a influÊncia das instituiÇÕes nos concessionÁrios...
TRANSCRIPT
FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO
A INFLUÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES NOS CONCESSIONÁRIOS DE TERMINAIS DE
CONTÊINERES DE USO PÚBLICO
AANNAA CCAARROOLLIINNAA RROODDRRIIGGUUEESS AANNDDRRAADDEE FFOORRTTEESS DDEE AALLMMEEIIDDAA
ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO
Rio de Janeiro, 27 de Junho de 2012.
A INFLUÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES NOS CONCESSIONÁRIOS DE TERMINAIS
DE CONTÊINERES DE USO PÚBLICO
ANA CAROLINA RODRIGUES ANDRADE FORTES DE ALMEIDA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia
ORIENTADOR: Edson José Dalto
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2012.
A INFLUÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES NOS CONCESSIONÁRIOS DE TERMINAIS
DE CONTÊINERES DE USO PÚBLICO
ANA CAROLINA RODRIGUES ANDRADE FORTES DE ALMEIDA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Dr. Edson José Dalto (Orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________
Professora Dra. Maria Augusta Soares Machado Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________
Professor Dr. Antônio de Araújo Freitas Júnior Instituição: Digite o nome da Instituição
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2012.
FICHA CATALOGRÁFICA 658.04 A447i
Almeida, Ana Carolina Rodrigues Andrade Fortes de. A influência das instituições nos concessionários de terminais de contêineres de uso público. / Ana Carolina Rodrigues Andrade Fortes de Almeida. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2012. 78f. ; 29 cm. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Estratégia. Orientador: Dr. Prof. Edson José Dalto.
1. Aplicações da Teoria Institucional. 2. Terminal de contêiner. 3. Instituições. 4. Órgão regulador. 5. Portos. I. Almeida, Ana Carolina Rodrigues Andrade Fortes de. II. Dr. Prof. Edson José Dalto. III. A influência das instituições nos concessionários de terminais de contêineres de uso público.
DEDICATÓRIA
Dedico essa dissertação de Mestrado à minha avó, Maria Helena de Brito Rodrigues – professora universitária e uma das poucas mulheres a graduar-se em Engenharia em seu tempo – por sua amável decisão de investir em meu futuro, dando-me a oportunidade de conseguir o grau de Mestre em uma das mais renomadas instituições de ensino do país.
v
AGRADECINTOS
A Deus, por ter me acompanhado durante essa caminhada, dando-me força nos momentos
mais difíceis.
A minha avó, Maria Helena, que vibrou juntamente comigo a cada nota de prova do Mestrado
e me acompanhou ao longo dessa jornada. Agradeço também ao meu avô, Aluizio Rodrigues,
por todo o carinho e apoio.
A minha mãe que me apoiou durante todo o trajeto da minha vida, que me incentivou e
comemorou a cada conquista.
Ao meu marido, Marcio Sette Fortes, eterno companheiro de todas as horas que esteve e
presente apoiando-me em todos os momentos.
A Laura Ganon, por sua exemplar liderança e amizade, e a Thomas Klien, por seu apoio.
Ao amigo e professor Luiz Amâncio que, com amizade e atenção sem iguais, preparou-me
para as provas de acesso ao Mestrado.
Ao meu orientador Edson Dalto pelas colocações sempre pertinentes.
vi
RESUMO
A teoria institucional versa sobre como as instituições estão presentes nas organizações,
explicando as diversas formas de interação entre elas. O papel das instituições no dia a dia das
organizações é algo visível. O Brasil aumenta, a cada ano, o seu papel no cenário
internacional e com isso a corrente de comércio internacional acompanha esse crescimento. O
principal meio de entrada e saída de mercadorias em um país / cidade é através dos Portos.
Sendo assim, o objetivo do presente estudo é identificar como o ambiente institucional
brasileiro influencia as estratégias das empresas que atuam nos terminais de contêineres de
uso público. A metodologia utilizada foi a do estudo de caso, sendo realizadas entrevistas com
funcionários de empresas do setor. Os resultados obtidos através dessa pesquisa demonstram
que as instituições possuem influência nas empresas do setor.
Palavras Chave: Teoria Institucional, Terminal de Contêiner, Instituições, Órgão regulador,
Portos.
vii
ABSTRACT
The Institutional theory explains how institutions are present in organizations, explaining the
various forms of interaction between them. The role of the institutions in everyday
organizations is something visible. Brazil increases, every year, its role in the international
arena, the current international trade accompanies this growth. The primary means of entry
and exit of goods into a country / city is through the Ports. Therefore, the objective of this
study is to identify how the institutional environment influences the strategies of Brazilian
companies that operate container terminals of public use. The methodology used was the
study case, interviews with employees of companies was done. The results obtained from this
research show that institutions have an effect on companies.
Key words: Institutional theory, Container Terminal, Institutions, Regulative Organism, Ports
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Portos Brasileiros.....................................................................................................28
Figura 2 - Terminais de Contêineres de uso público...............................................................31
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1............................................................................................................................11
Tabela 2............................................................................................................................44
Tabela 3............................................................................................................................47
x
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1 - Movimentação de contêiner na Libra(RJ)..............................................................49
Gráfico 2 - Movimentação de contêiner na Multirio……………………………....................50
Gráfico 3 - Movimentação de contêiner no Sepetiba Tecon....................................................51 Gráfico 4 - Movimentação de contêiner no Santos Tecon........................................................52
Gráfico 5 - Movimentação de contêiner no Tecon de Rio Grande.......…………....................54
Gráfico 6 - Movimentação de contêiner no Tecon de Salvador................................................55
xi
LISTA DE ABREVIATURAS ABRATEC Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
AP Autoridade Portuária
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAP Conselho de Autoridade Portuária
CC Comparative Captalism
CNI Confederação Nacional da Indústria
COFINS Contribuição para o financiamento de seguridade social
CSN Companhia Siderúrgica Nacional
IB International Business
IPI Imposto sobre Produto Industrializado
ISSO International Organization for Standardization
OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra
PAC Plano de Aceleração do Crescimento
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PIS Programa de Integração Social
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PNLP Plano Nacional de Logística Portuária
SEP Secretaria Especial de Portos
TECON Terminal de Contêiner
TEU Twenty-foot equivalent unit
xii
SUMÁRIO 1. Introdução..............................................................................................................1
2. Referencial teórico
2.1 A institucionalização........................................................................................4
2.2 A teoria institucional.......................................................................................8
2.3 As instituições e as organizações....................................................................17
2.4 As instituições em países emergentes.............................................................24
2.5 As instituições no setor portuário...................................................................25
2.5.1 Secretaria Especial de Portos................................................................26
2.5.2 Agência Nacional de Transportes Aquaviários.....................................29
2.5.3 Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público.31
3. Metodologia.........................................................................................................33
4. Terminais de contêineres - contextualização e análise
4.1 Panorama do setor......................................................................................... 39
4.2 Apresentação de empresas selecionadas.........................................................48
4.2.1 Libra Terminais Rio de Janeiro.............................................................48
4.2.2 Multirio..................................................................................................49
4.2.3 Sepetiba Tecon......................................................................................50
4.2.4 Tecon Santos.........................................................................................51
4.2.5 Tecon Rio Grande.................................................................................53
4.2.6 Tecon Salvador......................................................................................54
5. Análise e discussão dos resultados
5.1 Análise dos resultados....................................................................................56
5.2 Discussão dos resultados................................................................................61
6. Considerações Finais.............................................................................................66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....………………………….………......………68
APÊNDICE A - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS…….….………….……......……..74
APÊNDICE B- LISTA DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS…...……….….....….76
ANEXO A - FIGURAS.................................................................................................77
1
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa tratar das relações entre o governo e as empresas que operam
os terminais de contêineres de uso públicos. O governo aqui é representado pelos órgãos
reguladores do setor, como a Secretaria Especial de Portos e a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários. Com relação aos operados de Terminais, foram selecionadas seis
terminais para serem entrevistadas.
Os Terminais Portuários são responsáveis pela movimentação de 90% do comércio
exterior brasileiro (SETTE FORTES, 2010). Esse dado mostra a importância do setor para a
economia brasileira e a importância de investimento em sua infraestrutura a fim de permitir
cada vez mais o crescimento da corrente de comércio do país. Segundo estudo feito pelo Ipea
(2010) o investimento em infraestrutura é um dos maiores gargalos para a expansão portuária
nacional. Segundo o estudo o Brasil possui um grande potencial aquaviário inexplorado com
quase 7 mil quilômetros de costa com potencial para o transportes de carga. Um dos
principais problemas que a maioria dos portos brasileiros veem enfrentando hoje é a altura do
canal de navegação e berço de atracação que não permite a entrada de navios de grande portes
2
como por exemplo o Emma Maersk que possui 15,5m de calado e capacidade para 15.000
TEU.
A teoria utilizada como base para esse estudo é a Teoria Institucional, que explica
exatamente sobre a relação entre os órgãos reguladores e as empresas privadas e como esses
órgãos regulam e modelam o comportamento das empresas. Segundo autores dessa teoria,
como Scott (1995), as forças institucionais afetam os processos das organizações e as suas
tomadas de decisões.
Segundo Douglas North (1990), as instituições fornecem as regras do jogo que
estruturam as interações entre as empresas e por isso diminuem as incertezas em seu
relacionamento, trazendo estabilidade para o relacionamento e facilitando suas interações.
Essa estabilidade é atingida por meio das regras formais que servem como guia para o
comportamento dentro da sociedade.
Por funcionarem como órgãos reguladores, as instituições se desenvolvem a partir do
setor organizacional a que farão parte. A partir disso, elas desenvolverão habilidades e normas
para lidar como setor, suprindo a demanda dentro do contexto institucional. Dessa maneira
cada setor possui seus órgãos reguladores específicos que serão responsáveis por darem base
para o funcionamento dessas empresas dentro do seu ambiente institucional.
Apesar de as instituições estarem presentes para facilitar a interação entre as
organizações e tentarem reduzir ao máximo o custo inerente ao seu relacionamento, esse custo
de transação ainda existe, pois as informações nem sempre são suficientemente transparentes
e acessíveis a todas as partes. Além disso, não se pode ter certeza de que os órgãos
reguladores farão seu papel de forma eficiente representando essas organizações de maneira a
ajudar o seu desenvolvimento.
3
No setor portuário há dois órgãos reguladores, a Secretaria Especial de Portos, SEP e
Agência Nacional de Transpores Aquaviários, ANTAQ. Enquanto a primeira formula
políticas para o setor e realiza projetos de desenvolvimento da infraestrutura portuária,
3
a segunda tem como objetivo regular e supervisionar as atividades dos Terminais Portuários.
A relação dos Terminais com essas duas entidades será analisada no decorrer desse trabalho.
O presente estudo é qualitativo, sendo utilizado o estudo de caso como metodologia.
Durante a análise do estudo, foram utilizadas as técnicas exploratórias de Schindler e Cooper
(2003), através dos dados secundários e dos surveys e experiência, que são as fontes
primárias. Como dados secundários foram utilizados livros, revistas especializadas, anuários
de entidades competentes, relatórios, artigos e outras fontes disponíveis sobre o tema. Para as
fontes primárias, foram feitas entrevistas com diretores de 6 grandes empresas do setor para
entender o papel das instituições no dia a dia das empresas.
Os resultados obtidos mostram que as instituições do setor possuem grande influência
regulatória e em sua fiscalização, entretanto com relação a decisão sobre investimentos as
empresas possuem mais liberdade.
Além desse primeiro capítulo de Introdução, esse trabalho está dividido em mais cinco
capítulos. No segundo capítulo é feita a revisão de literatura na qual é explicada a teoria
institucional, a relação das instituições e organizações e as instituições no setor portuário. O
terceiro capítulo versa sobre a metodologia utilizada nesse estudo. Já no quarto capítulo é
feito um panorama do setor e uma apresentação das empresas que participaram dessa
pesquisa. O quinto capítulo traz a análise das entrevistas e a discussão dos resultados e
finalmente no sexto capítulo são feitas as considerações finais do estudo.
4
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A teoria institucional é um conceito relativamente novo, que vem sido discutido, mais
amplamente, a partir da década de 50 com os teóricos Selznick, Scott e North.
Antes de começar a discussão de teoria institucional é importante entender o conceito de
institucionalização.
2.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO
A estabilidade é atingida por um conjunto de restrições que incluem regras formais que
estão ligados a uma hierarquia e regras informais que são a extensão, elaboração e
qualificação de regras que se tonaram habitual em nosso convívio e que nos permitem viver o
dia a dia sem ter que pensar no que pode ser feito ou não. As regras informais englobam as
rotinas, costumes e tradições. A interação das regras formais e informais junto com a maneira
como são executadas, modelam o nosso dia a dia e nos deixam confortáveis com o sentimento
de conhecimento sobre o que devemos fazer (North, 1990).
Segundo North as instituições são as regras do jogo em uma sociedade, são elas que irão
direcionar o relacionamento entre as pessoas e o relacionamento entre as empresas e
organizações. As instituições definem o que os indivíduos podem ou não fazer e o que podem
fazer sob certas condições.
Por ter esse papel de guia dentro da sociedade, as instituições reduzem as incertezas,
promovendo uma estrutura para a interação humana (North, 1990). Além disso, uma parte
5
essencial do funcionamento das instituições é o custo elevado de violar suas regras e apurar a
gravidade da punição.
Apesar de as instituições funcionarem como um norte para as interações dentro de uma
sociedade, elas não são estáticas. Além de mudarem de tempos em tempos, as instituições
variam em cada país, de acordo com sua história e cultura.
As restrições/normas que formam as instituições podem ser formais ou informais.
Podemos caracterizar como regras formais as constituições e leis. Como regras informais,
podemos citar convenções e códigos de comportamento que a sociedade desenvolveu. As
instituições podem ser criadas, como por exemplo a constituição dos EUA ou evoluir ao longo
do tempo como as leis (NORTH, 1990).
Enquanto as regras formais podem mudar da noite para o dia, através de um ato político
ou decisão judicial, as regras informais, como estão enraizadas nos costumes, tradições e
culturas, não são tão propícias a esse tipo de mudança.
As regras informais podem ser definidas como as normas que as pessoas impõem a elas
mesmas para estruturar o seu relacionamento com os outros. Apesar de ser difícil de precisá-la
e defini-las elas são importantes para o relacionamento e interação entre as pessoas. North
(1990) sugere que as regras informais são onipresentes, pois estão presentes em nosso dia a
dia e fazemos uso delas sem pensar, naturalmente, na interação com os outros. Essas regras
são passadas de geração a geração e fazem parte de nossa cultura.
A cultura define como os indivíduos processam e utilizam as informações e isso afeta
como as regras informais se tornam especificas. Sendo assim, o modo com essas informações
são processadas nos dão base não só para entender a formação das instituições, mas também
para entender a importância que as regras informais possuem nas nossas escolhas.
