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Índice2

2º CB-SOL

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Aquecedor solar é energia!A contribuição da energia solar para diversificar a matriz energética brasileira

Cálculo de energia,o novo paradigmaProdução Anual Padronizada de Energia (PAPE): novo indicador de eficiência dos SAS

HIS: As lições aprendidasem um importante mercadoPesquisas apontam oportunidades de melhorias no Minha Casa Minha Vida

Sustentabilidade nosedifícios paulistanosO diferencial do aquecimento solarem empreendimentos dealto padrão em São Paulo

Um mercado para conquistarAs possibilidades da tecnologiasolar térmica na indústria

Investimento na certificação O impacto das novas regrasdo Inmetro nas rotinas de empresas e laboratórios

Entrevista: Cláudio Conz“Aquecimento solar podemudar a vida do brasileiro”Para o presidente da Anamaco,a casa própria voltou a serum sonho de consumo

Mais qualificação no setor solarCongresso destaca ProgramaQualisol, Rede Procel Solar e certificação do Senai

Em busca da eficiência:as melhores soluçõesDimensionamento, reservatóriosem série e comparativo decoletores planos e evacuados

Agenda Solar35

Qualidade e segurança parao consumidorA obediência às normas e àlegislação em contraponto coma realidade do mercado

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Editorial 3

DASOL ABRAVA Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).

Conselho de Administração do DasolPresidência Luís Augusto Ferrari Mazzon VP Relações Institucionais (VPI) Amaurício Gomes Lucio VP Operações e Finanças (VPOF) Ernesto Nery SerafiniVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Jamil Hussni JuniorVP Marketing (VPM) Rafael Bomfim Pompeu de CamposVP Desenvolvimento Associativo (VPDA)Alander Brandão Past President (PP) Carlos Artur Alves de Alencar Secretário Executivo Marcelo Mesquita

Revista Sol Brasil Conselho Editorial: Marcelo Mesquita, Natália Okabayashi e Nathalia MorenoEdição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) - Setembro ComunicaçãoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesFotos do 2º CB-Sol: Damião A. FranciscoCapa: 2º CB-Sol. Arte de Izilda Simões em foto de Damião A. FranciscoAgradecimentos: Palestrantes, convidados e patrocinadores do 2º CB-SolImpressão: Grass Indústria Gráfica

DASOL/ABRAVAAvenida Rio Branco, 1492 Campos Elíseos – São Paulo – SP01206-905 - Fone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Editorial

Jamil Hussni JuniorVice-Presidente de Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL-ABRAVA

Esta edição da SOL BRASIL é dedicada ao 2º Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar, evento alinhado a um dos principais objetivos do DASOL--ABRAVA que é a promoção da pesquisa, da inovação e da excelência.

O congresso foi uma valiosa oportunidade para disseminar, atualizar e compartilhar o conhecimento construído na experiência diária das empresas do setor e nas estratégicas parcerias com a comunidade aca-dêmica. Os painéis I e II de Tecnologias de Aplicação em Aquecimento Solar enfatizaram especialmente a criatividade e o conhecimento técnico.

A busca pela inovação é uma constante no nosso setor. Com a evolução seletiva do mercado imobiliário brasileiro, novos conceitos de projetos e métodos construtivos buscam a redução do custo, aliando conforto, economia e sustentabilidade.

Em projetos residenciais, os telhados coloniais de maior peso, custo e tempo de execução deram lugar aos telhados embutidos, discretos, leves e baratos, otimizando o tempo de construção e permitindo maior aproveitamento dos ambientes internos com a redução da altura entre o telhado e a laje superior.

Acompanhando esta evolução, foi criado um novo conceito de dimensionamento e aplicação do sistema de aquecimento solar (SAS). Com a redução da pressão hidráu-lica devido à diminuição da altura das caixas d’água, os SAS instalados na condição de baixa pressão com circulação natural “termossifão” deram lugar aos sistemas de alta pressão com circulação forçada “bombeados”.

Fabricantes, projetistas, departamentos de classe e profissionais de instalações construíram juntos um novo conceito de aplicação do SAS e utilização de água quente. Os fabricantes aperfeiçoaram seus equipamentos: produziram reservatórios térmicos de alta resistência mecânica e baixa perda térmica e coletores solares de alta performance e elevada produção de energia.

Foram adotados novos métodos de instalação da rede de água quente com oti-mização de tubos e conexões aliados a um bom isolamento térmico. Sistemas de pressurização dinâmicos em conjunto com válvulas termodinâmicas garantem um equilíbrio hidráulico entre pressão, vazão e temperatura da água quente adequados ao conforto e segurança do usuário. Duchas e metais sanitários inovadores geram conforto com economia de água e de energia.

Todas essas inovações têm reflexos no fortalecimento da nossa indústria. É por essa razão que tenho a satisfação de convidar a todos para a leitura desta edição da SOL BRASIL e para a consulta das apresentações dos palestrantes que nos deram a honra de compartilhar o seu conhecimento no 2º CB-Sol.

Boa leitura!

SAS em novas construções residenciais

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4 2º CB-Sol

Aquecedor solar é energia

O aquecedor solar como fonte de ener-gia gratuita, limpa e renovável foi o grande tema do 2º Congresso Brasileiro de Aque-cimento Solar (CB-Sol) que reuniu mais de 120 participantes da cadeia produtiva da indústria solar térmica em São Paulo, nos dias 27 e 28 de agosto. O evento, que ofere-ceu uma visão abrangente da contribuição potencial dessa tecnologia para a matriz energética brasileira, transcorreu durante a Intersolar, maior feira mundial do setor solar, realizada no Expo Center Norte.

Participaram da abertura do CB-Sol re-presentantes dos ministérios das Cidades, Meio Ambiente, Minas e Energia, Secretaria de Energia do Estado de São Paulo e também órgãos como EPE, Inmetro, IPT, Senai e Centro Universitário UNA, além de empresários e profissionais do setor solar e da construção civil.

Como salientou Amaurício Gomes Lucio, presidente do Comitê Técnico-Científico do Congresso, a programa-ção eclética reuniu o ponto de vista dos vários públicos envolvidos com o aquecimento solar, como fabricantes, projetistas, insta-ladores e usuários.

Essa part ici -pação gerou uma rica troca de in-formações, ideias e sugestões dos vários segmentos que compõem essa cadeia produtiva, abordando temas como habitação de interesse social, be-nefícios ambientais, desafios do dia a dia de fabricantes, instaladores e projetistas na certificação e no atendimento às normas de qualidade e de segurança, a importância da qualificação profissional e a experiência de construtoras que adotam o sistema de aquecimento solar em seus em-preendimentos.

Na cerimônia de abertura, o presidente da ABRAVA, Wadi Tadeu Neaime, destacou o empenho da associação em adequar processos e produtos a normas ambientais e de qualidade. O presidente citou em especial a participação do setor solar no Programa Brasileiro de Etiquetagem, ele-

vando os padrões de qualidade e respeito ao consumidor, e o lançamento em maio da campanha “Eu Esquento!” para disseminação do aqueci-mento solar.

Durante o evento também foi anunciada a adesão da ABRAVA--DASOL ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habi-tat (PBQP-H). A entrega do Ofício de Adesão foi feita pela diretora do De-partamento de Produção Habitacional do Minis-tério das Cidades, Maria do Carmo Avesani, que representou a secretária nacional de Habitação Inês Silva Magalhães.

O congresso contou também com a participação do subsecretário de Energias Renováveis do Estado de São

Paulo, deputado Milton Flávio. O subsecretário citou o Plano Paulista de Energia, iniciativa do Governo Estadual voltada para a redução em 20% das emissões de dióxido de carbono na atmosfera e ampliação da matriz energética renovável do Estado de 55% para 69%.

“Fico feliz em ouvir que a ter-mossolar é uma fonte de energia.

2º CB-Sol reforça contribuição da energia solar para a diversificação damatriz energética brasileira

Amaurício Gomes Lucio: “vários pontos de vista”

Wadi Neaime, presidente da ABRAVA

Subsecretário Milton Flávio

Reportagem: Ana Cristina da ConceiçãoFotos: Damião A. Francisco

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52º CB-Sol

Desonerando o chuveiro elétrico, estamos produzindo ener-gia que nunca foi tão importante como é hoje”, argumentou o subsecretário. Milton Flávio reforçou compromisso do seu empenho para a ampliação da presença do aquecedor solar nos empreendimentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

O Congresso e a Intersolar receberam também a visita de candidato do Partido Verde à Presidência da Repúbli-ca, Eduardo Jorge. O candidato defende a substituição do acordo de cooperação Brasil-Alemanha na área de energia nuclear por um acordo no uso da energia solar.

Dentro de sua defesa de um modelo energético baseado em energias renováveis e tecnologias limpas, com redução drástica dos desperdícios e perdas da energia elétrica, o PV incluiu como item de seu programa estimular o uso e pesquisa da energia solar e isentar da taxa de importação insumos e produtos que contribuam com esse objetivo.

Setor que vende energia

“Quando alguém instala um aquecedor solar na sua casa está a partir daquele mo-mento produzindo energia e promovendo o equilíbrio energético nacional.” Ao dar as boas vindas aos participantes do Congresso, o presidente do DASOL, Luís Augusto Ferra-ri Mazzon, provocou a plateia com uma refle-xão sobre o setor reunir empresas que aquecem água ou empresas que vendem energia. Ele lembrou que na última assembleia do DASOL foi defini-do que as associadas se assumam como empresas de energia, uma visão que insere o setor de maneira mais adequada na matriz energética e elétrica do Brasil.

O presidente do DASOL observou que o país tem regis-trado uma dependência e uso permanente e não mais emer-gencial das termelétricas para suprir o consumo de energia. “A participação das termelétricas na geração de eletricidade subiu de 15% para 23% entre 2011 e 2013, com maior custo para a sociedade brasileira”, ressaltou, lembrando que a

matriz hidráulica, que representava 76,9% da geração total do país em 2012, caiu para 70,6% no ano passado, segundo o Balanço Energético Nacional divulgado pela Empresa de

Pesquisa Energética (EPE). Este cenário, continuou Mazzon, abre opor-

tunidade para outras alternativas energéticas, considerando que o potencial de crescimento hidrelétrico vai se esgotar em 2030. “Até 2022, o governo espera que a participação das usinas hidrelétricas aumente apenas 1,8%, quando o País vai precisar de 34% a mais de potência instalada, ou 40 mil megawatts”, salientou.

E, no entanto, a energia solar não aparece nes-ses cálculos. “O parque instalado de aquecedores solares produz 1,03% da matriz elétrica brasileira (percentual muito próximo da energia eólica com 1,09%) ou 6,4 TWh em 2013. Com essa produção solar, as energias renováveis ampliam de 79,3%

para 79,5% sua participação na matriz elétrica.Daí a importante decisão do setor solar de passar a

oferecer informações baseadas na produção de energia. “A oferta de energia elétrica equivalente, antes medida em metros quadrados, era um conceito que o mercado ficava sem entender”, admitiu o presidente do DASOL.

“Os 5.873 MWth de capacidade solar instalada no Brasil garantem uma produção anual de 5.785 GWhth (gigawatts térmicos), o que equivale à produção de uma Angra I (5.395,5 GWh)”, salientou.

Luís Augusto Ferrari Mazzon apresentou a PAPE, indicador de eficiência do setor solar térmico

Maria do Carmo Avesani (Ministério das Cidades)

elogiou adesão do DASOL-ABRAVA ao PBQP-H

Mesa de abertura do 2º CB-Sol

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EPE: Aquecedor solar poupa energia

“O mercado de aquecimento solar é uma alter-nativa para poupar energia no setor residencial nos próximos anos e está sendo considerado de fato para o atendimento energético”, afirmou Ricardo Gorini de Oliveira, superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia.

