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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS COLEGIADO DE MATEMÁTICA PATRÍCIA ANDRESSA MAIESKI SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DE ENSINO NO SOFTWARE GEOGEBRA UNIÃO DA VITÓRIA 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS COLEGIADO DE MATEMÁTICA

PATRÍCIA ANDRESSA MAIESKI

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DE ENSINO NO

SOFTWARE GEOGEBRA

UNIÃO DA VITÓRIA 2015

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PATRÍCIA ANDRESSA MAIESKI

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DE ENSINO NO

SOFTWARE GEOGEBRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Licenciada na Universidade Estadual do Paraná, campus de União da Vitória, Área Matemática. Orientador: Prof. Me. Dirceu Scaldelai.

UNIÃO DA VITÓRIA 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado condições, coragem e forças

no decorrer desta trajetória.

Agradeço a toda a minha família pelo apoio e compreensão, especialmente a

minha mãe Jucélia, que me apoiou e me ajudou durante o curso.

Agradeço ao meu namorado Jovane José Muncinelli pelo carinho, apoio,

compreensão e incentivo durante todo o curso, principalmente nos momentos mais

difíceis.

Agradeço ao meu orientador Dirceu Scaldelai pela dedicação, paciência e

ensinamentos durante a realização deste trabalho.

Agradeço a todos os amigos, colegas acadêmicos e professores pela amizade

e companheirismo prestados durante o curso.

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Um bom ensino da Matemática forma melhores hábitos de pensamento e habilita o indivíduo a usar melhor a sua inteligência.

(Irene de Albuquerque)

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RESUMO

A sociedade que vivemos hoje é consumista, vivemos em torno do dinheiro, a escola é um dos lugares em que os alunos tem acesso as informações e que mediados pelo professor constroem o seu próprio conhecimento. Assim se torna indispensável que o aluno do Ensino Médio que logo terá que cuidar de sua situação financeira sozinho, tenha conhecimentos de operações financeiras, não só pela vida pessoal mais também pela vida profissional, pois o mercado de trabalho em muitas profissões utiliza-se dessas operações. O presente trabalho argumenta sobre a importância de ensinar Matemática Financeira no Ensino Médio e apresenta algumas abordagens da Matemática Financeira apresentada em livros didáticos. O objetivo principal deste trabalho é a apresentação de uma proposta de ensino diferenciada para o ensino da Matemática Financeira, especificamente no que se refere a sistemas de amortização, utilizando-se de um objeto de aprendizagem construído no software GeoGebra a partir da qual os alunos poderão entender como funciona os tipos de sistemas abordados, Sistema de Amortização Francês e Sistema de Amortização Constante, de modo que também possam comparar estes sistemas, com aplicação de situações que podem ser vivenciados pelos mesmos em situações de empréstimos ou financiamentos.

Palavras-chave: Matemática Financeira. Sistemas de Amortização.

GeoGebra.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6

2 MATEMÁTICA FINANCEIRA .................................................................................. 9 2.1 A IMPORTÂNCIA DE ENSINAR MATEMÁTICA FINANCEIRA .......................... 10 2.2 MATEMÁTICA FINANCEIRA APRESENTADA NOS LIVROS DIDÁTICOS ....... 14 2.3 CONCEITOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA .................................................. 18 2.3.1 Porcentagem .................................................................................................... 18 2.3.2 Juros................................................................................................................. 19 2.3.2.1 Taxa de juros ................................................................................................. 20 2.3.3 Capital inicial ou valor presente ........................................................................ 20 2.3.4 Montante ou valor futuro ................................................................................... 20 2.3.5 Prazo ou tempo ................................................................................................ 21 2.3.6 Capitalização simples ....................................................................................... 22 2.3.7 Capitalização composta ................................................................................... 23 2.3.8 Empréstimos .................................................................................................... 25 2.3.9 Sistema de amortização ................................................................................... 26 2.3.9.1 Sistema de amortização francês (tabela Price): ............................................ 26 2.3.9.2 Sistema de amortização constante (SAC) ..................................................... 29 2.3.9.2.1 SAC com prazo de carência e prazo de utilização unitário ........................ 31 2.3.9.2.2 SAC com prazo de carência, juros capitalizados e prazo de utilização unitário .................................................................................................................................. 32 2.3.9.2.3 SAC com prazo de carência e prazo de utilização não-unitário ................. 33

3 PROPOSTA DE ENSINO DE SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO COM OBJETO DE APRENDIZAGEM CONSTRUIDO NO SOFTWARE GEOGEBRA ........................... 34 3.1 TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA E O SOFTWARE GEOGEBRA .................................................................................................................................. 34 3.2 O OBJETO DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 36 3.3 PROPOSTA DE ENSINO .................................................................................... 38 3.3.1 Proposta de Ensino: Sistema de Amortização Price ........................................ 39 3.3.2 Proposta de Ensino: Sistema de Amortização SAC ......................................... 41 3.3.3 Proposta de Ensino: Comparando os Sistemas de Amortização ..................... 42 3.3.4 Proposta de Ensino: Sistemas de Amortizações e Funções ............................ 43

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

A Matemática Financeira está diretamente ligada a vidas das pessoas, em

várias situações, como compras diárias, aquisições de bens, vendas, financiamentos,

empréstimos e o acesso ao crédito. O acesso ao crédito está cada vez maior e mais

fácil aos brasileiros, podendo afetar a vida das pessoas de maneira negativa, caso

mal administrado, gerando endividamento ou perca de melhores oportunidades de

investimento. Assim se torna necessário o conhecimento de conceitos da Matemática

Financeira, que podem possuir mais significado para os alunos se contextualizados

com acontecimentos cotidianos. Portanto possuir alguns conhecimentos financeiros

se torna necessário.

Os alunos do Ensino Médio chegarão a vida adulta e terão que lidar com

questões financeiras, por isso é de suma importância intensificar conhecimentos da

Matemática Financeira com estes alunos, pois é preciso que estes saibam pensar e

analisar situações matematicamente, para garantir uma boa administração da sua

situação financeira e saber tomar decisões procurando sempre a melhor opção.

Segundo Gallas (2013, p. 12):

Um dos principais objetivos do ensino da Matemática Financeira no ensino médio é formar a base de conceitos necessários a um bom entendimento do aluno em relação às operações financeiras que o mesmo será submetido diariamente. Também possui como função ajudar na construção de sua educação financeira, para que possuam hábitos responsáveis no que tange a utilização de seu dinheiro na vida adulta.

A Matemática Financeira está diretamente ligada a questões de cidadania,

visto que proporciona formar cidadãos críticos que tomam decisões reflexivas tanto

na sua vida financeira como em questões de trabalho. Percebe-se hoje que no

mercado de trabalho ao lidar com questões financeiras existem também recursos

tecnológicos que facilitam esse trabalho servindo de ferramentas, mas é necessário

saber usar e saber interpretar os resultados. Logo além de dar sentido a outros

conteúdos da Matemática como funções, proporção, porcentagem e etc., a

Matemática Financeira também relaciona-se com o uso de tecnologias, em especial

computadores e calculadoras. Recursos estes que o professor pode e deve utilizar

para o ensino da mesma.

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Marchioni (2013, p. 16) se refere a Matemática Financeira como “[...] um

assunto recente na educação básica brasileira. Atualmente, sua abordagem, quando

ocorre, geralmente acontece de forma desconectada dos conteúdos matemáticos que

a embasam, apoiando-se em fórmulas prontas e decoradas.” No sentido de criar uma

proposta de ensino diferenciada para o professor, o presente trabalho apresenta uma

proposta baseada em conceitos da Matemática Financeira, especificamente Sistemas

de Amortizações, a qual tem como objetivo comparar e estudar dois tipos de Sistemas

de Amortização, o Sistema de Amortização Francês, também chamado de Price e o

Sistema de Amortização Constante (SAC), pois estes são os mais utilizados em nosso

país e considera-se importante possuir conhecimentos sobre eles, criando assim uma

proposta contextualizada com situações que possam ser vivenciadas pelos alunos.

Além da comparação entre os sistemas também é possível relacionar os itens de cada

sistema, quanto a parcela de juros, amortização e prestação com o comportamento

de funções. Para a realização das tarefas utiliza-se como objeto de aprendizagem um

arquivo construído no software GeoGebra na versão 5.0.166.0-3D., o qual permite

simular financiamentos ou empréstimos em ambos os tipos de sistemas e podendo

também analisá-los de maneira visual através de gráficos.

O trabalho está organizado em dois principais momentos. O primeiro

momento traz uma revisão bibliográfica referente à Matemática Financeira, a qual está

dividido em três partes. A primeira aborda a importância de ensinar matemática

financeira, o qual aborda documentos como LBD (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional), PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), PCN+ (Orientações

Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais), DCE

(Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná) e Orientações curriculares para o

Ensino Médio que mencionam a relevância de se ensinar Matemática Financeira e

como a Matemática Financeira deve se relacionar com os outros conteúdos, além de

outros autores que argumentam sobre o ensino da Matemática Financeira. A segunda

parte descreve o que de Matemática Financeira é abordado em livros didáticos e

baseado nessa pesquisa a terceira parte traz os conceitos da Matemática Financeira

que são comumente ensinados na escola e que são utilizados neste trabalho para o

desenvolvimento da proposta de ensino.

O Segundo momento é referente a proposta de ensino, sendo este dividido

em quatro partes. A primeira faz referência ao uso de tecnologias no ensino da

Matemática que é utilizada neste trabalho, a segunda descreve sobre o objeto de

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aprendizagem criado no GeoGebra. A terceira parte são as quatro tarefas propostas,

em que a primeira é relativa ao Sistema de Amortização Constante, a segunda ao

Sistema de Amortização Francês, a terceira é caracterizada pela comparação entre

os sistemas e a quarta tarefa tem como objetivo relacionar o comportamento das

parcelas de juros, amortização e a prestação em cada sistema com funções que

descrevem esse comportamento graficamente.

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2 MATEMÁTICA FINANCEIRA

A Matemática é uma ciência dividida em vários campos, sendo que um destes

é a Matemática Financeira a qual estuda o valor do dinheiro com o passar do tempo.

