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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM TOPOGRAFIA E ESTRADAS HEDUARDO PEREIRA BRASIL A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL JUAZEIRO DO NORTE-CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

HABILITAÇÃO EM TOPOGRAFIA E ESTRADAS

HEDUARDO PEREIRA BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NAS OPERAÇÕES DE

CRÉDITO DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL

JUAZEIRO DO NORTE-CE

2017

HEDUARDO PEREIRA BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NAS OPERAÇÕES DE

CRÉDITO DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas, da Universidade Regional do Cariri - URCA, como requisito para obtenção do grau de Tecnólogo em Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas.

Orientador: Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho

JUAZEIRO DO NORTE-CE

2017

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NAS

OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL.

Elaborado por Heduardo Pereira Brasil

Aluno do curso de Tecnologia da Construção Civil – URCA

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________________________

Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho

(ORIENTADOR)

__________________________________________________________________

Vangivaldo de Carvalho Filho

(AVALIADOR)

__________________________________________________________________

Antonio Costa Sampaio Neto

(AVALIADOR)

DATA DE APROVAÇÃO: _____ de ___________________de 2017.

RESUMO

O campo de estudos das Avaliações de Imóveis, em especial os Rurais, é vasto e

crescente, necessitando de profissionais qualificados e com conhecimentos

necessários para a realização deste tipo de atividade. O presente trabalho teve o

objetivo de demonstrar a importância da realização de avaliação de imóveis rurais

que serão dados em garantia nas operações de crédito contratadas junto ao Banco

do Nordeste do Brasil - BNB, bem como do conhecimento e do atendimento às

normas de avaliação de bens da ABNT, através da NBR-14.653-3 que trata dos

imóveis rurais. Neste trabalho, estão expostos os métodos mais utilizados e

apresentados por autores do assunto, indicando, ainda, a escolha do método de

avaliação mais utilizado. Para demonstração e melhor compreensão do trabalho, foi

exemplificada a avaliação de um imóvel rural dentro das normas e com parâmetros

que atendam os normativos internos e as demais exigências do BNB. Na realização

do trabalho, buscou-se dar ênfase a um trabalho simples, porém, confiável, e que

possa servir como auxilio para consultas de profissionais que já atuam ou que

pretendam atuar na área.

PALAVRAS-CHAVE: Avaliação; Imóveis Rurais; Regressão linear; Mercado.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Pontuação para fins de classificação dos laudos quanto à fundamentação

(NBR 14.653-3) ........................................................................................................ 29

Tabela 2: Classificação dos laudos quanto à fundamentação. (NBR 14.653-3) ..... 29

Tabela 3: Grau de precisão da estimativa de valor no método comparativo direto de

dados de mercado (NBR-14.653-3, 2004) ............................................................... 30

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia

NBR – Norma Brasileira

PIB – Produto Interno Bruto

S400 – Sistema de Central de Cadastro do BNB

SIAT – Sistema de Avaliação Técnica de Empreendimentos do BNB

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 08

1.1 Objetivos .............................................................................................................. 09

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 09

1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 10

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 10

1.3 Problema ........................................................................................................... 11

1.4 Metodologia ....................................................................................................... 11

2. AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS .................................................................... 13

2.1 Classificação de um imóvel rural ....................................................................... 13

2.1.1 Dimensão ........................................................................................................ 14

2.1.2 Exploração ...................................................................................................... 14

2.2 Componentes de um imóvel rural ...................................................................... 14

2.2.1 Terra nua ......................................................................................................... 15

2.2.2 Benfeitorias ..................................................................................................... 16

2.2.3 Máquinas e equipamentos .............................................................................. 17

2.2.4 Semoventes .................................................................................................... 17

3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS ........................................... 19

3.1 Método comparativo direto de dados de mercado ............................................. 19

3.1.1 Vistoria do bem avaliando ............................................................................... 20

3.1.2 Identificação das variáveis influenciantes ........................................................ 20

3.1.3 Levantamento de dados de Mercado .............................................................. 20

3.1.4 Tratamento de dados ....................................................................................... 21

3.2 Método da capitalização da renda ..................................................................... 22

3.3 Método evolutivo ............................................................................................... 22

3.4 Método involutivo ............................................................................................... 22

4. DETERMINAÇÃO DO VALOR DA TERRA NUA ................................................. 23

4.1 Diagnóstico de mercado .................................................................................... 23

4.2 Levantamento de dados de mercado ................................................................ 23

4.3 Identificação e análise das variáves do modelo ................................................ 24

4.3.1 Variáveis dependentes .................................................................................... 25

4.1.2 Variáveis independentes ................................................................................. 25

4.4 Métodos e procedimentos utilizados ................................................................. 25

4.4.1 Procedimentos específicos .............................................................................. 25

4.4.2 Metodologia científica ...................................................................................... 26

4.5 Especificação das avaliações ............................................................................ 27

4.5.1 Grau de fundamentação .................................................................................. 28

4.5.2 Grau de precisão ............................................................................................. 30

5. IMPORTÂNCIA DA DETERMINAÇÃO DO VALOR DO IMÓVEL PARA SUBSIDIAR OPERAÇÕES DE CRÉDITO JUNTO AO BNB ..................................... 31

5.1 Relação garantia real versus crédito concedido ................................................ 32

5.2 Especificação das avaliações ............................................................................ 32

5.3 Apresentação dos laudos de avaliação ............................................................. 33

6. EXEMPLO DE LAUDO DE AVALIÇÃO DE UM IMÓVEL RURAL ....................... 34

6.1 Objetivo da avaliação ........................................................................................ 34

6.2 Pressupostos da avaliação ................................................................................ 34

6.3 Sistemática de trabalho ..................................................................................... 35

6.4 Metodologia aplicada/adotada ........................................................................... 35

6.5 Conclusões da avaliação ................................................................................... 36

6.5.1 Informações iniciais ......................................................................................... 36

6.5.2 Caracterização do imóvel ................................................................................ 36

6.5.3 Avaliação do imóvel ......................................................................................... 37

6.5.4 Resumo da avaliação ...................................................................................... 39

6.5.5 Conclusão final ................................................................................................ 39

6.5.6 Tratamento estatístico ..................................................................................... 39

7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44

8

1. INTRODUÇÃO

A avaliação de imóveis rurais vem sendo, nas instituições financeiras e, em

especial no Banco do Nordeste do Brasil - BNB, um dos grandes mecanismos para a

efetivação dos negócios ligados ao acesso ao crédito, por dar suporte e gerar

margem de risco aos financiamentos, sendo o bem avaliado ofertado em garantia

hipotecária na operação.

Tais avaliações são, em sua grande maioria, efetuadas por profissionais

devidamente cadastrados e capacitados para a realização de tais atividades. De

acordo com o Art. 2° da Resolução nº 354 do Conselho Federal de Engenharia e

Agronomia – CONFEA, são de atribuições privativa dos engenheiros em suas

diversas especialidades, dos arquitetos, dos engenheiros agrônomos, dos geólogos,

dos geógrafos e dos meteorologistas, registrados nos Conselhos Regionais de

Engenharia e Agronomia – CREAs, as atividades de vistoria, perícia, avaliações e

arbitramentos relativos a bens móveis e imóveis, suas partes integrantes e

pertencentes, máquinas e instalações industriais, obras e bens de direito que, de

qualquer forma, para a sua existência ou utilização, sejam de atribuições dessas

profissões.

