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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM EDIFÍCIOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO WALÉRIA MARTINS RICARTE AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS MOTIVOS QUE DIFICULTAM A UTILIZAÇÃO DOS EPI´S POR TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE CASO JUAZEIRO DO NORTE CE 2017

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  • UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CINCIAS E TECNOLOGIA - CCT

    DEPARTAMENTO DA CONSTRUO CIVIL TECNOLOGIA DA CONSTRUO CIVIL HABILITAO EM EDIFCIOS

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    WALRIA MARTINS RICARTE

    AVALIAO QUANTITATIVA DOS MOTIVOS QUE DIFICULTAM A UTILIZAO DOS EPIS POR TRABALHADORES DA CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE

    CASO

    JUAZEIRO DO NORTE CE 2017

  • 2

    WALRIA MARTINS RICARTE

    AVALIAO QUANTITATIVA DOS MOTIVOS QUE DIFICULTAM A UTILIZAO DOS EPIS POR TRABALHADORES DA CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE

    CASO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Comisso Examinadora do Curso Tecnologia da Construo Civil com habilitao em Edifcios da Universidade Regional do Cariri URCA, como requisito para concluso de curso.

    Orientador: Prof. Esp. Samuel Bezerra

    Cordeiro

    JUAZEIRO DO NORTE CE

    2017

  • 3

    WALRIA MARTINS RICARTE

    AVALIAO QUANTITATIVA DOS MOTIVOS QUE DIFICULTAM A UTILIZAO DOS EPIS POR TRABALHADORES DA CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE

    CASO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Comisso Examinadora do Curso Tecnologia da Construo Civil com habilitao em Edifcios da Universidade Regional do Cariri URCA, como requisito para concluso de curso.

    Aprovada em ______ /_______ /_________, Nota ________________

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________

    Prof. Esp. Samuel Bezerra Cordeiro (Orientador)

    Universidade Regional do Cariri (URCA)

    ___________________________________________

    Prof. Esp. Dirceu Tavares de Figueiredo

    Universidade Regional do Cariri (URCA)

    ____________________________________________

    Prof. Me Jefferson Luiz Alves Marinho

    Universidade Regional do Cariri (URCA)

  • 4

    A Deus; A minha famlia, que sempre me apoiaram e sempre estiveram ao meu lado.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por ter me dado sabedoria e discernimento, sade e coragem,

    bnos e livramentos, por estar sempre presente em minha vida e por ser esse pai

    Aba maravilhoso, pois Ele meu sustento e fora, e tudo dele e por Ele.

    A esta universidade, o corpo docente, direo administrao q

    oportunizaram janela e hoje vislumbro um horizonte maior.

    Ao meu orientador, Samuel Bezerra, pelo suporte, dedicao incentivos

    nas suas correes.

    Aos meus pais, pelo amor, incentivo apoio incondicional.

    A minha irm e melhor amiga Silvia, que sempre me apoiou, incentivou e

    esteve ao meu lado.

    Ao meu irmo e sobrinha, que nos momentos de minha ausncia dedicados

    estudo sempre me fizeram entender q futuro feito partir da constante

    dedicao no presente.

    Ao meu namorado, que apesar de ter chegado no final dessa jornada

    acadmica, sempre incentivou, apoiou, sonhou meus sonhos comigo.

    As minhas primas tias, pela contribuio valiosa, por me ensinar e

    compartilhar momentos e valores.

    Agradeo aos amigos que estiveram torcendo e sonhando comigo em

    especial a minha amiga/irm Carol Oliveira, por sempre se fazer presente em minha

    vida. Agradeo tambm a minha amiga Gabriela Vitoriano, por me incentivar e ter sido

    meu alicerce muitas vezes. As minhas amigas Vanessa, Larissa, Lilandra, Kaynara,

    Ellen, Beatriz, Juliana, Luiza e Regina, por tornarem meus dias mais felizes, torcerem

    pelos meus objetivos e sonharem comigo.

    E os meus colegas de sala, que de alguma forma contriburam para o meu

    crescimento, tornaram as noites na universidade mais leves, mesmo em meio a tanta

    correria, provas e relatrios, sempre encontraram uma maneira de tornar tudo mais

    alegre, jamais esquecerei de vocs.

  • 6

    Que os vossos esforos desafiem as

    impossibilidades, lembrai-vos de que as

    grandes coisas do homem foram

    conquistadas do que parecia impossvel.

    (Charles Chaplin)

  • 7

    RESUMO

    Sabe-se que a Construo Civil representa para a sociedade um dos setores de maior importncia e de responsabilidade no crescimento econmico no pas, por ser um dos setores de maior empregabilidade e tambm um dos maiores dependentes de mo de obra. Contudo, este setor tambm um dos grandes viles nas incidncias de acidente de trabalho, onde estima-se que 2,34 milhes de pessoas morrem todos os anos no mundo devido a acidentes de trabalho (MTE, 2015). Nessas observaes pauta-se algumas suposies das quais tem-se o desnvel existente entre o acelerado crescimento do setor e as condies fornecidas aos trabalhadores em termo de sade e segurana. Desse modo, para compreender os motivos que condicionam aos acidentes de trabalho torna-se importante consultar os trabalhadores sobre questes de sade e segurana relacionadas a conscientizao e utilizao do EPI no desenvolvimento das obras. Nesse contexto, este trabalho busca analisar os motivos que podem levar o trabalhador a deixar de utilizar os EPIs na obra do Residencial X, municpio de Barbalha e na obra do Residencial Y localizado no municpio de Juazeiro do Norte. Para isso, inicialmente realizou-se vrias pesquisas sobre a segurana no trabalho e uso dos EPIs, assim como, a legislao pertinente ao assunto. Posteriormente, realizou-se nos dois canteiros de obra, uma pesquisa quantitativa de coleta de dados, atravs de uma entrevista com 11 perguntas, onde o entrevistado deu sua opinio. Como resultado a pesquisa deixou bem claro que na percepo dos trabalhadores os equipamentos de proteo dificultam a realizao das atividades nas obras em estudo. Alm disso, um valor significativo dos entrevistados nas obras revelou j terem sofrido acidentes ou leses utilizando os EPIs assim como, destacaram que caso os equipamentos de proteo no fossem obrigatrios estes no o utilizariam. Desse modo, para as obras citadas torna-se necessrio a aplicao de mais programas de conscientizao e treinamento quanto ao uso dos EPIs, observando os mtodos corretos de utilizao assim como, destacando os riscos que o trabalhador se expe e o equipamento a ser utilizado.

    Palavras-chave: Construo Civil, Acidente de Trabalho, EPI,

  • 8

    ABSTRACT

    It is known that Civil Construction represents to society one of the sectors of greater importance and responsibility in the economic growth in the country, being one of the sectors of greater employability and also one of the largest dependents of labor. However, this sector is also one of the major villains in the incidence of accidents at work, where it is estimated that 2.34 million people die every year in the world due to accidents at work (MTE, 2015). These observations are based on some assumptions that have the gap between the accelerated growth of the sector and the conditions provided to workers in terms of health and safety. Thus, in order to understand the reasons for work-related accidents, it is important to consult workers on health and safety issues related to the awareness and use of PPE in the development of the works. In this context, this work seeks to analyze the reasons that may lead the worker to stop using PPE in the work of Residencial X, municipality of Barbalha and in the work of the Residencial Y located in the municipality of Juazeiro do Norte. For this, several surveys were initially conducted on workplace safety and use of PPE, as well as relevant legislation. Subsequently, a quantitative data collection survey was carried out at the two construction sites, through an interview with 11 questions, where the interviewee gave his opinion. As a result the research made it clear that in the workers perception the protective equipment makes difficult the accomplishment of the activities in the works under study. In addition, a significant amount of those interviewed in the works revealed that they had already suffered accidents or injuries using the PPE, as well as emphasizing that if protection equipment were not mandatory, they would not use it. Thus, for the aforementioned works, it is necessary to apply more awareness and training programs regarding the use of PPE, observing the correct methods of use as well as highlighting the risks that the worker is exposed and the equipment to be used.

    Keywords: Civil Construction, Accidents at Work, EPI,

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Mapa de localizao da Obra ..................................................................... 17

    Figura 2: Vista das casas construdas ....................................................................... 18

    Figura 3: Frente padro das casas construdas ........................................................ 18

    Figura 4: Planta Baixa padro das casas .................................................................. 18

    Figura 5: Mapa de localizao da Obra ..................................................................... 19

    Figura 6: Projeo da obra concluda ........................................................................ 20

    Figura 7: Capacete .................................................................................................... 36

    Figura 8: culos de proteo .................................................................................... 37

    Figura 9: Luvas de proteo ...................................................................................... 37

    Figura 10: Botas de proteo .................................................................................... 38

    Figura 11: Mascara de proteo ................................................................................ 38

    Figura 12: Protetor Auricular ..................................................................................... 39

    Figura 13: Protetor Facial .......................................................................................... 39

    Figura 14: Tronco ...................................................................................................... 40

    Figura 15: Funo relacionada aos entrevistados da obra localizada em Juazeiro do

    Norte ......................................................................................................................... 43

    Figura 16: Funo relacionada aos entrevistados da obra localizada em Barbalha.. 43

    Figura 17: Tempo de profisso relacionada aos entrevistados da obra de Barbalha 44

    Figura 18: Tempo de profisso relacionada aos entrevistados da obra de Juazeiro do

    Norte ......................................................................................................................... 44

    Figura 19: Escolaridade relacionada aos entrevistados da obra localizada em

    Barbalha .................................................................................................................... 45

    Figura 20: Escolaridade relacionada aos entrevistados da obra localizada em

    Juazeiro do Norte ...................................................................................................... 45

    Figura 21: Distribuio do EPIs na obra localizada em Barbalha ............................. 46

    Figura 22: Distribuio do EPIs na obra localizada em Juazeiro do Norte ............... 46

    Figura 23: Troca do EPIs na obra localizada em Juazeiro do Norte ......................... 47

    Figura 24: EPIs utilizados na obra localizada em Barbalha ...................................... 47

    Figura 25: EPIs utilizados na obra localizada em Juazeiro do Norte ........................ 48

    Figura 26: Dificuldades observadas na utilizao dos EPIs (Obra de Barbalha) ...... 49

    Figura 27: Dificuldades observadas na utilizao dos EPIs (Obra de Juazeiro do

    Norte) ........................................................................................................................ 49

  • 10

    Figura 28: Ocorrncia de algum adoecimento ou leso utilizando EPI (Obra de

    Barbalha) ................................................................................................................... 50

