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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR – CAMPUS DE
UNIÃO DA VITÓRIA
COLEGIADO DE MATEMÁTICA
CARLOS KRASSOWSKI FILHO
A MATEMÁTICA POR TRÁS DA MÚSICA: UM ESTUDO TEÓRICO COM
ÊNFASE NAS ONDAS SONORAS
UNIÃO DA VITÓRIA
2014
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CARLOS KRASSOWSKI FILHO
A MATEMÁTICA POR TRÁS DA MÚSICA: UM ESTUDO TEÓRICO COM
ÊNFASE NAS ONDAS SONORAS
Trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado à disciplina TCC, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciado em Matemática.
Orientador: ProfºMs. Felipe Wisniewski
UNIÃO DA VITÓRIA
2014
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“Música é um exercício inconsciente de cálculo”
Gottfried Wilhelm Leibniz
4
RESUMO
O presente trabalho aborda alguns padrões matemáticos inerentes à música, perpassando por conceitos físicos, mais especificamente as ondas sonoras. Neste contexto, também são contemplados alguns aspectos teóricos que defendem o uso de analogias na construção de conhecimentos, sugerindo a música como uma realidade, uma fonte destas analogias. A abordagem física faz uso de alguns conceitos matemáticos presentes no currículo do ensino médio brasileiro: funções trigonométricas e logaritmos, conteúdos que receberam um capítulo exclusivo. Sob um contexto de formação docente, este trabalho contribui no sentido de apresentar uma das possíveis realidades que a Matemática se faz presente, servindo de base para a construção de analogias.
PALAVRAS-CHAVE: Música; Ondas sonoras; Funções trigonométricas.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema das divisões dos conceitos musicais. ................................ 15
Figura 2: Ciclo das notas musicais. .................................................................. 17
Figura 3: Partitura em branco. .......................................................................... 18
Figura 4: com uma nota sol semínima.............................................................. 18
Figura 5: Partitura com uma nota lá semínima. ................................................ 18
Figura 6: Partitura com a nota sol sustenido semínima. ................................... 18
Figura 7: Partituras com as semínimas Sol, Sol sustenido, Lá e Lá sustenido. 19
Figura 8: Partitura composta por 3 compassos em branco. ............................. 19
Figura 9: Partitura de compassos 4 por 4......................................................... 19
Figura 10: Exemplo de uma partitura de compasso 4 por 4 com notas. .......... 20
Figura 11: Partitura composta por mínimas. ..................................................... 20
Figura 12: Partitura com mínimas e semínimas. .............................................. 20
Figura 13: Partitura composta por colcheias. ................................................... 21
Figura 14: Partitura em compasso ternário. ..................................................... 21
Figura 15: Partitura de compasso 6 por 4. ....................................................... 21
Figura 16: Partitura com três notas simultâneas. ............................................. 22
Figura 17: Partitura composta por duas pautas. ............................................... 22
Figura 18: Partitura da Figura 17 com duas pautas com destaque para a
harmonia. ......................................................................................................... 23
Figura 19: Partitura da Figura 17 com duas pautas com destaque para a
melodia. ............................................................................................................ 23
Figura 20: Representação geométrica de um triângulo retângulo. ................... 25
Figura 21: Representação do triângulo OA1A2 em uma circunferência. ........... 26
Figura 22: Representação do triângulo OA1A2 em uma circunferência. ........... 27
Figura 23: Representação do seno de 𝛽 no círculo trigonométrico. ................. 28
Figura 24: Representação do cosseno de 𝛽 no círculo trigonométrico. ........... 30
Figura 25: Representação da tangente de 𝛽 tangente ao círculo trigonométrico.
......................................................................................................................... 32
Figura 26: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛(𝑡). ........................................ 33
Figura 27: Representação gráfica da função 2𝑠𝑒𝑛(𝑡) comparada a 𝑠𝑒𝑛(𝑡). ..... 34
6
Figura 28: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛2𝑡(em vermelho) comparada a
𝑠𝑒𝑛(𝑡) ............................................................................................................... 34
Figura 29: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 1). ................................. 35
Figura 30: Representação Gráfica da função 𝑠𝑒𝑛(𝑡) + 2. ................................. 35
Figura 31: Representação gráfica da função 2𝑠𝑒𝑛(𝑡𝑥 + 2) + 2. ....................... 36
Figura 32: Representação gráfica da função cos(𝑡). ....................................... 36
Figura 33: Representação gráfica da função 3cos(4𝑡 + 2) + 1. ....................... 37
Figura 34: Representação gráfica da função tan(𝑥). ....................................... 37
Figura 35: Representação gráfica da função sec(𝑥). ....................................... 38
Figura 36: Representação gráfica da função 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(𝑥). .................................. 38
Figura 37: Representação gráfica da função 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑛(𝑥). .................................... 39
Figura 38: Representação gráfica da soma das funções 𝑓 e 𝑔. ....................... 40
Figura 39: Onda transversal presente em uma mola. ...................................... 44
Figura 40: Onda longitudinal presente em uma mola. ...................................... 44
Figura 41: Representação gráfica da onda com destaque para a amplitude. .. 45
Figura 42: Comprimento de uma onda (Considerando o eixo das abscissas com
os valores de 𝑥 e os valores das ordenadas como 𝑦 = (𝑥, 0)). ........................ 45
Figura 43: Período de uma onda (Considerando o eixo das abscissas com os
valores de t e os valores das ordenadas como 𝑦 = (0, 𝑡))................................ 47
Figura 44: Onda senoidal no instante 𝑡 = 0 com uma constante de fase (a)
𝜙 = 0 e (b) 𝜙 =𝜋
5. ............................................................................................. 47
Figura 45: Exemplo da representação gráfica de uma superposição de duas
ondas................................................................................................................ 49
Figura 46: Onda sonora se propagando a partir de uma fonte pontual S. ........ 50
Figura 47: Distribuição de partículas, justapostas pela influência da pressão de
uma onda sonora. ............................................................................................ 51
Figura 48: Representação gráfica da função 𝑚𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓𝑡). ................... 55
Figura 49: Representação gráfica da influência da variação no caso especial
Δ𝑡 =1
4𝑃. ........................................................................................................... 56
Figura 50: Representação das frequências das notas na reta. ........................ 57
Figura 51: Representação gráfica da nota Lá (432hz). .................................... 59
Figura 52: Representação gráfica da nota Lá (432 Hz), aproximada. .............. 59
Figura 53: Representação Gráfica da nota Mi (323,63Hz) ............................... 60
7
Figura 54: Representação Gráfica de um acorde Dó Maior. ............................ 62
Figura 55: Representação gráfica de um acorde Ré Menor. ............................ 62
Figura 56: Divisão dos compassos no tempo. .................................................. 63
Figura 57: Partitura com 2 compassos quaternários. ....................................... 63
Figura 58: Representação gráfica dos compassos da figura anterior. ............. 64
Figura 59: Partitura com 2 compassos ternários. ............................................. 64
Figura 60: Representação gráfica dos compassos da figura anterior. ............. 65
Figura 61: Exemplo de uma superposição de Ondas geradas por um simulador.
......................................................................................................................... 66
Figura 62: Partitura de uma música com notas respeitando a proporção áurea.
......................................................................................................................... 67
Figura 63: Representação gráfica da partitura da Figura 62, considerando sua
duração 13 segundos. ...................................................................................... 67
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
1. MOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO ................................................................. 12
2. REVISÃO MUSICAL .................................................................................... 15
2.1 DEFINIÇÕES MUSICAIS ....................................................................... 15
2. 2 NOTAÇÃO MUSICAL............................................................................ 17
3. FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA ........................................................... 24
3.1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS.......................................................... 24
3.1.1 Relações ângulo e comprimento de arco de circunferência ....... 26
3.1.2 Definição da função seno ........................................................... 27
3.1.3 Definição da Função Cosseno .................................................... 29
3.1.4 Outras funções trigonométricas .................................................. 31
3.1.5 Gráfico da Função Seno ............................................................. 33
3.1.6 Gráfico da função cosseno ......................................................... 36
3.1.7 Outros Gráficos ........................................................................... 37
3.1.8 Soma com senos e cossenos ..................................................... 39
3.2 LOGARITMOS ....................................................................................... 40
4. ESTUDO FÍSICO: PROPRIEDADES DAS ONDAS SONORAS E NOTAS
MUSICAIS EM FUNÇÃO DAS FREQUÊNCIAS .............................................. 43
4.1 ONDAS .................................................................................................. 43
4.1.1 Forma Da Onda .......................................................................... 45
4.1.2 Velocidade De Uma Onda Progressiva ...................................... 48
4.1.3 Princípio de superposição de ondas ........................................... 48
4.2 ONDAS SONORAS................................................................................ 49
4.2.1Ondas sonoras progressivas ....................................................... 50
4.2.2 Intensidade e nível sonoro .......................................................... 51
9
5. INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA MÚSICA ........................................ 55
5.1 CARACTERIZAÇÃO MATEMÁTICA DAS NOTAS MUSICAIS .............. 56
5.2 INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA HARMONIA .............................. 60
5.3 INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA MELODIA E DO RITMO ........... 63
5.4 SUGESTÕES DE APLICAÇÕES ........................................................... 65
5.4.1 O timbre ...................................................................................... 65
5.4.2 Um exemplo ................................................................................ 66
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 68
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 70
APÊNDICE A: Notas, Frequências, Tamanhos e Períodos de Ondas
Sonoras ........................................................................................................... 71
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INTRODUÇÃO
A escolha do tema teve influência devido a afinidade entre a música e a
Matemática, que é de longa data. Pitágoras, na antiguidade, já fazia relações
entre elas procurando padrões e formas de deixar a música ainda mais bela.
Com o passar dos séculos, ambas foram desenvolvidas pela humanidade e
muitas utilizações foram encontradas. Na atualidade, a qualidade sonora se
apresenta diferente se comparada às produções mais antigas, isto se dá aos
avanços tecnológicos, programas computacionais que processam algoritmos,
fundamentados em relações matemáticas, que corrigem e delineiam o som.
Deste modo, a pergunta que motiva esse trabalho é: “quais são os
padrões matemáticos por trás da música? Por este motivo, se opta por
trabalhar com alguns elementos em especial: a melodia e a harmonia, com
suas subdivisões: ritmo, notas musicais e acordes.
O trabalho consiste em um estudo teórico, com o intuito de encontrar e
analisar alguns padrões matemáticos subjacentes à Música, para tal, são
propostos alguns objetivos: definir os elementos que compõem a música
(harmonia, melodia, ritmo, notas, acordes, escalas); explorar a Matemática que
está por trás destes elementos, definidos; analisar as funções periódicas do
som.
O trabalho procura estabelecer uma ligação entre três grandes áreas
do conhecimento, a Música, a Física e a Matemática. A Física servirá como
uma ponte entre as outras duas na maioria dos casos.
Este é um trabalho final de um curso de licenciatura, dessa forma, no
capítulo inicial é defendida a ideia da utilização de analogias no ensino,
propondo a música como uma realidade.
É realizado um estudo de um referencial teórico, com margem a outras
sugestões bibliográficas. Este estudo, inicialmente, é voltado para a área da
Música e da Física, com o intuito do desenvolvimento dos modelos e padrões.
Em seguida, com os padrões previamente definidos, é feito um uso de
conceitos matemáticos para que sejam analisados, a fim de entendê-los e,
contextualizados, possibilitando a proposta de novas aplicações e deduções de
outros padrões.
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Trazendo uma visão mais geral da proposta, até o momento, o
esquema a seguir se mostra como um resumo de como está estruturada a
construção cognitiva do trabalho:
Música Física Matemática
A título de organização, o trabalho é dividido em capítulos. O primeiro
deles trata de um estudo mais humano, o qual procura fazer a ligação do
trabalho ao contexto de formação em licenciatura. O segundo, trás as noções
elementares de música, informações bastante básicas para que o leitor tenha
um conhecimento da linguagem musical. No terceiro são apresentados e
discutidos os conceitos matemáticos presentes no trabalho. O quarto é o
capítulo dos conceitos físicos. É ele que apresenta o conteúdo das ondas
sonoras. Por fim, o quinto capítulo procura fazer uma relação entre todos os
demais capítulos, ou seja, usar da Matemática para fundamentar a Física que
servirá para desvendar os padrões que há na Música.
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1. MOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO
Este capítulo destina-se a fazer contribuições em um contexto de
formação docente, situação de desenvolvimento de profissionais da educação
na área da Matemática.
