado o número de casos autóctones de dengue no Estado de São Paulo e nos municípios do litoral paulista nos anos de 1997 a 2008. Santos, seguido de São Vicente, destaca-se no número de casos autóctones dessa doença, observando-se uma diminuição a partir de 2007, ano em que Itanhaém e Ilhabela mostraram elevado número de casos.

A capacidade de atendimento à população pode ser demonstrada basicamente pelo número de Unidades Básicas de Saúde (UBS), de leitos disponíveis para atendimento e o número de médicos por habitante. Para o número de habitantes por UBS no Estado de São Paulo e nos municípios do litoral paulista foram considerados os anos de 2003, 2006 e de 2007, uma vez que os dados desses períodos encontram-se disponíveis e são confiáveis. Os municípios de Guarujá, Itanhaém, Praia Grande,

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Santos e São Vicente possuem número de habitantes por UBS superior aos demais municípios e do Estado de São Paulo (tabela 5 do Anexo IV – Saúde).

Em relação a leitos SUS foi considerado o coeficiente de leitos SUS por mil habitantes nos anos de 2003, 2005, 2006 e 2007, verificando-se que somente o Município de Santos apresenta proporção maior daquela encontrada no Estado de São Paulo (gráfico 2.2-9).

É essencial que se tenha uma idéia da importância da participação dos municípios no atendimento de saúde da população, o que pode ser observado na tabela 6 do Anexo IV – Saúde. Nos municípios do litoral paulista considerados, exceto Santos, mais de 50% dos estabelecimentos de saúde são municipais.

Gráfico 2-24 - Coeficiente de leitos SUS por mil habitantes nos anos de (1) 2003, (2) 2005, (3) 2006 e (4) 2007.

Obs: As informações de Ilha Comprida não se encontram disponíveis nas fontes consultadas.

Fonte: MS/DATSUS. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010.

Os dados referentes ao coeficiente de médicos por 1000 habitantes nos anos de 2003, 2005, 2006 e 2007, são similares ao de leitos SUS (gráfico 2.2-10). O único município do litoral paulista cujo coeficiente se apresenta superior aos demais municípios e do Estado de São Paulo é Santos, que também apresenta pequeno aumento nesse coeficiente ao longo do período. Nos outros municípios esse coeficiente é inferior ao do Estado.

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%

Coeficiente de leitos SUS por mil habitantes

2003

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Gráfico 2-25 - Coeficiente de médicos por mil habitantes nos anos de (1) 2003, (2) 2005, (3) 2006 e (4) 2007.

Fonte: MS/DATSUS. Elaboração Arcadis Tetraplan, 2010.

Nas tabelas 7 e 8 do Anexo IV – Saúde são apresentadas taxas de morte por homicídios e por acidentes de trânsito, respectivamente, nos anos de 1991 a 2008. As taxas de homicídios nos municípios de Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela são superiores às médias do Estado de São Paulo. Já as taxas de mortes por acidentes de trânsito são superiores às do Estado nos municípios de Bertioga, Itanhaém, Peruíbe, Praia Grande, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Interessante notar que os municípios de Itanhaém, Peruíbe, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela apresentam ambas as taxas mais elevadas do que a média do Estado.

Na avaliação das condições de saúde é importante se ter uma idéia dos gastos na área, uma vez que baixos investimentos públicos podem refletir nas condições de saúde da população. A tabela 9 do Anexo IV – Saúde mostra esses gastos no Brasil, no Estado de São Paulo e nos municípios do litoral paulista. É possível observar que em 2007, Iguape, Guarujá, Itanahém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Caraguatatuba e Ubatuba apresentam gastos per capita inferiores à média do país e do Estado. Merecem destaque os municípios de Itanhaém e São Vicente com os menores gastos per capita no período considerado.

Considerações

A taxa de mortalidade de indivíduos com mais de 60 anos, semelhante àquela encontrada no Estado de São Paulo, não é, atualmente, fator crítico de saúde a ser considerado. Conforme observado, o Município de Santos teve um acentuado aumento no índice de envelhecimento, fato que pode estar relacionado com a preferência dos aposentados por residirem nessa localidade. Esse, talvez, venha a ser um fator crítico de saúde com o aporte de população em várias faixas etárias, além da já comum migração de aposentados para esse município.

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%Coeficiente de médicos por mil habitantes

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A análise de gastos em saúde frente aos indicadores apresentados aponta que os municípios de Itanhaém, Praia Grande, São Vicente e Guarujá, no ano de 2007, apresentam taxa de mortalidade infantil superior à média do Estado de São Paulo e menores gastos per capita com saúde, maiores números de habitantes por Unidades Básicas de Saúde e baixa proporção de médicos por habitante. Os dados disponíveis nas fontes consultadas para taxa de mortalidade materna apresentam relações similares às descritas para mortalidade infantil. Portanto, com esses indicadores pode-se afirmar que, hoje, as condições de atendimento à saúde da população nos municípios citados se encontram piores do que aquelas para o Estado de São Paulo, especialmente no que se refere à mortalidade materna e mortalidade infantil, dois indicadores importantes de saúde pública.

A elevada porcentagem de mortalidade por SIDA nos municípios de Ilha Comprida, Praia Grande, São Vicente, Santos, Bertioga, Caraguatatuba e Ubatuba em relação à média do Estado de São Paulo pode estar relacionada com investimentos municipais insuficientes no suporte profilático e terapêutico. Por outro lado, o Município de Santos possui uma rede de atendimento secundário estruturada, capaz de suprir parte da demanda. Embora os dados disponíveis nas fontes consultadas sejam falhos para permitir uma conclusão, são aspectos que devem ser considerados. Ainda cabe destacar que Santos e São Vicente apresentam os maiores números de óbitos por SIDA, o que pode estar relacionado à presença de porto com intenso movimento no Município de Santos e de rede de atendimento secundário estruturada, o que acaba por receber a população com essa enfermidade proveniente de vários municípios litorâneos.

Os números de casos autóctones de dengue acima da média do Estado de São Paulo nos municípios de Santos, Praia Grande, São Vicente, Cubatão, Guarujá e São Sebastião podem estar relacionados com as despesas municipais com o sistema de vigilância, especialmente epidemiológica e ambiental, além dos fatores climáticos e a falha na educação em saúde da população. Mas os valores com vigilância ambiental não são citados nas fontes consultadas e os relativos a vigilância epidemiológica são falhos. Além disso, seria interessante obter o índice de educação sanitária da população e os investimentos na orientação para o controle do mosquito.

Diante do exposto, conclui-se que as condições de saúde não são homogêneas para as três regiões do litoral paulista (Litoral Sul, Baixada Santista, e Litoral Norte). Em alguns municípios a situação atual já se encontra inferior àquela medida para o Estado de São Paulo, mas isso não pode ser generalizado para a região na qual o município está localizado. Com o incremento da atividade econômica e possível afluxo de população, as condições de saúde tendem a piorar. Assim, torna-se necessário que sejam feitos investimentos na área de assistência, bem como em vigilância em saúde, especialmente vigilância ambiental e vigilância epidemiológica, de modo a suportar o aporte de população e, consequentemente, o maior uso dos serviços de saúde.

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2.2.3.3. Educação

Educação Básica

A Educação Geral é caudatária da Educação Profissional. O conhecimento tecnológico e o desenvolvimento de competências para o exercício profissional, tanto no nível básico, quanto no técnico e, ainda mais, no nível superior, são como embarcações que navegam sobre as águas do rio constituído pela Educação Geral, que tem como primeiros afluentes a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Assim, não é possível planejar a capacitação para o trabalho, onde se busca construir, em cada trabalhador, competências de produção e de gestão dos recursos empregados no exercício de seu trabalho, tanto no campo individual quanto no âmbito das equipes, sobre uma formação geral rasa, de pequeno calado. Por essa razão, é feito aqui um breve estudo do estado da Educação Básica no litoral paulista, fazendo um recorte para destacar o ensino fundamental e o ensino médio nas 16 cidades da região.

O presente estudo está lastreado em dados obtidos do SEADE, extraídos do perfil de cada um dos municípios do litoral paulista. Dentre as variáveis analisadas encontram-se a população total de cada município; a população com idade inferior a 15 anos em 2010; o percentual de pessoas com idade entre 18 e 24 anos com o ensino médio completo; o número médio de anos de escolarização da população de 18 a 64 anos e o percentual de pessoas com mais de 15 anos não-alfabetizadas.

Na ilustração a seguir (Figura 2.2-15), a escala cromática representa uma das variáveis mais significativas do desenvolvimento da educação nos municípios: percentual da população com idade ente 18 e 24 anos com o ensino médio completo.

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Figura 2.2-15 - Percentual da população com idade ente 18 e 24 anos com o ensino médio completo

Fonte: SEADE, 2000. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Observa-se que os municípios de São Vicente, Praia Grande e Ilha Comprida aproximam-se da média do Estado de São Paulo, seguidos logo abaixo pelas cidades de Iguape, Itanhaém, e Caraguatatuba, que se apresentam na faixa de 31 a 35% de jovens entre 18 e 24 anos com ensino médio completo. Na faixa de 26 a 30 %, encontramos Cubatão, Guarujá, Peruíbe, Mongaguá, Ilhabela e Ubatuba. Os índices mais baixos são os encontrados nos municípios de Cananéia, Bertioga e São Sebastião. Destaca-se positivamente o município de Santos, na faixa superior da escala, com 57,76% de seus jovens com idade entre 18 e 24 anos, com o ensino médio concluído, muito acima da média do estado de São Paulo, que é de 41,88%.

Outro fator relevante é o número de anos de escolarização da população adulta, uma vez que nos permite discriminar entre municípios que apenas recentemente passaram a ter bons índices de permanência na escola e continuidade de estudos por parte da população, daqueles que, consistentemente, vêm obtendo esses índices há muitos anos. A Figura 2.2-16permite comparar os resultados encontrados nesse quesito para os diferentes municípios da região litorânea do Estado de São Paulo.

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Figura 2.2-16 – Média de Anos de Estudos da População de 15 a 64 anos

Fonte: SEADE, 2000. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Também aqui São Vicente aparece como um divisor de águas, apresentando valores na mesma faixa que a média estadual, ou seja, de 7,6 a 8 anos de escolaridade da população entre 15 e 64 anos de idade. A grande maioria das cidades do litoral possui população situada na faixa de 6 a 7 anos de escolaridade e, mais uma vez, aparece como ponto fora da curva, a cidade de Santos, com 9,46 anos de estudos, média muito superior à do Estado de São Paulo, puxando para cima a média da Baixada Santista Central. Essa marca supera, por exemplo, cidades muito desenvolvidas, como São José dos Campos (8,42) e Campinas (8,50), sendo comparável a São Caetano do Sul, a mais desenvolvida, com 9,76 anos de escolaridade da população entre 15 e 64 anos.

Além dos fatores acima, outras duas variáveis são impactantes no planejamento da educação numa dada região: (1) a população total com idade inferior a 15 anos; (2) a população de analfabetos com idade superior a 15 anos de idade.

É muito relevante a análise da população total com idade inferior a 15 anos, pois esta é a que vai pressionar tanto o sistema de educação geral, podendo implicar aumento da oferta de vagas no ensino fundamental e médio, assim como nas etapas subseqüentes, incluindo-se os cursos técnicos e outras modalidades de Educação Profissional formal. A figura a seguir ilustra a distribuição espacial dessa variável pelas diversas cidades do litoral paulista, fator que, em geral, está ligado às pressões migratórias.

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Figura 2.2-17 – População com menos de 15 anos (%)

Fonte: SEADE, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O índice de analfabetismo da população com idade igual ou superior a 15 anos deve nortear as estratégias de recuperação dessa população por meio de programas de alfabetização de jovens e adultos, o que é bastante factível até os 18 anos de idade, com dificuldade crescente, tornando-se extremamente difícil após essa idade. A Figura 2.2-18 retrata o percentual de analfabetos em relação à população total de cada cidade do litoral de São Paulo.

Um fator de grande atração da população de jovens e adultos para a retomada de estudos nessa faixa etária é a combinação das ações de alfabetização com programas de capacitação profissional de curta duração, sendo recomendáveis cursos que apresentem perspectivas mais imediatas de entrada ou de ascensão no mercado de trabalho.

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Figura 2.2-18 – Taxa de analfabetismos de 15 anos e mais (%)

Fonte: SEADE, 2000. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Verifica-se que é bastante significativa a incidência de populações de analfabetos com 15 anos ou mais, situando-se na faixa de 6 a 10 % em quase todo o litoral, com exceção do município de Santos, que possui uma população remanescente de 3,56 % de analfabetos. São Vicente, Praia Grande e Ilha Comprida estão dentro da faixa média do Estado de São Paulo, entre 6 e 7 %.

Educação Profissional

Para essa análise, é considerada a oferta de educação profissional nos níveis, básico, técnico e superior, além de extensões tipo MBA, Lato Sensu, Mestrado e Doutorado no Litoral Paulista, conforme apresentado nas Figuras 2.2-19 e 2.2.20 apresentadas a seguir.

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Figura 2.2-19 - Oferta de Educação Profissional

Fonte: Capital Humano, 2010 e Pesquisa Upstream, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Figura 2.2-20 - Oferta de Educação Profissional

Fonte: Capital Humano, 2010 e Pesquisa Upstream, 2010. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Observa-se nas figuras acima e na Lista das Unidades Educacionais e Cursos apresentada no Anexo 2.II que, em algumas das cidades, as instituições de ensino da região reagiram à expansão e modernização do Porto de Santos, processo iniciado nos anos 90, com a lei 8.630 de 1993, em vigor efetivamente a partir de 1996, e incorporaram, em sua grade de cursos, programas dedicados à gestão e à operação portuária. A Unisantos desenvolveu uma linha de pesquisa e um programa de mestrado em Direito Aduaneiro; outras universidades dedicaram-se mais à Gestão Portuária. Da mesma forma, a partir de 2006, com o advento dos projetos de ampliação da exploração petrolífera da Bacia de Santos, que até então contava apenas com uma plataforma fixa, a MLZ-11- Merluza (em operação desde 1993, a 184 km de Santos, mas numa lâmina d’água de apenas 130 metros), as universidades, escolas técnicas e até os centros de treinamento e capacitação passaram a oferecer cursos denominados “de petróleo e gás”.

Existem indícios de que haja alguns equívocos em alguns desses cursos, um pouco devido à maneira açodada com que foram implantados. Por outro lado, alguns deles têm se mostrado bastante consistentes, o que pode ser percebido pelo apoio que têm conquistado de grandes empresas do setor de exploração e de produção de hidrocarbonetos e empresas multinacionais especializadas em geofísica, por exemplo.

Outra característica da região é a grande diversidade de cursos de Educação Profissional ofertada, com a presença da Escola Técnica Federal na divisa entre Santos e Cubatão, com uma unidade também em Caraguatatuba; a rede do Centro Paula Souza, mantida pelo Governo do Estado de São Paulo está presente na maioria das cidades do litoral paulista, tendo em sua grade, cursos muito pertinentes ao perfil regional, tais como Hotelaria e Turismo, Recursos Hídricos, Logística, Eletroeletrônica, Informática e outros; o SENAI, o SENAT e o SENAC também se fazem presentes, embora estes estejam mais concentrados em Santos e Cubatão, tendo o SENAI um pequeno centro de formação continuada em construção civil na cidade de Bertioga. A Escola SENAI de Santos, no período de 2005 a 2008, estendeu seu atendimento a São Vicente, Praia Grande, Peruíbe, e cidades do Vale do Ribeira, por meio de um projeto denominado PROA – Programa Regional de Operações Articuladas. Esse programa, que continua atuante, possibilitou ao SENAI realizar cursos Itinerantes, valendo-se de Kits didáticos, em parceria com as prefeituras que aderiram ao PROA, oferecendo como infraestrutura um pequeno edifício e assumindo parte dos custos operacionais. As áreas técnicas atendidas pelo PROA são: Eletroeletrônica; Informática, Solda; Construção Civil; Mecânica Automobilística e Costura Industrial, sendo que no início de 2009 já havia atendido mais de 2000 jovens e adultos em cursos de formação continuada.

De um modo geral, a educação profissional se dá sobre uma base de boa educação básica, pois são bons os indicadores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio na maioria das cidades do litoral de São Paulo. Sem essa base, a boa formação profissional não seria possível, uma vez que a educação básica é caudatária da educação profissional.

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2.2.4. Gargalos e Missing Links da Infraestrutura Econômica

2.2.4.1. Transporte

Os sistemas de transporte que servem o Litoral Paulista compreendem rodovias, portos (transporte marítimo), ferrovias, dutovias e aerovias. As principais características desses sistemas, restrições, em termos de capacidade e desempenho, e projetos previstos são descritos para subsidiar a análise das repercussões tendo em vista a implantação do Objeto AAE. Cabe ressaltar também que o Objeto AAE contempla projetos de infraestrutura de transportes, como dutos, rodovias e vias de acesso, os principais identificados como previstos para solucionar as restrições do sistema.

O mapa Infraestrutura – Transportes (vide Caderno de Mapas, página 40) mostra os principais componentes dos sistemas de transporte no estado de São Paulo em sua situação atual e com as principais intervenções previstas:

Rodovias

A maior parte dos deslocamentos de pessoas e cargas entre centros urbanos no estado, incluindo o Litoral Paulista, é realizada por rodovias (mais de 90%, segundo a Secretaria de Transportes do estado).

As principais rodovias que servem o Litoral Paulista compreendem:

• Anchieta (SP 150);

• Imigrantes (SP 160);

• Cônego Domênico Rangoni (também conhecida como Piaçaguera-Guarujá) e Padre Manoel da Nóbrega (SP 055)

• Mogi-Bertioga (SP 098);

• Tamoios (SP 099);

• Manoel Hyppolito do Rego (SP 055) / Rio-Santos (SP 055/BR 101);

• Regis Bittencourt (BR 116).

As rodovias Anchieta, Imigrantes, Cônego Domênico Rangoni e Padre Manoel da Nóbrega (essa última no trecho entre a Via Anchieta e Praia Grande – km 292) compõem o denominado Sistema Anchieta-Imigrantes, complementado por interligações entre as rodovias Anchieta e Imigrantes no Planalto (SP 040/150) e na Baixada Santista (SP 059/150), como mostra a figura a seguir:

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Figura 2.2-21 - Sistema Anchieta - Imigrantes

Fonte:ARTESP

Legenda

SAU - Sistema de Atendimento aos

Usuários

Pedágio Bidirecional

Pedágio Unidirecional

Tarifa de Pedágio - Passeio

Trecho Concedido - Pista Simples

Trecho Concedido - Pista Dupla

Trecho fora da concessão

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No Planalto, as rodovias Anchieta e Imigrantes se interligam diretamente com o sistema viário urbano da RMSP e, a partir de 31 de Março de 2010, com o Tramo Sul do Rodoanel. Na Baixada Santista se interligam com as rodovias Cônego Domenico Rangoni (SP 055) entre Cubatão e Guarujá e Padre Manoel da Nóbrega (SP 055) entre Cubatão e Peruíbe.