Segundo North (1990) as nossas interações diárias, tanto em família, quanto em
sociedade e no trabalho são, em grande parte das vezes, definidas pelo código de conduta,
6
normas de comportamento e convenções. Sob essas regras informais existem as regras
formais, mas essas são raramente a escolha básica e óbvia nas interações diárias ao fazermos
escolhas e tomarmos atitudes.
As regras formais, segundo North (1990), surgem com o aumento da complexidade das
sociedades que traz a necessidade de uma maior formalização das regras. Elas complementam
e aumentam a efetividade das regras informais.
Uma grande diferença entre as regras formais e informais é o fato de a primeira poder
mudar devido a uma renegociação / revisão de contrato, ou uma modificação econômica ou
política na sociedade, já as regras informais permanecem iguais, mesmo com as mudanças
descritas anteriormente, pois estão ligadas a cultura da sociedade.
As regras formais englobam: regras políticas, regras econômicas e regras contratuais.
Elas podem derivar de instituições, estatutos, leis e até mesmo de contratos entre indivíduos.
Sua funcionalidade é facilitar a troca política e econômica (NORTH, 1990).
Na visão de Hill (1995), apesar de as instituições formais e, consequentemente, as suas
regras, serem importantes, as instituições informais podem ser mais efetivas e menos custosas,
pois estas são consideradas mais fáceis de se entender (e então cumprir) e menos “pervesas”.
As regras formais são mais caras para serem colocadas em prática, pois uma pesquisa legal é
mais custosa, além de precisarem de terceiros (instituições) para a colocarem em prática e
monitorarem e reforçarem as suas idéias e valores. Enquanto isso, as regras informais são
feitas e aceitas pelos próprios indivíduos, além de serem frutos do convivio social, ou seja,
estas estão nas entrelinhas do nosso dia a dia e acabam por ditar a organização social e como
devemos interagir.
Segundo Berger e Luckmann, a institucionalização envolve 3 fases ou “momentos”:
externalização; objetivação; internalização. A externalização corresponde às ações que as
empresas praticam. Já a objetivação corresponde aos objetivos dessas ações, cada empresa
7
possui o seu objetivo. A internalização, por sua vez, é a estrutura que a empresa adota para
alcançar esse objetivo.
Zucker (1977) afirma que institucionalização é um processo pelo qual atores individuais
transmitem o que é socialmente definido como real, como certo. Segundo o autor a
institucionalização está enraizada na conformidade dos aspectos tidos como certos da vida
cotidiana. Ela opera para produzir entendimentos comuns sobre o que é apropriado e
fundamental para um comportamento significativo.
Meyer e Owan (1977) definem a institucionalização como um processo pelo qual as
ações sociais e as obrigações passam a funcionar com regras no pensamento e ação das
organizações.
Para Scott (1987) as definições de institucionalização de Zucker e Meyer e Owan
possuem uma característica em comum, a de que a institucionalização é um processo social
pelo qual os indivíduos tendem a aceitar a definição compartilhada da realidade social, ela é
tida como a "forma como as coisas são" e/ou as coisas "como devem ser feitas".
Na abordagem de Zucker, o foco está em um padrão ou modo do comportamento
organizacional único e a ênfase é colocada na racionalidade do processo subjacente à
aprovação ou conformidade com o padrão. Por outro lado, o trabalho de Meyer e seus
colaboradores foca na institucionalização como processos distintos, passando a ser vista como
pertencente a distintos conjuntos de elementos (SCOTT, 1987).
As incertezas são consequências da complexidade dos problemas a serem resolvidos e
da falta de informação sobre o comportamento dos atores em um processo de interação.
Douglas North resume as instituições em 3 pontos:
- as restrições institucionais são formadas por regras formais e informais. Eles formam
uma combinação que modelam as escolhas dos indivíduos e dão estabilidade as instituições.
Mesmo que essas restrições não sejam ideais ou não agradem a certo grupo de indivíduos e
8
que estes queiram mudar essas regras, reestruturando as instituições, essas mesmas regras
agradam para outros grupos .
- quanto maior for o custo de transação mais as partes vão apelar para as regras
informais para moldar as transações.
- a rede institucional tem uma importante participação no desempenho de uma
economia.
2.2 A TEORIA INSTITUCIONAL
A teoria institucional versa sobre a idéia de que o sistema é cercado por instituições que
modelam o comportamento da sociedade e das organizações, influenciando as decisões
estratégicas das mesmas.
Segundo North (1990), as instituições fornecem as regras do jogo que estruturam as
interações humanas na sociedade e que as organizações são os jogadores que estão limitados
por essas regras formais e informais geradas pelas interações humanas. Para o autor, o papel
das instituições em uma economia é diminuir os custos de transição e informação por meio da
redução das incertezas e da criação de estruturas estáveis que facilitam a interação das
organizações. As instituições também podem facilitar a estratégia das empresas, permitindo as
mesmas a reagirem a essas regras e a terem um papel mais ativo no ambiente institucional.
A teoria institucional enfatiza as influências dos sistemas que circundam as
organizações e moldam o comportamento social e organizacional (Scott, 1995). Forças
institucionais afetam os processos das organizações e as suas tomadas de decisão.
Oliver (1996) acredita que a teoria institucional analisa as influências e as pressões
sociais que modelam as ações organizacionais. Quando uma organização vai selecionar os
recursos e as vantagens competitivas para as sua ações, estas são profundamente influenciadas
pelo contexto institucional onde essas decisões são tomadas. O contexto institucional se refere
9
às regras, normas e crenças que cercam a atividade econômica que define ou reforça
socialmente o comportamento econômico aceitável.
Ainda segundo a autora, os teóricos institucionais estão interessados em saber como as
organizações se estruturam e o processo que as tornam institucionalizadas. Para eles, as
atividades institucionalizadas são aquelas que são duradouras, socialmente aceitáveis,
resistente a mudanças e não diretamente dependente de recompensa. Exemplo: em uma
empresa onde o discurso do chefe é de que não se muda porque sempre se foi feito dessa
maneira, ou porque todos fazem dessa maneira, ele está se referindo a atividades que já estão
institucionalizadas. Os funcionários já estão acostumados a ponto de não questionam mais.
Os teóricos ainda sugerem que as atividades institucionalizadas são resultados de um
processo relacionado entre indivíduos, organizações e interorganizações. No nível de
indivíduo estão as normas, hábitos e a conformidade inconsciente com explicações para a
atividade institucionalizada. No nível da empresa está a cultura corporativa, sistemas de
crenças compartilhadas e os processos de apoio político que fornece maneiras de perpetuar a
gestão de estruturas institucionalizadas. No nível interorganizacional, as pressões surgem do
governo, alianças industriais e expectativas sociais (regras, normas sobre qualidade do
produto, segurança ocupacional e controle ambiental, por exemplo) que definem como uma
conduta da empresa socialmente aceitável e essas pressões sociais comum a todas as empresas
no mesmo setor levam as empresas a terem semelhantes estruturas e atividades. (DIMAGGIO
and POWELL, 1983).
Assim, a premissa básica da teoria institucional é de que as empresas tendem a ter uma
conformidade com as normas, tradições e influencias sociais dominantes no seu ambiente
interno e externo que levam à homogeneidade entre as empresas nas suas atividades e
estruturas e as empresas de sucesso são aquelas que ganham suporte e legitimidade por
conformarem com essas pressões sociais.
10
Os teóricos institucionais assumem que os indivíduos são motivados a serem
complacentes com as pressões sociais externas. Segundo eles as empresas fazem escolhas
normativas racionais que são moldadas pelos contextos sociais e sugerem que pressões sociais
externas reduzem a variação na estrutura da organização e em suas estratégias.
Para os autores da teoria institucional, os ambientes institucionais são múltiplos, muito
diversificados e variáveis ao longo do tempo. Negligenciar sua presença e poder é ignorar
fatores significativos que moldam as estruturas e práticas organizacionais.
DiMaggio e Powell (1983) identificaram o estado-nação como os formadores primários
das formas institucionais, pois os funcionários do Estado são mais propensos a criar
burocracia e arranjos que centralizam a decisão na parte superior da estrutura, dando pouca
autonomia para os gestores locais. Por outro lado, as organizações profissionais preferem a
estrutura administrativa mais fraca e descentralizada, pois deixam a tomada de decisão para
eles, uma vez que a estrutura não é forte para influenciar na mesma.
Os atores estatais são mais propensos a utilizar a coerção para atingir os seus fins, e eles
são mais propensos a tentar criar uma rede organizacional formal para atingir seus propósitos.
Já os atores profissionais confiam nas influências normativas para criar formas culturais de
acordo com seus próprios objetivos e crenças
Segundo North (1990) as instituições possuem 3 pilares: O primeiro pilar é denominado
regulativo, ele é focado no sistema formal de regras, o segundo pilar é o normativo que define
os meios legítimos para atingir os fins e, por fim, o terceiro pilar é chamado de cognitivo, que
se refere a tomar como certas as crenças e valores que são impostas, ou internalizadas pelos
atores sociais. Estes pilares das instituições fornecem três bases relacionadas, mas distintas de
legitimidade. Em resposta, as organizações se sujeitam a uma variedade de pressões
institucionais, fazendo escolhas estratégicas, tais como consentimento, cooptação, e desafio.
11
Tabela 1 – Pilares de Análise Institucional
Pilares
Regulativo Normativo Cognitivo-Cultural
Base de
Obediência
Utilidade Obrigação social Entendimentos compartilhados
Base de Ordem Regras regulativas Expectativas
normativas
Schemas constitutivos
Mecanismos Coercitiva Normativa Mimética
Lógica Instrumentalidade Adequação Ortodoxia
Indicadores Regras
Leis
Sanções
Certificação
Confiabilidade
Crenças comuns
Lógicas de ação compartilhadas
Base de
Legitimidade
Legalmente
sancionada
Moralmente
governada
Compreensível, reconhecível,
culturalmente amparada
Fonte: Scott apud Guarido Filho (2008, p. 19)
Como o princípio das instituições é reduzir a incerteza através do estabelecimento de
uma estrutura estável para a interação humana, as instituições afetam o desempenho da
economia por seu efeito sobre os custos de troca e de produção. Assim, as transações
institucionais podem ser conceituadas como o movimento de um modelo primário de troca
para outro com a finalidade de reduzir as incertezas. Entretanto, essas mudanças, em um
primeiro momento, tendem a trazer caos e aumento nos preços quando novas instituições
nascem para substituir outras.
No trabalho de Peng (2003) o modelo inicial de interação das organizações é baseado na
rede de relacionamento pessoal, que caracterizou a maior parte da historia econômica.
Inicialmente os custos desse tipo de relação são altos e os benefícios baixos, pois é necessário
ter uma rede de relacionamento forte e isso leva tempo para se desenvolver. Quando a escala,
12
o escopo e a especificidade das transações se expandem, os custos por transação tendem a
diminuir e os benefícios a subir. Com o passar do tempo, os custos podem chegar no mesmo
nível dos benefícios, pois quanto maior o numero de variedade de negócios e transações, mais
difícil é de se fazer um acordo visto que não há instituições formais para regular os mesmos.
Além disso, os numero de relações pessoais que se tem é limitado, o que limita,
consequentemente, as suas opções.
O segundo modo de transação é o baseado em regras, trocas impessoais com a coação de
terceiros. A expansão da economia leva ao aumento da escala, escopo e transações
específicas, trazendo a necessidade da participação de terceiros através de regimes
regulatórios e de leis. Essas regras e regulamentações são diferentes das regras e
regulamentações burocráticas, uma vez que essa última leva ao fracasso do mercado e esse
fracasso leva o mercado a recorrer ao relacionamento informal. Por outro lado essas regras e
regulamentações são caracterizadas como instituições de apoio ao mercado, designadas para
facilitar um maior intercambio na economia informal. No inicio o custo das transações é alto,
pois é difícil implementar instituições formais. Com o tempo a participação destas vem para
facilitar a ampliação do mercado, pois com as instituições formais para regulamentar os
negócios, as empresas se sentem confiante para negociar com estranhos. Sendo assim, as
instituições formais como apoio do mercado servem para facilitar a interação entre as
empresas, trazendo maior expansão econômica.
Durante o período de transição institucional as decisões estratégicas se baseiam na
seguinte pergunta: Como as organizações se comportam quando as novas regras ainda não são
completamente conhecidas? Muitas organizações acabam esperando essas definições para
tomarem as suas decisões, gerando um período de inércia.
Peng e Heath (1996) argumentaram que o crescimento interno das empresas em
economias em transição é limitado por restrições institucionais. Entretanto, a mudança
13
institucional pode fornecer incentivos e mudanças adequados na cultura corporativa, o que
permite que as empresas façam melhorias.
As instituições também podem facilitar a estratégia, permitindo que as empresas reajam
e desempenhem um papel mais ativo em um ambiente institucional, se as empresas tiverem
uma capacidade adaptativa que lhes permita ir além das limitações institucionais (OLIVER,
1991).
Oliver (1991) argumentou que as empresas podem mudar seus ambientes institucionais
através do desenvolvimento de respostas estratégicas ao invés de se adaptarem passivamente.
No trabalho de Dacin, Oliver e Roy (2007), os autores fazem uma análise das alianças
estratégicas a partir de uma perspectiva institucional. Após a análise de diversos trabalhos,
como os de Hamel, Kogut, Mohr, Spekman e Hagerdoon, ou autores concluíram que as
alianças estratégicas continuam a crescer e recentemente vêm assistindo à um crescente
interesse nas funções e vantagens de suas formações. Algumas vantagens que foram
atribuídas ao estabelecimentos das alianças estrategicas são: entrada em novos mercados,
aumento no poder de mercado, aquisição e trocas de habilidades, redução da dependência do
governo e das barreiras comerciais e a aquisição de legitimidade institucional.
Ainda segundo os autores, de acordo com a teoria institucional, as atividades
econômicas e estratégicas estão ligadas a um contexto social e normativo que motiva os atores
econômicos a procurarem legitimidade para as suas atitudes. Além disso, a teoria também
sugere que o ambiente institucional impõe pressões significativas às organizações com o
objetivo de justificar sua ações estratégicas.
Oliver sugere, segundo a teoria institucional, 5 diferentes origens para a homogeneidade
das empresas: pressões regulatórias; alianças estratégicas, transferência de capital humano,
relações sociais e profissionais e competência técnica. Todas essas fontes estão inseridas em
relações sociais e econômicas. Essas relações são respectivamente: relações com o governo;
14
parceiros de negócios; pessoas contratadas de seus concorrentes; amigos de negócios e
associados profissionais; consultores e outras formas de aprendizado sobre os concorrentes.
Essas relações diminuem a homogeneidade entre as empresas, através da influência que têm
da distribuição e mobilidade do recurso entre as empresas e expondo as empresas a
influências comuns.
Pressões regulatórias
Ambientes regulatórios reduzem a heterogeneidade por determinarem normas
uniformes, competências e meios de implementação de recursos pela indústria. Essas pressões
limitam a diversidade, pois limitam a possibilidade de escolha de recurso das empresas e
impõem expectativas sociais comuns entre as empresas competidoras sobre como elas devem
desenvolver a utilizar os recursos em sua produção.