A avaliação de imóveis rurais é regida pela Norma Brasileira NBR 14653 –

Avaliação de Bens, Parte 3: Imóveis Rurais, de 30/06/2004, sendo constituída pelas

seguintes partes:

Parte 1: Procedimentos Gerais;

Parte 2: Imóveis Urbanos;

Parte 3: Imóveis Rurais;

Parte 4: Empreendimentos.

A norma técnica (NBR 14.653-3) visa detalhar os procedimentos gerais no

que diz respeito à avaliação de imóveis rurais, consolidando os conceitos e métodos

para os serviços técnicos no processo de avaliação, detalhando diretrizes e padrões

específicos de procedimentos, especialmente quanto às terminologias, classificação

9

das naturezas, descrição das atividades, definição da metodologia, identificação de

valor de mercado1, especificação e requisitos básicos.

As normas técnicas aplicadas são adotadas como pressupostos para

avaliação de imóveis rurais junto ao BNB, objetivando subsidiar a tomada de

decisões nas operações de crédito geridas pelo banco através da determinação do

valor de mercado que se é obtida. Nas avaliações de bens, para a identificação

deve-se, sempre que possível, utilizar o método comparativo direto de dados de

mercado, via tratamento científico dos dados.

As avaliações são especificadas quanto à fundamentação e precisão, sendo

utilizados todos os critérios estabelecidos pelas normas, buscando conferir os

melhores graus que o mercado e as circunstâncias permitam, bem como exigidos

pelos normativos internos do BNB.

1.1. Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Estimar o valor de mercado de um imóvel rural, sendo esse bem oferecido

como garantia hipotecária junto ao Banco do Nordeste do Brasil, conhecendo todo o

processo avaliatório e sabendo interpretar as técnicas determinadas pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Após a conclusão da pesquisa, espera-se que possam ser obtidas

informações suficientes para a realização de uma avaliação de imóvel rural da forma

mais simples e objetiva possível, com resultados satisfatórios e seguindo a

regulamentação técnica específica para tal atividade, como normativos internos e

recomendações exigidas pelo Banco do Nordeste do Brasil - BNB.

_____________

1 Valor de Mercado: Segundo generalidades da Avaliação de Propriedades Rurais da planilha AvaliCE do BNB, é o provável ponto de convergência entre os interesses de vendedores e compradores de um determinado bem. Em mercados livre, este valor é o que mais se aproxima do preço.

10

1.1.2 Objetivos Específicos

Apresentar os conceitos e procedimentos técnicos empregados nos

processos de avaliação de imóveis rurais de acordo com a NBR

14.653-3 da ABNT;

Apresentar um comparativo entre os diversos métodos para avaliação

de imóveis rurais;

Determinar o valor da Terra Nua utilizando dados de mercado de

imóveis similares comercializados na região, adotando-se o modelo

estatístico de regressão linear.

Descrever o processo de operação de crédito junto ao BNB analisando

a importância da avaliação de imóveis rurais para fins de garantia em

operações de crédito;

1.2. Justificativa

Algumas técnicas de avaliação não estão de acordo com os métodos

recomendados pela norma brasileira, onde alguns avaliadores levam em

consideração imóveis com cotações atribuídas em um contexto geral, sejam eles

divididos em regiões ou por municípios, e que já possuem valores atribuídos, onde

imóveis situados em um mesmo setor apresentam os mesmos valores por hectare

ou por metro quadrado, independentemente de sua caraterização individual.

A realização da avaliação de um imóvel rural, seguindo todos os parâmetros

e normas exigidas pela ABNT e pelo BNB para obtenção do valor estimado de

mercado, é de fundamental importância para a determinação dos limites de crédito

para subsidiar operações financiadas pelo BNB, sendo que o imóvel avaliado será

dado em garantia hipotecária na operação de crédito, onde o percentual de garantia

real, exigido em relação ao montante do crédito por ela lastreado, será adequado ao

nível de risco do proponente.

O processo de avaliação visa entender os atributos que geram maiores

valores, existindo a necessidades de se conhecer o mercado e os valores nele

praticados, onde a quantidade e a qualidade de amostras de imóveis à venda ou em

11

oferta é de fundamental importância para a determinação dos valores,

principalmente os atribuídos à terra nua.

O não seguimento das normas vem por gerar dificuldades na compreensão

dos termos expostos e imprecisão nos resultados obtidos no trabalho, podendo

acarretar em descumprimento de prazos contratuais ou até mesmo prejuízos para as

partes, haja vista que tais avaliações também são utilizadas para fundamentar

arrematações em hasta pública, aquisição de moradia própria, locação ou

renegociações, implicando direta e indiretamente na viabilidade a que se é

destinada.

Sobre as propriedades rurais, Lima (2005, p. 11) considera:

O valor destas propriedades está baseado nas suas características intrínsecas, influenciadas por fatores externos. O valor destas propriedades rurais reside na relação entre a propriedade e os acontecimentos no mercado agrícola. Na avaliação de propriedades destinadas à produção agrícola, deve-se entender que as características únicas dos imóveis, e as influências externas devem ser interpretados tendo em vista a conjuntura econômica.

1.3. Problema

Após ser feita uma abordagem inicial do assunto, apresentando seus

objetivos e justificativa, surge a seguinte indagação: os valores obtidos no resultado

da avaliação de um imóvel rural, aplicando-se todas as normas técnicas exigidas,

podem ser considerados como o valor de mercado do imóvel que será dado em

garantia hipotecária em operações de credito junto ao BNB?

1.4. Metodologia

A metodologia adotada na realização do trabalho foi, na sua maioria, a partir

de levantamentos bibliográficos composta de publicações de alguns autores sobre a

realização de avaliação de imóveis rurais, objetivando fundamentar a avaliação de

acordo com as normas técnicas exigidas para a formação dos valores dos imóveis.

Foram utilizadas, também, publicações de normativos utilizados no campo

de estudo e de aplicação na área, principalmente a NBR 14.653-3 da ABNT, bem

12

como trabalhos e normas internas BNB para a avaliação de imóveis e contratação

de operações de crédito, identificando seus objetivos, orientações e aplicações.

Visando uma ampliação para melhor intepretação da análise dos conceitos e

dos métodos adotados, foi realizada a simulação de uma avaliação de imóvel rural

realizada recentemente por um técnico do BNB. Para resguardar informações

referentes ao sigilo das partes envolvidas na avaliação, foram supressos todos os

dados referentes ao nomes, títulos, contatos, dentre outras informações que

possam, de algum modo, identificar alguma das partes.

Na simulação, foram realizadas alterações de algumas variáveis definidas no

modelo original e, consequentemente, com mudanças nos resultados encontrados

para serem equiparados com a realidade do mercado atual, onde, no estudo dos

modelos encontrados, foram levados em consideração todos os aspectos

necessários ao atendimento das normas da ABNT para o caso, sendo que, para

geração do relatório estatístico, foi utilizado o Software SisDea 1.10.2, onde o

mesmo possibilita uma modelagem de dados e realiza os cálculos utilizando a

inferência estatística com modelos de regressão linear para determinação do valor

da terra nua.

De acordo com os resultados obtidos na avaliação, foram adotados os

procedimentos seguindo os normativos internos do BNB para a apreciação e

resultados que o imóvel perpetue garantia hipotecaria junto à operação de crédito

para a qual foi solicitado.

13

2. AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS

De acordo com o Glossário de Tecnologia (IBAPE-SP, 2002), avaliação de

imóveis é a determinação técnica do valor de um imóvel ou de seus rendimentos,

gravames, frutos, direitos, seguros, ou de um empreendimento, para uma data e um

lugar determinado.

