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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CCT DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM TOPOGRAFIA E ESTRADAS DRENAGEM DE RODOVIAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DO CORPO ESTRADAL LENO PINHEIRO PORFIRIO LIMA JUAZEIRO DO NORTE CEARÁ 2012

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT

DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM

TOPOGRAFIA E ESTRADAS

DRENAGEM DE RODOVIAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DO CORPO ESTRADAL

LENO PINHEIRO PORFIRIO LIMA

JUAZEIRO DO NORTE – CEARÁ 2012

2

LENO PINHEIRO PORFIRIO LIMA

DRENAGEM DE RODOVIAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A

MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DO CORPO ESTRADAL

Monografia apresentada ao Curso de Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas, da Universidade Regional do Cariri, como requisito para a obtenção do Grau de Tecnólogo em Construção Civil habilitação em Topografia e Estradas, sob orientação do Prof. MSc. Renato de Oliveira Fernandes.

JUAZEIRO DO NORTE – CEARÁ 2012

3

LENO PINHEIRO PORFIRIO LIMA

DRENAGEM DE RODOVIAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A

MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DO CORPO ESTRADAL

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ PROF. MSc. RENATO DE OLIVEIRA FERNANDES, URCA.

(ORIENTADOR)

_______________________________________________________________ PROF. ESP. JEFFERSON LUIZ ALVES MARINHO, URCA.

(AVALIADOR)

_______________________________________________________________ PROF. ESP. JORGE LUÍS ISHIMARU, URCA.

(AVALIADOR)

DATA DE APROVAÇÃO: _____ DE _______________ DE 2012

4

Dedico este trabalho, em especial a minha mãe Maria Sueli

Pinheiro Lima, que sempre esteve presente

na minha vida acadêmica e pessoal.

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me dar forças em todos os momentos da minha

vida e sempre mostrar a direção correta que eu devo seguir. Em segundo a nossa

Senhora por iluminar minha trajetória.

Aos meus pais, Sueli e Estilac, por sempre estarem presentes nas minhas

conquistas e nos meus objetivos.

Ao meu irmão Elvis.

A minha namorada Sofia de Moraes Arnaldo.

A todos os meus parentes que fizeram presentes.

Ao meu orientador, Prof. MSc. Renato de Oliveira Fernandes, por ter

acreditado em minha capacidade de desenvolver este trabalho e ter me orientado no

caminhar correto, vindo a somar com meu desenvolver acadêmico.

A todos os professores da Universidade Regional do Cariri, do Curso de

Tecnologia da Construção Civil, por terem me proporcionado conhecimentos

inerentes a minha formação em Topografia e Estradas.

Ao corpo de servidores da Universidade Regional do Cariri que estiveram

presentes em vários momentos da minha vida acadêmica.

Aos meus amigos de faculdade, tanto do curso de tecnólogo em topografia e

estradas como de edifícios: Demóstenes Oliveira Silva, Bryza Maria Silveira Nobre,

Karlos Kelvin Alves dos Santos, Rômulo José Correia Araújo, Alexandre de Alencar

Pierre, Francisco Oliveira Lobo, Antônio dos Santos Pereira, Maria Larisse Cabral

Silva, Cícero Willyson de Oliveira Lima, Matson Herembergue Lopes Monteiro da

Silva, Maria Louise Cabral Silva, Alessandro Lemos Soares Siebra, Jose Fagner

Sousa de Oliveira, Cícero dos Santos Gomes, Sebastião José Monteiro, Cristiano

Martins Mateus, Jiro de Sousa Bento, João Paulo Mesquita da Silva, Cicera

Elikassia de Oliveira Germano, Cícero Helio de Sousa, Wandenúsia de Oliveira

Silva, Nataniel Alves dos Santos, Ana Rene Santos de Morais, Carlos André Batista

dos Santos, Josué Moises Rocha, Helmer Boris Fernandes Almeida, Jose Adelton

Cardoso Vieira, Jackson Andrade Pereira, Cícero Francisco das Neves, Luiz

Fernando de Sousa Tavares, Rafael Leocard Bezerra de Oliveira, João Marcos

Fulgêncio Silvestre, Danielle Borges da Silva, Maria Soraia de Sousa Mauricio, João

Paulo Cariri Silva e Maria Socorro Paulino Bastos, que repassaram experiências

6

valiosas para, o caminhar do ensino superior, ou seja, estudar se divertindo não se

debatendo por qualquer dificuldade que possa surgir na frente.

A todos os meus amigos que fizeram presente na minha vida acadêmica e

pessoal.

7

“Plante amor e paz e a vida lhe trará colheita de paz e amor.”

(Chico Xavier)

8

RESUMO

As rodovias são de inteira importância para o desenvolvimento de um país, por

serem estas o principal meio de transporte de mercadorias ou de pessoas. No

entanto, para que a rodovia seja mantida em perfeitas condições de uso é

necessário seguir as recomendações descritas nas normas técnicas tanto na fase de

elaboração dos projetos como na fase de execução. Um dos aspectos mais

importante para a qualidade da rodovia é a construção de dispositivos de drenagem.

A drenagem tem grande importância porque na sua ausência a água poderá reduzir

a vida útil da rodovia e a segurança dos usuários. Nesse sentido, esse trabalho faz

uma revisão bibliográfica dos principais dispositivos de drenagem de uma rodovia,

buscando relacionar a degradação da mesma e com a redução da segurança do

motorista. Como estudo de caso foi analisado o processo construtivo de uma rodovia

localizada no município de Barbalha, Ceará. O estudo teve como base as

recomendações propostas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e

Transportes (DNIT) e literatura especializada. A partir dessa análise e em

comparação com as recomendações técnicas, sugere-se a execução de alguns

dispositivos de drenagem na rodovia em estudo. Os dispositivos sugeridos para

complementar a drenagem da rodovia incluem; aumento de banquetas no decorrer

da obra, aumento da quantidade das descidas de água e construção de dissipadores

de energia em uma passagem molhada para evitar a erosão do talude da rodovia.

Palavras-chave: Drenagem; Manutenção; Rodovias.

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Sistema de Precipitação e Escoamento de Águas Pluviais ....................... 17

Figura 2. Exemplo de uma bacia hidrográfica delimitada sobre um mapa topográfico

indicando o perfil longitudinal do rio Sistema de Precipitação e Escoamento de

Águas Pluviais ........................................................................................................... 18

Figura 3. Sistema de drenagem em pista simples ..................................................... 24

Figura 4. Valeta de proteção de corte ....................................................................... 25

Figura 5. Valeta com seção triangular ....................................................................... 25

Figura 6. Valeta com seção trapezoidal ................................................................... 26

Figura 7. Valeta com seção retangular ...................................................................... 26

Figura 8. Valeta com seção retangular ...................................................................... 27

Figura 9. Valeta com seção trapezoidal ................................................................... 27

Figura 10. Sarjeta de aterro do tipo meio-fio simples ................................................ 29

Figura 11. Sarjeta de aterro do tipo meio-fio-sarjeta conjugados .............................. 29

Figura 12. Descida d’água tipo rápido ....................................................................... 31

Figura 13. Corta-Rios ................................................................................................ 35

Figura 14. Camada drenante .................................................................................... 36

Figura 15. Camada drenante conectada a dreno profundo ....................................... 37

Figura 16. Drenos em espinha de peixe .................................................................... 39

Figura 17. Matriz de Transportes .............................................................................. 40

Figura 18. Fluxo da água superficial ......................................................................... 44

Figura 19. Fluxograma da metodologia adotada ....................................................... 48

Figura 20. Mapa de localização da Obra do Corredor dos Sabinos .......................... 49

Figura 21. Perfil longitudinal da estaca 0 a estaca 35 ............................................... 50

Figura 22. Perfil longitudinal da estaca 35 a estaca 66+6,00 .................................... 50

10

Figura 23. Seção tipo de pavimentação .................................................................... 51

Figura 24. Detalhes da construção de duas passagens molhada ............................. 53

Figura 25. Detalhes executivos da construção de duas passagens molhada ........... 54

Figura 26. Passagem molhada da estaca 12 ............................................................ 54

Figura 27. Detalhes executivos da construção do bueiro da estaca 48 .................... 55

Figura 28. Vista de descida d’água não concluída e de banquetas de aterro ........... 56

Figura 29. Planta em perfil da passagem molhada da estaca 12 .............................. 62

Figura 30. Planta baixa da passagem molhada da estaca 12 ................................... 62

Figura 31. Detalhe da seção B-B da passagem molhada da estaca 12 .................... 63

Figura 32. Detalhe da seção A-A da passagem molhada da estaca 12 .................... 63

Figura 33. Planta do detalhe da colocação das manilhas da estaca12 ..................... 64

Figura 34. Detalhe de fixação das balizas, passagem molhada da estaca 12 .......... 64

Figura 35. Planta baixa e em perfil da passagem molhada da estaca 41 ................. 65

Figura 36. Detalhe da seção A-A e B-B da passagem molhada da estaca 41 .......... 66

Figura 37. Detalhe da colocação de manilhas e balizas da estaca 41 ...................... 67

Figura 38. Planta do bueiro da estaca 48 .................................................................. 68

Figura 39. Planta baixa da estaca 0 a estaca 35 ....................................................... 69

Figura 40. Planta baixa da estaca 35 a estaca 66+6,00............................................ 69

Figura 41. Planta da banqueta de aterro .................................................................. 70

Figura 42. Planta da seção tipo de terraplenagem .................................................... 70

Figura 43. Planta da descida d’água ......................................................................... 71

Figura 44. Planta da descida d’água e detalhes........................................................ 72

Figura 45. Planta do projeto geométrico ................................................................... 73

Figura 46. Planta do projeto de sinalização............................................................... 73

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

BSTC - Bueiro Simples Tubular de Concreto

CE – Ceará

DNIT- Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes

DPRF - Departamento de Policia Rodoviária Federal

EAL - Escala Abreviada das Lesões

IDF- Intensidade, Duração e Frequência

Km - Quilômetro

km² - Quilômetro Quadrado

m3/s - Metros Cúbicos por Segundo

min - Minutos

mm/h-Milimetro por Hora

NBR - Norma Brasileira Regulamentadora

PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PRFV - Plástico Reforçado de Fibra De Vidro