A Via Anchieta interliga São Paulo a Santos, tendo extensão total de 56 quilômetros, sendo pedagiada no sentido Capital-Baixada Santista. Conta com duas pistas, cada uma com duas faixas de rolamento, pavimentadas, passando pela Serra do Mar (desnível de cerca de 800 metros, vencido em percurso de cerca de 16 quilômetros – portanto, greide médio de cerca de 5%, havendo, entretanto, variação de greide ao longo da via).

A Rodovia dos Imigrantes interliga São Paulo a Praia Grande, tendo extensão total de 59 quilômetros, sendo também pedagiada no sentido Capital-Baixada Santista. Conta com duas pistas, cada uma com quatro faixas de rolamento na baixada e três na serra, pavimentadas. A pista descendente, inaugurada mais recentemente (dezembro de 2002), não permite o tráfego de caminhões, devido a questões de segurança relacionadas aos seguintes fatores:

• Greide de 6% (de declive), o que imporia esforço de frenagem excessivo para manter os caminhões (principalmente os carregados) em velocidade adequada e, particularmente, em caso de necessidade de redução de velocidade ou parada devido a algum incidente;

• Alinhamento retilíneo ou com curvas suaves, o que levaria a que algum caminhão desgovernado pudesse percorrer longa extensão declive abaixo, atingindo outros veículos, antes de parar ou sair da pista;

• Grande proporção da extensão em túneis, o que poderia acentuar a gravidade de acidentes (em particular com cargas perigosas) e dificultar a chegada e prestação de serviços de socorro em seu interior.

A Via Anchieta e a Rodovia dos Imigrantes são operadas no trecho de serra como um sistema rodoviário, havendo a inversão de sentido de fluxo em suas pistas conforme a demanda. Normalmente está em vigor a denominada operação 5 x 5, que indica cinco faixas de rolamento com tráfego no sentido descendente (três da rodovia dos Imigrantes e duas da Via Anchieta) e outras cinco, no sentido ascendente (igual número de faixas por rodovia que no sentido descendente). Quando da predominância de tráfego descendente em maior volume, é adotada a operação 7 x 3 (ambas as pistas da Via Anchieta, com total de quatro faixas, e mais a pista descendente da rodovia dos Imigrantes, com três faixas, operando no sentido descendente e apenas a pista ascendente da rodovia dos Imigrantes, com três faixas, operando no sentido ascendente). Quando da predominância de tráfego ascendente em maior volume, é adotada a operação 2 x 8 (todas as faixas operando no sentido ascendente exceto as duas da pista descendente da Via Anchieta).

Um aspecto específico a ser notado quanto a esse sistema rodoviário se refere à presença dos denominados “bairros cota” ao longo da Via Anchieta no trecho da Serra do Mar, conforme mostra a foto a seguir.

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Figura 2.2-22 - Serra do Mar/ Via Anchieta - Bairros-Cota

Fonte: UNICAMP

Tais assentamentos de ocupações subnormais estão situados em locais inapropriados para tal tipo de ocupação, em parte situados áreas do PESM e de risco geotécnico (em processo de remoção), além de apresentarem isolamento em relação aos centros urbanos, falta de infraestrutura e serviços, entre outros. Em particular, em relação à Via Anchieta, os “bairros cota” geram tráfego de entrada e saída na rodovia em condições extremamente precárias e inseguras para os usuários da via e para os próprios frequentadores dos bairros. Ademais, os moradores desses bairros se opõem à operação da Via Anchieta com ambas as pistas operando em um único sentido (operação 7 x 3), uma vez que tal situação lhes impõe dificuldades de retorno da Baixada Santista, na medida em que o percurso se torna mais longo, por demandar volta pelo planalto, ou alternativamente, utilizar estrada de serviço na serra. Tal situação já levou a vários incidentes, incluindo tumultos e paralisação do tráfego na Via Anchieta.

O trecho da SP-055 pertencente ao Sistema Anchieta-Imigrantes interliga Praia Grande com Guarujá, tendo extensão de 52 quilômetros. Há cobrança de pedágio em São Vicente, no sentido Praia Grande-Guarujá, e em Santos, no sentido oposto. A via tem duas pistas, cada uma com duas ou mais faixas de rolamento, pavimentadas, e inclui o trecho de interligação entre a Via Anchieta e a Rodovia dos Imigrantes na Baixada Santista (SP 059 – Interligação Baixada, com extensão de 1,8 km).

O trecho da SP-055 a Leste da Via Anchieta (em direção ao Guarujá) apresenta quatro trechos distintos quanto à sua utilização:

• Entre a Via Anchieta e o viaduto denominado “Cosipão”, que atende à toda a demanda até o entroncamento com a rodovia Manoel Hyppolito do Rego e o Guarujá, em particular, gerada pelos grandes estabelecimentos industriais e

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pátios de caminhões situados em ambos os lados da via em Cubatão (Cosipa, Bunge, Ecopátio e outros);

• Entre o viaduto “Cosipão” e o acesso à BR 101 / SP 55 (Rio-Santos em direção ao Litoral Norte), que atende a toda a demanda a leste do viaduto, em particular a relacionada ao Litoral Norte (via rodovia Manoel Hyppolito do Rego, predominantemente turística ou de residentes), aos terminas portuários e retroportuários situados junto à Margem Esquerda do Estuário de Santos (predominantemente de caminhões); e ao Guarujá (predominantemente turística ou de residentes). Destaca-se neste trecho a passagem pela Serra do Quilombo, onde a via apresenta aclives / declives e curvas horizontais mais acentuadas (terreno montanhoso), sendo praticamente plana e com alinhamento retilíneo ou com curvas suaves no restante de sua extensão;

• Entre o acesso à BR 101 / SP 055 e a Rua Idalino Pines (também conhecida como Rua do Adubo), em Guarujá (Distrito de Vicente de Carvalho), por onde há acesso e saída dos terminais portuários situados junto à Margem Esquerda do estuário de Santos;

• Entre a Rua Idalino Pines e o núcleo urbano central de Guarujá, com volume diário médio de tráfego consideravelmente inferior aos demais.

As rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes apresentam tráfego intenso de veículos leves e pesados, com alta concentração em feriados e períodos de férias, principalmente no verão. Segundo dados do DER/SP – Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo, a rodovia dos Imigrantes apresentou volume diário médio de 30,6 mil veículos em 2008, dos quais 5,1 mil sendo comerciais (caminhões e ônibus) e a rodovia Anchieta, 12,5 mil veículos, dos quais 3,8 mil sendo comerciais – tais volumes se referem a um único sentido de fluxo, medidos nas praças de pedágio situadas no Planalto. Deve ser notado, entretanto, que o tráfego de caminhões se concentra principalmente em dias úteis (e durante o horário diurno), com queda acentuada em fins de semana e feriados, enquanto o de veículos de passeio tende a ser consideravelmente maior em vésperas, início e finais de fins de semana e feriados, principalmente no verão.

O trecho mais crítico do sistema em termos de restrição de capacidade e extensão corresponde ao de travessia da Serra do Mar, tanto para veículos de passeio nos períodos e horários de maior movimento turístico, quanto para veículos comerciais (caminhões e ônibus) em dias úteis. Isto se deve aos greides mais acentuados e menor disponibilidade de faixas de rolamento neste trecho em comparação com os demais situados no planalto ou na baixada.

O nível de serviço da travessia da Serra do Mar em dias úteis pode ser avaliado como já sendo próximo do inadequado, principalmente devido ao volume e lentidão de caminhões, principalmente na subida, que interfere também com o fluxo de veículos leves.

Outros trechos onde há alguma restrição de capacidade no SAI são de menor extensão, bem como atendem a volumes de tráfego menores que os da Serra do Mar, compreendendo:

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• o trecho da SP 055 entre a Via Anchieta e o viaduto Cosipão, decorrente principalmente de manobras de entrada e saída de veículos na via (gerada pelos estabelecimentos em seu entorno), que foi mais recentemente consideravelmente atenuada pela implantação de novo viaduto;

• o trecho da SP 055 de travessia da Serra do Quilombo, onde há, entretanto, 3ª faixa nos aclives mais acentuados.

A rodovia Mogi-Bertioga interliga o Planalto (RMSP – Mogi das Cruzes) com a Baixada Santista (Bertioga), conta com pista única e uma faixa de rolamento por sentido, com terceira faixa ao longo de alguns aclives mais longos e acentuados. No Planalto se interliga com o sistema viário urbano de Mogi das Cruzes e na Baixada Santista, com a rodovia Manoel Hyppolito do Rego / Rio-Santos.

Apresenta ao longo da maior parte do tempo baixo volume de tráfego, com volumes expressivamente maiores em feriados e períodos de férias, principalmente no verão. Atualmente a rodovias é operada e mantida pelo DER/SP.

A rodovia dos Tamoios interliga o Vale do Paraíba (São José dos Campos) com o litoral norte do estado (Caraguatatuba). A rodovia é de pista simples com uma faixa de rolamento por sentido, contando com terceira faixa ao longo de aclives mais acentuados, inclusive na travessia da Serra do Mar. No Vale do Paraíba se interliga com as rodovias Carvalho Pinto (SP 066) e Dutra (BR 116). No litoral, a norte se interliga diretamente com o sistema viário urbano de Caraguatatuba, inclusive o trecho urbano da rodovia Manoel Hyppolito do Rego (SP 055).

Apresenta ao longo da maior parte do tempo tráfego em volume relativamente baixo de veículos leves e pesados, com volumes expressivamente maiores em feriados e períodos de férias, principalmente no verão. Segundo dados do DER/SP, a rodovia dos Tamoios apresentou volume diário médio de 13,2 mil veículos em 2008 em seu trecho não urbano mais carregado (entre São José dos Campos e Paraibúna), dos quais 1,5 mil eram comerciais. Tais volumes se referem aos dois sentidos de fluxo conjuntamente. Atualmente a rodovia é operada e mantida pelo DER/SP.

A rodovia Manoel Hyppolito do Rego / Rio-Santos interliga a Baixada Santista (Guarujá) com o extremo norte do litoral paulista (Ubatuba). A rodovia é de pista simples com uma faixa de rolamento por sentido, contando com terceira faixa ao longo de alguns aclives mais acentuados. Interliga-se com a rodovia Cônego Domenico Rangoni (SP 055) no Guarujá, com a Mogi-Bertioga (SP 098) em Bertioga, Tamoios (SP 099) em Caraguatatuba, Oswaldo Cruz (SP 125) em Ubatuba e a continuação da rodovia no Estado do Rio de Janeiro, na divisa entre Ubatuba (SP) e Parati (RJ). Apresenta ao longo da maior parte do tempo baixo volume de tráfego, com volumes expressivamente maiores em feriados e períodos de férias, principalmente no verão. Atualmente a rodovia também é operada e mantida pelo DER/SP.

A rodovia Regis Bittencourt interliga a RMSP a Cajati, no Estado de São Paulo, tendo continuidade até o Estado do Rio Grande do Sul. É formada por pista dupla com duas faixas de rolamento por sentido ao longo da maior parte de sua extensão, contando ainda com pista simples em extensão de 47 km no denominado trecho da Serra do

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Cafezal (entre Juquitiba e Miracatu). Interliga-se ao Tramo Oeste e ao Tramo Sul do Rodoanel na RMSP e a rodovias estaduais e municipais secundárias ao longo de sua extensão no estado. Apresentam tráfego intenso de veículos leves e pesados ao longo de todo o ano. Atualmente a rodovia é operada e mantida por concessão privada do governo federal.

Portos

O estado conta com dois portos marítimos, Santos e São Sebastião, situados no Litoral Paulista. Ambos movimentam principalmente cargas, atendendo, também, passageiros de cruzeiros marítimos.

O Porto de Santos atende mais de 25% do valor FOB (“free on board”) do comércio exterior do País, tanto de exportação, quanto de importação. Para evidenciar sua importância, observa-se que o segundo maior porto em movimentação de valor FOB, Vitória (ES), atende a menos de 8%.

O porto é gerido pela CODESP – Companhia Docas do Estado de São Paulo, vinculada ao governo federal. Movimentou 83,2 milhões de toneladas em 2009, das quais 29,6 milhões de carga geral (35,6% do total), 38,3 milhões de granéis sólidos (46,0%) e 15,3 milhões de granéis líquidos (18,4%) – as exportações foram de 59,3 milhões de toneladas (71,3%) e as importações, 23,9 milhões de toneladas (28,7%).

Trata-se de um porto que movimenta expressivos volumes de cargas de todos os tipos e nos dois sentidos (importação e exportação), ao contrário dos demais grandes portos do País, que são mais especializados em determinados tipos de carga e com maior predominância de um dos sentidos: Itaqui, Vitória e Sepetiba, com alta concentração na exportação de minérios, e São Sebastião, na importação de petróleo.

O movimento do Porto de Santos cresceu à taxa média de 7,4% ao ano de 2003 a 2007 (com crescimento um pouco menor em 2008 e 2009 em função da crise mundial). Ainda em ritmo mais intenso, a carga geral, em particular, cresceu a 11,5% ao ano nesse período.

A capacidade atual do porto é estimada pela CODESP em 110 milhões de toneladas por ano (PDZPS – Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos, 2007). A expansão da capacidade do porto deverá ocorrer pela implantação de novos terminais tais como Embraport, BTP, Brites e outros, bem como pelo projeto Barnabé-Bagres atualmente em estudos, além dos projetos identificados no Objeto AAE, que compreendem além de projetos, as oportunidades de investimentos. A expansão do porto depende, também, de intervenções previstas de ampliação e aprofundamento do canal de acesso e bacia de evolução, também previstos no Objeto AAE.

São Sebastião é o principal porto de entrada de petróleo no País (tanto de origem doméstica, via navegação de cabotagem, quanto de origem externa, via navegação de longo curso), recebendo mais de 40 milhões de toneladas do produto por ano, o que corresponde a mais de 50% da demanda para produção de derivados no País (76 milhões de toneladas em 2009, com base em dados da Agência Nacional de Petróleo- ANP).

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O porto de São Sebastião conta com o Terminal Almirante Barroso (TEBAR) operado pela Petrobras (Transpetro) e o cais comercial público, operado pela CDSS – Companhia Docas de São Sebastião (ligada ao governo do estado). O TEBAR movimentou 49,6 milhões de toneladas de petróleo e derivados em 2009 (das quais 43,1 milhões de petróleo cru e o restante de derivados tais como Diesel, gasolina e nafta). O cais comercial público movimentou 527 mil toneladas em 2009 (menos de 1% do movimento de Santos), principalmente de barrilha, cevada e sulfato de sódio.

A CDSS desenvolve atualmente projeto para a expansão do porto de São Sebastião (PIPC – Projeto Integração Porto-Cidade) com vistas à movimentação de cerca de 27 milhões de toneladas por ano em 2035.

Ferrovias

As ferrovias atendem exclusivamente o transporte de cargas, tendo sido desativados os serviços de transporte interurbano de passageiros que havia anteriormente – com exceção do serviço de trens metropolitanos (CPTM) entre São Paulo e Jundiaí.

Segundo dados da FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, o movimento de cargas em ferrovias com origem ou destino no estado em 2009 é estimado em 56,5 milhões de toneladas, o que corresponde a 14% do movimento nacional, estimado em 430 milhões de toneladas.

O Litoral Paulista conta com interligações ferroviárias pelas malhas da ALL-Ferroban – linha Evangelista de Souza a Paratinga (anteriormente até o Valongo) e MRS – linha Rio Grande da Serra a Perequê, bem como linhas ferroviárias junto a cada uma das margens do estuário, operadas pela Portofer na área do porto.

Outros modos de transporte

As dutovias atendem o transporte de petróleo, seus derivados e álcool entre terminais, refinarias e base de distribuição situadas na Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista (Porto de Santos e Cubatão), Vale do Paraíba, Região Metropolitana de Campinas (Paulínia) e Litoral Norte (São Sebastião).

Os transportes aéreos oferecem serviços de aviação comercial (regulares) entre a RMSP – Região Metropolitana de São Paulo (aeroportos de Congonhas e Guarulhos), Região Metropolitana de Campinas (aeroporto de Viracopos) e outras localidades no estado, em outros estados e em outros países, bem como a conexões de aviação geral. O Litoral Paulista não conta com aeroportos que atendem a aviação regular, mas possui dois aeroportos estaduais administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP), em Itanhaém e em Ubatuba.

O estado conta, também, com a hidrovia Tietê-Paraná, a qual, porém, não se interliga diretamente com o Litoral Paulista.

Considerando os sistemas de transporte e logística que servem o Litoral Paulista em conjunto, devem ser destacadas as restrições de capacidade e desempenho descritas a seguir, tendo por base diversos estudos, entre os quais o PDDT – Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes (Secretaria dos Transportes do Estado de São

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Paulo), Pesquisas Rodoviária e Ferroviária da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística (NTC):

• Inadequações da movimentação na Baixada Santista de caminhões com origem ou destino ao porto de Santos, envolvendo passagem e estacionamento em vias urbanas e percursos longos entre as duas margens do estuário. Tal situação deverá se agravar com o crescimento do movimento do porto. As medidas atualmente em andamento para seu equacionamento compreendem:

− Melhorias e ampliações nas denominadas Avenidas Perimetrais do porto, junto a cada uma das margens;

− Aprimoramentos nos procedimentos de programação e controle da chegada de caminhões aos terminais portuários e retroportuários, junto com maior oferta de pátios de apoio, como vem ocorrendo;

− Interligação “seca” entre as duas margens do estuário, mediante ponte, conforme projeto em desenvolvimento pelo governo do estado;

− Incremento da proporção de cargas com origem ou destino na Baixada Santista, inclusive no porto, transportadas por ferrovia e por dutos (álcool).

• Restrições de capacidade e desempenho para a travessia da Serra do Mar por rodovia, tanto no Sistema Anchieta-Imigrantes, quanto pela Tamoios.

• No caso do Sistema Anchieta-Imigrantes, a maior restrição decorre de que a pista descendente da Imigrantes (o trecho mais recentemente implantado do sistema) não atende a caminhões, como indicando anteriormente. Para a descida, tal situação poderia ser atenuada com maior oferta ao longo do tempo de descida de caminhões pelas duas pistas da Anchieta (operação 7x3), apesar de que implicaria maior volume na subida pela Imigrantes (já bastante carregada atualmente), bem como prejuízo do acesso da Baixada Santista para os denominados “bairros cota”. Para a subida, não há atualmente medidas previstas que pudessem ampliar a capacidade (a adoção da operação 2x8 ou mesmo 4x6, raramente utilizada, que ofereceria maior capacidade de subida implicaria restrições significativas para a descida) O crescimento da movimentação de cargas no porto de Santos, como vem ocorrendo, junto com o incremento de outras atividades na região, como previsto, deverá levar a rápido agravamento dessa situação, para a qual não há equacionamento em desenvolvimento.

No caso da Tamoios, a principal restrição decorre da baixa capacidade, “greides” acentuados e curvas horizontais de pequeno raio no trecho da Serra do Mar. Tal situação deverá ser atenuada com a duplicação da rodovia prevista para esse trecho.

