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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL (EDIFÍCIOS) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO-TCC ESTUDO DA APLICAÇÃO DE BIODIGESTORES NA CIDADE DE MISSÃO VELHA/CEARÁ COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA E ENERGÉTICA JOSÉ EDMILSON RIBEIRO VIEIRA JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL (EDIFÍCIOS)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO-TCC

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE BIODIGESTORES NA CIDADE DE MISSÃO

VELHA/CEARÁ COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA E ENERGÉTICA

JOSÉ EDMILSON RIBEIRO VIEIRA

JUAZEIRO DO NORTE, CE

2017

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Comissão Examinadora do Curso de Tecnólogo da

Construção Civil com habilitação em Edifícios, da

Universidade Regional do Cariri – URCA, como

requisito para conclusão do curso.

Orientadora: Prof. Tatiane Lima Batista.

JUAZEIRO DO NORTE, CE

2017

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE BIODIGESTORES NA CIDADE DE MISSÃO

VELHA/CEARÁ COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA E ENERGÉTICA.

JOSÉ EDMILSON RIBEIRO VIEIRA

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JOSÉ EDMILSON RIBEIRO VIEIRA

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE BIODIGESTORES NA CIDADE DE MISSÃO

VELHA/CEARÁ COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA E ENERGÉTICA.

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado

adequado à obtenção do título de Tecnólogo em

Construção Civil em Edifícios e aprovado em sua

forma final pelo curso de Tecnologia da Construção

Civil da Universidade Regional do Cariri.

Juazeiro do Norte, _____ de ______________ de 2017.

Prof. Tatiane Lima Batista (Orientadora)

Universidade Regional do Cariri - URCA

Prof. Esp. Jefferson Heráclito Alves de Souza (Examinador)

Universidade Regional do Cariri - URCA

Prof. Miguel Adriano Gonçalves Cirino (Examinador)

Universidade Regional do Cariri- URCA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu amigo e estimado Senhor Jesus Cristo por ter

estado comigo em toda essa minha imensa batalha e que não me faz desistir fácil de ir em

busca de minhas promessas.

À minha mãe que não está mais aqui, mas sempre sinto a sua presença como se

estivesse me dando força para continuar. Ao meu pai que não está mais aqui também e

não tive convívio como um pai, mas agradeço-lhe por ter contribuído para que eu

nascesse.

À minha amada e querida filha que amo, razão maior do meu hoje e existência.

À minha orientadora que me deu uma grande força, aos meus colegas que me

aturaram no dia a dia e aos meus estimáveis professores, sem exceção de nenhum. Essa é

a vida, tudo tem começo, meio e fim.

Fica a saudade, porém sempre nos encontraremos dentro dos nossos corações e

torcemos para que Deus ilumine a todos.

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RESUMO

O presente trabalho discutiu a utilização do biodigestor como alternativa limpa e barata

de geração de energia elétrica, biofertilizante e de combustível para populações de baixa

renda e como solução para a destinação dos resíduos dos grandes centros urbanos. Foram

abordados exemplos da utilização do biodigestor em alguns países e em algumas regiões

do Brasil e comparações entre a utilização de biodigestores e outras fontes de energia

foram realizadas com o intuito de destacar as vantagens da utilização dessa fonte de

energia. Dois estudos de caso, um real e um fictício, foram realizados tendo como área

de estudo a cidade de Missão Velha – Ceará. Para essas duas situações foram analisados

numericamente os impactos da implantação e utilização de biodigestores, obtendo

resultados satisfatórios.

Palavras – chave: Biodigestores. Energia renovável. Resíduos urbanos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Processo de gaseificação por Biodigestão anaeróbia....................................12

Figura 02- Unidade de gaseificação................................................................................13

Figura 03- Processo de gaseificação por pirólise anaeróbica..........................................14

Figura 04- Biodigestor modelo chinês............................................................................15

Figura 05- Biodigestor modelo indiano...........................................................................15

Figura 06- Biodigestor modelo canadense......................................................................16

Figura 07- Biodigestor urbano da UFMG.......................................................................17

Figura 08- Esquema de funcionamento de um biodigestor.............................................17

Figura 09- Gráfico de comparação entre fontes de energia no Brasil.............................20

Figura 10- Região metropolitana do Cariri.....................................................................30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... ......................................................................................................8

2 OBJETIVOS................................................................................................................10

2.1- Geral...................................................................................................................10

2.2- Específicos..........................................................................................................10

3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................10

4 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................11

4.1 Biodigestor................................................................................................................11

4.1.1- Tipos de biodigestores...........................................................................................11

4.1.2- Funcionamento de um biodigestor........................................................................17

4.1.3- Biogás....................................................................................................................18

4.1.4- Biofertilizante........................................................................................................21

4.2 Análise Das vantagens e desvantagens da utilização de biodigestores................22

4.2.1- Biodigestores urbanos...........................................................................................22

4.2.2- Biodigestores rurais...............................................................................................24

4.3 Biodigestor sertanejo: Projeto Biogás do Sertão..................................................24

4.4 Utilização de biodigestores em outros países..........................................................25

5.4.1-O caso da Alemanha: exemplo de preocupação com resíduos dos centros

urbanos............................................................................................................................27

4.5 Utilização do biodigestor no Nordeste Brasileiro...................................................27

4.5.1- Biodigestores no Cariri: preocupação com o lixão do Juazeiro do Norte e Região

Metropolitana do Cariri...................................................................................................28

5 METODOLOGIA.......................................................................................................29

5.1- Estudo de caso 01: família de baixa renda do município de Missão Velha-CE.......30

5.2 - Estudo de caso 02: avícola no Sítio Logradouro em Missão Velha-CE..................31

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................31

6.1 Análise comparativa entre a utilização de um biodigestor e outras fontes de

energia.............................................................................................................................31

6.1.1- Preço médio de construção de um biodigestor modelo indiano...........................31

6.1.2- Preço médio de instalação de energia fotovoltaica residencial............................32

6.2 Estudo de caso 01: família de baixa renda da cidade de Missão velha.................33

6.3 Estudo de caso 02: Avícola.......................................................................................36

7 CONCLUSÃO.............................................................................................................38

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................39

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1 INTRODUÇÃO

A desigualdade social da população brasileira é uma realidade desde o período colonial,

sendo a divisão de renda um dos fatores que ainda podem ser percebidos na sociedade dos dias

atuais. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do ano de 2016,

mostram que a maior parte da renda produzida no país está concentrada na camada da população

mais rica, camada esta que constitui a menor parcela da população.

Observa-se que, ao longo da história, o Nordeste e o Norte brasileiros foram as regiões

em que esta desigualdade se tornou ainda mais destacada, onde boa parte da população vivia

em condições precárias, com renda insuficiente para suprir suas necessidades básicas. Face a

esta situação, foram desenvolvidos inúmeros programas sociais como tentativa de amenizar o

problema. Dentre esses programas, pode-se citar o programa Bolsa Família e o programa Minha

Casa Minha Vida, já nos dias atuais.

No semiárido brasileiro, o problema da falta de água se torna um agravante da situação,

o que a deixa em destaque para programas sociais e estudos com o intuito de encontrar soluções

para esses problemas sociais e econômicos.

Diante disso, muitos projetos voltados para geração de energia limpa como alternativa de

diminuir o comprometimento da renda dos sertanejos já foram pensados e hoje servem de

modelo para novos projetos. O biodigestor compõe uma dessas tentativas, sendo uma

alternativa que viabiliza a produção de energia a baixo custo quando comparado a outras, como

a energia fotovoltaica e a energia eólica. Por outro lado, os biodigestores também estão sendo

bastante discutidos como uma das alternativas econômicas e viáveis para implementar nos

grandes centros urbanos uma solução capaz de dar destinação para quantidades gigantescas de

resíduos derivados do alto consumo e que estão de maneira constante poluindo rios, entupindo

esgotos, gerando doenças, etc. Como consequência desse alto consumo o meio ambiente sofre

bruscamente e mudanças são ocasionadas, trazendo prejuízos para as comunidades e,

principalmente, para as periferias. Os biodigestores urbanos podem, também, gerar emprego

para população desses centros, contribuindo para geração de renda.