É importante entender, para melhor compreensão, que o valor resultante de

uma avaliação envolve pesquisas de mercado de imóveis em oferta ou vendidos,

sejam tais amostra simples ou complexas, dependendo de um mercado livre, onde

os resultados justificam-se, principalmente, através da oferta e da procura por

imóveis com características similares às do imóvel avaliando.

Observa-se que quanto menor for a oferta e maior sua procura, um imóvel

será mais valorizado. Quando ocorre o contrário, onde a oferta de um imóvel está

alta e a sua procura é pequena, mais desvalorizado será o imóvel.

Ao iniciar os estudos sobre o tema pesquisado, verificou-se a necessidade

de conhecer do que se trata um imóvel rural, a fim de analisá-lo visando avaliá-lo

posteriormente de acordo com seus princípios.

Entende-se que, além do terreno ou da terra nua, há também as benfeitorias

existentes que não são removíveis e que foram construídos no decorrer do tempo.

Também são objetos de avaliação de imóveis rurais as, instalações, máquinas e

equipamentos, veículos licenciados e fora de estrada, culturas, semoventes,

florestas nativas e reflorestamento (DESLANDES, 2002).

De acordo com Moreira (1997), a avaliação precisa de qualquer tipo de

propriedade deverá ser feita pelos métodos clássicos de avaliação, apoiados por

variações adaptáveis aos casos.

2.1. Classificação do Imóvel Rural

Segundo Deslandes (2002), as propriedades rurais são o conjunto de bens,

frutos e direitos, que merecem ser mostrados em caráter detalhado, para favorecer a

compreensão do trabalho, já que a terra será o objeto principal da avaliação.

Para que um imóvel seja considerado como rural, não se verifica apenas a

sua localização, situando-se em área rural ou não urbana, mas, sim, que possua

explorações com finalidades rurais, como criação de animais, fruticultura, agricultura.

14

Desde logo, convém esclarecer que: se qualquer propriedade rural

apresenta a possibilidade de ser urbanizada, ainda que situada em zona de

expansão urbana ou mesmo em zona rural, é de se pesar consideravelmente tal

circunstância, principalmente porque a avaliação, neste caso, tem a sua metodologia

diversa daquela que normalmente se aplica a uma propriedade rural (IBAPE-SP,

2002).

De acordo com a NBR 14.653-3 (2004), os imóveis rurais podem ser

classificados quanto acordo com as seguintes características:

2.1.1. Dimensão

a) Pequeno: até 4 módulos fiscais2;

b) Médio: de 4 a 15 módulos fiscais;

c) Grande: Acima de 15 módulos fiscais;

2.1.2. Exploração

a) Não explorado;

b) De lazer e turismo;

c) De agricultura;

d) De pecuária;

e) De silvicultura;

f) Agroindustrial;

g) Misto.

2.2. Componentes de um Imóvel Rural

O conhecimento de um imóvel rural fundamentará melhor a identificação dos

atributos mais interessantes da propriedade, o que facilitará na definição dos pontos

mais importantes no processo avaliatório para explicar a melhor valorização destes.

Dentre os principais itens que compõem um imóvel rural, pode-se destacar:

_____________

2 Módulo Fiscal: De acordo com a EMBRAPA módulo fiscal é uma unidade de medida, em hectares, cujo valor é fixado para cada município levando-se em conta vários aspectos como tipo de exploração predominante em cada município e renda.

15

2.2.1. Terra Nua

O conceito empregado de terra nua pode ser resumido como sendo apenas

o terreno ou a terra sem as benfeitorias, instalações, construções ou culturas nela

implantada.

Trata-se do item mais importante dentro do processo avaliatório devido ao

seu potencial uso e capacidade de geração de receitas, sempre sendo observado as

suas características que relacionadas à sua intensidade de uso e às suas limitações.

De acordo com o Sistema de Classificação da Capacidade de Uso das

Terras contido no Manual Brasileiro para Levantamento da Capacidade de Uso da

Terra III aproximação (1971), a classificação dos tipos de terra disponíveis em uma

propriedade expõe as características do solo destacando as suas potencialidades e

limitações, atuando diretamente na determinação do valor da terra nua de um

imóvel.

Em tese, as classes com capacidade de uso apresentam um ordenamento

decrescente das possibilidades de aproveitamento mais intensivos da terra, onde a

que propiciam mais opções e uso geralmente são mais valorizadas.

Em relação às terras e a sua classificação quanto ao potencial de uso,

deverão ser levantados todos os aspectos envolvidos na rentabilidade e potencial de

geração de rendas de modo a relacioná-los com a formação de valores em

determinada região e situação, identificando os atributos, tanto do imóvel avaliando

como da amostra, que realmente tem influência na formação do valor, de acordo

com o quadro abaixo:

Quadro 1: Distribuição dos tipos de terras em seus grupos e classes.

GRUPO CLASSE CARACTERÍSTICAS

A

I Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação e melhoramentos. São terras muito boas sob todos os aspectos.

II Terras cultiváveis, com problemas simples de conservação. São terras boas, podendo exigir drenagem e apresentar baixa fertilidade.

III Terras cultiváveis, com problemas de conservação. São terras moderadamente boas, apresentando um ou mais fatores restritivos de uso.

16

IV

Terras cultiváveis, com problemas complexos de conservação ou com extensão limitada. São terras que apresentam fatores restritivos de uso como declives íngremes, erosão severa, pedregosidade, drenagem muito deficiente e baixa produtividade.

B

V

Terras adaptadas, em geral, para pastagens e/ou reflorestamento sem necessidade de práticas especiais de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais. São terras que não são adaptáveis para as culturas anuais, podendo apresentar baixa fertilidade, encharcamento permanente e afloramento de rochas.

VI

Terras adaptadas, em geral, para pastagens e/ou reflorestamento com problemas simples de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo.

VII

Terras adaptadas somente pastagens e/ou reflorestamento com problemas complexos de conservação. São terras que possuem severas restrições de uso.

C VIII

Terras impróprias para culturas, pastagens ou reflorestamento, podendo servir apenas, como abrigo e proteção da fauna e flora silvestres, como ambiente de recreação, ou para fins de armazenamento de água. São formados por terrenos íngremes, aflorações rochosas e áreas costeiras.

FONTE: Planilha AvaliaCE (BNB), 2009; Curso Avaliação de Bens Rurais (BNB), 2014.

2.2.2. Benfeitorias

As benfeitorias são todas as obras e/ou serviços de melhoramento

realizadas no imóvel, senda eles construídas ou agregadas, com o propósito de

conservá-lo ou melhorá-lo, de acordo com as necessidades de utilização, podendo

ser classificadas em dois tipos:

Benfeitorias Reprodutivas:

São os investimentos ou melhoramentos realizados na base produtiva de um

imóvel com a finalidade de proporcionar rendimentos, mediante a venda ou

arrendamento de seus produtos.

De acordo com o Glossário de Terminologia do IBAPE-SP (2002), são as

culturas comerciais ou domésticas, implantadas no terreno, cuja remoção implica em

perda total ou parcial, compreendendo culturas permanentes, florestas e pastagens

17

cultivadas, e que, embora não negociáveis separadamente do solo, poderão ter

cotação em separado, para base de negócios de propriedades rurais.

Em termos gerais, são as produções vegetais existentes no imóvel e que,

somados com as áreas de reserva legal, de pastagens nativas e de terras

inaproveitáveis, são classificadas como cobertura vegetal, proporcionando melhor

organização quando da apresentação da avaliação.

