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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM TOPOGRAFIA E ESTRADAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO JOSÉ CLÁUDIO INÁCIO DA SILVA ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO APLICADO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI CAMPUS CRAJUBAR E PIRAJÁ JUAZEIRO DO NORTE CE 2016

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM

TOPOGRAFIA E ESTRADAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

JOSÉ CLÁUDIO INÁCIO DA SILVA

ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO APLICADO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

– CAMPUS CRAJUBAR E PIRAJÁ

JUAZEIRO DO NORTE – CE

2016

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JOSÉ CLÁUDIO INÁCIO DA SILVA

ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO APLICADO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – CAMPUS CRAJUBAR

E PIRAJÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão Examinadora do Curso Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito para conclusão de curso. Orientador: Profª. Msc. Janeide Ferreira Alencar.

JUAZEIRO DO NORTE – CE 2016

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JOSÉ CLÁUDIO INÁCIO DA SILVA

ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO APLICADO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – CAMPUS CRAJUBAR

E PIRAJÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão Examinadora do Curso Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Topografia e Estradas da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito para conclusão de curso.

Aprovada em ______ /_______ /_________,

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof.ª Msc. Janeide Ferreira Alencar (Orientador) Universidade Regional do Cariri (URCA)

___________________________________________

Prof. Msc. Jefferson Luiz Alves Marinho (Avaliador) Universidade Regional do Cariri (URCA)

____________________________________________

Prof. Esp. Gilvan Luiz de Melo (Avaliador) Universidade Regional do Cariri (URCA)

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A Deus.

A meus pais pelo apoio, paciência e incentivo

nesta caminha;

A meus filhos Adrielly e Isadora pelo estimulo

e compreensão;

A minha noiva Maria Gizelia pela paciência e

companheirismo nessa jornada em minha

vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus pelas graças que trouxe em minha vida durante

toda essa trajetória que se deu durante minha jornada neste curso. Agradeço, a

minha orientadora Prof.ª Msc. Janeide Ferreira de Alencar por ter aceito e me

auxiliado nesse projeto, com suas sugestões, incentivo e estimulo que foram de

grande importância para a realização deste Trabalho de Conclusão de Curso. A

banca que participou da concretização deste trabalho, Prof. Gilvan de Melo e Prof.

Jefferson por todas as orientações dadas na execução deste trabalho.

A Universidade Regional do Cariri – URCA com todos os professores e

administração pelo belo desempenho prestado e conhecimento que me foram

passados durante o período letivo. A todos os professores que tive o prazer de

conhecer e aprender a cada dia de aula, pelas várias orientações e cobranças feitas.

Aos meus pais Raimunda Inácio e Pergentino Raimundo pelo

companheirismo, conscientização, amor e apoio durante minha vida, que sempre me

estimulou a trilhar no caminho certo. Aos meus filhos Adrielly e Isadora, por serem o

maior incentivo e estimulo em minha vida, também, por compreenderem minhas

ausências durante esse período de estudo. A minha noiva Maria Gizelia pela

paciência e carinho que me foi de grande ajuda nessa jornada.

Aos meus amigos José Ariel, Debora, Diego Silva, Suely Clementino entre

tantos outros que sempre me estimularam a continuar nessa jornada, pelas

brincadeiras e por todo o aprendizado transmitido a mim.

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“Encare suas deficiências e seus problemas como desafios, nunca como desculpas. ”

(Paulo Ursaia)

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RESUMO

O presente trabalho discute um tema bastante presente em nosso cotidiano, este

refere-se a questão da deficiência física e os meios de sua inclusão por meio da

acessibilidade. Dessa forma, esta questão foi abordada de maneira mais específica,

considerando assim, apenas a acessibilidade para cadeirantes na Universidade

Regional do Cariri – URCA, nos Campus Crajubar e Pirajá. Assim, buscando mostrar

a realidade presente nas edificações destes dois Campus este trabalho realizou uma

avaliação nas suas estruturas internas afim de averiguar se estes estão

enquadrados nos padrões de acessibilidade da ABNT 9050. Neste estudo,

observou-se que essas instituições possuem inúmeras barreiras arquitetônicas que

dificultam a inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência, em especial os

cadeirantes. É importante destacar que muitas coisas precisam ser modificadas e

adequadas para que esses Campus, sejam considerados acessíveis aos deficientes.

Palavras – Chave: Cadeirante, Deficientes Físicos, Acessibilidade.

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ABSTRACT

This paper discusses a very present theme in our daily lives, this refers to the issue

of disability and the means of their inclusion through accessibility. Thus, this issue

was addressed in a more specific manner, thus considering only the accessibility for

wheelchair users at the Regional University of Cariri - URCA in Campus Crajubar and

Pirajá. Thus, in order to show this reality in these two buildings Campus this work

carried out an assessment in its internal structures in order to determine whether

they fit the accessibility standards of ABNT 9050. In this study, it was observed that

these institutions have numerous architectural barriers hinder inclusion and

accessibility for people with disabilities, especially wheelchair users. It is important to

note that many things need to be modified and suitable for these Campus, are

considered accessible to the disabled.

Keywords: wheelchair, sub-base soil analysis methods.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Entrada lateral e estacionamento do Campus do Pirajá ............................ 34

Figura 2: Rampa da entrada lateral e estacionamento do Campus do Pirajá. .......... 35

Figura 3: Calçada do estacionamento e estacionamento do Campus do Pirajá ....... 35

Figura 4: Rampa de acesso lateral a parte interna do Campus do Pirajá ................. 36

Figura 5: Medição da largura da rampa de acesso lateral do Campus do Pirajá com

trena métrica ............................................................................................................ 36

Figura 6: Medição da distância da rampa de acesso lateral do Campus do Pirajá ... 36

Figura 7: Acessibilidade no banheiro masculino do Campus do Pirajá ..................... 37

Figura 8: Acessibilidade no banheiro masculino do Campus do Pirajá ..................... 37

Figura 9: Degraus nos corredores de acesso as salas de aula do Campus do Pirajá

................................................................................................................................. 37

Figura 10: Entrada principal do Campus Crajubar .................................................... 38

Figura 11: Rampa de acesso principal do Campus Crajubar.................................... 39

Figura 12: Escadaria ao lado da rampa de acesso do Campus Crajubar ................. 39

Figura 13: Banheiros masculinos (entrada e parte interna) do Campus Crajubar..... 40

Figura 14: Banheiros masculinos (entrada e parte interna) do Campus Crajubar..... 40

Figura 15: Rampas de acesso lateral do Campus Crajubar ..................................... 41

Figura 16: Sinalização para acessibilidade .............................................................. 42

Figura 17: medidas de manobra sem deslocamento ................................................ 43

Figura 18: medidas de manobra com deslocamento para cadeirante ...................... 44

Figura 19: Desníveis de calçadas ............................................................................ 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Inclinação de rampas ............................................................................... 46

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Deficiente

CONADE Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência

NBR Norma Brasileira

ONU Organização das Nações Unidas

PODE Portadoras de Direitos Especiais

SNDH Secretaria Nacional de Direitos Humanos

URCA Universidade Regional do Cariri

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 16

3. OBJETIVOS ...................................................................................................... 16

3.1- GERAL: ............................................................................................................ 16