Partindo do pressuposto de que é preciso saber “o quê”,“para quê”,
“para quem” e “como se ensina”, vê-se que saber “o quê” possui relações
bastante consistentes com o objeto do conhecimento, no caso, o saber
matemático e o “para quê” com a justificativa e contextualizações. Desta forma,
a proposta deste trabalho consiste em abordar o conhecimento matemático
(funções periódicas) e uma contextualização do mesmo (a música).
Matematicamente, este trabalho gira em torno das funções periódicas,
onde são exploradas suas propriedades e, principalmente, oferecida uma
contextualização da mesma em uma realidade das pessoas.
Não se pode deixar de lado que, para que haja compreensão do
trabalho, alguns conceitos da Física se fazem necessários, como as “Ondas”,
mais especificamente as “Ondas Sonoras” e as suas propriedades: velocidade,
frequência, período, propagação, materiais, entre outros. Esses conceitos
físicos auxiliam no entendimento de determinados fenômenos para que se
possa fazer uso das teorias matemáticas.
Nesse raciocínio, caso se fizesse uma adaptação de conteúdos para
um contexto de sala de aula, estaria se fazendo uma contextualização das
funções periódicas na música. Essa contextualização pode ser entendida como
uma analogia com a realidade.
Fonseca e Nagem (2010) defendem que o uso sistemático de
analogias, juntamente com modelos e metáforas, nos processos de construção
e ressignificação do conhecimento, pode permitir a geração de um processo
que relaciona o estranho e o familiar, com foco nos processos interativos na
construção de conhecimentos. O estranho se remete ao saber que ainda não
foi interpretado como conhecimento e o familiar concebe todo o conhecimento
já assimilado pelo aprendiz, ou seja, a sua bagagem conceitual, os
conhecimentos que já lhe fazem sentido e que possibilitam construções
cognitivas que podem ser expandidas a outros conhecimentos.
13
Assim, o estranho seria a função periódica e o familiar os
conhecimentos matemáticos necessários para entendê-las, bem como os
conhecimentos físicos, para que haja sentido. O caminho cabe ao processo de
modelação, a busca de uma função que represente os conceitos musicais.
Ainda dentro de um contexto de analogias, Adrover e Duarte (1995)
declaram que os modelos analógicos, por exemplo, a função criada ao final do
trabalho, que se remete à música como um contexto e a Matemática como a
ciência do conteúdo, servem como estratégia pedagógica e consistem em:
Uma modalidade de explicação, onde a introdução de novos conhecimentos por parte de quem ensina se realiza a partir do estabelecimento explícito de uma analogia com um domínio de conhecimento mais familiar e melhor organizado, que serve como um marco referencial para compreender a nova informação, captar a estrutura da mesma e integrá-la de forma significativa na estrutura cognitiva. ADROVER e DUARTE (1995).
Nesta definição, nota-se que surge o termo informação que pode ser
entendida como a ideia matemática pura, desprovida de pensamentos sobre.
Para que seja feita uma compreensão desta informação se pode fazer uso da
analogia, tendo esta, papel referencial e organizador. De tal modo, esta serve
como um fundamento, uma justificação para o novo conceito ou conteúdo,
servindo de apoio para o seu desenvolvimento.
Dreistadt (1968) em sua obra A Análise do uso das Analogias e
Metáforas na Ciência (An Analysis of the Use Of Analogies and Metaphors in
Science), afirma que elas são indispensáveis no processo científico, pois elas
reestruturam a memória e preparam para a vinda de novos conhecimentos e,
por esse motivo, muitos cientistas usam-nas para ter o gozo de novas
descobertas, trazendo contribuições para a ciência, pois elas acarretam
significados dentro da realidade humana, o que enriquece os sentidos dos
estudos destas apreciações. Desta forma, acredita-se que não apenas na
produção científica que as analogias trazem grandes auxílios, mas, também em
situações relacionadas à aprendizagem, pois ambas estão relacionadas com
certo tipo de descoberta.
Fonseca e Nagem (2010) interpretam na teoria de Vygotsky que a
analogia se incumbe à zona do desenvolvimento próximo entendida como:
14
A distância entre desenvolvimento real, determinado pela resolução de problemas independente e o nível de desenvolvimento potencial, por meio de resolução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com colegas mais capazes
1 (VYGOTSKY, 1978, p.
86.).
Dessa forma, ela é visível como um importante subsídio para o
desenvolvimento conceitual e cognitivo de conteúdos a serem aprendidos.
Sintetizando, pode-se exprimir que o maior propósito, num contexto
educacional, do uso de uma estratégia analógica está na compreensão do
abstrato com referencia no concreto. Assim, este trabalho anseia contemplar
partes de conteúdos matemáticos (funções periódicas e logaritmos) e físicos
(ondas sonoras) dentro de um contexto que está presente na vida de muitos: a
música, que por sua vez, serve como um amparo contextual onde ficam as
analogias. Outra parte é correspondente aos conceitos matemáticos já
conhecidos, ou seja, os conceitos básicos que são necessários para que possa
haver a construção do novo conhecimento.
Para que seja possível discutir Matemática presente na Música é
imprescindível definir e analisar alguns elementos fundamentais intrínsecos
num contexto musical, bem como sua notação, foco do próximo capítulo.
1Texto original: “is the distance between actual developmental as determined by
independent problem solving and the level of potential development as through problem solving under adult guidance or in colaboration with more capable peers”.
15
2. REVISÃO MUSICAL
Este capítulo destina-se ao levantamento de todos os conceitos
musicais que são trabalhados, bem como, uma interpretação preliminar de
alguns conceitos matemáticos elementares abordados posteriormente.
2.1 DEFINIÇÕES MUSICAIS
Para se ter uma visão panorâmica do trabalho se apresenta a seguir
um esquema com as subdivisões em linhas gerais:
Figura 1: Esquema das divisões dos conceitos musicais. Fonte: O autor, 2014.
De acordo com Nobre (2008), “Música é a arte de combinar os sons
simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção, dentro do
tempo”.
Fazendo uma interpretação geral, pode-se ver que inicialmente a
Música é dividida em dois ramos, a Harmonia e a Melodia.
A Harmonia pode ser entendida como uma concepção vertical da
música. É nela em que se estudam os sons (notas musicais) que são soados
simultaneamente de uma vez, ou seja, sons que soam consonantes. O termo
vertical foi usado em função de sua ideia, que pode se remeter às
sobreposições (uma nota “em cima” da outra).
Enquanto a Melodia é entendida como uma concepção horizontal da
música. Os sons são estudados sucessivamente. O termo horizontal foi
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utilizado com o intuito de oferecer uma ordem cronológica, como pode fazer o
eixo da abscissa no plano cartesiano.
A união de ambas forma a música ou contraponto nas palavras de
Nobre (2008).
Nota-se que no esquema há uma implicação da Harmonia nas notas
musicais, pois a Harmonia é composta por conjuntos de notas musicais e estas
notas são os sons individuais, cada qual com sua característica física. No
próximo capítulo se dá o estudo desta característica que é chamada de
frequência de onda sonora.
Na implicação da Melodia se vê o Ritmo e a Linha Temporal, ambos os
itens compreendem uma noção horizontal e o que os caracteriza é estarem em
função do tempo.
Nobre (2008) explicita que o Ritmo “é a combinação dos valores de
tempo”. Nesse sentido, pensando o tempo como algo linear, cria-se a
expressão “Linha Temporal” com intuito de delimitar um eixo para fazer o
trabalho matemático posterior, ela é reta que coincide com o eixo da abscissa
(t), o domínio das funções que dependerão do tempo.
Pensando historicamente, a análise musical teve início através de
experimentos. Pitágoras, em seus testes, construiu um monocórdio, onde
observou algumas regularidades: se apertada na metade da corda e tocasse, o
som soava harmonicamente de maneira perfeita. Propôs, então, que fosse a
mesma nota que a corda solta, porém, em oitavas diferentes. Oitava é definida
como um intervalo entre duas notas de mesmo nome. Por exemplo: Mi, Fá,
Fá#, Sol, Sol#, Lá, Lá#, Si, Dó, Dó#, Ré, Ré# e Mi. Se apertada 2
3 da corda
percebeu que o som também combinava com ela solta, ou seja, o som soava
de forma agradável e harmoniosa. Assim se deu uma procura de outras notas
que combinassem entre si. Foi possível construir um ciclo fechado com 12
notas, como afirma Brito (2005), as outras notas são harmônicas e estão em
oitavas diferentes. A seguir tem-se o esquema do ciclo das notas que
combinam com base nos experimentos de Pitágoras:
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Figura 2: Ciclo das notas musicais. Fonte: O autor, 2014.
Dessa forma, com vetores, pode-se notar que o ciclo se fecha. A nota
Dó combina com a nota Sol, esta por sua vez, combina com a Ré, e assim
sucessivamente, até voltar ao Dó e repetir o ciclo. A notação da nota com um o
índice inferior “s”, se remete ao sustenido da nota, notação não muito comum.
Linearmente, o esquema acima pode ser visto como: ... Dó → Sol →
Ré → Lá → Mi → Si → Fá# → Dó# → Sol# → Ré# → Lá# → Fá → Dó → Sol...
Com sucessivas repetições.
A próxima seção se propõe a apresentar uma notação musical padrão.
2. 2 NOTAÇÃO MUSICAL
A linguagem padrão musical é a partitura, na qual são representados
os conjuntos de notas pertencentes a música em questão.
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A partitura é composta por cinco linhas horizontais e uma figura em seu
início, como indica a Figura 3.
Figura 3: Partitura em branco. Fonte: O autor, 2014.
Essa figura é chamada de pauta. Cada uma das linhas de uma pauta e
seus entremeios correspondem as notas diferentes e suas posições dependem
da figura que é colocada no início, que recebe o nome de Clave. A Clave da
Figura 3 é chamada Clave de Sol, ela indica que a segunda linha (contada de
baixo pra cima) é a linha da nota Sol, como representa a figura abaixo:
Figura 4: com uma nota sol semínima. Fonte: O autor, 2014.
Existem doze notas, porém sete são as notas naturais, as outras são
chamadas acidentes. Essas notas “acidentadas” são os sustenidos e os
bemóis.
A nota Lá fica acima da nota Sol, na partitura entre a segunda e a
terceira linha:
Figura 5: Partitura com uma nota lá semínima.
Fonte: O autor, 2014.
Já o Sol Sustenido é representado com o símbolo “#” ao lado da figura
que representa a sua nota:
Figura 6: Partitura com a nota sol sustenido semínima.
Fonte: O autor, 2014.
19
Assim, as notas possuem cada uma, com suas variantes uma linha na
partitura, e são contadas de baixo para cima, da mais grave para a mais aguda.
Por exemplo, a sequência Sol, Sol#, Lá, Lá#:
Figura 7: Partituras com as semínimas Sol, Sol sustenido, Lá e Lá sustenido. Fonte: O autor, 2014.
Outro elemento que pode ser notado é a figura usada para representar
cada nota, que é chamada de semínima e está relacionada com o tempo. Para
entendê-la é necessário entender o que significa compasso.
Compasso é uma unidade rítmica, ou seja, uma marcação do tempo no
decorrer da música, na partitura, cada compasso é separado por uma linha
vertical:
Figura 8: Partitura composta por 3 compassos em branco. Fonte: O autor, 2014.
Esta partitura (Figura 8) é composta por três compassos, apesar de
não haverem notas nela. No entanto, é preciso definir valores de tempos para
esses compassos. Esses valores são indicados, geralmente, no primeiro
compasso da música:
Figura 9: Partitura de compassos 4 por 4.
Fonte: O autor, 2014.
A figura 9 fornece um exemplo com compassos quatro por quatro. Isto
quer dizer que cada compasso conterá 4 tempos (numerador) e cada tempo
será considerado 1
4. A figura que representa
1
4 é a semínima. Com quatro delas
fecha-se um compasso:
20
Figura 10: Exemplo de uma partitura de compasso 4 por 4 com notas.
Fonte: O autor, 2014. Na Figura 10 estão dispostos três compassos com quatro notas em
cada e são todas semínimas.
Existe a mínima, que vale o dobro da semínima, ou seja, representa 1
2
do compasso. Ela possui outra figura para representá-la:
Figura 11: Partitura composta por mínimas.
Fonte: O autor, 2014.
É notável que sejam necessárias duas mínimas para completar um
compasso quatro por quatro, afinal cada uma delas vale o dobro da semínima.
Em uma representação fracionária tem-se:2
4+
2
4=
4
4, um compasso definido.
É possível mesclar mínimas com semínimas e outras notas de tempos
diferentes, também:
Figura 12: Partitura com mínimas e semínimas.
Fonte: O autor, 2014.
