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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT
DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL: TOPOGRAFIA E ESTRADAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO
ANÁLISE AMBIENTAL DAS ATIVIDADES DE MINERAÇÃO DA PEDRA CARIRI
NO MUNICÍPIO DE NOVA OLINDA – CE
ANTÔNIO HÍGOR MENDES MORAES
JUAZEIRO DO NORTE, CE 2018
ANTÔNIO HÍGOR MENDES MORAES
ANÁLISE AMBIENTAL DAS ATIVIDADES DE MINERAÇÃO DA PEDRA CARIRI NO MUNICÍPIO DE NOVA OLINDA – CE
Monografia apresentada à Comissão Examinadora do Curso de Tecnólogo da Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas, da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito para conclusão do curso.
Orientador (a): Prof.ª Me. Janeide Ferreira Alencar de Oliveira
JUAZEIRO DO NORTE, CE 2018
ANTÔNIO HÍGOR MENDES MORAES
ANÁLISE AMBIENTAL DAS ATIVIDADES DE MINERAÇÃO DA PEDRA CARIRI NO MUNICÍPIO DE NOVA OLINDA – CE
Aprovada em: ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof.ª Me. Janeide Ferreira Alencar de Oliveira
Universidade Regional do Cariri (Urca) (Orientadora)
_________________________________________
Prof. Esp. Samuel Bezerra Cordeiro Universidade Regional do Cariri (Urca)
(Membro Avaliador)
_________________________________________ Esp. Christian Lyon Leite dos Santos
(Membro Avaliador)
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Maria Correia Mendes e Francisco de Moraes Alencar por todos os conselhos, por nunca me deixar desistir dos meus sonhos e por sempre estar ao meu lado, sempre me apoiando em todas as escolhas, obrigado por tudo. Aos meus irmãos, Rômulo, Ronald, Patrocínio, Suerlene, Suérli, Suleni e Sulene, por todo o carinho e conselhos, aprendi bastante com todas as nossas conversas, e em especial, ao meu querido e grande irmão Françuar, que desde o ensino fundamental sempre me encorajou nessa caminhada, sempre pegou no meu pé para o estudo, me mostrou o caminho certo e sempre esteve ao meu lado em todas as escolhas, o meu muito obrigado. Aos meus tios ,avós e primos, por todas as conversas na casa da vó, por todas as risadas e conselhos, Tio Cicinho, obrigado por ser essa pessoa maravilhosa que o senhor é, por toda ajuda nesse tempo, brincadeiras e conselhos, Tia Toinha, obrigado por sempre acreditar no potencial das pessoas, Julyanna, minha prima/irmã, agradeço por todas as brincadeiras, conselhos e risadas, muito obrigado, a Titica, Ana Régia, Rejane, Léo, Gabriel, Rian e Tia Antonilda, o meu muito obrigado a todos que moram longe e sempre estiveram comigo, eu amo todos vocês. Ao meu colega e amigo de apartamento, Marcos, por todos esses anos convivendo, dando risadas e me incentivando, obrigado por todo o apoio. A minha querida Verônica, por me incentivar a não desistir quando estava triste, por toda ajuda de formatação e concordância, obrigado. Aos professores envolvidos, Prof. Nobre, Eliakim, Renato, Ernandes, Paulo, Dirceu, obrigado por todo o conhecimento passado. Aos meus amigos da faculdade, Guilherme, André, Agnelino, Arthur, Tainara, Jeferson, por todas as visitas técnicas e aventuras que passamos juntos. A minha orientadora Prof.ª Me. Janeide Ferreira Alencar de Oliveira, por ter aceitado o convite em trabalhar comigo e por toda a paciência nesse tempo. A banca avaliadora por ter aceito o convite.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
1.1 Justificativa .................................................................................................. 9
1.2 Objetivos ..................................................................................................... 10
1.2.1 Geral ..................................................................................................... 10
1.2.2 Específicos ........................................................................................... 10
2 PANORAMA DA PEDRA CARIRI ..................................................................... 11
2.1 Aspectos históricos e culturais ................................................................ 11
2.2 Sustentabilidade na Região do Cariri ....................................................... 11
2.3 Extração da Pedra Cariri ............................................................................ 13
2.4 Conteúdo Paleontológico .......................................................................... 14
2.5 Impactos Ambientais ................................................................................. 15
3 CARACTERÍSTICAS DA MINERAÇÃO ............................................................ 17
3.1 Trabalhos que antecedem a lavra ............................................................. 17
3.2 Extração ...................................................................................................... 17
3.3 Mão de obra ................................................................................................ 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 20
4.1 Área de Estudo ........................................................................................... 20
4.2 Metodologia aplicada ................................................................................. 21
4.3 Identificação dos impactos ambientais .................................................... 22
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 23
5.1 Caracterização das Empresas .................................................................. 23
5.2 Avaliação dos Impactos ............................................................................ 25
5.3 Medidas mitigadoras .................................................................................. 34
5.3.1 Geração de rejeitos e destruição dos fósseis ................................... 35
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37
Lista de Figuras
Figura 1 - Fluxograma do processo de extração ...................................................... 18
Figura 2 - Extração manual da pedra Cariri pela mão de obra local ......................... 19
Figura 3 - Calcário extraído.......................................................................................19
Figura 4 - Acesso as áreas de lavra e beneficiamento da pedra Cariri .................... 21
Figura 5 - Atributos do "Check-List" e parâmetros de avaliação ............................... 22
Figura 6 - Local de extração da pedra Cariri ............................................................ 25