3.2- ESPECÍFICOS: ................................................................................................. 16

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE ACESSIBILIDADE ............................................... 17

4.1. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA ....... 22

4.2. LEIS QUE AMPARAM AS PESSOAS QUE POSSUEM DEFICIÊNCIAS ...... 25

4.3. ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS . 32

5. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 34

5.1. ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES NA UNIVERSIDADE REGIONAL

DO CARIRI (CAMPUS CRAJUBAR E PIRAJÁ) ..................................................... 34

5.2. CONSIDERAÇÕES PRINCIPAIS SOBRE A NBR 9050, PARA

CADEIRANTES ....................................................................................................... 41

6. CONCLUSÃO ................................................................................................... 47

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 48

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1. INTRODUÇÃO

Muito se discute acerca da garantia dos direitos humanos. Contudo, vale

salientar que grande parte das pessoas as quais integram a sociedade civil, ainda

não possuem uma compreensão dessa questão e passam a ser passivas ou

omissas a essa situação. Dessa forma, é deixado de lado a existência de pessoas

com deficiências e assim a sociedade passa a realizar as construções sem adapta-

las a esta realidade.

Para minimizar essa ação torna-se importante fortalecer a garantia dos

direitos das pessoas com deficiência por parte dos órgãos competentes, bem como,

salientar para os órgãos institucionais, gestores de obras entre outros a necessidade

de uma revisão de suas práticas e fiscalizações afim de que estes passem a incluir

em seus projetos estruturas que também atendam aqueles com deficiência.

Existem vários tipos de deficiências físicas, assim temos: o deficiente visual,

aditivo, deficiência de fala e o cadeirante entre outros. Para cada uma dessas

deficiência faz-se uso de algum tipo de adaptação ao meio em que estes frequentam

e essas podem ser os mais variados, como: o uso de um professor de Libras,

construção de rampas, colocação de barras de ferro em banheiros, sinalização das

calçadas com piso tátil entre tantas outras adaptações.

Dentre essas deficiências que existe na sociedade uma das mais encontradas

é referente a paralisia parcial ou total do corpo. Nesse caso, as pessoas portadoras

dessas necessidades fazem uso de cadeira de rodas para se locomoverem. Assim,

para que essa locomoção seja possível os espaços em que estes frequentam deve

apresentar algumas adaptações, dentre essas está: existência rampas de acesso,

portas com larguras que permitam a passagem da cadeira de rodas e banheiro mais

largos e adaptados com barras laterais no vaso sanitário.

Um dos locais de bastante presença de pessoas com esse tipo de deficiência

são as Universidades e estas devem apresentar um ambiente apto a essas

condições para que possa garantir os direitos de acesso a todos, inclusive para

aqueles que apresentam algum tipo de deficiência. Dessa forma, este trabalho tem

como objetivo discutir a realidade da acessibilidade para cadeirantes em instituições

públicas, realizando um estudo de caso na Universidade Regional do Cariri - URCA,

em Juazeiro do Norte – CE, no campus Crajubar e Pirajá.

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2. JUSTIFICATIVA

Segundo Mazzotta (1982, p.14), em relação ao meio onde vive a pessoa, à

sua situação individual e à atitude da sociedade que uma condição é ou não

considerada uma deficiência, uma vez que os problemas que assim a caracterizam

decorrem das respostas da pessoa às exigências do meio. Assim, a problemática do

portador de deficiência só pode ser entendida a partir da caracterização das suas

deficiências, dando destaque para quem são as pessoas portadoras de deficiência e

como elas se integram na sociedade. Contudo vale lembrar que, grande parte dos

conceitos existentes relacionados a deficiência é dada principalmente pela falta de

interesse da sociedade em abordar esse assunto e estas passam a caracterizar a

deficiência como um tipo de comportamento diferenciado.

Dessa forma, o presente trabalho surgiu da necessidade da discussão da

temática de acessibilidade em instituições públicas, principalmente, em instituições

de ensino superior com o intuito de mostrar se as mesmas são adaptadas para

cadeirantes. Para isso, faz-se o uso de um estudo de caso que será realizado na

Universidade Regional do Cariri no campus do Crajubar e Pirajá afim de verificar se

este órgão apresenta uma estrutura de acordo com os padrões exigidos por lei e

normas técnicas para a questão da acessibilidade, de maneira que esta possa

atender de fato as reais necessidades dos cadeirantes.

3. OBJETIVOS

3.1- Geral:

Discutir a realidade da acessibilidade para cadeirantes em instituições

públicas, realizando um estudo de caso na Universidade Regional do Cariri, em

Juazeiro do Norte – CE, no campus do Crajubar e Pirajá.

3.2- Específicos:

1 - Abordar a questão da acessibilidade de instituições públicas.

2 - Verificar a realidade da acessibilidade na instituição da Universidade

Regional do Cariri, no campus do Crajubar e Pirajá.

3 - Mostrar as dificuldades ainda existentes que os deficientes enfrentam.

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4. CONSIDERAÇÕES SOBRE ACESSIBILIDADE

A partir da aprovação da declaração de Salamanca, em 1994, o tema da

acessibilidade passou a fazer parte do cenário das discussões referente as teorias e

práticas inclusivas, pois, o direito de ir e vir tornou-se um elemento importante para

auxiliar na inclusão social.

Segundo a lei 10.098/2000 (BRASIL, 2005), a acessibilidade é definida como

a possibilidade e condições de alcance para utilização, com segurança e autonomia,

dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes

e dos sistemas e meios de comunicação por pessoas portadoras de deficiência ou

com mobilidade reduzida.

Muito se tem discutido acerca dos direitos do cidadão, inserindo-se nesse

contexto está a acessibilidade de todas as pessoas independente de suas condições

pessoais, habilidades entre outros aspectos. De acordo com o artigo 5° da

Constituição Federal (1988), todos têm direito de viver livremente. Dessa forma,

atualmente a acessibilidade é vista como um meio de possibilitar a participação das

pessoas nas atividades cotidianas que ocorrem no espaço construído com

segurança, autonomia e conforto (MORAES, 2007, p.29).

O termo acessibilidade remete também a qualidade do que é acessível.

Dessa forma, Velanga e Silveira (2013) destacam a acessibilidade como importante

para o debate acerca da inclusão. Já segundo Velanga e Moreira (2013), o direito à

acessibilidade se trata de auxílios técnicos que servem para promover, através de

certas facilidades que ajudam a contornar os obstáculos que se apresentam o

desempenho das mesmas tarefas possíveis de serem realizadas por pessoas sem

qualquer tipo de deficiência.

Assim, compreende-se que todos têm direitos iguais, mas, que muito deve ser

feito para que estas considerações se consolidem na prática, até mesmo, para que

as pessoas tenham um melhor entendimento do que realmente é deficiência e

incapacidade, mesmo em casos específicos.

Dentre as várias deficiências existentes está o cadeirante ou deficiente por

algum tipo de paralisia corporal. Esta é uma das deficiências que é mais encontrada

em nosso meio, também, são um dos mais afetados com a falta de adaptações das

construções, o que em muitos casos, os impedem de se locomoverem para outros

lugares.

