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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - EDIFÍCIOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO GLEDSON GOMES DINIZ GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: DIAGNÓSTICO NA CIDADE JUAZEIRO DO NORTE-CE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ. 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - EDIFÍCIOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

GLEDSON GOMES DINIZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: DIAGNÓSTICO NA CIDADE

JUAZEIRO DO NORTE-CE

JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.

2017

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GLEDSON GOMES DINIZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: DIAGNÓSTICO NA CIDADE

JUAZEIRO DO NORTE-CE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão Organizadora do Curso de Tecnólogo da Construção Civil com habilitação em Edifícios, da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito para conclusão do curso.

Orientador: Ernandes Venícios de Sousa Silva

JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.

2017

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GLEDSON GOMES DINIZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: DIAGNÓSTICO NA CIDADE

JUAZEIRO DO NORTE-CE

Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Tecnologia da

Construção Civil com habilitação em Edifícios pela Universidade Regional do Cariri

Monografia defendida e aprovada, em (29 / 11 / 2017), pela banca examinadora:

_____________________________________________________________

Prof. Ernandes Venicius de Sousa Silva

Orientador

_____________________________________________________________

Profª. MSc Janeide Ferreira Alencar de Oliveira

Examinador

_____________________________________________________________

Prof. MSc. Jefferson Luiz Alves Marinho

Examinador

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RESUMO

O trabalho busca reunir informações sobre como se dá o gerenciamento dos resíduos

oriundos do setor construtivo no município de Juazeiro do Norte – CE. A temática foi

escolhida por conta da indústria construtiva ser uma das que mais geram resíduos

causando inúmeros impactos ao meio ambiente seja pela exploração e modificação

dos recursos naturais ou pela geração de resíduos ocasionados pelo desperdício de

materiais, agravado ainda mais quando não há descarte final adequado. Mostrando a

grande necessidade de um gerenciamento de qualidade. Partindo do entendimento

da Resolução CONAMA 307/02 que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos

para a gestão dos resíduos. Foi concluído que apesar das diversas leis que buscam

gerir de maneira adequada os resíduos ainda não foi conseguido o avanço pretendido

pelos órgãos ambientais por conta de ainda serem altos as quantidades de resíduos

gerados e consequentemente disposto irregular.

Palavras-chaves: Construção civil; resíduos da construção civil; impactos ambientais;

CONAMA 307/02.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Classificação dos RCC ............................................................................. 11

Figura 2 – Origem dos Resíduos Sólidos Oriundos da Construção Civil .................. 11

Figura 3 – Entulho localizado no bairro Lagoa Seca na cidade de Juazeiro do Norte

.................................................................................................................................. 13

Figura 4 – Localização de Juazeiro do Norte .............. Error! Bookmark not defined.

Figura 5 – Imagem aérea do aterro controlado de Juazeiro do Norte ................. Error!

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Figura 6 – Porcentagem de massa dos resíduos da construção civil recolhidos pelas

empresas................................................................................................................... 26

Figura 7 – Porcentagem de cada tipo de resíduos enfatizando os RCC. .................. 27

Figura 8 – Localização dos principais pontos transitórios em Juazeiro do Norte – CE

.................................................................................................................................. 28

Figura 9 – Controle na geração de resíduos. .............. Error! Bookmark not defined.

Figura 10 – Destinação dos resíduos .......................... Error! Bookmark not defined.

Figura 11 – Resíduos dispostos irregularmente .......... Error! Bookmark not defined.

Figura 12 – Conhecimento das normas por parte das empresas.Error! Bookmark

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Figura 13 – Percepção de fiscalização municipal pelas empresas.Error! Bookmark

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxa da quantidade de desperdício de materiais utilizados na construção

civil ............................................................................................................................ 14

Tabela 2: Quantidade total de RCD coletado pelos municípios no Brasil ................. 15

Tabela 3 – Quantidade total de RCD coletado pelos municípios no Nordeste .......... 14

Tabela 4 - Massa total de resíduos coletados em t/dia. ............................................ 25

Tabela 5 - Porcentagem de RCC nos principais pontos transitórios em Juazeiro do

Norte – CE................................................................... Error! Bookmark not defined.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

1.1 Justificativa .......................................................................................................... 8

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 09

1.2.1 Geral ................................................................................................................ 09

1.2.2 Específicos ..................................................................................................... 09

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................... Error! Bookmark not defined.

2.1 Resíduos da Construção Civil ................................ Error! Bookmark not defined.

2.2 Legislações e normas que regem os resíduos sólidos ..... Error! Bookmark not

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2.3 Gerenciamento dos RCC .................................................................................. 19

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 15

3.1 Área de Estudo: Juazeiro do Norte .................................................................. 21

3.2 Levantamento de informações sobre os RCC no município de Juazeiro do

Norte ......................................................................................................................... 24

4 RESULTADO E DISCUSSÕES ................................... Error! Bookmark not defined.

4.1 Enquadramento de Juazeiro do Norte na PNRS ............................................. 25

4.2 Coleta dos RCC ................................................................................................. 25

4.3 RCC em pontos transitórios ............................................................................. 27

4.4 Entrevista com profissionais acerca do entendimento sobre os problemas

dos RCC ................................................................................................................... 35

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

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1 INTRODUÇÃO

Embora a Construção Civil não esteja crescendo tanto como ocorrido em

áureos tempos, ainda é um forte setor na região do Cariri. A palavra “sustentabilidade”

tornou-se cada vez mais abordada visando que esse crescimento seja responsável e

sustentável. Contando com alguns investimentos que a construção civil regional

vivencia, na busca de trazer o crescimento de volta, tendo como exemplos os diversos

imóveis destinados ao financiamento facilitado, obras de infraestrutura, de

pavimentação e ainda a crescente urbanização, verticalização e de um consumismo

desenfreado com a alta concentração da população no centro urbano, vem daí a

importância de se abordar sobre os seus resíduos gerados de suas execuções.

A indústria da construção civil vem em busca de mudanças positivas no

gerenciamento dos seus resíduos, uma vez que se caracteriza por ser uma grande

consumidora de matéria-prima e geradora de imenso volume dos resíduos da

construção civil (RCC) incrementado no meio social e urbano. Sendo assim

responsável por diversos danos agressivos ao meio ambiente causando grandes

questionamentos na relação do homem com a natureza.