R$ - Reais

t - Duração da chuva

tc - Tempo de Concentração

TMD - Tráfego Médio de Veículos

Tr - Período de Retorno ou Tempo de Retorno

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2. OBJETIVOS .................................................................................................... 14

2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 14

2.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 14

3. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 15

3.1. Drenagem de rodovias .................................................................................... 15

3.2. Vazão máxima de projeto ................................................................................ 15

3.2.1. O ciclo hidrológico ........................................................................................ 15

3.2.2. Bacia hidrográfica ........................................................................................ 17

3.2.3. Vazão de projeto .......................................................................................... 18

3.2.4. Chuva máxima de projeto ............................................................................ 20

3.3. Tipos de drenagem .......................................................................................... 22

3.3.1. Drenagem de transposição de talvegues ..................................................... 22

3.3.2. Drenagem superficial ................................................................................... 23

3.3.3. Drenagem sub-superficial ............................................................................ 36

3.3.4. Drenagem subterrânea ou profunda ............................................................ 38

3.4. Problemas gerados em decorrência da falta de manutenção ou de drenagem

da rodovia.................................................................................................................. 40

3.5. Fatores que ajudam na vida útil da rodovia ..................................................... 46

4. METODOLOGIA .............................................................................................. 48

4.1. Rodovia do Corredor dos Sabinos (Barbalha, Ceará) ..................................... 49

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 58

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 60

ANEXOS ................................................................................................................... 62

Anexo I ...................................................................................................................... 62

13

1. INTRODUÇÃO

As rodovias são de inteira importância para o desenvolvimento

socioeconômico de um país, pois através das mesmas é realizado o transporte de

mercadorias e a locomoção de pessoas. No entanto para que as rodovias sejam

usadas é necessário que tenham qualidade para que a locomoção seja realizada

com certa velocidade e segurança.

A qualidade da rodovia está ligada diretamente a diferentes fatores, entre os

quais incluem as obras de drenagem. A drenagem é um recurso para evitar

problemas futuros por incidência de água. Assim, um bom projeto, execução e

manutenção de um sistema de drenagem, poderá garantir a boa qualidade do corpo

estradal evitando dessa forma problemas futuros.

A drenagem de rodovia esta associada, à durabilidade em termos de vida

útil. A ocorrência de água superficial ou subterrânea é um fator muito nocivo à

manutenção da rodovia, combatido com as obras de drenagem seja ela superficial,

subsuperficial ou profunda, exercendo uma importante ação para que não só amplie

a durabilidade do corpo estradal, mas também garanta maior segurança para os

usuários (DNIT, 2010).

Nesse sentido, esse trabalho tem a intenção de apontar a relação das obras

de drenagem com a vida útil da rodovia com foco na manutenção da qualidade do

corpo estradal. Serão enfatizados os principais problemas que poderão ocorrer e

prejudicar uma estrada, relatando possíveis soluções para não se ter problemas

futuros por causa da presença de água no corpo estradal. Em adicional, esse estudo

pretende descrever os fatores que levam a contribuir com o aumento da segurança

do motorista. Assim, busca-se evidenciar a importância de ter um sistema de

drenagem adequado, com o intuito de evitar problemas futuros para a rodovia.

Através de um estudo de caso na obra de uma Rodovia localizada no distrito

Estrela no município de Barbalha/CE, foi realizado um estudo particular dos

dispositivos de drenagem, com o intuito de mostrar a importância desses

dispositivos para o corpo estradal. O presente estudo analisou a concepção, projeto

e execução dos dispositivos de drenagem da rodovia na fase de construção.

Todas as análises foram baseadas nas recomendações propostas pelo

Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e literatura

especializada no assunto como as encontradas em SILVA (2008), SENÇO (2001),

GIMENEZ, et.al (2008), MORALES (2003) e BERNUCCI, et. al (2006).

14

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Esse trabalho tem como objetivo apresentar as vantagens que a drenagem

adequada de uma rodovia pode trazer para sua conservação e os seus possíveis

impactos na vida útil. Será apresentada uma revisão bibliográfica dos principais

métodos de concepção, projeto e execução da drenagem das rodovias e a sua

relação com a segurança do motorista. Para exemplificação da metodologia é

mostrado um estudo de caso da Rodovia do Corredor dos Sabinos, localizada na

cidade de Barbalha – Ceará, tendo como foco este trabalho à drenagem superficial e

de transposição de talvegues.

2.2. Objetivos Específicos

Buscar relacionar os dispositivos de drenagem e sua importância para a

rodovia;

Verificar o desempenho das obras de drenagem evitando sua aplicação

incorreta;

Demonstrar a importância da drenagem para a rodovia em termos de

qualidade, tempo de vida útil e segurança;

Relacionar a falta de drenagem com a manutenção da qualidade da rodovia,

mostrando quais os possíveis riscos que a falta de uma obra de drenagem

pode ocasionar em termos de qualidade na manutenção da mesma.

15

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. Drenagem de rodovias

O sistema de drenagem de rodovias tem a função de eliminar qualquer

incidência de água, que seja proveniente do escoamento superficial, lençol freático

ou por infiltração, assim evitando que prejudique o corpo estradal. Com isso tanto a

vida útil do pavimento como a do usuário em termos de acidentes e conforto, será

bem satisfatória. Sendo de suma importância a manutenção dos dispositivos de

drenagem, para que possam funcionar corretamente, sem obstruções e evitar danos

maiores.

Assim os dispositivos de drenagem devem ter uma atenção especial no que

cabe a sua manutenção, para que funcionem com o objetivo que foi projetado e que

não apresente patologias por falta de manutenção (SILVA, 2008). Essa ideia é

reforçada pelo DNIT (2010) quando afirma que o sistema de drenagem tem o

objetivo de evitar a infiltração de água, seja ela de escoamento superficial ou por

infiltração, assim para que não seja afetada a qualidade da rodovia em termos de

trafegabilidade, tempo de vida útil e seja segura para o usuário.

Em adicional, Senço (2001) reforça que para proteger um pavimento é

preciso desviar as águas que possam causar danos e removê-las rapidamente para

não atingir a plataforma da rodovia.

3.2. Vazão máxima de projeto

Para dimensionar uma obra de drenagem, é preciso compreender o ciclo

hidrológico que é o movimento que a água faz entre a superfície e a atmosfera

terrestre. Nesse contexto, é preciso calcular a chuva e a vazão de projeto que têm

diferentes métodos, sendo estes estatísticos, método do hidrograma unitário

sintético e o método racional, sendo o último método citado um dos mais utilizados

devido seu caráter prático e simples (DNIT, 2005).

3.2.1. O ciclo hidrológico

O ciclo hidrológico é de suma importância para que se possa entender o

movimento que a água faz entre a superfície e a atmosfera terrestre.

O ciclo das águas, razão primeira da existência de vida na terra,

pode ser considerado iniciando-se na evaporação da água dos mares, lagos e cursos d’água: formam-se as nuvens que, trazidas pelo vento, após certa aglomeração, precipitam-se tanto na terra

16

como na água. Da parte que cai na terra, uma porção escoa superficialmente, formando as correntes liquidas que retornam aos lagos ou mares; outra porção infiltra-se no terreno, formando os lençóis subterrâneos de água; uma porção menor é retida pela própria vegetação e, finalmente, uma porção se evapora de imediato (SENÇO, 2001, p.481).

Segundo o DNIT (2005, p.19) “o ciclo hidrológico define para cada caso a

parcela de precipitação que se transforma em deflúvio”. Sendo assim é muito

importante entender o ciclo hidrológico, como base, para iniciar através do

conhecimento teórico qualquer aplicação de drenagem na rodovia quando

necessário, com qualidade, durabilidade e segurança. Dando ênfase ao tipo de

drenagem que venha a ser aplicada.

No dimensionamento das estruturas de drenagem das rodovias, é de grande importância a consideração dos fatores de risco de superação e do grau de degradação que possam ocorrer devido a longas exposições da estrada aos efeitos da precipitação, o que leva a tratar o ciclo hidrológico de uma forma particular (DNIT, 2005, p.19).

Na figura 1, pode-se observar o sistema de precipitação e o escoamento de

águas pluviais, para entendermos melhor a importância de se ter um sistema de

drenagem que supra a necessidade da rodovia, assim preservando o corpo estradal

e evitando futuros problemas para a plataforma e para o usuário em termos de

acidentes e de qualidade de trafegabilidade. Para se ter qualidade em uma rodovia

em termos de incidência de água na mesma, as obras de drenagem são de suma

importância para a manutenção da qualidade, para que tenha uma vida útil maior.

Morales (2003) exemplifica também a drenagem de águas superficiais e

águas subterrâneas a fim de proteger a rodovia de águas provenientes da chuva que

prejudique a estrada, por meio da drenagem superficial e drenagem subterrânea.

17

Fonte: Moreles, 2003.

Figura 1. Sistema de Precipitação e Escoamento de Águas Pluviais.

3.2.2. Bacia hidrográfica

Para calcular a vazão de dimensionamento, ou de projeto, de um dispositivo

de drenagem é necessário se obtiver a área da bacia hidrográfica delimitando a

mesma, geralmente com o auxilio de métodos computacionais (COSTA et. al, 2007).

Para exemplificar, a figura 2 representa uma bacia hidrográfica delimitada

sobre um mapa topográfico com o perfil topográfico de um rio.

18

Fonte: DAEE, 2005.

Figura 2. Exemplo de uma bacia hidrográfica delimitada sobre um mapa topográfico indicando o perfil longitudinal do rio.

3.2.3. Vazão de projeto

Vazão de projeto é o volume de água em uma seção de um curso d’água,

que através de uma unidade de tempo atravessa essa dada seção (COLLISCHONN

& TASSI, 2008). Para calcular a vazão é necessário se obtiver a área da bacia

hidrográfica delimitando a mesma, geralmente com o auxilio de métodos

computacionais (COSTA et al, 2007).