O primeiro compasso (Figura 12), por exemplo, possui uma mínima
seguida de duas semínimas. Em notação de fração: 2
4+
1
4+
1
4=
4
4. A mínima
está representando uma nota Sol e as semínimas, duas notas Si.
Supondo que cada compasso leve 4 segundos para ser executado
(valor completamente maleável), a nota Sol (mínima) ficaria soando por dois
segundos e cada uma das notas Si seriam soadas em um segundo.
Existem outras subdivisões: a colcheia, por exemplo, que corresponde
a 1
8 da unidade de compasso. O exemplo abaixo mostra um compasso
composto de apenas colcheias e o outro incompleto, com apenas uma
colcheia:
21
Figura 13: Partitura composta por colcheias.
Fonte: O autor, 2014.
Uma das características das figuras é que quando há colcheias
adjacentes elas podem ser representadas ligadas e, sozinhas, elas possuem
um detalhe em sua lateral, como a figura que inicia o segundo compasso
(Figura 13).
Também existem compassos que não são no formato quatro por
quatro, como por exemplo, o compasso três por quatro, também chamado de
compasso ternário, que é o compasso das valsas:
Figura 14: Partitura em compasso ternário.
Fonte: O autor, 2014.
O compasso da figura 14 contém três semínimas. Em frações: 1
4+
1
4+
1
4=
3
4. Esse compasso, como qualquer outro, pode ser composto por diferentes
tipos de notas.
Existem outras frações de tempo:
Figura 15: Partitura de compasso 6 por 4.
Fonte: O autor, 2014.
A Figura 15, por exemplo, possui um compasso seis por quatro. Seu
primeiro compasso pode ser representado pela seguinte soma de frações:
2
4+
1
4+
1
4+
2
4=
6
4 (uma mínima seguida de três semínimas).
Até o momento, foi apresentada apenas a situação onde é tocada uma
nota por vez, no entanto, é possível que sejam tocadas mais notas
simultaneamente, como trás a ideia da harmonia. A figura a seguir mostra a
representação de três notas que são soadas simultaneamente: Sol, Si e Ré.
Com isso é possível formar um acorde.
22
Figura 16: Partitura com três notas simultâneas.
Fonte: O autor, 2014.
Acorde, em música, é o conjunto de duas ou mais notas, que são
tocadas ao mesmo tempo. O acorde representado acima é chamado de Sol
Maior, porém, não se faz necessário, para o desenvolvimento deste trabalho,
detalhar a construção dos acordes, tampouco nomeá-los.
É possível que em uma música haja mais pautas, costuma-se colocar
uma para cada instrumento musical, como no exemplo:
Figura 17: Partitura composta por duas pautas.
Fonte: O autor, 2014.
Nota-se que no último compasso surgiram duas figuras diferentes. Na
pauta de cima há um pequeno traço, que representa uma pausa (a música
também é composta com silêncio) e, na pauta de baixo, há uma figura circular,
que representa a unidade de tempo, ou seja, vale quatro semínimas.
A Figura 17 mostra duas pautas diferentes: a superior em clave de Sol
e a inferior com clave de Fá. Essas duas são as mais comuns. A diferença
entre essas claves é a posição das notas. A clave de Sol, mantém a nota que
origina o seu nome na segunda linha e a outra, a clave de Fá, mantém o Fá na
quarta linha.
Nesta mesma partitura, pode-se observar a ideia de harmonia. É feita
uma análise para cada tempo em separado em seu conjunto de pautas.
Costumeiramente cada pauta diz respeito a um instrumento.
23
Figura 18: Partitura da Figura 17 com duas pautas com destaque para a harmonia.
Fonte: O autor, 2014.
Ainda, nesta partitura fica evidente a Melodia. A análise e execução
são feitas para cada pauta em separado, como exemplifica e destaca a Figura
19.
Figura 19: Partitura da Figura 17 com duas pautas com destaque para a melodia.
Fonte: O autor, 2014.
Se unidas, a harmonia e a melodia, torna-se possível fazer uma análise
da música como um todo.
Deste modo, com estes conceitos e representações musicais já
definidos, pode-se analisar com os conceitos físicos presentes na música.
Começado por cada nota musical, interpretando-a como uma onda sonora.
Esses são estudados nos próximos capítulos. Para a fundamentação
matemática destes conceitos físicos é desenvolvido o Capítulo 3, onde é dado
o enfoque às funções seno e cosseno.
24
3. FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA
Este capítulo é destinado para apresentar as definições dos conceitos
matemáticos que estão presentes neste trabalho.
As funções periódicas possuem grande aplicabilidade no estudo
fenômenos que possuem algum tipo de repetição, como é o caso da música.
Pode-se definir uma função periódica como uma função cuja sua imagem
possui alguma espécie de repetição regular, essa regularidade é chamada de
período, daí o nome.
Em termos algébricos se tem:
𝑓 𝑥 + 𝑃 = 𝑓(𝑥)
em que 𝑥 e 𝑃 representam o domínio e o período da função 𝑓,
respectivamente.
Dentre as funções periódicas mais conhecidas, estão as
trigonométricas, funções essas que partem de relações entre os lados de
triângulos.
Outro conceito matemático abordado no trabalho é o Logaritmo,
necessário para compreender a dinâmica da intensidade das ondas sonoras.
Em nível elementar, a função logarítmica pode ser entendida como o inverso
da função exponencial. A notação log𝑎 𝑏 = 𝑥 é utilizada para mencionar que o
logaritmo de 𝑏 na base 𝑎 é igual a 𝑥, isto equivale a dizer que 𝑎𝑥 = 𝑏.
As seções seguintes ficam responsáveis por detalhar esses conteúdos.
3.1 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
A cargo desta seção está o estudo introdutório das funções
trigonométricas, em linhas gerais.
Etimologicamente, pode-se pensar na palavra „trigonometria‟, de
origem grega que significa „medida do triângulo‟. Assim, todo o estudo de uma
função trigonométrica tem sua origem em um triângulo. Mais especificamente,
no triângulo retângulo.
25
A notação AB diz respeito ao segmento com extremos os pontos A e B.
A notação 𝐴𝐵 é utilizada para mencionar o comprimento do segmento AB.
Definição 1: Seja um triângulo retângulo ABC (Figura 20) com o
ângulo ∝ = 90𝑜 e 𝛽 o ângulo entre os segmentos AC e CB. A razão entre os
segmentos AB e AC é chamada seno do ângulo 𝜷 e denotado por 𝑠𝑒𝑛(𝛽), a
razão entre os segmentos CB e AC é chamada de cosseno do ângulo 𝜷
edenotado por cos(𝛽) e a razão entre os segmentos AB e BC é chamada
tangente do ângulo 𝜷, denotada por 𝑡𝑎𝑛 𝛽 .
Figura 20: Representação geométrica de um triângulo retângulo.
Fonte: O autor, 2014.
Com base na Figura 20, pode-se representar o seno, cosseno e
tangente de 𝛽, respectivamente, como:
𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 𝐴𝐵
𝐴𝐶;
cos 𝛽 =𝐶𝐵
𝐴𝐶;
tan 𝛽 =𝐴𝐵
𝐶𝐵.
A tangente, também pode ser escrita como:
tan 𝛽 = 𝑠𝑒𝑛 (𝛽)
cos(𝛽),
verificável pela seguinte sucessão de igualdades:
tan 𝛽 = 𝐴𝐵
𝐶𝐵=
𝐴𝐵
𝐴𝐶𝐶𝐵
𝐴𝐶
=𝑠𝑒𝑛 (𝛽)
cos(𝛽).
26
Para cada 𝛽 diferente tomado tem-se um triângulo ABC diferente
(assim como triângulos diferentes com o mesmo valor de 𝛽, porém suas
proporções são mantidas), o que infere em valores diferentes para 𝑠𝑒𝑛(𝛽),
cos(𝛽) e tan(𝛽), desta forma, é possível pensar em definir funções para tais
relações, mantendo fixo o ângulo de 90º e a hipotenusa medindo 1 unidade de
medida.
Pode-se pensar em um triângulo OA1A2 semelhante ao ABC, visto
anteriormente, porém, com uma especificidade. O segmento OA1 mede 1. Este
triângulo pode ser representado dentro de uma circunferência de raio unitário,
como na Figura 21.
Figura 21: Representação do triângulo OA1A2 em uma circunferência. Fonte: O autor, 2014.
Como OA1 mede 1, tem-se que:
𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 𝐴1𝐴2 e cos 𝛽 = 𝑂𝐴2
.
3.1.1 Relações ângulo e comprimento de arco de circunferência
Partindo do fato de que uma circunferência possui comprimento 2𝜋𝑟,
quando o seu raio for unitário, seu comprimento medirá 2𝜋. Ainda é possível
pensar em relacionar a medida do ângulo 𝛽 (Figura 22) com o seu arco. É
27
notável que quando 𝛽 = 90𝑜 , tem-se um quarto de circunferência, ou seja, o
comprimento do arco será de 𝜋
2; para uma semicircunferência seu comprimento
será 𝜋 e assim sucessivamente.
O segmento A1A2 possui a mesma medida que o segmento OA‟
(projeção do segmento 𝐴1𝐴2 no eixo vertical), como ilustra a Figura 22:
Figura 22: Representação do triângulo OA1A2 em uma circunferência. Fonte: O autor, 2014.
Desta forma, os valores de seno e cosseno de um ângulo podem ser
representados no eixo vertical e no eixo horizontal, respectivamente.
As funções seno, cosseno e algumas das demais funções
trigonométricas são abordados nas subseções seguintes com mais detalhes.
3.1.2 Definição da função seno
A primeira função trigonométrica estudada neste trabalho será a função
seno. O domínio dessa função é conjunto formado pelos valores dos ângulos e
sua imagem está contida no conjunto dos números reais.
28
Sua imagem possui, ainda, uma restrição importante: como observado
no círculo trigonométrico, os valores do seno de um ângulo pertencem ao
intervalo fechado [-1, 1].
Assim, tem-se: −1 ≤ 𝑠𝑒𝑛(𝛽) ≤ 1 (Figura 23).
Figura 23: Representação do seno de 𝛽 no círculo trigonométrico. Fonte: O autor, 2014.
É notável que para cada valor de 𝛽 temos um ponto A1 distinto, o qual
pertence à circunferência de raio 1, centrada na origem.
Seja C o conjunto de todos os pontos A1, que podem ser representados
por pares ordenados da forma (𝑎1,𝑎2). Neste sentido, pode-se definir uma
função seno:
Definição 2: Sejam 𝐴 o conjunto dos ângulos, C uma circunferência de
raio 1 com centro na origem, 𝐴1 = (𝑎1,𝑎2) ponto de C com 𝑎1, 𝑎2 ∈ ℝ
(Contradomínio da função) e 𝑋 o conjunto de todos os valores de 𝑎2, tais que
−1 ≤ 𝑎2 ≤ 1. Definem-se as funções:
𝑔: 𝐴 → 𝐶
𝛽 ↦ (𝑎1, 𝑎2) e
:𝐶 → 𝑋
𝑎1, 𝑎2 ↦ 𝑎2.
29
Assim, tem-se que a função seno é o resultado da composta de 𝑔 e ,
definida como:
𝑓:𝐴 → 𝑋
𝛽 ↦ 𝑎2 ,
Ou seja, 𝒇 𝜷 = 𝒔𝒆𝒏 𝜷 = 𝒂𝟐, com 𝑎2 ∈ 𝑋.
Como o tempo é uma variável real e ele será utilizado como o domínio
de algumas das funções trigonométricas, são realizadas algumas adaptações
na definição, trabalhando com, ao invés de ângulos, radianos. Assim, a função
será definida:
𝑓: ℝ → 𝑋
𝑡 ↦ 𝑎2,
sendo 𝑡 ∈ ℝ a medida em radiano do ângulo 𝛽.
3.1.3 Definição da Função Cosseno
A Função Cosseno possui grande similaridade com a Função seno,
uma vez que ambas partem de relações entre lados e ângulos de um triângulo
retângulo, e no circulo trigonométrico, no qual o cosseno de um ângulo 𝛽 pode
ser entendido como a medida de um segmento específico no eixo horizontal
(sua projeção). Pode-se observar que o domínio dessa função, também, são os
valores das medidas dos ângulos e sua imagem está contida no conjunto dos
números reais.
Assim como no seno, não são todos os valores reais que pertencem
imagens desta função. Como observado no círculo trigonométrico, os valores
do cosseno de um ângulo pertencem ao intervalo fechado [-1, 1].
Assim, tem-se: −1 ≤ 𝑐𝑜𝑠(𝛽) ≤ 1, (Figura 24).