Alianças estratégicas
A heterogeneidade da empresa é reduzida quando uma empresa consegue superar as
barreiras e ter acesso à capacidades especializadas. As alianças estratégicas permitem às
empresas a adquirirem ativos que não são facilmente disponíveis no mercado,
particularmente, expertise especializada.
Transferência de capital humano
Algumas vezes a competência chave da empresa está concentrada em um funcionário e
não na empresa como um todo. Quando isso ocorre o conhecimento passa a ser negociável
entre as empresas.
Relacionamento social e profissional
As relações pessoais e profissionais são os laços amigáveis, clubes de negócios,
associação de negócios industriais e associações profissionais e ocupacionais. As associações
de negócios e de profissionais reduzem a heterogeneidade entre as empresas através da
articulação de normas e regras de conduta entre as empresas competidoras.
15
Competências técnicas
As empresas buscam modelos de competência ou receitas de sucesso de várias maneiras,
incluindo a imitação direta ou indireta de um concorrente bem sucedido e o uso de consultores
para desenvolver a mesma expertise de seu concorrente. Para os teóricos institucionais, o fato
de uma empresa imitar a outra leva a homogeneidade entre as empresas e a redução de
incertezas.
Oliver (1991) conclui, então, que a racionalidade normativa e os mecanismos de
isolamento institucional levam a heterogeneidade entre as empresas.
Gregory Jackson e Richard Deeg (2008) comparam a visão de duas correntes sobre as
instituições, a visão mais comumente discutida dos estudiosos de International Business (IB)
e a visão do comparative capitalism (CC). Os primeiros, segundo os autores, estudam a
instituição sob o ponto de vista de como as regras e normas regulatórias possuem impacto no
custo de transação das multinacionais. Isso porque, para essa corrente, as instituições possuem
o papel de oferecer suporte para as trocas comerciais, mas, por outro lado, também criam uma
incerteza devido a “distância” entre as instituições do país de origem e do país em que a
multinacional esta se hospedando. Apesar disso essa corrente acredita no importante papel
que as instituições possuem no sucesso da adaptação das multinacionais no país de destino.
As instituições, para Gregory Jackson e Richard Deeg, moldam o modo de entrada das
multinacionais no país estrangeiro, através da criação de restrição, custos e riscos. além disso
elas afetam o momento, lugar e decisões de entrada. Caso a multinacional vá para um país em
que há forte presença de instituições, a multinacional vai optar por entrar através de joint
venture ou pela compra de uma subsidiária, já se o país não contar com a presença de
instituições, a opção escolhida será a joint venture, pois será mais fácil lidar com as regras
informais do país.
16
Já a corrente do comparative capitalism foca seus estudos em como e porque as
instituições diferem entre um país e outro. As instituições, segundo eles, são vistas não só
como as regras e normas que regem as atividades das empresas, mas também como um
recurso para resolver problemas econômicos e não econômicos. Esses autores desenvolveram
uma teoria institucional mais focada no lado de suprimento das instituições, mais
especificamente em como as instituições moldam o fornecimento de insumos coletivamente
disponíveis para as empresas e as formas legítimas de coordenação ou governança que
determinam seu uso.
A literatura do comparative capitalism vê a instituição em termos de recurso para a
coordenação estratégica em diferentes domínios institucionais. Enquanto os IB vêem as
instituições do ponto de vista da firma que enfatiza como as instituições reprimem as
multinacionais através da criação de custos para as trocas comerciais ou sobre a transferência
das práticas nacionais (em lugares onde as instituições não são deenvolvidas, as
multinacionais têm que grenciar ativamente o ambiente institucional, uma vez que não há
instituiçoes para cuidar do mesmo), os comparative capitalism possuem uma visão das
instituições como atores que influenciam interesses e possuem capacidade de serem ativos no
ambiente institucional e que moldam a cadeia de suprimentos
Os estudiosos de IB mostraram, segundo o autor, que o sucesso de diferentes estratégias
está ligado ao tipo de instituição nacional, assim como o grau de desenvolvimento do
ambiente institucional e da distância da multinacional para com o seu país de origem.
Enquanto os IB exploram que há apenas um efeito gerado pelas instituições nas
17
multinacionais, os comparative capitalism defendem que as multinacionais estão sujeitas as
influências de toda a configuração do ambiente institucional.
Segundo o autor, a interação entre as instituições do país de origem e de destino das
multinacionais influenciam a forma e a eficácia das estratégias das mutinacionais, como:
exportação de práticas, adaptação e arbitragem. Essa diversidade institucional impacta na
habilidade das atitudes estratégicas das empresas para se adaptar ao novo ambiente
institucional na qual está vivendo,
2.3 AS INSTITUIÇÕES E AS ORGANIZAÇÕES
Segundo Selznick (1996), a institucionalização é um processo que acontece com a
organização ao longo do tempo. A extensão da institucionalização varia entre as organizações.
Por exemplo, as organizações que possuem metas específicas e as que são mais especializadas
são vistas como menos propensas a se tornarem institucionalizadas do que aquelas que não
possuem essas características. Selznick (1996) considera a estrutura organizacional como um
veículo que é adaptado de acordo com as características e compromissos das organizações,
bem como as influências e limitações do ambiente externo.
Uma vez que as instituições se diferem, dependendo da organização em que se
encontram, para desenvolver habilidade em lidar com as mesmas, é preciso entender muito
bem que tipo de demanda existe dentro do seu contexto institucional. Cada organização irá
desenvolver habilidades diferentes dentro do seu setor para lidar com as instituições. North
(1991) afirma ainda que, à medida em que as organizações vão adquirindo mais e mais essas
habilidades, a possibilidade de haver uma mudança nas instituições cresce, pois as
organizações começam a ver pontos a serem melhorados.
Douglas North deixa dois pontos muito claros com relação a questão acima:
18
1) O quadro institucional irá modelar a direção de aquisição de conhecimento e
habilidade,
2) Essa direção será o fator decisivo para o desenvolvimento a longo prazo da
sociedade.
Isso porque, se a organização investir em conhecimento, levará ao aumento da produtividade
(pois você terá mais conhecimento sobre o seu quadro institucional), aumentando os ganhos e
consequentemente o crescimento da economia.
O contexto institucional da empresa inclui a sua cultura interna, assim como as
influências externas do Estado, sociedade e das relações entre empresas. A partir de uma
perspectiva institucional, as empresas operam dentro de uma rede social de normas, valores e
de aceitarem como certas as suposições sobre o que constituem comportamentos econômicos
apropriados ou aceitáveis. Segundo Scott e Zucker (1987) as organizações são suscetíveis a
influências sociais, pois são premiadas para fazerem isso através do aumento da legitimidade,
recursos a capacidade de sobrevivência.
Oliver (1991) indica que a seleção de recursos dentro da empresa e o seu
desenvolvimento dependerão de fatores que resultam da imperfeição do mercado, como:
aquisição, imitação e substituição de recursos chaves. Essas barreiras inibem a habilidade dos
competidores em obter ou duplicar recursos e levam diferenças entre as empresas com relação
a sua habilidade de gerar renda. Quando os fatores estratégicos do mercado são imperfeitos ou
incompleto, eles criam barreiras para a mobilidade de recurso na competitividade da empresa.
O contexto social das decisões dos recursos também afeta a possibilidade do uso de
recursos e aquisições. Isso ocorre através de mecanismos de isolação institucional, que são o
baixo apoio político e cultural sobre a tomada de decisão sobre recursos, essa falta de apoio
inibe a otimização dos recursos. Esses mecanismos institucionais de isolamento levam a
empresa a não adquirir recursos que são incompatíveis com o seu contexto político e cultural.
19
Segundo os teóricos institucionais, as organizações que estão na mesma população ou
indústria, com o passar do tempo, se tornam similares, porque estão sobre a mesma influência
e cercadas por relacionamentos que difundem conhecimentos comuns (DI MAGGIO e
POWELL, 1983; JEPPERSON and MEYER, 1991; MEYER and ROWAN, 1977; OLIVER,
1988; SCOTT, 1987).
A estabilidade é essencial para a interação humana e as instituições dentro desse
contexto são eficientes, entretanto a estabilidade não é condição suficiente para sua eficiência.
Os próprios indivíduos / organizações que lidam com as instituições são responsáveis pelas
suas mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Um dos grandes motivos para mudança nas
instituições está relacionado a preço e custo. North (1990) usa como exemplo a escravidão
nos EUA. Até a guerra civil a escravidão (instituições) era muito rentável. A partir do início
dos movimentos abolicionistas e a consequente diminuição do contrabando até a sua extinção,
essas instituições passaram a não ser mais lucrativas.
O processo de mudança institucional pode ser descrita, segundo North (1990), como:
uma mudança nos preços leva uma parte ou as duas a perceberem que uma mudança no
contrato poderia ser melhor para elas, com isso um esforço será feito para renegociar o
contrato. Entretanto, como o contrato está baseado em um conjunto de regras, talvez não seja
possível mudar o mesmo sem antes mudar essas regras e com isso os esforços serão voltados
para modificar essas regras.
As regras informais estão ligadas a culturas, sendo assim suas mudanças são mais
sutis, não dependem da vontade de uma empresa / organização. Isso não quer dizer que elas
não ocorram, entretanto acontecem de forma mais lenta.
Segundo North (1990), as instituições ao reduzirem os custos para expormos nossas
convicções fazem com que as idéias, dogmas, modismos e ideologias sejam uma importante
fonte de mudança institucional.
20
O custo de transação surge porque as informações são caras e assimetricamente
seguradas pelas partes. Além disso, de qualquer maneira que os atores desenvolverem as
instituições haverá um grau de imperfeição fornecendo sinais mistos aos participantes.
Ainda sobre o custo de transação, no trabalho de Hill (1995), o autor argumenta que a
estrutura institucional de uma nação, através de suas influências sobre os custos de transação,
ajuda a explicar a capacidade das empresas, baseadas nessa nação, a ter sucesso ou falhar em
um mercado competitivo global. Isso porque a estrutura institucional pode aumentar ou
diminuir esses custos de transação. Podem diminuir através da propagação de leis e normas
criando mecanismos de monitoramento e de sanções legais e sociais que podem ser usadas
para punir aqueles que violam os contratos. Não há garantia de que o governo fará o seu papel
de maneira a ter eficiência econômica, e assim diminuir os custos de transação, inclusive,
segundo o autor, nos ultimos anos o governo acabou por aumentar os custos de transação,
entretanto se o governo fizer o seu papel, aumentará a confiança de que os direitos de
propriedade serão protegidos e que os contratos serão cumpridos o que consequentemente
diminuirá os custos de transação.
Schwab (2009) cita como exemplos da ineficiência do governo o excesso de
burocracia e de regulações, corrupção, sistemas jurídicos morosos, entre outros. Segundo ele
esses exemplos são a explicação para o aumento dos custos de transação e diminuição da
velocidade de crescimento econômico. O papel das instituições é garantir um ambiente
propício para o cumprimento dos contratos e resolução de disputas, minimizando assim os
custos gerados pelo próprio governo.
As interações entre as instituições e as organizações moldam as atividades econômicas
(NORTH, 2009), assim como influenciam a estratégia que as empresas adotam no decorrer de
suas atividades (PENG, 2003). Hoje, o Brasil, assim como outros países emergentes, estão
passando por grandes transições institucionais, conforme Dieleman e Sachs (2008), Meyer et
21
al (2009), Peng (2003), Tihanyi e Hegarty (2007), Tong, Reuer e Peng (2008) e Yamakawa,
Peng e Deeds (2008) constataram em seus artigos. Essa transição institucional pode ser
definida como mudanças fundamentais e compreensivas das regras formais e informais que
afetam o dia a dia das organizações.
As instituições, segundo Jackson e Deeg (2008), moldam os recursos disponíveis para
as empresas, tais como diferentes tipos de financiamento ou capital humano, e influenciam a
governança interna das empresas Por outro lado, as empresas se engajam em pressões
políticas diretas, para mudar instituições e sugerir diversos padrões de mudanças, baseadas na
interação das empresas com os diversos sistemas políticos. Desta maneira, as estratégias das
empresas sofrem influências das normas sociais e culturais da sociedade, que legitimam as
suas atividades, e são guiadas por uma gama de entidades, tais como acionistas,
consumidores, grupos de interesse e governos, sendo que cada um tem regras e valores
próprios.
No trabalho de Jackson e Deeg (2008) sobre a diversidade institucional e suas
implicação sobre o comércio internacional, os autores explicam a importância das instituições
para a entrada das multinacionais em novos países. Segundo os autores, as multinacionais
operam em diferentes ambiente e enfrentam desafios para conseguirem se posicionar
estrategicamente em um lugar ande as regras são desconhecidas e precisam se adaptar a
diversidade institucional daquele país.
Ao entrarem em outro país as multinacionais levam a experiência de sua cultura
nacional (suas rotinas, práticas costumeiras e capacidades)b, mas operam em um país
estrangeiro onde há diferentes regras institucionais. Essas instituições irão delinear o caminho
que essas multinacionais deverão seguir para atuar nesse novo ambiente, explicando a
estratégia comercial do país e suas regras e normas. Daí a importância das mesmas, pois sem
elas o caminho a percorrer das multinacionais seria mais árduo e trabalhoso.
22
Segundo North (1990) é difícil ter cooperação quando não temos repetição do fato,
quando há falta de informação sobre as partes e quando há muitos indivíduos/organizações em
uma mesma interação. Por outro lado, observa-se um comportamento de cooperação quando
as partes já interagiram em outras ocasiões, sabem bastantes umas sobre as outras e quando o
grupo é pequeno.
A partir do que North (1990) descreve acima, podemos nos perguntar como as
interações em um mundo onde todo mundo pode ter relacionamento comercial com todo
mundo pode trazer frutos positivos para as partes. Nesse momento as instituições entram no
jogo facilitando o relacionamento entre as partes, impondo normas e retaliações, reduzindo as
incertezas e fazendo com que as partes se conheçam mais.
Segundo North (1990) o conhecimento que o ator possui somado a sua experiência
modifica o jeito como ele irá agir. Isso porque apesar de as regras existirem e mostrarem o
que pode ou não ser feito, o ator que tiver mais conhecimento e habilidade sobre as mesmas
se sairá melhor do que aquele que não as conhece profundamente. O contraste entre esses dois
tipos de jogadores vem da diferença de comunicação, do conhecimento tácito e da própria
experiência de já ter lidado com a situação diversas vezes. Adquirir essas qualidades mostra a
compensação que os regulamentos das instituições oferecem.
Segundo Jackson e Deeg (2008) as políticas governamentais e os esforços
empresariais para afetarem essas políticas possuem um impacto profundo no sucesso dos
empreendimentos empresariais. A interação entre empresas e governo poder ter um impacto
substancial no crescimento econômico e na alocação de recursos. Essa interação é
caracterizada por disposições institucionais diferentes de acordo com o país em questão. De
acordo com Wilson (1990) a relação entre governo e empresas possui uma grande variação
entre os países.