    Figura 29: Ocorrncia de algum adoecimento ou leso utilizando EPI (Obra de

    Juazeiro do Norte) ..................................................................................................... 50

    Figura 30: Uso do EPI caso no fosse obrigatrio (Obra de Barbalha) ..................... 51

    Figura 31: Uso do EPI caso no fosse obrigatrio (Obra de Juazeiro do Norte) ....... 51

    Figura 32: Demonstrao de funcionrios utilizando os EPIs (Obra de Juazeiro do

    Norte) ........................................................................................................................ 53

    Figura 33: Questionrio apresentado nas obras ....................................................... 60

  • 11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Exemplos de riscos fsicos e suas consequncias.................................... 27

    Tabela 2: Exemplos de riscos qumicos e suas consequncias................................ 28

    Tabela 3: Exemplos de riscos biolgicos e suas consequncias............................... 28

    Tabela 4: Exemplos de riscos ergonmicos e suas consequncias.......................... 29

    Tabela 5: Exemplos de riscos de acidentes e suas consequncias.......................... 29

    Tabela 6: Principais Normas Regulamentadoras de Segurana e Medicina do

    Trabalho..................................................................................................................... 32

  • 12

    LISTA DE SIGLAS

    AEPS - Anurio Estatstico da Previdncia Social

    CLT - Consolidao das Leis do Trabalho

    EPI - Equipamento de Proteo Individual

    FUNCENTRO - Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do

    Trabalho

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    MTE Ministrio do Trabalho e Emprego

    NR - Normas Reguladoras

    NRR - Normas Reguladoras Rurais

    OIT - Organizao Internacional do Trabalho

    PCMAT - Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo

    PCMSO - Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional

    PIB - Produto Interno Bruto

  • 13

    SUMRIO 1. INTRODUO ............................................................................................... 13

    1.1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 14

    1.2. OBJETIVOS ................................................................................................... 15

    1.2.1. GERAL ........................................................................................................... 15

    1.2.2. ESPECFICOS ................................................................................................ 15

    1.3. METODOLOGIA ............................................................................................. 16

    1.3.1. OBRA RESIDENCIAL X ................................................................................. 16

    1.3.1.1. CARACTERSTICAS DO RESIDENCIAL X ............................................. 17

    1.3.2. OBRA DO RESIDENCIAL Y .......................................................................... 19

    1.3.2.1. CARACTERSTICAS DA OBRA DO RESIDENCIAL Y ........................... 20

    2. SEGURANA NO TRABALHO ..................................................................... 22

    2.1. HISTRICO DA SEGURANA NO TRABALHO .......................................... 22

    2.2. A SEGURANA DO TRABALHO NO BRASIL ............................................. 25

    2.3. TIPOS DE RISCOS PARA A SADE DO TRABALHADOR ......................... 26

    2.4. LEGISLAO QUANDO A SEGURANA DO TRABALHO ........................ 30

    2.5. SEGURANA DO TRABALHO NA CONSTRUO CIVIL .......................... 33

    2.6. EPI (EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL) NA CONSTRUO

    CIVIL 35

    3. MATERIAIS E MTODOS .............................................................................. 42

    4. RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................... 43

    5. CONCLUSES .............................................................................................. 54

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 56

    ANEXO ..................................................................................................................... 60

  • 13

    1. INTRODUO

    Sabe-se que a construo civil representa para a sociedade um dos setores

    de maior importncia e de responsabilidade no crescimento econmico no pas. A

    Pesquisa Anual da Indstria da Construo de 2011, realizada em pelo IBGE, mostra

    que o PIB brasileiro registrou em 2011 um crescimento de 2,7% enquanto o setor da

    construo civil cresceu 3,6%, atingindo 5,8% de participao no PIB (Leite Junior et

    al., 2017). Ainda de acordo com a Pesquisa Anual da Indstria da Construo de 2012,

    divulgada pelo IBGE em setembro de 2014, o setor da Construo Civil teve um

    crescimento de 10,2% em relao a 2011.

    Por ser um dos setores de maior empregabilidade tambm um dos

    maiores dependentes de mo de obra, sendo tambm, um dos grandes viles nas

    incidncias de acidente de trabalho. Segundo Ba (2013), este fato deveria contribuir

    para uma melhor gesto de segurana nos canteiros de obras, porm um dos

    setores industriais com maior ndice de acidentes.

    De acordo com o relatrio do MTE (2015), no Brasil em 2013 houveram

    2.797 acidentes do trabalho fatais, o que correspondeu a uma taxa de mortalidade de

    6,53 a cada 100.000 segurados no pas. Alm disso, o mesmo relatrio destaca que

    a Organizao Internacional do Trabalho (OIT) faz a estimativa de que 2,34 milhes

    de pessoas morrem todos os anos no mundo devido a acidentes de trabalho. Isso

    porque conforme enfatiza Ba (2013), observa-se que muitas empreiteiras e/ou

    contratantes de mo de obra do pouco ou nenhum valor ao investimento, alm do

    desconhecimento da complexidade que envolve a segurana do trabalho.

    Nessas observaes pauta-se algumas suposies das quais tem-se o

    desnvel existente entre o acelerado crescimento do setor e as condies fornecidas

    aos trabalhadores em termo de sade e segurana. Alm disso, como enfatiza

    Cordeiro (2016), sabe-se que por lei, o empregador responsvel pela gesto da

    sade e segurana no trabalho, devendo garantir a proteo do trabalhador contra

    eventuais danos, controlando eficazmente os riscos de leses ou doenas no local de

    trabalho.

    Assim sendo, uma das ferramentas que visam garantir a segurana dos

    operrios durante o exerccio de suas atividades est na utilizao do EPI

    (Equipamento de Proteo Individual) que atua amenizando e/ou evitando as

    incidncias de acidente de trabalho nas construes. Com isso, verifica-se uma direta

  • 14

    relao entre o uso do EPI pelos trabalhadores e as ocorrncias de acidentes de

    trabalho, podendo os mesmos serem fruto da falta de utilizao ou m utilizao,

    dentre outras causas.

    Assim, para compreender os motivos que condicionam aos acidentes de

    trabalho torna-se importante consultar os trabalhadores sobre questes de sade e

    segurana relacionadas a conscientizao e utilizao do EPI no desenvolvimento das

    obras. Isso porque, conforme lembra Cordeiro (2016), o trabalhador tem uma

    percepo prpria e prxima dos perigos associados ao seu trabalho e relativamente

    a eles equacionam-se mecanismos de proteo de sua integridade fsica e mental.

    Desse modo, este trabalho busca analisar os motivos que podem levar o

    trabalhador a deixar de utilizar os EPIs em uma obra localizada no municpio de

    Barbalha e outra no municpio de Juazeiro do Norte.

    .

    1.1. Justificativa

    Entende-se que o setor da construo civil um dos ramos em que os

    trabalhadores esto diariamente sujeitos a diversos agentes de risco como, calor,

    altura, rudos e movimentos repetitivos, dentre outros. Alm disso, o setor um dos

    grandes dependentes de mo de obra, que em muitos casos trabalham sob condies

    irregulares. Todas essas condies, aliadas a uma m ou falta de utilizao dos

    equipamentos de proteo individual podem representar um dos grandes causadores

    de acidentes de trabalho.

    Assim, investigar os motivos que podem levar o trabalhador a deixar de

    utilizar os EPIs se apresenta como um dos assuntos de maior abordagem na

    atualidade, assim como, de grande impacto devido as severas consequncias de sua

    ocorrncia que afetam tanto o trabalhador, que fica impossibilitado de exercer suas

    atividades, quanto o empregador pela reduo de mo de obra.

    Alm disso, o tema apresenta uma grande importncia por tratar a

    realidade do trabalho no desenvolvimento das construes, de forma a identificar

    como tratado o uso do EPI nas construes, assim como, a poltica de segurana

    no trabalho dentro das obras.

    No que se refere ao estudo de caso ser tratado no municpio de Juazeiro

    do Norte se deve pelo fato de que, conforme observa Cordeiro (2016), no Cear, a

    mdia de 38 casos de acidente de trabalho por dia, deixando o estado em terceiro

  • 15

    lugar em nmeros de acidente de trabalho no Nordeste com o registro de um total de

    410 acidentes para uma populao de 250 mil habitantes, segundo o IBGE. Desse

    modo, percebe-se que no s o estado como tambm o municpio de Juazeiro do

    Norte se apresenta como um dos grandes polos em acidentes de trabalho.

    Assim como a cidade de Juazeiro do Norte o municpio de Barbalha

    tambm se apresenta como um atuante nas incidncias de acidente de trabalho tendo

    em vista seu constante crescimento no setor industrial assim como, com a criao dos

    projetos habitacionais como, o Minha Casa Minha Vida. Dada a fase de crescimento

    econmico em que o Cariri se encontra, Barbalha acompanha a tendncia regional

    apresentando grande crescimento no setor de construo civil e, principalmente,

    turismo visto sua privilegiada situao geogrfica (NASCIMENTO, 2013).

    Diante deste quadro, buscou-se a obra do Residencial X, etapa II, municpio

    de Barbalha e na obra do Residencial Y, no municpio de Juazeiro do Norte por

    possurem um nmero considervel de funcionrios com o objetivo de verificar as

    condies de trabalho dos funcionrios sob a tica de sade e segurana do trabalho.

    1.2. Objetivos

    1.2.1. Geral

    Analisar os motivos que podem levar o trabalhador a deixar de utilizar os

    EPIs na obra do Residencial X, municpio de Barbalha e na obra do Residencial Y

    localizado no municpio de Juazeiro do Norte.

    1.2.2. Especficos

    I. Abordar a temtica da segurana do trabalho com destaque para o uso dos

    EPIs no setor da construo civil;

    II. Realizar nos canteiros de obra em estudo, uma pesquisa quantitativa de coleta

    de dados, atravs de uma entrevista com 11 perguntas, onde o entrevistado

    dar sua opinio escolhendo umas das alternativas apresentadas;

    III. Verificar a existncia, nas obras em estudo, de programa de capacitao e

    treinamento com objetivo de conscientizao e melhores condies de

    trabalho;

  • 16

    IV. Traar o perfil profissional dos funcionrios entrevistados;

    V. Sugerir propostas para a melhoria.

    1.3. Metodologia

    Inicialmente, realizou-se vrias pesquisas para compor o referencial terico

    de modo a balizar e aprofundar a pesquisa sobre segurana no trabalho e os motivos

    que levam o trabalhador a deixar de utilizar os EPIs em obras de construo civil,

    assim como, a legislao pertinente ao assunto. No que se refere aos mtodos de

    abordagem adotados pode-se afirmar que a pesquisa em questo apresenta uma

    abordagem dedutiva, cujo entendimento pode ser expresso da seguinte forma:

    Abordagem dedutiva: O mtodo que parte do geral e, a seguir, desce ao particular

    partindo-se de princpios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutveis,

    prediz a ocorrncia de casos particulares com base na lgica (Prodanov; Freitas,

    2013, p. 27). Neste contexto, partindo-se de um embasamento terico j publicado

    gerar uma relao logicas entre as afirmaes gerais com os particulares a serem

    tratadas neste trabalho.