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Segundo o Decreto Federal Nº 5.296/2004, usuários de cadeira de rodas são

pessoas que possuem limitações ou incapacidades para o desempenho de

atividades e alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo

humano, acarretando o comprometimento da função física. Nesse caso, suas

dificuldades estão no que tange a sua interatividade em relação ao meio ambiente e

isso claramente está inadequado para a sociedade, pois o problema não é a

dificuldade do usuário e sim a dificuldade imposta pelo meio em que ele vive.

Este ambiente requer espaço maior para possibilitar sua circulação, realizar

manobras e transferências e que permita um maior alcance visual e manual. Assim,

mediante o exposto faz-se necessário uma revisão e ou adaptação no que se refere

a este aspecto por parte dos órgãos competentes e da sociedade, que mesmo

sendo conhecedora da realidade atual ainda deixa a desejar quando ao exercício de

suas práticas.

Na Constituição brasileira, toda pessoa incluindo aquelas que apresentam

deficiências têm direito ao acesso à educação, saúde, lazer, esporte e ao trabalho.

Assim, as pessoas devem ser percebidas com igualdade o que implica no

reconhecimento e atendimento de suas necessidades especificas. Para isso, todos

os espaços públicos e privados devem ser projetados respeitando as dificuldades e

limitações do indivíduo com soluções que eficientes para garantir a mobilidade de

todos.

Segundo o Decreto Federal 5.296 de dezembros de 2004, acessibilidade é a

condição para utilizar, com segurança e autonomia total ou assistida os espaços,

mobiliários e equipamentos urbanos das edificações, dos serviços de transporte e

dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação por pessoa com

deficiência ou com mobilidade reduzida. Contudo, vale lembrar que em muitas vezes

os ambientes construídos não levam em consideração a diversidade de usuários

com as condições e limitações que eles possuem.

Para Guimarães (2002), a acessibilidade é tratada com sendo fruto de

decisões e de um posicionamento intelectual baseado na compreensão global de

problemas que atingem a todos e, para os quais, estão todos despreparados. Dessa

forma, o direito constitucional de acessibilidade é, antes de tudo, uma materialização

do direito constitucional de igualdade.

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A constituição de igualdade surgiu com a Emenda n.º 12 à Constituição de

1967, promulgada em 17de outubro de 1978 e de acordo com ela deve apresentar

uma melhoria de sua condição social e econômica fazendo-se uso de (ARAÚJO,

1997, p.60):

I. Educação especial e gratuita;

II. Assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do país;

III. Proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou ao

serviço e a salários;

IV. Possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos.

Dessa forma, compete a todos terem sua parcela de contribuição para que se

consolide na prática a garantia dos direitos a acessibilidade, em especificamente

para os cadeirantes.

Segundo a NBR 9050 (2015), a acessibilidade pode ser entendida como:

“Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações aberto ao público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. ”

A partir dessa concepção, pode-se perceber que a questão da acessibilidade

está diretamente ligada a questão de normas e padrões pré-estabelecidos para

produtos, espaços e serviços que venham a contemplar o acesso de todas as

pessoas independentes de possuírem ou não algum tipo de deficiência ou até

mesmo a mobilidade reduzida.

A Lei Federal 10.098 (2000), faz suas considera que as normas gerais são

critérios básicos para a promoção da acessibilidade nas edificações públicas ou

privadas, nos espaços públicos, logradouros e seu mobiliário, nas comunicações e

sinalizações entre outros (BRASIL, 2010). Ou seja, esta lei visa a promoção e

criação de normas e padrões que venham a título de padronizar formas de

disposição de produtos e serviços que possibilitem o acesso de todos a instituições

públicas e privadas.

Segundo Queiroz (2015, p.19) a lei determina que:

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“Deve ser garantido a existência de espaços acessíveis para a livre circulação de pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida temporária ou permanentemente em lugares públicos, já em edificações privadas a lei garante o livre acesso as dependências do andar térreo e as áreas comuns até a chegada a ambientes externos como a calçada da via pública. “

Ainda segundo Queiros (2015), a lei diz que, em áreas públicas, cabe ao

município elaborar um planejamento de políticas públicas que colaborem para uma

adequação de ambientes comunitários as necessidades da população portadora de

limitações. Assim, como pode ser visto, essa adequação dos espaços as normas

são atividades de grande importância, tendo em vista que sua realização possibilita

a existente de um meio mais inclusivo as diferentes condições físicas das pessoas e

com isso poder evitar que estas voltem a viver reclusar em suas casas.

De acordo com Queiroz (2015, p.19), as pessoas com deficiência eram vistas

da seguinte forma:

“No início dos tempos as pessoas com deficiência foram chamadas de inválidas, porém o termo invalidez é definido como qualidade, estado ou condição de inválido, dando a entender que as pessoas com deficiências são indivíduas sem valor. Após a segunda guerra mundial foi usado o termo incapacitados para designar as pessoas com deficiência que significava indivíduo que não são capazes de realizar alguma coisa. Nos anos 50 surgem os termos defeituosos para definir as pessoas que apresentavam deformidades, chamando a atenção para as deformidades físicas, deficientes para as pessoas que tinham entre as limitações físicas, possuíam também os outros tipos de limitações como as intelectuais, motoras, auditivas e visuais e excepcionais para as incapacidades intelectuais. “

Como pode-se notar, a própria nomenclatura utilizada para definir pessoas

que apresentam algum tipo de deficiência foi algo que demorou muito tempo para

chegar a um senso comum sobre como definir aquele que possuía alguma

deficiência.

“Com o passar dos anos a pessoa com deficiência recebeu várias nomenclaturas e sendo está terminologia associado ao tipo de limitação apresentada, passando a serem usados os termos como: pessoas deficientes, portadoras de deficiência, com necessidades especiais, pessoas especiais, portadoras de direitos especiais (PODE), até chegar a pessoa com deficiência, nome pelo qual preferem ser chamados, pois como as mesmas definem ‘a condição que de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta uma deficiência. Ela tem uma deficiência’. Declarado no texto da convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pela ONU em 13 de dezembro de 2006 (ONU, 1990 apud SASSAKI, 2003, p.14). “

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O termo portador de deficiência foi adotado em convenção sobre os direitos

humanos no ano de 2006, este também é o termo que os próprios se sentem

caracterizados. Outra questão que merece destaque é a pequena aceitação que o

termo portador de necessidades especiais teve tendo em vista que eles acreditavam

que o portador é algo que se escolhe carregar (portar) algo e pelo tempo que se

escolher, no entanto, como é do conhecimento de todos que esta não é a realidade.

Por isso, optou-se por definir como pessoa com deficiência.