23
Os autores acreditam que por analisar as instituições de cada país é possível entender
melhor as diferenças dessa relação (entre governo e empresa), que funcionam de acordo com
as particularidades de cada país de que possuem cada um, as suas regras formais que regem
essa interação. Além disso, os autores também acreditam que essa relação pode ser mais bem
entendida observando como os indivíduos interagem, selecionam e escolhem serem membros
de tais organizações.
Adam Smith (1776) descreve três deveres essenciais do governo que em um sistema
de mercado os indivíduos se beneficiam se o governo executá-las A primeira função seria a de
proteger a sociedade contra a violência e a invasão, a segunda seria a de estabelecer uma
administração com base na justiça e a terceira seria a de manter trabalhos públicos e
instituições públicas que nunca poderão ser a favor de interesses de qualquer indivíduo ou
grupo de indivíduos.
Jackson e Deeg (2008) instituições políticas democráticas moldam a interação entre
governo e empresa focando nos sistemas políticos utilizadas nos países que são grandes
comerciantes na economia mundial.
Hilman e Keim (2005) definem algumas preposições com relação às implicações da
interação institucional das políticas de demanda e das políticas de fornecedores:
- em sistemas parlamentares os esforços empresariais para influenciar as políticas do
governo serão mais direcionadas no poder executivo do que no parlamento.
- os interesses empresariais no sistema parlamentarista irão ter sua maior influência
nas políticas públicas quando eles conseguem articular uma relação custo benefício com as
posições em que eles desejam.
- os interesses empresariais no sistema parlamentarista terão mais sucesso em
influenciar as políticas públicas quando eles apoiarem políticas com efeito de longo prazo.
24
Os autores concluem que para melhor entender o relacionamento empresa-governo, é
necessário incorporar as configurações institucionais nas quais ambos devem interagir. Além
disso, uma vez que as instituições são compostas de diferentes tipos de indivíduos, a cultura
organizacional de cada uma delas será diferente. Esse é um dos motivos que as instituições
atuam de forma diferente entre os países, o que explica a diferença das políticas econômicas e
estratégias empresárias usadas para representar os interesses empresariais no processo de
políticas públicas.
2.4 AS INSTITUIÇÕES EM PAÍSES EMERGENTES
Segundo North (1990) os incentivos institucionais no Terceiro Mundo são na maioria
das vezes ausentes, freqüentemente sem direção, e seu quadro institucional resulta em altos
custos transacionais. Isso porque os custos transacionais refletem totalmente a complexidade
das instituições. Se formos comparar os custos de transação no terceiro mundo e no primeiro
mundo, os custos no primeiro são muito maiores. Isso se dá porque na estrutura institucional
no terceiro mundo faltam estruturas formais que sustentam de forma eficiente o mercado.
Além disso, é comum no terceiro mundo existir setores informais que fornecem estrutura a
altos custos para realizar as trocas. Isso acontece devido a falta de garantias de direito formal
de propriedade o que restringe a atividade personalizada de sistemas de trocas que podem
fornecer uma auto-imposição dos contratos. Ainda segundo North a falta de estrutura das
instituições no terceiro mundo leva a perpetuação de instituições subdesenvolvidas.
As instituições ditam como as organizações devem operar e com isso tornam eficiente
a relação entre as regras do jogo e o comportamento dos jogadores. Se as organizações-
firmas, uniões comerciais, grupo de fazendeiros, partidos políticos e comitês de congresso,
por exemplo – dedicassem os seus esforços para atividades improdutivas, isso quer dizer que
as restrições institucionais incentivaram eles a tomarem tais atitudes. Os países do Terceiro
25
Mundo são pobres porque as suas instituições definem uma série de contrapartidas para
atividades políticas e econômicas que desencorajam a produtividade ativa (NORTH, 1990).
Peng (2003) desenvolveu um modelo para as economias emergentes com relação a
orientação para o mercado. Na primeira fase desse modelo as transações são baseadas em
relações pessoais, há necessidade de se ter uma forte e confiável rede de relacionamento o que
faz com que a relação custo benefício seja alta uma vez que é difícil desenvolver uma rede de
relacionamento confiável. Além disso, uma vez que não há instituições para regular o
relacionamento, mesmo depois de se ter uma rede sólida, os custos de transação são altos
devido a falta de regras. Na segunda fase do modelo, a transação é baseada em regras, com
terceiros (instituições) mediando às trocas que agora passam a ser impessoais. A própria
economia passa a ver como necessária a intermediação das instituições devido ao aumento do
número de transações. O mercado apoia a regulamentação imposta pelas instituições, pois
percebe a necessidade desta para continuar a expansão econômica.
Segundo Peng (2003), o período de transação começa por uma estrutura de
relacionamento para depois, aos poucos, ter uma estrutura baseado em regras. A transação
começa quando os custos de uma relação pessoal começam a cair e os benefícios a subir. Com
o aumento da escala e escopo começa a surgir a necessidade de se ter uma instituição formal
para regular e estruturar as transações e essa necessidade leva a sociedade a ter desejos de
mudança.
2.5 AS INSTITUIÇÕES NO SETOR PORTUÁRIO
O setor portuário por ser um setor estratégico para a nossa economia, está cercado por
diversos interesses políticos e consequentemente por diversas instituições que visam regular o
seu funcionamento. A seguir serão apresentadas as instituições que atuam no setor: Secretaria
26
de Portos, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e a Associação Brasileira dos
Terminais de Contêineres de uso Público.
2.5.1 SECRETARIA DOS PORTOS
Durante o governo Lula, em Maio de 2007, a Presidência da República criou a Secretaria
de Portos com o objetivo de priorizar o setor que hoje movimenta cerca de 90% do comércio
exterior brasileiro. A Secretaria foi criada para concretizar o desejo do governo e das
empresas ligadas ao comércio internacional brasileiro, de ter nos terminais portuários
brasileiros o mesmo nível de competitividade e eficiência dos grandes e importantes terminais
mundiais.
Os deveres pertinentes a Secretaria vão desde a formulação de políticas para o setor até a
realização de projetos de desenvolvimento da infraestrutura portuária. Hoje, uma de suas
metas é a elaboração do Plano Nacional Estratégico dos Portos – PNLP, que versa sobre os
investimentos públicos afim de viabilizar o conceito de portos concentradores e
alimentadores, que tem como objetivo a redução dos custos operacionais dos armadores,
tendência operacional verificada mundialmente.
O porto concentrador opera de forma integrada com os portos alimentadores. O primeiro
irá concentrar as cargas vindas do mercado internacional (provenientes dos portos
alimentadores) para redistribuí-las para os seus destinos finais. Por exemplo, os portos
alimentadores enviam navios de menor porte com diversas cargas para os portos
concentradores. Lá ocorrerá o transbordo para os navios de maior porte para que essas cargas
cheguem em seus destinos finais. Os navios de maior porte possuem apenas um porto de
parada em cada extremo. Isto reduz o tempo de trânsito e diminui o custo operacional do
serviço. Os portos de Roterdam, na Holanda; Antuérpia, na Bélgica; Nova Iorque, nos Estados
Unidos; e Felixstowe, na Inglaterra, são considerados os maiores portos concentradores do
27
mundo e são esses portos que a Secretaria de Portos toma como exemplo para o
desenvolvimento dos portos Brasileiros.
A Secretaria de Portos tem como competências:
I - assessoramento direto e imediato ao Presidente da República na formulação,
coordenação e supervisão de políticas nacionais e diretrizes para o desenvolvimento e
o fomento do setor de portos e terminais portuários marítimos;
II - promoção da execução e da avaliação de medidas, programas e projetos de
apoio ao desenvolvimento da infraestrutura e da superestrutura dos portos e terminais
portuários marítimos, bem como dos portos outorgados às companhias docas;
III - participação no planejamento estratégico, no estabelecimento de diretrizes
para sua implementação e na definição das prioridades dos programas de
investimentos;
IV - aprovação dos planos de outorgas;
V - estabelecimento de diretrizes para a representação do Brasil nos organismos
internacionais e em convenções, acordos e tratados, no que se refere às competências
atribuídas à Secretaria; e
VI - desenvolvimento da infraestrutura aquaviária dos portos sob sua esfera de
atuação, visando a segurança e a eficiência do transporte aquaviário de cargas e de
passageiros.(PORTOS DO BRASIL, 2011).
28
O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos e 42 terminais de uso
privativo (foco desse estudo). Conforme figura abaixo:
Figura 1 – Portos Brasileiros
A Secretaria de Portos é responsável pela formulação de políticas, programas e projetos
para esses terminais. Entre os programas e planos de maior destaque formulados pela
Secretaria estão: Programa Nacional de Dragagem (PND), que tem por objetivo adequar a
profundidade e o canal de acesso de 18 portos, para que possam receber navios de maior
porte, aumentando sua competitividade e sua capacidade de movimentação de cargas; Plano
Nacional de Logística Portuária (PNLP), que tem como objetivo superar os gargalos
29
identificados pela Secretaria e definir atribuições e papéis institucionais dos entes envolvidos
nas atividades portuárias afim de melhor a atividade portuária aumentando a sua eficiência
(SECRETARIA DOS PORTOS, 2012).
A Secretaria dos Portos possui em cada Estado a Autoridade Portuária que irá gerir e
operar os portos sob sua jurisdição. Na maioria dos portos a Autoridade Portuária é a
Companhia Docas, que desenvolve programas direcionados para as necessidades dos portos
de seus Estados, gerindo a infraestrutura portuária. A Autoridade Portuária está sempre
presente nos portos a fim de fiscalizar o andamento dos serviços (SEP, 2012).
Pelo o que foi constatado nas entrevistas realizadas para esse trabalho, hoje a
Autoridade Portuária possui um perfil mais técnico e menos político, o que propicia uma
ajuda mais efetiva às demandas dos Terminais.
2.5.2 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, vinculada ao Ministério dos
Transportes e a Secretaria de Portos, foi criada em 2001 com a finalidade de regular,
supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de
exploração da infra-estrutura portuária e aquaviária (fonte: Ministério dos Transportes).
O objetivo da ANTAQ é o de colocar em prática as políticas públicas formuladas pelo
Ministério dos Transportes e pela Secretaria de Portos. Além disso, o de regular e
supervisionar as atividades dos Terminais Portuários, assim como os seus investimentos em
infraestrutura. A Agência também representa o Brasil em diversos organismos internacionais
de navegação, convenções, acordos e tratados sobre transporte aquaviário.
Com o breve descritivo acima, podemos verificar que a Antaq é um dos principais órgãos
reguladores dos terminais portuários e existe para promover a estabilidade institucional do
setor. Com o crescimento da corrente de comércio do país (aumentando assim a utilização dos
30
portos) e o aumento da demanda por infraestrutura portuária, o desejo por um ambiente
institucional estável e sem surpresas com relação as regras do jogo, fazem com que a ANTAQ
tenha cada vez um papel mais importante no setor.
Tiago Pereira Lima, diretor da ANTAQ, em sua apresentação no 12º Forum Portos Brasil,
sobre “A regulação do transporte aquaviário e da exploração da infraestrutura portuária” deixa
bem claro o papel que se espera de um regulador, nesse caso a ANTAQ: estabelecimento de
regras claras, previsibilidade das ações, equilíbrio na arbitragem de conflitos, garantia dos
direitos de investidores, garantia de serviços adequados aos usuários, observância estrita aos
preceitos legais, estímulo a concorrência, fiscalização mais efetiva e, por fim,
comprometimento com os setores aquaviário e portuário.
Entre os deveres da ANTAQ está a autorização para construção e a exploração de
terminais portuários de uso privativo, conforme previsto na Lei no 8.630, de 1993. Dentre os
terminais de uso privativo será analisado nesse estudos a Multiterminais, Termina Libra Rio
de Janeiro, Terminal Libra Santos, Paranaguá, Santos Brasil e Suape.
Tiago Perei Lima identifica as seguintes perspectivas regulatórias para o setor:
ü Promoção do desenvolvimento do setor
ü Estabilidade institucional para novos investimentos
ü Dotar o setor de eficiência e competitividade
ü Garantia da estabilidade dos contratos e autorizações concedidas
ü Concessão de Novos Portos Organizados
ü Incentivo à participação da iniciativa privada nos Portos Públicos e
Terminais Privativos
ü Planejamento setorial com o Plano Geral de Outorgas
Esse estudo tem como objetivo verificar a influência das políticas e os projetos desses
órgãos reguladores na decisão estratégica dos terminais portuários de uso privativo.
31
2.5.3 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TERMINAIS DE CONTÊINERES DE USO
PÚBLICO
A ABRATEC, como é conhecida, foi constituída em 2002 para representar as
empresas licitadas a operar os Terminais de Contêineres de uso Público. Hoje a associação
possui 13 membros.
Figura 2 - Terminais de contêineres de uso público
A principal função da ABRATEC é representar esses Terminais de Contêineres e
defender os seus interesses. A Associação é um espaço no qual os representantes de cada
Terminal se encontram para debater melhorias para o setor, traçar planos para o futuro e
discutir assuntos de interesses comuns.
32
Hoje o principal problema enfrentado pelos Terminais associados à Abratec é a
instalação de terminais privativos de uso misto, autorizada por parte da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq). Esses Terminais são: Portonave, Embraport e Itapoá. O
grande questionamento por parte dos Terminais afiliados à Abratec é de que esses Terminais
não estão presos a um Edital de Licitação como eles estão, ou seja, não precisam cumprir as
normas estipuladas pelo governo que estão presentes nesse Edital. A Abratec, como
representante desses Terminais, apresentou uma Aguição junto ao Supremo Tribunal Federal
com o objetivo de que a Constituição Brasileira veda a autorização para exploração de
terminais privativos de contêineres por empresas que irão operar cargas de terceiros.
A Associação possui um Grupo de Sustentabilidade que tem como objetivo verificar
de que forma a atividade portuária brasileira pode contribuir com a preservação do meio
ambiente, incentivando a todos o seus membros a adotar uma postura socioambiental
sustentável (ABRATEC, 2012).
33
3. METODOLOGIA
Este capítulo apresentará a metodologia escolhida para desenvolver esse trabalho,
assim com os procedimentos metodológicos adotados para desenvolver o projeto e a pesquisa
realizada.
Flick (2009) define que os aspectos essenciais da pesquisa qualitativa consistem na
escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no reconhecimento e na análise de
diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como
parte do processo de produção de conhecimento, e na variedade de abordagens e métodos.
Para o autor os pesquisadores qualitativos estudam o conhecimento e as práticas dos
participantes.
2.1 ESCOLHA DO MÉTODO DE PESQUISA
A pesquisa na área de Administração é um estudo informativo, descritivo ou
explanatório que tem como objetivo uma investigação sobre um tema específico a fim de
fornecer informações relevantes que visam orientar as decisões empresariais (Cooper e
Schindler, 2003).