No Brasil, do total de 5.564 municípios, 72,44% dos municípios avaliados pela

PNSB possuem serviço de manejo de resíduos de construção civil, sendo que, 2.937

(52,79%) exercem o controle sobre os serviços de terceiros para os resíduos

especiais. Um pouco mais da metade dos municípios (55,26%) exerce o controle

sobre o manejo de resíduos especiais executados por terceiros para manejo de RCC

(Ministério do Meio Ambiente, 2012).

Neste sentido, observando a realidade de Juazeiro do Norte, localizada na

região do Cariri, Sul do Ceará que tem cerca de 268 mil habitantes (IBGE, 2012) e

enfrenta um processo desenfreado de urbanização, onde nesse trabalho busca-se

reunir informações sobre os RCC gerados neste munícipio.

Um grande volume de resíduos da construção civil é lançado na cidade sem

um controle adequado acarretando grandes problemas ambientais, esses

representam boa parcela do total de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU gerados

diariamente nos municípios. Dentre os diversos problemas causados por essa falta de

controle no despejo dos resíduos onde muitas das vezes é descartado de maneira

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irregular provocando o acumulo em diversos pontos das cidades degradando a

paisagem, espaços urbanos como calçadas e ruas e o meio ambiente.

Em 2010 foi aprovada a Lei Federal 12.305 que institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos - PNRS, tendo como instrumento, dentre outros, a elaboração do

Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil.

Neste panorama expresso marcado por um acelerado crescimento urbano,

destaca-se a necessidade de ações que diagnostiquem os resíduos, planejando

desde a produção, até o transporte e destinação final, tendo como propósito dar uma

finalidade adequada através de modelos de gerenciamento sustentável.

1.1 Justificativa

O município de Juazeiro do Norte vivenciou um grande crescimento no ramo

da construção civil na última década, e apesar de atualmente se falar em crise

econômica no país, esse setor, que é um importante indicador de crescimento, ainda

consegue manter um razoável nível de atividade no município. Essa quantidade

considerável de obras e a forma incorreta de descartar os resíduos resultantes de

demolições e construções podem ocasionar um grande impacto ambiental. Sendo

assim é preciso dar-se uma finalidade minimamente sustentável.

Os resíduos provenientes das construções representam uma boa parcela do

total de Resíduos Sólidos Urbanos gerados diariamente nos municípios, torna-se

necessária a busca e o estabelecimento de modelos de gerenciamento sustentáveis

para esses resíduos, o que tem motivado estudos, quantificações e propostas de

disposição e minimização.

Partindo da análise das diversas legislações, normas, resoluções que regem

os resíduos e reconhecendo a necessidade de reduzir a geração destes resíduos e

de lhes dar destinação final ambientalmente adequada, este trabalho tem o propósito

de diagnosticar a situação do munícipio de Juazeiro do Norte.

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1.2 Objetivos

O presente trabalho busca reunir informações sobre os resíduos de construção

civil (RCC) gerados no município de Juazeiro do Norte - CE.

Partindo do ponto que nem todas as resoluções e leis estão sendo cumpridas

pelo município e sendo possível uma melhora considerável, não atendendo assim

princípios de sustentabilidade. Foram definidos os objetivos seguintes.

1.2.1 Geral

Realizar um diagnóstico na cidade de Juazeiro do Norte - CE na busca de

identificar de que forma os resíduos gerados pela construção civil no município estão

sendo gerenciados e quanto a sua adequação as existentes leis, resoluções e

políticas afins.

1.2.2 Específicos

• Realizar estudo de como está a situação do município na gestão de seus

resíduos da construção civil;

• Reunir dados sobre os resíduos da construção civil nos principais pontos

transitórios do município de Juazeiro do Norte.

• Identificar as principais empresas coletoras de resíduos da construção civil no

município de Juazeiro do Norte e sua destinação.

• Verificar qual o entendimento dos profissionais da construção civil de Juazeiro

do Norte – CE acerca dos conceitos de Educação Ambiental e as leis e normas

afins.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Resíduos da Construção Civil

Ao analisar o conceito de RCC em trabalhos existentes, percebe-se que os

autores não se distanciam entre si em suas ideias, poucos definem com suas próprias

palavras o significado de resíduos da construção civil. Pinto e Gonzáles (2005), por

exemplo, definem RCC como resíduos oriundos de obras de infraestrutura, de

responsabilidade do poder público e das atividades particulares na construção de

novas edificações, ou nas reformas, ou em demolições de obras.

Neto (2005) diz que esses resíduos são oriundos dos serviços de infraestrutura,

como terraplanagem e redes de serviços públicos (água, esgoto, pluvial, gás, energia

elétrica e telefonia), e da execução de novas construções urbanas, demolições e

reparos de construções existentes.

Assim todos entram em consenso com a definição apresentada na Resolução

307 do CONAMA através do art. 2º, acerca dos resíduos da construção civil:

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; (Resolução n º 307, 2002, p. 1)

O art. 3 º classifica os resíduos da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fio etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso; (Redação dada pela Resolução nº 469/2015).

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; (Redação dada pela Resolução n° 431/11).

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IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,

tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais

objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à

saúde. (Redação dada pela Resolução n° 348/04).

Figura 1 – Classificação dos RCC.

Fonte: Adaptado de Rios, Alexandre e Costa (2017).

Através do gráfico a seguir é possível identificar o percentual de RCC gerado

em cada tipo de obra de edificações.

Figura 2 - Origem dos Resíduos Sólidos Oriundos da Construção Civil

Fonte: I & T Informações e Técnicas, 2014

59%21%

20%

Origem do Resíduos Sólidos

Reformas

Prédios Novos

Residências Novas

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O setor da construção civil é classificado como um dos maiores causadores

dos problemas ambientais por serem os maiores geradores de resíduos da sociedade

(JOHN, 2001), e ainda pelo consumo de recursos naturais e pela modificação da

paisagem (PINTO e GONZÁLES, 2005).

Para a ISO 14001/2004, impacto ambiental é tido como qualquer que seja a

modificação acontecida no meio ambiente, problemática ou não, resultado, das

atividades, produtos ou serviços de uma organização.

As edificações, qualquer que seja o seu porte, alteram o meio ambiente, seja

na etapa de produção, seja na manutenção ou no uso, ela sempre irá causar impacto

ao meio ambiente (KARPINSKI et al, 2009).