• Restrições de capacidade e desempenho das linhas ferroviárias na travessia da Serra do Mar, principalmente o trecho em cremalheira da malha da MRS. Tal situação deverá ser equacionada mediante o Ferroanel (que poderá permitir maior utilização do trecho da Ferroban entre Evangelista de Souza e Santos, de maior capacidade), por melhorias no trecho do Planalto (Boa Vista-Evangelista de Souza) onde ocorrem atualmente algumas restrições operacionais, e pela adoção de solução alternativa de transporte de minério de

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ferro do Planalto para Cubatão (Cosipa) mediante esteira transportadora, conforme projeto que vem sendo desenvolvido pela MRS, o que permitiria utilização do trecho em cremalheira para outras cargas.

• Retardamentos da passagem de veículos pela RMSP, realizada atualmente por percurso de seu sistema viário urbano altamente congestionado – exceto pelo Tramos Oeste e Sul do Rodoanel. Tal situação deverá ser atenuada com a complementação do Rodoanel por seus tramos leste e norte (ainda deverão ter seus projetos, implantação e operação equacionados pelo governo do estado).

• Retardamentos da passagem de trens de carga pela RMSP, realizada atualmente em horários restritos (predominantemente na madrugada) da malha que atende prioritariamente os trens metropolitanos da CPTM (passageiros). Tal situação deverá ser equacionada mediante o Ferroanel e linhas adicionais dedicadas a trens de carga junto à malha da CPTM. Entretanto, tais projetos ainda se encontram em fase inicial de concepção e desenvolvimento.

• Restrições localizadas de capacidade e desempenho de rodovias e ferrovias, entre as quais se destacam:

− Rodovia Cônego Domenico Rangoni entre a Anchieta e Cosipa e na Serra do Quilombo (entre Cubatão e Guarujá); não há projeto de ampliação atualmente previsto para esses trechos;

− Linha da Ferroban entre Boa Vista e Serra do Mar e entre Paratinga e Perequê na Baixada Santista; a ALL (concessionária) prevê possíveis melhorias no primeiro trecho; as complementações e melhorias no segundo trecho dependem de articulação entre concessionárias (MRS e ALL), prefeituras, e governo federal (portos e ferrovias), ainda não equacionadas;

− Linhas ferroviárias junto às margens direita e esquerda do estuário de Santos;

− Trechos urbanos da SP 055 em Caraguatatuba e São Sebastião, a ser equacionado mediante contorno rodoviário previsto pelo governo do estado.

2.2.4.2. Energia

A oferta de energia elétrica é abordada por ter sido considerado um fator a ser pressionado pela implantação do Objeto AAE, sendo portanto, potencialmente crítico. No entanto, os mecanismos de regulação existentes no setor, conforme descrito a seguir, tornam o tema passível de equacionamento em função dos diversos mecanismos que asseguram o planejamento da expansão da oferta e transmissão de energia pelas distribuidoras que atuam no litoral paulista para atender ao mercado cativo e aos consumidores livres.

Os municípios do litoral paulista são atendidos por 3 distribuidoras de energia elétrica (empresas que detém concessão federal para o serviço de distribuição de eletricidade numa determinada área geográfica):

• Caraguatatuba e São Sebastião – EDP Bandeirante;

• Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande – CPFL Piratininga;

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• Ubatuba, Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida e Cananéia – ELEKTRO Eletricidade e Serviços.

O mapa Infraestrutura – Energia (vide Caderno de Mapas, página 41) ilustra os principais componentes de geração e distribuição do sistema elétrico do estado de São Paulo em sua situação atual.

As distribuidoras de energia têm obrigação de contratar, com antecedência de 5 anos, energia elétrica para atender integralmente o seu mercado. Conforme legislação federal (Lei nº 10.848 e Decreto nº 5163) as distribuidoras devem “garantir o atendimento à totalidade de seu mercado, mediante contratação regulada, por meio de licitação”.

Isso é feito por meio de leilões de energia das novas usinas de geração a serem construídas, assim como por leilões de energia de usinas já existentes.

As distribuidoras devem corrigir os eventuais desvios entre as suas projeções anteriores de mercado e as projeções mais recentes, contratando energia adicional em “leilões de ajuste” ou recorrer ao MCSD – Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits, que promove a transferência de direito contratual de aquisição de energia de uma distribuidora com previsão de sobras para outra com previsão de déficit.

A comparação entre a energia contratada pela distribuidora para atender seu mercado e o consumo efetivo do mercado é realizada mês a mês pela CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e em caso de insuficiência de contratação as distribuidoras estão sujeitas a penalidades.

Assim, as distribuidoras asseguram o atendimento do seu mercado com a contratação antecipada do suprimento de energia elétrica, reforçada por mecanismos para eventuais ajustes da energia contratada até o momento de efetivo atendimento.

Os compradores de energia elétrica das distribuidoras são os consumidores da classe industrial de médio e pequeno porte, consumidores residenciais, comerciais e de serviços, assim como os rurais, poderes públicos, e outros. São consumidores “cativos”, que não podem escolher outro fornecedor e obrigatoriamente adquirem a energia elétrica junto à distribuidora que detém a concessão do serviço na área em que estão localizados. Para essas classes de consumidores, portanto, o atendimento em energia elétrica é de obrigação das distribuidoras, com mecanismos já regulamentados e em funcionamento.

Já os consumidores de grande porte (que compreende principalmente, mas não exclusivamente, grandes consumidores industriais) podem escolher seu fornecedor de energia e, se optam por fazê-lo (para reduzir o custo final de energia que utilizam) são chamados consumidores “livres”. Compram a energia elétrica diretamente dos geradores ou dos comercializadores e pagam em separado encargos referentes ao acesso e uso das redes de transmissão e distribuição que são utilizadas para o ‘transporte da energia’.

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Os “consumidores livres” que adquirem a energia elétrica fora do mercado da distribuidora representam cerca de ¼ da energia elétrica consumida no Brasil. Os consumidores livres são principalmente industriais (setores como alumínio, ferro-ligas, papel e celulose, química e petroquímica, siderurgia, etc.), mas há também shopping centers, serviços públicos de água e saneamento, transporte ferroviário, etc.. Ou seja, grandes consumidores a quem a energia elétrica tem relevância como insumo e como custo de produção.

No litoral do Estado de São Paulo - principalmente região da Baixada Santista e São Sebastião - já existem grandes consumidores livres cujo atendimento não é feito pelas distribuidoras da região, mas contratam diretamente a energia elétrica que necessitam e pagam encargos aos detentores das redes de transmissão e distribuição pelo acesso e uso. Novos consumidores “livres” certamente vão surgir com o desenvolvimento da região nos próximos anos.

Para atender o crescimento do mercado de energia elétrica das distribuidoras e dos consumidores livres a Empresa de Pesquisa Energética - EPE, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, realiza o planejamento da expansão da oferta de energia elétrica no País. Conforme disposição federal do Decreto nº 5163 “todos os agentes de distribuição, vendedores, autoprodutores e os consumidores livres deverão informar ao Ministério de Minas e Energia, até 1° de agosto de cada ano, as previsões de seus mercados ou cargas para os cinco anos subseqüentes”.

A partir de projeções de mercado embasadas nos dados enviados ao MME, a EPE estima as necessidades de energia elétrica do País e programa os leilões de novos empreendimentos de geração para ampliar a oferta e, assim, permitir o pleno atendimento das necessidades de energia elétrica. Pode-se dizer, portanto, que a oferta de energia elétrica é assegurada pelos mecanismos de planejamento já existentes no âmbito do setor elétrico.

Redes de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica

Para garantir o abastecimento de eletricidade é fundamental - além da expansão da geração de eletricidade - a existência de linhas de transmissão e sistemas de distribuição adequados, ou seja, capacidade de transporte da energia, dos pontos de geração até os locais de consumo.

O crescimento do mercado de energia elétrica e o esgotamento das fontes de geração hidráulicas próximas dos centros de consumo tornaram necessária a busca e exploração de fontes de geração mais distantes, cuja contrapartida é a necessidade de linhas de transmissão em alta tensão, para o escoamento da energia elétrica até os centros de consumo.

Ademais, a interligação de linhas de transmissão no âmbito do Sistema Interligado Nacional - SIN permite o intercâmbio de energia entre regiões. Regiões com dificuldade sazonal para a geração hidráulica podem receber energia gerada em outras regiões, em que as condições de geração hidráulica são favoráveis, otimizando o uso das águas e tirando proveito da diversidade de regimes de chuvas do País.

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Com a reforma do setor elétrico, as redes de transmissão de maior capacidade de transporte de energia, com tensão igual ou maior a 230 mil volts (ou 230 kV) foram consideradas “Rede Básica de Transmissão”, e por sua importância são geridas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (embora de propriedade de diversas empresas, estatais ou privadas). As redes de menor tensão (138.000 volts ou 138 kV, ou abaixo) ficaram sob a responsabilidade das distribuidoras.

A elaboração de planos de curto, médio e longo prazo para expansão da Rede Básica de transmissão de energia elétrica também é uma atribuição da EPE – Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao MME,que realiza estudos que são periodicamente divulgados.

As instalações de transmissão para expansão da Rede Básica visam garantir as condições de atendimento aos mercados e os intercâmbios entre as regiões, constituindo o Programa de Expansão da Transmissão - PET. (ver: “Estudos para licitação da expansão da transmissão – Consolidação das análises e pareceres técnicos - Programa de Expansão da Transmissão – PET ciclo 2009-2013”, em www.epe.org.br). Esse programa de obras é elaborado pela EPE, a partir de estudos desenvolvidos com a participação das empresas, através de Grupos Regionais de Estudos de Transmissão. No caso do Estado de São Paulo, Grupo Regional de Estudo da Transmissão de São Paulo (GET-SP) é o grupo encarregado dos estudos para fazer a proposição de obras de ampliação e reforço, na qual se incluem obras para o atendimento da Baixada Santista e litoral paulista.

Em conformidade com o planejamento da expansão da transmissão feito pela EPE, o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS elabora o PAR – Plano de Ampliações e Reforços da rede de transmissão de energia elétrica. No PAR são consideradas necessidades de ampliação (novas linhas de transmissão e novas subestações) e de reforços em instalações existentes, para aumentar a capacidade ou a confiabilidade da Rede Básica de Transmissão.

“O PAR (Plano de Ampliações e Reforços) é elaborado anualmente pelo ONS – com a participação dos agentes de transmissão, geração, distribuição, importadores/exportadores, consumidores livres conectados à rede básica – levando em conta as propostas de novas obras, as solicitações de acesso, as variações nas previsões de carga, os atrasos na implantação de instalações de geração e transmissão, bem como as informações oriundas do planejamento e da programação da operação elétrica e energética e da operação em tempo real.“ (ver: ONS, ‘Proposta de Ampliações e Reforços na Rede Básica e Rede de Fronteira’, disponível em: www.ons.org.br)

Uma vez aprovado o PAR pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (agência reguladora do setor de energia elétrica) são providenciadas então as licitações para realização das obras.

Como se vê, tal como ocorre na geração, também na expansão e reforço da rede básica de transmissão de energia elétrica já estão constituídos os mecanismos para assegurar a tempestiva implantação dos investimentos que se fizerem necessários.

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No momento, existem diversas obras em andamento (linhas de transmissão novas ou reforço de linhas existentes, ampliação de subestações, etc.) para atender Baixada Santista, Litoral Norte e Litoral Sul. Ademais, está sendo elaborado pelo GET – SP (Grupo Regional de Estudo de Transmissão – São Paulo), um Estudo de Longo Prazo do Sistema Elétrico do Litoral, sob a coordenação da EPE - Empresa de Pesquisa Energética e com a participação da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, além das empresas envolvidas na região: Cia. de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), e distribuidoras Elektro – Eletricidade e Serviços, CPFL Piratininga, EDP Bandeirante Energia, Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) e AES Eletropaulo.

Desse estudo sairão as novas proposições de ampliações e reforços na rede de transmissão do litoral paulista. Conforme apresentação da SSE/SP, esses estudos “já identificam: necessidade de outras fontes de suprimento de energia no longo prazo, reforços no sistema elétrico dos municípios de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe e também daqueles do litoral Norte, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba”.

No que se refere aos consumidores livres, um ponto que deve ser destacado é referente aos investimentos necessários para permitir a sua conexão com as linhas de transmissão. Problemas de atrasos na realização da obra de conexão do consumidor ao sistema elétrico (rede de transmissão ou distribuição) utilizado para transporte da energia, provocados por falta de antecipação na comunicação e solicitação da obra, podem levar empreendimentos concluídos a ficar sem energia elétrica até a conclusão da obra de conexão. Assim é essencial que os projetos sejam imediatamente levados à consideração dos agentes envolvidos (EPE, ONS, Distribuidoras) após devidamente estimadas as necessidades de energia, para inicio dos estudos de atendimento.

No caso de acesso à rede da distribuidora, a Resolução ANEEL nº 395/2009 que trata dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST) determina que:

Art. 6º A distribuidora deve enviar à ANEEL, até o dia 10 (dez) de abril de cada ano, o Plano de Desenvolvimento da Distribuição – PDD, o qual deve conter:

I - plano de obras do sistema de distribuição de alta tensão, com horizonte de previsão de dez anos;

II - plano de obras das subestações de distribuição, com horizonte de previsão de dez anos;

III - plano de obras do sistema de distribuição de baixa e média tensão, com horizonte de previsão de cinco anos;

IV - lista de obras realizadas no ano anterior ao ano de envio; e (...)

Essa regulamentação prevê as etapas a observar para viabilizar o acesso aos sistemas de distribuição (Consulta de Acesso, Informação de Acesso, Solicitação de Acesso e Parecer de Acesso), assim como prazos, informações e requisitos aplicáveis aos acessantes e distribuidora.

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Do mesmo modo, no caso de conexão com a Rede Básica de transmissão, os consumidores livres devem procurar a EPE e o ONS para assegurar que suas necessidades sejam consideradas nos estudos sobre expansão ou reforço da Rede Básica de transmissão.

A implantação de novas usinas geradoras na região seria naturalmente a partir de fontes térmicas, em função da disponibilidade de gás natural. Nesse sentido, vale ressaltar a Usina Termelétrica Eusébio Rocha, concluída no final de 2009, com capacidade de 216 MW, junto às instalações da Refinaria Presidente Bernardes, inaugurada em Cubatão em março de 2010. A usina gera energia elétrica a partir de gás natural e gás da refinaria, para atender necessidades da Petrobrás e do Sistema Interligado Nacional, que contratou metade de sua capacidade instalada no 1º leilão de Energia Nova realizado em 2005. Assim, novos empreendimentos térmicos poderão ser propostos na região, com a disponibilidade prevista de gás natural, como é o caso da UTE prevista no Objeto AAE, de 1000 MW, em Caraguatatuba.

Por fim, devido à interligação do sistema elétrico, a energia elétrica não é produzida para atender necessidades locais, mas necessidades do sistema interligado, o que permite que usinas de outras regiões sejam usadas para atender as necessidades locais. Não se vê, portanto, restrições para o adequado suprimento de energia elétrica, o que permite concluir que atualmente não há gargalos no fornecimento e distribuição de energia e esse não será um gargalo futuro, desde que os mecanismos de regulação em vigor sejam conhecidos e respeitados.

No caso da necessidade de ampliação das linhas de transmissão, já existem redes de transmissão na região da Baixada Santista, assim como no Litoral Norte e Sul, que podem ser ampliadas ou reforçadas para atender ao crescimento na demanda. No caso de construção de novas linhas, com novo traçado, pode haver a necessidade de licenciamento de novas áreas de passagem e avaliação dos impactos ambientais decorrentes. O monitoramento dessas necessidades deverá ser feito com antecedência para permitir o correto encaminhamento da questão do licenciamento ambiental e a busca tempestiva de alternativas sempre que detectadas fragilidades.

2.2.5. Conflitos com Economia Local – Turismo e Pesca

2.2.5.1. Turismo

O turismo30 constitui-se numa atividade econômica que pode se expandir por conta das condições de desenvolvimento econômico existentes numa dada região e, de

30 O turismo é uma atividade que vem se revelando de grande importância econômica nas últimas décadas,

respondendo hoje por cerca de 5% do valor das exportações mundiais (OMT, 2009). O turismo internacional

movimenta anualmente cerca de 880 milhões de turistas (OMT, 2010) e US$ 944 bilhões (OMT, 2009). O Brasil atrai

anualmente cerca de 5 milhões de turistas internacionais (MTUR, 2009) e US$ 5,3 bilhões em receitas turísticas

(BACEN, 2010). O turismo doméstico no país é ainda mais relevante do que o internacional. O fluxo doméstico

movimenta mais de 260 milhões de turistas por ano (FIPE; MTUR, 2009), ou seja, representa cerca de 50 vezes o

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outro lado, em menores proporções, o seu fortalecimento pode servir como base de sustentação para o crescimento de uma região. No primeiro caso, a força de expansão das atividades do turismo se deve à pressão da demanda, que passa a exigir mais e melhores investimentos para atender a esse mercado. A outra força de expansão é dada pelo lado da oferta, em que as extraordinárias condições da natureza ou de equipamentos/atrativos propiciados por investimentos públicos e privados constituem-se em diferenciados fatores de atração, que podem ser acionados para estimular o surgimento de novos setores de atividades e permitir maior nível de crescimento na região.

Assim, a estratégia de atuação no processo de crescimento do turismo depende das perspectivas de contribuição de cada um dos lados do mercado, a demanda e a oferta. Se por um lado, a demanda impulsiona os investimentos em favor da valorização dos fatores da oferta, de outro, os investimentos na oferta são os que favorecem a ampliação do mercado consumidor. Na verdade, independente da preponderância de uma dessas forças na viabilização do turismo numa dada região, deve ser ressaltado que o que se verifica é a combinação desses fatores, até porque as relações econômicas funcionam como “vasos comunicantes”, em que um lado realimenta a força do outro.

Um adequado processo de crescimento desta atividade deve basear-se na perfeita sincronização e nos estímulos mútuos que aqueles dois fatores irão exercer para assegurar o seu contínuo desenvolvimento numa dada região. Quando se trata da exploração de novas fronteiras de crescimento do Turismo, torna-se relevante analisar a questão de qual lado deve ter a precedência do foco das ações de política.

No caso do Litoral Paulista, o crescimento do Turismo se deveu precipuamente aos aspectos de demanda, pela proximidade do principal pólo emissor do País, São Paulo, dado o tamanho de sua população e o seu nível de renda, é hoje o emissor de mais de 25% do total de viagens do país (FIPE, 2009). Ainda assim, têm-se regiões com menores densidades de turistas que outras, em geral as mais afastadas dos grandes centros ou de mais difícil acesso.

Neste contexto surge inevitavelmente a questão: é desejável a ocupação de áreas preservadas para atividades do turismo? Ou ainda: a não ocupação de uma área de preservação é sempre desejável? As respostas para ambas as questões não são simples, vão depender de outros aspectos a serem considerados. No primeiro caso, sob que forma e com quais restrições se daria a ocupação destas áreas. Na outra questão, vai depender dos recursos ali disponíveis, se são ou não necessários para o desenvolvimento da região/País ou ainda, se não estaria sendo desordenadamente ocupada, com graves prejuízos para o meio ambiente, até pela dificuldade de fiscalização pela sua não ocupação planejada.

número de visitas internacionais e a produção turística brasileira é de R$ 150 bilhões anuais, valor que representa

3,6% do PIB total do País (IBGE, 2009).