Benfeitorias Não Reprodutivas:

São os investimentos ou melhoramentos realizados na base estrutural do

imóvel possuindo diversas finalidades como o suporte às atividades desenvolvidas,

infraestrutura ou moradia.

De acordo com o Glossário de Terminologia do IBAPE-SP (2002), são as

que por se acharem aderidas ao chão não são negociáveis e nem rentáveis

separadamente das terras.

São todas as construções realizadas dentro do imóvel, sendo dividias em

construções civis (casas, açudes, currais) e instalações (cercas, rede elétrica,

poços).

2.2.3. Máquinas e Equipamentos

São todos os bens e/ou aparelhos necessários e fundamentais para a

execução das funções específicas no imóvel, como sistema de produção industrial

ou agropecuário, podendo ser fixos ou móveis, como ordenhadeiras, ensiladeiras,

tratores.

Apesar de serem objetos de avaliação, geralmente não são apresentados

dentro da avaliação do imóvel, não acrescentando valores, em virtude de serem

bens móveis que podem ser deslocados para outros locais ou estarem sujeitos à

outras ações específicas, como aluguéis, empréstimos ou furtos.

2.2.4. Semoventes

São todos os bens móveis que possuem locomoção independente ou

remoção por força alheia.

18

Em geral, são os animais existentes no imóvel que possuem alguma

atividade econômica ou de trabalho, podendo ser de importância para o

melhoramento da propriedade ou servindo apenas para negociação.

Também são objetos de avaliação, apresentando condições para serem

avaliados e que, como as máquinas e equipamentos, não são apresentados quando

da avaliação do imóvel, mas, sim, em avaliação específica e com normas técnicas

distintas.

19

3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS

Os métodos utilizados na avaliação de um imóvel rural baseiam-se na

qualidade e quantidade de informações disponíveis para a realização do trabalho,

onde o mercado fornece os valores necessários como os de venda, de

arrendamento e de reprodução ou reposição, podendo ser em função da:

Natureza do bem avaliando;

Finalidade o objeto da avaliação;

Disponibilidade, quantidade e qualidade dos dados de mercado.

Existem vários métodos para a identificação de um bem, seus frutos e

direitos, conforme explicitado na NBR 14.653-3 (2004), sendo:

3.1. Método Comparativo Direto de Dados de Mercado

Identifica o valore de mercado do bem por meio de tratamento técnico dos

atributos dos elementos comparáveis, constituintes das amostra.

Geralmente é o mais utilizado para a realização das avaliações de imóveis

rurais, que determina o valor comparando-o com outros imóveis semelhantes

comercializados na região, principalmente para a obtenção dos valores relacionados

à terra nua.

Sobre este método, Dantas (2012, p. 16) afirma que:

É fundamental para aplicação deste método a existência de um conjunto de dados que possa ser tomado estatisticamente como amostra de mercado. Isto é, por este método, qualquer bem pode ser avaliado, desde que existam dados que possam ser considerados como uma amostra representativa para o mesmo. Assim, por exemplo, podem ser avaliados imóveis em geral, móveis e utensílios, automóveis, semoventes, máquinas e equipamentos etc.

Para a sua aplicação, deverão ser seguidas as seguintes etapas:

20

3.1.1. Vistoria do Bem Avaliando

Como regra geral, objetivando conhecer e caracterizar o bem avaliando e

sua adequação ao seu segmento de mercado, a vistoria ao bem é obrigatória.

Para os imóveis deverá ser procedida a vistoria externa e interna das

construções civis. Não tendo sido viabilizada a vistoria interna, por falha do

interessado, caracteriza-se vistoria infrutífera, sendo o laudo concluído sem

atribuição de valor. No entanto, o imóvel objeto é normalmente caracterizado em

seus aspectos extrínsecos, no que se refere às suas características reais e atuais

ligadas à cidade, região, logradouro e mercado em que se insere.

3.1.2. Identificação das Variáveis Influenciantes

A partir das características observadas no imóvel, serão determinadas as

variáveis que irão influenciar na obtenção dos valores.

3.1.3. Levantamento de Dados de Mercado

São as coletas de dados de mercado de imóveis em oferta ou vendidos que

servirão como base para determinar os valores a serem utilizados. Trata-se de uma

das etapas mais importantes do processo avaliatório, pois, é a principal

influenciadora no valor da terra nua e, consequentemente, do valor total.

Na coleta de dados é recomendável:

Buscar a maior quantidade possível de dados de mercado, com

atributos semelhantes e/ou comparáveis aos do bem avaliando;

Identificar e diversificar as fontes de informações. As fontes de

informação devem ser identificadas com o fornecimento de no mínimo,

nome e telefone para averiguação;

Descrever e identificar as características relevantes dos dados de

mercado coletados;

Buscar dados de mercado de preferência contemporâneos com a data

de referência da avaliação. Não deve ser admitido como dados de

21

mercado informações coletadas há mais de dois anos em relação a

data de referência do laudo. Recomenda-se que durante o trabalho

também seja observado os dados comparativos com longo tempo de

exposição no mercado, a fim de não ocasionar viés na estimativa do

valor do bem;

Nos preços ofertados devem ser consideradas eventuais

superestimativas, sempre que possível quantificadas pelo confronto

com dados de transações;

É preferível a vistoria e fotos de todos os elementos amostrais,

independentemente do grau de fundamentação atingido.

3.1.4. Tratamento dos Dados

O tratamento de dados é o processo na qual são atribuídos valores e/ou

percentuais que terão influência quando da determinação dos valores, podendo ser

utilizados, de forma alternativa e em função da qualidade e da quantidade de dados

e informações disponíveis.

Segundo definição da NBR 14.653-3, o tratamento dos dados pode ser

realizado pelas seguintes formas:

Tratamento científico: É o tratamento de evidências empíricas pelo uso

de metodologia científica que leve à indução de modelo valido para o

comportamento do mercado.

Tratamento por fatores: É o tratamento de homogeneização por fatores

e critérios, fundamentos por estudos e posterior análise estatísticas dos

resultados.

A respeito da precisão na estimativa do valor através do tratamento de

dados, Dantas (2012, p. 17) afirma que:

Tendo em vista que no tratamento científico a estimativa do valor é realizada utilizando-se modelos elaborados especificamente para a avaliação do bem avaliando pela substituição de suas características na equação resultante, pode-se imprimir maior nível de precisão e fundamentação do trabalho. A utilização generalizada dos fatores de homogeneização pode acarretar numa sensível perda do nível de

22

precisão das avaliações, devido à questões de heterogeneidade espacial e multicolinearidade, principalmente.

3.2. Método da Capitalização da Renda

Identifica o valor de um bem com base na capitalização presente de sua

renda líquida prevista, considerando-se os cenários viáveis.

3.3. Método Evolutivo

Identifica o valor do bem pelo somatório das parcelas componentes do

mesmo. Caso a finalidade seja o valor de mercado, deve ser considerado o fator de

comercialização, preferencialmente medido por comparação no mercado.

3.4. Método Involutivo

Identifica o valor de mercado do bem, alicerçado no seu aproveitamento

eficiente, baseado em modelo de estudo de viabilidade técnico econômica, mediante

hipotético empreendimento compatível com as características do bem e com as

condições do mercado no qual está inserido, considerando-se cenários viáveis para

execução e comercialização do produto.

23

4. DETERMINAÇÃO DO VALOR DA TERRA NUA

O valor da terra nua é o valor de mercado de um imóvel rural excluídos os

valores referentes ás benfeitorias, semoventes, máquinas e instalações, além da

cobertura vegetal.