    J com relao aos mtodos de procedimentos adotados para este trabalho

    definiu-se que para complementar a compreenso da pesquisa realizada ser

    utilizado o mtodo de estudo de caso onde, realizou-se em dois canteiros de obra,

    uma pesquisa quantitativa de coleta de dados, atravs de uma entrevista com 11

    perguntas, onde o entrevistado emitiu sua opinio.

    1.3.1. Obra Residencial X

    A primeira rea utilizada para estudo de caso foi obra do Residencial X, que

    se trata de uma construo de 32 casas, localizada no sitio Lama, municpio de

    Barbalha onde, teve como incio das atividades em Agosto de 2017 e previso para a

    concluso em Junho de 2018.

  • 17

    Figura 1: Mapa de localizao da Obra

    Fonte: http://grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=16

    1.3.1.1. Caractersticas do Residencial X

    A construo das casas no Residencial X, etapa II, apresentando as

    seguintes caractersticas:

    Fundao Alvenaria de pedra argamassada em valas de 40 x 60 cm; baldrames

    em blocos de concreto 14x19x39 cm e cintas em canaletas de concreto 14x19x30

    cm.

    Alvenaria de vedao das casas Blocos de concreto 9x19x39 cm;

    Alvenaria de vedao dos limites dos lotes Blocos de concreto 9x19x19 cm;

    Revestimento Chapisco convencional e massa nica;

    Coberta Madeiramento convencional e telhas cermicas;

    Acabamento Forro de gesso, emassamentos, pintura, portas em madeira e

    alumnio com vidro e revestimento cermico;

    Sistema de esgoto fossa sptica e sumidouro com manilhas pr-moldadas com

    profundidade mdia de 3,00 m;

    Instalaes eltricas Monofsicas;

    Cada casa possui 80,00m2 de rea Construda, est instalada em um

    terreno de 6,5m x30,00m.

    Residencial X

  • 18

    Figura 2: Vista das casas construdas

    Fonte: http://grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=16

    Figura 3: Frente padro das casas construdas

    Fonte: http://grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=16

    Figura 4: Planta Baixa padro das casas

    Fonte: http://grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=16

    Atualmente a obra conta com 20 funcionrios podendo possuir um pico

    mximo de funcionrios para obra de at 60 operrios. Para a obra a altura mxima

    de trabalho observada de aproximadamente 5,50 m. Os equipamentos e

    maquinrios utilizados no desenvolvimento da obra so:

  • 19

    1 retroescavadeira,

    3 caambas,

    1 enchedeira (trator),

    Carregadeira (caminho),

    Caminho pipa,

    1 betoneira,

    Martelos,

    Serrotes,

    Serras circular manual,

    Furadeiras,

    Compactador mecnico.

    1.3.2. Obra do Residencial Y

    A obra do Residencial Y localiza-se no municpio de Juazeiro do Norte, no

    Bairro Limoeiro, e teve seu incio datado de Agosto de 2015 e termino previsto para

    Agosto de 2018. O edifcio tem 4 pavimentos com 600 m por pavimento, 32

    apartamentos com 69 m por unidade sendo dividido em 8 apartamentos por

    pavimento.

    Figura 5: Mapa de localizao da Obra

    Fonte: http://www.grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=5

    Residencial Y

  • 20

    1.3.2.1. Caractersticas da obra do Residencial Y

    As caractersticas da obra so as seguintes:

    Fundao Estacas com blocos de coroamento e cintas em concreto armado;

    Alvenaria de vedao Blocos de concreto 9x19x39 cm;

    Revestimento Chapisco convencional e massa nica;

    Coberta Estrutura e telha metlica e lajes impermeabilizadas com tinta asfltica;

    Acabamento Forro de gesso, emassamentos, pintura, portas em madeira e

    alumnio com vidro e revestimento cermico;

    Instalaes eltricas Monofsicas;

    Instalaes de gs;

    Instalaes de incndio;

    Instalaes de SPDA.

    Figura 6: Projeo da obra concluda

    Fonte: http://www.grupoararuna.com.br/?pg=detalhes-imovel&id=5

    Atualmente a obra conta com 25 funcionrios, mas, j possuiu um pico

    mximo 35 operrios de funcionrios. Para a obra a altura mxima de trabalho

    observada de aproximadamente 13,00 m. Os equipamentos e maquinrios utilizados

    so:

    1 perfuratriz para as estacas escavadas,

    1 carregadeira,

    2 caambas,

    1 betoneira,

    Guinchos de coluna

  • 21

    Martelos,

    Serrotes,

    Serras circular manual,

    Furadeiras,

    Discos de corte,

    Compactadores mecnico,

    1 vibrador de emerso.

  • 22

    2. SEGURANA NO TRABALHO

    O trabalho um instrumento fundamental na sociedade em que vivemos.

    Entretanto, a relao entre o trabalho e o homem nem sempre foi mesma, pelo

    contrrio, foi se alterando e evoluindo de acordo com a poca no qual estava inserido

    (VIEIRA; CHINELLI, 2013). Acompanhando essa mesma evoluo tem-se a

    segurana do trabalho que a cada dia se torna mais necessria a sociedade, conforme

    poder ser melhor compreendida a seguir.

    2.1. Histrico da Segurana no Trabalho

    O trabalho fonte de leses, adoecimento e morte, e esse fato conhecido

    desde a Antiguidade, conforme afirmam Chagas, Salim e Servo (2011 apud.

    Nascimento et al., 2015). Estes autores apontam tambm que:

    Embora de modo esparso, h citaes de acidentes de trabalho em diversos documentos antigos. H inclusive meno a um deles no Novo Testamento de Lucas (o desabamento da Torre de Silo), no qual faleceram dezoito provveis trabalhadores. Alm dos acidentes de trabalho, nos quais a relao com a atividade laboral mais direta, tambm existem descries sobre doenas provocadas pelas condies especiais em que o trabalho era executado. (CHAGAS et al., 2011 apud. NASCIMENTO et al., 2015, p. 3)

    Uma confirmao dessa ideia se tem na apresentao de alguns fatos,

    adaptados da obra Introduo Higiene Ocupacional, publicada no ano de 2004

    pela FUNDACENTRO1, com a incluso de alguns eventos, por Ferreira e Peixoto

    (2012, p. 18), que fazem parte da histria da segurana do trabalho:

    a) Anos 400 (a.C.) a 50, aproximadamente: Identificao de envenenamento por

    chumbo em mineiros e metalrgicos, por Hipcrates, em seu clssico Ares, guas

    e Lugares; Utilizao de bexigas de animais como barreira para reter poeiras e

    fumos durante a respirao, por Plnio, o Velho, em seu tratado De Histria

    Naturalis.

    b) Anos de 1400 a 1500: Em 1473, houve o reconhecimento do perigo de alguns

    vapores metlicos e a descrio de envenenamento ocupacional por mercrio e

    chumbo, por Ellenborg, com sugestes de medidas preventivas.

    1 FUNCENTRO - Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho.

  • 23

    c) Anos de 1500 a 1800: No ano de 1556, Georgius Agricola elabora a descrio do

    processo de minerao, fuso e refino de metais, mencionando doenas e

    acidentes acontecidos, sugestes para preveno e a incluso do uso de ventilao

    para essas atividades; Em 1567, Paracelso fez as primeiras descries sobre

    doenas respiratrias relativas atividade de minerao, com maior nfase na

    contaminao por Mercrio; O ano de 1700 foi marcado pela publicao da obra

    De Morbis Artificium Diatriba, conhecida tambm como Doena dos Artfices,

    por Bernardino Ramazzini, a qual apresenta um estudo bastante caracterizado

    sobre doenas relacionadas ao trabalho, em torno de 50 (cinquenta) profisses da

    poca, inclusive com indicao de precaues nas atividades.

    d) Anos de 1800: Em 1802, foi criada a Lei da Sade e Moral dos Aprendizes, na

    Inglaterra, onde foi estabelecido um limite de 12 horas para a jornada diria de

    trabalho, proibio do trabalho noturno e uso obrigatrio de ventilao do ambiente;

    Em 1830, foi publicado na Inglaterra um livro sobre doenas ocupacionais por

    Charles Thackrah e Percival Lott (Os efeitos das principais atividades, ofcios e

    profisses, do estado civil e hbitos de vida, na sade e longevidade, com

    sugestes para a remoo de muitos dos agentes que produzem doenas e

    encurtam a durao da vida);

    Dessa forma, percebe-se que os acidentes e mortes em decorrncia do

    trabalho tem uma origem antiga apesar desse assunto estar sendo abertamente

    tratado apenas nas ltimas dcadas. Sendo assim, entende-se como acidente de

    trabalho toda ocorrncia indesejvel, inesperada ou no programada, que interfere no

    desenvolvimento normal de uma tarefa e que possa causar algum dano fsico ou

    material.

    J o acidente de trabalho com base no Art. 19 da Lei 8.213/1991, afirma

    ser o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa, ou pelo exerccio

    do trabalho do segurado especial, provocando leso corporal ou perturbao

    funcional, de carter temporrio ou permanente". Ainda segundo a lei, considerado

    acidente do trabalho, tambm quando ocorre no exerccio do trabalho a servio da

    empresa de acordo com as seguintes circunstncias:

    Doenas profissionais ou do trabalho: aquelas que so adquiridas em determinados

    ramos de atividade e que so resultantes das condies especiais em que o

    trabalho realizado;

  • 24

    Qualquer tipo de leso, quando ocorre: no local e no horrio de trabalho e quando

    a caminho ou na volta do trabalho; fora dos limites da empresa e fora do horrio de

    trabalho; fora do local da empresa, mas em funo do trabalho.