Com o consumo estimado de 7.169.541 milhões de toneladas de areia e de

5.622.392 milhões de toneladas de pedra britada, dados esses apenas do estado do

Ceará (DNPM, 2015), materiais esses de suma importância para a construção e quase

que indispensáveis. Estima-se ainda que cerca de 50% dos recursos consumidos na

construção civil são extraídos da natureza (UNEP DTIE, 2005). Estes agregados

naturais representam recursos não renováveis e sua exploração causa impactos

ambientais. Cada vez mais é agregado ao meio urbano uma grande quantidade de

resíduos pela necessidade de se explorar.

Os principais impactos causados ao meio ambiente e à sociedade urbana estão

relacionados a geração de RCC que são críticos por terem elevado desperdício,

grande volume gerado tendo que os RCC equivalem a duas vezes, em massa, à

quantidade dos resíduos domiciliares (CREA-SP, 2005), ainda dificuldade de

disposição e questões ambientais quando disposto em locais irregulares, como

encostas, margem de rios, rodovias, ambientes públicos e etc., podendo assim

proliferar vetores de doenças (MARINHO e SILVA, 2012). Se manejados

adequadamente, os resíduos sólidos adquirem um grande valor comercial e podem

ser reutilizados em forma de novas matérias-primas. (Ministério do Meio Ambiente,

2012).

Segundo Leite (2001), destaca-se como causas da geração destes resíduos: a

falta de qualidade dos serviços podendo originar a perda de materiais saindo assim

como entulho; a urbanização desordenada; o aumento do poder de compra da

população e facilidades impostas pelo governo impulsionando o desenvolvimento de

novas construções e reformas, as estruturas de concreto mal construídas diminuindo

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a vida útil e necessitando de manutenção, os desastres naturais e os desastres

provocados pela ação do homem.

É fácil perceber o quão grande é o problema ao percorrer algumas ruas e

localidades urbanas ao verificar imagens como a figura que mostra o acúmulo de

resíduos no bairro Lagoa Seca em Juazeiro do Norte.

Figura 3 – Entulho localizado no bairro Lagoa Seca na cidade de Juazeiro do Norte

Fonte: O autor, 2017

A alta taxa de desperdício de materiais na realização das edificações é uma

das responsáveis pela geração contínua e crescente de RCC no Brasil. É estimado

que para cada tonelada de resíduo urbano coletado, são recolhidas duas toneladas

de entulho proveniente do setor de construção civil (NETO, 2005).

Na tabela 3 pode-se observar a quantidade em média em que os materiais mais

comuns a uma edificação são desperdiçados compondo os resíduos da construção.

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Tabela 1 – Taxa da quantidade de desperdício de materiais utilizados na construção civil

Materiais Taxa de Desperdício (%)

Média

Concreto usinado 9

Aço 11

Blocos e Tijolos 13

Placas Cerâmicas 14

Revestimento Têxtil 14

Eletrodutos 15

Tubos para Sistemas Prediais 15

Tintas 17

Condutores 27

Gesso 30

Fonte: Adaptado de ESPINELLI, 2005

Desperdícios esses se devem pela má execução ou desqualificada mão de

obra pelos erros cometidos no momento de se levantar um quantitativo a partir de um

orçamento, também por danos e ou má qualidade de tais produtos, ainda um

transporte inadequado e armazenamento precário (ESPINELLI, 2005).

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS identificou junto

aos municípios brasileiros a quantidade de RCC coletados. A quantidade coletada nos

municípios participantes da pesquisa representa uma estimativa, sendo cerca de

7.192.372,71 t/ano de quantidade coletada de RCC de origem pública e 7.365.566,51

t/ano de quantidade coletada de RCC de origem privada. Vale ressaltar que esses

dados não correspondem a totalidade de RCC gerados, pois nem todos os municípios

brasileiros contribuíram com dados. (Ministério do Meio Ambiente, 2012).

Segundo a Associação Brasileira de Empresa de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais (ABRELPE, 2016), estima-se que os municípios coletaram cerca de 45,1

milhões de toneladas de RCD em 2016, o que configura uma diminuição de 0,08% em

relação a 2015 como mostra a tabela a seguir.

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Tabela 2 - Quantidade total de RCD coletado pelos municípios no Brasil

Fonte: Pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), 2016.

Já voltado para a região Nordeste, é visto que com o desenvolvimento obtido

pela região nos últimos anos, a região contribui significantemente para os elevados

dados nacionais.

Tabela 3: Quantidade total de RCD coletado pelos municípios no Nordeste

Fonte: Pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), 2016.

2.2 Legislação e normas que regem os resíduos sólidos

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

contém diretrizes importantes para permitir o avanço necessário ao País no desafio

de resolver os principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do

manejo inadequado dos resíduos sólidos. A PNRS prevê a conscientização,

prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de

hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para estimular o

aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação

ambientalmente adequada dos rejeitos.

Com a aprovação da PNRS deu-se início a uma articulação envolvendo a

União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a sociedade em geral - na busca de

soluções para os problemas na gestão resíduos sólidos que comprometem a

qualidade de vida dos brasileiros.

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Baseado na responsabilidade compartilhada, a sociedade como um todo

passou a ser responsável pela gestão ambientalmente adequada dos resíduos

sólidos. O cidadão agora é responsável não só pela disposição correta dos resíduos

que gera, como também é importante que reveja o seu papel como consumidor. Já o

setor privado fica responsável pelo gerenciamento ambientalmente correto dos

resíduos sólidos, planejando a reutilização e reciclagem, colocando assim de volta na

cadeia produtiva, e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios

socioambientais. Os governos federal, estaduais e municipais são responsáveis pela

elaboração e implementação dos planos de gestão de resíduos sólidos, assim como

dos demais instrumentos previstos na PNRS (Ministério do Meio Ambiente, 2012).

Antes disso, em 2002 no Brasil, a Resolução CONAMA nº 307, alterada pela

Resolução 348/2004 (BRASIL, 2004), foi desenvolvida através de uma política pública

para a gestão de resíduos oriundos do setor construtivo (CONAMA, 2002). Essa

resolução determina que a responsabilidade pelos resíduos é do gerador, cabendo

aos demais participantes da cadeia de atividades construtivas, responsabilidades

solidárias quanto a sua participação e, ao poder público, o papel de disciplinar e

fiscalizar as atividades dos agentes privados. Determinando assim diretrizes para

diminuir os impactos ambientais causados e responsabilizando os geradores pelo

gerenciamento dos resíduos, antes da Resolução o poder público era totalmente

responsável.