Segundo os autores uma boa pesquisa em Administração gera dados confiáveis e que
poderão ser utilizados por gestores em suas decisões empresariais. Por outro lado, a pesquisa
mal planejada pode levar ao risco na tomada de decisão, por isso é importante ter um
propósito bem definido, planejamento, limitações claramente explicitadas, conclusões
embasadas, não ter ambigüidade nas informações, entre outros
A revisão bibliográfica feita neste estudo tem como objetivo a análise do poder de
influência das instituições na tomada de decisão das definições estratégicas no setor portuário,
34
mais especificamente nas empresas de terminais de contêineres de uso público, tendo como
base a Teoria Institucional abordada por Douglas North em seu livro Institutions, Institutional
Change and Economic Performance de 1990. Foi feita uma análise das principais empresas
do setor, dos principais órgãos reguladores e instituições ligadas ao setor.
O presente estudo possui caráter qualitativo. Foi utilizado o estudo de caso para
entender na prática o que a teoria utilizada defende, verificando assim se a mesma aplica-se
ou não no setor em questão.
Segundo Gil (1996), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior
conhecimento do problema para torná-lo explícito e para poder construir hipóteses. Se faz
necessário realizar um levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tenham papel
importante no tema em questão e análise de exemplos para facilitar a compreensão. Na
maioria dos casos, a pesquisa exploratória assume a forma de Estudo de Caso.
O estudo exploratório, para Schindler e Cooper (2003), permite ao pesquisador
desenvolver o conceito de forma mais clara, estabelecer prioridades, desenvolver definições
operacionais e melhorar o planejamento final da pesquisa. Este tipo de estudo pode ser
realizado tanto com técnicas quantitativas como com técnicas qualitativas, essa última,
entretanto, é a mais utilizada.
3.2 Estudo de Caso
O estudo de caso, segundo Gil (1996), consiste no estudo profundo e exaustivo de um
ou poucos objetos, de maneira que permite seu amplo e detalhado conhecimento. Para Yin
(2001), o estudo de caso é a melhor maneira de pesquisa quando se colocam questões do tipo
“como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e
quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da
vida real.
35
O objetivo desse estudo é verificar a ingerência das instituições na estratégia dos
terminais de contêineres no Brasil. Para isso, a partir de uma análise da teoria institucional e
do panorama do setor, foi feito um levantamento das principais questões a serem levantadas
em entrevistas com 5 grandes empresas do setor. As questões feitas buscam entender o
relacionamento entre os terminais de contêiner e as instituições do setor.
O setor portuário e mais especificamente os terminais de contêineres de uso público
foram escolhidos como foco desse estudo, devido a sua grande e crescente importância ao
comércio exterior brasileiro, ou seja, há um grande e estratégico interesse do governo pelo
setor, além de possuírem uma característica particular, a de serem empresas privadas que
possuem concessão para o uso do espaço público. Ou seja, a interação público-privado nesse
setor é muito forte.
3.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados é a base de como a pesquisa será desenvolvida, seja ela por meio de
observação, por meio de testes padronizados, questionários, entrevistas entre outros.
Em seu livro, Yin (2001) defende que as entrevistas são uma importante fonte de
informação para um estudo, além de serem fontes essenciais de informação para o estudo de
caso. Para o autor, ao longo do processo da entrevista o pesquisador possui a tarefa de seguir
sua própria linha de investigação, como reflexo do protocolo do seu estudo de caso, e fazer as
questões reais da conversa uma forma não tendenciosa que também atende às necessidades de
sua linha de investigação.
Schindler e Cooper (2003) definem quatro técnicas exploratórias para o pesquisador:
Análise de dados secundários, surveys de experiência, grupos de foco, desenhos em dois
estágios. Em seguida serão apresentadas as duas técnicas que serão utilizadas neste trabalho
para a coleta de dados:
36
- Análise de dados secundários: Buscar literatura secundária é o primeiro passo para a
pesquisa exploratória. A pesquisa deverá ser feita com base em estudos anteriores e deverão
ser exploradas as questões que foram deixadas em abertas, documentos publicados, periódicos
e livros. Nesse estudo os dados e informações sobre o setor foram buscados em livros, revistas
especializadas, anuários de entidades competentes, banco de dados, relatórios, artigos e sites
das empresas e de instituições ligadas ao setor, entre outros.
– Surveys e experiências: Entrevistar pessoas, buscando suas ideias em relação a questões
importantes com relação ao assunto abordado. A partir do estudo e análise das
informações encontradas nos meios acima descritos, foi criada uma relação de perguntas a
serem feitas para pessoas chaves dentro de 6 grandes empresas do setor.
3.4 ELABORAÇÃO DO ROTEIRO DA PESQUISA
Como informado acima, após uma análise profunda de diversas fontes de literatura do
setor e da teoria institucional, foram levantadas perguntas chaves para entender o
relacionamento entre empresa privada e instituições públicas e verificar se há influência das
instituições no setor a partir de pontos críticos levantados pela teoria.
Primeiramente foi feita uma entrevista piloto e a partir daí algumas adaptações e
melhorias foram feitas para as entrevistas seguintes. O questionário final utilizada encontra-se
no Apêndice A desse estudo.
3.5 PESQUISA DE CAMPO
Foram feitas entrevistas com diretores / gerentes de seis grandes terminais de
contêineres do Brasil, durante cerca de dois meses. Alguns entrevistados solicitaram não
serem identificados, além de solicitar que a entrevista concedida não seja relacionada a
37
empresa. Sendo assim, serão identificada as empresas que participaram do estudo, entretanto,
no momento da análise das entrevistas, não será identificada a empresa correspondente.
3.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Nesta etapa, todos os dados colhidos, chamados de dados brutos, devem ser analisados
e refinados. Segundo Cooper e Schindler (2003) a análise de dados normalmente envolve a
redução dos dados acumulados a um tamanho administrável, desenvolvimento de sumários,
busca de padrões e aplicações de técnicas estatísticas.
Para Bardin a análise de conteúdo organiza-se a partir de 3 polos: i) pré-análise; ii)
exploração do material; iii) tratamento dos resultados e interpretação.
Na pré-análise organizam-se os dados adquiridos para operacionalizar e sistematizar
as idéias iniciais. Durante a exploração do material, todas as entrevistas feitas são codificadas,
o que representa a transformação do texto. A transformação por recorte, agregação e
enumeração, permite atingir uma representação no conteúdo que esclarece as características
do texto. Na fase de tratamento dos resultados e interpretação, os dados já estão prontos para
serem analisados. Nessa fase o pesquisador irá, através da análise dos dados obtidos,
conseguir concluir a sua pesquisa.
Segundo a autora a análise qualitativa é válida sobretudo na elaboração das deduções
específicas sobre uma variável de inferência precisa e não em inferências gerais.
Para a análise do estudo de caso, segundo Yin (2006), uma das estratégias mais
desejáveis é utilizar a lógica da adequação ao padrão. Esta lógica compara um padrão
empírico com um de base prognóstica. Se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar
o estudo de caso e reforçar sua validade interna.
38
3.7 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA
Muitos pesquisadores não aceitam o estudo de caso como estratégia de pesquisa
devido a falta de rigor da pesquisa e a de que eles fornecem pouca base para fazer uma
generalização científica. Nesse estudo verificou-se a necessidade de ser realizada mais
entrevistas, entretanto o número de pesquisa realizado, foi devido a grande dificuldade em
conseguir disponibilidade por parte dos funcionários de terminais de contêineres para
concederem entrevistas.
Como o método escolhido é o de entrevista, a coleta de dados se torna algo um pouco
difícil, pois nem sempre se consegue entrevistar a pessoa chave para abordar o assunto. Além
disso, como toda pesquisa qualitativa, as entrevistas podem gerar resultados não conclusivos.
39
4 – TERMINAIS DE CONTÊINERES NO BRASIL – CONTEXTUALIZAÇÃO E
ANÁLISE
4.1 – PANORAMA DO SETOR
Os portos brasileiros, por onde passam por cerca de 90% das cargas do comércio
exterior, tem papel decisivo para o bom desempenho do comércio internacional do país. Hoje,
muitas vezes, de forma equivocada, são considerados como um dos principais gargalos do
crescimento o pouco investimento que receberam por parte do governo, a falta de políticas
próprias voltadas para as necessidades do setor e por possuírem uma infraestrutura defasada.
Esses reflexos derivados de anos de abandono vem, entretanto, sendo modificados com uma
reorientação das políticas públicas para o setor e com investimentos dos concessionários
privados.
A Comissão Portos em sua Análise de Desempenho Setorial (2011) destaca, como fato
relevante, a criação da Secretaria Especial de Portos em maio de 2007. Segundo a Comissão,
a criação da Secretaria serviu para que o Governo voltasse a tratar, como assunto prioritário, o
setor portuário brasileiro, ao definir políticas de investimento em infraestrutura, em dragagens
e ao reformular os acessos marítimos aos portos. Entretanto, uma crítica da Comissão Portos à
SEP se dá pelo fato de, diferentemente do ocorrido nos anos anteriores, a comunicação dessa
Secretaria com o setor empresarial ter sido muito reduzida em 2011 (COMISSÃO PORTOS,
2011).
40
Além disso, a Comissão também destaca a criação do Plano Nacional de Logística
Portuária pela Secretaria de Portos- PNLP, pois, segundo a Comissão, indica uma disposição
do Governo em privilegiar caminhos para melhorar a logística do setor portuário, permitindo
o seu desenvolvimento (COMISSÃO PORTOS, 2011).
O Plano Nacional de Logística Portuária é uma iniciativa da Secretaria Especial de
Portos, e a partir de 2012, servirá como base para todos os investimentos e projetos para o
setor. Segundo o ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Leônidas Cristino, “com
esse plano, não é só o Governo que vai poder planejar os portos para os próximos 20, 30 anos,
mas também a iniciativa privada, que passa a ter maior segurança e confiança” (EXPORT
NEWS, 2012). Ainda segundo a secretaria, O PNLP é a concretização da retomada do
processo de planejamento dos portos brasileiros, de forma sistêmica e integrada, que possa ser
determinante na tomada de decisões do setor público e indicativo para as do setor privado
(SEP, 2010). Dentre as ações do PNLP estão:
· clara definição das atribuições e dos papéis institucionais dos entes envolvidos nas
atividades portuárias;
· melhoria da eficiência da gestão dos portos nacionais;
· expansão e adequação da capacidade portuária nacional.
Com a criação do PNLP, o governo tenta passar para o setor privado a ideia de que
está determinado a investir no setor, mas que precisa da ajuda desse último, e o Plano, como
pano de fundo, servem como garantia às empresas do setor de que o governo está
comprometido e está atuando junto conjuntamente nessa empreitada.
Outra importante decisão tomada pelo governo visando à melhoria da infraestrutura
portuária foi a criação do Reporto. Trata-se de um regime tributário para incentivar a
modernização e a ampliação da estrutura portuária, através da isenção de cobrança de
41
impostos como o IPI, PIS/PASEP, Cofins e Imposto de Importação (esse, apenas quando há
produto similar nacional), nas compras de equipamentos e bens para o setor portuário. A
vigência do Reporto começou em 2004 e encontraria seu término em 2007, entretanto, devido
ao sucesso da medida e de sua grande valia, o governo postergou o projeto até o final de 2011
quando o extendeu mais uma vez, nas mesmas bases vigentes, até o final de 2015. Afinal, esse
projeto é primordial para incentivar os investimentos no setor visando aumentar a sua
eficiência (ABRATEC, 2011) .
Outra importante medida adotada pelo Governo é o PAC dos Portos, uma rubrica do
Programa de Aceleração do Crescimento, que conta com uma série de projetos voltados para
o setor portuário. Projetos esses que visam a manutenção, recuperação e ampliação da
infraestrutura portuária para sua maior eficiência. O PAC planeja investir, no setor, cerca de
R$ 7,5 bilhões. Esses recursos serão aplicados em obras de infraestrutura, ações de
inteligência logística e no Programa Nacional de Dragagem (COMISSÃO PORTOS, 2011).
Hoje, o PAC possui 71 empreendimentos em 23 portos brasileiros.
O Programa Nacional de Dragagem Portuária tem como objetivo remover os
sedimentos, para aumentar a profundidade do canal de acesso do cais de atracação e da bacia
de evolução e, assim, permitir que navios de grande porte tenham acesso aos portos. A
manutenção das boas condições dos acessos ficará sobre responsabilidade das empresas
concessionárias que irão captar fundos a partir dos recursos arrecadados com a prestação de
serviços em seus terminais (ANTAQ, 2011).
A principal dificuldade que o programa vinha encontrando era colocar em prática os
projetos traçados tendo em vista que o Brasil não realizava nenhuma obra de dragagem de
profundidade há mais de 20 anos. O programa, também, demorou muito para ser realmente
implementado. Seno lançado em 2007, devido a atraso no processo de licitação, o mesmo só
foi colocado em prática em 2009 (IPEA 2010).
42
A despeito dos avanços recentes, anteriormente descritos, o novo modelo portuário
brasileiro encontra suas origens no governo Itamar Franco. Em 1993, com a Lei 8.630 (Lei de
Modernização dos Portos), o Governo iniciou um novo modelo administrativo para o setor,
criando atores como a Autoridade Portuária (AP) e o Conselho da Autoridade Portuária
(CAP). A Autoridade Portuária é responsável por administrar e gerenciar o porto e suas
entidades públicas, já o Conselho possui representantes do setor público, operadores
portuários, trabalhadores portuários e usuários para discutir ideias sobre o setor (Figura 3).
Outro importante ator que essa Lei introduziu no setor foi o Órgão Gestor de Mão de Obra
(OGMO), para administrar a contratação, a escala e a alocação dos trabalhadores portuários.
Reuniões são realizadas constantemente entre os trabalhadores e representantes dos Terminais
Portuários, a fim de discutir as revindicações e melhorias solicitadas pela classe (IPEA, 2010).
Os principais objetivos da Lei 8.630 são: realizar concessões para a operação portuária
e o arrendamento das aéreas portuárias; incentivar a concorrência entre portos e terminais
visando a redução de custos e o aumento da eficiência (CURCINO, 2007). Essa Lei é vista
por muitos como o marco da mudança do rumo das políticas para o setor. Grande parte dos
entrevistados para esse trabalho, compartilham dessa opinião e a Lei é considerada por eles
como um “divisor de águas” para o setor.
Fazendo uma análise de todos esses planos e programas que o governo vem lançando
nos últimos anos, é possível dizer que trata-se do resultado da pressão exercida pelo comércio
exterior brasileiro e pelo aquecimento da economia sobre a infraestrutura logística do país.
O plano Real e a estabilização da economia; o regime de meãs da inflação; os
programas de transferência de renda do Governo; a expansão do crédito, entre outros, ajudam
a explicar o aquecimento da economia.
Com a economia aquecida, pela demanda crescente e com o real sobrevalorizado, o
país importou mais. As exportações também cresceram. A despeito do atual viés de
43
desaquecimento da economia mundial, com a crise europeia, e fraca recuperação norte-
americana, pós-crise de 2008-2009, é mister considerar que o Brasil aproveitou a alta dos
preços das commodities metálicas e agrícolas, principalmente minério de ferro e soja, para
aumentar a suas exportações nos últimos anos. Nesse contexto cresceram, também, as
exportações de cargas conteinerizadas.
Há um ciclo, no qual há maior demanda por recursos que visam alimentar essa produção e que
deem vazão a esse crescimento.