Um dos métodos mais usados é o método racional. Esse método relaciona o

valor da área da bacia, o coeficiente de escoamento superficial e a intensidade da

chuva, para calcular a descarga máxima de uma enchente de projeto, e se baseia na

formula (equação 1) recomendado pelo DNIT (2005).

Em que:

Q= é a vazão de cheia em (m3/s)

(1)

19

C= é um coeficiente de escoamento superficial. i= é a intensidade da chuva em mm/hora. A= é a área da bacia hidrográfica em km². Os valores do coeficiente de escoamento são tabelados, como se vê nas

duas tabelas abaixo.

Tabela 1: Valores de C (coeficiente de escoamento do método racional) para diferentes

superfícies.

Superfície C

Intervalo Valor esperado

Asfalto 0,70 a 0,95 0,83

Concreto 0,80 a 0,95 0,88

Calçadas 0,75 a 0,85 0,80

Telhado 0,75 a 0,95 0,85

Grama solo arenoso plano 0,05 a 0,10 0,08

Grama solo arenoso inclinado 0,15 a 0,20 0,18

Grama solo argiloso plano 0,13 a 0,17 0,15

Grama solo argiloso inclinado 0,25 a 0,35 0,30

Áreas rurais 0,0 a 0,30 0

Fonte: Collischonn & Tassi, 2008.

Tabela 2: Valores de C (coeficiente de escoamento do método racional) de acordo com a

ocupação da bacia. Zonas C

Centro da cidade densamente construído 0,70 a 0,95

Partes adjacentes ao centro com menor densidade 0,60 a 0,70

Áreas residenciais com poucas superfícies livres 0,50 a 0,60

Áreas residenciais com muitas superfícies livres 0,25 a 0,50

Subúrbios com alguma edificação 0,10 a 0,25

Matas parques e campos de esportes 0,05 a 0,20

Fonte: Collischonn & Tassi, 2008.

Tempo de Concentração tc é a duração da chuva em minutos e é dado

geralmente pela equação de Kirpich (equação 2) que é a mais utilizada (COSTA et

al, 2007).

Em que:

tc = tempo de concentração (minutos)

L = comprimento do rio principal (km)

D = declividade média do rio (adimensional) (equação 3)

(2)

20

Em que:

D = declividade média do curso de água (adimensional);

L = comprimento total do rio, desde sua cabeceira a montante, até a

seção de interesse (km);

Li = comprimento de um trecho do rio (km);

Di = declividade de um trecho do rio (adimensional);

k = número de trechos

3.2.4. Chuva máxima de projeto

Para determinar a vazão máxima, ou de projeto, é necessário conhecer a

chuva máxima de projeto. A importância de conhecer a chuva máxima de projeto, se

da na utilização de projetos de estruturas hidráulicas, assim evitando possíveis

problemas futuros por causa de cheias.

O problema da análise de frequência de chuvas máximas é calcular a precipitação P que atinge uma área A em uma duração D com uma dada probabilidade de ocorrência em um ano qualquer. A forma de relacionar quase todas estas variáveis é a curva de Intensidade – Duração – Frequência (curva IDF) (COLLISCHONN e TASSI, 2008, p. 27).

A curva IDF é obtida a partir da análise estatística de séries longas de dados

de um pluviógrafo. Sendo usada a relação intensidade, duração e frequência (IDF)

fundamental para dimensionamento de obras hidráulicas, que pode ser obtida

através da equação de chuva intensa que esta relacionada abaixo (MORALES,

2003).

(3)

21

Equação geral de chuva intensa (equação 4):

Em que:

i = intensidade máxima da chuva (mm/h)

Tr = período de retorno (anos)

t = duração da chuva (min) que é adotado como sendo o tempo de

concentração da bacia tc (min)

a e b = parâmetros locais

m e n = expoentes locais

Para Collischonn e Tassi (p. 19, 2008) “o tempo de retorno (TR) é uma

estimativa do tempo em que um evento é igualado ou superado, em média”.

Essa ideia reforçada pelo DNIT (2005, p. 19), quando “se refere ao espaço

de tempo em anos onde provavelmente ocorrera um fenômeno de grande

magnitude, pelo menos uma vez”. O tempo de retorno mencionado se refere às

enchentes de projeto, que nesse caso são usadas para dimensionar os dispositivos

de drenagem. A tabela 3 apresentam alguns tempos de retorno adotados em obras

de drenagem.

Tabela 3: Tempos de retorno adotados para projeto de estruturas. Estrutura TR (anos)

Bueiros de estradas pouco movimentadas 5 a 10

Bueiros de estradas muito movimentadas 50 a 100

Pontes 50 a 100

Diques de proteção de cidades 50 a 200

Drenagem pluvial 2 a 10

Grandes barragens (vertedor) 10000

Pequenas barragens 100

Micro-drenagem de área residencial 2

Micro-drenagem de área comercial 5

Fonte: Collischonn & Tassi, 2008.

(4)

22

3.3. Tipos de drenagem

Pode-se dividir a drenagem de rodovias em quatro grupos diferentes, tais

grupos são descritos como, drenagem de transposição de talvegues, drenagem

superficial, drenagem subsuperficial e drenagem subterrânea ou profunda. Portanto

cada um desses tipos de drenagem e seus dispositivos têm sua função e sua

importância no cenário estradal. Sendo que buscam o mesmo objetivo em comum,

que é evitar a presença de água na estrada, dando qualidade para o pavimento,

segurança e conforto para o usuário (DNIT, 2006).

Todos os dispositivos descritos nos itens a seguir têm como base o Manual

de Drenagem do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT).

3.3.1. Drenagem de transposição de talvegues

A drenagem de transposição de talvegues tem a função de transpor um

curso d’água de um lado para o outro da estrada, a fim de evitar que atinja a mesma,

podendo ser alcançado esse objetivo com a construção de uma linha ou mais de

bueiros sobre os aterros, pontes ou pontilhões.

Bueiros

Os bueiros têm a função de transpor as águas, cruzando a estrada de um

lado para o outro, a fim de proteger a rodovia. Sendo dividido em corpo que é a

parte que fica abaixo dos cortes e aterros. E em bocas, que é a entrada e saída, a

montante e a jusante sendo compostas de soleira, muro de testa e alas, caso o nível

d’água estiver abaixo da superfície do terreno natural a boca deve ser substituída

pela caixa coletora.

Eles são classificados de acordo com a forma da seção, números de linhas e

materiais usados na construção. A forma da seção poderá ser tubular se a seção for

circular, celular se a seção for retangular ou quadrada. Quando for diferente das

formas tubulares e celulares a seção será especial, elipses ou ovoides (as últimas

seções citadas não são muito comuns).

Podendo ser classificado de acordo com o numero de linhas, com uma linha

simples, duas duplo e três triplo. E são fabricados com concreto simples, concreto

armado, chapa metálica corrugada ou polietileno de alta densidade (PEAD) e

plástico reforçado de fibra de vidro (PRFV).

23

Os bueiros podem ser esconsos quando o eixo da rodovia fizer um ângulo

diferente de zero com o eixo longitudinal ou normal quando o eixo igualar

aproximadamente ao da rodovia. Tendo que ter muito cuidado quando for projetar,

com o objetivo de evitar baixa declividade que provoca assoreamento ou com muita

declividade que provoca erosão. È recomendado quando se tratar de tubos

diferentes dos anteriores mencionados, sempre seguir as normas NBR-9794, NBR

9795 e NBR 9796 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Pontilhões

Os pontilhões têm o objetivo de fazer a transposição de talvegues,quando

não for viável a construção de bueiros, pelo motivo da descarga de projeto ou do

greide projetado não forem suficientes.

Pontes

As pontes têm o objetivo de fazer a transposição de cursos d’água quando

não for viável a construção de bueiros e pontilhões. Por se tratar de uma obra-de-

arte que pode colocar varias pessoas em risco se for mal projetada, deve-se ter um

comprometimento no momento do dimensionamento agindo com critérios rigorosos

de cálculo, para trazer segurança e conforto para as pessoas que utilizarão.

3.3.2. Drenagem superficial

A drenagem superficial como o nome já diz tem a função de evitar a

incidência de água superficial vindas de áreas próximas e as que se precipitam

sobre a estrada, sendo removidas e conduzidas ate um local apropriado para que

possa ser mantida a segurança e a estabilidade da obra. A figura 3 apresenta os

dispositivos de drenagem superficial e um dispositivo para transposição de talvegue

(Bueiro) numa rodovia em pista simples.

Gimenez (2008) define que a drenagem superficial, tem a função de coletar

e conduzir as águas que são precipitadas sobre a rodovia e próximas a ela com o

dimensionamento de dispositivos, assim preservando o corpo estradal, garantindo a

trafegabilidade e segurança.

Cada dispositivo apresentado na figura 3 será descrito de forma resumida

nos itens a seguir:

24

Fonte: DNIT, 2010.

Figura 3. Sistema de drenagem em pista simples.

Valetas de proteção de corte

As valetas de proteção de cortes têm a função de interceptar as águas que

escorrem pelo terreno natural em direção ao talude de corte a fim de proteger o

mesmo. Sendo recomendável colocar a uma distancia de dois a três metros e seu

material escavado ser aplicado e apiloado manualmente entre a valeta e a crista do

25

corte, para que não ocorra ruptura no local do corte, vindo a evitar problemas para a

rodovia e para o usuário em termos de acidente, como se vê na figura 4.

Fonte: DINIT, 2006.

Figura 4. Valeta de proteção de corte.

As valetas de proteção de corte podem ter a seção:

Triangulares: não são recomendadas para grandes vazões, por cria um plano

preferencial de escoamento assim contribuindo para a erosão, pelo formato

da sua forma como indica a figura 5.

Trapezoidais: são recomendáveis pela maior eficiência hidráulica

apresentada, figura 6.

Retangulares: são recomendadas no caso de cortes em rocha figura 7.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 5. Valeta com seção triangular.

26

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 6. Valeta com seção trapezoidal.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 7. Valeta com seção retangular.

