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Page 1: Revista Sol Brasil - 7°edição
Page 2: Revista Sol Brasil - 7°edição

Índice2

Mundo Verde

Editorial

Entrevista

Expediente

Economia de até 17% no horário de picoEduardo Assad, secretário nacional de Mudanças Climáticas, fala sobre estratégias de consumo energético que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa sem comprometer o crescimento econômico

Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condi cio nado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Luís Augusto Ferrari Mazzon, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno, Ronaldo Yano e Sara VieiraEdição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378)Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesFoto de capa: TUMA Industrial

Diretoria DASOLPresidência - José Ronaldo KulbVP Relações Institucionais (VPI) - Amaurício Gomes LúcioVP Operações e Finanças (VPOF) - Edson PereiraVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Carlos Arthur A. Alencar VP Marketing (VPM) - Luis Augusto Ferrari MazzonVP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Laércio LopesGestor - Marcelo MesquitaDASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – SP São Paulo – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Enalter oferece solução eficiente para hotel em Belo Horizonte

Associativismo na ordem do dia

Sistemas híbridos de aquecimento de águaArtigo publicado na Resenha Mensal da Empresa de Pesquisa Energética destaca o uso combinado do aquecimento solar e do chuveiro convencional para reduzir consumo de energia elétrica

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Tecnologia

Mais eficiência: isolamento térmico ajuda a minimizar perdas de calor gerado nos coletores

Case Solar

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Pro-Sol otimiza aquecimento de água em motel de Guaratinguetá

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Empresas Associadas

Notícias do DASOL9

Rede Procel Solar vai capacitar 2 mil profissionais Vem aí o Congresso Brasileiro Solar ABRAVA, GIZ e PROCOBRE assinam convênio

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Associativismo na ordem do dia

Há nove meses, foi criada a Vice-Presidência de Desenvolvimento Associativo com a premissa de atrair novos associados e ser porta-voz das empre-sas junto à diretoria do DASOL.

O entusiasmo com que assumimos esse com-promisso só tem crescido, ainda mais neste mo-mento em que o aquecimento solar está em franca expansão e ganha destaque nos programas oficiais de habitação e eficiência energética e em outras ini-ciativas que visam diversificar a matriz energética brasileira.

Este entusiasmo está presente em todo o DA-SOL, empenhado em fortalecer a representatividade do nosso setor por meio de várias iniciativas. Entre essas iniciativas está a participação em reuniões técnicas para subsidiar a formulação das novas regras do Programa Minha Casa Minha Vida, a revisão de norma-tivos para o setor e o relacionamento com instituições como a ABRASIP e a ABRINSTAL para a edição de novos documentos técnicos.

O DASOL também tem investido na difusão do conhecimento entre seus associados por meio de seu programa de capacitação, que já promoveu seis cursos desde o início do ano, e nossa revista, que traz assuntos técnicos de interesse dos profissionais do setor. Com o objetivo de promover a atualização tecnológica, estamos igualmente empenhados na organização do Congresso Brasileiro Solar e Exposolar 2011, que serão realizados em novembro.

Como reconhecimento a essas diversas iniciativas, saudamos a resenha de junho publicada pela EPE, salientando a importância dos sistemas de aquecimento solar como solução energética arrojada para a realidade brasileira.

Como empresários, todos temos direitos e deveres e sabemos que fazer parte do DA-SOL é mais do que manter uma ficha de filiação: é principalmente participar das nossas assembléias, manter-se informado sobre as novidades e desafios do setor, encaminhar sugestões e trocar experiências.

Com trabalho sério, vamos construir um setor sólido, fortalecido em torno de obje-tivos comuns e preparado para competir com produtos de qualquer origem no mundo globalizado. Parabéns aos que já fazem parte do nosso time e sejam benvindos aqueles que irão se juntar a nós nesse grande projeto!

Laércio LopesVice-Presidente de Desenvolvimento Associativo

Editorial 3

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4 Case Solar

A PRO-SOL, em parceria com a empresa de engenharia Elios Soluções, implantou um sistema de aquecimen-to solar de água no Motel Karimbó, situado na Via Dutra, em Guaratin-guetá, Vale do Paraíba. Um criterioso levantamento realizado pela PRO-SOL mostrou que o sistema de aquecimento de água existente (duas caldeiras a gás) poderia ser otimizado com a utilização de energia solar.

A partir de dados levantados na visita técnica (consumo mensal de gás, demanda de água quente, área disponível para coletores solares e reservatório, avaliação das instalações hidráulicas e elétricas disponíveis etc.) identificou-se que o sistema poderia ser mais eficiente, econômico e ambiental-mente sustentável.

Foi aprovada a implantação de um sistema de aquecimento solar PRO-SOL com reservatório térmico de 5 mil litros, 100 m2 de área coletora e conjunto de bombas hidráulicas inteligentemente automatizadas por quadro de comando digital. Uma das caldeiras a gás foi desativada e a outra utilizada como sistema de apoio, aproveitando o recurso já disponível, reduzindo assim o aporte inicial e o pay back do sistema solar.

Esta implantação resultou numa economia de aproximadamente 65% no consumo de GLP, propiciando o retorno do investimento no sistema de aquecimento solar em cerca de dois anos.

Ou seja, investimento totalmente viável e com rápido pay back. Com a implantação deste sistema de aquecimento solar, sabe-se também que o estabelecimento contribuirá para o meio ambiente, evitando a emissão de cerca de 60 toneladas de CO2 anualmente.

PRO-SOL otimiza sistemade aquecimento solarem Guaratinguetá Equipamento reduz consumo de gás e emissão anual de 60 toneladas de CO

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Pro-

Sol

Pro-Sol Indústria e Comércio de Produtos de Energia Solar Ltda.Rua Dr. Ulisses Guimarães, 151 - Galpão H - Vila Assis Brasil - Mauá / SP Associada ao DASOL /ABRAVA desde 30/01/10Site: www.prosolsolar.com.br

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5Case Solar

Entre as muitas exigências da FIFA e do Comitê Olímpico Internacional para que o Brasil sediasse suas competições está a adequada estruturação do setor hoteleiro. Não só a quantidade de leitos disponíveis é levada em conta, mas também a qualidade dos serviços e das acomodações.