A Resolução 307/2002 estabeleceu o Plano Integrado de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos (PIGRS) onde designa aos Municípios a elaboração e fiscalização

de soluções de gerenciamento para os produtores de pequenos volumes de resíduos,

como também aplicar sanções aos produtores de grandes volumes, onde é obrigatório

a elaboração de seu próprio plano de gerenciamento apresentando ao poder público

no processo de aprovação do projeto de qualquer empreendimento que envolva

atividade de construção civil e estabelecendo os procedimentos necessários e

adequados para o transporte e destinação final dos RCC, sendo essa a principal

ferramenta da Resolução (BRASIL, 2002).

Em conjunto trabalha o Plano Municipal de Resíduos Sólidos de Construção

Civil (PMRSC). Segundo Pinto e Gonzáles (2005), o Plano Municipal assume uma

implantação de serviços públicos onde os pequenos geradores e transportadores

podem assumir suas responsabilidades na destinação correta dos RCC produzidos

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de sua própria atividade. E ao lado da aprovação dessa resolução, outro importante

passo, é a aprovação de um conjunto de normas técnicas relacionadas ao manejo,

reciclagem e utilização de agregados derivados de sua transformação. Essas normas

criam condições favoráveis para a correta realização dessas atividades e para a

adoção destes agregados reciclados em obras tanto públicas quanto privadas.

No município de Juazeiro do Norte, a Lei Nº 3.662, de 22 de abril de 2010, que

institui a Política Ambiental, na seção II, art. 4º traz os objetivos definidos:

I - O estímulo cultural à adoção de hábitos, costumes, posturas e práticas sociais e econômicas não prejudiciais ao meio ambiente; II - A adequação das atividades socioeconômicas rurais e urbanas às imposições do equilíbrio ambiental e dos ecossistemas naturais onde se inserem; III - A preservação e conservação dos recursos naturais, seu manejo equilibrado e a utilização econômica, racional e criteriosa, dos não-renováveis; IV - O comprometimento técnico e funcional de produtos alimentícios, medicinais, de bens materiais e insumos em geral, bem como, espaços edificados com as preocupações ecológico- ambientais e de saúde; V - A utilização adequada do espaço territorial e dos recursos hídricos destinados para fins urbanos e rurais, mediante uma criteriosa definição de uso e ocupação do solo, normas de projeto, implantação, construção e técnicas ecológicas de manejo, conservação e preservação, bem como de tratamento e disposição final de resíduos e efluentes de qualquer natureza (Juazeiro do Norte, 2010);

A Lei Complementar nº 10, de 19 de maio de 2006, que institui o Código de

Postura do Município de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, estabelece, dentre

outras coisas, que a limpeza dos logradouros e vias públicas e a coleta de lixo

domiciliar são serviços de responsabilidade da Prefeitura que os executará por

administração direta ou indireta; que a lavagem e a varrição do passeio e da sarjeta

deverão ser efetuadas em hora conveniente e de pouco trânsito; que os responsáveis

por derrames ou sujeira na via pública, proveniente de serviços, carga, descarga ou

quaisquer atividades, estão obrigados a limpar e higienizar convenientemente o lugar

onde tais serviços ocorreram. Contudo, não decreta as especificidades do volume

gerado, definição de grande gerador e os distintos responsáveis pelo mesmo.

Especificando para as edificações o capítulo III trata da higiene das edificações

e terrenos onde destaca-se o art. 10 e parágrafo único do art. 11.

Art. 10 – Os proprietários e inquilinos de imóveis urbanos são obrigados a conservar em perfeito estado de asseio seus prédios, quintais, pátios e outras dependências que ocupem. § 1º - Os loteamentos e lotes isolados ainda não construídos devem ser mantidos livres de mato, água estagnada e lixo.

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§ 2º - As providências para o escoamento das águas estagnadas e a limpeza de propriedades particulares competem ao respectivo proprietário ou possuidor a qualquer título. § 3º - Decorrido o prazo concedido para que uma habitação ou terreno seja limpo, sem que o proprietário tenha tomado qualquer providência nesse sentido, o Executivo Municipal poderá mandar executar o serviço, apresentando-lhe a respectiva conta, mediante notificação, inclusive da possível inscrição do débito na Dívida Ativa Municipal. Art. 11 – Parágrafo único. A remoção de restos de material de construção, de entulhos, provenientes de demolições, de serradura, resíduos industriais, materiais excrementícios, forragem de cocheiras ou estábulos, corpos de animais mortos, ou outros resíduos que exijam cuidados especiais será considerada serviço extraordinário a ser realizado pela Prefeitura mediante solicitação do interessado e pagamento de tarifa prevista em ato do chefe do Executivo Municipal.

A Lei nº 3.689, de 28 de maio de 2010 que dispõe sobre o serviço de coleta de

entulho, institui o Sistema de Gestão Sustentável de Resíduos da Construção Civil e

o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Significou um

avanço para a coleta, armazenamento, transporte e disposição final de resíduos de

construção civil e outros resíduos, onde o art. 3º, baseado nas Resoluções nacionais,

enfatiza que a remoção e a gestão do entulho são de responsabilidade de seus

geradores, bem como dos transportadores e receptores. Destaca-se também o art. 5º

e seu § 2º tendo dito que:

Art. 5º - É proibido expor, depositar, descarregar nos passeios, canteiros, ruas, jardins e demais áreas de uso comum do povo, encostas, áreas não licenciadas ou protegidas por lei, entulhos, terras ou resíduos sólidos de qualquer natureza, ainda que acondicionados em veículos, carrocerias, máquinas e equipamentos assemelhados, salvo o regulamentado nesta Lei. § 2º- Detectado o acúmulo na frente das obras ou locais proibidos, será o responsável intimado a retirá-lo no prazo de 24 horas sob pena de fazê-lo à Prefeitura, cobrando-se o custo correspondente às despesas, em dobro (Juazeiro do Norte, 2010).

O Art. 9º diz respeito as empresas que promovem os serviços de coleta de

entulhos mostrando algumas especificações:

Art. 9º- As caçambas de coleta de entulho e congêneres deverão ter sinalização e inscrição nos seguintes termos:

I- deverão ser pintadas em esmalte sintético na cor amarelo vivo em toda a sua extensão;

II- II- Deverão conter faixa zebrada, com tinta ou película refletiva que facilitem a sua visualização, principalmente no período noturno (Juazeiro do Norte, 2010);

Já o Art. 17 indica o procedimento a ser feito quando após ser recolhido qual a

destinação será dada.