Figura 7 - Destino dos Resíduos da pedra Cariri ...................................................... 26
Figura 8 - Acúmulo de rejeitos da pedra Cariri ......................................................... 27
Figura 9 - Fóssil encontrado junto com os entulhos no local de extração ................ 27
Figura 10 - Destino dos fósseis encontrados nas pedreiras ..................................... 28
Figura 11 - Aplicação da pedra Cariri para revestimento em casas ......................... 29
Figura 12 - Aplicação da pedra Cariri ....................................................................... 29
Figura 13 - Melhoria para o município de Nova Olinda ............................................ 30
Figura 14 - Estocagem da camada fértil do solo ...................................................... 31
Figura 15 - Reuso da água ....................................................................................... 31
Figura 16 - Perca de material nas placas de calcário laminado ............................... 32
LISTA DE SIGLAS
APA – Área de Proteção Ambiental
COOPEDRAS – Cooperativa de Mineração dos Produtores de Pedra Cariri
CTMC - Centro de Tecnologia Mineral do Cariri
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
ITAPUI – Indústria Barbalhense de Cimento S/A
RESUMO A “Pedra Cariri” é um calcário disposto em finas camadas de sedimentos pertencentes ao membro Crato (Formação Santana), depositados há aproximadamente 112 milhões de anos (Período Cretáceo). Durante a extração da Pedra Cariri ocorrem impactos ambientais, danos causados ao meio ambiente, que precisam ser avaliados. O objetivo principal desse estudo foi identificar e avaliar os impactos ambientais causados pelas atividades de extração mineral da Pedra Cariri no município de Nova Olinda, Ceará. O estudo foi realizado na zona rural do município de Nova Olinda, nos sítios Massapê e Pedra Branca na região do Cariri, Ceará. A metodologia envolveu dados coletados “In Loco”, através de entrevista realizada nos locais de extração aos associados e trabalhadores da Pedra Cariri e materiais publicados sobre estudos desenvolvidos na região, artigos e livros. Para apontar os impactos ambientais observados nesse estudo, foi aplicado o método de “Checklist” através de uma análise empírica, onde foi utilizado as cores verde e vermelho para os impactos positivos e negativos, respectivamente. A avaliação dos impactos ambientais foi baseada no caráter do impacto, foi considerado benéfico ou adverso, representado pelas letras B e A, respectivamente. Para as entrevistas realizadas, foi utilizada a ferramenta Google Formulários para gerar gráficos com as respostas das empresas. Através da pesquisa In loco e da entrevista realizada nas empresas foi possível verificar os impactos ambientais causados desde a abertura das frentes de lavra até a comercialização do produto final, estes estão relacionados à poluição ambiental, uso dos recursos naturais e destruição de fósseis. Para uma melhor visualização dessas informações, foram utilizados gráficos com a porcentagem das respostas. Das 9 (nove) empresas entrevistadas apenas uma utiliza o resíduo da Pedra Cariri para fabricação de cimento, uma não informou, e o restante permanece no local, simbolizando 77,8% do material produzido permanece nos locais de extração do calcário. Para se ter uma minimização dos impactos ambientais, é preciso realizar treinamentos em gestão ambiental para todos os associados. Dessa forma todos irão ter o conhecimento necessário e consciência da importância do descarte inadequado de todos os materiais que venham à prejudicar o meio ambiente.
Palavras-chave: Impacto ambiental, Pedra Cariri, Nova Olinda.
8
1 INTRODUÇÃO
As indústrias de extração mineral são muito diversificadas, há uma
diversidade geológica, pois existem diferentes tipos de aplicações dos seus produtos
no mercado, seja para pisos ou revestimentos. Há cerca de 55 minerais sendo
estudados no Brasil, cada um com sua dinâmica de mercado específica. A
mineração é um relevante fator de atração de contingentes populacionais,
trabalhadores e familiares instalam-se nas cidades ou vilas próximas às
mineradoras. Um enfoque especial é reservado ao Ceará, Estado que apresenta
notável vantagem competitiva relacionada à ocorrência de grande variedade de
rochas ornamentais, bastante valorizadas comercialmente, no mercado interno e
externo (CARVALHO, 2004). Com isso, o impacto econômico cresce à medida em
que as minas são instaladas em locais de baixa densidade demográfica,
aumentando a produtividade local e gerando empregos (NEVES e SILVA, 2007).
O calcário laminado é a maior fonte de economia no município de Nova
Olinda, gerando empregos e melhoria da qualidade de vida para os trabalhadores
que vivem na região.
A “Pedra Cariri” é um calcário disposto em finas camadas de sedimentos
pertencentes ao membro Crato (Formação Santana), depositados há
aproximadamente 112 milhões de anos (Período Cretáceo), quando neste local
existia um lago de águas calmas, com brejos nas suas margens, onde uma
biodiversidade abundante se desenvolvia (LIMA et al., 2012).
A Pedra Cariri é muito utilizada para mobiliar casas, seja em pisos ou
revestimentos interno ou externo e com a sua extração são encontrados alguns
fósseis de aves, pterossauros e plantas, dentre outros. Esses fósseis são levados
para o Município de Santana do Cariri, para o museu de paleontologia localizado no
município. Os fósseis apresentam bom estado de conservação, por processo de
carbonização, os mais encontrados são peixes, insetos e vegetais (VIANA et
al.,1999).
A região do Cariri é conhecida como um polo de mineração no Ceará, por
causa da grande quantidade de calcário laminado (Pedra Cariri) encontrado.
Inicialmente a região foi denominada como Pedra Santana pelos moradores de
Santana do Cariri e Nova Olinda. O material era retirado e usado na forma artesanal,
9
para pisos e revestimentos de residências. Os calcários extraídos por estes dois
municípios são comercializados em lajes quadradas. O produto com a maior
demanda é o ladrilho 50 x 50 cm, o valor varia de acordo com a mina de extração e
ao mercado o qual será comercializado. A Pedra Cariri já abrange mercados como o
de Crato, Juazeiro do Norte e principalmente Fortaleza. Também compreende outros
estados, como Pernambuco e Piauí (VIDAL, FERNANDES, e PEQUENO, 2007).