“Assim dentro dessas acepções ao longo dos anos, a ABNT definiu de forma distinta as pessoas com deficiência e as pessoas sem deficiência, mas que possuem limitações, temporária ou permanente, e que por direito devem ser amparadas pelas normas de acessibilidade. Deste modo, segundo a ABNT NBR 14022 de 2009 ‘se define pessoa com deficiência aquela que apresenta perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade. As deficiências podem ser físicas, auditiva, visual, mental ou múltipla’. A norma ainda apresenta definição para as pessoas como mobilidade reduzida que são aquelas que, ‘não se enquadrando no conceito de pessoa com deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva de mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. Aplica-se ainda a idosos, gestantes, obesos e pessoas com crianças de colo (QUEIROZ, 2015, p.20). “

Vale salientar que não se trata apenas de uma questão de nomenclatura, mas

sim, de adequações e adaptações de transporte público, espaço, mobiliários e

equipamentos adequados que tornem o local mais acessíveis para as pessoas com

deficiência para assim, minimizar os impactos que essas pessoas acabam sofrendo.

Neste sentido, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), criou as normas

NBR 9050 de 2015 e NBR 14022 de 2009, que estabelece normas para essas

adequações. A NBR 9050 (2015) tem como foco principal:

“Estabelecer critérios e parâmetros relacionados a infraestrutura das edificações e mobiliários urbano e rural, sendo que estes devem estar em critérios normativos de acessibilidade para proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas de uma maneira geral, sem restrições de idade ou limitação. Assim a norma surge numa concepção para garantir que ‘todos os espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender aos dispostos contidos na norma para serem considerados acessíveis’, é dessa forma que aplicadas aos critérios e parâmetros que as pessoas portadoras de deficiência e mobilidade reduzida podem circular livremente de forma autônoma e segura nas cidades independe de sua limitação (QUEIROZ, 2015, P.22).”

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A NBR 9050 foi criada com o intuito de padronizar as edificações e os

espaçamentos entre mobiliários, visando criar espaços que permitam uma circulação

eficiente de cadeiras de rodas, caso venha a necessitar. Porém, como se sabe, não

há a devida fiscalização e ainda existem muitos prédios que estão sendo

construídos ainda sem atender as regras de acessibilidade, o que acaba dificultando

a vida dos cadeirantes. Para a NBR 14022 (2009), a acessibilidade do deficiente

está relacionada como:

“Ela está diretamente relacionada à conformação dos transportes públicos coletivo, que visa proporcionar como via de regra a adequação do transporte público e todos os seus elementos de características urbanas as normas de acessibilidade e aos regulamentos do desenho universal, de forma a proporcionar acessibilidade segura a uma grande quantidade de pessoas independente de limitações. Devendo também ser observado os locais de embarque e desembarque, como os pontos de paradas e terminais, pois os mesmos precisam estar em conformidade com os padrões e critérios de acessibilidades contidas na NBR 9050, devendo as construções serem compatíveis com o veículo utilizado (QUEIROZ, 2015, p. 23). “

Assim, esta norma estabelece critérios para a adequação de transportes

coletivos e paradas, buscando facilitar a vida dos deficientes. Dessa forma, é

fundamental que se cumpra as regras estabelecidas pela ABNT para finalmente

conseguir diminuir as dificuldades que os deficientes enfrentam.

4.1. Políticas públicas para pessoas com deficiência física

Como se sabe, no Brasil, existem diversas políticas públicas para os diversos

segmentos e setores e isso não é diferente para questões referentes as políticas

públicas para pessoas que possuem algum tipo de deficiência temporária ou

permanente, lembrando que as pessoas com deficiência podem ser entendidas

como aquelas com diferentes níveis de limitação física, sensorial (ouvir ou enxergar)

e mental e que estas foram historicamente relegadas a uma posição segregada na

estrutura social (GARCIA, 2014).

Ainda de acordo com Garcia (2014) os deficientes eram considerados como:

“Consideradas, durante muito tempo, como inválidas ou incapazes, merecedoras apenas da caridade privada e/ou do assistencialismo do Estado. Paulatinamente, tanto em nível internacional como no Brasil, este “status social” foi se alterando com a percepção de que tais indivíduos podem e devem estar inseridos nos ambientes sociais comuns a todas as

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pessoas, além de, com os suportes e adaptações necessárias, terem plena capacidade de trabalho. “

Naturalmente, este processo não se deu de forma linear e homogênea, sendo

que, mesmo na atualidade, ainda persistem exemplos de tratamentos inadequados e

até mesmo discriminatórios em relação à pessoa com deficiência (GARCIA, 2014).

Contudo, Garcia (2014) ainda lembra que:

“Sem dúvida, numa perspectiva histórica mais geral, é possível afirmar que houve tanto um amadurecimento civilizatório na forma de lidar com este contingente populacional como o reconhecimento da sua condição de segmento social detentor de direitos e deveres de cidadania, assim como outros grupos historicamente discriminados e socialmente excluídos. “

Conforme mencionado anteriormente, por muito tempo as pessoas que

apresentavam algum tipo de deficiência física, sensorial ou cognitiva, eram

consideradas “inválidas” ou “incapazes” e por conta disso passavam suas vidas

reclusas em seus lares por ser consideradas apenas dignas de caridade. Com o

passar do tempo, essa visão foi reformulada e as pessoas com deficiência foram

sendo inseridas aos poucos nos ambientes sociais, porém, como se sabe com

muitas dificuldades com a questão da acessibilidade.

No Brasil, o tema da deficiência passou a ser objeto de políticas públicas mais

efetivas somente na década de 1980. Isso ocorreu pelo impulso inicial e pressão do

movimento social organizado a partir da proclamação, pelas Nações Unidas, do Ano

Internacional da Pessoa Deficiência, em 1981, que buscava chamar atenção para

situação de marginalização em que se encontravam tais pessoas (GARCIA, 2014).

“Assim, ao longo da década de 80, o movimento social das pessoas com deficiência se articula institucionalmente e vai conquistando espaços de participação. Felizmente, este processo coincide e é estimulado pelo momento de redemocratização vivido pelo País, culminando com a proclamação da Constituição de 1988 que estabelece uma série de direitos para as “pessoas portadoras de deficiência”, terminologia utilizada na época (GARCIA, 2014). ”

A primeira legislação de caráter nacional que busca estabelecer diretrizes

para políticas públicas na área é a Lei 7.853, de 1989, que, um ano após a

Constituição, definiu a política nacional de integração da pessoa portadora de

deficiência (GARCIA, 2014). Vale lembrar, que está legislação cria também a

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Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Deficiente (CORDE) que é

vinculada ao Ministério da Ação Social.

“A mudança no status institucional deste órgão, hoje Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, vinculada à Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), é reveladora do movimento pelo qual passou a temática da deficiência na esfera pública, entendida inicialmente como “ação social” e hoje tratada pela ótica da cidadania e dos direitos humanos (GARCIA, 2014). “

Em meados dos anos 90, houve a tentativa de inserção de pessoas com

deficiência no mercado de trabalho, através da criação de cotas para o setor

privado, no entanto, essa regulamentação só ocorreu dez anos depois. Já os anos

2000 foram marcados pela ampliação das possibilidades que as pessoas com

deficiência tinham em poderem participação das políticas públicas que lhes dizem

respeito.