    No Art. 21 da Lei n 8.213/91 equipara-se ainda a acidente de trabalho:

    I - O acidente ligado ao trabalho que, embora no tenha sido a causa nica, haja

    contribudo diretamente para a morte do segurado, para reduo ou perda da sua

    capacidade para o trabalho, ou produzido leso que exija ateno mdica para a

    sua recuperao;

    II - O acidente sofrido pelo segurado no local e no horrio do trabalho, em

    consequncia de:

    a) ato de agresso, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro

    de trabalho;

    b) ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao

    trabalho;

    c) ato de imprudncia, de negligncia ou de impercia de terceiro ou de companheiro

    de trabalho;

    d) ato de pessoa privada do uso da razo;

    e) desabamento, inundao, incndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de fora

    maior;

    III - a doena proveniente de contaminao acidental do empregado no exerccio de

    sua atividade;

    IV - O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horrio de trabalho:

    a) na execuo de ordem ou na realizao de servio sob a autoridade da empresa;

    b) na prestao espontnea de qualquer servio empresa para lhe evitar prejuzo

    ou proporcionar proveito;

    c) em viagem a servio da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta

    dentro de seus planos para melhor capacitao da mo de obra,

    independentemente do meio de locomoo utilizado, inclusive veculo de

    propriedade do segurado;

    d) no percurso da residncia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer

    que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado.

  • 25

    2.2. A segurana do Trabalho no Brasil

    No Brasil, segundo Chagas, Salim e Servo (2011 apud. Nascimento et al.,

    2015), a segurana do trabalho ocorreu, embora de forma mais tardia em relao aos

    pases de economia central. Os autores explicam que:

    Durante o perodo colonial e imperial (1500-1889), a maior parte do trabalho braal era realizada por escravos (ndios e negros) e homens livres pobres. A preocupao com suas condies de segurana e sade no trabalho era pequena e essencialmente privada. (CHAGAS, SALIM e SERVO, 2011 apud Nascimento et al., 2015, p. 5)

    No Brasil Colonial, os escravos trabalhavam at 18 horas por dia, estando

    os proprietrios no direito de aplicar castigos para garantir uma melhor produtividade

    e submisso ao trabalho (MOTERLE, 2014, p 13). Ainda conforme o autor, esta

    situao tornava a mo de obra escrava quase que descartvel, j que, em 1730, a

    vida til de um escravo jovem era de apenas 12 anos.

    Desse modo, conforme observa Pinheiro (2012), a luta dos trabalhadores

    pela sade no Brasil anterior at mesmo industrializao do pas no incio do

    sculo XX. Antes, porm, os trabalhadores lutavam por direitos considerados

    atualmente como bsicos, mas que s foram alcanados graas a muita luta, como:

    Descanso semanal remunerado;

    Jornada semanal de 44 horas de trabalho;

    Igualdade de direitos para a mulher trabalhadora;

    Assistncia mdica e aposentadoria;

    Indenizao por acidente de trabalho.

    Sendo assim, conforme Chagas, Salim e Servo (2011 apud. Nascimento et

    al., 2015), o desenvolvimento de uma legislao de proteo aos trabalhadores surgiu

    com o processo de industrializao, durante a Repblica Velha, no perodo

    compreendido entre 1889 e 1930. Em 1919, surgiu a Lei 3.725, que tratava da

    definio de acidente de acidente de trabalho, a declarao de acidentes e a ao

    judicial (SILVA; MENDONA, 2012, p. 4).

  • 26

    Depois, em 1934, foi promulgada a terceira constituio do Brasil que adotou medidas regulamentadoras quanto a proteo do trabalhador, do trabalho da mulher e do menor, da jornada de trabalho de oito horas dirias, da instituio do salrio mnimo, do reconhecimento dos sindicatos e da centralizao dos servios mdicos (OLIVEIRA, 2009 apud. SILVA e MENDONA, 2012, p.4).

    Em 1943, o Decreto-lei n. 5.452, de 01 de maio, regulamenta o Captulo V

    do Ttulo II da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), que trata da Segurana e

    Medicina do Trabalho. J em 1954, surgiram as primeiras Portarias do Ministrio do

    Trabalho que instruam acerca de alguns aspectos especficos das prticas

    prevencionistas que deveriam ser adotadas pela empresa (Santos et al., 2012 apud.

    Nascimento et al., 2015).

    Em 1972, o Governo Brasileiro baixou a Portaria n. 3.237 que regulamentava as exigncias j previstas na CLT, dentre elas a criao dos servios mdicos e de higiene e segurana em empresas com mais de cem trabalhadores. Atualmente, tendo em vista a evoluo dos estudos pertinentes a Segurana e Sade do Trabalho (SST), a legislao passa a considerar no somente o nmero de empregados na empresa, mas principalmente o grau de risco inerente a atividade (ALVES, 2003 apud. SILVA e MENDONA, 2012, p. 4).

    No entanto, conforme observa Chagas, Salim e Servo (2011 apud.

    Nascimento et al., 2015), boa parte dessa legislao original foi modificada

    posteriormente, inclusive pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 10

    de outubro de 1988, continuando, porm, a vigorar muitos dos seus princpios e

    instituies, tais como: os conceitos de empregador e empregado, as caractersticas

    do vnculo empregatcio e do contrato de trabalho, a Justia do Trabalho e o Ministrio

    Pblico do Trabalho, a unicidade e a contribuio sindical obrigatria, entre outros.

    2.3. Tipos de Riscos para a Sade do Trabalhador

    Ribeiro (2012 apud. Hinterholz, 2013, p. 25) define que o termo risco

    empregado no sentido de probabilidade de ocorrncia de um dano sade, os riscos

    presentes no ambiente de trabalho variam de acordo com o tipo de bem ou servio

    produzido, inerentes ao processo produtivo.

    Risco uma palavra antiga, de origem incerta (Castro 2000), mas considera que provavelmente provm do latin resecare (diviso, discrdia). Na Idade Mdia este termo era usado no sentido de luta. O risco denota incerteza em relao a um evento futuro, podendo, portanto, ser definido como a

  • 27

    probabilidade de ocorrer um acidente causando danos, ou, a probabilidade de concretizao de um perigo (Vecchione; Ferraz, 2010, p. 7).

    Assim, tradicionalmente os riscos decorrentes dos locais e da forma de

    organizao do trabalho so classificados em, conforme Greco e Moura (2014, p. 6):

    Riscos fsicos: derivados principalmente de exigncias tcnicas para a

    transformao do objeto de trabalho e caracterizam um determinado ambiente de

    trabalho, como por exemplo, o rudo e as vibraes, a temperatura, a umidade, a

    ventilao e a iluminao natural e artificial, as presses anormais e radiaes entre

    outras (RIBEIRO, 2008; TRINDADE et al., 2007; BRASIL, 2001).

    Tabela 1: Exemplos de riscos fsicos e suas consequncias

    Riscos fsicos Consequncias

    Rudo Cansao, irritao, dores de cabea, diminuio da audio, aumento da presso arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto.

    Vibraes Cansao, irritao, dores nos membros, dores na coluna, doena do movimento, artrite, problemas digestivos, leses sseas, leses dos tecidos moles, leses circulatrias, etc.

    Calor

    Taquicardia, aumento de pulsao, cansao, irritao, intermao (afeco orgnica produzida pelo calor), prostrao trmica, choque trmico, fadiga trmica perturbaes das funes digestivas, hipertenso, etc.

    Radiaes ionizantes Alteraes celulares, cncer, fadiga, problemas visuais, acidentes de trabalho.

    Radiaes no-ionizantes

    Queimaduras, leses nos olhos, na pele e nos outros rgos.

    Umidade Doenas do aparelho respiratrio, quedas, doenas na pele, doenas circulatrias.

    Frio Fenmenos vasculares perifricos, doenas do aparelho respiratrio, queimaduras pelo frio.

    Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/NR-9_BLOG.pdf

    Riscos qumicos: tambm so derivados principalmente do objeto de trabalho e

    dos meios auxiliares envolvidos em sua transformao e se caracterizam pelas

    substncias qumicas presentes nos processos de trabalho como, por exemplo:

    ps/poeiras, fumaas, gases, vapores pastas ou lquidos (Brasil, 2001)

  • 28

    Tabela 2: Exemplos de riscos qumicos e suas consequncias

    Riscos Qumicos Consequncias

    Poeiras minerais Ex.: slica, asbesto, carvo, minerais

    Silicose (quartzo), asbestose (amianto) e pneumoconiose dos minrios de carvo

    Poeiras vegetais Ex.: algodo, bagao de cana-de-acar

    Bissinose (algodo), bagaose (cana-de-acar), etc.

    Poeiras alcalinas Ex.: calcrio Doena pulmonar obstrutiva crnica e enfisema pulmonar

    Fumos metlicos Doena pulmonar obstrutiva crnica, febre de fumos metlicos e intoxicao especfica, de acordo com o metal.

    Nvoas, gases e vapores (substncias compostas, compostos ou produtos qumicos em geral)

    Irritantes: irritao das vias areas superiores. Ex.: cido clordrico, cido sulfrico, amnia, soda custica, cloro, etc. Asfixiantes: dores de cabea, nuseas, sonolncia, convulses, coma, morte. Ex.: hidrognio, nitrognio, hlio, metano, acetileno, dixido de carbono, monxido de carbono, etc. Anestsicos: (a maioria dos solventes orgnicos). Ao depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos rgos, ao sistema formador do sangue, etc. Ex.: butano, propano, aldedos, cetonas, cloreto de carbono, benzeno, lcoois, etc.

    Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/NR-9_BLOG.pdf

    Riscos biolgicos: surgem da relao com o objeto de trabalho e as condies de

    higiene ambiental, estando relacionadas com qualquer organismo animal ou

    vegetal que esteja presente no ambiente de trabalho, como por exemplo: vrus,

    bactrias, fungos, parasitas e fibras vegetais.

    Tabela 3: Exemplos de riscos biolgicos e suas consequncias

    Riscos Biolgicos Consequncias

    Vrus, bactrias e protozorios Doenas infectocontagiosas. Ex.: hepatite, clera, amebase, AIDS, ttano, etc.

    Fungos e bacilos Infeces variadas externas (na pele, ex.: dermatites) e internas (ex.: doenas pulmonares)

    Parasitas Infeces cutneas ou sistmicas, podendo causar contgio.

    Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/NR-9_BLOG.pdf

    Riscos Ergonmicos e Psicossociais: decorrentes da organizao e gesto do

    trabalho bem como das diversas maneiras de realizar a atividade ocupacional

    estando constitudos por elementos como o esforo fsico e visual, os

    deslocamentos e movimentos exigidos pela tarefa, o espao de trabalho disponvel,

    as posies assumidas em sua execuo, as horas extras de trabalho ou a

  • 29

    intensificao do trabalho e a prolongao da jornada, entre outras caractersticas

    (TRINDADE; AMESTOY, PIRES, 2013)

    Tabela 4: Exemplos de riscos ergonmicos e suas consequncias

    Riscos Ergonmicos Consequncias

    Esforo fsico, levantamento e transporte manual de pesos, exigncias de postura

    Cansao, dores musculares, fraquezas, hipertenso arterial, diabetes, lcera, doenas nervosas, acidentes e problemas da coluna vertebral.

