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Page 1: Revista Sol Brasil - 4°edição
Page 2: Revista Sol Brasil - 4°edição

Índice2

Mundo Verde

Editorial

Entrevista

Expediente

Notícias do DASOL4

ABRAVA recebe troféu Selo Procelpela 11ª vez.

José GoldembergCientista da USP defende compulsoriedade do Selo Procel e fala sobre a contribuição da energia solar para reduzir o consumo de eletricidade no horário de pico.

Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condi cio nado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Luís Augusto Ferrari Mazzon, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno, Ronaldo Yano e Sara VieiraEdição: Setembro ComunicaçãoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesFoto capa: cedida pela Tuma Industrial

Diretoria DASOLPresidência - José Ronaldo KulbVP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Laercio LopesVP Relações Institucionais (VPI) - Amaurício Gomes LúcioVP Operações e Finanças (VPOF) - Edson PereiraVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Carlos Arthur A. Alencar VP Marketing (VPM) - Luis Augusto Ferrari MazzonGestor - Marcelo MesquitaDASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – SP São Paulo – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Minas Tênis Clube: 424 m² de área coletora e 40 mil litros de água aquecida.

Os desafios da nova década para a indústria de aquecimento solar.

Risco ou oportunidade? Sun & Wind Energy discute o impacto das normas de concepção ecológica da União Europeia nos sistemas de aquecimento de água.

3

Tecnologia

Um novo coletor a cada dois minutosIndústrias automatizam linhas para

produção em larga escala.

Setor se prepara para a etiquetagem compulsória de eficiência energética.5

Case Solar

7

16

12

6

Aquecimento solar garante conforto a usuários de Centro Esportivo do Senac.

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Empresas Associadas

Cursos19

Programa de capacitação do DASOL formou 165 profissionais em 2010.

Page 3: Revista Sol Brasil - 4°edição

Etiqueta compulsória Procel/Inmetroe os desafios da nova década

Feliz 2011! O ano novo inicia otimista com a posse dos novos gover-nantes do país e dos estados e um cenário favorável para o Brasil: economia equilibrada, credibilidade externa, aumento da renda, crescimento do consumo, investimentos na produção e desenvolvimento de mercados.

Certamente há necessidade de programas de incentivo para atender às exigências de investimentos principal-mente em infraestrutura, mas isso não será problema para um país de oportunidades como o Brasil é visto hoje pelo mundo.

Os analistas lembram que importantes eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas 2016, a futura exploração do pré-sal e o desenvolvimento de novas fontes de geração de energia, como as usinas solares, demandarão matéria-prima e produtos industriais, gerando emprego e renda. Ou seja, mais desenvolvimento e muita energia eficiente.

Significativo indicador desse desenvolvimento é o fortalecimento do mercado interno: nos últimos anos, 30 milhões de pessoas ingressaram na classe C, com evidentes impactos nos padrões de consumo.

O ano novo se apresenta ainda mais promissor para o setor de aquecimento solar brasileiro, cuja área instalada em 2011 deve superar os 7 milhões de metros quadrados. É também o ano em que a responsabilidade e o compromisso do setor com a qualidade serão formalizados com a compulsoriedade da etiqueta de eficiência energética.

Com mais de 10 anos de prática voluntária da etiquetagem de seus produtos, o setor de aquecimento solar dará os primeiros passos rumo à participação compulsória dos equipa-mentos no PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro/Procel.

A medida visa ampliar a padronização da qualidade de todos os produtos e a conscientiza-ção de toda a cadeia produtiva em benefício do consumidor, que poderá adquirir produtos com mais segurança e credibilidade.

Sem dúvida, trata-se de um grande avanço para o setor. São várias as etapas para se chegar à compulsoriedade, da preparação e validação dos requisitos técnicos aos ensaios nos labo-ratórios e à adequação das indústrias ainda não participantes para que seus produtos atendam aos requisitos e exigências.

Nos últimos meses, a ABRAVA, juntamente com o Inmetro, Procel/Eletrobrás e laboratóri-os, vem discutindo as bases para esse avanço. Os primeiros passos serão efetivamente dados com o lançamento de uma minuta de regulamento para consulta pública ainda no primeiro semestre de 2011. Precisamos estar preparados para este novo momento.

Amaurício Gomes LúcioVice-Presidente de Relações Institucionais do Departamento de Aquecimento Solar da ABRAVA

Editorial 3

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4 Notícias do DASOL

ABRAVA recebe troféu Selo Procel pela 11ª vezA ABRAVA recebeu, pela 11ª vez, o troféu

Selo Procel na categoria Associação de Classe apoiadora do Programa Brasileiro de Etique-tagem (PBE). A entrega do prêmio aconteceu dia 17 de novembro, durante solenidade na cidade do Rio de Janeiro. Desde 1996, a ABRAVA apóia o PBE, do qual participam 58 fabricantes do setor de aquecimento solar, representando 64 marcas de coletores e 40 marcas de reservatórios.

O selo Procel é uma iniciativa do Ministério de Minas e Energia desenvolvida pela Eletro-brás por meio do Programa de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Na solenidade, a ABRAVA foi representada pelo gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL), o engenheiro Marcelo Mes-quita, que considera o prêmio um importante reconhecimento de qualidade para o setor.

Além da ABRAVA, foram homenageadas várias empre-sas associadas do DASOL, somando 24 prêmios na categoria coletores solares e 29 na categoria de reservatórios térmicos.

Durante a solenidade, o diretor de Tecnologia da Eletro-brás e secretário executivo do Procel, Ubirajara Rocha Meira, observou que o envolvimento das empresas no processo de certificação mostra o reconhecimento dos selos Procel e Conpet (Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural, desenvolvido pela Petrobras) como instrumentos medidores de conservação de energia.

“Os produtos certificados são referência em eficiência energética e preservação do meio ambiente”, disse Meira. O diretor ressaltou que o Procel tem cumprido a missão de estimular o uso racional da energia e contribuído para a redução do desperdício.

O Programa Brasileiro de Etiquetagem conta atualmente com 258 modelos de coletores solares etiquetados (cerca

de 60% deles com Selo Procel nível “A”) e 268 modelos de reservatórios (54% com Selo Procel).

Na opinião do engenheiro Rafael Meirelles David, ge-rente da Divisão de Eficiência Energética em Equipamentos do Procel-Eletrobrás, “esse troféu é uma homenagem às empresas associadas da ABRAVA, por seus esforços na produção de equipamentos eficientes no ano de 2010, bem como um reconhecimento da importância da parceria com o nosso programa”.