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Art. 17- A Prefeitura Municipal indicará mediante alvará o local para depósitos dos entulhos retirados, mediante pedido subscrito pelo representante legal da empresa, ou pelo particular, que renovará o pedido se a capacidade do depósito autorizado se esgotar (Juazeiro do Norte, 2010).

Na esfera estadual, o Ceará conta com a Lei 13.103 de 2001 que instituiu a

política estadual dos resíduos sólidos onde estabeleceu diretrizes para prática de

prevenção, controle e proteção do meio ambiente assegurando o uso adequado dos

recursos ambientais do estado do Ceará. Onde no capítulo V e seus artigos 29, 30 e

31 fala especificamente sobre os RCC.

Art.29. Caberá aos geradores de resíduos da construção civil a elaboração e a implementação de plano de gerenciamento de resíduos da construção civil, de acordo com a seção VI do Capítulo VI desta Lei. Art.30. O transporte, tratamento e destinação final dos resíduos da construção civil serão de responsabilidade do gerador e deverão ser obrigatoriamente destinados às Centrais de Tratamento de Resíduos, devidamente autorizadas e licenciadas pelos órgãos ambientais competentes. Art.31. O gerenciamento dos resíduos da construção civil, desde a geração até a disposição final, será feito de forma a atender os requisitos de proteção, preservação e economia dos recursos naturais, segurança do trabalhador e da saúde pública.

2.3 Gerenciamento dos RCC

Para obter-se um gerenciamento eficaz dos RCC é necessário realizar um

diagnóstico sobre a sua geração, para identificar o volume total como também as

propriedades e características (BERNADES et al., 2008).

Para obter-se uma gestão sustentável de resíduos sólidos, a resolução nº 307

do CONAMA, estabeleceu que os geradores de resíduos devem ter como principal

objetivo a não geração de resíduos, no entanto, quando existir a geração, deve-se

buscar a redução, reutilização, reciclagem e só após esse procedimento dar-se a

destinação final.

Em primeiro lugar o objetivo é a não geração de resíduos. Após essa etapa

busca-se reduzir a produção de resíduos, onde essa redução depende de diversos

fatores no processo construtivo, como a escolha da tecnologia, que influenciará na

menor geração de perdas. Após a redução procura-se reutilizar os resíduos, sem

utilização de processo químico. A reutilização de materiais na construção civil trata de

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transformar os resíduos das obras, encarados como entulhos, em produtos comerciais

que possam ser reutilizados. Após essa fase chega-se a reciclagem que visa à

redução da exploração dos recursos naturais na busca de produzir novas matérias

prima, com presença de processos químicos. E só assim chegar a destinação final

onde os rejeitos são depositados de preferência em aterros sanitários, perceber-se

que quanto mais forem utilizados os métodos descritos anteriormente, menor vai ser

a quantidade para a disposição final (RIOS, ALEXANDRE E COSTA, 2017).

De acordo com o Artigo 10 da resolução 307 do CONAMA, é estabelecido a

destinação final dos resíduos de acordo com as classes instituída pela Resolução

permitindo as seguintes formas de destinação dos resíduos.

Classe A: devem ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de resíduos Classe A e de preservação de materiais para usos futuros; Classe B: devem ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; Classe C e Classe D: devem ser armazenados, transportados ou destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

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3 METODOLOGIA

Nesta seção será apresentada a metodologia utilizada para serem atingidos os

objetivos da pesquisa. Apresenta-se também a caracterização do munícipio de

Juazeiro do Norte - CE onde foi realizado o estudo e como foi desenvolvida a pesquisa

para obtenção dos resultados.

De início foi feita uma revisão teórica, bibliográfica sobre os Resíduos Sólidos

da Construção Civil, com objetivo de conhecer o panorama do Brasil e do munícipio

de Juazeiro do Norte, com dados coletados junto a diversas fontes digitais e

impressas, como também o levantamento de informações já existentes sobre o tema

e com isso direcionar o referencial teórico de acordo com os objetivos do trabalho.

Uma grande atenção foi dada a legislação e seus instrumentos no que se refere

aos resíduos, a Resolução CONAMA 307 de 2002.

Para chegar a um dos objetivos específicos deste trabalho foi executada uma

entrevista exploratória, descritiva e explicativa com responsáveis por cinco empresas

da cidade de Juazeiro do Norte sobre o entendimento a respeito das leis que regem

os resíduos da construção civil.

3.1 Área de estudo: Juazeiro do Norte

O município de Juazeiro do Norte situado no estado do Ceará e distante 491

km da capital, Fortaleza, conta com uma população estimada em 2016 de 268,248 mil

habitantes distribuídos em uma área 248,832 km², segundo o censo de 2010. Tendo

assim uma alta taxa de urbanização em torno de 95% (IBGE, 2012).

Situada na região do Cariri, onde por meio da promulgação da Lei

Complementar Nº 78 de 26 de junho de 2009 foi criada a Região Metropolitana do

Cariri - RMC, composta pelos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha,

Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri

(CEARÁ, 2009).

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Figura 4 - Localização de Juazeiro do Norte.

Fonte: Adaptado de dados “shape files” obtidos do i3Geo.

O município de Juazeiro destaca-se por uma forte influência comercial e de

serviços na região sul do estado do Ceará e ainda em cidades de estados vizinhos

como Paraíba, Pernambuco e Piauí mantendo assim o seu comercio aquecido.

Também pelo polo da indústria de calçados, e a grande crescente de seu polo

universitário. Conhecida também como a cidade das romarias, destaca-se o turismo

religioso, onde nos meses de fevereiro, setembro e novembro tem um expressivo

aumento populacional.

Com o desenvolvimento da região Nordeste, em geral, alavancado por obras

de recursos hídricos e de infraestrutura, Juazeiro do Norte conta com o PIB de R$

3.779.837 mil (IBGE, 2012), sendo assim o maior do interior do Ceará e 3º maior do

estado do Ceará, destaca-se dentre diversas áreas a sua indústria da construção com

diversas obras de infraestrutura, associada a uma crescente verticalização e um

desenvolvimento urbano moderno.