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A maioria das localidades turísticas do País foi resultante, - ao lado do valor de seus atrativos e equipamentos disponíveis -, da proximidade dos principais centros emissores do País, que, para suportar tais pressões de demanda, tiveram prioritariamente a necessidade de mais investimentos, tornando-as mais competitivas inclusive no que se refere aos turistas estrangeiros.

No entanto, essa forma espontânea de crescimento, por outro lado, em muitos casos acarretou sérios prejuízos para a qualidade dos atrativos das localidades turísticas, propiciou a especulação imobiliária, o aumento de preços, além de graves repercussões desse crescimento desordenado no meio ambiente e na habitação de pessoas à margem do sistema econômico.

A ausência de leis de zoneamento e de instrumentos regulatórios mais rigorosos, sua desobediência e/ou falta de fiscalização e de ações legais para o seu cumprimento, nos diversos níveis de governo acarretam, portanto, prejuízos para a economia dessas áreas, no longo prazo, e desde logo para seus residentes e para o meio ambiente.

Neste contexto, o desenvolvimento de projetos relacionados à indústria petrolífera e à expansão das atividades portuárias, além dos projetos aderentes (conforme apresentado no Capítulo I – Objeto AAE), apresenta um significativo potencial de alterações na atividade turística do litoral paulista. Tais mudanças devem ocorrer de maneira direta por conta dos projetos que alteram a infraestrutura turística disponível, incluindo principalmente os projetos relacionados ao setor de transportes. Além desses impactos diretos, os projetos previstos deverão gerar inúmeros efeitos indiretos sobre o turismo, incluindo mudanças na oferta e demanda existentes.

A atividade turística no litoral paulista

O litoral paulista é uma região de geografia privilegiada, não apenas por seus atributos naturais, mas também por sua localização estratégica próxima a algumas das regiões mais populosas do País. Como conseqüência de ambos os aspectos, o litoral paulista se consolidou como um importante destino turístico, respondendo atualmente por cerca de 8,0% de todo o receptivo turístico no Brasil, incluindo o doméstico e o internacional. É muito complexo proceder-se à quantificação do fluxo turístico para esta Região em números absolutos, baseando-se apenas nas informações de grandeza dadas pelas pesquisas existentes. Assim sendo, para fins indicativos, é possível dispor-se de estimativas das grandezas desses fluxos: estima-se que o litoral paulista receba cerca de 20 milhões de turistas (chegadas) por ano.

Essa significativa participação da Região no turismo brasileiro é devida quase que exclusivamente ao fluxo doméstico, que responde por quase 100% do total, restando apenas parcelas marginais ao fluxo internacional.

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Tabela 2.2-15 - Estimativa do fluxo turístico receptor anual do litoral paulista (em milhares de turistas)

Litoral SP Doméstico Internacional Total

Baixada Central

6.091 61 6.152

Baixada Sul 8.739 5 8.744

Litoral Norte 5.031 56 5.087

Litoral Sul 1.059 0 1.059(*)

Total 20.920 121 21.041

Fonte: Pesquisas FIPE/Mtur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

(*) O número de informações disponíveis para o Litoral Sul não permite uma maior discriminação de seus

resultados.

O turismo doméstico no litoral paulista é alimentado principalmente pelos grandes centros consumidores localizados a menos de 200 Km, como a Grande São Paulo, a Região de Campinas e o Vale do Paraíba. O Estado de São Paulo como um todo é responsável por cerca de 95% desse fluxo na Região. Em particular para a Baixada Sul, o Estado de São Paulo responde pela quase totalidade do mercado consumidor (99%), conforme dados da Tabela 2.2-16. A preponderância do fluxo intraestadual, bem como a pequena expressão do fluxo internacional para a Baixada Sul, sugerem que a atratividade turística desta Região é comparativamente menor que a das demais, e que seu fluxo turístico expressivo está mais fortemente baseado em sua maior proximidade dos principais centros emissores do Estado.

Tabela 2.2-16: Participação do Estado de São Paulo no turismo receptivo doméstico do litoral paulista

Litoral SP Participação de SP (%)

Baixada Central 93,1

Baixada Sul 99,0

Litoral Norte 92,7

Total 95,6

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Em função dessa proximidade a grandes centros emissores, o litoral paulista se caracteriza por dispor de significativo número de residências secundárias (Tabela 2.2.23), que explica, em grande parte, a importância das viagens rotineiras na Região (47,1%). São definidas neste trabalho como viagens rotineiras aquelas com freqüência anual de pelo menos 10 vezes ao mesmo destino. É de se admitir que a maior parte deste tipo de viagem para o litoral paulista se dê por motivo de lazer. Nas demais viagens domésticas, as não rotineiras, também se sobressai o motivo lazer para esta

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destinação do Estado (51,4%), o que permite admitir que mais de 95% do fluxo turístico se deva a este motivo de lazer. Parcelas pouco significativas do fluxo para a Região é devida às demais motivações: viagens de negócios, visita a amigos e parentes e outros motivos (Tabela 2.2-17). Naturalmente, o atrativo natural Praia constitui-se no principal aspecto de interesse dos turistas de lazer nesta Região (Tabela 2.2-18).

Tabela 2.2-17 - Principal Motivação da viagem (%)

Motivações Baixada Central Baixada Sul Litoral Norte Total

Lazer 44,6 52,3 58,6 51,4

Rotineiras 54,1 46,5 39,5 47,1

Negócios 0,4 0,5 1,7 0,8

Outros 0,9 0,7 0,2 0,6

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Tabela 2.2-18 - Principal Interesse a lazer

Interesses Frequência (%)

Atrativos naturais 82,2

Patrimônio cultural 5,0

Ecoturismo 4,9

Diversão noturna 4,5

Outros 3,4

Total 100,0

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O turismo do litoral paulista é marcado pela hospedagem em imóveis privados, sendo que a hospedagem em hotéis e similares representa apenas 12,6% do total. Essa característica é um pouco menos acentuada no Litoral Norte, onde a participação dos hotéis e similares é de 28%. Os imóveis privados utilizados para hospedagem dos turistas são em sua maioria próprios ou de amigos e parentes. A ocorrência de hospedagens em imóveis alugados também é expressiva, especialmente no Litoral Norte (Tabela 2.2-19).

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Tabela 2.2-19 - Principal Meio de Hospedagem

Meio de hospedagem Baixada Central

Baixada Sul

Litoral Norte Total

Casa de amigos e parentes 53,1 47,3 30,3 45,6

Imóvel próprio 30,2 29,1 18,1 27,3

Imóvel alugado 7,6 10,5 21,8 11,9

Hotéis e similares 7,0 9,8 28,0 12,6

Outros 2,1 3,4 1,8 2,7

Total 100,0 100,1 100,0 100,1

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

O acesso aos destinos turísticos do litoral paulista é feito quase que exclusivamente por via rodoviária, destacando-se os meios automóvel próprio (75,6%) e ônibus de linha (15,2%), acumulando mais de 90% (Tabela 2.2.20).

Tabela 2.2-20 - Principal meio de transporte utilizado (em%)

Meio de transporte Baixada Central

Baixada Sul

Litoral Norte

Total

Ônibus de excursão 2,2 1,0 3,9 2,0

Ônibus de linha 19,6 16,4 5,4 15,2

Automóvel próprio 76,0 73,0 81,8 75,6

Outros 2,1 9,8 9,1 6,6

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Quanto ao gasto médio per capita na Região, nota-se que o Litoral Norte é o que registra o maior valor - R$ 278 -, enquanto na média da região o valor é de R$ 217. Convém ressaltar, no entanto, que em termos de gasto médio per capita dia a o maior valor é registrado pela Baixada Santista, resultado de uma menor permanência média relativa.

Tabela 2.2-21 - Gasto dos turistas domésticos (em R$)

Item Baixada Central

Litoral Norte

Baixada Sul

Total

Gasto médio per capita 256 278 163 217

Gasto médio per capita dia 61 57 40 51

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Em geral, os visitantes da Região consignam bons índices de avaliação alguns itens de serviços da Região. No entanto, as rodovias de acesso e trânsito interno do litoral paulista não são tão bem avaliadas, sendo que quase 25% das opiniões são negativas. Ainda assim, é de se destacar que esse resultado está acima da média nacional que é de 73%. O mesmo ocorre com as avaliações dos itens limpeza e segurança, para os quais as avaliações positivas representam 84,3% e 86,9%, respectivamente. As médias nacionais de avaliações positivas para esses itens são de 79,6% para limpeza e 75,4% para segurança (Tabela 2.2-22).

Merecem atenção especial as avaliações da Baixada Sul, as menores dentre as analisadas na Região. De outro lado, o Litoral Norte, ainda em fase de crescimento, é a área que registra os melhores índices de avaliação.

O trânsito na Região, que ainda não foi objeto de investigação direta, é uma questão que já vem se constituindo num aspecto negativo para o turismo, sobretudo nos períodos de “alta estação”.

Tabela 2.2-22 - Avaliações positivas de alguns itens do litotal paulista (em %)

Item Baixada Central Baixada Sul Litoral

Norte Total

Limpeza 83,3 69,2 88,4 84,3

Rodovia 79,8 63 74,6 77,4

Segurança 84,3 73,3 93,8 86,9

Fonte: Pesquisas FIPE/MTur. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Utilizando-se as taxas de crescimento da oferta de hospedagem como indicativo do crescimento recente do turismo nas cidades de Santos e São Vicente, verifica-se uma tendência declinante. No passado, estas cidades, sendo importantes destinos turísticos dos grandes centros, dadas suas proximidades, gradualmente se tornaram locais propícios à residências secundárias. Em conseqüência do acelerado processo de crescimento populacional, não acompanhado nas mesmas proporções pela atuação dos poderes público e privado, - inclusive na área de investimentos em infraestrutura, tipo tratamento do esgoto -, estas localidades sofreram consideráveis perdas nos valores de seus atrativos, especialmente na qualidade de suas praias. Nos municípios de Guarujá, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, esses indicadores relativos à oferta de hospedagem revelam uma situação de desaceleração em suas taxas de crescimento.

Além da deterioração da qualidade dos atrativos turísticos da Baixada Central e da Baixada Sul, o ciclo de vida do produto turístico também contribuiu para a desaceleração do crescimento turístico nestas regiões, expandindo a fronteira de visitação às localidades relativamente mais distantes, em direção ao Litoral Norte. Nesse sentido, os municípios de Bertioga e São Sebastião têm apresentado taxas de crescimento muito mais significativas, tanto com relação às residências secundárias, quando à oferta hoteleira. Por outro lado, Caraguatatuba apresenta uma situação mais semelhante com a dos municípios das Baixadas Central e Sul, uma vez que, embora

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se constitua num importante destino turístico, registra tendência de desaceleração do crescimento.

A seguir (Tabelas 2.2-23, 2.2-24 e 2.2-25) são apresentados dados referentes à oferta de residências secundárias e de hotéis no litoral paulista, além da estimativa da população flutuante de cada município. No que se refere às residências secundárias, são apresentadas duas tabelas com vistas a atualizar e complementar suas informações, baseadas em fontes distintas (IBGE e Sabesp).

Tabela 2.2-23 - Residências secundárias no litoral paulista

Município Residências secundárias

em 2000

Taxa anual média de crescimento do número de residências secundárias (%)

1980-1991 1991-2000 2000-2007

Bertioga 15.691

4,6

Cananéia 971 0,1

Caraguatatuba 24.795 9,1 4,0 1,6

Guarujá 44.981 7,5 1,9

Iguape 2.826 11,6 -5,1 -0,6

Ilha Comprida 3.894 4,6

Ilhabela 3.146 9,4 3,2 1,6

Itanhaém 26.752 7,5 4,1 2,3

Mongaguá 21.183 6,6 5,5 2,2

Peruíbe 15.049 8,5 3,9 2,1

Praia Grande 93.275 4,6 3,3

Santos 20.816 3,8 -3,4

São Sebastião 13.713 12,0 4,8 5,0

São Vicente 14.454 2,2 -1,0

Ubatuba 23.997 9,7 5,3 2,3

Baixada Central 95.942 5,0 -0,3

Baixada Sul 156.259 5,6 3,8 2,2

Litoral Norte 65.651 9,9 4,6 2,6

Litoral Sul 7.691 11,9 3,7 2,6

Total 317.852 6,0 2,7 2,4

Fonte: IBGE – Censos e Contagem da População. Elaboração: Arcadis Tetraplan

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Tabela 2.2-24: Residências secundárias e população flutuante no litoral paulista

Município Taxa anual média de crescimento entre 2000 e 2010 (%)

Residências secundárias População flutuante

Bertioga 6,1 4,7

Guarujá 1,7 0,3

Itanhaém 2,7 1,3

Mongaguá 2,6 1,2

Peruíbe 3,1 1,7

Praia Grande 2,4 1,0

Santos 0,5 -0,9

São Vicente -1,1 -2,5

Baixada Central 1,9 0,5

Baixada Sul 2,5 1,1

Total 2,1 0,8

Fonte: SABESP Plano Diretor RMBS. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Tabela 2.2-25: Oferta hoteleira no litoral paulista

Município

Unidades habitacionais hoteleiras

2000 2008 Variação absoluta

Taxa de variação média anual (%)

Bertioga 279 312 33 1,4

Cananéia 130 131 1 0,1

Caraguatatuba 398 184 -214 -9,2

Guarujá 881 1.045 164 2,2

Iguape 83 24 -59 -14,4

Ilhabela 450 634 184 4,4

Itanhaém 133 79 -54 -6,3

Mongaguá 75 27 -48 -12,0

Peruíbe 330 246 -84 -3,6

Praia Grande 68 88 20 3,3

Santos 754 604 -150 -2,7

São Sebastião 1.191 1.802 611 5,3

São Vicente 52 58 6 1,4

Ubatuba 1.218 1.350 132 1,3

Baixada Central 1.966 2.019 53 0,3

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Município

Unidades habitacionais hoteleiras

2000 2008 Variação absoluta

Taxa de variação média anual (%)

Baixada Sul 606 440 -166 -3,9

Litoral Norte 1.589 1.986 397 2,8

Litoral Sul 213 155 -58 -3,9

Total 5.829 6.429 600 1,2

Fonte: Guia Quatro Rodas. Elaboração: Arcadis Tetraplan

Considerações Finais

O principal tipo de turismo existente no litoral paulista é o balneário, com motivação predominante de lazer, utilizando como meio de hospedagem basicamente residências secundárias. Caracteriza-se, ainda, por registrar grande incidência de retornos ao mesmo destino e ao uso de transportes rodoviários, sobretudo o automóvel próprio. Predominam os destinos das localidades costeiras, mais próximas das residências dos turistas. O litoral paulista se enquadra nessa condição para grandes centros emissores de turistas, como a Grande São Paulo, o Vale do Paraíba e o Oeste Paulista, atraindo um contingente de turistas sem paralelo no território nacional. A maior parte dessa massa se concentra nas Baixadas Central e Sul, apresentando recentemente uma tendência de crescimento mais acentuada no Litoral Norte.

Além do turismo balneário, o litoral paulista apresenta alguns fluxos turísticos com outras motivações, como Ecoturismo, Turismo de Negócios e de Eventos. No entanto, a participação dessas outras formas de turismo no fluxo turístico total da região ainda é bastante reduzida.

Tal como outros produtos de consumo, os destinos turísticos também apresentam um ciclo de vida, que pode ser expandido, em função de adequadas ações de políticas públicas e de conscientização de seus consumidores. O modelo mais conhecido para ilustrar o ciclo de vida de um produto turístico é o de Butler (1985), apresentado a seguir.

Gráfico 2-26 - Modelo de Butler

Fonte: Butler, 1985

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Nesse modelo, deve-se buscar o alongamento da etapa de Desenvolvimento ou, alternativamente em outros casos já em fase de Estagnação, antecipar as ações para alcançar o período de Recuperação. O turismo balneário no litoral paulista contempla regiões em diferentes estágios no ciclo de vida de seus produtos.

A situação mais diversa é encontrada nos municípios da Baixada Central. O turismo nas cidades de Santos e de São Vicente encontra-se relativamente estagnado, com alguns indícios de declínio, segundo os indicadores utilizados. Por sua parte, o Guarujá, após um período de forte crescimento ao longo das décadas de 1970 a 1990, mais recentemente vem revelando um período de desaceleração de seu crescimento. Por fim, Bertioga se encontra em fase de crescimento, situação esta baseada no registro das taxas da oferta de residências secundárias.

As demais regiões do litoral paulista se encontram ainda na fase do período de crescimento, embora venham acusando quedas em seu ritmo. Nesse sentido, já se recomenda desde logo ações para retardar a chegada da etapa de estagnação. A desaceleração é especialmente acentuada no Litoral Norte e Litoral Sul, aonde a oferta de residências secundárias nessas regiões chegou a crescer cerca de 10% ao ano na década de 1980, mas cresceu apenas 2,6% entre 2000 e 2007. Já na Baixada Sul, apesar da desaceleração do crescimento do turismo ser menos pronunciada, ela representa um fato de grandes proporções, dado que a região atrai o maior contingente de turistas do litoral paulista.

Diversos fatores vêm contribuindo para as perspectivas desfavoráveis ao crescimento do turismo no litoral paulista. O principal desses se refere à ausência de planejamento prévio ao crescimento espontâneo e acelerado da demanda turística para esta Região.

Esse fenômeno se verifica em quase todas as regiões e com variada intensidade. A saturação da malha viária é um dos problemas mais notórios, especialmente nos momentos de maior fluxo turístico. Enormes congestionamentos nas vias de acesso ao litoral paulista prejudicam a qualidade da experiência do turista e, conseqüentemente, desincentivam o turismo na região.

Outro aspecto negativo importante para o turismo no litoral paulista é a criminalidade expressa principalmente nos atos de violência contra os turistas e nos roubos em residências secundárias. Essa situação é resultado do encontro entre condição econômica desfavorável de parte dos residentes com a condição mais favorável dos visitantes.

No Litoral Norte, a desaceleração do crescimento do turismo também está associada à escassez de áreas para construção. A geografia acidentada dessa Região e a necessidade de preservar as vastas áreas de proteção ambiental tornam o espaço edificável bastante reduzido e já relativamente ocupado. Assim, o crescimento do turismo na região encontra uma barreira natural.

A ocupação desordenada de áreas de mata nativa e manguezais, além das encostas, também constitui uma preocupação significativa em razão dos impactos ambientais e das externalidades econômicas negativas. Nesta Região, o turismo está fortemente associado às residências secundárias de alto padrão e aos condomínios residenciais. A expansão dessas construções freqüentemente entra em conflito com a preservação

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do meio ambiente e a legislação pertinente, reduzindo a qualidade ambiental ofertada aos turistas e, conseqüentemente, prejudicando o desenvolvimento da atividade.

Já na Baixada Sul, a desaceleração do crescimento do turismo tem relação com o padrão de urbanização que não valoriza a paisagem regional e os ecossistemas nativos. Esse tipo de urbanização gera uma externalidade negativa importante sobre o desenvolvimento do turismo, na medida em que o padrão estético resultante é menos atraente para os turistas.