O Brasil, um país continental, se caracteriza como um país agrícola com uma diversidade

de solos produtivos e ricos e rios que circulam internamente em grande extensão territorial,

como, por exemplo, o Rio Amazonas (maior do mundo), São Francisco dentre outros. O Brasil

se destaca no mundo com essa qualificação como um grande produtor de frutas, carnes,

primeiro lugar na produção de soja, etc.

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Diante dessas informações, pode-se associar as soluções para o problema energético com

a produção agrícola e pecuária e também com a captação de grandes quantidades de resíduos

produzidos pelos grandes centros urbanos do país. Para a população de baixa renda do

semiárido, a energia barata produzida pelo biodigestor estaria associada ao resgate das culturas

de algodão e da cana de açúcar, principalmente nos estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba,

com a implantação de células agrícolas e pecuárias e diminuição do êxodo rural. Dessa forma,

os biodigestores alcançariam um destaque gigantesco como uma alternativa limpa de geração

de energia e gás de cozinha e na fertilização do solo com o biofertilzante, unindo as novas

tecnologias, a ação governamental e de ONG’s que seriam de fundamental importância,

principalmente para a questão do semiárido. Nos grandes centros, uma alternativa seria a busca

de parcerias com tecnologias e experiências estrangeiras aliadas às políticas já existentes de

combate às desigualdades sociais. Mediante todas essas informações, este trabalho propõe

discutir sobre a aplicação do biodigestor para a produção de energia elétrica, biofertilizante e

de combustível como auxílio na resolução de problemas sociais e ambientais urbanos e rurais.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Discutir sobre a aplicação do biodigestor como alternativa limpa e barata de geração de

energia elétrica, biofertilizante e de combustível para populações de baixa renda e criadores de

animais.

2.2 Específicos

Expor as vantagens e desvantagens dos biodigestores como alternativa energética;

Analisar a eficiência da utilização do biodigestor utilizando estudos de casos.

3 JUSTIFICATIVA

O processo de utilização do biodigestor possui vários produtos finais: o biogás, que pode

ser utilizado como alternativa ao GLP, os biofertilizantes, como alternativa aos fertilizantes

industriais, e energia elétrica, que pode ser alternativa aos meios tradicionais de produção.

Sendo assim, foi formulado os seguintes problemas:

É vantajoso utilizar o biodigestor como alternativa para produção de energia elétrica,

biofertilizante e de combustível no semiárido brasileiro?

É vantajoso utilizar o biodigestor como alternativa para dar destinação aos resíduos dos

grandes centros urbanos?

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Biodigestor

O biodigestor é um equipamento que transforma o esterco de curral em gás (biogás)

inflamável, que pode substituir o gás de cozinha comprado em botijões (Gás Liquefeito do

Petróleo ou GLP) e tem como subproduto os biofertilizantes, usados na agricultura e também

na criação de peixes. (MATTOS; FARIAS JÚNIOR, 2011).

Segundo Magalhães (1986), o biodigestor é uma câmara na qual ocorre um processo

bioquímico denominado digestão anaeróbia, que tem como resultado a formação de

biofertilizante e produtos gasosos, principalmente o metano e dióxido de carbono (biogás).

4.1.1 Tipos de biodigestores

Os biodigestores se classificam de acordo com o processo de gaseificação em:

biodigestores por biodigestão anaeróbica e biodigestores por pirólise anaeróbica.

O biodigestor anaeróbio é um sistema fechado onde é feita a degradação da matéria

orgânica por ação microbiológica, que geralmente conta com um sistema de entrada de material

orgânico, um tanque onde ocorre a digestão e um mecanismo para retirada de subproduto

(REIS, 2012).

A Biodigestão Anaeróbia se dar pelo processo de decomposição de matéria orgânica que

na ausência do oxigênio gera o biogás e o biofertilizante, resíduo rico em minerais. Há quatro

etapas no processo de biodigestão anaeróbia quando se refere a nível bacteriano que são: a

Hidrólise, a Acidogênese, a Acetogênese e a Metanogênese.

As ligações moleculares complexas (polímeros) como carboidratos, proteínas e gorduras

na Hidrólise são quebradas por enzimas em um processo bioquímico onde essas enzimas são

liberadas por um grupo específico de bactérias dando origem à compostos orgânicos simples

(monômeros) como ácidos graxos, aminoácidos e açucares. A equação abaixo representa esse

processo:

𝑅𝐶𝑂𝑂𝑅 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝑅𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝑅𝑂𝐻

Ex:

𝐸𝑠𝑡𝑒𝑟 + Á𝑔𝑢𝑎 ↔ á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑥í𝑙𝑖𝑐𝑜 + Á𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙

Na etapa da Acidogênese as bactérias fermentativas transformam as substâncias

resultantes da Hidrólise em ácido propanoico, ácido butanoico, ácido láctico e álcoois e também

em hidrogênio e gás carbônico. Nessa fase a quantidade de hidrogênio dissolvido na mistura

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cria uma dependência na formação de produtos e que quanto mais alta a concentração de

hidrogênio existe uma interferência negativa na eficiência da Acidogênese causando o acúmulo

de ácidos orgânicos e com isso o pH da mistura e o processo podem se tornar ineficientes.

Na Acetogênese que é a fase mais delicada do processo as bactérias acetogênicas

transformam o material resultante da Acidogênese em ácido etanoico, hidrogênio e gás

carbônico. Nessa fase é necessário manter o equilíbrio para que a quantidade de hidrogênio

gerado seja absorvida pelas bactérias Archeas que são responsáveis pela Metanogênese.

Na Metanogênese ocorre ação de diferentes grupos de bactérias e que ocorre basicamente

através de duas reações onde se mostra na equação abaixo:

1) 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 → C𝐶𝐻4 + 𝐶𝑂2

2) 𝐶𝑂2 + 4𝐻4 → 𝐶𝐻4 + 2𝐻2𝑂

A geração de metano e gás carbônico derivados do ácido acético ocorre na primeira

reação e o hidrogênio e o gás carbônico que dão origem ao metano e a água na segunda reação

(PORTAL DO BIOGÀS,2013).

Figura 01- Processo de gaseificação por Biodigestão Anaeróbia

Fonte: Portal do biogás, [2013]

O sistema de gaseificação por Pirólise Anaeróbica está baseado em reatores potentes, que

abrangem de, no mínimo, 250 kg/h. Os reatores centrais do processo estão padronizados e

podem ser multiplicados para alcançar a capacidade máxima desejada na execução da pirólise,

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portanto, praticamente, não existe um limite superior. O resíduo é preparado e o gás é tratado

através de sistemas unificados. (W2E BIOENERGIA, [2013]).

A seguir são apresentados exemplos de resíduos que podem ser usados no processo de

gaseificação por pirólise anaeróbica:

- Resíduos agrícolas;

- Resíduos Hospitalares;

- Combustível Derivado de Resíduos Urbanos (CDR);

- Resíduos Sólidos Urbanos (RSU);

- Carvão;

- Pneus;

- Resíduos animais;

- Lascas de madeira;

- Bagaço de cana;

- Biossólidos em geral;

- Lodo de esgotos;

- Biomassas sem exceção.

A Figura 02 representa um sistema de unidade de gaseificação onde ocorre o processo de

pirólise anaeróbica.

Figura 02- Unidade de Gaseificação

Fonte: W2E Bioenergia, [2013].

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A Figura 03 representa o diagrama do processo de gaseificação por Pirólise anaeróbica.