Apesar da crise nos diversos setores da economia que também afetou a

construção civil, o mercado de imóveis de Juazeiro do Norte está proporcionando um

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grande aumento de investimentos das mais variadas ordens por parte das

construtoras, incorporadoras e imobiliárias.

Segundo informações obtidas em meio eletrônico o Sinduscon-CE diz que, O

Ceará é o Estado do Nordeste onde a construção civil mais cresce, em torno de 17%,

e Juazeiro lidera o crescimento com 20%, estando assim acima do crescimento do

seu Estado. Ainda segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI),

houve um crescimento de 20% nos negócios imobiliários no município em relação a

2015 (Diário do Nordeste, 2017).

3.2 Levantamento de informações sobre os RCC no município de Juazeiro do

Norte

Foi preterida informações junto a Autarquia Municipal de Meio Ambiente de

Juazeiro do Norte (AMAJU), a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos

(SEMASP), órgãos municipais, na busca da identificação da maior problemática e

possíveis soluções. Ainda foi recorrido a instituições a âmbito nacional através de seus

sites na busca por dados que expliquem a situação nacional.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Enquadramento de Juazeiro do Norte na PNRS

A Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte depois de

estudos identificou vários pontos de acúmulo de resíduos, despejados de forma

irregular na zona urbana.

Com esse preocupante fato e seguindo resoluções nacionais, a administração

municipal trabalhou em um marco regulatório de acordo com o CONAMA e o PIGRS.

Hoje o município também conta com áreas cadastradas para descarte

autorizadas a receber os RCC segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços

Públicos - SEMASP, como exemplo o aterro sanitário municipal, onde os resíduos

servem como material de cobertura dos demais RSU, localizado na estrada que liga

a cidade ao Município de Caririaçu distando 5 km do centro comercial urbano

(MARINHO e SILVA, 2012).

Abaixo a figura 3 apresenta uma imagem do local onde ocorre a disposição de

resíduos no município.

Figura 5 – Imagem aérea do aterro controlado de Juazeiro do Norte

Fonte: Diagnostico de Resíduos de Juazeiro/ AMAJU, 2016

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Entre os meses de junho e julho do ano de 2016 foi desenvolvido um

Diagnóstico de Resíduos Sólidos do município realizado pela Autarquia Municipal de

Meio Ambiente de Juazeiro do Norte.

A PNRS estabelece que Estados, Municípios e empresas elaborem seus

Planos de Resíduos, onde devem apontar soluções sustentáveis para os resíduos

gerados, através de um diagnóstico realizado através do levantamento de dados da

quantidade e os tipos de resíduos gerados, observando o processo desde a geração

até a disposição final ambientalmente adequada. O maior desafio de um diagnóstico

é pelo fato de que até então nenhuma instituição era obrigada a ter os dados (AMAJU,

2016).

O município de Juazeiro do Norte/CE possui um grande potencial para essa

área. O município é hoje um polo de desenvolvimento industrial da região. A cada dia,

há um acréscimo significativo no número de empreendimentos. Observou-se a

necessidade de realizar um diagnóstico dos resíduos em Juazeiro do Norte tendo por

objetivo implementar um estudo contendo a análise quantitativa e qualitativa dos

resíduos sólidos gerados levando em consideração os pontos de acúmulo, coleta,

transporte, destinação e disposição final. O estudo é uma hipótese para a futura

elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o

dimensionamento de biodigestores, usinas de reciclagem, centrais de triagem e

aterros sanitários (AMAJU, 2016).

4.2 Coleta dos RCC

Na tabela 4 abaixo é explicado a quantidade de toneladas de resíduos

recolhidos pelas empresas que contribuíram com o diagnóstico (AMAJU, 2016). Com

destaque para os dados da empresa Azul entulhos e Start Limp que trabalham

diretamente com os RCC.

Tabela 4 - Massa total de resíduos coletados em t/dia.

Reciclável Orgânico

Resíduos Outros Total

Empresas Perigosos (t/dia) (t/dia) (t/dia) (t/dia) (t/dia)

Azul Entulhos 15,60 0,00 0,00 0,00 15,60 Start Limp 21,67 0,00 0,00 0,00 21,67 Carroceiros * * * * * TODOS RESÍDUOS 106,03 92,04 1,73 56,01 255,80

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Fonte: Adaptado do Diagnostico de Resíduos de Juazeiro/ AMAJU (2016)

Através da análise dos dados da tabela acima pode-se concluir que a coleta

diária total de resíduos de Juazeiro do Norte é de aproximadamente 255,80 t. Sendo

coletados em diferentes pontos do município e transportados para sua disposição final

de forma geral ao aterro controlado municipal. Os dados dos carroceiros (coletores

independentes) não foram informados, imposto pela dificuldade de se levantar os

dados, atribuídos pela desorganização da classe e o despejo de forma irregular. Os

resíduos da construção civil coletados pelas duas empresas juntas contabilizam cerca

de 37,27 t/ dia. (AMAJU, 2016).

A Start Limp e a Azul Entulhos são, de acordo com a AMAJU (2016), as maiores

empresas coletoras de RCC, o seguinte gráfico (Figura 4) mostra a porcentagem que

cada empresa coleta.

Figura 6 - Porcentagem de massa dos resíduos da construção civil recolhidos pelas empresas

Fonte: Diagnostico de Resíduos de Juazeiro/ AMAJU (2016)

Observa-se que a Start Limp coleta 58% (que equivale a 21,67 t/dia) dos RCC

realizando uma média de 100 coletas ao mês (containers de 5m³), enquanto a Azul

Entulhos fica com os outros 42% (15,60 t/dia) fazendo em média 90 coletas de

containers (de 4m³) mensalmente.

Vale destacar que existem outras empresas que trabalham com coleta de RCC,

mas por falta de dados mais precisos as mesmas foram desconsideradas no

diagnóstico.

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A AMAJU (2016) classificou os resíduos sólidos da construção civil como

“recicláveis” ao analisar a representatividade de cada tipo de resíduo na coleta. Os

RCC representaram 14,57% da quantidade em massa total coletada diariamente

(255,80 t/dia) de resíduos recolhidos pelos sistemas de coleta e transporte de Juazeiro

do Norte.

Figura 7 - Porcentagem de cada tipo de resíduos enfatizando os RCC.