2.2.5.2. Pesca

Breve descrição da pesca marítima paulista

A pesca marítima do Estado de São Paulo pode ser dividida em: pesca amadora, pesca de subsistência, pesca artesanal e pesca industrial. A pesca amadora é praticada, com a finalidade de turismo, lazer ou desporto, e o produto da atividade não pode ser comercializado ou industrializado. A pesca de subsistência é praticada com técnicas rudimentares, com o objetivo de obtenção do alimento, sem finalidade comercial (Dias-Neto & Dornelles, 1996). Geralmente praticada com linha e anzol, rede de espera e principalmente cerco. Em 2005, o Instituto de Pesca detectou a existência de cerca de 1.500 destes pescadores nos municípios de Santos, São Vicente, Guarujá, Bertioga e Cubatão (Castro et al., 2005).

A pesca artesanal (ou de pequena escala) contempla as capturas com o objetivo comercial associado à obtenção de alimento para as famílias dos pescadores. Guarujá possui a maior comunidade de pesca artesanal do Estado de São Paulo. É praticada ao longo do litoral do Estado, nos seus diversos ambientes, utilizando principalmente o arrasto de fundo (simples ou duplo), dirigido ao camarão-sete-barbas e fauna acompanhante. Utiliza embarcações de pequeno porte, com propulsão motorizada ou não, em áreas de operação próximas à costa. As embarcações são geralmente de madeira e a tecnologia de captura é capaz de produzir volumes pequenos de pescado. Constituem a maior parte da frota pesqueira paulista. A produção desembarcada da pesca artesanal, em geral, não é computada nas estatísticas oficiais, principalmente quando provém de locais distantes dos centros de comercialização. Nos pequenos empreendimentos de pesca espalhados pelas praias, o armazenamento da produção é feito, com gelo, em caixas de isopor ou carcaças de geladeira, ou, ocasionalmente, em “freezers”, à espera da venda, que é feita a intermediários (peixarias, atacadistas, atravessadores) ou diretamente a consumidores nas próprias praias nas temporadas turísticas ou em fins de semana. Algumas prefeituras organizam pequenos entrepostos de pesca onde a comercialização é feita diretamente ao consumidor, estando o processamento restrito à retirada da carapaça dos camarões e eventuais filetagem ou evisceração do pescado após a captura. O pescado produzido nesta modalidade de pesca apresenta uma alta correlação com a qualidade das águas, sobretudo na Baixada Santista onde se concentram a maior parte de pescadores artesanais do Estado de São Paulo. As condições ambientais estão comprometidas, conforme a descrição apresentada na seção “Pressões sobre Ecossistemas Marinhos” deste documento, com a contaminação da água e sedimentos por substâncias tóxicas, chorume, metais pesados, efluentes domésticos e industriais, além da presença de agentes patogênicos.

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A pesca industrial costeira é realizada por embarcações de maior autonomia que aquelas utilizadas na pesca artesanal, são capazes de operar em áreas mais distantes da costa. As embarcações dispõem de petrechos de captura mecanizados, propulsão com motores diesel de maior potência e equipamentos eletrônicos de navegação e detecção de cardumes. A pesca costeira é normalmente desenvolvida por armadores de pesca, proprietários das embarcações e dos petrechos de pesca, que delegam aos mestres das embarcações a função produtiva, de captura e transporte do pescado. Os barcos de pesca são classificados segundo o equipamento de pesca utilizado em: a) traineiras com redes malhadeiras, para captura de corvina, cação, pescada-foguete, betara, espada, pescada-cambucu, guaivira, goete, bagre, peixe-porco e cação-anjo; b) traineiras de rede de cerco para a pesca de peixes pelágicos, tais como a sardinha-verdadeira, cavalinha, palombeta, tainha, bonito, carapau, corvina, galo e xaréu; c) Arrasteiros-de-portas (pequenos e médios) que utilizam redes de arrasto de fundo providas de pranchões de madeira ou aço (portas), que as mantêm abertas enquanto são arrastadas em busca de camarões (rosa e sete-barbas), bem como fauna acompanhante, constituída por espécies de peixes demersais; d) Parelhas, barcos que atuam aos pares, utilizando redes de arrasto desprovidas de portas e maiores que as operadas pelos arrasteiros-de-portas, para captura de corvina, pescada-foguete, goete, peixe-porco e outras espécies de menor expressão econômica, sob a denominação de “mistura” (Castro et al., 2005). O pescado produzido nesta modalidade também sofre a influência das contaminações sobre ecossistemas marinhos (já descrita neste documento). Boa parte da frota atua em áreas próximas ao estuário e à baia de Santos, bem como nas áreas de influência direta da dragagem dos sedimentos no canal do porto e do lançamento de esgotos pelos emissários submarinos da Praia Grande, de Santos e do Guarujá.

A pesca industrial oceânica envolve as maiores embarcações, aptas a operar em toda a Zona Econômica Exclusiva (ZEE), incluindo áreas oceânicas mais distantes e, mesmo, outros países. Os barcos são dotados de grande autonomia, com processamento do pescado a bordo, e empregam sofisticados equipamentos de navegação e detecção de cardumes e ampla mecanização. As embarcações são quase todas arrendadas de países estrangeiros. Na pesca industrial, a empresa é proprietária tanto das embarcações como dos apetrechos de pesca. É organizada e integra a captura, o beneficiamento e a comercialização. As embarcações dispõem de mecanização para o lançamento e recolhimento espinheis e redes, e beneficiamento do pescado a bordo. A mão-de-obra embora recrutada entre pescadores de pequena escala ou nos barcos de armadores, necessitam de treinamento específico para a operação da maquinaria. As principais espécies capturadas são os atuns, o espadarte, as albacoras e os cações.

Pesca - Fatores Críticos

Limite da Produção de Pescado no Litoral Paulista

A pesca no litoral paulista é uma atividade importante do ponto de vista econômico, social e cultural, apesar da baixa produtividade pesqueira determinada por fenômenos naturais, que ocorre na sua costa. O aumento do esforço de pesca e os avanços tecnológicos das embarcações, ocorridos nas últimas décadas vêm provocando a sobre-exploração dos estoques marinhos pesqueiros e os pescadores, artesanais ou industriais, encontram dificuldades para manter os lucros da pesca no litoral paulista

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(http://www.comciencia.br/reportagens/litoral/lit08.shtml). A pesca artesanal ocorre nas áreas costeiras (baías, estuários, manguezais e litoral adjacente), onde a profundidade não ultrapassa 20 metros. Já a pesca industrial ocorre na plataforma continental, até 200 metros de profundidade.

As adaptações utilizadas pelos pescadores artesanais, o aumento da frota e do esforço de pesca das embarcações industriais, bem como as inovações tecnológicas utilizadas para aumentar o potencial de captura, não conseguem modificar a baixa produtividade pesqueira do litoral paulista, formado por águas quentes (tropicais e subtropicais), com elevada salinidade e baixas taxas de nutrientes. Isto pode ser verificado no gráfico 1.2-14 que mostra a produção pesqueira do Estado de São Paulo de 1960 a 2005. A produção de pescado no Estado de São Paulo, que teve seu pico máximo em 1984, com 131.000 t, mostra, desde então, nítida tendência decrescente, tendo fechado o ano 2005 com apenas 23.824 t (Gráfico 2.2-12).

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Gráfico 2-27 - Produção total de pescado no Estado de São Paulo de 1960 até 2005, em toneladas

Fonte: Instituto da Pesca

Até 1962, a pesca manteve-se como uma atividade econômica pouco mais que artesanal, quando da criação da SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento da Pesca). A promulgação do Decreto-Lei n° 221, de 28/02/1967 (BRASIL-SUDEPE, 1967) e a concessão de incentivos fiscais permitiram a instalação de inúmeras indústrias pesqueiras no litoral de São Paulo. Isto causou o super dimensionamento das instalações industriais e das frotas pesqueiras, o que levou à sobre-exploração de diversos estoques no final da década de 70 e início dos anos 80 (gráfico 2.2-13). Destes, os mais rapidamente depletados foram os de camarões e sardinha verdadeira (gráfico 1.2-13). A partir de 1972/73, quando a pesca de camarões entrou em colapso, muitos barcos transferiram suas atividades para a pesca de peixes demersais, tais como a corvina (Micropogonias furnieri), a castanha (Umbrina canosai), a pescada-olhuda (Cynoscion guatucupa, sin. C. striatus), pescadinha-real (Macrodon ancylodon), cujas populações hoje também se ressentem de uma sobrepesca que lhes vem sendo imposta há mais de uma década (CASTRO et al., 2005).

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Pescado Produção Total SP (toneladas)

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Gráfico 2-28 - Séries históricas da produção de sardinha verdadeira, camarão-sete-barbas e camarão-rosa no Sudeste/Sul do Brasil, mostrando tendência de decréscimo a partir do final dos anos 70

Fonte: Dias Neto & Marrul Filho, 2003.

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Na pesca oceânica, a quantidade de atum capturado no Atlântico, caiu pela metade em meio século. Os cardumes de atum estão em migração permanente e, costumam viver próximo da superfície assim tornam-se presas fáceis para os pescadores, e seu grande “arsenal tecnológico” de pesca. Entre as centenas de subespécies, a mais ameaçada é o atum-azul. Desde os anos 70, esse peixe que pesa em média 400 quilos, sumiu inteiramente da costa paulista e seus estoques mundiais caíram em 80%. Da lista existente de espécies marinhas ameaçadas de desaparecer da costa brasileira, 36 são bem conhecidas e apreciadas como o badejo, garoupa-pintada e o cação. Devido à superexploração da pesca, 75% das espécies da costa brasileira estão no limite, e 7% entraram em colapso. A sardinha que já foi considerada uma espécie de praga, tal era a sua abundância, de 1997 até hoje a queda da pesca desse peixe foi de mais de 75%.

Além da diminuição da produção de pescado, outro fator crítico encontrado, está na deficiência da obtenção das informações de desembarque pesqueiro que ocorre ao longo do litoral de São Paulo. No litoral norte do Estado, os dados de desembarques controlados provêm apenas da pesca industrial com rede-de-emalhe e algumas traineiras. As capturas da pesca artesanal normalmente não são registradas para consolidar a estatística pesqueira. (von Seckendorff & Azevedo, 2007). O mesmo ocorre na Baixada Santista, principalmente depois da privatização do Entreposto de Pesca de Santos (atual TPS – Terminal Pesqueiro de Santos). O desembarque de pescado, que se concentrava em dois pontos, no entreposto e na Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, passou a ser disperso em píeres particulares de empresas de pesca e em trapiches clandestinos construídos ao longo dos rios Icanhema e do Meio. Essa dispersão dificultou profundamente a coleta de informações sobre os volumes desembarcados e áreas de atuação das frotas pesqueiras baseadas em Santos (Castro et al., 2005). No litoral sul, a desativação do mercado municipal de Iguape também dificultou a obtenção de informações da produção pesqueira, o desembarque pesqueiro ficou restrito ao entreposto de Cananéia e aos pontos de captura, próximo à foz do rio Ribeira de Iguape (Barrella, 2004). O gráfico 1.2-14 mostra a participação dos municípios litorâneos na produção de pescado marinho do Estado de São Paulo. A Baixada Santista contribui com 72% da produção total de pescado marinho do estado, seguida pelos municípios do litoral Sul, com 17%. Os municípios do Litoral Norte produzem 12% do pescado marinho paulista.

Gráfico 2-29 - Contribuição dos

Fonte: ÁVILA DA SILVA, A. O.; Carneiro, M.H.; MENDONÇA, G. J. M.; BASTOS, G. C. C. & BATISTA, P.

A. 2007. PRODUÇÃO PESQUEIRA MARINHA DO ESTADO DE SÃO PAULLO NO ANO DE 2005. Sér.

Relat. Téc. N. 26, 44p.

Apesar da tendência de decréscimo na produção de pescado, é grande a participação da pesca na economia dos municípios litorâneos. Conforme dados apresentados na análise econômica neste documento, a pesca e a aqüicultura do litoral paulista compõem o terceiro grupo de especialidades produtivas locais. Em função disto, propõe-se utilizar a quantidade de pescado desembarcado como indicador da pressão sobre a pesca marinha, para avaliar os impactos do atividades portuárias, industriais e “ecossistemas costeiros e oceânicos e conseqüente agravamento da situação da pesca marinha do Estado de São Paulo, com decréscimos ainda maiores na produção de pescado para os próximos anos. Para mitigação desses problemas é necessária a reestruturação do setor pesqueiro, com planejaresponsável nas ações desse segmento, conforme recomendação do VI Plano Setorial para os recursos do Mar, publicado no D.O.U. em 04/03/2005, secção I, página 3. O Código de Conduta Responsável da Pesca e o capítulo 17 dapromoção de pesquisas sobre as pescarias, relacionadas aos fatores ambientais importantes dos ecossistemas envolvidos. Além disto, com a criação das APAs marinhas no litoral paulista, é possível a implantação de ferramentas de manejo, como a proteção de áreas marinhas de interesse à pesca, concessões espaçotemporais e rotações de áreas de pesca.

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Kg

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Contribuição dos municípios paulistas na produção de pescado marinho

arneiro, M.H.; MENDONÇA, G. J. M.; BASTOS, G. C. C. & BATISTA, P.

A. 2007. PRODUÇÃO PESQUEIRA MARINHA DO ESTADO DE SÃO PAULLO NO ANO DE 2005. Sér.

pesar da tendência de decréscimo na produção de pescado, é grande a participação pesca na economia dos municípios litorâneos. Conforme dados apresentados na

análise econômica neste documento, a pesca e a aqüicultura do litoral paulista compõem o terceiro grupo de especialidades produtivas locais. Em função disto,

quantidade de pescado desembarcado como indicador da pressão sobre a pesca marinha, para avaliar os impactos do Objeto AAE. Com o aumento das atividades portuárias, industriais e “off shore” é previsto a degradação ambiental dos

eânicos e conseqüente agravamento da situação da pesca marinha do Estado de São Paulo, com decréscimos ainda maiores na produção de pescado para os próximos anos. Para mitigação desses problemas é necessária a reestruturação do setor pesqueiro, com planejamento integrado, participativo e coresponsável nas ações desse segmento, conforme recomendação do VI Plano Setorial para os recursos do Mar, publicado no D.O.U. em 04/03/2005, secção I, página 3. O Código de Conduta Responsável da Pesca e o capítulo 17 da Agenda 21 propõem a promoção de pesquisas sobre as pescarias, relacionadas aos fatores ambientais importantes dos ecossistemas envolvidos. Além disto, com a criação das APAs marinhas no litoral paulista, é possível a implantação de ferramentas de manejo, como a proteção de áreas marinhas de interesse à pesca, concessões espaçotemporais e rotações de áreas de pesca.

1.475.973(5,5%) 30.681

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Produção Média Anual de Pescado (2000-2005)

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paulistas na produção de pescado marinho

arneiro, M.H.; MENDONÇA, G. J. M.; BASTOS, G. C. C. & BATISTA, P.

A. 2007. PRODUÇÃO PESQUEIRA MARINHA DO ESTADO DE SÃO PAULLO NO ANO DE 2005. Sér.

pesar da tendência de decréscimo na produção de pescado, é grande a participação pesca na economia dos municípios litorâneos. Conforme dados apresentados na

análise econômica neste documento, a pesca e a aqüicultura do litoral paulista compõem o terceiro grupo de especialidades produtivas locais. Em função disto,

quantidade de pescado desembarcado como indicador da pressão aumento das

” é previsto a degradação ambiental dos eânicos e conseqüente agravamento da situação da pesca

marinha do Estado de São Paulo, com decréscimos ainda maiores na produção de pescado para os próximos anos. Para mitigação desses problemas é necessária a

mento integrado, participativo e co-responsável nas ações desse segmento, conforme recomendação do VI Plano Setorial para os recursos do Mar, publicado no D.O.U. em 04/03/2005, secção I, página 3. O

Agenda 21 propõem a promoção de pesquisas sobre as pescarias, relacionadas aos fatores ambientais importantes dos ecossistemas envolvidos. Além disto, com a criação das APAs marinhas no litoral paulista, é possível a implantação de ferramentas de manejo, tais como a proteção de áreas marinhas de interesse à pesca, concessões espaço-

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Mudanças da pesca e cadeia produtiva do pescado em São Paulo

Migrações de pescadores e mudanças de atividade

O decréscimo dos estoques pesqueiros provoca mudanças nas atividades das populações de pescadores. O melhor exemplo é o da Bacia do Rio Ribeira de Iguape e o Litoral Sul do Estado de São Paulo onde há uma atividade pesqueira intensa, com muitos pescadores que atuam principalmente nos estuários e sistemas lagunares. A pesca profissional da manjuba, na década de 50, chegou a absorver 2.000 homens, caiçaras moradores nos municípios de Iguape, Registro, Eldorado e Sete Barras, que apesar de desenvolver a captura através de técnicas artesanais, eram financiados pelas indústrias de salga atuantes na região. A situação da pesca da manjuba atual é muito diferente, com a redução dos estoques e a limitação da atividade apenas ao município de Iguape (Bendazoli & Frosch, 1990). De modo geral, a quantidade de pescadores e a estrutura etária dessa população espelham a situação da pesca nas diferentes localidades. Nos municípios costeiros a pesca é ainda uma atividade que apresenta situação favorável, daí o maior número de pescadores, com a presença de indivíduos mais jovens, mostrando que ainda há recrutamento de pessoal para a pesca (Ramires & Barrella, 2003). Nas áreas mais interiores, a pesca já não é mais uma atividade atrativa e por isto, há poucos pescadores e com idades mais avançadas, que refletem a decadência da pesca da região devido à super-exploração dos estoques nas áreas mais próximas ao mar.

Durante entrevistas nas colônias de pesca, verificou-se que em Iguape e Ilha Comprida há mais de 4.500 pescadores ativos, sendo que 40% dessa população não possuem cadastro de pescador profissional. Em Cananéia, há por volta 900 pescadores cadastrados e mais 40% que trabalham na coleta de ostras. A colônia de Pesca de Peruíbe possui 400 pescadores cadastrados. Nos municípios interiores não há colônias de pesca, porém, em Registro, à beira do Rio Ribeira de Iguape, localiza-se um bairro cujos moradores eram pescadores em tempos passados. Atualmente são poucos os pescadores ativos, sendo que muitos deles são aposentados, comprovando que a pesca na área mais interna da bacia não suporta mais uma pesca intensa como Bendazoli & Frosch (1990) já registraram. A Barra do Ribeira é o local de entrada dos peixes no Rio Ribeira de Iguape e a grande quantidade de redes lançadas, impedem a penetração dos cardumes, que são capturados ali mesmo. Os pescadores das comunidades mais internas são obrigados a se deslocar até a foz do Ribeira de Iguape para continuar suas atividades pesqueiras. Aqueles que não possuem recursos para tal deslocamento estão deixando a pesca por não ter mais viabilidade econômica nas outras áreas. Isto também foi verificado em Registro e Juquiá, onde o número de pescadores diminuiu drasticamente nos últimos cinqüenta anos, como comentam Bendazoli, & Rossi-Wongtschowski (1990) devido à redução de oferta pesqueira para as comunidades internas do Rio Ribeira de Iguape. Em 2005 os municípios do litoral sul contribuíram com 17,2% da produção de pescado marinho do Estado de São Paulo. Cananéia apresentou a maior porção, com 13,3% da produção estadual, seguida de Iguape, com 3,9% da produção anual total (Ávila-da-Silva et al., 2007)

No Litoral Norte do Estado de São Paulo, não foi o decréscimo das capturas o principal motivo das mudanças de atividades dos pescadores, mas a melhoria da rodovia que liga Santos ao Rio de Janeiro, ocorrida nas décadas de 70 e 80, que incentivou o desenvolvimento do turismo, principalmente nas praias da costa sul de

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São Sebastião. As populações locais passaram a vender suas propriedades no litoral, as quais foram substituídas por casas de veraneio, e condomínios fechados. A partir dessa época, a população da região passa a trabalhar nos serviços ligados ao turismo e uma parcela menor sobrevive da pesca artesanal (PDZ Porto São Sebastião, 2009).