Com 284.401 km² (IBGE, 2016) e população estimada de 15.433 habitantes
(IBGE, 2017), com densidade demográfica de 50,13 hab/km² (IBGE, 2010), a
economia do município de Nova Olinda gira basicamente em torno da extração do
calcário laminado. A região ainda conta com grande potencial para o turismo
ecológico, por abranger parte do território do primeiro Parque Natural protegido por
lei (DECRETO-LEI N.9.226 – DE 2 DE MAIO DE 1946), a Floresta Nacional do
Araripe, Área de Proteção Ambiental (APA), (CASTRO, 2009).
Durante a extração da Pedra Cariri são gerados inúmeros impactos
ambientais, danos causados ao meio ambiente, que precisam ser avaliados por
conta do descarte aleatório dos materiais gerados durante a extração. Dentre os
problemas associados a extração estão o mercado ilegal de fósseis e a degradação
do solo, entre outros. Todos os impactos observados foram avaliados quanto ao seu
caráter neste estudo.
1.1 Justificativa
A Pedra Cariri é um dos recursos naturais encontrados na região do Cariri.
Além de gerar empregos e ser a base da economia da cidade de Nova Olinda
segundos os moradores da região, há uma demanda tanto local como nacional do
calcário, podendo ser usado como pedra ornamental. A Pedra Cariri pode ser
utilizada para várias finalidades, como por exemplo revestimento de paredes, tanto
interno como externo. Outro ponto importante a ressaltar é a grande demanda de
fósseis encontrada nos lugares destinados à extração da Pedra Cariri. Trata-se de
uma região muito rica e mundialmente conhecida, porém, um dos grandes
problemas, está no mercado ilegal de fósseis, entulho gerado com a extração e
frentes de lavra abandonadas que geram impactos ao meio ambiente. Considerando
a importância socioeconômica atual da mineração para a região e a necessidade de
preservar sua riqueza de patrimônio natural e paleontológico, na última década,
10
houve uma mobilização na busca do desenvolvimento sustentável do setor de modo
a satisfazer as necessidades econômicas das comunidades envolvidas, respeitando
o meio ambiente e valorizando e preservando os sítios fossilíferos.
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
Identificar os aspectos e impactos ambientais causados pelas atividades de
extração mineral da Pedra Cariri no município de Nova Olinda, Ceará.
1.2.2 Específicos
• Quantificar as empresas de mineração da Pedra Cariri;
• Registro fotográfico e análise empírica dos locais de extração da Pedra Cariri;
• Propor medidas mitigadoras aos possíveis impactos da atividade.
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2 PANORAMA DA PEDRA CARIRI
2.1 Aspectos históricos e culturais
O Povoamento da Chapada do Araripe ocorreu por volta da segunda
metade do século XVII (LIMA et al., 2011). Ainda conforme os autores,
Várias vilas se emanciparam nos últimos três séculos, na seguinte sequência: Crato (1764), Jardim (1814), Barbalha (1846), Missão Velha (1864), Santana do Cariri (1885), Juazeiro do Norte (1911) e Nova Olinda (1957). Esses municípios, de seu aldeamento às emancipações, foram responsáveis pela primeira etapa da história econômica social e política da região do Cariri cearense (LIMA et al., 2011, p. 16).
Além disso, segundo Coelho (2003), o Ceará, desde 1994 tem se
destacado no mercado, por sua diversidade de litotipos, pois conta com cerca de 50
(cinquenta) tipos diferentes de rochas ornamentais e de revestimentos.
Lima et al, (2011) informa que encontram-se lugares de mineração e
extração da chamada “Pedra Cariri”, que consiste em lavras de calcários que são
usadas na construção civil desde o século XIX até os dias atuais. Ainda conforme os
autores, há casas inteiramente edificadas com estas pedras, mas o uso comum é a
sua aplicação em revestimentos de paredes, para calçadas e pisos, pelo seu grande
valor decorativo.
2.2 Sustentabilidade na Região do Cariri
Para Nascimento e Chacon (2016), o desenvolvimento sustentável adveio
da necessidade de mudança no modelo de “desenvolvimento” da sociedade atual
pautado na esfera econômica. Assim, como lembra os autores, ao se referir ao
ambiente urbano, pode-se considerar a perspectiva do Desenvolvimento Sustentável
Urbano como forma de combate aos problemas existentes nesse espaço.
Nesse contexto, de acordo com Nascimento e Chacon (2016, p. 444),
O atual conjunto de municípios que integram a Região Metropolitana do Cariri (Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri) possui elevado potencial de crescimento econômico, confirmado pelos investimentos públicos e, sobretudo, privados executados na última década ou em processo de execução nesse território.
12
A produção da Pedra Cariri, representa a principal fonte de renda dos
municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri (FURTADO, VIDAL, e VIDAL, 2012).
Segundo Vidal et al. (2007), a atividade de produção da Pedra Cariri se
constitui na economia básica dos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri,
visto que a agropecuária tem apenas um caráter de subsistência. Portanto, a
extração e beneficiamento deste bem mineral vêm garantindo a permanência do
homem do campo e destas cidades em seu local de origem (VIDAL e PADILHA,
2003).
Do ponto de vista comercial, as rochas ornamentais e de revestimento
são basicamente classificadas em granitos e mármores, que perfazem cerca de 90%
da produção mundial (NOGAMI, 2013). Filho (2001) relata que, a média dos preços
internacionais para blocos de mármores e granitos, situa-se entre US$400/m³,
enquanto que o preço médio do calcário é em torno de US$300/m³.