Trata-se do item mais importante na avaliação de um imóvel rural por se

tratar, na maioria dos casos do valor mais determinante no valor total da avaliação,

dependendo dos valores de mercado.

De acordo com o IBAPE – SP (2002), as terras são os principais

componentes de um imóvel rural e são avaliadas em função de sua capacidade de

uso (que engloba fertilidade, topografia, profundidade efetiva, grau de erosão,

drenagem), localização e outros fatores, porém sem vegetação e sem benfeitorias,

dentro do conceito terra nua.

4.1. Diagnóstico de Mercado

O desempenho dos imóveis comercializados na região devem ser

observados, bem como as suas tendências, considerando-se os resultados finais

alcançados.

De acordo com a NBR 14.653-3 (2004, p. 7), entende-se que no

planejamento da pesquisa:

[...] o que se pretende é a composição de uma amostra representativa de dados de mercado de imóveis com características, tanto quanto possível, semelhantes às do avaliando, usando-se toda a evidência disponível. Esta etapa deve iniciar-se pela caracterização e delimitação do mercado em análise, com o auxílio de teorias e conceitos existentes ou hipóteses advinhas de experiências adquiridas pelo avaliador sobre a formação do valor.

4.2. Levantamento de Dados de Mercado

Como explica Dantas (2012, p. 21), é a fase em que se investiga o mercado

imobiliário, obtendo-se dados e informações que servirão de base para o tratamento

estatístico a ser utilizado. Constitui-se na fase mais importante do processo

avaliatório.

24

Para realizar o levantamento dos dados, será necessário um conhecimento

de técnicas para se obter uma amostra válida e confiável que contenha informações

necessárias para a determinação dos valores, baseadas nas características

específicas do imóvel avaliando, bem como dos imóveis disponíveis no mercado, de

acordo com os dados de mercado.

Na região de abrangência da pesquisa, alguns desses dados podem ser

coletados em empresas imobiliárias ou de consultoria agropecuária, com

profissionais da área da engenharia agronômica ou até mesmo em instituições

financeiras com carteira de crédito agrícola, sendo que estes possuem informações

mais específicas e detalhadas sobre valores praticados na região, tanto de terras

quanto de culturas ou benfeitorias.

Os valores obtidos de terra nua, benfeitorias e cobertura vegetal devem ser

separados para análise dos dados separadamente.

De acordo com Lima (2005, p. 36):

Os critérios para obtenção destes dados devem ser próprios do pesquisador e adaptados a cada região em que se está trabalhando. Uma vez obtida a informação, deve ser feita uma vistoria no imóvel negociado e/ou ofertado, para conferir ou tirar dúvidas quanto aos dados fornecidos.

4.3. Identificação e Análise das Variáveis do Modelo

As variáveis são os atributos identificados nas informações do imóvel a ser

avaliado e nos dados de mercado que, de acordo com as características específicas

entre os imóveis avaliando e ofertado, atuam diretamente na determinação dos

valores finais.

Tais variáveis podem ser classificadas como dependentes e independentes,

conforme aborda Dantas (2012, p. 15):

{...} considera-se geralmente como variável dependente os preços à vista dos dados de mercado em oferta ou efetivamente transacionados e, como variáveis independentes, as respectivas características decorrentes dos seus aspectos físicos e de localização, bem como de aspectos econômicos (dado de oferta ou transação, a época da ocorrência do evento etc.). Observa-se que as variáveis independentes podem ser tanto de natureza quantitativa (área, testada efetiva etc.), como de ordem qualitativa (natureza da informação, orientação solar etc.

25

4.3.1. Variáveis Dependentes

Nas avaliações de imóveis rurais, é o valor do imóvel à vista seja ele dado

em valor total, em reais, ou em reais por hectare, considerando o valor total dividido

pela área total, em hectares.

4.3.2. Variáveis Independentes

São as características oriundas de atributos físicos e geográficos

relacionado ao imóvel, natureza da informação, aspectos qualitativos como padrão e

idade aparente, e quantitativo e quantitativos como área e distância de centros

consumidores.

4.4. Métodos e Procedimentos Utilizados

A metodologia avaliatória adotada é função basicamente da natureza do

bem avaliando, do objetivo, da finalidade da avaliação e da disponibilidade,

qualidade e quantidade de informações subsidiárias obtidas.

Baseados em amostragens de valores de imóveis que estão disponíveis no

mercado imobiliário e com características semelhantes às do imóvel avaliado,

identificaremos o seu valor de mercado (terra nua) utilizando tratamento estatístico,

observando pontos básicos, como:

Amostra com valores de imóveis negociados ou em negociação;

Características que diferenciam os valores das diversas propriedades;

Procedimento estatístico que torne os valores homogêneos, após as

intepretações de seus atributos.

4.4.1. Procedimentos Específicos

Para a determinação do valor da terra nua em imóveis rurais deve ser

empregado, preferivelmente, o método comparativo direto de dados de mercado,

com tratamento científico dos dados.

26

Para construções civis/edificações, instalações, máquinas e equipamentos

fixos ou removíveis agrícolas quando não utilizado o método comparativo direto de

dados de mercado, deve ser utilizado o método da quantificação de custo e/ou custo

de reedição, sendo baseado em orçamentos analíticos, cadernos de preços,

planilhas de custos específicas para mercados rurais, com citação das fontes

consultadas. Considerando na depreciação os aspectos físicos em função da idade

aparente, da vida útil e do estado de conservação, bem como os aspectos

funcionais.

Para avaliação de culturas é utilizado o método da capitalização da renda

que disponibiliza o valor econômico.

Para avaliação de semoventes é utilizado o método comparativo direto de

dados de mercado.

4.4.2. Metodologia Científica

O tratamento de dados utilizado para a obtenção de valores, segundo a NBR

14.635-3 é a Inferência Estatística, sendo que o tratamento científico mais

usualmente aplicado é o tratamento por regressão linear.

A utilização da inferência estatística é realizada a partir de um modelo

matemático adequado, conhecido como modelo de regressão, que permite uma

grande avaliação com grande isenção de subjetividade e que, submetido a diversos

testes previstos em norma, transmite à avaliação a confiabilidade do rigor estatístico.

A análise de regressão consiste em estudar o comportamento de uma

variável dependente ou explicada em relação a outra variáveis ou explicativas que

são responsáveis pela sua formação.

A utilização da regressão múltipla permite, após a escolha do melhor modelo

de ajustamento, determinar os valores que assumirão todos os imóveis da região em

estudo, a partir das características mais influentes.

Os parâmetros da regressão são calculados se empregando, geralmente,

empregando-se o Método dos Mínimos Quadrados.

27

Conforme conceitua Moreira (1997, p. 35):

A regressão é um processo desenvolvido na análise estatística para se conhecer o valor de uma variável desconhecida a partir dos valores conhecidos de outras variáveis. Informa ainda que quando o valor da variável desconhecida é obtido a partir do valor de somente uma variável conhecida e entre elas há uma relação linear, chama-se de regressão linear simples; quando essa relação não é linear, chama-se regressão não linear (parabólica, hiperbólica, etc.); quando o valor da variável desconhecida é dependente dos valores de mais de uma variável conhecida, chama-se regressão linear múltipla.

Para a realização do trabalho, o software utilizado que é homologado pelo

BNB é o SisDEA Home que, segundo Peli Sistema Engenharia Ltda (2016), é um

sistema para modelagem de dados com suporte às avaliações comparativas de

mercado imobiliário e foi especialmente desenvolvido para o profissional de

Engenharia de Avaliações.

O sistema realiza o tratamento dos dados e fornece informações que serão

utilizadas para fundamentar os resultados finais.