Segundo Gorini, atualmente os sistemas de aque-cimento solar instalados em 2,5 milhões de domicí-lios brasileiros evitam 0,9% do consumo residencial de energia elétrica. Esse percentual deve chegar a 1,4% em 2020 e a 2,5% em 2050.

Gorini avaliou que a oferta de energia tem crescido de ano para ano e a grande questão é como manter a matriz energética o mais renovável possível, em um cenário em que o consumo de combustíveis líquidos como diesel e gasolina cresce mais do que o PIB no Brasil. Ele também defendeu o investimento em oferta descentralizada de energia – uma alternativa para atender uma população que vai chegar aos 226 milhões de pessoas em 2050 e com uma renda per capita próxima da França e da Alemanha hoje. A consequência é o aumento de equipamentos que consomem eletricidade nas residências.

Nas projeções da EPE, até 2050 serão instalados mais de 250 m² de coletores solares por mil habitantes, atendendo cerca de 20% dos domicílios brasileiros. A partir de 2050, esse parque solar permitirá economizar mais de 8 TWh de energia elétrica por ano.

Solução sustentável

O alinhamento da energia solar térmica com o Plano Na-cional sobre Mudança do Clima foi o tema da apresentação de Adriano Santhiago de Oliveira, diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente. Oliveira destacou a contribuição da energia solar para redu-zir as emissões de gases causadores do efeito estufa e para adiar novos empreendimentos de geração e distribuição de energia.

O ministério coordena o Grupo de Trabalho instituído em 2009 para disseminar o aquecimento solar e acompanhar ações sobre instalação do SAS nas habitações do Minha Casa Minha Vida. Atualmente, o GT está elaborando uma proposta de planejamento estratégico prevendo política pública, inovação tecnológica, gerenciamento de informação

e marketing e criação da plataforma brasileira em energia solar térmica.

“Temos projeto para capacitação e disseminação da ener-gia solar fotovoltaica e térmica no Brasil – conforme emenda no Orçamento Geral da União de 2014”, anunciou o diretor.

Estão representados no GT os ministérios do Meio Ambiente, Cidades, Minas e Energia, Eletrobras/Procel, Inmetro, Caixa e universidades. A ABRAVA, a agência ale-mã GIZ, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a EPE, a CDHU (SP) e o Projeto Cidades Solares participam como institui-ções convidadas.

Santhiago observou que as emissões mundiais de dióxido de carbono passaram de 27 bilhões de toneladas equivalen-tes em 1970 para 49 bilhões em 2010. Até o ano 2000, essas emissões cresceram ao ritmo de 1,3% ao ano. Mas de 2000 até 2010, o ritmo acelerou, cres-cendo 2,2% ao ano, decorrente principalmente da queima de combustíveis fósseis e processos industriais.

“Reduções substanciais vão exigir mudanças nos investi-mentos, com foco nas energias renováveis e eficiência energé-tica”, afirmou Santhiago.

Em sua apresentação, ele também citou os compromissos voluntários assumidos pelo Bra-sil para redução de emissões e os planos setoriais para adaptação às mudanças climáticas baseados em economia de baixo carbono. Em função dessas iniciativas, de 2005 a 2010 houve uma redução de 40% nas emissões brasileiras, que passaram de 2,03 bilhões para 1,25 bilhão de toneladas equivalentes de dióxido de carbono. Atualmente, o setor agropecuário é o que concentra o maior número das emissões brasileiras.

6 2º CB-Sol

Estande da ABRAVA na Intersolar South America

Gorini: solar evita 0,9% do consumo residencial

Santhiago: projeto de capacitação solar

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72º CB-Sol

Daniel Bouts, do Procel: eficiência de coletores cresceu 14%

Eficiência energética

A contribuição dos sistemas de aquecimento solar para diversificação da matriz energética também passa pela eficiência desses equipamen-tos. Segundo Daniel Delgado Bouts, gestor do Selo Procel nos segmentos de iluminação e aque-cimento solar de água da Eletrobras, a eficiência dos coletores solares teve uma evolução de 14% entre 1999 e 2013.

Atualmente, 327 modelos de coletores e reser-vatórios térmicos produzidos por 41 fornecedores fazem parte do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica e recebem o Selo Procel. No ano passado, o programa resultou na economia de 9,744 bilhões de kWh e na redução de 3.769 MW de demanda na ponta, segundo Bouts.

O gestor do Procel apresentou também os resultados de uma pesquisa da Eletrobras realizada de 2006 a 2009 sobre os sistemas de aquecimento solar. A pesquisa indicou que naquele período menos de 1% dos domicílios brasileiros

usavam essa tecnologia, apesar da alta radiação solar inci-dente no País. Outro dado importante foi o elevado nível de satisfação dos usuários, principalmente devido à economia de energia elétrica. No entanto, existem algumas barreiras para a disseminação do produto, como o custo do equipa-mento para as famílias de baixa renda.

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8 2º CB-Sol

Intersolar recebe 9 mil visitantes

O 2º CB-Sol ocorreu durante a Intersolar South America 2014, principal série de feiras do setor de energia solar, que atraiu mais de 9 mil visitantes de 26 a 28 de agosto ao Expo Center Norte. A Feira reuniu ainda 65 marcas expositoras, entre elas a Heliotek/Bosch, a Soletrol, a Pro-Sol e a Tuma que apresentaram as últimas novidades em equipamentos voltados ao mercado de energia solar.

Além de convidados do setor energético, a Intersolar recebeu também a visita do candidato presidencial Eduardo Jorge, do Partido Verde. A edição 2015 da Intersolar South America está prevista para 1 a 3 de setembro em São Paulo.

A ABRAVA-DASOL já iniciou preparativos para o próximo

CB-SOL no ano que vem. “Esse intercâmbio com outros agentes do mercado é muito importante para promover o segmento”, comentou Rafael Campos, vice-presidente de Marketing do DASOL.

Participantes do CB-Sol ouvidos pela SOL BRASIL con-firmaram a importância de participar desses encontros. “Aprendi muita coisa que será interessante e proveitosa para os funcionários e instaladores da minha empresa”, observou José Geraldo de Lima, diretor da Ecol Aquecedores Solares de Itaúna-MG.

Já o engenheiro eletrônico Maicon Giesch, da Full Gauge, também ficou satisfeito com o nível técnico do Congresso. “O CB-Sol foi muito rico por abordar assuntos diversos, o que é ótimo para um mercado em transformação como o nosso.”

Energia solar térmica representa 1,03% da matriz

O DASOL da ABRAVA lançou oficialmente no 2º CB-Sol o documento “Energia Solar Térmica – Participação na Ma-triz Energética e Contribuições Socioeconômicas ao Brasil”, de autoria dos engenheiros Lucio Mesquita, Marcelo Mes-quita e Luís Augusto Ferrari Mazzon, presidente do DASOL.

O documento salienta a evolução do mercado de energia solar térmica no Brasil. Energia competitiva, conta com tec-nologia nacional e com potencial para participar de forma significativa na matriz energética brasileira como fonte de geração limpa, gratuita e renovável. Os autores enfatizam que a energia solar térmica substitui com vantagens a ele-tricidade e o gás em aplicações de aquecimento de água em residências, hotéis, hospitais, clubes e mesmo em processos industriais, trazendo economia para o cidadão e para o país.

Centrado na tese de que aquecedor solar é energia, o documento ressalta que o valor da energia produzida pelo SAS para o consumidor final representa apenas um terço do preço da eletricidade fornecida pelas distribuidoras. Somente o parque solar instalado no Brasil corresponde à geração anual de 6.363 GWh de energia elétrica equivalentes (EEE), para os quais seriam necessárias usinas de 1.397 MW de capacidade.

“Para se ter uma ideia de quanto isso representa, a usina de Furnas, em Minas Gerais, possui uma potência instalada de 1.216 MW. Isso equivale também a duas unidades das 20 turbinas de Itaipu (2 x 700 MW), considerando perdas de transmissão e distribuição”, observam os autores.

O documento também elenca as cinco ações propostas pela ABRAVA-DASOL para disseminar o uso da tecnologia solar térmica e economizar energia elétrica no país:

1 - Adoção da tecnologia dos sistemas de aquecimento solar nas novas construções;

2 - Programa de conscientização sobre os benefícios do aquecimento solar e programa de incentivo para a aquisição de aquecedores solares;

3 - Implantação compulsória de aquecedores solares em todas as Unidades Habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida.

4 - Programa de motivação e/ou determinação de uso dessa tecnologia nos programas habitacionais conduzidos pelos governos estaduais e municipais e demais construções financiadas com recursos governamentais;

5 - Incentivo ao uso da tecnologia nos programas de efi-ciência energética das concessionárias, retirando as barreiras da regulamentação atual da ANEEL.

O documento descreve ainda a metodologia para conver-são da produção dos sistemas solares térmicos em Produ-ção Anual Padronizada de Energia (PAPE), indicador que facilita a comparação comercial dos modelos oferecidos no mercado e o seu benefício imediato para o consumidor (gera-ção de energia para aquecimento de água). A recomendação para adotar esse novo indicador está descrita no Apêndice B do documento, reproduzido na página 9 desta edição.

A íntegra do documento “Energia Solar Térmica – Partici-pação na Matriz Energética e Contribuições Socioeconômicas ao Brasil” está disponível em www.cb-sol.org.br.

Lucio Mesquita, Luís Augusto Ferrari Mazzon e Marcelo Mesquita: energia é competitiva.

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92º CB-Sol

Cálculos de energia: novo paradigma do setor solar

Tradicionalmente o setor de energia solar térmica utiliza o m2 de área de coletores solares como base nas suas transações co-merciais e comunicações ao consumidor e público em geral. Apesar de ser de fácil assimilação, o m2 não informa de forma direta o real benefício do equipamento: a produção de energia, além de não ser um parâmetro efetivamente comparativo entre os diversos modelos oferecidos pelas empresas.

Assim, a partir de aprovação em Assembleia de Associados do DASOL - Departamento Nacional de Aquecimento Solar da ABRAVA - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, indica-se a adoção, por parte dos atores do mercado, de uma nova base de apresentação de dados condicionada à Produção Mensal de Energia (PME), já divulgada nas etiquetas INMETRO dos coletores solares.

O número que passa a ser apresentado é o da Produção Anual Padronizada de Energia (PAPE).

Como exemplo, digamos que um determinado coletor solar tenha a PME - Produção Mensal de Energia de 182 kWh/mês e que 3 coletores estejam sendo ofertados. A Produção Anual Padronizada de Energia – PAPE, seria:

Essa medida permite a comparação comercial dos coletores solares com base na sua produção de energia padronizada e estabelece de forma imediata o benefício gerado pela implantação: energia que será usada como água quente. Sugere-se, ainda, a possibilidade de se oferecer o produto pelo CS - Custo Solar, onde é feito o cálculo do investimento total do aquecedor solar com-pleto em R$/kWh ou R$/MWh. Isso é feito utilizando-se o preço total dividido pela PAPE- Produção Anual Padronizada de Energia, multiplicado pela vida estimada de uso do equipamento, para a qual se sugere 20 anos.

Considerando-se um valor de venda de R$5.000,00 para o exemplo acima de PAPE, o CS seria então:

IMPORTANTE: Vale lembrar que a PAPE – Produção Anual Padronizada de Energia é uma ferramenta de comparação em termos de propostas comerciais, mas em situações que se requeiram cálculos mais precisos, a produção de energia real depende de muitos outros fatores, como disponibilidade de irradiação solar no local, quantidade de água quente efetivamente a ser utilizada, forma de instalação e muitos outros.

A PME - Produção Mensal de Energia da etiqueta é calculada a partir dos testes dos coletores solares para um dia padrão de referência, que considera as condições climáticas da cidade de Belo Horizonte.

INFORMAÇÃO ADICIONAL: Para se determinar o número da PAPE – Produção Anual Padronizada de Energia ainda mais próxi-mo da realidade de uma determinada cidade para dimensionamento do SAS, existe um trabalho em curso no Grupo de Estudos e Pesquisas em Energia (GEPEN), da UNA-BH, sob a coordenação da Profa. Elizabeth Pereira e com suporte da Eletrobras.