“A Matemática Financeira é um ramo da matemática que tem como objetivo estudar

as relações existentes entre os valores datados” (ROVINA, 2009, p. 6). Bruni; Famá

(2010, p. 20) consideram a Matemática Financeira como “[...] um conjunto de técnicas

e formulações extraídas da matemática, com o objetivo de resolver problemas

relacionados ás Finanças de modo geral, e que, basicamente, consistem no estudo

do valor do dinheiro no tempo”.

A questão do valor do dinheiro no tempo está relacionada à medida que o

tempo passa o valor do dinheiro muda, pois “quer em função de ter-se a oportunidade

de aplicá-lo, obtendo-se, assim uma remuneração (juros) sobre a quantia envolvida,

quer em função de sua desvalorização por causa da inflação” (BRUNI; FAMÁ, 2010,

p.20).

Para Puccini (2004, p. 3) “A Matemática Financeira está diretamente ligada ao

valor do dinheiro no tempo, que, por sua vez, está interligado à existência da taxa de

juros”. Dois mandamentos fundamentais da Matemática Financeira devem ser

respeitados:

a) Valores de mesma data são grandezas que podem ser somadas e comparadas algebricamente; b) Valores de datas diferentes são grandezas que só podem ser comparadas e somadas algebricamente após serem movimentadas para uma mesma data, com a correta aplicação de uma taxa de juros. (PUCCINI, 2004, p. 3)

A Matemática Financeira está presente na vida das pessoas, e surgiu da

necessidade de lidar com o dinheiro ao longo do tempo (ROVINA, 2009). Logo

considera-se importante ensinar Matemática Financeira.

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2.1 A IMPORTÂNCIA DE ENSINAR MATEMÁTICA FINANCEIRA

Observando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) Lei nº

9.394, de 20 de dezembro de 1996, traz em seu Art. 1º.Da Educação: “§ 2º. A

educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.”

Visando este princípio de educação vinculado ao mundo de trabalho e a

prática social, pode-se argumentar sobre a importância de se ensinar Matemática

Financeira. Ainda segundo a LDB:

Seção I Das Disposições Gerais Art. 22º. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

A respeito do Ensino Médio, a LDB traz:

Art. 35º.Do Ensino Médio. II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

Seguindo os objetivos desta lei, a Matemática Financeira pode ser uma

ferramenta importante para desenvolver o pensamento crítico e autonomia intelectual

para a tomada de decisões de caráter financeiro e consequentemente preparando o

aluno também para o resolver situações financeiras na vida profissional.

Pode-se constatar que nos Planos Políticos Pedagógicos das escolas, alguns

assuntos devem ser articulados de maneira transversal com os conteúdos

curriculares, promovendo a prática reflexiva dos alunos com assuntos do mundo

contemporâneo. Um desses assuntos é a chamada Educação Fiscal. Segundo a

Receita Federal:

A Educação Fiscal é um processo que visa a construção de uma consciência voltada ao exercício da cidadania. O objetivo é propiciar a participação do cidadão no funcionamento e aperfeiçoamento dos instrumentos de controles social e fiscal do Estado.

Seguindo o que consta no PCN (1997, p. 26), a prática educacional precisa

possibilitar que as necessidades sociais sejam atendidas e “[...] que considere os

interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a

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formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com

competência dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.” Entender

Matemática Financeira torna-se algo indispensável em relação à questão de

cidadania, pois o cidadão, à medida que conhece sobre questões financeiras pode

também cobrar pelos seus direitos. Desse modo a Matemática Financeira se faz

presente na vida dos alunos, como de forma a desenvolver o pensamento crítico e

contribuindo para a formação da cidadania.

Segundo Reis (2013, p.15), “A escola tem compromisso com a sociedade,

com a cidadania. Somos professores de alunos que serão futuros cidadãos de nosso

país.”. Reis (2013, p. 16) também afirma que:

As diferentes e múltiplas Matemáticas, suas linguagens, procedimentos e formas específicas de pensar, devem organizar situações de aprendizagem nas quais os conteúdos sejam tratados de forma que relacionem o conhecimento científico aos problemas que fazem parte da vida do aluno para que o mesmo faça sentido.

Pensando em trabalhar conteúdos matemáticos com os alunos de forma a

atribuir significado e associar a questões sociais, é que o professor precisa relacionar

a Matemática Financeira com o cotidiano dos alunos e o mercado financeiro atual.

Mesmo a Matemática Financeira sendo importante, observar-se que é comum

alunos que concluíram o Ensino Médio não saberem usar o pensamento matemático

para entender coisas eventuais do seu dia a dia (SAMPAIO, 2013). Muitas pessoas

podem não saber realizar o cálculo de juros e adiantamentos de parcelas para saber

o quanto de fato estão pagando ou quanto poderiam pagar com o adiantamento de

parcelas de um financiamento, por exemplo, e tomar decisões que poderiam ser

lucrativas para sua situação financeira, ou ainda que podem estar relacionadas ao

mercado de trabalho.

Muniz Junior (2010, apud, DUARTE; TASSOTE; DIAS; VIANA, 2012, p.196)

afirma que: “a população brasileira tem lidado com o dinheiro de maneira desastrosa,

onde a falta de informação matemática, inclusive sem foco na tomada de decisões,

tem sido um dos principais motivos dessa realidade”. Trabalhar com a Matemática

Financeira em sala de aula pode proporcionar aos alunos conhecimentos para sua

vida financeira.

Com o fácil acesso ao crédito no Brasil, nos últimos anos, em decorrência de

mudanças econômicas, aumentou o consumo e aquisição de bens,

consequentemente faz-se necessário conhecimentos financeiros, pois as pessoas

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que não tiverem conhecimentos mínimos da Matemática Financeira e suas operações,

podem contrair um desiquilíbrio financeiro, ocasionando problemas em suas vidas.

(GALLAS, 2013, p. 12). O que se torna um dos principais motivos, para o ensino da

Matemática Financeira.

Pensando em jovens que acabaram de concluir o Ensino Médio, há indícios

da falta do ensino de Matemática Financeira, como diz Morgado (1993, apud

SAMPAIO, 2013, p. 12):

Matemática Financeira é um assunto que inexplicavelmente não costuma ser abordado no Ensino Médio, então a gente chega a ter no Brasil essa situação absurda, de um aluno com onze anos de Matemática, oito no ensino fundamental e três no médio, entra para a universidade e não é capaz de decidir racionalmente entre uma compra à vista com desconto e uma compra a prazo. Ao mesmo tempo ele aprendeu a fazer contas com matrizes, aprendeu o que são números complexos e é incapaz de decidir racionalmente entre uma compra à vista e uma compra a prazo. Isso é na minha opinião uma maluquice total, Matemática Financeira, pode e deve ser abordada no Ensino Médio e a hora adequada é exatamente ligada a progressão geométrica.

Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (2008, p.

61):

É importante que o aluno do Ensino Médio compreenda a matemática financeira aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se o trato com dívidas, com crediários à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras.

Ainda seguindo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná

(2008, p. 62), recomenda-se que a Matemática Financeira seja abordada no Conteúdo

Estruturante Funções. “No Ensino Médio, no estudo dos conteúdos função afim e

progressão aritmética, ambos vinculados ao Conteúdo Estruturante Funções, o

professor pode buscar na matemática financeira, mais precisamente nos conceitos de

juros simples, elementos para abordá-los.” Ao que se refere a juros composto as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná recomenda que sejam

articulados com função exponencial e progressão geométrica.

Já seguindo o PCN+ (Orientações Educacionais Complementares aos

Parâmetros Curriculares Nacionais), a Matemática Financeira aparece dentro do eixo

estruturador Álgebra, da seguinte forma:

[...]Álgebra, na vivência cotidiana se apresenta com enorme importância enquanto linguagem, como na variedade de gráficos presentes diariamente nos noticiários e jornais, e também enquanto instrumento de cálculos de

natureza financeira e prática, em geral. (BRASIL, 2000, p. 120)

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Também sugere a Matemática Financeira contemplada ao ensino de funções.

“As funções exponencial e logarítmica, por exemplo, são usadas para descrever a

variação de duas grandezas em que o crescimento da variável independente é muito

rápido, sendo aplicada em áreas do conhecimento como matemática financeira, [...]”.

(BRASIL, 2000, p. 121).

Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006, p. 70), encontramos

que ao trabalhar com Número e operações “[...]deve-se proporcionar aos alunos uma

diversidade de situações, de forma a capacitá-los a resolver problemas do

quotidiano[...]” e também:

[...] tornar o aluno, ao final do ensino médio, capaz de decidir sobre as vantagens/desvantagens de uma compra à vista ou a prazo; avaliar o custo de um produto em função da quantidade; conferir se estão corretas informações em embalagens de produtos quanto ao volume; calcular impostos e contribuições previdenciárias; avaliar modalidades de juros bancários (BRASIL, 2006, p. 71).

A Matemática Financeira é um assunto recente na educação básica, sendo

abordada de forma desconectada de outros conteúdos e apoiando-se em fórmulas

prontas (MARCHIONI, 2013). Em relação ao ensino da Matemática Financeira na

formação de professores, Marchioni (2013, p. 25) também aponta que “Faz-se

necessária e urgente uma formação direcionada aos professores, pois muitos nem

sequer tiveram este conteúdo em sua formação e outros, ainda, o viram com

abordagem nem sempre aprofundada”.

Através da aprendizagem da Matemática Financeira os alunos podem vivenciar situações de seu cotidiano como: compra, venda, pagamento à vista, pagamento parcelado, juros, desconto e outras situações diárias que podem exigir este conhecimento. Supõe-se que este fato pode despertar um maior interesse pelo assunto, que será de uso contínuo em sua vida (GALLAS, 2013, p.12).

