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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA CURSO DE MATEMÁTICA WELINGTON GROSSMANN FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA NO ENSINO MÉDIO COM A UTILIZAÇÃO DAS METODOLOGIAS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E TECNOLOGIA UNIÃO DA VITÓRIA 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR

CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA

CURSO DE MATEMÁTICA

WELINGTON GROSSMANN

FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA NO ENSINO MÉDIO COM A

UTILIZAÇÃO DAS METODOLOGIAS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E

TECNOLOGIA

UNIÃO DA VITÓRIA

2013

1

WELINGTON GROSSMANN

FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA NO ENSINO MÉDIO COM A

UTILIZAÇÃO DAS METODOLOGIAS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E

TECNOLOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para

obtenção do título de Licenciado em Matemática na

Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus

de União da Vitória.

Orientador: Prof. Me. Everton José Goldoni Estevam

UNIÃO DA VITÓRIA

2013

2

AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho só foi possível graças às contribuições dos muitos que de

alguma forma e em sua medida interferiram na elaboração, aplicação e conclusão que aqui

estão descritas.

Primeiramente agradeço a Deus por ter me oportunizado as condições de realizar este

trabalho e estar presente principalmente nos momentos mais difíceis, me dando paz e

sabedoria para superá-los.

A meu caríssimo orientador, Prof. Me. Everton José Goldoni Estevam, inicialmente

por ter aceitado este desafio e posteriormente ter demonstrado sua extrema competência

profissional, através dos incentivos para a realização do trabalho, a dedicação demonstrada

por outrem, sempre com o objetivo de contribuir em minha formação profissional.

Aos Professores Celso da Silva e Henrique Cristiano Thomas de Souza que

aceitaram fazer parte da banca examinadora desta pesquisa.

A todos os Professores do curso de Licenciatura de Matemática, tanto os atualmente

no colegiado como aqueles que por seus próprios motivos não fazem mais parte desta ilustre

posição, incluindo ainda o professor que disponibilizou suas aulas para que a proposta

pudesse ser aplicada.

Em especial à minha noiva e futura esposa Ana Rita, principalmente pela

compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi exclusiva, mas que mesmo

assim o companheirismo sempre esteve presente. Sua existência por si só me motiva a

continuar vivendo e me torna mais forte frente aos desafios.

Sem nunca se esquecer da família, em especial aos meus pais, pois é graças à base

dada por eles que me sinto seguro em dar um passo a mais a cada dia.

Todos os amigos que fiz durante o Curso com os quais convivemos boa parte de

nossas vidas compartilhando diferentes pontos de vista, mas sempre com um mesmo objetivo.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

3

O que sabemos é uma gota,

o que ignoramos é um oceano.

(Isaac Newton)

4

RESUMO

Através dos relatos de outros pesquisadores vemos que, embora funções exponencial e

logarítmica constituem uma temática importante, muitos professores deixam de ensinar estes

conteúdos, assumindo que outros conhecimentos devem ser priorizados. Partindo da

importância verificada, realizamos este trabalho com objetivo de elaborar, aplicar e, após sua

aplicação, analisar, a proposta de ensino para abordagem de funções exponencial e

logarítmica, no Ensino Médio da Educação Básica. O trabalho utiliza a Engenharia Didática

como orientadora, a qual sugere uma estruturação diferenciada da pesquisa, organizando-a em

quatro principais tópicos: análises preliminares; análise a priori; aplicação e relato; análise a

posteriori e validação. Como metodologia de ensino, assumimos a Resolução de Problemas e

a Tecnologia (software GeoGebra) numa perspectiva exploratória e investigativa. Os

resultados apontam que apesar de algumas dificuldades de caráter didático, as situações

propostas parecem contribuir para a aprendizagem dos alunos, constituindo uma alternativa

interessante de ensino.

Palavras-chave: Função exponencial, Função logarítmica, Engenharia didática, Metodologias

de ensino.

5

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tarefa 1 .................................................................................................................... 23

Quadro 2: Tarefa 2 .................................................................................................................... 26

Quadro 3: Tarefa 3 .................................................................................................................... 29

Quadro 4: Tarefa 4 .................................................................................................................... 30

Quadro 5: Itens das Tarefas 3 e 4 ............................................................................................. 32

Quadro 6: Tarefa 1 item d – Dupla G ....................................................................................... 35

Quadro 7: Tarefa 1 item e – Duplas D e E ............................................................................... 35

Quadro 8: Tarefa 2 item f ......................................................................................................... 40

Quadro 9: Tarefa 2 item h – Duplas G e S ............................................................................... 41

Quadro 10: Tarefa 3 item 1....................................................................................................... 45

Quadro 11: Tarefa 3 item 2 – Dupla D ..................................................................................... 45

Quadro 12: Tarefa 4 itens 3, 4 e 5 – Dupla C ........................................................................... 47

Quadro 13: Tarefa 4 item 6....................................................................................................... 48

Quadro 14: Tarefa 4 item 7 – Dupla C ..................................................................................... 48

Quadro 15: Tarefa 4 item 9 – Dupla D ..................................................................................... 49

6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E PROBLEMÁTICA ............................................................................... 8

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 11

2.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 11

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 11

3. METODOLOGIAS ............................................................................................................ 12

3.1. METODOLOGIA DE PESQUISA .............................................................................. 12

3.2. METODOLOGIA DE ENSINO ................................................................................... 13

4. ANÁLISES PRELIMINARES .......................................................................................... 15

4.1. ENSINO DE FUNÇÃO EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA................................... 15

4.2. DOCUMENTOS ORIENTADORES ........................................................................... 17

4.3. OBSTÁCULOS ............................................................................................................ 19

4.3.1. Obstáculos Ontogênicos ........................................................................................ 19

4.3.2. Obstáculos Epistemológicos ................................................................................. 19

4.3.3. Obstáculos Didáticos ............................................................................................. 20

5. ANÁLISE A PRIORI ......................................................................................................... 22

5.1. TAREFA 1 – CRESCIMENTO EXPONENCIAL E A SUA RELAÇÃO COM A

POTENCIAÇÃO ................................................................................................................. 22

5.2. TAREFA 2 – CRESCIMENTO EXPONENCIAL E A SUA INVERSA, A

LOGARÍTMICA. ................................................................................................................ 25

5.3. TAREFA 3 – CARACTERIZANDO AS FUNÇÕES EXPONENCIAL E

LOGARÍTMICA COMO INVERSAS E PERCEBENDO SUAS CARACTERÍSTICAS 28

5.4. TAREFA 4 – CARACTERÍSTICAS DAS FUNÇÕES EXPONENCIAL E

LOGARÍTMICA QUANTO À MUDANÇA DA BASE .................................................... 30

6. RELATO DA APLICAÇÃO DA PROPOSTA DE ENSINO ......................................... 33

7

6.1. APLICAÇÃO ................................................................................................................ 33

6.2. TAREFA 1 .................................................................................................................... 33

6.2.1. Realização da Tarefa 1 .......................................................................................... 34

6.2.2. Discussões Após a Realização da Tarefa 1 ........................................................... 37

6.3. TAREFA 2 .................................................................................................................... 38

6.3.1. Realização da Tarefa 2 .......................................................................................... 38

6.3.2. Discussões Após a Realização da Tarefa 2 ........................................................... 42

6.4. TAREFA 3 .................................................................................................................... 44

6.4.1. Realização da Tarefa 3 .......................................................................................... 44

6.4.2. Após a Realização da Tarefa 3 .............................................................................. 46

6.5. TAREFA 4 .................................................................................................................... 46

6.5.1. Realização da Tarefa 4 .......................................................................................... 46

6.5.2. Após a Realização da Tarefa 4 .............................................................................. 50

7. ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO ................................................................. 52

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56

8

1. INTRODUÇÃO E PROBLEMÁTICA

O fator que motivou a elaboração deste trabalho foi a importância que o ensino de

funções tem para a Matemática, sendo este um dos assuntos que acompanha os alunos desde o

final do Ensino Fundamental e em boa parte do Ensino Médio.

O conceito de função permeia grande parte da matemática e, desde as primeiras

décadas do século presente, muitos matemáticos vêm advogando seu uso como

princípio central e unificador na organização dos cursos elementares de matemática.

O conceito parece representar um guia natural e efetivo para a seleção e

desenvolvimento do material de textos de matemática. Enfim, é inquestionável que

quanto antes se familiarize um estudante com o conceito de função, tanto melhor

para sua formação matemática. (EVES, 2011, p. 661).

Ideia semelhante está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Médio - PCN+, os quais afirmam que:

O estudo das funções permite ao aluno adquirir a linguagem algébrica como a

linguagem das ciências, necessária para expressar a relação entre grandezas e

modelar situações-problema, construindo modelos descritivos de fenômenos e

permitindo várias conexões dentro e fora da própria matemática. (BRASIL, 2002, p.

121).

Como observa-se nas duas citações, a abordagem de funções tem grande importância

para o ensino da Matemática, pois permeia diversos conteúdos de ensino, além de expressar

em linguagem algébrica diversos fatos da ciência e descrever fenômenos de situações do

cotidiano.

Além de tal importância, seja contribuindo com o aprendizado numa forma geral, ou

orientando em problemas do cotidiano, o conteúdo e conhecimento de funções também é de

grande importância para estudos posteriores de Ensino Superior em diversas áreas.

O conceito de função constitui-se, além disso, de um dos principais pré-requisitos

para grande parte dos conteúdos desenvolvidos no Ensino Superior, uma vez que

inúmeros problemas das Ciências Exatas, da Tecnologia, da Saúde e Ciências

Sociais Aplicadas podem ser modelados e estudados utilizando-se funções de uma

ou várias variáveis. (RÊGO, 2000, p. 20 apud ARDENGHI, 2008, p. 14).

A partir destas questões, optamos por investigar as funções exponencial e logarítmica

no Ensino Médio, com o intuito de contribuir e discutir sobre o ensino de funções na

Educação Básica. Em um trabalho de Mestrado com o tema “funções logarítmicas no Ensino

Médio”, o autor afirma:

Acreditamos que o estudo desta função não pode deixar de ser ensinado aos alunos

neste nível de ensino. Por um lado encontramos vários modelos matemáticos que se

utilizam deste objeto para modelar fenômenos naturais, tais como pH de soluções

9

químicas, escalas para medir a intensidade de terremotos entre outros e, por outro

lado, os alunos que ingressarem no Ensino Superior poderão ter dificuldade ao se

depararem com o estudo dessa função. (SANTOS, 2011, p. 22).

Ideia semelhante pode ser atribuída à função exponencial, já que os PCN+ afirmam:

As funções exponencial e logarítmica, por exemplo, são usadas para descrever a

variação de duas grandezas em que o crescimento da variável independente é muito

rápido, sendo aplicada em áreas do conhecimento como matemática financeira,

crescimento de populações, intensidade sonora, pH de substâncias e outras.

(BRASIL, 2002, p. 121).

Verifica-se a importância do estudo deste conteúdo na Educação Básica, pela sua

grande possibilidade de aplicações e por sua exigência em diversos estudos posteriores

relacionados à área das exatas. Reconhecer essa importância, porém, não é comum a todos os

professores, ocorrendo diversas vezes de o professor deixar de abordar as funções exponencial

e logarítmica para dar prioridade às afim e quadrática. Essas considerações podem ser

observadas nas palavras de Santos, que afirma:

Como professora do Ensino Médio, percebemos a existência de muitas dificuldades

no processo ensino e aprendizagem das funções exponenciais e logarítmicas. Muitas

vezes o ensino restringe-se apenas ao estudo das funções quadráticas, e as funções

exponenciais e logarítmicas não são trabalhadas no 1º ano do Ensino Médio,

deixando de ser ensinadas pelo fato de terminar o ano letivo e não serem retomados

no ano seguinte. (SANTOS, 2011, p. 22).

É assumida tal afirmação, de que as funções exponencial e logarítmica são deixadas

de lado, seja pela visão de serem desnecessárias ou pelo fato da dificuldade de seu processo

de ensino e aprendizagem, como raiz motivadora da intenção de realizar a presente

investigação.

A partir destas considerações, foi elaborada uma proposta de ensino, aplicada e, após

sua aplicação, analisadas suas contribuições. Para isso, segundo a metodologia teórica da

Engenharia Didática, no capítulo 4 foram estudadas todas as dimensões que envolvem o

assunto, como o próprio conhecimento, estudando diversas referências sobre o conteúdo,

obstáculos em seu ensino, levando em conta a realidade dos alunos e propostas de aula deste

conteúdo realizadas por outros autores.

Conhecidas estas informações, foram escolhidas as metodologias de Resolução de

Problemas e Tecnologia (software GeoGebra), as quais são defendidas no capítulo 3 deste

trabalho, assim como a metodologia teórica Engenharia Didática. Em seguida, foram

elaborados os planos de aula, que estão descritos no capítulo 5, levando em consideração

possíveis comportamentos dos alunos e buscando prever contribuições desta proposta. A fase

de aplicação visou proporcionar uma proximidade entre as realizações práticas e a análise

10

teórica, sendo descritas posteriormente no capítulo 6 as considerações quanto a estes fatos,

buscando a maior proximidade possível com a realidade com que ocorreu. Finalmente,

considerando o que foi previsto na elaboração do plano de aula e comparando com o relato de

sua aplicação, é realizada no capítulo 7 uma análise, verificando quais condições ocorreram e

quais divergiram do planejado, fazendo posteriores considerações quanto à proposta.