Esse trabalho realizará a adaptação da ferramenta ScenoCalc para cidades brasileiras, por meio de planilha de cálculos desen-volvida para o programa europeu Solar Keymark, que calculará a PAPE de um coletor a partir dos dados meteorológicos típicos de uma cidade de interesse. Dessa forma, para situações que requeiram maior precisão, recomenda-se que a PAPE seja calculada dessa forma, assim que a ferramenta esteja disponível para uso das empresas.

Assim, fica claro que essa mudança de paradigma pode ser efetuada facilmente e que, além de facilitar a avaliação dos con-sumidores, irá permitir que o setor comunique de forma mais efetiva à sociedade brasileira a produção energética dos sistemas solares térmicos.

Agosto de 2014

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10 2º CB-Sol

As lições aprendidas em um importante mercado

As habitações de interesse social (HIS) representam 19% do mercado solar térmico. Somente no programa federal Minha Casa Minha Vida foram entregues até julho de 2014 quase 64 mil moradias equipadas com aquecimento solar, informou Maria do Carmo Avesani, diretora do Departa-mento de Produção Habitacional do Ministério das Cidades. A diretora representou a secretária nacional da Habitação Inês Silva Magalhães no 2º CB-Sol.

O Minha Casa Minha Vida prevê a instalação do aque-cedor solar somente nas habitações unifamiliares da faixa de renda 1 (até R$ 1.600,00). A ABRAVA-DASOL pleiteia a ampliação para todos os empreendimentos do programa.

Entre 2009 e 2014 o programa contratou 3.499.640 unida-des habitacionais nas três faixas de renda, segundo a Caixa

Ministério das Cidades e Caixa apontam oportunidades demelhorias nas habitações do Minha Casa Minha Vida

Econômica Federal. Até julho de 2014 foram entregues 1.735.605 unidades habitacionais.

Maria do Carmo observou que a presença do aquecedor solar no Minha Casa Minha Vida está alinhada com o objeti-vo do programa de promover a sustentabilidade ambiental, com redução de emissões de CO2 e redução do consumo de energia elétrica.

“Mas precisamos discutir a melhoria da qualidade de projetos, processos, materiais do sistema construtivo e redu-ção de custos como água, energia, manutenção e operação”, lembrou Maria do Carmo. “É preciso ganhar em sustenta-bilidade. Sem manutenção adequada, o aquecimento solar perderá eficácia”, acrescentou.

Maria do Carmo sugeriu também ações de capacitação

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112º CB-Sol

para manutenção dos equipamentos e garantia do desem-penho do sistema no longo prazo.

A representante do Ministério das Cidades comentou o pleito da indústria de instalar o aquece-dor solar também nos empreendimentos multifamiliares. “Precisamos discutir hidrômetros individuais e o custo de ma-nutenção. Quando se fala em condomínio, a questão de manutenção tem que ser melhor equacionada para fins de rateio entre os moradores”, observou.

A experiência da Caixa

O gerente nacional de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental da Caixa, Jean Rodrigues Benevides, reforçou as sugestões de Maria do Carmo Avesani sobre aquecedores solares instalados nas moradias do Minha Casa Minha Vida.

Ele lembrou que sua gerência defen-deu a instalação do SAS em 10% das casas

contratadas na primeira fase, quando foram equipadas 41.449 unidades em 136 empreendimentos realizados em 19 cidades e 10 Estados, com destaque para Minas Gerais

e São Paulo. O foco nessa primeira fase foi atender regiões onde é hábito usar o chuveiro elétrico.

Na segunda fase, o programa passou a prever a instalação do aquecedor solar em todas as unidades unifamiliares (ca-sas) para a faixa de renda de até R$ 1.600. No total, somando as duas fases, foram contratadas até julho 217.863 moradias equipadas com aquecedor solar. “Assim invertemos uma situação, já que geral-

Jean Benevides apresentou sugestões com base nas pesquisas feitas com usuários de aquecedores solares

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12 2º CB-Sol

Cláudio Conz: Minha Casa Minha Vida estimula venda de aquecedor solar nas lojas de material de construção

Representante do Ministério das Cidades, Maria do Carmo Avesani pede maior envolvimento dos fabricantes

mente eram as casas de classe média que tinham aquecedor solar”, comentou Benevides.

Benevides citou a pesquisa realizada em maio de 2012 para verificar a percepção das famílias contempladas na fase 1 do programa sobre os benefícios da tecnologia solar. Segundo a pesquisa, 80% dos moradores ficaram satisfeitos ou muito satisfeitos com o aquecimento solar, 84% sabiam a finalidade do equipamento (para aquecer água ou econo-mizar energia), 85% consideravam boa a temperatura da água e 51% perceberam uma economia na conta de energia entre R$ 20 e R$ 40.

Uma sugestão motivada pela pesquisa é capacitar ins-taladores para evitar problemas de funcionamento dos aquecedores solares. Uma providência adotada pela Caixa foi elaborar cartilha para orientar o usuário sobre o uso cor-reto de aquecedores e misturadores de água quente e fria.

Diante da perspectiva de se investir mais em edifícios multifamiliares, Benevides citou também a necessidade de se desenvolver uma solução viável de medição individual de água e um estudo da viabilidade técnica, econômica e de gestão condominial dos aquecedores.

Essa pesquisa deve nortear decisões sobre a instalação de aquecedores solares em cidades de clima quente do Norte e Nordeste, locais sem o hábito do chuveiro elétrico.

Setor já tem soluções

O presidente do DASOL, Luís Augusto Ferrari Mazzon, comentou que o setor já possui soluções para as questões técnicas levantadas pelo Ministério das Cidades e pela Caixa. “Está faltando um pouco mais de interlocução”, observou.

Mazzon garantiu que o setor está aberto para atender a essas demandas. Uma evidência dessa disposição é a inten-ção da ABRAVA-DASOL de participar do Programa Brasi-

leiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).Ele enumerou outras iniciativas do DASOL voltadas para

a qualidade dos aquecedores solares e a satisfação do usuá-rio, como a adesão voluntária ao Programa de Etiquetagem e a adequação às regras do Programa Minha Casa Minha Vida e das companhias estaduais de habitação. “Temos também a Resolução da Aneel que fez as concessionárias de energia investirem em projetos de energia solar térmica. Tudo isso faz com que nossas empresas estejam atentas na produção, comercialização e prestação de serviços com qualidade”, salientou.

Varejo aquecido

“Onde tem um empreendimento Minha Casa Minha Vida surgem três ou quatro lojas de material de construção. É importante que o pessoal da indústria esteja estruturado para atender a distribuição de aquecedores”, recomendou Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), que também prestigiou o 2º CB-Sol. Segundo a Anamaco, pelo menos 13% das 133 mil lojas do setor trabalham com algum tipo de aquecimento.

O presidente da Anamaco participou do painel sobre Habitações de Interesse Social apresentando números sobre a economia do país, a criação de empregos, o crescimento da classe C e os investimentos que têm sido feitos em transporte, energia e mobilidade urbana nos últimos anos.

“Eu viajo pelo Brasil todo e vejo o país inteiro em obras. E isso tem a ver com o negócio da habitação social”, afirmou Conz, citando a meta do Minha Casa Minha Vida de chegar a 3,75 milhões de unidades este ano. Ele defendeu que o pro-grama avance rumo às cidades menores, com menos de 50 mil habitantes, acompanhado de programas de qualificação em aquecimento solar.

Veja entrevista com Cláudio Conz na página 32.Confira as apresentações do 2º CB-Sol em www.cb-sol.org.br

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14 2º CB-Sol

Sustentabilidade nosedifícios paulistanosEngenheira e arquiteta destacam diferencial do aquecimentosolar em imóveis de alto padrão

Durante o 2º CB-Sol, duas apresentações valorizaram os projetos customizados de aquecimento solar para edifícios de alto padrão em São Paulo. A engenheira Márcia Arnoldi Donato, diretora da M3tro Cúbico Projetos e Consultoria, apresentou um sistema de aquecimento solar instalado em 2012 em um edifício na região dos Jardins em São Paulo, com 16 apartamentos e um duplex atendendo uma população de 102 pessoas no horário de pico.

O projeto da M3tro Cúbico, elaborado dentro de um conceito de geração e distribuição de energia térmica, utiliza aquecimento indireto no ponto de consumo, com a aplicação de trocadores de calor. O sistema foi subdividido em três prumadas por apartamento para reduzir o tempo de espera da chegada de água quente na ducha. Hoje este tempo de espera é de 10 segundos. Cada trocador atende duas duchas simultâneas, com vazão de 20L/min/ducha. O mesmo mo-delo de ducha foi também usado no WC de serviço.

O dimensionamento do sistema em circuito fechado (distribuição de energia térmica para aquecimento indireto

instantâneo) foi feito com base nas normas europeias de centrais térmicas e sistemas de aquecimento de água sani-tária – uma providência para a adequação de itens que não estavam contemplados na norma brasileira, como a altura do edifício e a simultaneidade do uso do sistema.

Em São Paulo, a Lei Municipal 14.459/2007, regulamen-tada pelo Decreto 49.148/2008, determina que o sistema de aquecimento solar deve atender no mínimo 40% da de-manda energética anual nas novas edificações com quatro banheiros ou mais.

“Fizemos o dimensionamento e usei o guia de parametri-zação: consumo diário de 18.360 litros e 50 coletores, que é o número mínimo para atender a fração solar de 40% exigida por lei. No circuito fechado, chegamos a 30 coletores Classe A (2 m2/un), dois tanques térmicos de 1.000 litros (2.000 l/un) e quatro aquecedores de passagem (50.000 kcal/un)”, descreveu a engenheira.

O fator decisivo na escolha do sistema foi a área restrita disponível na cobertura do edifício. “No circuito aberto,

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Sistema de circuito fechado instalado em prédio de alto padrão nos Jardins

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precisaríamos de 150 m2 de área para instalação dos coletores, e mais área para alojar os dois tanques térmicos de 10.000 litros/cada”, lembra Márcia Do-nato. Já no circuito fechado foram utilizados 90 m2 para instalar os coletores e um espaço reduzido para

acomodar o restante do sistema.Ao longo do dia, os tanques térmicos funcionam como

“baterias”, podendo armazenar água até 80 ºC. “Eu carrego as baterias e no final da tarde os tanques estão na tempe-ratura necessária, garantindo 70% dos banhos no período da noite e ainda sobra energia para os banhos da manhã”, descreve a engenheira.

Para garantir uma boa instalação de todo o sistema, foi criado um mecanismo de contratação, onde todos os orça-mentos foram avaliados e equalizados tecnicamente pela projetista. “O que não estava adequado foi devolvido aos fornecedores para ser refeito e posteriormente analisado. Com esse processo, a construtora teve certeza de que o sistema contratado seria o sistema que o projeto precisava.”

A orientação da construtora era: façam o melhor, sem restrição de custo para garantir o melhor desempenho do sistema e conforto ao usuário. “Portanto, não economizamos em isolamento térmico, bombas adequadas a operar em altas temperaturas, mão de obra qualificada e quadros de comandos”, lembra Márcia.

A empresa está realizando medições, acompanhando e aferindo a eficiência do sistema em operação há dois anos, mas já identificou que está garantindo facilmente os 40% previstos na lei solar.

O sistema apresenta térmica linear e invariável, em todos os pontos de consumo da torre, independentemente do andar em que o apartamento se encontra, não sofre com variações de pressões entre água fria e água quente, sendo necessária somente a medição individualizada de água fria (um medidor por apartamento).

Márcia salienta que a eficiência de um sistema, como o nome propriamente diz, deve ser computada em um todo, na geração e transmissão: o projeto precisa otimizar ao má-ximo todos os pontos com potencial de eficiência, como é o caso dos trocadores de calor utilizados. Esses trocadores foram dimensionados para garantir 86% de eficiência na troca de energia, com baixa perda de carga de operação, aproximadamente 0,3 m.c.a.