A Enalter, fabricante e desenvolvedora de sistemas de aquecimento há mais de 30 anos no mercado, traz soluções para os empreendimentos que buscam oferecer mais co-modidade a seus hóspedes e também economizar energia. Com o mercado cada vez mais aquecido, itens de conforto antes considerados luxo são agora diferenciais competitivos.

Para o público visitante que se hospeda em hotéis, pou-sadas, retiros e albergues, nada melhor do que contar com água quente disponível 24h por dia. O sistema de aqueci-mento que reúne tecnologias combinadas solar, gás e chiller garante a esses empreendimentos um abastecimento eficaz e ininterrupto, além de proporcionar economia extra. Ao final de um mês, os gastos com energia para aquecimento de água podem ser reduzidos em até 100%, dependendo do tipo de sistema adotado.

Em Belo Horizonte, cidade sede da Copa do Mundo e subsede das Olimpíadas onde fica o estádio Mineirão, a Enalter trabalha no projeto de aquecimento de um hotel de uma rede internacional francesa, na região da Savassi. O sistema de aquecimento central tem capacidade para fornecimento diá-rio de 74 mil litros de água quente para banho e conta com três fontes diferentes de calor: solar, a gás e recuperação de calor por meio de chiller. O sistema é formado por quatro reservatórios térmicos de 5 mil litros cada 40 m² de placas coletoras SimSol capazes de gerar 3.208kW/h por mês

Setor hoteleiro está no aquecimento para a Copa e Olimpíadas do Brasil

Enalter Engenharia Indústria e Comércio Ltda.R. Lúcio Bertoldo, 144 - Vila Odete - Nova Lima - MG

Associada ao DASOL /ABRAVA desde 05/12/95. Site: www.enalter.com.br

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Enal

ter

e quatro aquecedores a gás. Já a recuperação de calor pelo chiller acontece sempre que o sistema de ar condicionado central do hotel estiver em operação, aproveitando o calor gerado pelo equipamento.

Na cidade vizinha de Contagem e em Montes Claros, onde deverá existir um Centro de Treinamento de Seleções (CTS), a Enalter também atua em obras de hotéis voltados aos grandes eventos esportivos. “Estudamos as características de cada empreendimento para então dimensionar, projetar e aplicar a melhor solução em aquecimento. O objetivo é suprir a demanda de água quente com o máximo de economia possível”, explica Maria Eugênia, engenheira da Enalter.

Enalter reúne tecnologias combinadas para aquecer água de hotel em BH

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“Energia solar pode reduzir consumo de eletricidade em até 17% no horário de pico”

Eduardo Assad, secretário nacional de Mudanças Climáticas

Entrevista6

será cada vez maior, opções de produção de energia devem ser adotadas e não utilizar somente a hidroeletricidade ou termoeletricidade, que é baseada em combustíveis fósseis.

O incentivo à produção de energia como solar, eólica, biomassa e das ondas do mar é importante para diversifi-cação da matriz limpa e como opção para reduzir a demanda de energia hidroelétrica, principalmente em horários de pico de consumo domés-tico. Outro ponto importante é que o uso de energias renováveis e limpas contribui para a redução de emissão de GEE (gases de efeito estufa) que é um problema global. Portanto, é importante montar estratégias de consumo energético que também contribuam para mitigar as emissões de GEE, mantendo o crescimento econômico.

SOL BRASIL - Esta preocupação tem razão de ser? Quais são os principais riscos que o atual estágio das mudanças climáticas representa para o Brasil?

Manter o crescimento com sus-tentabilidade é o maior desafio que o

planeta está enfrentando. Estudos científicos apontam para um limite de aumento de 2º C na temperatura do planeta (“ponto de não retorno”). Ou seja, a partir desse patamar, será muito difícil voltar à situação, por exemplo, de 350 ppm de CO2 na atmosfera. Hoje estamos chegando a 400 ppm. O limite seria algo próximo de 450 a 500 ppm. Assim, todo e qualquer esforço que permita reduzir as emissões de GEE é bem vindo. No atual estágio, os impactos ainda são controláveis, entretanto já está se observando eventos extremos tanto de temperatura como de chuva, que podem estar diretamente vinculados ao aquecimento global. A incerteza para a precipitação ainda é grande, mas no caso da temperatura, não. Os reflexos são possíveis reduções na

SSOL BRASIL - Se o Brasil possui uma das matrizes energé-ticas mais limpas do mundo, por que existe uma preocupação do governo em criar mecanismos e incentivos para ampliar o uso de energias renováveis?

Eduardo Assad - Primeiro, porque ter a matriz energética mais limpa do mundo exige que esta matriz seja mantida no mesmo padrão por muito tempo. Se considerarmos um crescimento de 4% a 6% do PIB ao ano, a demanda energética

O governo brasileiro quer incentivar cada vez mais o uso da energia solar para aquecimento de água, ga-rante Eduardo Delgado Assad, secretário de Mudanças Climáticas e Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente. A energia solar é uma opção para reduzir a demanda de energia elétrica no horário de pico e con-tribuir para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Pesquisador da Embrapa des-de 1987, Assad coordenou vários projetos em rede nacional sobre zoneamentos de riscos e mudan-ças climáticas na agricultura. Foi coordenador técnico nacional do Zoneamento Agrícola de Ris-cos Climáticos do Ministério da Agricultura durante 10 anos e é membro do comitê científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

“É importante montar estraté-gias de consumo energético que também contribuam para mitigar as emissões de GEE, mantendo o crescimento econômico”, diz o secretário nesta entrevista exclusiva à SOL BRASIL, onde também destaca os benefícios dos sistemas de aquecimento solar para as famílias de baixa renda.

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Entrevista 7

produção agrícola, aumento de vulnerabilidade em áreas costeiras (consequentemente aumento de riscos de desastres naturais), impacto na saúde, principalmente nas grandes cidades, dentre outros.

SOL BRASIL - Após o acidente nuclear no Japão, o sr. acredita que o Brasil, a exemplo de outros países, irá reavaliar sua estratégia energética?

O responsável pela política energética brasileira é o Minis-tério das Minas e Energia. Certa-mente acidentes como o do Japão estão promovendo debates inten-sos na estratégia de ampliação do uso da energia nuclear.