“Embora tenha sido criado pelo Decreto 3.298 de 1999, o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CONADE) teve uma atuação mais efetiva a partir de 2003, quando passou a compor a estrutura do governo, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos (Lei 10.083/03). Nos anos seguintes, foram organizadas, pela primeira vez, as Conferências Nacionais dos Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2006, 2008 e 2012, com ampla participação do movimento social e entidades representativas (GARCIA, 2014). “

Por fim, é importante mencionar o Plano Nacional dos Direitos das pessoas

com deficiência lançado pelo Governo Federal em novembro de 2011, com o

Decreto 7.612/11. Este, tem como objetivo principal de desenvolver novas iniciativas

e estimular os programas que já existentes. De acordo com Garcia (2014), o Plano

prevê investimentos de R$ 7,6 bilhões a serem executados até o final de 2014,

estando estruturado em quatro eixos: I. Acesso Educação; II. Inclusão social

(inserção no trabalho); III. Atenção à Saúde; IV. Acessibilidade.

“Vale destacar que, a execução das ações do Plano podem ser acompanhadas na página do Programa de Assistência a Pessoa com Deficiência, inclusive, o que foi realizado em cada município. Diante do exposto, fica claro que foi desenvolvido pelo País, nos últimos anos, um arcabouço jurídico-institucional para construção e acompanhamento das políticas públicas nesta área. Porém, isto não significa dizer que as condições de vida das pessoas com deficiência no Brasil, de modo geral, são plenamente satisfatórias (GARCIA, 2014). “

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Assim, pode-se perceber que com o passar dos anos, a mentalidade das

pessoas foi se modificando e as lutas dos movimentos sociais passaram a ganhar

cada vez mais força no sentido da luta e reivindicação de melhorias para as pessoas

com deficiência.

Entretanto, é bom lembrar que ainda existem grandes as barreiras que estes

enfrentam na sociedade em busca de melhores condições. Segundo Garcia (2014),

na vida cotidiana dos municípios continuam existindo barreiras tanto para mobilidade

física como para comunicação plenamente acessível entre as pessoas com e sem

deficiência.

Dessa forma, como pode ser visto ainda é grande o caminho a ser trilhado

para que exista uma sociedade totalmente igualitária que respeite as diversidades

humanas. Assim, para que isso se torne possível deve-se de acordo com Garcia

(2014):

“Além do aprimoramento das políticas públicas específicas, é preciso enfatizar que, obviamente, as pessoas com deficiência também serão beneficiadas pela melhora das condições econômicas e sociais do País. Avanços na distribuição de renda, crescimento econômico, serviços públicos universais de qualidade e programas sociais eficazes, dentre outros aspectos, são benéficos para todos, inclusive para aqueles com algum tipo de limitação física, sensorial ou cognitiva. Por mais que existam especificidades, não há um mundo “específico” das pessoas com deficiência. Elas também sentirão os efeitos da melhora social mais geral, por isso que as políticas específicas – gratuidades, cotas, isenções, benefícios etc. – não podem ser um fim em si mesmo, mas parte de uma estratégia mais ampla na qual, equiparando oportunidades, todos possam construir um país mais justo e humano. ”

.

4.2. Leis que amparam as pessoas que possuem deficiências

Como todo e qualquer cidadão as pessoas com algum tipo de deficiência tem

seus direitos sendo que alguns desses são garantidos por lei (SOLEIS, 2015), como:

Lei 10.048/00 - Dá prioridade de atendimento às pessoas portadoras de

deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as

gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo.

Lei 10.098/00 - Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção

da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade

reduzida.

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Decreto 5.296/04 - Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de

2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19

de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida

Lei 7.853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência,

sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes,

e dá outras providências.

Decreto 3.298/99 - Regulamenta a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989,

dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência.

Lei 8.899/94 - Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no

sistema de transporte coletivo interestadual.

Decreto 3.691/2000 - Regulamenta a Lei 8.899, de 29 de junho de 1994, que

dispõe sobre o transporte de pessoas portadoras de deficiência no sistema de

transporte coletivo interestadual.

Lei 8.112/90 (artigo 5º) - Assegura às pessoas portadoras de deficiência o

direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas

atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais

pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no

concurso.

Lei 7.752/89 - Dispõe sobre benefícios fiscais na área do imposto sobre a

renda e outros tributos, concedidos ao desporto amador - (desenvolvimento de

programas desportivos para o deficiente físico).

Lei 8.160/91 - Dispõe sobre a caracterização de símbolo que permita a

identificação de pessoas portadoras de deficiência auditiva.

Lei 9.249/91 - Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas -

(Doações dedutíveis de até 2% - destinatário da doação seja uma entidade civil sem

fins lucrativos, com título de utilidade pública federal, que preste serviços gratuitos

em benefício da comunidade em que atua).

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Lei 10.845/04 - Institui o Programa de Complementação ao Atendimento

Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência

Lei 11.126/05 - Dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de

ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia

Já a constituição Federal estabelece algumas garantias (SOLEIS, 2015),

destas temos:

Capítulo VII - Estabelece garantias constitucionais para criação de

programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de

deficiência física, sensorial ou mental. Acesso a logradouros, edifícios de uso público

e fabricação de veículos de transporte coletivo adequado às pessoas portadoras de

deficiência.

Artigo 7º do inciso XXXI - Proíbe qualquer discriminação no tocante a salário

e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

Artigo 40 - Vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a

concessão de aposentadoria aos servidores portadores de deficiência;

O estatuto do torcedor trata a deficiência no artigo 13 em ele destaca que

todo torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos

esportivos antes, durante e após a realização das partidas. Para aqueles que

apresentam deficiência será assegurado acessibilidade ao torcedor portador de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

Como pode ser visto, várias leis foram criadas para garantir os direitos das

pessoas que possuem algum tipo de deficiência, direitos estes que vão desde a

acessibilidade até a questão das cotas de concurso para pessoas com deficiência.

Neste caso vamos dar ênfase a lei 10.098 de 2000, que estabelece o direito a

acessibilidade.

“Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação (BRASIL, 2000). ”

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A lei 10.098 de 2000, trata sobre a questão de acessibilidade para as pessoas

que apresentam algum tipo de deficiência temporária ou permanente ou possui

mobilidade reduzida, buscando eliminar barreiras e obstáculos existentes em vias e

espaços públicos, em mobiliários, construções e reformas de edifícios e até mesmo

no transporte e nas comunicações.

No artigo 2 desta lei são estabelecidas algumas considerações sobre as

algumas definições (BRASIL, 2000), estas são:

I – Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com

segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa

portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

II – Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a

liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas

em:

a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos

espaços de uso público;

b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios

públicos e privados;

c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de

transportes;

d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou

impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos

meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa.

A própria lei deixa claro as nomenclaturas utilizadas, para que não ocorra

nenhum equívoco em relação ao que foi descrito (BRASIL, 2000), estas são:

III – Pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que

temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se

com o meio e de utilizá-lo;

IV – Elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização,

tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para

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esgotos, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e

distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do

planejamento urbanístico;

V – Mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços

públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da

edificação, de forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações

substanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e

similares, cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises,

quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;

VI – Ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou

possibilite o acesso e o uso de meio físico.

Sendo assim, faz-se necessário, que se faça cumprir o que dispõe a lei, uma

vez que as pessoas que apresentam algum tipo de deficiência já enfrentam

inúmeras dificuldades diárias, então o ideal, é que houvesse acessibilidade nos

espaços urbanos e edificações, que fossem capazes de diminuir essas dificuldades.