Nele são representadas todas as fases, desde a inserção dos resíduos no sistema, passando por

todas as etapas do processo que engloba a classificação, secagem e distribuição dos resíduos, o

processo de gaseificação propriamente dito e a produção da energia térmica e elétrica, dentre

outras.

Figura 03- Processo de gaseificação por Pirólise anaeróbica

Fonte: W2E Bioenergia, [2013].

Quanto ao modo de operação dos biodigestores, eles podem ser classificados em

biodigestores contínuos ou a batelada. Biodigestores Contínuos são biodigestores que operam

com cargas diárias de matéria orgânica. Essa matéria orgânica é diluída e, se possível, triturada

antes de ser colocada no biodigestor, pois isso evita possíveis entupimentos e formação de

crostas no seu interior. (COELHO, 2012).

Biodigestor a batelada é o que recebe carga total de biomassa (esterco e outros) e somente

é esvaziado após a total conversão da biomassa em biofertilizantes e biogás. Os biodigestores

a batelada são os que funcionam de forma descontinua, ou seja, são alimentados de uma vez,

com uma grande quantidade de matéria orgânica e, depois são fechados hermeticamente (sem

entrada de oxigênio) por um curto período de tempo (podendo variar de 40 até 60 dias). Após

esse período a produção de biogás começa a cair dando indicação de que a matéria orgânica já

foi decomposta. Com isso, pode-se fazer a retirada de 80% da matéria restante (biofertilizantes),

mantendo 20% para fornecer as bactérias necessárias para a decomposição da matéria orgânica

que vai ser colocada na próxima batelada. O biodigestor a batelada foi posto em funcionamento

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regular pela primeira vez em Bombaim, em 1900. Os biodigestores a batelada são mais comuns

em granjas avícolas. (COELHO, 2012).

Os modelos mais comuns de biodigestores são o modelo indiano e o chinês que são

encontrados em maior quantidade nas propriedades rurais e que se adaptam melhor ao modelo

contínuo, os que operam com carga diária de matéria orgânica. (COELHO, 2012).

A Figura 04 representa um biodigestor no modelo chinês e a Figura 05 representa um

biodigestor no modelo indiano. Esses são modelos bastante utilizados no meio rural e de preço

mais acessível.

Figura 04- Biodigestor modelo chinês

Fonte: Andrade et al. (2001).

Figura 05- Biodigestor modelo indiano

Fonte: Andrade et al. (2001).

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Existe também o modelo canadense, menos utilizados do que o indiano e o chinês. A

Figura 06 mostra um biodigestor modelo canadense com capacidade de armazenamento de 250

m³ de líquido em seu interior com 50,5 m de comprimento, 1,8 de profundidade, 4,5m de largura

(na parte superior) e 1,0m de largura (na parte inferior) e com uma membrana constituída de

uma borracha de etileno-propileno-dieno.

Figura 06-Biodigestor modelo canadense

Fonte: Manual de treinamento em biodigestão (2008) apud Rocha (2016).

Ainda podemos citar os biodigestores urbanos que estão ligados diretamente ao processo

de crescimentos de grandes cidades e que são alimentados com os resíduos industriais,

comerciais e residenciais derivados do alto consumo dos grandes centros urbanos (FARIAS

JÚNIOR, 2015).

Como exemplo podemos citar o biodigestor da Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG) que possui um reator de câmara única de resíduos orgânicos. (ROCHA, 2016). A

Figura 06 ilustra esse biodigestor.

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Figura 07- Biodigestor urbano da UFMG.

Fonte: Ferreira (2015) apud Rocha (2016).

4.1.2 Funcionamento de um biodigestor

O funcionamento de um biodigestor pode ser descrito de uma forma bem simples como

ilustra a Figura 08.

Figura 08 – Esquema de funcionamento de um biodigestor.

1

Fonte: PORTAL DO BIOGÁS (2017).

Para o funcionamento do biodigestor, o esterco deverá ser coletado dia a dia e misturado

com água dentro da caixa de entrada (1), na proporção 1:1 de onde passa por um tubo (2) que

1

2 3 4

5

6

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vai para o biodigestor (3). O biodigestor é um tanque, revestido por plástico ou alvenaria, dentro

do qual ocorre a fermentação. Esse tanque é composto por duas saídas: uma para o biogás (5)

e outra para o biofertilizante (4). O biogás passa por uma tubulação que alimenta o fogão, o

motor, a geladeira ou outro ponto de uso. Já o biofertilizante é retirado da caixa de saída (6) e

aplicado nas áreas de cultivo (FARIAS JUNIOR, 2015).

As matérias primas a seguir podem ser utilizadas como fontes de entrada para o processo

da biodigestão.

a) Fezes de suínos;

b) Fezes de bovinos;

c) Fezes de aves;

d) Resíduos orgânicos;

e) Resíduos de abatedouros;

f) Esgoto;

g) Resíduos de cervejarias e vinícolas;

h) Soros de queijo.

O material ou resíduo do qual o biogás é retirado se constitui num substrato

bastante equilibrado com diluição em água, o qual é um meio propício para instalação e

desenvolvimento de vários tipos de microrganismos (bactérias) envolvidos no processo de

fermentação (GRYSCHEK; BELO, 1983).

Cada matéria prima ou fonte de resíduos possui um potencial de geração de biogás

distinto. Quando se fala em resíduos altamente fibrosos, como bagaço de cana e casca de arroz,

considerados de baixa digestibilidade, apresentam então um menor potencial para a produção

do biogás. Já os materiais que são ricos em amidos, proteínas, celulose e carboidratos, como

exemplo os grãos, as gramíneas, os restos de abatedouros e as fezes, apresentam então alto

potencial de produção do biogás (GRYSCHEK; BELO, 1983).

O biogás e o biofertilizante passam a ser subprodutos da biodigestão e estão descritos

com mais detalhes nos tópicos seguintes.

4.1.3 Biogás

O biogás pode ser definido como um tipo de energia renovável. Além do biogás, existem

diversos tipos de energias renováveis, dentre elas:

a) Energia solar;

b) Energia das ondas;

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c) Biodiesel;

d) Energia das marés;

e) Biomassa;

f) Energia hídrica;

g) Energia eólica;

h) Energia geotérmica

As maiores vantagens de todas as energias renováveis, com exceção da energia de

hidrelétricas, estão diretamente ligadas a conservação do meio ambiente.

As desvantagens de algumas dessas energias estão listadas abaixo:

a) Energia eólica – impactos visuais negativos ao meio ambiente e poluição sonora,

custos elevados de investimentos e infraestrutura apropriadas;

b) Energia solar – custos iniciais muito elevados;

c) Energia de hidrelétricas – causam grandes erosões e mudanças bruscas no

ecossistema local;

d) Energia das ondas – bastante dispendiosa;

O gráfico da Figura 09 demonstra a oferta de energia elétrica por fonte em 2011 no Brasil.

Figura 09- Gráfico de comparação de fontes de energia no Brasil

Fonte: Balanço Energético Nacional (BRASIL, 2012, p.16)

O biogás é um composto de gases contendo principalmente metano e dióxido de carbono,

encontrando-se ainda em menores proporções: gás sulfúrico e nitrogênio. O biogás é um

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produto resultante da fermentação de dejetos de animais, resíduos vegetais e de lixo orgânico

industrial ou residencial, com condições devidamente adequadas de umidade. A reação dessa

natureza é denominada digestão anaeróbica onde tem o seu principal componente o gás metano

(60 a 80%).

O Metano (C𝐻4) é um gás incolor, altamente combustível, que quando queimado se torna

então uma chama azul lilás que não deixa fulígem e que polui o mínimo possível e tem um

poder calorífico variando de 5000 a 7000 kcal/m³ podendo chegar até a 12000 kcal/m³, quando

eliminado todo gás carbono (DEGANUTTI et al., 2002).