O projeto identificou como necessidades a qualidade na execução para garantia de segurança do sistema; comissiona-

mento de instalação (para garantia de execução do projeto); acompanhamento na alteração de projetos personalizados de hidráulicos e ou de aquecimento para garantia do conforto ao usuário na utilização e operação. “Comissionamento é muito importante para não ter retrocesso no nosso sistema. Acompanhamento também é importante: se o cliente muda o projeto, o sistema não vai funcionar”, alertou a engenheira.

O diferencial do aquecimento

O aquecimento solar é um dos diferenciais dos empre-endimentos sustentáveis da Exto, construtora com mais de 25 anos de atuação no mercado imobiliário de São Paulo.

A construção de imóveis dentro dos novos conceitos de sustentabilidade acaba impactando a percepção do cliente final que enxerga a preocupação da Exto com a redução de contas de consumo e custos condominiais, além do investi-mento em eficiência energética de fonte limpa.

Esse diferencial está presente no Heritage Homem de Melo, edifício de alto padrão com dois apartamentos de 158 m2 por andar. O case foi apresentado no 2º CB-Sol pela arquiteta Sumaia Sleiman, gerente de desenvolvimento de projetos e personal da Exto.

Embora o atendimento ao Decreto Lei 49.148/2008 implique em uma série de interferências na arquitetura, instalações elétricas e hidráulicas, o aquecimento solar é um sistema de comprovada vida longa, com benefício econômi-co ao usuário no curto prazo, além da utilização de energia renovável e sustentável. “A única desvantagem é o custo elevado do investimento”, observou a arquiteta.

Numa perspectiva mais ampliada, Sumaia enumera en-tre as vantagens do aquecimento solar a redução de custos com os sistemas de transmissão e distribuição de energia, a redução de perdas técnicas (já que parte da energia é con-sumida onde é produzida) e a redução no custo das contas de energia do consumidor final.

O aquecimento solar também permite o desenvolvimento social em localidades que não são beneficiadas pelo fornecimento de energia elétrica. “Agregando im-postos, custos ambientais e sociais, a energia solar térmica passa a ser, em um futuro breve, econo-micamente competitiva”, concluiu.

Márcia Donato:circuito fechado reduziu área coletora para 90 m²

2º CB-Sol 15

Arquiteta Sumaia Sleiman, da Exto: sistema de comprovada vida longa

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Sistema projetado pela M3tro Cúbico

Chaguri salientou importância de conhecer e aplicar as normas técnicas

Dúvidas na legislação

O engenheiro José Jorge Chaguri Jr., da Chaguri Consul-toria e Engenharia, falou sobre os desafios colocados para os instaladores nas diversas etapas de execução dos projetos e observância das normas técnicas para atendimento à lei municipal na cidade de São Paulo.

A legislação exige a instalação de sistemas de aquecimen-to solar completo nas novas edificações destinadas ao uso residencial com quatro ou mais banheiros por unidade ha-bitacional. Esses sistemas, como previsto na Lei 14.459/2007 regulamentada pelo Decreto 49.148/2008, devem ser dimen-sionados para atender no mínimo 40% de toda a demanda anual de energia para aquecer água sanitária e piscinas.

Chaguri listou as várias normas técnicas que devem ser observadas no projeto e execução dos sistemas de aqueci-mento solar como a ABNT NBR 7198 (Projeto e execução de instalações prediais de água quente), a ABNT NBR 15569 (Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto) e a ABNT NBR 13103 (Instalação de aparelhos a gás para uso residencial). Ele chamou a atenção para os conflitos exis-tentes entre essas normas, salientando as dificuldades em projeto. Além disso, ainda há desconhecimento no mercado com relação à ABNT NBR 16057 (Sistema de aquecimento de água a gás).

Ele observou que os instaladores têm dificuldades em readequar as placas coletoras definidas em projetos com as placas a serem utilizadas na instalação, principalmente com relação de eficiência entre elas. Outro desafio é a exis-tência de poucos instaladores qualificados e a dificuldade de estabelecer um padrão de confiança e qualidade entre eles e o mercado.

Há dúvidas também sobre quem deve fazer a verificação da instalação e o comissionamento: o engenheiro da obra,

a instaladora, fornecedores, consultores ou projetistas. Chaguri comentou ainda que o comissionamento deveria cobrir o acompanhamento do projeto, adequação do projeto--instalação, acompanhamento da compra, acionamento e monitoramento do sistema.

O comissionamento deve considerar itens como o levan-tamento de histórico das instalações, controle das alterações de projeto, detalhes de todos os equipamentos adquiridos, controle de garantias e dos processos de instalação, registros dos acionamentos e dos resultados obtidos e retroalimenta-ção dos resultados para projetos.

Por fim, é necessário avaliar também o uso final do sistema. “Uma série de documentos são necessários. Não adianta entregar o sistema de aquecimento solar e não olhar para ele no futuro. Após a instalação, é preciso considerar a aplicação do projeto ao uso real, readequando as instalações, avaliando perfil de consumo e o monitoramento e gestão do sistema”, observou.

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18 2º CB-Sol

Um mercado para conquistar Painel mostra as possibilidades da tecnologia solar térmica na indústria

A indústria representa um grande mercado a ser conquis-tado pela energia solar térmica. Mais de 80% do consumo de energia elétrica ocorre na indústria, segmento que representa apenas 4% do mercado solar. Nas indústrias que utilizam a energia solar térmica, 65% das aplicações estão voltadas para o aquecimento de processos. Mas a tecnologia pode ser usada para outras finalidades.

“A energia solar térmica está pronta para ser usada nos processos produtivos que necessitam de aquecimento de água a 60 °C. Coletores para banho e piscina usam tempe-raturas mais baixas. Já a indústria precisa de temperaturas maiores”, salientou a professora Elizabeth Marques Duarte Pereira, pesquisadora do Centro Universitário UNA-MG, durante sua apresentação no 2º CB-Sol.

Entre vários cases no Brasil e exterior que utilizam o aquecimento solar de água, a professora citou um curtume no México, a fábrica da Natura em Cajamar (SP), a cervejaria Companhia Nacional de Bebidas Nobres (antiga Belco Brasil) em São Manuel (SP) e a Arena Pernambuco, em Recife (PE). Na China, uma indústria têxtil utiliza 13.000 m2 de coletores planos para processos de estampagem e tingimento a 55 °C. No Chile, a mina de cobre Codelco, com 39.300 m2 de área coletora, reduziu em US$ 7 milhões os custos anuais de energia e as emissões de dióxido de carbono, além de garantir um fornecimento confiável de energia.

Enquanto isso, a fábrica da Kraft Foods em Vitória de Santo Antão (PE) deve receber a certificação LEED (Lea-

dership in Energy and Environmental Design), concedida a empreendimentos “verdes”. A fábrica é equipada com 48 coletores cilindro-parabólicos (área total de 633 m²) para produção de vapor de água pressurizado para limpeza, de-sidratação e pasteurização de frutas, biscoitos e sobremesas.

Em 2011, no 1º CB-Sol, a professora já havia apresentado o case do tratamento térmico da manga a 46 °C para contro-lar a mosca-das-frutas.

Outra possibilidade é o uso do aquecimento solar na indústria têxtil, setor que enfrenta forte concorrência dos países asiáticos. “Hoje 25% do jeans comercializado no Brasil vem de Caruaru (PE). O aquecimento das lavanderias de lá é feito com lenha de desmatamento. A energia solar representaria um grande upgrade para o setor”, defende a professora.

Ampliar a aplicação industrial da energia solar térmica seria bastante oportuno para o setor, onde a eletricidade representa um custoso insumo. A professora citou a Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica de julho de 2014, que aponta a queda do consumo de energia no primeiro trimestre por causa do processo de desindustrialização. “O crescimento econômico precisa da atividade industrial. Mas o consumo de energia precisa de segurança de fornecimen-to, preços competitivos e cenário de estabilidade. Estamos vivenciando o oposto disso”, observou.

A professora Elizabeth também falou sobre eficiência energética e apresentou pesquisa realizada pelo Procel e

a Confederação Nacional da Indústria (CNI) analisando 93 programas na in-dústria de 12 países e União Europeia. O estudo concluiu que 94% dos pro-gramas associam ganhos energéticos e ambientais; 82% possuem algum tipo de incentivo financeiro ou tributário; 62% dos programas são voluntários; e 62% promovem substituição de equipamentos e alteração de processos industriais.

Apesar dos benefícios, a professora lembra que não se pode procurar efici-ência energética “de forma compulsiva”. Assim, antes de adotar a tecnologia solar, é preciso conhecer o processo produtivo e o consumo de energia. “Não se justifica o investimento se for para desperdiçar energia”, alertou.

Um exemplo são as caldeiras de vapor

Profa. Elizabeth Marques Pereira: “usar energia nobre para aquecer água a 60 °C é um crime”

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2º CB-Sol 19

Com 8 milhões de ha-bitantes e uma área equi-valente à metade do Esta-do do Rio de Janeiro, Israel é um país com tradição em inovação e pioneirismo em grandes projetos no setor de energia solar. Incentivada pelo governo israelense, a energia solar é utilizada no país desde 1950.

Foi em Israel que sur-giu a Segs Luz, maior em-presa de energia solar

dos anos 80, e que deu origem à BrightSources Industries. Esta última é a construtora da Ivanpah, maior usina solar do mundo localizada no Deserto de Mojave, na Califórnia, com capacidade para geração de 392 MW. Outro projeto da mes-ma empresa é a usina Ashalin, localizada no deserto Ramat Negev, em Israel, e que terá capacidade de 121 MW quando

A tradição israelense

começar a operar em 2017. “Quarenta por cento da energia utilizada em Israel tem

origem solar”, informou Noam Ilam, palestrante internacional do 2º CB-Sol. Ilam é presidente da Conferência de Energia Verde Eilat-Eilot, em Israel, e vice-presidente da Capital Na-ture, empresa com projetos no segmento de energias limpas.

A Capital Nature investe em energia solar por meio da Tamuz Energy, que pode fornecer temperaturas até 300 °C para processos comerciais e industriais, e oferecer soluções mais competitivas do que os combustíveis fósseis, como o gás natural.

Ilam observou que dois terços da energia consumida na indústria são destinados ao aquecimento de processos, mas a energia solar também pode ser usada para ar condicionado e resfriamento. O palestrante ressaltou o potencial de opor-tunidades para a América Latina no uso da energia solar. “Os tubos a vácuo produzidos na China não alcançam as altas temperaturas exigidas em alguns dos processos industriais”, ressaltou.

Confira as apresentações do 2º CB-Sol em www.cb-sol.org.br

utilizadas na indústria têxtil e que produzem temperaturas entre 160 e 180 °C (nesse setor, as temperaturas típicas de processos industriais vão de 40 a 100 °C). “Usar uma energia nobre para aquecer água a 60 °C é um crime.” Ela sugere um roteiro para avaliação de tecnologias mais adequadas e eficientes para o processo produtivo, pesquisa de linhas de financiamento e estudo de viabilidade técnico-econômica do in-vestimento. “É preciso buscar custos compatíveis e taxas atrativas.”

A professora também comentou sobre linhas de financiamento dispo-níveis para investimento em eficiência energética. Essas linhas podem ser pesquisadas no Guia da

Aplicações industriais representam apenas 4%

do mercado solar térmico

Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (guia.abdi.com.br). Para as empresas que querem investir em eficiência energética, a professora Elizabeth considerou in-teressante a linha PSI/BNDES para equipamentos eficientes, com taxa de juros fixa de 4% ao ano.