Os revestimentos da valeta de corte serão escolhidos de acordo com a

velocidade do escoamento e conforme a natureza do material do solo. Sendo

importante sempre revestir as valetas que estiverem abertas em terreno natural,

para evitar a infiltração e erosão, com isso não deixando que provoque instabilidade

no talude de corte. Os tipos de revestimentos recomendados pelo

DNIT são: concreto, alvenaria de tijolo ou pedra, pedra arrumada e vegetação.

Devendo obedecer as Especificações de Serviço DNIT 018/2004 (DNIT, 2006).

Valetas de proteção de aterro

As valetas de proteção de aterro têm a função de captar as águas que

descem pelos aterros, levando elas e as recebidas das sarjetas e valetas de corte

para desaguar em local apropriado a fim de resguarda o pé do talude de aterro,

27

evitando a erosão. Deverão ser construídas a uma distancia de dois a três metros no

pé do talude de aterro para não atingir o mesmo, sendo que o material resultante da

escavação retirado deve ser colocado entre a valeta e o pé do talude de aterro e

apiloado manualmente, com o objetivo de suavizar a interseção das superfícies do

talude e do terreno natural, Podendo apresentar seções trapezoidais ou

retangulares, como se vê nas Figuras 8 e 9. O revestimento de concreto, alvenaria

de tijolo pedra arrumada ou vegetação são empregados de acordo com a velocidade

de escoamento e do tipo de solo presente, devendo ser seguidas as especificações

de serviço DNIT 018/2004.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 8. Valeta com seção retangular.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 9. Valeta com seção trapezoidal.

Sarjetas de corte

As sarjetas de corte captam as águas que escoam sobre a estrada e

taludes, levando-as para deságue seguro para o terreno natural entre o aterro e o

corte, para valeta de aterro ou para a caixa coletora de um bueiro de greide. Sendo

construída na lateral de acostamentos, podendo apresentar seções triangular,

28

trapezoidal e retangular, sendo os revestimentos utilizados segundo o DNIT (2006)

concreto, alvenaria de tijolo, alvenaria de pedra argamassada, pedra arrumada

revestida, pedra arrumada e revestimento vegetal. Devendo ser revestida para que

não ocorra erosão no corte, assim não prejudicando no transito e ajudando na

conservação da vida útil da estrada, sendo recomendadas as especificações de

serviço DNIT-018/2004.

Sarjetas de aterro

As sarjetas de aterro têm o objetivo de evitar erosão na borda do

acostamento como no talude de aterro, sendo captada e conduzida à água que

escorre sobre a estrada para um local apropriado pela mesma.

A indicação da sarjeta de aterro deve fundamentar-se nas seguintes

situações:

– trechos onde a velocidade das águas provenientes da pista provoque

erosão na borda da plataforma;

– trechos onde, em conjunto com a terraplenagem, for mais econômica a

utilização da sarjeta, aumentando com isso a altura necessária para o primeiro

escalonamento de aterro;

– interseções, para coletar e conduzir as águas provenientes dos ramos,

ilhas, etc (DNIT, 2006).

As seções podem ser triangulares, retangulares ou trapezoidais, também

tendo um complemento com as sarjetas de meio-fio-simples e as de meio-fio-sarjeta

conjugados que são as mais utilizadas, como se observar na Figura 10 e 11. Já a

questão do revestimento não a recomendações regidas, mas é indicado pelo DNIT

(2006) para evitar erosão o emprego do concreto de cimento, concreto betuminoso,

solo betume, solo cimento ou solo.

29

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 10. Sarjeta de aterro do tipo meio-fio simples.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 11. Sarjeta de aterro do tipo meio-fio-sarjeta conjugados.

Valeta do canteiro central

As valetas do canteiro central têm a função de captar as águas provenientes

da estrada e do próprio canteiro central, conduzindo longitudinalmente até o

deságue nas caixas coletoras de bueiros de greide, sendo utilizada quando uma

rodovia for projetada em pista dupla e o canteiro central for côncavo, separando as

duas pistas, será necessária a construção desse dispositivo para evitar erosão e

acumulo de água na pista. As seções transversais das valetas do canteiro central

são de forma triangular ou em circular, tipo meia cana. Caso seja insuficiente para

remover a água, o emprego das seções triangular ou circular, poderá ser substituído

pela forma trapezoidal ou retangular, sendo importante revestir com material para

evitar erosão, seguindo as especificações de serviço DNIT 018/2004. (DNIT, 2006).

30

Descidas d'água

Tem somente a função de receber e conduzir as águas para outros

dispositivos (DNIT, 2006).

As descidas d’água têm como objetivo conduzir as águas captadas por

outros dispositivos de drenagem, pelos taludes de corte e aterro.

Tratando-se de cortes, as descidas d'água têm como objetivo principal

conduzir as águas das valetas quando atingem seu comprimento crítico, ou de

pequenos talvegues, desaguando numa caixa coletora ou na sarjeta de corte.

No aterro, as descidas d'água conduzem as águas provenientes das sarjetas

de aterro quando é atingido seu comprimento crítico, e, nos pontos baixos, através

das saídas d'água, desaguando no terreno natural.

As descidas d'água também atendem, no caso de cortes e aterros, às

valetas de banquetas quando é atingido seu comprimento crítico e em pontos

baixos.

Não raramente, devido à necessidade de saída de bueiros elevados

desaguando no talude do aterro, as descidas d'água são necessárias visando

conduzir o fluxo pelo talude até o terreno natural.

Posicionam-se sobre os taludes dos cortes e aterros seguindo as suas

declividades e também na interseção do talude de aterro com o terreno natural nos

pontos de passagem de corte-aterro.

As descidas d'agua podem ter a seção de vazão das seguintes formas:

– retangular, em calha tipo rápido ou em degraus;

– semicircular ou meia cana, de concreto ou metálica;

– em tubos de concreto ou metálicos (MANUAL DE DRENAGEM DO DNIT,

2006).

31

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 12. Descida d’água tipo rápido.

Esse dispositivo pode ser do tipo rápido como observado na figura 12 ou em

degraus e sua escolha será em função da velocidade limite do escoamento com

intuito de evitar a erosão. Sendo recomendável não utilizar peças pré-moldadas por

causa do disjuntamente das peças, devendo ser seguidas as especificações de

serviço DNIT 021/2004 (DNIT, 2006).

Saídas d'água

Tem o objetivo de afastar toda incidência de água para fora do corpo

estradal, até outro dispositivo, para um deságue seguro (DNIT, 2006).

As saídas d'água, nos meios rodoviários também denominados de entradas d'água, são dispositivos destinados a conduzir as águas coletadas pelas sarjetas de aterro lançando as nas descidas d'água. São, portanto, dispositivos de transição entre as sarjetas de aterro e as descidas d'água. Localizam-se na borda da plataforma, junto aos acostamentos ou em alargamentos próprios para sua execução, nos pontos onde é atingido o comprimento crítico da sarjeta, nos pontos baixos das curvas verticais côncavas, junto às pontes, pontilhões e viadutos e, algumas vezes, nos pontos de passagem de corte para aterro. (DNIT, 2006).

32

O revestimento usado nas saídas d'água pode ser de concreto com

superfície lisa ou de chapas metálicas, devendo ser seguidas as especificações de

serviço DNIT 021/2004 (DNIT, 2006).

Caixas coletoras

As caixas coletoras como o nome já diz tem a função de coletar as águas

provenientes das sarjetas de corte, decidas d’água de corte e dos bueiros de

transposição de talvegues para um deságue seguro nos bueiros de greide ou de

grota, sendo recomendada para a execução das caixas coletoras as especificações

de serviço DNIT 026/2004.

As caixas coletoras têm como objetivos principais:

– Coletar as águas provenientes das sarjetas e que se destinam aos bueiros

de greide;

– Coletar as águas provenientes de áreas situadas a montante de bueiros de

transposição de talvegues, permitindo sua construção abaixo do terreno natural;

– Coletar as águas provenientes das descidas d'água de cortes, conduzindo-

as ao dispositivo de deságue seguro;

– Permitir a inspeção dos condutos que por elas passam, com o objetivo de

verificação de sua funcionalidade e eficiência;

– Possibilitar mudanças de dimensão de bueiros, de sua declividade e

direção, ou ainda quando a um mesmo local concorre mais de um bueiro (DNIT,

2006).

Bueiros de greide

Tem a função de conduzir as águas capitadas pelas caixas coletoras, ate um

deságue seguro. Esse dispositivo pode ser implantado transversal ou

longitudinalmente ao eixo da rodovia, sendo que as alturas de recobrimento deverão

atender à resistência de compressão estabelecidas pela NBR-9794 da ABNT (DNIT,

2006).

Localizam-se nos seguintes pontos:

– Nas extremidades dos comprimentos críticos das sarjetas de corte em

seção mista ou quando, em seção de corte for possível o lançamento da água

coletada através de janela de corte. Nas seções em corte , quando não for possível

o aumento da capacidade da sarjeta ou a utilização de abertura de janela no corte a

33

jusante, projeta-se um bueiro de greide longitudinalmente à pista até o ponto de

passagem de corte-aterro.

– Nos pés das descidas d'água dos cortes, recebendo as águas das valetas

de proteção de corte e/ou valetas de banquetas, captadas através de caixas

coletoras.

– Nos pontos de passagem de corte-aterro, evitando-se que as águas

provenientes das sarjetas de corte deságuem no terreno natural com possibilidade

de erodi-lo.

– Nas rodovias de pista dupla, conduzindo ao deságue as águas coletadas

dos dispositivos de drenagem do canteiro central (DNIT, 2006).

Os elementos constituintes de um bueiro de greide são:

– Caixas coletoras;

– Corpo;

– Boca.

As caixas coletoras poderão ser construídas de um lado da pista, dos dois

lados da pista e ainda no canteiro central. As caixas coletoras que atendem aos

bueiros de greide, por estarem posicionadas próximo às pistas, são geralmente

dotadas de tampa em forma de grelha.

O corpo do bueiro de greide é constituído em geral de tubos de concreto

armado ou metálicos, obedecendo às mesmas considerações formuladas para os

bueiros de transposição de talvegues.