Sendo assim, conforme Carvalho (2004), um enfoque especial é
reservado ao Ceará, estado que apresenta notável vantagem competitiva
relacionada à ocorrência de grande variedade de rochas ornamentais. Isso porque
esse tipo de rocha é bastante valorizado comercialmente, no mercado interno e
externo. Em função disso, de acordo com Carvalho (2004), faz-se necessária a
adoção de medidas que visem:
1º- Disciplinar as atividades de mineração, definindo, de maneira clara, a aplicação
das normas de proteção ambiental, bem como os aspectos relacionados ao direito
ambiental no desenvolvimento sustentável da atividade de mineração cearense, e
tanto quanto os aspectos jurídicos a eles concernentes;
2º- Modernizar vigorosamente o parque industrial do Estado;
3º- Desenvolver a base profissional de gerenciamento do setor mineral cearense;
4º- Aumentar consideravelmente o valor agregado das rochas ornamentais exportadas.
13
2.3 Extração da Pedra Cariri
De acordo com Lima et al. (2011), a Bacia do Araripe apresenta um elevado
potencial para exploração de recursos minerais. Ainda segundo os autores, os
principais recursos explorados nesta região, associados à vasta geodiversidade da
bacia são o calcário laminado, os depósitos de gipsita e de argila.
Segundo Vidal Fernandes e Pequeno (2007), a Região do Cariri é
reconhecida como um grande polo da atividade de mineração do Ceará devido aos
seus potenciais depósitos de calcário laminado, conhecido como Pedra Cariri. Desde
os anos 40, conforme destacam os autores a mineração está presente no Cariri
Cearense, inicialmente, tal atividade estava direcionada a extração da gipsita, no
município de Santana do Cariri.
Desse modo, o calcário sedimentar, laminado, é produzido em um
aglomerado de pequenas pedreiras, em forma de lajotas de diversos tamanhos
(principalmente 50 cm x 50 cm), para seu uso em forma natural como rocha de
revestimento (CASTRO, 2009). Ainda de acordo com Castro (2009), do final da
década de 90, do século XX, até 2004, o material era vendido sob o nome de Pedra
Cariri, com preços de entre R$6,00 e R$8,00/m2, dependendo de sua qualidade e
cor.
De acordo com Vidal, Fernandes e Pequeno (2007, p. 299),
Devido ao fato do calcário sedimentar apresentar características de baixa absorção de calor e por ser de fácil exploração na Região, a extração e beneficiamento da Pedra Cariri cresceu e ganhou nome no mercado nacional, porém, ainda não se modernizou, e ainda enfrenta grandes problemas tecnológicos e mercadológicos, condicionados aos métodos e técnicas rudimentares de lavra e beneficiamento, comprometendo o valor agradado de seus produtos finais.
O produto extraído atualmente é feito de forma semimecanizado, utilizando
maquinas para policorte do calcário e extração manual.
Desse modo, em termos práticos, segundo Barreto (2001) todas as
atividades relacionadas à mineração, da pesquisa à lavra, deverão prever:
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1. Riscos e proteção dos impactos ambientais;
2. Monitoramento e recuperação das áreas degradadas, de forma progressiva e
contínua;
3. Compartilhamento de benefícios econômicos com a sociedade local, em
especial, com as comunidades locais e o uso futuro da área minerada;
4. Máxima integração do projeto de mineração com o desenvolvimento das
comunidades vizinhas.
2.4 Conteúdo Paleontológico
De acordo com Vidal et al. (2011), os calcários laminados do membro
Crato são conhecidos também por conterem fósseis de importância mundial, devido
a seu excelente estado de preservação e à grande quantidade e variedade de
espécimes neles encontrada.
Segundo Lima et al. (2011), o Geossítio Pedra Cariri, apresenta elevado
valor científico, devido à ocorrência de fósseis diversos e abundantes, como insetos,
pterossauros, peixes e vegetais. Ainda segundo os autores citados acima, os fósseis
desta região são conhecidos em todo o mundo dada ao excelente estado de
preservação.
Em diversas localidades da Bacia Sedimentar do Araripe estão preservados, em grande quantidade, principalmente fósseis de: invertebrados (crustáceos, conchostráceos, insetos, aracnídeos, caranguejos e escorpiões), vertebrados (peixes, anuros, pterossauros, quelônios, crocodilianos e aves) e vegetais (algas, samambaias, gimnospermas e angiospermas) (LIMA et al., 2011, p. 177).
Desse modo, de acordo com Costa (2016), o Museu de Paleontologia da
Universidade Regional do Cariri, localizado na cidade de Santana do Cariri mantém
projetos de escavações permanentes de fósseis em toda a Bacia do Araripe. Além
disso, o museu exercita a coleta sistemática de fósseis nas frentes de escavações
do calcário laminado, nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri (COSTA,
2016). Vale ressaltar que, esse programa é o principal instrumento contra a
exploração clandestina e o tráfico de fósseis na região (LIMA et al., 2011).
O museu recebe, em média, 900 visitantes por mês, sendo um dos principais centros de visitação da região do Vale do Cariri (COSTA, 2016). Seu atual acervo abriga vários grupos de fósseis, sendo que seus maiores representantes são: troncos petrificados (por silicificação), impressões de samambaias, pinheiros e plantas com frutos; moluscos, artrópodes
15
(crustáceos, aranhas, escorpiões e insetos); peixes (tubarões, raias e diversos peixes ósseos), anfíbios e répteis (tartarugas, lagartos, crocodilianos, pterossauros e dinossauros) (CORDEIRO, MACEDO e BASTOS, 2015. p. 154-155).