    Ritmos excessivos, trabalho de turno e noturno, monotonia e repetitividade, jornada prolongada, controle rgido de produtividade, outras situaes (conflitos, ansiedade, responsabilidade)

    Cansao, dores musculares, fraquezas, alteraes do sono e da libido e da vida social, com reflexos na sade e no comportamento, hipertenso arterial, taquicardia, cardiopatia (angina, infarto), diabetes, asma, doenas nervosas, doenas do aparelho digestivo (gastrite, lcera, etc.), tenso, ansiedade, medo, comportamentos estereotipados.

    Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/NR-9_BLOG.pdf

    Riscos Mecnicos e de acidentes: derivadas da tecnologia de trabalho seja

    devido a sua operao ou manuteno, aos materiais soltos no ambiente, s

    condies de instalao e manuteno dos meios de produo, a proteo das

    mquinas, arranjo fsico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalizao,

    rotulagem de produtos e outros que podem levar aos acidentes de trabalho

    (LAURELL; NORIEGA, 1989; FACCHINI, 1994; BRASIL, 2001).

    Tabela 5: Exemplos de riscos de acidentes e suas consequncias

    Risco de acidentes Consequncias

    Iluminao deficiente Fadiga, problemas visuais e acidentes de trabalho

    Ligaes eltricas deficientes Curto-circuito, choque eltrico, incndio, queimaduras, acidentes fatais

    Armazenamento inadequado Acidentes por estocagem de materiais sem observao das normas de segurana

    Ferramentas defeituosas ou inadequadas

    Acidentes, principalmente com repercusso nos membros superiores

    Equipamentos de proteo individual inadequado

    Acidentes e doenas profissionais

    Animais peonhentos (escorpies, aranhas, cobras)

    Acidentes por animais peonhentos

    Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/NR-9_BLOG.pdf

  • 30

    2.4. Legislao quando a Segurana do Trabalho

    A CLT foi a primeira legislao efetiva que trata-se de segurana e sade

    do trabalho em sua redao, no Brasil. No ano de 1977, com a Lei n 6.514 ocorreram

    novas alteraes na CLT, as quais obrigavam as empresas a tomar medidas que

    prevenissem os acidentes de trabalho, em conjunto com esta alterao veio a

    competncia do Ministrio do Trabalho de elaborao das Normas Regulamentadoras

    (LINCZUK, 2004).

    Segundo Araujo (2014), essas normas pretendem tornar claro o que

    especificado pela Legislao da Medicina do Trabalho. De acordo com Evangelinos e

    Marchetti (2003 apud. Araujo, 2014, p. 34)

    Uma norma regulamentadora (NR) objetiva explicitar a implantao das determinaes contidas nos artigos 154 a 201 da CLT [Consolidao das Leis do Trabalho], para que sirvam de balizamento, de parmetro tcnico, s pessoas/empresas que devem atender aos ditames legais, e que, tambm, devem observar o pactuado nas Convenes/Acordos Coletivos de Trabalho de cada categoria.

    Alguns dos principais contedos expressos nos artigos 154 a 201 da CLT

    so os seguintes:

    Art. 157 - Cabe s empresas:

    I - cumprir e fazer as normas de segurana e medicina do trabalho;

    II - instruir os empregados, atravs de ordens de servio, quanto s precaues a

    tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenas ocupacionais;

    III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo rgo regional

    competente;

    IV - facilitar o exerccio da fiscalizao pela autoridade competente.

    III - impor as penalidades cabveis por descumprimento das normas constantes

    deste Captulo, nos termos do art. 201.

    Art. 158 - Cabe aos empregados:

    I - observar as normas de segurana e medicina do trabalho, inclusive as

    instrues de que trata o item II do artigo anterior;

    Il - colaborar com a empresa na aplicao dos dispositivos deste Captulo.

    Pargrafo nico - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

    a) observncia das instrues expedidas pelo empregador na forma do item II

  • 31

    do artigo anterior;

    b) ao uso dos equipamentos de proteo individual fornecidos pela empresa.

    Art. 160 - Nenhum estabelecimento poder iniciar suas atividades sem prvia

    inspeo e aprovao das respectivas instalaes pela autoridade regional

    competente em matria de segurana e medicina do trabalho.

    Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministrio

    do Trabalho, estaro obrigadas a manter servios especializados em segurana e

    sade do trabalhador.

    Art. 163 - Ser obrigatria a constituio de Comisso Interna de Preveno de

    Acidentes (CIPA), de conformidade com instrues expedidas pelo Ministrio do

    Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

    Art. 166 - A empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

    equipamento de proteo individual adequado ao risco e em perfeito estado de

    conservao e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral no

    ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes e danos sade dos

    empregados.

    Art. 167 - O equipamento de proteo s poder ser posto venda ou utilizado

    com a indicao do Certificado de Aprovao do Ministrio do Trabalho.

    Art. 170 - As edificaes devero obedecer aos requisitos tcnicos que garantam

    perfeita segurana aos que nelas trabalhem.

    Assim, as NR quando aplicadas no ambiente de trabalho, conseguem

    cumprir seu objetivo, que de esclarecer os direitos e deveres dos empregados,

    fazendo-os ser respeitados, obedecendo Legislao da Medicina do Trabalho

    (Araujo, 2014).

    Desse modo, segundo Ba (2013), atualmente so 36 normas

    regulamentadoras, sendo a NR 27 revogada em 2008, baixadas pelo Ministrio do

    Trabalho, alm disso, o descumprimento destas normas j caracteriza a negligncia,

    portanto um ato ilcito at o momento. Ainda conforme o autor, destas, 36 NRs

    disciplinam as questes de segurana e sade no trabalho, sobretudo de natureza

    urbana, e cinco normas reguladoras rurais (NRRs) voltadas especificamente para o

    meio ambiente de trabalho rural.

    Na tabela a seguir sero destacados algumas das NRs mais utilizadas,

    principalmente na Construo Civil, consideradas obrigatrias ou bsicas e que so

    http://www.sato.adm.br/LG/nr.htmhttp://www.sato.adm.br/LG/nr.htm

  • 32

    componentes do Programa de Segurana e Sade do Trabalho (CERATTO et al.,

    2014):

    Tabela 6: Principais Normas Regulamentadoras de Segurana e Medicina do Trabalho

    Norma Regulamentadora

    Descrio

    NR 6 EPI

    Define as diretrizes do uso do Equipamento de Proteo Individual (EPI), utilizado pelo trabalhador, destinado proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e sade no trabalho.

    NR 7 PCMSO

    Determinar os aspectos obrigatrios do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO), que as empresas devem elaborar ou implementar com os objetivos de promover e preservar a sade de todos os trabalhadores.

    NR 12 Segurana no Trabalho em Mquinas e Equipamentos

    uma norma que regulamenta aspectos tcnicos, princpios fundamentais e medidas de proteo para garantir a sade e integridade fsica dos trabalhadores e estabelece requisitos mnimos para a preveno de acidentes e doenas do trabalho nas fases de projeto de utilizao (construo, transporte, montagem, instalao, ajuste, operao, limpeza, manuteno, inspeo, desativao e desmonte) de mquinas e equipamentos de todos os tipos.

    NR 17 Ergonomia

    Define os parmetros que permitem a adaptao das condies de trabalho (levantamento, transporte e descarga de materiais, mobilirio, equipamentos, as condies do posto de trabalho e ambiente industrial: rudo, temperatura, iluminao etc.) s caractersticas psicofisilgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente.

    NR 18 - Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo - PCMAT

    Estabelece diretrizes gerenciais e operacionais sobre medidas de controle e sistemas preventivos de segurana nos ambientes de trabalho na indstria de construo civil.

    NR 23 Proteo contra Incndios

    Define parmetros para a instalao de medidas de proteo contra incndios no ambiente de trabalho.

    NR 24 Condies Sanitrias e de Conforto nos Locais de Trabalho

    Norma aplicada s instalaes sanitrias, Vestirios, Refeitrios, Cozinhas, Alojamento e Condies de Higiene e Conforto por Ocasio das Refeies.

    NR 26 Sinalizao de Segurana

    O objetivo desta norma determinar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para preveno de acidentes, identificando os equipamentos de segurana, delimitando reas de circulao, canalizaes industriais e advertindo contra riscos.

    NR 35 Define os requisitos mnimos e as medidas preventivas para executar o trabalho em altura.

    Fonte: Adp. Ceratto et al. (2014)

  • 33

    No Brasil, alm da regulao e das normas e guias de boas prticas, so

    utilizadas inspees e penalidades, treinamentos e cursos que promovem o

    aprimoramento do desempenho das empresas na prtica de proteo dos

    trabalhadores (MOTERLE, 2014, p. 15). Ainda de acordo com o autor, o Ministrio do

    Trabalho exige que todas as empresas com trabalhadores avaliem regularmente os

    riscos do ambiente de trabalho e a sade de seus trabalhadores, sendo que os

    resultados dessas avaliaes devem subsidiar os programas de preveno.

    Desse modo, pode-se perceber que as NRs tm uma grande importncia

    no que se refere aos mtodos de segurana que so aplicados ao trabalhador em seu

    ambiente de trabalho para sua segurana e do empregador. Com isso, segundo Reis

    (2012 apud. Hinterholz, 2013, p. 21):

    Trabalhar em um ambiente seguro e saudvel exige a utilizao de todos os meios de preveno disponveis para promover a sensibilizao, o conhecimento e a compreenso geral em relao aos conceitos de perigo e risco e s respectivas formas de preveno e controle. O processo dinmico e progressivo da criao de uma cultura de segurana partilha muitas das caractersticas dos processos necessrios para desenvolver uma organizao eficaz.

    No entanto, conforme ressalta Silva e Mendona (2012), embora se saiba

    que a preveno de acidentes no se faz simplesmente com aplicao de normas,

    elas pressupem medidas mnimas obrigatrias a serem adotadas. Ainda nesse

    sentido, importante perceber que so necessrias reavaliaes constantes como

    forma de melhor adequ-las e reduzir as dificuldades encontradas para o seu

    cumprimento.