Em relação aos conteúdos envolvidos na Matemática Financeira, Santos (2007,

p. 4) defende a Matemática Financeira como maneira de atribuir significados a outros

conteúdos Matemáticos:

Conhecer os conteúdos matemáticos que estão envolvidos nas atividades financeiras tais como os cálculos dos juros simples e compostos, os descontos, as capitalizações e amortizações de dívidas é, sem dúvida, uma forma agradável de dar significado a diversos conteúdos importantes da Matemática do Ensino Fundamental e Médio, tais como: Razões, Proporções, Porcentagem, Funções, Progressões Aritméticas e Geométricas, entre outros.

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Gallas (2013, p. 14-15), também acredita que a importância da Matemática

Financeira no Ensino Médio é necessária para que o aluno ingresse no mercado de

trabalho “Com o início das atividades profissionais este passa a envolver-se mais

diretamente com a utilização do dinheiro e é importante que ele saiba compreender

como funcionam as operações financeiras a que será submetido.” Segundo Gouveia

(2006, p. 12), “a Matemática Financeira nem sempre é trabalhada nas escolas de

Ensino Fundamental e Ensino Médio, e quando é oferecida, muitas vezes, fica longe

do contexto em que o aluno está inserido.” Cabe ao professor de Matemática também

abordar conteúdos que proporcionem uma relação com o seu cotidiano, e de forma a

preparar melhor o aluno par o seu futuro. A Matemática Financeira aparece na vida

dos alunos desde uma simples compra no seu dia a dia até um financiamento, como

por exemplo o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil). Sendo assim fica evidente

a necessidade de se trabalhar a Matemática Financeira em sala de aula, visando que

os cidadãos despreparados financeiramente não possuem apenas comportamentos

prejudiciais a si mesmo, mas para a toda a sociedade (DUARTE; TASSOTE; DIAS;

VIANA, 2012).

2.2 MATEMÁTICA FINANCEIRA APRESENTADA NOS LIVROS DIDÁTICOS

O intuito deste trabalho era realizar uma proposta de ensino baseada em

conceitos da Matemática Financeira que não são abordados no ensino médio com

frequência, para tal realizou-se uma pesquisa em cinco livros didáticos de Matemática

de ensino médio, com o intuito de verificar quais tópicos da Matemática Financeira

estão sendo abordados e como estão sendo abordados pelos autores. Nascimento

(2004, apud REIS, 2013, p. 25) “acredita que os livros orientam as escolhas de

conteúdos de forma mais direta que os documentos oficiais”.

No livro Matemática Completa (GIOVANNI; BONJORNO, 2005), encontra-se

como um dos capítulos “Noções de Matemática Financeira”, o qual inicia após o

estudo dos tipos de funções. Este capítulo aborda os conteúdos de: porcentagem,

lucro e prejuízo, acréscimos e descontos sucessivos, juros simples, juros compostos,

a fórmula do montante, usando logaritmos no cálculo de juro composto, valor atual e

valor futuro.

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O conteúdo de porcentagem é o primeiro abordado pelo livro associado a

Matemática Financeira, começando com exemplos do uso da expressão por cento nos

meios de comunicação. Após descrever a origem epistemológica da palavra por cento,

os autores abordam os conceitos de lucro e prejuízo enfatizando situações de venda

de produtos. Acréscimos e descontos sucessivos são abordados da mesma forma que

o item anterior, também aborda sobre prazo exato e prazo comercial, intervalos de

tempo a qual a taxa de juros pode estar relacionada, ou seja, a.d. ( ao dia), a.m.( ao

mês) a.a. ( ao ano). O sétimo item, usando logaritmo no cálculo de juro composto, é

utilizado as propriedades dos logaritmos para resolver problemas que envolvam juro

composto e segue com o cálculo de valor futuro usando juros composto. Por fim

propõe alguns exercícios com o uso de calculadora, curiosidades sobre direitos do

consumidor e compra à vista ou a prazo.

O Livro Matemática (SMOLE; DINIZ, 2006) traz como unidade 1 “Noções de

Matemática Financeira”, a qual contém os tópicos: introdução, a linguagem da

Matemática Financeira, porcentagem, identificando dois tipos de juro, fórmula para

calcular juros simples, fórmula para calcular juros composto.

Na introdução o livro traz uma situação de empréstimo feito por uma pessoa

em uma agência bancária, em que a cliente calculou o juros de uma forma a qual não

coincidiu com o cálculo feito pelo gerente do banco. A Matemática Financeira neste

livro é descrita como sendo um ramo da Matemática, e por sua vez é bastante utilizada

no comércio, indústria e finanças. No segundo tópico, a linguagem da Matemática

Financeira, são definidos capital, juro, taxa de juro, prazo, e montante, as definições

são escritas de forma parecida com o livro anterior, de maneira sucinta. Em seguida

traz uma definição de porcentagem, e constata que “Situações de compra, venda,

prestações, aumentos e descontos, são exemplos de como as porcentagens

aparecem em nosso cotidiano” (SMOLE; DINIZ, 2006, p. 10). Posteriormente segue

com exercícios resolvidos, problemas e exercícios propostos. O quarto tópico,

identificando dois tipos de juros, menciona dois critérios ou regimes os quais fazem

crescer o montante, sendo de capitalização simples ou de capitalização composta,

nos quais esses dois sistemas também são conhecidos como juros simples e juros

compostos (SMOLE; DINIZ, 2006).

O diferencial deste livro em relação ao anterior, são os “Flash Matemático”

dos quais o primeiro traz a ideia de cobrar juros num contexto histórico, e o segundo

sobre funções e juros, em que “[...] o crescimento do capital inicial a juros simples é

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linear e a juros composto é exponencial” (SMOLE; DINIZ, 2006, p. 25). A relação de

juros e funções pode ser observada na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Montante composto e montante simples

Fonte: Smole; Diniz (2006, p. 25)

Já no livro Matemática (DANTE, 2010) no capítulo 27, noções de Matemática

Financeira, encontra-se na quinta unidade, que compreende Estatística e Matemática

Financeira.

O livro começa o capítulo que trata da Matemática Financeira com um

exemplo de situação do dia-a-dia, em que se deseja saber se é mais vantajoso pagar

à vista ou em parcelas. Após a introdução o primeiro item estabelece uma relação de

proporção entre alguns números, sendo diretamente proporcionais ou inversamente

proporcionais. No terceiro tópico traz porcentagem, aumentos e descontos

sucessivos, com exemplos e exercícios. No quarto item deste capítulo: alguns termos

importantes de Matemática Financeira, define-se capital, tempo, taxa de juros, e

montante, com exemplos de utilização desses termos. O quinto e sexto tópicos são

juros simples e juros compostos. Em que na fórmula de montante utilizando sistema

de juros composto reconhece uma PG (Progressão Geométrica) de razão 1+ i.

Por fim, juros e funções, com exemplos de juros simples e juros compostos

como sendo função linear e função exponencial. E também apresenta a fórmula

fundamental da equivalência de capitais.

No livro Matemática (SOUZA, 2010), sendo o terceiro capítulo, Matemática

Financeira, o autor inicia com uma introdução, estudando Matemática Financeira,

seguido de porcentagem, acréscimos e descontos sucessivos, juros e funções,

sistema de amortização.

Inicialmente o autor traz no capitulo que “Ao realizarmos operações como

compra ou venda de produtos e serviços, aplicações ou empréstimos bancários,

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pagamento de impostos, cálculo de prestações, entre outros, estamos lidando com

elementos da Matemática Financeira” (SOUZA, 2010, p. 58). Trazendo assim

exemplos do cotidiano dos alunos com o uso da Matemática Financeira. Para o estudo

de alguns elementos da Matemática Financeira, inicialmente é relembrado alguns

conceitos de porcentagem, seguido de um grande número de exemplos, exercícios

resolvidos e atividades envolvendo situações-problema. Acréscimos e descontos

sucessivos também trazem inicialmente exemplos de situações em que são utilizados.

Os tópicos de juros simples, juros composto, juros e funções segue a mesma ideia

dos livros anteriores.

Em relação aos demais, este livro aborda sistema de amortização, em que o

autor utiliza a questão de empréstimos em situações de indisponibilidade de capital

para a aquisição um bem, e ao efetuar os pagamentos parciais para saldar a dívida

ocorre sua amortização.

No livro Matemática (RIBEIRO, 2011), como introdução do capítulo referente

Matemática Financeira, o autor aborda uma das maiores crises financeiras ocorrida

nos Estado Unidos, mencionando que o auge desta crise ocorreu em 2008. Com base

nisso descreve a crise em quatro momentos, imóveis valorizados, títulos lastreados,

juros altos e queda dos preços, perda dos bancos. Após esse contexto aborda

conceitos de proporcionalidade e porcentagem, para então estudar alguns

instrumentos da Matemática Financeira. Proporção numérica envolve conceitos de

razão e proporção de maneira breve, em seguida porcentagem, que contém uma

definição, exemplos contextualizados, e exercícios. Acréscimo e desconto, em que

são discutidos acréscimos simples, acréscimos simultâneos, acréscimos sucessivos,

em que também é dado o exemplo de inflação como sendo um acréscimo,

posteriormente descontos, descontos simples, simultâneos e sucessivos. E por fim

traz alguns termos da Matemática Financeira e conceito de juros, juros simples e

composto, juros e funções. Também encontra-se algumas discussões e sugestões de

leituras como: compra à vista ou a prazo, investimentos e dinheiro.

Observa-se que todos os livros analisados trazem conceitos de porcentagem,

juros simples e juros composto e termos da Matemática Financeira como: montante,

capital, juros e prazo. Acréscimos e descontos sucessivos aparece em três dos cinco

livros verificados, valor atual e valor futuro é abordado em dois livros, podendo ser em

um deles o valor futuro interpretado como montante. Lucro e prejuízo encontra-se em

apenas um dos livros, assim como sistemas de amortização. A relação de juros

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simples com função linear e juro composto com função exponencial e progressão

geométrica como recomendado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Paraná, podem ser encontradas em alguns dos livros pesquisados. Outros temas

sugeridos pelos PCN, como compra à vista e a prazo e modalidades de juros

bancários também são encontrados em alguns desses livros, muitas vezes como

sugestões de leitura ou curiosidades do fim do capítulo, o que pode acabar não sendo

utilizado pelo professor em sala de aula ou até mesmo os juros bancários que

aparecem juntamente com grandes listas de exercícios que podem não ser feitas

pelos alunos.