Engenheiro Rafael Meirelles, do Procel, e a professora Antonia Sonia, do Laboratório Green Solar da PUC-MG

Engenheiro Hamilton Moss, do MME, entrega o troféu do Selo Procel a Marcelo Mesquita

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Em 1999, ano da publicação da primeira Tabela de Eficiência do Programa Brasileiro de Etiquetagem, apenas

8 fabricantes de coletores participavam do PBE. Onze anos depois, esse número é seis vezes maior: 49 empresas participam e de forma totalmente voluntária, indicativo da maturidade do setor.

Ao longo dos anos, houve melhorias ex-pressivas na fabricação dos equipamentos. Um coletor solar modelo “A” fabricado em 2010 apresenta índice de eficiência energética média 11% superior a um modelo fabricado em 1999. A produção de energia mensal por metro quadrado também cresceu: 12,5%. Isso sem le-var em conta os ganhos ainda mais expressivos decorrentes da opção pela energia solar, em substituição a fontes de energia de origem fóssil e mesmo elétrica para aquecimento de água.

Coletores cada vez mais eficientes

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Notícias do DASOL 5

A Eletrobrás o Inmetro lançaram em 29 de novembro o Procel Edifica, a etiqueta nacional de conservação de energia para residências e edifícios multifamiliares. A etiqueta, tal como ocorre com eletrodomésticos e edifícios comerciais, de serviços e públicos, é um indicador de eficiência energética e faz parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

No Brasil, a energia elétrica dos edifícios corresponde a cerca de 45% do consumo e as residências são responsáveis por mais de 22% desse total. “A necessidade da redução do consumo de energia nas edificações é um aspecto presente tanto nos projetos de novos edifícios como na discussão de políticas públicas”, afirmou Solange Nogueira, gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletro-brás/Procel Edifica.

Eletrobrás e Inmetro lançam Etiqueta Procel Edifica “A avaliação das edificações residenciais baseia-se,

principalmente, em aspectos que apresentam consumo significativo de energia elétrica numa residência, ou seja, o desempenho térmico da envoltória – as fachadas e cober-turas –, com ênfase na iluminação e ventilação naturais, e na eficiência do sistema de aquecimento de água”, explica Solange.

O presidente do DASOL, engenheiro José Ronaldo Kulb, elogiou a iniciativa da Eletrobrás e Inmetro. “O selo Procel Edifica será um estímulo a mais para a utilização da tecno-logia de aquecimento solar, uma alternativa sustentável que contribui para a eficiência energética”, observou.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Eletrobrás

A ABRAVA esteve presente no lançamento da 1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde (BINEV), realizado de 30 de novembro a 3 de dezembro em São Paulo. Promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o evento reuniu no auditório da Fecomércio cerca de 1.300 pessoas de 15 países, entre investidores, empresários, em-preendedores, instituições representativas, organizações não-governamentais, universidades e representantes do Governo do Estado de São Paulo.

Os participantes debateram iniciativas nacionais e internacionais ligadas à economia verde. A ABRAVA foi representada pelo engenheiro Marcelo Mesquita, gestor do DASOL, que no dia 2 de dezembro fez uma apresentação institucional do setor no painel Construção Civil Sustentável.

O evento contou também com a parti-cipação do engenheiro Hamilton Moss de Souza, diretor do De-partamento de De-senvolvimento Ener-gético do Ministério de Minas e Energia (MME), que falou so-bre energias renová-veis e oportunidades de mercado no Brasil.

ABRAVA - DASOL na 1ª Bolsa Internacionalde Negócios da Economia Verde

O setor de aquecimento solar foi tema do painel Construção Civil Sustentável durante a BINEV

Website do evento:

http://www.ambiente.sp.gov.br/economiaverde2/comofoi.html

Apresentação da ABRAVA - DASOL:

http://www.ambiente.sp.gov.br/economiaverde2/download/

Mercado_Brasileiro_ABRAVA.pdf

Apresentação do MME:

http://www.ambiente.sp.gov.br/economiaverde2/download/

Energias_Renovaveis_Oportunidades_de_Mercado.pdf

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6 Case Solar

O Centro Universitário Senac optou pelos sistemas de aquecimento solar da empresa Cumulus para racionalizar o uso de água quente e gás dos chuveiros e vestiários do Edifício 17 B do seu Centro Esportivo, no campus Santo Amaro, em São Paulo. O projeto, de autoria da PHE Proje-tos, oferece diferenciais que visam garantir o conforto dos usuários sem desperdício de água e energia.

A instalação consiste em dois sistemas de aquecimento solar, um para atender aos vestiários da área destinada à aca-demia (área interna) e outro para os vestiários das quadras externas. Cada sistema possui 7.000 litros de armazenagem, divididos em dois reservatórios solares verticais com capa-cidade de 3.000 litros ligados em paralelo, e um reservatório de 1.000 litros também vertical em série com os demais.

O apoio a gás está instalado no último reservatório de 1.000 litros que aquece a água em momentos de insolação insuficiente. São 96 coletores para cada sistema, com área de 1,70 m2, totalizando 163,20 m2. Os coletores possuem aletas em cobre, classificação A e produção mensal de energia de 136,90 kWh/mês.

O diferencial dos sistemas é o uso de pintura seletiva nas aletas para aumentar a capacidade de absorção, prin-cipalmente nos horários de menor insolação, ao invés da pintura preta fosca comum. Outro diferencial é a válvula misturadora na saída do reservatório de 1.000 litros, pois

Aquecimento solar noCentro Esportivo Senacgarante conforto aos usuários

não foram previstos misturadores nos vestiários, permitindo assim que a água já saia na temperatura ideal.

Os comandos dos registros dos chuveiros possuem temporizadores, evitando que fiquem abertos além do ne-cessário, evitando desperdícios.

O principal benefício da solução escolhida, além do con-forto aos usuários, é a economia. Segundo o departamento de manutenção do Centro Universitário, o gasto em gás para o apoio gira em torno de R$ 200,00 a R$ 400,00, pois é utilizado somente nos períodos chuvosos ou de baixa insolação.

A fração solar média anual dos sistemas instalados gira em torno de 79%, ou seja, o sistema está proporcionando anualmente ao cliente uma economia próxima dos 80%.

Aquecedores Cumulus S.A. Ind. e Com. (Guarulhos-SP)Associada ao Dasol Abrava desde 25/02/99Instalação: Centro Universitário SenacCampus Santo AmaroAv. Eng. Eusébio Stevaux, 823 – São Paulo

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7Case Solar

Localizado em área nobre e tradicional da cidade de Belo Horizonte (MG), o Centro de Facilidades é o mais novo empre-endimento do Minas Tênis Clube, parte do complexo da Unidade I.