Segundo Deganutti et al. (2002), um metro cúbico de biogás corresponde a:

a) 0,61 litros de gasolina;

b) 0,57 litros de querosene;

c) 0,55 litros de óleo diesel;

d) 0,45 litros de gás liquefeito do petróleo (GLP);

e) 0,79 litros de álcool combustível;

f) 1,538 kg de lenha;

A conversão do biogás em energia elétrica pode acontecer de diversas formas. Com os

atuais avanços tecnológicos, as conhecidas microturbinas a gás e os motores de combustão

interna de ciclo Otto são as formas mais utilizadas no processo. As microturbinas custam muito

caro e o seu tempo de vida útil operando a gás ainda é pouco (SOUSA, et al., 1995).

Os motores de combustão interna do ciclo Otto para poderem utilizar o biogás como

combustível precisam de pequenas modificações, no entanto não são os mais indicados para

geração de eletricidade. O motor de ciclo diesel com maior robustez e mais barato para uma

mesma potência, comparada ao de ciclo Otto é mais apropriado. A introdução de biogás em

motores de ciclo diesel pode ser obtida mediante as seguintes tecnologias: a ottolização e a

conversão biocombustível diesel/gás (PEREIRA, 2005).

Grandes modificações nos motores são necessárias, na ottolização. O sistema de injeção

de diesel é subtraído e, em seu lugar, instala-se um sistema de carburação do gás ao ar de

admissão e o sistema elétrico com velas para ignição, que passa a ser feita por centelha. Há

necessidades de modificações também nos cabeçotes dos motores para serem adequados a sua

taxa de compressão, já que os motores do ciclo Otto trabalham também com taxas de

compressão inferiores aos motores Diesel. (SOUSA, et al, 1995).

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Na operação biocombustível (diesel e biogás) em motores de ciclo diesel, o gás é

introduzido juntamente com o ar na fase de admissão, e a ignição é efetuada por uma pequena

injeção-piloto de diesel para proporcionar a ignição por compressão e, assim, dar início a

combustão do gás que é admitido no cilindro pelo coletor de admissão. Esse sistema apresenta

a vantagem de não exigir modificações no motor (OBERT, 1971).

4.1.4. Biofertilizante

Biofertilizante é considerado um resíduo aquoso de natureza orgânica que pode ser usado

de forma bastante eficiente na fertilização do solo e que tem origem da fermentação de resíduos

vegetais e animais em biodigestores com a finalidade de se obter o biogás (SOUZA; PEIXOTO;

TOLEDO,1995).

Na fermentação o material orgânico utilizado para produzir o biogás transforma-se em

fertilizante orgânico. Este material não cauda doenças e pragas às plantas, não apresenta odor

e, por isso, não atrai moscas, insetos e roedores, agentes proliferadores e causadores de doenças.

Caso isso venha a acontecer, faz-se necessário aumentar o tempo de retenção hidráulica do

material (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995).

O biofertilizante apresenta maior concentração de nutrientes se comparado ao resíduo

original devido haver grandes perdas de carbono, hidrogênio e oxigênio (SOUZA; PEIXOTO;

TOLEDO, 1995).

A composição média do biofertilizante é: 1,5 a 4,0% de nitrogênio, 1,0 a 5,0% de fósforo

e 0,5 a 3,0% de potássio. Os nutrientes que se encontram no biofertilizante são: cálcio,

magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco, o que lhe garante grandes

vantagens para utilização como complemento ou substitutos de adubos nitrogenados químicos

(PARCHEN, 1979).

O biofertilizante apresenta um pH entre 7,0 a 8,0, ou seja, pouco alcalino e que propicia

o crescimento de microrganismos que são úteis para fertilização da terra, que restabelecem a

vida do solo, levando o equilíbrio do pH. Se o afluente do biodigestor apresenta o pH menor

que 7,0 (afluente ácido) deve-se avaliar o processo, uma vez que este valor indica que a digestão

está incompleta ou com sobrecarga no biodigestor. Já se o afluente apresentar pH superior a

8,0(afluente alcalino) deve-se novamente avaliar a operação, uma vez que este valor indica que

há um excesso de retenção hidráulica (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995).

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4.2 Análise das vantagens e desvantagens da utilização de biodigestores

De um modo geral, pode-se considerar duas facetas de aplicação dos biodigestores, ambas

com resultados positivos e importantes para preservação do meio ambiente e melhoria da

qualidade de vida da população mais pobre.

Para a população que vive na zona rural, o fornecimento de subsídios e incentivos e a

garantia de energia para a sobrevivência do sertanejo no campo é o que se destaca no mundo

moderno como um dos benefícios da utilização dos biodigestores, sem que fique na escuridão

do passado onde só candeeiros e velas traziam luz para suas noites e a queima da lenha para

cozinhar seus alimentos. No que diz respeito a zona urbana, se diminuiria os impactos

ambientais acondicionando os resíduos produzidos em extremo nas grandes cidades, gerando

também assim emprego e renda. Quanto aos proprietários, os biodigestores lhes dariam lucros

financeiros e satisfação em produzir sua própria fonte de energia dentro sua propriedade.

Como desvantagens da utilização do biodigestor pode-se citar a necessidade de

manutenção periódica, que consiste na limpeza da caixa de entrada. A falta de manutenção pode

acarretar problemas na biodigestão e consequentemente na geração do biogás e biofertilizante.

4.2.1 Biodigestores urbanos

Os biodigestores urbanos no Brasil prometem se tornar muito importantes e podem

movimentar a partir de agora uma nova onda de empreendimentos pelo país. A utilização de

biodigestores urbanos é uma solução capaz de dar destinação correta aos resíduos sólidos das

grandes cidades sem agredir o meio ambiente.

Os Aterros Sanitários são grandes geradores de biogás e a qualidade do gás de aterro ou

biogás depende do sistema microbiológico, do tipo de substrato (resíduo) que está sendo

decomposto e das variáveis específicas do aterro como acesso a oxigênio para o aterro. O teor

de gás gerado é o seguinte: aproximadamente 50% de metano e 50% de dióxido de carbono

com menos de 1% de outros componentes gasosos, inclusive sulfetos de nitrogênio (H2S) e

mercaptanos (McBEAN et al., 1995).

Cidades como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro já adotaram as medidas e limitam a

coleta de resíduos sólidos de empresas. Em Salvador, empresas que já geram mais de 300 l/d

(litros por dia) são obrigadas a dar destinação final ambientalmente adequada dos resíduos. Em

São Paulo e no Rio de Janeiro, a legislação é mais dura e atinge empresas que geram 200 a 150

l/d, respectivamente. Assim como na Europa, a tendência a partir de agora é essas empresas se

unirem em busca de uma solução rápida e economicamente viável (MACHADO, 2014).

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A Política Nacional de Resíduos Sólidos Brasileira, Lei 12.305 de 2010, junto com

Decreto 7.404 de 2010, estimula a implantação de biodigestores no Brasil e fortalece os

argumentos de incentivos para a implementação de projetos de biodigestão de resíduos sólidos

urbanos. O Guia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2011, mostra que os biodigestores

estão sendo vistos no Brasil como uma tecnologia capaz de fazer o tratamento adequado de

resíduos orgânicos, diminuir a necessidade de importação de biofertilizantes, contribuir

enormemente na diversificação da matriz energética brasileira e contribuir significativamente

para a saúde pública e ambiental do país, além de gerar emprego e incentivar o desenvolvimento

de biotecnologias no país. Os incentivos legais para construção de biodigestores no Brasil

começam com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece uma ordem de

prioridades na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos como mostrado abaixo:

Lei 12.305/2010 Art. 9º - na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos,

deve ser observada a seguinte ordem: não geração, redução,

reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição

final ambientalmente adequada dos rejeitos.