30
Figura 24: Representação do cosseno de 𝛽 no círculo trigonométrico. Fonte: O autor, 2014.
É notável que, para cada valor de 𝛽, temos um ponto A1 distinto, o qual
pertence à circunferência de raio 1 com centro na origem. Considerando C o
conjunto de todos os pontos A1, que podem ser representado por pares
ordenados da foram (𝑎1, 𝑎2).
Definição 3: Sejam 𝐴 o conjunto dos ângulos, C uma circunferência de
raio 1 com centro na origem, 𝐴1 = (𝑎1,𝑎2) ponto de C com 𝑎1, 𝑎2 ∈
ℝ (Contradomínio da função) e 𝑌 o conjunto de todos os valores de 𝑎1, tais que
−1 ≤ 𝑎2 ≤ 1. Define-se:
𝑔: 𝐴 → 𝐶
𝛽 ↦ (𝑎1, 𝑎2) e
:𝐶 → 𝑌
𝑎1, 𝑎2 ↦ 𝑎1.
Assim, tem-se que a função cosseno é o resultado da composta de 𝑔 e
, definida como:
𝑓:𝐴 ⟶ 𝑌
𝛽 ↦ 𝑎1
𝒇 𝜷 = 𝒄𝒐𝒔 𝜷 = 𝒂𝟏, com 𝑎1 ∈ 𝑌.
31
Assim, igualmente a função seno, são utilizadas as medidas em
radianos em momentos práticos, definindo-se a função:
𝑓: ℝ → 𝑌
𝑡 ↦ 𝑎1 ,
sendo 𝑡 ∈ ℝ a medida em radiano do ângulo 𝛽.
3.1.4 Outras funções trigonométricas
Fazendo juízo ao título da subseção, serão definidas outras funções
trigonométricas, funções essas originadas a partir de relações matemáticas
entre seno e cosseno de um ângulo. A primeira delas é a função tangente, a
qual pode ser denotada por tan(𝛽), lê-se „tangente do ângulo 𝛽 (beta)‟. A
tangente é definida com o seu domínio como valores de ângulos e sua imagem
real. A relação matemática que a origina é:
tan 𝛽 =𝑠𝑒𝑛(𝛽)
cos(𝛽)=𝐴1𝐴2
𝑂𝐴2 .
Um detalhe que restringe o seu domínio é o caso do cos 𝛽 = 0, pois
se teria uma divisão por zero, não definida no conjunto dos números reais,
assim, 𝜋
2,
3𝜋
2,
5𝜋
2,… ,
2𝑛+1 𝜋
2, com 𝑛 ∈ ℕ, não pertencem ao domínio da função
tangente.
O valor da tangente de um ângulo pode ser representado pelo
comprimento do segmento que tangencia o círculo trigonométrico como na
Figura 25.
32
Figura 25: Representação da tangente de 𝛽 tangente ao círculo trigonométrico. Fonte: O autor, 2014.
Esta representação geométrica é verificável, pois os triângulos COT e
A2OA1 são semelhantes, então, existe a seguinte proporcionalidade:
𝐴1𝐴2
𝑂𝐴2
=𝑇𝐶
1.
Nessas condições, o valor da tangente de um ângulo 𝛽 pode ser
definido como: tan 𝛽 = 𝑇𝐶 .
A Função Secante, denotada por sec(𝛽), é definida como o inverso da
função cosseno, ou seja, sec 𝛽 =1
cos (𝛽), indefinida para cos 𝛽 = 0, quando
𝛽 =𝜋
2,
3𝜋
2,
5𝜋
2,… ,
2𝑛+1 𝜋
2 radianos.
A Função Cossecante, denotada por 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(𝛽), é definida como o
inverso da função seno, 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐 𝛽 =1
𝑠𝑒𝑛 (𝛽), função que não definida no caso de
𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 0, ou seja, 𝛽 = 0, 2𝜋
2,
4𝜋
2,… ,
2𝑛 𝜋
2.
A Função Cotangente, denotada por 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑛(𝛽), é definida como o
inverso da função tangente, 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑛 =1
tan (𝛽)=
cos (𝛽)
𝑠𝑒𝑛 (𝛽). Essa função é indefinida
quando 𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 0, ou seja, 𝛽 = 0, 2𝜋
2,
4𝜋
2,… ,
2𝑛 𝜋
2.
Em seguida, são apresentados os gráficos das funções, nesta seção
definidas.
33
3.1.5 Gráfico da Função Seno
O fato de a função seno ser periódica é bastante evidente em sua
representação gráfica. Seu período, como as demais funções trigonométricas é
2𝜋 (uma revolução), valor que corresponde aos ângulos de 0º e 360º (primeira
repetição), ou qualquer 360𝑥, com 𝑥 ∈ ℤ.
Como 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 2𝜋 = 𝑠𝑒𝑛(𝑡), com 𝑡 ∈ ℝ será restrito ao estudo onde
0 ≤ 𝑡 < 2𝜋, pois quando 2𝜋 ≤ 𝑡 < 4𝜋 o comportamento será o mesmo do
primeiro caso, assim como 2𝜋 ≤ 𝑡 < 4𝜋, podendo se estender para 2𝑟𝜋 ≤ 𝑡 <
2(𝑟 + 1)𝜋, com 𝑟 inteiro.
Desta forma, faz todo o sentido que a curva da função se repita. Seu
gráfico se comporta da seguinte maneira:
Figura 26: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛(𝑡). Fonte: O autor, 2014.
Existem algumas mudanças que podem ocorrer no gráfico da função,
com a inserção de alguns coeficientes. Pode se pensar em coeficientes para
esta função, 𝑓 𝑥 = 𝑎 ⋅ 𝑠𝑒𝑛 𝑏𝑥 + 𝑐 + 𝑑, com 𝑎, 𝑏, 𝑐,𝑑 ∈ ℝ.
O coeficiente 𝑎 possui o papel de fornecer a amplitude da função, ou
seja, é o coeficiente responsável por “dilatar” ou “comprimir” no sentido vertical
a curva. Por exemplo, a função 2𝑠𝑒𝑛(𝑡), dobrando representada graficamente
na Figura 27.
34
Figura 27: Representação gráfica da função 2𝑠𝑒𝑛(𝑡) comparada a 𝑠𝑒𝑛(𝑡). Fonte: O autor, 2014.
O coeficiente 𝑏 influencia diretamente nos valores dos ângulos em
questão. Com essa mudança, automaticamente o período da função sofre uma
alteração. A título de exemplificação, segue a função 𝑠𝑒𝑛(2𝑥) representada
graficamente na figura 28:
Figura 28: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛 2𝑡 (em vermelho) comparada a 𝑠𝑒𝑛(𝑡)
Fonte: O autor, 2014.
O período da função 𝑠𝑒𝑛(2𝑡) não é 2𝜋. Com a influência do coeficiente
𝑏, o período dessa função torna-se 𝜋. Em casos mais gerais, 𝑃 =2𝜋
𝑏.
O coeficiente 𝑐 está encarregado de deslocar horizontalmente a curva,
ou seja, faz o deslocamento no eixo das abscissas. Como exemplo, a função
𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 1), que foi deslocada uma unidade de medida para a esquerda, Figura
29.
35
Figura 29: Representação gráfica da função 𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 1). Fonte: O autor, 2014.
Com ideia parecida, o coeficiente 𝑑 também é responsável por um
deslocamento na curva, porém, verticalmente, ou seja, no eixo das ordenadas.
Para exemplificação segue o gráfico da função 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 2, que foi deslocada 2
para cima,como mostra a Figura 30.
Figura 30: Representação Gráfica da função 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 2. Fonte: O autor, 2014.
De forma genérica, tem-se 𝑎. 𝑠𝑒𝑛 𝑏. 𝑡 + 𝑐 + 𝑑. Todos os coeficientes
influenciam ao mesmo tempo o comportamento da função, exemplo disto é a
função 2𝑠𝑒𝑛 3𝑡 + 2 + 2, de período 𝑃 =2𝜋
3, cuja sua representação gráfica é
apresentada na figura 31:
36
Figura 31: Representação gráfica da função 2𝑠𝑒𝑛 𝑡𝑥 + 2 + 2.
Fonte: O autor, 2014.
3.1.6 Gráfico da função cosseno
A ideia gráfica da função cosseno é bastante similar à ideia da Função
Seno, pois tanto o domínio, quanto a imagem são os mesmos e, da mesma
forma, 𝑐𝑜𝑠 𝑡 + 2𝜋 = 𝑐𝑜𝑠(𝑡). Seu gráfico se comporta da seguinte maneira:
Figura 32: Representação gráfica da função cos(𝑡). Fonte: O autor, 2014.
A função cosseno possui alguns coeficientes com as mesmas
influências dos coeficientes da função seno. Assim, de forma geral, tem-se
𝑎′ . cos 𝑏′ . 𝑥 + 𝑐 ′ + 𝑑′ e o período da função será 𝑃 =2𝜋
𝑏′.
Para exemplificar, segue na Figura 33 a representação gráfica da
função 3 cos 4𝑡 + 2 + 1, com 𝑃 =𝜋
2.
37
Figura 33: Representação gráfica da função 3 cos 4𝑡 + 2 + 1.
Fonte: O autor, 2014.
3.1.7 Outros Gráficos
Assim com as funções seno e cosseno, as funções tangente, secante,
cossecante e cotangente podem ser representadas graficamente.
A função tangente é representada por meio do seguinte gráfico (Figura
34):
Figura 34: Representação gráfica da função tan(𝑥). Fonte: O autor, 2014.
38
Como tan 𝑥 =𝑠𝑒𝑛 (𝑥)
cos (𝑥), há uma indeterminação no caso 𝑥1 =
𝜋
2,
3𝜋
2,…
2𝑛+1 𝜋
2, no entanto, quando 𝑥1 for muito próximo deste valor, tan(𝑥1)
estará bastante distante de 0.
Os mesmos coeficientes que influenciam as funções Seno e Cosseno
fazem as mesmas mudanças na função tangente.
A função secante é representada graficamente da seguinte forma
(figura 35):
Figura 35: Representação gráfica da função sec(𝑥). Fonte: O autor, 2014.
A função cossecante, inverso da função seno, é representado
graficamente (Figura 36):
Figura 36: Representação gráfica da função 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(𝑥). Fonte: O autor, 2014.
A função cotangente, inverso da função tangente, possui a seguinte
representação gráfica (Figura 37):
39
Figura 37: Representação gráfica da função 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑛(𝑥). Fonte: O autor, 2014.
A seção seguinte define as operações com as funções trigonométricas
apresentadas.
3.1.8 Soma com senos e cossenos
É possível fazer uso de operações com as funções trigonométricas,
também. São apresentadas as adições e multiplicações das funções seno e
cosseno:
Basta definir uma função que tenha por domínio e imagem o conjunto
dos números reais, dada como:
𝑓:ℝ → ℝ
𝑥 ↦ 𝑎0 + 𝑎1𝑠𝑒𝑛 𝑏1𝑥 + 𝑐1 + 𝑎2𝑠𝑒𝑛 𝑏2𝑥 + 𝑐2 + ⋯+ 𝑎𝑛𝑠𝑒𝑛 𝑏𝑛𝑥 + 𝑐𝑛
+ 𝑎𝑛+1 cos 𝑏𝑛+1𝑥 + 𝑐𝑛+1 + ⋯+ 𝑎𝑔 cos 𝑏𝑔𝑥 + 𝑐𝑔 ,
com 𝑎𝑖 ∈ ℝ, 𝑖 = 0, 1, 2,⋯ , 𝑛,⋯ ,𝑔.
A título de exemplificação, segue a soma 𝑓 𝑥 = 2𝑠𝑒𝑛 3𝑥 +1
2cos(𝑥),
representada graficamente (Figura 38):
40
Figura 38: Representação gráfica da soma das funções 𝑓 e 𝑔. Fonte: O autor, 2014.
Esses conhecimentos sobre as funções trigonométricas são suficientes
para a compreensão da abordagem feita às ondas sonoras no capítulo 4.
3.2 LOGARITMOS
A motivação para o estudo dos logaritmos contempla o fato de que a
intensidade sonora é calculada por meio de uma escala logarítmica. Será
admitido como pré-requisito o conhecimento elementar da função exponencial.
Definição7: Sejam 𝑎,𝑏, 𝑥 ∈ ℝ. O logaritmo de 𝑏, na base 𝑎 é igual a 𝑥,
denotado pela representação 𝒍𝒐𝒈𝒂 𝒃 = 𝒙 se, e somente se, 𝒂𝒙 = 𝒃.
Existem 3 restrições a essa definição que são enunciadas e
demonstradas:
(i) log𝑎 0 é uma indeterminação.