Ao longo da costa norte de São Paulo, localizam-se várias associações e colônias de pesca, que atuam sob formato de cooperativas de produtores, representando o setor produtivo da pesca. Em Ubatuba, a Associação de Pescadores, em Caraguatatuba, a Associação dos Maricultores da Praia da Cocanha (APMPC) e a Associação de Pescadores da Praia do Camaroeiro. Em São Sebastião, a Cooperativa de Pesca de São Sebastião – COOPERPESCA. Ainda nesta região, existem quatro colônias subordinadas à Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo, com sede na cidade de Santos, a saber: colônias de São Sebastião (Z-14), Ubatuba (Z10), Caraguatatuba (Z-8) e Ilhabela (Z-6). Estima-se que dos 4050 pescadores atuantes na região, 2.763 pescadores atuam em embarcações de até 16 m e geram 3.039 empregos indiretos. Deste total, 1.365 pescadores utilizam 665 embarcações, em São Sebastião. Em Caraguatatuba, há 204 pescadores com 38 embarcações e, em Ilhabela, há 1.194 pescadores com 194 embarcações. Em Ubatuba há cerca de 587 pescadores em mais de 100 embarcações. Nas ilhas dos Búzios, da Vitória e Ilhabela, moram aproximadamente 700 pescadores. A pesca com embarcações de porte médio que arrasta camarão e a de maior porte (frota industrial) utiliza as redes de arrasto-de-portas para a captura do camarão e de peixes com a parelha, ainda utilizam parte dos pescadores da região. Segundo Ávila-da-Silva et al. (2007) Ubatuba é o município com maior captura do litoral norte, contribuindo com 12,4% da captura total de São Paulo

No segmento de pesca da Baixada Santista, mais de 10 mil pessoas vivem diretamente ou indiretamente da pesca artesanal, o que corresponde a quase 29 vezes superior do número de empregados na mesma atividade na média do Estado de São Paulo (Costa, 2005). Deste total, efetivamente cadastrados há apenas 2.731 pescadores, distribuídos em 17 comunidades. O grande contingente de pescadores faz da pesca na Baixada Santista uma importante atividade econômica, visto que contribui com cerca de 70% da produção de pescado marinho do Estado de São Paulo (Ávila-da-Silva et al., 2007). Conforme citado no item referente a Ecossistemas Marinhos, toda a área do Sistema Estuarino de Santos, incluindo a baía, canal do porto e canal de Bertioga, constitui, de fato, local de desova e berçário de diferentes espécies de peixes. Entretanto, segundo GEFE et al. (2004) grande parte dos pescadores não conseguem mais sobreviver da pesca devido a redução de pescado, atribuída à degradação dos manguezais e à contaminação das águas, causados por impactos antrópicos. Os organismos aquáticos (peixes, siris e caranguejos) do Estuário de Santos apresentam altas concentrações de cobre, níquel, zinco, benzo(a)pireno, dibenzo(a)antraceno, PCBs, dioxinas e furanos, muito acima dos critérios para consumo humano no Brasil. Os pescadores e coletores, juntamente com suas famílias, provavelmente são os grupos mais expostos aos poluentes acumulados pelos organismos e por isto, merecem atenção priorizada em estudos de avaliação de risco (Costa, 2005).

Mudanças da frota e restrições à pesca

Ao analisarem as características da frota de parelhas do Estado de São Paulo (Castro e Tutui, 2007) constataram diferenças entre a frota que atuou em 1975 em relação à

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frota de 1998. Ao longo dos anos, houve uma tendência gradual no emprego de embarcações maiores e mais potentes na pesca de parelhas do Estado de São Paulo, com aumento da área de atuação para as regiões sudeste e sul. Parte da frota de São Paulo transferiu sua base de operação ou mudou de modalidade de pesca, desaparecendo dos desembarques de São Paulo, a partir de 1983 (Castro, 2000). As parelhas pequenas, por terem menor autonomia atuavam com maior intensidade na costa de São Paulo, saindo ao amanhecer e retornando ao por do sol. Atualmente, esses barcos operam na costa de São Paulo, no arrasto dirigido ao camarão-sete-barbas (Castro, 2000; Castro et al., 2003). As parelhas grandes, na maioria, barcos de fabricação japonesa, com maior autonomia que os demais, saiam para pescar na costa sul do Brasil e vindo a desembarcar em São Paulo devido à proximidade dos principais centros de comercialização (Valentini et al., 1991). Atualmente, as parelhas grandes de fabricação japonesa transferiram suas bases de operação para cidades do sul e operam com outras modalidades de pesca ou foram desativadas (Castro, 2000; Castro et al., 2004).

As restrições da atuação da pesca de arrasto ou de parelhas surgiram na década de 80, quando foram registrados os grandes conflitos entre o uso dos recursos pesqueiros no litoral de São Paulo. A Portaria SUDEPE Nº 54, de 20 de dezembro de 1984, proíbe a pesca com arrasto de portas e com parelhas para embarcações maiores de 10 toneladas de arqueação bruta, a uma distância menor de 1,5 milha náutica da costa. Mais recentemente, o Governo do Estado de São Paulo, preocupado em proteger a sua biodiversidade marinha, decretou a Lei nº10.019/98 que estabelece o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, onde proíbe a pesca de parelhas em profundidades inferiores à isóbata de 23,6m, em toda costa paulista.

O Decreto Estadual n°49.215/04 propõe no Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) do Litoral Norte de São Paulo a fixação de áreas de exclusão de pesca de arrasto de isca-viva, áreas com restrições à pesca amadora e veda totalmente a pesca industrial até o limite da isóbata de 23,6m. Por outro lado, o decreto de criação da APA Marinha Litoral Norte, Decreto n° 53.525/08, assegura a prática de atividades sustentáveis e pesquisa científica, permitindo a pesca necessária à garantia da qualidade de vida das comunidades tradicionais, bem como aquela de natureza amadora e esportiva.

Em âmbito nacional, há também a portaria federal MD nº30/DPC de 30 de março de 2005, que regulamenta as áreas restritas à pesca num raio de 500m ao redor das plataformas de petróleo. Todas essas restrições objetivam a manutenção dos estoques pesqueiros, e devem interferir na produção local de pescado.

Migração de indústrias

O número de estabelecimentos na cadeia produtiva de pescado brasileira em 1996 era de 1.735 empresas e, em 2006, de 2.010 empresas. Em 10 anos o número de estabelecimentos aumentou 15,71%, e observa-se também um movimento de maior concentração regional em direção aos Estados de Santa Catarina e Pará, com o decréscimo do número de estabelecimentos nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro (Viana, 2009). Conseqüência disto é a diminuição do número de empregos em São Paulo, gerados na cadeia produtiva brasileira. Em 1996, o setor de pesca e serviços relacionados, concentrava-se nos Estados do Rio de Janeiro (23,10% dos empregos formais), Santa Catarina (21,42%) e São Paulo (17%). Já em 2006 o setor

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concentrava-se em Santa Catarina (35,55% dos empregos formais), Pará (19,29%) e São Paulo (14,93%). Os empregos no setor de beneficiamento de pescado, em 1996, concentravam-se no Rio de Janeiro (34,24%), Santa Catarina (13,52%) e São Paulo (15,64%). Em 2006 as maiores concentrações do setor estavam nos Estados de Santa Catarina (29,67%), Rio Grande do Sul (21,75%) e Pará (11,07%). Enquanto o setor de comércio atacadista de pescado, em 1996, concentrava-se nos Estados de São Paulo (27,24%), Rio de Janeiro (19,71%) e Pernambuco (12,04%). Já em 2006, as maiores concentrações estavam nos Estados de Santa Catarina (23,53%), São Paulo (22,98%) e Rio Grande do Sul (9,56%).

No segmento de pesca industrial no Brasil os estaleiros nacionais encontram-se praticamente parados, sem pedido em carteira e a política industrial para o segmento, Profrota, não demonstrando qualquer aquecimento do setor.

Conflitos de Uso dos Recursos Pesqueiros

O aumento da população ativa no setor pesqueiro, associado ao decréscimo da produção trouxe uma série de inconvenientes para os participantes dos diferentes tipos de pesca. É relevante destacar o lado de conflito e de competição entre a pesca artesanal e industrial. Na região sudeste/sul, há o caso da pesca com isca-viva executada pela frota atuneira que pesca bonito-listrado e que desencadeou uma série de conflitos com os pescadores artesanais e turistas. A captura da isca-viva, no seu início, foi realizada pelas traineiras, com redes de cerco. Posteriormente, surgiram pequenas frotas de cerqueiros especializadas na captura e venda da isca. Em função da comercialização paralela do excedente de isca, esta atividade foi proibida. Os atuneiros foram obrigados a capturar as suas próprias iscas. Pequenas redes de cerco foram adaptadas à frota, que passou a atuar sobre os abundantes cardumes de pequenos pelágicos, mas sempre em regiões abrigadas. Na época, a sardinha-verdadeira, muito abundante e com uma ótima sobrevivência, foi adotada como a melhor isca-viva. As manjubas são mais frágeis e necessitam de um manuseio mais cuidadoso após a captura, já que morrem com muita facilidade. Com a recuperação dos estoques da sardinha, entre 1993 e 1996, as críticas e pressões sobre a pesca da isca-viva diminuíram. Hoje, com a nova crise, as críticas e conflitos voltaram.

A pesca de arrasto feita com redes que varrem o fundo do mar atrás de camarões e peixes, é considerada a mais predatória, pois além de revolver todo o fundo, acaba também destruindo as formações que servem de berçário a vida marinha. Ao longo da costa paulista é possível verificar a presença de conflitos entre os barcos de pesca de camarão e os pescadores artesanais.

Aumento da Demanda e da Importação de Pescado

A indústria pesqueira brasileira apresenta uma produção bastante diversificada, caracterizando-se pela diferenciação de produtos em relação aos demais ramos da indústria alimentar. A partir do que natureza encarrega-se de fornecer destaca-se na região Nordeste as espécies mais nobres, como a lagosta e no Sul do país as espécies de menor valor de mercado. A produção nacional está estimada em 700 mil toneladas/ano. Desse total 70% destinam-se ao mercado interno e 30% à exportação. Do total produzido no país 60% da matéria-prima é produzida internamente e as importações correspondem por 40% (Folha de São Paulo, 9 de abril 1997).

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Figura 2.2-23 - Organização da Indústria do Pescado no Brasil

Fonte: Folha de São Paulo, 9 de abril de 1997

A quantidade de pescado exportado e importado no Estado de São Paulo vem sendo modificada nos últimos anos, pela crescente demanda de consumo da população. O gráfico 2.2-15 mostra que as quantidades de pescado importado nos anos de 2005 a 2007 vêm aumentando, enquanto que as pequenas quantidades exportadas vêm diminuindo ainda mais. A maior parte do pescado comercializado é transportada por meio marítimo, o que significa que os portos paulistas serão obrigados a se adaptar para atender as necessidades específicas dessas atividades.

Gráfico 2-30 - Quantidade de pescado importado e exportado no Estado de São Paulo

Fonte:Importações/exportações de pescado Ibama, 2007. Estatística da pesca 2005 Brasil: grandes

regiões e unidades da federação. Brasília: 108 p.

Conflitos entre a pesca e atividades Portuárias e Petrolíferas

O litoral norte do Estado de São Paulo é o ambiente mais impactado pelos vazamentos de óleo nas regiões sudeste e sul do Brasil, basicamente em função da presença do terminal marítimo Almirante Barroso da Petrobras, o qual recebe cerca de

63591

5201

76989

3562

85291

21090

30000

60000

90000

ton

importações exportações

Comércio de Pescado (toneladas) no Estado de São Paulo

2005

2006

2007

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ARCADIS Tetraplan 199

55% de todo petróleo que chega ao País. De 1974 a 2000 foram registrados 232 vazamentos. O maior número de ocorrências está associado com falhas mecânicas e operacionais dos navios. Setenta e cinco por cento dos vazamentos estão associados com acidentes de pequeno porte, com volumes inferiores a 1 m³, enquanto que apenas 4 casos superaram os 1.000 m³. Os acidentes de navegação e as falhas nos oleodutos liberaram maior volume de óleo ao meio ambiente e foram responsáveis pelos maiores danos ecológicos e socioeconômicos mais altos, apesar de estarem em freqüência reduzida. Alguns tipos de óleos (que fazem parte do Grupo III e IV) podem permanecer nos costões, estruturas, sedimentos de praias ou manguezais por até dez anos. Outros (Grupo III) são mais tóxicos enquanto que os que compõem o Grupo IV tendem a formar camadas semelhantes a de pavimentação asfáltica, podendo persistir até dezesseis anos. A maior parte das manchas ficou restrita ao Canal de São Sebastião, entretanto houve casos em que foram atingidas praias da Ilha de São Sebastião (Ilhabela) e de Ubatuba, na divisa com Rio de Janeiro. De maneira geral, ocorreram interferências diretas e indiretas nas seguintes atividades: pesca, maricultura, turismo, esportes náuticos e balneabilidade das praias. As águas do Canal de São Sebastião primeiramente e, por seqüência as do litoral norte paulista foram as mais prejudicadas por todos os vazamentos. Baias, enseadas, planícies de maré, praias e costões rochosos abrigados e expostos foram os mais afetados. A costa de São Sebastião recebeu óleo com maior freqüência quando comparado com os outros municípios. As atividades de limpeza como remoção excessiva de areia das praias e jateamento de costões rochosos entre outros, também contribuíram para agravar os danos ambientais causados pelas próprias ocorrências (Poffo et al., 2001)

Na Baixada Santista, o vazamento de gasolina de um dos oleodutos da Petrobras em Cubatão (junto a favela Socó), em 1984, resultou em um incêndio de grandes proporções, que, além de ocasionar danos materiais e um grande número de vítimas, também causou impactos ao ambiente. A gasolina escoou pelas valas de drenagem existentes no local, depositando-se na parte central do mangue sob os barracos de palafitas da favela Socó (SERPA, 1984). Em 1985, na Refinaria Presidente Bernardes da Petrobras houve um vazamento de 50 a 100 toneladas de óleo para o rio Cubatão. Ainda em 1985, na Refinaria Presidente Bernardes da Petrobrás houve um vazamento de 50 a 100 toneladas de óleo para o rio Cubatão. Um ano, antes no Terminal de Alemoa, houve outro vazamento de um navio que contaminou o Porto de Santos, derramando 450 toneladas de óleo. Em novembro de 1984, dez toneladas de xileno misto, um material tóxico e altamente inflamável, vazaram de um navio durante o descarregamento na ilha de Barnabé. Em 1991, também na ilha de Barnabé, um incêndio em reservatórios de acetato de vinila provocou fumaça tóxica.

Pressão da ocupação das áreas costeiras (Industrial e Portuária)

A ocupação de áreas portuárias e de áreas adjacentes aos eixos de transporte, o adensamento da ocupação existente e o desenvolvimento de atividades industriais e agrícolas trazem, como desdobramento uma gama de impactos aos ecossistemas costeiros, como já comentado nas pressões sobre os ecossistemas marinhos.

Grande parte dos problemas de degradação dos recursos costeiros está associada às grandes concentrações metropolitanas, industriais e portuárias. Os principais portos de São Paulo (Santos e São Sebastião) precisam adequar sua estrutura para melhor gestão ambiental, tanto no controle de resíduos, nos planos de contingência para

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ARCADIS Tetraplan 200

acidentes, bem como no tocante aos planos de expansão e modernização portuária. Em Santos, todos os anos são dragados mais de 3,5 milhões de m³ de sedimentos para dar condições de tráfego de navios maiores, que além de prejudicar a fauna bentônica, provoca a ressuspensão de substâncias tóxicas, aumentando o espectro de impacto nocivo desta atividade e estendendo para a bacia de Santos e adjacências. Além disto muitas espécies exóticas vêm sendo introduzidas via água de lastro dos navios, causando prejuízos à saúde humana, à biodiversidade e à pesca.

As informações apresentadas neste documento, sobre os recursos hídricos e os ecossistemas marinhos, mostram que a poluição provocada pelo aporte dos efluentes domésticos e dos resíduos industriais atinge os rios e os estuários. Os pólos petroquímicos lançam resíduos de petróleo e metais pesados nos sistemas costeiros na plataforma continental, que também contribuem para a diminuição dos rendimentos da pesca

Assim, verifica-se que ao longo de toda a costa do Estado do São Paulo o setor pesqueiro sofre diversas formas de pressão, como a imobiliária, portuária, industrial e a de exploração e produção de petróleo e gás, que tomam espaços anteriormente ocupados pelas atividades pesqueiras, dificultando ou tornando mais custoso o acesso ao mar. A queda na oferta de apoio logístico em terra encarece as operações de armação, descarga e manutenção das embarcações de pesca, diminuindo a qualidade do pescado que chega ao mercado consumidor, além de geralmente torná-lo mais caro.

Carência de infraestrutura de apoio à cadeia produtiva do pescado

Finalmente, cabe salientar, ainda, a falta de infraestrutura para apoio da pesca extrativista marinha no Estado de São Paulo, que pode ser verificada pelos seguintes pontos:

(i) leis e portarias pouco claras;

(ii) carência de políticas públicas de incentivo à implantação de entrepostos pesqueiros com infra-estrutura para processamento, comercialização e distribuição, de forma a agregar valor aos produtos pesqueiros a aumentar a autonomia de venda dos pescadores, visto que hoje os peixes são vendidos “in natura”, causando problemas de estocagem, valorizando o atravessador em detrimento do produtor.

(iii) baixo aproveitamento dos resíduos produzidos no processamento do pescado;

(iv) ausência de cadastramen¬to do número de pescadores artesanais profissionais efetivos junto às colônias de pescadores;

(v) falta de organização associativa e apoio insuficiente das colônias de pescadores às comunidades de pescadores artesanais e profissionais;

(vi) falta de uma política para resolução de conflitos entre a pesca e outras atividades realizadas nos ambientes marinhos do Estado de São Paulo.

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2.3. Áreas Potenciais

A análise das áreas potenciais tem por objetivo identificar quais as questões decorrentes da sua ocupação que demandarão decisões relacionadas aos aspectos conservacionistas, ao planejamento territorial e às demandas de infraestrutura, a serem abordados na conclusão deste relatório, que subsidiará as decisões e movimentos estratégicos da AAE.