Os espaços implementados pelo Governo Federal, constituem-se em importantes
medidas para diminuir o Custo Brasil, uma vez que os gargalos logísticos que o Brasil possui
acabam por encarecer suas mercadorias em um processo conhecido por Escalada de Preços,
que diminui, assim, sua competitividade perante aos produtos mundiais. Essa ineficiência
logística deixa ainda mais clara a necessidade de grandes investimentos no setor, para poder
atender à crescente economia do país, tendo, assim, meios mais eficientes para escoar suas
mercadorias, assim como receber os produtos importados.
Os gargalos logísticos também provocam perdas de mercadorias, o que representa
perda financeira para o produtor e aumenta o transit time dos produtos, encarecendo-os e
retirando a sua competitividade. Segundo a Fundação Dom Cabral e o Fórum Econômico
Mundial, no ranking de qualidade portuária, o Brasil ocupa a 123ª posição entre 142 países
(IPEA, 2010).
As iniciativas lançadas pelo Governo, a criação da ANTAQ e da SEP e,
principalmente, a concessão dos portos ao setor privado, foram primordiais para a retomada
de investimentos no setor. Os primeiros, por mostrarem que o Governo, hoje, possui outra
visão sobre o setor e que estão voltados para a sua melhoria. O segundo, por estar trazendo
mais eficiência operacional e modernização tecnológica (verifica-se um grande investimento
em tecnologias), diminuindo os custos operacionais.
44
Pela da tabela a seguir, pode-se verificar o crescimento da movimentação de
contêineres nos portos brasileiros ao longo dos últimos 5 anos.
Tabela 2 – A Movimentação de Contêiner por unidade nos portos Brasileiros
Fonte: Abratec, 2011
Verifica-se na tabela a queda de movimentação de 2008 para 2009, devido à crise
econômica mundial, entretanto, verifica-se, também, a grande recuperação brasileira,
conseguindo crescer no ano seguinte cerca de 35%, alavancada por um crescimento
econômico de cerca de 6% ao ano.
A maior eficiência dos terminais de contêineres está intimamente relacionada ao
crescente comércio internacional, afinal com a redução de custos e a racionalização de
métodos à performance nas movimentações dos contêineres que levam e trazem mercadorias
de um país para outro.
45
O contêiner representa uma inovação no Transporte de cargas e sua criação, por
Malcom McLean, e seu uso, a partir de março de 1966 (OLIVEIRA, 2012), vem permitindo
maior eficiência no transporte dos volumes transacionado entre os países, além de aumentar o
lucro, uma vez que permite acondicionar cargas com mais racionalidade, podendo assim,
ocupar melhor os espaços nos porões dos navios, permitindo até o empilhamento desses
contêineres, o que triplica e às vezes até quadriplica o ganho em um só espaço. Não se pode
deixar, é claro, de citar, também, a presença de navios de grande porte o que facilita o
deslocamento de um maior número desses contêineres (Figura 4).
Em 2010, os tráfegos da Costa Leste da América do Sul serão
frequentados por navios com capacidade de mais de 7.000 TEUs. Em
termos globais, novos navios, com escalas até então inexistentes,
passaram a transportar volumes até então impensáveis para uma única
nave (FORES, 2010).
Hoje o contêiner representa o principal instrumento da logística mundial e, a partir da
sua criação foi desenhada uma nova logística para atender as suas particularidades, inclusive
os terminais especializados em seu manuseio e armazenagem. Em 1995, com a Lei de
Modernização dos Portos, o Governo Federal privatizou uma série desses Terminais, o que
inventivou suas modernizações por meio de investimento por parte do setor privado, trazendo
maior qualidade e eficiência (SINTERMAR, 2005).
Voltando o foco para a área institucional, o Ipea junto com a CNI e a ANTAQ
realizaram entre os anos de 2006 e 2008 uma pesquisa sobre os problemas enfrentados pelos
portos brasileiros. Além dos problemas de infraestrutura, chamou a atenção a grande
participação de problemas gerados por questões institucionais. A pesquisa cita problemas
como a grande burocracia portuária, constantes greves, falta de integração entre as entidades
do setor e necessidade de mudança de hábito do funcionário portuário visando a atender com
46
maior eficiência os clientes. Segundo a pesquisa, a burocracia na liberação das cargas
corresponde a 65,3% dos possíveis gargalos do setor e as greves em 56,4%. Além disso, o
restrito horário de funcionamento aduaneiro atrasa a liberação da carga, retardando o processo
(IPEA, 2010).
Conforme informado no início desse capítulo, os portos movimentaram 90% do
comércio exterior brasileiro e, por ser um setor estratégico para a nossa economia nacional,
está cercado por diversos interesses públicos. A participação pública no setor se dá por meio
da regulação, cobrança de tarifas e do investimento.
Com o início da concessão portuária em 1995, o governo começa a investirem
conjunto com o setor privado. O BNDES teve uma importante participação nesse processo,
financiando a compra de equipamentos para o setor privado. A participação da iniciativa
privada aumentou consideravelmente o investimento no setor, enquanto eles ficarão
responsáveis pelo investimento em equipamentos e nas instalações portuárias, o governo era
responsável pelo investimento na construção e manutenção da infraestrutura portuária (IPEA,
2010).
Na tabela a seguir verifica-se o grande aumento no investimento do setor portuário,
principalmente por parte das empresas privadas.
47
Tabela 3 – Investimentos públicos e privados em infraestrutura – 1999-2008
Fonte: Brasil, 2009 e Puga et al, 2007
Com isso, verifica-se a importância da participação do setor privado para os portos
brasileiros e, consequentemente, para o comércio exterior do país.
Um dos assuntos mais em voga no setor portuário e, mais especificamente, para os
terminais de contêineres é a questão dos Terminais Privativos de Uso Misto (podem operar
cargas próprias e cargas de terceiros). A autorização para a instalação desses terminais divide
opiniões e causa apreensão por parte das empresas que operam os terminais públicos. Essas
últimas estão presas a um edital de licitação, com obrigações a ser cumpridas perante o
governo. Já os terminais privativos não estão atrelados a nenhum edital, podendo, de forma
mais livre, decidir sua alocação de recursos. Além disso, o governo não estipulou a
porcentagem de carga própria e de terceiros que os terminais privativos podem operar, sendo
assim, eles se tornaram concorrentes para os terminais de uso público. Dessa maneira, os
48
terminais de uso público entendem a situação como uma concorrência desigual e, por meio,
da ABRATEC prepararam uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
perante o Supremo Tribunal Federal (ABRATEC, 2009).
A seguir será analisado o perfil de algumas empresas privadas com concessão para
atuar nos portos brasileiros e que fizeram parte da pesquisa para esse trabalho.
4.2 APRESENTAÇÃO DE EMPRESAS SELECIONADAS
Ao longo desse trabalho foram feitas entrevistas com seis grandes empresas do setor
de Terminal de Contêiner. Será feito, a seguir, uma breve apresentação dessas empresas para a
devida contextualização.
4.2.1 LIBRA TERMINAIS RIO DE JANEIRO
O Grupo Libra iniciou suas operações no porto do Rio de Janeiro em 1998, após
vencer a licitação para uso do Terminal 1 de contêineres, quando teve a permissão de ocupar
136.272 m² de área alfandegada (LIBRA, 2012).
Ao longo dos anos, através de constantes investimentos, a Libra conseguiu reduzir em
90% o tempo de atracação do navio e aumentar em 92% a movimentação de contêineres no
Terminal. Além disso, houve também a aquisição de equipamentos para garantir uma melhor
infraestrutura ao Terminal. Esses equipamentos foram adquiridos através do programa
Reporto do Governo Federal, na qual há isenção PIS/Pasep e Cofins para a aquisição de
equipamentos para uso portuário. Com isso, grande melhorias operacionais foram geradas,
beneficiando o comércio exterior como um todo (LIBRA, 2012).
No ano de 2011, a Libra movimentou, no Terminal 1, cerca de 151 mil contêineres e
espera que esse número aumentou em 10% para o ano de 2012 (ABRATEC, 2012).
49
Gráfico 1 – Movimentação de contêiner, Libra (RJ)
Fonte: Libra, 2012
Com a grande importância do Terminal para o comércio exterior Brasileiro e o
crescente papel do Rio de Janeiro a Libra planeja investir 161 milhões de Reais nos próximos
anos, tendo como foco a expansão do Terminal.
4.2.2 MULTIRIO
A Multirio é uma das empresas pertencentes ao grupo Multiterminais. Em 1998, a
empresa venceu a licitação para operar um Terminal de Contêineres no Porto do Rio de
Janeiro, instalando-se no Tecon 2. Com uma área de 185.000m², a empresa possui 2 berços de
atracação e movimenta cerca de 32 contêineres por hora (MULTITERMINAIS, 2012).
50
Gráfico 2 – Movimentação de contêiner, Multirio (RJ)
Fonte: Multiterminais, 2012
A Multirio possui um projeto de expansão, no qual planeja investir, nos próximos 5
anos, aproximadamente US$ 450 milhões para expansão e alinhamento do cais que poderá
operar simultaneamente 2 navios super post panamax após a dragagem elo PND. Além da
aquisição de novos aparelho para o melhor funcionamento do Terminal, como por exemplo
portêineres elétricos, a empresa visa a aumentar o berço de atracação para 15m, permitindo
assim, a operar navios de maior porte (ABRATEC, 2010).
A empresa também valeu-se do Reporto para a aumentar o investimento no Terminal,
investindo US$ 40 milhões de 2005 a 2010 (ABRATEC, 2010).
4.2.3 SEPETIBA TECON
O Sepetiba Tecon nasceu a partir de uma associação das empresas CSN e Vale que,
em 1998, através de um leilão público ganharam o direito de explorar a área do porto de
Sepetiba, passando a ser a concessionária do Terminal de Contêiner.
51
O terminal possui uma aérea total de 400.000m², 3 berços de atracação e já recebeu até
o início de 2011 US$75,6 milhões em investimento com um planejamento de receber até 2015
mais 426,1 milhões. Os investimentos estão voltados para a extensão do porto e aumento do
calado, para permitir a atracação de navios maiores e para a aquisição de novos equipamentos.
Um dos principais serviços do Sepetiba Tecon é servir como Hub Port para o país.
Além da localização privilegiada para a região Sudeste, o Terminal possui o calado mais
profundo quando comparado aos outros terminais da região, o que permite a atracação de
navios de grande porte, favorecendo o serviço de Hub Port.
O gráfico a seguir apresenta a movimentação de contêineres por unidade no Sepetiba
Tecon nos últimos 10 anos.
Gráfico 3 – Movimentação de contêinere no Sepetiba Tecon
Fonte: Sepetiba Tecon, 2011
4.2.4 TECON SANTOS
A Santos Brasil foi criada em 1997 para, através de uma concessão, operar o Terminal
de Contêineres de Santos. Hoje, a empresa possui uma área de 596 mil m² e já investiu R$ 1,8
52
bilhões. Além de Santos, a empresa ainda possui outros dois terminais de contêineres, um em
Vila do Conde- PA e outro de Imbituba- SC, e um terminal de exportação de veículos no
próprio Porto de Santos. Outro serviço prestado pelo grupo se refere-se a de operador
logístico, que atende o cliente em todas as etapas da cadeia logística, do porto até a sua
distribuição. (Fonte: Site Santos Brasil). Esse estudo será focado no Terminal de Contêineres
em Santos.
A movimentação de contêineres nos últimos 14 anos no Porto de Santos cresceu
14,74%. Segundo A ABRATEC, em 2011, o número de contêineres movimentados neste
terminal foi de 1.915.292. No gráfico abaixo, está apresentada a movimentação no Porto de
Santos nos últimos 14 anos.
Gráfico 4 – Movimentação de contêiner na Santos Brasil
Fonte: Santos Brasil, 2011
53
A Santos Brasil é uma empresa de capital aberto e está entre as companhias listadas
como nível 2 na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), o que quer dizer que ela se
compromete com uma séria de exigêncisa impostas (para a melhoria de prestação de
serviços), além de adotar um conjunto de regras para a governança, afim de focar no direito
dos acionistas minoritários.
Com relação às suas certificações, a empresa possui a certificação ISO e o Tecon
Santo foi reocmendado a receber ainda o OHSAS 18001, que é uma certificação internacional
voltada para a saúde e segurança do trabalho.
A empresa possui uma previsão de investimento para os próximos 5 anos de 126
milhões de dólares. Nos últimos anos os principais investimentos foram na área de
informatização com a plataforma Enterprise Resource Planning e um software de
Gerenciamento de Terminais de Contêineres (Fonte: Site Santos Brasil).
4.2.5 TECON RIO GRANDE
A Wilson Sons, por meio de uma Licitação, ganhou o direito de administrar o
Terminal de Contêineres de Rio Grande e, em Março de 1997, começou as suas operações.
A empresa investiu mais de US$ 100 milhões nos últimos 14 anos com o objetivo de
ampliar e modernizar o Terminal. É importante lembrar que a empresa possui um acordo com
o Governo na qual especifica um cronograma de investimentos no Terminal.
O Terminal de Rio Grande, ao longo dos anos, teve o tamanho do seu cais triplicado e
o sistema de gerenciamento operacional é hoje um dos mais informatizados do mercado.
Além disso, hoje, o Terminal possui uma área total de 735.000m².
O Tecon de Rio Grande movimenta 99% da carga conteinerizada que passa pelo porto
de Rio Grande (WILSON SONS, 2011).
54
Gráfico 5 – Movimentação de contêiner no Tecon de Rio Grande
Fonte: ABRATEC, 2011
4.2.6 TECON SALVADOR
No ano 2000, a Wilson Sons, por meio de uma concessão, começou a operar o
Terminal de Contêineres de Salvador. Desde o ano de sua instalação, até hoje, a empresa já
investiu mais de 240 milhões de reais no terminal em compra de equipamentos, tecnologia e
recentemente na expansão do terminal.
O Tecon Salvador, foi considerado o melhor operador portuário da Região
Norte/Nordeste e o 4º melhor do Brasil pelo estudo feito pela Coppead em 2010. A
movimentação de contêineres nos últimos 10 anos aumentou cerca de 435%, conforme ráfico
a seguir (WILSON SONS, 2011).
55
Gráfico 6 – Movimentação de contêiner no Tecon de Salvador
Fonte: WILSON SONS, 2011
Em processo de expansão, o Tecon prevê terminar suas obras ainda em 2012 quando
contará com 2 berçoes e atracação e uma área de 118.000m².
56
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Nesse capítulo, serão apresentados os resultados obtidos, a partir das entrevistas com
os dirigentes das empresas selecionadas descritas no capítulo anterior, mostrando a relação
com a teoria institucional e, posteriormente, uma discussão dos resultados.
5.1 ANÁLISE
Após a realização da pesquisa com a Multirio, Santos Brasil, Sepetiba Tecon, Rio
Grande e Tecon de Salvador, foi feita uma análise comparativa nas respostas dos
participantes, que será apresentada a seguir. De maneira a não revelar a identidade dos
entrevistados e nem as suas respectivas empresas, o que foi solicitado pela maioria, foram
utilizadas nomenclaturas A, B, C, D, E e F nas citações.