Noam Ilam, VP da Capital Nature

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20 2º CB-Sol

Investimento na certificação Congresso discutiu o impacto das novas regras do Inmetro nas rotinas de empresas e laboratórios

Os investimentos e desafios da certificação compulsó-ria foram debatidos no 2º CB-Sol com os palestrantes do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e o Laboratório Green Solar da PUC-MG. A empresa Kisol Aquecedor Solar (Mococa-SP) relatou como se prepa-rou para o processo de certificação.

O tema teve como cenário a Portaria Inmetro 358/2014, que prorrogou os prazos para fabricantes, importadores e comercializadores se adequarem às normas de certificação compulsória de sistemas de aquecimento solar previstas na Portaria 352/2012.

Os novos prazos preveem a adequação de fabricantes e importadores até 10 de setembro de 2015, para comerciali-zação pelo fabricante e importador até 10 de março de 2016 e para a comercialização no varejo até 10 de março de 2017.

“O Inmetro decidiu adiar os prazos em razão das dificul-dades encontradas pelo setor produtivo, principalmente as empresas de pequeno porte”, explicou Fabio Real, pesqui-sador tecnologista da Divisão de Regulamentação Técnica e de Programas de Avaliação da Conformidade do Inmetro.

Diante dos questionamentos que vêm sendo colocados pela ABRAVA-DASOL, Fabio Real admitiu que a regulamentação dos

aquecedores solares representa uma transição quase trau-mática para as empresas, com muitas mudanças de uma só vez e a chegada de novos requisitos para a certificação passar de voluntária para compulsória. “Para reequilibrar essa regulamentação foi prorrogada a portaria”, comentou.

O pesquisador citou alguns questionamentos como a necessidade de adotar o modelo 5 para todos os equipa-mentos. O modelo 5, lembrou o pesquisador, é bastante robusto e aplicado a produtos que têm alguma severidade de segurança, como fogão, aquecedor a gás e panela de pressão. “Mas será que o coletor solar representa risco de vida?”, questionou.

Fabio Real relembrou também o gargalo no processo de avaliação de conformidade por causa da pequena oferta de Organismos Certificadores de Produto (OCPs) e laboratórios

acreditados. “Hoje temos três OCPs, um laboratório acreditado de terceira parte (IPT) e um não acreditado que é o Green Solar.”

Segundo Fabio Real, vários comen-tários encaminhados pela ABRAVA--DASOL ainda estão sendo analisados pelo Inmetro. O instituto estuda realizar novo workshop para discutir o processo de certificação e as razões pelas quais parte das empresas ainda não aderiu ao programa.

Fabio Real (Inmetro) relembrou questionamentos do setor sobre a certificação

Mesa do painel sobre certificação e compulsoriedade

IPT observou diferença no desempenho dos coletores com a aplicação dos novos testes

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2º CB-Sol 21

IPT compara testes antigos e novos

A nova etapa da certificação dos aquecedores solares representa desafio e oportunidade: um caminho para ali-nhamento com os requisitos técnicos internacionais e um salto de qualidade e maior confiabilidade. Esta é a visão do engenheiro Paulo José Schiavon Ara, pesquisador de testes do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que fez uma detalhada apresentação dos métodos de ensaio para certificação compulsória.

Fundado há 115 anos, o IPT reúne 37 laboratórios, entre eles o de Instalações Prediais, onde está localizado o simu-lador para testes de confiabilidade de reservatórios térmicos e coletores solares.

Entre os requisitos que deverão ser avaliados nesses testes estão as marcações e instruções informadas nos re-servatórios térmicos. O IPT analisa se houve aplicação de água e solventes nas marcações, a existência de advertências e identificações e o conteúdo e localização das informações. Outro item avaliado é a pressão hidrostática para verificar se o reservatório apresenta vazamento ou deformação visível.

Nos reservatórios são realizados ainda ensaios de volume

armazenado, desempenho térmico, tensão, corrente de fuga e potência e resistência a calor e fogo. No ensaio de enfer-rujamento, os ensaios são realizados em partes metálicas, não metálicas e poliméricas. Uma das novidades é o ensaio de 1.200 horas em câmara de arco-xenônio para materiais poliméricos.

No caso dos coletores, o ensaio de pressão interna deter-mina se a placa absorvedora suporta as pressões que terá ao longo da sua vida útil. Outro ensaio é o de resistência a alta temperatura (altos níveis de irra-diância) sem apresentar falhas. No ensaio de exposição, o labora-tório simula um envelhecimento de curta duração, intercalado com choques térmicos.

Paulo José Ara descreveu os testes de qualidade adotados pelo IPT

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Também é testada a resistência a choque térmico interno para verificar se o coletor pode suportar a entrada repentina de água fria em dia quente e ensolarado. A resistência a cho-que térmico externo é avaliada para determinar se o coletor suporta um temporal repentino de água fria em dia quente e ensolarado. Para o teste de penetração de chuva, o coletor é mantido quente e submetido a quatro horas de chuva. A bateria de testes inclui ainda carga mecânica, congelamento, impactos e envelhecimento acelerado.

O pesquisador do IPT apresentou no 2º CB-Sol os re-sultados comparados dos antigos ensaios da etiquetagem voluntária e os novos testes previstos na certificação compul-sória. Os resultados são até semelhantes, mas o pesquisador observou que, pela nova regra, os índices de eficiência so-bem, bem como o indicador de Produção Mensal de Energia.

Green Solar busca acreditação

A certificação compulsória dos sistemas de aquecimento solar não impacta somente as empresas do setor. O Green--Solar, pioneiro laboratório do Grupo de Estudos em Energia da PUC-Minas Gerais, também está em processo de acredita-ção junto ao Inmetro para oferecer todos os ensaios previstos na nova fase do Programa Brasileiro de Etiquetagem Solar.

“Os novos testes e procedimentos já são uma realidade dentro do laboratório. Estamos nos adequando para uma nova fase bem mais criteriosa e mais profissional”, afirmou a Dra. Rosely Campos, gerente de qualidade do Green PUC--MG. Após essa adequação, o laboratório, criado em 1997, poderá competir em igualdade com os melhores do mundo.

“Teremos um controle de qualidade inquestionável e uma infraestrutura que nos permitirá fazer quase todos os ensaios do programa. Apresentaremos resultados com um maior grau de certeza e confiabilidade. Os novos ensaios serão mais rigorosos”, assegurou a gerente.

A previsão é que essa adequação esteja concluída em setembro de 2015. Para atingir esse objetivo, o laboratório vem adotando uma série de medidas desde 2013. Umas des-sas ações foi a contratação de consultoria para implementar sistema de gestão (Norma 17025) e preparar o laboratório para acreditação. Também foi necessário construir ou subs-tituir bancadas de ensaio, além de ampliar e treinar a equipe e desenvolver novos procedi-mentos e formulários.

Os desafios das empresas

O processo de certificação compulsória tem exigido um grande empenho das empresas que buscam o reconhecimen-to da qualidade dos seus produtos. Além do investimento financeiro, as empresas vêm encarando outros desafios como buscar conhecimento e adequar processos para oferecer

sistemas de aquecimento solar certificados.

Marcelo Madeira, di-retor e responsável pela implantação da Portaria 352 na Kisol Aquecedor Solar, descreveu os de-safios enfrentados pela sua empresa, que tem 25 funcionários em Mococa (SP). Esses desafios, lem-brou, são maiores para as pequenas empresas do setor, que contam com recursos humanos e financeiros limitados. Uma das dificuldades,

por exemplo, foi conseguir crédito com juros atraentes para investir nesse processo. “Foi muito investimento para uma empresa de pequeno porte”, concluiu.

As etapas de implementação do processo na empresa incluíram contratação de consultoria, mudanças de processo de gestão e de processo produtivo, contratação de OCP, custos das amostras e dos ensaios em laboratórios.

“Quando buscamos consultorias no mercado, todas traziam um livrão e parecia que íamos virar um cartório. Até que encontramos uma consultoria que nos ajudou a implementar os procedimentos da maneira mais eficiente, agregando valor ao nosso produto final”, lembra o diretor.

A adequação dos processos de qualidade também exi-giu muito empenho. “Você não sabe a complexidade que é mudar o seu modo de trabalho. Foram várias horas de treinamento até colocar na cabeça da equipe o motivo pelo qual o modo de trabalhar tinha que mudar.”

Depois do treinamento, a empresa se deparou com outro desafio: entender os novos requisitos definidos na Portaria 352 e saber quais alterações deveriam ser feitas no produ-to, cadeia de fornecedores e métodos de ensaio. O passo seguinte foi levantar os investimentos necessários para adequar o processo produtivo, considerando que a maioria das empresas do setor desenvolve suas próprias máquinas. Depois de feitas todas as alterações nos processos de trabalho e nos produtos, chegou a hora da tão esperada auditoria.

Uma dificuldade adicional é que, na época da adequação, só existia um Organismo Certificador de Produto acreditado. “Com apenas um OCP acreditado, não tínhamos a oportu-nidade de comparar serviços e propostas. O setor ficou por um bom tempo na mão de apenas um OCP.”

Rosely Campos: Green Solar em igualdade com os melhores

laboratórios do mundo

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2º CB-Sol 23

Depois de passar na auditoria, o passo seguinte foi encontrar laboratórios acreditados para fazer os ensaios de qualidade. “Tínhamos um monte de reservatórios e coletores lacrados. Tivemos que vendê-los, pois os labora-tórios ainda não estavam aptos a fazer os ensaios. Faremos os ensaios quando estiver definido onde eles devem ser feitos”, garantiu.

Os testes a serem realizados eram outra dúvida. “Havia uma dificuldade em interpretar a portaria. Nem todo mun-do está alinhado: o OCP dizia uma coisa e o laboratório dizia outra”, lembra Marcelo. “Alguns requisitos técnicos definidos na portaria não são claros e objetivos, podendo gerar diferentes interpretações. Acredito que o Inmetro já tem conhecimento destes detalhes e esteja trabalhando para corrigi-los.”

A empresa questionou se todos os requisitos são de fato necessários. “Será que alguns ensaios (como resistência a calor e frio, enferrujamento e envelhecimento acelerado) realmente precisam ser feitos em todas as famílias de pro-dutos? Se não for preciso, vai baratear e agilizar bastante esse processo”, calcula Marcelo Madeira.

Um ganho importante foi o conhecimento. “Desenvolve-mos um software interno para controlar o sistema de gestão

de qualidade. Foi difícil e custoso, mas os indicadores do nosso trabalho estão muito melhores”, afirma.

Por fim, o diretor reconhece que a certificação compulsó-ria é extremamente importante para o futuro do setor. “Irá representar um grande pulo de qualidade. As empresas terão que trabalhar ainda mais para melhorar seus proces-sos, trabalho e produtos. O consumidor final será o maior beneficiado, pois terá a certeza que o seu aquecedor solar atende aos requisitos mínimos de qualidade e segurança.”

Confira as apresentações do 2º CB-Sol em www.cb-sol.org.br

Marcelo Madeira descreveu a experiência

da Kisol para se adequar à

portaria do Inmetro

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24 2º CB-Sol

“Aquecimento solar podemudar a vida do brasileiro”

Entrevista: Cláudio Conz, presidente da Anamaco

Como o sr. avalia a proposta da ABRAVA-DASOL de criação de uma política nacional de disseminação do aquecimento solar de água com o objetivo de poupar energia elétrica para o país?

A proposta da ABRAVA-DASOL de incentivar o uso de sistemas de aquecimento solar de água é muito importante para o nosso país e, além de se tratar de uma fonte de energia limpa e renovável, pode mudar a vida do povo brasileiro, que hoje passa por uma das piores crises hídricas de sua história. O Brasil é detentor de um dos maiores índices de radiação solar do mundo e é carente de políticas públicas que incentivem essa prática.

Sabemos que 15% de toda a energia elétrica consumida no Brasil é destinada ao aquecimento da água, que cerca de 40% do consumo hídrico de uma residência é no chuveiro e que ainda existem milhões de chuveiros elétricos instala-dos nas casas brasileiras. Essa é uma solução que, além de acessível, pode impulsionar a inclusão social das famílias de baixa renda.