&1º- Poderão ser utilizados tecnologias visando a recuperação

energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido

comprovado sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação

de programas de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado

pelo órgão ambiental,

&2º- A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Políticas de Resíduos

Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão

compatíveis com o disposto no caput e no &1º deste artigo e com as

demais diretrizes estabelecidas nesta lei.

A ampliação do conceito de não geração e redução de resíduos pode também ser aplicado

aos resíduos orgânicos, contudo, em muitos casos haverá uma grande quantidade de resíduos

gerados. Segundo a ordem de prioridades da Lei 12.305/2010, temos a reutilização e reciclagem

de resíduos que não podem ser aplicadas aos resíduos orgânicos (PORTAL DO BIOGÁS,

2017).

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4.2.2 Biodigestores rurais.

Comer e cozinhar são atividades essenciais na vida dos seres humanos e muitas vezes a

forma de cozinhar os alimentos pode ter um impacto negativo no meio ambiente. Cerca de 7

milhões de famílias brasileiras ainda usam a lenha como combustível na cozinha, sobretudo no

Sertão nordestino e na Amazônia, segundo organizações internacionais. O que leva à queima

de lenha pelas famílias mais carentes é, realmente a necessidade econômica.

A queima da lenha e carvão para cozinhar é uma das grandes preocupações de saúde

mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), liberando monóxido de carbono e

micropartículas invisíveis, absorvidas pelos os pulmões, causando problemas respiratórios que

podem levar à morte. A comparação é como se cada habitante de uma casa que possui fogão a

lenha fumasse dois maços de cigarros por dia. O efeito causado ao organismo por essa poluição

interna é oito vezes maior do que o de toda poluição do ar da cidade de São Paulo. (SCHELLER,

2015).

Muitas das famílias que moram no interior do Ceará têm fogão a gás, mas não costumam

utilizá-lo devido as suas poucas condições financeiras. No fogão a lenha essas famílias fazem

todo tipo de comida que exige mais tempo no fogo (como doces, carnes e feijão). É uma maneira

de economizar o gás de cozinha.

Por muito tempo a população do semiárido viveu na dependência total da queima do

carvão e da lenha para cozinhar. Hoje, apesar de tanta tecnologia, milhares de pessoas ainda

não tem acesso ao GLP e a fogões à gás, sofrendo para obter algum tipo de combustível, até

mesmo para iluminar suas casas. Dessa forma, projetos de instalações gratuitas de biodigestores

simples em residências de família de baixa renda se constituiriam de um alívio e uma solução

para esses problemas, de maneira a aproveitar os dejetos de animais e o lixo produzido na

própria residência como entrada para produção da energia elétrica e fornecimento de

combustível para cozinhar, além da produção de biofertilizantes que poderiam ser utilizados

como adubo nas plantações. Já existem projetos que objetivam a instalação de biodigestores em

famílias de baixa renda. Um deles é o projeto Biogás do Sertão que está melhor detalhado no

item a seguir.

4.3 Biodigestor sertanejo: Projeto Biogás do Sertão

Muitos projetos já estudaram a produção de biogás, e, como consequência de energia,

através de dejetos de animais, e podem servir de modelo, entre os quais podemos citar o Projeto

Biogás do Sertão, no qual foi criado o manual do biodigestor sertanejo, que tem como autoria

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Luiz Cláudio Mattos e Mario Farias Júnior. É importante destacar este projeto pois o mesmo

foi capaz de encontrar formas mais baratas para a produção do biogás, de modo que seria

bastante interessante para ser aplicado à população do semiárido brasileiro.

O biodigestor sertanejo é uma tecnologia social de simples manutenção que se apresenta

como ferramenta para manejar resíduos orgânicos convertendo o esterco em biogás (metano)

inflamável que substitui o gás de cozinha e o fogão a lenha, além de produzir biofertilizante.

Dessa forma, contribui para a redução de impactos ambientais gerando uma fonte alternativa

de energia.

A oferta de biogás, através dos biodigestores incidirá no fim ao uso de carvão vegetal, do

gás butano e do desmatamento de árvores da caatinga para coleta de lenha, além de fornecer os

insumos para fertilização do solo.

O projeto já está em andamento, já foram construídos sete biodigestores distribuídos nos

municípios de Forquilha, Massapê, Bela Cruz, Mucambo e Sobral. Um oitavo biodigestor já

está em processo de construção. A proposta visa a arrecadação de recursos para a construção

de mais dois biodigestores e a melhoria da qualidade de vida de famílias agricultoras do

semiárido cearense (FARIAS JÚNIOR, 2015).

O Projeto Dom Helder Câmera atua diretamente com mais de 15000 famílias distribuídas

em 337 comunidades, 77 municípios e 8 territórios da cidadania de 6 Estados da Região

Nordeste.

O projeto Biogás Sertão já conta com o apoio da Companhia Bento 50 da Suécia, empresa

que trabalha com consultoria em engenharia de automação e energia elétrica, do Centro de

Apoio ao Trabalhador e Trabalhadora-CEAT, ONG com sede em Sobral- Ce. Existe uma

equipe de apoio formada por amigos que colaboram com uma equipe fixa de execução do

projeto, além da contratação de serviços de pedreiros para a construção. (FARIAS JÚNIOR,

2015).

Como exemplo, podemos citar a família de Ismael Oliveira Mendes e Maria Iraçy

Rodrigues que foram uma das famílias contempladas por um biodigestor modelo indiano no

assentamento Tijuca/Boa Vista município de Quixadá do semiárido cearense.

4.4 Utilização de biodigestores em outros países

Nesta etapa do trabalho, buscou-se mostrar a realidade de outros países e também de

localidades do Brasil que utilizam o biodigestor como ferramenta de geração de energia e de

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solução para os resíduos sólidos urbanos, com o intuito de fortalecer a ideia de que é possível

e vantajoso investir nesse tipo de energia renovável. As experiências vivenciadas por cidades e

países ao redor do mundo devem ser observadas e levadas em consideração para construção de

uma base técnica a respeito do tema.

Biodigestores tem demonstrado consideráveis benefícios socioeconômicos em todo o

mundo. Os Estados Unidos e o Canadá têm colocado especial ênfase na pesquisa e

desenvolvimento de biodigestores anaeróbicos, tal qual ocorre em países emergentes como a

China e a Índia, que possuem programas extensos para implementar biodigestores.

A China é o segundo maior consumidor de energia do mundo e é responsável por boa

parte da liberação de gases do efeito estufa para a atmosfera e, assim tem investido pesadamente

em projetos de proteção ambiental e na geração de energia renovável. Com a adoção de tal

política, o governo chinês vem estimulando pesquisas através da constante operação e eficiência

de biodigestores.

Na segunda metade do século XIX se deu a primeira instalação operacional destinada a

produzir o gás combustível. O biogás há muito tempo já era conhecido e a produção de gás

combustível a partir de resíduos orgânicos não é um processo descoberto agora. Em 1776, o

pesquisador italiano Alessandro Volta veio a descobrir que o gás metano já existia incorporando

ao chamado “gás dos pântanos”, como resultado da decomposição de restos de vegetais em

ambientes confinados. Em 1806, Humpley Davy veio a identificar na Inglaterra um gás rico em

carbono e dióxido de carbono que resulta da decomposição de dejetos animais em lugares

úmidos. Por volta de 1857 na cidade de Bombaim, Índia, ao que parece foi construída a primeira

instalação operacional destinada a produzir gás combustível, para um hospital nesta cidade. Em

1890, Donald Cameron fez um projeto de uma fossa séptica para a cidade de Exeter, Inglaterra,

onde o gás produzido foi utilizado para iluminação pública. Bombaim é conhecido como o

“berço” do biodigestor, já que o primeiro biodigestor posto em funcionamento regular na Índia

foi no início do século passado em Bombaim. Em 1950, foi instalado na Índia, o primeiro

biodigestor contínuo. Na década de 60, Fry, um fazendeiro, desenvolveu pesquisas com

biodigestores na África do Sul (NOGUEIRA,1986).