A primeira pergunta do questionário foi uma indagação de caráter amplo para
contextualizar o setor. Todos os entrevistados afirmam que para os terminais de contêineres
existentes no Brasil, o mercado é promissor e que boa parte disso dá-se pelo aumento do
comércio internacional e pela conteinerização das cargas. Os terminais estão investindo em
novos equipamentos e na modernização para melhorar a qualidade dos serviços, e a
perspectiva é que os investimentos continuem aumentando.
O mercado de terminais de contêineres tem observado um grande crescimento a
partir da privatização dos portos públicos empreendida pelo Plano Nacional de
57
Privatizações - PNE, do Governo Fernando Henrique Cardoso no final dos anos 90
(C).
Ao serem perguntados sobre a parceria com o setor público (pergunta 2), 1/3 dos
respondentes afirmam que de forma geral veem a parceria como boa para os terminais, pois
verificam que o governo, através da SEP/ANTAQ, fortalecem a condução do diálogo entre os
Terminais além de formularem importantes projetos de melhoria na infraestrutura. Os outros
2/3, entretanto, verificam um excesso de regulação por parte do governo, que acaba por adotar
regras gerais para todos os Terminais no Brasil sem verificar as particularidades de cada um.
Quando perguntados sobre o papel do governo durante e após o processo de licitação,
eles afirmaram que há fiscalização para verificar se estão cumprindo o edital, entretanto
lembram que as metas de investimentos traçadas pelo governo para os concessionários não
reflete a realidade, pois o setor cresceu tanto que o grau de investimento foi muito maior do
que o esperado. Em um terminal foi informado que a fiscalização era muito rígida até pouco
tempo atrás.
O Governo no processo de privatização dos terminais de contêineres não regulou o
valor e a forma dos investimentos, mas os concessionários comprometeram a efetuar
certas obras de infraestrutura, manter um número mínimo de equipamentos e
alcançar volumes mínimos ao longo da concessão. O comprometimento de volumes
fez parte do contrato de concessão, variando para cada terminal. No caso do
Terminal X o comprometimento mínimo foi de 363 mil teus a partir do 6o ano de
arrendamento, sendo que a empresa superou em muito este comprometimento
mínimo, pois movimentou cerca 800 mil teus no 6o ano e cerca de 1.500 mil teus em
2011, sendo sua capacidade atual de 2.200 mil teus (C).
A pergunta 3 tratou do papel das instituições do setor (SEP, ANTAQ e ABRATEC)
no dia a dia das empresas. Todos os respondentes concordam que a SEP é de extrema
importância para o desenvolvimento do setor. Segundo o entrevistado B: “A SEP veio ocupar
uma lacuna importante existente no sistema portuário, com melhorias na gestão das Cia.
58
Docas e como destaque para a implementação de projetos de dragagem”. Todos também
concordam com a presença da ABRATEC, como essencial para defender os interesses do
setor perante o governo e outras instituições. Além de ser um espaço de convivência entre as
empresas e de discussão para melhorias do setor.
Já o posicionamento sobre a ANTAQ não foi unânime. Enquanto 1/3 dos respondentes
veem a sua participação no dia a dia do Terminal como algo positivo, importante e que
“agrega valor ao negócio, auxiliando na evolução da melhoria dos serviços portuários” (D),
2/3 acreditam que a ANTAQ possui excesso de regulamentos inibindo novos investimentos
da iniciativa privada nos portos públicos. O entrevistado A vê a ANTAQ como um padrão,
um órgão que centraliza em si as normas que deverão ser aplicadas de forma igual a todos os
terminais que atuam sobre diferentes perspectivas.
Ao solicitar a opinião sobre se as instituições do setor ajudam ou não a diminuir as
incertezas no momento da tomada de decisão (pergunta 4), pois segundo a Teoria
Institucional esse seria um dos papéis da Instituição, o entrevistado F acha que as Instituições
do setor, em geral, diminuem, mas não eliminam as incertezas. O entrevistado E acredita que
o papel das Instituições é o de “promover o diálogo com os outros concessionários” e que
“essas trocas são fundamentais para o desenvolvimento do setor”. O entrevistado C também
concorda e acrescenta que as instituições “consolidaram o marco regulatório do setor
portuário, que confere maior segurança para os investimentos do setor privado, quer de
capitais nacionais como capitais externos”.
A quinta pergunta versa sobre a cultura coorporativa da empresa e se a mesma é
moldada a partir de influência das instituições. Apenas 2 empresas negaram qualquer tipo de
influência das instituições na cultura coorporativa da empresa. As outras declararam que há
influência, mas não a veem como algo negativo e, sim, como algo que, de uma certa maneira,
59
constrói um ambiente colaborativo. O entrevistado B, no entanto, vê essa influência na cultura
da empresa como algo que traz excesso de controle e procedimentos.
Em seguida os entrevistados foram perguntados se havia homogeneidade nas ações
das empresas operadoras de contêineres e se, caso positivo, eles acham que isso era devido a
influências das instituições (pergunta 6). A maioria dos entrevistados concordam que há uma
homogeneidade entre as ações devido as regras que são estabelecidas pelos contratos de
concessão e pela regulação imposta pela ANTAQ, que é a mesma para todos os terminais,
sendo assim, a ANTAQ acaba servindo como um norteador para as ações das empresas ao
dispor as regras formais que as empresas devem seguir. A empresa F assim como a B, apesar
de concordarem que na ANTAQ há uma homogeneidade no que tange as atitudes ligadas a
regulação do setor, lembram que cada empresa possui a sua cultura empresarial e que estão
inseridas em locais diferentes, em mercados diferentes.
Foi perguntado, também, se há pressão social na definição das estratégias das
empresas (pergunta 7). Todas as empresas concordaram que há pressão social sim, como, por
exemplo, pressão para contratação de mão de obra local. As empresas procuram sempre
manter o diálogo com a comunidade. A empresa A possui um profissional específico para
lidar com a comunidade local, fazendo a interação deles com a empresa.
O controle social será cada vez mais intenso devido à impossibilidade de eliminar
as externalidades negativas geradas pela operação de uma empresa. Analisar os
riscos sociais e ambientais passa a ser uma rotina e tem o mesmo peso da analise
econômica. A relação com as comunidades deve ser transparente, sincera onde o
‘’saber ouvir’’ é fundamental na promoção do dialogo. Estamos caminhando para
um novo patamar civilizatório e o negocio faz parte deste novo contexto (E).
A pergunta 8 solicitou a opinião dos entrevistados para saber se há interferência no dia
a dia da empresa em um período de transição institucional. As empresas A, B e C acreditam
que não há interferência, já as outras 3 empresas verificam interferência, pois o negócio
60
“operação portuária” depende de vários fatores que são impactados pelos governos. Quando
perguntados sobre que atitude que tomam nesses períodos, a resposta foi unânime: nesses
casos a companhia procura interagir com o governo de forma a manter o bom relacionamento.
A penúltima pergunta (9) solicitou a opinião dos entrevistados sobre o governo
brasileiro e suas políticas no setor portuário. Todos os entrevistados possuem uma percepção
positiva no que trata as políticas do governo e acreditam que o setor está passando por
importantes mudanças com as políticas melhorando, mas ainda precisando de alguns ajustes.
O entrevistado C, assim como o A fizeram questão de citar a importante participação da SEP,
pois é um órgão do Governo focado estrategicamente no setor.
Com a criação da ANTAQ e da SEP o governo conseguiu dar foco na
administração pública para este setor estratégico. Nos últimos anos foram
retomados investimentos em infraestrutura portuária, foi consolidado o marco
regulatório do setor e foi traçado o plano geral de outorgas. O grande desafio do
governo nos próximos anos será garantir a continuidade dos investimentos, através
da oferta de novas áreas públicas ao setor privado através de licitações (C).
Para finalizar a entrevista, foi perguntado se o entrevistado gostaria de abordar mais algum
assunto ou sugerir mais algum entrevistado. A empresa A falou da importância dos CAPs
(Conselho de Autoridade Portuária) e de como seria importante dar maior poder a eles, pois
além de terem representados todos os atores que estão envolvidos no setor portuário, eles são
voltados para a região em que estão, prevendo políticas e investimentos específicas ao
Terminal da sua região. Já a empresa F abordou o perfil das exportações brasileiras, hoje, que
são principalmente de commodities. Segundo ele, ampliar a exportação para
semimanufaturados e manufaturados é fundamental para o crescimento do negócio. Todas as
empresas ressaltaram a importância da ABRATEC em seu dia-a-dia e no que tange a
representação do setor pera o governo. Segundo eles, a ABRATEC é essencial para lutar
pelos interesses dos operadores de contêiner em aérea pública.
61
5.2 DISUSSÃO DE RESULTADOS
Após a análise das entrevistas e dos dados secundários, pode-se identificar que as
instituições brasileiras, no setor portuário, mais especificamente nesse estudo sobre as
empresas que atuam nos Terminais de Contêineres de uso públicos, possuem grande
influência no dia a dia dessas empresas, principalmente no que tange a regulação. Por serem
empresas que participaram de licitação e por estarem presas a um edital, devem cumprir o que
foi acordado sendo fiscalizadas por isso. Essa fiscalização é feita pela ANTAQ.
A privatização da prestação do serviço dos Terminais de Contêineres de uso público
foi importante para potencializar os investimentos nesses Terminais. Além disso a parceria
público-privada foi importante para definir as áreas de investimentos que cada um (governo e
empresa) seria responsável. Enquanto o setor privado fica responsável pelo investimento em
equipamentos e nas instalações portuárias, o governo fica responsável pelo investimento na
construção e manutenção da infraestrutura portuária. Entretanto, o grande questionamento das
empresas se dá pelo fato de que o excesso de normas e regras impostas pelo governo acaba
por retardar e às vezes até atrapalhar o investimento no setor. Projetos como o aumento do
berço de atracação estão demorando a serem aprovados, o que atrapalha a prestação de
serviço por parte de terminais, limitando o porte dos navios que estes podem receber.
Foi verificado, também, que as instituições do setor são vistas de maneiras distintas.
Enquanto todos concordam com a importância da SEP, que era uma demanda antiga do setor,
para ter um órgão voltado especificamente para os Portos e assim focar em sua atividade de
modo a verificar as suas necessidades e assim poder realizar investimentos específicos, a
ANTAQ é vista pela maioria como um órgão extremamente regulador, o que acaba por tirar
um pouco da independência das ações e iniciativas por parte dos terminais de contêineres. Já a
ABRATEC é, segundo todos os entrevistados, o órgão mais importante, pois ele funciona
62
como o porta-voz das empresas junto ao governo, sendo essencial para as revindicações do
setor.
Com o verificado acima, pode-se concluir que a parceria com o setor público é, em
partes, importante para as empresas do setor, uma vez que há uma parceria na aérea de
investimentos e na sua representatividade, entretanto o excesso de regulação por parte da
ANTAQ e por essas regras serem iguais para todos os terminais, independente do ambiente
em que estão inseridos, atrapalha a evolução de alguns projetos e burocratizam mais o dia-a-
dia dessas empresas.
Na Teoria Institucional, Douglas North (1990) resumidamente indica como papel das
Instituições: definir através de regras formais o que deve ou não ser feito; nortear o
relacionamento entre as empresas. Fazendo um paralelo entre a Teoria e realidade do setor,
pode-se dizer que a ANTAQ faz o papel de regulador, definindo as regras, e a ABRATEC faz
o papel do norteador do relacionamento entre as empresas.
Outro ponto defendido por Douglas North (1990) sobre o papel das Instituições é o
fato de atuarem como auxiliadoras na tomada de decisão, a fim de reduzir as incertezas. Foi
constatado uma característica importante de que cada instituição ligada ao setor possui uma
visão diferente das empresas. A SEP é vista como o órgão objetivo para as ações do setor, cria
programas, projetos e os executa. Já a ANTAQ é tida como o órgão com excesso de
regulação. A ABRATEC, no entanto, se encaixa no papel de instituição descrita acima, pois
as empresas acreditam que essa associação é espaço de convivência entre as empresas e de
discussão para melhorias do setor. Apesar de as questões comerciais não serem discutidas no
âmbito da ABRATEC, ou seja, não há compartilhamento de decisões estratégicas, a mesma
serve para compartilhar as questões políticas e institucionais e às decisões político-
estratégicas. Sendo assim, pode-se concluir que essa instituição ajuda as empresas no que
tange as decisões políticas e a institucionais. Já com relação às decisões estratégicas, como
63
por exemplo, decisão de investimento e compras de equipamentos, não há qualquer auxílio
por parte dessa Instituição, pois essas decisões são tomadas no âmbito interno de cada
empresa. Com isso, pode-se concluir que os entrevistados não verificam nem na SEP nem na
ANTAQ o papel da instituição como o órgão que irá auxiliar as empresas. Segundo eles,
apenas a ABRATEC cumpre esse papel.
De qualquer maneira, pode-se afirmar que a teoria de North (1990) de que as
instituições auxiliam as empresas a tomarem atitudes e decisões quando não se tem pleno
conhecimento de causa é verdade. Como exemplo se pode apresentar a questão recente
enfrentada pelo setor envolvendo os terminais privativos, por serem contra a decisão do
Governo de que esses terminais também poderão operar carga de terceiros. A ABRATEC,
como representante dessas empresas, defende junto ao governo os seus interesses. Ou seja, em
vez de cada empresa tentar defender os seus interesses individualmente e de maneira isolada,
a ABRATEC atua em nome de todas elas o que faz com que tenham mais forca em suas
reivindicações.
A Teoria Institucional apresenta, também, a ideia de que há influência por parte das
instituições na cultura da empresa e de que há pressão social nas definições estratégicas das
mesmas. Com relação ao primeiro ponto a resposta não foi unânime, mas a maioria dos
entrevistados concordam com a Teoria e afirmam que há influência das instituições em sua
cultura coorporativa. Uma vez que o convívio das instituições com as empresas é muito
intenso e que as instituições estão muito presentes no dia-a-dia das empresas, não é surpresa o
fato de ter uma influência dessas instituições na cultura da empresa. Entretanto, essa
influência nem sempre é positiva. O que muito foi alegado é que a empresa, ás vezes, acaba
por se ter, também um excesso de regulação para poder conviver com as suas instituições. O
segundo ponto é uma realidade no dia a dia das empresas.Todas as empresas concordam com
64
a teoria de que sofrem pressões sociais, seja para a contratação de mão-de-obra local, seja
para ter planos de preservação do meio ambiente.
Outro ponto muito trabalhado na Teoria Institucional é o momento de transição
institucional e de como isso pode trazer incerteza para as empresas, dando uma sensação de
“estar pisando em ovos”, por não estar claro o que está por vir. Os entrevistados se dividiram
quanto a essa pergunta. Foi constatado que enquanto alguns não acham que esse momento
influencia a evolução de seus negócios, outros acreditam que há influência sim, uma vez que
como as Instituições do setor são tão fortes no dia a dia das empresas, o momento de transição
institucional é importante, pois as empresas necessitam cultivar um novo relacionamento de
forma a manter o bom relacionamento com as instituições.