Os critérios e ponderações para avaliação do grau de sensibilidade e potencialidade de cada área foram definidos para um conjunto de fatores relacionados à própria área ou ao seu entorno, que permitiram indicar:

• a necessidade de investimento em infraestrutura de drenagem ou em fundações e contenções, dada pela identificação dos riscos geotécnicos das áreas, quer pela alta ou média susceptibilidade a escorregamentos, quer pela alta susceptibilidade a recalques, inundações ou assoreamento;

• ações orientadas à conservação de parte dessas áreas, dada pela presença de Unidades de Conservação ou Áreas Protegidas ou interesse conservacionista, considerando também sua inserção na paisagem, por meio da proximidade e conectividade com ambientes conservados no seu entorno;

• a necessidade de se avaliar os instrumentos de planejamento territorial, considerando-se os Planos Diretores municipais e ZEE do Litoral Norte;

• a demanda por obras de infraestrutura de acesso local, avaliando-se a malha existente para os modos rodoviário, ferroviário e aquaviário (marítimo/portuário) e o porte das obras de interligação necessárias, além do potencial impacto sobre a operação do sistema existente.

2.3.1. Estrutura e Informações da Matriz de Áreas Potenciais

Como base para essa avaliação foi estruturada uma Matriz para analisar esses fatores e indicar as necessidades de investimentos e ações citadas e compõe o banco de dados que será utilizado no processo de AAE, ficando disponível para a equipe gestora do Governo do Estado de São Paulo. Os diversos componentes especificados no quadro a seguir foram compilados para sua estruturação, considerando-se as áreas potenciais indicadas pela CESPEG, prefeituras ou pela Arcadis Tetraplan, via imagem de satélite. A maior parte dessas informações pode ser acessada no Caderno de Mapas, no entanto, em função da escala de apresentação, poderão ser consultadas por meio de visualizadores de arquivos geográficos, que comporão o banco de dados da AAE.

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Quadro 2-1 –Fatores para Composição da Matriz de Áreas Potenciais

Legenda da Matriz de Áreas Potenciais

• ÁREAS POTENCIAIS: A numeração das áreas corresponde o código para georreferenciamento.

• EXTENSÃO DA ÁREA (ha): Tamanho da área em hectares.

• INDICAÇÃO DAS ÁREAS: São apresentados os responsáveis pela indicação das áreas mapeadas:

− Prefeituras/CPEA (2008);

− CESPEG (2009);

− Outras definidas pela Arcadis Tetraplan (Objeto AAE, 2010).

LOCALIZAÇÃO

• Eixos: As áreas são espacializadas de acordo com os eixos definidos no Objeto AAE:

− Eixo Sul (Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande);

− Eixo Central (Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Bertioga);

− Eixo Norte (São Sebastião e Caraguatatuba).

• Município de localização da área potencial.

• UGRHI: As áreas foram espacializadas de acordo com as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHIs presentes no Litoral Paulista:

− UGRHI 03 – Litoral Norte;

− UGRHI 07 – Baixada Santista e;

− UGRHI 11 – Ribeira do Iguape.

• Sub-bacia hidrográfica: As áreas foram espacializadas de acordo com as sub-bacias presentes no Litoral Paulista.

• Ambiente predominante (terrenos): As áreas foram localizadas de acordo com as características físicas predominantes: planície litorânea e encosta.

• Linha d’água: Foram verificadas se as áreas estão situadas no canal do estuário ou nas drenagens afluentes, ou na linha do mar.

• Latitude e Longitude (centróide): As áreas foram localizadas de acordo com as coordenadas geográficas do centro geométrico das áreas.

INDICADOR DA NECESSIDADE DE INFRAESTRUTURA DE DRENAGEM/ ASPECTOS CONSTRUTIVOS

• RISCOS GEOTÉCNICOS: As áreas foram avaliadas de acordo com a susceptibilidade dos terrenos à ocorrência de processos

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do meio físico, escorregamentos e recalques/ inundação/assoreamento, com base no Mapa Geotécnico do Estado de São Paulo31 (IPT, 1994) e nas imagens orbitais disponibilizadas pela SMA (SPOT, 2007, 2008 e 2009). Desta forma, as áreas foram classificadas em:

− Alto, médio e baixo risco geotécnico à escorregamentos;

− Alto, médio e baixo risco geotécnico à recalques/ inundações/ assoreamento.

GRAU DE SENSIBILIDADE/POTENCIALIDADE DA ÁREA E SEU ENTORNO

Indicador das ações voltadas à conservação/ proteção ambiental

Áreas Protegidas

• % Mangue: Percentual de mangue presente nas áreas. (IF-PPMA, 2001)

• UCs: Presença ou não de Unidades de Conservação32 – UCs e sua classificação (Proteção Integral ou Uso Sustentável).

• % UCs na área: Percentual da área inserido em Unidade de Conservação.

• Distância UC: foram definidas as distâncias das áreas às UCs, duas categorias - até 1 km ou entre 1km e 5km (até 5km). Entende-se a distância menor que 1km pode interferir de forma mais significante nas UCs.

• TI: Presença ou não de Terra Indígena na área (FUNAI, 2010). Quando da presença de TI, foram classificadas:

− Delimitada: TI ainda em estudo;

− Declarada: TI já instituída por legislação pertinente.

• % TIs na área: Percentual de TI nas áreas.

• OUTRAS ÁREAS PROTEGIDAS (CONDEPHAAT) 32: Presença ou não de Áreas Naturais Tombadas nas áreas.

• Cavernas: identificação de cavernas em um raio de 250 m (CECAV – IBAMA, 2010).

Ambiente de Interesse Conservacionista

• ÁREA PRIORITÁRIA: Presença ou não de área de prioritárias (Programa Biota FAPESP, 2010)

31 Os mapas geotécnicos do Litoral Norte, Baixada Santista e Litoral Sul são apresentados no Caderno de mapas,

páginas 07, 08 e 09.

32 Fonte SMA, 2000. Atlas de Unidades de Conservação no Estado de São Paulo, atualização 2010.

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• Vegetação: a cobertura vegetal predominante na área potencial em estudo, obtida a partir do mapeado de uso e ocupação do solo disponibilizado pela SMA (IF-PPMA, 2001), podendo ser classificada por:

− Formação arbórea/arbustiva-herbácea de terrenos marinhos lodosos;

− Vegetação secundária da floresta ombrófia densa de terras baixas;

− Sem cobertura vegetal significativa.

Área de Inserção

• Ambiente do Entorno: análise visual da cobertura vegetal e grau de fragmentação com base no Mapa do IF (IF-PPMA, 2001) e nas imagens orbitais disponibilizadas pela SMA (SPOT, 2007, 2008 e 2009). O entorno das áreas foi classificado como:

− Campo antrópico ou Urbano: no caso de ocupação urbana ou desprovida de vegetação em área urbana ou limítrofe a esta área.

− Contínuo de vegetação;

− Mosaico: quando o entorno é caracterizado por mais de uma das tipologias anteriores.

Indicador das ações de planejamento territorial

Usos Propostos

• Uso definido no Plano Diretor: em função das inúmeras legendas contidas nos diversos Planos Diretores Municipais, foi realizada a compatibilização e agrupamento destas legendas, de forma a facilitar a análise. Desta forma, os usos definidos são:

− ZR1: Zona preferencialmente residencial de alta e média densidade;

− ZR2: Zona preferencialmente residencial de baixa densidade;

− ZT1: Zona preferencialmente turística que admite verticalização;

− ZT2: Zona preferencialmente turística unifamiliar;

− ZEIS: Zona Especial de Interesse Social;

− ZN: Zona com predomínio de negócios;

− ZIP: Zona industrial, portuária e de serviços de alto impacto;

− ZH1: Zona de patrimônio histórico e cultural (centros históricos e patrimônio edificado);

− ZH2: Zona de patrimônio histórico e cultural (comunidades caiçaras e quilombolas);

− ZE: Zona de expansão urbana;

− ZRU: Zona rural;

− ZAP: Zona Ambientalmente Protegida;

− NZ: Área não zoneada;

− ATMR: Área de transporte multimodal regional;

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− AI: Área Institucional.

• ZEE: foram considerados os usos definidos no vigente ZEE Litoral Norte

− Zona 1 (Z1)

− Zona 2 (Z2)

− Zona 3(Z3)

− Zona 4 (Z4)

− Zona 5 (Z5).

• Como informação complementar, foram sistematizados os usos previstos na proposta de ZEE do Grupo Setorial apreciada pelo CONSEMA, indicando-se também as áreas de destaque, e a proposta da SMA em resposta a esse parecer. Essas informações não consistiram critérios para avaliação da sensibilidade das áreas quanto aos usos propostos, mas estão evidenciadas no item 2.3.1.3.

Indicador de demanda de infraestrutura

Acessibilidade

• RODOVIÁRIA:

− A: interligação com a malha/ acessilibidade pode ser feita com intervenções de pequeno porte/impacto sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− B: interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− C: interligação requer intervenção de grande porte ou impacto.

• FERROVIÁRIA:

− A: interligação com a malha/ acessilibidade pode ser feita com intervenções de pequeno porte/impacto sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− B: interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− C: interligação requer intervenção de grande porte ou impacto.:

• HIDROVIÁRA:

− A: interligação com a malha/ acessilibidade pode ser feita com intervenções de pequeno porte/impacto sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− B: interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infraestrutura e operação do sistema existente;

− C: interligação requer intervenção de grande porte ou impacto.

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Uma vez apresentados cena atual e fatores críticos, analisam-se, neste item, as áreas potenciais indicadas no capítulo Objeto AAE, considerando características e condicionantes socioambientais. Neste sentido, são considerados aspectos físicos e bióticos, bem como os usos propostos, conforme definido nos Planos Diretores Municipais (PDMs) e no ZEE (Litoral Norte). São considerados também aspectos relativos à acessibilidade, representando a potencialidade dessas áreas em termos da presença de sistemas de transporte rodoviário, ferroviário e aquaviário.

A partir das características de cada área, estabelecidas por meio de parâmetros socioambientais, realiza-se uma primeira aproximação da viabilidade de ocupação dessas áreas, inicialmente classificando as áreas em diferentes níveis de sensibilidade e, em seguida, avaliando-se potencialidades, a partir da acessibilidade e da suscetibilidade a riscos geotécnicos.

Esses procedimentos tornam possível estabelecer grupos de áreas por níveis de restrição/sensibilidade, considerando características intrínsecas às áreas e à paisagem em que se inserem e que dão suporte a uma discussão relativa à adequada inserção dos empreendimentos na ambiência do litoral paulista.

2.3.1.1. Grau de Sensibilidade das Áreas

As Áreas Potenciais para a implantação dos empreendimentos apresentam distintas situações do ponto de vista ambiental, tanto relativas às suas características intrínsecas, quanto à sua inserção na paisagem.

Desta forma, considerando a importância de se observar uma implantação que busque sustentabilidade ambiental, foi realizada análise de parâmetros socioambientais dessas áreas, conforme apresentado nos quadros a seguir, ordenando-as, na sequência, em graus de sensibilidade ambiental, considerando critérios apresentados no quadro 2.3-2.

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Quadro 2.3-2 – Matriz de Áreas Potenciais – Grau de Sensibilidade das Áreas considerando critérios de PROTEÇÃO AMBIENTAL E INTERESSE CONSERVACIONISTA

Fator Ambiental

Componente Grau de Sensibilidade

Categoria Considerada Nº de Áreas

ÁREAS PROTEGIDAS

Vegetação em área

preservação permanente - %

de mangue

VEG1 Cobertura de mais de 95% da área com mangue e

área remanescente menor que 2,0 ha

07

VEG2 Demais condições não enquadradas em VEG1 e

VEG 3

18

VEG3 Cobertura de menos de 30% da área com mangue e área remanescente maior

que 12,0 ha

Ou Ausência de mangue

95

Total de áreas 120

Unidades de Conservação

UC1 Interferência direta em UCs de Proteção Integral

04

UC2 Interferência direta em UCs de Uso Sustentável

17

UC3 Sem interferência em UCs 99

Total de áreas 120

Terras Indígenas

TI1 Interferência em TIs 04

TI3 Sem interferência em TI 116

Total de áreas 120

Áreas Naturais Tombadas

(CONDEPHAAT)

ANT1 Presença de ANTs 15

ANT3 Ausência de ANTs 105

Total de áreas 120

AMBIENTES DE INTERESSE CONSERVACI

ONISTA

ÁREAS PRIORITÁRIAS

APC2 Presença de Área Prioritária

38

APC3 Ausência de Área Prioritária

82

Total de áreas 120

ÁREA DE INSERÇÃO

AMBIENTE NO ENTORNO

ENT1 Contínuo de vegetação nativa

19

ENT2 Mosaico de vegetação, campos antrópicos e/ou

área urbana

72

ENT3 Campo antrópico ou área urbana

29

Total de áreas 120

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Quadro 2.3-3 – Matriz de Áreas Potenciais – Grau de Sensibilidade das Áreas considerando critérios de USOS PROPOSTOS

Fator Ambiental

Componente Grau de Sensibilidade

Categoria Considerada

Número de Áreas

USOS PROPOSTOS

PLANOS DIRETORES MUNICIPAIS

PDM1 ZEIS, ZAP, ZH1, ZH2, ZT1, ZT2, ZR1

23

PDM2 ZR2, ZRU, ZEX, NZ 20

PDM3 ZN, ZIP, ATMR 77

Total de áreas 120

PROPOSTA DE ZEE(1)

ZEE1 Z1, Z2 02

ZEE2 Z3, Z4 04

ZEE3 Z5 02

Total de áreas 08

(1) Critério válido somente para o Litoral Norte

Quadro 2.3-4 – Matriz de Áreas Potenciais – Grau de Sensibilidade das Áreas

CRITÉRIOS PARA ENQUADRAMENTO NAS TIPOLOGIAS DE SENSIBILIDADE (2)

GRAU DE SENSIBILIDADE TIPOLOGIA

PROTEÇÃO AMBIENTAL E INTERESSE

CONSERVACIONISTA

USOS PREVISTOS

TIPOLOGIA 1 RESTRITIVOS VEG1 ou TI1 ou PDM1

TIPOLOGIA 2 MUITO SENSÍVEIS VEG2 ou ANT1 ou ZEE1(1)

TIPOLOGIA 3 MODERADAMENTE

SENSÍVEIS UC2 ou PDM2

TIPOLOGIA 4 POUCO SENSÍVEIS, ENTORNO ALGUMA

IMPORTANCIA

ENT1 ou APC2 ou PDM2 ou ZEE2(1)

TIPOLOGIA 5 POUCO SENSÍVEIS VEG3 e TI3 e UC3 e ENT2

ou ENT3 ou PDM3 e ZEE2(1)

ou ZEE3(1)

(1) Critério válido somente para o Litoral Norte

(2) Os critérios elencados são os dominantes para inclusão, seguindo-se a ordem de seleção a partir da

Tipologia 1, ou seja, se uma área se enquadra na categoria TI1 e UC2 será incluída na Tipologia 1, pois o

primeiro critério é determinante da Tipologia 1, enquanto o segundo é determinante da Tipologia 3.

2.3.1.2. Grau de Potencialidade das Áreas

O grau de potencialidade das áreas foi avaliado considerando os critérios de acessibilidade (terrestre e hidroviária) e aspectos geotécnicos, que indicam áreas com riscos e sem riscos geotécnicos.

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No quadro a seguir (quadro 2.3-5) são apresentadas as categorias de acessibilidade às áreas potenciais, considerando os componentes rodoviário, ferroviário e hidroviário, e no quadro 2.3-6 apresentam-se as tipologias quanto à acessibilidade.

Quadro 2.3-5 – Matriz de Áreas Potenciais – Grau de Potencialidade das Áreas considerando critérios de ACESSIBILIDADE

Fator Ambiental

Componente Grau de Potencialidade

Categoria Considerada Número de

Áreas

ACESSIBILIDADE

TERRESTRE

RODOVIÁRIA

RODO1 Interligação com a malha / acessilibidade RODOVIÁRIA

pode ser feita com intervenções de pequeno porte e impacto

sobre a infra-estrutura e operação do sistema

RODOVIÁRIO existente

23

RODO2 Interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infra-estrutura e operação do

sistema RODOVIÁRIO existente

97

RODO3 Interligação requer intervenção de grande porte ou impacto no

sistema RODOVIÁRIO existente

0

120

FERROVIÁRIA

FERRO1 Interligação com a malha / acessilibidade FERROVIÁRIA

pode ser feita com intervenções de pequeno porte e impacto

sobre a infra-estrutura e operação do sistema

FERROVIÁRIO existente

39

FERRO2 Interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infra-estrutura e operação do

sistema FERROVIÁRIO existente

18

FERRO3 Interligação requer intervenção de grande porte ou impacto no

sistema FERROVIÁRIO existente

63

120

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Fator Ambiental Componente

Grau de Potencialidade

Categoria Considerada Número de

Áreas

ACESSIBILIDADE

HIDROVIÁRIA

HIDROVIÁRIA

HIDRO1 Interligação com a malha / acessilibidade HIDROVIÁRIA

pode ser feita com intervenções de pequeno porte e impacto

sobre a infra-estrutura e operação do sistema

HIDROVIÁRIO existente

28

HIDRO2 Interligação requer intervenções de maior porte ou com algum impacto significativo sobre a infra-estrutura e operação do

sistema HIDROVIÁRIO existente

18

HIDRO3 Interligação requer intervenção de grande porte ou impacto no

sistema HIDROVIÁRIO existente

74

120

Quadro 2.3-6 – Matriz de Áreas Potenciais – Tipologias para ACESSIBILIDADE

ACESSIBILIDADE TERRESTRE

ACESSIBILIDADE HIDROVIÁRIA

ACESSIBILIDADE Grupo A: Melhor

acessibilidade terrestre e hidroviária

FERRO1 RODO1 ou RODO 2

HIDRO1

Grupo B: Melhor

acessibilidade terrestre

FERRO1 RODO1 ou RODO 2

HIDRO2 ou HIDRO 3

Grupo C: Acessibilidade

mediana terrestre e marinha

FERRO2 RODO1 HIDRO2

FERRO2 RODO2 HIDRO1 ou HIDRO2

FERRO3 RODO1 HIDRO2

FERRO3 RODO2 HIDRO1 ou HIDRO2

Grupo D: Acessibilidade

mediana terrestre

FERRO2 RODO1 ou RODO2

HIDRO 3

FERRO3 RODO1 HIDRO 3

Grupo E: Baixa

acessibilidade

FERRO3 RODO2 HIDRO 3

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As áreas potenciais também foram avaliadas de acordo com a susceptibilidade dos terrenos à ocorrência de processos do meio físico (escorregamentos, recalques, inundação e assoreamento), com base no Carta Geotécnica do Estado de São Paulo (IPT, 2005) e na imagem do Google Earth, 2010, conforme apresentado no quadro a seguir (Quadro 2.3-7).