Segundo Nogueira (1986), durante e depois da 2ª Guerra Mundial, alemães e italianos,

entre outros povos mais atingidos pela devastação da guerra, desenvolveram técnicas para obter

biogás de dejetos e restos de culturas.

Em 1939, o Instituto Indiano de Pesquisa Agrícola, desenvolveu a primeira usina de gás

de esterco. Segundo Nogueira (1986), tais pesquisas resultaram em grande difusão da

metodologia de biodigestores como forma de tratar os dejetos animais, obter biogás e ainda

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conservar o efeito fertilizante do produto (biofertilizantes). Foi esse trabalho pioneiro, realizado

na região norte da Índia, que permitiu a construção de quase meio milhão de unidades de

biodigestores no interior daquele país. Por meio da crise energética deflagrada em 1973, a

utilização de biodigestores passou a ser uma opção adotada tanto por países ricos como países

de Terceiro Mundo e em nenhum deles se tornou tão importante como na China e na Índia.

4.4.1 O caso da Alemanha: exemplo de preocupação com resíduos dos centros urbanos.

A solução encontrada na Alemanha foi a criação de uma empresa especializada que se

responsabilizava pela coleta e destinação dos resíduos, o que se concretizava com a implantação

de biodigestores urbanos, como exemplo, o da cidade de Marl que veio a empregar cerca de

120 funcionários diretamente e tratava os resíduos urbanos de feiras, restaurantes, mercados

entre outros de cidades em um raio de 150 km.

Os resíduos sólidos urbanos orgânicos têm uma característica de possuírem impurezas

como plásticos, madeira e embalagem em geral. Em alguns casos, esses resíduos podem estar

extremamente misturados com todos os outros tipos de resíduos da cidade. Se faz necessário, a

realização de procedimentos como a triagem, que pode ser executada por catadores, a separação

automática para eliminar partículas de resíduos, mantendo a pureza necessária para que o

processo tecnológico funcione adequadamente e promova a viabilidade econômica do projeto.

Na Alemanha, assim como em outros biodigestores urbanos, o custo tende a ser mais alto do

que o de biodigestores rurais, onde os resíduos chegam puros. (MACHADO, 2014).

4.5 Utilização de biodigestores no Nordeste brasileiro.

No Brasil a destinação dos resíduos sólidos produzidos diariamente é um problema

crescente para municípios do país, pois quantidades significativas de matéria orgânica e

inorgânica com potencial para a produção de energia elétrica, biofertilizantes, biogás e

reciclagem não recebem o acondicionamento adequado.

A cidade de Recife, por exemplo, é uma grande geradora de resíduos, que vem crescendo

6% ao ano, principalmente por conta de sua função comercial e de sua alta densidade

demográfica. Estudos realizados na cidade sugerem a avaliação da viabilidade da implantação

de biodigestores como ferramenta de saneamento básico de comunidades carentes em situação

de vulnerabilidade social a fim de contribuir com a sustentabilidade ambiental das áreas urbanas

(PIMENTEL et al., 2015).

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Na Paraíba, na década de 80, a EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão

Rural, conseguiu através de convênio com Ministério das Minas e Energia a implantação de

200 biodigestores em propriedades rurais do estado. Segundo avaliação do NERG (Núcleo de

Energia da UFPB) deste universo de biodigestores implantados somente 4,6% estão em

funcionamento e 96,9% dos proprietários não desejam reativar os seus biodigestores.

Em retrospectiva, fica claro que uma combinação de fatores técnicos, humanos e

econômicos foram responsáveis pelo abandono das iniciativas de divulgação da biodigestão.

Um dos motivos que dificultou a difusão foi o fato de no tempo não ter sido dado maior ênfase

ao aproveitamento dos biofertilizantes, cujo valor na produtividade agropecuária está se

mostrando hoje tão importante como a do biogás. Outro ponto foi à adaptação dos modelos

implantados.

Entende-se que, hoje, com as novas tecnologias e com o crescente aumento do preço da

energia elétrica e gás no Estado da Paraíba, também já se busca a utilização dos biodigestores

como uma grande possibilidade econômica, social e ambiental com muitos projetos de

implantação de biodigestores no Sertão e outros para os grandes centros urbanos.

4.5.1 Biodigestores no Cariri: preocupação com o lixão do Juazeiro do Norte e Região

Metropolitana do Cariri.

Segundo informações do Jornal Diário do Nordeste, no ano de 2016, no Cariri, algumas

parcerias estavam sendo feitas para tentar solucionar o problema do lixão no Município de

Juazeiro do Norte, onde uma empresa de tecnologia alemã estaria disposta a investir em torno

de R$ 70 milhões na produção de energia e biofertilizantes a partir do lixo orgânico coletado

em Juazeiro do Norte. Entende-se que cidades do porte de Juazeiro do Norte, assim como

outras, como Sobral, no Sertão do Ceará, e a região metropolitana de Fortaleza, juntando-se a

inúmeras outras espalhadas no interior e capital de outros estados do Nordeste, poderiam se

tornar grandes geradoras de energia e biogás por intermédio do aproveitamento dos resíduos

produzidos das mesmas. Ainda com um propósito mais ambicioso, poderiam transformar usinas

desativadas sem nenhuma utilidade, como por exemplo a usina Manoel Costa Filho, da Cidade

de Barbalha no Cariri Sul do Ceará, em possível captadora dos resíduos. Essas usinas poderiam

ser transformadas, através de estudos futuros de engenharia mecânica, em produtoras de biogás

e energia, podendo ser por meio da tecnologia de pirólise anaeróbica de alta eficiência ou da

fermentação anaeróbica feitas por empresas especializadas.

Como resultado da pesquisa, pôde-se notar que, no Cariri, os biodigestores ainda não

tiveram grande importância e nem destaque. Talvez isso se deva ao fato da falta de

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conhecimento e incentivos por parte dos governantes e desinteresse pela produção agrícola e

pecuária na região, ficando restritos a pouquíssimas unidades construídas com recursos próprios

e algumas já desativadas.

Como solução, pode-se sugerir a realização de estudos científicos das universidades da

região a respeito do tema e apresentação desses resultados à sociedade e ao poder público como

incentivo a construção de novas unidades de biodigestores em propriedades rurais do semiárido

e também nas zonas urbanas.

5 METODOLOGIA

Neste trabalho, foi realizado um estudo comparativo entre a geração de energia por meio

de biodigestores e outras fontes de geração. Também foram realizados dois estudos de caso,

uma situação real e uma situação fictícia, com o objetivo de abordar quantitativamente a

utilização dos biodigestores em diferentes cenários. Os tópicos a seguir descrevem melhor as

características desses dois estudos de caso.

A área de estudo utilizada como base para a realização desses estudos de caso foi a cidade

de Missão Velha situada no interior do estado do Ceará. A Figura 10 mostra a Região

Metropolitana do Cariri, onde está inserida a cidade de Missão Velha.

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Figura 10 – Região Metropolitana do Cariri.

Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE (2014).

5.1 Estudo de caso 01 (fictício): família de baixa renda do município de Missão Velha

– CE.

Para realização do estudo foi considerada uma família padrão fictícia composta por três

pessoas e que possui uma criação de 10 suínos. Foi realizada, então, uma pesquisa na cidade

para encontrar:

- O valor médio de um botijão de gás;

- O valor médio gasto com energia elétrica em famílias compostas por três pessoas com

um padrão de vida simples;

De acordo com os valores encontrados foi possível calcular a quantidade de dinheiro gasto

em média com gás e energia elétrica para essa família estudada.

Com base na quantidade de biogás produzido por cada suíno, pode-se avaliar se é

vantajosa a utilização do biodigestor como fonte de energia e gás para essa casa.