11

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Elaborar e aplicar uma proposta de ensino para abordagem de funções exponencial e

logarítmica no Ensino Médio da Educação Básica, utilizando a Resolução de Problemas e a

Tecnologia (software GeoGebra) como metodologias de ensino. E após sua aplicação, analisar

esta proposta.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Elaborar, aplicar e, após sua aplicação, analisar, uma proposta de ensino para

abordagem do conteúdo;

- Identificar os obstáculos didático e epistemológico no ensino aprendizagem de

funções exponencial e logarítmica;

- Mostrar, através de aplicações na realidade e no cotidiano, a importância do ensino

de funções exponencial e logarítmica na Educação Básica;

- Investigar as contribuições da Resolução de Problemas e Tecnologia como

metodologias de ensino para abordar o conteúdo.

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3. METODOLOGIAS

3.1. METODOLOGIA DE PESQUISA

O presente trabalho teve como proposta metodológica os pressupostos da Engenharia

Didática. Para caracterizá-la, utilizamos as palavras de Pais (2011), que justifica sua utilização

por se tratar de uma concepção que contempla tanto a dimensão teórica, quanto a dimensão

experimental da pesquisa em didática, interligando estas duas dimensões. Completa ainda

afirmando que sem esta articulação cada uma destas dimensões tem seu significado reduzido.

Está implícita nesta metodologia a analogia entre o pesquisador em didática e o

trabalho do engenheiro, no que diz respeito à concepção, planejamento e execução de um

projeto (PAIS, 2011). Assim como o engenheiro, o educador também depende de um

conjunto de conhecimentos para exercer o seu papel, porém, apenas o modelo teórico não é

suficiente para suprir toda complexidade do objeto educacional. Neste sentido, além do

referencial teórico, é preciso fazer um controle sistemático da realização prática de um

determinado método na pesquisa didática.

Na utilização da engenharia didática devem ser executadas de forma consecutiva e

nessa mesma ordem essas quatro fases: análises preliminares; concepção e análise a priori;

aplicação de uma sequência didática; e por último a análise a posteriori e validação.

Na análise preliminar são estudados os referenciais teóricos e verificadas questões

empíricas, como as condições da realidade sobre a qual a experiência será realizada, sendo

recomendado fazer uma descrição das principais dimensões que definem o fenômeno a ser

estudado e que se relacionam com o sistema de ensino, tais como a epistemológica, cognitiva,

pedagógica entre outras. Nesta etapa fizemos o estudo dos conteúdos referentes ao assunto,

como potenciação, função, propriedades logarítmicas, equação, além da análise dos

obstáculos para seu aprendizado.

A fase da concepção e análise a priori consiste na definição do sistema de ensino.

Esta definição ocorre descrevendo escolhas e características de situações, análise de desafios

para os alunos e possíveis comportamentos, possibilitando prever as contribuições das tarefas

para o desenvolvimento do conhecimento. Com isto pretende-se pensar possibilidades para o

ensino de funções exponenciais e logarítmicas, desde os conteúdos a serem trabalhados até a

forma com que isso ocorrerá, ou seja, metodologias para sua aplicação, sendo que estas

opções serão baseadas na análise preliminar.

13

A aplicação da sequência didática é de suma importância para garantir a

proximidade dos resultados práticos com a análise teórica. Planeja-se um certo número de

aulas com a finalidade de observar situações de aprendizagem, por isso são aulas que saem

um pouco da rotina de sala de aula. Em muitas das atividades realizadas pelos alunos é

necessário uma observação direta, o que pode exigir que algumas dessas realizações sejam

filmadas, gravadas e outras somente descritas. Dentro do trabalho proposto, pretende-se fazer

esta observação através de um diário de campo onde constará as considerações feitas durante

o trabalho dos alunos, como perguntas, discussões e pela análise das tarefas entregues,

verificando suas resoluções.

A análise a posteriori é a fase de tratamento das informações obtidas nas

observações da aplicação da proposta de ensino, salientando que o importante é que essa

análise atinja a realidade das produções dos alunos. Pode-se complementar a análise a

posteriori, utilizando questionários, entrevistas, diálogos, entre outras.

A validação dos resultados é obtida pela confrontação dos dados da análise a priori e

a posteriori, analisando as escolhas feitas no início da pesquisa.

3.2. METODOLOGIA DE ENSINO

Como metodologia de ensino foi utilizada a Resolução de Problemas e a Tecnologia.

Inicialmente podemos ver nas Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio

(BRASIL, 2006) a importância de o professor de Matemática possibilitar o acesso de seus

alunos a outras Tecnologias, diferentes daquelas que eles estão acostumados a utilizar. A

Tecnologia utilizada nesta pesquisa é o software GeoGebra que, como podemos encontrar no

trabalho de Santos (2011, p. 8), “ [...] contribui para a visualização e para a compreensão do

comportamento gráfico das funções estudadas”.

O software GeoGebra possibilita enorme dinamismo na construção de gráficos, pois

ao inserir a estrutura algébrica da função neste software, ele apresenta a estrutura gráfica do

mesmo em uma extensão muito grande do plano cartesiano, com grande precisão dos pontos.

Quando essa construção é feita à mão, é necessário inicialmente calcular alguns pontos para

em seguida traçar a curva passando por eles, como normalmente poucos pontos são utilizados,

a curva pode apresentar um aspecto distinto de seu real formato.

Quanto à metodologia de ensino Resolução de Problemas, esta foi utilizada visando

que os alunos assumam um papel ativo na construção de seus conhecimentos. Onuchik (1999,

p. 208) afirma que “a compreensão de matemática, por parte dos alunos, envolve a ideia de

14

que entender é essencialmente relacionar”. Para tanto, foram propostas tarefas envolvendo

situações problemas, anteriormente à formalização dos conceitos, sendo assim, partindo de

casos específicos e concretos e posteriormente buscando a generalização, segundo o que

propõe Onuchik:

O problema é olhado como um elemento que pode disparar um processo de

construção do conhecimento. Sob esse enfoque, problemas são propostos ou

formulados de modo a contribuir para a formação dos conceitos antes mesmo de sua

apresentação em linguagem matemática formal. (ONUCHIK, 1999, p. 207).

A fim de utilizar a Resolução de Problemas como metodologia, algumas

características devem estar presentes, como o fato de os alunos realizarem as tarefas em

grupos, dado que aprender é muitas vezes um processo compartilhado e que muitas vezes o

sucesso depende da combinação de esforços. O papel do professor deixa de ser apenas o de

comunicador do conhecimento para o de observador, organizador, consultor e incentivador da

aprendizagem. Ao final do trabalho dos alunos, alguns resultados são anotados na lousa para a

realização de uma plenária, tantos os certos como os errados e aqueles feitos por caminhos

diferentes. Dado que todos trabalharam sobre o problema, devem defender seus pontos de

vista e participar no processo realizado pelos outros grupos. Finalmente, os pontos de

dificuldade encontrados e as divergências dos grupos devem ser trabalhados, explorando as

ideias apresentadas, para se chegar a um consenso entre todos e com isso formalizar o

conteúdo.

15

4. ANÁLISES PRELIMINARES

A organização da proposta de ensino de funções exponencial e logarítmica foi

precedida da estruturação teórica da situação do ensino deste conteúdo que está previsto para

a 1ª Série do Ensino Médio, segundo as orientações das Diretrizes Curriculares de Matemática

(PARANÁ, 2008). O objetivo é identificar os problemas referentes ao ensino e à

aprendizagem do conteúdo, especialmente nos aspectos algébricos e gráficos, a fim de

delinear a organização da proposta de ensino. Para tanto, foram consultados os documentos de

orientações, sendo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)(BRASIL, 2000) e suas

orientações complementares (PCN+)(BRASIL, 2002), as Orientações Curriculares para o

Ensino Médio (BRASIL, 2006) e as Diretrizes Curriculares de Matemática da Educação

Básica (PARANÁ, 2008), além de artigos e dissertações referentes à análise dos livros

didáticos, análise dos obstáculos e possibilidades ou alternativas para o ensino. Este material

orientou a construção da proposta de ensino, que será apresentada no quinto capítulo.

4.1. ENSINO DE FUNÇÃO EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA

As funções exponencial e logarítmica provêm de duas aplicações Matemáticas, uma

bastante conhecida, que é a potenciação, e outra menos conhecida, os logaritmos.

A potenciação, operação que representa sucessivas multiplicações de um mesmo

valor, é conteúdo estudado desde o 6º ano do Ensino Fundamental, iniciando pelas potências

quadráticas e ampliando seu estudo na sequência dos conteúdos, como vemos nas Diretrizes

Curriculares de Matemática (PARANÁ, 2008).

Já os logaritmos, criados por John Napier que os publicou em um tratado de 1614,

onde estão seus métodos e um conjunto de tabelas e regras de cálculo, têm como objetivo

facilitar grandes cálculos, por transformar multiplicações e divisões em operações mais

simples de adição e subtração (VASCONCELOS, 2011). Sua criação baseou-se na análise e

associação de termos de uma Progressão Geométrica (PG) e os termos da Progressão

Aritmética (PA) constituída nesta PG. Um logaritmo pode ser analisado como uma

potenciação escrita ao inverso. Fazendo uma comparação, enquanto a potenciação nos dá a

base e o expoente para determinarmos a incógnita, no logaritmo teríamos o valor e a base,

estando a incógnita como expoente.

16

Durante muitos anos ensinou-se nas escolas a calcular utilizando as tabelas de

logaritmos, o que perdeu sua utilidade com o surgimento das calculadoras que fizeram com

que as tabelas se tornassem apenas peças de museu (VASCONCELOS, 2011). O fato de este

método para realizar cálculo ter se tornado obsoleto não implica que a utilização do conceito

para outros fins também o tenha. Pode-se visualizar este fato nas Orientações Curriculares

para o Ensino Médio:

[...] Nos problemas de aplicação em geral, é preciso resolver uma equação

exponencial, e isso pede o uso da função inversa – a função logaritmo. O trabalho de

resolver equações exponenciais é pertinente quando associado a algum problema de

aplicação em outras áreas de conhecimento [...]. Não se recomenda neste nível de

ensino um estudo exaustivo dos logaritmos. (BRASIL, 2006, p. 75).

Verifica-se que uma das aplicações dadas aos logaritmos é enquanto função, que

inclusive é colocada como fundamental. Por outro lado, sua utilização como método de

cálculo e análise de suas propriedades é recomendada nas Orientações Curriculares para ser

trabalhada de maneira mais breve, sem se conter muito nestes estudos, ou seja, o aluno deve

ter o conhecimento básico das propriedades dos cálculos com logaritmos para utilizá-las no

estudo das funções logarítmicas.

Além de ter conhecimento de potenciação e das propriedades dos logaritmos, o aluno

deve ter afinidade com as ideias e conceito de função, reconhecendo, por exemplo, que uma

função é uma aplicação que associa por meio de “uma regra” cada elemento de um conjunto

denominado domínio a um único elemento do conjunto denominado imagem. O estudo do

conteúdo de funções em sua forma geral é proposto nas Diretrizes Curriculares de Matemática

da seguinte maneira:

No Ensino Fundamental, na abordagem do Conteúdo Estruturante Funções, é

necessário que o aluno elabore o conhecimento da relação de dependência entre duas

grandezas. [...] As abordagens do Conteúdo Funções no Ensino Médio devem ser

ampliadas e aprofundadas de modo que o aluno consiga identificar regularidades,

estabelecer generalizações e apropriar-se da linguagem matemática para descrever e

interpretar fenômenos ligados à Matemática e a outras áreas do conhecimento.

(PARANÁ, 2008, p. 59).

Ainda quanto às orientações para o ensino de função, o mesmo deve ter início no 9º

ano do Ensino Fundamental com noções intuitivas das funções afim e quadrática e deve

prosseguir e se aprofundar no Ensino Médio, culminando no estudo dos diferentes tipos de

função.

Do conhecimento de funções e das aplicações já citadas, pode ser iniciado o estudo

das funções exponencial e logarítmica. Durante o estudo destas funções depara-se com a

17

propriedade de função inversa, de forma semelhante àquela de que o logaritmo é o inverso da

potenciação.

Desta maneira, pode-se estudar funções inversas durante o estudo de funções

exponencial e logarítmica. Inclusive, vemos nas orientações dos PCN+ (BRASIL, 2002) que

este conteúdo (funções inversas) só tem necessidade e sentido quando proporciona conexões

com funções que apresentam este comportamento, o que normalmente na Educação Básica só

é visto com as funções exponencial e logarítmica. O processo algébrico para se obter a função

inversa implica normalmente em um processo árduo e difícil, que na maioria dos casos

utiliza-se da sequência didática como descrita por Pereira (2010, p.90): “isola-se a variável

dependente, trocam-se as variáveis de posição, ou seja, quem é x vira y, e vice-versa,

finalmente escreve-se este „[novo] y‟ em função do „[novo] x‟.”

Pode-se utilizar também uma sequência didática baseada na geometria, a fim de

justificar este processo de inversão, despertando possivelmente o entendimento algébrico de

função inversa. Por esse motivo, Pereira (2010) sugere que o ensino de função inversa seja

feito com a utilização da geometria, associando os pares ordenados pertencentes à função

exponencial com os pontos de coordenadas inversas, que pertencerão à função logarítmica.