Contudo percebe-se uma certa escassez de atividades exploratórias que

atribuam sentido para os alunos utilizando-se de conceitos da Matemática Financeira

contextualizadas com situações do cotidiano, em que os mesmo terão que tomar

decisões que podem comprometer suas vidas financeiramente. Tais atividades

poderiam ser substituídas pelas inúmeras e grandiosas listas de exercícios

encontradas em alguns livros, que são repetitivos ou que empregam apenas o uso de

fórmulas prontas para a resolução sem significado para o aluno.

2.3 CONCEITOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Há vários conceitos da Matemática Financeira abordados nos livros didáticos

e relacionados com outros conceitos da Matemática, que são ensinados na educação

básica. Alguns desses conceitos, técnicas e formulações extraídas da Matemática

serão abordados e utilizados neste trabalho.

2.3.1 Porcentagem

“A porcentagem corresponde à parte considerada de um total de 100 partes.

Para indicá-la, utilizamos o símbolo %. Toda razão 𝑥

𝑦, com y=100, é denominada taxa

percentual.” (SOUZA, 2013). Um percentual do tipo “c por cento” (c%) representa c

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dividido por 100 (c/100). A expressão “por cento” deriva do latim per centum, que

significa “um em cem” ou “por um cento”. Existe duas formas básicas de notação de

valores:

Forma unitária: exibe o número puro, permitindo operações algébricas.

Exemplo: 0,06.

Forma percentual: exibe o número que deve ser dividido por 100. Não

permite operação algébrica imediata. Exemplo: 3%.

2.3.2 Juros

O juro é a remuneração do capital emprestado por um determinado período.

Assim o juro pode ser entendido como o aluguel pago pelo dinheiro que foi usado. Os

fatores os quais influenciam no valor dos juros imposto pelo possuidor do dinheiro são:

1. Risco: probabilidade de o tomador do empréstimo não resgatar o dinheiro. 2. Despesas: todas as despesas operacionais, contratuais e tributárias para a formalização do empréstimo e à efetivação da cobrança. 3. Inflação: índice de desvalorização do poder aquisitivo da moeda previsto para o prazo do empréstimo. 4. Ganho (ou lucro): fixado em função das demais oportunidades de investimentos (“custo de oportunidade”); justifica-se pela privação por parte do seu dono, da unidade do capital (SOBRINHO, 2013, p. 19).

As seguintes expressões podem representar conceitos de juros:

a) Remuneração do capital empregado em atividades produtivas; b) Custo do capital de terceiros; c) Remuneração paga pelas instituições financeiras sobre o capital nelas aplicado (PUCCINI, 2004, p. 2).

Portanto o juro deve apresentar uma remuneração ao proprietário pelo risco

envolvido na operação de empréstimo ou aplicação, o qual é representado pela

incerteza em relação ao futuro do capital emprestado ou aplicado. O juro deve trazer

um ganho ao proprietário do dinheiro em função da privação do uso do dinheiro em

determinado tempo e pela perda do poder de aquisição desencadeado pela inflação.

(BRUNI; FAMÁ, 2010).

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2.3.2.1 Taxa de juros

Taxa de juros é a razão entre o juro recebido no final de um certo período de

tempo e o capital inicial aplicado ou emprestado (SOBRINHO, 2013). Esta razão é

especificada do seguinte modo:

𝑖 =𝐽

𝑃

Em que i é a taxa de juros, J o valor do juro e P o valor do capital inicial. A

taxa de juros pode ser acompanhada do intervalo de tempo em que se aplica, sendo

que os principais intervalos de tempo utilizado são: ao dia (a.d), ao mês (a.m.), ao ano

(a.a.), ao semestre (a.s.), ao trimestre (a.t). As taxas de juros são usualmente

representadas na forma percentual.

2.3.3 Capital inicial ou valor presente

“É a quantidade de moeda (ou dinheiro) que um indivíduo tem disponível e

concorda em ceder a outro, temporariamente, mediante determinada renumeração.”

(BRUNI; FAMÁ, 2010). O Capital é sempre colocado na data focal 0 (zero), que é o

momento em que é realizado a operação financeira. O Valor presente (VP) é o valor

de uma operação financeira em uma data presente, ou seja antes do vencimento da

operação, ficando entre o Capital e o Montante. No caso de uma operação financeira

iniciada hoje, o VP e o capital inicial coincidem, por este motivos podem ser usados

como sinônimos (PUCCINI, 2007).

2.3.4 Montante ou valor futuro

É a soma do capital inicial mais o juro produzido em um determinado período

de tempo, que ocorreu uma aplicação ou operação financeira. O montante é o

resultado da aplicação do capital inicial, ou seja a quantidade de moeda (ou dinheiro)

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que poderá ser usufruída no futuro. Em alguns casos como operações de desconto

comercial, o valor futuro também pode ser denominado por valor nominal (BRUNI;

FAMÁ, 2010). Para Puccini (2007, p.17) “Valor futuro (FV) é o valor de uma operação

financeira em qualquer data compreendida entre a data presente e o vencimento da

operação.” Em que Valor futuro também pode ser utilizado como sinônimo de

Montante. O valor do montante pode ser obtido através da equação (1):

𝑀 = 𝑃 + 𝐽 (1)

Em que M representa o montante, P o capital inicial e J o valor do juros.

2.3.5 Prazo ou tempo

É o tempo ou período durante o qual um capital recebe juros, ou que é

realizado a operação financeira. O prazo pode ser expresso em dias, meses,

trimestres, anos etc (ROVINA, 2009). Na Matemática Financeira pode-se referir ao

tempo também como período de capitalização. É importante destacar que a taxa de

juros e o número de períodos em que ocorre a capitalização deve estar na mesma

base.

Correntemente nas aplicações as taxas são expressas de forma anual, e os

prazos fixados em dias. A curto prazo geralmente adota-se o regime de capitalização

simples, tornando-se necessário o cálculo da taxa de juros proporcional referente a

um dia. Neste caso pode-se ter dois enfoques dependendo do número de dias

adotados para o ano, em que se tem o ano civil e o ano comercial. (BRUNI; FAMÁ,

2010).

No ano civil utiliza-se 365 dias ou 366 dias (ano bissexto), no qual o número

de dias de cada mês pode ser obtido através do calendário, levando-se em conta os

meses com 30 ou 31 dias, e fevereiro com 28 dias ou 29 (ano bissexto). Assim o

cálculo de juro exato é obtido através do período do ano civil. No ano comercial utiliza-

se 360 dias, no qual os meses tem sempre 30 dias, neste período o juros pode ser

simples ou compostos (MATHIAS; GOMES, 2013).

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2.3.6 Capitalização simples

No regime de capitalização simples a taxa de juros incide somente sobre o

capital inicial, não incidindo sobre o juros acumulados. Neste regime o juros variam

linearmente em função do tempo (SOBRINHO, 2013). Sendo este juro chamado de

Juros Simples, seu cálculo pode ser obtido através da expressão:

𝐽 = 𝑃. 𝑖. 𝑛

Em que n é o número de períodos da capitalização, P é o capital inicial e i o

valor da taxa de juros. O crescimento do juro no regime de capitalização simples pode

ser observado na figura 2.2, em que tem-se um exemplo do crescimento de um

investimento de R$1.000,00 a juros simples de 8% a.a., no período de quatro anos.

Figura 2.2. - Juro Simples.

Fonte: Puccini (2004, p.14)

Na capitalização simples o juros incide somente sobre o capital inicial. Pode-

se expandir os conceitos a fim de se obter uma equação que possibilite calcular o

juros em qualquer período n, e por fim obter uma equação que permita obter o

montante M em qualquer período da capitalização simples.

Em um período tem-se que o Juro é igual a:

𝐽 = 𝑃. 𝑖 (2)

Para dois períodos:

𝐽 = 𝑃. 𝑖 + 𝑃. 𝑖 = 𝑃. 𝑖. 2 (3)

Para três períodos obtém-se:

𝐽 = 𝑃. 𝑖 + 𝑃. 𝑖 + 𝑃. 𝑖 = 𝑃. 𝑖. 3 (4)

Logo soma-se n vezes P.i, assim obtém-se:

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𝐽 = 𝑃. 𝑖 + 𝑃. 𝑖. +𝑃. 𝑖 + 𝑃. 𝑖 + ⋯ = 𝑃. 𝑖. 𝑛 (5)

Agora substituindo a equação (5) em (1) para obter uma equação que

representa o montante em qualquer período no regime de capitalização simples, tem-

se:

𝑀 = 𝑃 + 𝑃. 𝑖. 𝑛 (6)

Colocando P em evidência obtém-se:

𝑀 = 𝑃( 1 + 𝑖. 𝑛) (7)

Podemos relacionar (7) com uma Progressão Aritmética (P.A), em que an é o

Montante ao final de n períodos, a1 o Capital inicia representado por P, e r a razão

obtida por P.i, que representa o juros J, obtendo:

𝑎𝑛 = 𝑎1 + 𝑟(𝑛 − 1) Fórmula do termo geral da P.A

𝑀𝑛 = 𝑃 + 𝑃. 𝑖(𝑛 − 1) Montante no regime de capitalização simples. (8)

2.3.7 Capitalização composta

No regime de capitalização composta os juros de cada período são

adicionados ao capital, formando assim um novo capital para o cálculo dos novos juros

no período seguinte. Matematicamente a taxa do seu crescimento ou decrescimento

varia exponencialmente em função do tempo, sendo assim analisado como uma

função exponencial (BRUNI; FAMÁ, 2010). Pode-se observar o crescimento

exponencial de um investimento com taxa de juros composto na Figura 2.3, podendo

assim comparar com o crescimento linear do juros simples, e observar a diferença do

montante em cada regime.

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Figura 2.3. - Juro Composto.