(ii) log1 𝑏 é uma indeterminação.
(iii) log0 𝑏 é uma indeterminação.
41
Demonstrações:
(i) É imediato da definição, pois, log𝑎 0 = 𝑥 se, e somente se,
𝑎𝑥 = 0 e isso só é verdade se 𝑎 = 0. Assim sendo, para qualquer valor de
𝑥 ≠ 0, a igualdade 0𝑥 = 0 é válida.
(ii) Basta observar que, se não fosse se teria 1𝑥 = 𝑏 e isso só seria
possível se 𝑏 = 1, além do fato de que 𝑥 poderia assumir qualquer valor.
(iii) Caso existisse se teria 0𝑥 = 𝑏. Porém, isso só seria válido se
𝑏 = 0, o que faria qualquer 𝑥 ≠ 0 satisfazer a igualdade 0𝑥 = 0.
Existem algumas propriedades operacionais para os logaritmos,
enunciadas e demonstradas a seguir:
Sejam 𝑎, 𝑏, 𝑐,𝑑,𝑚, 𝑛, 𝑥, 𝑦, 𝑧 ∈ ℝ, com 𝑎 ≠ 0,𝑎 ≠ 1 e 𝑏 ≠ 0, tem-se:
(i) log𝑎 𝑎 = 1.
(ii) log𝑎 1 = 0.
(iii) log𝑎 𝑏. 𝑐 = log𝑎 𝑏 + log𝑎 𝑐.
(iv) 𝑎log 𝑎 𝑏 = 𝑏.
(v) 𝑐. log𝑎 𝑏 = log𝑎 𝑏𝑐 .
(vi) log𝑎 𝑏 =log 𝑐 𝑏
log 𝑐 𝑎.
(vii) log𝑎 𝑏 = log𝑎 𝑐 ⇔ 𝑏 = 𝑐 .
Demonstrações:
(i) Aplicando diretamente a definição em log𝑎 𝑎 = 𝑥, é suficiente
mostrar que 𝑥 = 1. Como 𝑎𝑥 = 𝑎1, segue, que 𝑥 = 1. Essa propriedade pode
ser estendida para log𝑎 𝑎𝑏 = 𝑏, pois ,𝑎𝑏 = 𝑎𝑏 .
(ii) Partindo da definição, tem-se que 𝑎𝑥 = 1, isso só é válido se
𝑥 = 0.
(iii) Seque da definição que:
𝑎𝑥 = 𝑏 e (1)
42
𝑎𝑦 = 𝑐 (2)
Multiplicando 1 por (2) se obtém 𝑎𝑥+𝑦 = 𝑏. 𝑐, ou seja, log𝑎 𝑏. 𝑐 = 𝑥 + 𝑦.Por
consequência direta: log𝑎𝑏
𝑐= log𝑎 𝑏 − log𝑎 𝑐.
(iv) Por definição tem-se que log𝑎 𝑏 = 𝑥, sendo assim, basta
observar que 𝑏 = 𝑎𝑥 .
(v) Segue da definição que log𝑎 𝑏 = 𝑥, em que 𝑎𝑥 = 𝑏. Elevando
em ambos os lados da equação por 𝑐, obtém-se𝑎𝑐𝑥 = 𝑏𝑐 , donde segue que
log𝑎 𝑏𝑐 = 𝑐𝑥. Portanto, log𝑎 𝑏
𝑐 = 𝑐. log𝑎 𝑏.Por consequência direta: 𝑚
𝑛log𝑎 𝑏 =
log𝑎 𝑏𝑚𝑛
.
(vi) Assumindo loga 𝑏 = 𝑥, log𝑐 𝑏 = 𝑦 e log𝑐 𝑎 = 𝑧, faz-se necessário
mostrar, apenas, que 𝑥 =𝑦
𝑧. Fazendo uso da definição, tem-se:
𝑎𝑥 = 𝑏 , (1)
𝑐𝑦 = 𝑏 e (2)
𝑐𝑧 = 𝑎 (3)
Substituindo (2) e (3) em (1), tem-se que 𝑐𝑧 𝑥 = 𝑐𝑦 , o que implica em 𝑥. 𝑧 =
𝑦. Portanto 𝑥 =𝑦
𝑧.
(vii) Supondo log𝑎 𝑏 = log𝑎 𝑐, pela definição tem-se que 𝑎log 𝑎 𝑐 = 𝑏 e
por (iv), 𝑐 = 𝑏. Por outro lado, supondo que 𝑏 = 𝑐, a demonstração é imediata.
É possível ainda usar o argumento de que como log𝑎 𝑏 = 𝑥 e log𝑎 𝑐 = 𝑦, tem-se
𝑎𝑥 = 𝑏 e 𝑎𝑦 = 𝑐, disto, 𝑎𝑥 = 𝑐. Logo, log𝑎 𝑐 = 𝑥, ou seja, 𝑐 = 𝑏.
43
4. ESTUDO FÍSICO: PROPRIEDADES DAS ONDAS SONORAS E NOTAS
MUSICAIS EM FUNÇÃO DAS FREQUÊNCIAS
A proposta deste capítulo está em trazer os conceitos físicos
necessários para a compreensão do trabalho. Estes contemplam as Ondas
sonoras. Desta maneira, usando-se, como amparo bibliográfico, a obra de
Halliday e Resnick (2007) em seu livro: Fundamentos da Física, em seu
segundo volume e, também, Tipler e Mosca (2006) com o livro: Física para
cientistas e engenheiros, em seu primeiro volume, é possível perpetrar
algumas definições.
4.1 ONDAS
As ondas são estudadas em movimentos oscilatórios, onde há
transporte de energia e quantidade de movimento linear, porém, não há
transporte de matéria.
Segundo Halliday e Resnick (2007, p.153) “energia é uma grandeza
escalar associada ao estado de um ou mais objetos”. A Quantidade de
Movimento linear, também conhecida por momento linear é o resultado do
produto da massa pela velocidade de um corpo, respeitando sua direção e
sentido.
Halliday e Resnick (2007) classificam as ondas em três tipos: ondas
mecânicas, ondas eletromagnéticas e ondas de matéria.
As ondas mecânicas são as ondas em que são válidas as leis de
Newton (mecânica clássica), assim, só existem em um meio material,
dependendo, portanto, de sua densidade.
As ondas eletromagnéticas possuem algumas características um pouco
curiosas, como, por exemplo, diferentemente das ondas mecânicas, elas se
propagam no vácuo, sendo este o local de sua velocidade máxima,
aproximadamente 299792458 m/s. A luz é um exemplo bastante típico, as
ondas recebidas pelos aparelhos televisivos e rádios, dentre outros.
44
As ondas de matéria são estudadas microscopicamente, pois estão
associadas a elétrons, prótons e outras partículas elementares. Estas ondas
recebem tal nomenclatura, pois geralmente, as partículas são concebidas como
“elementos básicos da matéria”.
Os estudos desse capítulo focar-se-ão nas ondas mecânicas. Outra
caracterização das ondas feita por Halliday e Resnick (2007) é quanto a sua
forma de pulso: ondas transversais e ondas longitudinais, esta classificação é
motivada pelo estudo da forma como a onda se comporta no espaço. Para
entender estes dois conceitos distintos basta imaginar uma mola comum.
Quando uma onda é transversal, as perturbações são perpendiculares
à mola em sua posição de repouso, como mostra a figura a seguir:
Figura 39: Onda transversal presente em uma mola.
Fonte: TIPLER, P. A., MOSCA, G. (2006, p. 502).
Por outro lado, uma onda longitudinal apresenta-se de modo diferente,
as perturbações se dão ao longo do meio (paralelas ao movimento), como a
figura a seguir:
Figura 40: Onda longitudinal presente em uma mola.
Fonte: TIPLER, P. A., MOSCA, (2006, p. 502).
Quando uma onda se propaga de um lugar para outro ela é chamada
de Onda progressiva.
45
4.1.1 Forma Da Onda
Para bem descrever como se comporta uma onda é imprescindível que
se saiba a forma dessa onda, isto implica que é necessário estabelecer uma
função que relacione o tempo (𝑡) e sua posição em relação à origem (𝑥) com
seu deslocamento transversal, para tal, Halliday e Resnick (2007) propõe a
seguinte relação matemática:
𝑦 𝑥, 𝑡 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 ± 𝜔𝑡 ,
em que 𝑦𝑚 a amplitude, 𝑘, o número de onda, 𝑥 representa a posição da onda,
𝜔, a frequência (ou velocidade) angular e 𝑡, o tempo.
O fator 𝑦𝑚 , medido em metros, possui a seguinte influência gráfica
(Figura 41):
Figura 41: Representação gráfica da onda com destaque para a amplitude. Fonte: O autor, 2014.
O comprimento de onda (𝜆), medido em metros, pode ser entendido
como a distância entre as repetições da forma da onda, Figura 42:
Figura 42: Comprimento de uma onda (Considerando o eixo das abscissas com os
valores de 𝑥 e os valores das ordenadas como 𝑦 𝑥, 0 ). Fonte: O autor, 2014.
46
O argumento 𝑘𝑥 ± 𝜔𝑡 é denominado fase.
O valor que 𝑘 representa é o número de onda. Caso se queira saber
quantas ondas já foram produzidas em determinado intervalo de tempo, basta
observar o valor de 𝑘𝑥, que pode ser descoberto através da seguinte relação:
𝑘 =2𝜋
𝜆.
Para a dedução desta fórmula considera-se a onda no seu instante
inicial:
𝑦 𝑥, 0 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥).
Como a função que representa a onda é periódica e o deslocamento de 𝑦 é o
mesmo nas extremidades do comprimento de onda, segue que:
𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘 𝑥 + 𝜆
𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 + 𝑘𝜆 .
Como o período da função seno é 2𝜋, tem-se
𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 + 𝑘𝜆 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 + 2𝜋
𝑘𝜆 = 2𝜋.
Disto, o valor de 𝜔 representa a frequência angular, dentro de “o movimento
circular” também é conhecida como velocidade angular, pois, é obtida pela
razão de uma variação angular por uma variação especial de tempo (o
período).
O período 𝑇, medido em segundos, se remete a quantia de tempo
necessário para acontecer o movimento periódico. Frequência é o inverso do
período, 𝑓 =1
𝑇, medida em Hertz (𝐻𝑧), em homenagem ao físico alemão
Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894).
Assim, é possível, com o mesmo raciocínio da dedução acima, concluir
a seguinte relação:
𝜔 =2𝜋
𝑇= 2𝜋𝑓.
Basta observar o caso da posição inicial (𝑥 = 0)
𝑦 0, 𝑡 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔 𝑡 + 𝑇
𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 𝜔𝑇 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 2𝜋
𝜔𝑡 = 2𝜋.
47
Assim como o comprimento de onda, o período, graficamente, é a
distância (de tempo) entre as repetições do comportamento da onda, porém,
considerando o eixo das abscissas com os valores do tempo (Figura 43)
considerando a posição inicial:
Figura 43: Período de uma onda (Considerando o eixo das abscissas com os valores
de t e os valores das ordenadas como 𝑦 0, 𝑡 ). Fonte: O autor, 2014.
Posteriormente, neste estudo, será restrito ao caso de 𝑥 = 0, pois
interessará apenas como se comporta a onda em sua fonte. Ainda é possível
considerar a existência de uma constante de fase 𝜙 que pode ser adicionada à
fase da função que descreve a trajetória da onda.
𝑦 𝑥, 𝑡 = 𝑦𝑚𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 ± 𝜔𝑡 + 𝜙).
Essa constante serve para fazer um deslocamento na trajetória da
onda, como exemplifica a Figura 46:
Figura 44: Onda senoidal no instante 𝑡 = 0 com uma constante de fase (a) 𝜙 = 0 e
(b) 𝜙 =𝜋
5.
Fonte: HALLIDAY, D; RESNICK, R. (2007, p.120).
48
4.1.2 Velocidade De Uma Onda Progressiva
A velocidade média de uma onda, assim como qualquer outro
movimento simples pode ser obtida pela razão entre a variação da posição pela
variação do tempo. 𝑣𝑚 =Δ𝑥
Δ𝑡.
No entanto, a velocidade instantânea é obtida pelo limite diferencial
𝑣 = limΔt→0𝑥 𝑡+Δ𝑡 −𝑓 𝑡
Δ𝑡=
𝜕𝑥
𝜕𝑡.