4.2. DOCUMENTOS ORIENTADORES

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio (BRASIL, 2000)

fornecem subsídios como guia curricular na orientação do trabalho pedagógico dos

professores e classifica como importante que a Educação se volte para o desenvolvimento das

capacidades de comunicação, de resolver problemas e de tomar decisões, estruturando o

pensamento e o raciocínio dedutivo, num papel instrumental que sirva para a vida cotidiana e

às atividades humanas.

O critério central de suas orientações está na contextualização e interdisciplinaridade,

permitindo conexões entre os conceitos e as diferentes formas de pensamento matemático,

levando em conta suas aplicações dentro ou fora da Matemática. Neste sentido, encontramos

nos PCN, orientações quanto ao estudo de funções:

O ensino isolado desse tema não permite a exploração do caráter integrador que ele

possui. Devemos observar que uma parte importante da Trigonometria diz respeito

às funções trigonométricas e seus gráficos. As sequências, em especial progressões

aritméticas e progressões geométricas, nada mais são que particulares funções. As

propriedades de retas e parábolas estudadas em Geometria Analítica são

propriedades dos gráficos das funções correspondentes. Aspectos do estudo de

polinômios e equações algébricas podem ser incluídos no estudo de funções

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polinomiais, enriquecendo o enfoque algébrico que é feito tradicionalmente.

(BRASIL, 2000, p. 43).

Em sua complementação, nos PCN+, encontramos considerações semelhantes quanto

à importância desta característica de ensino, onde vemos, por exemplo, que o professor deve

possibilitar ao aluno por si só construir estratégias, argumentação, relacionar diferentes

conhecimentos, proporcionando desafios reais e que façam sentido.

Quanto ao ensino de funções, ele deve proporcionar conexões dentro e fora da

Matemática, permitindo o estudo a partir de situações contextualizadas, tanto em sua forma

algébrica quanto graficamente. A instrução é que:

Os problemas de aplicação não devem ser deixados para o final desse estudo, mas

devem ser motivo e contextos para o aluno aprender funções. A riqueza de situações

envolvendo funções permite que o ensino se estruture permeado de exemplos do

cotidiano, das formas gráficas que a mídia e outras áreas do conhecimento utilizam

para descrever fenômenos de dependência entre grandezas. (BRASIL, 2002, p. 121).

Estas considerações foram utilizadas para iniciar os planos de aula, introduzindo

situações problemas envolvendo condições contextualizadas e que fazem parte do cotidiano,

como veremos no capítulo seguinte.

No documento das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006),

encontramos diversas considerações quanto ao estudo do conteúdo de funções, sendo

apresentado de uma forma mais explicativa que oferece possibilidades de como conduzir este

ensino. Inicialmente é sugerido que este conteúdo seja ensinado com a exploração de relação

entre duas grandezas em diversificadas situações, provocando os alunos para que busquem

outras relações, esbocem gráficos e os analisem. Ao obter as funções na forma algébrica é

importante que a expressem em linguagem natural, o que facilita a identificação da ideia de

função. Deve-se destacar as características da função como, por exemplo, quando ocorre a

mudança de coeficientes. O documento também salienta a importância do estudo dos

diferentes modelos de funções como linear, quadrática e exponencial, apresentado em

diferentes áreas do conhecimento de uma forma contextualizada. Deve-se discutir o

crescimento e decrescimento do modelo linear e introduzir o modelo exponencial, destacando

as taxas de crescimento ou decrescimento constante no modelo linear e variável no modelo

exponencial, utilizando sempre que possível situações reais, no que muitas vezes surge a

necessidade do uso da função inversa da exponencial, a logarítmica.

Analisando as Diretrizes Curriculares de Matemática da Educação Básica

(PARANÁ, 2008), verifica-se que os conteúdos a serem ensinados estão divididos em cinco

conteúdos estruturantes, entre eles funções. No Ensino Médio, o conteúdo estruturante

19

funções engloba os conteúdos: função afim, quadrática, polinomial, exponencial, logarítmica,

trigonométrica, modular, progressão aritmética e geométrica. Segundo as Diretrizes os alunos

devem compreender que as funções descrevem diversas situações em várias áreas do

conhecimento, modelando situações para auxiliar o homem em suas atividades. Quanto à

abordagem, ela deve ser ampliada no Ensino Médio, visto o conteúdo já ser iniciado no

Ensino Fundamental, de modo que o aluno consiga identificar regularidades, fazer

generalizações e utilizar linguagens matemáticas para descrever fenômenos ligados à

Matemática e outras áreas do conhecimento.

4.3. OBSTÁCULOS

Segundo as considerações de Brousseau (1998, Apud BORGES, 2011), os obstáculos

podem ser classificados em: obstáculos de origem ontogênica, epistemológica e didática.

4.3.1. Obstáculos Ontogênicos

Os obstáculos de origem ontogênica são caracterizados por surgirem devido às

limitações (neurofisiológicas, entre outras) do aluno em algum momento de seu

desenvolvimento.

A teoria de Piaget indica a impossibilidade de desenvolver um cálculo formal

quando o indivíduo se encontra no estágio das operações concretas. A exigência do

uso correto da linguagem e dos símbolos matemáticos pode, também, criar esse tipo

de obstáculo. (ALMOULOUD, 2007, p. 145).

Este tipo de obstáculo está diretamente ligado à complexidade da tarefa apresentada,

pois caso esteja acima da capacidade neurológica ou fisiológica do aluno, acabará barrada por

esta limitação.

4.3.2. Obstáculos Epistemológicos

As noções de obstáculo epistemológico foram descritas inicialmente em 1938,

quando Gastão Bachelard ilustra fatos relacionados à formação histórica dos conceitos

científicos, descrevendo a essência da noção de obstáculo, observando que a evolução de um

conhecimento pré-científico até o nível científico depara-se com a rejeição de conhecimentos

anteriores, defrontando com certo número de obstáculos. Portanto, segundo as considerações

20

de Bachelard descritas por Pais (2011), obstáculo não se refere à falta de conhecimento, mas à

rigidez do mesmo que resiste à instalação de novas concepções. A fim de entendermos os

aspectos didáticos dessa noção, é necessário considerarmos o contexto em que ela foi criada,

no início do século XX, em meio a críticas de evoluções científicas e de significativas

mudanças de paradigmas.

Quanto aos obstáculos no contexto da Matemática, devemos analisar que sua

evolução não foi regular, contínua e sem erros ou rupturas, mas essa regularidade ocorre

apenas no final da formalização do conteúdo, sobre o que lemos:

De fato, o tipo de ruptura encontrada na evolução das ciências experimentais não

aparece com clareza no registro histórico da matemática. Entretanto, isso não quer

dizer que haja uma linearidade absoluta na fase da descoberta da matemática. Esse é

um problema que relaciona o desafio da descoberta do conhecimento e sua

sistematização por meio de uma demonstração, pois esse registro formal não deixa

explícitas as dificuldades encontradas no transcorrer do processo de criação. (PAIS,

2011, p. 41).

As considerações feitas por Pais referem-se à falta de descrições e relatos das

dificuldades e dos erros que ocorrem durante as demonstrações, provas, ou qualquer outro

processo que implica na evolução do conhecimento. Sem isto, ao visualizarmos o conteúdo

formalizado e bem estruturado, criamos uma errada ilusão de que aquilo foi construído

seguindo simples passos e de uma forma precisa. Outra questão que deve ser analisada é

quanto à história da Matemática, que normalmente é visualizada de uma forma fragmentada,

considerando apenas aqueles períodos “convenientes”.

4.3.3. Obstáculos Didáticos

Os obstáculos de origem didática são aqueles que procedem de alternativas de ensino

num projeto do sistema educativo. Normalmente ocorrem devido à escolha de estratégias que

facilitam a aprendizagem de conhecimentos em um primeiro momento, porém, o conteúdo

tem a validade questionável ou incompleto e que posteriormente revelam-se como obstáculo

no desenvolvimento da conceituação.

Os obstáculos deste tipo são, em sua maior parte, inevitáveis e inerentes à

transposição didática, embora seu reconhecimento permita ao professor rever a

introdução escolhida para um determinado conceito para explicitar a dificuldade

vivida pelo aluno. (ALMOULOUD, 2007, p. 142).

Verificamos alguns exemplos dados por Almouloud de situações frutos de obstáculos

de origem didática, como a utilização da regra de que a multiplicação sempre aumenta e a

divisão sempre diminui, a qual é válida quando se trabalha com os números naturais, porém,

21

torna-se um obstáculo quando o aluno verifica que a divisão por um número entre 0 e 1

aumenta e a multiplicação pelo mesmo número diminui, ou seja, o contrário daquilo que ele

havia aprendido. Outro exemplo é quanto aos números decimais, o qual dependendo como for

trabalhado pode dar a concepção ao aluno de que números decimais são compostos por dois

números naturais separados por uma vírgula, gerando diversas rupturas relativas à ordenação

destes, devido à comparação ser feita baseada no maior número como feito com os números

naturais. Vejamos o seguinte caso explicitado pelo autor: 12,8 < 12,17. Este equívoco decorre

do obstáculo didático comentado, pois inicialmente as parcelas “12” antes da vírgula são

iguais, mas ao comparar “8” e “17”, se considerados números naturais obviamente, a

ordenação estaria correto tratando-se, portanto, de um obstáculo didático.

22

5. ANÁLISE A PRIORI

Após o estudo das teorias envolvendo o conteúdo e os obstáculos relacionados a seu

ensino, preparamos quatro tarefas embasadas nas metodologias de Resolução de Problemas e

Tecnologias, as quais já foram fundamentadas neste trabalho. Partimos do fato de que

proporcionar relações entre o conteúdo a ser ensinado e um contexto relacionado às suas

vivências estimula o interesse dos alunos.

A primeira tarefa explora o fator de crescimento da função exponencial, na qual os

alunos devem relacionar as ideias deste tipo de crescimento com a potenciação. Para

possibilitar a contextualização do conteúdo, utilizamos uma situação problema dando ênfase à

Ciência Biológica, explorando o crescimento de uma planta.

Na segunda tarefa são exploradas as ideias de inversão de função, introduzindo assim

a função logarítmica e posteriormente analisando seu fator de crescimento, comparando com a

exponencial. O problema utilizado contextualiza uma situação envolvendo a Matemática

Financeira.

Na terceira e quarta tarefa é utilizado o software GeoGebra para, com o auxílio de

sua dinamicidade, estudar respectivamente as características referentes à inversão das funções

e os efeitos da mudança de base.

5.1. TAREFA 1 – CRESCIMENTO EXPONENCIAL E A SUA RELAÇÃO COM A

POTENCIAÇÃO

Tarefa 1 – A altura de uma planta dobra a cada mês, durante certo período de sua

vida. Considerando que isto ocorra a partir de quando sua altura é 1 cm, responda:

a) Qual é a altura para o instante inicial considerado?

b) Qual a altura da planta ao final do 1º mês e, sucessivamente, no final do 2º, 3º,

até o 10º mês? Utilize a tabela abaixo para completar estes valores.

Tempo 0

Altura 1

c) Quem são as duas variáveis envolvidas? Qual delas é dependente e qual é

independente?

d) É possível verificar uma relação com potenciação nos valores obtidos?

(Continua)

23

(Conclusão)

e) Coloque alguns pontos no plano cartesiano, referente aos valores da tabela,

indicando a variável independente na horizontal e a dependente na vertical.

f) Una os pontos do gráfico a partir do valor inicial.

g) A curva obtida no plano cartesiano corresponde a:

( ) uma função de 1º Grau (cujo gráfico é uma reta)

( ) uma função de 2º Grau (cujo gráfico é uma parábola)

( ) uma função desconhecida (nem reta e nem parábola)

h) Interpretando o gráfico formado, dê um valor aproximado para a altura da planta

em:

h1) 2,5 meses.

h2) 3 meses e 10 dias.

h3) 4 meses e 20 dias.

i) O gráfico define uma função crescente ou decrescente? Justifique.

j) Existe um valor extremo num determinado ponto do gráfico? (mínimo ou

máximo).

k) Formalize, utilizando letras para as variáveis, uma lei de formação que melhor

se ajusta ao gráfico e aos valores encontrados.

l) Determine o domínio e imagem da função referente a esta situação problema.

Quadro 1: Tarefa 1

Fonte: PEREIRA (2010, p.30)

A situação problema envolvendo o crescimento vegetativo objetiva apresentar o

modelo de crescimento não linear da função exponencial. Neste problema são apresentadas a

1

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

12

13

14

15

16

11

2 3 4 5 6 7 8 9 100

24

altura inicial da planta e a taxa de crescimento da mesma, sendo que, logo no primeiro

questionamento é solicitado a altura inicial da planta, para que compreendam o ponto ou valor

inicial para o problema. Na resolução do item b esperamos que os alunos realizem as contas

de multiplicação por dois, que é o fator de crescimento, logo abaixo da tabela onde foi

deixado um espaço em branco para este fim. Fazendo essas multiplicações é possível

encontrar a relação envolvendo a potenciação de base dois.

Por já haverem estudado variáveis dependentes e independentes, esperamos que

nenhuma dupla tenha dificuldade em identificá-las no item c, já que isso é necessário para a

construção gráfica.