4.5. Especificação das Avalições

Trata-se da classificação de uma avaliação em relação à diferentes graus

que irão determinar a aceitabilidade ou não de um laudo de avaliação para

determinados fins.

De acordo com a NBR 14.653-3 (2004, p. 12):

A especificação de uma avaliação está relacionada tanto com o empenho do engenheiro de avaliações, como com o mercado e as informações que possam ser dele extraídas. O estabelecimento inicial pelo contratante do grau de fundamentação desejado tem por objetivo a determinação do empenho no trabalho avaliatório, mas não representa garantia de alcance de graus elevados de fundamentação. Quanto ao grau de precisão, este depende exclusivamente das características do mercado e da amostra coletada e, por isso, não é passível de fixação a priori (grifo do autor).

28

Quanto ao grau de especificação atingido, Dantas (2012, p. 231) afirma que:

Deve-se explicitar o nível de especificação atingida, com relação aos graus de fundamentação e precisão, em função das características da amostra obtida quanto a qualidade e quantidade dos dados, da adequação ao tratamento a eles dispensado e à documentação disponível para realização do trabalho, de conformidade com os itens constantes no item 9 da NBR-14.653-3:2004. Quando solicitado pelo contratante, deverá ser apresentado demonstrativo da pontuação atingida.

4.5.1. Grau de Fundamentação

É um resultado estimado em função do aprofundamento do trabalho

avaliatório, da metodologia empregada e da confiabilidade, qualidade e quantidade

dos dados amostrais utilizados.

Para a classificação dos laudo quanto á sua fundamentação, as informações

sobre a avaliação deverão ser indicadas em cada item da tabela 1 e somados ao

final, quando a avaliação for para imóveis rurais.

29

Tabela 1: Pontuação para fins de classificação dos laudos quanto à fundamentação (NBR 14.653-3).

De acordo com a pontuação obtida na tabela 1, os laudos são classificados

quanto à sua fundamentação nos graus indicados na tabela 2.

Tabela 2: Classificação dos laudos quanto à fundamentação (NBR 14.653-3).

30

4.5.2. Grau de Precisão

O grau de precisão é um dado estabelecido para medir o grau de certeza e o

nível de erro numa avaliação.

As avaliações de imóveis rurais serão especificadas quanto ao grau de

precisão nos casos em que a metodologia utilizada seja através do Método

Comparativo de Dados de Mercado.

De acordo com os dados estatísticos obtidos após o tratamento dos dados,

será levada em consideração, para fins de classificação quanto ao grau de precisão,

o valor relacionado à amplitude das amostras que será classificado quanto ao grau

de acordo com a tabela 3.

Tabela 3: Grau de precisão da estimativa de valor no método comparativo direto de dados de mercado (NBR-14.653-3, 2004).

31

5. IMPORTÂNCIA DA DETERMINAÇÃO DO VALOR DO IMÓVEL PARA

SUBSIDIAR OPERAÇÕES DE CRÉDITO JUNTO AO BNB

Nas operações de crédito contratadas pelo BNB, sejam elas rurais ou não,

há obrigatoriedade de garantia para subsidiar tais operações, sejam elas garantias

reais ou não.

Garantia real trata-se todo ou parte de um patrimônio que venha a servir

para assegurar o cumprimento de uma obrigação, no caso contraída junto ao BNB.

De acordo com o 1101-Manual Básico de Operações de Crédito do BNB 11-

01 (2016, p. 01):

Garantia significa, em sentido amplo, o complexo de circunstâncias e fatores que determinam o grau de segurança do cumprimento de uma obrigação. Em sentido restrito, é o conjunto de fatores materiais, acessórios a toda operação de crédito, constituídos, necessariamente, de algo executável, cobrável em juízo.

O objetivo primordial da garantia não será pagar a dívida por ela lastreada e,

sim, dar maior segurança ao negócio realizado na medida dos riscos a ele inerentes,

incorridos pelo credor.

Nenhuma operação de crédito será realizada a partir do pressuposto de que

a sua liquidação se dará com o sacrifício do patrimônio do mutuário, mas,

precipuamente, a partir do pressuposto de que o patrimônio do mutuário

proporcionar-lhe-á capacidade real de pagamento, consentânea com o vulto do

compromisso por ele assumido.

Porém, a constituição de garantia real gera um direito real em favor do BNB

sobre o imóvel avaliado, o qual fica ligado ao pagamento de uma obrigação também

determinada.

No caso em estudo, um imóvel rural poderá ser utilizado como garantia real

de uma operação como hipoteca3 de acordo com os valores obtidos na avaliação

deste imóvel, onde as avaliações demandadas pelo BNB deverão ser elaborados em

conformidade com as normas técnicas e com os normativos internos a que estão

submetidos os processos.

_____________

3 Hipoteca: Segundo o Art. 1.474 do Código Civil Brasileiro, é o direito real de garantia que, recaindo sempre sobre o bem determinado, vincula-o ao cumprimento de uma obrigação, observando que só poderá ser hipotecado o bem que puder ser alienado pelo proprietário.

32

5.1. Relação Garantia Real Versus Crédito Concedido

O percentual de garantias reais, exigido em relação ao montante do crédito

por elas lastreado, será adequado ao nível de risco do mutuário4 e levará em conta,

ainda, a qualidade das garantias em termos de removibilidade5 do local de sua

manutenção.

Os imóveis rurais caracterizam-se como bens de baixa removibilidade, ou

seja, bens de difícil remoção do local de sua manutenção.

A relação garantia real/crédito concedido será de 125% para as operações

que se enquadrem dentro dos normativos, ou seja, o valor do imóvel avaliado deverá

corresponder, no mínimo, a 125% do valor que será financiado.

5.2. Especificação das Avaliações

Os laudos de avaliação do BNB devem ser especificados de acordo com os

graus de fundamentação e precisão exigidos pelo banco, e de acordo com a NBR-

14.653-3.

Sobre o grau de fundamentação exigido pelo banco, de acordo com o

Caderno de Diretrizes Técnicas do BNB (2015, p. 15), destacamos que:

Os laudos de avaliação de bens devem buscas conferir os melhores graus de fundamentação e precisão que o mercado e as circunstâncias do trabalho permitam. Para os laudos de avaliação de bens demandados pelo BNB é solicitado o atendimento no mínimo de grau de fundamentação II. Nas situações em que haja comprovada impossibilidade de se viabilizar o grau II de Fundamentação, por motivos alheios à vontade do técnico devem ser indicados e justificados os itens das tabelas de especificação que não puderam ser atendidos e os procedimentos e cálculos utilizados na identificação do valor, consignando-se tal situação no laudo de avaliação.

Quanto ao grau de precisão, o banco exige hoje, para imóveis rurais, a

precisão deverá ser Nível I, acima de 50%.

_____________

4 Mutuário: Segundo o Dicionário de Português Aurélio, é a pessoa que recebe alguma coisa por empréstimo. 5 Removibilidade: Segundo o Dicionário de Português Aurélio, é a pessoa que recebe alguma coisa por empréstimo.

33

5.3. Apresentação dos Laudos de Avaliação

Os laudos de avaliação para o BNB poderão ser apresentados em duas

modalidades: Completa e simplificada.

Completa: É o modelo de apresentação de laudo que expõe todas as

informações necessárias e suficientes que o torna auto explicável.

Simplificada: É o modelo de apresentação de laudo que dispõe de

informações resumidas, porém, suficientes para o seu entendimento.