    2.5. Segurana do trabalho na construo civil

    De acordo com Silva e Bemfica (2015), a indstria da construo civil

    representa, para o Brasil, um dos setores empresariais com maior absoro de mo

    de obra, alm de ser, segundo Takahashi et al. (2012), um dos maiores poderes

    econmicos, com alta gerao de oportunidade de emprego. Ainda conforme o autor,

    um segmento caracterizado pela precariedade na qualificao da mo de obra e

    pela no continuidade do processo industrial, pois h mobilizao e desmobilizao

    das equipes a cada obra executada.

  • 34

    Segundo Pelloso e Zandonadi (2012), no ramo das indstrias, a construo

    civil se difere das demais, pois depende quase que exclusivamente da sua mo-de-

    obra. Este fato, conforme o autor, deveria contribuir para uma melhor gesto de

    segurana nas empresas, porm um dos setores industriais com maior ndice de

    acidentes.

    Em 2006 foram registrados 32.058 acidentes no setor da construo civil.

    Em 2007 os acidentes cresceram em valores numricos registrando 39.076 acidentes,

    representando um crescimento de 22% em relao ao ano anterior (Silva e Mendona,

    2012). J em 2008 o nmero de acidentes foi de 50.893 que representou um

    crescimento de 30% em relao a 2007 (MTE, 2008). Oliveira (2012) afirma que

    segundo um estudo da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 2,2

    milhes de pessoas morrem anualmente em decorrncia de acidentes e doenas de

    origem profissional.

    De acordo com a informao divulgada pelo Ministrio da Previdncia

    Social, por meio de seu Anurio Estatstico publicado em 24 de Outubro de 2012,

    AEPS - Anurio Estatstico da Previdncia Social no ltimo ano 2.884 trabalhadores

    perderam suas vidas durante o exerccio de sua atividade profissional, enquanto que

    em 2012, foram registrados 2.753 mortes no trabalho.

    Entretanto, esse ndice pode ser ainda maior tendo em vista que muitos

    operrios trabalham nas obras sob condies irregulares. Sendo assim, deve-se levar

    em conta, ainda, que estes nmeros no refletem a globalidade total de acidentes

    pois, os especialistas em segurana no trabalho acreditam que apenas 50% dos

    acidentes de trabalho so registrados oficialmente (GROHMANN, 2015).

    Nesse contexto, torna-se necessrio que todos os participantes do

    processo de construo das obras passem a promover ainda mais a segurana do

    trabalhador assim como, as ferramentas de proteo existentes. Segundo Diniz (2002

    apud. Silva e Bemfica, 2015), todos os envolvidos na rea da construo civil precisam

    promover e aplicar programas de Engenharia de Segurana no Trabalho como

    ferramentas obrigatrias para reduzir os acidentes de trabalho, fazendo com que os

    operrios se sintam mais seguros.

    Alm disso, conforme enfatiza Ba (2013), ao adotarmos as providncias

    necessrias para prevenir e controlar os incidentes, estamos protegendo a segurana

    fsica dos colaboradores, equipamentos, materiais e o ambiente. Assim, conforme o

  • 35

    autor, a eliminao ou o controle de todos os incidentes deve ser a preocupao

    principal de todos aqueles que estiverem envolvidos nas questes de preveno de

    acidentes ou controle de perdas.

    2.6. EPI (Equipamento de Proteo Individual) na Construo Civil

    Segundo o Ministrio do Trabalho (MTE), a NR 6, da Portaria 3.215 define

    EPI como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,

    destinado proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e a sade no

    trabalho. Segundo Nascimento et al. (2015, p. 9), o EPI o dispositivo ou produto de

    uso individual utilizado pelo trabalhador com a finalidade de proteger de riscos e

    leses causadas por agentes fsicos, qumicos, biolgicos ou mecnico que ameaam

    a segurana e a sade do trabalhador.

    Nascimento et al. (2009 apud. Cisz, 2015, p. 19) afirmam que:

    Os EPIs formam, em conjunto, um recurso amplamente utilizado para a segurana do trabalhador no exerccio de suas funes, e por essa razo, assumem a responsabilidade de preservar o trabalhador contra os mais variados riscos aos quais est sujeito nos ambientes de trabalho.

    Este, por sua vez, deve ser considerado o ultimo artificio a ser utilizado para

    a sade e segurana do funcionrio. Sua utilizao se restringe a condies em que

    a proteo completa do trabalhador est comprometida contra um ou mais riscos que

    possam ocorrer no trabalho (VIDAL et al., 2013, p. 414). Assim, conforme observa

    Vieira (2005 apud. Ba, 2013) os EPIs devem ser usados somente nas seguintes

    circunstncias:

    Em caso de emergncia, quando a rotina de trabalho quebrada por alguma

    anormalidade;

    Em perodos de reparos, manuteno ou instalaes no rotineiras;

    Quando o trabalhador se expe diretamente a um risco que no seja controlvel

    por dispositivos tcnicos de segurana; e

    Quando a exposio a riscos for apenas parcialmente controlvel.

    Alm disso, todos os funcionrios devem ser treinados e orientados para

    utilizao adequada dos EPIs e receb-los gratuitamente em perfeito estado de

    conservao e funcionamento (SANTOS, 2010). De acordo com a Lei 6.514/77,

  • 36

    Art.166 A empresa obrigada a fornecer, gratuitamente, EPIs adequados ao risco

    e em perfeito estado de conservao e funcionamento, sempre que as medidas de

    ordem geral no ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes e danos

    sade dos empregados.

    Contudo, ressalta-se que conforme a NR 6 o equipamento de proteo

    individual de fabricao nacional ou importado s poder ser posto venda para ser

    utilizado com a indicao do Certificado de Aprovao (C.A.) que um certificado que

    atesta a qualidade e a eficcia do equipamento para aquele determinado uso.

    Assim, os equipamentos de proteo individual utilizados na Construo

    Civil, conforme a NR-6, encontram-se agrupados em: EPIs para proteo da cabea;

    dos olhos e face; da audio; do tronco; respiratria; dos membros superiores; dos

    membros inferiores e contra queda em diferena de nvel.

    De acordo com Remade (2003 apud. Silva, 2012), os principais EPIs

    usados em indstrias da construo civil so:

    Capacete: Usado para proteo contra impactos de objetos sobre o crnio,

    principalmente em atividades em estufa onde possam ocorrer quedas de materiais

    empilhados.

    Figura 7: Capacete

    Fonte: http://img.lojadomecanico.com.br

    culos: destinado para proteo dos olhos contra impactos de partculas volantes,

    desde poeira a estilhaos de madeiras gerados por serras.

  • 37

    Figura 8: culos de proteo

    Fonte: https://logismarketpt.cdnwm.com

    Luvas: utilizadas para proteo das mos contra agentes abrasivos, escoriantes,

    cortantes, perfurantes como farpas de madeiras.

    Figura 9: Luvas de proteo

    Fonte: http://files.globalseg.webnode.com.br

    Calados: protegem contra agentes biolgicos, qumicos agressivos, trmicos e

    contra queda de objetos sobre os artelhos.

  • 38

    Figura 10: Botas de proteo

    Fonte: http://www.mackflex.com.br/epis/botas-de-seguranca/botas-de-seguranca-8.jpg

    Respiradores e mscaras: oferecem proteo das vias respiratrias quando o

    funcionrio exposto a agentes qumicos, poeiras, nvoas.

    Figura 11: Mascara de proteo

    Fonte: https://www.cfcarehospitalar.com.br

    Protetores auriculares: utilizados para proteo do sistema auditivo contra nveis

    de presso sonora.

  • 39

    Figura 12: Protetor Auricular

    Fonte: http://2.bp.blogspot.com

    Protetor facial: destinado proteo dos olhos e da face contra leses acarretadas

    por partculas de madeira, respingos e vapores de produtos qumicos, tintas e

    solventes, dentre outros.

    Figura 13: Protetor Facial

    Fonte: http://w1.ezcdn.com.br

    Tronco: aventais de couro, que protegem de impactos, gotas de produtos qumicos,

    choque eltrico, queimaduras e cortes.

  • 40

    Figura 14: Tronco

    Fonte: https://i.pinimg.com

    Desse modo, o setor da Construo Civil faz uso destes principais grupos

    de EPIs porque um setor que engloba atividades que para Monteiro (2011)

    consistem em atividades que apresentam riscos devido o contato com guas, com

    alturas, com eletricidade, alm dos riscos causados pelos trabalhos de escavaes,

    de demolies, de alvenarias, de aplicao de pavimentos e revestimentos, de

    carpintaria e de serralharia que englobam as atividades desenvolvidas na Construo

    Civil.

    No entanto, conforme Pelloso e Zandonadi (2012, p. 2), o EPI um dos

    principais itens de segurana do trabalho que tem seu uso banalizado por falta de

    conhecimento das normas e legislaes. Para os autores, poucos percebem a

    complexidade que envolve a escolha do EPI, assim sendo, ocasionam problemas de

    aceitao por parte dos trabalhadores e gastos desnecessrios s empresas.

    Segundo Lacombe apud Hasse (2008 apud. Silva, 2013), em geral os

    funcionrios, quando no so bem instrudos e treinados no uso do EPI, afirmam que

    os riscos a que se expem so pequenos, que j esto acostumados e sabem como

    evitar o perigo e que o uso de EPIs incmodo e limitam os movimentos.

    Tambm ocorre de as chefias imediatas fazerem vista grossa e at

    incentivar o trabalho sem uso de EPI, por pensarem apenas na produtividade, sem se

    preocupar com os riscos e/ou doenas ocupacionais associadas (BA, 2013). Alm

    disso, segundo o autor, tambm h uma viso, por parte do trabalhador, de que

    acidentes s acontecem com os outros, nunca com ele.

  • 41

    Assim, conforme enfatiza Ba (2013, p. 44), h uma grande dificuldade de

    implementar a segurana do trabalho, principalmente pela mentalidade do

    trabalhador, que por muitas vezes, no considera as instrues de segurana

    importantes, no entendem os procedimentos que foram dados, acham incmodo

    seguir as normas de segurana, o uso de EPIs e, portanto, desrespeitam as mesmas,

    contribuindo assim, com o aumento no nmero de acidentes.

  • 42

    3. MATERIAIS E MTODOS

    O levantamento de dados ocorreu entre os meses de Setembro e Outubro

    de 2017 no canteiro de obras na obra do Residencial X, municpio de Barbalha e na

    obra do Residencial Y localizado no municpio de Juazeiro do Norte, durante dois dias

    e sempre durante o horrio de expediente dos funcionrios, sendo feito uma parte no

    horrio da manh e outra tarde.