Pensando em orientá-los quanto a onde devem chegar, na pergunta d é solicitado que

verifiquem a relação entre os valores obtidos na tabela do item b e uma sequência de

potenciação, julgando facilitar a visualização da lei de crescimento. Ainda esperando

possibilitar uma reflexão quanto ao crescimento desta planta, nos itens e e f eles devem

construir a curva formada pelos pontos encontrados na tabela, plotando no plano cartesiano já

impresso na tarefa. Finalizando a análise do fator de crescimento é solicitado no item g que

caracterizem qual tipo de crescimento representa aquela curva: 1º Grau, 2º Grau ou uma curva

desconhecida.

Com o item h pretende-se estimular os alunos a determinar pontos não exatos do

gráfico, em tempos fora da escala da malha, ou seja, ao invés de considerar um valor natural

para o mês, foi considerado também alguns dias e solicitado que encontrem um resultado

aproximado para a altura da planta naquele tempo.

Perguntamos no item i se o gráfico é crescente ou decrescente, com o objetivo de

verificar se os alunos compreendem este conceito que pode ser analisado nos outros tipos de

funções e, se conseguem identificar esta característica neste tipo específico de função. Na

questão seguinte é necessário que os alunos pensem na situação problema para definir os

valores mínimos e máximos para tempo e altura, pois devem encontrar os pontos extremos da

mesma, fazendo isso pelas características do problema dado e pelo gráfico construído, pois

ainda não foi formalizado este tipo de função.

Buscando a formalização da função exponencial, é solicitado no item k que,

utilizando letras para as variáveis, construam uma lei de formação que melhor se ajuste ao

gráfico e aos pontos encontrados, orientados pela questão d que solicitou a verificação da

relação existente entre os cálculos e uma sequência de potenciação. Ainda seguindo a ideia de

formalização da função, baseados nos valores extremos que o problema poderia assumir, no

25

item l devem verificar o domínio e a imagem da função exponencial especificamente para esta

situação problema que receberam.

5.2. TAREFA 2 – CRESCIMENTO EXPONENCIAL E A SUA INVERSA, A

LOGARÍTMICA.

Tarefa 2 – Uma pessoa deposita em um banco a quantia de R$10.000,00, a uma

taxa de 12% ao ano e pode sacar a qualquer momento, o capital mais os juros,

denominado de Montante. Mediante informações prestadas pela instituição

Financeira, o valor a ser resgatado em qualquer instante obedece a seguinte lei de

formação: M = C∙(1 + i)t, cujas variáveis1 correspondem ao montante, o capital

depositado, a taxa de juros e o tempo da aplicação. Analisando os dados da

situação financeira, responda:

a) Determine o que representa cada variável da lei de formação:

a1) M =

a2) C =

a3) i =

a4) t =

b) Destas variáveis da lei de formação, quais possuem valores definidos na

situação problema e quais não possuem? Como fica então a lei de formação?

c) Da lei de formação obtida, qual é a variável dependente e a independente?

d) Qual é o valor do capital inicial, ou seja, o montante no tempo 0?

e) Qual será o montante aproximado no final do 1º, 2º, 3º, até o 10º ano? Utilize a

tabela abaixo para completar estes valores, iniciando do tempo 0.

Tempo

Montante

f) E ao final de t anos, qual será o montante? O que você acabou de definir?

g) Que condição deve ser imposta para t?

h) Coloque alguns dos pontos no plano cartesiano, indicando a variável

independente na horizontal e a dependente na vertical. Depois una os pontos a

partir do valor inicial.

(Continua)

1 O termo variáveis é utilizado incorretamente, sendo o correto incógnitas.

26

(Conclusão)

i) Complete uma nova tabela, apenas invertendo os valores dos pares ordenados

da tabela anterior.

Montante

Tempo

j) Coloque os pontos no plano cartesiano, com as novas coordenadas e una os

pontos. Este novo gráfico define uma nova função, a “Função Logarítmica”.

k) Os gráficos definem funções crescentes ou decrescentes?

l) Determine o domínio e a imagem das funções referentes a esta situação

problema.

m) Pensando em outra situação, se a sua dívida cresce como o gráfico

Exponencial e seus rendimentos como o gráfico Logarítmico, o que você pode

concluir?

n) Se, porém, os seus rendimentos crescem como o gráfico Exponencial e suas

dívidas como o gráfico Logarítmico, o que você conclui?

Quadro 2: Tarefa 2

Fonte: (PEREIRA, 2010, p. 35 e 36)

10'000

11'000

12'000

13'000

14'000

15'000

16'000

17'000

18'000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

1

0

2

3

4

5

6

7

8

9

10

10'0

00

11

'000

12'0

00

13'0

00

14'0

00

15'0

00

16'0

00

17'0

00

18'0

00

27

A situação problema envolvendo a Matemática Financeira e juros compostos,

objetiva apresentar um modelo de crescimento exponencial. Caracteriza-se o juro composto

por acrescentar em cada incidência de juros, seu valor ao capital, do que resulta que nas

incidências sequenciais também haverá o “juro do juro”, além do juro do capital, implicando

em um crescimento cada vez maior, o qual gera o montante.

Inicialmente, no item a é solicitado que definam o que representa cada uma das

incógnitas descritas na lei de formação da situação de juros compostos M = C (1 + i)t, sendo

M = montante, C = capital, i = taxa de juros e t = tempo, e questionado logo na pergunta

seguinte qual delas possuem valores já definidos na situação problema, para que assim

possam reescrever a lei de formação com os valores já conhecidos, a qual se trata de uma

função exponencial. Estas grandezas desempenham um papel importante no contexto

financeiro, pois relacionam a variável independente t e a variável dependente M, a partir dos

valores das incógnitas como parâmetros, sendo questionada esta classificação das variáveis na

pergunta c.

No problema são dados os valores do capital e da taxa de juros, sendo possível assim

descobrir o montante em cada período, multiplicando o montante atual pela taxa de juros,

sendo que o montante no tempo inicial é equivalente ao capital depositado, o que deveria ser

verificado pelas duplas no item d. A fim de que analisem o crescimento desta situação,

solicitamos no item e que calculem os valores e preencham na tabela os montantes até o final

do 10º ano. Para encontrar estes valores, devem acrescentar a cada montante o valor dos juros,

ou seja, multiplicar o montante atual por 1,12, iniciando pelo capital depositado e obtendo os

seguintes valores: M1 = R$ 11 200,00; M2 = R$ 12 544,00; ... ; M10 = R$ 31 058,48.

Após completarem a tabela com os valores, é questionado na pergunta f qual o

montante ao final de t anos, esperando que formalizem a lei de formação como uma função

exponencial em que o montante depende do tempo de aplicação. Em seguida, na pergunta g os

alunos são questionados quanto à condição a ser imposta para o tempo nesta situação, de

modo que se questionem em relação aos valores mínimos e máximos para o tempo e o

montante.

Através da representação gráfica dos valores obtidos esperamos proporcionar no item

h mais uma possibilidade para compreensão do crescimento exponencial, o qual é tão maior

quanto maior é o valor para o tempo. A curva formada pelos pares ordenados dos valores (t ,

M) é uma curva exponencial, semelhante àquela da Tarefa 1.

É possível perceber claramente que se trata de uma função crescente, pois os valores

de ambas as variáveis estão crescendo. Assim, é solicitado no item i que os alunos completem

28

uma nova tabela de valores, apenas invertendo as posições de tempo e montante, de modo a

obterem os pares ordenados (M , t), os quais ao serem plotados no gráfico no item j

continuam constituindo uma função crescente, já que ambas as variáveis permanecem

crescendo, porém, esse crescimento é muito mais lento do que no caso anterior. Esta nova

curva obtida com os valores inversos do caso da exponencial é a logarítmica, a qual se

caracteriza também por possuir todos os pontos simétricos com os da exponencial, em relação

à bissetriz do 1º quadrante. A fim de verificar se realmente os alunos identificavam essas

funções como crescentes, questionamos os alunos na pergunta k quanto a esta característica.

Para finalizar é solicitado no item l que os alunos definam os intervalos de domínio e

imagem de ambas as funções, com base nesta situação problema e posteriormente são feitos

dois questionamentos, m e n, quanto ao fator de crescimento de ambos os modelos,

exponencial e logarítmica, a fim de evidenciar que a curva exponencial tem um crescimento

muito mais rápido e a logarítmica mais lenta.

5.3. TAREFA 3 – CARACTERIZANDO AS FUNÇÕES EXPONENCIAL E

LOGARÍTMICA COMO INVERSAS E PERCEBENDO SUAS CARACTERÍSTICAS

Tarefa 3 – Análise das características das funções inversas (exponencial e

logarítmica), a partir da situação problema da 1ª tarefa. (GeoGebra 3.0.0.0)

a) Crie um seletor utilizando o item “seletor” na 9ª opção de ferramentas, o qual

será nomeado automaticamente de a e altere o intervalo mínimo para 1.1. Deixe

inicialmente no valor 2.

b) Construa o gráfico f(x)=a^x.

c) Construa a bissetriz do 1º e 3º quadrantes, criando a reta y=x.

d) Utilizando na 2ª opção de ferramentas “Novo ponto”, clique na reta que acabou

de ser construída, criando o ponto A.

e) Construa uma reta perpendicular à bissetriz. Na 4ª opção de ferramentas o item

“reta perpendicular”, clique na reta bissetriz e no ponto A.

f) Construa um ponto de interseção entre a reta perpendicular criada e a curva da

função, utilizando na 2ª opção de ferramentas o item “Interseção de Dois Objetos”.

Será nomeado automaticamente de B.

(Continua)

29

(Conclusão)

g) Utilizando agora o item “Reflexão com Relação a uma Reta”, que está na 8ª

opção de ferramenta, clique no ponto B que acabou de ser criado e na reta

bissetriz (y=x). Será criado um novo ponto automaticamente B’.

h) Clique agora com o botão direito do mouse no ponto B’, e em seguida clique em

“Habilitar Rastro”.

i) Agora, movimentando o ponto A no sentido da bissetriz, será formada pelo rastro

a curva inversa da Exponencial, que é a Logarítmica.

i1)O que você pode dizer destas duas curvas pela visualização gráfica?

j) Crie os pontos P=(2,4) e Q=(3,8) e também os pontos inversos P’=(4,2) e

Q’=(8,3).

j1)O que você visualiza em relação aos pontos e às curvas das funções

inversas?

Quadro 3: Tarefa 3

Fonte: O Autor

Buscando oportunizar aos alunos diferentes tipos de registros do conteúdo de funções

exponencial e logarítmica, optou-se por utilizar o software GeoGebra, o qual possibilita

grande dinamismo nas construções dos gráficos das funções. Com sua utilização pretendemos

mostrar geometricamente as características existentes na relação de inversão entre as funções

exponencial e logarítmica, como a simetria dos pontos de ambas as curvas em relação à

bissetriz do 1º quadrante e a compreensão dos pontos com coordenas opostas nas curvas.

Inicialmente os alunos deverão ser deslocados até o laboratório de informática, para

realizarem as construções conforme roteiro apresentado. Para facilitar as construções os

alunos serão organizados em duplas, sendo um computador por dupla, todos com o GeoGebra

já instalado.

Com estas construções espera-se possibilitar aos alunos a compreensão da função

logarítmica como sendo a inversa da função exponencial e o que isso significa, quais as

consequências desta inversão e principalmente o que ela representa.

30

5.4. TAREFA 4 – CARACTERÍSTICAS DAS FUNÇÕES EXPONENCIAL E

LOGARÍTMICA QUANTO À MUDANÇA DA BASE

Tarefa 4 – Estudo de mudança de base nas funções exponenciais e suas

consequências nas funções logarítmicas:

a) Inicialmente construa o gráfico da função logarítmica g(x)=log(x)/log(a).

b) Clicando com o botão direito na curva do gráfico, entre em propriedades e altere

a cor dos dois gráficos para facilitar suas visualizações.

c) Varie o valor do seletor entre 1.1 e 5 para verificar:

c1) O que ocorre com a função exponencial nesta variação da base?

c2) O que ocorre com a função logarítmica?

c3) Quais as características comuns às duas funções nesta variação?

d) Clicando com o botão direito sobre o seletor e na opção propriedades, altere o

intervalo mínimo para 0.1.

d1) O que ocorre quando a base é 1? Por que isto ocorre?

d2) Quanto aos gráficos com valores da base entre 0 e 1. Quais as

características do gráfico exponencial? E do gráfico logarítmico?

e) Altere agora o intervalo mínimo do seletor para -5.

e1) O que ocorre com os gráficos quando a base é 0 ou negativa?

e2) Em quais intervalos as funções exponencial e logarítmica existem?

Quando elas são crescentes? E quando são decrescentes?

e3) Determine domínio e imagem das funções exponencial e logarítmica.

Quadro 4: Tarefa 4

Fonte: O Autor

Esta tarefa também tem objetivo de possibilitar aos alunos a utilização do software

GeoGebra, de grande dinamismo nas construções gráficas, para visualização dos efeitos

resultantes na mudança da base das funções. Com estas análises esperamos que reflitam

quanto ao domínio e à imagem das funções, verificando para quais intervalos de base a função

existe e em que momentos ela é crescente ou decrescente.