A boca será construída à jusante, ao nível do terreno ou no talude de aterro,

sendo neste caso necessário construir uma descida d'água geralmente dotada de

bacia de amortecimento.

Para a execução de bueiros de concreto devem ser seguidas as

Especificações de Serviço DNIT 023/2004 (DNIT, 2006).

Dissipadores de energia

Como o nome já diz, tem a função de dissipar a energia do fluxo de água,

assim reduzindo sua velocidade para um deságue seguro no terreno natural, com o

objetivo de evitar a erosão. Sendo que se classificam em dois tipos, dissipadores

localizados e dissipadores contínuos (DNIT, 2006).

34

Dissipadores localizados

Os dissipadores localizados ou também conhecidos como bacias de

amortecimento, têm a função de dissipar a energia diminuindo a velocidade, quando

recebe de um dispositivo de drenagem superficial para o terreno natural,com o

intuito de evitar a erosão (DNIT, 2006).

As bacias de amortecimento serão instaladas de um modo geral nos

seguintes locais:

– No pé das descidas d´água nos aterros;

– Na boca de jusante dos bueiros;

– Na saída das sarjetas de corte, nos pontos de passagem de corte-aterro

(DNIT, 2006).

Dissipadores contínuos

Tem como objetivo de dissipar a energia assim diminuindo a velocidade da

água ao longo de seu percurso para evitar a erosão nos locais que comprometam a

estabilidade do corpo estradal, sendo localizado nas decidas d’água com a forma de

degraus para facilitar a diminuição da velocidade da água durante o talude de aterro,

devendo ser seguidas as especificações de serviço DNIT 022/2004 (DNIT, 2006).

Escalonamentos de taludes

Tem a função de dissipar as águas que incidam sobre a plataforma e sobre

os taludes, diminuindo a velocidade das águas para evitar a erosão. Sendo captadas

por dispositivos das banquetas e conduzidas através das sarjetas de banqueta para

um deságue seguro (DNIT, 2006).

Corta-rios Tem a função de desviar um curso d’água para que não interfira na rodovia,

assim evitando a construção de muitas obras de transposição de talvegues, ou seja,

alterando para outro caminho o curso d’água, como se observa na figura 13 abaixo

(DNIT, 2006).

35

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 13. Corta-Rios.

Os corta-rios são canais de desvio abertos com a finalidade de:

– Evitar que um curso d'água existente interfira com a diretriz da rodovia,

obrigando a construção de sucessivas obras de transposição de talvegues.

– Afastar as águas que ao serpentear em torno da diretriz da estrada,

coloquem em risco a estabilidade dos aterros.

– Melhorar a diretriz da rodovia (DNIT, 2006).

O projeto de corta-rio deverá constar de:

– levantamento topográfico da área;

– projeto horizontal, constando de plantas amarradas ao projeto da rodovia e

em escala conveniente;

– projeto vertical, constando do perfil longitudinal com a mesma referência

altimétrica do projeto da rodovia;

– seções transversais típicas com indicação dos taludes laterais de acordo

com a natureza do solo e detalhando, quando for o caso, o revestimento adotado;

– memória de cálculo.

No projeto do corta-rio deverá sempre haver um comparativo econômico

entre a construção deste, e a construção das obras necessárias para substituí-lo

(DNIT, 2006).

36

3.3.3. Drenagem sub-superficial

A drenagem sub-superficial tem a função de proteger o pavimento das águas

de infiltração sendo elas de lençóis subterrâneas ou de infiltrações diretas sobre a

estrada pela chuva. Sendo os dispositivos usados, camada drenante, drenos rasos

longitudinais, drenos laterais de base e drenos transversais (DNIT, 2006).

Segundo Gimenez (2008) a drenagem sub-superficial tem como função dos

seus dispositivos, receber e conduzir para um desague seguro as águas drenadas

pela camada do pavimento.

O avanço da técnica da drenagem dos pavimentos tem sido grande nas últimas décadas e os técnicos vem reconhecendo cada vez mais a sua importância. De um modo geral, essa drenagem se faz necessária, no Brasil, nas regiões onde anualmente se verifica uma altura pluviométrica maior do que 1.500 milímetros e nas estradas com um TMD de 500 veículos comerciais. (Manual de Drenagem do DNIT. Ed.2006).

Esta ideia é reforçada por Senço (2001) quando define que é a captação e

esgotamento das águas que penetram no pavimento, através do revestimento.

Sendo os dispositivos de drenagem do pavimento ou também conhecidos como

drenagem subsuperficial camada drenante, drenos rasos longitudinais, drenos

laterais de base e drenos transversais.

Deixando de maneira mais clara reforçando a ideia com a definição de Silva

(2008) quando o mesmo defini que drenagem subsuperficial tem a função de coletar

e remover as águas das chuvas que se infiltram no pavimento.

Camada drenante

Tem a função de remover as águas de infiltração para fora do corpo

estradal, agindo acima da base ou da sub-base e também abaixo do pavimento, o

material empregado devera ser granular de rocha sadia, britados ou não e já a sua

espessura dependera do índice de precipitação na região (DNIT, 2006). (figura14).

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 14. Camada drenante.

37

A figura 15 mostra que a camada drenante é conectada com os drenos

profundos se estiverem presentes.

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 15. Camada drenante conectada a dreno profundo.

Drenos rasos longitudinais

Tem a função de receber as águas drenadas pela camada drenante e

conduzir até um deságue seguro, sua forma pode ser em pentágono ou retângulo,

devendo ser localizado abaixo da camada drenante. Não sendo recomendável

economicamente e tecnicamente estender a camada drenante em toda plataforma

transversamente.

Drenos laterais de base

Tem a mesma função dos drenos rasos longitudinais que é receber da

camada drenante a água infiltrada, com uma diferença que é localizado na base do

acostamento conduzindo até um local seguro, com uma capacidade maior de

escoamento.

Drenos transversais

Tem a função de captar e remover as águas que infiltram no pavimento,

sendo colocados como o nome já diz transversalmente na estrada atravessando a

mesma em locais baixos das curvas verticais côncavas e em locais aonde não foi

possível ser drenada por outros dispositivos.

38

3.3.4. Drenagem subterrânea ou profunda

Tem a função de rebaixar o lençol freático do solo, fazer a interceptação e

retirada do fluxo de água subterrâneo, para que não seja prejudicada a obra,

resguardando o pavimento e a estrutura do corpo estradal. Os dispositivos são

drenos profundos, drenos em espinhas de peixe, colchão drenante, drenos sub-

horizontais, valetões laterais e drenos verticais (DNIT, 2006).

Essa ideia é reforçada por Silva (2008) quando enfatiza que drenagem

profunda é a coleta e a remoção da água do lençol freático ou do fluxo de água de

origem subterrânea, que passe por perto da área drenada.

A solução dos projetos de drenagem subterrânea exige:

a) conhecimento da topografia da área;

b) observações geológicas e pedológicas necessárias, com obtenção de

mostras dos solos por meio de sondagens a trado, percussão, rotativa e em certos

casos, por abertura de poços a pá e picareta;

c) conhecimento da pluviometria da região, por intermédio dos recursos que

oferece a hidrologia (DNIT, 2006).

Drenos profundos

Tem a função de interceptar e rebaixar o lençol freático, sendo instalados de

1,50 a 2,00 metros de profundidade, para proteger o corpo estradal.

Os materiais empregados nos drenos profundos diferenciam-se de acordo

com as suas funções, a saber:

- materiais filtrantes: areia, agregados britados, geotextil, etc;

- materiais drenantes: britas, cascalho grosso lavado, etc;

- materiais condutores: tubos de concreto (porosos ou perfurados), cerâmicos

(perfurados), de fibrocimento, de materiais plásticos (corrugados, flexíveis

perfurados, ranhurados) e metálicos (DNIT, 2006).

Drenos em espinhas de peixe

Tem a função de drenar águas do lençol freático quando estiver próxima da

superfície, sendo utilizados sem tubos, mas podendo também ser empregados com

tubos. Sua forma é em serie, sendo indicados para os aterros quando o solo for

39

impermeável ou em cortes quando os drenos longitudinais não forem capazes de

fazer a drenagem da área. Abaixo a um exemplo na figura 16 (DNIT, 2006).

Fonte: DNIT, 2006.

Figura 16. Drenos em espinha de peixe.

Colchão drenante

Tem a função de drenar a incidência de água em uma profundidade

pequena da estrada, quando o dreno espinha de peixe não puder drenar todo o

volume d’água. Sendo que poderão ser utilizados nos cortes em rocha e em que o

lençol freático estiver próximo do greide de terraplenagem, nos aterros caso tenha

incidência de água impermeável na superfície do solo ou na base do aterro nas

mediações próximas do terreno natural. A retirada de água dos colchões drenantes,

será feita pelos drenos longitudinais (DNIT, 2006).

Drenos sub-horizontais

Tem a função de prevenir e corrigir escorregamentos, na qual o fator é a

elevação do lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados. Segundo

o DNIT (2006) em grandes escorregamentos será a única solução econômica para

se resolver esse problema.

Valetões laterais

É um dispositivo colocado entre o acostamento e o talude de corte a uma

profundidade de 1,5 a 2,0 metros, tendo como função de trabalhar como sarjeta ou

dreno profundo, sendo colocado em locais planos podendo ter as duas funções ao

40

mesmo tempo. È aconselhável construí-lo após alargar a plataforma para funcionar

sem prejudicar o acostamento nas épocas de chuvas ou secas (DNIT, 2006).

Drenos verticais

Tem a função de agilizar a retirada de água de solos moles como siltes ou

argilas orgânicas, argilas sensíveis e turfas, quando o adensamento esta devagar é

preciso agilizar o adensamento com os drenos verticais de areia ou drenos fibro-

químicos, sendo essa solução mais onerosa. Esse pré-adensamento ajuda para

aumentar a resistência ao cisalhamento e estabilidade do aterro por causa da

redução do recalque (DNIT, 2006).