Fonte: http://www2.anhembi.br/html/ead01/mat_financeira/site/lu04/lo1/index.htm

Para a demonstração da equação do cálculo do montante no sistema de juro

composto tem-se que:

Para um período utilizando-se da equação (6) o juros é dado pelo capital inicial

mais o juros, com n=1, como na capitalização simples, logo:

𝑀1 = 𝑃 + 𝑃. 𝑖 (9)

Colocando P em evidência, obtém-se que M1 é igual a:

𝑀1 = 𝑃(1 + 𝑖) (10)

Para dois períodos, obtém-se que o montante (M2) será o montante do

primeiro período (M1) mais M1 multiplicado pela taxa de juros que será o novo capital

acumulado obtendo assim:

𝑀2 = 𝑀1 + 𝑀1. 𝑖 (11)

Desta maneira, colocando M1 em evidência, M2 será igual a:

𝑀2 = 𝑀1(1 + 𝑖) (12)

Substituindo M1 por (10) em (12):

𝑀2 = 𝑃(1 + 𝑖). (1 + 𝑖) (13)

Aplicando-se propriedade de potências em (13), obtém-se:

𝑀2 = 𝑃(1 + 𝑖)2 (14)

Para três períodos, o montante (M3) será o montante do segundo período (M2)

mais M2 multiplicado pela taxa de juros i, tendo assim:

𝑀3 = 𝑀2 + 𝑀2. 𝑖 (15)

Substituindo (14) em (15), obtém-se:

𝑀3 = 𝑃(1 + 𝑖)2 + 𝑃(1 + 𝑖)2. 𝑖 (16)

Colocando P(1+i)2 em evidência, encontra-se:

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𝑀3 = 𝑃(1 + 𝑖)2(1 + 𝑖) (17)

Aplicando-se propriedade de potências em (17):

𝑀3 = 𝑃(1 + 𝑖)3 (18)

Da mesma forma segue o montante para n períodos (Mn) no regime de

capitalização composta:

𝑀𝑛 = 𝑃(1 + 𝑖)𝑛 (19)

Ao contrário do juros simples, no sistema de juro composto pode-se observar

que obtém-se uma Progressão Geométrica (P.G), pois pode ser interpretado como

uma sucessão de números em que cada um exceto o primeiro é igual ao antecedente

multiplicado pela razão, que neste caso será o montante anterior multiplicado pela

taxa de juros, em que Mn será o enésimo termo da P.G, P será o primeiro termo e a

razão será (1+i), e n o número de termos. Logo ao final de n períodos, resultará em:

𝑎𝑛 = 𝑎1. 𝑞(𝑛−1) Fórmula do termo geral da P.G

𝑀𝑛 = 𝑃(1 + 𝑖)𝑛−1 (20)

É importante destacar que a contagem na Matemática Financeira é feita ao

final de cada período.

2.3.8 Empréstimos

A dívida surge quando uma dada importância é emprestada por um certo

prazo. Quem assume a dívida deve pagar o capital emprestado mais o juros devidos

durante o prazo estipulado. Os empréstimos podem ser caracterizados em curto,

médio, ou longo prazo (MATHIAS, GOMES, 2013).

Os empréstimos de curto ou médio prazo normalmente devem ser saldados

em até três anos. Já os empréstimos à longo prazo podem ser restituídos em várias

modalidades, em que as condições para o pagamento são previamente estipuladas

por contrato entre as partes, credor e devedor. (MATHIAS, GOMES, 2013). Tais

modalidades são os Sistemas de Amortização.

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2.3.9 Sistema de amortização

Entende-se por amortização “a fração (parte) do capital paga ou recebida em

um determinado período (data)” (ROVINA, 2009, p.24). A representação da

amortização será feita por A.

Para falar sobre sistema de amortização precisa-se definir séries de

pagamentos e prestação. As séries de pagamentos podem ser entendidas como uma

sucessão de pagamentos ou recebimentos com vencimentos sucessivos.

Prestação “é o pagamento efetuado ao longo da série de pagamentos, sendo

composta de uma parcela de capital, chamada amortização e uma parcela de juros”

(ROVINA, 2009, p.25). A prestação pode ser representada pela seguinte equação:

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 = 𝐴 + 𝐽 (21)

Sendo A amortização e J o juros.

Pode-se construir uma série de pagamentos utilizando qualquer um dos

sistemas de capitalização de juros, ou seja, juros simples ou juros compostos. O

retorno financeiro e as prestações serão diferentes conforme o regime de

capitalização de juros escolhidos. O prazo também influencia nos valores de juros

recebidos ou pagos, quanto maior o prazo maior será o valor (ROVINA, 2009).

As classificações dos sistemas de amortizações são usualmente feitas com

base na forma de cálculo das anuidade (BRUNI; FAMÁ, 2010). Pode-se classificar os

sistemas de amortizações em três tipos principais: americano, francês ou constantes.

O sistema de amortização francês é muito utilizado em todos os setores financeiros e

de capitais, enquanto o sistema de amortização constante é um dos mais utilizados

pelo Sistema Financeiro de Habitação, utilizado principalmente nas operações de

financiamento de casa própria. No sistema de americano é bastante utilizado nas

operações de empréstimos (SOBRINHO, 2013).

2.3.9.1 Sistema de amortização francês (tabela Price):

O sistema de amortização francês é conhecido no Brasil como “Sistema da

tabela Price” ou “Tabela Price”, sendo esta um caso particular do sistema francês. O

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nome Tabela Price, se deve ao matemático, filósofo e teólogo inglês Richard Price,

que incorporou a teoria dos juros compostos às amortizações de empréstimos, no

século XVIII, sendo que este sistema foi desenvolvido efetivamente na França. A

Tabela Price, nada mais é que uma tabela que contém os índices mais usuais já

levando em conta a taxa de juros proporcionais (MATHIAS; GOMES, 2013).

No sistema francês de amortização, as prestações de amortização da dívida

são periódicas, iguais e sucessivas, dentro do conceito de termos vencidos. Isto não

implica que as prestações devem ser necessariamente mensais, podem ser

trimestrais, anuais e etc. As prestações são compostas por duas parcelas: uma de

juros e a outra do capital (amortização). A dívida é saldada ao final da última

amortização (SOBRINHO, 2013)

A parcela do juros é obtida multiplicando-se o saldo devedor do período

anterior pela taxa de juros e a parcela de amortização é obtida diminuindo a parcela

de juros da prestação. Neste sistema as amortizações são crescentes, enquanto os

juros são decrescentes, pois a medida que são pagas as prestações o saldo devedor

diminui, logo os juros calculados sobre este será menor, e sendo as prestações iguais,

tem-se que as parcelas de amortizações serão maiores.

Figura 2.4 - Juro Composto.

Fonte: Mathias; Gomes (2013, p. 285).

A fórmula para o cálculo das prestações é dada por:

𝑝 = 𝑃 [(1+𝑖)𝑛×𝑖

(1+𝑖)𝑛−1] (22)

Em que p representa a prestação, i a taxa de juros, P o valor do capital inicial

e n o número de prestações ou o período de tempo. Para a demonstração da fórmula

(22), observa-se inicialmente que:

Seja um empréstimo feito em n prestações, calcula-se o juros das prestações

na última data ou seja n, pois ao final do prazo a dívida deve ser quitada devolvendo

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o capital mais os juros no regime composto. Portanto a primeira prestação capitaliza

juros de (n-1) períodos, pois é contado ao final de cada período, e seu valor futuro ao

final do período n é p1(1+i)n-1, lembrando que o juros no sistema francês é

decrescente. A segunda prestação capitaliza juros durante (n-2) períodos, e seu valor

futuro ao final do último período será p2(1+i)n-2 . Na penúltima prestação, os juros

capitalizados serão referentes a somente um período, desta forma a prestação é dada

por pn-1(1+i), e a última será apenas pn, pois o juros serão referentes a zero períodos.

Como neste sistema todas as prestações são iguais, tem-se que p=p1= p2 =...=pn-1=pn.

Logo o valor futuro (VF) obtido ao final das prestações é:

𝑉𝐹 = 𝑝(1 + 𝑖)𝑛−1 + 𝑝(1 + 𝑖)𝑛−2 + 𝑝(1 + 𝑖)𝑛−3+. . . +𝑝(1 + 𝑖) + 𝑝 (23)

Como em (23) p é constante, pode-se colocar em evidência:

𝑉𝐹 = 𝑝[(1 + 𝑖)𝑛−1 + (1 + 𝑖)𝑛−2 + 𝑝(1 + 𝑖)𝑛−3+. . . +(1 + 𝑖) + 1] (24)

Observa-se que a equação (24) é um P.G decrescente, com o primeiro termo

a1=(1 + 𝑖)𝑛−1, razão q=1

1+𝑖 e n a quantidade de termos. A soma dos termos de uma

P.G é dada por:

𝑆𝑃.𝐺 =𝑎1(𝑞𝑛−1)

𝑞−1 (25)

Em que SP.G representa a soma da P.G. Substituindo em (25) a1 por

(1 + 𝑖)𝑛−1, e q por 1

1+𝑖 obtém-se:

𝑆𝑃.𝐺 =(1+𝑖)𝑛−1 [(

1

1+𝑖)

𝑛−1]

1

1+𝑖−1

(26)

De (26) tem-se:

𝑆𝑃.𝐺 ={(1+𝑖)𝑛−1[(

1

1+𝑖)

𝑛−1]}.−(1+𝑖)

𝑖 (27)

Fazendo a distribuição da multiplicação em relação a adição em (27):

𝑆𝑃.𝐺 ={(1+𝑖)𝑛−1.(1+𝑖)−𝑛−(1+𝑖)𝑛−1}.−(1+𝑖)

𝑖 (28)

Somando os expoentes dos das potências de mesma base, pela propriedade

de multiplicação de potências, em (28) encontra-se:

𝑆𝑃.𝐺 ={(1+𝑖)−1−(1+𝑖)𝑛−1}.−(1+𝑖)

𝑖 (29)

Colocando -1 de –(1+i) em evidência e multiplicando (1+i) pelos temos dentro

da chave em (29):

𝑆𝑃.𝐺 ={(1+𝑖).(1+𝑖)−1−(1+𝑖).(1+𝑖)𝑛−1}.−1

𝑖 (30)

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Somando os expoentes dos termos iguais em (30):

𝑆𝑃.𝐺 =(1−(1+𝑖)𝑛).−1

𝑖 (31)

Multiplicando os termos dentro dos parênteses por -1 em (31):

𝑆𝑃.𝐺 =(1+𝑖)𝑛−1

𝑖 (32)

Substituindo dentro dos colchetes da equação (24) o resultado encontrado em

(32), obtém-se:

𝑉𝐹 = 𝑝. [(1+𝑖)𝑛−1

𝑖] (33)

Como o valor futuro é igual VF=P(1+i)n, pode-se igualar a equação (19) com

a equação (33):

𝑃(1 + 𝑖)𝑛 = 𝑝. [(1+𝑖)𝑛−1

𝑖] (34)

Agora isolando p em (34), encontra-se (22):

𝑝 = 𝑃 [(1+𝑖)𝑛.𝑖

(1+𝑖)𝑛−1]

Como queria-se demonstrar.