SOL BRASIL - Com a promulgação da Política Nacional sobre Mudanças do Clima, quais são as metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa no país?

O esforço nacional é de chegar em 2020 com o mesmo padrão de emissões de 2005, mantendo o crescimento eco-nômico. Isto significa que devemos deixar de emitir até 1,2 bilhão de toneladas de CO2 até 2020, ou uma redução de até 38% com relação a 2005.

SOL BRASIL - Com o crescimento acelerado da economia brasileira e perspectivas otimistas para os próximos anos, have-

rá um aumento substancial no uso das termoelétricas. Como o aquecimento solar pode contribuir para reduzir as emissões nos horários de pico?

O incentivo é de aumentar e muito a utilização da energia solar para aquecimento de água. Entendemos que a com-

plementariedade entre a energia hidroelétrica e solar com esse objetivo (termossolar) é funda-mental. Seria possível reduzir o consumo de energia elétrica em até 17% nos horários de pico, se o aquecimento de água para banho fosse por energia solar. Estamos incentivando e perseguindo este caminho.

SOL BRASIL - O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Portaria MMA n° 238, de 21 de julho de 2009, criou um Grupo de Trabalho para apoiar a disseminação de Sistemas de Aqueci-mento Solar de Água (SAS) e acompanhar atividades específicas que visam à instalação desses sistemas no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Quais são as metas para ampliação dos SAS até 2015 e quais as principais ações a serem coordenadas pelo Grupo para garantir a expansão do uso de SAS no Brasil?

A meta estipulada pelo GT é de 15 milhões de m2 de área com coletores solares até 2015. Atualmente, a área instalada

“Não conheço na história do mundo nenhum país que

cresceu sem apoiar fortemente a ciência e tecnologia.”

Meta brasileira é chegar a 15 milhões de m2 de área instalada com coletores solares

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Entrevista8

com coletores é de 6,24 milhões de m2. Para tanto, as linhas de atuação definidas são: (i) Política Pública, o que inclui gestões junto a programas governamentais como o Pro-grama Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2); (ii) Capacitação, com foco nos empregos verdes; (iii) Inovação Tecnológica, voltada à melhoria e ao crescimento do mercado de SAS; (iv) Gerenciamento da Informação e Marketing; e (v) Cria-ção da Plataforma Brasileira em Energia Solar Térmica, para coordenação das ações demandadas pelas diferentes aplicações da energia solar térmica no País. Com relação ao PMCMV, em sua primeira fase, foi estipulada a meta de 40 mil unidades habitacionais com o SAS, o que foi plenamente alcançado, sendo ligeiramente ultrapassado. Para a segunda fase, o SAS tornou-se obri-gatório para as residências unifamiliares, ou seja, as casas, para as regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste, e a estimativa é de 260 mil unidades habi-tacionais com SAS.

SOL BRASIL - Como parte dos recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) poderia ser destinada ao setor de aqueci-mento solar?

Existem no Fundo Clima dois tipos de financiamentos: um não reembolsável e outro reembolsável. No primeiro, serão estimulados estudos de potencial de utilização no Brasil e incentivo à busca de novos materiais, incluindo a geração de energia por células fotovoltaicas. O segundo caso, com juros atrativos, incentiva a ampliação do uso de coletores solares no País, principalmente para aquecimento de água. O Fundo começou a operar no ano de 2011. Espe-ramos ampliar a cada ano o incentivo financeiro no setor de energia alternativa.

SOL BRASIL - Certa vez, o senhor questionou: “por que o pobre não pode ter coletor solar para aquecimento de água?” Qual sua avaliação sobre a expansão dos sistemas de aquecimento solar em habitações de interesse social?

Acho que é viável, de baixo custo e traz um conforto maior para as famílias de baixa renda. Se é possível reduzir o consumo de energia elétrica, e consequentemente a conta de luz para essas famílias, vamos incentivar isso.

SOL BRASIL - A quantidade de SAS pretendida para o Programa Minha Casa, Minha Vida II tomará por base valores pré-definidos em orçamento do governo. Haverá oportunidades para ampliação desses recursos com outras linhas apoiadas pelo governo?

Como já dito, o Minha Casa Minha Vida é um programa que está adotando a energia solar, o Fundo Clima desde o seu nascedouro está apoiando, e na área de inovação tec-nológica, via apoio à ciência e tecnologia, sem a qual o País não cresce. Não conheço na história do mundo nenhum país

que cresceu sem apoiar fortemente a ciência e tecnologia.

SOL BRASIL - As mudanças climáticas são consequência das ações do homem. Existem diversas opções para minimizar impactos ambientais, porém não são utilizadas. Em sua opinião, a conscientização é uma delas? Existem outras?

O diagnóstico, de que os impactos ambientais não estão sendo minimizados porque as opções não estão sendo utili-zadas, não é verdade. A Holanda tem exemplos muito bons de adaptação que permitem reduzir os impactos do aque-cimento global, no caso do aumento do nível dos oceanos. Na Inglaterra, aumento da eficiência da produção agrícola baseada na carbonização já é um fato. Na Alemanha, o ex-pressivo aumento do uso da energia solar mostra claramente

a preocupação do país com a redução de emissões. No Brasil, o uso cada vez maior dos biocombustíveis em lar-ga escala coloca o País como um dos principais protago-nistas do planeta na busca de soluções. Concordo que isso ainda é muito pouco perto do tamanho do pro-blema. A conscientização é uma das soluções, aliada a

fortes campanhas educativas, e apresentação de soluções de adaptação que sejam factíveis. O esforço que o homem está fazendo para promover o desequilíbrio no planeta é imen-so. Devemos fazer um esforço de mesma intensidade para promover o reequilíbrio. Aí a energia solar é fundamental.

SOL BRASIL - Apesar das leis solares em vigor, ainda não se observa uma efetiva utilização dos SAS. O governo pretende lançar campanha de conscientização para o assunto?

No caso do Ministério do Meio Ambiente, certamente sim. E deverá ser associada ao programa Minha Casa Minha Vida, que já adota a tecnologia termossolar.