Inicialmente devem construir a função exponencial f(x)=ax e sua inversa, a

logarítmica (log x) / (log a), sendo que a é uma incógnita definida pelo valor do seletor criado

no GeoGebra e esta forma de escrita da função logarítmica se dá pelas propriedades de

mudança de base, pois a função que nos interessa é loga x, porém, não é possível construí-la

utilizando esta maneira de escrita pelo fato do software aceitar apenas base 10 ou ℮.

31

Utilizamos, portanto, a propriedade que define que uma função logarítmica pode ser escrita

como o logaritmo do logaritmando da função original em uma base “p” qualquer, dividido

pelo logaritmo da base da função original na base “p” escolhida.

Para as primeiras análises é solicitado que o intervalo do seletor, no caso o valor para

a base a, seja fixado com valores entre 1,1 e 5, para que visualizem como em todos os casos

neste intervalo as funções são crescentes, sendo esse crescimento cada vez mais rápido na

função exponencial, quanto maior for o valor da base e o crescimento mais rápido na função

logarítmica, quanto menor for o valor da base se aproximando do 1.

Posteriormente as conclusões tiradas no intervalo de 1,1 a 5, solicita-se que alterem o

intervalo mínimo para 0,1 ficando, portanto, de 0,1 até 5. Com esta expansão do intervalo

para valores menores do que ou igual a 1, esperamos que percebam e reflitam quanto ao fato

de a função exponencial tornar-se uma reta constante nos pontos (x , 1), ou seja, quando a

base é 1. Isto ocorre, pois 1 elevado a qualquer valor que x resulta em 1. Outra observação

que pode ser realizada é que quando o valor da base está entre 0 e 1 as funções tornam-se

decrescentes, sendo esse decrescimento cada vez mais rápido na função exponencial, quanto

mais o valor da base se aproxima de 0 e, inversamente na função logarítmica, o decrescimento

ocorre mais rapidamente quanto mais o valor da base se aproxima do 1.

Na última alteração do intervalo para valor da base solicita-se que deixem o valor

mínimo em -5, para que sejam estudados os casos de base 0 e negativa. Quando a base é 0 o

que se verificava no gráfico da função exponencial é uma constante sobre o eixo das abcissas

para os valores de x maiores do que 0, sendo justificado pelo fato de que quando se tem 0

elevado a qualquer valor positivo de x, o resultado é igual a zero, não existindo porém

resultado para quando o valor de x é 0 ou negativo. Neste caso, a função logarítmica se

caracterizaria por uma reta sobre o eixo das ordenadas, portanto, a função não está definida

para essa base.

Quanto às verificações para o valor de base negativa, observa-se que ambas as

funções “somem” do gráfico. Isto ocorre porque as funções exponencial e logarítmica não

estão definidas para estes valores de base e uma consideração que pode ser feita como

justificativa é que no caso de base negativa e expoente fracionário, temos a raiz de um número

negativo, que não admite resposta para os números reais.

Ao final é proposta uma análise quanto ao domínio e imagem de ambas as funções,

pois esta verificação pode ser feita de forma informal pensando em quais intervalos de base

existem os gráficos destas funções e, nos casos de existência, quais são os valores possíveis

32

para o eixo das abcissas, sendo neste caso o domínio da função e quais são os valores

resultantes no eixo das ordenadas, que constituem a imagem da função.

Como as tarefas 3 e 4 estão previstas para serem realizadas simultaneamente em um

mesmo dia de aula, os questionamentos que estão grifados nestes planos serão entregues

separadamente, com a numeração de 1 até 10 na mesma sequência encontrada nos planos e

deverão ser respondidas imediatamente após a visualização das construções. Abaixo podemos

ver o quadro com os dez itens:

1 – O que você pode dizer destas duas curvas pela visualização gráfica?

2 – O que você visualiza em relação aos pontos e às curvas das funções inversas?

3 – O que ocorre com a função exponencial nesta variação da base?

4 – E com a função Logarítmica, o que acontece nesta variação da base?

5 – Quais as características comuns às duas funções nesta variação de base?

6 – O que ocorre quando a base é 1? Por que isto ocorre?

7 – Quanto aos gráficos com valores da base entre 0 e 1. Quais as características

do gráfico exponencial? E do gráfico logarítmico?

8 – O que ocorre com os gráficos quando a base é zero ou negativa? Por quê?

9 – Em quais intervalos as funções exponencial e logarítmica existem? Quando

elas são crescentes? E quando são decrescentes?

10 – Determine domínio e imagem das funções exponencial e logarítmica.

Quadro 5: Itens das Tarefas 3 e 4

Fonte: O Autor

33

6. RELATO DA APLICAÇÃO DA PROPOSTA DE ENSINO

6.1. APLICAÇÃO

As Tarefas aqui relatadas foram aplicadas em uma turma de 1º Ano do Ensino Médio

de um colégio público em União da Vitória – PR, no período regular de aula, sendo utilizadas

10 aulas para sua aplicação, as quais ocorreram em 5 dias com 2 aulas sequenciais de 50

minutos cada. Estas aulas foram apenas no período diurno com um contingente de 35 alunos.

Como as aulas seguiam uma perspectiva investigativa, sendo nas duas primeiras tarefas

utilizada a metodologia de Resolução de Problemas e nas duas últimas o auxílio da

Tecnologia com o software de geometria dinâmica GeoGebra, a sua execução foi realizada

em duplas, visando a interação entre os alunos e possibilitando discussões das questões a

serem respondidas com o mínimo de interferência possível do professor, apenas através de

incentivos e mediações. As duplas são identificadas por letras de A até S, de modo a preservar

a identidade dos alunos.

6.2. TAREFA 1

Seguindo o planejamento, os alunos foram organizados em duplas para sua resolução

e ficou a critério deles próprios formarem as duplas. Notou-se que os alunos apresentavam

dificuldades básicas dos conteúdos necessários para a realização das tarefas, o que resultou

uma enorme demora em sua realização, superior ao que estava planejado.

Como a proposta da tarefa assumiu características exploratórias investigativas, a

descrição será dividida em dois momentos para as considerações: durante a realização das

tarefas, em que o professor estava apenas incentivando e mediando com poucas interferências;

e o momento das discussões, no qual os alunos apresentavam seus pontos de vista e resultados

para reflexão quanto às respostas obtidas e processos utilizados.

34

6.2.1. Realização da Tarefa 1

Após a leitura e compreensão do enunciado do problema, que envolvia o crescimento

de uma planta, a qual dobrava de tamanho a cada mês, os alunos responderam alguns

questionamentos que culminaram na exploração das ideias que constituem uma função

exponencial, descritas no quadro 2.

No primeiro questionamento nenhuma das duplas teve dificuldade em realizar, pois

bastava retirar a informação do problema, de qual era a altura inicial da planta. Já na pergunta

seguinte, na qual foi disponibilizada uma tabela, onde deveriam ser preenchidos os valores

correspondentes ao tempo e altura da planta do 1º até o 10º mês, verificou-se que algumas

duplas tinham muita dificuldade e não conseguiam calcular a altura da planta. Para a maioria

delas, o que faltava era a interpretação do problema, pois após serem orientados a ler

novamente, entenderam que a cada final de mês a planta teria o dobro da altura do mês

anterior e assim resolveram facilmente. Porém, duas duplas não sabiam como calcular o

dobro, o que segundo suas respostas seria adicionar 2 cm a cada mês; neste caso foi

necessário orientá-los quanto ao significado de dobro para então resolverem a questão.

Na pergunta c foi possível observar que os alunos não estão acostumados a realizar

este tipo de tarefa, na qual devem independentemente interpretar as situações e discutir o que

pensam. Isto porque uma grande quantidade de duplas fazia perguntas do tipo “o que é pra

fazer nessa questão?” ou “está certa esta resposta?” revelando a enorme dependência dos

alunos, mas que após as orientações todas as duplas resolveram esta pergunta corretamente.

Com certeza uma pergunta que era de extrema importância para o objetivo geral da

tarefa era a questão d, a qual solicitava que verificassem a relação existente entre a

potenciação e os valores obtidos. Porém, todas as duplas tiveram muita dificuldade, pois

inicialmente eles entenderam que as respostas deveriam ser apenas “sim, existe” ou “não

existe”. Para corrigir este problema, foi necessário orientá-los de que havia sim uma relação

dos valores encontrados para tempo e altura com uma sequência de potenciação e então eles

deveriam descobrir qual era. Ainda assim, poucas duplas conseguiram fazer, mostrando que

eles não estão muito familiarizados com a utilização da potenciação, tornando mais difícil o

ensino do conteúdo. Dentre as duplas que responderam a questão, podemos destacar uma, que

conseguiu interpretar exatamente como a potenciação descrevia aquela situação.

35

Quadro 6: Tarefa 1 item d – Dupla G

Fonte: Dados da Pesquisa

A seguir, no item e os alunos deveriam construir o gráfico com os valores obtidos

para tempo e altura, iniciando com a plotagem dos pontos e posteriormente traçando-o.

Apesar de já termos disponibilizado o plano cartesiano para facilitar sua construção, ainda

assim muitas duplas não resolveram sem o auxílio do professor.

Com algumas interferências individuais, todas as duplas conseguiram resolver o que

era pedido, sendo que a maior parte desenhou o gráfico corretamente seguindo os pontos que

tinham, com um traçado em uma perspectiva de curva que ela se apresentava, como podemos

ver abaixo no gráfico realizado pela dupla D. Algumas duplas, porém, mostraram enorme

dificuldade em deixar a ideia linear e traçaram seus gráficos nestas perspectivas, como

verificamos abaixo na construção da dupla E:

Quadro 7: Tarefa 1 item e – Duplas D e E

Fonte: Dados da Pesquisa

Boa parte das duplas relacionou a curva obtida como sendo uma curva do 2º grau, ao

responder o item g quanto ao tipo de curva descrita pelo gráfico construído, evidenciando

36

assim a familiarização dos mesmos com as parábolas encontradas naquele tipo de função, já

que visualmente neste intervalo para valores da abcissa de 0 a 4, como vimos nas imagens dos

gráficos anteriores, se assemelha muito a uma parte de uma parábola com concavidade para

cima e próximo ao seu vértice. Outras duplas justificaram escolher a opção curva

desconhecida por estarem estudando um novo conteúdo e não mais função do 2º grau.

Seguindo a interpretação visual do gráfico, no item h solicitamos que os alunos

determinassem valores aproximados para a altura a partir de valores não exatos de tempo,

quando foi possível observar a tendência linear do raciocínio utilizado para a determinação

dos pontos, sendo encontrando valores como 6 para “h1”, 10 para “h2” e 26 para “h3”.

Na pergunta i todos os alunos responderam sem dificuldade que se tratava de uma

função crescente, justificando que tanto o tempo quanto a altura estavam sempre crescendo.

A partir da questão j poucas foram as duplas que tiveram tempo para realizá-las,

principalmente devido à demora na resolução dos itens anteriores, causado por dificuldades

com conhecimentos que eles deveriam possuir e pela dependência pelo professor para

realização das questões. Aqueles que responderam sobre a existência de um valor extremo

num determinado ponto do gráfico, declararam como valor extremo o ponto (0,1) que se

refere ao tempo inicial e a altura neste instante. Algumas duplas ainda colocaram o ponto

(4,16) por se tratar do último ponto construído no plano cartesiano que lhes foi entregue, sem

se questionar, porém, se seria o tempo e altura máxima possível na situação.

Para a formalização de uma lei de formação que melhor se ajustasse ao gráfico e aos

valores encontrados era imprescindível a realização da questão d, visto que naquela pergunta

deveria ser verificada a relação dos pontos encontrados com uma sequência de potenciação, a

qual era obtida a partir da aplicação da lei de formação nos pontos solicitados e para sua

formalização bastava pensar na altura resultante em algum tempo qualquer, ou seja, deixando

estas duas grandezas como variáveis. As duplas que conseguiram chegar ao resultado

responderam 2t.

No último questionamento, quanto ao domínio e imagem da função referente a esta

situação, poucas foram as duplas que responderam e as que fizeram apenas destacaram como

sendo domínio o tempo e imagem a altura da planta, sem definir os intervalos, apesar de ter

faltado apenas relacionar com suas conclusões da questão j, referente aos extremos.

37

6.2.2. Discussões Após a Realização da Tarefa 1

No momento final da aula quando deveriam ocorrer as discussões, que seriam então

mediadas pelo professor, ocorreu de forma bastante forçada, havendo pouquíssima

participação dos alunos e muita “participação” do professor, o que caracterizou mais como

uma correção dos problemas, diferentemente do que se pretendia no planejamento. Pode-se

destacar alguns fatores que contribuíram para isso:

1. O tempo hábil para realização: após a aplicação da tarefa programada ficou claro que

o tempo reservado para sua realização não permitiu sua conclusão, visto que diversas

duplas apresentaram muitas dúvidas básicas, refletindo em um andamento lento na

realização da tarefa e isto implicou na falta de tempo para discussão das respostas

dadas pelos alunos.