O prédio de 14 pavimentos oferece aos associados serviços di-versos como lanchonete, academia de ginástica com várias salas para a prática de musculação, pilates, yoga, spinning, saunas masculi-nas e femininas, salão de festas, teatro, Centro de Memória, galeria de arte, estacionamento, além de abrigar toda a área administrativa do clube.

Para atender a grande deman-da de água quente nos vestiários, optou-se pelo aquecimento solar, que é uma energia limpa, sustentável e ecologicamente correta.

Para Rodrigo Cunha Trindade, diretor da Agência Energia e engenheiro responsável pelo projeto do sistema de aquecimento solar, o maior desafio foi compatibilizar as áreas de cobertura do edifício disponíveis para os co-letores solares com a grande demanda de água quente. Adicionalmente, os pontos de consumo de água quente, que correspondem a cerca de 100 duchas, estão distribuídos em diversas áreas do clube.

Devido à grandiosidade do projeto e potenciais picos de consumo, complementam o sistema de aquecimento solar vários aquecedores a gás que garantirão o suprimento de água mesmo nos dias de baixa radiação solar. Para se ter uma ideia do tamanho do sistema, os coletores solares e reservatórios térmicos seriam capazes de atender a um con-junto habitacional com aproximadamente 200 residências populares. Mesmo com o significativo investimento inicial, a expectativa de retorno em função da economia de energia convencional é de pouco mais de três anos.

De acordo com o engenheiro Amaurício Gomes Lú-cio, diretor da TUMA Industrial, o sistema é basicamente composto por 3 grandes conjuntos de coletores solares que totalizam 424 m², instalados em vários telhados na cobertura

Minas Tênis Clube:424 m² de área coletora e40 mil litros de água aquecida

do prédio, e 8 armazenadores térmicos de 5.000 litros cada, instalados no pavimento técnico, sob a caixa d’água.

Durante o período de radiação solar nos coletores sola-res, motobombas hidráulicas controladas por dispositivos eletrônicos circulam artificialmente a água aquecida para ser armazenada nos reservatórios térmicos. Para os perío-dos de radiação solar insuficiente, foi previsto um sistema complementar composto por 8 aquecedores a gás de pas-sagem, controlados por termostatos. Estes aquecedores a gás promovem o complemento do aquecimento de forma automática nas eventuais situações em que a temperatura da água estiver abaixo dos padrões normais de consumo.

O total de 424 m² de coletores solares será capaz de gerar aproximadamente 32.200 kWh/mês, de acordo com a capa-cidade individual de cada coletor solar testado e etiquetado pelo Inmetro. A expectativa é de que o sistema economize mensalmente pelo menos 2,4 toneladas de GLP.

Amaurício Gomes Lúcioe Rodrigo Cunha Trindade

TUMA Industrial (Belo Horizonte-MG) Associada ao Dasol Abrava desde 23/09/99Instalação: Minas Tênis Clube - Unidade IRua da Bahia, 2244 - Bairro de Lourdes - Belo Horizonte - MG

Page 8: Revista Sol Brasil - 4°edição

Tecnologia8

“Um novo coletor solara cada dois minutos”

Nos últimos três anos, uma dúzia de novas fábricas de coletores entrou em operação em países de língua alemã. A agência Solrico realizou pesquisa para descobrir quais empresas automatizaram e quais etapas de produção foram automatizadas.

Robôs – alguns os vêem como uma indicação clara de uma indústria madura, enquanto outros os consideram uma solução excessivamente cara para produção de coletores. Esta raramente é uma questão discutida na indústria solar térmi-ca de países de língua alemã. Afinal, plantas de produção manual na Alemanha e na Áustria têm demonstrado, há mais de 30 anos, que certamente é possível produzir a mão coletores duráveis e de alta qualidade em combinação com algumas máquinas de suporte.

Contudo, a necessidade de produzir em grande escala está levando muitos fabricantes a automati-zar parcialmente suas linhas de produção. O ponto de partida foi previsto por algumas empresas aus-tríacas em 2006. Isto também aconteceu em 2007

com um fabricante da Alemanha Central. Desde então, muitas novas linhas de coletores

semi-automatizadas foram construídas e colocadas em operação.

A fim de determinar o estado da automação en-tre os fabricantes de coletores em países de língua alemã, a Solrico – uma agência internacional de comunicação e pesquisa de mercado – conduziu uma pesquisa dentro da indústria em fevereiro de 2010 com participação de nove empresas.

Quatro fornecedores de linhas turn-key estavam qualificados para realizar seus primeiros sistemas de referência com estas empresas. Embora alguns fornecedores de máquinas da Alemanha afirmas-sem estarem aptos a produzir tais linhas, ainda não haviam até então realizado qualquer fornecimento.

Com informações daSun & Wind Energy 4/2010

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Tecnologia 9

1 - Limpeza da cobertura de vidroUma empresa da Áustria não lava os vidros porque eles

são fornecidos por uma empresa de vidro localizada dentro do mesmo parque industrial.

• Empresas da Alemanha operam soluções totalmente automáticas. Ali, os robôs abastecem os painéis de vidro dentro da planta de limpeza antes de transferir os painéis limpos para a linha de produção.

• A solução mais popular é operar a planta de lim-peza que é alimentada e esvaziada manualmente por op-eradores: esta é a solução usada por quatro das empresas pesquisadas..

2 - Produção da estruturaA maior diversidade de processos de produção ocorre

na produção da estrutura:• Na Alemanha, existe uma única empresa que opera

uma solução totalmente automatizada. Neste lugar tudo, desde a instalação dos componentes da estrutura e a aplica-ção de silicone até a inserção do painel traseiro, é realizado em uma ilha de robô assistido. Em um grupo alemão e em uma empresa austríaca, o começo da linha usa também uma ilha de robô assistida, contudo há uma diferença dos perfis da estrutura que são montados manualmente.

• Uma outra empresa da Alemanha usa uma estação robótica a fim de aplicar adesivo nos componentes da estru-tura. Contudo, a união da estrutura e a inserção do painel traseiro são conduzidas manualmente em uma mesa de prensa hidráulica.

• A nova linha de uma companhia da Áustria é totalmen-

te manual com ajuda de dispositivos de elevação.• Outro fabricante equipa seus coletores com uma ban-

deja de plástico fornecida no começo da linha. Isto significa que outros estágios de produção de estrutura ocorrem dentro da linha.