Como o sr. avalia o potencial de demanda por aquecedores

Cláudio Conz: “casa própria voltou a ser um sonho de consumo”

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O incentivo ao uso do aquecedor solar ajuda o país a poupar energia e impulsiona a inclusão social das famílias de baixa renda. Esta é a visão do presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, Cláudio Conz, que defende a instalação dessa tecnologia em todas as unidades do Minha Casa Minha Vida.

O executivo também lembrou que o mercado sente falta de profissionais qualificados para orientar o cliente na compra, na instalação e no funcionamento do produto. “Quanto mais o produto oferecer facilidade de instalação, assistência técnica e mão de obra especializada, maiores serão as chances de êxito na introdução de novas tecnologias”, observou Conz nesta entrevista à SOL BRASIL.

solares a partir dessa política?Na medida em que a demanda por aquecedores solares

for crescendo, tenho absoluta certeza de que conseguiremos atender e ampliar a distribuição desses produtos pelo país. Hoje, a maior parte das grandes lojas do setor estão preo-cupadas em trabalhar marcas com propostas de sustenta-bilidade entre o seu mix de produtos, mas os aquecedores de passagem de água e gás estão presentes em apenas 13% das lojas do país.

Desde que a energia solar passou a ser implementada no Minha Casa Minha Vida, a procura por produtos também cresceu. O problema é que o preço desses produtos ainda está fora da realidade do que a maioria do povo brasileiro pode pagar, mesmo com os financiamentos disponíveis no mercado.

Que condições seriam necessárias para o varejo de material de

construção atender adequadamente e fomentar um aumento de demanda por aquecedores solares?

A indústria de aquecimento solar hoje tem um foco

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252º CB-Sol

maior no home center, que é a loja que trabalha com um mix de produtos mais diversificado.

Porém, precisamos lembrar que mais de 77% das lojas são pequenas e médias e estão espalhadas por todos os cantos do país. Elas precisam de pro-dutos mais acessíveis à população que, muitas vezes, não tem informação sobre financiamentos, não sabe que pode parcelar a compra.

O varejo tem condições de ampliar as vendas em suas lojas, mas eu acredito que também falte hoje no mercado profissionais qualificados para orientar o cliente não só no momento da compra, mas também sobre a instalação e funcionamento do produto.

Um dos desafios de atender a esse grande incremento no varejo

de material de construção civil é a qualificação e treinamento de equipes. Quais são as iniciativas da Anamaco voltadas para esse objetivo?

Nós desenvolvemos semanalmente treinamentos e pa-lestras na sede da nossa Universidade Anamaco, através da Loja Escola do Varejo, que há 10 anos fica em São Paulo e que já conta com mais de 20 mil profissionais certificados. Acre-dito que a indústria pode ampliar esse tipo de treinamento apoiando as nossas iniciativas e até mesmo promovendo novos treinamentos dentro das lojas do setor.

A intenção é fazer com que o balconista e o vendedor entendam melhor o produto que estão comercializando e possam sanar todas as dúvidas do cliente, além de indicar o serviço completo de instalação com um profissional de confiança.

Temos 148 mil lojas do setor e trata-se de um mercado bastante peculiar porque, além de a maioria ser pequena e média, há também uma limitação muito grande de espaço físico (1/3 delas possui apenas 100 metros quadrados). En-tão, a exposição de produtos maiores ainda é um problema.

Nos últimos anos, o Brasil se transformou em um grande canteiro de obras em todas as regiões. Como esse movimento tem impactado o varejo da construção?

Ao longo dos últimos 10 anos, o setor de material de construção tem crescido e aprendido a se reorganizar e a se reinventar todos os dias. Investimos em treinamento, capa-citação profissional e também aprendemos a dialogar com o governo e demais entidades setoriais em um outro nível.

Além de conquistas se-toriais, como a redução do IPI para materiais de construção, tivemos o cres-cimento da renda e do em-prego, que continuam afe-tando diretamente o nosso comércio, a expansão do crédito imobiliário, com juros atrativos, baixos ín-

dices de inadimplência (que, aliás, é uma das mais baixas em todos os setores) e o aumento do limite do uso do FGTS para financiamentos.

Como os programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida impactam o crescimento das lojas de material de construção?

Cada habitação entregue gera demanda para a loja de material de construção do bairro, ou porque o proprietário quer trocar a cor da parede, o piso, melhorar o acabamento, trocar bacias sanitárias, enfim… há uma demanda natural por serviços do setor que independe de outros fatores.

Como o sr. avalia o impacto da distribuição de renda e a migra-

ção entre classes sociais no mercado de financiamento e reforma de imóveis usados?

Com o aumento da renda e o crescimento do emprego, mais de 50% da população brasileira, hoje, é da classe C. São pessoas que ascenderam na pirâmide social e que passaram a gastar mais e a investir em melhoria de vida, incluindo a compra da casa própria, seja ela nova ou usada.

Eu costumo dizer que o sonho da casa própria passou por um momento de turbulência onde as pessoas preferiam ter uma TV nova, o aparelho celular mais novo, o carro do ano, um home theater, porque elas passaram a ter condições de comprar essas coisas, que antes eram apenas dos mais ricos.

E depois que elas conseguiram comprar tudo isso, não adiantava ter a TV de plasma de 40 polegadas, se a parede

“Brasil é carente de políticas públicas que incentivem o uso do

aquecimento solar de água”

Cada moradia entregue no Minha Casa Minha Vida gera demanda nas lojas de material de construção

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26 2º CB-Sol

da casa está feia, se o local em que se mora não é seguro. Então o impacto da distribuição de renda e da migração entre classes sociais foi muito importante para o crescimento do mercado de financiamento e reforma de imóveis usados. Eu diria que hoje a casa própria voltou a ser um sonho de consumo.

Em que proporção o baixo crescimento da economia afeta os

negócios na área da construção? Qual a expectativa que o setor trabalha para o próximo ano?

O baixo crescimento da economia está diretamente li-gado aos nossos negócios. O ano de 2014 tem sido um ano estável para o nosso mercado, sendo que não apresentamos crescimento ou queda no acumulado de janeiro a agosto e no dos últimos 12 meses. Apesar dos números não mostrarem o nosso melhor desempenho, continuamos otimistas de que vamos recuperar o crescimento das vendas nos próximos meses.

O período de eleições nos preocupa um pouco, porque as pessoas tendem a segurar novos investimentos nessa época do ano, em virtude da incerteza do futuro, mas com o fim do ano se aproximando, é um comportamento típico do consumidor querer arrumar a casa para receber a família no Natal e Ano Novo.

Além disso, o pagamento da primeira parcela do 13º salário e a chegada do período de chuvas também devem in-fluenciar esse comportamento. A nossa expectativa é de 3,5% de crescimento para 2014 e de 4% de crescimento para 2015.

Os sistemas de aquecimento solar já estão definitivamente incorporados na cultura de vendas das lojas de materiais para construção? Como as exigências de novos sistemas e tecnologias de acessibilidade, eficiência energética e norma de desempenho são entendidas e atendidas pelo setor?

Como eu mencionei acima, os home center já estão plenamente habituados com esse tipo de produto, mas o mesmo não acontece com as lojas pequenas e médias. Os sistemas de aquecimento solar só são comercializados em

13% das nossas lojas em todo o país. Falta mais informação e treinamento.

Na visão da Anamaco, quais as propostas e oportunidades mais relevantes para a maior participação dos aquecedores solares de água no varejo da construção?

Ampliar a obrigatoriedade de uso de aquecedores solares para todas as unidades do Minha Casa Minha Vida (pois hoje isso é restrito a quem ganha até três salários mínimos), por causa do potencial de redução de consumo e de redu-ção da conta de energia elétrica, melhorando a renda do proprietário.

O Brasil passa por uma crise de energia e aumento expressivo de custos que todos teremos que conviver proximamente e por al-guns anos. Como a Anamaco está direcionando essa oportunidade de vendas de produtos que consomem menos ou que economizam energia aos lojistas e home centers do país?

Tanto o uso racional de energia como o uso racional de água são temas de pauta constante da Anamaco e de como o setor deve se preparar para oferecer produtos que tragam confiança ao consumidor, economia e melhores vendas.

Como a Anamaco direciona o setor para comercializar produtos com maior valor agregado ou que potencializam a venda de outros itens correlatos, como os aquecedores solares, que favorecem a venda de tubos e conexões para água quente e uma série de outros acessórios?

Hoje temos 8 mil alunos em curso só na Academia de Vendas da Universidade Anamaco, pois acreditamos que somente com a qualificação podemos vencer este desafio. Ao compartilhar o conhecimento, papel fundamental da entidade, conseguimos agregar valor prestando um serviço de qualidade ao consumidor de maneira que sua experiência de compra seja a melhor possível.

Que considerações adicionais o sr. gostaria de fazer para a am-pliação da presença dos aquecedores solares nas lojas de materiais para construção?

Produtos cada vez mais serão commodities. Quanto mais o produto oferecer facilidade de instalação, assistência técni-ca e mão de obra especializada, maiores serão as chances de êxito na introdução de novas tecnologias. Investir em produ-tos prontos para o uso deve ser a obsessão de quem produz.

“Treinamento para entender melhor o produto, sanar as dúvidas do cliente e

indicar instaladores de confiança”

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2º CB-Sol 27

Mais qualificação no setor solarPrograma Qualisol, Rede Procel Solar e Senai destacam asiniciativas de capacitação e certificação de pessoas

O novo posicionamento adotado pelo setor solar como indústria que vende energia e não somente aquecedores de água terá reflexos nas iniciativas de qualificação e certifica-ção profissional. Essas iniciativas foram um dos temas do 2º CB-Sol, que reuniu palestrantes para falar sobre o programa Qualisol Brasil, a Rede Procel Solar e o programa de certi-ficação de pessoas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

A Profa. Dra. Elizabeth Marques Duarte Pereira, coor-denadora do Grupo de Pesquisa em Ener-gia Solar do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte, lembrou que as pes-quisas de satisfação indicam necessidades de capacitação em vários níveis, desde o projetista até o consu-midor final, passando pelos instaladores e engenheiros. Em es-pecial, a professora detecta a necessidade de cursos de 24 horas para instaladores de sistemas de aqueci-

mento solar em habitações de interesse social. Ao lado de outras cinco instituições, o Centro Universitá-

rio UNA integra a Rede Eletrobras Procel Solar, voltada para a pesquisa, capacitação técnica e divulgação das vantagens do uso da energia solar para aquecimento de água.

Entre 2011 e 2014, a Rede Procel Solar capacitou profes-sores e treinou 250 profissionais, além de elaborar manuais didáticos para o setor (módulo básico, manual do projetista e manual para o Minha Casa Minha Vida). Desde 2013, a professora também participa do projeto de capacitação de professores de diversas redes do Senai para oferecer forma-ção em sistemas de aquecimento solar.

Com base nessa experiência, a professora Elizabeth identifica outros desafios na capacitação em sistemas de aquecimento solar: a participação efetiva das instituições de todas as regiões do país; currículos padrões para diferentes níveis de profissionais; implementação de diretrizes básicas

para os cursos e definição consistente de boas práticas de instalação para ampliação das normas existentes.

O treinamento de usuários finais foi outra necessidade identificada nas pesquisas sobre a percepção dos benefici-ários do programa Minha Casa Minha Vida. “A pesquisa mostrou, por exemplo, que a pessoa não sabe usar o mistu-rador para chegar à temperatura correta da água”, descreveu a professora.

É preciso considerar também a percepção dos usuários que não usavam qualquer energia para aquecer água antes de chegar ao programa Minha Casa Minha Vida. A pesqui-sa detectou inclusive a persistência do hábito de idosos e crianças de não ligarem chuveiro para evitar choque elétrico. “Criou-se esta cultura também no ambiente solar”, relatou.