De acordo com a Lei federal 10.098, o planejamento das obras de arte

(construções) deve obedecer alguns requisitos de acessibilidade (BRASIL, 2000),

estes são:

Art. 3° - O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e

dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de

forma a torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou

com mobilidade reduzida.

Art. 4° - As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público

existentes, assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários

urbanos deverão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise

à maior eficiência das modificações, no sentido de promover mais ampla

acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade

reduzida.

Art. 5° - O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e

privados de uso comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as

passagens de pedestres, os percursos de entrada e de saída de veículos, as

escadas e rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas

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normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT.

Art. 6° - Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques,

praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo

menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especificações das

normas técnicas da ABNT.

Art. 7º - Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em

vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos

acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos

que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de

locomoção.

A Lei Federal 10.098, define também que vias públicas, parques e locais de

acesso público precisam estar devidamente adequados e preparados para

receberem as pessoas com algum tipo de deficiência, até mesmo os parques de

diversões necessitam reservar no mínimo 5% dos seus brinquedos para pessoas

com deficiência ou mobilidade reduzida, os mesmos precisam estar devidamente

adequados às normas devidamente identificadas.

Os banheiros de uso público precisam estar dentro das especificações da

ABNT, bem como os estacionamentos localizados em vias e espaços públicos que

precisam reservar 2% de suas vagas para carros que transportem deficientes com

dificuldades de locomoção sendo que, estas vagas precisam estar devidamente

sinalizadas de acordo com as especificações técnicas da ABNT.

A Lei Federal 10.098, normatiza também como devem ser realizados as

construções de edificações deve obedecer para que estas atendam alguns

requisitos de acessibilidade (BRASIL, 2000), destes estão:

Art. 11º - A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou

privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que

sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção,

ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso

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coletivo deverão ser observados, pelo menos, os seguintes requisitos de

acessibilidade:

I – Nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a

estacionamento de uso público, deverão ser reservadas vagas próximas dos

acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos

que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de

locomoção permanente;

II – Pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de

barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a

acessibilidade de pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade

reduzida;

III – Pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e

verticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o

exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei;

e

IV – Os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessível,

distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de maneira que possam ser

utilizados por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 12º - Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza

similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam

cadeira de rodas, e de lugares específicos para pessoas com deficiência

auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a

facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação.

A construção, reforma e ampliação dos edifícios públicos ou privados que se

destinam ao uso público, também precisam estar devidamente adequados a

atenderem a todos os públicos, inclusive os que apresentam deficiências ou

mobilidade reduzida, seguindo os padrões e especificações da ABNT, de maneira

que não existam barreiras arquitetônicas.

Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros ambientes de uso

semelhantes, precisam dispor de espaço para pessoas que se utilizam de cadeira de

roda, além de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva, visual e

seus respectivos acompanhantes caso se faça necessário, conforme a ABNT.

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Segundo a própria lei, em seu artigo 23, afirma que a Administração Pública

Federal, deverá destinar de forma direta ou indireta verbas orçamentárias que sejam

designadas a adaptação, supressão e eliminação de barreiras existentes em

edifícios de uso público de sua propriedade, bem como, aqueles que estejam sobre

sua administração e uso.

Porém, como se sabe esta é uma visão utópica, pois mesmo as pessoas que

não apresentem deficiência conseguem observar que, os deficientes se deparam

com diversas barreiras em seu cotidiano, tanto em termos de preconceito que ainda

está bastante presente em nossa realidade, como em termos de acessibilidade que

ainda deixa a desejar na questão de transporte e vias públicas, assim como em

prédios e edificações.

4.3. Acessibilidade para cadeirantes em instituições públicas

Conforme se sabe, a acessibilidade foi um direito adquirido pelas pessoas

com deficiência ao longo dos anos. Deste modo, espera-se que, os lugares de

acesso público estejam devidamente acessíveis e aptos a receberem um público

diversificado, especialmente as pessoas com deficiência. Sendo assim, escolas,

universidades e instituições de ensino deveriam estar adequadas a esta realidade.

Dessa forma, se começarmos pela parte arquitetônica, as escolas, faculdades

e a bem da verdade, toda e qualquer instituição, pública ou privada, precisam antes

de qualquer coisa, dar acesso aos deficientes (PEREIRA, 2011). Pensar em inclusão

é pensar em formas de dar acessibilidade, aqueles que dela necessitarem, na

tentativa de integrar de forma mais humana, as pessoas que possuem deficiência.

Para isso, é importante que as instituições passem a fazer uso de semáforos

sonoros para possibilitar a passagem dos pedestres pelas rodovias; calçadas mais

largas com boas condições de tráficos, uso de piso tátil para identificar o entorno das

instituições entre outras.

Assim, fazendo-se uso de algumas medidas como estas fazem toda a

diferença na vida dos deficientes. Segundo Pereira (2011), assim como no entorno

da instituição, a acessibilidade deve se fazer presente também dentro da mesma, ou

seja, nada adianta se somente o entorno das instituições de ensino estejam

acessíveis e a própria instituição não estiver. Pensando nisso, é fundamental

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destacar a necessidade de melhores condição de acessibilidade externa e interna da

instituição, para desse modo conseguir promover o acesso.

Onde há respeito, as coisas são feitas naturalmente, ou seja, assim como é impossível para um aluno dito "normal" aprender sem que haja o mínimo como: banheiros, refeitórios, salas, bibliotecas, carteiras, computadores, etc, é necessário que haja material ou ferramentas adequadas para o aprendizado e, portanto, a inclusão do deficiente físico (PEREIRA, 2011).

Dessa forma, é imprescindível que haja as condições essenciais, para que o

deficiente físico consiga chegar e permanecer na instituição, sem que haja maiores

transtornos para ele. Segundo Pereira (2011), o uso dessas ferramentas não são

bichos de sete cabeças e não são favores, são regras básicas da inclusão, da

igualdade, do respeito ao diferente e das necessidades que nós temos.

Respeito àquele que contra todas as suas dificuldades, quer fazer o que todo mundo faz, coisas para às quais temos capacidade, vontade e determinação. Aliás, é preciso ser muito determinado, pois além de toda situação que por si só, já é bem difícil, temos de conviver com o fato de que a maioria das pessoas, pensam que disponibilizar tais ferramentas ao deficiente físico, é favor. O que incomoda profundamente, é que essa mentalidade, não admite que temos o direito às ferramentas e ao auxílio, principalmente dos serviços públicos e privados. E não porque sejamos coitadinhos, mas por uma questão de justiça e segurança (PEREIRA, 2011).

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

Conforme dito anteriormente, será realizado uma análise das condições

físicas e estruturais existentes na Universidade Regional do Cariri – URCA no

Campus do Crajubar e Pirajá afim de verificar se estes estão obedecendo os

padrões da norma da ABNT 9050. Assim, esta análise será realizada por meio de

fotos e medições de comprimento/largura nas rampas de acesso e banheiros, como

também será avaliado se estas obedecem aos padrões da norma para banheiros e

rampas, entre outros.