34

6. EXEMPLO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO DE UM IMÓVEL RURAL

No exemplo prático que será apresentado, utilizou-se o método comparativo

direto de dados de mercado, que é baseado em uma avaliação de um imóvel rural

que foi dado como garantia hipotecária em uma operação de crédito para mostrar

como funciona, na prática, este tipo de avaliação.

Os dados apresentados abaixo são os essenciais e necessários para os

sistemas do BNB e seguem os procedimentos exigidos de acordo com as

informações apresentadas abaixo.

6.1. Objetivo da Avaliação

Estimar o valor de mercado de imóvel rural para efeito de contratação de

operação de financiamento do cliente junto ao Banco do Nordeste do Brasil – BNB.

6.2. Pressupostos da Avaliação

Na realização desse trabalho adotamos os seguintes pressupostos:

De que, em função de inadequação do SIAT à forma de classificação

conforme a Norma Técnica, a classificação citada no sistema (rigorosa)

não deve ser considerada e sim a classificação que consta no corpo do

laudo no item "conclusão".

De que a documentação legal do imóvel que nos foi apresentada é

legitima e que caberá a Agência observar os demais aspectos legais

necessários à contratação da operação. Assim sendo os valores

encontrados referem-se aos bens considerando-os livres de ônus ou

gravames para com terceiros.

De que são verídicos e procedentes, tanto os documentos, como as

informações prestadas por terceiros, relativas às pesquisas/amostras,

referentes às negociações realizadas (vendas de bens) e das ofertas e

das opiniões encontradas, obtidas junto a agentes e/ou sites na

internet do mercado imobiliário local e regional;

35

Na elaboração deste laudo adotamos também o pressuposto de que

estão adequadas e coerentes algumas informações constantes nos

quadros deste relatório, sobre identificação do imóvel, endereço e título

de domínio, pois esses dados são capturados pelo SIAT

automaticamente do Sistema S400, e compõem este laudo, mas que

citadas informações foram preenchidas pela Agência “X”, sendo,

portanto, essa a responsável por referidas informações.

De que, com a não observância dos pressupostos acima, este trabalho

de avaliação poderá ficar prejudicado, razão pela qual ele será

considerado nulo de direito.

6.3. Sistemática de Trabalho

Durante o trabalho foram adotados os seguintes procedimentos:

Vistoria a região onde se encontra o bem objeto da avaliação, para

conhecer sua localização, características, estado de conservação,

inclusive das benfeitorias, e serviços públicos e poços de influência

existentes nas proximidades que beneficiam direta ou indiretamente a

cotação do imóvel ou então os fatores que afetam negativamente seu

valor de mercado.

Realização de pesquisa, na região, de preços de imóveis ofertados e

comercializados, possuidores de parâmetros semelhantes ao bem a

ser avaliado.

Exame da documentação legal apresentada para verificar se as

confrontações correspondem ao imóvel visitado, confirmar a área legal,

a titularidade, etc.

6.4. Metodologia Aplicada/adotada

A avaliação foi realizada em conformidade com a Norma Técnica definida

pela ABNT – NBR 14.653-3, sendo:

36

Para o Terreno/Terra Nua: Método comparativo de dados de mercado

da região;

Para as Benfeitorias: Considerando a utilidade, a adequação e o

estado de conservação;

(x) Método do Custo de Reposição/Custo de Reposição;

( ) Método da Quantificação de Custos;

( ) Outros, especificar, se for o caso.

Para a Cobertura Vegetal: Método de custo da implantação, custo de

manutenção, ciclo produtivo, safras e rendas.

6.5. Conclusões da Avaliação

6.5.1. Informações Iniciais

Visita: A visita ao terreno situado ao Sítio “Xxxxxx” foi realizada nos dia

xx/xx/xxxx com o acompanhamento do proprietário do imóvel.

Finalidade: A avaliação do imóvel tem por finalidade subsidiar o Banco

do Nordeste na contratação de operação de crédito.

Objetivo: Estimativa do valor de mercado do imóvel avaliando.

Documentação apresentada: Cópia da Certidão do Imóvel;

Caracterização da região: Informações do município como limites,

aspectos climáticos, componentes ambientais, regionalização e

economia;

6.5.2. Caracterização do Imóvel

Proprietário: Sr. “Xxxxxx”

Denominação: Sítio “Xxxxxx”

Distrito: “Xxxxxx”

Localidade: Sítio “Xxxxxx”

Município: Barbalha-Ce

Cidade polo: Juazeiro do Norte-Ce

37

Demais informações como: recursos naturais (solos, aguadas,

irrigação), sistema viário de acesso, meios de comunicação e rede de

energia elétrica interna, serviços públicos existentes, utilização

econômica e itinerário ao imóvel.

6.5.3. Avaliação do Imóvel

Serão consideradas para efeito comparativo as amostras do mercado de

imóveis do município do imóvel avaliando e municípios próximos. Para as benfeitoria

adotou o custo de reedição.

6.5.3.1. Terra Nua

Área total do terreno: 91,20 ha

Valor médio calculado pelo SisDEA para 1 ha: = R$ 26.328,03;

6.5.3.2. Cobertura Vegetal

85,30 ha de área ocupada com Banana, variedades Prata Anã e Grand

Nine, irrigadas com micro aspersão, plantadas entre o ano de 2.000 e

2012, com stand médio de 1.652 plantas/ha, em bom estado

vegetativo, sanitário e de tratos culturais, avaliada em R$ 1.889.526,28;

1,20 há ocupada com benfeitorias e áreas inaproveitáveis, sem valor

econômico;

4,70 há ocupada com vegetações baixas: mata fina, capoeirão e

capoeira, sem valor econômico;

0,0 ha de reserva legal (averbada em outro imóvel), sem valor

econômico.

38

6.5.3.3. Benfeitorias

01 caixa d’água com construção em alvenaria de concreto, rebocada,

com 04 pilares e 04 vigas de 0,30m, volume aproximado de 8,4 m³,

avaliada em R$ 6.745,77;

05 casas de bomba em alvenaria, rebocadas interna e externamente,

pintadas, coberturas de madeira serrada, telha colonial, portas de ferro

e piso de cimento morto, em bom estado de conservação, avaliadas

em R$ 22.370,23;

05 poços profundos com vazão média 96.000 litros/hora/poço, com

profundidades médias de 96 m, funcionando e em bom estado de

conservação, avaliados em R$ 34.576,30;

01 almoxarifado químico com construção em alvenaria, reboco interno

e externo, pintado, com piso morto, coberto com madeira serrada,

telhas tipo colonial, porta de ferro, instalação hidráulica e elétrica,

medindo 6,88m x 10,88 m e com uma área coberta de 74.85 m2², em

bom estado de conservação, avaliado em R$ 18.032,89;

05 galpões para diversos usos (compostagem, fertirrigação,

processamento dos frutos, máquinas) com tipos de construções

variados, em bom estado de conservação, avaliados em R$

399.711,40;

08 prédios para diversos usos (oficina, armazenamento de

combustível, manipulação de produtos químicos, laboratório, depósito,

sala de comando, guarita, refeitório, sala de produção) com tipos de

construções variados, em bom estado de conservação, avaliados em

R$ 224.467,08;

10 Km de cercas externas com 07 fios de arame farpado, estacas de

sabiá com 2,0 m de espaçamento entre estacas, em bom estado de

conservação, avaliada em $ 42.833,90;

01 estrutura de viveiro e estufa com construção em parte de alvenaria,

estrutura de ferro, cobertura plástica, tela lateral fina, estrutura de ferro

para sustentação de bandejas de mudas, instalação elétricas e

hidráulicas, sistema de microaspersão e nebulizadores suspensos,

39

com área de 224,0 m², em ótimo estado de conservação, avaliado em

R$ 42.336,00;

6.5.4. Resumo da Avaliação

Terra Nua: R$ 2.401.116,34

Cobertura Vegetal: R$ 1.889.526,28

Benfeitorias: R$ 791.073,57

Total Geral: R$ 5.081.716,19

6.5.5. Conclusão Final

A avaliação do imóvel rural acima caracterizado importa no total de R$

5.081.716,19 (cinco milhões, oitenta e um mil, setecentos e dezesseis reais e

dezenove centavos).