2. Falta de familiarização dos alunos com a metodologia: durante a realização das

tarefas ficou evidente como os alunos são dependentes da orientação do professor para

resolução das questões. Dificilmente deparava-me com uma dupla discutindo quanto a

possíveis formas ou ideias para resolver a situação, naturalmente eles paravam e

esperavam que o professor lhes orientasse como fazer. Estas atitudes exigiam

demasiada atenção do professor e consequentemente muitas orientações que tiravam o

foco investigativo proposto para tarefa. Porém, sem estas orientações muitas duplas

não avançavam na resolução das questões e isto implicou o atraso na etapa de

resolução, sobrando muito pouco tempo para as discussões.

3. Falta de familiarização do professor com a metodologia: pelo fato de esta aula ter

sido a minha primeira experiência prática com a metodologia de Resolução de

Problemas numa perspectiva exploratória e investigativa, inicialmente havia muita

insegurança quanto ao fato de os alunos não conseguirem realizar o que se pedia e

haver uma desmotivação, acarretando consequências que influenciariam na avaliação

quanto ao trabalho do professor. Devido a esta insegurança, algumas vezes os auxílios

às duplas ultrapassavam o sentido de “auxiliador” para o raciocínio, transformando-se

auxílio para as respostas.

Pode-se destacar a insegurança do professor, agregada à postura “passiva” dos alunos

e o curto tempo para realização do plano de aula como possíveis causas da falha no momento

de discussão das respostas obtidas, quando claramente ocorreu a correção das respostas.

38

6.3. TAREFA 2

O planejamento para esta tarefa seguia as mesmas perspectivas da tarefa anterior, em

que os alunos foram organizados em duplas, sendo que a maioria ficou como já estavam para

realizarem o problema de forma investigativa. Muitos dos itens eram semelhantes àqueles

feitos anteriormente, pois o conteúdo trabalhado era o mesmo, diferenciando apenas o

objetivo final de ensino, que pode ser verificado no Quadro 3. Novamente os alunos

apresentaram dificuldades básicas na realização das tarefas, inclusive em simples cálculos de

multiplicação, mesmo com a possibilidade de utilização da calculadora, resultando assim no

mesmo problema da falta de tempo ocorrido na tarefa anterior.

6.3.1. Realização da Tarefa 2

A resolução dos questionamentos feitos, baseados em uma situação problema

envolvendo a Matemática Financeira e Juros Compostos, teve o objetivo principal de

introduzir a função logarítmica como inversa da função exponencial.

Nesta situação problema proposta considera-se uma aplicação financeira em que são

definidos o valor depositado e a taxa de juros e, além disso, a lei de formação do capital

utilizada pela instituição financeira descrita através de incógnitas, as quais são erroneamente

chamadas na tarefa de variáveis, seguido do significado destas incógnitas sem relacioná-las.

No primeiro item os alunos deveriam relacionar as incógnitas da lei de formação com

seu significado. O objetivo era que os alunos lessem várias vezes o problema para

compreendê-lo e consequentemente identificassem o que representava cada uma daquelas

incógnitas. Após, porém, algumas duplas terem caracterizado as incógnitas da lei de formação

de forma incorreta e por isso obterem uma lei de formação diferente da proposta, concluímos

que não foi produtivo deixar a cargo dos alunos esta interpretação, mas que deveria ser dada

diretamente nas informações do problema. Ao verificar que o erro ocasionado por esta

questão mal formulada poderia comprometer toda a tarefa de algumas duplas, auxiliamos na

sua interpretação para que todos entendessem “corretamente”.

Na questão seguinte também houve um equívoco em sua formulação, pois

perguntávamos quais das variáveis da lei de formação possuíam valor definido na situação

problema, porém, neste caso não se trata de variável e sim de incógnita. Este equívoco foi

verificado durante a própria aplicação da tarefa e reformulado durante sua resolução, sendo

explicado às duplas que o que se questionava era quais das incógnitas da lei de formação

39

possuíam valores definidos na situação problema e quais eram variáveis, acrescentando ainda

que escrevessem como ficaria a lei de formação com a utilização destes valores dados no

lugar da incógnita. Após a correção dos equívocos na questão e explicação do que deveria ser

feito, todas as duplas conseguiram resolveram sem dificuldade.

Para a pergunta c todas as duplas demostraram bastante segurança em classificar as

duas variáveis da lei de formação como dependente e independente, ficando o tempo como

independente e o montante dependente. Possivelmente essa facilidade em responder seja

resultado da tarefa anterior em que houve uma questão bastante semelhante.

A pergunta d, que solicitava o valor do capital inicial, o qual era o montante no

tempo zero, teve objetivo de que, além da simples retirada da informação dada no problema,

as duplas refletissem sobre como ficaria a situação descrita pela lei de formação, ou seja,

aplicassem o tempo zero na lei de formação, o qual seria o valor do capital depositado. Todas

as duplas responderam a questão corretamente, mas nenhuma delas pareceu discutir como

ficaria a lei de formação nesta situação.

De forma bastante semelhante ao que foi feito na tarefa 1, foi solicitado que

preenchessem uma tabela de valores com o montante arrecadado ao final de alguns anos, o

que era resolvido acrescentando a cada final de ano os juros sobre o montante acumulado. Os

alunos apresentaram bastante dificuldade para realização dos cálculos. Um dos obstáculos

pode ter sido o fato de esta multiplicação apresentar números decimais, apesar de algumas

duplas não conseguirem realizar o cálculo nem mesmo com a utilização da calculadora. Como

o objetivo da tarefa não era a prática dos cálculos, após um momento para que as duplas

discutissem, foi realizado em conjunto com a sala estes cálculos, com arredondamento de

duas casas depois da vírgula.

Depois de realizarem os cálculos e terem encontrado os valores do montante até o

décimo mês, foi solicitado na questão f que descrevessem a lei de formação para saber o

montante ao final de t anos, ou seja, a função que poderia ser utilizada para calcular o

montante em qualquer tempo desejado. Pelas respostas dadas pelos alunos eles não

compreenderam que o objetivo era a formalização desta lei de formação e muitas duplas

acabaram calculando o valor do montante para algum tempo qualquer, mostrando que eles

responderam sem se questionar. A maioria das duplas, porém, alcançou o objetivo da questão,

descrevendo a função e caracterizando-a, como vemos nas respostas dadas:

40

Dupla G

Dupla S

Quadro 8: Tarefa 2 item f

Fonte: Dados da Pesquisa

Na pergunta g, foi solicitado que verificassem qual condição deveria ser imposta para

t, ou seja, para o tempo na situação proposta. As respostas dadas pelas duplas dividiram-se em

“o tempo deve ser maior do que zero” e “qualquer valor para tempo”, ficando como discussão

para o final da tarefa no momento dos debates.

Posteriormente, no item h, os alunos deveriam construir o gráfico a partir dos pontos

que haviam encontrado na tabela de valores do montante, desde o valor inicial até o décimo

ano, ou, quanto fosse possível pela limitação dos pontos do plano cartesiano. Foi

disponibilizado o plano cartesiano já contendo o eixo com valores e uma malha passando por

esses pontos para a construção da curva, diferindo da tarefa anterior que os pontos não eram

exatos, não estando os pontos exatamente nas interseções da malha, o que pode ter dificultado

para algumas duplas sua construção. Além disso, pela grande dispersão dos dados, os valores

não seguiram uma perfeita escala, tendo sido utilizadas escalas diferentes para tempo e

montante. Estas questões podem ter influenciado o fato de que alguns dos gráficos ficaram na

forma linear, passando exatamente pelas interseções da malha, porém outros foram

construídos corretamente, ficando as discussões das respostas encontradas para o momento

dos debates. A seguir vemos alguns dos gráficos construídos:

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Quadro 9: Tarefa 2 item h – Duplas G e S

Fonte: Dados da Pesquisa

No item i, os alunos deveriam copiar os valores encontrados na tabela do item e,

apenas invertendo as coordenadas, o que inverteria os pares ordenados para a construção do

gráfico no item j, inverso ao construído anteriormente. Em ambas as questões não houve

muito questionamento por parte dos alunos, pois as orientações estavam bem claras do que

eles deveriam fazer, percebendo-se que aquelas duplas que haviam chegado em funções

lineares pela errada aplicação dos pontos, o fizeram novamente e os que construíram

corretamente a exponencial também o fizeram nesta logarítmica.

A questão k discutia a classificação das funções como crescentes ou decrescentes, a

qual todas as duplas responderam corretamente como sendo crescentes.

No item l solicitava-se o domínio e imagem de ambas as funções construídas

graficamente, caracterizadas pela situação problema. Assim como na tarefa 1, os alunos

demonstraram bastante deficiência quanto à definição destas propriedades, pois não

compreendiam o que deveriam responder. Após serem orientados quanto aos significados de

domínio e imagem, como sendo os valores possíveis para o tempo e montante

respectivamente na função exponencial e o inverso na logarítmica, ainda assim algumas

duplas tiveram dificuldade na resolução da mesma.

Ainda para reforçar a análise do fator de crescimento das funções, as perguntas m e n

exploravam este comportamento solicitando que as duplas verificassem qual o resultado da

situação de crescimento das arrecadações em uma das perspectivas de função, enquanto a

dívida crescia conforme as características da outra. As conclusões deveriam ser inversas nas

duas perguntas, pois as situações se invertiam, porém algumas duplas disseram não haver

diferença, enquanto a maioria relatou corretamente as consequências.

42

6.3.2. Discussões Após a Realização da Tarefa 2

No momento das discussões da tarefa 2, foram verificadas maiores participações dos

alunos em comparação com a tarefa 1, porém, ainda assim houve demasiada “participação” do

professor na perspectiva de correção. Uma característica vista em ambas as tarefas foi a falta

de tempo para as discussões. Pela demora dos alunos na resolução da tarefa, o momento final

foi bastante atropelado, com o professor tendo que forçar algumas respostas para ser possível

a discussão de todas as questões.

Como os itens a até e já haviam sido discutidos durante a realização da tarefa, devido

aos equívocos em suas formulações, foram apenas verificadas as respostas dadas pelas duplas,

as quais praticamente todos responderam corretamente. No item a já havia sido discutido

anteriormente o significado de cada uma das incógnitas. Já na questão b, que teve uma

orientação maior devido ao problema na formulação, os alunos apenas destacaram que os

valores definidos estavam dados na situação problema e as variáveis eram as incógnitas que

não tinham os valores dados. Substituindo os valores nas incógnitas, definiram como ficou a

lei de formação nesta situação problema.

Quanto às variáveis dependentes e independentes houve apenas argumentação de que

o montante dependia do tempo para aumentar e, portanto, era dependente, enquanto o tempo

não dependia de outra variável, portanto independente. Para justificar a resposta dada na

questão d, disseram apenas que o capital inicial era dado na situação problema, sem analisar o

fato de se tratar do montante no tempo zero e como ficaria a lei de formação aplicada neste

tempo. Quanto aos valores obtidos na tabela de valores do 1º até o 10º mês, justificaram que o

fizeram multiplicando a taxa de juros sobre o montante a cada mês, porém nenhuma das

duplas organizou a ideia dos cálculos no espaço para o fazerem, demonstrando que apenas

lhes interessava o valor do resultado e não a forma como chegaram até ele.

Na questão f nenhuma das duplas fez comentários quanto às suas respostas,

caracterizando que não estavam seguros do que haviam feito e verificado posteriormente que

a maioria havia aplicado a lei de formação para algum tempo qualquer, sempre preocupados

com o resultado. Já na pergunta g, que tínhamos por objetivo possibilitar aos alunos

discussões quanto ao intervalo possível de se admitir ao tempo para a situação dada, foi

possível notar durante as discussões que realmente foi realizada esta reflexão, pois os

comentários feitos buscavam retratar o que poderia acontecer na situação problema, apesar de

algumas duplas terem chegado a conclusões erradas, mas compreenderem após as discussões.

43

Quanto à construção do gráfico no item h, teve como objetivo possibilitar a visão de

um tipo diferente de registro, caracterizando uma forma de crescimento que não ocorre de

forma linear, mas sim exponencialmente, descrevendo uma curva pelos pontos e não uma

reta. A maioria das duplas realizou corretamente a construção do gráfico, não havendo muitos

comentários da questão no momento das discussões.

Pensando em alcançar a compreensão da função inversa da exponencial, a

logarítmica, no item i os alunos deveriam construir uma tabela de valores com os pares

ordenados invertidos em relação à tabela anterior e na questão seguinte plotar esses pontos no

plano cartesiano, construindo o gráfico logarítmico. A maioria das duplas não teve dificuldade

em preencher a tabela de valores e nem em construir o gráfico, porém, não souberam

interpretar corretamente a situação, pois, para a maioria, ambos os gráficos representavam a

mesma situação, já que relacionavam as mesmas variáveis e os mesmos pontos. Um último

comentário feito referente a esses gráficos por uma das duplas, questionou a igualdade dos

gráficos, dizendo que no primeiro o crescimento era muito mais rápido e no outro o

crescimento era mais lento, não se focando na questão das variáveis mas apenas na curva

descrita pelo gráfico.

Todas as duplas descreveram ambos os gráficos como crescentes, a partir do

questionamento da pergunta k, relatando que em ambas as variáveis o valor estava

aumentando.