3 - Instalação do isolamento e absorvedoresCom a maioria dos fabricantes de coletores, o isolamento

e absorvedores são inseridos manualmente dentro da estru-tura. Apenas uma empresa proporciona uma exceção na medida em que o isolamento é automaticamente inserido.

4 - Instalação do vidro e selagemSomente duas das empresas pesquisadas selam o painel

frontal com borracha de EPDM. Seis empresas confiam na tecnologia de adesivo da indús-

tria automotiva. O adesivo é geralmente aplicado automati-camente, com exceção de uma delas que aplica um adesivo spray manualmente entre as estruturas e placas de vidro.

A razão dada pela empresa é que os painéis de vidro fornecidos possuem um desvio de poucos milímetros, o que significa que as fendas entre a estrutura e os painéis de cobertura também podem variar.

E como é o endurecimento do adesivo integrado na produção?

Existe um exemplo, onde os coletores são empilhados em paletes e então secam por 2 a 3 horas até que possam ser embalados.

Já em outra planta, os coletores já podem ser movidos depois de 6 minutos.

Automático ou manual: etapas de produção no centro das atenções

Na pesquisa Solrico, as empresas forneceram uma descrição

de seus sistemas de produção, classificando cada estágio de

produção como automatizado, semi-automatizado ou manual.

Foram identificados quatro estágios de produção:

1 - limpeza do vidro

2 - pré-montagem dos componentes da estrutura, assim como

a instalação do painel traseiro e aplicação de adesivo

3 - instalação de isolamento e absorvedores

4 - montagem do painel de vidro e aplicação de adesivo.

Em alguns casos, a seqüência é irregular. Os fabricantes proje-

tam linhas diferentes quando se trata de automação.

Page 10: Revista Sol Brasil - 4°edição

Tecnologia10

A segunda parte da pesquisa trata dos parâme-tros da linha de produção: tempo de ciclo, capa-cidade, tempo de produção e pessoal. Como era esperado, as empresas foram consideravelmente menos efetivas aqui e somente 6 fabricantes de coletores planos responderam.

Nenhuma das empresas estava preparada para falar abertamente sobre os tempos de produção – to-tal homem/minutos de máquina gastos por coletor na linha. Isto acontece porque, com base em tempos de produção, é possível estimar os custos internos por produto. Assim, este é o fator decisivo para otimizar a linha em termos econômicos.

Somente uma empresa da Alemanha informou valores de referência de 2009, quando lançou suas novas instalações de produção.

De acordo com esta informação, em uma produ-ção semi-automatizada o coletor requer 18 minutos de trabalho para completar a linha. Com produção totalmente automatizada, este tempo pode ser re-duzido para 10 minutos.

A grande maioria das indústrias considera a publicação de tempos de ciclo menos problemática. Ao con-trário, as empresas precisam estabelecer desafios para elas mesmas, para poder dizer “um coletor deixa nossa linha a cada 2 minutos”. Portanto, os dados detalhados obtidos na pesquisa devem ser observados com cuidado.

Além disso, a queda da demanda em meados de 2009 motivou os fabricantes a não serem forçados a expandir a capacidade de produção de suas instalações ao máximo. Os tempos de ciclo mencionados aqui, entre 2 e 10 minutos são, portanto, mais baseados em considerações teóricas do que em experiências práticas, uma vez que as linhas de produção ainda são novas.

Os melhores valores entre 1,5 e 2 minutos são apresen-tados por duas empresas que estão entre os maiores fabri-cantes de coletores da Europa.

As empresas afirmam que usam relativamente poucas

Parâmetros para dimensionamento da linha:tempos de ciclo e capacidade

pessoas para a montagem final de coletores planos, com 3 a 5 operadores por expediente. Contudo, estes números, evidentemente, não levam em conta os especialistas que asseguram o bom funcionamento do parque de máquinas.

Uma fornecedora de máquinas alemã também relatou maior exigência de pessoal que, dependendo do tempo de ciclo, varia entre 6 e 10 operadores para a linha de monta-gem do coletor.

E quanto ao tempo que o operador está dedicado à pro-dução de cada coletor na linha?

Em um dos fabricantes, 5 pessoas na linha produzem 320 coletores em um expediente de 2.400 minutos de trabalho, o que corresponde a 7,5 minutos por coletor. Em outro exemplo, o operador de uma indústria gasta em média 12 minutos em cada coletor.

Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa

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Notícias do DASOL 11

Os aquecedores solares poderão ser incluídos ainda este ano na lista de produtos que compulsoriamente devem ostentar a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), do Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE do Inmetro/Procel.

Até o presente momento, a participação no PBE é volun-tária para os fabricantes do setor. A compulsoriedade, que vem sendo discutida nos últimos meses, vai representar um novo patamar no relacionamento com o consumidor, o principal beneficiado por esta medida.

Um comitê técnico formado por representantes do Inme-tro, Eletrobrás/Procel, Laboratórios e ABRAVA/DASOL prepara a minuta da proposta de um novo Requisito de Ava-liação da Conformidade – RAC, contemplando novos ensaios de acordo com as normas ABNT NBR 15747-1 e 15747-2 de 2009 e também a compulsoriedade, que será apresentada em consulta pública ainda no primeiro semestre deste ano.

Como representante das empresas, a ABRAVA/DASOL tem grande responsabilidade nessa discussão, para garantir que as regras da compulsoriedade estejam adequadas à re-alidade de mercado e à capacidade de adequação do setor.

“Esse novo regulamento trará exigências técnicas às quais a indústria deverá adaptar seus produtos. Também os laboratórios terão que se adaptar para a realização dos no-vos testes”, lembra o gestor do DASOL, Marcelo Mesquita.

Todo esse processo está em planejamento e seu crono-grama será divulgado tão logo esteja mais completo. “O DASOL também se prepara para dar todo o apoio neces-sário às empresas associadas para se adaptar a esse novo contexto, oferecendo capacitação e promovendo reuniões de esclarecimento”, acrescenta o gestor.