A Universidade Regional do Cariri - URCA, Campus do Crajubar, está

localizada na avenida Leão Sampaio (Ce-835), N° 107, Bairro Lagoa Seca na cidade

de Juazeiro do Norte/CE. Já a URCA, no Campus do Pirajá, está situada na avenida

Castelo Branco, N° 1056, Bairro Pirajá na cidade de Juazeiro do Norte/CE.

5.1. Acessibilidade para cadeirantes na universidade regional do cariri

(Campus Crajubar e Pirajá)

Conforme pode-se perceber na imagem a seguir o campus do Pirajá

apresentar uma entrada lateral bastante larga com 30,00m e distância entre portões

de 4,00m.

Figura 1: Entrada lateral e estacionamento do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

A rampa de acesso da entrada lateral possui o espaçamento necessário, no

entanto, não possui nenhum corrimão e o piso é irregular o que provocar

trepidações. Também pode ser observado que este local não possui uma

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sinalização de cores que é recomendada pela lei, conforme pode ser visto na

imagem abaixo.

Figura 2: Rampa da entrada lateral e estacionamento do Campus do Pirajá.

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

O piso do estacionamento é irregular, sendo este completamente na terra

com presença de buracos, pedregulhos e irregularidades de desníveis, este também

não possui vagas reservadas para deficientes físicos, bem como suas devidas

sinalizações (Figura 3).

Figura 3: Calçada do estacionamento e estacionamento do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

A rampa de acesso encontrada entrada do prédio apresenta 2,80m de largura

e 6,20m de comprimento, ela possui boas condições para passagem das pessoas,

mas, não apresentam nenhuma sinalização e nem apresenta de barras de apoio nas

paredes, conforme mostra a imagem.

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Figura 4: Rampa de acesso lateral a parte interna do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Figura 5: Medição da largura da rampa de acesso lateral do Campus do Pirajá com trena métrica

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Figura 6: Medição da distância da rampa de acesso lateral do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Ao analisar os banheiros do Campus do Pirajá foi identificado que este

obedece aos padrões exigidos pela lei onde, a porta de entrada possui largura de

0,85m e os espaço interno do banheiro apresenta a largura de 1,65m com barras de

apoio nas paredes, como pode ser visto na imagem a seguir.

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Figura 7: Acessibilidade no banheiro masculino do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Figura 8: Acessibilidade no banheiro masculino do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Já a existência de degraus nos corredores que dão aceso as salas de aula,

impossibilita a livre circulação de cadeiras de rodas e com isso torna-se inviável o

livre acesso dos deficientes por aquele local (Figura 9).

Figura 9: Degraus nos corredores de acesso as salas de aula do Campus do Pirajá

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

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Agora será feita uma análise de como é tratado a acessibilidade pela

Universidade Regional do Cariri no Campus do Crajubar. Assim, observa-se que na

entrada dessa instituição o piso é irregular. Segundo a ABNT 9050, os pisos devem

ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer condição, que não

provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de

bebê). Ou seja, o piso não está de acordo com os padrões, de maneira que as

irregularidades se iniciaram desde a entrada da universidade, conforme mostra foto.

Figura 10: Entrada principal do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

A rampa de acesso principal existente possui 2,30m de largura por 31,70m de

comprimento. Foi identificado que esta não possui corrimão, não apresenta qualquer

tipo de sinalização, o piso também é irregular, podendo ocorrer trepidações. O

recomendável segundo as normas da ABNT 9050 para este local seria a utilização

de piso antiderrapante com sinalização adequada e uso de barras de apoio nas

paredes laterais.

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Figura 11: Rampa de acesso principal do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

A escadaria encontrada na lateral da rampa de acesso apresenta dimensões

bastante largas para o deslocamento de pessoas, também apresenta péssimas

condições de manutenção e falta de sinalização, como mostra figura 12.

Figura 12: Escadaria ao lado da rampa de acesso do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

No campus Crajubar os banheiros apresentados (Figura 13 e 14) possuíam a

porta com dimensões de 0,80m de largura por 2,10m de comprimento. Dessa forma,

infere-se que os não possuem espaço suficiente para pessoas que possuam

deficiência, como também não foi encontrado sinalização adequadas.

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Figura 13: Banheiros masculinos (entrada e parte interna) do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

Figura 14: Banheiros masculinos (entrada e parte interna) do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

A outra rampa de acesso lateral localizada na parte interna da universidade

possui dimensões de 1,50m de largura por 30,00m de comprimento. Conforme foi

observado, a rampa não apresenta corrimão, o piso não é antiderrapante, ela possui

frestas entre as lajotas o que podem provocar trepidações nas cadeiras de rodas e o

nível de elevação da rampa é visivelmente grande, o que impossibilita os

cadeirantes de passarem.

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Figura 15: Rampas de acesso lateral do Campus Crajubar

Fonte: Silva, J. C. I (2016)

5.2. Considerações principais sobre a NBR 9050, para cadeirantes

A NBR 9050, apresenta diversas especificações para construção, reforma e

ampliação de edifícios na perspectiva de torna-los acessíveis. Segundo a mesma,

existem várias orientações técnicas que devem ser utilizados nas construções em

vias públicas e edifícios, dentre elas temos:

I. SINALIZAÇÃO

Símbolos

Sinalização tátil de piso

II. ESPAÇOS PÚBLICOS

Parâmetros antropométricos e dimensões básicas

Vias públicas

Calçadas

Travessia de Pedestres

Estacionamento

Mobiliário e equipamentos urbanos

Vegetação

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III. EDIFICAÇÃO

Definições

Circulação interna

Circulação vertical

Portas e janelas

Sanitários e vestiários

Corrimão e guarda-corpo

Locais de reunião, hospedagem, esporte e lazer

As dimensões indicadas

Nas figuras são expressas em centímetros, exceto quando houver outra

indicação.

Como mencionado na NBR 9050 que dispõe sobre a sinalização dos espaços

públicos e edificações sinalizações por meio do uso de símbolos internacionais de

acesso que representem o deficiente físico, onde pode ser visto um pictograma

branco sobre um fundo preto/azul/listrado ou pictograma preto sobre um fundo

branco. Vale lembrar que, a figura deve estar sempre voltada para o lado direito e

que esta não deve sofrer nenhuma modificação estilização de sua forma (NBR

9050).

Figura 16: Sinalização para acessibilidade

Fonte: NBR 9050

A identificação de locais acessíveis deve ser feita fazendo-se uso da

simbologia citada anteriormente e deve ser afixada em local visível ao público,

sendo estas utilizada principalmente nos seguintes locais, quando acessíveis:

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Entradas;

Áreas e vagas de estacionamento de veículos;

Áreas acessíveis de embarque/desembarque;

Sanitários;

Áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio, saídas de emergência;

Áreas reservadas para pessoas em cadeira de rodas;

Equipamentos exclusivos para o uso de PcD.

Já em relação às manobras realizadas em cadeira de rodas sem

deslocamento, são especificadas as seguintes medidas: Para rotação de 90°=1,20m

x 1,20; para rotação de 180°=1,50m x 1,20m e para rotação de 360°=diâmetro de

1,50m. O detalhe desse tipo de manobra pode ser melhor compreendido pela

imagem a seguir:

Figura 17: medidas de manobra sem deslocamento

Fonte: NBR 9050

Se tratando de deslocamento, este deve ser feita da seguinte forma segundo

orientações da NBR 9050:

“As larguras para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas são: 90 cm para uma pessoa em cadeira de rodas; 1,20m a 1,50m para um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas; 1,50m a 1,80m para duas pessoas em cadeira de rodas. “

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Para melhor entendimento a ilustração a seguir demostra como é feito o

deslocamento do cadeirante.