    A escolha das obras foi dada pela oportunidade oferecida para acesso e

    aplicao da pesquisa pelos responsveis das obras, onde estes pertencem a uma

    mesma empresa alm, do fato de que as duas obras juntas representam um valor

    amostral suficiente para o estudo j que, caso fosse apenas uma obra o valor total de

    funcionrios entrevistados no seria satisfatrio.

    A entrevista foi desenvolvida com perguntas em que as possveis respostas

    pudessem facilitar o entendimento da problemtica relacionada a utilizao do EPI em

    obras de construo civil, de forma que os funcionrios entrevistados ficassem

    vontade para expor sua opinio sobre as perguntas com base nas situaes j

    vivenciadas, e posteriormente a isso definissem suas respostas. Vale ressaltar que

    para evitar a ocorrncia de respostas tendenciosas dos entrevistados estes tiveram

    cincia que a entrevista tinha apenas efeito acadmico e que suas identidades

    tambm seriam preservadas.

    A entrevista foi aplicada a todos os trabalhadores que se encontravam, em

    canteiro de obras, durante o horrio laborativo na execuo das obras, e somente aos

    trabalhadores de campo. Na pesquisa tambm foram registrados a profisso, idade e

    escolaridade dos entrevistados. Totalizaram-se 41 pessoas entrevistadas nas duas

    obras, sendo 21 trabalhadores na obra do Residencial X, municpio de Barbalha e 20

    trabalhadores na obra do Residencial Y localizado no municpio de Juazeiro do Norte.

    Com os resultados obtidos pela pesquisa foram feitas tabelas e grficos para facilitar

    na interpretao e processamento dos dados.

  • 43

    4. RESULTADOS E DISCUSSES

    O perfil de idade mdia dos trabalhadores entrevistados de 36 anos. No

    que se refere as funes identificadas constata-se que nas obras em estudo grande

    parte dos trabalhadores so serventes e pedreiros, sendo 43% dos entrevistados para

    o cargo de servente e 24% para pedreiro, na obra de Juazeiro do Norte e 45% dos

    entrevistados para o cargo de servente e pedreiro, na obra localizada em Barbalha.

    As demais profisses encontradas foram: Operador de betoneira, Mestre de obras,

    Meio oficial eletricista, Encarregado eletricista, e Motorista.

    Figura 15: Funo relacionada aos entrevistados da obra localizada em Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    Figura 16: Funo relacionada aos entrevistados da obra localizada em Barbalha

    Fonte: O autor (2017)

    24%43%

    5%5%5%

    10%5%5%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Funo relacionada aos entrevistados

    AUX. DE FERREIRO ELETRICISTA

    ENCARREGADO ELETRICISTA MEIO OFICIAL ELETRICISTA

    MESTRE DE OBRAS OPERADOR DE BETONEIRA

    SERVENTE PEDREIRO

    45%

    45%

    5%

    5%

    0% 10% 20% 30% 40% 50%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Funo relacionada aos entrevistados

    MOTORISTA MESTRE DE OBRAS SERVENTE PEDREIRO

  • 44

    Para cada trabalhador questionou-se o tempo de atuao na profisso

    podendo esta variar de 1 ano mais de 10 anos de servio. Nesse caso, os valores

    encontrados para grande parte dos entrevistados foram de mais de 10 anos na obra

    Barbalha e de 5 a 10 anos na obra de Juazeiro do Norte, conforme mostra os grficos

    a seguir.

    Figura 17: Tempo de profisso relacionada aos entrevistados da obra de Barbalha

    Fonte: O autor (2017)

    Figura 18: Tempo de profisso relacionada aos entrevistados da obra de Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    Com relao a escolaridade dos entrevistados identificou-se grande parte

    apresenta ensino fundamental, sendo 38% na obra localizada em Barbalha e 45% na

    obra de Juazeiro do Norte.

    14%

    29%

    24%

    33%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Tempo exercendo a Profisso

    MAIS DE 10 ANOS 5-10 ANOS 2-5 ANOS 1-2 ANOS

    30%

    25%

    30%

    15%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Tempo exercendo a Profisso

    MAIS DE 10 ANOS 5-10 ANOS 2-5 ANOS 1-2 ANOS

  • 45

    Figura 19: Escolaridade relacionada aos entrevistados da obra localizada em Barbalha

    Fonte: O autor (2017)

    Figura 20: Escolaridade relacionada aos entrevistados da obra localizada em Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    A seguir ser analisado cada questo da entrevista com as respectivas

    respostas e porcentagens de acordo com a ordem que foram perguntadas.

    Nesse contexto, no que se refere a temtica que trata o EPI a primeira

    pergunta relacionou-se a saber se os entrevistados receberam treinamento quanto ao

    uso dos Equipamentos de Proteo, uma vez que, de acordo com a NR 6 a empresa

    contratante possui a obrigatoriedade da realizao do treinamento para os

    trabalhadores que utilizem qualquer tipo de EPI, afim de capacitar e orientar os

    trabalhadores quanto a necessidade e uso correto dos equipamentos, visando garantir

    sua segurana.

    Para a obra localizada em Barbalha 100% dos entrevistados responderam

    que receberam o treinamento quanto ao uso do EPI. J na obra localizada em Juazeiro

    29%

    38%

    33%

    0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Escolaridade

    ENSINO MDIO ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO BSICO

    30%

    45%

    25%

    0% 10% 20% 30% 40% 50%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Escolaridade

    ENSINO MDIO ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO BSICO

  • 46

    do Norte 95% dos entrevistados disseram que receberam treinamento e 5% que no

    receberam treinamento quanto ao uso dos equipamentos de proteo.

    Em seguida, perguntou-se a cada entrevistado quem faz a distribuio dos

    EPIs na obra. De acordo com as respostas obtidas, na obra localizada em Barbalha

    todos os entrevistados responderam que a distribuio dos equipamentos feita por

    um representante da construtora. J na obra localizada em Juazeiro do Norte 20%

    dos entrevistados disseram que a distribuio realizada por um tcnico de

    segurana e 80% por um representante da construtora.

    Figura 21: Distribuio do EPIs na obra localizada em Barbalha

    Fonte: O autor (2017)

    Figura 22: Distribuio do EPIs na obra localizada em Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    Por conseguinte, foi indagado a cada entrevistado sobre o tempo de troca

    do EPI. Na obra de Barbalha as respostas obtidas de todos os entrevistados foram

    que o tempo de troca dos equipamentos depende do estado dos mesmos. Em relao

    a obra de Juazeiro do Norte, 15% dos entrevistados responderam que a troca dos

    0%

    100%

    0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

    TECNICO DESEGURANA

    REPRESENTANTE DACONSTRUTORA

    Distribuio dos EPI's

    20%

    80%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    TECNICO DESEGURANA

    REPRESENTANTE DACONSTRUTORA

    Distribuio dos EPI's

  • 47

    equipamentos feita a cada 3 meses e 85% responderam que a troca depende do

    estado dos EPIs.

    Figura 23: Troca do EPIs na obra localizada em Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    Em continuidade a entrevista, perguntou-se a cada entrevistado para a sua

    profisso quais EPIs so utilizados. Vale ressaltar que para essa pergunta os

    entrevistados foram incentivados a responder sem se limitar a quantidade. Assim, no

    que refere aos resultados obtidos identificou-se que na obra de Barbalha todos os

    entrevistados fazem uso de botas, luvas e fardamento. Com relao a utilizao de

    culos de proteo apenas 90% pessoas fazem seu uso, 52% fazem uso de protetor

    de ouvidos, 95% fazem uso de capacetes e 57% de mscara.

    Figura 24: EPIs utilizados na obra localizada em Barbalha

    Fonte: O autor (2017)

    85%

    15%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    QU

    AN

    TID

    AD

    E

    Tempo de troca do EPI

    DEPENDE DO ESTADO DO EPI 3 MESES

    100%

    100%

    100%

    90%

    52%

    95%

    57%

    0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

    BOTA

    LUVA

    FARDAMENTO

    CULOS

    PROTETOR DE OUVIDOS

    CAPACETE

    MSCARA

  • 48

    Na obra de Juazeiro do Norte 100% os entrevistados responderam que

    fazem uso de botas. Com relao a utilizao de luvas apenas 95% fazem sua

    utilizao, 90% fazem uso de fardamento, 60% fazem uso de culos de proteo, 15%

    fazem uso de protetor de ouvidos, 95% fazem uso de capacetes e 50% de mscara.

    Figura 25: EPIs utilizados na obra localizada em Juazeiro do Norte

    Fonte: O autor (2017)

    Sabe-se que o EPI certificado com o CA (Certificado de Aprovao) est

    apto para o uso, segundo a normatizao do MTE para atender a segurana do

    trabalhador, porm o mesmo no impede a ocorrncia de desconforto e outros

    transtornos. Assim, perguntou-se aos entrevistados qual a maior dificuldade

    observada em utilizar o EPI.

    Na obra do Residencial X, situada em Barbalha grande parte (71% dos

    entrevistados) responderam que o EPI dificulta a realizao das atividades na obra

    (Figura 26), alguns disseram que no sentiram nenhuma dificuldade no uso dos EPIs

    e outros que os equipamentos causam dores, coceira e outros transtornos, conforme

    apresentado no grfico a seguir.

    100%

    95%

    90%

    60%

    15%

    95%

    50%

    0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

    BOTA

    LUVA

    FARDAMENTO

    CULOS

    PROTETOR DE OUVIDOS

    CAPACETE

    MSCARA

  • 49

    Figura 26: Dificuldades observadas na utilizao dos EPIs (Obra de Barbalha)

    Fonte: O autor (2017)

    Com relao a obra Residencial Y localizada no municpio de Juazeiro do

    Norte, 55% dos entrevistados responderam que o EPI no causa nenhuma dificuldade

    e 45% que a dificuldade observada est na realizao das atividades na obra (Figura

    27), conforme apresentado no grfico a seguir.

    Figura 27: Dificuldades observadas na utilizao dos EPIs (Obra de Juazeiro do Norte)

    Fonte: O autor (2017)

    A pergunta seguinte deu-se sobre a ocorrncia de algum adoecimento ou

    leso utilizando EPI na obra, uma vez que o uso dos equipamentos de proteo no

    24%

    24%

    71%

    19%

    5%

    NENHUMA

    OUTROS TRANSTORNOS

    DIFICULTA A REALIZAO DAS ATIVIDADES

    CAUSA DORES

    COCEIRA

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

    Dificuldade Observada no EPI

    55%

    0%

    45%

    0%

    0%

    NENHUMA

    OUTROS TRANSTORNOS

    DIFICULTA A REALIZAO DAS ATIVIDADES

    CAUSA DORES

    COCEIRA

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

    Dificuldade Observada no EPI

  • 50

    garante a total segurana daqueles que fazem uso dos mesmos. Assim, para a obra

    de Barbalha 95% dos entrevistados responderam que nunca sofreram nenhuma leso

    ou adoecimento, sendo que apenas 5% responderam que j sofreram algum tipo de

    leso utilizando o EPI.