Para o cálculo da parcela de juros de determinada prestação de ordem t, no

sistema de amortização francês, utiliza-se:

𝐽 = 𝑖. 𝑝. [(1+𝑖)𝑛−𝑡+1−1

(1+𝑖)𝑛−𝑡+1.𝑖] (35)

2.3.9.2 Sistema de amortização constante (SAC)

Segundo Sobrinho (2013, p. 230) “Este sistema é extremamente simples. Sua

denominação deriva da sua principal característica, ou seja, as amortizações

periódicas são todas iguais ou constantes[...]”

No SAC o plano de amortização de uma dívida são feitas em prestações

periódicas, sucessivas e decrescentes em que para Sobrinho (2013, p. 230) “[..] em

progressão aritmética, dentro do conceito de termos vencidos, em que cada prestação

é composta por uma parcela de juros e outra parcela de capital (ou amortização). Para

Rovina (2009, p. 85) “[...] a P.A. verificada no caso do SAC não identifica o regime de

juros, é simplesmente uma consequência de um processo matemático.”

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30

Neste sistema as parcelas de amortização são iguais, ou seja, são obtidas

dividindo o valor do empréstimo pelo número de prestações, os juros incidem sobre o

saldo devedor, sendo obtido multiplicando a taxa de juros pelo saldo devedor, desta

forma cada prestação é constituída pela amortização, que será o valor das parcelas

iguais, mais o juros sobre o saldo devedor anterior. O saldo devedor é obtido através

da multiplicação da amortização pelo número de prestações restantes.

Tem-se então que o saldo devedor de ordem t é dado por:

𝑆𝑡 = 𝐴(𝑛 − 𝑡) (36) Em que St representa o saldo devedor de ordem t, e n o número de prestações

ou período. Já para o saldo devedor de ordem t-1 tem-se:

𝑆𝑡−1 = 𝑆𝑡 + 𝐴 = 𝐴(𝑛 − 𝑡) + 𝐴 = 𝐴(𝑛 − 𝑡 + 1) (37)

Em que St é o saldo devedor de ordem t, A o valor de amortização e n o

número de prestações. Com as equações (36) e (37), obtém-se o valor da parcela de

juros de ordem t:

𝐽𝑡 = 𝑖. 𝐴(𝑛 − 𝑡 + 1) (38)

Figura 2.5Representação do Sistema de Amortização Constante.

Fonte: Mathias; Gomes (2013, p. 285)

Para Rovina (2009, p. 94) “o método SAC é a linearização da Tabela Price.”

Pois enquanto na Tabela Price o juros descrevem uma curva, no SAC os juros

descrevem uma reta.

Sendo um empréstimo ou financiamento concedido no SAC em um

determinado valor, pago em n prestações (p) obtém-se:

𝑝2 − 𝑝1 = 𝑝3 − 𝑝2 = 𝑝4 − 𝑝5 = … = 𝑝𝑛 − 𝑝𝑛−1 …

Ou seja, subtraindo do valor de uma prestação o valor da prestação anterior,

obtém-se o mesmo valor, esse valor representa a razão de uma P.A, porém esta P.A

está referenciada somente na matemática, e não guarda vínculo com a matemática

financeira (ROVINA, 2009).

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31

2.3.9.2.1 SAC com prazo de carência e prazo de utilização unitário

O prazo de carência corresponde ao período compreendido entre o prazo de

utilização e o pagamento da primeira amortização. Durante o prazo de carência o

tomador do empréstimo só paga os juros. Também é possível que o juros devido

durante o prazo de carência seja capitalizado e pago posteriormente, desse modo não

haverá desembolsos durante este prazo (MATHIAS; GOMES, 2013).

Seja P o valor emprestado por uma empresa, concedido no ato pelo banco, e

sendo k o prazo de carência, sabendo que os juros J serão pagos anualmente, sobre

uma taxa i de juros a.a. e que o principal será amortizado (A) em n parcelas iguais,

tem-se que a dívida será saldada com prestações constituídas de A + J, e os juros

que compõem cada prestação p incidem sobre o saldo devedor do ano anterior. Na

data 0 em que houve o ato do empréstimo o saldo devedor é t, e não há prestação.

Durante o período de carência as prestações são compostas da seguinte forma:

(𝑘1) 𝑝 = 𝑃. 𝑖 (𝑘2) 𝑝 = 𝑃. 𝑖 (𝑘3) 𝑝 = 𝑃. 𝑖 . . .

𝑘𝑚 𝑝 = 𝑃. 𝑖 (39)

Assim as prestações são compostas somente pelo juros sobre o saldo

devedor inicial, não tendo amortização durante o prazo de carência. Após o período

do prazo de carência, as prestações são formadas pelas amortizações mais os juros,

até a última parcela de amortização:

𝑝 = 𝐴1 + 𝑃. 𝑖 𝑝 = 𝐴2 + (𝑃 − 𝐴1). 𝑖 𝑝 = 𝐴3 + (𝑃 − 𝐴2). 𝑖 𝑝 = 𝐴4 + (𝑃 − 𝐴3). 𝑖 . . .

𝑝 = 𝐴𝑛 + (𝑃 − 𝐴(𝑛−1)). 𝑖 (40)

Sendo o total pago a soma de todas as prestações, do período de carência

até a última amortização.

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2.3.9.2.2 SAC com prazo de carência, juros capitalizados e prazo de utilização unitário

Em alguns casos como a implantação de uma fábrica por exemplo, as partes

podem combinar o não-pagamento dos juros durante o período de carência. Desse

modo os juros foram capitalizados durante a carência. Como se a entidade

financiadora tivesse concedido um empréstimo adicional para o pagamento de juros.

(MATHIAS; GOMES, 2013). Podendo ter dois casos:

a) As amortizações são calculadas em relação ao valor inicial emprestado e os juros capitalizados são pagos no primeiro ano de amortização. b) As amortizações são calculadas em relação ao valor inicial emprestado mais os juros capitalizados durante a carência. (MATHIAS; GOMES, 2013, p. 288).

No item a, durante o período de carência não há prestações a serem pagas,

e no primeiro ano de amortização, ou seja, na primeira parcela de amortização a

prestação é formada somando a amortização mais o juros capitalizados de forma

composta durante o período de carência e o juros sobre o saldo devedor anterior,

tendo assim:

𝑝1 = 𝐴1 + ((𝑃(1 + 𝑖)𝑘 − 𝑃) + (𝑃(1 + 𝑖)𝑘). 𝑖) (41)

As demais prestações são obtidas como no item anterior:

𝑝 = 𝐴2 + (𝑃 − 𝐴1). 𝑖 𝑝 = 𝐴3 + (𝑃 − 𝐴2). 𝑖 𝑝 = 𝐴4 + (𝑃 − 𝐴3). 𝑖 . . .

𝑝 = 𝐴𝑛 + (𝑃 − 𝐴(𝑛−1)). 𝑖 (42)

No caso b após o fim do período de carência, em que o juro é calculado sobre

o saldo devedor no regime de capitalização composta, a amortização é constituída

dividindo o saldo devedor após o final do período de carência mais o juro sobre o saldo

devedor até então, em n parcelas iguais. E as prestações são constituídas da

amortização mais o juro sobre o saldo devedor anterior, exceto na primeira prestação

em que não há juros a pagar, pois este será dividido somado junto com o valor da

amortização e posteriormente dividido pelo número de parcelas acordados. Desta

forma no período de carência não há prestações, o valor da amortização é obtido da

seguinte maneira:

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𝐴 = 𝑃.(1+𝑖)𝑘+(𝑃(1+𝑖)𝑘).𝑖

𝑛 (43)

E a primeira prestação:

𝑝1 = 𝐴1

As demais prestações são obtidas da seguinte maneira:

𝑝 = 𝐴2 + (𝑃(1 + 𝑖)𝑘 − 𝐴1). 𝑖 𝑝 = 𝐴3 + (𝑃(1 + 𝑖)𝑘 − 𝐴2). 𝑖 𝑝 = 𝐴4 + (𝑃(1 + 𝑖)𝑘 − 𝐴3). 𝑖 . . .

𝑝 = 𝐴𝑛 + (𝑃(1 + 𝑖)𝑘 − 𝐴(𝑛−1)). 𝑖 (44)

Desta forma o saldo devedor considerado a partir da segunda prestação é o

saldo obtido durante o período de carência, com juros compostos, diminuído da

amortização anterior.

2.3.9.2.3 SAC com prazo de carência e prazo de utilização não-unitário

Neste caso, o valor P será concedido pelo banco em duas parcelas iguais,

defasadas em 1 ano, e as demais condições são as mesmas apresentadas em

2.3.9.2.1 e 2.3.9.2.2. Sendo assim na data zero (0), o valor concedido pelo banco será

𝑃

2 , não tendo prestações, no período de carência as prestações são formadas

somente pelo juros sobre o saldo devedor anterior, a uma taxa i. Após o período de

carência as prestações são:

𝑝 = 𝐴1 + 𝑃. 𝑖 𝑝 = 𝐴2 + (𝑃 − 𝐴1). 𝑖 𝑝 = 𝐴3 + (𝑃 − 𝐴2). 𝑖 𝑝 = 𝐴4 + (𝑃 − 𝐴3). 𝑖 (45)

Comparando com a seção 2.3.9.1 pode-se observar que com exceção da

primeira prestação no prazo de carência, as demais são iguais, neste sentido o único

efeito do prazo de utilização não-unitário é gerar um fluxo de prestações mais

uniformes (MATHIAS; GOMES, 2013).