A etiquetagem compulsória será, portanto, resultado de uma ampla discussão entre os setores interessados. Em en-trevista à Sol Brasil na edição de novembro, Marcos Borges,

Aquecimento solar se prepara para a etiquetagem compulsória

Produtos/equipamentosque já estão no Programa

Compulsório de Etiquetagema Aquecedores de água a gás, dos tipos instantâneo e de acumulaçãoaBombas e motobombas centrífugasaCondicionadores de araFogões e fornos a gás de uso domésticoaLâmpadas a vapor de sódio a alta pressãoaLâmpadas de uso doméstico - linha incandescenteaLâmpadas fluorescente compactas com reator integradoaMáquinas de lavar roupa de uso domésticoaMotores elétricos trifásicos de indução rotor gaiola de esquiloaReatores eletromagnéticos para lâmpadas a vapor de sódio e lâmpadas a vapor metálico aRefrigeradores e seus assemelhados, de uso domésticoaTelevisores com tubos de raios catódicos (cinescópio)aTelevisores do tipo plasma, LCD e de projeçãoaVentilador de teto de uso residencial

Obs.: o PBE possui atualmente 32 programas, dos quais 14 já são compulsórios. Outros cinco estão em processo de compulsoriedade.

coordenador do PBE lembrou que esse processo levará em conta “a sustentabilidade das empresas e a melhoria contí-nua, porém gradativa, de forma a propiciar a adesão integral ou maciça dos setores. A vantagem é ter todos seguindo os mesmos critérios mínimos, fortalecendo a concorrência justa no setor”.

Saiba mais sobre o PBE solar no site do Inmetro: http://www.inmetro.gov.br

Page 12: Revista Sol Brasil - 4°edição

Aquecedores solares podemreduzir consumo de energiaelétrica no horário de pico

José Goldemberg

Entrevista12

Um dos principais especialistas brasileiros em produção de energia, o físico José Goldemberg, de 82 anos, alerta para o paradoxo de um país com ampla irradiação solar como o Brasil utilizar principalmente a energia elétrica, que é mais cara, no aquecimento de água nas residências e indústrias.

Professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo, Goldemberg foi reitor da USP (1986-1990), secretário nacional de Ci-ência e Tecnologia (1990-1991), ministro da Educação (1991-1992) e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2002-2006).

Em 2008, recebeu o Prêmio Planeta Azul, considera-do o Nobel do meio ambiente, concedido pela fundação japonesa Asahi Glass a pessoas que se destacam em pesquisa e formulação de políticas públicas na área

ambiental. É autor de “Energy for a Sustainable World” (1988) e “Energy and Environment in the Developing Countries” (1995), entre inúmeros outros trabalhos.

Goldemberg foi um dos primeiros cientistas a defen-der o álcool como combustível por meio do Proálcool na década de 70. Para reduzir o consumo de energia hidrelétrica e a necessidade de grandes obras, o cien-tista propõe o aumento da geração de eletricidade a partir do bagaço de cana-de-açúcar e o lançamento de um grande programa de racionalização do uso de energia elétrica.

Nesta entrevista exclusiva à Sol Brasil, Goldemberg defende não só etiquetagem compulsória dos coletores solares em programas como o Procel como também a proibição de venda de equipamentos ineficientes, que consomem mais energia.

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Goldemberg: “A energia solar é o sonho dos ecologistas”

Page 13: Revista Sol Brasil - 4°edição

Entrevista 13

SOL BRASIL – Quais são as principais estratégias para que o Brasil, um país privilegiado pela irradiação solar, utilize em grande escala esta fonte de energia e os sistemas de aquecimento solar?

José Goldemberg – A participação da energia solar térmica na matriz energética é pequena apesar da ampla irradiação solar no Brasil. Ao contrário da China, que fez grandes progressos sobretudo no aquecimento de água. O resultado disso é perverso: no Brasil, usa-se a energia elétri-ca para aquecer água, o que exige grandes investimentos, como a construção de usinas hidrelétricas ou térmicas para produzir essa eletricidade. Seria mais racional captar a energia solar nos coletores instalados nos telhados para aquecer a água em tempera-tura suficiente para o uso do-méstico. Uma estratégia para aumentar o uso da energia solar é a aprovação e cumpri-mento de leis que incentivem essa utilização.

SOL BRASIL – Em várias cidades do mundo existem leis que incentivam o uso da energia solar. Em São Paulo, a Lei 14.459, de 3 de julho de 2007 determina o atendimento de 40% da demanda de água quente por energia solar em condomínios residenciais com três ou mais banheiros. Como o governo e a sociedade poderiam atuar para tornar efetiva a aplicação de leis como essa?

José Goldemberg – A legislação é a opção correta e a maneira mais segura de ampliar o uso da energia solar. Em Israel, todas as casas têm aquecimento solar, caso contrário os moradores não conseguem o habite-se. Então, a lei mu-nicipal na cidade de São Paulo é uma iniciativa muito boa. Mas antes de São Paulo, cidades muito ensolaradas como Brasília e Belo Horizonte começaram a introduzir os coleto-res solares, instalados nos telhados. Brasília tem muita casa térrea. Em São Paulo, a aplicação da lei é mais complexa porque há uma predominância de prédios de apartamentos.

SOL BRASIL – Alguns estu-dos indicam que o uso de sistemas de aquecimento solar (SAS) po-deria contribuir para a redução do horário de pico de energia do segmento residencial. Como o sr. avalia esta contribuição?

José Goldemberg – Sim, a utilização dos sistemas de aquecimento solar poderia con-tribuir significativamente para diminuir o uso residencial de energia, especialmente no horário de pico, quando o custo da energia elétrica fica duas ou três vezes mais caro para a indústria. É irracional usar chuveiro elétrico no Brasil. Você compra o chuveiro elétrico por menos de R$ 100 e quando aciona esse chuveiro, uma empresa de energia tem que construir uma usina hidrelétrica ou térmica para produzir o kilowatt de energia necessário para o chuveiro aquecer a água. Essa produção de energia custa R$ 4 mil na outra

ponta. É um investimento irracional.

SOL BRASIL – É preciso estudar mais o aproveitamento da energia solar? Existem muitas pesquisas nessa área?

José Goldemberg – Não são necessários mais estudos científicos para comprovar as vantagens da energia solar. Antigamente, tínhamos um problema tecnológico (os co-letores vazavam), mas isso já foi resolvido. Realizar mais pesquisas somente atrasaria a implantação dos sistemas de

aquecimento solar. SOL BRASIL – Qual a maior

contribuição do SAS para um país com as características do Brasil?

José Goldemberg – A maior contribuição é ambiental. A energia solar é o sonho dos eco-logistas porque não é poluente e essa é uma característica das energias renováveis. Uma usi-na termoelétrica, ao contrário, que normalmente é acionada no horário de ponta, emite po-

luição ao queimar carvão ou gás.

SOL BRASIL – Em muitos países, o governo desenvolve programas de incentivo ao uso de energias renováveis, como sis-temas de aquecimento solar. No Brasil, o que seria necessário para viabilizar este tipo de incentivo?