Segundo Lima et al. (2011), o marco legal de proteção dos depósitos
fossilíferos no Brasil é o decreto-Lei nº 4146/1942, que expõe sobre a proteção dos
depósitos fossilíferos como propriedade da nação e restringe a sua exploração
apenas para fins científicos. Desse modo, a diversidade de espécies encontradas,
nesse município, é bastante ampla.
Assim como observa Bezerra, (2013), a diversidade de espécies foi
preservada em finas lâminas de calcário depositadas há aproximadamente 112
milhões de anos no período Cretáceo.
Segundo Vidal (2003), em algumas pedreiras encontram-se camadas do
calcário pouco espessas, onde os fósseis têm denominação de lajões do besouro,
de peixes, entre outros.
2.5 Impactos Ambientais
Para Viana et al. (2002), as rochas do Membro Crato (Formação Santana)
constituem uma importante jazida de calcário e são, atualmente, exploradas para a
indústria de cimento e de rochas ornamentais. Por esse motivo, os autores relatam
que o rico conteúdo fossilífero vem sendo perdido, e vem promovendo o
assoreamento dos riachos e aumentando as zonas de erosão.
Conforme Castro (2009),
Os principais problemas ambientais estão relacionados à retirada do capeamento de estéril, em muitos casos espesso; às pilhas de rejeitos provenientes da lavra e os resíduos sólidos do beneficiamento, dispostas irregularmente; à erosão das encostas e áreas desmatadas; e ao assoreamento de riachos e do rio Cariús, principal rio da região (CASTRO, 2009, p. 30).
Segundo Bezerra (2015), a atividade de exploração mineral é tida, na
nossa sociedade, como uma das mais impactantes ao meio ambiente, os exemplos
são múltiplos, dentre eles estão: a degradação visual da paisagem, perda do solo,
alteração do relevo, alteração na qualidade da água, afetando diariamente a saúde
16
das pessoas envolvidas nos locais de extração do calcário. Além disso, como lembra
Vidal, Castro e Peiter (2007, p. 1),
Esse tipo de mineração é muito conflitiva, pois se por um lado gera emprego e renda em comunidades afastadas dos grandes centros, onde os recursos minerais podem ser explorados, comunidades com escassez de recursos, por outro lado, os problemas ambientais que criam, e a ilegalidade na que trabalham normalmente, a faz passível de ser fechada.
Desse modo, de acordo com Bezerra (2015), os resíduos provenientes da
mineração e beneficiamento de rochas estão sendo estudados por conta do grande
impacto que provocam, quando são descartados aleatoriamente na natureza e,
também, pelo seu potencial como matéria-prima. Conforme observa Bezerra (2015),
esses resíduos são descartados em rios, na margem das rodovias, ao redor da
própria mineradora, causando assim agressões à flora e fauna e problemas de
saúde na população.
De acordo com Campos et al. (2009, p. 10),
A lavra (extração) e o beneficiamento das rochas ornamentais (mármore, granito, quartzito, ardósia e outras) produzem, em todas as suas etapas do processo (lavra, beneficiamento e acabamento), uma quantidade expressiva de resíduos sólidos, com perdas de material que atingem a faixa de 65 a 75%, em média.
Desse modo, além de representar uma perda expressiva na produção de
rochas ornamentais os resíduos se apresentam como grandes causadores de
impactos destrutivos ao meio ambiente.
17
3 CARACTERÍSTICAS DA MINERAÇÃO
3.1 Trabalhos que antecedem a lavra
Antes de iniciar os trabalhos, os associados da cooperativa estipulam valores
indenizatórios ao proprietário do solo, a título de perdas e danos decorrentes da
impossibilidade de utilização do solo (GEOTECH, 2018).
Todos os associados estabeleceram valores indenizatórios para não
recuperação da área degradada, pois com a abertura de frentes de lavras, há perca
da cobertura vegetal nativa.
3.2 Extração
A matéria prima a ser extraída e beneficiada é o calcário laminado, conhecido
como Pedra Cariri, após a extração, as placas são selecionadas manualmente e
transportadas para serrarias, onde são limpas e esquadrejadas em dimensões de
acordo com a demanda (figura 1) (GEOTECH, 2017).
A extração da Pedra Cariri é feita na maioria das vezes manualmente,
causando grande perda de material. A retirada de material pode ser dividida em
etapas: Retirada do barro (solo orgânico em cima do calcário), feito este processo,
retira-se uma capa (parte que não se aproveita), posteriormente é possível extrair,
realizar a limpeza e serragem do material.
18
Fonte: Geotech, 2017.
3.3 Mão de obra
A Cooperativa de Mineração dos Produtores de Pedra Cariri – COOPEDRAS,
realiza a extração da pedra Cariri utilizando a mão de obra local (figura 2), situada
nas proximidades da jazida, o material é extraído em blocos de calcário (figura 3).
Possibilitando assim, mais oportunidades de trabalho para as pessoas da região
(GEOTECH, 2017).
Figura 1 - Fluxograma do processo de extração.
19
Fonte: Autor, 2018.
Fonte: Autor, 2018.
Figura 2 - Extração manual da pedra Cariri pela mão de obra local.
Figura 3- Calcário extraído
20
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
O estudo foi realizado na zona rural do município de Nova Olinda, nos sítios
Massapê e Pedra Branca na região do Cariri, Ceará (figura 3). Compreende uma
superfície de 817, 47 hectares, o calcário atinge uma profundidade média de até 3
metros e pertence a unidade geomorfológica Formação Santana.
Conhecida inicialmente como Sítio Tapera, suas origens datam das últimas
décadas do século XIX, formada por moradores situados às margens do rio Cariús.