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3 PROPOSTA DE ENSINO DE SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO COM OBJETO DE

APRENDIZAGEM CONSTRUIDO NO SOFTWARE GEOGEBRA

A proposta de ensino deste trabalho é voltada para o ensino médio e tem

como objetivo a exploração de um objeto de aprendizagem do software GeoGebra a

fim de se identificar e/ou comparar como funciona o Sistema de Amortização

Constante (SAC) e o Sistema de Amortização Francês (PRICE). Foram elaboradas 4

tarefas, sendo que as duas primeiras tem o objetivo de que os alunos analisem e

compreendam como cada item, juros, parcela de amortização e prestação é composto

em cada sistema de amortização. A terceira tarefa tem objetivo de realizar uma

comparação entre os dois sistemas de amortização para que o aluno com este estudo

saiba decidir por um melhor sistema em determinadas condições. A quarta tarefa é

referente ao comportamento das funções que descrevem a parcela de juros,

amortização e prestação em cada tipo de sistema de amortização.

Logo para a proposta de ensino deste trabalho utiliza-se de tecnologias para

a construção de um objeto de aprendizagem que servirá de base para as análises dos

alunos, pois não estamos interessados na construção do arquivo como proposta de

ensino, mas sim que os alunos ao explorarem o objeto entendam como funciona os

dois tipos de sistema de amortização abordados nesta proposta e possam realizar um

comparativo entre os dois. Acredita-se que tendo os valores já calculados os alunos

podem compreender como estes valores foram calculados e como seria para qualquer

valor, o que é mais significativo do que apenas calcular valores.

3.1 TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA E O SOFTWARE GEOGEBRA

“As tecnologias de informação e comunicação têm vindo a revolucionar os

modos de trabalho de todas as áreas profissionais e até o nosso dia-a-dia” (PONTE,

2014, p.353). As tecnologias constituem uma ferramenta poderosa à disposição da

escola e do professor, permitindo definir novos objetivos para a aprendizagem dos

alunos e novos modos de trabalho em sala de aula (PONTE, 2014).

Segundo Brito e Purificação (2006, p. 23):

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[...] estamos em mundo no qual as tecnologias interferem no dia a dia, por isso, é importante que a educação também envolva a democratização do acesso ao conhecimento, à produção e a interpretação das tecnologias.

O uso das tecnologias se torna cada vez mais intenso no dia a dia das

pessoas e a educação também deve acompanhar essas mudanças, pois segundo

Miskulin (2009, p. 153) “As tecnologias da informação e comunicação (TICs)

pressupõem novas formas de gerar, dominar e disseminar o conhecimento.” Os

educadores devem estar abertos a essas novas formas do saber, novas maneiras de

gerar e dominar o conhecimento tornando as TICs partes integrantes da realidade do

aluno. Segundo Miskulin (2009, p. 164):

A finalidade de trabalhar em um laboratório com um ambiente computacional de aprendizagem colaborativa é a troca de informações e experiências entre professores, alunos e pesquisadores, visando a exploração e à construção de um conhecimento elaborado de maneira conjunta, no qual a interlocução e reflexão conjunta dos participantes promovem aprendizagem compartilhada.

Para Dreyfus (1999, apud, SANTOS, 2011, p.75) “o uso de um ambiente de

aprendizagem computacional no Ensino da Matemática pode favorecer os Processos

do Pensamento Matemático Avançado tais como a visualização, observação,

abstração e a generalização.”

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio é importante que

a formação escolar contemple dois sentidos no que diz respeito as tecnologias no

ensino da matemática “a Matemática como ferramenta para entender a tecnologia, e

a tecnologia como ferramenta para entender a Matemática.” (2006, p. 87). Também

afirma que “[...] pensando na Tecnologia para a Matemática, há programas de

computador (softwares) nos quais os alunos podem explorar e construir diferentes

conceitos matemáticos.” (2006, p. 88).

Este trabalho utiliza-se como objeto de aprendizagem um arquivo construído

no software GeoGebra. Para Sampaio (2013, p. 42):

GeoGebra é um aplicativo de matemática dinâmica que associa geometria, álgebra, aritmética e cálculo. Sua distribuição é livre, nos termos da GNU, e é escrito em linguagem JAVA, o que lhe permite estar disponível em várias plataformas.

Este software foi desenvolvido por Markus Hohenwarter e uma equipe

internacional de programadores com o objetivo de facilitar o ensino e aprendizagem

da matemática. Uma forma de utilizar o GeoGebra é como ferramenta para a

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36

construção de aplicativos voltados para o uso específico de um tema da matemática,

podendo ser apresentado na sua janela de visualização construções que abordem

determinados conteúdos e que permitem a interatividade com o usuário (SAMPAIO,

2013).

3.2 O OBJETO DE APRENDIZAGEM

O objeto de aprendizagem deste trabalho consiste em um objeto desenvolvido

no software GeoGebra na versão 5.0.166.0-3D, que pode ser encontrado no site do

GeoGebra: https://tube.geogebra.org, buscando pelo nome de Sistemas de

Amortização, no perfil de Patrícia Andressa Maieski, ou diretamente no endereço:

https://tube.geogebra.org/material/simple/id/1854711. (Figura 3.1.)

Figura 3.1 - Sistemas de Amortização

Fonte: A autora.

O objeto está dividido em quatro grupos distintos de opções. No grupo “Dados

da Amortização”, (Figura 3.2), contém três campos de entradas em que devem ser

inserido os seguintes dados: Capital (P), Taxa de juros (i) e Número de parcelas (n),

referentes a um determinado financiamento, empréstimo ou aplicação.

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37

Figura 3.2 - Inserir dados.

Fonte: A autora.

O grupo “Seleção do Sistema de Amortização”, possibilita selecionar dois

tipos de sistema de amortização, a opção Price do Sistema de Amortização Francês,

e a opção SAC do Sistema de Amortização Constante. O grupo “itens de visualização”,

contém quatro itens: Prestação (p), Juros (J), Amortização (A), p= A+J, em que o

último se refere a prestação constituída da parcela de amortização (A) somada com a

parcela de juros (J), para selecionar um item de visualização ou sistema de

amortização, basta clicar ao lado da opção desejada, como mostra a Figura 3.3.

Figura 3.3 - Selecionar.

Fonte: A autora.

Além dos itens de visualização o objeto também possui o grupo “Mostrar no

gráfico”, que permite selecionar três outras opções de visualização no gráfico: Mostrar

Funções, Mostrar Valor e Mostrar Períodos. A opção Mostrar Funções refere-se a

função que descreve o comportamento de cada item: Prestação, Juros e Amortização,

sendo estas funções do tipo linear ou exponencial. A opção Mostrar Valor, refere-se

ao valor de cada parcela de juros, amortização ou da prestação de acordo com o item

selecionado, e a opção Mostrar Períodos é referente a cada período da parcela de

juros, parcela de amortização ou de cada prestação (Figura 3.4.)

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38

Figura 3.4 - Mostrar.

Fonte: A autora.

O objeto criado para utilização neste trabalho contém barras verticais que

representam os valores de Prestação, Juros, Amortização e p= A+J, que são

correspondentes ao tipo de sistema de amortização selecionado, explorando

situações em que variam o capital, taxa de juros e período de um determinado

financiamento, empréstimo ou aplicação e diferenciam-se entre si pelas cores

atribuídas a cada sistema de amortização, como na Figura 3.5, selecionado a opção

p= A+J nos dois tipos de sistema de amortização.

Figura 3.5 - p=A+J.

Fonte: A autora.

3.3 PROPOSTA DE ENSINO

A proposta de ensino deste trabalho tem como objetivo levar o aluno a

entender o funcionamento dos sistemas de amortização Price e SAC e também de

realizar uma comparação entre estes. Nessa proposta o professor é mediador,

contribuindo e auxiliando a construção do conhecimento do aluno.

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39

3.3.1 Proposta de Ensino: Sistema de Amortização Price

Esta proposta será baseada em dados de uma situação problema envolvendo

o financiamento de uma motocicleta, realizado no sistema Price. O objetivo da tarefa

é que os alunos entendam o funcionamento do sistema Price, constatando que as

prestações possuem valor constante, sendo obtido através da soma da parcela de

juros e da parcela de amortização. Desta maneira ao completarem o quadro os alunos

podem observar que os valores das parcelas de juros são decrescentes, enquanto os

valores das parcelas de amortização são crescentes, de maneira que a soma de

ambas sempre resulte no mesmo valor das prestações. A parcela de amortização

pode ser obtida diminuindo-se a parcela de juros da prestação. A partir da primeira

parcela de juros que incide sobre o saldo devedor inicial os alunos podem encontrar

como é calculado a parcela de juros nos demais, observando que a parcela de juros

incide sempre sobre o saldo devedor e sendo este diminuído pelas parcelas de

amortização e não pelo valor de prestação. Assim os alunos podem observar que o

juro é uma taxa que se paga por realizar um empréstimo ou financiamento e ele não

faz parte do saldo devedor.

Financiamento de uma motocicleta

Felipe deseja comprar uma motocicleta no valor de R$ 7500,00, porém não

possui este valor na data presente, então a concessionária lhe ofereceu a proposta

de financiamento por uma financiadora associada a esta. Este financiamento é

realizado através do Sistema de Amortização Francês, também chamado de Price ou

tabela Price. A condição de financiamento analisando a renda mensal de Felipe é de

10 prestações mensais a uma taxa de juros de 2,4% ao mês.

O arquivo sistemasdeamortização.ggb servirá de base para suas análises.