Como se está tratando de um instante fixo a fase será constante:
𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 = 𝐶,
Se derivar em ambos os lados em relação à 𝑡, tem-se:
𝑘 𝜕𝑥
𝜕𝑡 − 𝜔 = 0
Isolando a velocidade, tem-se:
𝑣 =𝜕𝑥
𝜕𝑡=𝜔
𝑘=
2𝜋
𝑇2𝜋
𝜆
=𝜆
𝑇= 𝜆𝑓.
Assim, para o cálculo da velocidade de propagação de uma onda é
suficiente ter o conhecimento de sua frequência e seu comprimento.
4.1.3 Princípio de superposição de ondas
Na natureza as ondas não agem sozinhas, sempre estão
acompanhadas e, a propósito, muito acompanhadas de outras ondas. Em um
concerto há vários instrumentos e cada um deles produz a cada instante uma
variedade considerável de ondas sonoras, por exemplo.
Halliday e Resnick (2007, p. 129) apresentam duas propriedades sobre
a superposição de ondas:
Ondas superpostas se somam algebricamente para produzir uma onda resultante ou onda total. [...] Ondas superpostas não se afetam mutuamente (HALLIDAY e RESNICK, 2007, p. 129).
49
A onda resultante da superposição das ondas é somatório das ondas
envolvidas. Para o caso de duas ondas, tem-se:
𝑦 𝑥, 𝑡 = 𝑦1 𝑥, 𝑡 + 𝑦2 𝑥, 𝑡 .
Para um caso genérico com 𝑛 ondas:
𝑦 𝑥, 𝑡 = 𝑦1 𝑥, 𝑡 + ⋯+ 𝑦𝑛 𝑥, 𝑡 .
A título de exemplificação segue a Figura 45 com a superposição de
duas ondas distintas:
Figura 45: Exemplo da representação gráfica de uma superposição de duas ondas. Fonte: O autor, 2014.
Em seguida é dado o enfoque para as ondas sonoras, que serão
entendidas como ondas mecânicas longitudinais.
4.2 ONDAS SONORAS
Uma onda sonora possui uma origem num ponto onde é iniciada a sua
propagação, esse ponto, que será denotado por S, recebe um nome especial:
fonte pontual. Existem também as Frentes de ondas, que são representadas
em duas dimensões como circunferências com centro no ponto S, como mostra
a Figura 46:
50
Figura 46: Onda sonora se propagando a partir de uma fonte pontual S.
Fonte: HALLIDAY, D; RESNICK, R. (2007, p.150).
O som é propagado em todas as direções, em âmbito tridimensional,
no entanto, sua representação pode ser bidimensional se o meio for
homogêneo, ou seja, se sua densidade for constante. Existe a possibilidade de
o ambiente possuir uma densidade variada (como geralmente acontece). O ar,
por exemplo, é composto por uma variedade de gases, uns mais densos que
os outros, porém, muitas vezes essas variações são pequenas o suficiente que
não fazem exercem grande influência nos resultados dos cálculos.
4.2.1Ondas sonoras progressivas
Um dos elementos que fazem completa diferença em um contexto
musical é a dinâmica do som com as variações de “volume do som”. Esse
volume pode ser calculado através das variações de pressão que uma onda
sonora exerce sobre o ambiente. Essa pressão é obtida basicamente por uma
razão entre uma tensão e sua área de atuação, área essa que quanto mais
distante do ponto S, maior é. Com a equação: Δ𝑝 =𝐹
𝐴, onde Δ𝑝 é a variação da
pressão, 𝐹 é a força (tensão no ambiente), 𝐴 é a área que a onda atinge no
dado instante.
Segundo Haliday e Resnick (2007) quando uma onda se propaga, a
pressão do ar varia “senoidalmente”, respeitando a seguinte função:
Δ𝑝 𝑥, 𝑡 = Δ𝑝𝑚𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 .
51
O valor positivo de Δ𝑝 representa uma compressão do ar e o negativo,
uma expansão. O fator Δ𝑝𝑚 recebe o nome de amplitude de pressão, é o maior
valor que a pressão pode assumir para a onda em questão.
A título de ilustração segue a Figura 47 com uma representação da
variação da pressão em partículas.
Figura 47: Distribuição de partículas, justapostas pela influência da pressão de uma
onda sonora2.
Fonte: O autor, 2014.
Essa pressão possui uma relação matemática com a amplitude do
deslocamento das partículas, porém não compete ao escopo deste trabalho.
A seção seguinte fica responsável pela interpretação física do volume
do som como a intensidade e nível sonoro de uma onda mecânica.
Representado
4.2.2 Intensidade e nível sonoro
Basicamente, a intensidade sonora é definida pela seguinte relação
matemática:
𝐼 =𝑃
𝐴,
2 A presença de mais partículas é representada pela tonalidade mais escura,
enquanto o afastamento delas é simulado pela coloração mais clara
52
em que 𝑃 é a potência, cuja unidade de medida é o Watt (𝑊) e 𝐴 representa o
valor da área (𝑚²) de atuação das ondas que aumenta de acordo com a
distancia de sua fonte sonora, medida em metros quadrados.
A potência é definida como o vetor força multiplicado pela taxa de
variação da posição em relação ao tempo, o que equivale a taxa de variação
de trabalho em relação ao tempo,
𝑃 =𝜕𝑊
𝜕𝑡= 𝐹 ⋅
𝜕𝑥
𝜕𝑡 = 𝐹 . 𝑣 .
Sendo 𝑊 o trabalho realizado, medido em Joules (𝐽), 𝑡, o tempo (𝑠), 𝐹 ,
o vetor força, cuja intensidade é medida em Newtons (𝑁), 𝑥 é o vetor posição e
sua distância é medida em metros (𝑚), e, por fim, o vetor 𝑣 , velocidade (𝑚/𝑠).
Já o nível sonoro , medido em decibéis (𝑑𝐵) em homenagem ao físico
Alexander Graham Bell (1847-1922). Esse nível foi definido de acordo com a
capacidade auditiva do ser humano, que em condições normais é capaz de
perceber sons de 10−12 ⋅ 𝑊
𝑚2 , Watts por metro segundo ao quadrado, até
intensidades tão fortes quanto 1 ⋅ 𝑊
𝑚2 (o limiar da dor). Essa variedade é
bastante extensa para se trabalhar. Assim, para reduzir esse intervalo de
valores pode-se recorrer aos logaritmos, com a seguinte relação:
= 10 log𝐼
𝐼0,
em que 𝐼0 = 10−12 ⋅ 𝑊
𝑚2 é uma intensidade referencial.
Tipler e Mosca (2006, p. 518) apresentam uma tabela que se torna
evidente a vantagem dessa relação logarítmica (Tabela1):
Fonte I/I0 dB Descrição
100 0 Limiar da audição
Respiração normal 101 10 Quase inaudível
Farfalhar 102 20
Murmúrio (a 5 m) 103 30 Muito quieto
Biblioteca 104 40
Escritório tranquilo 105 50 Quieto
Conversação normal 106 60
Tráfego intenso 107 70
Escritório barulhento 108 80
Caminhão pesado 109 90 A exposição constante prejudica a audição
53
Trem de metrô 1010 100
Ruído de construção (a 3 m) 1011 110
Concerto de rock com amplificador (a 2 m); decolagem de jato (a 60 m)
1012 120 Limiar da dor
Rebitador automático; metralhadora
1013 130
Decolagem de jato 1015 150
Motor de foguete 1018 180
Tabela 1: Intensidade e Nível Sonoro de alguns sons comuns (𝐼0 = 10−12 𝑊
𝑚2 ).
Fonte: TIPLER, P. A., MOSCA, G. (2006, p. 517).
Escrevendo 𝐼 em função de , tem-se:
1
10⋅ = log
𝐼
𝐼0
101
10⋅ =
𝐼
𝐼0
𝐼 = 101
10⋅ ⋅ 𝐼0 .
Desta forma, quando há várias ondas sonoras envolvidas com
diferentes valores para , suas superposições não resultam, simplesmente, na
soma dos valores dos envolvidos. São somadas as intensidades das ondas:
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + ⋯+ 𝐼𝑛 .
Colocando em função dos valores dos , tem-se:
𝐼 = 101
10⋅1 ⋅ 𝐼0 + 10
1
10⋅2 ⋅ 𝐼0 + ⋯+ 10
1
10⋅𝑛 ⋅ 𝐼0
⟺ 𝐼 = 𝐼0 101
10⋅1 + 10
1
10⋅2 + ⋯+ 10
1
10⋅𝑛
⟺𝐼
𝐼0= 10
1
10⋅1 + 10
1
10⋅2 + ⋯+ 10
1
10⋅𝑛
⟺ 10 log𝐼
𝐼0= 10log 10
1
10⋅1 + 10
1
10⋅2 + ⋯+ 10
1
10⋅𝑛 .
Considerando 𝑟 = 10 logI
I0, tem-se:
𝒉𝒓 = 𝟏𝟎𝒍𝒐𝒈 𝟏𝟎𝟏
𝟏𝟎⋅𝒉𝟏 + 𝟏𝟎
𝟏
𝟏𝟎⋅𝒉𝟐 + ⋯+ 𝟏𝟎
𝟏
𝟏𝟎⋅𝒉𝒏 .
Para a continuidade dos estudos deste trabalho será considerado o
som em sua fonte sonora, ou seja, quando 𝑥 = 0. Assim, a função será
modificada
𝑚 0, 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛 𝑘. 0 ± 𝜔𝑡
𝑚 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)
54
𝑚 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑡 .
O capítulo seguinte faz a ligação dos conceitos neste trabalhados com
os do segundo capítulo.
55
5. INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA MÚSICA
O presente capítulo possui a finalidade de fazer uma ligação mais
consistente entre a Matemática e a Música, partindo das relações matemáticas
para suas contextualizações musicais.
Como estudado e concluído no Capítulo 4, uma Onda Sonora pode ser
analisada pela função periódica senóide:
𝑚 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑡 ,
em que 𝑡 é o tempo medido em segundos (𝑠), é a amplitude do som, medida
em metros (𝑚) e 𝑓 é a frequência da onda, medida em hertz (𝐻𝑧), sendo 𝑃 =1
𝑓
o período, obviamente, medido em segundos (𝑠). É fundamental recordar que
está Na escala logarítmica. Tal função pode ser representada graficamente:
Figura 48: Representação gráfica da função 𝑚 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑡 . Fonte: O autor, 2014.
Este gráfico representa a função com início no tempo 0 s (zero
segundo). No entanto, nem sempre os sons iniciam junto à contagem do
tempo. Assim, é possível que haja variações no tempo, as quais serão
denotadas por Δ𝑡.
Desta forma, existe a possibilidade de reescrever a função como:
𝑓 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓 𝑡 + Δ𝑡 ). Esta variação se faz interessante quando Δ𝑡 =1
4𝑃 =
1
4𝑓, pois, com algumas propriedades matemáticas, mostra-se um caso especial:
𝑚 𝑡 = . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓 𝑡 + Δ𝑡
56
= . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓 𝑡 +1
4𝑓
= . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓 +2𝜋𝑓
4𝑓
= . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑡 +𝜋
2 ,
como 𝑠𝑒𝑛 𝑡 +𝜋
2 = cos(𝑡), tem-se:
𝑚′ (𝑡) = . 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓 𝑡 +
1
4𝑃 = . cos 2𝜋𝑓𝑡 .
Serão, ainda, expandidas as possibilidades para a função cosseno.
Com essa variação, pode-se representar graficamente e observar a
mudança:
Figura 49: Representação gráfica da influência da variação no caso especial
Δ𝑡 =1
4𝑃.
Fonte: O autor, 2014.
A próxima seção fica com a responsabilidade de caracterizar as notas
musicais matematicamente.
5.1 CARACTERIZAÇÃO MATEMÁTICA DAS NOTAS MUSICAIS
As notas musicais, como mencionado no Capítulo 2, possuem uma
caracterização especial que difere umas das outras: as frequências de suas
ondas.
57
Existe, também, uma repetição de uma mesma nota em frequências
diferentes, porém com algumas ressalvas: A primeira delas compete ao fato de
que uma nota com frequência 𝑓 será a mesma nota com a frequência 2𝑓, por
consequência, a mesma com as frequências 4𝑓, 8𝑓, 16𝑓, 32𝑓,… , 2𝑖𝑓, com 𝑖 ∈ ℤ,
por exemplo 𝑖 = −5, 1
25 𝑓. A segunda ressalva faz menção ao fato de que
existem 12 notas entre as frequências 𝑓 e 2𝑓. Surge, então, a necessidade a
criação de uma escala (escala temperada). A Figura 50 auxilia na
compreensão de que o crescimento exponencial das frequências de uma nota
para a sua sucessora. Figura 50:
Figura 50: Representação das frequências das notas na reta. Fonte: O autor, 2014.