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5.2 Estudo de caso 02 (real): Avícola no Sítio Logradouro em Missão Velha-CE

O local de estudo utilizado como base para a realização do caso 02 foi o Sítio Logradouro

próximo a Estrada que liga a sede do município de Missão Velha ao Distrito de jamacaru.

Para a realização desse estudo foi considerada uma entrevista com o proprietário da

avícola Flávio Luciano Lucena, comerciante e produtor agrícola que reside neste local e que

pretende concluir a construção de um biodigestor modelo indiano nessa propriedade onde

afirma que os gastos com energia elétrica e gás estão excessivos. O mesmo relata que possui

aproximadamente 100 galinhas caipiras e em torno de 500 galinhas de granja. Dessa granja

pretende obter o esterco que se juntarão ao esterco de suas 20 cabeças de gado para gerar o

biogás.

Para a realização da entrevista, o local de construção do biodigestor foi visitado. Os

dados de despesas com energia elétrica e com gás GLP de cozinha também foram obtidos.

Depois de realizada a entrevista e a observação das características do local no qual será

construído um biodigestor, foram efetuados os cálculos, com base em dados da literatura, como

objetivo de avaliar a eficiência e adequação do biodigestor para a situação do proprietário.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Análise comparativa entre a utilização de um biodigestor e outras fontes de

energia

É importante discutir valores que representam as despesas de construção de um

biodigestor e de instalação de outras fontes de energia, como também comparar a energia

produzidas por eles.

6.1.1Preço médio de construção de um biodigestor indiano

Segundo Farias Junior (2015), o orçamento gasto para construção de um biodigestor

modelo indiano está descrito a seguir:

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a) Material de construção= R$ 3.500,00

b) Custeio fixo com deslocamento= R$ 1.200,00

c) Mão de obra com pedreiro= R$ 600,00

Somando esses três itens, obtém-se um valor de R$ 5300,00. Para efeito de cálculos, neste

trabalho, utilizaremos esse valor arredondado para cima (R$ 6000,00), considerando uma

margem de erro e as variações de preços.

De acordo com a concentração de metano no biogás e com variações de poder calorífico,

01 m³ cúbico de biogás pode produzir 4,95 kWh a 7,92 kWh (COSTA, 2006).

6.1.2 Preço médio de instalação de energia fotovoltaica residencial.

Segundo informações do Portal Solar, o orçamento para a instalação de um sistema de

energia fotovoltaica residencial é o descrito a seguir:

a) Casa pequena com 2 a 3 pessoas: sistema de1,6 kwp (kw por pessoa) custa em média

de R$ 12.700,00 a R$ 16.900,00;

b) Casa média com 3 a 4 pessoas: sistema 2,2 kwp custa de R$ 16.000,00 a R$ 20.900,00;

c) Casa média de 4 a 5 pessoa: sistema 4,4 kwp custa de R$ 20.500,00 a R$ 34.500,00;

d) Casa grande com 5 pessoas: sistema 5,3 kwp custa R$ 31.000,00 a R$ 40.500,00;

e) Mansões com mais de 5 pessoas: sistema 10 kwp custa de R$ 60.000,00 a R$

72.000,00.

Para a realização de uma comparação de custos entre diferentes tipos de energias,

consideremos um biodigestor modelo indiano, em perfeito funcionamento, que produz 10

metros cúbicos diários de biogás. A Tabela 01 mostra uma comparação de relações custos entre

o biogás, a gasolina e o diesel. Os valores correspondentes aos preços da gasolina e do diesel

foram obtidos através de pesquisas realizadas em postos de combustível da Região de Juazeiro

do Norte e os valores da correspondência entre o biogás e as outras fontes de energia foram

obtidas de Deganuttti et al. (2002) e já foram citadas anteriormente neste trabalho.

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Tabela 01: Relações entre o biogás, a gasolina e o diesel

Fonte: Elaborada pelo autor.

Se o proprietário já vem de anos no ramo da produção agrícola e pecuária e já tem

implementos suficientes para gerar biogás com diminuição de gasto, somente gastando para

construir um biodigestor com sua devida instalação e com a compra de um gerador, o ganho

com a instalação do biodigestor é ainda maior, já que todos os resíduos produzidos serão

aproveitados e, a partir deles, serão gerados produtos que serão utilizados como fonte de energia

e adubo, construindo um ciclo sustentável e eficaz.

6.2 Estudo de caso 01: família de baixa renda da cidade de Missão Velha

Esse estudo de caso se baseou em uma família fictícia composta por três pessoas cuja

residência se localiza na cidade de Missão Velha – Ceará. A criação de animais dessa família

consiste em 10 suínos.

Numa família de 03 pessoas, de acordo com a conta de consumo de energia elétrica

mensal se gasta uma média de 70 kWh a 80 kWh segundo pesquisa realizada em algumas casas

da cidade de Missão Velha compostas por 03 pessoas. Considerando as despesas relativas ao

consumo mensal, taxa de iluminação pública, adicional do tipo de bandeira (vermelha ou

amarela) e multas moratórias referentes a algum tipo de atraso, o gasto médio mensal dessa

residência fica em torno de R$ 60,00 a R$ 70,00. Observa-se, então, um consumo anual médio

de 900KWh, gerando um gasto de R$ 780,00 por ano com energia elétrica. A Tabela 02 resume

todos esses dados e valores calculados.

Fonte de energia Gasolina Diesel

Preço do litro R$ 3,90 R$ 3,30

Correspondência a 1m³ de biogás (L) 0,61 0,55

Gasto diário de combustível (L) 6,1 5,5

Valor diário gasto R$ 23,79 R$ 18,15

Valor mensal gasto R$ 713,70 R$ 544,50

Valor anual gasto R$ 8.564,40 R$ 6.534,00

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Tabela 02: Despesas médias relacionada à energia elétrica.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com relação ao gás GLP utilizado para cozinhar, foi realizada uma pesquisa na cidade de

Missão Velha – Ceará com o intuito de verificar a média de preços de um botijão de gás (13kg).

Foram pesquisados 03 estabelecimentos fornecedores desses botijões e os resultados

encontrados estão dispostos na Tabela 03 a seguir:

Tabela 03: Preços pesquisados relativos a um botijão de gás

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com a Tabela 03, foi escolhido utilizar como base, o preço médio de um botijão

de gás pago à vista (R$ 75,00). Foi constatado durante a pesquisa que um botijão de gás dura,

em média, 02 meses para as famílias pesquisadas. Dessa forma, o valor gasto médio anual fica

em torno de R$ 450,00, de acordo com a Tabela 04.

Tabela 04: Despesas médias relacionada ao gás GLP.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Somando as despesas relacionadas à energia elétrica e gás GLP, anualmente, essa família

gasta, em média, R$ 1230,00.

Segundo Andrade et al. (2002), um kg de dejeto de suíno produz cerca de 63 litros de

biogás em um biodigestor e cada suíno produz em média 2,3 kg de dejetos por dia.

Consumo mensal médio 75 KWh

Consumo anual médio 900 KWh

Valor médio gasto mensalmente R$ 65,00

Valor médio gasto anualmente R$ 780,00

Energia elétrica

Estabelecimento Valor à vista Valor à prazo

1 R$ 80,00 R$ 85,00

2 R$ 75,00 R$ 80,00

3 R$ 70,00 R$ 75,00

Média R$ 75,00 R$ 80,00

Valor de um botijão R$ 75,00

Qtd média de tempo de durabilidade de um botijão 2 meses

Valor médio gasto anualmente R$ 450,00

Gás GLP

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Considerando, então, que cada um dos 10 suínos produza 2,3 kg de dejetos por dia, em

um mês a produção de dejetos na residência chega à 690 kg, o que corresponde à 43470 L de

biogás ou 43,47m³ de biogás.

A Tabela 05 resume esses dados.