Abra o arquivo e insira os dados do financiamento referentes a situação acima e

selecione o tipo de sistema de amortização. Em seguida responda as questões:

1) Selecionando no arquivo as opções prestação, mostrar valor e mostrar

período, observe os valores de cada prestação. Eles são iguais?

2) Selecionando as opções necessárias complete o quadro abaixo:

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Períodos Juros Amortização J+A Prestação Saldo

Devedor

0 R$7.500,00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

a) De acordo com o quadro que você completou, como é composto o valor de

cada prestação no sistema Price?

b) Como foi obtido o valor do juro no 1° período? E nos demais?

c) Como foi obtido o valor da amortização no 1° período? E nos demais?

d) Como foi obtido o valor do saldo devedor em cada período?

3) Observe o valor das parcelas de juros e das parcelas de amortizações em cada

período, o que você identifica quanto ao crescimento e ao decrescimento de

ambas?

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41

3.3.2 Proposta de Ensino: Sistema de Amortização SAC

Esta proposta será baseada em dados de uma situação problema envolvendo

o financiamento de uma motocicleta, realizado no sistema de amortização SAC. O

objetivo geral é que o aluno identifique como funciona o financiamento por este

sistema de amortização. Inicialmente o aluno perceberá que as prestações do

financiamento não serão iguais, mais que as prestações são formadas pela soma da

parcela de juros e da parcela de amortização da dívida. Como no sistema Price o juro

também incide sobre o saldo devedor dessa forma o valor das parcelas de juros

diminuem a cada mês e a parcela de amortização nesse sistema é constante, como

já diz o próprio nome, assim as prestações do financiamento serão decrescentes. O

valor do juros em cada período é obtido aplicando a taxa de juros do financiamento

sobre o valor do saldo devedor e este é obtido diminuindo-se a parcela de amortização

em cada período.

Financiamento de uma motocicleta

Para pesquisar mais sobre preços e financiamentos Felipe foi a outra

concessionária, nesta havia o mesmo modelo de motocicleta e no mesmo valor de R$

7500,00, porém o sistema de financiamento era diferente. Nesta concessionária o

financiamento é realizado por meio do Sistema de Amortização Constante, também

chamado de SAC. A condição de financiamento analisando a renda mensal de Felipe

é de 10 prestações mensais e a taxa de juros é de 2,4% ao mês.

Com bases nessas informações e utilizando o arquivo

sistemasdeamortização.ggb que servirá de base para suas análises, abra o arquivo

e insira os dados do financiamento referentes a situação acima e selecione o tipo de

sistema de amortização. Em seguida responda as questões:

1) Selecionando no arquivo as opções prestação, mostrar valor e mostrar

período, observe os valores de cada prestação. Eles são iguais?

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2) Selecionando as opções necessárias complete o quadro abaixo:

Períodos Juros Amortização J+A Prestação Saldo

Devedor

0 R$7.500,00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

a) De acordo com o quadro que você completou, como é composto o valor de

cada prestação no sistema SAC?

b) Como foi obtido o valor do juro no 1° período? E nos demais?

c) Como foi obtido o valor da amortização no 1° período? E nos demais?

d) Como foi obtido o valor do saldo devedor em cada período?

3) Observe o valor das parcelas de juros e das parcelas de amortizações em cada

período, o que você identifica quanto ao crescimento e ao decrescimento de

ambas?

3.3.3 Proposta de Ensino: Comparando os Sistemas de Amortização

Nesta proposta o objetivo é de comparar os dois sistemas de amortização.

Assim o aluno irá perceber selecionando as opções no objeto do GeoGebra que em

ambos os sistemas as parcelas de juros sempre são decrescentes pois a cada mês o

saldo devedor diminui, em relação as parcelas de amortização em um é crescente e

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43

em outro é constante. Para saber qual dos dois sistemas de amortização é mais

vantajoso os alunos devem somar todas as prestações em cada sistema e diminuir

desta o valor financiado. Assim no sistema SAC o valor pago em dez meses

financiamento proposto foi de R$8490,00 diminuindo deste valor o valor financiado, o

total pago para realizar o financiamento é de R$990,00 e no sistema Price o valor

pago em dez meses desse financiamento será de R$8525,20 diminuindo deste valor

o valor financiado, o total pago para realizar o financiamento é de R$1025,20. Fazendo

a diferença entre esses totais encontra-se o valor de R$35,20 pago a mais no sistema

Price. Disto o aluno pode constatar que o sistema SAC é mais vantajoso, o valor da

diferença foi pequeno devido ao valor financiado e o número de prestações também

serem pequenos. Para verificar se essas conclusões são verídicas, os alunos podem

simular outros financiamento com valores maiores e número de prestações maiores e

verificar que há uma diferença significativa.

Comparando Sistemas de Amortização

Utilize a situação de financiamento das Tarefas 1 e 2. Selecione no arquivo

do GeoGebra sistemadeamortização.ggb os dois tipos de amortização, e responda

as seguintes questões:

1) O que você observa em relação ao comportamento das parcelas de juros

nos dois sistemas?

2) O que você observa em relação ao comportamento das parcelas de

amortização nos dois sistemas?

3) Quanto Felipe pagará ao final de 10 meses em cada sistema de

amortização? Qual sistema é mais vantajoso?

4) Quanto Felipe economizara optando pelo sistema mais vantajoso?

3.3.4 Proposta de Ensino: Sistemas de Amortizações e Funções

Esta proposta será baseada em dados de uma situação problema envolvendo

um empréstimo e tem como objetivo relacionar o comportamento das parcelas de

amortização, juros e de prestações nos dois sistemas de amortização com funções

que descrevem esses comportamentos. Cabe ressaltar que o objetivo da proposta

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não é que os alunos cheguem às formulas, ou relações das funções, mas que eles

observem que o comportamento de cada item segue uma função.

Empréstimo

Ana deseja fazer um empréstimo no valor de R$30.000,00, para isso procurou

duas agências bancarias para fazer uma simulação do empréstimo. No banco 1, o

sistema de amortização utilizado para empréstimos é o Sistema de Amortização

Francês e no banco 2, o sistema de amortização utilizado é o SAC. Em ambos os

bancos a taxa de juros é de 2,5% ao mês, analisando a renda mensal de Ana o

empréstimo pode ser feito em 48 prestações.

Use o arquivo sistemasdeamortização.ggb e os dados da situação acima

para simular o empréstimo nos dois bancos e responda as questões a seguir:

1) Que tipo de função descreve o comportamento das parcelas de amortização

no sistema Price? E no sistema SAC?

2) Que tipo de função descreve o comportamento das prestações no sistema

Price? E no sistema SAC?

3) Que tipo de função descreve o comportamento das parcelas de juros no

sistema Price? E no sistema SAC?

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho foi possível estudar conceitos da Matemática

Financeira que são pouco trabalhados no ensino básico mas que faz parte do currículo

escolar. Além de estudar conceitos da Matemática Financeira também foi possível

relacioná-los com outros conteúdos da Matemática como funções e progressões.

Com a pesquisa realizada em livros didáticos observou-se que tipo de

atividades são propostas para alunos de Ensino Médio dentro dos conteúdos da

Matemática Financeira e que alguns conteúdos são pouco trabalhados, assim o

professor possui poucas alternativas para trabalhar estes conteúdos. No caso de

sistemas de amortização os livros pouco trazem sobre este assunto e não abordam

sobre os tipos de sistema.

Considerando a necessidade de conhecer mais sobre a Matemática

Financeira, em particular sobre sistemas de amortização, já que estes são utilizados

em empréstimos e financiamentos por bancos, cooperativas ou até por algumas lojas

em situações de compras de qualquer mercadoria com pagamento parcelado, utiliza-

se de um sistema de amortização para o pagamento da dívida. Os sistemas utilizados

com mais frequência no Brasil são o SAC ou Price. Portanto na proposta de ensino

deste trabalho utilizou-se destes dois tipos de sistemas, com o objetivo que os alunos

pudessem conhecer o funcionamento dos dois e fazer um comparativo entre ambos.

Com a forte tendência em utilização de tecnologias, especialmente no ensino

da Matemática, é que se optou por utilizar um objeto construído no software GeoGebra

que é encontrado na maioria das escolas do Paraná e que pode ser baixado

gratuitamente ou utilizado na versão online, sendo este arquivo um objeto de

aprendizagem, o qual o aluno irá utilizar orientado pelo professor e seguindo as

orientações contidas nas tarefas, a fim de que alcance o objetivo da proposta de

ensino deste trabalho.

Ao realizar as tarefas com o uso do objeto espera-se que os alunos

compreendam como são obtidos os valores que se encontram no objeto, isto é, ao

simular o financiamento, o aluno precisa entender como são formados os valores das

prestações em um sistema de amortização e porque estão pagando determinado

valor, devem saber que há diferentes tipos de sistemas de amortização e entender

que se paga juros por realizar o empréstimo ou financiamento mas este valor não faz

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parte do saldo devedor, caso queira adiantar o pagamento da dívida não vai obter

descontos, apenas não vai pagar juros já que eles são cobrados ao final de cada

período. Devem observar também que um sistema pode ser mais vantajoso que o

outro e para uma correta comparação utiliza-se dos mesmos dados. Com esta

proposta de ensino o aluno pode verificar que os juros são sempre decrescente já que

a cada pagamento é amortizado uma parcela da dívida com isso o juro incide sobre

um valor menor. Além disso também é possível relacionar juros, amortização e

prestação com comportamento de funções, envolvendo assim outros conteúdos da

Matemática, como sugerido nos PCN e nas Diretrizes do Paraná.

Concluo que o trabalho foi de grande valia para mim enquanto acadêmica, já

que foi possível aprender conceitos da Matemática Financeira e também relacionar

com outros conceitos da Matemática já estudados. Como futura professora também

foi importante pois é um material que almejo desenvolver futuramente nas minhas

aulas e que serve também de alternativa para outros professores podendo facilitar o

processo de ensino e aprendizagem, buscando tornar o aluno capaz de tomar

decisões de caráter financeiro de maneira que mais lhe seja favorável, utilizando-se

de conhecimentos matemáticos.

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