Qualisol Brasil: qualidade na instalação

Iniciativa da ABRAVA com apoio do Procel e do Inmetro, o programa Qualisol Brasil foi criado em 2005 com o objetivo de promover o desenvolvimento de fornecedores, ampliar a qualidade de instalações e serviços, oferecer um selo de qualidade, ser reconhecido como diferencial de mercado e garantir a satisfação do consumidor final.

As 38 empresas que integram o Qualisol, na maioria revendas e instaladoras, participam do projeto piloto de reformulação do programa. Para atestar a qualidade na instalação e sistemas de aquecimento solar, essas empresas devem atender à exigência de certificação de pessoas pelo Senai-SP e de etiquetagem de produtos pelo Inmetro.

“O objetivo dessa reformulação é transformar o Quali-sol em um programa de certificação de referência nacional, funcionando como exigência para garantia de fábrica e mecanismo de proteção para o mercado e defesa jurídi-ca”, explicou Marcelo Mesquita, secretário executivo da

Marcelo Mesquita defendeu o

Qualisol como exigência de

garantia de fábrica e defesa jurídica

Profa. Elizabeth sugere cursos rápidos

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28 2º CB-Sol

ABRAVA-DASOL. Esse novo Qualisol também estará orientado para disse-

minar o conceito de que o setor solar é formado por empresas que vendem energia. “São muitos os elementos que atuam na cadeia de valor do setor solar e temos de trabalhar com uma mensagem quase customizada para cada um deles”, observou Mesquita. A cadeia de valor inclui fabricantes, revendas, empresas de projeto e instalação e fornecedores, além de universidades, laboratórios, OCPs, agentes regula-dores, profissionais e consumidores.

Nessa reformulação do Qualisol também se destacam ações para ampliar a divulgação do programa, como o redesenho da página dedicada no site do DASOL, criação do site Qualisol Brasil, campanha de comunicação, inserção do Selo Qualisol nos folhetos das empresas participantes e publicação de cases na revista SOL BRASIL. O programa prevê ainda realização de pesquisa e o lançamento em 2015 do Prêmio Qualisol Brasil para reconhecimento das melhores práticas.

Certificação de pessoas

A certificação profissional do instalador de sistemas de aquecimento solar deverá ser oferecida pelo Serviço Nacio-nal de Aprendizagem Industrial (Senai) a partir de 2015. Os profissionais interessados precisam ter conhecimento prévio de sistema hidráulico.

Marcelo Mesquita, secretário-executivo da ABRAVA--DASOL, descreveu os passos da certificação de pessoas pelo Senai, incluindo a elaboração de quatro perfis profissionais de instaladores de SAS (habitação de interesse social, cir-cuitos abertos de baixa pressão, circuitos fechados de alta pressão e piscinas). O Senai-SP, parceiro neste processo, já concluiu e validou os exames a serem aplicados aos candi-datos à certificação.

O processo de certificação prevê a adesão de escolas para aplicação dos exames, capa-citação de examinadores, definição do inves-timento a ser feito na certificação, auditoria nas escolas, elaboração de guia do candidato e divulgação no site do Senai.

Normatizada pela NBR ISO /IEC 17024:2013, a certificação profissional é o processo de reconhecimento formal da com-petência de uma pessoa em determinada ocupação. “Seu objetivo é assegurar o nível de competência dos trabalhadores, garantir a qualidade do trabalho aliada a novas tendên-cias e tecnologias de mercado e valorizar os profissionais”, explicou Priscila Ferreira dos Santos, especialista em formação educacional

da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, de São Paulo (SP).

No 2º CB-Sol, Priscila lembrou que o processo de certifi-cação oferecido pelo Senai tem início com a identificação de necessidades do mercado. Esse processo inclui análise das normas brasileiras e exigências legais, estruturação do perfil profissional, estabelecimento de esquema de certificação, desenvolvimento de instrumentos de avaliação, aplicação de exames e entrega de resultados.

Entre os benefícios da certificação para as empresas, a especialista do Senai citou a garantia de que o profissional apresenta conhecimento teórico e prático satisfatório para o desempenho da atividade e preparo para atender às normas brasileiras. A certificação também é uma garan-tia de atualização dos profissionais, dada a exigência de certificação na maioria das ocupações. E contribui para o reconhecimento das empresas que estão atentas às normas técnicas de qualidade.

O Senai-SP também oferece capacitação aos profissionais do setor. Desde 2010, a instituição já formou quase 300 ins-taladores de sistemas de aquecimento solar em cursos de 60 horas estruturados em parceria com o DASOL. Mais da metade desses profissionais têm entre 31 e 50 anos. O curso noturno, que oferece 60 vagas por ano, é gratuito. Outras 60 vagas são oferecidas em curso pago realizado aos sábados.

Confira as apresentações do 2º CB-Sol emwww.cb-sol.org.br

Priscila Ferreira dos Santos: Senai-SP já formou quase 300

instaladores de SAS

Participantes do painel de treinamento e qualificação

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292º CB-Sol

Em busca da eficiência:as melhores soluções

O Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar é um dos instrumentos da ABRAVA-DASOL para promover a pes-quisa e compartilhar o conhecimento técnico do setor. No 2º CB-Sol, pesquisadores e especialistas do setor apresentaram estudos sobre ferramentas disponíveis no mercado e a efi-ciência dos sistemas de aquecimento solar.

O engenheiro Luciano Torres Pereira, da Resolver Enge-nharia, descreveu os softwares mais usados no dimensiona-mento de SAS. O engenheiro PhD Lucio Mesquita, diretor da Thermosol Consulting (Canadá), apresentou seu estudo sobre coletores planos e a vácuo. Os sistemas solares com reserva-tórios em série foi o tema da apresentação de Uwe Schulte, gerente de desenvolvimento de termotecnologia da Bosch.

Especialistas destacaram os softwares de dimensionamento, reservatórios em série e comparativo entre coletores planos e evacuados

Softwares de dimensionamento

Para dimensionar o sistema de aquecimento solar mais adequado às necessidades do cliente, o mercado utiliza a metodologia de fração solar, mas existem softwares que oferecem resultados ainda mais precisos.

“No setor residencial e comercial existe uma tabela de sugestão com valores médios de consumo, ciclo e tempera-tura para definir a demanda de água quente. Se você não tem histórico de consumo, a tabela é um ponto de partida”, observou o engenheiro Luciano. Já no setor industrial é importante saber a demanda real de água quente.

A partir dessa definição, é possível determinar a con-

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Engenheiro Luciano Torres mostrou as funcionalidades dos principais softwares

30 2º CB-Sol

tribuição do sistema solar e do sistema de apoio e se calcular o investimento e a economia de energia gerada para chegar a uma decisão baseada na relação custo benefício.

Entre as ferramentas disponíveis no mercado para fazer o dimensionamen-to correto, Luciano Torres citou a NBR 15569:2008, os softwares estáticos e os softwares dinâmicos.

A NBR 15569:2008, utilizada para siste-mas residenciais de pequeno porte, consi-dera uma fração solar de 70% e é aplicada a sistemas de aquecimento solar direto. O dimensionamento do SAS feito a partir da norma inclui o cálculo da demanda de energia (volume de água quente armaze-nado mais 15% de perdas térmicas), a área coletora em função da eficiência do coletor e das condições de instalação (local, orientação e inclinação) e a produção média específica de energia em função dos dados da tabela do Inmetro, além do valor da irradiação global média anual para o local da instalação.

Os softwares estáticos, como Dimensol, Retscreen e F--Chart, têm como princípio a fração solar (quantidade de energia produzida pelo SAS em função da energia anual) ou método de usabilidade (sem armazenamento). Eles já trazem uma base de dados de coletores solares e clima e são baseados apenas em avaliação mensal/anual.

Os softwares estáticos comparam apenas a demanda e energia solar disponível (eficiência dos equipamentos e local de instalação), possuem análise econômica e calculam a emissão de GEE. “São softwares mais utilizados para tomada de decisão na aquisição do sistema”, observou Luciano Torres.

Um software como o Dimensol permite calcular em quanto tempo será pago o investimento no sistema de aque-cimento solar em termos de economia de energia. “Quanto maior a perda de energia, menor a fração solar. E quanto maior o ganho de energia, maior a fração solar. Quanto menor a área coletora, mais energia eu retiro dos coletores. O ponto ótimo é o equilíbrio de fração solar adequada à taxa de performance”, salientou o engenheiro.

Softwares dinâmicos como o Polysun, T-Sol, TRNSYS e Transol permitem medições minuto a minuto e fornecem dados mais avançados que a fração solar. “Eles têm como princípio a simulação do sistema em regime transiente (produção solar, demanda, setup dos equipamentos, arranjo hidráulico etc.)”, continuou Luciano. Esses softwares exigem maior conhecimento para configuração e também possuem uma base de dados de equipamentos, acessórios e clima. Mais utilizados nas fases de projeto e comissionamento do sistema, eles são indicados para o mercado industrial.

“Os dinâmicos ultrapassam a análise de economia e neles

vejo também a análise térmica. O sistema é muito flexível. É uma análise que mostra a fração solar horária e demanda horária”, acrescentou. “Nesse tipo de software, eu consigo montar a instalação do modo que ela será instalada. É uma gama de infor-mações e variáveis muito maior para fazer uma simulação.”

O preço dos softwares varia conforme a sua complexidade. Entre os estáticos, há gratuitos como o Dimensol e o Retscreen, e pagos, como a F-Chart (US$ 400). Entre

os dinâmicos, os preços variam de US$ 780 (Transol) a US$ 4.470 (TRNSYS, mais caro por agregar vários pacotes). O DASOL oferece regularmente cursos sobre a utilização dessas ferramentas.

Coletores planos ou de tubo evacuado?

O engenheiro Lucio Mesquita apresentou estudos sobre a eficiência dos coletores e chamou a atenção para as informa-ções desencontradas sobre coletores de tubo evacuado. “Es-ses coletores são relativamente novos no mercado brasileiro e não estão listados na tabela do Inmetro. Fica difícil para o consumidor comparar com o coletor plano”, ponderou.

O consumidor tem se deparado com afirmações duvido-sas sobre os coletores a vácuo: alguns fabricantes falam em 96% de eficiência. “Um coletor solar com 96% de eficiência fica no pote de ouro no fim do arco íris!”, ironizou o diretor da Thermosol.

De forma geral, coletores de eficiência muito elevada requerem espaço reduzido de instalação. Mas a eficiência desses equipamentos também varia em função da tempe-ratura, radiação, velocidade do vento, ângulo, incidência etc. “Isso não é estático e varia ao longo do ano”, lembrou.

O engenheiro observou que não há muita diferença em calcular a eficiência de coletores planos com base na área externa (bruta), área de abertura (transparência) ou área do absorvedor.

No caso dos coletores de tubo a vácuo, essa diferença existe, como o professor mostrou ao apresentar estudo feito pela Universidade do Sol no laboratório da Soletrol, em São Manuel (SP). Sistemas de 200 litros com a mesma área transparente para o coletor plano e o coletor de tubo evacu-ado apontaram valores próximos de eficiência. No entanto, com reservatórios de 100 litros, a eficiência do coletor plano se revelava bem maior tanto por área transparente quanto

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312º CB-Sol

por área externa. Em outra simulação utilizando o programa ScenoCalc

para calcular a produção anual do coletor, os coletores planos e coletores planos de alta performance apresenta-ram melhor desempenho em temperaturas de 29 °C e 35 °C. A simulação considerou as cidades de São Paulo e Belo Horizonte. Nesta última, com melhor índice de radiação, a eficiência dos coletores planos foi ainda maior.

No entanto, na temperatura de 85 °C para refrigeração solar, o coletor a vácuo apresentou maior eficiência, ressaltou Lucio Mesquita. “Resultados similares são obtidos em outros programas, como o Retscreem, Dimensol, Polysun, Watsin, T-Sol e Trnsys”, acrescentou.