Tabela 05: Cálculo da quantidade de biogás produzida por mês.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Segundo Andrade et al. (2002) um metro cúbico (1m³) de biogás corresponde à: 0,45 kg

de gás GLP e segundo Costa (2006) 1 m³ de biogás produz cerca de 4,95 a 7,92 kWh. Como

disposto anteriormente, a família estudada gasta, em média, 75kWh e 6,5kg de gás GLP por

mês, o que corresponde à:

- 75 kWh = 11,82 m³ de biogás; (utilizando a média de 6,345kWh produzidos por m³

de biogás.)

- 6,5 kg de gás GLP = 14,45 m³ de biogás.

Dessa forma, por mês, a família necessitaria, em média, de 26,27 m³ de biogás. Como a

produção de biogás mensal conforme a Tabela 04 é de 43,47m³ por mês, então, essa necessidade

estaria suprida.

Com a instalação de um biodigestor, esses gastos com energia elétrica e gás GLP não

existiriam mais, sem contar o ganho com a produção de biofertilizante.

Considerando os gastos para a construção de um biodigestor (R$ 6000, 00) somado ao

valor de um gerador de médio porte (R$ 1.433,70, conforme pesquisa realizada na cidade de

Missão Velha) o total gasto com o investimento seria de R$ 7.433,70. Sabendo que o material

produzido pelos animais criados por essa família é suficiente para a geração dessa quantidade

de energia, pode-se calcular o tempo necessário para o investimento ser totalmente liquidado:

𝑡 =7433,70

1230= 6,04 anos.

Qtd de suínos 10 suínos

Qtd de dejetos por suíno por dia 2,3 kg/dia/suino

Qtd de dejetos produzidos por mês 690 kg/mês

Qtd de biogás produzido com 1kg de dejetos 63 L

Qtd total de biogás produzido em 1 mês 43470 L/mês

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Dessa forma, em aproximadamente 6 anos, o dinheiro investido para a construção do

biodigestor já estaria totalmente liquidado, sem contar com o ganho com a venda de porcos e

de biofertilizante.

Com isso, pode-se perceber a importância dos projetos que possuem como objetivo a

construção de biodigestores para famílias que não possuem o capital necessário para realização

desse investimento, contribuindo para economia de dinheiro, preservação do meio ambiente e

produção de biofertilizante.

6.3 Estudo de caso 02: Avícola

Esse estudo de caso se baseou na entrevista feita com o proprietário Flávio Luciano

Lucena que pretende construir um biodigestor modelo indiano.

De acordo com a pesquisa realizada o proprietário gasta em média 1730 kWh por mês

para abastecer sua residência e a avícola, o que corresponde a uma despesa média de

R$1.500,00 por mês com energia elétrica. Observa-se, então, um consumo anual médio de

20.760 kWh, gerando um gasto de R$ 18.000,00 por ano com energia elétrica. A Tabela 06

resume todos esses dados e valores calculados.

Tabela 06: Despesas médias relacionada à energia elétrica.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com relação ao gás GLP utilizado para cozinhar são gastos 03 botijões por mês conforme

pesquisa realizada. Foi considerada a mesma média de preço calculada no estudo de caso 01, já

que se trata da mesma cidade.

A Tabela 07 resume as despesas médias gastas relacionadas ao gás GLP para o local de

estudo.

Consumo mensal médio 1730 KWh

Consumo anual médio 20760 KWh

Valor médio gasto mensalmente R$ 1.500,00

Valor médio gasto anualmente R$ 18.000,00

Energia elétrica

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Tabela 07: Despesas médias relacionada ao gás GLP.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Somando as despesas relacionadas à energia elétrica e gás GLP, anualmente, essa família

gasta, em média, R$ 20.700.00.

Segundo Nogueira (1986) apud Silva (2016), um kg de dejeto de bovino produz cerca de

0,04m³ por kg de esterco e cada ave produz 0,43m³ de biogás por kg de esterco.

Considerando, então, que cada um dos 20 bovinos produza 10 kg de dejetos por dia e

cada ave produza 0,18 kg por dia, de acordo com Collato e Langer (2012 apud SANTOS;

NARDI JUNIOR, 2013), em um mês a produção de dejetos das aves chegará à 2.700 kg e dos

bovinos à 6.000 kg, o que corresponde no total à 1.401 m³ por mês de biogás.

A Tabela 08 resume esses dados.

Tabela 08: Cálculo da quantidade de biogás produzida por mês.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Como disposto anteriormente, o produtor gasta em média 1730 kwh e 39 kg de gás GLP

por mês, o que corresponde à:

- 1730 kWh = 272,65 m³ de biogás; (utilizando a média de 6,345kWh produzidos por

m³ de biogás.)

- 39 kg de gás GLP = 86,67 m³ de biogás.

Dessa forma, por mês, o produtor necessitaria, em média, de 359,32 m³ de biogás. Como

a produção de biogás mensal conforme a Tabela 07 é de 1401 m³, então, essa necessidade estaria

suprida, ou seja, o produtor economizaria R$ 20.700,00 por ano.

Valor de um botijão R$ 75,00

Qtd média de tempo de durabilidade de um botijão 10 dias

Valor médio gasto anualmente R$ 2.700,00

Gás GLP

Animal

Quantidade 500 aves 20 suínos

Qtd de dejetos por dia 90 kg/dia 200 kg/dia

Qtd de dejetos produzidos por mês 2700 kg/mês 6000 kg/mês

Qtd de biogás produzida com 1 Kg de dejetos 0,43 m³ 0,04 m³

Qtd de biogás produzida por mês 1161 m³ / mês 240 m³/mês

Qtd total de biogás produzida por mês

Aves Bovinos

m³ / mês1401

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Considerando os gastos para a construção de um biodigestor o valor de R$ 6000, 00 mais

gerador grande (valor de R$ 2.772,39) totalizando R$ 8.772,39, conforme visto anteriormente

com diferença no potencial do gerador de energia que tem que ser maior, e sabendo que o

material produzido pelos animais criados por essa família é suficiente para a geração dessa

quantidade de energia, pode-se calcular o tempo necessário para o investimento ser totalmente

liquidado:

𝑡 =8772,39

20700= 0,42 anos.

Dessa forma, em pouco mais de 5 meses, o dinheiro investido para a construção do

biodigestor já estaria totalmente liquidado, sem contar com o ganho com a venda de frangos,

ovos, além do biofertilizante.

7 CONCLUSÕES

De acordo com a metodologia aplicada e com os resultados obtidos pode-se concluir que

a utilização de biodigestores como alternativa energética e tratamento de resíduos sólidos tanto

na área rural como na área urbana é uma aposta vantajosa que deve ser mais explorada nas

universidades, em políticas públicas e nas empresas privadas.

Os resultados dessa pesquisa indicaram que a utilização de biodigestores no semiárido

brasileiro trará uma vantagem econômica, social e ambiental e também se constitui de uma

forma simples de gerar energia barata para população de baixa renda, atingindo pequenos e

médios produtores agrícolas e mostrando um novo horizonte na diminuição de gastos com

energia elétrica, gás de cozinha e biofertilizantes.

Os resultados também mostram a importância das tecnologias descritas no trabalho como

uma alternativa genial para solucionar o problema dos altos acúmulos de resíduos produzidos

pelos grandes centros urbanos, dando uma destinação eficaz para esses resíduos resolvendo os

problemas com lixões e contribuindo com a preservação do meio ambiente, na saúde da

população, principalmente, a de baixa renda e na geração de emprego e renda.

Conclui-se ainda que o investimento com a instalação do biodigestor não se restringirá

apenas ao setor energético da propriedade e ao gás de cozinha e ao biofertilizante, englobando

também os devidos lucros provindos das criações de animais como, por exemplo, a produção

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de queijo e leite, vendas de porcos, bois e ovelhas, produção provinda das hortas orgânicas

adubadas com o biofertilizante e outros.

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