Fonte: Diagnostico de Resíduos de Juazeiro/ AMAJU (2016)

Embora os RCC estejam classificados como recicláveis pela AMAJU (2016), as

empresas responsáveis por sua coleta destinam em média 90% do que coletam para

o aterro controlado, os outros 10% destinam para aterramento em construções em

obras particulares ou pela prefeitura.

4.3 RCC em Pontos Transitórios

Em 2015 a SEMASP realizou a identificação de alguns pontos transitórios

distribuídos por toda cidade na busca de identificar o processo ou atividade que lhe

deu origem. Os pontos identificados não apresentam infraestrutura. Destaca-se que

existe a coleta municipal programada dos resíduos dispostos nesses locais, através

de caminhões de carroceria, máquinas - trator, retroescavadeiras, caçambas (AMAJU,

2016).

1%22%

36%

27%

14%41%

Perigosos Outros Orgânicos Recicláveis (excluídos os RCC) RCC

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Foram citados alguns motivos pelos quais esses locais se tornaram pontos de

acúmulo, entre eles a deficiência da coleta pública, pela falta da educação ambiental

e por conveniência dos moradores. Alguns desses pontos que existem passam por

limpeza periodicamente, mas na maioria das vezes retornam a acumular resíduos.

Dos 50 pontos de descarte irregular de resíduos espalhados pela cidade, foram

feitos levantamentos gravimétricos nos de maior porte pela AMAJU (2016).

Figura 8 – Localização dos principais pontos transitórios em Juazeiro do Norte – CE.

Fonte: Adaptado de Google Satélite (2018) / Coordenadas in loco obtidas pela AMAJU (2016).

Os pontos transitórios apresentaram um alto índice de resíduos da construção

civil, a seguinte tabela reúne as porcentagens de massa e volume de RCC, endereços

e suas coordenadas UTM referenciadas ao Meridiano Central nº 39°00', fuso- 24,

tendo como datum o SIRGAS2000.

Tabela 05 – Porcentagem de RCC nos principais pontos transitórios em Juazeiro do Norte – CE.

Ponto Endereço %

Massa

%Volume Coordenadas UTM

1 Rua Otônio Lira (Igreja Mãe

Rainha)

90 80 465575,9529 9200720,1646

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2 Avenida Antônio Pereira da Silva 95 90 465765,7910 9200696,9561

5 Rua Padre Nestor Sampaio com

Rua Dão Ribeiro

99,2 90 465049,2786 9200039,0013

7 Rua Ary Cruz com Rua Maria

Pereira

96,4 77,5 467584,4957 9202266,7305

8 Rua Padre Nestor Sampaio com

Rua Irmã Florentina

99,88 98,5 464690,4935 9200035,9866

9 Rua Eduardo Mclain 87 90 464405,2032 9201043,3201

10 Rua Antônio Mota Diniz (atrás do

Hiper Bom Preço)

91 97 464327,6039 9201927,6600

11 Rua Delmiro Gouveia 71 65 464367,3289 9202127,9053

12 Rua Madre Maria Vilac com Rua

Paula Bezerra

98,63 92 466256,6372 9201326,1902

13 Rua Capitão Domingos 76 71,25 466367,7427 9201645,0148

15 Rua Madre Nely Sobreira (local de

Brejo)

98,29 75 466491,0730 9201568,6339

18 Avenida Virgílio Távora 96 70 468182,2338 9202687,1979

20 Rua Dr. João Tavares 3 5 468653,1083 468653,1083

27 Rua Manoel Vitorino 50 50 464006,4806 9203274,5981

29 Rua Santa Clara com Rua José

Pereira

99,1 90 464514,5063 9203032,0569

30 Rua Joaquim Figueiredo com

Açudinho

97,5 78 463804,1277 9201068,0716

31 Rua Domingos Calazans 88 75 463357,6185 9201080,0315

32 Rua São Lázaro 84 76 463555,3117 9200377,8789

34 Rua Ezequiel Almeida 0 0 467430,6653 9200664,8980

36 Rua Maria Diva Cardoso Lobo 98,2 85 466758,7440 9200248,9773

37 Rua Francisco Manoel Bezerra 93,5 66 466811,1650 9200275,1139

41 Avenida Aírton Senna 76 65 465400,8504 9202950,0683

42 Rua Joana Batista Holanda 99,5 99 464749,3163 9204495,1564

43 Rua São Pedro 93,58 88,2 465228,8727 9204633,9825

44 Rua Pedro Cruz Sampaio (Próximo

a ETE Malvas)

0 0 465702,5488 9203951,9727

45 Avenida Carlos Cruz 0 0 466788,5670 9203850,1343

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46 Avenida Carlos Cruz 17 4 466813,1102 9203836,6389

47 Avenida José Bezerra com Frei

Ibiapina

90 80 466400,6575 9202871,5180

48 Av. José Bezerra com rua Nossa

Senhora de Lourdes

97,5 90 466185,6982 9202387,4146

49 Av. José Bezerra com Carolina

Sobreira

96 83 466254,6227 9202043,5302

50 Rua Senhor do Bonfim com Rua

Jaime Dorcyl

90 75 464771,3392 9200632,0887

Fonte: Dados retirados da gravimetria feita pela AMAJU (2016) em cada ponto.

O ponto 13 foi dividido em 4 pontos e o ponto 43 foi dividido em 5 pontos, seus

valores apresentados na tabela correspondem a uma média dos resultados de suas

divisões. Nos pontos 34 e 45 não foi possível a gravimetria, o ponto 44 foi o único dos

principais pontos transitórios onde não foi constatado presença de RCC.

O município possui alguns pontos de destinação. A AMAJU (2016) cita os

maiores da cidade: a Arplast, que coleta papelão, plásticos e papéis (garrafas, baldes,

caixas, cadeiras, sacos, dentre outros); a Ferroplast, que coleta papelão, plástico,

ferro velho, garrafas de vidro e metal; e a Flamax que coleta e transporta os resíduos

sólidos urbanos e incinera resíduos de serviços de saúde e resíduos industriais.

Nenhuma empresa específica para reciclagem de RCC foi mencionada, sendo que

dentre os principais problemas encontrados nos pontos, estes resíduos são maioria.

4.4 Entrevista com profissionais acerca do entendimento sobre os problemas

dos RCC

Foi realizada uma pesquisa com alguns profissionais da construção civil no

intuito de identificar o entendimento dos mesmos para com os conceitos de educação

ambiental e as diversas legislações e normas técnicas que dizem algo sobre os RCC.