José Goldemberg – Os bancos poderiam emprestar recur-sos para compra de sistemas de aquecimento solar a juros privilegiados, como acontece nos Estados Unidos. Lá, o go-verno não só empresta como também subsidia a compra de equipamentos porque se gasta muita energia em aquecimen-to residencial no inverno. As casas foram construídas com pouco isolamento térmico. Hoje, o governo norte-americano financia o uso de paredes mais isolantes e janelas com vidro duplo para aumentar o isolamento térmico. Aqui no Brasil,

você vai ao banco e, sem você pedir, o gerente te oferece um financiamento para carro. De-veria oferecer financiamento para o aquecimento solar.

SOL BRASIL – Como o sr. avalia a evolução da matriz ener-gética nacional sob o ponto de vista de energias renováveis? Há espaço para a energia solar térmica?

José Goldemberg – A ener-gia solar poderia ser mais usada

em setores industriais que usam calor de baixa temperatura. Um exemplo são as tinturarias que precisam de água aque-cida a cerca de 80 graus centígrados. Com o uso industrial, a energia solar poderia ter uma participação de 10% na matriz energética. Hoje essa participação é praticamente nula.

SOL BRASIL – Quais são os caminhos para ampliar a cons-cientização da sociedade brasileira sobre o uso de fontes de energia renováveis e limpas?

“O uso da energia solar em programas habitacionais é uma

maneira fácil de transformar vontade política em

ação consistente”

“Bancos poderiam emprestar recursos para compra de

sistemas de aquecimento solar a juros privilegiados,

como acontece nos EUA”

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Entrevista14

José Goldemberg – A conscientização já está ocorrendo por causa da preocupação com a poluição e com o aqueci-mento global. Mas frequentemente as pessoas não fazem a conexão entre a poluição global e o que cada uma delas pode fazer em sua casa. As geleiras da Antartida estão derretendo. E uma das razões disso é porque as pessoas não usam energias renováveis e limpas como a solar em suas casas.

Quando o governo determina o uso de energia solar em um programa de habitação, essa iniciativa ajuda a conscientizar as pessoas a se preocuparem com as energias renováveis e limpas. Fiquei muito admirado com o exemplo de Israel, que usa largamente a energia solar. Pensava que eles estavam sendo mais inteligentes que os outros países ao optarem por uma energia mais barata. Mas não se tratava de esperteza ou inteligência. O motivo era mais simples e está no código de obras israelense: sem coletor solar, não tem habite-se.

SOL BRASIL – Espera-se uma ampliação do uso da energia solar para aquecimento de água por causa de programas habita-cionais como o Minha Casa, Minha Vida, Cohabs e CDHU-SP. Que outros setores podem ser beneficiados por essa tecnologia?

José Goldemberg – É verdade, os programas habitacio-nais estão começando a introduzir e divulgar o aquecimento solar. Como é o governo que financia a construção das casas,

ele pode determinar o uso da energia solar nessas moradias. E as casas populares são construídas em grandes quantida-des. É uma maneira fácil de transformar vontade política em ação consistente. Como mencionei antes, outros setores da indústria podem ser beneficiados, como as tinturarias que utilizam calor de baixa temperatura.

SOL BRASIL – O custo da energia aumentou drasticamente após a crise do petróleo em 1973. Em várias partes do mundo, investiu-se na eficiência energética dos equipamentos, mas essa preocupação chegou ao Brasil de forma mais intensa somente em meados dos anos 80. Por que os sistemas de aquecimento solar ainda são tão pouco difundidos no nosso país?

José Goldemberg – Falta informação. Algumas regiões do país, aquelas mais ensolaradas, já perceberam que a energia solar é mais barata. E que a energia elétrica é muito cara. Os sistemas de aquecimento solar são menos difundidos no Sul do País, onde o clima não é tão favorável. No Sul chove mais, o céu fica mais nublado. As pessoas pensam que, com muita chuva, o sistema de aquecimento solar não vai funcionar direito e que elas ficarão sem água quente. É um engano.

Os equipamentos disponíveis no Brasil já resolveram esse problema. Eles permitem armazenar calor. Se faltar luz do sol, esses equipamentos acionam um dispositivo elétrico. Mesmo acionando esse dispositivo, o consumo de energia ainda será muito menor do que o de um chuveiro elétrico.

Professor do IEE-USP, Goldemberg salienta que as vantagens da energia solar já foram cientificamente comprovadas

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15

SOL BRASIL – Como o sr. avalia a participação dos sistemas de aquecimento solar no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro e Procel/Eletrobras? Quais são os benefícios da etiquetagem para os consumidores e para a indústria de aque-cimento solar?

José Goldemberg – O Procel é um programa que fun-ciona muito bem. As geladeiras, por exemplo, têm o selo que informa quanto consomem de energia. Se você for um consumidor consciente, vai es-colher a geladeira que consome menos. O que falta é proibir a comercialização dos equipa-mentos de pior desempenho, que consomem mais energia. Recentemente foi proibida a venda de geladeiras da cate-goria E. Achei maravilhoso. É preciso estender essa proibição a outros produtos e eliminar os piores fabricantes.

SOL BRASIL – Qual é a sua opinião sobre a obrigatoriedade de níveis mínimos de eficiência energética para coletores solares e reservatórios térmicos?

José Goldemberg – Eu defendo a etiquetagem compul-sória, mas não basta etiquetar. O programa tem que ser compulsório e, como já disse antes, prever a proibição de comercialização de equipamentos que consomem muita energia. Isso já foi feito em outros países. A indústria fre-quentemente reage a essa ideia, os fabricantes acham que serão prejudicados. Mas essa é a maneira correta de incen-tivar a produção de equipamentos eficientes.

SOL BRASIL – A Copa do Mundo e as Olimpíadas exigirão um sério compromisso do Brasil com a infraestrutura e produção de energia. Na sua opinião, estamos preparados, sob o ponto de vista energético, para atender a essa demanda?

José Goldemberg – Bom, não é a energia solar, pela sua atual participação na matriz energética, que vai resolver este desafio, mas sim as grandes usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte. A preocupação com a demanda de energia é

correta. Porém, a solução não é só a construção de usinas. Também é preciso reforçar os sistemas de transmissão e sua capacidade para transportar a energia dos locais com excesso de produção para os locais com falta de energia e maior demanda.