A elevação do povoado à categoria de Cidade se deu no ano de 1957 (LIMA et all,
2011). O Município compreende uma área de 284km². Localiza-se a 571 km de
Fortaleza, e possui uma população de 14.256 habitantes, segundo censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010 (IGBE, 2017).
O clima da região é tido como Tropical Quente Sub-úmido, Tropical Quente
Semi-árido Brando e Tropical Quente Semi-árido, com pluviosidade de
682,7mm/ano, temperatura média de 24° a 26° e período chuvoso entre os meses
de janeiro a maio (IPECE, 2017). A vegetação é composta por Floresta caducifólia
espinhosa, Floresta subcaducifólia tropical pluvial, Floresta subperenifólia tropical
pluvio-nubular e Floresta subcaducifólia tropical xeromorfa (IPECE, 2017).
21
Fonte: Google Earth Pro, 2018.
4.2 Metodologia aplicada
A metodologia envolveu uma pesquisa empírica, através de entrevista
realizada nos locais de extração da Pedra Cariri aos empresários e trabalhadores e
materiais publicados sobre estudos desenvolvidos na região, artigos e livros. Para
apontar os impactos ambientais observados nesse estudo, foi aplicado o método de
“Checklist”, listando todos os impactos gerados nas atividades de extração do
calcário. Foi utilizado as cores verde e vermelho para os impactos positivos e
negativos, respectivamente (GEOTECH, 2017).
Figura 4 - Acesso as áreas de lavra e beneficiamento da pedra Cariri.
22
4.3 Identificação dos impactos ambientais
A avaliação dos impactos ambientais foi baseada no caráter do impacto, foi
considerado benéfico ou adverso (figura 4), representado pelas letras B e A,
respectivamente. Para as entrevistas realizadas, foi utilizada a ferramenta Google
Formulários para gerar gráficos.
Foram obtidos dados referentes ao rejeito da Pedra Cariri, destinação dos
fósseis, reutilização do solo para recuperação das áreas degradadas, melhoria que o
calcário trouxe para o município e principal fonte para aplicação da pedra Cariri.
Fonte: Geotech, 2016.
Figura 5 - Atributos do "Check-List" e parâmetros de avaliação.
23
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização das Empresas
Pode-se observar, de acordo com os dados informados pela a Cooperativa
que a quantidade de água e de Pedra Cariri extraída aumentou de 2015 para 2016.
Uma média de consumo mensal de água de 112.500 L/mês em 2015 passou para
127.777 L/mês em 2016. E a produção anual do calcário foi em média de 4.380 m³
para 4.811 m³, em 2015 e 2016, respectivamente.
No ano de 2015, a empresa 3 utilizou 90.000 litros por mês de água e teve
uma produção anual da pedra Cariri de 4.320 m³. O mesmo, em 2016, consumiu
100.000 litros por mês de água e produziu 4.800 m³ de calcário, esta empresa faz o
reuso da água. Diferente da empresa 4, o qual teve um consumo de água igual ao
anterior e produziu 3.600 m³ de pedra para o ano de 2015, no ano seguinte a
mesma teve um consumo de 100.000 litros de água por mês com uma produção
anual de 4.000 m³ de pedra Cariri no ano de 2016, os dois associados fizeram uso
da mesma quantidade de água, porém, não produziram a quantidade igual de pedra.
Os dados referentes ao número de empresas na cidade de Nova Olinda
equivalem aos anos de 2015 e 2016, com produção anual da Pedra Cariri, consumo
mensal de água e área explorada (tabela 1).
24
Tabela 1- Associados e dados referente a produção da Pedra Cariri para os anos de 2015 e 2016.
Fonte: Geotech e Coopedras, 2017.
Associados Área
Explorada Abastecimento
Hídrico
Consumo mensal de água (L/mês)
(2015)
Consumo mensal de água (L/mês)
(2016) Reuso
Produção anual da
Pedra Cariri (2015)
Produção anual da
Pedra Cariri (2016)
Empresa 1 0,670 HA Carro Pipa 108.000 120.000 Não 4.320 M³ 4.800 M³
Empresa 2 1,07 HA Carro Pipa 112.500 150.000 Sim 4.500 M³ 4.500 M³
Empresa 3 0,484 HA Carro Pipa 90.000 100.000 Não 3.600 M³ 4.000 M³
Empresa 4 1,02 HA Carro Pipa 90.000 100.000 Sim 4.320 M³ 4.800 M³
Empresa 5 0,670 HA Carro Pipa 126.000 140.000 Sim 4.320 M³ 4.800 M³
Empresa 6 1,50 HA Carro Pipa 112.500 125.000 Sim 4.500 M³ 5.000 M³
Empresa 7 1,15 HA Carro Pipa 157.500 175.000 Sim 4.860 M³ 5.400 M³
Empresa 8 0,995 HA Carro Pipa 112.500 125.000 Sim 4.500 M³ 5.000 M³
Empresa 9 0,270 HA Carro Pipa 103.500 115.000 Sim 4.500 M³ 5.000 M³
TOTAL: 7,829 HA 1.025.500 1.185.000 39.420 M³ 43.300 M³
25
5.2 Avaliação dos Impactos
A partir das entrevistas realizadas nos locais de extração, foi possível obter
informações a respeito dos rejeitos e dos fósseis encontrados. Para uma melhor
visualização dessas informações, foram utilizados gráficos com a porcentagem das
respostas.
A partir da análise empírica foi possível observar que a lavra é executada a
céu aberto, utilizando tratores e retroescavadeiras e a mão de obra local para a
retirada do material (figura 5). Há uma grande perca do material na extração e
transporte, acumulando pilhas de rejeitos nos locais.