Figura 18: medidas de manobra com deslocamento para cadeirante

.

Fonte: NBR 9050

Para calçadas a acessibilidade deve ser garantida através das seguintes

características, segundo a NBR 9050:

Os pisos das calçadas, passeios ou vias exclusivas de pedestres os pisos

devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante, evitando trepidações

para as pessoas com cadeira de rodas;

A inclinação transversal máxima deve ser de 2% para pisos internos e 3%

para pisos externos, nas faixas destinadas a circulação de pessoas (inclinações

superiores provocam insegurança no deslocamento);

A inclinação longitudinal máxima deve ser de 8,33% para que se componha

uma rota acessível;

Grelhas ou juntas de dilatação no piso, os vãos no sentido transversal ao

movimento devem ter dimensão máxima de 15 mm;

Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem incorporar faixa

livre com largura mínima recomendável de 1,50m, sendo a mínimo admissível de

1,20 m e altura livre mínima de 2,10m.

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Na circulação vertical, deve-se garantir que qualquer pessoa possa se

movimentar e acessar todos os níveis da edificação com autonomia e

independência. Segundo a norma da NBR 9050, os desníveis de 5 mm até 15 mm

devem ser tratados como rampa com inclinação máxima de 1:2 (50%), valores

menores que estes de desníveis não necessitam de tratamento.

Figura 19: Desníveis de calçadas

Fonte: NBR 9050

As rampas devem atender aos seguintes requisitos (NBR 9050):

Largura livre recomendada de 1,50 m, sendo admissível a largura mínima de

1,20 m;

Quando não existirem paredes laterais, as rampas devem possuir guias de

balizamento com altura mínima de 5 cm executadas nas projeções dos guarda

corpos;

Patamares no início e final de cada segmento de rampa com comprimento

recomendado de 1,50 m e mínimo admitido de 1,20 m, no sentido do movimento;

Largura livre recomendada de 1,50 m, sendo admissível a largura mínima de

1,20 m;

Quando não existirem paredes laterais, as rampas devem possuir guias de

balizamento com altura mínima de 5 cm executadas nas projeções dos guarda

corpos;

Patamares no início e final de cada segmento de rampa com comprimento

recomendado de 1,50 m e mínimo admitido de 1,20 m, no sentido do movimento;

Para melhor compreensão das inclinações permitidas pela norma 9050 estas

foram expressas em forma de tabela, como pode ser vista na tabela 1 abaixo.

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Tabela 1: Inclinação de rampas

Fonte: NBR 9050

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6. CONCLUSÃO

Conforme mostrado, tratar a questão da acessibilidade é fundamental para

garantir direitos das pessoas que apresentam algum tipo de deficiência física e isso

se deve pela buscando em diminuir as barreiras que essas pessoas enfrentam em

seu cotidiano, tanto em termos do preconceito em si como na questão das

construções existentes que não apresentam acessibilidade.

Vale salientar que, por muito tempo as pessoas que apresentavam algum tipo

de deficiência eram consideradas “inválidas” e “incapazes”, com isso elas acabaram

passando suas vidas reclusos e suas casas sem que pudessem criar qualquer

vínculo com outras pessoas como também, estes não possuíam a possibilidade de

exercer a pró-atividade de um cidadão comum. Somente com o passar dos anos e

depois de muitas lutas de movimentos sociais a situação começou a se modificar e

aos poucos os deficientes foram adquirindo direitos, visibilidade e foram sendo

inseridos nos ambientes sociais.

Dessa forma, a questão da acessibilidade foi um dos fatores fundamentais

para essa inserção e engajamento dos deficientes na sociedade. Ainda existem

muitas barreiras e limitações em termos de acessibilidade em instituições públicas e

privada. Assim, para exemplificar esse caso optou-se por mostrar a realidade de

algumas instituições de ensino, aqui representadas pela Universidade Regional do

Cariri – URCA, nos Campus do Crajubar e Pirajá.

Neste estudo, observou-se que essas instituições possuem inúmeras

barreiras arquitetônicas que dificultam a inclusão e acessibilidade de pessoas com

deficiência, em especial os cadeirantes. É importante destacar que muitas coisas

precisam ser modificadas e adequadas para que esses Campus, sejam

considerados acessíveis aos deficientes.

No decorrer do estudo, também houve a tentativa de aplicar questionários

para alunos cadeirantes afim de que eles relatassem o que na visão deles seriam

seus maiores desafios para sua permanência na instituição. No entanto, não

possível encontra-los em nenhum dos Campus. Contudo, acredita-se que esse fato

ocorreu devido à falta de acessibilidade plena encontrada nesses dois Campus, o

que traz por consequência a impossibilidade de pessoas com deficiência

frequentarem esta universidade.

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7. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamento Urbano. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14022 – Acessibilidade em veículos de características urbanas para o transporte coletivo de passageiros. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ACTON, Norman. Deficiência no Terceiro Mundo. In. Revista Integração. Ano 09, n. 03, mar, 1981. ADAMS, Ronald C.; Et. al. Jogos, Esportes e Exercícios para o deficiente físico. Trad. Angela G. Max. 5. Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1985. AMARAL, Ligia Assumpção. Sociedade X Deficiência. In. Revista Integração. Ano 04, n. 09, Abr/Mai/Jun, 1992. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1989. BRASIL. MEC. CENESP. Relatório de atividades da comissão do ano internacional das pessoas deficientes, 1981. 07 p. BRAZ, Valmir de Oliveira. Análise da Acessibilidade na Rua São Pedro em Juazeiro do Norte. Juazeiro do Norte: Universidade Regional do Cariri, 2013. GARCIA, Vinícius Gaspar. Avanços e desafios das políticas para pessoas com deficiência. In: Brasil debate. Disponível em: < http://brasildebate.com.br/avancos-e-desafios-das-politicas-para-pessoas-com-deficiencia/>. Acesso em 18 abr.2016 as 20:30. GUIMARÃES, M. P. A eliminação de barreiras possibilita aos portadores de deficiência agirem na sociedade. São Paulo: CVI-BH, 2002. QUEIROZ, Elida Luzi de. Acessibilidade ao sistema de transporte público – estudo de caso. Juazeiro do Norte: Universidade Regional do Cariri, 2015. MAZZOTTA, M. J. S. Fundamentos da educação especial. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1982. (Série Cadernos de Educação). - . Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996. PEREIRA, Irene de Barros. Como deve ser a acessibilidade em escolas e faculdades para atender o deficiente visual?. In: Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul FADERS. Disponível em: <http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/servicos/21/1182#>. Acesso em 17 abr.2016 as 19:42.

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SASSAKI, Romeu Kazumi. Como chamar as pessoas que têm deficiência? Revista da Sociedade Brasileira de Ostomizados, ano I, n. 1, 1° sem. 2003, p.8-11.