SOL BRASIL – Qual seria a sua mensagem para conscientizar a população da necessidade de preservar o meio ambiente e adotar medidas que minimizem as emissões de gases de efeito estufa?

Se mantivermos nosso nível de consumo atual, em pou-cos anos, para atender a demanda, serão necessários quase três planetas Terra. É fundamental pensarmos em modelos alternativos, com maior eficiência, maior equilíbrio e menor desigualdade. Não é mais possível viver num planeta onde os mais pobres produzem para manter o nível de vida dos mais ricos. No caso do aquecimento global, ou mudanças climáticas se preferirem, o problema é global, mas as solu-ções são locais. Vamos melhorar os transportes urbanos, vamos aumentar as ciclovias, vamos atuar junto ao poder público para reduzir a poluição, vamos produzir mais com menos energia, vamos reduzir o desperdício, vamos utilizar energias alternativas. Parece óbvio, mas é fundamental que seja feito, e começa dentro das nossas casas. Seria algo como começar pequeno, pensar grande e andar rápido, senão estaremos nos condenando no curto e médio prazo.

“Se mantivermos nosso nível de consumo atual, em poucos anos, para atender a demanda, serão necessários

quase três planetas Terra.”

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9Notícias do Dasol

A Eletrobras e o Instituto Cultural e Centro Universitário UNA lançaram em 1º de julho a Rede Nacional de Coopera-ção em Energia Solar Térmica (Rede Procel Solar) que visa à capacitação profissional em universidades e escolas técnicas e apoio ao Programa Minha Casa Minha Vida.

A Rede Procel Solar tem como meta formar 2 mil alunos em cinco anos para trabalharem com sistemas de aquecimen-to solar de água. Em sua fase inicial, o projeto prevê a criação de sete centros de capacitação nas cinco regiões brasileiras. Essa rede de capacitação poderá ser ampliada futuramente.

Outro projeto importante é a medição e monitoração de instalações de aquecimento solar em quatro localidades diferentes (nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul). O objetivo é avaliar e quantificar os benefícios dos sistemas solares, gerando informações relevantes para a gestão do Programa Minha Casa Minha Vida.

O convênio envolve investimento total de R$ 3,9 mi-lhões, sendo R$ 2,9 milhões da Eletrobras/Procel e R$ 1 milhão como contrapartida da Universidade.

“Para todos nós, professores e pesquisadores, este pro-jeto garante a criação de uma infraestrutura valiosa para o desenvolvimento de cursos de formação e de pesquisas na área do aquecimento solar”, observou a professora Elizabeth Duarte Pereira, coordenadora do projeto.

“Com a sinergia entre o Procel/Eletrobras e o Centro Universitário Una, incorporando a experiência de seis outras universidades e o apoio da ABRAVA, será possível desenvolver competências para o melhor aproveitamento da energia solar térmica no Brasil”, observou Emerson Sal-vador, gerente da Divisão de Eficiência Energética na Oferta da Eletrobras/Procel.

A Rede Procel Solar é integrada também pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC/RJ), Instituto Federal da Bahia, Instituto Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Pará, Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS) de São Paulo e a Universidade de Brasília (UnB).

O DASOL/ABRAVA foi representado no evento de lançamento pelo vice-presidente de Tecnologia e Meio Ambiente, Carlos Artur Alencar, que falou sobre a importância da iniciativa para o setor.

Rede Procel Solar vai capacitar2 mil profissionais até 2015

Eficiência energética

Não é de hoje que a Eletrobras/Procel estabelece par-cerias para incentivar o uso de equipamentos para o aque-cimento solar de água. Essas parcerias estão alinhadas à atuação do Procel em ações de eficiência energética, uma vez que os sistemas de aquecimento de água utilizam a energia solar em substituição às fontes convencionais (elétrica, gás, óleo etc).

Em 2004, utilizando parte dos US$ 11,9 milhões doados ao governo brasileiro, via Banco Mundial, a Eletrobras/Procel capacitou o Laboratório Green Solar da PUC-MG com um simulador solar, o primeiro da América Latina. O equipamento contribuiu para o avanço tecnológico do setor através de melhorias nos ensaios de eficiência energética, necessários ao Programa do Selo Procel e ao Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Em 2010 a Eletrobras/Procel concluiu pesquisa sobre as reais condições das instalações de aquecimento solar. A pesquisa apontou ações para tornar o aqueci-mento solar uma alternativa democrática e eficiente para a população brasileira.

Sistemas de aquecimento solar de água têm apoio da Eletrobras/Procel

Professora Elizabeth Pereira coordena o projeto

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Salvador, da Eletrobras, destacou sinergia com universidades

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Notícias do Dasol10

Nos últimos anos foram realiza-das três edições do Enasol (Encontro Nacional de Aquecimento Solar) e da Feira de Aquecimento Solar.

Em compasso com o desenvolvi-mento do setor e o interesse crescente de vários segmentos da sociedade, esses eventos ganharam nova dimensão e darão lugar este ano ao Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar (CB-Sol) e à Feira de Ex-posição de Sistemas de Aquecimento Solar (Exposolar).

O CB-Sol 2011 e a Exposolar 2011 serão realizados em Campinas, no Royal Palm Plaza Hotel Resort, nos dias 9 e 10 de novembro.

Serão dois dias dedicados à energia solar térmica, fonte de geração limpa distribuída junto ao local de utilização. A energia solar permite reduzir a demanda de eletricidade no horário de ponta e contribuir para a geração de empregos verdes e a preservação do meio ambiente.

Vem aí o Congresso de Aquecimento Solar

O CB-Sol reunirá especialistas nacionais e internacionais para debater temas como as políticas públicas para dissemi-nação dos Sistemas de Aquecimento Solar (SAS), construção sustentável, eficiência energética, qualidade de materiais, habitação de interesse social e inovações tecnológicas.

A Unicamp é parceira do DASOL/ABRAVA na organiza-ção do CB-Solar, por meio da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE).

Interessados em participar do evento devem entrar em contato com a JPN pelos telefones 019-3368-4100 / 019-7809-7006 ou pelo email : [email protected].

A Organização Latino Americana de Energia (OLADE) realizou nos dias 22 e 23 de junho, em Santiago do Chile, o seminário “Transformação e Fortalecimento do Mercado Global de Energia Solar para Aquecimento de Água”.

O objetivo do evento foi promover a troca de conhe-cimentos entre países, incentivar a cooperação, ampliar o mercado dessa tecnologia na América Latina e Caribe e desenvolver uma rede para divulgar o projeto Global de Energia Solar Térmica para Aquecimento de Água (GSWH). A ABRAVA esteve representada no evento por Marcelo Mesquita, gestor do DASOL.

A participação das fontes renováveis na ma-triz energética brasileira foi o tema da palestra da professora Elizabeth Duarte Pereira, do Centro Universitário UNA – MG, que representou o Governo Brasileiro no seminário.

A palestrante também destacou o Programa Brasileiro de Etiquetagem, as leis que estimulam eficiência energética e a criação do Grupo de Tra-balho Energia Solar Térmica, cuja meta é chegar a 15 milhões m2 de coletores solares no Brasil até 2015 (em 2010 eram 6,24 milhões de m2).

A professora destacou ainda os desafios para disseminação do SAS no Brasil e ações de

Seminário da OLADE discute mercado solarsucesso, como o Programa Minha Casa Minha Vida e pro-jetos da Cemig, Cohab-MG e CDHU-SP.

Representantes da OLADE, da Associação Internacional do Cobre (ICA) e da Federação da Indústria Européia de Energia Solar (EFIST) também proferiram palestra no evento, que contou com a participação do consultor internacional Dr. Harald Drueck.

Apresentações e mais informações sobre o seminário estão disponíveis no site da OLADE, no linkhttp://www.olade.org.ec/noticia/olade-promueve-el-uso-de-energia.

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Grupos de trabalho debateram tecnologia solar durante evento da OLADE em Santiago

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Notícias do Dasol 11

Dezoito profissionais participaram da primeira turma de mais um curso inovador do Programa de Capacitação do DASOL. O curso Análise de Projetos de Energias Limpas e Eficiência Energética, realizado no final de junho, mostrou as funcionalidades do software RETScreen, utilizado em estudos de pré-viabilidade econômica.

O software é gratuito, dis-ponível na internet, e pode ser aplicado no estudo de diversos tipos de energias renováveis. A novidade foi a formatação do curso de 16 horas com foco em aquecimento solar.

O curso mostra como usar o programa para comparar o consumo energético entre fontes convencionais e fontes renováveis de energia, além de calcular indicadores como

RETScreen para energias limpas é tema de curso taxa interna de retorno e valor presente líquido para uma análise econômica confiável de projetos de eficiência ener-

gética. “Com esse software, as em-

presas podem demonstrar a seus clientes as vantagens econômi-cas da tecnologia solar”, explica o engenheiro do DASOL, Ronal-do Yano Toraiwa.

“Esperamos em breve ouvir notícias do quanto o RETScreen auxiliou os participantes a ala-vancar vendas e novos negó-

cios!”, comentou a gerente de Projetos do Grupo Sage, Mariana Queiroz, que ministrou o curso.

Novas turmas para o curso de Retscreen serão abertas conforme a demanda. Mais informações pelo email [email protected].

Divulgar e ampliar a presença dos Sistemas de Aqueci-mento Solar (SAS) no Brasil é o objetivo do convênio as-sinado em maio pela ABRAVA, GIZ e PROCOBRE, que integram o Grupo de Trabalho Energia Solar Térmica, coordenado pelo Ministério de Meio Ambiente.

O convênio prevê diversas ações para difundir os con-ceitos técnicos da tecnologia de aquecimento solar junto a engenheiros, arquitetos e projetistas, que têm papel funda-mental na aplicação bem sucedida dos SAS na obras.

Para Marcelo Mesquita, gestor do DASOL, o convênio intensifica a sinergia entre essas entidades que atuam há alguns anos em projetos no setor. “No momento em que se vislumbra a ampliação da presença do SAS no Programa Minha Casa Minha Vida, o convênio é mais uma demons-tração de que o governo terá o apoio necessário para o sucesso dessa medida”, observou o gestor.

Dirk Assmann, diretor do Programa Energia Brasil-Alemanha, da Deutsche Gesellschaft für Internationale

ABRAVA, GIZ e PROCOBRE assinam convênio Zusammenarbeit (GIZ), também salientou a importância da cooperação.

“É uma contribuição importante para o acordo bilateral na área de energia assinado durante encontro entre o presi-dente Luis Inacio Lula da Silva e a chanceler alemã Angela Merkel em 2008”, observou. “E um bom exemplo de como os setores público e privado e a cooperação internacional podem colaborar para o desenvolvimento sustentável.”

Para Antonio Maschietto, diretor executivo do Procobre, o convênio fortalece as ações junto ao mercado, otimizando e unificando recursos materiais e humanos em prol da difusão da energia solar térmica no país.

Entre as ações previstas para os próximos meses estão: palestras, seminários e oficinas de capacitação para apoio ao Programa Minha Casa Minha Vida; material informativo e filme institucional; estudo socioeconômico para incentivos fiscais; análise qualitativa nos municípios sobre Projetos de Lei Solar e divulgação de cases de sucesso.

O Ministério das Cidades publicou em 8 de julho de 2011 a Portaria 325, que dispõe sobre as diretrizes do Programa Minha Casa Minha Vida Fase 2. O programa prevê a contratação de 860 mil unidades habitacionais até o final de 2014 para famílias com renda até R$ 1.600.

Segundo a nova portaria, todos os projetos de em-preendimentos compostos por unidades unifamiliares

Novas diretrizes do Programa Minha Casa Minha Vida 2deverão contemplar sistema de aquecimento solar. O valor máximo para essas habitações já inclui os custos do SAS.

A especificação técnica estará disponível para consul-ta no site do Ministério das Cidades. O setor aguarda a divulgação do novo “Termo de Referência para Sistemas de Aquecimento Solar” da Caixa Econômica Federal.

Primeira turma do curso de RETScreen no DASOL

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Tecnologia12

Isolamento térmico aumenta eficiência de sistemas de aquecimento solar

É cada vez maior a demanda por tubulações pré-isoladas nos sistemas de aquecimento solar para minimizar as perdas de calor do fluido antes de abastecer o reservatório térmico e, assim, melhorar sua eficiência.

Os fabricantes estão tentando alcançar estes objetivos com soluções inovadoras.

O desafio é permitir que a água ou fluido térmico percor-ra o caminho entre os coletores solares e o reservatório tér-mico sem nenhuma perda com o uso de tubos pré-isolados.

Existem diferentes experiências dependendo do tipo de tubulação, como, por exemplo, a de cobre liso e a de aço corrugado.

Uma camada de isolamento em torno da tubulação irá determinar quanto de calor o fluido irá perder na jornada do telhado ao interior do reservatório.

Os fornecedores de sistemas de aquecimento solar têm um grande número de opções de produtos aos quais re-correr.

As empresas têm apresentado uma variedade de produ-

tos para isolamento, como a borracha EPDM (terpolímero de etileno, propileno e dieno) para aplicações em altas temperaturas.

Desde 2002, uma empresa alemã fabrica tubos flexíveis e sistemas de conectores rápidos para o setor solar tér-mico. Essa empresa tenta se distanciar dos competidores convencionais, aceitando pequenos e médios pedidos com comprimentos pré-estabelecidos de acordo com o desejo dos clientes.

À primeira vista, os produtos não diferem muito uns dos outros. O tipo conhecido no mercado como 2 em 1 possui um tubo de ida e outro de volta do coletor solar, além de um cabo para o sensor de temperatura, dentro de um ma-terial isolante preto que, algumas vezes, é coberto com uma camada protetora.

Outro tipo são os que possuem conexões de saída e de retorno com isolamento individual que são unidos poste-riormente. Os fabricantes relatam vantagens e desvantagens em ambos os tipos.

No entanto, no longo prazo, a tendência pode ser a se-gunda opção, por ser mais flexível durante o processo de montagem. Um ponto importante da conexão 2 em 1 é a habilidade do instalador de separar o tubo de saída do tubo de retorno sem danificar o isolamento.

Alta qualidade

Melhor isolamento e melhores vedações irão beneficiar os componentes principais no futuro. O foco é primeiramente na qualidade da borracha para isolamento de alta qualidade. Embora cobre pré-isolado ou tubulação de aço corrugado sejam produtos basicamente maduros, os fabricantes ainda vêem espaço para melhorias.

A maioria dos fabricantes relata usar componentes de EPDM em seus isolamentos, embora variações de qualidade na composição da borracha devam ser consideradas. Isso porque a estabilidade em temperaturas altas e menores perdas de calor dependem principalmente de uma alta concentração de EPDM na borracha.

Outra opção de material isolante é a lã de rocha. Com

Solução ajuda a minimizar perdas de calor gerado nos coletores

Com informações daSun & Wind Energy

Conexão 2 em 1 com dois tubos de cobre e um cabo para sensor coletor de temperatura de campo

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Tecnologia 13

as grandes melhorias nos coletores solares, principalmente em circuito fechados, as temperaturas de estagnação têm aumentado cada vez mais nos últimos anos. Por essa razão, é importante o uso de materiais de isolamento corretos que possam suportar temperaturas superiores a 200ºC sem mudar sua estrutura e manter suas propriedades isolantes no processo.

Montagem simples

Além de otimizar o EPDM, ba-seado no isolamento, há também potencial para o desenvolvimento de produtos em termos de vedação, usando material metálico, por exem-plo. Uma inovação em planejamento é uma conexão rosqueada que veda metalicamente. Antes o sistema usava vedações planas de grafite.

A maioria dos fabricantes acredita que sistemas de conexão rosqueada simples com vedação de grafite ou de metal prevalecerão no futuro.

Para facilitar a montagem, uma opção é o uso de sistemas de engate rápido em latão para conexão dos tubos.

Estas conexões podem ser feitas sem o uso de ferramentas especiais. Além disso, a conexão pode ser re-movida de forma a ser reutilizada posteriormente.

Um componente adicional que as empresas podem usar sobre as tubulações pré-isoladas é uma camada protetora. Os modelos mais comuns são à prova de UV, resistentes à água, que protegem o material isolante e também permitem montagens de tubos na parte externa de paredes. Algumas empresas desenvolveram camadas de proteção mais resis-tentes como a malha de poliéster.

Adicionalmente, alguns fabricantes atentam para o tipo

de corrugação: alta e paralela ou espiralmente corrugada. Isso afeta as características de fluxo do fluido térmico.

Uma questão que todos os fabricantes devem decidir é o uso do cobre ou do aço inoxidável. Os fornecedores devem, na maior parte das vezes, ter ambos em suas linhas, embora a tendência sejam os tubos de aço ino-xidável corrugados, pois são mais flexíveis e não há risco de trincas durante a dobra.

O cobre é frequentemente utilizado em sistemas maiores, onde os tubos percorrem longas distâncias.

A qualidade do isolamento da tubulação é o fator que determina se o calor transferido ao reservatório térmico é praticamente o mesmo gerado anteriormente no coletor solar.

No Brasil

No Brasil, existem quatro principais tipos de tubulações para interligar o sistema de aquecimento solar de água para banho: cobre, polipropileno, tubos de polietileno reticula-do (mais conhecido como PEX) e mangueiras de borracha EPDM. Independentemente do tipo de material utilizado, o isolamento é sempre importante para minimizar as perdas.

Seu uso é imprescindível para não desperdiçar grande parcela do calor gerado pelo coletor solar. No mercado nacional, muitas instalações utilizam o polietileno como isolante térmico em tubulações.

É preciso verificar o local onde ficará a tubulação a ser isolada. Em áreas externas faz-se necessário o uso de manta para proteger o isolamento das intempéries e garantir maior durabilidade ao material. Normalmente, são utilizadas camadas aluminizadas sobre o polietileno. Mesmo que a tubulação esteja embutida na parede do empreendimento, o isolamento é fundamental.

Outra recomendação técnica é instalar o isolamento tér-mico somente após a realização do teste de estanqueidade (vazamento) do sistema de aquecimento solar.

Grande variedade deconexões de tubos

Conexão rosqueada de vedação

plana com amplaface de contato

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Tecnologia14

As propriedades do isolamento térmico no fundo de coletores solares devem resistir a altas temperaturas de estagnação (*). Um material muito utilizado para essa finalidade é a lã de rocha, encontrada em dois terços dos coletores, que tem ponto de fusão acima de 1.000 ºC. Já os isolantes de lã de vidro são estáveis até 400 ºC.

Outro material, muito utilizado no Brasil, é a espuma de poliuretano que possui baixa condução térmica. Com isso, camadas mais finas garantem bom isolamento. Contudo, o poliuretano suporta apenas até 150 ºC, suficiente para coletores pintados e que trabalhem em circuitos com aquecimento direto.

Alguns coletores solares podem atingir temperatu-ras acima de 200 ºC com o uso de superfícies seletivas e em circuitos fechados. Por esta razão, muitas empresas que usam essa tecnologia combinam diferentes tipos de isolamento, adicionando uma camada de lã de rocha entre a espuma de poliuretano e o absorvedor. Existem

Isolamento nos coletorescasos de aplicação de três camadas de isolamento.

Já o uso de aerogéis, material sólido poroso com excelente eficiência térmica, permite que os coletores sejam mais finos. Este material resiste a temperaturas de até 200 ºC.

A espessura de isolamentos começa de 19 a 25 mm de poliuretano. Lã de rocha está disponível com espessuras entre 30 e 60 mm.

A maioria das empresas fabricantes de coletores solares utiliza o meio deste intervalo, de 40 a 50 mm, e também isola as laterais de seus equipamentos, ga-rantindo assim uma melhor eficiência.

(*)Temperatura de estagnação é o termo designado para a situação em que o coletor não troca mais calor com o fluido, pois perde para o meio ambiente todo o calor que absorve. Assim a temperatura do coletor não se eleva mais.

Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa (Engenheiro do DASOL)

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15Tecnologia

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Mundo Verde16

Coletores solares não fornecem apenas água quente para banheiros de casas e hotéis. Nas indústrias fornecem energia para importantes processos industriais, substituindo combustíveis fósseis poluentes com muitas vantagens.

Foi realizada uma pesquisa sobre o potencial do uso de aquecimento solar entre Agências de Energia da Áustria, Alemanha, Eslovênia, Espanha e República Tcheca, pro-curando identificar também oportunidades da aplicação da tecnologia, incluindo análise de requisitos técnicos e de informações do mercado para subsidiar futuras campanhas nesta aplicação.

A conclusão apresentada em uma conferência no início

Aquecimento solar na indústria Sun & Wind Energy, maio/2011

Tecnologia oferece oportunidades de aplicação em vários setores de produção

de 2011 foi de que existe um potencial enorme para utilização de aquecimento solar na indústria, onde 30% da demanda de calor nos processos exigem temperaturas abaixo de 100ºC, valor facilmente obtido por coletores solares fechados. Con-tudo, outra constatação é que existem poucos sistemas em funcionamento atualmente.

Baixo aproveitamento da tecnologia

Falta de informação e a falta de reaproveitamento tér-mico são alguns dos motivos apresentados na conferência.

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Mundo Verde 17

No segundo dia do evento, outros pontos foram discutidos, onde se apontou a falta de um programa especial que traga planejadores competentes no processo de aquecimento ou com conhecimentos suficientes na indústria.

Alguns participantes da conferência relataram a dificul-dade em justificar o investimento no sistema de aquecimento solar por causa do prazo reduzido de pay-back normalmente exigido pela indústria. Isso reforça a necessidade de políticas de incentivos para que mais sistemas sejam instalados no setor industrial.

Check list para ajudar na decisão

O projeto SO-PRO, criado entre as agências de energia dos países citados no primeiro parágrafo, elaborou um che-ck list para verificar a viabilidade de um projeto de sistema de aquecimento solar a ser instalado em uma indústria. Este check list é dividido em duas etapas: a primeira contém perguntas sobre o espaço disponível para instalação dos coletores solares e sua orientação, assim como se o processo de aquecimento é necessário durante todo o verão. Se uma dessas perguntas for negativa, é improvável que o sistema de aquecimento solar seja economicamente viável. A segunda etapa considera que quanto mais respostas positivas, mais pontos do quadro técnico e econômico a favor do sistema de aquecimento solar serão determinantes para a implantação.

Além do check list, o SO-PRO criou um conjunto de diretrizes de planejamento que fornece informações para realizar uma análise inicial das condições do local, introduz o conceito de sistema e explica como dimensionar sistemas para perfis de carga particulares e necessidades de tempe-raturas específicas. Antes dos planejadores começarem a dimensionar sistemas de aquecimento solar, eles deveriam aperfeiçoar os processos térmicos e fazer o máximo uso dos potenciais disponíveis para economizar energia.

Exemplos de aplicação

A tecnologia de aquecimento solar encontra uma varie-dade de aplicações na indústria farmacêutica, alimentícia e na fabricação de papel. Os processos que ocorrem com mais

freqüência são limpeza e lavagem. As fábricas precisam de água quente para limpar ferramentas e máquinas, e as cervejarias para limpar garrafas. Os materiais industriais devem ser constantemente limpos antes de serem revestidos ou terem suas superfícies tratadas.

Outro processo encontrado frequentemente na indústria é a secagem. Algumas indústrias alimentícias utilizam água aquecida pelo Sol em seus produtos finais, como por exem-plo, na fabricação de salsichas. Uma empresa suíça utiliza a tecnologia de aquecimento solar para manter o chocolate a uma temperatura próxima de 35°C e evita custos com as fontes tradicionais de energia.

Na Áustria, uma companhia fabrica tetos e paredes de concreto com o auxílio de aquecimento solar. Uma insta-lação com área coletora de 315 m² ajuda uma caldeira a lenha a preencher três reservatórios de 12 mil litros para fornecer calor para duas câmaras de endurecimento, além de aquecer a fábrica e escritórios. Com isso, economiza-se € 25 mil por ano.

Aplicações no Brasil

Nosso país possui muitas indústrias em diversas áreas, onde é possível utilizar a tecnologia de aquecimento solar para fornecer água quente ou calor em seus processos, com destaque para lavagem, cozimento e pasteurização na indús-tria de alimentos e secagem e tintura no setor têxtil. Na área química é utilizada em destilação, cozimento e coagulação e na indústria moveleira na secagem e empacotamento de pranchas.

Fabricantes de cosméticos utilizam a tecnologia para lavar equipamentos de produção, assim como empresas do setor automotivo que utilizam em processos e na limpeza de ferramentas e máquinas. Adicionalmente algumas empresas instalam o sistema de aquecimento solar para fornecer água quente nos vestiários de seus funcionários, gerando também economia. Como apresentado, o campo de aplicação é vasto, basta o setor industrial perceber as amplas vantagens e fazer o uso desta fonte de energia limpa, renovável e gratuita.

Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa (Engenheiro do DASOL)

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O consumo residencial de energia elétrica no Brasil ainda se encontra em um patamar relativamente baixo se com-parado ao de outros países. A explicação para isto está, em grande medida, no nível de renda da população brasileira. Assim, sempre que se observa, por um lado, aumento na renda da população — especialmente quando associado à sua melhor distribuição — observa-se, por outro, elevação no consumo de energia elétrica nos lares nacionais.

De fato, seja no período do Plano Cruzado, seja durante o Plano Real, e especialmente no período mais recente, quando a economia brasileira vem apre-sentando crescimento sustentado, com reflexos na expansão do emprego e da renda, é possível verificar a ocorrência de ciclos de expansão do consumo resi-dencial de energia elétrica. Com relação ao período mais recente, o cenário geral de inflação controlada e a expansão da oferta de crédito, que tem propiciado condições de financiamento aceitáveis para a maioria da população, também contribuem para o aumento do consumo residencial de energia elétrica, decor-rente do maior acesso a bens e serviços domésticos.

De acordo com a última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios (PNAD) elaborada pelo IBGE, em 2009, 95,7% dos domicílios brasileiros tinham televisão, 93,4% tinham geladei-ra e 44,3% tinham lavadora de roupas. Além destes eletrodomésticos constantes da PNAD, é possível constatar expansão nas vendas de equipamentos em geral, como condicionadores de ar, computa-dores, telefones celulares etc.

Maior economia de energia nas residências com sistemas híbridos de aquecimento de águaEste artigo, publicado na Resenha Mensal de junho da EPE, destaca o uso do aquecedor solar para reduzir em até 19% o consumo médio de energia na Região Sudeste

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É verdade que muitos desses equipamentos têm sido ofertados ao mercado em versões progressivamente mais eficientes em termos do consumo de energia. Porém, o crescimento da renda e da oferta do crédito possibilitam, muitas vezes, a substituição dos equipamentos existentes por modelos de maior porte e potência, e a aquisição de novos, contribuindo para o aumento da posse média, com o conseqüente aumento no consumo.

Em qualquer caso, parte do ganho de eficiência é consu-mida com aumento do conforto e do uso dos serviços ofereci-dos por tais equipamentos, o que significa que não haverá necessariamente redução no consumo de energia, ou pelo menos não na proporção que poderia sugerir o aumento da eficiência.

Cada residência brasileira já consumiu, em média, algo como 180 kWh/mês. Isso se deu até o racionamento vi-venciado em 2001, quando o consumo médio mensal despen-cou para 130 kWh. O espanto se justifica porque uma casa de dois cômodos, mais uma cozinha e um banheiro, equipada com uma simples geladeira de uma porta, uma televisão, um ferro elétrico, um chuveiro elétrico e três lâmpadas efi-cientes, consome em média 100 kWh/mês. Aliás, foi pouco maior que isso o consumo médio mensal de uma residência na região Nordeste em 2010. Desde o racionamento, e prin-cipalmente nos últimos anos, pelas razões expostas, esse consumo vem subindo progressivamente, chegando hoje, em termos médios nacionais, a 155 kWh/mês.

Não obstante o quadro descrito, que indica haver, por um lado, um grande potencial de crescimento do consumo de energia elétrica nas residências, devido ao efeito renda mencionado, há, por outro lado, potencial para reduzir parte deste consumo, ou, em outras palavras, o seu ritmo de crescimento. Uma das possibilidades é o uso de aquece-dores solares híbridos de água para banho, que combinem as vantagens do aquecimento solar direto da água com as vantagens do chuveiro elétrico.

Apenas para efeito de raciocínio, tome -se como referên-cia a região Sudeste, onde, de acordo com pesquisa realizada pela Eletrobras/Procel (2005), 91% das residências aquecem água para banho usando o chuveiro elétrico, sendo que, desse universo, apenas 7% o mantêm desligado, indepen-dentemente da estação do ano (isto é, preferem sempre o banho frio).

Considerando outras informações úteis dessa pesquisa (como posição de chaveamento em que se usa o chuveiro “inverno” ou “verão”) e a potência do chuveiro em cada uma

dessas posições, e fazendo ainda suposições comple-mentares, como número de banhos por dia, número de pessoas na residência, du-ração média de um banho, número de horas (ou dias) de insolação por ano, pode-se calcular um potencial de economia de energia por residência de 33 kWh/mês se

um aquecedor solar híbrido fosse usado em substituição aos chuveiros elétricos do domicílio. O valor calculado equivale a uma redução de 19% do consumo médio mensal de uma residência na região Sudeste, que corresponde a uma eco-nomia de R$ 9,20 na conta de energia elétrica.

É verdade que não seria possível substituir todos os chu-veiros elétricos da região Sudeste. Há dificuldades de toda ordem: unidades residenciais que não estão preparadas para outro tipo de aquecimento de água e restrições de espaço para instalação de coletores solares e reservatórios térmicos são exemplos de algumas dessas dificuldades.

Mas, admitindo que 20% das residências da região Sudeste que usam chuveiro elétrico para aquecimento de água pudessem substituí-lo por um aquecedor solar híbrido, estima-se que a energia total economizada seria equivalente à geração anual de uma usina hidrelétrica com 400 MW de capacidade, ou a investimentos em geração de energia de R$ 1,4 bilhão. Nesse cenário, seriam evitadas emissões de 1,3 milhões de toneladas de CO2 por ano (na equivalência com as emissões de uma termelétrica a gás natural).

Desde o racionamento, o consumo médio nacional de energia elétrica sobe progressivamente, chegando

hoje a 155 kWh/mês.

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