3.4. Problemas gerados em decorrência da falta de manutenção ou de

drenagem da rodovia

Sendo de suma importância para o usuário e para o cenário socioeconomia

do Brasil, o advento rodovia por se tratar do meio de transporte mais utilizado no

Brasil como pode-se observar na figura 17 na matriz de transportes, que em 2001

mostra que a rodovia não só para transportes de cargas, mais também de

passageiros, é o meio dominante em relação às outras atividades de transporte,

sendo assim importante se ter um meio rodoviário seguro e que tenha qualidade de

trafegabilidade, para evitar problemas futuros de acidentes e de trafegabilidade.

Fonte: Anuário Estatístico dos Transportes, 2001.

Figura 17. Matriz de Transportes.

41

Existem vários problemas decorrentes da falta de drenagem na rodovia tanto

para a rodovia quanto para o usuário. Dentre eles temos os pontos negativos que

geram problemas de trafegabilidade e prejuízos econômicos pelo transporte, na

saúde e na economia, como se observa nos índices abaixo, seja por decorrência de

acidentes assim gerando custos ou prejuízos no transporte de mercadorias. Quando

se fala que a drenagem é importante para a manutenção da qualidade do corpo

estradal, está relacionando não só o corpo estradal, mas também o transporte e

segurança dos usuários.

Os índices de acidentes mostram um aumento significativo, tendo como uma

das causas à falta de drenagem ou da manutenção da mesma, assim resultando em

acidentes como se observa na tabela 4.

Esses acidentes requerem consequências socioeconômicas, ou seja, custos

como se segue abaixo na tabela 5, com uma escala abreviada das lesões (EAL) do

ano de 2009. As perdas econômicas com acidentes de transito em rodovias federais

em 2009 passaram de 2,1 bilhões de reais, com mortes ou invalidez e também com

custos médico-hospitalares.

Tabela 4 - Acidentes Ocorridos nas Rodovias Federais Policiadas, segundo a Gravidade da Ocorrência – Brasil (2005-2009).

Gravidade do Acidente 2005 2006 2007 2008 2009

Com vítimas 42.128 44.415 52.553 55.279 60.989

Sem vítimas 67.118 65.977 75.462 85.211 97.184

Não informados - - 441 582 720

TOTAL 111.225 113.947 128.456 141.072 158.893

Fontes: ANTT e Anuários Estatísticos das Rodovias Federais (DNIT/DPRF).

42

Tabela 5 - Apropriação dos Valores dos Custos Médico-Hospitalares ao Universo de Feridos em Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais em 2009 – Valores em R$.

Classificação EAL Feridos

Custo do Atendimento (R$)

Média por EAL TOTAL

Lesões leves 45.557 384 17.493.888

Lesões moderadas 15.615 1.093 17.067.195

Lesões graves, sem risco de morte 17.225 2.950 50.813.750

Lesões graves, com risco de morte

(sobrevivido) 7.808 9.145 71.404.160

Lesões graves com morte/

invalidez 402 17.116 6.880.632

Lesões críticas com sobrevivência 3.059 14.091 43.104.369

Lesões críticas com morte/

invalidez 402 31.503 12.664.206

Lesões fatais 3.783 7.175 27.143.025

TOTAL 93.851 - 246.571.225

Fontes: ANTT e Anuários Estatísticos das Rodovias Federais (DNIT/DPRF).

A manutenção exerce também um papel muito fundamental para que as

obras de drenagem funcionem para o que foram projetadas, ou seja, quando uma

obra de drenagem não recebe uma atenção na parte de manutenção após a sua

entrega, ela poderá apresentar problemas futuros de erosão, problemas no

revestimento do pavimento ou por infiltração motivo que levara a redução do suporte

de fundação em virtude da saturação do solo. Com isso os custos chamados de

adicionais poderão ser evitados, se for dada uma atenção maior à manutenção de

todos os dispositivos de drenagem empregados na rodovia, com isso ajudando

também a diminuir o índice de acidentes e trazendo mais qualidade para o usuário.

Caso não seja dada a manutenção, os custos adicionais serão maiores, no tocante

da restauração até a reconstrução de um trecho da rodovia. Na tabela 6 pode-se

observar que o índice do total de vitimas no ano de 2005 a 2009 aumentou

gradativamente. Apesar de diferentes fatores envolverem a causa dos acidentes,

como imprudência dos motoristas e uso abusivo de álcool, fatores relacionados com

43

a manutenção da rodovia e a falta de drenagem também estão associados às

causas de acidentes.

Tabela 6 - Vítimas de Acidentes Ocorridos nas Rodovias Federais Policiadas por Gravidade das Lesões (2005-2009).

VÍTIMAS 2005 2006 2007 2008 2009

Mortos 6.346 6.168 7.004 6.946 7.376

Feridos 68.524 69.624 81.442 84.650 93.851

Não Informado - - - 10.481 11.805

TOTAL 74.870 75.792 88.446 102.077 113.032

Fontes: Anuários Estatísticos das Rodovias Federais (DNIT/DPRF).

Sendo que o usuário também sai perdendo no que tange a qualidade e

segurança, que a cada dia o número de carros cresce como se pode perceber nos

dados da tabela 7.

Tabela 7 - Frota de veículos no Brasil em abril de 2010 e 2012.

Frota de veículos no Brasil em abril de 2010 61.014.812

Frota de veículos no Brasil em abril de 2012 72.242.959

Fonte: Ministério das cidades, DENATRAN- Departamento Nacional de Trânsito, RENAVAM- Registro Nacional de Veículos Automotores.

Os problemas gerados pela deficiência de drenagem são a aquaplanagem,

formação de panelas, erosão do acostamento e da pista. Segundo Silva (2008) os

danos causados pela água são “redução da capacidade de suporte das camadas de

pavimento, bombeamento de solos finos e rupturas do pavimento”.

Quando na superfície da estrada não se têm um sistema de drenagem

superficial adequado formado uma lâmina de água na pista de rolamento que poderá

influenciar em acidentes, por um fenômeno chamado hidroplanagem ou

popularmente conhecido como aquaplanagem, que é a falta de aderência entre o

pneu e o pavimento por causa de uma lamina d’água presente sobre o pavimento, e

que com uma velocidade de deslocamento do veículo ao invés de o pneu rolar pela

pista ele escorrega sobre uma lâmina d’água, assim comprometendo a frenagem e o

44

controle do carro, vindo a interferir na segurança do usuário. Sendo em superfície

plana essa falta de aderência entre o pavimento e o pneu pela presença de um filme

de água, esse fenômeno é denominado aquaplanagem (BERNUCCI, et. al.2008).

Para facilitar o escoamento da lateral da rodovia é necessária a construção

da mesma prevendo um abaulamento que é uma inclinação transversal de cada

trecho reto da seção transversal, sempre expresso em porcentagem. A seção

transversal da pista de uma estrada de rodagem em tangente deve ser abaulada

(convexa), para facilitar o escoamento das águas pluviais. A seção transversal é

constituída de dois trechos retos simétricos em relação ao centro da pista, inclinados

para cada margem, com uma ligeira concordância no vértice. Nas estradas

pavimentadas, o abaulamento empregado é, em geral, de 1% a 3%, não devendo ir

além de 3%, para não prejudicar a estabilidade do veículo. Nas estradas de pistas

paralelas, o pavimento geralmente não é abaulado, pois cada pista tem inclinação

transversal única, para permitir somente escoamento lateral das águas, no sentido

da borda externa. Estender a denominação abaulamento para a inclinação deste tipo

de pista é uma impropriedade, pois a superfície de cada pista é plana e não

abaulada (DNIT, 2010).

Sendo uma solução utilizada para o fenômeno aquaplanagem, o

abaulamento que têm como objetivo forçar o escoamento das águas sobre a

superfície da estrada com uma inclinação de 1% a 3% na pista de rolamento, para

fora da mesma, assim ajudando a evitar acidentes e trazendo mais segurança e

conforto para o usuário. Como indica nas duas setas contrarias no meio da pista na

figura 18, representando o fluxo da água superficial. Ou seja, evita o acúmulo de

água na pista de rolamento, sendo capitada por outro dispositivo para um deságue

seguro. Tendo também a função de evitar problemas futuros em termos de

qualidade para a rodovia (DNIT, 2010).

Fonte: DNIT, 2010.

Figura 18. Fluxo da água superficial.

45

Segundo o DNIT (2010) as águas superficiais ou subterrâneas podem

provocar efeitos nocivos a rodovia como:

Redução da resistência ao cisalhamento pela saturação dos solos, ou seja o

solo entra em colapso de resistência pela presença da água e com a carga do

trafego cisalha, assim gerando o afundamento que gera outro problema para

o usuário que é a aquaplanagem já mencionada anteriormente, que será

detalhado esse risco com mais detalhe adiante.

Variação de volume de alguns solos pelo umedecimento, ou seja quando o

solo é expansivo com a presença de água seu volume é modificado alterando

suas características.

Destruição do atrito intergranular nos materiais granulares pelo bombeamento

de lama do subleito, ou seja vem por baixo por pressão ou pelo lado do lençol

freatico prejudicando a base, sub base, sub leito e terraplenagem da rodovia.

Produção de força ascensional no pavimento, devida às pressões

hidrostáticas, ou seja o pavimento asfáltico cria atoleiro por ter rompido de

baixo para cima.

Produção de força de arrastamento dos solos pelo fluxo a alta velocidade, ou

seja é causado pelo umedecimento e pela velocidade e tambem pode ser

pela incapacidade do solo recuperar pelos esforços sofridos, assim conhecido

esse fenômeno ou patologia, como coro de jacaré.

Já o afundamento, que segundo Silva (2008) é uma patologia que pode

resultar em aquaplanagem, quando o mesmo define a relação ao risco de

aquaplanagem associados com as velocidades e afundamentos (Tabela 8):

Tabela 8 – Risco de aquaplanagem associado a velocidaddes e afundamentos Velocidades (Km/h) Afundamento (mm)

120 12

80 15

Fonte: Silva, 2008

Em resumo pode-se definir separando em dois tipos de problemas gerados

pela falta da manutenção da drenagem, sendo eles, fator direto para o usuário ou

46

para o corpo estradal. Para o corpo estradal as ocorrência são erosões no bordo da

pista, escorregamentos de taludes de corte e aterro, rompimentos de aterro, etc. Já

para o usuário sendo causa do aumento de acidentes devido a travessia de águas

na pista, estrangulamentos de pista devido ás erosões ou escorregamentos (SILVA,

2008).