A tabela a seguir apresenta a ideia da passagem de uma nota para a
outra como multiplicação por um valor 𝑔 ∈ ℝ, inicialmente desconhecido.
Nota Frequência (Hz)
Dó 𝑓.𝑔−9
Dó # 𝑓.𝑔−8
Ré 𝑓.𝑔−7
Ré # 𝑓.𝑔−6
Mi 𝑓.𝑔−5
Fá 𝑓.𝑔−4
Fá # 𝑓.𝑔−3
Sol 𝑓.𝑔−2
Sol# 𝑓.𝑔−1 Lá 𝒇.𝒈𝟎
Lá # 𝑓.𝑔1
Si 𝑓.𝑔2
Dó 𝑓.𝑔3 Tabela 2: Notas e frequências para a construção da escala temperada. Fonte: O autor, 2014.
Assim, tem-se que:
𝑓.𝑔12 = 2𝑓,
fato muito oportuno, pois trás um valor constante 𝑔 = 21
12 .
58
Um fato interessante é o de que a nota Lá possui por frequência básica
440Hz em um contexto mais contemporâneo. Porém, algumas orquestras
afinam seus instrumentos com base na nota Lá com a frequência clássica
432Hz. Os exemplos numéricos deste trabalho serão com base na frequência
clássica para a nota Lá, 432 Hz.
É construída, em seguida, uma tabela com as notas e seus períodos,
respectivamente. Um fato da escolha das notas representadas na tabela
considera que o ouvido humano é capaz de perceber o som de 16Hz a
20000Hz em condições normais. A tabela completa está disponível no
Apêndice A.
Oitava Nota Frequência (Hz) Tamanho (m) Período (s)
3 Lá 216 1,58 0,00462963
3 Lá # 228,8440284 1,49 0,00436979
3 Si 242,4518024 1,40 0,00412453
4 Dó 256,8687368 1,32 0,00389304
4 Dó # 272,1429468 1,25 0,00367454
4 Ré 288,3254085 1,18 0,0034683
4 Ré # 305,4701295 1,11 0,00327364
4 Mi 323,6343286 1,05 0,00308991
4 Fá 342,8786272 0,99 0,00291648
4 Fá # 363,2672514 0,94 0,00275279
4 Sol 384,8682462 0,88 0,00259829
4 Sol # 407,7537031 0,83 0,00245246
4 Lá 432 0,79 0,00231481
4 Lá # 457,6880568 0,74 0,00218489
4 Si 484,9036049 0,70 0,00206227
5 Dó 513,7374737 0,66 0,00194652
5 Dó # 544,2858936 0,63 0,00183727
5 Ré 576,650817 0,59 0,00173415 Tabela 3: Notas, suas frequências e seus períodos (Tabela completa no Apêndice A). Fonte: O autor, 2014.
Obviamente, cada uma dessas notas possui uma representação gráfica
distinta. No caso específica da nota Lá 432Hz, tem-se:
59
Figura 51: Representação gráfica da nota Lá (432hz). Fonte: O autor, 2014.
Com a representação “à distância” (Figura 51), não se faz
perfeitamente legível os 432 picos do gráfico no intervalo de tempo (0,1),
porém, com uma “aproximação” é perceptível através do período 1
432𝑠, como na
Figura 52(a amplitude foi reduzida para caber na imagem):
Figura 52: Representação gráfica da nota Lá (432 Hz), aproximada. Fonte: O autor, 2014.
Gráfico semelhante pode ser construído com a nota Mi (323,63 Hz),
nota que como visto no Capítulo 2, combina com a nota Lá.
60
Figura 53: Representação Gráfica da nota Mi (323,63Hz) Fonte: O autor, 2014.
A seção seguinte procura fazer combinações entre as notas musicais,
momento para desenvolver a Matemática da Harmonia.
5.2 INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA HARMONIA
Até o momento havia sido feito o estudo com as notas individuais, sem
agrupamentos. Nesta seção é feita a união de conhecimentos físico-
matemáticos na música, verticalmente.
A primeira ideia aplicada é a do princípio da superposição de ondas
sonoras. Visto que cada nota é uma onda sonora com uma frequência
específica e, ainda com uma intensidade que pode ser relacionada com o
volume do som. Quando duas ou mais notas são soadas simultaneamente, a
onda resultante respeita as propriedades físicas envolvidas. Assim, o som
completo representará uma nova função periódica. Para duas notas
consonantes:
Nota 1 representada pela função 𝑚1 𝑡 = 1𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓1(𝑡 + Δ𝑡1)).
Nota 2 representada pela função 𝑚 2 𝑡 = 2𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓2 𝑡 + Δ𝑡2 ).
A somas das notas 1 e 2 será:
𝑚 𝑡 = 𝑟 .1𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓1(𝑡 + Δ𝑡1 ) + 2𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓2(𝑡 + Δ𝑡2 )
1 + 2.
61
É necessário ponderar que 𝑟 (amplitude resultante) deve respeitar as
propriedades físicas estudadas no Capítulo 4. Para 𝑛 notas consonantes:
Nota 1 representada pela função 𝑚1 𝑡 = 1𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓1 𝑡 + Δ𝑡1 ).
Nota 2 representada pela função 𝑚 2 𝑡 = 2𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓2 𝑡 + Δ𝑡2 ).
...
Nota n representada pela função 𝑚𝑛 𝑡 = 𝑛𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓𝑛 𝑡 + Δ𝑡𝑛 ).
A soma das notas será dada pela função:
𝑚 𝑡
= 𝑟 .1𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓1(𝑡 + Δ𝑡1) + 2𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓2(𝑡 + Δ𝑡2) + ⋯+ 𝑛𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓𝑛 (𝑡 + Δ𝑡𝑛))
(1 + 2 + ⋯+ 𝑛).
Porém, como visto anteriormente, existe a possibilidade de algumas
notas serem representadas pela função cosseno.
Considerando as notas 1, 2,..., n representadas pela função seno e as
notas n+1, n+2,..., g, representadas pela função cosseno, evidentemente,
com𝑚, 𝑛 ∈ ℕ e g> 𝑛,a soma das notas ficará:
𝑚 𝑡 =𝑟
1 + ⋯+ 𝑔. 1 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓1 𝑡 + Δ𝑡1 + ⋯+ 𝑛 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑛 𝑡 + Δ𝑡𝑛
+ 𝑛+1 cos 2𝜋𝑓𝑛+1 𝑡 + Δ𝑡𝑛+1 + ⋯+ 𝑔 𝑐𝑜𝑠 2𝜋𝑓𝑔 𝑡 + Δ𝑡𝑔 .
A mesma função pode ser reescrita como os seguintes somatórios:
𝑚 𝑡 =𝑟
(1 + ⋯+ 𝑔) 𝑖𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓𝑖 𝑡 + Δ𝑡𝑖
𝑛
𝑖=1
+𝑟
(1 + ⋯+ 𝑔) 𝑗 cos 2𝜋𝑓𝑗 𝑡 + 𝛥𝑡𝑗
𝑔
𝑗=𝑛+1
.
Um exemplo é o acorde formado pelas notas Dó, Mi e Sol,
representadas, respectivamente pelas frequências aproximadas 256,9 Hz,
323,6 Hz e 384,9 Hz, considerando o início da contagem de tempo coincidente
ao início do soar das notas.
𝑚 𝑡 = 𝑟
1 + 2 + 3 1𝑠𝑒𝑛 2𝜋256,9𝑡 + 2𝑠𝑒𝑛 2𝜋323,6𝑡
+ 3𝑠𝑒𝑛 2𝜋384,9𝑡 .
Esse acorde, a título de curiosidade, conhecido como Dó Maior, pode
ser representado graficamente:
62
Figura 54: Representação Gráfica de um acorde Dó Maior. Fonte: O autor, 2014.
Outro exemplo é o acorde Ré Menor, composto pelas notas Ré, Fá e
Lá, representadas, respectivamente, pelas frequências 288,3 Hz, 342,9 Hz e
432 Hz, com todas as variações de tempo Δ𝑡 = 0.
𝑚 𝑡 = 𝑟
1 + 2 + 3 1𝑠𝑒𝑛 2𝜋288,3𝑡 + 2𝑠𝑒𝑛 2𝜋342,9𝑡 + 3𝑠𝑒𝑛 2𝜋432𝑡
Esse acorde possui a seguinte representação gráfica:
Figura 55: Representação gráfica de um acorde Ré Menor. Fonte: O autor, 2014.
63
Os dois exemplos acima apresentam apenas 3 notas, cada, no entanto,
na realidade, podem ser somadas dezenas e até centenas de notas para
representar o som real
5.3 INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DA MELODIA E DO RITMO
A ideia intuitiva desta seção já foi introduzida quando se mencionou o
tempo. As funções definidas para as notas musicais o tinham como variável
independente.
O Ritmo é um dos mais importantes elementos da música. Ele está
relacionado com uma periodicidade do tempo dividindo a música em alguns
compassos que seguem algum padrão. Matematicamente, está se trabalhando
com os valores do tempo (o domínio da função), propondo divisões com o
intuito de organizar a música.
É preciso fazer uma análise dos compassos. Cada um terá, a princípio,
uma quantia igual de tempo, como mostra a Figura 56, em que 𝑡1 = 𝑡2 − 𝑡1 =
𝑡3 − 𝑡2 = ⋯ = 𝑡𝑛 − 𝑡𝑛−1.
Figura 56: Divisão dos compassos no tempo. Fonte: O autor, 2014.
Existe a possibilidade de, em algum arranjo musical, ser feita alguma
mudança em alguns compassos com o intuito do embelezamento musical.
Para saber o número do compasso, basta fazer a divisão 𝑡
𝑡1. Dentro de
cada compasso existem notas com durações diferentes
𝑡1,1
4𝑡1,
1
8𝑡1,… representadas pelas figuras vistas no Capítulo 2. Os seguintes
compassos possuem as notas Sol, Lá e Si com durações distintas:
Figura 57: Partitura com 2 compassos quaternários. Fonte: O autor, 2014.
64
Esses dois compassos podem ser representados graficamente:
Figura 58: Representação gráfica dos compassos da figura anterior. Fonte: O autor, 2014.
Existe, também, uma dinâmica para a execução das notas com
intensidades diferentes, porém, este trabalho não se prenderá a tais detalhes.
Outro exemplo de compassos é apresentado em seguida, porém, com
mais notas soadas simultaneamente:
Figura 59: Partitura com 2 compassos ternários. Fonte: O autor, 2014.
Esses dois compassos podem ser equacionados oferecendo condições
para o tempo:
0 ≤ 𝑡 <1
3𝑡1 ⟹ 𝑚 𝑡 =
𝑟1 + 2
1𝑠𝑒𝑛 2𝜋256,9𝑡 + 2𝑠𝑒𝑛 2𝜋323,6𝑡
1
3𝑡1 ≤ 𝑡 <
2
3𝑡1 ⟹ 𝑚 𝑡 =
𝑠3 + 4
3𝑠𝑒𝑛 2𝜋256,9𝑡 + 4𝑠𝑒𝑛(2𝜋192,4𝑡)
2
3𝑡1 ≤ 𝑡 < 𝑡1 ⟹ 𝑚 𝑡 =
𝑥5 + 6
5𝑠𝑒𝑛 2𝜋192,4𝑡 + 6𝑠𝑒𝑛(2𝜋323,6𝑡)
𝑡1 ≤ 𝑡 <4
3𝑡1 ⟹ 𝑚 𝑡 = 7𝑠𝑒𝑛(2𝜋256,9𝑡)
4
3𝑡1 ≤ 𝑡 < 𝑡2 ⟹ 𝑚 𝑡 =
𝑦8 + 9
8𝑠𝑒𝑛 2𝜋192,4𝑡 + 9𝑠𝑒𝑛(2𝜋256,9𝑡)
com 𝑖 tendo 𝑖 = 1, 2,⋯ ,9 as amplitudes dos níveis sonoros de cada uma das
notas, 𝑟 ,𝑠 , 𝑥 ,𝑦 as amplitudes dos níveis sonoros dos acordes formados.
Seguido de sua representação gráfica:
65
Figura 60: Representação gráfica dos compassos da figura anterior. Fonte: O autor, 2014.
É observável que há diferenças entre os tempos das partituras em
função dos compassos (ternário e quaternário).
5.4 SUGESTÕES DE APLICAÇÕES
Nesta seção são abordadas, brevemente, as apreciações acerca do
timbre como uma superposição de ondas, trazendo uma sugestão de um
simulador. É apresentada uma música composta com base nas primeiras
casas decimais do número de ouro.