Quadro 2.3-7 – Matriz de Áreas Potenciais – Grau de Potencialidade das Áreas considerando ASPECTOS GEOTÉCNICOS

Fator Ambiental Componente Grau de Potencialidade

Categoria Considerada

Número de

Áreas

ASPECTOS

GEOTÉCNICOS

SUSCEPTIBILIDADE

A ESCORREGAMENTOS

+ Baixa susceptibilidade a escorregamento ou ausência de

risco geotécnico a escorregamento

112

- Alta ou média susceptibilidade a escorregamento(1)

08

120

SUSCEPTIBILIDADE A INUNDAÇÕES,

RECALQUES E/OU

ASSOREAMENTO

+ Baixa susceptibilidade a

recalques ou inundação ou

ausência de risco geotécnico a recalques e inundações

36

-

Alta ou média susceptibilidade a

recalques e inundações (1)

84

120

(1) Devido à existência de áreas não mapeadas na Carta Geotécnica do Estado de São Paulo (IPT,

1994) e à incompatibilidade de escala, optou-se por classificar, de forma mais conservadora, as

áreas não mapeadas como de alta ou média susceptibilidade à ocorrência de escorregamentos e

inundações, recalques e/ou assoreamento..

A análise da acessibilidade (Grupos A, B, C, D e E) e dos aspectos geotécnicos (áreas com e sem riscos geotécnicos) classificou a potencialidade das áreas e a demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção), conforme apresentado a seguir e no quadro abaixo.

• A+: Áreas com maior potencialidade, considerando melhor acessibilidade terrestre e hidroviária e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) em áreas sem risco geotécnico.

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ARCADIS Tetraplan 212

• A-: Áreas com maior potencialidade, considerando melhor acessibilidade terrestre e hidroviária e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) em áreas com risco geotécnico.

• B-: Áreas com maior potencialidade, considerando melhor acessibilidade terrestre e demanda de obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) em áreas com risco geotécnico.

• C-: Áreas com mediana potencialidade, considerando mediana acessibilidade terrestre e hidroviária e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) e acessibilidade em áreas com risco geotécnico.

• D-: Áreas com mediana potencialidade, considerando mediana acessibilidade terrestre e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) e acessibilidade em áreas com risco geotécnico.

• E+: Áreas com menor potencialidade, considerando baixa acessibilidade terrestre e hidroviária e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) e de acessibilidade em áreas sem risco geotécnico.

• E-: Áreas com menor potencialidade, considerando baixa acessibilidade terrestre e hidroviária e demanda por obras de infraestrutura (fundação, drenagem e contenção) e de acessibilidade em áreas com risco geotécnico.

Quadro 2.3-8 – Matriz de Áreas Potenciais – Tipologias para DEMANDA DE INFRAESTRUTURA (INTERNA/ACESSOS)

+ (SEM RISCOS GEOTÉNICOS)

- (COM RISCOS GEOTÉCNICOS)

ACESSIBILIDADE Grupo A: Melhor

acessibilidade terrestre e hidroviária

Maior Potencialidade com melhor acessibilidade e demanda de fundação, drenagem e contenção

Maior Potencialidade com melhor acessibilidade e demanda de fundação, drenagem e contenção

Grupo B: Melhor

acessibilidade terrestre

Maior Potencialidade com acessibilidade terrestre e demanda de fundação, drenagem e contenção

Grupo C: Acessibilidade

mediana terrestre e hidroviária

Mediana Potencialidade com acessibilidade e demanda de fundação, drenagem e contenção e de acessibilidade

Grupo D: Acessibilidade

mediana terrestre

- Mediana Potencialidade com demanda de fundação,

drenagem e contenção e acessibilidade terrestre

Grupo E: Baixa

acessibilidade

Menor Potencialidade com demanda de fundação, drenagem e contenção

Menor Potencialidade com demanda por fundação, drenagem e contenção e

acessibilidade

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 213

2.3.1.3. Análise de divergências entre as propostas de planejamento territorial para a Baixada Santista

As áreas potenciais da Baixada Santista foram também analisadas à luz da proposta de Zoneamento Ecológico Econômico do Grupo Setorial da Baixada e da proposta da Secretaria de Meio Ambiente – SMA em resposta aos destaques do CONSEMA. Essa análise teve por objetivo identificar aquelas onde divergências entre as referidas propostas possam determinar impasses em futuros processos de licenciamento. Foram confrontadas, portanto, as zonas em que se encontram as áreas potenciais da Baixada Santista em ambas propostas, bem como as áreas declaradas como de destaque pelo CONSEMA. Os resultados são apresentados no quadro 2.3 -9.

Quadro 2.3 – 9. Zonas propostas e níveis de divergência observados

Proposto (Setorial)

Proposta SMA

Número de áreas

Destaques CONSEMA

Grau de Divergência

Z5EP Z1 5 SIM 1 – Extremo

Z5 Z1 4 SIM 1 – Extremo

Z5 Z1 1 NÃO 1 – Extremo

Z1, Z5 Z1 2 SIM 2 – Alto

Z5 Z1, Z5 2 NÃO 2 – Alto

Z5 Z1, Z5 2 NÃO 2 – Alto

Z1, Z5 Z1 1 NÃO 2 – Alto

Z2 Z5E 2 NÃO 3 - Moderado

Z5 Z2 1 NÃO 3 - Moderado

Z2 Z1AEP 2 SIM 3 - Moderado

Z3, Z1 Z1 1 SIM 3 - Moderado

Z5 Z5EP 1 SIM 4 – Baixo

Z3 Z2 1 SIM 4 – Baixo

Z4 Z5E 1 SIM 4 – Baixo

Z5 Z5 8 SIM 5 – Sem divergências

Z2, Z3, Z5E Z2, Z3, Z5E 1 SIM 5 – Sem divergências

Z5EP Z5EP 1 SIM 5 – Sem divergências

Z1, Z5 Z1, Z5 1 SIM 5 – Sem divergências *Nível de divergência: 1: Extremo (zonas com níveis de restrições muito divergentes); 2: Alto (mais de uma zona, sendo uma delas convergente); 3: Moderado (zonas com níveis de restrições aproximados); 4: Baixo (zonas com níveis de restrição muito próximos); 5: sem divergências, eventualmente de destaque. Em verde: áreas de destaque de acordo com análise do CONSEMA.

Das 112 áreas potenciais localizadas na Baixada Santista, 37 apresentam algum tipo de divergência (conforme mostrado no gráfico 2-31, a seguir). Destas, onze (compondo 29,7% das áreas com alguma divergência, ou 9,8% do total de áreas da Baixada Santista) não apresentam divergências no que se refere às propostas de

zoneamento do Grupo Setorial e foram ressaltadas como áreas de destaque pelo CONSEMA. Outras oito áreas apresentam nível de divergência baixo (respectivamente três e cincototal). Outras 18 têm nível de divergência alto (divergência ou 5,4% do total de áreasdivergência ou 10,7% do total de áreas)ou 16,1% do total de áreas da Baixada Santista Gráfico 2-31 - Proporção de áreas de acordo com o nível de divergência entre proposta de zoneamento do Grupo Setorial

1: Extremo (zonas com níveis de restrições muito divergentes); 2: Alto (mais de uma zona, sendo uma delas convergente); 3: Moderado (zonas com níveis de restrições aproximados); 4: Baixo (zonas com níveis de restrição muito próximos); 5: sem divergências, porém

Dentre as 18 áreas identificadas com níveis de divergência alto ou extremo no que se refere às propostas de zoneamento, 17 foram classificadas como de alta sensibilidade ou restritivas na análise de sensibilidade ddivergências assinaladas), indicando, de fato, elevado risco acerca da viabilidade ambiental de seu uso para empreendimentos Ressalta-se que, as 75 áreas restantes as zonas propostas, apresentando a seguinte configuração:

8%

30%

Avaliação Ambiental Estratégica Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

ARCADIS Tetraplan

zoneamento do Grupo Setorial e à alternativa apresentada pela SMA, entretanto, foram ressaltadas como áreas de destaque pelo CONSEMA.

áreas apresentam nível de divergência baixo ou moderado cinco, compondo 21,6% de áreas com divergência ou

têm nível de divergência alto (seis, ou 16,2% de áreas com divergência ou 5,4% do total de áreas) ou extremo (12, ou 32,4% de áreas com divergência ou 10,7% do total de áreas) compondo 48,6% de áreas com divergência

de áreas da Baixada Santista.

Proporção de áreas de acordo com o nível de divergência entre proposta Grupo Setorial da Baixada Santista e proposta da SMA

1: Extremo (zonas com níveis de restrições muito divergentes); 2: Alto (mais de uma zona, sendo uma delas convergente); 3: Moderado (zonas com níveis de restrições aproximados); 4: Baixo (zonas com níveis de restrição

porém de destaque, segundo o CONSEMA.

entre as 18 áreas identificadas com níveis de divergência alto ou extremo no que se refere às propostas de zoneamento, 17 foram classificadas como de alta sensibilidade ou restritivas na análise de sensibilidade deste estudo (independentemente das divergências assinaladas), indicando, de fato, elevado risco acerca da viabilidade

seu uso para empreendimentos industriais/logísticos.

se que, as 75 áreas restantes da Baixada Santista são convergentes quanto apresentando a seguinte configuração:

32%

16%14%

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 214

, entretanto,

ou moderado de áreas com divergência ou 7,1% do

de áreas com ou 32,4% de áreas com

48,6% de áreas com divergência

Proporção de áreas de acordo com o nível de divergência entre proposta

1: Extremo (zonas com níveis de restrições muito divergentes); 2: Alto (mais de uma zona, sendo uma delas convergente); 3: Moderado (zonas com níveis de restrições aproximados); 4: Baixo (zonas com níveis de restrição

entre as 18 áreas identificadas com níveis de divergência alto ou extremo no que se refere às propostas de zoneamento, 17 foram classificadas como de alta sensibilidade

este estudo (independentemente das divergências assinaladas), indicando, de fato, elevado risco acerca da viabilidade

ntes quanto

1

2

3

4

5

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 215

Quadro 2.3 – 10. Zonas propostas e convergências observadas

Proposto (Setorial)

Proposta SMA

Número de áreas

% do total de áreas

Z1 Z1 6 8%

Z2; Z5; Z1 Z2; Z5; Z1 2 2,7%

Z3 Z3 1 1,3%

Z4 Z4 1 1,3%

Z5, Z5E Z5, Z5E 1 1,3%

Z5E Z5E 9 12%

Z5 Z5 55 73,3%

2.3.1.4. Avaliação das Áreas Potenciais

A avaliação do grau de sensibilidade e potencialidade das 120 áreas potenciais resultou na composição de tipologias que podem ser agregadas em cinco grupos:

Grupo 1 – 28 áreas: Corresponde às áreas que apresentam restrições à ocupação, representadas pela sua inserção em áreas protegidas, pela ocupação de grande parte da área com mangue (mais de 95%, remanescente menor do que 2 ha) ou ainda pela incompatibilidade de usos industriais com o zoneamento municipal (PDM1). A viabilidade da ocupação de parte dessas áreas poderá ser assumida a partir de uma avaliação mais apurada da legislação municipal, caso contrário seu uso para fins de empreendimentos com perfil industrial/logístico é comprometido. Para esse grupo, dadas as restrições, os critérios de potencialidade não influíram na avaliação.

Grupo 2 – 27 áreas: Corresponde às áreas muito sensíveis, assim consideradas por apresentarem, em grande parte, incompatibilidade quanto aos usos previstos no ZEE do litoral norte, pela presença significativa de mangue, de Área Natural Tombada ou ainda por ter uso definido pelo zoneamento municipal não indicado como compatível com empreendimentos industriais/logísticos. Esses indicadores não restringem necessariamente a ocupação dessas áreas, porém indicam elevado risco acerca da viabilidade ambiental de empreendimentos industriais/logísticos, de suas repercussões em áreas protegidas e mais sensíveis e, em termo mais amplo, da conservação ambiental no litoral. Caberia então uma avaliação mais apurada, em escala local, da relevância da vegetação/ecossistemas remanescentes. Nesse caso, cabe considerar a potencialidade das áreas: do total, oito áreas (Grupo 2A-) enquadram-se no grau de melhor acessibilidade terrestre, porém apresentam riscos geotécnicos, nove áreas têm potencialidade intermediária (Grupo 2C-) e 10 áreas (Grupo 2E) tem baixa potencialidade.

Grupo 3 – 4 áreas: Correspondem a áreas moderadamente sensíveis, por estarem situadas em UCs de uso sustentável ou em usos que não necessariamente indicam incompatibilidade com os empreendimentos do Objeto AAE. Então, sua análise requer atenção, mas não indica necessariamente elevada sensibilidade. Em termos de potencialidade, as condições são medianas (Grupo 3C-) e os riscos geotécnicos estão presentes.

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 216

Grupo 4 – 38 áreas: Correspondem às áreas com baixa sensibilidade, mas situadas em locais onde o entorno é sensível. Por representar as condições do litoral, ou mais especificamente, do estuário, onde se situa a maior parte das áreas, esse grupo é o mais numeroso. Em termos de potencialidade, as situações são muito variadas, pois há 12 áreas no Grupo 4A-, que correspondem à melhor acessibilidade terrestre e hidroviária, porém com risco geotécnico (predominantemente sujeitas a recalques e inundações); outras 11 áreas estão em situação intermediárias em termos de potencialidade e outras 15 áreas tem baixa acessibilidade, sendo sete em áreas sem riscos geotécnicos e outras oito em áreas com riscos.

Grupo 5 – 23 áreas: São as áreas de mais baixa sensibilidade, das quais, 13 têm a melhor acessibilidade, porém na maioria sujeitas aos mesmos riscos geotécnicos já descritos; e, 10 áreas têm potencialidade moderada.

.

A+ C- D- E+ E-

Mai

or P

oten

cial

idad

e co

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elho

r ac

essi

bilid

ade

e de

man

da d

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frae

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in

tern

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Med

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Pot

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nico

Med

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Men

or P

oten

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frae

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essi

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em

área

s co

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isco

geo

técn

ico

1 RESTRITIVOS

2

MUITO

SENSÍVEIS

3

MODERADAMEN

TE SENSÍVEIS- - -

4

POUCO

SENSÍVEIS,

ENTORNO

ALGUMA

IMPORTANCIA

7 8

5

POUCO

SENSÍVEIS- - -

12 11

A- B-

9 10

28

- 8 9

-

-

GR

AU

DE

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DE

10

4

- 4

Mai

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técn

ico

GRAU DE POTENCIALIDADE

DEMANDA DE INFRAESTRUTURA

1 2A- 2C- 2E 3C- 4A- 4C- 4E+ 4E- 5A+ 5A- 5C- Total

Driver 1

(100) 0 0 1 2 0 1 4 0 1 0 0 6 15

% 0,0 0,0 6,7 13,3 0,0 6,7 26,7 0,0 6,7 0,0 0,0 40,0 12,5

Driver 2

(200) 3 2 2 1 1 7 1 0 0 3 7 3 30

% 10,0 6,7 6,7 3,3 3,3 23,3 3,3 0,0 0,0 10,0 23,3 10,0 25,0

Aderente

(300) 6 0 1 4 1 0 3 0 2 1 0 0 18

% 33,3 0,0 5,6 22,2 5,6 0,0 16,7 0,0 11,1 5,6 0,0 0,0 15,0

CESPEG

(400) 12 0 0 2 0 2 0 5 5 0 0 1 27

% 44,4 0,0 0,0 7,4 0,0 7,4 0,0 18,5 18,5 0,0 0,0 3,7 22,5

Prefeituras

(500) 7 6 5 1 2 2 3 2 0 0 2 0 30

% 23,3 20,0 16,7 3,3 6,7 6,7 10,0 6,7 0,0 0,0 6,7 0,0 25,0

Total 28 8 9 10 4 12 11 7 8 4 9 10 120

% 23,3 6,7 7,5 8,3 3,3 10,0 9,2 5,8 6,7 3,3 7,5 8,3 100,0

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ARCADIS Tetraplan 217

Conforme pode ser observado no Quadro, de 120 áreas analisadas, 61, o que corresponde a aproximadamente 51% do total, podem ser consideradas de maior viabilidade para implantação de empreendimentos, ainda que apresentando algum grau de sensibilidade, demanda por acesso ou riscos geotécnicos.

No que se refere às áreas incluídas no nível 3C, a sensibilidade decorre da presença de vegetação de mangue em parte de seu território e/ou formações vegetais contínuas em seu entorno, ou mosaico de vegetação natural e áreas antrópicas, protegido por UC de uso sustentável e, eventualmente, situadas a distâncias de até 1 km de UC de Proteção Integral. Estes fatores requerem especial atenção em processos de licenciamento e na forma de implantação do empreendimento pretendido.

No grupo denominado 4A, que corresponde a áreas pouco sensíveis, prevalecem espaços desprovidos de cobertura vegetal significativa ou que se apresentam total ou parcialmente revestidos com formações secundárias. De modo geral, situam-se em terrenos limítrofes de áreas urbanas, em paisagens fragmentadas e caracterizadas por mosaicos onde a vegetação secundária remanescente se intercala a campos antrópicos e/ ou áreas com ocupação predominantemente urbana. Também nestas situações, processos de licenciamento e de implantação de empreendimentos requerem maior atenção, notadamente se a área se encontra a 1 km ou menos de distância de UC ou inserida em Área Prioritária.

Situação semelhante pode ser esperada para áreas do grupo 4C e 4E, contudo deverão ser consideradas com mais atenção as condições de entorno, uma vez que a baixa acessibilidade demanda intervenções maiores de logística. Em adição, inserem-se em sítios com riscos geotécnicos, demandando maiores investimentos para implantação de obras.

Finalmente, no que se refere às áreas classificadas no grupo 5A- e 5C, que correspondem a cerca de 16% do total, estas inserem-se em paisagens urbanas e em zonas destinadas a usos industriais. Raramente apresentam cobertura vegetal que, quando presente, corresponde a formações secundárias.

Por outro lado, as áreas classificadas como de maior sensibilidade apresentam, de modo geral, vegetação em seu interior, em parte caracterizada por mangues, sendo, portanto, de preservação permanente, inserindo-se em paisagens bastante íntegras, onde se destaca o contínuo de vegetação nativa ou mosaico de vegetação nativa e áreas antrópicas. São frequentemente parte de Áreas Prioritárias e várias estão inseridas no perímetro de Área Natural Tombada (ANT). Também frequentemente situam-se a menos de 1km de distância de UCs de proteção integral e algumas delas fazem parte do perímetro de UCs de uso sustentável.

Já as áreas incluídas no grupo de máxima restrição, compreendem terrenos que comportam extensas áreas de mangue, de preservação permanente, inseridas de modo geral em paisagem íntegra, frequentemente próximas a Unidades de Conservação. Em algumas situações, encontram-se parcialmente inseridas em Terras Indígenas (TIs). Nessas circunstâncias, tanto Plano Diretor Municipal quanto ZEE determinam usos outros que não industriais, geralmente de preservação ambiental. São áreas cujo papel na manutenção da conectividade entre remanescentes e áreas

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ARCADIS Tetraplan 218

protegidas é ou deve ser reconhecido, podendo ser destinadas a compensação ambiental ou reservas legais em áreas industriais.

Muito embora a análise, na escala em que foi realizada, sinalize a elevada importância de um conjunto de quase 50% das áreas em termos de sua sensibilidade, dada pela presença de áreas de preservação permanente ou incompatibilidades com os usos pretendidos nos instrumentos de gestão territorial, caberia uma avaliação mais apurada da vegetação remanescente e das condições ambientais, em escala local, para se avaliar a real viabilidade de ocupação de cada área especificamente.