Foi solicitado no item l que determinassem o domínio e imagem de ambas as funções

referentes à situação problema, sobre o que os alunos demonstraram grande deficiência

quanto à definição, pois nenhuma das duplas havia resolvido. Para possibilitar aos alunos a

análise desta questão, foram orientados sobre o que é o domínio e a imagem, classificando

respectivamente como valores possíveis para a variável independente, portanto o tempo, e

valores possíveis para a variável dependente, caracterizado pelo montante, os quais eles

identificaram simplificadamente como “x” e “y”. Baseados nesta orientação, os alunos

concluíram que o domínio para o caso da 1ª função era os valores possíveis para o tempo,

enquanto a imagem era os valores resultantes para o montante. Considerando o domínio e

imagem da função inversa, o montante passou a se caracterizar como o domínio e o tempo

como a imagem.

As perguntas m e n tinham como objetivo que os alunos comparassem o fator de

crescimento das duas funções encontradas nesta situação problema, ou seja, a exponencial e a

logarítmica. Esperávamos que por meio da visualização gráfica fosse fácil determinar a

função exponencial como tendo um crescimento muito mais rápido do que a função

44

logarítmica, que cresce muito mais lentamente. Pelas respostas encontradas, porém,

observamos que muitos não interpretaram corretamente esta inversão, pois definiram como

ambas tendo exatamente o mesmo crescimento, visto que relacionavam os mesmos pontos,

apenas invertidos. Durante as discussões foi explicitada a diferença de crescimento das

funções e melhor estruturada a ideia dos pares ordenados inversos e seus respectivos gráficos.

Apesar da falta de tempo para o momento das discussões, o que obrigou conduzi-las

o mais rápido possível, formalizando rapidamente as respostas corretas, ainda assim, houve

participação dos alunos na maioria dos itens da tarefa, o que aproximou mais sua realização

com o objetivo proposto na metodologia de Resolução de Problemas.

6.4. TAREFA 3

Na realização desta 3ª tarefa planejamos a utilização das Tecnologias, mais

especificamente o software de geometria dinâmica GeoGebra, com o objetivo de analisar,

através destes diferentes registros de representação algumas características que evidenciavam

a função exponencial e logarítmica como inversas entre sí. Para sua aplicação decidimos levar

os alunos até o laboratório de informática onde formaram duplas e fizerem as construções no

software a partir das orientações dadas, sendo assim possível uma maior interação entre os

alunos e a tarefa e consequentemente maior compreensão do que estava sendo ensinado.

Algumas duplas tiveram bastante dificuldade durante as construções, provavelmente

ocasionada pela falta de habilidade dos mesmos na utilização destas Tecnologias e isto

implicou em uma grande “perda” de tempo com orientações individuais destas construções.

Outro grande problema encontrado foi com o espaço físico do laboratório que não suportava

uma quantidade tão grande de alunos, ficando todos muito apertados e sendo bastante difícil o

acesso até eles.

6.4.1. Realização da Tarefa 3

Inicialmente tivemos alguns problemas com os computadores, os quais eram

desligados pelos próprios alunos com o intuito de atrapalhar o começo da aula, mas que logo

foram resolvidos. Quanto ao software, estava instalado em todas as máquinas a mesma

versão, facilitando assim as construções.

A maioria das duplas teve facilidade em seguir as instruções que eram dadas para a

realização das construções, as quais eram passadas a partir de uma lista de orientações, e

45

também construídas com a utilização do projetor multimídia. Algumas duplas, porém,

necessitaram de ajuda individual, demonstrando extrema dificuldade em trabalhar com esta

Tecnologia, apesar de a turma já ter realizado outras atividades utilizando este mesmo

software.

Após todas as duplas terem finalizado a construção do gráfico das duas funções,

foram realizados os questionamentos, sendo o primeiro em relação as duas curvas das

funções, do que foi notado pouco interesse por parte da turma, pois houve pouquíssimas

considerações em relação aos gráficos, limitando-se às considerações feitas a seguir:

Dupla A

Dupla J Quadro 10: Tarefa 3 item 1

Fonte: Dados da Pesquisa

Para o segundo questionamento foi solicitado que plotassem alguns pontos, os quais

estariam sobrepostos na curva exponencial e os inversos deles, com pares ordenados de

coordenadas invertidas, estariam sobrepostas na curva logarítmica. Posteriormente a estas

construções, esperávamos que visualizassem e comentassem essa inversão das coordenadas

dos pares ordenados, destacando, por exemplo, que se uma cresce tão rapidamente que, para

poucos valores de “x” já se tem um alto valor para “y”, consequentemente na função inversa,

mesmo já estando em um alto valor para “x”, o valor de “y” ainda é bem pequeno. Poucas

foram as considerações feitas, limitando-se a uma das respostas que vemos a seguir:

Quadro 11: Tarefa 3 item 2 – Dupla D

Fonte: Dados da Pesquisa

46

6.4.2. Após a Realização da Tarefa 3

No momento das discussões, com intuito de analisar as respostas dadas pelos alunos,

solicitamos que falassem o que haviam visualizado nas construções e as conclusões que

haviam chegado em suas análises. Os comentários realizados foram em sua maioria referentes

ao crescimento das funções construídas, onde a exponencial crescia muito mais rápido do que

a logarítmica e, ambas, apresentavam um crescimento diferente do modelo linear, facilmente

visualizado graças aos recursos disponíveis no software.

Além dos relatos quanto ao crescimento das funções, também foram considerados os

pontos com coordenadas inversas construídos sobre as curvas das funções, sobre o que os

alunos apontaram o fato de os gráficos passarem por esses pontos inversos e que os pontos da

função logarítmica são reflexos dos pontos da função exponencial, o que ocorre em relação a

bissetriz do primeiro quadrante.

6.5. TAREFA 4

Assim como na tarefa 3, também utilizamos as Tecnologias como metodologia de

ensino, sendo novamente utilizado o software GeoGebra com o intuito de possibilitar

construções dinâmicas dos gráficos com grande facilidade e rapidez. Visto que na aula

anterior houve grande problema com relação ao espaço físico do laboratório de informática,

além de algumas duplas terem apresentado muita dificuldade no momento das construções,

decidimos tomar uma perspectiva um pouco diferente, na qual os alunos apenas

acompanhariam todas as construções pelo projetor multimídia, com o professor realizando as

construções e eles apenas analisando e discutindo suas compreensões com seus parceiros,

visto que a tarefa foi organizada novamente em dupla para possibilitar esta troca de ideias.

6.5.1. Realização da Tarefa 4

Esta tarefa foi construída como uma sequência da anterior, por este motivo é levado

em conta que a função exponencial f(x)=ax já está construída no GeoGebra, sendo o próximo

passo a construção da função logarítmica inversa a esta dada, g(x)=log(x)/log(a), onde a é a

base de ambas as funções e tem valor inicial 2, podendo variar de 1,1 até 5 nesse primeiro

momento.

47

Como utilizamos uma ferramenta do programa para alterar convenientemente o valor

da base dentro do intervalo estipulado, ficamos variando este valor entre 1,1 e 5 por algum

tempo para que os alunos analisassem o que ocorria com ambas as funções, sendo solicitado

em seguida que escrevessem suas conclusões a respeito das mesmas, mas com

questionamento individual de cada uma delas e outra questionando as características comuns

nos dois casos. Enquanto formulavam suas respostas, demonstravam estarem realmente

interessados na tarefa, pois muitas discussões foram verificadas entre as duplas, além de

discussões entre duplas diferentes. Esta participação ativa resultou em conclusões bem

elaboradas, como vemos nas considerações de uma das duplas nestas três questões:

Quadro 12: Tarefa 4 itens 3, 4 e 5 – Dupla C

Fonte: Dados da Pesquisa

Em seguida, o intervalo de variação da base foi alterado para 0,1 até 2, objetivando

que os alunos analisassem principalmente as alterações de comportamento que ocorriam em

ambas as funções ao se fixar bases entre 0 e 1. Deveria ainda ser analisado o que ocorre com

elas quando a base é exatamente 1, já que posteriormente lhes seria ensinado que as funções

não estão definidas para este valor de base, podendo assim lhes apresentar o porquê.

Desta variação de base, a primeira pergunta que os alunos deveriam responder era

referente à base 1, sobre o que eles apresentaram bastante dificuldade em justificar as

características ocorridas no gráfico, onde simplesmente observava-se uma reta constante no

ponto 1. Para possibilitar uma análise crítica, foi solicitado que os alunos pensassem na

estrutura algébrica desta situação, ou seja, f(x)=1x, e verificassem o que ocorre com essa

função aplicando alguns pontos. Ainda após as orientações dadas, a maioria das duplas não

demonstrou ter compreendido a razão de a função exponencial passar a apresentar uma

característica linear constante no ponto 1, já que apresentaram considerações limitadas, como

vemos a seguir:

48

Dupla D

Dupla M

Quadro 13: Tarefa 4 item 6

Fonte: Dados da Pesquisa

Na questão seguinte, foi perguntado quanto às características das funções

exponencial e logarítmica com a base variando entre 0 e 1, esperando que analisassem o

comportamento delas e para verificar que ambas passam a ficar decrescentes. Porém, pelos

comentários feitos durante a visualização dos gráficos e pelas respostas dadas pelos alunos,

eles não se atentaram para estas características, mas apenas relataram o que estavam

visualizando, como vemos em uma das respostas:

Quadro 14: Tarefa 4 item 7 – Dupla C

Fonte: Dados da Pesquisa

A última variação da base que os alunos deveriam analisar era de -2 até 2,

verificando as consequências da base sendo 0 e também sendo qualquer valor negativo.

Segundo a proposta da tarefa, seria utilizada a variação de -5 até 5, mas não achamos

conveniente utilizar este intervalo tão disperso, pois não agregaria outros elementos ao

objetivo das construções.

Esta análise teve objetivo de possibilitar uma reflexão quanto ao fato de as funções

não estarem definidas para valores negativos de base. Para isso foram exibidos os gráficos e,

com o auxílio da dinamicidade do software, diminuído o valor da base até atingir zero e

posteriormente valores negativos.

Quando a base era exatamente zero, o que se verificava era uma reta sobre o eixo das

abcissas, compreendendo apenas o lado positivo. Já para os valores de base negativa, não

49

havia qualquer tipo de gráfico. Tentando possibilitar uma reflexão para os alunos deste fato,

solicitamos que analisassem o registro de representação algébrica da função exponencial,

verificando os pares ordenados resultantes da aplicação de valores nas funções f(x)=0x e

f(x)=bx, para qualquer b negativo. Apesar destas orientações, poucas duplas conseguiram

justificar o motivo de não ser possível esses valores de base nestas funções, se restringindo na

maior parte dos casos a dizer que não existe a função para base zero ou negativa.

Para formalizar o conteúdo visto sobre as bases das funções exponencial e

logarítmica, mantivemos as construções feitas dos gráficos variando de -2 até 2, para que os

alunos respondessem inicialmente em quais intervalos as funções existiam, seguido da

especificação de quando elas eram crescentes e decrescentes.

Apesar de as duplas já terem respondido estas questões, só que de forma

fragmentada, analisando parte por parte, não foi verificado nenhuma dupla discutindo as

conclusões já realizadas, mas iniciaram uma nova análise completa da situação. Praticamente

todas as duplas fizeram corretamente a interpretação do intervalo de base onde a função

exponencial e logarítmica existem, sendo para todos os valores maiores do que 0, exceto 1.

Quanto ao crescimento e decrescimento, porém, poucos formalizaram corretamente, como

vemos:

Quadro 15: Tarefa 4 item 9 – Dupla D

Fonte: Dados da Pesquisa

O último questionamento refere-se ao domínio e imagem das funções exponencial e

logarítmica, as quais foram explicitadas para os alunos respectivamente como os valores

possíveis a serem atribuídos para a variável independente, que informalmente eles identificam

como “x”, e os valores da variável dependente, resultantes da aplicação da função em todos os

pontos compreendidos no domínio. Mesmo assim, notamos que muitos dos alunos acabaram

confundindo como sendo ainda os valores possíveis para base, o que nos levou a conclusão

que esta questão deveria ser realizada em outro momento mais favorável, para evitar esta

confusão.

50

6.5.2. Após a Realização da Tarefa 4

Após as discussões entre as duplas e a conclusão dos questionamentos, iniciamos o

momento dos debates para formalização do estudo das bases, refletindo nas considerações

feitas pelas duplas. Apesar de notarmos um aumento na participação dos alunos, estando eles

assim num papel ativo na construção de seu próprio conhecimento, esta participação ainda

estava abaixo do que esperávamos, pois normalmente se restringiam às mesmas duplas e os

mesmos alunos.

Sobre o questionamento da pergunta 3, imediatamente um dos alunos comentou que

a situação se tratava de funções em todos os casos crescente, pois se o x aumentava, o y

também aumentava, opinião com a qual todos os alunos concordaram. Indagamos se eles

poderiam fazer algum comentário quanto ao seu crescimento com a variação do valor da base,

sem retorno da turma, apesar de haver verificado que algumas duplas tinham discutido sobre

isso, considerando necessário uma nova intervenção limitando a pergunta à verificação de

qual momento o crescimento era mais rápido e quando ocorria mais lentamente, surgindo

assim a observação de que o crescimento era mais rápido para maiores valor de base e

consequentemente mais lento para valores menores de base, juntamente com a confirmação de

algumas duplas de que haviam chegado nas mesmas conclusões. Foi solicitado se havia mais

comentários, porém nenhuma outra consideração foi colocada e todos concordaram com as

colocações realizadas.