Os estudos permitiram concluir que para aplica-ções de média e baixa temperaturas, a eficiência dos coletores planos é maior e área ocupada exigida é menor. Já a capacidade do coletor gerar temperaturas mais altas não reflete mais eficiência nas temperaturas de banho. E a eficiência de qualquer coletor cai com aumento da temperatura.

“Coletores a vácuo são importantes opções tec-nológicas e permitem aplicações em temperaturas maiores que 75 °C. O indicador final é o custo por kWh. Mas existe espaço para as duas tecnologias para crescimento do mercado responsável e sustentável”, observou o professor.

Reservatórios em série

A eficiência dos sistemas solares centrais com reserva-tórios em série foi o tema da apresentação de Uwe Schulte, gerente de desenvolvimento de termotecnologia da Bosch.

Schulte mostrou a simulação feita com o software Polysun para dimensionar o sistema de um prédio com 60 apartamentos em São Paulo e consumo diário de 380 litros de água cada um. O sistema era equipado com dois reser-vatórios (10 mil litros no pré-aquecimento e 5 mil litros no pós-aquecimento) e 50 coletores de 2 m2.

A partir desta simulação foi feita a comparação entre três sistemas solares diferentes. O primeiro, menos complexo, era equipado com um único reservatório usando 100% do volume para acumular energia solar. No sistema 2, mais complexo, a água de consumo passava em diagonal do primeiro para o segundo reservatório, usando 100% do vo-lume para acumular energia solar. No sistema 3, ainda mais complexo, somente 66% do volume do primeiro reservatório era usado para armazenar energia solar.

A simulação indicou o sistema 3 como o mais eficiente, ao captar 25% mais energia solar no ano que o sistema com um único reservatório. O que não significa que era o siste-ma necessariamente melhor. “O sistema 2 pode ser mais vantajoso com reservatórios menores ou mais coletores”, ressaltou Schulte.

A comparação dos três sistemas confirmou, segundo Schulte, que o adequado planejamento da hidráulica e da interligação pode aumentar a eficiência do sistema solar em até 25% sem aumento significativo dos custos. E é recomen-dável fazer simulações ou medições em campo para otimizar os aquecedores solares.

Confira as apresentações do 2º CB-Sol em www.cb-sol.org.br

Uwe Schulte (Bosch) recomenda simulações e medições em campo para otimizar os SAS

Engenheiro Lucio Mesquita: indicador final de eficiência dos coletores é o custo por kWh

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32 2º CB-Sol

Qualidade e segurançapara o consumidorA obediência às normas e à legislação em contraponto com a realidadedo mercado foi uma das grandes discussões do Congresso

A segurança do usuário final, o atendimento à legislação e a elaboração de uma nova norma para água quente e fria foram temas bastante debatidos no 2º CB-Sol.

“No mercado residencial existe uma massa de empresas, profissionais e ins-taladores invisíveis. A gente não sabe como eles fazem, mas vemos o rastro deles quando somos chamados para consertar os problemas”, comentou Aurélio Andrade de Souza, diretor da consultoria Usinazul. Ele se referia ao mercado informal da construção que desconhece ou não observa as várias normas técnicas e a legislação a serem seguidas.

“A norma é superimportante por seus benefícios qualitativos (qualidade dos serviços e segurança) e quantitativos, como produti-vidade e redução de custos. É o melhor departamento de defesa do consumidor”, observou Souza.

O consultor lembrou que a instalação dos sistemas de aquecimento solar é uma das últimas etapas da construção. “Ocorre quando o dinheiro está acabando e a construção está sujeita a maiores cortes de orçamento e redução da qualidade de materiais”, acrescentou. Esses cortes podem colocar em risco a vida e a saúde das pessoas e o patrimônio

e o desenvolvimento da tecnologia.A coexistência do mercado formal, usuário das normas, e

do mercado informal, que não é usuário, tem consequências nos diversos aspectos da construção. Uma característica do mercado formal é o uso de materiais certificados e regulados que terão maior custo inicial mas oferecerão maior durabili-dade, qualidade e segurança. No mercado informal, o foco está no serviço, com a oferta de menor custo inicial, mas também insegurança e menor vida útil do equipamento.

“Em geral, as recomendações técnicas pouco influenciam o valor da instalação e, portanto, o não cumprimento das normas é uma falsa economia”, enfatizou Aurélio de Souza. “O desconhecimento das normas é um grande problema no Brasil, mas o pior é conhecer as normas e optar por não adotar”, acrescentou Quem sai perdendo é o consumidor, que não conhece, não demanda, não fiscaliza as obras e não se beneficia.

Para o consultor, parece não haver uma percepção do va-lor agregado dos produtos e serviços que seguem as normas no mercado consumidor de sistemas de aquecimento solar. “No entanto, o consumidor reconhece o significado do Selo Procel na sua geladeira”, ressaltou.

Aurélio Andrade de Souza (Usinazul): descumprimentodas normas gera falsa economia

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332º CB-Sol

defeitos relativos à prestação do serviço.O engenheiro enumerou as recomendações de segurança

elétrica, térmica, hidráulica e mecânica para prevenir riscos potenciais nos sistemas solares. Entre as iniciativas para garantir a segurança elétrica (e prevenir incêndios e choques elétricos), Kallwellis citou a importância de usar produtos certificados, disjuntor exclusivo, linha de aterramento, fiação com secção adequada e verificação da voltagem máxima e potência.

Para a segurança mecânica, é importante verificar a estática do local para apoiar os pesos dos componentes do sistema. “Já vi sistemas de PV desinstalados uma semana depois porque o prédio não aguentou o peso do equipamen-to”, contou o engenheiro. Também é preciso estar atento aos pontos de fixação para apoiar as cargas e usar materiais de fixação resistentes à corrosão. Outra recomendação é usar vestuário e equipamentos de proteção individual durante a instalação.

A segurança térmica e hidráulica (para evitar riscos como queimaduras, vazamento, alagamento e sobreaquecimento de água pressurizada) requer atenção para a drenagem em caso de vazamento da água, além de guiar saídas para locais

Equipamentos seguros

A segurança nos reservatórios térmicos foi o tema do engenheiro Volker Kallwellis, da divisão de Termotecno-logia da Bosch, que chamou a atenção dos congressistas para as responsabilidades previstas no Código de Defesa do Consumidor.

O artigo 12 do Código estabelece que fabricante, constru-tor, produtor e importador respondem por danos causados ao consumidor no projeto, construção, fabricação, montagem do produto. Já o fornecedor de serviços responde pelos

Volker Kallwellis (Bosch) reforçou recomendações para garantir a segurança dos SAS e dos usuários

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Rodrigo Trindade: atenção para nova norma para água quente e fria

Prof. Lucio Mesquita moderou painel sobre normas e legislação

onde a água quente ou vapor não podem causar danos. “Circuitos de tubulação fechados devem ter válvula de alívio de pressão”, lembrou.

Os coletores de alta eficiência exigem medidas adicionais para limitar altas temperaturas que possam ocorrer dentro do sistema, no reservatório ou nos pontos e de consumo. “Para sistemas de baixa pressão e circulação natural, re-comendo colocar válvula misturadora de água quente e fria e guiar a saída de água para locais seguros”, disse o engenheiro.

Para sistemas de baixa pressão e circulação forçada, a solução é programar o controlador para desligar a bomba quando a temperatura chegar a 70 ºC. Se o sistema é de alta pressão, Kallwellis sugere instalar válvula de segurança em local seguro, usar válvula misturadora ou programar o controlador.

O engenheiro comentou que é mais problemático limitar temperaturas nos sistemas de alta pressão e circulação na-tural, pois a válvula limitadora de pressão e de temperatura é colocada dentro do reservatório. “O melhor é mudar o sistema para circulação forçada”, recomendou.

Nova norma para água quente e fria

Diretor da Agência Energia Projeto e Consultoria, o en-genheiro Rodrigo Cunha Trindade chamou a atenção para a nova norma em elaboração na ABNT para água quente e água fria em sistemas prediais. Na sua visão, a nova norma trará impactos importantes no projeto, execução, operação e manutenção e é importante que o setor solar acompanhe esse debate.

A previsão é que a norma seja enviada para consulta pública em fevereiro e publicada em junho de 2015. O pro-jeto em elaboração cancela a versão anterior das normas ABNT NBR 5626:1998 e ABNT NBR 7198:1993. A nova norma deverá ser observada por projetistas, construtores, instaladores, fabricantes de componentes, concessionárias e pelos próprios usuários.

Entre as novidades, está o estabelecimento da pressão estática máxima em 30 m.c.a. “Isso significa que teremos mais bombas de circulação para as edificações muito altas

devido às novas zonas de pressão”, calculou o engenheiro. A norma traz também uma tabela de vazão máxima nos pontos de consumo para atender requisitos do uso racional da água. “Só de haver uma tabela de referência, já facilita para o mercado estabelecer parâmetros”, comentou. A vazão mínima deve ser informada pelo fabricante do equipamento.

Outra novidade é que a norma estabelece a temperatura máxima da água em 70 °C e que o sistema de água quente deve operar na faixa entre 25 e 55 °C. Rodrigo Trindade su-gere que o setor se mobilize para assegurar uma flexibilidade na temperatura da água gerada pelos aquecedores solares: se for estabelecido um valor elevado para temperatura míni-ma, o sistema complementar de aquecimento será acionado com muita frequência e irá comprometer o resultado final da economia esperada com a implantação do aquecedor solar. O projeto da norma ainda define que a manutenção seja feita pelo menos uma vez por ano.

A nova norma prevê limpeza do sistema hidráulico com cloro e aberturas nos reservatórios de água quente para facilitar o acesso para inspeção, manutenção e limpeza. Além disso, o sistema de aquecimento deve ter capacidade para gerar água quente acima de 70 ºC se houver opção para limpeza das tubulações com água nessa temperatura. O engenheiro considera importante que o setor solar se manifeste sobre todas essas questões.

Confira as apresentações do 2º CB-Sol em www.cb-sol.org.br

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O DASOL-ABRAVA promove no dia 14 de novembro o curso “Gestão Estratégica Industrial Financeira para o Setor de Aquecimento Solar”. O curso visa capacitar em-presários, diretores, executivos e profissionais do setor para gerenciamento estratégico das empresas em um cenário de ampliação do mercado.

Daniel Carrasqueira de Moraes, mestre em Finanças pela USP e professor do Programa de Educação Continuada da FIA e FGV, irá ministrar o curso. O conteúdo inclui cases do setor, análise de demonstrações econômicas e financeiras, administração de curto prazo, gestão de riscos e adminis-tração familiar.

Projetista de SASNos dias 26 e 27 de novembro, o DASOL-ABRAVA ofere-

ce o curso “Projetista de Sistemas de Aquecimento Solar”, dirigido a técnicos, engenheiros, arquitetos e profissionais do aquecimento solar, habitação e concessionárias de energia. O curso será ministrado pelo engenheiro Luciano Torres Pereira, consultor projetista com mais de 60 mil m2 de projetos implantados.

Empresas associadas à ABRAVA e entidades apoiadoras têm desconto no valor da inscrição, que pode ser feita pelo site www.dasolabrava.org.br.

Mais informações pelo telefone (11) 3361-7266, ramal 142, ou pelo e-mail [email protected].

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Full Gauge pág. 7

Jelly Fish pág. 11

Solarem/Tuma pág. 13

Soletrol pág. 17

Enalter pág. 21

Komeco pág. 23

TUV pág. 33

Heliotek/Bosch pág. 36

13 de novembro Assembleia de Associados

14 de novembro Curso: “Gestão Estratégica Industrial

Financeira para o Setor deAquecimento Solar”

26 e 27 de novembro Curso: “Projetista de Sistema de

Aquecimento Solar” Obs.: Programação sujeita a alterações durante o ano.

AGENDA SOLAR2014

Anunciantes da 23a edição

Inscrições abertas

Novo!

Page 36: Revista Sol Brasil - 23°edição