3.5. Fatores que ajudam na vida útil da rodovia

Para Morales (2003), o sucesso de uma estrada depende tanto do projeto,

como da construção e manutenção de seu sistema de drenagem.

Essa ideia é reforçada com Silva (2008), quando o mesmo faz a relação que

os serviços de drenagem estão atrelados ao projeto e construção. Caso ocorra um

mau projeto e uma execução inadequada provocarão aumentos não só para os

custos de manutenção, mas também provocara custo operacional dos veículos e

risco para os usuários que trafegam na via. Sendo de suma importância os serviços

de manutenção para que as obras de drenagem funcionem com eficiência.

A manutenção é bastante importante para que os sistemas de drenagem

funcionem com máxima eficiência hidráulica, assim aumentando a vida útil da

rodovia e evitando problemas de trafegabilidade para os usuários (SILVA, 2008).

Quando falamos em qualidade da vida útil da rodovia, se trata de maneira

mais ampla da qualidade do corpo estradal, trafegabilidade e segurança, ou seja,

com a manutenção da drenagem, diminui os riscos futuros para o usuário em termos

de acidentes, aumenta à vida útil da rodovia no tocante a qualidade de

trafegabilidade e evita gastos posteriores para reconstruir novamente o dispositivo

de drenagem caso seja destruído, sendo de suma importância a manutenção da

drenagem para evitar gastos posteriores ou mesmo a interrupção do trafego, que por

isso prejudica a economia e a locomoção de usuários. Essa manutenção rotineira

está ligada aos pontos positivos, que uma obra de drenagem funcionando

corretamente pode acarretar, como segurança, aumento da qualidade da vida útil da

rodovia evitando gastos desnecessários.

A manutenção da drenagem de rodovia como o nome já diz, se trata de um

trabalho rotineiro que visa manter em estado de conservação e que funcione para o

que foi projetada, seja mantido livre de obstruções e sem defeitos (SILVA, 2008).

47

A conservação tem que ser seguida com preocupação no que tange as

obras de drenagem superficial e subterrânea, para evitar problemas futuros SENÇO

(2001). Nesse sentido, Morales (2003), enfatiza que para conservar uma rodovia, a

manutenção do sistema de drenagem é a peça fundamental na desobstrução e no

controle da erosão, para que possa evitar a incidência de água, que é causa direta

ou indireta de vários defeitos.

Morales (2003) destaca ainda que a conservação da drenagem é a parte

mais importante da conservação rodoviária, definindo a manutenção do sistema de

drenagem deve ser realizada antes, durante e após as épocas de chuvas. Assim

essa medida ajudará na qualidade da vida útil da rodovia e na diminuição de

problemas de trafegabilidade para o usuário.

A conservação da drenagem é fator primordial para a manutenção da

qualidade do corpo estradal, devendo ter uma atenção rotineira, a fim de manter a

qualidade das obras de drenagem, para evitar defeitos e reparando os mesmos,

evitando problemas para o usuário em termos de acidentes, de trafegabilidade e

aumento dos custos das intervenções ou mesmo com reconstrução de outro

dispositivo de drenagem caso seja necessário (GIMENEZ et al, 2008).

48

4. METODOLOGIA

Como estudo de caso para apresentar os principais dispositivos de

drenagem em fase de projeto e execução, será utilizada a obra do Corredor dos

Sabinos, que foi acompanhada a sua execução no distrito Estrela no município de

Barbalha, Ceará.

Essa obra foi escolhida devido ao difícil acesso durante as épocas de

chuvas que com a drenagem insuficiente, ocasionou bastantes problemas não só

para a estrada, mas também para usuários, em termos de trafegabilidade e

segurança. Com esse estudo será desenvolvida uma relação da importância da

drenagem para a manutenção da qualidade e durabilidade da rodovia baseado no

referencial teórico até então apresentado e discutido. Para facilitar a compreensão

da metodologia adotada foi elaborado um fluxograma apresentado na figura 19.

Figura 19. Fluxograma da metodologia adotada.

49

4.1. Rodovia do Corredor dos Sabinos (Barbalha, Ceará)

A obra do Corredor dos Sabinos está localizada no trecho da CE-293 ao

Sítio Estrela no município de Barbalha-CE, com uma extensão de 1,32Km. Foi

iniciada a construção em 30 de maio de 2012, tendo como prazo de conclusão de

quatro (04) meses, sendo orçado em R$ 1.043.338,12 (Um milhão, Quarenta e Seis

mil, Trezentos e Trinta e Oito reais e Doze centavos) como presente no. A figura 20

representa o mapa de localização da obra.

Figura 20. Mapa de localização da Obra do Corredor dos Sabinos.

A seguir serão apresentados os dispositivos de drenagem aplicados na

rodovia do Corredor dos Sabinos. Para exemplificação serão mostrados os projetos

das obras executadas, sendo elas bueiro, passagem molhada, descida d’água, saída

d’água com dissipador e banqueta de aterro. Fazendo assim uma relação a partir do

projeto com o acompanhamento da execução desses dispositivos até a fase de

liberação para o trafego de veículos. Esse acompanhamento tem o propósito de

mostrar a importância e a função das obras de drenagem, como foram executadas,

ou seja, se seguiram ou não os projetos recomendados, e diagnosticar trazendo

uma analise apurada da importância dessas obras para funcionarem com eficiência

e que tenham qualidade para que não diminua a vida útil do pavimento e possa

50

evitar acidentes decorrentes de fatores ocasionados por uma obra de drenagem

incompleta ou mesmo a falta dela, podendo com isso levar o pavimento à ruína,

gerando com isso gastos adicionais com intervenções na estrada.

As figuras 21 e 22 mostram o perfil longitudinal da estaca 0 a estaca 35 e da

estaca 35 a estaca 66+6,00, podendo observar que na estaca 12 será construída

uma passagem molhada, na estaca 41 uma passagem molhada e na estaca 48 um

bueiro simples tubular de concreto (BSTC).

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 21. Perfil longitudinal da estaca 0 a estaca 35.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 22. Perfil longitudinal da estaca 35 a estaca 66+6,00.

51

A figura 23 representa a seção tipo de pavimento, que nela pode-se

observar um abaulamento de 3%, que tem a função de forçar o escoamento das

águas para fora da pista. Estando de acordo com o DNIT (2010) que recomenda um

abaulamento de 1% a 3%, caso não tenha inclinação transversal será necessário o

emprego do mesmo. Esse abaulamento evita a penetração de água no pavimento e

a água na superfície do pavimento que gera instabilidade no tráfego como a

aquaplanagem, um risco de acidente que pode ser evitado com a drenagem

superficial.

Por se tratar da obra ser de uma extensão pequena de 1,32 Km, mesmo

assim se consegue desenvolver velocidades consideráveis, para que um carro

possa aquaplanar, assim esse abaulamento é de suma importância para manter a

qualidade do corpo estradal e evitar possíveis riscos ao usuário em termos de

acidentes e também o acumulo de água no pavimento, que é prejudicial.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 23. Seção tipo de pavimentação.

52

A passagem molhada da estaca 12 e da estaca 41 seguiram os mesmos

padrões de qualidade recomendados pelos projetos e foram empregados materiais

de primeira qualidade que são de inteira importância, para que não ocorram

problemas futuros assim tendo que fazer intervenções ou reconstruir novamente por

erros que poderiam ser evitados. Veremos os projetos da passagem molhada da

estaca 12 e da estaca 41, e a fase de execução das duas obras, com a avaliação da

execução dessas obras e observações pertinentes no tocante ao projeto, que

seguiram os mesmos padrões de qualidade na execução.

A figura 24 mostra o local aonde foi construída a passagem molhada, sendo

a água retirada e toda matéria orgânica do local, o solo foi substituído por material

apropriado. Nas figuras 24 e 25 mostram em resumo passo a passo da construção

das duas passagens molhadas da estaca 12 e da estaca 41, que foi seguida a

execução como no projeto, podendo ser observado no anexo I e empregado material

de primeira qualidade. Já na figura 24(B) mostra a passagem molhada da estaca 41

antes do começo da obra sobre o rio Salamandra, que é um ponto bastante

preocupante nas épocas de chuvas pela velocidade das águas nesse trecho.

(A) (B)

53

(C) (D)

Fonte: VIEIRA, 2012

Figura 24. Detalhes da construção de duas passagens molhadas.

(A) (B)

(C) (D)

54

(E) (F)

Fonte: VIEIRA, 2012

Figura 25. Detalhes executivos da construção de duas passagens molhadas.

A obra foi liberada para o tráfego, com o fim das atividades no dia

28/09/2012, sendo que a passagem molhada da estaca 12 a montante e da estaca

41 a jusante, como se observa na figura 25 (F) e 26, foi entregue faltando colocar o

enrocamento de pedra arrumada, que o mesmo é especificado no projeto do anexo

I, percebendo na entrada de algumas manilhas a presença de material a montante

do tubo na figura 26 que diminui a vazão fazendo que a água transborde para os

lados caso não seja feita a limpeza continuando acumulando vegetação e entulho.

Caso não seja corrigido esse problema, será propício a ocorrer erosão a montante

ou jusante, quando aumentar a vazão e a presença da água nas épocas de chuvas.

Sendo de suma importância para manter a qualidade da obra e do corpo estradal,

resolver esse problema, que pode danificar a passagem molhada a montante e gerar

gastos posteriores.

Fonte: VIEIRA, 2012.

Figura 26. Passagem molhada da estaca 12.