Fonte: Autor, 2018.
Das 9 empresas entrevistadas apenas uma utiliza o resíduo da Pedra Cariri
para fabricação de cimento, uma não informou, e o restante permanece no local,
simbolizando 77,8% (Figura 6).
Figura 6- Local de extração da pedra Cariri.
26
Fonte: Autor, 2018.
Através de registro fotográfico foi possível observar o grande acúmulo de
rejeitos nas frentes de lavra (figura 7), nesses locais é onde são encontrados os
fósseis. A região do Cariri é rica quando se fala em paleontologia, há muitos fósseis
encontrados e sendo estudados diariamente, os fósseis encontrados estão em bom
estado de conservação, mas acabam se perdendo junto com os entulhos (figura 8).
Figura 7- Destino dos Resíduos da pedra Cariri.
27
Fonte: Autor, 2018.
Fonte: Autor, 2018.
Figura 8 - Acúmulo de rejeitos da pedra Cariri.
Figura 9- Fóssil encontrado junto com os entulhos no local de extração.
28
A maioria das empresas quando encontram fósseis durante o processo de
extração despejam o material junto com os entulhos, desse modo, 5 (cinco)
empresas informaram que o entulho permanece no local, 4 (quatro) empresas
informam ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou entregam à
Cooperativa os fósseis encontrados (Figura 9).
Fonte: Autor, 2018.
A aplicação da Pedra Cariri em revestimentos abrange cidades do Ceará e
outros estados, a maior fonte de aplicação está em pisos e revestimentos internos
ou externos (figura 10).
Figura 10- Destino dos fósseis encontrados nas pedreiras.
29
Fonte: LIMA et al, 2011.
A grande fonte de aplicação da pedra Cariri está no seu uso para pisos, com
77,8% (equivalente a 7 empresas), o restante é comercializado para revestimento
interno e externo (Figura 11).
Fonte: Autor, 2018.
A extração e comercialização da Pedra Cariri gerou bastante emprego, com a
instalação das empresas próximo as frentes de lavra. De acordo com trabalhadores
locais, a extração do calcário é a base da economia da cidade, pois sem o
Figura 12- Aplicação da pedra Cariri.
Figura 11- Aplicação da pedra Cariri para revestimento em casas.
30
extrativismo, a cidade estaciona, muitos empregados tiveram salários mais dignos e
um renda melhor (figura 12).
Fonte: Autor, 2018.
Em relação à recuperação das áreas degradadas, 33,3% das empresas
informaram que não utilizam a camada fértil do solo (vegetação nativa) para
recuperação das áreas, ou seja, 3 (três) empresas não fazem essa recuperação. 6
(seis) empresas informaram que fazem a estocagem para recuperação das áreas
degradadas, representando 66,7% (Figura 13).
Figura 13- Melhoria para o município de Nova Olinda.
31
Fonte: Autor, 2018.
A maioria das empresas associadas a cooperativa (7 empresas) reutilizam a
água para o processo de extração (figura 14), fazendo uso do recurso natural com
qualidade, das 9 (nove) empresas, apenas 2 (duas) não reutilizam a água.
Fonte: Autor, 2018.
Figura 15- Reuso da água.
Figura 14- Estocagem da camada fértil do solo.
32
O transporte do material na maioria das vezes é levado por carro de mão no
próprio local e grande parte é perdida por causa do descolamento das placas que é
feito manualmente (figura 15).
Fonte: Autor, 2018.
Através da pesquisa In Loco realizada em campo, foi possível observar os
seguintes impactos positivos na região:
➢ Desenvolvimento local e regional, o calcário é à base da economia da cidade, a
comercialização do calcário abrange várias cidades do estado do Ceará e algumas
cidades de outros Estados;
➢ Geração de emprego, com a abertura de frentes de lavra, empresas se aproximam
do local de extração, gerando emprego para a comunidade local, melhoria da
qualidade de vida e renda formal; e
➢ Projetos de recuperação ambiental com a estocagem da camada fértil do solo.
Figura 16- Perca de material nas placas de calcário laminado.
33
Através da análise empírica e da entrevista realizada nas empresas para os
associados e os trabalhadores foi possível verificar os impactos ambientais
causados desde a abertura das frentes de lavra até a comercialização do produto
final, estes estão relacionados à poluição ambiental, uso do recurso natural e
destruição de fósseis (tabela 3).
Tabela 2- Relação das atividades e valoração da pedra Cariri.
Atividades Impactos Valoração
Abertura das frentes de
lavra
Emissão de poeiras A
Degradação do solo A
Estocagem da cobertura vegetal B
Geração de emprego B
Perca de material (calcário) A
Extração Acúmulo de rejeitos A
Destruição dos fósseis A
Uso de recurso natural (água) A
Beneficiamento do calcário Uso de equipamento de proteção
individual
A
Perca de material (calcário) A
Acúmulo de efluentes A
Transporte Demanda local e regional B
Desconforto do trabalhador
(ergonomia)
A
Comercialização Desenvolvimento local e regional B
Economia B
Fonte: Autor, 2018.
➢ Abertura das frentes de lavra: Impactos como a poluição atmosférica e ambiental
são gerados desde a abertura das frentes de lavra ao transporte do material.
Através dos estudos ambientais, estudo geológico, é possível indicar o local
adequado para a abertura de frente de lavras. Como consequência esse
processo gera poluição ambiental com o uso dos recursos naturais, a perca da
cobertura vegetal e o acúmulo de resíduos nos locais de extração. Além da
emissão de poeiras, há muito caminhão pesado passando nos locais de
extração, nos transportes da pedra cariri e também nas aberturas de frentes de
lavra, em contrapartida, há geração de empregos com a chegada de novas
34
empresas próximas as lavras, e, estocagem do material orgânico para
recuperação das áreas degradadas.