Na questão 4, tinha-se o mesmo questionamento voltado para este tipo de função,

havendo participações semelhante como descrito na tarefa 3, diferindo que neste caso o

crescimento ocorre mais rapidamente para valores menores de base e mais lentamente quanto

maior a base. Novamente todos os alunos concordaram com as reflexões feitas.

As reflexões descritas pelas duplas em relação a questão 5 foi de que ambas estavam

sempre crescendo, e completada com um comentário destacando que a função exponencial

sempre cresce muito mais rápido do que a função logarítmica, independente da base utilizada.

Quanto à pergunta 6, nenhum dos alunos apresentou suas conclusões, refletindo a

dificuldade encontrada durante a realização da tarefa. Foi escolhida então uma dupla que

ainda não havia participado para compartilhar suas considerações, o que refletiu segundo os

comentários a resposta realizada pela maioria, de que a função exponencial formou uma reta

constante no ponto 1. Dado que nenhuma das duplas encontrou justificativa para tal,

calculamos no quadro a aplicação de alguns pontos na função 1x, argumentando que para este

caso não é válida a função exponencial, pois se trata de uma função constante.

51

Apesar de esperarmos que na pergunta 7 muitas das duplas alcançassem o objetivo

da questão, de relacionar o intervalo entre 0 e 1 como sendo o intervalo que compreende

ambas as funções com característica decrescente, a mesma facilidade em caracterizar a função

como crescente anteriormente não ocorreu, pois nenhuma das duplas realizou esta observação.

Ao serem questionados de suas respostas, nenhuma das duplas teve a segurança de comentar o

que havia respondido, sendo necessário uma intervenção maior, pedindo que observassem se

era possível afirmar que em todo intervalo as funções mantinham um comportamento

decrescente, sobre o que todos os alunos concordaram.

Na questão 8 o único comentário feito é que as funções “sumiam” para base 0 ou

negativo, sem nenhuma consideração do motivo deste fato acontecer. Portanto, utilizamos o

registro de representação algébrico para calcular a aplicação de alguns pontos na função

exponencial com estas bases, tentando justificar para os alunos a razão de não ser possível se

obter uma dessas funções com base 0 ou negativa.

Ao entrarmos na discussão da pergunta 9, na qual deveria ser verificada a condição

de existência e em quais intervalos o comportamento das funções era crescente ou

decrescente, os alunos se basearam nas considerações feitas nas perguntas anteriores de forma

fragmentada, caso a caso, para realizar a análise das características das funções em qualquer

valor de base, havendo poucos alunos que precisaram de nova explicação para esse caso geral.

Referente ao que os alunos fizeram no item 10, observamos que não ficou claro para

eles a diferença entre a análise dos valores de base realizada até então, e a análise dos valores

que podem ser atribuídos para a variável da função, o que corresponde ao domínio, e o

resultado dessas aplicações sendo os valores que compõem a imagem da função. Mesmo após

a explicação e discussão, não foi possível afirmar que todos os alunos compreenderam as

informações ensinadas.

52

7. ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO

Apresentamos uma análise qualitativa, cujo objetivo é determinar os pontos que

deram certo e aqueles que devem ser repensados, a fim de ajudar na busca dos conhecimentos

didáticos nesta prática de ensino.

Quanto às metodologias utilizadas (Resolução de Problemas e Tecnologia, ambas

trabalhadas numa perspectiva exploratória e investigativa), foram observados pontos positivos

e negativos de sua utilização. Dos pontos positivos, podemos destacar a descentralização da

aprendizagem, deixando de ser apenas uma responsabilidade do professor em ensinar,

passando em certa medida esta responsabilidade ao próprio aluno, além de tornar o processo

de ensino mais dinâmico e produtivo, pois naturalmente surgem conhecimentos que não

seriam ensinados no modelo tradicional. Outro ponto positivo é o fato de as aulas saírem da

rotina e possivelmente atraindo mais a atenção dos alunos para o conteúdo ensinado, pois

permite uma inovação ao sair do tradicionalismo da aula expositiva.

Podemos destacar alguns pontos negativos encontrados na aplicação desta pesquisa,

como por exemplo, a falta de participação dos alunos durante a realização das tarefas e nos

momentos de discussões das respostas elaboradas, demonstrando estarem totalmente

dependentes das orientações do professor. Outro problema encontrado foi a falta de seriedade

em relação às aulas, possivelmente ocasionada pela utilização das metodologias diferenciadas.

Estes fatos podem indicar que os alunos não estão familiarizados com este tipo de

metodologia, ou seja, que estão acostumados com o método tradicional, onde o professor lhes

indica o que deve ser realizado e seu papel é apenas de “refazer” o processo ensinado. Isso

sinaliza a necessidade de algum tempo até que se familiarizem com estas outras metodologias

para que se sintam seguros em sua realização. No mesmo contexto, podemos considerar a

inexperiência do professor com estas metodologias, o que pode ter influenciado no seu

andamento, visto que a postura muitas vezes pode ter refletido certa insegurança aos alunos.

Ainda entre os pontos negativos verificamos a falta de tempo para a realização das

tarefas e para o momento das discussões dos resultados encontrados, fato esse que sugere a

revisão das tarefas propostas, reduzindo parcialmente o conteúdo.

Apesar dos pontos negativos, a utilização desta metodologia possibilitou uma

maneira diferente de visualizar a aprendizagem, não como um conjunto de informações que

são repassadas ao aluno esperando decorarem o máximo possível, mas em que pretende-se

propiciar um momento de imaginação, de criatividade para explorar a aprendizagem de uma

53

forma mais autônoma ou então com a ajuda mútua entre as duplas. Certamente não podemos

afirmar que estas mudanças representem a solução para o problema da Educação Matemática,

mas com certeza tem muito a contribuir, pelo menos para desmistificar algumas questões

como “pra que aprender Matemática”, ou então “a Matemática não serve para nada”,

proporcionando ao aluno, quando possível, a contextualização dos conteúdos.

Analisando os resultados da primeira tarefa, pela realização dos alunos ao

responderem as questões e posteriormente as discussões destas respostas, notamos que

algumas das perguntas poderiam ser mais bem elaboradas, de forma que ficasse mais claro o

que deveria ser feito, pois no momento da aplicação muitas duplas tiveram dificuldade por

não saber o que estava sendo questionado. Outro problema verificado com bastante

intensidade nesta tarefa foi a falta de tempo para sua realização, refletindo no curto espaço de

tempo para discussões das respostas e consequentemente muitos dos itens deixarem de ser

discutidos, ocorrendo apenas a correção das respostas, praticamente não havendo a

participação dos alunos.

Quanto à segunda tarefa, novamente foi verificado o excesso de conteúdos, pois

como se tratava de uma tarefa investigativa os alunos levaram certo tempo até

compreenderem o que deveria ser feito e isso acabou atrasando o momento da resolução,

sobrando novamente pouco tempo para as discussões finais. Porém, foi possível verificar uma

“evolução” em relação à tarefa anterior, por questão de alguns comentários feitos pelos alunos

e pela formalização das respostas, aumentando suas participações e “diminuindo” a do

professor. Outra situação verificada também nesta tarefa é que algumas das questões

necessitam ser mais bem elaboradas para facilitar a compreensão dos alunos.

A terceira tarefa que foi realizada no laboratório de informática teve seu início

bastante tumultuado e acabou sendo prejudicada por causa de alunos que desligavam seus

computadores e dos colegas. Possivelmente esse problema poderia ser resolvido se os

computadores já estivessem todos com o programa GeoGebra aberto e com alguma

construção realizada, pois assim os alunos não poderiam reiniciá-lo senão perderiam o que já

estivesse feito. Além disso, para facilitar as construções, ao invés de apenas projetá-las,

verificamos a necessidade de se construir um manual descrevendo o passo a passo dessas

construções, para ser entregue inicialmente às duplas, de forma que os alunos que tivessem

mais facilidade e conseguissem fazer sozinhos já avançassem e, simultaneamente, as

construções fossem projetadas para auxiliar aqueles que tivessem com mais dificuldade.

A quarta tarefa que envolveu também a utilização do software GeoGebra, foi

realizada de forma que os alunos apenas fizeram as análises e comentários, pois as

54

construções foram projetadas com a utilização do projetor multimídia. Isto evitou o

deslocamento para o laboratório de informática e os problemas ocorridos com os

computadores na tarefa anterior, além de ganhar tempo durante as construções,

principalmente daquelas duplas que estavam menos familiarizadas com esta Tecnologia,

resultando mais tempo para a análise feita pelos alunos e consequentemente mais discussões.

Esta utilização diferenciada do software, que exige menos dos alunos, pode ser apresentada

em primeiros contatos, a fim de que eles se familiarizem com o programa e as ferramentas

disponíveis, para que posteriormente tenham maior autonomia em realizar sozinhos.

De maneira geral, devemos considerar que não temos evidentes as metodologias e

formas de trabalho utilizadas pelo professor regente da turma e nem dos professores

anteriores, mas o fato de os alunos não apresentarem uma característica participativa e sim de

dependência do auxílio do professor, sugere que os mesmos não estão familiarizados com

estas metodologias, o que pode representar um obstáculo didático na aprendizagem dos

mesmos, pois desta forma foram inúmeras vezes levados a pensar que o aprendizado ocorre

em repetir algum processo totalmente esclarecido pelo professor, num papel passivo, o que

não ocorre nestes outros métodos em que o principal objetivo está focado no processo e não

somente no resultado. Outra situação que pode ser considerada como obstáculo didático para

o ensino de funções exponencial e logarítmica é o ensino anterior das funções linear e

quadrática as quais acabam se tornando obstáculos devido ao que podemos observar no

desenvolvimento realizado pelos alunos nas tarefas, em que muitas ideias utilizadas

pertencem a estes outros tipos de funções aprendidas, como por exemplo, os gráficos traçados

de forma linear ou a caracterização da curva construída como sendo de uma função do 2º

grau.

Devemos considerar também que o conteúdo estudado envolve conceitos e situações

que não são evidentes ao raciocínio e nem óbvias e, portanto, podem representar para alguns

alunos um obstáculo ontogênico, visto a complexidade em algumas das situações

apresentadas, resultando em uma limitação na realização da mesma.

Além dos obstáculos já descritos, devemos considerar o epistemológico, que pode ser

visualizado em uma situação apresentada nesta pesquisa, onde se verificou que os alunos não

apresentavam nenhuma dúvida ao caracterizar funções crescentes, mas o mesmo não ocorreu

ao se depararem com uma função decrescente, apesar de intuitivamente parecer um fato

óbvio. Deve-se considerar que a relação das variáveis em uma função crescente é diretamente

proporcional, enquanto no caso de função decrescente, essa relação é inversamente

55

proporcional, sendo este o principal fator encontrado para justificar o equívoco da maioria das

duplas na tarefa que tratava do assunto.

A organização e estrutura das tarefas foram realizadas levando em consideração as

orientações descritas no currículo prescrito, o qual indicava o ensino deste conteúdo através

da relação com situações reais e que podem estar presentes no cotidiano, preferencialmente

iniciando com a Resolução de Problemas, na qual os alunos sintam a necessidade do novo

conteúdo para as resoluções. Além da utilização dos problemas, são indicadas também as

Tecnologias, as quais favorecem a visualização de diferentes meios para interpretação,

possibilitando outras formas de registro do conteúdo ensinado.

Analisando as respostas das tarefas realizadas pelos alunos, além das discussões

feitas durante as aulas, os resultados apontam que o objetivo de que os alunos

compreendessem o que são as funções exponencial e logarítmica e quais suas principais

características, foi atingido com a maioria dos alunos que participaram da pesquisa, o que

pode ser observado no quadro 8, que caracteriza a função exponencial como uma função com

o expoente variável. Do registro gráfico os alunos também formalizaram algumas concepções

que contribuíram para esse objetivo, como a caracterização da função exponencial com base

maior do que 1 tendo um crescimento muito rápido, enquanto a logarítmica tem o crescimento

muito lento, sendo estes crescimentos inversamente proporcionais.

Com a utilização de situações problemas que envolviam questões presentes na

realidade dos alunos, acreditamos haver mostrado a eles a importância deste conteúdo, pois

pode descrever diversas situações, além das que lhe foram propostas.

Procuramos encontrar indícios das contribuições oferecidas pela proposta, buscando

identificar o quê os alunos aprenderam do conteúdo proposto. Nas construções gráficas

realizadas na tarefa 1 e 2, visualizamos que a maioria das duplas as fizeram corretamente,

sinalizando que aprenderam a relação existente entre os pontos encontrados no registro

algébrico e sua disposição no modelo gráfico. Apesar de boa parte dos alunos apresentarem

dificuldades em operações de cálculo, suas respostas apontam que compreenderam a relação

existente entre a função exponencial e as operações de potenciação. Outra constatação foi

quanto ao entendimento da relação de inversão entre a função exponencial e a logarítmica,

apontada pelas constatações descritas na 1ª e 2ª questão da tarefa 3.

A realização desta proposta proporcionou um intercâmbio entre a teoria estudada em

sala de aula e a prática didática de sua aplicação, obtendo pelo menos uma breve experiência

da realidade existente no cotidiano do professor, questionando-se quais ações são favoráveis

ao aprendizado e quais devem ser evitadas, a fim de que haja uma constante reflexão.

56

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