6.5.6. Tratamento Estatístico

O tratamento estatístico foi realizado pelo Software SisDea 1.10.2, onde os

dados foram calculados através dos cálculos de regressão linear simples e com a

aceitação dos modelos baseados em dados preestabelecidos.

6.5.6.1. Variáveis utilizadas

Dependentes: Valor total

Independentes: Área total, distância à cidade polo, capacidade de

irrigação e PIB do município.

6.5.6.2. Função Estimativa

A função estimativa para o cálculo do valor unitário (R$/hectare) da terra nua

obtida foi:

40

Valor total = e^(

+15,77245057

-14,74671103 / Area total½

-4,064371526E-005 * Distancia POLO²

+0,2765376806 * Capacidade

Irrigação

-2378978780 / PIB²)

6.5.6.3. Amplitude e Grau de Precisão

A amplitude do intervalo de confiança obtida foi de 33,09%, portanto, de

acordo com a tabela, foi obtido grau de precisão II.

6.5.6.4. Grau de Fundamentação

No somatório dos pontos para fins de classificação quanto ao grau de

fundamentação, foram obtidos 55 pontos. Portanto, a classificação final do laudo foi

grau de fundamentação II.

6.5.6.5. Dados de Mercado

Dado 1: Valor do Imóvel: R$ 400.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

Umarizeira em Abaiara-Ce com 29,53 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal =

R$ 137.183,00.

Dado 2: Valor do Imóvel: R$ 155.185,00. Descrição: Imóvel ofertado, Sítio

Fronteiro em Milagres-Ce, com 11,4 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal =

R$ 66.186,74.

Dado 3: Valor do Imóvel: R$ 200.000,00. Descrição: Imóvel vendido Sítio

Luciano em Mauriti-Ce, com 12 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal = R$

22.000,00.

Dado 4: Valor do Imóvel: R$ 1.300.000,00. Descrição: Imóvel vendido em

Brejo Santo–Ce, com 68,48. Benfeitorias + Cobertura Vegetal = R$

43.500,00.

41

Dado 5: Valor do Imóvel: R$ 200.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

Pau Branco em Brejo Santo-Ce, com 13,0 ha. Benfeitorias + Cobertura

Vegetal = R$ 8.400,00.

Dado 6: Valor do Imóvel: R$ 800.000,00. Descrição: Imóvel em oferta com

28,38 ha, município de Barbalha-Ce, próximo a Usina. Benfeitorias +

Cobertura Vegetal = 0,00.

Dado 7: Valor do Imóvel: R$ 400.000,00. Descrição: Imóvel em oferta no Sítio

Coité, município de Mauriti-Ce com 28,0 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal

= R$ 76.600,00.

Dado 8: Valor do Imóvel: R$ 300.000,00. Descrição: Imóvel em oferta no Sítio

Mata em Mauriti-Ce com 19,7 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal = R$

93.150,00.

Dado 9: Valor do Imóvel: R$ 400.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

São José-Lages em Abaiara-Ce com 29,53 ha. Benfeitorias + Cobertura

Vegetal = R$ 137.183,00.

Dado 10: Valor do Imóvel: R$ 400.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

Fazenda Nova em Milagres-Ce com 50,0 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal

= R$ 70.000,00.

Dado 11: Valor do Imóvel: R$ 250.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

Arraial, Juazeiro do Norte-Ceará Benfeitorias + Cobertura Vegetal = R$

20.000,00.

Dado 12: Valor do Imóvel: R$ 200.000,00. Descrição: Imóvel vendido no

Arraial de Cima em Juazeiro do Norte-Ce com 16 ha. Benfeitorias + Cobertura

Vegetal = R$ 26.220,00.

Dado 13: Valor do Imóvel: R$ 1.500.000,00. Descrição: Imóvel vendido no

Sítio Areias em Jardim-Ce com 75,0 ha. Benfeitorias + Cobertura Vegetal =

R$ 251.250,00.

Dado 14: Valor do Imóvel: R$ 648.000,00. Descrição: Imóvel vendido na

margem esquerda da CE-060 que liga Barbalha-Ce a Missão Velha-Ce

(município de localização do terreno) quase em frente ao ferro velho, com

24,54 ha, sem benfeitorias.

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Dado 15: Valor do Imóvel: R$ 3.000.000,00. Descrição: Imóvel vendido no

Sítio Cabaceiras em Barbalha-Ce na estrada de Barbalha - Abajara com 100

ha, sem benfeitorias.

Dado 16: Valor o Imóvel: R$ 6.000.000,00. Descrição: Imóvel vendido no Sítio

Roncador em Barbalha-Ce com 432 ha, sem benfeitorias.

Dado 17: Valor do Imóvel: R$ 1.000.000,00. Descrição: Imóvel a venda na

Vila de Missão Nova, Missão Velha-Ce com 30,30 ha, sem benfeitorias.

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7. CONCLUSÃO

Os resultados esperados foram alcançados no presente trabalho,

satisfazendo a problemática proposta sobre a determinação do valor de mercado

nas avaliações de imóveis rurais seguindo as normas vigentes, fornecendo

informações básicas e necessárias que poderão dar embasamento fundamental à

realização deste tipo de trabalho.

Baseado nos estudos apresentados no trabalho, bem como do exemplo de

uma avaliação de um imóvel rural que foi dado como garantia hipotecária quando da

contratação e uma operação de crédito junto ao BNB, destacamos, inicialmente, a

importância da quantidade e qualidade dos dados de mercados coletados que são

fundamentais para a determinação do valor de terra nua que foi adotado, pois, foi a

partir dessas amostras que se pode chegar ao valor da terra através dos modelos de

inferência estatísticas por regressão linear, que puderam determinar os valores

levando em consideração as características peculiares do imóvel avaliando,

comparadas com as dos imóveis comercializados.

A precisão dos dados obtidos na avaliação realizada desta forma possui

grande impacto quando comparada com as avaliações realizadas anteriormente,

haja vista haver a determinação do valor base de terra nua baseada em dados de

mercado, e não em valores predeterminados como era feito anteriormente, onde os

valores de terra nua por hectare era o mesmo para imóveis em todo o município,

independente das particularidades de cada região.

Entende-se, portanto, que é de fundamental importância a definição do valor

de mercado de um imóvel rural para este servir de hipoteca em operações de crédito

junto ao BNB, haja vista que o valor do financiamento está diretamente relacionado

com o valor total da avaliação para que, caso haja algum inadimplemento

relacionado à operação, o imóvel possa servir de segurança para um possível

retorno financeiro para o banco para saldas a dívida contraída através dos meios

legais para o tal como assunção, venda ou execução judicial do imóvel objeto da

garantia.

Portanto, entendemos como alcançados os objetivos propostos no trabalho e

destacamos a sua contribuição na busca de pesquisas futuras que iriam agregar

valores ao equacionamento da questão do valor de mercado de um imóvel rural.

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REFERÊNCIAS

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