➢ Extração: A extração da Pedra Cariri é feita manualmente, havendo uma grande
perca de material, além de gerar grandes pilhas de rejeitos e destruição dos
fósseis.
➢ Beneficiamento: Para o beneficiamento do calcário, utiliza-se recurso natural,
consumo de água e de energia, há perca do calcário nas maquinas da serraria,
com o beneficiamento é gerado grande quantidade de resíduo, o qual permanece
no local. Através do registro fotográfico, alguns dos trabalhadores correm o risco
de acidentes por não usarem equipamento de proteção individual.
➢ Transporte: O transporte do material retirado das pedreiras emite poluição
atmosférica com emissão de poeira e perca do material que fica nas estradas
com caminhões que carregam a pedra,porém, há uma grande demanda tanto
local como regional para diversas cidades do Ceará.
➢ Comercialização: A cidade sofreu um grande impacto econômico com a chegada
da mineração da Pedra Cariri, o calcário é a base da economia da Cidade.
5.3 Medidas mitigadoras
• Manter a vegetação remanescente no entorno das áreas exploradas;
• Acompanhamento técnico nos trabalhos, monitoramento ambiental; e
• Reutilização da água;
• Evitar a perca da cobertura vegetal e estocar os restos vegetais para
utilização na reabilitação de áreas degradadas;
• Preservar a vegetação que acompanha os rios, evitando o seu assoreamento;
• Diminuir as distâncias internas nos transportes dos materiais, modificando o
layout da obra;
• Na parte do beneficiamento, todos devem utilizar máscaras, luvas e protetores
auriculares;
• Manutenção periódica nos equipamentos para evitar emissão de gases;
• Armazenar em locais apropriados os materiais produzidos, permitindo a
movimentação de trabalhadores e equipamentos com mais facilidade;
• Sinalização dentro da obra;
35
• Diminuir a quantidade de material a ser transportada, evitando percas;
• Utilização de máscaras e luvas.
5.3.1 Geração de rejeitos e destruição dos fósseis
Há uma grande quantidade de rejeitos da Pedra Cariri, nos locais de extração,
esses rejeitos podem ser usados para recuperação de áreas degradadas, podendo
ser aproveitados para fabricação de cimento. Segundo Castro, Campos e Vidal,
(2013), o maior problema ambiental da produção da pedra é o grande acúmulo de
rejeito próximo dos rios, estradas e nas frentes de lavra. Os rejeitos podem ser
utilizados em estradas no período chuvoso, além de ser utilizado na fabricação de
cimento pela empresa ITAPUI, Indústria Barbalhense de Cimento S/A. Segundo
Campos, et al, (2009), a gestão de resíduos deve ser feita com um bom
planejamento, objetivando a minimização dos impactos ambientais e considerando
todos os fatores, pesquisa geológica, seleção de equipamentos, manuseio do
material e local apropriado para a disposição dos rejeitos. Com isto, o resultado é a
diminuição da quantidade gerada de rejeito e resíduo.
Outro problema grave, é a destruição de fósseis e comercialização ilegal. Em
todas as pedreiras é possível encontrar fósseis jogados junto com os entulhos.
Apesar das mineradoras (grande maioria) informarem que quase não encontram
fósseis, é possível ver claramente nos locais do calcário alguns dos fósseis
encontrados. Segundo Bezerra, (2013), a atividade mineradora provoca a destruição
do patrimônio fossilífero da Chapada do Araripe, essas descobertas são importantes,
pois permitem contarem histórias. Ainda sobre os fósseis, Vidal, Babisk e Castro,
(2009), relatam que é de grande importância campanhas de conscientização, estas
campanhas devem ser destinadas aos produtores focadas no problema de
comercialização e destruição dos fósseis.
36
6 CONCLUSÃO
Nesse estudo foram detectados alguns impactos relacionados à mineração do
calcário. Dentre eles destacam-se: a grande perda de material, prejudicando o solo e
a vegetação, como também a destruição e comercialização ilegal dos fósseis
encontrados nas pedreiras de extração.
Para se recuperar uma área degradada é necessário tornar o ambiente apto
ao recebimento da cobertura vegetal nativa, ou seja, é preciso que haja um
remodelamento topográfico da área minerada, para que o solo volte a ter sua
vegetação nativa. O resíduo pode ser utilizado para recuperar áreas degradadas,
para isso, é preciso que seja reposto e reajustado para que a área possa apresentar
características geoambientais semelhantes às originais.
Em relação aos fósseis encontrados, é preciso que haja uma mobilização
entre todos os colaboradores, para que os mesmos ao encontrarem esses
petrificados, possam informar aos órgãos competentes e venham a contribuir com o
patrimônio histórico da região. Com a chegada do Centro de Tecnologia Mineral do
Cariri (CTMC), no município de Nova Olinda, acredita-se que poderá haver na área
uma fiscalização mais efetiva em todo o processo de retirada da Pedra Cariri,
diminuindo perdas de material e viabilizando novos produtos, mesas artesanais e
pedra ornamental. Sendo assim, esta ferramenta será de grande importância para o
desenvolvimento econômico da região.
Para se ter uma redução dos impactos ambientais, é preciso realizar
treinamentos em gestão ambiental para todos os associados e ter um
acompanhamento técnico em todos os locais de extração do calcário laminado.
Dessa forma todos irão ter o conhecimento necessário e consciência da importância
do descarte inadequado de todos os materiais que venham à prejudicar o meio
ambiente.
Por fim, as informações aqui apresentadas permitem subsídios para que
estudos futuros mais detalhados possam ser desenvolvidos na região.
37
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