Acredito que o risco de um apagão seria atenuado usando mais bagaço de cana, que é a principal fonte de biomassa usada na produção de energia. Aqui no Estado de São Paulo,

por exemplo, são gerados 2 milhões de kilowatts a partir de bagaço de cana, mas poderíamos chegar a 5 milhões!

Minha sugestão é que as entidades que vão organizar a Copa e as Olimpíadas aproveitem esses eventos para divul-gar o uso de energias renováveis. As piscinas de competição, por exemplo, poderiam ser aquecidas com energia solar a título de demonstração. É uma sugestão que faço para a ABRAVA/DASOL: colocar coletores solares nas competi-ções. Imagine o efeito dessa demonstração em um Estado como o Rio de Janeiro!

“Falta proibir a comercialização dos

equipamentos de pior desempenho, que

consomem mais energia”

Entrevista

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Mundo Verde16

Vermelho para produtos ruins, verde para os bons.

Os consumidores europeus têm há muito tempo conhe-

cimento das classes de A a G para eficiência energética dos eletrodomésticos. No futuro, aquecedores e sistemas de aquecimento de água também terão etiquetas ecológicas de eficiência.

A Comissão Europeia está atualmente elaborando as re-gras para aplicação desse regulamento e pretende progres-sivamente determinar que equipamentos ineficientes fiquem fora do mercado, como está fazendo com as lâmpadas. Em 2013, os melhores aquecedores de hoje serão considerados como padrão de nível mínimo.

Esta é uma boa ideia, em princípio, porque aquecedo-res e sistemas eficientes de água quente podem oferecer economias consideráveis - não só do calor, mas também de energia elétrica, uma vez que em muitos países europeus aquecedores elétricos ainda são amplamente utilizados.

Estes equipamentos proporcionam um potencial de economia muito maior que os televisores, por exemplo, para os quais um sistema de etiquetagem também está em construção.

Este processo irá também contribuir para a harmoniza-ção do mercado na UE e resultar em maior interesse dos consumidores em equipamentos de aquecimento, trazendo vida nova no mercado.

Fabricantes de produtos individuais como coletores ou boilers

poderão ser marginalizados

Equipamentos de aquecimento de água - ao contrário dos televisores e geladeiras - são sistemas complexos, e que podem causar dores de cabeça para os fornecedores de sistemas solares térmicos.

Por exemplo, a etiqueta ecológica de eficiência só será aplicada a sistemas completos.

Isso significa que o conjunto de equipamentos de um sistema solar terá uma etiqueta, contendo o sistema termos-sifão com um elemento de aquecimento elétrico de apoio, porque é um aquecedor de água autocontido.

Cada sistema de aquecimento solar tem outros equipa-mentos que são usados em combinação, como uma bomba de calor ou aquecedor tipo caldeira, formando um sistema completo, o que significa que somente as grandes empresas

Risco ou oportunidade? Com informações daSun & Wind Energy

As normas de concepção ecológica para sistemas de aquecimento e água quente da União Europeia (UE) podem significar problemas, segundo os especialistas da área solar térmica.

O que já está normalizado para eletrodomésticos na UE será logo aplicado ao

aquecimento e sistemas de água quente.Fotos: BMU / Brigitte Hiss

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Mundo Verde 17

que tenham uma gama completa de produtos poderão aplicar a etiqueta de eficiência energética. Dessa forma, os especialistas em energia solar estão de mãos va-zias, pois precisam integrar suas soluções aos sistemas de forma completa.

Os consumidores consegui-rão entender que um sistema de aquecimento sem etiqueta, formado por um reservatório de um fornecedor A e coletor solar de um outro fornecedor B, será tão eficiente quanto um sistema completo de um fornecedor C? Não é provável. Dessa forma, essa situação dá ao provedor C uma clara vantagem competitiva.

Um perigo adicional é que muitos países irão requerer a exigência da etiqueta ecológica como pré-requisito para o recebimento de subsídios para a energia solar térmica. Isso faria com que as empresas ofertassem sistemas de aque-cimento solar em condições comerciais fora da realidade.

Pela porta dos fundos

Esse problema pegou desprevenida a Associação Eu-ropeia de Energia Solar Térmica (ESTIF), como admitiu recentemente seu ex-secretário-geral Uwe Trenkner, na conferência Solarpraxis Forum, em Berlim.

Trenkner atualmente aconselha ESTIF sobre questões políticas, o que o torna responsável pela emissão do Ecode-sign. Enquanto isso, ESTIF chamou a atenção da Comissão Europeia para o perigo desta perturbação de mercado.

Agora tudo indica que a comissão vai deixar uma porta aberta. Outra etiqueta/selo estará disponível para a cate-goria instalador. Comerciantes poderão oferecer a etiqueta como uma opção para o sistema de aquecimento, composto por um boiler e coletor solar de dois fabricantes diferentes.

O selo para instalador soa bem, mas ele também tem armadilhas potenciais.

Originalmente, um instituto de testes avaliou vários siste-mas de água quente e de aquecimento de água que possuíam etiquetas, o que significa que todas as combinações possíveis de tanques e coletores teriam sido submetidos a testes.

Mas em Bruxelas ficou claro que milhares de sistemas diferentes não podem ser avaliados.

Em vez disso, programas de simulação serão utilizados para realizar uma avaliação energética de todo um sistema, usando os dados de medição dos componentes individuais.

Mas será que o especialista em aquecimento ficaria feliz em ter de realizar esta nova tarefa?

Não é provável. “É importante ter um processo simples para o instalador certificado”, diz Trenkner.

Em seguida, há um risco de sistemas simulados, consti-tuídos por componentes de diferentes fabricantes, obterem resultados diferentes do teste dos sistemas completos.

Outro problema com este processo é que haveria então três etiquetas, uma para sistemas de água quente, outra para aquecedores e uma terceira a partir do instalador - não exatamente um sistema transparente.

Coletores planos integrados ao telhado. Um sistema de aquecimento solar só pode ser etiquetado em combinação

com um boiler com aquecimento auxiliar. No futuro, os instaladores podem ter essa responsabilidade.

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No futuro, a UE quer colocar sistemas de aquecimento que utilizam tecnologia ineficiente no bloco de “fora de linha” no mercado, como já

foi feito com lâmpadas.

Mundo Verde18

A história é ainda mais complicada pelo fato de que regiões climáticas têm que ser consideradas. Enquanto um sistema de backup termossifão com aquecimento elétrico pode ser um aquecedor eficiente nas Ilhas Canárias, o mes-mo sistema pode não ser para o norte da Suécia. Isso também tem de ser considerado na etiqueta do sistema.

Classe A para cada aquecedor/caldeirade condensação?