Através das entrevistas, foi possível analisar, na prática, os principais pontos da Teoria
Institucional nas empresas, podendo, assim, concluir que a Teoria se encaixa muito bem na
análise do setor em questão.
Os governos tentam controlar o setor, devido ao seu papel primordial para a economia
brasileira, por meio de regras e normas. Desta maneira, as organizações buscam a
legitimidade de seus atos, mas na maioria das vezes esta legitimidade não é atingida devido a
necessidade de cumprimento de regras e normas.
Sobre os terminais de contêineres privados de uso público, constatou-se que este setor
é afetado pelas instituições que o cercam, seja pela parceria com o setor público que as fazem
depender umas da outras, seja pelo excesso de regulação a que estão sujeitas. A participação
das instituições no funcionamento desses terminais não foi definida como totalmente positiva
ou negativa, uma vez que foram analisados lados bons e ruins nessa convivência. Pode-se dar
como exemplo do lado bom dessa parceria, o papel da ABRATEC como representante dos
interesses das empresas perante o governo e como lado negativo o excesso de regulação da
65
ANTAQ e do seu não tratamento diferenciado aos tTerminais, analisando as necessidades e
realidades de cada um.
66
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os concessionários privados que, por meio de licitação, ganharam o direito de operar o
porto público, mantêm ligação estreita com o Governo. Esse vínculo se faz presente, entre
outras maneiras, por meio das relações com as instituições do setor.
A presença das instituições governamentais consideradas no presente trabalho -
ANTAQ e SEP - vai desde a regulação do setor, passando pela fiscalização até a definição de
políticas e de diretrizes específicas. A presença da ABRATEC, no entanto, se diferencia
daquelas de caráter governamental, pois, primeiramente, foi constituída pelas próprias
empresas. Essa última, ademais, tem como objetivo primordial defender os interesses das
empresas associadas perante o Governo ou sempre que necessário.
O presente trabalho objetivou examinar a influência dessas instituições nas atividades
das empresas, usando a Teoria Institucional como base. Foram consideradas as ideias
desenvolvidas por teóricos como North (1990, 2009), Peng (2003) e Scott (1994), entre
outros. Com os resultados obtidos, foi possível identificar que há influências negativas e
positivas das instituições nas atividades das empresas. Do aspecto negativo, cabe citar o
excesso de normas e de burocracia, além de políticas não diferenciadas. Do lado positivo,
faz-se importante ressaltar o apoio a investimentos no setor e a representação e defesa dos
interesses dos concessionários junto ao governo.
Pode-se concluir que as instituições são muito influentes junto às empresas
concessionárias dos terminais de contêineres de uso público; principalmente por serem
67
concessionárias e estarem atreladas a um edital. Além de toda a importância estratégica que o
setor possui para o comércio internacional brasileiro, o que já atrairia a atenção do Governo
para o setor, o fato de existir um edital de licitação apenas faz com que essa atenção aumente.
Foi notado que muitos dos entrevistados não se sentiram à vontade com algumas
perguntas, principalmente as que tratavam diretamente do relacionamento com o Governo.
Foi visível a diferença de profundidade nas respostas quando comparadas às perguntas mais
gerais, sendo evasivos e menos diretos. Com isso, pode-se concluir que a influência das
instituições governamentais é muito presente nessas empresas.
A despeito da relevância quanto ao número de concessionários entrevistados – cerca
de metade dos associados da ABRATEC - as limitações da pesquisa dão-se pelo número
reduzido de entrevistados por empresa, parte devido ao tempo disponível para realizar as
entrevistas, parte devido à dificuldade em encontrar dirigentes de empresas disponíveis para
participarem da pesquisa. Deve ser considerado também, o fato de se tratar diretamente de
assuntos sensíveis para as empresas, impedindo, muitas vezes, respostas diretas e abordagens
mais estratégicas.
Dentre as considerações finais, assinala-se como sugestões para pesquisa futura:
· Realizar um estudo comparativo entre os terminais de uso público e os terminais
privativos para que possa ser verificado se a participação das instituições é tão
presente nesse último como no primeiro. Seria interessante verificar se, o fato de os
terminais privativos não estarem atrelados a um edital de licitação, para traçar seus
caminhos, faz com que eles sofrem com uma fiscalização menos severa e com menos
interferência;
· Realizar um estudo comparativo entre as empresas cocessionárias do setor portuário e
de um outro setor selecionado que seja regulado por instituições públicas.
68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOIAÇÃO BRASILEIRA DOS TERMINAIS DE CONTÊINERES DE USO PÚBLICO
(ABRATEC). Disponível em: <http://www.abratec-terminais.org.br>. Acesso em 01 mai.
2012.
BIANCHI, E., IKEDA, A., Analisando a grounded theory em administração. Universidade de
São Paulo.
BRASIL. Lei no 8.630, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre o regime jurídico da
exploração dos portos organizados e das instalações portuárias e dá outras providências.
Brasília: Congresso Nacional, 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8630.htm>. Acesso em: 03 nov. 2011.
BRITO, P., Muito a Navegar: Uma análise logística dos portos Brasileiros. Rio de Janeiro:
Topbooks, 2010. 136p.
COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de Pesquisa em Administração. 7ª ed. Porto
Alegre: Editora Bookman, 2003.
69
CURCINO, G.A. Análise de adequabilidade de portos às novas teorias e práticas
portuárias: um estudo de caso no porto de Belém. 2007. Dissertação (Mestrado). Brasília:
Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, 2007.
DACIN, M., OLIVER, C., ROY, J., The legitimacy of strategic alliances: an institutional
prespective.Strategic Management Journal, v. 28, p. 169-187, 2007.
DIELEMAN, M.; SACHS, Wladimir M. Coevolution of institutions and corporations in
emerging economies: how the Salim group morphed into an institution of Suharto’s crony
regime. Journal of Management Studies, 2008.
DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and
collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 2, p.
147 - 169, 1983.
FERNANDES, E; MAIA A. Métodos e Técnicas de Avaliação: Contribuições para a prática
e investigação psicológicas. Braga: Universidade do Minho, 2001.
FLICK, U. Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3 ed. Porto Alegre: Artmed e Bookman,
2009.
FORTES, M. S., Portos: soluções para o crescimento. Revista Brasileira de Comércio
Exterior, n. 103, p. 58-64, 2010.
GIL, A.C., Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
GOULDING, C., Grounded Theory: The missing methodology on the interpretive agenda.
Qualitative Market Research. v. 1, n. 1, p. 50-60, 1998.
HILL, C. W. L. Organizational Structure, the Development of the Firm and Business
Behavior. The Economic Management of the Firm, pp. 52-71, 1984.
70
HILL, C. W. L.; JONES, G. R. Strategic management theory: an integrated approach. 4.ed.,
Boston: Houghton Mifflin Company, 1998.
HOSKISSON, R. E., EDEN, L., LAU, C. M., WRIGHT, M. Strategy in Emerging
Economies. Academy of Management Journal, p. 540-561, 2008.
JACKSON, G., DEEG, R., Comparing Capitalism: understanding institutional diversity and
its implications for international business. Journal of International Business Study, v. 19,
n. 3, p. 411, 1988.
JEPPERSON, R.L., Institutions, Institutional Effects, and Institutionalism. University of
Chicago Press. pp. 143-63, 1991.
KEIM, D., HILMAN, J., BONARDI, J.P., The Attractiveness of Political Markets:
Implications for firm strategy. Academy of Management Review; Vol. 30 pp. 397-413, 2005.
KELMAN, J. Desafio dos Reguladores. Rio de Janeiro: Synegia. 2009, 284p.
KHANNA, T., PALEPU., K.G., Emerging Giants. Harvard Business Rewiew, p. 1-11, 2006.
KOGUT, B., SINGH, H., The effect of national culture on the choice of entry mode. Journal
of International Business Study, v. 19, n. 3, p. 411, 1988.
KOSTOVA, T., ROTH, K., DACIN, M., Institutional Theory in the study of multinational
corporations: a critique and new directions. Academy of Management Review, nº 4, p. 994-
1006, 2008.
MEYER, K. E. et al. Institutions, resources, and entry strategies in emerging
economies.Strategic Management Journal, v. 30, p. 61-80, 2009.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9 ed. revista
e aprimorada. São Paulo, Hucitec, 2006.
71
OLIVER, Christine. Strategic responses to institutional processes. Academy of Management
Review, v. 15, n. 1, p. 145-179, 1991.
OLIVER, C. Sustainable competitive advantage: combining institutional and resource based
views. Strategic Management Journal, v.18, n.9, p. 697-713, 1997.
OLIVEIRA, C. Portos e Marinha Mercante. São Paulo: Aduaneiras, 2005. 252p.
OLIVEIRA, C. Modernização dos Portos. São Paulo: Aduaneiras, 2000. 242p.
PENG, M. W. Institutional Transitions and Strategic Choices. Academy of Management
Rewiew, nº 2, p. 275-296, 2003.
PENG, Mike W.; HEATH, Peggy S. The growth of the firm in planned economies in
transition: institutions, organizations, and strategic choice. Academy of Management
Review, v. 22, n. 2, p. 492-528, 1996.
PHILLIPS, N., TRACEY, P., KARRA, N., Rethinking institutional distance: strengthening
the tie between new institutional theory and international management. Strategic
Organization, v. 7, 2009.
Projeto que permite exploração de portos privados é debatido em audiência pública. Portos e
Navios. Disponível em: http://portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/portos-e-
logistica/15540-projeto-que-permite-exploracao-de-portos-privados-e-debatido-em-audiencia-
publica. Acesso em 17 jun 2012.
RAMAMURTI, R., Developing countries and MNE’s: extending and enriching the research
agenda. Journal of International Business Studies, nº35, p. 277-283, 2004.
SCHRAMM, W., Notes on case studies of instructional media projects. Academy for
Educational Development, Washington, DC, 1971.
72
SCHWAB, KLAUS (Ed.). The global competitiveness report 2009-2010. Geneva: World
Economic Forum, 2009. Disponível em:
http://www.weforum.org/pdf/GCR09/GCR20092010fullreport.pdf>. Acesso em: 12 mai.
2011.
SELZNICK, P. Institutionalism “old” and “new”. Administrative Science Quarterly, v. 41,
p. 270-277, 1996.
SCOTT, W. R. The adolescence of institutional theory. Administrative Science Quarterly,
n.32, p. 493-511, 1987.
SUCHMAN, M., Managing Legitimacy: Strategic and Institutional Approaches. Academy of
Management Review, vol. 20, n. 3, p. 571-610, 1995.
TECON RIO GRANDE. Disponível em:
<http://www.tecon.com.br/site/content/infra_estrutura/index.php>. Acesso em 02 jun 2012.
Tecon Rio Grande: a cultura organizada de uma empresa em contínua ascensão. Revista
Eletrônica de Gestão Contemporânea. Disponível em:
http://www.atlanticosul.edu.br/rg/revista/artigos_revista/edica_especial/artigo_tecon_ok.pdf,
Acesso em 03 jun 2012.
TIHANYI, Laszlo; HEGARTY, W. Harvey. Political interests and the emergence of
commercial banking in transition economies. Journal of Management Studies, 2007.
TONG, Tony W.; REUER, Jeffrey J.; PENG, Mike W. International joint ventures and the
value of growth options. Academy of Management Journal, v. 51, n. 5, p. 1014-1029, 2008.
VALE, M., Portos: Abertura e Modernização. 1993. 207p.
73
YAMAKAWA, Y.; PENG, M. W.; DEEDS, D. L. What drives new ventures to
internationalize from emerging to developed economies? Entrepreneurship: Theory &
Practice, v.32, n.1, p. 59-82, 2008.
YIN, R. K. Estudo de Caso – Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.
______. Portos Brasileiros: Diagnósticos, Políticas e Perspectivas. Comunicados IPEA, n.
48, 2010.
_______. Análise de Desempenho Setorial: Exercício de 2011. Comissão Portos, 2011.
_______. Panorama Aquaviário. Agência Nacional de Transportes Aquaviários, V. 6, 2011
_______. Plano Nacional de Logística Portuária. Portos do Brasil. Disponível em:
<http://www.portosdobrasil.gov.br/programas-e-projetos/plano-nacional-de-logistica-
portuaria/plano-nacional-de-logistica-portuaria>. Acesso em 29 abr. 2012.
______. Plano Nacional de Logística Portuária será concluído até o final do ano. Disponível
em: < http://www.controledaqualidade.com.br/?p=1124>. Acesso em 40 abr. 2012
______. Plano de Dragagem. Brasil Global Net. Disponível em: <
http://www.brasilglobalnet.gov.br/SetorPortuario/frmDragagemP.aspx>. Acesso em 22 abr.
2012
74
APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA
Nome:
Grupo:
Cargo:
Formação Acadêmica:
Experiência Profissional:
Data:
Hora:
Entrevistador 1:
1. Como você avalia a evolução do setor de terminais de contêineres e quais as
perspectivas futuras?
2. Na portaria 108, o governo, ao dispor os capítulos que irão reger a Licitação, define
um capítulo apenas para as obrigações do Concessionário para explorar a área, no que
tange à infraestrutura e instalações portuárias. Como você vê o papel do governo no
momento pós licitação ? Como você vê essa “parceria” com o setor público ?
3. Como você vê a presença do órgão regulador (Antaq e Secretaria de Portos) no dia a
dia da empresa ?
4. Na sua opinião, as Instituições do setor Portuário ajudam a diminuir as incertezas no
momento da tomada de decisão e até de relacionamento com as outras empresas do
setor ?
5. Como você definiria a cultura coorporativa da sua empresa ? Ela é moldada a partir da
influência de instituições ? Há influência/apoio político ?
6. Você vê uma homogeneidade nas ações das empresas portuárias operadoras de
contêineres ? Seguem um mesmo padrão ? Caso positivo, você acha que esse padrão
deve-se à presença da Antaq, que podemos entender como as regras formais do jogo ?
7. Há pressão social na definição estratégica da empresa ? Como por exemplo onde
investir ? Como investir ? Como lidar com a comunidade do local onde o investimento
está ocorrendo ?
75
8. O período de transição institucional (exemplo: mudança de governo) interfere na
evolução do negocio ? Se sim, como a Cia se comporta nesses momentos ?
9. Qual a sua opinião sobre o governo brasileiro e suas políticas no setor portuário
10. Existe mais algum ponto que você acha importante mencionar sobre o assunto
abordado em nossa entrevista? Gostaria de sugerir outros profissionais para fazer parte
desse estudo?
76
APÊNDICE B - LISTA DE EMPRESAS ENTREVISTADAS
MULTIRIO
LIBRA TERMINAIS – RIO DE JANEIRO
SEPETIBA TECON
SANTOS BRASIL
TECON RIO GRANDE
TECON SALVADOR
77
ANEXO A – FIGURAS FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO SERVIÇO PORTUÁRIO BRASILEIRO
FONTE: BRASIL, 1993