    Figura 28: Ocorrncia de algum adoecimento ou leso utilizando EPI (Obra de Barbalha)

    Fonte: O autor (2017)

    No que se refere a obra de Juazeiro do Norte as respostas obtidas dos

    entrevistados revelaram que, do total de 20 entrevistados 25% j se lesionaram

    utilizando os EPIs na obra e 75% responderam que nunca se lesionaram ou

    adoeceram utilizando os equipamentos de proteo.

    Figura 29: Ocorrncia de algum adoecimento ou leso utilizando EPI (Obra de Juazeiro do Norte)

    Fonte: O autor (2017)

    Desse modo, observa-se que apesar de grande parte dos entrevistados

    terem respondido que nunca se lesionaram utilizando o EPI o ndice de

    5%

    95%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    SIM

    NO

    Ocorrncia de algum adoecimento ou leso

    25%

    75%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

    SIM

    NO

    Ocorrncia de algum adoecimento ou leso

  • 51

    representatividade de pessoas que j se lesionaram se apresenta em um valor ainda

    considerado relevante para as causas de acidente de trabalho.

    Dando continuidade a entrevista perguntou-se aos entrevistados na opinio

    deles qual o grau de importncia do EPI na obra. Nas duas obras a resposta obtida

    foi que o EPI possui grande importncia na obra. No entanto, quando questionados

    se eles fariam o uso do EPI caso este no fosse obrigatrio a resposta obtida pelos

    entrevistados da obra de Barbalha foi que 90% faria o uso do EPI e 10% que no faria

    o uso caso ele no fosse obrigatrio. J na obra de Juazeiro do Norte, 40% dos

    entrevistados responderam que no utilizariam e 60% que fariam o uso dos

    equipamentos.

    Figura 30: Uso do EPI caso no fosse obrigatrio (Obra de Barbalha)

    Fonte: O autor (2017)

    Figura 31: Uso do EPI caso no fosse obrigatrio (Obra de Juazeiro do Norte)

    Fonte: O autor (2017)

    90%

    10%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Uso do EPI caso no fosse obrigatrio

    FARIA O USO NO FARIA USO

    60%

    40%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

    Uso do EPI caso no fosse obrigatrio

    FARIA O USO NO FARIA USO

  • 52

    A ltima pergunta relacionou-se a reao dos entrevistados com a

    advertncia em razo da falta de EPI na obra. Como resultado, 95% dos entrevistados

    na obra de Barbalha responderam que reagiriam positivamente e 5% no souberam

    dizer como reagiria. J na obra de Juazeiro do Norte 100% dos entrevistados

    responderam que suas reaes seriam positivas na ocorrncia de advertncia pelo

    no uso do EPI.

    J no que se refere aos mtodos de programa de capacitao e

    treinamento com objetivo de conscientizao e melhores condies de trabalho

    aplicados pelas obras, conforme informado pelo setor administrativo das duas obras,

    este trabalho feito por uma empresa terceirizada que tambm realiza a fiscalizao,

    treinamentos e palestras sobre os riscos de segurana assim como, o uso dos

    equipamentos de proteo.

    Contudo, apesar da existncia desses programas de capacitao e

    treinamento com objetivo de conscientizao e melhores condies de trabalho

    aplicados nas obras observa-se a necessidade de melhoramento, tendo em vista, que

    para as obras verifica-se um alto ndice de funcionrios resistentes ao uso dos

    equipamentos de proteo e aos mtodos de segurana adotados.

    Alm disso, ao realizar as visitas nas obras para aplicao da entrevista

    tambm identificou-se que o posicionamento da administrao das obras de Juazeiro

    e Barbalha quanto sade e segurana do trabalhador apresentam-se de forma bem

    rigorosa e exigi que todos os trabalhadores, nela atuantes, faam o uso dos

    equipamentos de proteo assim como, dos visitantes. Um exemplo disso pode ser

    visto na imagem a seguir, onde pode-se ver alguns trabalhadores fazendo o uso dos

    equipamentos de proteo durante a realizao de suas atividades na obra.

  • 53

    Figura 32: Demonstrao de funcionrios utilizando os EPIs (Obra de Juazeiro do Norte)

    Fonte: O autor (2017)

    Assim, algumas alternativas que podem ser adotadas com o intuito de

    melhorar a conscientizao dos trabalhadores quanto ao uso do EPI est na criao

    de PCMAT nas obras com medidas gerenciais e operacionais de controle e sistemas

    preventivos de segurana nos ambientes de trabalho j que, conforme expressa a NR

    18, toda empresa que apresentar a partir de 20 trabalhadores em uma obra deve criar

    um PCMAT, e isso pode ser observado nas duas obras que apresentam em sua grade

    de funcionrio um nmero maior ou igual a 20 trabalhadores.

    Ressalta-se tambm que, para as obras, h a necessidade da criao de

    fichas de entrega do EPI, conforme previsto na NR 6, para o controle de fornecimento

    dos equipamentos afim de analisar o tempo de durao, em mdia, que cada tipo de

    equipamento est sendo utilizado pelos funcionrios, assim como, uma identificao

    maior do trabalhador que est recebendo os equipamentos de proteo. Alm destes,

    tem-se a necessidade da criao do registro de treinamento para o controle dos

    funcionrios que receberem o treinamento na obra alm de ser um mtodo de

    comprovao junto aos rgos de fiscalizao que as empresas realizam nas obras

    treinamentos de sade e segurana do trabalho em seus trabalhadores.

  • 54

    5. CONCLUSES

    Sabe-se que a Construo Civil apresenta uma abundante mo de obra

    para a realizao das mais diversificadas atividades no setor. Contudo, essa situao

    pode se mostrar um caminho para as incidncias de acidente de trabalho e nessa

    preocupao se pauta a adoo de medidas que cobem essas prticas, os chamados

    programas de sade e segurana do tralhado.

    Estes, por sua vez, proporcionam o treinamento e conscientizao dos

    trabalhadores quanto ao uso e preservao dos EPIs, que so instrumentos de suma

    importncia na garantia da segurana do trabalhador durante a realizao de suas

    atividades. Alm disso, deve-se ressaltar que o ndice de acidente de trabalho nas

    construes ainda se mostra de forma bastante significativa, o que torna ainda mais

    necessrio a implantao de programas de sade e segurana do tralhado quanto ao

    uso dos EPIs de forma mais eficientes nas empresas.

    Assim, com a aplicao do questionrio pode-se perceber que grande parte

    dos funcionrios analisados nas duas obras se apresentam com o cargo de serventes

    e pedreiros, possuem ensino fundamental e tempo de atuao na profisso em mdia

    de 5 anos. A empresa responsvel pela obra adota medidas de segurana do trabalho

    onde todos os trabalhadores recebem treinamento e conscientizao quanto ao uso

    dos equipamentos de proteo.

    Apesar do rigor observado nas duas obras quanto ao uso dos

    equipamentos de proteo, assim como, com a presena de um tcnico de segurana

    identificou-se uma certa incoerncia entre o que pensa a administrao das obras e a

    realidade vivenciada pelos trabalhadores j que, observou-se uma considervel

    insatisfao dos funcionrios quanto ao tcnico de segurana da obra.

    Alm disso, a pesquisa deixou bem claro que na percepo dos

    trabalhadores os equipamentos de proteo dos quais se destaca as botas, luvas

    fardamentos e capacete dificultam a realizao das atividades nas obras em estudo.

    Alm disso, um valor significativo dos entrevistados revelou j terem sofrido acidentes

    ou leses utilizando os EPIs, assim como, destacaram que caso os equipamentos de

    proteo no fossem obrigatrios estes no o utilizariam.

    Assim, no que se refere aos mtodos de gesto de segurana adotados

    pela empresa onde quem faz a distribuio dos equipamentos de proteo um

    representante da construtora observa-se que estes mtodos no se apresentam de

  • 55

    forma eficiente na conscientizao e treinamento dos operrios quanto ao uso dos

    equipamentos, j que ainda observa-se um considervel ndice de resistncia no que

    se refere a sua utilizao.

    Contudo, um fato que pode influenciar na resistncia para a utilizao dos

    equipamentos de proteo se tem no fato de que a maioria dos entrevistados possuem

    apenas o ensino fundamental e atuam a muito tempo na profisso realizando sempre

    as mesmas atividades, o que leva, pela falta ou inadequada instruo e treinamento

    no uso do EPI, os funcionrios a acreditarem que os riscos a que se expem so

    pequenos, que j esto acostumados e sabem como evitar o perigo.

    Desse modo, para as obras citadas torna-se necessrio a aplicao de

    mais programas de conscientizao e treinamento quanto ao uso dos EPIs,

    observando os mtodos corretos de utilizao assim como, destacando os riscos que

    o trabalhador se expe e o equipamento a ser utilizado, alm da fiscalizao por parte

    do empregador, para garantir o comprimento do uso do EPI.

    Por fim, para melhor compreenso dos resultados obtidos torna-se

    importante, em estudos futuros, a realizao de anlises morfolgicas no que refere

    aos tipos e caractersticas dos equipamentos de proteo utilizados como, o tipo de

    bota, modelo de capacete e caractersticas das luvas a fim de averiguar se, de fato,

    estes so causadores de algum desconforto ou limitao na realizao das atividades

    na obra que uma das principais dificuldades relatadas pelos entrevistados.

  • 56

    REFERNCIAS

    ARAUJO, L. S. A importncia da ergonomia aplicada s unidades de informao para a atuao profissional dos bibliotecrios. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2014. Disponvel em: http://www.unirio.br/unirio/cchs/eb/arquivos/tccs-acima-de-9-0-2014.2/TCC%20Laila%20Araujo_2014.1.pdf. Acesso em: 10 Ago. 2017. BA, G. Importncia, conscientizao e fatores Intervenientes ao uso de EPIS na construo civil: Estudo de caso. Universidade regional do noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Iju/RS, 2013. Disponvel em: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1584/MON. Acesso em: 10 Ago. 2017. BRASIL. Lei N 8.213 de julho de 1991. Repblica Federativa do Brasil. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso