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Page 1: Revista Sol Brasil - 26°edição
Page 2: Revista Sol Brasil - 26°edição

2 I Índice

3 I Editorial

26 I Cursos e Agenda

Especial

Rende mais que a poupançaInvestimento em aquecimento solar tem retorno em menos de dois anos

8

Uma política pública para o aquecimento solarABRAVA-DASOL apresenta em Brasília o programa “1 Solar em Cada Casa” para poupar eletricidade e facilitar aquisição de aquecedores solares

10

Parque solar térmico brasileiro gerou 7.354 GWh em 2014Produção de coletores cresceu 4,5% no ano passado. Painéis solares instalados somam área de 11,24 milhões m2

4 I Mercado

Case Solar

Sistema da Enalter aquece águade prédio sustentável da Cemig Obra completamente sustentável escolheu a empresa mineira para a adequação de seu sistema solar

24

Aquecimento solar até na piscina com toboáguaSistemas da A Atual Aquecedores Solares garantem água quente nas instalações de hotel fazenda em Águas de Lindóia (SP)

25

Cada vez mais quenteExpandindo horizontes com a energia solar heliotérmica

20 I Tecnologia

CB-SOL destaca soluções da energia solar térmicaVenha compartilhar experiências e conhecimento no 3º CB-Sol

18 I Notícias do Dasol

Mais segurança energéticaEspecialistas debatem a contribuição do aquecimento solar para economizar energia

16

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A retração da atividade econômica e o au-mento dos custos na conta de luz têm induzido uma redução do consumo de energia elétrica no país. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo sofreu retração de 0,6% no primeiro trimestre deste ano. No setor industrial, esse decréscimo foi de 3,9% em relação ao mesmo período de 2014.

É como se o Brasil estivesse vivendo um ra-cionamento branco. O Governo insiste que não faltará energia. De fato, o país vem garantindo seu suprimento acionando cada vez mais a cara energia gerada pelas usinas termelétricas enquanto alardeia os investimentos em alternativas energéticas mais competitivas nos próximos anos.

Não nos enganemos. As alternativas energéticas que possam substituir a energia termelétrica na sua grande maioria ainda serão mais caras que a energia gerada pelas hidrelétricas. Daqui a alguns anos, tais alternativas poderão reduzir o atual custo do suprimento, mas não nos níveis de energia barata que se dispunha antes.

Isso acontece também porque as hidrelétricas estão sendo construídas cada vez mais distantes dos grandes centros consumidores, o que impõe investimentos pesados na rede de transmissão. Essas novas usinas têm também menor potencial de apro-veitamento porque as restrições ambientais limitam a construção de reservatórios.

Por todas essas razões, a energia solar térmica para o aquecimento de água é uma solução e oportunidade permanente para o país. Limpa, renovável e gratuita, continuará sendo a fonte mais barata de energia por muitos anos.

Sim, o aquecedor solar representa inicialmente um investimento mais robusto do que um chuveiro convencional. Mas no espaço de dois anos, os consumidores desco-brem quão acertada é a decisão de investir no aquecimento solar diante da economia obtida nas despesas com eletricidade ou gás. Uma economia que se prolonga por quase 20 anos, durante a vida útil do aquecedor solar.

E, agora, neste cenário de alta dos custos, a percepção de investimento bem feito torna-se ainda maior. As empresas do nosso setor têm detectado um aumento do interesse pelos aquecedores solares de água. Mais do que prover água quente, nossa tecnologia solar térmica gera energia, gera economia e, na medida em que se ampliar o seu uso industrial, também irá gerar aumento da competitividade da economia brasileira.

Este é o nosso momento e uma razão a mais para o setor continuar investindo em inovação, qualidade e conformidade para ser parte das soluções de que o país precisa.

Editorial I 3

DASOL ABRAVA Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).

Conselho de Administração do DASOLPresidência Luís Augusto Ferrari Mazzon VP Relações Institucionais (VPI) Amaurício Gomes Lúcio VP Operações e Fomento (VPOF) Mauro Isaac AisembergVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Jamil Hussni JuniorVP Marketing (VPM) Rafael Bomfim Pompeu de CamposVP Desenvolvimento Associativo (VPDA)Ernesto Nery Serafini Past President (PP) Carlos Artur Alves de Alencar Secretário Executivo Marcelo Mesquita

Revista Sol Brasil Conselho Editorial Marcelo Mesquita, Mayara Ambrosio e Nathalia MorenoEdição Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) - Setembro ComunicaçãoProjeto gráfico e editoração eletrônica Izilda Fontainha Simões

Foto da Capa Casa: Clovis Deangelo; Skyline: Izilda Simões

Impressão Formato Empresarial

DASOL/ABRAVAAvenida Rio Branco, 1492 Campos Elíseos – São Paulo – SP01206-905 - Fone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Mauro Isaac AisembergVice-Presidente de Operações e Fomento (VPOF)

A solução econômica da energia solar

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4 I Mercado

Produção de coletores cresceu 4,5% no ano passado. Painéis solares

instalados somam área de 11,24 milhões m2

Parque solar térmico brasileiro gerou 7.354 GWh em 2014

Evolução do Mercado de Aquecimento Solar Brasileiro

Em 2014, o parque solar térmico brasileiro atingiu a produção de 7.354 GWh a partir de uma área total de 11,24 milhões m2 de coletores solares instalados no país. Os nú-meros fazem parte de levantamento de mercado realizado pelo DASOL junto às empresas associadas.

São 7.354 GWh que deixam de ser consumidos do sistema elétrico, na medida em que os usuários passam a utilizar a tecnologia solar térmica para aquecimento de água. Considerando o consumo médio residencial de 166

kWh/mês calculado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), essa quantidade de energia é suficiente para abastecer durante um ano 3,7 milhões de residências – comparável a uma cidade como São Paulo, com 3,9 milhões de moradias (IBGE-2010).

Em 2014, a produção de coletores para aquecimento solar de água cresceu 4,5%, com a instalação de 1,44 milhão m2 de placas coletoras no período de 12 meses. Em 2013, esse crescimento havia sido de 19,8%.

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Mercado I 5

Marcelo Mesquita, secre-tário executivo do DASOL, chamou a atenção para o avanço moderado do mer-cado. “Em 2014, o setor foi impactado pela conjuntura econômica que afetou ini-ciativas do Governo como os programas de Habitação de Interesse Social (HIS) que utilizam sistemas de aqueci-mento solar”, observou.

Com efeito, as vendas de coletores para os programas habitacionais recuaram de 19% para 16% em 2014. O grande destaque da pesquisa, porém, foi a ampliação das vendas de aquecedores solares para o setor industrial: 17% em 2014 contra 3% no ano anterior.

Outro dado interessante é que, sendo a energia solar uma fonte limpa, a área acumulada de coletores instalados até 2014 corresponde à geração de energia suficiente para

evitar a emissão anual de 2,3 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (tCO2). Efeito semelhante é obtido com o plantio de 11,54 milhões de árvores.

O levantamento do DA-SOL foi realizado em feve-reiro deste ano com a parti-cipação amostral de 45% das empresas associadas. São empresas que têm o desem-penho de seus produtos afe-

rido pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. A pesquisa apontou que a produção de coletores se man-

teve estável no primeiro semestre de 2014 (aumento de apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2013). No segundo semestre, a produção deu um salto de 8,3%, sem con seguir, porém, superar os números de 2013. Essa é uma característica do mercado, onde o segundo semestre é mais dinâmico.

A potência instalada de painéis solares atingiu em 2014 o valor de 1.008,6 MW, próximo à capacidade da usina hidrelétrica de Sobradinho,

no Rio São Francisco, com 1.050 MW.

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6 I Mercado

Vendas por região

Distribuição das vendas de aquecedor solar por segmento

2013 2014

A produção de coletores fechados, usados para fins sanitários, cresceu 4,5% em relação a 2013. Os coletores abertos, normalmente utilizados para aquecimento de pis-cinas, tiveram crescimento de 3,6%. Chamou a atenção o expressivo crescimento da produção de coletores a vácuo, também usados para fins sanitários: o aumento foi de 60,1%, embora sua participação no mercado seja de apenas 1,1%.

Já a produção de reservatórios térmicos teve acréscimo de 57,2%. Foram produzidas 269.207 unidades, com média de 105 litros por metro quadrado.

Crescem vendas para a indústria

Metade das vendas de 2014 foram destinadas ao segmen-to residencial: 51%, uma redução de nove pontos percentuais em relação a 2013. Mas a grande novidade foi a ampliação do uso da energia solar térmica na indústria. Em 2013, o setor representava 3% das vendas. No ano passado, essa participação subiu para 17%.

“Nossa expectativa é de que essa participação aumente, na medida em que o setor industrial se conscientize da im-portância estratégica do aquecimento solar como solução para reduzir custos e ampliar a competitividade”, observa Marcelo Mesquita. Os segmentos “Programas Habitacio-nais” e “Comércio e Serviços” registraram igualmente 16% de participação.

A região Sudeste continuou sendo a principal comprado-ra de aquecedores solares, com 61,94% das vendas, seguida pela região Sul (21,81%) e Centro-Oeste (10,44%). As regiões com menores participações de mercado em 2014 foram a Nordeste e Norte, com 4,51% e 1,69%, respectivamente.

Expectativas para 2015

Quase um terço (31,25%) das empresas participantes da pesquisa indicaram um crescimento de 20% nas vendas em 2014. Para outras 18,75%, as vendas cresceram acima de 40%. E para 37,5% das empresas, houve redução nas vendas.

Em 2015, a expectativa de 38% das empresas é um cres-cimento entre 16% e 20% das vendas de coletores. No caso dos reservatórios térmicos, há um equilíbrio: 25% esperam crescimento até 5% nas vendas, outros 25% para o aumen-to na faixa entre 11% e 15% nas vendas e outros 25% têm expectativa de crescer de 16% a 20%.

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8 I Especial

Investimento tem retorno em

menos de dois anos

O aquecedor solar de água é mais do que uma das soluções energéticas de que o país tanto precisa para crescer com sustentabi-lidade. Tecnologia 100% nacional baseada em fonte renovável, limpa e gratuita, o aquecedor solar poupa energia e, portanto, reduz as despesas com eletricidade. Mas é também investimento nesses tempos de tarifaço e, ao longo de 24 meses, pode render mais que a poupança.

O cálculo é do Departamento Nacional de Aquecimento Solar da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), com base no consumo de energia elétrica de uma família com quatro pessoas.

Para aquecer a água de até cinco banhos diários de oito minutos, uma família gasta no final do mês cerca de R$ 164,00 na conta de luz – esse valor varia em função do tipo de equipamento e energia utilizados (chuveiro elétrico ou chuveiro com aquecimento a gás).

Mas se o chuveiro elétrico fosse substituído pelo aquecimento solar, essa famí-

lia deixaria de consumir mensalmente 70 kWh (quilowatts hora). Na prática, é o aquecedor solar

gerando energia gratuitamente. O consumidor que investe em aquecimento solar tem

economia logo no primeiro mês e vê o retorno do seu in-vestimento em cerca de dois anos, somente com a redução da conta de luz ou de gás. No caso de uma residência com cinco banhos diários, a família deixará de pagar cerca de R$ 80,00 por mês e terá economizado cerca de R$ 2 mil ao final de 24 meses, período suficiente para cobrir o custo do aquecedor para o padrão familiar descrito. E se a família tiver como hábito tomar mais de cinco banhos diários ou se o tempo de banho for superior a oito minutos por banho, utilizar o aquecimento solar será ainda mais interessante.

Considerando a vida útil do aquecedor solar, essa família economizaria valor próximo a R$ 53 mil ao final de 20 anos, isso se a tarifa de energia for reajustada nos próximos anos

Aquecimento solar rende mais que a poupança C

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Se os 11,9 (1) milhões de habitantes da cidade de São Paulo (IBGE, 2014) adotassem a energia solar para aquecer a água do banho, a cidade deixaria de emitir por ano 2.828,2 mil toneladas de CO2 e ainda faria uma economia anual de R$ 440 milhões em investimentos do governo em geração, transmissão e distribuição de energia.

Valor do aquecedor solar: R$ 2 milEconomia com o aquecedor solar na conta de energia: R$ 80,00/mêsInvestimento na poupança de R$ 80/mês, por 24 meses: R$ 2 mil

Em 20 anos:Economia proporcionada pelo aquecedor solar: R$ 53 mil (2)Rendimento da poupança com depósito de R$ 80,00/mês: 43 mil Ganho no período: R$ 10 mil

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Nota 1: Estimativas da população residente IBGE (01/07/2014)

Nota 2: Considera 10% de aumento na tarifa de energia a cada ano.

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Especial I 9

no mesmo percentual de rendimento da poupança, cerca de 7% ao ano - o que não é um fato real, pois a tendência é a eletricidade aumentar muito mais do que isso. O aquecedor solar se mostra, então, ainda mais vantajoso.

Além das contas de energia mais caras, seja por uma questão de necessidade ou mesmo de conforto, grande parte das famílias tomam mais banhos diários e usam o chuveiro elétrico por mais tempo do que exemplo acima. Esta situação também indica o aquecedor solar como a melhor alternati-va, sendo mais rápido o retorno do dinheiro investido no equipamento.

Chuveiro: (6 meses na posição inverno (5.500W) e 6 meses na

posição verão (3.200W)

Número de banhos por dia/família: 5

Tempo de banho: 8 minutos por pessoa

Média de economia com aquecimento solar: 70 kWh/mês

Tarifa de energia elétrica: R$ 0,673 (com impostos admitindo-se

30% de reajuste em 2015)

Rendimento da poupança: 0,6% ao mês

Família de 4 pessoas por domicílio

Custo marginal de expansão do setor elétrico: R$ 154,00/MWh

Base de cálculo

“A conclusão é de que investir em energia solar é muito mais rentável que a poupança”, afirma Marcelo Mesquita, secretário executivo do DASOL. “Muita gente está fazendo as contas e percebe que o dinheiro colocado na poupança perde para a economia gerada pelo aquecedor solar. Hoje, com as altas das tarifas de energia, com certeza o aquecedor solar é um ótimo investimento, pois garante economia por muitos anos”, acrescenta Mesquita.

Ganha o consumidor e ganha o país. O uso da energia solar no aquecimento de água poupa eletricidade e, por-tanto, contribui para postergar os pesados investimentos

em infraestrutura para a ampliação do parque elétrico nacional.

Além disso, os quilowatts de energia elétrica que deixam de ser consumidos no aquecimento do banho são disponibilizados à sociedade para outras finalidades, por exemplo para grandes consumidores como as indústrias, que convivem com os riscos de redução da oferta de energia e também tarifas crescentes em grandes volumes de consumo.

O meio ambiente também ganha. Adiar inves-timentos no sistema elétrico significa reduzir os fortes impactos ambientais decorrentes da cons-trução de novas usinas hidrelétricas. Sem falar nas usinas termelétricas, que queimam combustíveis fósseis, liberam poluentes na atmosfera e têm sido crescentemente acionadas para garantir o supri-mento de energia no país.

Aquecedor solar:investimento garanteeconomia por muitos anos

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10 I Especial

ABRAVA-DASOL apresenta em Brasília o programa

“1 Solar em Cada Casa” para poupar energia elétrica

e facilitar aquisição de aquecedores solares de água

O aquecimento solar como política pública para reduzir o consumo de energia elétrica é o tema da proposta “1 Solar em Cada Casa”, que a ABRAVA e o DASOL apresentaram ao Governo no início de junho. A proposta visa ampliar o aproveitamento sustentável dos recursos naturais e reúne cinco linhas de ação para disseminar a tecnologia solar tér-mica e facilitar a aquisição de aquecedores solares no Brasil.

O aquecedor solar demanda um investimento inicial mais

Uma política pública parao aquecimento solar

expressivo do que somente utilizar um chuveiro elétrico, embora em dois anos esse investimento seja totalmente amortizado pela economia de energia. (Veja matéria “Aquecedor solar rende mais que poupança” nesta edição).

Por essa razão, a ABRAVA-DASOL sugere ações para ampliar a participação da tecnologia solar em programas do governo com orçamentos e recursos financeiros já existentes.

Aquecimento solar: tecnologia 100% brasileira para reduzir o consumo de energia elétrica no país

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Especial I 11

A proposta inclui a criação de linhas de crédito e a liberação do FGTS para que o trabalhador possa comprar sistemas de aquecimento solar e economizar na conta de luz.

Pela proposta da ABRAVA-DASOL, nos primeiros quatro anos a instalação de 16 milhões m2 de placas solares representaria uma adição de 1.472 MW à capacidade de geração de energia do país e uma economia de R$ 19 bilhões em investimentos no setor elétrico nacional. A proposta total prevê ganhos imediatos e, ao final da vida útil mínima de 20 anos, resultaria na economia de 124.320 GWh de energia elétrica com a instalação do aquecedor solar em 8 milhões de residências.

Motivada por recente pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, afirmando que o Brasil deve usar muito mais a energia solar térmica, e baseada em cálculos do setor que mostram sua viabilidade como política pública, a proposta foi detalhada em três reuniões em Brasília com secretários dos ministérios de Minas e Energia (MME), Meio Ambiente (MMA) e Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Nessas reuniões, os presidentes da ABRAVA, Wadi Ta-deu Neaime, e do DASOL, Luís Augusto Ferrari Mazzon, elencaram os benefícios energéticos, econômicos, sociais e ambientais da tecnologia solar térmica. Entre esses benefícios está a contribuição para a segurança energética brasileira. Segundo dados do Procel, 7% de toda a energia elétrica consumida no país é destinada ao aquecimento de água para banho. A disseminação do aquecimento solar permitiria destinar essa energia para outras finalidades. (Infográfico nas páginas 14 e 15 traz síntese dos estudos do setor solar).

A adoção da tecnologia solar térmica significa também mais renda no bolso das famílias. Em média, o aquecimen-

Wadi Neaime, Moacir Bertol e Luís Augusto Ferrari Mazzon: ABRAVA e MME irão rever estimativas para validar

uma base comum de informações

Luís Augusto Mazzon, Carlos Gadelha, Wadi Neaime e Igor Calvet, na reunião com o MDIC: ABRAVA solicitou apoio do ministério para ampliar competitividade da indústria nacional

to solar traz economia mensal superior a 30% no valor da conta de luz. Na maioria dos casos, essa economia pode ser suficiente para custear a parcela de compra do produto em um prazo de 36 meses.

Os representantes da ABRAVA e do DASOL também esclareceram nas reuniões em Brasília as premissas adotadas na formulação dessa proposta e que atestam sua viabilida-de. Entre essas premissas estão a produção de energia dos

equipamentos, a capacidade ociosa atual da indústria, a disposição do setor para contribuir com o país e os resultados de satisfação e economia de energia medidos em projetos já executados e pesquisas no Progra-ma Minha Casa Minha Vida.

“Não faz sentido um programa de governo com o porte do Minha Casa Minha Vida sem a inserção da tecnologia solar térmica em todas as unidades construídas para aque-cimento de água em substituição ao consumo de energia elétrica para banho”, observou o presidente do

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12 I Especial

DASOL. Atualmente, menos de 10% das unidades habita-cionais do programa recebem o aquecedor solar.

Luís Augusto Mazzon salientou que o setor reúne condi-ções para dar suporte ao lançamento de uma política pública voltada para o aquecimento solar: os aquecedores solares possuem etiqueta do Inmetro e o país já conta com cerca de 10 mil profissionais para instalação desses equipamentos nas residências, além de cerca de 3 mil lojas de distribuição.

Alinhar parâmetros

O secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Energético do MME, Moacir Carlos Bertol, demonstrou expressivo interesse pela proposta. O secretário apresentou ações em desenvolvimento para ampliação do parque gerador, visando tanto a matriz de oferta como a de capacidade instalada. Ele ressaltou que o país não pode desperdiçar nenhuma oferta, uma vez que o Governo tra-balha com a projeção de que a partir de 2025 haverá um esgotamento da exploração de novas fontes hidrelétricas.

“Ficou acertado que a ABRAVA e o Ministério irão rever as estimativas do programa para que indústria e Governo possam validar uma base comum de informações e pro-mover a adesão dos agentes envolvidos”, disse o secretário executivo do DASOL, Marcelo Mesquita, que também parti-cipou da reunião. Não está descartada, porém, a possibilida-de de a ABRAVA construir alguns cenários, contemplando diferentes tendências do mercado.

Adriano Oliveira, secretário-adjunto de Mudanças Cli-máticas do MMA, avaliou que as estimativas da ABRAVA vêm contribuir para o estudo de mitigação de emissões que o Brasil levará à 21ª Conferência sobre Mudança Climática

(Paris Climat 2015) no final do ano. A ABRAVA prevê que ao longo de quatro anos a adoção desse programa iria evitar a emissão de mais de 7 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (tCO2), um dos gases causadores do efeito estufa. Em 20 anos, tempo de vida útil estimado para o aquecedor solar, seria evitada a emissão de 35 milhões de tCO2.

Na reunião com o MMA, o DASOL também sugeriu que o GT-SOLAR - Grupo de Trabalho Energia Solar Térmica seja institucionalizado para ganhar maior representatividade e autonomia, essenciais para o avanço das propostas voltadas à disseminação da tecnologia de aquecimento solar no Brasil.

Competitividade da indústria

Na reunião com o MDIC, Luís Augusto Ferrari Mazzon destacou que a tecnologia solar térmica é totalmente nacional e utiliza matérias primas e mão de obra também nacionais. “Diferentemente de outras tecnologias que também estão sendo consideradas pelo MME, mas que ainda dependem 100% de importação”, afirmou.

Mazzon salientou também a necessidade de apoio do Governo para ampliar a competitividade da indústria na-cional de coletores nos mercados internacionais. Ele citou como exemplo o acesso à tecnologia para fabricar coletores com superfície seletiva. Esses coletores são mais eficientes porque absorvem mais e refletem menos a radiação solar, necessários em países mais frios. A adoção dessa tecnologia impacta em cerca de 15% os custos do setor térmico nacional.

A ABRAVA ainda esclareceu que, embora a capacidade operativa atual do setor seja de 60%, o setor tem condições de suportar um crescimento expressivo imediato. Mas, em

um segundo momento, o setor precisará contar com o apoio do MDIC para liberar recursos visando à ampliação do parque fabril - que será viável na consolidação da demanda motivada pelo Programa 1 Solar em Cada Casa.

O MDIC também apresentou oportuni-dades de parcerias para abertura do merca-do internacional e financiamento. A equipe técnica do MDIC irá analisar a proposta da ABRAVA sob o ponto de vista de política industrial, sustentabilidade e transborda-mento, com efeitos em comércio exterior.

Luís Augusto Mazzon, Adriano Oliveira e Marcelo Mesquita na reunião no MMA: proposta da ABRAVA ajudaria a evitar a emissão de 35 milhões tCO2

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Especial I 13

Um programa em cinco ações

1) Liberação de recursos do FGTS para trabalhadores com renda de até 10 salários mínimos ou média anual de consumo de 300 kWh/mês para aquisição de aquecedores solares de até 2 m² de área coletora e reservatório de 200 litros. Além da rede de comércio existente, a aquisição dos equipamentos também poderá ser feita em lojas de materiais de construção.

2) Ampliação da tecnologia do aquecimento solar de água no PROPEE (Procedimentos dos Programas de Eficiência Energética), desenvolvido pelas concessionárias de distri-buição de energia e sob coordenação da Agência Nacional de Energia Elétrica. A proposta é que os recursos vindos do PROPEE (e hoje arrecadados via conta de luz) possam ser utilizados na aquisição do aquecedor solar. Assim, 50% do equipamento seria custeado pelo PROPEE e 50% pelas fa-mílias adquirentes, beneficiadas por linhas de financiamento dedicadas.

3) Implantação compulsória de aquecedores solares em

1 Solar em Cada CasaTotal do Programa

Ano 1 Ano 4 Total

Famílias Atendidas (milhões) 2 8 8

População (milhões de pessoas) 8 32 32

m2 (milhões) 4 16 16

Energia Economizada **(Gwh) 1.680 6.720 124.320

Capacidade de Geração Adicionada (MW) 368 1.472 1.472

Emissões Evitadas mil tCO2** 1.752 7.000 35.040

Geração de Empregos Diretos 2.723 10.893 10.893

Custo Médio R$/MWh 88,48

Investimento (milhões de R$) 2.750,00 11.000,00 11.000,00

Economia no Setor Elétrico (milhões de R$) 258,72 1.034,88 19.145,28

* Recurso PROPEE (50%) e 50% vindos de famílias adquirentes dos sistemas solares.** Considera-se a vida últil do aquecedor solar de, no mínimo, 20 anos.

As propostas do DASOL-ABRAVA estão reunidas em cinco ações principais:

todas as unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, independentemente da renda familiar. Atualmente, somente 263 mil casas unifamiliares da faixa 1 de renda (até R$ 1.600) estão sendo equipadas com aquecimento solar. O MCMV tem meta de contratar 6,75 milhões de moradias até 2018.

4) Obrigatoriedade do uso da energia solar térmica nas

novas construções residenciais que se beneficiem de recursos públicos, bem como nos programas habitacionais de gover-nos estaduais e municipais. Essas unidades serão equipadas tanto com sistemas compactos, iguais aos usados no PMCMV, quanto com sistemas tradicionais de mercado, de maiores capacidades para armazenamento de água aquecida.

5) Campanha de incentivo ao uso da energia solar térmi-ca: campanha nacional de comunicação e conscientização de pessoas, empresas e governos para incentivar a adoção voluntária do aquecimento solar de água.

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16 I Notícias do Dasol

O uso eficiente da energia deve ser premissa de toda so-ciedade que busca o desenvolvimento dentro de parâmetros sustentáveis. A maior utilização da energia solar térmica, fonte limpa, gratuita e renovável, significa postergar pesados investimentos e reduzir os fortes impactos ambientais que cercam a expansão do parque elétrico nacional.

José Goldemberg, físico e professor emérito da Uni-versidade de São Paulo, defende a instalação de coletores solares térmicos nas residências, reduzindo a “fração de eletricidade” atualmente destinada ao aquecimento da água dos chuveiros elétricos e outros usos domésticos.

Ele acredita que a instalação obrigatória do aquecimento solar, já prevista para algumas unidades do Minha Casa Minha Vida, deveria ser estendida a todo tipo de residência. “Adotar este procedimento aumentaria a segurança energé-tica do país”, observa o professor.

Mais segurança energética“O uso de eletricidade para chuveiros é particularmente

desaconselhado porque exige grande potência de pico. Existem países onde é obrigatória a instalação de coletores solares para fins residenciais”, informa Goldemberg.

O economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), também considera relevante a contribuição que a energia solar térmica pode dar ao país. “Quanto mais diversificada a matriz energética, menor a possibilidade de apagão.” Na sua avaliação, é preciso modernizar a política energética brasileira.

“A melhor maneira de fazer disso é descentralizar a geração de energia. É o caso da energia solar que pode ser gerada em casa, em qualquer lugar”, comentou Adriano Pires, referindo-se à energia solar em geral. “O trabalho do DASOL é muito importante porque vai na direção da modernidade e de uma energia abundante que é o sol.”

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Notícias do Dasol I 17

O fantasma do racionamento

Desde o ano passado, a crise hídrica trouxe de volta à cena o fantasma do racionamento de energia. Especialistas avaliam que esse risco está momentaneamente administra-do, seja por causa da desaceleração da atividade econômica, seja pelo acionamento crescente das usinas termelétricas.

José Goldemberg observa que o risco de racionamento de energia elétrica não está totalmente afastado. “O nível dos reservatórios da região Sudeste do país (onde se encontra a maioria das hidrelétricas) está ainda no nível do ano pas-sado, que é inferior ao nível de 2001 quando houve de fato um racionamento”, argumenta.

“O que está evitando problemas deste tipo até agora é o uso de usinas térmicas usadas a plena carga e que produzem eletricidade muito mais cara”, lembra o professor. Na sua visão, o país evita o racionamento pagando um preço muito alto. “A situação, a meu ver, não é sustentável no longo prazo”, diz Goldemberg.

Adriano Pires admite que o risco de racionamento de energia elétrica ficou menor este ano por causa do desaqueci-mento da economia.

“O Governo optou pelo racionamento econômico em vez do racionamento físico. Na medida em que o Governo fez o tarifaço - e as tarifas devem aumentar este ano 70% -, o consumo de energia vai crescer pouco e o aumento da tarifa vai

Adriano Pires: Governo optou peloracionamento econômico

atingir residências, comér-cios pequenos e a média indústria”, argumenta Pires. Na sua opinião, pequenos comércios fecharão as portas sem condições de pagar as contas de luz.

Para ele, o problema foi apenas adiado. “Agora es-

tamos no período de seca, no final do ano vamos esperar pelo período de chuvas e voltar a pensar em racionamento para 2016. Mas, se o país não cresce, a demanda de energia não cresce”, critica Pires. “Se 2014 crescesse em torno de 2%, inevitavelmente haveria racionamento físico”, afirma.

Luís Augusto Ferrari Mazzon, presidente do Departa-mento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL), salienta que, independentemente do risco de desabastecimento, o que está motivando o setor são os aumentos tarifários nas companhias de energia.

“Os consumidores estão sentindo no bolso o preço da energia e começam a enxergar o que nem sempre é óbvio, mas que no Brasil temos em abundância: o Sol sobre nossos telhados é uma maneira barata e inteligente de economizar.”

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José Goldemberg: instalação compulsória do aquecimento solar aumentaria a segurança energética do país

Energia solar na TV

O aquecimento solar é uma das soluções de um con-domínio popular de Curitiba, tema do quadro “Expedições Urbanas” do programa “Como Será?” da Rede Globo de Televisão. O link para o vídeo do programa está disponível no site do DASOL (www.dasolabrava.org.br).

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18 I Notícias do Dasol

CB-Sol destaca soluçõesda energia solar térmica

Venha compartilhar experiências e conhecimento no 3º CB Sol

Mais informações sobre o 3º CB-SOL:www.cb-sol.org.brABRAVA: (11) 3361-7266, ramais 142 e [email protected]

As soluções e as possibilidades da energia solar térmica são o grande tema do Congresso Brasileiro de Aquecimen-to Solar (CB-Sol), organizado desde 2011 pelo DASOL da ABRAVA. Em 2015, a terceira edição do CB-Sol será rea-lizada mais uma vez em parceria com a Intersolar South America, evento mundial da indústria solar.

Cases de sucesso nas diversas áreas de aplicação da ener-gia solar térmica serão apresentados durante o 3º CB-Sol nos dias 2 e 3 de setembro no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo. O programa inclui um workshop sobre a tecnologia de aquecimento solar voltado para arquitetos, engenheiros, construtores, técnicos e demais interessados.

Empresas associadas à ABRAVA têm desconto na ins-crição para o Congresso e na exposição da Intersolar. O site www.cb-sol.org.br também traz informações detalhadas sobre as várias modalidades de patrocínio durante o CB-Sol.

Conteúdo relevante

Palestrantes do 2º CB-Sol, realizado em 2014, comenta-ram a importância do evento para a promoção do conheci-mento do setor. “O congresso conseguiu reunir palestras, conteúdo e depoimentos valiosos para o segmento. Foi gratificante compartilhar o conhecimento da nossa empresa e reciclar informações sobre o mercado e a tecnologia dos aquecedores solares”, salienta o engenheiro Rodrigo Cunha Trindade, diretor técnico da Agência Energia Projeto e Con-sultoria em Energia Solar.

“O evento mais uma vez mostrou-se uma oportunidade

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Realização:

única para a troca de ideias relevantes entre os principais participantes do setor de aquecimento solar. Em um pa-norama extremamente dinâmico, isso é essencial para os profissionais e suas empresas”, observa o professor Lucio Mesquita, diretor da Thermosol Consulting (Canadá).

Presente em todas as edições do CB-Sol, a professora dra. Elizabeth Marques Duarte Pereira, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Energia Solar do Centro Universitário UNA-MG, também destacou a relevância de compartilhar experiências com fabricantes, projetistas, representantes da academia e de órgãos do Governo Federal. “E, a partir disso, pensarmos juntos os caminhos da energia solar no Brasil”.

“Os debates trazem benefícios a um país que busca efi-ciência em sua matriz energética”, observou a engenheira Márcia Donato, diretora da M3tro Cúbico Projetos e Con-sultoria, que também foi palestrante no 2º CB-Sol.

“O evento me surpreendeu positivamente, as palestras foram de altíssimo nível, com discussões técnicas avança-das, permitindo uma ótima interação entre todos os par-ticipantes”, observou o engenheiro José Jorge Chaguri Jr., da Chaguri Consultoria e Engenharia. Ele também elogiou a Feira Exposolar, evento paralelo ao congresso. “A feira apresentou uma ampla gama de soluções tecnológicas para diversas configurações de aplicações possíveis.”

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20 I Tecnologia

Cada vez mais quenteExpandindo horizontes com energia solar heliotérmica

Recursos solares são um potencial de geração de energia ainda pouco explorado no Brasil. Mas uma coisa é certa.Os primeiros a reconhecerem esse potencial têm boas chances de serem os primeiros a ganharem um mercado novo: a heliotermia em aplicações não elétricas.

Eduardo SorianoSamira Sousa

Dante Hollanda

Mapa da irradiação solar mundial: potencial heliotérmico em praticamente todo o Brasil, especialmente no Nordeste e em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil

Até pouco tempo atrás, não se pensava no Sol como potencial energético, mas como sinônimo de belas praias e calor extasiante. Aos poucos, as perspectivas estão mudando e a disponibilidade de irradiação solar durante o ano inteiro, como é o caso do Brasil, abre novas e variadas oportunidades de negócios e desenvolvimento industrial.

Atualmente, o aproveitamento do Sol pode ser feito por meio de três grandes tecnologias: aquecimento solar, energia fotovoltaica e energia heliotérmica (Concentrating Solar Power, ou CSP). Apesar de muitas vezes serem confundidas umas com as outras, elas envolvem maneiras muito distintas de transformar a luz solar em calor ou energia.

A energia fotovoltaica, por exemplo, converte a luz do Sol diretamente em energia elétrica, sem utilizar calor. As outras duas tecnologias – o aquecimento solar e a energia heliotérmica – funcionam pela captação e armazenamento de calor. A diferença é que, enquanto o aquecimento solar funciona numa faixa de temperaturas entre 60°C e 150°C, a heliotermia, usando o princípio da concentração dos raios solares diretos, opera entre 200°C e 1000°C.

O calor heliotérmico pode ser aproveitado de duas for-mas: para gerar energia elétrica, com a utilização de uma turbina movida a vapor produzido pelo calor do Sol; ou diretamente, em aplicações como o fornecimento de calor industrial ou refrigeração.

Energia heliotérmica

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Tecnologia I 21

Aplicações industriais no mundo

A oferta de calor de processo é uma questão bastante importante nos países industrializados. Na Alemanha, em 2007, a indústria era responsável por 28% do consumo total da energia do país, sendo que, desses, 76% eram utilizados para geração de calor.

Para o Brasil, as análises do International Energy Outlook 2013 (IEA, 2013) indicam que, em 2010, 60% da energia total consumida no país era utilizada pelo setor industrial. A previsão de consumo energético para os próximos anos é de aumento: cerca de 1,7% por ano entre 2010 e 2040, sendo que a indústria continua mantendo uma fatia considerável desse consumo.

O calor de processo em aplicações industriais abrange uma grande faixa de temperatura – entre 30°C e 1300°C. A tecnologia relacionada à energia heliotérmica facilmente atinge temperaturas até 400°C, faixa onde se encontram aplicações nas indústrias alimentícia, de tabaco e papel e celulose, por exemplo.

Temperaturas acima de 400°C são empregadas, principal-mente, nas indústrias metalúrgica, de mineração e química. Enquanto no Brasil quase nenhuma experiência existe para tais processos industriais, no mundo já há muitos exemplos em operação de aplicação de energia heliotérmica para ob-tenção de calor de processo.

Empresas alemãs, francesas e italianas estão operando, por meio de heliotermia, com vapores superaquecidos de até 540°C e 100 bar de pressão. Na ilha de Sardenha (Itália), um concentrador solar do tipo Fresnel é empregado na produção de queijos. Com cerca de 1000 m² instalados e com o uso de vapor com altas temperaturas, a produção alcança 670 kg/h.

Em um dos projetos, realizados no Qatar, o calor é empregado em uma unidade de dessalinização térmica de produção de água doce para irrigação de plantas em estufas

– produz-se cerca de 10 m³ por dia de água doce. Também nesse país, os apaixonados por futebol irão gostar do que está sendo preparado para a Copa do Mundo de 2022: estádios estão sendo construídos com refrigeração por meio de CSP.

Um novo mercado para as empresas fornecedoras e instaladoras

Grande parte da economia brasileira utiliza processos térmicos em suas atividades industriais. No entanto, dife-rentemente do setor comercial, as temperaturas envolvidas

em processos industriais normalmente situam-se acima dos 100°C. Para tem-peraturas entre 100°C e 120°C, conside-radas baixas para o setor industrial, os sistemas de coletores solares conven-cionais atendem com preços bastante competitivos.

Entretanto, para médias e altas temperaturas, são necessários concen-tradores solares. Assim, o domínio das tecnologias heliotérmicas abre um novo mercado para as empresas fornecedoras e instaladoras de equipamentos e siste-mas de aquecimento solar.

Para temperaturas de até 400°C, os coletores tipo Fresnel, que utilizam es-pelhos planos e foco em linha, atendem com custos muito competitivos, tanto de instalação quanto de operação e manu-

Aquecimento Solar

Energia fotovoltaica

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22 I Tecnologia

O projeto Energia Solar Heliotérmica é uma parceria entre os governos alemão e brasileiro, operacionalizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Agência de Cooperação Alemã (GIZ) no âmbito do acordo de energias renováveis e eficiência energética entre os dois países.

Este projeto tem por objetivo capacitar o Brasil para a introdução competitiva da energia solar heliotérmica na matriz energética brasileira. Para isso, está promovendo uma série de atividades, como capacitação de recursos humanos (em-presas, universidades, órgãos governamentais), produção de material técnico, promoção de missões ao exterior, promoção da interação entre empresas brasileiras e alemãs e produção de material de divulgação.

Projeto Brasil-Alemanha em energia solar heliotérmica

Empresas fornecedoras de equipa-mentos, instituições de ensino e pesquisa em energia solar, bem como o setor indus-trial demandante de calor de processo, podem obter apoio para projetos das

seguintes formas: • Informação sobre energia solar heliotérmica: por

meio do portal www.energiaheliotermica.gov.br, construído especialmente para fornecer informações sobre as diversas tecnologias de concentração solar. Além disso, está disponível um conjunto de documentos elaborados especialmente para o Brasil. Em inglês, existe uma versão simplificada do site;

• Eventos de capacitação e relacionamento: cursos técnicos e científicos, cursos para gestores, encontros em-presariais e missões técnicas no Brasil e no Exterior.

Engº Eduardo Soriano - Coordenador Geral de Tecnologias Setoriais - Ministério da Ciência, Tecnologia e InovaçãoEngª Samira Sousa - Coordenadora de Desenvolvimento de Tecnologias Setoriais - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Engº Dante Hollanda - Tecnologista em Ciência e Tecnologia - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

tenção, principalmente por terem estruturas relativamente simples. Outra vantagem dessa tecnologia é a facilidade de instalação em telhados e coberturas, devido ao seu baixo peso e pela semelhança de instalação com os coletores convencionais.

Pelo fato de esses coletores serem uma evolução tecnológica dos convencionais, as empresas do setor podem, com pouca capa-citação e um pequeno incremento em sua infraestrutura, passar a atuar neste mercado ainda inex-plorado no Brasil.

Os sistemas Fresnel podem ser utilizados tanto para for-necer calor diretamente para o processo, quanto para realizar o pré-aquecimento, otimizando energeticamente uma indústria, uma vez que, com os altos custos da energia elétrica, diversos pro-cessos para gerar calor ficaram inviáveis. Além disso, o uso dessa energia totalmente limpa e renovável aumenta a sustentabilidade dos produtos com ela produzidos.

No Brasil ainda não existem empresas fornecedoras

dessa tecnologia, mas há possibi-lidades para a associação de em-presas brasileiras com empresas internacionais (como da Alemanha, Estados Unidos e Espanha) para não somente importar equipamentos, mas também começar a produzir no Brasil. Visto que a tecnologia está em constante evolução, existe espaço para desenvolvimento tecnológico no Brasil, de modo que os equipa-mentos possam se adaptar melhor às condições brasileiras.

Como se pode ver, a heliotermia pode ter um papel importante nas aplicações industriais relacionadas ao calor de processo. Entretanto, atu-almente a complexidade e a grande variedade de processos industriais requerem um esforço no planeja-mento, na integração e na instalação desses sistemas.

Nesse sentido, como a utilização dessa tecnologia ainda é insipiente em processos industriais, a imple-

mentação de projetos demonstrativos e incentivos à utiliza-ção, como programas de subsídio, é essencial para ajudar a minimizar os riscos inerentes aos investimentos e a superar possíveis entraves à disseminação dessa tecnologia.

Tecnologia Fresnel em prédio industrial na Alemanha

Foto: GIZ Brasil/Divulgação

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24 I Case Solar

A Cemig, em parceria com a Forluz (Fundação Forlu-minas de Seguridade Social), inaugurou no final do ano passado o primeiro prédio de Minas Gerais a obter o selo in-ternacional de certificação sustentável Leadership in Energy and Environmental Development Leadership. A edificação verde abriga a sede da Cemig, a Gasmig (companhia de gás) e um gabinete do governo estadual.

O prédio da Forluz possui ao todo 30 pavimentos: são 25 andares de escritórios e cinco subsolos que serão usados como estacionamento e lojas. A área total construída é de 58.995 m2. A obra foi pensada e executada de acordo com os princípios de inovação e cuidado ambiental e, como não poderia deixar de ser, conta com a incorporação do sistema de energia solar para aquecimento da água.

Toda a adequação deste grande sistema foi de responsa-bilidade da Enalter, com a instalação de 70 coletores SimSol e dois reservatórios Ecotherm. Assim, o sistema tem capa-cidade para aquecer mais de 8.000 litros de água por dia, elevando a temperatura ambiente da água até 40ºC. Todos

os equipamentos utilizados contam com classificação A do Inmetro, garantia de cinco anos e previsão de vida útil de 20 anos, pois são fabricados com componentes de alta qua-lidade, o que possibilita máxima durabilidade e eficiência.

Como sistema de apoio, na falta da energia solar, o edifício ainda conta com aquecimento elétrico (resistência elétrica) com potência de 45 kW, instalado em um terceiro reservatório de 4.000 litros destinado a esse tipo de aque-cimento.

Segundo o engenheiro Fabiano Lara, gerente de produtos da Enalter, o grande diferencial da empresa é a preocupa-ção em desenvolver projetos específicos de acordo com a necessidade de cada obra, conseguindo assim o máximo de eficiência energética. Além disso, a Enalter consegue a fidelização de seus clientes e captação de novos, através de constante atualização, buscando sempre o aprimoramento dos materiais, equipamentos, técnicas e métodos.

As informações são de responsabilidade da Enalter.

Enalter Engenharia de Aquecimento

www.enalter.com.br

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Sistema da Enalter aquece águade prédio sustentável da Cemig

Obra completamente

sustentável escolheu a

empresa mineira para

a adequação de seu

sistema solar

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O hotel fazenda M1, localizado em Águas de Lindóia (SP), encontrou na A Atual Aquecedores Solares a solução para gerar energia de forma limpa, econômica e sustentável e garantir o conforto da água quente no conjunto de piscinas e nas acomodações para os hóspedes.

“O projeto era desafiador por atender vários tipos de instalações do hotel, com diferenças em tamanho, número de hóspedes, estrutura das edificações, telhados e distâncias entre os pontos de consumo”, lembra Claudiomar Danilo, gerente comercial da A Atual.

Ele lembra que em 2004 o aquecedor solar não era um produto muito conhecido pelos consumidores da região e até havia desconfiança sobre o seu funcionamento. “Portanto, foi uma decisão bastante arrojada do proprietário Adriano Franch adotar o aquecimento solar em um hotel fazenda do porte do M1”, observa Danilo. O hotel tem capacidade para hospedar 280 pessoas.

Havia ainda o desafio de manter a água quente nas piscinas (de diferentes tamanhos) em uma região fria como

Sistemas da A Atual Aquecedores Solares garantem

água quente em hotel fazenda em Águas de Lindóia (SP)

Águas de Lindóia. “A piscina com toboágua foi também uma aposta do cliente que até hoje usa o aquecimento como atrativo do hotel fazenda.”

Assim, para atender às necessidades do cliente, foram empregados diversos tipos de instalação de aquecedor solar, com apoio de aquecedores a gás. “Quase todas as instalações precisaram de sistemas de circulação forçada com bombas e termostatos diferenciais e apenas algumas eram de circulação natural.”

Foram utilizados reservatórios térmicos de 500, 600 e 1.000 litros, conforme o dimensionamento de cada unidade. Alguns reservatórios foram instalados dentro do telhado. Também foram construídas estações externas de captação solar porque alguns telhados não tinham estrutura suficiente para suportar os coletores e reservatórios ou não possuíam orientação norte, mais adequada para a instalação. A área de coletores soma 128 m2.

Devido às distâncias entre as unidades do hotel fazenda, foram utilizados sistemas de circulação de barrilete para

evitar problemas com tempo de espera de água quente nos pontos de consumo.

Na época, acreditava-se que não seria possível instalar o aquecedor solar em construções pré-exis-tentes e sem tubulação para água quente. A Atual Aquecedores Solares solucionou esse problema com 30 eficientes misturadores externos.

Todo esse projeto resultou em uma redução inicial de aproximadamente 60% no consumo de energia elétrica, com uma economia de até 70% du-rante o ano. Assim, o retorno sobre o investimento foi muito rápido. “E não foi necessário reduzir a qualidade de atendimento. Segundo o proprietário do M1, a satisfação dos clientes com a água quente até melhorou”, relata Danilo.

As informações são de responsabilidade da A Atual.

A Atual Aquecedores Solares www.aatual.com.br

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Aquecimento solar aténa piscina com toboágua

Case Solar I 25

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O DASOL da ABRAVA realiza de 20 a 22 de julho o curso Projetista de Sistemas de Aquecimento Solar, abordando aplicações para pequeno, médio, grande porte e piscina. Ministrado pelo engenheiro Luciano Torres Pereira, o curso é destinado a técnicos, engenheiros, arquitetos e profissionais do setor de aquecimento solar, habitação e de concessionárias de energia.

Empresas associadas e entidades apoia-doras têm desconto no valor dos cursos oferecidos pelo DASOL da ABRAVA.

Mais informações pelo telefone (11) 3361-7266, ramal 142, ou pelo e-mail [email protected].

As inscrições podem ser feitas pelo site www.dasolabrava.org.br

Projetista de SAS

A Atual

Açonobre

Arksol

Callore

Dinâmica

Enalter

Heliotek/Bosch

Hidroconfort

Jamp

Jelly Fish

Sodramar

Sol Soluções

Solar Evolution

Solar Minas

Soletrol

Soltec

Soria

Termomax

Tuma

Unisol

ViaSol

Empresas Associadas

Kisol

Komeco

Manut Solar

Mastersol

Maxtemper

Mondialle Solar

Pro-Sol

Quartsol

Rayssol

Rinnai Curta Revista Sol Brasil no Facebook

Enalter pág. 5

CBA Votorantim pág. 7

A Atual pág. 17

Soletrol pág. 19

Solarem/Tuma pág. 23

Heliotek/Bosch pág. 28

2º Semestre 2015!

AGENDA SOLAR

Anunciantes da 26a edição

Cursos

26 I Agenda

Em parceria com a GIZ (Agência Internacional de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentá-vel) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o DASOL promoveu no dia 9 de junho o Curso de Energia Heliotérmica (CSP – Concentrating Solar Power). Com quatro horas de duração e gratuito para as empresas associadas à ABRAVA, o curso abordou as aplicações da tecnologia heliotérmica na geração de calor para pro-cessos industriais.

Energia heliotérmica

Uma campanha bem-humorada nas redes sociais marcou o Dia In-ternacional do Sol, comemorado em 3 de maio.

Empresas do setor criaram a fanpage Dia do Sol no Facebook e convidaram seus seguidores a compartilhar os SOLticons.

Os SOLticons são ícones inspirados nos Emoticons que aparecem nas mensagens transmitidas em plataformas digitais como os celulares.

Entre as várias opções, estão o Sol Econômico, o Sol Estudioso, o Sol Gentil, o Sol Pesquisador e o Sol Trabalho.

A ideia da campanha foi reforçar a importância do sol como fonte de vida e de energia limpa, renovável e gratuita.

Acesse www.diadosol.org.br e compartilhe!

SOLticons noDia do Sol

Obs.: Programação sujeita a alterações durante o ano.Mais informações em www.dasolabrava.org.br

20 a 22 de julho Curso:“Projetista de Sistema de Aquecimento Solar”

2 e 3 de setembro3º CB-Sol

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