Assim como a etiquetagem de eletrodomésticos, para os sistemas de aquecimento e água quente serão atribuídas classes A a G. A etiqueta pode ser expandida para A+, A++ e A+++ para aparelhos altamente eficientes.

Representantes da Associação da Indústria de Aqueci-mento Europeia (EHI) acreditam que todas as caldeiras/boilers de condensação devem obter o selo A, pois os con-sumidores passaram a ter como certo que tudo menos do que A é ruim. Uma classificação inferior a A não oferece qualquer incentivo para a modernização. Um sistema de aquecimento com reservatório/boiler e coletor solar deverá então obter um A+.

Alguns países europeus têm requisito solar ou, como no caso da Alemanha, uma certa percentagem de energias renováveis que tem de ser incorporada aos sistemas de aque-cimento de edifícios novos. Argumentam que para declarar sistemas de aquecimento solar no “estado da arte” é exigir pelo menos um aquecedor solar de água em combinação com um boiler com etiqueta A.

Com a vasta gama de grupos de produtos etiquetados, mais cedo ou mais tarde os consumidores terão de se acos-tumar com padrões diferentes. O nível A seria a melhor classificação de alguns produtos, mas não para todos.

Muitas perguntas ainda estão sem resposta. Até agora, ainda não há base jurídica para a etiqueta/selo do instala-dor da UE.

O método de cálculo proposto também continua sem ser conclusivo. Ainda assim, o sistema de classificação poderá ser aprovado pela UE em menos de um ano.

As muitas perguntas abertas e a falta de transparência no que se refere à Etiqueta de Eficiência Ecológica para sistemas de aquecimento e água quente deixam a ESTIF e EHI numa gelada.

Mas não há que parar o trem. Agora, o desafio é de in-fluenciar o processo, a fim de torná-lo um benefício para a indústria, em vez de uma maldição.

Para mais informações:www.ecoboiler.org e www.ecohotwater.org

Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa

Obs.: A diretiva Ecodesing “Concepção Ecológica” prevê regras para a União Europeia melhorar o desempenho ambiental dos produtos ener-géticos. Essas regras impedem que diferentes legislações nacionais sobre o desempenho ambiental dos produtos se tornem obstáculos ao comércio intra-UE. Isso deve beneficiar empresas e consumidores, aumentando a qualidade dos produtos e a proteção do ambiente e facilitando a livre circulação de mercadorias na UE.

Diretrizes Legais

Três iniciativas da UE atuam na Concepção Ecológia - Ecodesign.

As diretivas “Concepção Ecológica” criam um quadro no qual se especificam os requisitos do produto e imposição de proibições de tecnologias ineficientes.

Equipamentos de aquecimento não só têm de cumprir os padrões de eficiência, mas também de limites para emissão de gases a partir da combustão a altas temperaturas.

Ecodesign é aplicável a boilers e aquecedores de água para combustíveis fósseis, energia solar térmica, bombas de calor, unidades de cogeração de pequeno porte e os tanques de água quente.

Entre os aquecedores de água quente, os aparelhos elétricos bem como aquecedores de passagem estão abrangidos pelo Ecodesign.

A diretiva de etiquetagem energética estabelece as diretrizes para o agrupamento de produtos em classes de eficiência energética. Geralmente, as etiquetas de eficiência energética só se aplicam quando os consumidores querem comprar um novo aquecedor.

A etiqueta ecológica não especifica os requisitos para os sistemas existentes.

A Comissão está atualmente revendo o desempenho energético de edifícios, conforme a diretiva Energy Perfor-mance of Buildings Directive - EPBD-8, que determina que os Estados-membros da UE têm autoridade para regular os sistemas de aquecimento existentes.

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Programa DASOL de capacitação: 96% dos atributos com satisfação positiva

O DASOL promoveu nos dias 7 e 8 de dezembro o sétimo curso de capacitação do ano, o Módulo Proje-tista de Aquecimento Solar para Pis-cinas, completando a programação de cursos de 2010. A última turma reuniu 18 alunos que receberam con-teúdo teórico e executaram projetos de aquecimento solar de piscinas durante o curso.

Em 2010, os sete cursos do DA-SOL capacitaram 165 profissionais, sendo 80% de empresas associadas que aproveitaram a oportunidade para preparar suas equipes para os desafios desse mercado que cresce dia a dia.

Os cursos contaram com a partici-pação especial da professora Elizabe-

Sara Vieira, gestora do Programa de Capacitação do DASOL.Um exemplo de melhoria já ocorreu em 2010, com a

realização de aulas práticas na escola SENAI do Tatua-pé, ação muito elogiada pelos alunos. “Em 2011, teremos também apresentação e debate de casos reais, vivenciados pela indústria de energia solar térmica”, acrescentou Sara. A gestora atribui grande parte desse sucesso à qualidade do programa e à participação de instrutores renomados, com grande experiência no setor e excelente desempenho didático.

Aquecimento solar é tema de palestra na FATEC-SP

Tecnologia solar na Semana de Engenharia da UNICID

O DASOL participou da Semana de Engen-haria da UNICID (Universidade Cidade de São Paulo), realizada em novembro no campus Tatuapé-SP. O gestor do DASOL, o engenheiro Marcelo Mesquita, fez uma apresentação na noite de 24 de novembro sobre tecnologia solar térmica para alunos e professores da univer-sidade, que demonstraram muito interesse diante do potencial desse novo mercado e da valorização das práticas sustentáveis.

(Acesse a apresentação no site www.daso-labrava.org.br).

O engenheiro do DASOL Ronaldo Yano realizou na tar-de de 26 de novembro palestra na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC) – Cen-tro Educacional Paula Souza, em São Paulo. Na palestra aos alunos do curso de Gestão Ambiental, Yano falou sobre tecnologia de aquecimento solar, suas aplicações no mer-cado e oportunidades para novas profissões nessa área.

Avaliação do grau de satisfação das turmas

th Duarte e dos instrutores engenheiros Alexandre Salomão, Luciano Torres, Leonardo Chamone e Marcelo Mesquita.

A avaliação dos cursos comprovou a satisfação dos alu-nos com a grande maioria dos 12 atributos perguntados. Nessa avaliação, 96% dos atributos tiveram média igual ou superior a 7, sendo 42% com nota média entre 7 e 8 (bom) e 54% entre 9 e 10 (ótimo).

“Para o Programa de 2011 estão previstas algumas novi-dades, como melhor adequação do conteúdo à carga horária e mais infraestrutura e recursos instrucionais”, anunciou

Cursos 19

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