5.4.1 O timbre
O timbre é entendido como o que diferencia um som do outro, essa
diferença está em função das diferentes amplitudes em que os harmônicos são
soados. Assim, o que o caracteriza é a intensidade de cada uma das ondas
harmônicas superpostas, ou seja, os valores de 𝑖 da função:
𝑚 𝑡 =𝑟
1 + ⋯+ 𝑛. 1 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑓 𝑡 + Δ𝑡1 + 2 𝑠𝑒𝑛 2𝜋2𝑓 𝑡 + Δ𝑡1 + ⋯
+ 𝑛 𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑛𝑓 𝑡 + Δ𝑡𝑛
𝑚 𝑡 =𝑟
(1 + ⋯+ 𝑛) 𝑖𝑠𝑒𝑛 2𝜋𝑖𝑓 𝑡 + Δ𝑡𝑖 .
𝑛
𝑖=1
66
A título de ilustração, existe um simulador digital disponível em
<https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier> que aborda a
superposição de ondas “senoidais” harmônicas, podendo variar suas
amplitudes. Uma possibilidade encontra-se na Figura 61:
Figura 61: Exemplo de uma superposição de Ondas geradas por um simulador. Fonte: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier, 2014.
Este simulador serve como um objeto educacional como uma
ferramenta para a observação da soma de funções seno e cosseno.
5.4.2 Um exemplo
Em seguida é proposta uma música construída a partir de padrão
matemático baseado no número de ouro (𝜙 =1+ 5
2), número tido como uma
referência estética. É construída música onde cada nota é numerada de acordo
com as primeiras casas decimais de número áureo em sua representação
decimal. O número 1 corresponde a nota Dó, 2 a nota Ré, 3 a nota Mi e, assim,
sucessivamente. O número zero foi utilizado para representar uma pausa
67
Figura 62: Partitura de uma música com notas respeitando a proporção áurea. Fonte: O autor, 2014. Assim como as demais partituras, esta também possui uma
representação gráfica
Figura 63: Representação gráfica da partitura da Figura 62, considerando sua
duração 13 segundos. Fonte: O autor, 2014.
Passando por distintas áreas do conhecimento foi possível construir
tais estruturas matemáticas. De certo modo, este trabalho esteve pautado na
busca de algumas sentenças matemáticas que pudessem caracterizar
determinados comportamentos musicais.
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em primeiro lugar, o fato de ter sido feita a pesquisa para a elaboração
deste trabalho contribuiu para a aprendizagem de conceitos físicos e
matemáticos.
Durante as pesquisas, muitos padrões foram passíveis de percepção,
trazendo a necessidade de uma filtragem na parte física: Ondas Sonoras.
Assim, foi imprescindível a realização de estudos nas áreas de conhecimentos
físicos, pertinentes. Novamente, foi preciso realizar uma nova filtragem e
elencar os pontos mais influentes: as funções trigonométricas que descrevem
as ondas. A partir destes pontos foi conduzido um estudo matemático.
Apesar de este trabalho não ser uma proposta de ensino, em vários
momentos de sua construção foram pensadas em possibilidades. Em meio às
reflexões feitas na edificação do terceiro capítulo, enquanto eram discutidas as
influências dos coeficientes da função seno, pensou-se na estruturação de uma
sequência didática, o porquê do esmiúce de alguns detalhes acerca do
comportamento das funções tratadas.
As analogias defendidas no primeiro capítulo podem servir como um
grande ferramental se bem utilizadas. Não adianta as usar se estiver em uma
realidade básica não realística, ou seja, fazer analogias com conhecimentos
não construídos. Assim, caso os alunos não tenham algum conhecimento
básico musical, uma aula nessa perspectiva correria o risco de fracassar. Por
outro lado, a música está presente na realidade da maioria das pessoas e isso
poderia servir de auxílio para que o aluno consiga correlacionar a Matemática
com algo do seu dia-a-dia. Analisando os dois lados são tiradas conclusões
preliminares do tipo: pode valer a pena investir no planejamento de aulas que
contemplem os itens discutidos, apesar de o autor não ter vivenciado em sua
vida letiva, tanto como professor quanto estudante, aulas com a música como
fonte de analogia; a música preza por uma organização de sons e embalos
rítmicos, a Matemática preza pela organização de pensamento, eis uma
possível “fonte analógica”.
Na construção do terceiro capítulo, mais especificamente quando foram
estudados os coeficientes das funções trigonométricas e suas representações
69
gráficas, pôde-se pensar em possibilidades para trabalhos futuros, como, por
exemplo, desenvolver alguma espécie de modelagem Matemática para o
ensino, fazendo o uso da música como realidade.
Partindo do fato de que a música está no contexto da maioria das
pessoas, faria todo o sentido usá-la como base para “sedimentar” outros
conhecimentos.
Como fundamento para os conteúdos físicos abordados, se deu a
construção do terceiro capítulo que, na ótica matemática, fez-se o mais
importante, pois ofereceu subsídios para o restante do trabalho.
Assim, o quinto capítulo, fruto da ligação dos demais, procurou
responder a questão inicial. Faz todo o sentido contemplar as regularidades da
música no sentido periódico.
70
REFERÊNCIAS
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2010.
FOURIER: Criando Ondas. Disponível em <https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier> Acesso em 08/09/2014.
HALLIDAY, D; RESNICK, R. Fundamentos de Física 2:Gravitação, Ondas e Termodinâmica. 8. Ed. Editora LTC, Rio de Janeiro. 2007.
NOBRE, J. Apostila de Teoria Musical. Projeto Fortalecimento Musical,
Secretaria da Cultura. Sistema Estadual de Bandas de Música. Governo do Estado do Ceará. 2008. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenheiros: Mecânica,
Oscilações e Ondas, Termodinâmica. Rio Grande do sul. v. 1, n. 1, 6ª Ed. LTC, Gen. 2006. VYGOTSKY, L. S. Mind in Society: The Development of Higher Pyichological
Processes. Cambridge MA. Harvard University Press. 1978.
71
APÊNDICE A: Notas, Frequências, Tamanhos e Períodos de Ondas
Sonoras
72
Oitava Nota Frequência (Hz) Tamanho (m) Período (s)
0 Dó 16,05429605 21,20 0,06228862
0 Dó # 17,00893417 20,01 0,05879263
0 Ré 18,02033803 18,88 0,05549285
0 Ré # 19,09188309 17,82 0,05237828
0 Mi 20,22714554 16,82 0,04943851
0 Fá 21,4299142 15,88 0,04666374
0 Fá # 22,70420321 14,99 0,04404471
0 Sol 24,05426539 14,15 0,04157267
0 Sol # 25,48460644 13,35 0,03923937
0 Lá 27 12,60 0,03703704
0 Lá # 28,60550355 11,90 0,03495831
0 Si 30,3064753 11,23 0,03299625
1 Dó 32,10859211 10,60 0,03114431
1 Dó # 34,01786835 10,00 0,02939632
1 Ré 36,04067606 9,44 0,02774643
1 Ré # 38,18376618 8,91 0,02618914
1 Mi 40,45429108 8,41 0,02471926
1 Fá 42,8598284 7,94 0,02333187
1 Fá # 45,40840642 7,49 0,02202235
1 Sol 48,10853078 7,07 0,02078633
1 Sol # 50,96921288 6,68 0,01961969
1 Lá 54 6,30 0,01851852
1 Lá # 57,2110071 5,95 0,01747915
1 Si 60,61295061 5,61 0,01649812
2 Dó 64,21718421 5,30 0,01557216
2 Dó # 68,03573669 5,00 0,01469816
2 Ré 72,08135213 4,72 0,01387321
2 Ré # 76,36753237 4,46 0,01309457
2 Mi 80,90858215 4,21 0,01235963
2 Fá 85,71965681 3,97 0,01166594
2 Fá # 90,81681285 3,75 0,01101118
2 Sol 96,21706156 3,54 0,01039317
2 Sol # 101,9384258 3,34 0,00980984
2 Lá 108 3,15 0,00925926
2 Lá # 114,4220142 2,97 0,00873958
2 Si 121,2259012 2,81 0,00824906
3 Dó 128,4343684 2,65 0,00778608
3 Dó # 136,0714734 2,50 0,00734908
3 Ré 144,1627043 2,36 0,00693661
3 Ré # 152,7350647 2,23 0,00654729
3 Mi 161,8171643 2,10 0,00617981
3 Fá 171,4393136 1,98 0,00583297
73
3 Fá # 181,6336257 1,87 0,00550559
3 Sol 192,4341231 1,77 0,00519658
3 Sol # 203,8768515 1,67 0,00490492
3 Lá 216 1,58 0,00462963
3 Lá # 228,8440284 1,49 0,00436979
3 Si 242,4518024 1,40 0,00412453
4 Dó 256,8687368 1,32 0,00389304
4 Dó # 272,1429468 1,25 0,00367454
4 Ré 288,3254085 1,18 0,0034683
4 Ré # 305,4701295 1,11 0,00327364
4 Mi 323,6343286 1,05 0,00308991
4 Fá 342,8786272 0,99 0,00291648
4 Fá # 363,2672514 0,94 0,00275279
4 Sol 384,8682462 0,88 0,00259829
4 Sol # 407,7537031 0,83 0,00245246
4 Lá 432 0,79 0,00231481
4 Lá # 457,6880568 0,74 0,00218489
4 Si 484,9036049 0,70 0,00206227
5 Dó 513,7374737 0,66 0,00194652
5 Dó # 544,2858936 0,63 0,00183727
5 Ré 576,650817 0,59 0,00173415
5 Ré # 610,9402589 0,56 0,00163682
5 Mi 647,2686572 0,53 0,00154495
5 Fá 685,7572545 0,50 0,00145824
5 Fá # 726,5345028 0,47 0,0013764
5 Sol 769,7364925 0,44 0,00129915
5 Sol # 815,5074062 0,42 0,00122623
5 Lá 864 0,39 0,00115741
5 Lá # 915,3761135 0,37 0,00109245
5 Si 969,8072097 0,35 0,00103113
6 Dó 1027,474947 0,33 0,00097326
6 Dó # 1088,571787 0,31 0,00091863
6 Ré 1153,301634 0,30 0,00086708
6 Ré # 1221,880518 0,28 0,00081841
6 Mi 1294,537314 0,26 0,00077248
6 Fá 1371,514509 0,25 0,00072912
6 Fá # 1453,069006 0,23 0,0006882
6 Sol 1539,472985 0,22 0,00064957
6 Sol # 1631,014812 0,21 0,00061312
6 Lá 1728 0,20 0,0005787
6 Lá # 1830,752227 0,19 0,00054622
6 Si 1939,614419 0,18 0,00051557
7 Dó 2054,949895 0,17 0,00048663
7 Dó # 2177,143574 0,16 0,00045932
7 Ré 2306,603268 0,15 0,00043354
74
7 Ré # 2443,761036 0,14 0,00040921
7 Mi 2589,074629 0,13 0,00038624
7 Fá 2743,029018 0,12 0,00036456
7 Fá # 2906,138011 0,12 0,0003441
7 Sol 3078,94597 0,11 0,00032479
7 Sol # 3262,029625 0,10 0,00030656
7 Lá 3456 0,10 0,00028935
7 Lá # 3661,504454 0,09 0,00027311
7 Si 3879,228839 0,09 0,00025778
8 Dó 4109,899789 0,08 0,00024331
8 Dó # 4354,287148 0,08 0,00022966
8 Ré 4613,206536 0,07 0,00021677
8 Ré # 4887,522072 0,07 0,0002046
8 Mi 5178,149258 0,07 0,00019312
8 Fá 5486,058036 0,06 0,00018228
8 Fá # 5812,276022 0,06 0,00017205
8 Sol 6157,89194 0,06 0,00016239
8 Sol # 6524,059249 0,05 0,00015328
8 Lá 6912 0,05 0,00014468
8 Lá # 7323,008908 0,05 0,00013656
8 Si 7758,457678 0,04 0,00012889
9 Dó 8219,799579 0,04 0,00012166
9 Ré 9226,413072 0,04 0,00010838
9 Ré # 9775,044143 0,03 0,0001023
9 Mi 10356,29852 0,03 9,656E-05
9 Fá 10972,11607 0,03 9,114E-05
9 Fá # 11624,55204 0,03 8,6025E-05
9 Sol 12315,78388 0,03 8,1197E-05
9 Sol # 13048,1185 0,03 7,6639E-05
9 Lá 13824 0,02 7,2338E-05
9 Lá # 14646,01782 0,02 6,8278E-05
9 Si 15516,91536 0,02 6,4446E-05
10 Dó 16439,59916 0,02 6,0829E-05