55

Com o intuito de analisar informações pertinentes à qualidade da

manutenção da rodovia como um todo, o bueiro também foi acompanhado na fase

de execução de acordo com o projeto presente no anexo I, seguindo critérios

construtivos do projeto e com o emprego de material de primeira qualidade. As fases

de construção podem ser compreendidas com mais facilidade em resumo na figura

27, que mostra desde a escavação até a conclusão da construção do mesmo, sendo

esse dispositivo importante para evitar erosão e até mesmo à interrupção do trafego

de veículos, tendo a função de transpor as águas de um lado para o outro da

estrada quando necessário.

(A) (B)

(C)

Fonte: VIEIRA, 2012

Figura 27. Detalhes executivos da construção do bueiro da estaca 48.

56

A figura 28 mostra uma descida d’água faltando executar a bacia de

amortecimento, sendo em todas as outras executadas com o mesmo defeito, elas

seguiram uma recomendação do DNIT (2006) que na literatura especifica que a

descida d’água não pode ser pré-moldada, sendo a mesma foi executada de acordo

com o projeto presente no anexo I, mas faltando concluir a bacia de amortecimento

que é de suma importância para o dispositivo. A falta da bacia de amortecimento

causa erosão no terreno natural e assim comprometendo o dispositivo e também o

corpo estradal, que o DNIT (2006) especifica como imprescindível a falta do mesmo

na descida d’água. Na figura 28 mostra duas descidas d’água, sendo que em toda

obra no lado esquerdo foi executada quatro destas e no lado direito apenas uma da

estaca 0 a estaca 66+6,00. As banquetas de aterro também ainda não foram todas

concluídas, com isso as águas que escorrem sobre a pista de rolamento e por sua

vez pelo talude de aterro, poderão vir a provocar erosão no mesmo ficando propicio

a problemas futuros.

(A) (B)

Fonte: VIEIRA, 2012

Figura 28. Vista de descida d’água não concluída e de banquetas de aterro.

A avaliação dos dispositivos de drenagem são de inteira importância para o

corpo estradal, para que se possa evitar problemas de trafegabilidade.

O diagnóstico dessa obra ajudou a compreender que cada dispositivo tem

sua função e importância no cenário estradal. Sendo de suma importância para que

se possa evitar a diminuição da vida útil do pavimento e problemas de

trafegabilidade. A fase de projeto, execução e manutenção são três fatores muito

importantes para a manutenção da qualidade da vida útil da rodovio. Essas fases

57

citadas estão atreladas a qualidade da rodovia,ou seja se um projeto é seguido sem

alteração ou seja não seja executado incompleto, não ocorrera problemas futuros se

tiver manutenção desses dispositivos antes, durante e após a epoca chuvosa.

Quando se evita a penetração da água nas camadas inferiores do pavimento

evitara problemas do corpo estradal, e quando a água não fica acumulada na

superficie da pista, os problemas de instabilidade no tráfego serão evitados. Os

pontos positivos relacionados com a drenagem para o corpo estradal são qualidade

de trafegabilidade, aumento do tempo de vida útil e segurança para o usuário. Já os

negativos são problemas de trafegabilidade, diminuição do tempo de vida útil do

pavimento e reconstrução de outro dispositivo por falta de manutenção ocasionando

gastos desnecessários.

58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A drenagem de rodovia como observada na literatura citada nesse trabalho

resulta em muitos pontos positivos caso empregada corretamente e com a

manutenção adequada. Por outro lado a falta da drenagem ou a ausência da sua

manutenção geram sérios problemas como a redução da segurança (com a geração

de muitos acidentes) e redução da vida útil ocasionando gastos excessivos

posteriores, pela reconstrução da mesma.

Nesse sentido, de acordo com a revisão bibliográfica realizada nesse estudo

ficou observado que a manutenção da qualidade do corpo estradal depende de

diferentes fatores como projeto adequado de drenagem, acompanhamento na

execução e a manutenção da rodovia.

A maioria dos especialistas concorda que a manutenção antes, durante e

depois da época de chuvas é de grande importância para manter a rodovia em boas

condições.

Relacionado ao estudo de caso apresentado nesse trabalho foi possível

fazer um diagnóstico dos sistemas de drenagem empregados e comparar com as

recomendações técnicas sugeridas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e

Transporte (DNIT) e pela literatura especializada.

A partir dessa análise sugere-se a execução de alguns dispositivos de

drenagem na rodovia do Corredor dos Sabinos. Os dispositivos sugeridos para

complementar a drenagem da rodovia incluem: (a) aumento de banquetas no

decorrer da obra da estaca 41 a estaca 66 + 6,00 para evitar erosão do talude de

aterro e infiltração de água pelo acostamento; (b) acréscimo de descida d’água na

estaca 4, 8, 10, e 14 no lado direito; (c) construção de dissipadores de energia na

descida d’água da estaca 4, 8, 10 e 14 no lado esquerdo e (d) colocação de

enrocamento de pedra na passagem molhada da estaca 12 a montante e na

passagem molhada da estaca 41 a jusante para evitar a erosão do talude da

rodovia.

Os objetivos propostos nesse trabalho foram alcançados, contribuindo

principalmente para (a) uma revisão atualizada sobre o tema abordado; (b) mostrar a

importância que uma obra de drenagem adequada pode resultar; (c) apresentar os

problemas de trafegabilidade e prejuízos causados pela ausência de dispositivos de

drenagem e (d) apresentar as relações que a qualidade da rodovia tem com a

segurança do usuário.

59

O estudo teve como foco a manutenção do corpo estradal e sua relação com

a drenagem da rodovia e a segurança do usuário destacando a drenagem

superficial, assim outros aspectos como o dimensionamento e o detalhamento dos

projetos de drenagem apresenta-se como limitações e precisam de investigações

posteriores.

60

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9794: Tubo de

concreto armado de seção circular para águas pluviais –Especificação. Rio de

Janeiro, 1987.

____________. NBR 9795: Tubo de concreto armado- Determinação da resistência

à compressão diametral- Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1987.

____________. NBR 9796: Verificação da permeabilidade- Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1987. BERNUCCI, Liedi Bariani [et al.]. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3 ed. Rio de Janeiro: Abeda, 2008. Construtora Rodovalho Alencar - CORAL, 2012. COLLISCHONN, Walter; TASSI, Rutinéia. Introduzindo Hidrologia. IPH UFRGS. Maio, 2008. Fonte: http://pt.scribd.com/doc/43435101/Apostila-Hidrologia. Acesso em 06/06/2012. COSTA, Alfredo Ribeiro da; SIQUEIRA, Eduardo Queija de; MENEZES FILHO, Frederico Carlos Martins de. Curso Básico de Hidrologia Urbana: nível 3. Brasília: ReCESA, 2007. Fonte: http://vsites.unb.br/ft/enc/recursoshidricos/NURECO/arq/CBHUv2/CBHUv2.pdf. Acesso em 06/06/2012. DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN. Frota de veículos: Abril 2010 e Abril de 2012. Disponível em: http://www.denatran.gov.br/frota.htm. Acesso em: 16/10/2012. DNIT. Manual de Drenagem de Rodovias. 2 ed, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: http://etg.ufmg.br/~jisela/pagina/Manual%20de%20Drenagem%20de%20Rodovias.pdf. Acesso em 10/03/2012. DNIT. Manual De Hidrologia Básica Para Estruturas De Drenagem. 2 ed, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://ipr.dnit.gov.br/manuais/manual_de_hidrologia_basica.pdf. Acesso em 28/05/2012. DNIT. Manual de Implantação Básica de Rodovia. 3 ed, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://ipr.dnit.gov.br/manuais/manual_implantacao_basica_rodovia_publ_ipr_742.pdf. Acesso em 10/03/2012.

61

DNIT. Pesquisa Médico-Hospitalar. São Paulo. Dezembro, 2011. Disponível em:

http://www.dnit.gov.br/rodovias/operacoes-rodoviarias/estatisticas-de-

acidentes/pesquisa-medico-hospitalar-relatorio-especifico-ac-df-pb-pr-rs-sc-s-

2011.pdf. Acesso em 05/09/2012.

GIMENEZ, Alírio Brasil [et al.]. Manual Técnico de Drenagem e Esgoto Sanitário. 1 Ed – Ribeirão Preto, São Paulo: ABTC, 2008. MORALES, Paulo Roberto Dias. Curso de Drenagem Urbana e Meio Ambiente.

Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2003. Fonte:

http://www.ssmconsultoria.com.brartigosApostila_Drenagem_IME.PDF. Acesso em

22/04/2012.

Prefeitura Municipal de Barbalha. Disponível em: http://barbalha.ce.gov.br/v2/. Acesso em 25/08/2012. SENÇO, W; Manual de técnicas de pavimentação. 1 Ed. vol. 2. São Paulo: Pini, 2001. SILVA, P, F, A; Manual de Patologia e Manutenção de Pavimentos. 2 ed. São Paulo: Pini, 2008. VIEIRA, Jose Adelton Cardoso. Fotos da Obra Corredor dos Sabinos, 2012. Fotografias color. 86,36X64,77 cm. Detalhes construtivos da obra do Corredor dos Sabinos.

62

ANEXOS

Anexo I

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 29. Planta em perfil da passagem molhada da estaca 12.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 30. Planta baixa da passagem molhada da estaca 12.

63

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 31. Detalhe da seção B-B da passagem molhada da estaca 12.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 32. Detalhe da seção A-A da passagem molhada da estaca 12.

64

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 33. Planta do detalhe da colocação das manilhas da estaca12.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 34. Detalhe de fixação das balizas, passagem molhada da estaca 12.

65

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 35. Planta baixa e em perfil da passagem molhada da estaca 41.

66

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 36. Detalhe da seção A-A e B-B da passagem molhada da estaca 41.

67

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 37. Detalhe da colocação de manilhas e balizas da estaca 41.

68

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 38. Planta do bueiro da estaca 48.

69

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 39. Planta baixa da estaca 0 a estaca 35.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 40. Planta baixa da estaca 35 a estaca 66+6,00.

70

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 41. Planta da banqueta de aterro.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 42. Planta da seção tipo de terraplenagem.

71

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 43. Planta da descida d’água.

72

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 44. Planta da descida d’água, detalhes.

73

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 45. Planta do projeto geométrico.

Fonte: CORAL, 2012.

Figura 46. Planta do projeto de sinalização.