Foram entrevistados os responsáveis e/ou engenheiros de cinco obras em

pontos diferentes da cidade; sendo uma de grande porte, no momento realizando a

construção de duas torres de 21 pavimentos e identificada como Empresa “A”; duas

de médio porte onde uma executa a infraestrutura de um loteamento (Empresa “B”) e

outra a construções de moradias para venda através de incentivos e programas do

Governo Nacional (Empresa “C”); e ainda um engenheiro responsável por uma obra

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residencial de alto padrão identificado como Empresa “D”; e um construtor informal

executando reformas de algumas casas (Empresa “E”).

Abaixo temos os questionamentos feitos aos mesmos.

Figura 9 - Controle na geração de resíduos.

Fonte: O autor, 2017.

A Empresa “A” informou que procura reduzir os entulhos gerados

reaproveitando alguns tipos de materiais, como restos de ferros (utilizados na

execução de vergas e contravergas) e madeira (reutilizada na obra em geral). As

demais empresas não mostraram nenhum tipo de preocupação com a geração dos

resíduos.

Figura 10 - Destinação dos resíduos.

80%

20%

Há algum tipo de controle na geração dos resíduos?

Nenhum Procura-se Reduzir

40%

20%

20%

20%

Quando gerado, qual destino é dado?

Bota-fora em terrenos baldios

Coleta seletiva e entregue a coletamunicipal

Reuso de parte dos resíduos

Entregue a carroceiros

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Fonte: O autor, 2017

Novamente a Empresa “A” destaca-se pela coleta seletiva, separando em

containers, e logo após é entregue a coleta municipal não sabendo informar qual

destino é dado. A Empresa “B” faz reuso de parte de seus resíduos, aqueles oriundos

da movimentação de terra utilizando para aterros. A Empresa “E” contrata os serviços

prestados por carroceiros, não sabendo também informar a destinação final. Já as

demais dispõem de maneira aleatória como mostra a imagem a seguir retirada do

terreno em frente onde está sendo executada a construção de casas.

Figura 11 – Resíduos dispostos irregularmente

Fonte: O autor, 2017.

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Figura – 12: Conhecimento das normas por parte das empresas.

Fonte: O autor, 2017.

As Empresas “C” e “E” não mostraram conhecimentos sobre as legislações. As

Empresas “B” e “D’ demostraram ter um conhecimento básico, mas informaram não

se preocupar muito pela falta de fiscalização afirmando que certamente seria dada

maior importância caso fossem cobrados disso. E a Empresa “A” tem certificação

emitida pela SEMASP.

Figura 13 - Percepção de fiscalização municipal pelas empresas.

Fonte: O autor, 2017.

20%

40%

40%

A empresa tem algum conhecimento sobre as normas, resoluções e leis que regem os resíduos da construção civil?

Sim. Possui certificação. Sim. O básico. Não. Nenhuma

100%

A gestão municipal tem alguma exigência em relação aos resíduos produzidos?

Sim Não

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Todas as Empresas informaram não terem qualquer tipo de fiscalização ou

cobrança por parte dos gestores municipais. A Empresa “A” informou que apesar de

ter certificação na área a empresa de coleta apenas leva os resíduos sem nenhuma

exigência.

Vale salientar que nenhuma das Empresas soube informar a quantidade de

resíduos gerados.

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5 CONCLUSÃO

O objetivo geral desse trabalho foi realizar um diagnóstico para identificar de

que forma os resíduos gerados pela construção civil neste município estão sendo

gerenciados. Ficou constatado que as empresas formais que trabalham legalmente

na coleta dos resíduos destinam 90% dos RCC para o aterro controlado e que apenas

10% é reaproveitado. Um dos principais pontos contidos na resolução do CONAMA

nº 307 é a adoção de uma política de não geração de resíduos, reduzindo o consumo

desenfreado, mas quando esse resíduo é gerado busca-se a redução seguido da

reutilização, reciclagem e por último a destinação final. Então com isso pode ser visto

que uma pequena porcentagem de resíduos atende ao reaproveitamento e que quase

a totalidade é destinado ao aterro municipal não atendendo basicamente aos

conceitos da resolução citada.

Hoje o município de Juazeiro do Norte conta com diversas leis que procuram

gerenciar e controlar a produção do RCC. Apesar dos esforços exercidos pelas

administrações municipais, como implantações de planos e execução de diagnósticos

por órgãos ligados a prefeitura, esses que são o ponto de partida para a elaboração

de um plano mais detalhado e preciso para a gestão dos resíduos, ainda não

proporcionaram o tão esperado avanço do setor. Isso foi constatado analisando-se os

dados apresentados no decorrer deste trabalho.

As diversas políticas instituídas através da legislação para controle dos

resíduos ainda não obtiveram efeito, pois a geração de resíduos se mantém com

números elevados, necessitando de aplicações mais práticas em alguns pontos do

município de Juazeiro do Norte.

Os principais problemas encontrados estão relacionados com a disposição de

resíduos, sendo os da construção civil a maior parcela, em vias públicas e terrenos

baldios no município de Juazeiro do Norte, demonstrando que apesar de haver o

trabalho de limpeza pública, a população não contribui de maneira satisfatória para

evitar os problemas causados pela disposição inadequada dos resíduos. Tendo como

a principal causa, pela falta desse esperado avanço e um melhor gerenciamento, o

fato da mão de obra ter pouco ou até não ter sequer o conhecimento dos efeitos destes

danos ao meio ambiente.

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Foi identificado a necessidade de uma articulação da classe dos carroceiros

para que a atividade tenha condições de fornecer melhores informações e há também

a necessidade de locais apropriados com a finalidade de destinação final ou transitório

regulamentado para despejo desses resíduos transportados por eles.

É identificado uma grande quantidade de RCC nos pontos transitórios, em

contrapartida não foram identificadas empresas que fazem um trabalho especifico

para com esses resíduos. E apesar de haver uma coleta municipal nesses pontos

transitórios apenas 14,57% são recolhidos, divergindo dos dados dos pontos

transitórios onde em alguns pontos chega-se a encontrar cerca de 90% de RCC,

contribuindo com isso para um grande acumulo irregular.

Em relação a entrevista feita com alguns profissionais da construção civil,

destaca-se que o resultado era esperado por conta de as empresas consideradas

“maiores” terem um maior conhecimento sobre as problemáticas obtidas com a

geração de resíduos em comparação as menores empresas.

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